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690 ÍNDICE DE INSERÇÃO REGIONAL DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR 1 Cássio Rolim - Universidade Federal do Paraná [email protected] Na pesquisa desenvolvida em conjunto com a OCDE,(2006) uma das constatações gerais foi que em muitas Instituições de Ensino Superior (IES) havia uma forte resistência à interação com a região. Na discussão que se seguiu sobre a segunda etapa dos trabalhos, uma das propostas mais discutidas foi a construção de indicadores quantitativos do impacto regional das IES. Este trabalho é uma contribuição exploratória nessa direção testada com dados de IES brasileiras. O índice que se pretende construir irá considerar as várias dimensões do impacto de uma IES sobre a região em que ela está inserida. O IIR tem metodologia semelhante ao IDH variando entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1 maior será o grau de integração com a sua região de uma IES. Introdução Este trabalho é parte integrante de um projeto maior que decorre da necessidade de estudos avaliando o impacto econômico das instituições de ensino superior (IES) e sua contribuição para o desenvolvimento das regiões em que elas estão inseridas. Na realidade, este interesse não tem nada de extraordinário na medida em que várias universidades no mundo têm se defrontado com uma questão de fundamental importância: como atender, de forma efetiva e ampla, as necessidades regionais crescentes. Neste sentido, a universidade brasileira está pouco sintonizada com grande parte das universidades estrangeiras as quais demonstram uma acentuada preocupação em dar respostas concretas ao desenvolvimento da região em que estão inseridas. Embora as universidades sempre tenham contribuído para o desenvolvimento de suas regiões, o surgimento de uma agenda de desenvolvimento regional requer que o engajamento regional seja formalmente reconhecido como um “terceiro papel” pelas universidades. Esse “terceiro papel” vai além do que é denominado no Brasil extensão universitária. As respostas às novas demandas exigem novos tipos de recursos e novas formas de gerenciamento que permitam que as universidades façam uma contribuição dinâmica ao processo de desenvolvimento regional. É exatamente este o objetivo deste projeto maior referenciado, ou seja, mostrar não só a importância e o potencial das IES, mas principalmente mostrar, em função da detecção de possíveis problemas, novas 1 Este trabalho está sendo financiado com recursos da CAPES-INEP através do programa Observatório da Educação. Na fase de coleta de dados contou com a colaboração do doutorando Rogério Duenhas.

Indice de Inserção Regional de Universidades Brasileiras

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Indicador da inserção regional de uma universidade. Exercicio preliminar considerando as universidades federais brasileiras.

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    NDICE DE INSERO REGIONAL DAS INSTITUIES DE ENSINO SUPERIOR1

    Cssio Rolim - Universidade Federal do Paran [email protected]

    Na pesquisa desenvolvida em conjunto com a OCDE,(2006) uma das constataes gerais foi que em muitas Instituies de Ensino Superior (IES) havia uma forte resistncia interao com a regio. Na discusso que se seguiu sobre a segunda etapa dos trabalhos, uma das propostas mais discutidas foi a construo de indicadores quantitativos do impacto regional das IES. Este trabalho uma contribuio exploratria nessa direo testada com dados de IES brasileiras. O ndice que se pretende construir ir considerar as vrias dimenses do impacto de uma IES sobre a regio em que ela est inserida. O IIR tem metodologia semelhante ao IDH variando entre 0 e 1. Quanto mais prximo de 1 maior ser o grau de integrao com a sua regio de uma IES.

    Introduo

    Este trabalho parte integrante de um projeto maior que decorre da necessidade

    de estudos avaliando o impacto econmico das instituies de ensino superior (IES) e

    sua contribuio para o desenvolvimento das regies em que elas esto inseridas. Na

    realidade, este interesse no tem nada de extraordinrio na medida em que vrias

    universidades no mundo tm se defrontado com uma questo de fundamental

    importncia: como atender, de forma efetiva e ampla, as necessidades regionais

    crescentes. Neste sentido, a universidade brasileira est pouco sintonizada com grande

    parte das universidades estrangeiras as quais demonstram uma acentuada preocupao

    em dar respostas concretas ao desenvolvimento da regio em que esto inseridas.

    Embora as universidades sempre tenham contribudo para o desenvolvimento de

    suas regies, o surgimento de uma agenda de desenvolvimento regional requer que o

    engajamento regional seja formalmente reconhecido como um terceiro papel pelas

    universidades. Esse terceiro papel vai alm do que denominado no Brasil extenso

    universitria. As respostas s novas demandas exigem novos tipos de recursos e novas

    formas de gerenciamento que permitam que as universidades faam uma contribuio

    dinmica ao processo de desenvolvimento regional. exatamente este o objetivo deste

    projeto maior referenciado, ou seja, mostrar no s a importncia e o potencial das IES,

    mas principalmente mostrar, em funo da deteco de possveis problemas, novas

    1 Este trabalho est sendo financiado com recursos da CAPES-INEP atravs do programa Observatrio da Educao. Na fase de coleta de dados contou com a colaborao do doutorando Rogrio Duenhas.

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    possibilidades de gesto e ao que possibilitem um maior grau de engajamento no

    processo de transformao da regio. O objetivo final fazer com que cada IES se

    posicione cada vez mais como uma universidade da regio ao invs de ser uma

    simples universidade na regio.

    Para que isso seja possvel vrios estudos so necessrios. O estudo que motiva

    este artigo um deles: a construo de um conjunto de indicadores que possibilite a

    elaborao de um ndice de impacto regional das IES que permita hierarquizar as IES

    brasileiras. Um segundo trabalho seria a construo de uma metodologia bsica de

    determinao do impacto econmico de curto prazo de uma IES sobre a economia

    regional. Essa metodologia torna possvel analisar o impacto em termos de gerao de

    renda e emprego que a IES tem na regio em que esta inserida. Um terceiro trabalho

    seria a avaliao do custo efetivo das IES. A maioria dos trabalhos que analisam o custo

    das universidades brasileiras leva em conta apenas os dados dos gastos que elas

    executam. Essa a perspectiva da cincia econmica e um bom ponto de partida, no

    entanto, insuficiente para avaliar o custo efetivo que elas tm. Para isso necessrio

    desenvolver metodologias de determinao de custo anlogas s desenvolvidas por

    empresas segundo as tcnicas de contabilidade custos. Finalmente, um quarto estudo

    seria a analise das alternativas de financiamento das IES. A discusso sobre o

    financiamento do ensino superior no Brasil tende a concentrar-se no debate entre o

    sistema atual, em que as universidades pblicas no cobram mensalidades dos alunos e

    a alternativa de um sistema em que os alunos paguem mensalidades. O debate

    conturbado pelo clima poltico exacerbado em que ocorre. Isso impede que outras

    alternativas possam ser avaliadas. Um estudo sobre esse assunto poderia fazer uma

    simulao do que seria possvel obter no Brasil com um sistema de financiamento nos

    moldes do chamado sistema australiano. Nesse sistema os que se beneficiam do

    ensino publico, uma vez formados, pagam ao longo da vida o imposto de renda com

    uma alquota ligeiramente superior que os demais.

    Este artigo ir relatar os passos iniciais na realizao do primeiro estudo: a

    construo de indicadores. Alem desta introduo cinco sees compem o artigo. Na

    primeira apresentado um enquadramento terico das relaes entre universidades e

    regio. A segunda seo faz um histrico dos trabalhos empricos que serviram de

    motivao. A terceira seo trata das questes metodolgicas da construo de um

    indicador que permita avaliar o impacto regional de longo prazo de uma universidade.

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    Na quarta seo apresentado o indicador preliminar que foi possvel construir com a

    atual base de informaes sobre as universidades brasileiras. Essa base so os

    microdados do Censo da Educao Superior publicado pelo INEP2. Finalmente, uma

    seo com os resultados preliminares.

    1. Universidade e regio: enquadramento terico

    O papel das universidades no desenvolvimento regional vem recebendo uma

    ateno crescente nos ltimos anos e est sendo considerado como um elemento chave

    do processo. Nas ltimas dcadas com o crescimento da compreenso de que as

    inovaes tm papel relevante no processo de desenvolvimento econmico houve uma

    preocupao crescente com os condicionantes dessas inovaes. Veio da a motivao

    para uma extensa literatura sobre o que chamado de Sistema Nacional de Inovaes,

    Economia do Conhecimento, etc. Por outro lado, tambm ocorre um debate renovador

    sobre o desenvolvimento das regies. A moderna concepo considera que as regies

    com maior possibilidade de desenvolvimento so aquelas que conseguem estabelecer

    um projeto poltico de desenvolvimento congregando os seus diferentes atores. Faz

    parte desse projeto poltico, na sua vertente econmica, a utilizao intensiva e

    coordenada do conjunto de conhecimentos existentes na regio para aumentar a sua

    competitividade.

    O encontro dessas duas vertentes d origem ao conceito de Sistema Regional de

    Inovao. O referencial terico para este conceito pode ser encontrado principalmente

    nos trabalhos de Cooke e seus parceiros (1997, 1998a e b). Segundo o autor as primeiras

    referencias ao termo surgiram no incio dos anos 90 e a sua evoluo tem origem em

    duas grandes vertentes tericas. Uma primeira, com origens nos trabalhos sobre

    inovao tecnolgica particularmente aqueles referentes aos Sistemas Nacionais de

    Inovao (Lundvall, 1992) e a outra, decorrente dos avanos nas teorias de

    desenvolvimento regional.

    O atual estgio de desenvolvimento (Rolim, 2005) do conceito de Sistema

    Regional de Inovao pode ser sintetizado com se segue:

    As regies que possuem o conjunto ideal de organizaes para a inovao inseridas em um meio institucional adequado (Johnson and Gregersen, 1996; Maillat, 1995) onde ligaes sistmicas e comunicao interativa entre os atores

    2 Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira

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    da inovao um fato normal, enquadram-se na designao de sistema regional de inovao. A expectativa que esse conjunto de organizaes seja constitudo de universidades, laboratrios de pesquisa bsica, laboratrios de pesquisa aplicada, agencias de transferencia de tecnologia, organizaes regionais de governana, pblicas e privadas, (p.ex., associaes comerciais, cmeras de comercio), organizaes de treinamento vocacional, bancos, empresrios dispostos a desenvolver novos produtos em parcerias de risco, pequenas e grandes empresas interagindo. Alm disso essas organizaes devem demonstrar vnculos sistmicos atravs de programas em comum, participao conjunta em pesquisa, fluxos de informaes e pelo estabelecimento de linhas de ao poltica pelas organizaes de governana. Esses so sistemas que combinam aprendizado com capacidade de inovao, upstream e downstream, e que merecem, portanto, a designao de sistemas regionais de inovao. (Cooke e Morgan, 1998, p.71)

    Pode-se ver nesta conceituao a existncia de vrios subsistemas correlatos na

    constituio de um Sistema Regional de Inovao. Entre os mais importantes,

    encontram-se os subsistemas financeiros e de aprendizado e um outro subsistema,

    relacionado com uma cultura produtiva. Sem o primeiro as possibilidades de inovao

    ficam muito reduzidas, particularmente para estruturas regionais em que predominem as

    pequenas e medias empresas. O sistema de aprendizado fundamental. As restries ao

    seu funcionamento significam restries de acesso ao conhecimento acumulado e,

    portanto, a anulao da possibilidade de gerar algum tipo de inovao.(Cooke et

    ali.1997) Finalmente a cultura produtiva, que significa o grau de envolvimento local

    com as atividades que se desenrolam na regio, o ambiente e as atitudes voltadas para

    essas atividades, decorrentes da existncia de uma cultura tcnica inerente aos

    habitantes da regio, advinda da transmisso de conhecimentos e saberes, passados de

    pai para filho. o que pode ser expresso pelos conceitos de milieu e milieu inovateur

    desenvolvidos no mbito do GREMI3.(Maillat, 1994) A figura 1 ilustra o que foi dito.

    Os autores dessa literatura acentuam as particularidades dos sistemas

    regionais de aprendizado, integrante de um sistema regional de inovao porque o

    aprendizado o ponto de partida para a inovao. Para eles o aprendizado (learning)

    significa uma mudana na capacitao de uma pessoa ou de uma organizao. Isso

    porque esse aprendizado no apenas visto como um acrscimo de informaes, mas

    sim, visto na perspectiva piagetiana, na qual ele ocorre num processo de interao entre

    o que sabemos sobre uma determinada situao e o que podemos perceber como novo

    nessa situao. Em decorrncia, possvel distinguir, em termos de formao do

    conhecimento, dois nveis de aprendizado. O primeiro seria aquele que fornece a

    3 Groupe de Recherche Europen sur les Milieux Innovateurs)

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    competncia (habilidade para realizar uma tarefa especfica) e um segundo aquele que

    traz a capacitao (compreenso dos mecanismos subjacentes soluo do problema

    envolvido na tarefa). ( Cooke e Morgan, 1998). Na medida em que esse sistema regional

    de aprendizado interaja, formal ou informalmente, com universidades, institutos de

    pesquisa, agencias de treinamento vocacional, transferncia de tecnologia, parques

    tecnolgicos, assim como com as empresas em geral, ele tende a se transformar em um

    SRI. (Cooke e Morgan, 1998)

    dentro dessa perspectiva que a adequao das universidades para desempenhar

    um papel determinante nesse processo vem sendo discutida em todo o mundo. Esse

    debate tem sido muito intenso, particularmente na Europa uma vez que a Comunidade

    Europia vem aplicando quantidade significativa de recursos em novas universidades ou

    na reestruturao de universidades mais antigas. Nos ltimos anos foram realizados

    vrios estudos patrocinados pela Comunidade Europia no mbito do programa

    UNIREG. Tambm a OCDE vem estudando intensamente esse tema e no momento est

    realizando uma grande pesquisa envolvendo um grande nmero de universidades.

    Uma outra vertente da anlise do impacto econmico das universidades em uma

    regio so os trabalhos que consideram o mbito maisrestrito do impacto sobre os

    fluxos de renda locais. Dito de outra forma os trabalhos que consideram o impacto sobre

    a demanda agregada regional.

    Esses trabalhos levam em conta os gastos realizados pelas universidades com o

    pagamento de professores e funcionrios, as compras de material e toda a sorte de

    pagamentos realizados por elas sobre a economia da regio em que esto instaladas.

    Para melhor visualizao desses impactos possvel subdividi-los da seguinte forma:

    impactos sobre as famlias (acrscimos de rendas em decorrncia de pagamentos

    diversos e dos efeitos multiplicadores decorrentes); impacto sobre os governos locais

    (aumento da arrecadao, mas tambm maior demanda sobre bens pblicos de infra-

    estrutura); impacto sobre as empresas locais (aumento da demanda mas tambm

    concorrncia no mercado de compra de fatores de produo)

    De posse dessas informaes e com o uso de metodologias apropriadas

    possvel calcular o efeito multiplicador dos gastos de uma universidade sobre a

    economia regional. As metodologias para a execuo desse clculo podem ser simples

    ou mais sofisticadas, evidentemente o grau de resposta cresce com a sofisticao

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    metodolgica. As mais simples consistem, na sua essncia, no clculo de

    multiplicadores de renda no estilo keynesiano. As mais sofisticadas utilizam matrizes de

    insumo-produto e at mesmo Modelos Computveis de Equilbrio Geral.

    Embora os procedimentos de clculo sejam relativamente simples a grande

    dificuldade para a realizao desses estudos a disponibilidade de dados ao nvel

    regional para a avaliao dos impactos. Assim sendo a maioria desses estudos tem que

    usar metodologias adaptadas s bases de dados disponveis.

    A figura 2 ilustra o que foi dito at aqui. Foram apresentados dois tipos de

    impactos econmicos das universidades sobre as regies em que elas esto inseridas. O

    primeiro deles pode ser visto como o impacto de longo prazo, mais duradouro, na

    perspectiva do desenvolvimento econmico e que na figura 2 ilustrado como efeito

    para frente; o segundo mostra o impacto em uma perspectiva mais restrita no que se

    refere amplitude e ao tempo, ilustrado como efeito para trs.

    Figura 1

    UNIVERSIDADES E REGIOENQUADRAMENTO DA QUESTO

    SNI REGIONALISMO

    SISTEMA REGIONAL DE INOVAO

    FINANCEIRO APRENDIZADO AMBIENTE INOVADOR

    SUBSISTEMAS

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    Figura 2

    IMPACTOS REGIONAIS DE UMA UNIVERSIDADE

    FAMILIAS LOCAIS

    GOVERNO LOCAL

    EMPRESAS LOCAIS

    UNIVERSIDADE

    CAPITAL HUMANO

    POOL DE CONHECIMENTO

    ATRATIVIDADE P/ EMPRESAS E

    FAMILIAS

    (+) Y; E (+-) T; G (+-) D; Disputa MO e Ativos

    CH se permanecerem no local

    Existir Vnculos c/ empresas;

    Consultoria; Contrato pesquisaQualidade de vida

    PARA TRS

    PARA FRENTE

    Por sua vez, a universidade que se tem em mente uma universidade que no

    perde as suas dimenses globais e nacionais, mas que sobretudo uma universidade

    comprometida com a sua regio. Essa universidade funciona nesses diversos nveis e

    desempenha mltiplas funes. (OCDE,2007) Assim sendo, se por um lado o seu

    padro de qualidade acadmica o universal, por outro, a sua capacidade de gerao de

    conhecimento est a servio da soluo de problemas regionais e nacionais. O impacto

    que podem trazer para a regio a existncia de parques tecnolgicos, hospitais

    universitrios ou ainda centros culturais, potencializa a sua contribuio ao

    desenvolvimento da regio. Por sua vez, ao funcionar como um motor de

    desenvolvimento a universidade tambm incentiva novos investimentos na regio e a

    atrao de novos empreendimentos motivados pelo clima de inovao que ela produz. A

    figura 3 ilustra esse tipo idealizado de universidade.

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    Figura 3 IES Multimodais e multiescalares comprometidas regionalmente

    Fonte: Arbo & Benneworth, 2007

    2. O aprendizado e a cooperao com a OCDE

    Os trabalhos iniciais sobre o tema, realizados no estado do Paran,datam de

    meados de 2005.O objetivo especifico foi avaliar o impacto socioeconmico das

    instituies de ensino superior do estado do Paran pertencentes ao governo do Estado.

    Decorreu de um convenio entre a Secretaria de Cincia, Tecnologia e Ensino Superior

    do Estado do Paran, (SETI), a Fundao da Universidade Federal do Paran,

    (FUNPAR) e a prpria Universidade Federal do Paran, (UFPR), atravs do seu

    Programa de Ps-graduao em Desenvolvimento Econmico. (PPGDE).

    O projeto inicial tinha como escopo todas as instituies de ensino superior

    pertencentes ao estado do Paran e pretendia avaliar o impacto exercido por elas sobre a

    demanda agregada do estado (impacto de curto-prazo) e o impacto de longo-prazo sobre

    a economia no que se referia ao aumento das condies de competitividade do Paran.

    Tambm estava no escopo do trabalho uma caracterizao da estrutura do sistema de

    governana das IES estaduais

    Cada parte do trabalho seguiria uma metodologia especifica. A anlise do

    impacto de curto-prazo seguiria a metodologia consagrada na literatura que utiliza

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    anlise de insumo-produto e modelos de equilbrio geral computvel. J a anlise do

    impacto a longo-prazo deveria seguir uma metodologia prpria baseada naquela

    desenvolvida pela Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico,

    OCDE, para o trabalho que estava em elaborao desde 2004: Supporting the

    Contribution of Higher Education Institutions to Regional Development. Esse

    trabalho uma atividade do Programa de Gerenciamento de Educao Superior da

    OCDE (OECD - Programme on Institutional Management on Higher Education

    IMHE). Dada a complexidade e o ineditismo do tema, foi solicitado o apoio tcnico da

    OCDE. Como resposta, os coordenadores do projeto foram convidados a participar do

    seminrio realizado em outubro de 2005 em Karlstad, Sucia, que reuniu treze

    coordenadores regionais oriundos dos onze pases envolvidos no projeto da OCDE. Na

    seqncia a SETI formalizou o pedido de apoio OCDE que a convidou a fazer parte

    do projeto. Dessa forma, o Brasil, por intermdio do estado do Paran, passou a ser o

    nico pas no-membro da OCDE, o nico da Amrica do Sul, e o segundo da Amrica

    Latina, juntamente com o Mxico, a participar do projeto.

    A partir do momento em que o Paran passou a integrar o projeto OCDE, o

    trabalho inicial teve que ser reformulado. A anlise do impacto de curto-prazo e a da

    estrutura de governana foi realizada separadamente considerando todas as IES

    estaduais. Esses dois relatrios j esto divulgados. A anlise do impacto de longo-

    prazo teve que ser modificada, uma vez que agora ela seguiria a metodologia comum a

    todas as regies analisadas pela OCDE. Dada a impossibilidade de incluir todas as IES

    estaduais, foram selecionadas para integrar o projeto OCDE as universidades do eixo

    Londrina-Maring, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Universidade

    Estadual de Maring (UEM). Na perspectiva do estado do Paran, essa regio serviria

    como um estudo-piloto e posteriormente, fora do mbito do projeto OCDE, a mesma

    metodologia seria aplicada para as demais regies e IES do estado.

    As origens do projeto OCDE esto no reconhecimento de que a educao

    superior vem sendo identificada como o principal motor para o desenvolvimento

    econmico, cultural e social dos pases e, principalmente, das regies. Assim sendo,

    houve uma srie de iniciativas entre os pases da OCDE para mobilizar o ensino

    superior em prol do desenvolvimento regional. Tornou-se necessria uma

    sistematizao dessas experincias a fim de guiar futuras decises de investimento.

    Assim sendo, o trabalho realizado esteve focado no esforo cooperativo entre as IES da

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    regio Norte do Paran e seus parceiros regionais, considerando as barreiras internas e

    externas s universidades para concretiz-lo. Os principais temas sob investigao

    centraram-se na contribuio das pesquisas realizadas nas IES para a inovao regional;

    na contribuio do ensino para aumentar a capacitao e atender o mercado de trabalho

    regional; na contribuio ao desenvolvimento social e ao meio ambiente; no papel de

    liderana das IES na comunidade regional. O programa foi concebido tambm para ser

    um projeto de aprendizado e capacitao da cooperao entre os atores regionais.

    Fizeram parte do projeto os seguintes pases com as respectivas regies:

    Dinamarca (Jutland-Funen); Finlndia (Jyvskyl); Reino Unido (North East); Espanha:

    (2 regies: Valncia e Ilhas Canrias); Sucia (Vrmland); Holanda (Twente); Noruega

    (Mid-Norwegian Region; Trondheim); Austrlia (Sunshine Coast; Queensland); Coria

    (Busan); Mxico (Nuevo Len); Dinamarca-Sucia (The resund region); Canad

    (Atlantic Canada); Brasil (Norte do Paran).

    A sntese final do trabalho ocorreu setembro de 2007 em Valencia, Espanha, por

    ocasio da conferencia OECD International Conference, "Globally Competitive,

    Locally Engaged Higher Education and Regions: www.oecd.org/edu/imhe/valencia .

    Durante a conferencia ocorreu o lanamento do livro Higher Education and Regions:

    globally competitive and locally engaged com a sntese das experincias internacionais,

    entre elas a brasileira.

    Na pesquisa desenvolvida em conjunto com a OCDE, Supporting the

    Contribution of Higher Education Institutions to Regional Development (2004/2006),.

    As IES foram analisadas sob quatro grandes ticas: a contribuio das pesquisas ao

    esforo de inovao e competitividades regional, a contribuio da formao

    profissional ao mercado de trabalho, a contribuio ao desenvolvimento social, cultural

    e ambiental e quanto capacitao institucional para a cooperao regional.

    Nos doze pases e catorze regies em que o trabalho foi realizado, ainda que a

    adeso fosse espontnea, uma das constataes gerais foi que em muitas IES havia uma

    forte resistncia interao com a regio. A dificuldade de dilogo era de ambos os

    lados. Na discusso que se seguiu sobre a segunda etapa dos trabalhos, uma das

    propostas mais discutidas foi a construo de indicadores quantitativos do impacto

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    regional das IES.4 A proposta de construo de sistemas de indicadores semelhantes tem

    sido muito discutida internacionalmente (Hazelkorn, 2007). A prpria OCDE est

    empenhada na construo de indicadores que possibilitem uma comparao

    internacional das IES. 5

    No caso brasileiro pretende-se construir um indicador, ou um conjunto de

    indicadores, que ao mesmo tempo que permita comparar as IES quanto a sua

    contribuio ao desenvolvimento regional tambm desperte a ateno para o tema.

    3. Procedimentos metodolgicos para a construo do ndice

    O indicador que se pretende construir ir considerar as quatro dimenses do

    impacto de uma IES sobre a regio em que ela est inserida, subdivididas como se

    segue:

    1. Dimenso: Contribuio da Pesquisa Inovao Regional

    Resposta s Demandas e Necessidades Regionais Condies Estruturais para Promover a Pesquisa e a Inovao Processos Facilitadores da Transmisso e Aproveitamento do

    Conhecimento

    2. Dimenso: Contribuio do Ensino e Aprendizado ao Mercado de Trabalho e

    Profissionalizao

    Territorializao do Processo de Aprendizagem Atrao de Estudantes e Emprego Regional Promoo de Educao Contnua, Treinamento e Aperfeioamento

    Profissional

    Formas Alternativas de Ensino Otimizao do Sistema Regional de Aprendizagem

    3. Dimenso: Contribuio ao Desenvolvimento Social, Cultural e Ambiental

    Desenvolvimento Social

    4 As equipes participantes do projeto discutiram esse tema em pelo menos dois workshops. O primeiro realizado em Valencia e o segundo em Pcs. 5 Esse trabalho vem sendo chamado de um PISApara as universidades (IMHE, dec.2007)

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    Desenvolvimento Cultural Sustentabilidade Ambiental

    4. Dimenso: Capacitao Para a Cooperao Regional

    Mecanismos para Promover o Envolvimento Universidade-Regio Promoo Conjunta do Dilogo e Iniciativas de Interesse Regional Avaliao e Mapeamento do Impacto da Universidade Capacitao Institucional Para o Envolvimento Regional Gerenciamento dos Recursos Humanos e Financeiros Criao de uma Nova Cultura Organizacional

    Para cada uma dessas subdimenses ser procurado um indicador. O ponto de

    partida ser a base de dados do INEP, no entanto muitas dessas dimenses nunca foram

    analisadas sistematicamente e certamente ser necessrio adicionar novas informaes

    aos levantamentos sistemticos. Para algumas delas provvel que no se encontre

    indicadores adequados ou ento que eles sejam de obteno limitada, o que impediria a

    comparao nacional.

    Para cada subdimenso que se consiga mensurar, ser construdo um ndice

    como segue

    Sendo que:

    Aps serem calculados os i ndices, chega-se ao ndice agregado para aquela

    dimenso que a mdia aritmtica simples desses i ndices. Repetindo-se o processo

    para cada uma das quatro dimenses consideradas obtm-se o indicador procurado, que

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    pode ser provisoriamente chamado de ndice de Insero Regional (IIR), o qual consiste

    na mdia aritmtica simples das quatro dimenses. A frmula final do ndice para cada

    uma das j IES consideradas a que se segue:

    O IIR ir variar entre 0 e 1. Quanto mais prximo de 1 maior ser o grau de

    integrao com a sua regio de uma IES.6

    O maior problema para a construo desse ndice que a base de dados sobre as

    universidades brasileiras ainda no coleta informaes que contemplem todas essas

    dimenses e que permitam analisar conjuntamente esse universo.

    Enquanto isso no possvel a alternativa construir um ndice menos

    abrangente e que permita analisar um conjunto mais reduzido das universidades

    brasileiras. A seo subseqente ir mostrar essa possibilidade.

    4. O primeiro esboo do ndice

    A base de dados sobre o ensino superior no Brasil mais abrangente, como

    j foi dito, a disponibilizada pelo Censo da Educao Superiorrealizado pelo INEP.

    Esses censos so realizados desde a dcada de oitenta e gradualmente vem incorporando

    mais informaes. No entanto mesmo com a disponibilidade dos seus microdados no

    existem informaes suficientes para a construo de um indicador tal como o proposto

    no item anterior. Dessa forma o que ser apresentado aqui o resultado de uma primeira

    tentativa de construo do ndice, com base nas informaes disponveis, utilizando os

    microdados do Censo da Educao Superior de 2005.

    A partir das informaes relativas s atividades de extenso universitria foi

    possvel obter informaes que permitiram obter alguma indicao dos elementos

    presentes na segunda (contribuio do ensino e aprendizagem ao mercado de trabalho

    e profissionalizao) e terceira dimenso (contribuio ao desenvolvimento social,

    cultural e ambiental) discutidas no item anterior.

    Seguindo a metodologia apresentada anteriormente, foi construdo um ndice

    com quatro dimenses. A primeira delas refere-se aos projetos de extenso universitria

    6 A metodologia de clculo desse ndice segue basicamente a metodologia do ndice do Desenvolvimento Humano (IDH) elaborado pela Organizao das Naes Unidas.

  • 703

    e ao publico atingido por eles. A segunda considera os cursos presenciais de extenso

    universitria e o pblico atingido. A terceira considera os cursos a distancia de extenso

    universitria e o pblico atingido. Finalmente uma quarta dimenso considerando a

    prestao de servios institucionais. Todas as informaes levantadas foram ponderadas

    pelo nmero de professores das universidades. Dessa forma foi possvel fazer a

    comparao entre o conjunto das 51 instituies de ensino superior federais

    denominadas universidades em 2005. Todas essas dimenses referem-se a extenso

    universitria. Embora esse conceito extenso universitria seja menos abrangente que

    o associado ao terceiro papel ele parte integrante deste ltimo. Dessa forma, ainda

    que incompleto e preliminar possvel vislumbrar uma avant premire do que seria o

    ndice descrito na seo anterior.

    A primeira dimenso considerada foi a relativa aos projetos de extenso

    realizados e ao publico atingido por esses projetos. Foram considerados apenas aqueles

    projetos integrantes de um programa estabelecido de extenso universitria. Segundo o

    INEP um programa de extenso universitria um conjunto articulado de projetos e de

    outras aes de extenso (cursos, eventos, prestao de servios) com clareza de

    diretrizes e orientao para um objetivo comum, executado a mdio e longo prazo.7

    Embora muitas universidades tambm desenvolvam atividades de extenso no

    vinculadas a programas, considerou-se que os projetos vinculados a um programa

    demonstram uma atividade com maior consistncia e permanncia no tempo.

    Foram considerados, portanto, todos os projetos de extenso vinculados a um

    programa e o pblico atingido por eles. Esses projetos atenderam as seguintes reas

    temticas: comunicao, cultura, direitos humanos e justia, educao, meio ambiente,

    sade, tecnologia e produo, trabalho. Assim sendo, para cada universidade federal,

    essa dimenso foi composta pela somatria de todos os projetos de todas as reas

    temticas, ponderados pelo numero total de professores da IES mais a somatria de todo

    o publico respectivamente atingido por eles, ponderado tambm pelo numero total de

    professores da IES.

    A segunda dimenso considerada foram os cursos de extenso presenciais (com

    at 30 horas) e o nmero de alunos que eles atenderam e foram aprovados. Esses cursos

    7 Essa conceituao e as demais que sero referenciadas so as apresentadas pelo INEP nas instrues de preenchimento do questionrio do Censo do Ensino Superior de 2005.

  • 704

    devem ter no mnimo oito horas e ter um processo de avaliao formal. Neste caso foi

    dada uma ponderao maior aos cursos mais imediatamente voltados para a produo

    industrial e agrcola, bem como aqueles voltados para as reas mdicas8. Isso porque se

    considera que em decorrncia da necessidade de maior quantidade de equipamentos que

    esses cursos requerem a sua oferta implica em um esforo maior das universidades.

    Dessa forma tanto o numero desses cursos como o nmero de participantes foi

    multiplicado por 2. Esse critrio obviamente criticvel, mas a sua introduo objetiva

    apenas realar o maior grau de dificuldade enfrentado. As demais reas cincias exatas

    e da terra, cincias sociais aplicadas, cincias humanas, lingstica, letras e artes

    tiveram peso 1.

    Assim sendo, para cada universidade federal, essa segunda dimenso foi

    composta pela somatria de todos os cursos de todas as reas do conhecimento, sendo

    que algumas delas com peso 2, ponderados pelo numero total de professores da IES

    mais a somatria de todo o publico respectivamente atingido por eles, ponderado

    tambm pelo numero total de professores da IES.

    A terceira dimenso considerou os cursos de extenso a distancia (com at 30

    horas) e o publico por ele atingido. O mesmo tipo de ponderao utilizado na dimenso

    anterior para os diferentes conjuntos de reas do conhecimento foi aplicado. Tambm

    todas as informaes foram divididas respectivamente pelo numero total de professores

    da IES.

    Deve ser salientado que esse tipo de curso representa uma das tendncias mais

    recentes do ensino superior em todo o mundo. particularmente empregado em

    programa de formao continua e lifelong learning.

    A quarta dimenso considerada foi a prestao de servios institucionais. Ela

    refere-se a realizao de trabalho oferecido pela IES ou contratado por terceiros

    (comunidade ou empresa). A prestao de servios engloba sete tipos e cada um deles

    pode atender a oito reas do conhecimento. Cada tipo de prestao de servios tambm

    pode ter subdivises. Dessa forma tem-se:

    8CinciasBiolgicas,Engenharia/Tecnologia,CinciasdaSade,CinciasAgrrias

  • 705

    Atendimento ao publico em espaos de cultura, cincia e tecnologia

    o Espaos e museus culturais o Espaos e museus de cincia e tecnologia o Cines-clube o Outros

    Servio eventual o Numero de assessoria o Numero de consultoria o Numero de curadoria o Numero de outros

    Atividades de propriedade intelectual o Numero de depsitos de patentes e modelos de utilidades o Numero de registro de marcas e softwares o Numero de contratos de transferncia de tecnologia o Numero de registros de direitos autorais

    Exames e laudos tcnicos o Numero de laudos emitidos

    Atendimento Jurdico o Numero de atendimentos

    Atendimento em sade humana o Numero de consultas ambulatoriais (programadas) o Numero de consultas de emergncia e de urgncia o Numero de internaes o Numero de cirurgias o Numero de exames laboratoriais o Numero de exames complementares o Numero de outros atendimentos

    Atendimento em sade animal o Numero de atendimentos veterinrios ambulatoriais o Numero de internaes veterinrias o Numero de cirurgias veterinrias o Numero de exames laboratoriais e complementares em veterinria

  • 706

    Em decorrncia essa dimenso foi subdividida em sete

    subdimenses acompanhando os tipos de prestao de servios: cultura

    cincia e tecnologia; servio eventual; atividades de propriedade

    intelectual; laudos tcnicos; atendimento jurdico; atendimentos de

    sade; atendimento veterinrio. Cada uma dessas subdimenses

    composta pela somatria dos diferentes tipos de servios que prestam em

    cada rea de conhecimento, ponderadas pelo nmero total de professores

    da IES. O ndice final da quarta dimenso obtido pela mdia aritmtica

    dos ndices das sete subdimenses.

    O ndice final obtido para cada universidade a mdia aritmtica dos quatro

    ndices obtidos em cada dimenso.

    Vale lembrar uma vez mais que as universidades consideradas tm uma variao

    muito grande de dimenso. Dessa forma, para tornar os valores comparveis, cada

    indicador foi ponderado pelo numero total de professores. Ou seja, os valores

    considerados representam a proporo da varivel em relao ao numero total de

    professores em exerccio na universidade.

    A tabela 1 mostra as estatsticas descritivas do ndice e a tabela 2 o resultado

    final para cada universidade federal em 2005. No grfico 1 as universidades esto

    ordenadas hierarquicamente segundo o IIR.

    Tabela 1. Estatsticas descritivas do ndice de Insero Regional

    Mdia 0,063522 Mediana 0,036674 Desvio padro 0,080195 Intervalo 0,424706 Mnimo 0,000000 Mximo 0,424706 Contagem 51

  • 707

    Tabela 2. ndice de Insero Regional das Universidades Federais Brasileiras-2005

  • 708

    Grfico 1. ndice de Insero Regional das Universidades Brasileiras em 2005 ordenadas hierarquicamente

    5. A interpretao preliminar dos resultados

    A primeira constatao a partir dos resultados observados nas tabelas a grande

    disparidade existente entre as universidades. Para uma mdia de 0,0635 h um desvio

    padro de 0,0802.

    A segunda surpresa o fato das duas universidades com o maior valor do ndice

    serem universidades pequenas e localizadas em cidades tambm pequenas. A

    universidade que vem em terceiro lugar tem um porte mais avantajado (cerca de 8 vezes

    o tamanho da primeira colocada) mas tambm est localizada em uma cidade

    relativamente pequena.

    A tabela 2 mostra que entre as 15 universidades que ficaram acima da mdia do

    ndice apenas trs esto em metrpoles de grande porte: Rio de Janeiro, Belo Horizonte

    e Porto Alegre. Ainda que Belm seja uma metrpole ela no tem as dimenses das

    anteriores. Essas universidades tambm esto entre as maiores do sistema federal

    brasileiro.

    Quando se considera a mediana so acrescentadas mais onze universidades ao

    grupo anterior e tambm entre elas apenas trs esto em metrpoles, Recife, So Paulo e

    Rio de Janeiro.

  • 709

    Abaixo da mediana esto vrias universidades que se encontram entre as maiores

    do Brasil localizadas em metrpoles como o caso da Universidade Federal da Bahia e

    da Universidade Federal do Paran.

    Ainda que se encontrem universidades grandes localizadas em metrpoles, tanto

    nas posies superiores como nas inferiores, em relao ao ndice possvel dizer que

    h uma tendncia apontando para o fato de que as melhores posies no ndice so

    ocupadas por universidades pequenas em cidades relativamente pequenas.

    Vrias hipteses podem ser levantadas para explicar esse fato. A primeira pode

    ser decorrente da forma de ponderao do ndice que de alguma forma acabaria

    privilegiando a posio das universidades pequenas. Isso no parece ser o caso.

    Uma segunda hiptese que uma universidade, ainda que pequena, localizada

    em cidades pequenas e/ou de porte mdio tenha um impacto muito maior do que

    universidades de maior porte em grandes cidades. Isso porque em cidades menores a

    universidade acaba por ser a nica fornecedora de servios especializados, a nica

    provedora de espetculos artsticos, a grande provedora de atendimento de sade e de

    outros servios que a reduzida dimenso dos mercados locais no permitiria serem

    ofertados pelo mercado. Essa hiptese sendo confirmada reafirmaria as evidencias da

    importncia das universidades como elemento do desenvolvimento regional.

    No entanto, este ndice preliminarmente construdo no suficiente para uma

    afirmao to forte. Ele no conseguiu, ainda, captar todas as dimenses associadas ao

    impacto regional no longo prazo tal como foi visto na terceira seo. Dessa forma no

    se pode falar em impacto sobre o desenvolvimento regional. Alm disso, nada foi feito

    para relacionar esse ndice a algum indicador de desenvolvimento regional como, por

    exemplo, o PIB per capita ou o IDH (ndice de Desenvolvimento Humano). Tambm

    no se analisou o grau de desenvolvimento das regies em que essas universidades esto

    instaladas. As informaes disponibilizadas neste artigo no permitem saber se a regio

    de Itajub, onde est localizada a universidade melhor colocada no ndice, pode ser

    considerada desenvolvida ou no.

    Com todas as suas deficincias este ndice de Insero Regional, por enquanto,

    apenas sugere que universidades pequenas em cidades pequenas e/ou mdias tm um

    maior impacto sobre as suas comunidades regionais. pouco. Mas j um avano.

  • 710

    Referencias Bibliogrficas

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    275-300.