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índicePreâmbuIo 2

Introdução 3

CAPÍTULO 1

Aplicar a AMED 6

Referir-se a certos princípios do CCPR 13

Contribuir para o alcance dos objectivos e dos resultados do PMEDP 16

CAPÍTULO 2

Servir de porta de entrada a um processo de autopromoção 18

Estabelecer o elo entre os níveis micro, mezzo e macro 21

CAPÍTULO 3

Seguir uma metodologia apropriada 27

CAPÍTULO 4

Ter em consideração certas advertências 31

CAPÍTULO 5

Os desafios da participação 41

ANEXO

Esboço do documento de projecto comunitário do PMEDP I

Modelo do quadro lógico V

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Preámbulo Como todos os bons instrumentos, este Guio necessita também ser adaptado a situações que variam entre elas e evoluem constantemente. Os utilizadores do Guia são convidados a dar o seu "feed-back" àUnidade de Informaçâo-Comunicaçõo da USR, que reunirá todas as contribuições para os pôr à disposição quando duma eventual actualização.

Cotonou, Fevereiro 2002Unidade de Suporte Regional

A elaboração deste Guio foi possível graças ao apoito, da Unidade de Suporte Regional (USR) do Programa dos Meios de Existência Duráveis na Pesca (PMEDP) e ao concurso das Unidades de Coordenação Nacional (UCN) do Benim, do Burkina Faso, da República do Congo, da Côte d'lvoire, bem como de duas ONG do Benim ("Amitiés Ensoleillées" e "Oxfam- Quebec") e duma do Mali ("UK, Sove the Children"). Este Guia é o fruto duma produção colecti-va. Ele reflecte os ensinamentos que emanam de 2 anos de experiências da USR em matéria de apoio às UCN para a elaboração de projectos comunitários.

Durante uma semana, os delegados destas UCN, ONG 6 os membros da USR, trabalharam com base numa primeira proposta previamente elaborada. A sua contribuição e as múltiplas referências ao "vivido" dos projectos comunitários dão a dimensão prática a este Guia, que pode assim servir de instrumento de trabalho a todos os que, no quadro do PMEDP, estão a cargo da elaboração de projectos comunitários.

Este Guia destina-se às UCN e membros de ONG cuja missão é o apoio às comunidades pobres na elaboração e formulação de projectos destinados a melhorar de maneira duradoira os seus meios de existência.

Sessões de trabalho para a redacção do Cuia

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Introdução

O objectívo do Programa dos Meios de Existência Duráveis na Pesca (PMEDP) é a melhoria dos meios de existência das comunidades de pesca artesanai. A nível dos países participantes, o PMEDP intervém através de dois tipos de acções:

Projectos comunitários Apoio institucional

Os projectos comunitários baseiam-se nas forças e nos trunfos das comunidades de pesca artesanai com o objectivo de melhorar os seus meios de existência.

Eles devem contribuir para a segurança alimentar e a redução da pobreza no sector da pesca através da melhoria dos meios de existência das comunidades na base e isto, de forma duradoira.

Os projectos comunitários são o ponto de arranque de dinâmicas comunitárias para o desenvolvimento local.

Eles são, eventualmente, apoiados por outras intervenções do PMEDP ou por outros parceiros que visam a redução da pobreza.

� O apoio institucional visa entre outros:

� O reforço da capacidade da administração a instalar um sistema de ordenamento participativo dos recursos;

� O aumento das capacidades das comunidades de pesca a participar na planificação e no ordenamento das pescas (apoio aos sistemas de co-gestão);

� ncertação social O reforço dos mecanismos de diálogo e de copor plataformas de vários actores, por exemplo:

– no interior da rede

– entre as organizações socio-profissionais

– nizações e os responsáveis das colectividades entre as orgaterritoriais

– etc.

� O apoio às UCN através de projectos de Informação, Educação e Comunicação (projectos lEC).

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Este Guia corisagra-se unicamente aos projectos comunitários. Ele da uma orientação no que concerne ao processo participativo de identificação e de formulação de projectos comunitários.

O objectivo do Guia é de melhor sensibilizar as UCN e ONG sobre os diferentes elementos e etapas a ter em consideração quando da preparação dum projecto comunitário, a fim de obter os impactos desejados sobre:

� Os meios de existência das comunidades :

A melhoria duradoira dos meios de existência e o aumento da capacidade das comunidades a enfrentar os múltiplos facfores que as tornam vulneráveis à pobreza

� A capacidade de autopromoção das comunidades :

Uma melhor escolha das estratégias, dos resultados perenes, das parcerias diversificadas e duradoiras, uma melhor representatividade das comunidades, um papel activo na elaboração e no execução das políticos

� As políticas, instituições e processos (PIP) influindo sobre a vida das comunidades :

O ajustamento dos PIP aos níveis local, regional e nacional para uma melhor tomada em consideração das aspirações das comunidades e dos princípios do Código de Conduta para uma Pesca Responsável (CCPR)

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Aplicar a AMED A AMED CENTRALIZA OS PROJECTOS SOBRE AS COMUNIDADES

Os projectos comunitários que seguem a AMED devem apoiar-se nas forças e capacidades que as comunidades de pesca possuem. Eles devem integrar as estratégias actuais de meios de existência dessas comunidades e visar a realização de resultados duradoiros que estas consideram importantes. As comunidades definem as suas aspirações e estratégias de meios de existência para as atingir. A UCN e a ONG de apoio desempenham o papel de faciiitador que ajuda a comunidade a definir o "seu projecto".

Para isto, a UCN e a ONG de apoio devem:

� Guiar as comunidades (sem muito as influenciar) na escolha dos seus projectos comunitários ;

� Ajudar as comunidades a melhor dominar o processo de identificação, de formulação, de execução e de acom-panhamento dos seus projectos comunitários (= apoiar um processo de aprendizagem) ;

� Facilitar o acesso da comunidade à assistência técnica ;

� Facilitar a cooperação com os parceiros exteriores.

Em qijaiquer caso, é a comunidade que deve tomar as decisões que dizem respeito às suas actividades de desenvolvimento. Por conseguinte, é importante que os facilitadores não percam nunca de vista que são os membros das comunidades que devem assumir asfconsequências dos seus projectos.

EXEMPLOS

No Benim

Três agrupamentos marinhos artesãos do acampamento de pesca de Roberty-Condji exprimiram a necessidade de adquirir equipamentos de pesca para uma zona já super explorada. Na sequência das discussões com a UCN -desempenhando o papel de facilitadora - os pescadores aceitaram adaptar um tipo de arte de pesca numa outra zona ainda sub-explorada. A UCN, respeitando o pedido dos pescadores, soube orientá-los para uma solução técnica mais apropriada.

No Gana

Um grupo de mulheres da comunidade de Adina na região do Volta formulou - com o apoio da UCN - um projecto para apoiar actividades geradoras de rendimentos alternativos às práticas de pesca utilizando a rede de arrastar. A introdução dum sistema de poupança-crédito era uma componente importante do seu projecto comunitário. No início, o banco rural mostrou-se disposto a apoiar as mulheres, dado que o apoio aos sistemas de poupança-crédito das comunidades de base quadrava perfeitamente na sua política financeira. Mas em consequência de antecedentes negativos (uma má taxa de reembolso por parte de pescadores beneficiando de créditos para motores e outros materiais de pesca), o banco exprimiu as suas reservas quanto ao pedido das mulheres.

(continuação página 7)

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A UCN, desempenhando o papel de mediador, pôde convencer o banco a aceitar o agrupamento de mulheres como clientes-benefi-ciárias, recordando todos os exemplos onde agrupamentos femininos deram provas como gestionários financeiros.

No Niger

Na comunidade de Tafouka, as mulheres, estando sub-representadas no Comité de Gestão da cooperativa, insistiram para integrar a alfabetização funcional como uma das acfividades do projecto comunitário de Tafouka. A alfabetização dar-lhes-á assim a possibilidade de participar mais activamente na gestão do seu projecto e da sua cooperativa.

Sessão de alfabetização

Os projectos comunitários AMED devem considerar a dimensão género.

Em consequência, é necessário interessor-se a questões como :

� De que trunfos dispõem os grupos de homens e de mulheres, quais são as suas especificidades?

� De que maneira, esses homens e mulheres são vulneráveis aos choques, às tendências e sazonalidade?

� As políticas, instituições e processos (PIP) influem de maneira diferente sobre os grupos de mulheres?

� Quais estratégias de meios de existência correspondem melhor às aspirações das mulheres e dos homens no seio da comunidade?

� as relações entre homens e mulheres Quais sãono que concerne ao acesso e ao controlo dos recursos?

Quais são as implicações das escolhas estratégicas dum grupo sobre outros grup

�os :

certos grupos, realizam, eventualmente, o seu benefício em detrimento dos outros grupos?

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EXEMPLO

No Mali:

Na sequência dum MAIPP/AMED a comunidade de pesca de Sahouna dos arredores de Mopti exprimiu a necessidade em equipamentos de pesca mais aptos. No entanto, durante esse mesmo diagnóstico, os pescadores salientaram que certas espécies de peixe começaram a desaparecer e que as capturas baixaram também nestes últimos anos.

A UCN assinalou a falta de lógica aos pescadores dizendo-lhes que a sua escolha poderia agravar a sua situação, pois uma intensificação da captura teria uma grave incidência na diminuição dos recursos haliêuticos já assinalada. Durante os debates entre a comunidade e membros da UCN, procurou-se identificar as outras forças e oportunidades da comunidade. É assim que foi decidido ordenar um braço do rio para desenvolver a orizicultura nas margens propícias a esta actividade.

Por conseguinte, o projecto comunitário finalmente elaborado e adaptado foi o dum apoio à diversificação das actividades pela escolha duma estratégia alternativa de meios de existência: a orizicultura que se pratica desde há muito tempo pelas populações locais.

A AMED baseia-se nos pontos fortes das comunidade de pesca artesanal para melhorar os seus meios de existência de maneira duradoira e reduzir a sua vulnerabilidade,

Lembremos que a abordagem clássica focaliza-se sobretudo nas "necessidades" e coloca a questão: " Quais são os vossos problemas? " - o que faz que muitas vezes as comunidades reclamam apoios nos domínios em que elas mesmo poderiam resolver os problemas utilizando os seus próprios trunfos e competências.

Mais os trunfos das comunidades estão desenvolvidos, mais ela está preparada para enfrentar os factores de vulnerabilidade. No contexto da AMED, a vulnerabilidade compreende :

1. as tendências a longo prazo (tendências demográficas, nomeadamente de migração, tendências climáticas, tendências dos recursos, etc),

2. as variações sazonais (variações dos preços, das capturas, do emprego, etc), e

3. os choques sofridos ou os imprevistos (doenças, desastres, conflitos, etc.)

Uma característica importante da pobreza é a dificuldade em encontrar rapidamente o seu equilíbrio após ter sido exposto a choques como por ex. perda do seu trabalho, doença ou então obter uma má colheita.

Três questões, pelo menos, devem ser postas:

� Quais são os pontos fortes dos diferentes grupos que compõem a comunidade (capital humano, social, físico, natural e financeiro) e quais são as oportunidades ofertas pelas políticas, instituições e processos? (ver capítulo 2 deste guia)

� Quais são os factores que torna a comunidade vulnerável à pobreza, e quais são os grupos mais vulneráveis?

� Sobre que forças e oportunidades, a comunidade pode basear-se para :

Enfrentar– as ameaças de sazonalidades, eventuais choques e tendências

– Enfrentar os PIP desfavoráveis?

nefastas?

– Melhorar os trunfos fracos?

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Extracto do MANUAL DE FORMAÇÃO: O Processo dos Meios de Existência Duráveis

A utilização da AMED encoraja a concepção de intervenções de desenvolvimento flexíveis e livres. De facto, ela fornece princípios directores úteis para um processo contínuo de aprendizagem e análise durante toda a duração dum projecto ou dum programa, isto implica que o diagnóstico efectuado no quadro dos príncipios dos meios de existência duráveis deva ser dinâmico e repétio permarnacendo receptivo às situctçõ e testes da vida real. ista exige um acompanhamento participativo, concebido como. um mecanismo integrada, quando da sua execução.

Quando o diagnóstico dinâmico e repetitivo integra-se num projecto ou num programa, ete aumenta a sua capacidada a reagir e a se adaptar a novas necessidades ou a condições que mudam e permite melhorar o alyo das intervenções em favor dós | pobres.

A AMED É UMA ABORDAGEM EVOLUINDO NO TEMPO

Os projectos comunitários AMED são dinâmicos, o que significa que as análises, as conclusões e, mesmo as estratégias, podem mudar durante a duração dum projecto.

Os parceiros (UCN, ONG, beneficiários) devem regularmente reflectir e tirar os ensinamentos dos resultados intermediários.

Sendo elementos de aprendizagem importantes, os resultados intermediários são também novos pontos de partida.

Os projectos comunitários, segundo a AMED, devem produzir resultados duradoiros no sentido em que eles devem privilegiar a aprendizagem de todos a que eles dizem respeito, tanto pelo acompanhamento participativo e a capitalização das aquisições, como por medidas de reforço das capacidades. É útil encontrar uma resposta à questão:

� Como pensa prosseguir as actividades após o termo do apoio do PMEDP?

A AMED É UMA ABORDAGEM EVOLUINDO NO ESPAÇO

A AMED é uma abordagem holística.

� É uma maneira de compreender os meios de existência da comunidade, e de tomar em consideração o carácter multidimensional da pobreza. Por conseguinte, as

intervenções de melhoria dos meios de existência não visam apenas o sector da pesca, mas também os outros sectores, tais como a agricultura, a saúde, a educação, etc.

� O seu quadro analítico contém 5 componentes :

- o contexto de vulnerabilidade,

- os trunfos em termos de capital,

- os PIP,

- as estratégias de meios de existência, e

- os resultados do meios de existência.

É importante evidenciar os laços entre estas 5 componentes

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para poder definir a "porta de entrada" dum projecto comunitário (ver capítulo 2 deste Guia).

serviço técnico para intervir sobre um dos pontos fracc identificados durante o diagnóstico.

Os projectos comunitários AMED devem preocupar-se d

� A utilização da AMED necessita ter em conta os diferentes grupos da comunidade de pesca e a análise da suas relações :

-Os trunfos de que uns dispõem são complementares aos trunfos dos outros (forças e fraquezas) ?

-Essa eventual complementari-dade é valorizada para fazer avançar a comunidade e reduzir a pobreza ou para acentuar as desigualdades?

-Em que sentido, as oportunidades dos PIP (ver capítulo 2 deste Guia) são apreendidas pelas comunidades?

� O quadro analítico da AMED mostra como os diferentes elementos estão ligados uns aos outros bem como as múltiplas interacções entre os factores que afectam os meios de existência.

� Tendo consciência desses laços múltiplos, a comunidade pode, por exemplo, solicitar a colaboração dum eleito local ou do representante dum

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EXEMPLONo Niger: O caso do projecto comunitário da cooperativa de pescadores de Tafouka :

A análise holística dos meios de existência da comunidade, que depende grandemente da exploração do peixe do plano de água vizinho, põe em evidência as relações entre estes diferentes factores que torna o projecto coerente no que respeita a articulação entre esses diferentes eixos de intervenção:

Vulnerabilidade:Os principais factores que tornam os seus meios de existência vulneráveis são (i) a seca prolongada no Sahel (choque) que torna (ii) a estação seca mais grave que nunca (sazona-lidade) contribuindo ao (iii) assoreamento do plano de água (tendência) por ocasião das chuvas torrenciais que molham a terra lateritizada.

Os principais trunfos em capital:Natural: florestas, pecuária, terras aráveis, bacia vertente, água das chuvas, peixe. A bacia vertente encontra-se ameaçada e deve ser protegida através de medidas contra a erosão (construção de diques).

Físico: para prevenir o desaparecimento completo do peixe durante a estação seca, várias bacias de depósito de peixe miúdo vão ser construídas. Este reforço do capital físico dá um sentido às medidas de consolidação do capital natural.

hlumano, social e financeiro: a formação técnica em matéria de produção de peixe miúdo e a melhoria do sistema de poupança-crédito são medidas de reforço dos trunfos em capital financeiro, social e humano que se enxertam nos esforços em direcção dos capitais natural e físico e contribuem a torná-los duradoiros.

Os PIP/CCPR: Para perenizar estes trunfos, o projecto procura definir um quadro jurídico para a co-gestão do plano de água. Ajudada pela UCN, a comunidade entra em negociação com o Serviço da Pesca desconcentrado e com os representantes da colectividade territorial descentralizada para elaborar este quadro que é um outro elemento importante de durabilidade.

(É importante sublinhar que esta concepção de projecto só foi possível graças à existência dum Plano de Acção Comunitário (fAC) elaborado com base num longo diagnóstico participativo dos meios de existência).

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No Benim: O agrupamento das transformadoras de produtos haliêuticos de Agbodjedo mantém múltiplas parcerias no quadro do seu projecto comunitário (melhoria das condições de trabalho e da qualidade do peixe fumado, diversificação das actividades geradoras de rendimentos):

A UCN : formação técnica, aquisição de material;

A ONG : formação em matéria de poupança-crédito;

Serviço veterinário : construção de pocilgas e acompanhamento veterinário;

Serviço saúde : acompanhamento médico para medir o impacto dos fornos sobre a saúde das mulheres que fumam o peixe.

A comunidade comprometeu-se em assegurar a construção dum poço e duma parte da pocilga, a comprar os porcinos, fornecer a mão-de-obra menos qualificada e assegurar as despesas do acompanhamento veterinário.

relações de parceria entre as comunidades e as organizações de apoio: UCN, ONG, sector privado e governo.

Poro isto, é útil:

� Ter um bom conhecimento da totalidade dos parceiros potenciais no país;

� Saber quais são os seus domínios de intervenção e as suas competências;

� Facilitar o contacto entre uns e os outros: os que pedem um parceiro de apoio com os que propõem serviços mais adaptados ao contexto;

� potenciais parceiros e prestadores de Implicar nas actividades osserviços mais cedo possível.

A parceria implica a comunicação, negociação, transparência. É uma relação onde os parceiros procuram o consenso a cada etapa. É importante negociar e estabelecer convenções de colaboração (ou protocolos de acordo) a fim de fixar as tarefas e contribuições futuras das diferentes partes.

Deve-se, em seguida, efectuar o acompanhamento dessa convenção : Ela é respeitada? Existem modificações ? Deve-se adaptar a convenção as novas situações criadas pelo facto da comunidade avançar com o seu projecto? Deve-se procurar novos parceiros? Etc.

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Referir-se a alguns princípios do CCPRO CCPR É UM INSTRUMENTO DE ORIENTAÇÃO PARA UMA PESCA RESPONSÁVEL

Lembrete; o CCPR figura entre os PIP em concerto com os Documentos Estratégicos de Redução do Pobreza (DERP), Programas de Boa Governança (PBG) e outros quadros políticos ao nível macro.

O Código de Conduta para uma Pesca Responsável (CCPR) é uma recolha de princípios, de objectivos e de elementos de acção para uma pesca responsável duradoira e mais justa. Ele traduz o consenso internacional sobre a necessidade de preservar e reconstituir os stocks de peixe a níveis permitindo a produção de volume de capturas razoáveis para o presente e para o futuro.

A expressão máximo rendimento duradoiro é muitas vezes utilizado para descrever este nível de captura : garantir a utilização duradoira a longo prazo dos recursos haliêuticos, e assim assegurar a conservação dos recursos, a continuidade da oferta e a redução da pobreza das comunidades de pesca.

O Código foi adoptado em 1995 por mais de 170 Estados-membros das Nações Unidas. Visto que o Código possui um caracter facultativo, é necessário fazer atenção a que todos aqueles que se ocupam das pescas, se comprometam em relação às suas normas e objectivos e tomem medidas práticas para as fazer respeitar. Esta tarefa incumbe não apenas aos decisores, mas também a todos os actores da rede, incluindo as comunidades de pesca. A aplicação do Código far-se-á com tanto mais eficácia se os governos adaptarem os seus princípios e objectivos às suas políticas e legislações nacionais.

Na concepção de projectos communitários, a UCN e os parceiros associados ao processo devem referir-se ao CCPR com quadro de referência. Apoiando-se em certos princípios-e objectivos do Código, o projecto comunitário pode produzir

resultados que mostram as sua pertinência em relação do Código. Se a UCN conseguir valorizar os aquisições dos projectos e a informar os responsáveis políticos da pesca, ela pode contribuir à concepção duma política sectorial que toma em consideração os normas do CCPR. Os projectos comunitários terão assim contribuído aos "PIP-pesca".

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Eis alguns exempios da maneira de ligar os projectos comunitarios a certas normas do CCPR

Breve resumo de alguns princípios gerais enunciados no Artigo 6 do CCPR :

6.1 Conservar e gerir os eco-sistemas aquáticos

6.3

Prevenir a sobreexploração equili brando o esforço de pesca com as capacidades de produção e, se possível, contribuir areconstituição dos recursos

6.4

Basear as decisões em dados ientíficos tendo também em conta conhecimentos tradicionais e factores ambientais, sociais e econômicos

6.6Promover a reflexão e o desenvolvi-mento das práticas e artes de pesca selectivos e respeitosos do ambiente

No Congo, a comunidade de pesca da Plage Base Agip de Pointe Noire aproveitou a oportunidade dum projecto comunitário para instalar uma estrutura que a representa no seio do Comitê Consultativo de Pesca. Uma das missões deste Comité é a elaboração dum plano de ordenamento participativo

No Togo, a comunidade do porto de pesca de Lomé, tendo como preocupação reduzir a pressão sobre o stock de capturas juvenis através da rede de arrastar, formulou um projecto que visa : (i) o ordenamento participativo das pescarias e (ii) a diversificação das suas actividades geradoras de rendimentos.

No Gana, a comunidade de Katech esforçou-se para substituir as redes de arrastar de pequenas malhas por artes e técnicas de pesca selectivos. Esta mudança de práticas de pesca é possível, entre outros, graças ao reforço das capacidades do Comitê de Gestão.

Na Côte d'lvoire, os pescadores na laguna de Aby, em parceria com a investigação científica, participam num programa de "pescadores-referências" que visa a recolha de informações sobre a exploração de caranguejos. O objectivo é a elaboração dum plano de co-gestão da pescaria de caranguejo na laguna Aby.

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6.7 Promover uma utilização responsável do peixe (preservação do valor nutricional, redução do desperdício, diminuição dos impactos negativos sobre o ambiente, etc.)

6.8 Proteger e reabilitar os habitats críticos/estratégicos das pescarias

6.10 Assegurar o respeito e a aplicação das medidas de ordenamento e desenvolver mecanismos eficazes de fiscalização e de vigilância

6.13 Assegurar a transparência, a con-sulta e a participação activas dos utentes da pesca, organizações ambientais e outras organizações, quando da tomada de decisão respeitante às políticas e leis relativas à pesco

6.16 Promover a tomada de consciência dos pescadores da noção de pesca responsável através da educação, da formação e da participação ao ordenamento.

No Burkina Faso, a comunidade de Sandogo observou que, durante a estação seca a superfície de água da barragem diminui consideravelmente, o que é uma ameaça para o habifat dos peixes. Por conseguinte, ela formulou um projecto que prevê a delimitação e a profecção dos desovadouros durante todo o ano. Ao mesmo tempo, ela executa actividades de

Em São Tomé e Príncipe, os agrupamentos das peixeiras da comunidade de Angolares muniram-se dum projecto de instalação dum sistema de conservação e de distribuição de produtos desembarcados. Outros projectos incluindo este tipo de actividades existem, entre outros, no Gana, nos Camarões, no Niger e no Benim.

Na República da Guiné, os pescadores artesãos de Matakang e de Koukoudé implicaram-se na vigilância da zona de pesca que lhes é reservada.

No Burkina Faso, as comunidades de pesca de Bagré e Kompienga instalaram um sistema de co-gestão das pescarias : um comité paritário de gestão, que reúne os representantes da comunidade, as ONG e os serviços técnicos concernidos, ê responsável das decisões que dizem respeito aos regulamentos locais em matéria de pesca e de organização das actividades aferentes.

Outros exemplos de co-gestão das pescarias existem nos Camarões (a represa da Mapé) e na Côte dlvoire (Laguna Aby).

No Burkina Faso, com base das experiências de Bagré e Kompienga, foi produzida uma brochura sobre a co-gestão. Essa brochura é divulgada junto das comunidades de pesca para as sensibilizar sobre a questão.

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Contribuir ao objectivo e aos resultados do PMEDPOBJECTIVO RESULTADOS ESPERADOS TIPOS DE PROJECTOS

Projectos que visam a melhoria das políticas, instituições e dos processos

Projectos que possuem uma parte de reforço capacidades das comunidades de pesca artes para participar na planificação e no ordenam das pescarias

Projectos relativos à co-gestão

Projectos relativos aos ecosistemas e aos recurí

Projectos relativos ao aumento dos benefl económicos e sociais

Projectos de apoio institucional em lEC

Os projectos comunitários podem contribuir para 1 ou vários resultados do PMEDP

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Servir de porta de entrada a um processo de aütopromoção Estabelecer o elo entre os níveis micro, mezzo e macro

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Servir de porta de entrada a um processo de autopromoçãcOS PROJECTOS COMUNITÁRIOS SÃO "PEQUENOS" - MAS ELES PODEM SER DE GRANDE ENVERGADURA

Os projectos comunitários são pequenos nosentido em que são projectos o nível local, com um orçamento limitado de assistência. Um projecto comunitário é uma resposta específica a uma problemática posta pela comunidade, uma resposta a "necessidades concretas".

Mesmo pequenos, os "bons" projectos comunitários devem ser duma grande envergadura:

Um projecto comunitário é, antes de tudo, um ponto de entrada (sectorial) para um processo que pode ganhar cada vez mais amplitude, à medida que ele avança: uma abertura para outros sectores com um maior número de parceiros especializados em sectores específicos.

Um projecto comunitário é um apoio directo àconsolidação e ao reforço dos trunfos chaves em capital, nomeadamente os capitais humanos e sociais (sabendo-se que estes dois capitais condicionam muitas vezes os outros três).

Ponto de entrada sectorial

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Os trunfos reforçados diminuirão a vulnerabilidade das comunidades.

Um projecto comunitário proporciona também uma melhor compreensão dos factores que estão na origem da pobreza (ou da vulnerabilidade). Ele é um processo de aprendizagem. É a razão pela qual a fase de preparação do projecto comunitário é tão importante como a fase de execução. A fase de preparação não deverá levar muito tempo: uma execução rápida é desejável no interesse de produzir resultados palpáveis para demonstrar a utilidade desta diligência para as comunidades.

Um projecto comunitário é uma realização que contribui a influenciar os PIP aos níveis local, regional e nacional, contanto que os decisores políticos sejam informados dos resultados sobre os meios de existência das comunidades e procedam ao reajusta-mento dos "PIP-pesca".

É uma maneira de promover a execução do CCPR, e mais particularmente das suas normas e objectivos ligados à pesca artesanal.

E, finalmente, é um processo de aprendizagem em auto-promoção e negociação de parcerias. Muitas vezes, a comunidade começa por uma parceria com o PMEDP. Mas progredindo, ela pode abrir-se à parcerias diversificadas : mostrar que ela é capaz de melhorar a sua organização e logo tornar a comunidade mais "atractiva" aos olhos de eventuais parceiros à procura de organizações comunitárias fiáveis e capazes de gerir projectos de desenvolvimento.

EXEMPLO

No Gana :

O caso do projecto comunitário do "Moree Wobenvaade Ofir Nvame Group".

As mulheres que praticam a fumagem do peixe da comunidade de Moree aperceberam-se da rarefacção da lenha utilizada para a fumagem do peixe. Esta rarefacção foi definida como factor principal da sua vulnerabilidade à pobreza (uma tendência em vias de ameaçar a sua principal estratégia de meios de existência).

A sua actividade principal no quadro do projecto é, por conseguinte, a rearborização duma colina perto da aldeia a fim de tornar seguro o seu acesso à lenha (a consolidação dos seus trunfos em capital natural torna-se assim a porta de entrada ao processo de melhoria dos meios de existência).

Ao mesmo tempo, elas melhoram os seus fumeiros tradicionais e introduzem um fumeiro moderno apropriado a fim de economizar a energia. Elas intervém no reforço dum factor chave do seu capital físico.

As melhorias dos fumeiros são financiados pelo projecto,e o financiamento inicial converteu-se em fundo comunitário alimentado pelos reembolsos das mulheres beneficiárias. A melhoria do capital físico produz assim um efeito positivo sobre o capital financeiro das mulheres.

(continuação página 20)

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A durabilidade das aquisições é procurada pelo reforço da organização socio-profíssional das mulheres que fumam o peixe (consolidação do eixo do capital social) que mantém relações de parceria com o Departamento das Águas e Florestas (por convenções negociadas de colaboração).

A venda da lenha bem como a produção do peixe fumado aumentarão os benefícios das mulheres que vão brevemente abrir uma conta bancária, o que lhes dará a possibilidade de aceder ao crédito.

Está previsto o alargamento do perímetro de rearborização.

O Departamento das Águas e Florestas apoia a formação das mulheres em matéria de rearborização, de protecção dos solos, e de exploração racional da madeira.

Os pescadores e os outros membros da comunidade observam as fumadoras e registam atentamente os seus progressos sucessivos. As mulheres pediram à UCN para as apoiar através de acções em informação a fim que elas possam melhor transmitir as suas experiências aos outros membros da comunidade.

Fumeiros melhorados de peixe

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Estabelecer o elo entre os níveis micro, mezzo e mocro OS PROJECTOS SÃO COMUNITÁRIOS - MAS ELES DEVEM ESTAR LIGADOS ÀS

POLÍTICAS, ÀS INSTITUIÇÕES E AOS PROCESSOS DE MUDANÇAPOLÍTICAS INSTITUIÇÕES PROCESSOS

Linhas de conduta adoptadas pelo governo ou por uma colectivídade territorial para atingir alvos e objectivos específicos.

- Política do sector da pesca

- Política econômica

- Programa de Ajustamento Estrutural

- Programa de Boa Governança (política de apoio à sociedade civil, política de descentralização, política de desconcentraçõo dos ministérios sectoriois)

- Programa de Redução da Pobreza.

Organizações do sector público e privado, bem como as regras que regem o seu funcionamento e as ínteracções entre elas. Essas regras podem ser formais ou informais.

Organizações :

- Autoridades a cargo da elaboração e da aplicação de leis e textos

- Instituições de investigação e de vulgarização

- Federações de organizações socioprofissionais

- Federação nacional das ONG

- Instituições e organizações religiosas

- Ministérios encarregues das políticas sectoriois, de programas de boa governança e de redução da pobreza

- Agências de cooperação ao desenvolvimento

- Colectividades territoriais descentralizadas

- Serviços técnicos

- Associações de comerciantes

- Organizações profissionais de pesca

- Organizações comunitárias

Maneiras de proceder às mudanças nas políticas, instituições e organizações.

- ínteracções entre os diferentes interve- nientes na rede

- Processos de concertação social

- Critérios, regras e práticos do

cooperação ao desenvolvimento

- Educação de adultos

- Alfabetizaçâo funcional

- Mecanismos participativos de tomada de decisão

- Sistema de acompanhamento participativo

- Mecanismos e modalidades de gestão participativa

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POLÍTICAS - As diferentes políticas sectoriais (o

ambiente e os recursos naturais, a saúde, a promoção feminina - género e desenvolvimento -, a comunicação social, as infra-estruturas, etc.)

INSTITUIÇÕES - ONG

- Autoridades tradicionais, chefe de aldeia, chefe de acampamento

Regras e mecanismos que regem esses organismos - CCPR e acordos internacionais de pesca

- Leis e regulamentos

- Mecanismos de aplicação da legislação aos níveis nacional e local

- Regras do jogo e relações de poder

- Disposições fiscais e alfandegárias

- Repartição das responsabilidade para a tomada de decisão

- Funcionamento interno dum organização socioprofissional

- Comunicação entre os diferents níveis de organização

- Relação entre uma e outra organização

- Relaçõo entre uma organização comunitária e as organizações/instituições de apoio (ONG, colectividades territoriais, serviços técnicos)

- Corrupção

- Lobbying

- Mecanismos para facilitar a boa governança

- Costumes, usos, direitos tradicionais

PROCESSOS - Apoio-conselho na metodologia

acompanhamento das comunidades

- Negociação de parceria

- Mecanismos de revisão de textos procedimentos

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OS PIP INFLUEM SOBRE A VIDA DAS COMUNIDADES DE PESCA

As comunidades de pesca explicam os resultados do seu projecto a praceiros do desenvolvimento durante um

processo de revisao das polticas

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Os PIP favoráveis ò melhoria dos meios de existência das comunidades de pesca são oportunidades a aproveitar pelos pro-jectos comunitários.

Exemplos :

� O CCPR promove uma pesca responsável, duradoira e mais justa.

� As políticas de redução da pobreza focalizam os esforços de desenvolvimento dos governos e dos parceiros internacionais sobre as camadas mais vulneráveis.

� Em muitos países, existe um programa de boa governança através do qual os governos introduzem a descentralização e o reforço da sociedade civil.

A descentralização encoraja as estruturas locais e as comunidades de base a conceber os seus projectos de desenvolvime

�nto e a submetê-los às comunidades territoriais

descentralizadas.

� A política de reforço da sociedade civil provocou a emergênc em massa de ONG, das quais algumas possuem competêncic úteis para as comunidades de pesca. As comunidades pode solicitá-las para se fazer ajudar na formulação dos se projectos.

Mas; mesmo sendo trunfos, os impactos sobre os meios c existência dos pobres no seio das comunidades de pesc artesanal são ainda fracos. Isto por várias razões :

� ou as políticas não foram ainda elaboradas, mesmo se se fa desde há muito tempo;

� ou elas foram elaboradas, mas em nada correspondem i aspirações dos principais interessados;

� ou as políticas existem mas não são aplicadas

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Outros projectos de apoio institucional que visam o aumento das capacidades dos representantes das instituições contribuem igualmente à mudança favorável dos PIP

Os projectos comunitários (e os projectos de apoio institu-cional) podem contribuir a que:

� As aspirações das comunidades de pesca e certos princípios do CCPR entrem nas políticas de pesca;

� As estratégias dos pobres sejam melhor tomadas em consideração nas políticas de redução da pobreza;

� A descentralização tenha em conto iniciativas e projectos das comunidades, das organizações socioprofissionais, das ONG e do sector privado enquanto elementos vitais paro a sua execução.

Outros PIP constituem constrangimentos e têm um impacto negativo sobre os meios de existência das comunidades de pesca, por exemplo, o atitude paternalista de alguns, a falta de formação dos eleitos locais em relação às novas tarefas e, mesmo às vezes, falta de vontade política.

A informação dos representantes de organizações sobre os resultados de projectos comunitários pode contribuir à mudança de certos processos e políticas e torná-los mais favoráveis para as comunidade de pesca.

A informação é uma tarefa muito importante das UCN. Os projectos EC de apoio institucional vão ajudá-las nesta tarefa. l

Impactos aos níveis micro e mezzo (exemplos) : - O agente de enquadramento que se apercebe que a comu nidade é

cada vez mais capaz de assumir as tarefas, mudará talvez a sua atitude paternalista para com a comu nidade.

- As medidas de alfabetização funcional e outras medidas que visam o aumento das capacidades dos mais vulneráveis no quadro dum projecto comunitáriq podem modificar as relações de força no inferior duma associação.

- Uma comunidade que formulou e instalou o seu projecto com êxito e que pode demonstrar a sua capacidade em bem o gerir, tem grandes possibilidade de ser tomada a sério pelos representantes das colecfividades descentralizadas; ela será talvez mesmo encorajada a elaborar projectos que serão tomados em consideração nos planos de desevol- vimento local.

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AS COMUNIDADES DE PESCA - PELAS CONQUISTAS DO SEU PROJECTO - INFLUEM SOBRE OS PIP MELHORIA DOS PIP Exemplos

de projectos comunitários Nível local Nível mezzo

Nível nacional Uma contribuição às políticas de :

Criação de redes de valorização e de comercialização dos produtos de pesca.

Segurança alimentar e redução da pobreza

Promoção de tecnologias melhoradas para a transformação e a conservação dos produtos de pesca

Reforço do enquadramento técnico.

Valorização dos produtos da pesca (Niger, Gana, São Tomé e Príncipe)

Criação de mercados Melhoria da qualidades das prestações de serviço pelos agentes técnicos e/ou ONG

Utilização responsável dos produtos pós-captura (CCPR)

Aumento da capacidade de negociação com outros parceiros

Pesca artesanal

Implicação das OSP na tomada de decisões.

Redução da pobreza (micro-finança...).

Acesso aos sistemas descentralizados de crédito.

Reforço das capacidades das organizações socioprofissionais (OSP) ligadas às pesca artesanal (Benim, Côte d'lvoire, Congo)

Reforço das capacidades das OSP em matéria técnica e organizacional.

Abertura à rede de parceiros e à outras oportunidades.

Sociedade civil, descentralização

Elaboração de regulamentos apropriados.

Pesca responsável e duradoira Responsabilização das comunidades para a gestão dos recursos

Regulação das redes de arrastar (Gana, Togo, Benim)

Adopçõo de regulamentos apropriados (código em uso)

Reforço da co-gestão Recursos naturais

Pescarias amplificadas (Niger, Burkina Faso)

Contribuição ao ordenamento das pescarias

Regulamentos apropriados para as pescarias.

Pesca

Segurança alimentar

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Seguir uma metodologia apropriada

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A SUCESSÃO DAS ETAPAS � Informar as comunidades de pesca e os grupos interessados sobre a

existência do PMEDP e sensibilizá-los aos objectivos do Progronna (conteúdo e modalidades de intervenção) e do Código de Conduta (princípios, objectivos e elementos de acção). Ao mesmo tempo, a UCN deve identificar os agentes locais, os principais líderes e os porta-voz que, em' seguida, podem tornar-se pessoas de contacto.

� Manter o contacto com a comunidade ou com o grupo interessado através dos agentes locais ou outras pessoas identificadas. Esse período não deve ser uma fase de espera passiva, mas a UCN, com a ajuda de pessoas-recurso especializadas em matéria de lEC, pode fornecer outras informações às comunidades, por exemplo:

- Que fazem as outras comunidades para melhorar os seus meios de existência? —» "Elas encontraram soluções aos problemas que se parecem com os nossos?"

- As suas soluções serão aplicáveis no contexto da comunidade? -" Entãoque devemos fazer?"

- Que adaptações serão necessárias? etc.

� Aguardar a manifestação dum pedido de colaboração com a UCN pela comunidade ou pelo grupo interessado.

É às vezes difícil atingir os pobres com mensagens que_ assentam sobre o médio e longo prazo. Paro isto, é útil fornecer-lhes informações que os encorajem e lhes dê o sentimento : "Não somos os únicos o sofrer; outros irmãos e irmãs já se lançaram no desenvolvimento ; e eles conseguiram também a melhorar as suas condições de vidal"

Um projecfo lEC de apoio institucional pode ajudar a UCN. Ele pode realizar e colocar à disposição da UCN ou da ONG um video-testemunho" sobre um projecto comunitário realizado com sucesso (utilizando um autocarro-video se existe no país, ou um video-clube ou ainda uma sala de cinema).

Pode-se também organizar visitas de intercâmbio entre as comunidades (mediatizadas por emissões públicas da rádio rural). Em alguns países, os grupos locais de teatro foram utilizados para encenar situações e assim ajudar as comunidades a reflectir sobre novas estratégias para melhorar os seus meios de existência.

Atenção! A UCN deve ser paciente. Em nenhum caso, a UCN deve levar a comunidade a apresentar um pedido. A comunidqde de decidir

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Negociar um diagnóstico participativo dos meios de existência e estabelecer um consenso sobre as diligências, a organização, as condições, as modalidades, a logística, os constrangimentos, etc. Por ocasião desta fase de negociação, é necessário insistir sobre os princípios directores da AMED (ver capítulo 1 deste Guia : Aplicar a AMED) e assegurar-se que a comunidade adere plenamente ao procedimento proposto.

Realizar o diagnóstico participativo dos meios de existência

Nesta fase, as actividades lEC, através de gráficos bem adaptados, podem informar a comunidade sobre os resultados das análises. Por exemplo, as actividades lEC farão ressaltar:

� os laços entre os 5 eixos dos trunfos em capital;

� os laços entre o pentágono dos trunfos, o contexto de vulnerabilidade e os PIP; etc.

Tudo isto no interesse de criar, no seio da comunidade, esta visão holísfica necessária para ser capaz de conceber um PAC coerente e identificar bons projectos comunitários (ler capítulo 2 deste Guia).

Com essa mesma preocupação, é importante informar as comunidades sobre as oportunidades que apresentam certos PIP a nível nacional, nomeadamente as políticas de pesca, as políticas de redução da pobreza, etc.

- Recolha de informações necessárias a nível da comunidade;

- Análise dos dados sob o ângulo da pobreza;

- Restituição e validação dos resultados (corrigir as informações e estabelecer um consenso);

- Formulação e validação do Plano de Acção Comunitária (PAC) resultando em ideias de projectos comunitários

Durante todo este processo, é preciso ter em mente as questões seguintes :

o Como é que a comunidade define a pobreza?

o Quem, seguindo estas definições, são os pobres ou os grupos vulneráveis à pobreza?

o Quais são as estratégias destes grupos para dela se escapar?

Prever uma fase "pós-terreno" onde a equipa pluridisciplinar do diagnóstico participativo se retira a fim de dar um tempo necessário à .comunidade para se concertar internamente, segundo o seu ritmo, seguindo as suas regras e hierarquias, utilizando os seus próprios meios de comunicação, estabelecendo consensos sem pôr em causa o equilíbrio social, etc.

Ainda que as comunidades pobres tenham pressa na solução dos seus problemas e que o interveniente externo corre o risco de ser mal visto se não apresenta soluções rápidas, é importante respeitar esse tempo de maturação no interesse da pertinência das decisões e da durabilidade das acções que se seguirão.

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� Formulação de projecto (s) pelo comunidade (eventualmente com o apoio duma ONG) e submissão dum pedido de apoio àUCN.

Efectuar uma leitura crítica da proposta inicial.

� Caso o exame crítico conclua que a proposta da comunidade não responde (ainda) aos critérios do PMEDP, ela será reexpedida à comunidade para ser melhorada.

� Caso a proposta da comunidade corresponda aos critérios do PMEDP : "traduzir" a proposta inicial em documento de projec-to comunitário em conformidade com o esboço figurando em anexo deste Guia (este trabalho de redacção final poderá ser

�os concernidos) e enviar o documento à

USR para aprovação.

feito pelas UCN ou pelas comunidades que são capazes).

Restituir e fazer validar o documento de projecto pela comu-nidade (ou pelos grup

Para esta leitura crítica, é preciso colocar questões como:

� pedido formulado pela comunidade/pelo grupo, baseia-se-num diagnóstico AMED (tomou-se em conta os principais PIP, os trunfos, as estratégias dos ME em função do gênero, etc. ?

� pedido está em conformidade com as suposições?

� Caso a comunidade disponha dum B^C: o projecto é um ponto de entrada estratégico para a realização do

�PAC? O projecto está em harmonia com o PAC?

A análise baseada num diagnóstico participativo dos

� tividades previstas pelo projecto não prejudicam e, e respeitam o

es claramente identificados?

meios de existência, é coerente?

Os beneficiários do projecto pertencem aos grupos mais vulneráveis da comunidade?

As acum outro grupo da comunidadgénero?

Como é garantida a durabilidade?

� Previu-se um sistema de acompanhamento com indicador

A comunidade possui capacidade de gestão e de acompanhamento e, senão, previu-se medidas nesse sentido?

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Ter em conta certas advertências

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Pode-se "saltar" as etapas ? Ser facilitador — sim, mas o que se deve

facilitar?

A sucessão de etapas tais como descrita no capítulo 3, pode servir de “check-list” à UCN e à ONG associada. Mas esta lista não deve ser aplicada mecanicamente.

Cada país é diferente, e cada comu-nidade encontra-se numa situação especí-fica. Por conseguinte é necessário adaptar a diligência a cada situação.

Todavia, é importante ter atenção em manter a abordagem inicial e estar cons-ciente que o facto de “queimar” uma etapa pode provocar incidências negativas sobre a durabilidade dos resultados do projecto comunitário.

Em nenhum caso se pode omitir o diagnóstico participativo dos meios de existência. Em contrapartida, a sua amplitude (a sua duração, a diversidade dos instrumentos utilizados, o número dos membros da equipa, etc.) pode ser adaptada à situação. Para isso, colocar-se-ão questões como:

- A comunidade já participou a este tipo de exercício?

- A comunidade dispõe dum PAC?

O conceito que subtende a facilitação é o do diálogo. O facilitador, pela sua maneira de guiar os seus interlocutores, faz ressaltar as causas dos problemas bem conhecidos por esses interlocutores.

Através de análises partilhadas com as comunidades, ele torna explícito os pontos fortes das comunidades e as causas das fraquezas e ameaças que pesam sobre elas para fozer assim aparecer as estratégias possíveis de melhoria dos seus meios de existência.

Mantendo-se à sua escuta, ele leva as comunidades a melhor reflectir sobre :

� Os laços entre os 5 eixos dos trunfos em capital (forças e fraquezas) : como esses eixos se condicionam mutuamente?

� Os laços entre os trunfos em capital e o contexto de vulnerabilidade : de que maneira os trunfos em capital são fragilizados pelos choques, tendências e sazonalidades?

� Os laços entre as políticas, instituições e processos (PIP) e os trunfos em capital: de que maneira os PIP constituem constrangimentos ou oportunidades?

� O laço entre as estratégias dos meios cexistência, os seus resultadose ctrunfos em capital : de que maneira (comunidades podem ter um impac favorável sobre os PIP através dos se resultados de meios de existência?

Em nenhum caso, o facilitador te tará "convencer", "sensibilizar" ou "cons( entizar"as comunidades do que ele mesrr julga ser um "bom projecto". A sua tare é guiar a comunidade a analisar a si situação utilizando o quadro analítico c AMED.

Para desempenhar o papel ( facilitador, a UCN (ou a ONG associad deve possuir vários pontos fortes :

� Um bom conhecimento do quadi analítico AMED e dos instrumentos (MAIPP)

� Um bom conhecimento de técnicas

�ptados ao contexto di

comunidades.

(comunicação favorecendo o diálogo)

Uma série de instrumentos de visua zação ada

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o pentágono dos trunfos em capitaiOs trunfos em capital das comunidades de pesco são divididas em 5 eixos, mas estes 5 eixos formam um pentágono. Isto quer dizer que não se pode isolar um eixo de outro.

Cada eixo depende dos ou-tros. Intervir sobre um eixo tem repercussões sobre os outros eixos. Por exemplo:

A análise dos trunfos em capital deve sublinhar as forças e fraquezas Uma fraqueza num tipo de capital pode ser :

- causada pela fraqueza dum outro tipo de capital

- desenvolvida pela força dum outro tipo de capital

- Com um fraco capital humano (por exemplo, a saúde) é difícil, por vezes impossível, às pessoas utilizar eficazmente os outros tipos de capital (os campos, os equipamentos, etc.)

- O fraco desenvolvimento do eixo do capital social pode tornar difícil a introdução dum sistema de micro-crédito comunitário.

A melhoria do capital social pode ser um ponto de entrada para tornar mais capaz o capital físico, (melhor gestão dos equipamentos e infra-estruturas).

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Os problemas aos quais os comunidades propõem soluções técnicas devem ser muitas vezes abordados pelo reforço dos eixos sociais e humanos.

O problema descrito como a ausência de solução é muitas vezes um falso problema

Deve-se estar atento a não se deixar levar por lógicas mecânicas que descrevem o problema em termos de falta de solução, por exemplo: "problema : ausência de meios de transporte; solução: aquisição dum meio de transporte". Em vez de procurar melhorar a fraqueza dum capital pelo reforço desse mesmo capital, é muitas vezes necessário procurar as causas na fraqueza dum outro capital.

Pode-se imaginar que o problema de transporte do nosso exemplo é devido a uma má organização (capital social fraco), que por seu lado contribui a uma fraca taxa de acumulação financeira (capital financeiro fraco) o que faz que os equipamentos, inclusivé a camioneta, estão degradados.

prazo pode provocar o fracasso do projecto e frustar duradoiramente a comunidade.

Muitas vezes, quando o problema é descrito em termos de ausência de solução, isto pode indicar que esta definição provém daqueles que pretendem possuir a solução ("o martelo que apenas vê os pregos", ou daqueles que dela aproveitarão (o vendedor de pregos).

Isto pode ser um indicador tanto mais que a comunidade, e aqueles que a acompanham, têm uma fraca capacidade de análise, e que é necessário investir-se no reforço das suas capacidades nesse domínio.

Duma maneira geral, deve-se desconfiar dos quadros do tipo " problemas-soluções". Esses quadros simplificam bastante a solução e são um bom indicador tanto mais que a análise prévia era fraca. Fundar a concepção dum pro-jecto comunitário nessas listas de queixas e de votos, aumenta a estima da comunidade pela UCN (ou ONG), mas a curto

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atitude de "ignorância optimal" e evitar colocar questões fechadas.

Extracto do MANUAL DE FORMAÇÃO "Abordagens Comunitárias e Métodos

Participativos"

As questões são abertas : Quem ? Quê? Porquê ? Quando ? Onde ? Como?

A ordem dos questões merece tacto e atenção; é preferível começar por questões/assuntos menos delicados, e ir depois progressivamente às mais delicadas e mais precisas : quer dizer, do geral ao particular.

Tentar evitar as armadilhas e estratagemas tais como as questões fechadas, influenciando a resposta, ou as questões comportando hipóteses implícitas ou ainda a utilização de medidas desconhecidas.

Além do mais, isto mostra que a comunidacle pensa que as soluções aos seus problemas encontram-se fora dela, :|uando uma melhor análise poderia mostrar-lhe a existência de oportunidades no meio de certos trunfos mais bem desenvolvidos de que ela dispõe. Elo poderia, logo, encarar uma melhor mobilizaçõo desses recursos.

Os resultados do diagnóstico participativo dos meios de existência

É verdade que os exercícios porticipotivos rápidos produzem resultados relativamente fiáveis sobre os quais a comunidade pode fundar a sua planificaçõo - sobretudo se o diagnóstico porticipativo guiou-se pelos princípios da \MED e utilizou o seu quadro analítico para pôr em evidência os laços entre os diferentes factores. É verdade também que esses resultados são produzidos rapidamente porque a equipa deve ter em conta o facto que :

- A investigação participativa é feita numa perspectiva pragmática : ela deve preparar um PAC (ou um projecto comunitário);

- A equipa não pode afastar durante muito tempo os membros da comunidade do seu trabalho quotidiano.

É no entanto útil ter em mente que o MAIPP/AMED é um método das agências de desenvolvimento. Este instrumento não é o da comunidade. Ainda que a equipa faça um esforço de transparência ao adaptar os instrumentos às representações e referenciais da comunidade (para que esta possa se apropriar dos instrumentos), a comunidade terá sempre o sentimento que ela "participa" aos métodos dos agentes externos. Esta percepção dará necessariamente uma obliquidade aos resultados obtidos.

Como todos os bons métodos, o MAIPP têm também à suo disposição instrumentos para evitar os possíveis deslizes. Ele dispõe do instrumento de "triangulação" paro reduzir os viéses e para verificar a pertinência dos resultados. Pela triangulação, procurar-se-á pois, verificar os dados por entrevistas com outros actores, seja no meio da comunidade, ou nos arredores (por exemplo, os agentes de enquadramento, os eleitos locais, etc).

A forma como são postas as questões é um factor importante que contribui ò viés (a boa palavra "vê-se e ouve-se o que se espera" é a ilustração da tentação de moldar o mundo conforme as suas próprias percepções). O MAIPP exige dos membros da equipa de adoptar uma

A restituição à comunidade dos dados e resultados de análise tem também um papel importante para diminuir o viés. É o momento de verificação do pertinência, do validação e do apropriação dos resultados do trabalho a um nível mais largo. Este trabalho é tonto mais importante que a flutuação da participação no exercício do MAIPP é inevitável e torna-se

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necessário a cada etapa assegurar-se que o consenso e as disposições tomadas continuam a ser partilhadas pela maioria da comunidade.

preparação e realização da restituição; etc.

As Os viéses serão grandes, sobretudo no início

Para que a restituição possa efectivamente desempenhar este

Ter em mente o espírito da dúvida metodológica em relação aos resultados obtidos !

da colaboração. A comunidade deve primeiro

papel é necessário, entre outros:

� Evitar discursos compridos e procurar o diálogo e as trocas entre os participantes;

� Utilizar uma linguagem clara e apro-pri-ada;

� Privilegiar os instrumentos de visualização que suscitem o diálogo;

� imagens "legíveis" pelos grupos Procurarvisados;

� agens junto de pequenos grupos Testar as imantes de as utilizar quando das sessões de restituição;

� Utilizar as imagens de maneira inter-activa e não como ilustração de monólogo;

� Organizar várias sessões de restituição durante todo o processo;Associar o comité de gestão à

conhecer a seriedade do discurso daqueles que se apresentam como agentes podendo ajudá-la a melhorar os seus meios de existência. Mas à medida que a equipa progride com a comunidade, esta experimentará a utilidade do diagnóstico participativo e dos instrumentos que lhe propõem as UCN (ou ONG); ela aprenderá a utilização do método e dos instrumentos e poderá assim se apropriar progressivamente.

É, por conseguinte, importante conceber este diagnóstico participativo como um modo de proceder em duas pistas paralelas :

- A análise dos meios de existência da comunidade;

- A reflexão sobre os instrumentos mais apropriados.

Este modo de proceder em paralelo favorece a aprendizagem e pode efectiva-mente reforçar as capacidades da comunidade (mas também das equipas) em matéria de diagnóstico participativo e de análise.

Na medida em que as comunidades se apropriam do procedimento, adaptando-o aos seus sistemas de análise e de comunicação, os resultados tornar-se-ão mais fiáveis. No momento em que os resultados das análises serão aplicados por um projecto comunitário, a sua pertinência é submetida à última prova: o empenho dos implicados na boa marcha do seu projecto é um bom indicador.

No entanto, é também frequente que os viéses sejam conscientemente introduzidas por grupos que queiram "desviar" a UCN ou a ONG, das quais eles esperam apoios. Esses grupos opropriom-se facilmente do discurso do organização de apoio a fim de beneficiar da sua ajuda que, em seguida, será convertida pelo grupo à sua maneira. Este mecanismo é bem ilustrado pelo exemplo duma comunidade no Sahel que levou uma ONG a apoiar a opção por uma horta para satisfazer indirectamente a sua necessidade em água salubre a qual a ONG em questão era à partida refractária.

As informações contêm mensagens escondidas

Toda o informação contém uma mensagem explícita e uma implícita. A forma de ponderar a pertinência das mensagens explícitas foi descrita acima.

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No que se segue, trata-se antes do valor das mensagens implícitas.

lização de instrumentos mais participa-tivos não iria fazer falar este grupo, ele resigna-se e agradece por seu lodo os homens e as mulheres pela sua par-ticipação, sem ter omitido de lhes dizer que seria importante se rever com um pouco mais de participação quando da próxima reunião.

No dia seguinte, questionado pelos seus amigos que tinham assistido à sessão, sobre a fraca participação da comunidade ao exercício, o animador respondeu que "verdadeiramente esta gente não está ainda sensibilizada; temos ainda um grande trabalho a realizar".

Ainda que não tenha havido mensagem expressa em voz alta, os camponeses tentaram, pelo seu silêncio, emitir uma mensagem muito pertinente ao animador : "Não aceitamos que o animador nos tome por ignorantes; rejeitamos o tipo de ralação que ele quer estabelecer entre ele e nós". No exemplo citado acima, o animador não

Trabalhar com as comunidades rurais, e as da pesca em particular, exige o respeito e um bom conhecimento do usos e costumes para poder compreender a dimensão implícita das suas mensagens. São muitas vezes mensagens de grande importância; elas são às vezes mais importantes do que é dito de maneira explícita.

As comunidades (ou grupos) exprimem essas mensagens através dos seus comportamentos em relação àequipa que intervém ou em relação ao projecto comunitário. Muitas vezes, a equipa confronta-se com comportamentos passivos ou de espera. Que pena seria cometer o erro de tirar conclusões prematuras sobre o carácter dos grupos visados, o seu fraco grau de instrução, a sua "falta de boa vontade", etc. Em vez disso seria útil perguntar-se : É possível que nós, UCN ou ONG, estejamos na origem destes comportamentos, porque :

- As nossas atitudes e comportamentos não são aceites pela comunidade?

O exemplo do animador dum projecto de desenvolvimento rural que, no início da reunião, disse aos camponeses ter vindo para os esclarecer a razão pela qual eles viviam ainda na penumbra, é eloquente : após a sua introdução, o animador em questão projecta uma série de diapositivos sobre as realizações duma outra aldeia para sensibilizar os participantes às possibilidades de se lançarem, eles também, nesse mesmo tipo de actividades de desenvolvimento. Após a projecção, ele pergunta aos camponeses o que pensavam dessas imagens. Cortese como são em todo o lado os rurais quando recebem estrangeiros, os camponeses agradeceram-lhe dizendo que eles estavam muito, muito contentes pelo facto do animador ter feito uma longa viagem para lhes trazer a luz. E depois calaram-se. Contente do feed-back positivo, o animador prosseguiu o seu discurso pedindo-lhes para agora comentar as imagens, "muito interes-sante, muito, muito interessante", responderam os camponeses. E depois eles nada mais disseram. O animador empregava todos os meios para os fazer falar, mas em vão. O auditório permanecia silencioso. Quando o animador se apercebeu que mesmo a uti- As mensagens implícitas são uma

maneira da comunidade exprimir-se sobre o que os seus costumes proíbe tornar explícito

- Os nossos métodos de intervenção foramintroduzidos rapidamente e não com-preendidos?

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- Os nossos instrumentos e técnicas de comunicação não são suficientemente adaptados ao contexto?

- A nossa maneira de abordar a comu nidade faz-lhe sentir que nós a menosprezamos?

- A nossa análise sectorial corre o risco de perturbar certas situações caras à comunidade e que ela tem interesse em salvaguardar?

- A nossa preferência por um grupo visado corre o risco de o isolar do seu contexto e criar um desequilíbrio social no seio da comunidade? Etc.

Muitas vezes estes comportamentos são indicadores da percepção que possui a comunidade dos estrangeiros que lhes propõe uma colaboração e como são vistas as suas atitudes, comportamentos e processos (métodos, técnicas e instrumentos). É, muitas vezes, uma estratégia de autodefesa para com intervenções que são vistas como um risco de fragilização da comunidade.

Se as UCN e ONG têm capacidade para compreender essas mensagens, elas podem utilizó-

Ias para ajustar a pilotagem do processo, e melhorar as relações entre elas e a comunidade. Além disso, é uma fonte permanente de aprendizagem para qualquer profissional do desenvolvimento.

Pede-se às UCN e ONG que intervêm no seio da comunidade, de prestar uma atenção particular a fim de poder centrar o seu trabalho sobre a comunidade - sobre o que ela quer e pode efectivamente fazer.

Para isto é importante :

- Estar bem preparado e recorrer aos dados secundários que podem melhor informar sobre o contexto;

- Estar mais disposto a escutar as pessoas e estar atento à sua forma de se exprimir;

- Interessar-se mais às palavras daqueles que não se exprimem facilmente;

- Diversificar o seu método de animar os debotes e realizar entrevistas informais em

EXEMPLO

No Congo-Brazzaville:

Foi organizado um diagnóstico participativo dos meios de existência no seio da comunidade de pesca da Plage Base Agip. Esta comunidade, excluindo os nacionais, conta numerosos pescadores migrantes, que com as suas famílias constituem uma grande família "Beninense". Durante o MAIPP, revelou-se difícil entrevistar e mesmo reunir as mucheres e outros membros da colônia, sob pretexto ou que eram representados pelo "Chefe" ou então não terem recebido a palavra de ordem. Por conseguinte, foi necessário encontrar o Chefe tradicional e o Presidente da colônia para que os diferentes membros participem às reuniões e se exprimam, autorizados desta vez pelos chefes.

Las mensagens dissimuladas traduzem-se por atitudes e comportamentos das comunidades. Não as levar a sério significa renunciar a indicadores muito importantes.

pequenos grupos ou com indivíduos escolhidos em momentos oportunos e lugares propícios;

- Diversificar os instrumentos de visualização e de preferência privilegiar os instrumentos que suscitam o diálogo; etc.

Uma formação - para fazer o quê?

Para ter um impacto real, o formação deve inserir-se num processo de reforço das capacidodes das comunidades (ou do grupo específico). As

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actividades de formação devem estar ligadas à actividades concretas de melhoria dos meios de existência no sentido em que elas fornecem as competências necessárias paro bem dominar a actividade em vista.

Os seus métodos, técnicas e instrumentos devem ser adaptados ao focto que se trata de homens e mulheres adultos que querem autoformar-se. A formação já não corresponde aos sistemas clássicos duma relação hierárquica entre professores e alunos.

Ela é antes um apoio à autoformação dos interessados por pessoas-recurso competentes na matéria. As visitas de intercâmbio acompanhadas são um bom meio de autoformação.

Duma maneira geral, as novas competências adquiridas pela formação devem ter a possibilidade de se exercer em acções concretas a fim de serem consolidadas. A formação em organização deve sistematicamente ser apoiada por acções de apoio-conselho quando da sua aplicação a fim de consolidar duradoiramente os resultados. O período de pós-formação é igualmente importante.

As organizações não são completamente inoperantes

Uma orgonizaçqo a nível das comunidades pode mostrar o seu mau funcionamento para a melhoria duradoira dos meios de existência dos seus membros. Para a reforçar e a tornar operacional, é importante tomar em consideração as estratégias muitas vezes divergentes dos seus membros que, elas mesmo, têm a sua própria racionalidade e seguem a sua própria lógica. Se a UCN ou a ONG associada não respeitam essas racionalidades elas arriscam-se a ser despedidas.

Na análise duma organização, é-se muitas vezes tentado a cometer o erro de medir a sua capacidade em função dos seus objectivos declarados. Seria melhor perguntar-se quais são as racionalidades dos diferentes membros, quais são as relações de força no interior da organização, etc. A organização é à imagem dos jogos de interesse e das relações de poder entre os membros que o constituem.

O reforço das organizações, para as tornar mais operacionais tendo em vista a melhoria dos meios de existência, não se deve limitar às acções de formação. Esse reforço passa sobretudo por um

apoio-conselho que visa melhor harmonizar os interesses individuais dos seus membros com o objectivo declarado da organização.

Os membros devem reconhecer-se na sua organização. De nada serve ter uma organização com belos objectivos, um belo programa e estatutos, se os membros não vêem nela o seu interesse. O apoio-conselho em desenvolvimento organizacional (DO) por uma ONG local competente deve ser flexível, evolutivo e basear-se essencialmente no diálogo com os interessados.

Em muitos países,, continua a ser difícil encontrar esta competência no seio das organizações de apoio (ONG). É de prever um apoio institucional a essa ONG através de ONG locais ou gabinetes de estudo/conselho possuindo um alto nível profissional no domínio e desempenhando o papel de treinador.

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Os desafios da particípaçõo

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É indispensável estabelecer uma relação de parceria entre o enquadramento (serviços públicos, ONG, prestadores de serviço) e as comunidades beneficiárias dos projectos de desenvolvimento. Existe hoje um largo consenso entre as agências de desenvolvimento sobre o facto que não há alternativa às abordagens participativas. Pouco a pouco, os departamentos e serviços da pesca abandonam também "a abordagem de enquadramento" e são mais abertos a uma abordagem participativa que, nos outros sectores, é aplicada desde há algum tempo. Para isso, o sector da pesca pode aproveitar os ensinamentos dos outros sectores. É útil conhecer os riscos e ser prudente :

� Muitas vezes se nota que os agentes impregnam-se muito depressa das novas concepções adoptando novas terminologias, mas sem pôr em causa a sua abordagem e práticas de enquadramento iniciais: Os termos "facilitação" e "participação" ou "parceria" são palavras que seguem a tendência actual do desenvolvimento, mas os métodos e instrumentos de intervenção junto das comunidades correspon-dem ainda muitas vezes à antiga tradição de enquadramento.

Esta situação é perigosa pelo menos por duas razões :

– A nível das UCN e ONG, ela disfarça as relações de poder e arrisca-se a enfraquecer a discussão e o esforço para a apren dizagem (porque pensa-se que já se sabe)

– A nível dos comunidades, esto situação arrisca-se a aumentar a sua dependência em relação à ajuda.

� Os agentes de enquadramento que tentam proceder através duma abordagem participativa, pertencem à estruturas que, não há muito tempo, privilegiavam ainda uma abordagem

"top-down" ou dirigista. Quer eles queiram ou não, eles são vistos como representantes desta tradição. As comunidades observam-nos e às vezes desconfiam da sua aparência e novos comportamentos.

� Na maioria dos países, a "participação" é introduzida pelos serviços de enquadramento que cada vez mais se apercebem que as suas intervenções não podem ter impactos duradoiros sobre as comunidades se estas não participam nas diferentes fases de identificação de projecto e não se responsabilizam pela sua execução. A participação introduzida de tal forma parece paradoxal e, às vezes, não se exagera se se diz que elo é imposta. A participação, é "uma protecção bem intencionada" ?

Antes de se impregnar rapidamente das novas terminologias ligadas à participação, é útil deter-se um pouco sobre certas reflexões:

� O desacordo de poder entre os intervenientes exteriores (UCN, ONG e outros parceiros) e a comunidade é uma realidade. Este desacordo deve-se, por um lado, a uma formação profissional e/ou uma posição social mais elevada dos intervenientes externos e, por outro lado, às competências de participação pouco desenvolvidas no seio das comunidades. Estas últimas são muitas vezes intimidadas pelos antecedentes históricos das administrações autoritárias, ou falta-lhes experiências encorajadoras no que respeita o seu papel no processo participativo de tomada de decisão. Além disso, elas interiorizaram o papel de marginalizadas; este último aspecto é, sobretudo, válido para os grupos mais pobres. Esta situação faz com que o diálogo seja desigual. Como se pode criar uma relação de parceria numa situação de desigualdade - é possível, e de que maneira?

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� A convergência de falsas concepções, que são o paternalismo por um lado e o atentismo, por outro, torna difícil a emergência de relações de parceria. Estas convergências, muitas vezes na origem dum certo conforto para uns (os intervenientes no ter-reno) são tanto mais inquietantes para os outros (USR, FAO, DFID).

� As agências de desenvolvimento (ministérios, ONG, doadores) possuem abordagens e referências diferentes, o que se traduz por uma grande diversidade de métodos de intervenção no ter-reno. Esta situação corre o risco de ser contraprodutiva na medida em que ela introduz a confusão nas comunidades; ela pode também criar uma situação em que as comunidades, habituadas às mudanças frequentes de métodos, já não levam a sério os seus "coordenadores pedagógicos" e desempenham o papel sem verdadeiramente aderir à abordagem.

Para enfrentar os perigos, este Guia propõe algumas barreiras às UCN e ONG associadas ao processo :

� Deve-se intensificar a fase de informação e de negociação sobre os princípios e regras da participação e a maneira de aexecutar. O objectivo é chegar a um consenso informado (uma

espécie de convenção entre os parceiros que define em que consiste a parceria: contribuições, prazos, funcionamento, mecanismo de feed-back entre as organizações e no seu interior, etc).

� O sistema de acompanhamento do projecto Pelai comunidade deve integrar indicadores para o acompanhamento da parceria na base da convenção mencionada no ponto precedente.

� Cada projecto comunitário deve ser também um apoio para as comunidades no que respeita o aumento das suas competên-cias em matéria de participação. Logo, deve-se dar uma grande importância à transparência, ao processo de aprendizagem social, à formação técnica e organizacional bem como à produção de documentação sobre os resultados probantes em matéria de participação.

� A UCN deve favorecer a instalação de plataformas de concertação sobre as abordagens e métodos de intervenção no seio das comunidades de pesca artesonal (aos níveis nacional e local).

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Programma dos Meios de Existência Duráveis na Pesca DFID-FAO GCP/INT/735/UK

Unidade de Suporte Regional 01 BR 1369- Cotonou – BENIM

Tél. : (229) 33 09 25 - Fax : (229) 33 05 19 Site internet : www.sflp.org

E-mail : [email protected]

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Esboço do documento de projecto comunitário do PMEDPA) RESUMO PRINCIPAL (1 página)

País :

Região (departamento) :

Município ou Sector (localização do projecto) :

Grupo de beneficiários directos (nome da comunidade ou do grupo) :

Organização (ões) de apoio :

Título do projecto :

Objectivo :

Resultados esperados :

Custo total

• Contribuição da comunidade :

• Contribuição doutros parceiros :

• Apoio financeiro pedido ao PMEDP :

Duração :

Data do início :

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B) ACORDO DE PROJECTO (1 página)

Título :

Custos divididos entre os parceiros :

Obrigações dos parceiros :

Assinaturas dos parceiros :

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Esta parte é para completar com base nas informações recolhidas por ocasião do diagnóstico participativo dos meios de existência.

C) SITUAÇÃO DOS MEIOS DE EXISTÊNCIA DA COMUNIDADE

Cl) Contexto geral da comunidade (apresentação narrativo : 0,5 - 1 página)

Dados geográficos, históricos, socio-económicos (quem é pobre, e onde são os pobres) dados culturais, espaciais, demográficos, sobre o contexto administrativo, etc

C2) Análise dos meios de existência da comunidade (máximo 2 páginas)

• O contexto de vulnerabilidade (choques, tendências, sazorialidades) :

- No passado :

- Actualmente

• Os trunfos em capital (5 eixos)

Tipo de capital FORCAS FRAQUEZAS

Humano

Social

Natural

Físico

Financeiro

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Forças principais (oportunidades) : Fraquezas principais (constrangimentos) : Laços entre os 5 eixos do pentágono :

• Os PIP enquanto constrangimentos e oportunidades :

PIP CONSTRANGIMENTOS OPORTUNIDADES

Local

Mezzo

Nacional

• As principais estratégias dos diferentes grupos da comunidade :

- Estratégias ligadas à pesca artesanal:

- Outras estratégias actuais :

• Os resultados dos meios de existência (actuais e desejados pelos grupos respectivos):

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Meios financeiros e materiais :

Calendário de execução (actividade, quando, quem, como ?) :

E) QUADRO LÓGICO

OBJECTIVO :

(Partes indispensáveis) (Partes factítíatíms)

PeríodoResultados Actividades

2002 2003

Indicadores Suposições Indicadores das suposicoes

1.1

1.2

1.

Etc.

(ao nivel dos resultados)

x

2.1

2.2

2.

Etc.

3.13.

Etc

Etc.

F) ORÇAMENTO PREVISIONAL

(1 página)

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G) ANEXOS

• Cronograma das actividades principais

• Termos de referência dos prestadores de serviço

• Convenção de colaboração entre a comunidade, o prestadores de serviços e a UCN

• Membros do Comité de Gestão

• Documentos MAIPP/AMED

• Documento do pedido inicial

• Cópias de eventuais documentos que informam sobre a via organizacional do grupo (por exemplo : estatutos, regulamentos internos, balanços

de actividade, planos de trabalho, etc.)

• Itinerário da identificação e da formulação do projecto comunitário

• Referências do prestador de serviços

• Outros documentos

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Estratégias :

•O projecto comunitário como ponto de entrada estratégica :

• Aproveitar das forças a nível dos trunfos em capital :

• Aproveitar das oportunidades a nível dos PIP :

• Atenuar os PIP desfavoráveis, reforçar os PIP favoráveis :

• Tomar medidas de reforço das capacidades :

- Beneficiários directos : - Intervenientes intermediários (ONG, prestadores de serviços) :

• Gestão e acompanhamento do projecto pela comunidade :

- Modalidades de instalação do comité de gestão : - Funcionamento a nível da comunidade : - - Acompanhamento e concertaçõo com a UCN :

• Apoios técnicos (domínios e modalidades) :

- UCN ( acompanhamento externo) : - ONG (apoio técnico) : - Outros parceiros ou prestadores de serviço (indicar o seu nível de intervenção) : - Justificação da escolha dos parceiros ou prestadores de serviços : -

D2) Descrição do projectoObjectivo do projecto : (contribuição do projecto à redução da pobreza pela melhoria dos meios de existência das comunidades de pesca) : Resultados esperados e indicadores : (contribuição dos resultados ao objectivo do projecto) Actividades principais (contribuição das actividades nos resultados) :

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D) O PROJECTO COMUNITÁRIO

D1) Justificação do projecto

Problemas a resolver (focalizar sobre a pobreza) :

Beneficiários :

• Directos (que impacto sobre os grupos vulneráveis à pobreza) :

• Indirectos (nível da comunidade, nível dos intervenientes intermediários) :

Resultados esperados :

Exemplos : Resultados dos meios de existência melhorados, estratégias dos meios de existência reforçadas, trunfos em capital reforçados, ameaças de vulnerabilidade reduzidas, PIP tornados mais favoráveis, melhorias directas (satisfação das necessidades imediatas) durabilidade(aumento da capacidade de autopromoção).

Laços com o CCPR :

• Princípios gerais (Art. 6 do CCPR) :

• Precisões técnicas :

Laços com os resultados esperados do PMEDP :