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INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIOProfª Tereza Sigaud S. PalmeiraDPED/[email protected]
OBJETIVOS Identificar a criança com suspeita de ITU Conhecer as etiologias mais comuns Conhecer os fatores predisponentes Critérios diagnósticos Tratamento Investigação da criança com ITU de repetição
PREVALÊNCIA 1-3% meninas
Até 5 anos de idade Picos: Lactentes e Treinamento esfincteriano
1% meninos Primeiro ano de vida Não circuncidados
Relação sexo masculino:sexo feminino Primeiro ano: 2,8-5,4:1 >1 ano: 1:10
PATOGÊNESE DAS ITU Infecções ascendentes
Meninas: bactériascolonizam o períneo e ascendem pela uretra
Meninos: bactérias doprepúcio ascendem pelauretra
Mais raramente:Disseminação hematogênica
ETIOLOGIA Bactérias colônicas gram –
Meninas: E. coli (75-90%), Klebsiella, Proteus
Meninos >1 ano: Proteus = E. coli (x Gram +)
Bactérias colônicas gram + S. saprophyticus Enterococos Acometem ambos os sexos
FATORES DE RISCO PARA ITU Sexo feminino Meninos não
circuncidados Refluxo vesicoureteral Treinamento
esfincteriano Disfunção miccional Uropatia obstrutiva Cateterismo vesical Higiene incorreta
(meninas)
Banho de banheira (?) Roupas justas Oxiuríase Constipação Bactérias com fímbria P Anomalia anatômica
(ex. aderência de lábios)
Bexiga neurogênica Atividade sexual Gestação
FORMAS DE APRESENTAÇÃO
Pielonefrite (ITU febril)
Cistite
Bacteriúria assintomática Pielonefrite focal (nefrônia) Abscesso renal
Dor abdominal, lombar, em dorso
Febre Mal-estar Náuseas Vômitos
Diarréia
Acomete apenas a bexiga
Disúria Urgência Freqüência Dor suprapúbica Incontinência
Urina malcheirosa
PIELONEFRITE CISTITE
DIAGNÓSTICO Suspeição clínica
EAS Piúria e/ou bacteriúria (DD bacteriúria assint.) Nitrito +
Bacterioscopia (Gram da urina)
Urinocultura Jato médio Cateterismo Saco coletor Punção suprapúbica
INTERPRETAÇÃO DA UCT Forma de coleta Conservação da amostra Número de UFC/mm3
UCT positiva >100.000 UFC/mm3 (germe único) > 10.000 UFC/mm3 e criança muito sintomática Saco coletor: >100.000 UFC/mm3, germe único,
EAS com piúria, criança sintomática(se possível, confirmar com cateterismo)
OUTROS EXAMES Hemograma
Leucocitose Neutrofilia Desvio para a esquerda
PCR / VHS
Hemocultura(sempre colher ANTES de começar antibiótico na criança
grave que está sendo internada)
PIELONEFRITE AGUDA
As principais complicações a curto prazo são
SEPSE / CHOQUE SÉPTICOINSUF. RENAL AGUDA
A principal complicação a médio/ longo prazo é
CICATRIZ RENAL(mais comum < 2 anos)
Conseqüências: insuf. renal crônica e hipertensão arterial sistêmica
EXAMES DE IMAGEM
Ultrassonografia renal e de vias urinárias
Hidronefrose Aumento do volume renal Dilatação ureteral Identificar duplicação ureteral Anatomia da bexiga
EXAMES DE IMAGEM Cintilografia por DMSA
Ácido dimercaptosuccínico marcado por tecnécio 99m
Deve ser realizada em todas as crianças com pielonefrite *
50% apresenta exame positivo (áreas fotopênicas) na fase aguda
Destes, 50% apresentarão cicatriz renal após a resolução da infecção
Nos 50% demais, a cintilografia irá se normalizar Nas crianças com diagnóstico de RVU graus III, IV, V
80-90% têm exame + na fase aguda Em caso de exame normal, não é necessário repetir
após o tratamento
EXAMES DE IMAGEM Uretrocistografia miccional
Indicada nos casos de cintilografia com DMSA + na fase aguda
Faz diagnóstico de Refluxo Vesicoureteral De acordo com o grau do refluxo, será
determinado o tratamento Pode-se aguardar 2-6 semanas para realizar a
UCM
No 2º episódio de pielonefrite confirmada, realizar UCM para excluir refluxos de baixo grau.
CASO 1 Menina pré-escolar de 3 anos e 2 meses com
queixas de disúria e polaciúria há 3 dias, sem febre.
Ao exame: ausência de vulvovaginite. Discreta dor suprapúbica.
EAS: normal.
UCT colhida.
CISTITE AGUDA – TRATAMENTO
Sintomas leves: aguardar urinocultura
Sintomas moderados/graves: iniciar antibioticoterapia empírica.
O tratamento evita a progressão para pielonefrite!
CISTITE AGUDA – TRATAMENTO
Sulfametoxazol-trimetoprim (E. coli)
Nitrofurantoína (E. coli, Klebsiella, Enterobacter)
Amoxicilina
DURAÇÃO: 3-5 dias
CASO 2 Menino pré-escolar de 3 anos e 2 meses vem
ao consultório mostrar exames pré-operatório para correção de fimose.
Assintomático
EAS: normal
UCT: Proteus mirabilis >100.000 UFC/mm3
CASO 2
Urina foi colhida por saco coletor
Mãe não fez higiene antes da coleta
Fimose
PODEMOS LIBERAR O RISCO CIRÚRGICO ENTÃO, NÉ?
CASO 3 Mesma criança, porém...
Há 1 semana com perda de urina durante o dia e dor para urinar
EAS: piúria
UCT: Proteus mirabilis >100.000 UFC/mm3
VAMOS TRATAR?
NEM TUDO É O QUE PARECE! Ao exame, apresentava hiperemia de glande
e dor à retração do prepúcio!
BALANOPOSTITE
CASO 4 Lactente 9m, sexo masculino, há 72h com
febre 38-38,5ºC, irritabilidade, recusa alimentar, vômitos incoercíveis
EAS: piúria e hematúria (+/4)
UCT colhida por cateterismo
Bacterioscopia: Gram –
CONDUTA?
CASO 4 Critérios de internação hospitalar:
Desidratação Vomitando líquidos / tudo que ingerem ≤1 mês Possibilidade de sepse de foco urinário (criança
toxêmica, com critérios para SIRS)
Hidratação venosa
Antibioticoterapia venosa
TRATAMENTO HOSPITALAR DE PIELONEFRITE AGUDA Ceftriaxona
Cefotaxima
Ampicilina + gentamicina
DURAÇÃO: 7-14 DIAS
CASO 4
Melhora importante do estado geral após 48h, aceitando bem dieta e líquidos...
Alta com antibiótico oral
CASO 5 Lactente do sexo feminino, 2 anos e 5 meses,
com febre alta há 48h, sem foco aparente. História prévia de ITU febril há 3 meses.
Ao exame, bom estado geral, afebril no momento.
... SÓ TEM VOCÊ NO SPA!
CASO 5
EAS: nitrito positivo. 10 piócitos/campo.
UCT colhida
Hemograma : 18.900 leucócitos (13% bastões)
PCR +
Bacterioscopia indisponível... E AGORA, JOSÉ?
CASO 5 Lactente com suspeita clínica de pielonefrite,
porém sem comorbidades e em bom estado geral
Tratamento domiciliar por 7-14 dias.
Repetir a urinocultura 1 semana após o final do tratamento*
Não se esqueça de reavaliar seu paciente em 48h ou antes em caso de piora!
TRATAMENTO AMBULATORIAL DE PIELONEFRITE AGUDA Dose intramuscular de ataque de Ceftriaxona -
opcional
Amoxicilina-Clavulanato
Cefuroxima
Cefalexina Sulfetoxazol-trimetoprim Ciprofloxacino* Cefalosporinas de terceira geração (indisponível no Brasil) Não utilizar Nitrofurantoína (baixa concentração no
parênquima renal)
PROFILAXIA NO CASO DE ITU RECORRENTES Eliminar o fator de risco
Tratar a constipação Orientar higiene correta Corrigir erros no treinamento esfincteriano
Profilaxia antibiótica (30% dose tratamento) Sulfametoxazol-trimetoprim Nitrofurantoína Cefalexina*
O uso de antibióticos na profilaxia da recorrência da ITU em crianças sem Refluxo Vesicoureteral ou com
Refluxo de baixo grau vem sendo revisto em termos de seus benefícios.
CASO 6 Escolar do sexo feminino, 7 anos, com queixas de
dor abdominal difusa há 12h, vômitos, náuseas, febre 38,5ºC. Relata dor ao urinar.
Ao exame, queda do estado geral, desidratada, dor abdominal difusa.
EAS: piúria maciça (incontáveis piócitos). Nitrito negativo.
US abdome normal.
Internada no repouso da emergência para tratamento de pielonefrite suspeita.
CASO 6
Após 8h de internação, houve piora da dor abdominal e dos vômitos. Você, cirurgião de plantão, foi chamado para avaliar a criança...
NEM TUDO É O QUE PARECE! Ao exame, dor localizada em fossa ilíaca
direita com descompressão dolorosa.
APENDICITE AGUDA
Após 48h: UCT fechou negativa...
PIÚRIA ESTÉRIL Definição: piúria no EAS, com urinocultura
negativa. Causas:
ITU parcialmente tratada Infecções virais Tuberculose renal Abscesso renal ITU com obstrução renal Uretrite (DST) Inflamações perivesicais (ex. apendicite
aguda) Nefrite intersticial eosinofílica
BIBLIOGRAFIA Nelson Textbook of Pediatrics 19th Ed.
(Elsevier)
Urinary Tract Infection: Clinical Practice Guideline for the Diagnosis and Management of the Initial UTI in Febrile Infants and Children 2 to 24 months. American Academy of Pediatrics – Subcommittee on Urinary Tract Infection and Steering Committee on Quality Improvement and Management (Pediatrics 2011)