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INFLUÊNCIA DA MECÂNICA INTRUSIVA DE ACENTUAÇÃO E REVERSÃO DA CURVA DE SPEE NO GRAU DE REABSORÇÃO RADICULAR KELLY FERNANDA GALVÃO CHIQUETO

INFLUÊNCIA DA MECÂNICA INTRUSIVA DE ACENTUAÇÃO E …...de determinação e perspicácia, conduzindo as situações com ... pela sua postura humilde e de compreensão para comigo,

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    DDEE AACCEENNTTUUAAÇÇÃÃOO EE RREEVVEERRSSÃÃOO DDAA

    CCUURRVVAA DDEE SSPPEEEE NNOO GGRRAAUU DDEE

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    PAGE

    INFLUÊNCIA DA MECÂNICA INTRUSIVA DE ACENTUAÇÃO E REVERSÃO DA CURVA DE SPEE NO GRAU DE REABSORÇÃO RADICULAR

    KELLY FERNANDA GALVÃO CHIQUETO

    INFLUÊNCIA DA MECÂNICA INTRUSIVA DE ACENTUAÇÃO E REVERSÃO DA CURVA DE SPEE NO GRAU DE REABSORÇÃO RADICULAR

    KELLY FERNANDA GALVÃO CHIQUETO

    Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Odontologia, área de Ortodontia.

    (Edição Revisada)

    BAURU

    2005

    INFLUÊNCIA DA MECÂNICA INTRUSIVA DE ACENTUAÇÃO E REVERSÃO DA CURVA DE SPEE NO GRAU DE REABSORÇÃO RADICULAR

    KELLY FERNANDA GALVÃO CHIQUETO

    Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Odontologia, área de Ortodontia.

    Orientador: Prof. Dr. Décio Rodrigues Martins

    (Edição Revisada)

    BAURU

    2005

    CHIQUETO, Kelly Fernanda Galvão

    C444i

    Influência da mecânica intrusiva de acentuação e reversa da curva de Spee no grau de reabsorção radicular/ Kelly Fernanda Galvão Chiqueto. - Bauru, 2004.122p. mais apêndices: il.; 30cm

    Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Odontologia de Bauru. Universidade de São Paulo.

    Orientador: Prof. Dr. Décio Rodrigues Martins

    Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, por processos fotocopiadores e/ou meios eletrônicos.

    Assinatura do autor:

    Data:

    Projeto de pesquisa aprovado em 19 de novembro de 2004 pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FOB.

    Processo n° 102/2003

    DADOS CURRICULARES

    KELLY FERNANDA GALVÃO CHIQUETO

    17 de dezembro de 1979

    Santos – SP

    Nascimento

    Filiação

    Geraldo Fernandes Chiqueto

    Maria José Galvão Chiqueto

    1999 - 2002

    Curso de graduação em Odontologia pela Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo.

    2003

    Curso de aperfeiçoamento em Ortodontia pela ACOPEN.

    2003 - 2005

    Curso de Pós-graduação em Ortodontia, em nível de Mestrado, na Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo.

    ASSOCIAÇÕES

    APEO - Associação Paulista de Especialistas em Ortodontia - Ortopedia Facial.

    SBPqO - Sociedade Brasileira de Pesquisas Odontológicas.

    O ABORTO DAS PALAVRAS

    Eu sou contra o aborto das palavras

    Dessas que a mente fecunda,

    Mas a consciência não deixa nascer

    E a gente fica com cara de bunda

    Sem saber o que dizer

    Ou então diz alguma besteira

    – Acho que hoje vai chover!

    Eu entristeço com a mente castrada

    Que não consegue fecundar as palavras

    Porque a vontade já nasce calada.

    Mas o pior é a mente fértil

    Que apenas por medo de fecundar,

    Enfia a idéia erétil numa camisa de Vênus

    E faz sexo seguro com os próprios pensamentos.

    Mesmo que a gravidez seja tubária

    E o parto, uma gaguejada cesárea,

    Deixe que as palavras nasçam

    Para que elas possam viver, sorrir e sofrer,

    Para que elas possam dizer

    Tudo aquilo que é você.

    Sérgio Estelita

    A DEUS,

    pela presença em cada momento da minha vida, pela luz que ilumina o meu caminho, por me abençoar, preservando minha saúde física e mental e me fortalecer diante dos momentos difíceis.

    DEDICO ESTE TRABALHO

    Aos meus pais, Geraldo e Maria José, pelo amor e dedicação sempre presentes durante a minha vida, por nunca medirem esforços para a minha formação, pelo apoio e incentivo constantes na busca dos meus ideais e na realização dos meus sonhos.

    À minha irmã, Karen, pelo carinho e atenção de sempre, pelo exemplo de determinação e perspicácia, conduzindo as situações com objetividade e inteligência.

    Ao meu sobrinho, Matheus, por representar o amor, a união e a alegria, sentimentos necessários para nossa caminhada.

    Vocês são a minha FORTALEZA!!!

    Agradeço profundamente

    Ao Prof. Dr. Décio Rodrigues Martins, meu orientador,

    ... pela paciência com que me atendeu desde o primeiro momento de orientação, respeitando e entendendo os meus limites. Estas atitudes aumentaram a minha admiração por sua pessoa;

    ... pela sua postura humilde e de compreensão para comigo, permitindo meu amadurecimento e incentivando minha formação acadêmica.

    Sinto muito orgulho de ter sido sua orientada!

    Agradeço a sua família pela atenção e carinho.

    Minha gratidão

    Ao Prof. Dr. Marcos Roberto de Freitas, chefe do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva, pela preocupação inicial, que se transformou em incentivo durante o curso, sendo fundamental para o meu desenvolvimento profissional.

    Ao Prof. Dr. José Fernando Castanha Henriques, Professor Titular e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ortodontia, ao nível de Doutorado e Prefeito do campus da FOB-USP, minha eterna gratidão pelos votos de confiança, pela simpatia e pela oportunidade de participar da tão almejada carreira docente.

    Ao Prof. Dr. Guilherme Janson, Coordenador do Programa de Pós-Gradução ao nível de Mestrado, pela sua obstinação em buscar o conhecimento científico sempre com um rigor e senso crítico inquestionáveis, contribuindo para um curso de excelência em Ortodontia.

    Ao Prof. Dr. Arnaldo Pinzan, pelo carinho com que sempre me dirigiu a palavra, preocupando-se com o meu desenvolvimento teórico e prático da Ortodontia.

    Ao Prof. Dr. Renato Rodrigues de Almeida, pela simpatia e pelo entusiasmo que sempre demonstrou ao ensinar, repassando seus conhecimentos com tanta satisfação, que incentivava a busca pelo conhecimento.

    À Profª. Dra. Maria Fidela de Lima Navarro, diretora da Faculdade de Odontologia de Bauru, que não poupou esforços na minha entrada ao meio acadêmico, pelo amor que demonstra sempre em tudo que faz, deixando transparecer ainda mais essa determinação no trabalho.

    Ao Prof. Dr. José Carlos Pereira, Presidente da Comissão da Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de Bauru, pelo imenso apoio concedido e pelo exemplo de dedicação ao trabalho.

    Ao Prof. José Roberto Lauris, pela dedicação com que sempre trabalhou, transmitindo seus conhecimentos estatísticos de maneira bastante acessível.

    Ao Prof. Dr. Alberto Consolaro, pela preocupação e busca incessante em nos tornar mestres, despertando novos sentimentos e preparando-nos para lidar com o inesperado durante a carreira docente. Muito obrigada!

    À amiga Maria Fernanda Martins-Ortiz, pela valiosa colaboração e auxílio fundamental na elaboração do projeto deste trabalho, pelos ensinamentos transmitidos, além dos momentos agradáveis. Meu sincero agradecimento.

    Ao Sérgio Estelita, agradeço muito pelo amor e carinho dedicados em todos os momentos que passou junto comigo durante o Mestrado, pela sensibilidade e paciência, virtudes essenciais que lhe permitiram suportar-me; também não poderia esquecer do apoio extraordinário e confortante presente nos momentos mais difíceis, sempre me encorajando.

    Aos amigos do Mestrado em Ortodontia, Adriana Crepaldi, Alexandre Nakamura, Darwin Vaz de Lima, Fernando Torres, Fernando Pedrin, Lívia Freitas, Marcos Janson, Marcus Crepaldi, Paula Oltramari, Rafael Henriques, Renata Castro e Sérgio Estelita, que nunca me deixaram sentir uma intrusa e sim a “caçula” desta nova família, respeitando-me e contribuindo profundamente para a minha formação. Se hoje estou aqui, em parte, é pelo carinho de vocês. Sou eternamente grata.

    Aos colegas do Doutorado em Ortodontia: Analu, Célia, Fabrício, Fernanda, José Eduardo, Karina Freitas, Karina Lima, Leniana, Rejane, Ricardo, Rodrigo, por apresentarem-se prestativos comigo, além de incentivarem-me a prosseguir.

    Aos amigos da XXXVIII turma de Odontologia da FOB, pelas palavras sinceras de amizade e de determinação. Valeu pessoal!

    Aos meus tios, tias, primos e primas que, mesmo distantes, estiveram de certa forma envolvidos e torcendo pela realização dos meus objetivos.

    À Lalia, Gino, Valderez, Thiago, Eric e Kleber, por sempre me acolherem muito bem e representarem minha família aqui em Bauru. Agradeço pela amizade e toda a hospitalidade.

    Aos funcionários do Departamento de Ortodontia, Cristina, Neide, Sérgio, Vera, Tiago, Régis, por toda a amizade e atenção durante o nosso convívio.

    Ao Daniel (Bonné) e Danilo pelos auxílios técnicos prestados na área de informática.

    Aos funcionários da biblioteca: Cibele, Vera, Maristela, Ademir, Rita, Ana Paula, Jane, pela dedicação e prestimosidade com que sempre me atenderam tão logo solicitados.

    Aos funcionários da Pós-Graduação: Giane, Margareth e Letícia, pela atenção e serviços prestados nas inúmeras vezes que precisei.

    Aos funcionários da ACOPEN, Sônia, Luciana, César, Valtinho por todo o carinho, amizade e respeito com que sempre me trataram.

    Às minhas monitoras, Mayara e Patrícia que me auxiliaram muito durante o curso de aperfeiçoamento.

    À CAPES pelo prêmio concedido, propiciando a realização deste curso sem maiores dificuldades.

    SUMÁRIO

    LISTA DE FIGURAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    xv

    LISTA DE TABELAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    xvi

    RESUMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    xviii

    1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    1

    2 REVISÃO DA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    5

    2.1 Sobremordida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    6

    2.1.1 Etiologia da sobremordida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    7

    2.1.2 Tratamento da sobremordida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    9

    2.2 Reabsorção radicular apical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    12

    2.2.1 Etiologia da reabsorção radicular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    13

    2.2.1.1 Causas sistêmicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    14

    2.2.1.2 Fatores locais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    16

    2.2.1.3 Fatores relacionados à terapia ortodôntica . . . . . . . . . . . .

    23

    2.2.2 Avaliação radiográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    27

    3 PROPOSIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    31

    4 MATERIAL E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    33

    4.1 Material . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    34

    4.1.1 Critérios de seleção da amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    34

    4.1.2 Características da amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    35

    4.2 Métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    37

    4.2.1 Radiografias periapicais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    37

    4.2.1.1 Classificação da reabsorção radicular quanto à magnitude.

    38

    4.2.1.2 Determinação da forma radicular dos incisivos . . . . . . . . . .

    42

    4.2.2 Avaliação cefalométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    44

    4.2.2.1 Traçado anatômico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    45

    4.2.2.2 Demarcação dos pontos cefalométricos . . . . . . . . . . . . . . .

    47

    4.2.2.3 Planos e linhas de referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    50

    4.2.2.4 Grandezas cefalométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    52

    4.3 Análise estatística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    54

    4.3.1 Erro do método . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    54

    4.3.2 Análise estatística entre grupos e variáveis . . . . . . . . . . . . . . . .

    55

    5 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    57

    5.1 Erro do método . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    58

    5.2 Comparação entre grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    60

    5.3 Análise descritiva quanto ao grau de reabsorção . . . . . . . . . . . . . .

    61

    5.4 Avaliação cefalométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    62

    5.5 Correlação entre variáveis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    64

    5.6 Comparação da reabsorção entre os dentes . . . . . . . . . . . . . . . . .

    65

    5.7 Influência da morfologia radicular na reabsorção apical . . . . . . . . .

    66

    6 DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    68

    6.1 Características da amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    70

    6.2 Considerações da metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    73

    6.2.1 Uso do computador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    78

    6.2.1.1 Digitalização das imagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    78

    6.2.1.2 Processamento dos dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    79

    6.2.2 Precisão da metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    80

    6.3 Discussão dos resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    82

    6.3.1 Compatibilidade dos grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    82

    6.3.2 Comparação entre os grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    83

    6.3.3 Correlação entre as variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    88

    6.3.4 Comparação da reabsorção entre os incisivos . . . . . . . . . . . . .

    91

    6.3.5 Influência da morfologia radicular na reabsorção apical . . . . . .

    92

    6.4 Implicações clínicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    94

    6.5 Sugestões para novos trabalhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    96

    7 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    97

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    99

    ABSTRACT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    121

    APÊNDICE

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 4.1 –

    Classificação dos graus de reabsorção, segundo MALMGREN106 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    39

    FIGURA 4.2 –

    Classificação do grau de reabsorção nos incisivos superiores, realizada nas radiografias pré e pós-tratamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    40

    FIGURA 4.3 –

    Classificação do grau de reabsorção nos incisivos inferiores, realizada nas radiografias pré e pós-tratamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    41

    FIGURA 4.4 –

    Classificação das raízes de acordo com a forma: TR (triangular), RO (romboidal), RE (retangular), P (pipeta), D (dilacerada), C (curta)45,67,97,118. . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    42

    FIGURA 4.5 –

    Classificação morfológica das raízes dos incisivos superiores nas radiografias pré-tratamento. . . . . . . . . . . .

    43

    FIGURA 4.6 –

    Classificação morfológica das raízes dos incisivos inferiores nas radiografias pré-tratamento. . . . . . . . . . . . .

    43

    FIGURA 4.7 –

    Desenho anatômico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    46

    FIGURA 4.8 –

    Pontos cefalométricos utilizados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    49

    FIGURA 4.9 –

    Linhas e planos de referência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    51

    FIGURA 4.10 –

    Alterações cefalométricas avaliadas: 1- sobremordida; 2- sobressaliência; 3- AIS-PP; 4- AIS-ENAPerp; 5- AII-GoMe; 6- AII-MePerp. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    53

    FIGURA 6.1 –

    Momento gerado pela ação da força intrusiva nos incisivos superiores e inferiores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    86

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 –

    Resultado do coeficiente de concordância de Kappa aplicado aos métodos classificatórios do grau de reabsorção e forma radicular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    59

    TABELA 2 –

    Resultados do teste t pareado e da fórmula de Dahlberg, utilizados para a avaliação dos erros sistemáticos e casuais, respectivamente. . . . . . . . . . . . .

    59

    TABELA 3 –

    Teste t aplicado para verificar a compatibilidade entre os grupos quanto à idade inicial, tempo de tratamento e quantidade de sobremordida inicial. . . . . . . . . . . . . . . . . .

    60

    TABELA 4 –

    Comparação da quantidade de reabsorção entre os grupos (teste de Mann-Whitney). . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    60

    TABELA 5 –

    Distribuição percentual do total de dentes de acordo com a escala de escores utilizada para avaliar o grau de reabsorção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    61

    TABELA 6 –

    Resultados do teste t na comparação entre os grupos quanto às alterações das grandezas cefalométricas. . . . .

    62

    TABELA 7 –

    Comparação do grau de reabsorção radicular (teste de Mann-Whitney) e das alterações cefalométricas (teste t) quando os grupos apresentavam-se compatíveis quanto à quantidade de correção da sobressaliência. . . . . . . . . .

    63

    TABELA 8 –

    Correlação do grau de reabsorção com a quantidade de correção da sobremordida e da sobressaliência, o tempo de tratamento e os movimentos apicais dos incisivos centrais (correlação de Spearman). . . . . . . . . . . . . . . . . .

    64

    TABELA 9 –

    Comparação do grau de reabsorção radicular entre os incisivos superiores e inferiores (Mann-Whitney). . . . . . .

    65

    TABELA 10 –

    Comparação das médias do grau de reabsorção nos grupos de dentes por meio do teste de Friedman. . . . . . .

    66

    TABELA 11 –

    Avaliação da compatibilidade entre os grupos quanto à forma radicular, por meio do teste do Qui-quadrado. . . . .

    66

    TABELA 12 –

    Comparação da quantidade de reabsorção entre as formas radiculares (teste de Kruskal-Wallis). . . . . . . . . . .

    67

    Resumo

    RESUMO

    O propósito deste estudo foi avaliar a influência da mecânica intrusiva de acentuação e reversão da curva de Spee, no grau de reabsorção radicular dos incisivos superiores e inferiores. Para tanto, selecionou-se uma amostra composta de 60 pacientes, a partir do arquivo da disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru, apresentando as más oclusões de Classe I e II, 1ª divisão, tratados sem extrações. A amostra foi dividida em dois grupos, com as seguintes características: Grupo 1, constituído por 30 pacientes apresentando uma sobremordida acentuada, tratados com mecânica intrusiva e idade média inicial de 12,8 ± 1,23 anos (mínimo de 10,01 e máximo de 15,32 anos); Grupo 2 constituído por 30 pacientes, apresentando um trespasse vertical normal, tratados sem mecânica intrusiva e idade média de 12,87 ± 1,43 anos (mínimo de 10,02 e máximo de 15,36 anos) ao início do tratamento ortodôntico. Utilizou-se as radiografias periapicais pré e pós-tratamento para avaliar o grau de reabsorção radicular e em seguida, aplicou-se o teste de Mann-Whitney para comparar os grupos. Além disso, verificou-se a correlação entre o grau de reabsorção radicular e a quantidade de movimentação dentária ocorrida durante o tratamento ortodôntico, utilizando o coeficiente de correlação de Spearman. Analisou-se também a influência da morfologia radicular no grau de reabsorção apical, utilizando o teste de Kruskal-Wallis para comparar o grau de reabsorção ocorrido nas diferentes formas radiculares. Os resultados revelaram um maior grau de reabsorção ocorrido no grupo tratado com mecânica intrusiva. O grau de reabsorção radicular demonstrou correlação estatisticamente significante com a quantidade de correção da sobremordida e com a intrusão dos incisivos centrais superiores. Com relação à morfologia radicular, embora as raízes curtas e triangulares tenham apresentado maior reabsorção, não foi encontrada significância estatística na diferença do grau de reabsorção entre as formas radiculares.

    Introdução

    1 INTRODUÇÃO

    O

    ônus do tratamento ortodôntico pode ser representado por seqüelas indesejáveis e infelizmente, irreversíveis, quando a dentina é afetada28. A concentração de forças no periodonto, principalmente no terço apical, pode provocar desequilíbrio na homeostase local, resultando nas reabsorções radiculares.

    Sabe-se que a reabsorção apical pode comprometer a longevidade e a capacidade funcional do dente afetado, dependendo de sua magnitude28, pois altera a estrutura, o volume e o contorno radicular em função da delicadeza da região apical45. Porém, baseados na constatação de que o processo de reabsorção radicular provocado pelo tratamento ortodôntico geralmente é suave161 e que cessa no momento em que a força é removida15,24,28,29,99,108, diversos autores concordaram que as melhoras estéticas e funcionais justificam os riscos28,29,161.

    As reabsorções radiculares, apesar de seu componente imunológico, são decorrentes única e exclusivamente da atuação de fatores locais que eliminam a camada de cementoblastos45. Embora esta reabsorção ocorra em indivíduos que nunca se submeteram ao tratamento ortodôntico, a incidência entre os pacientes tratados é significativamente mais alta67,109,176. Sendo assim, as razões para ocorrência das reabsorções radiculares dirigem-se, principalmente para os fatores inerentes à técnica ortodôntica e à morfologia radicular.

    Com relação ao tratamento ortodôntico, muitas más oclusões apresentam uma curva de Spee profunda que contribui para uma acentuada sobremordida, portanto, torna-se necessário nivelar a curva de Spee tanto por razões funcionais, como pelos propósitos do tratamento ortodôntico68. Para tanto, é muito comum, na mecânica edgewise, utilizar arcos com curva reversa e acentuada para corrigir a sobremordida5,44,148-150. Este procedimento implica em movimentos dentários particulares, sendo a intrusão e a protrusão dos dentes anteriores os efeitos mais comuns19,34,60,71,102,148-150. Estes movimentos concentram muita tensão no ápice, por isso são freqüentemente associados à maior reabsorção radicular15,131,147,175.

    Assim como a morfologia radicular, citada anteriormente, a proporção coroa/raiz e presença de sinais prévios de reabsorção também se encontram normalmente mencionados como fatores de risco para a reabsorção radicular apical45,90,97,104,118,152. No entanto, os estudos que avaliaram estas relações apresentam conclusões discordantes.

    Deve-se considerar então, que a reabsorção encontra-se associada a vários fatores, entretanto, a literatura ainda apresenta resultados conflitantes com relação à influência da intrusão dentária e à morfologia radicular na reabsorção apical, provavelmente devido às diferenças metodológicas encontradas na maioria dos estudos. A presença de muitas variáveis compromete a validade dos resultados, pois, não se sabe que fator contribuiu mais ou menos. Além disso, os estudos realizados não avaliam exclusivamente a mecânica intrusiva caracterizada pelo uso de arcos com curva reversa e acentuada e seus efeitos no grau de reabsorção radicular. Portanto, eliminando o maior número possível de variáveis, o objetivo deste estudo é dirimir as dúvidas quanto à influência da mecânica intrusiva de acentuação e reversão da curva de Spee e das diferentes formas radiculares no grau de reabsorção apical dos incisivos.

    Revisão da Literatura

    2 REVISÃO DA LITERATURA

    2.1 Sobremordida

    A

    sobremordida corresponde ao trespasse dos dentes anteriores superiores em relação aos inferiores no plano vertical, com os dentes posteriores em oclusão, e representa uma das características da dentição permanente do homem contemporâneo. Os povos antigos não apresentavam este trespasse vertical tão nítido, pois seus dentes sofriam desgastes e abrasão em decorrência dos hábitos alimentares146, exibindo assim, uma mordida de topo na fase adulta134.

    Parece não haver um consenso entre os autores quanto aos valores do trespasse vertical considerado normal, devido principalmente à ampla variação individual, às alterações com a idade e ao tipo de má oclusão. Apesar das divergências, considera-se como padrão de normalidade um trespasse de 1/3 da coroa dos incisivos inferiores143.

    Na dentadura decídua, a sobremordida apresenta uma menor magnitude120, até com uma relação de topo a topo dos incisivos. Na dentadura mista, com a substituição dos dentes decíduos pelos permanentes, ocorre um aumento ou aprofundamento transitório da mordida17,65,80,120, que se reduz na dentadura permanente madura para os valores normais10,17,65,70,80,120,133.

    Quando este trespasse vertical apresenta-se acentuado, sua correção é imprescindível, pois esta condição encontra-se relacionada aos distúrbios temporomandibulares, aos padrões anormais de fechamento da mandíbula e aos problemas periodontais65,120,134. Sendo assim, almeja-se a sua correção por meio da terapia ortodôntica, a fim de restabelecer adequadamente a função mastigatória e a saúde bucal, além de proporcionar uma estética mais agradável.

    A sobremordida acentuada é considerada há muito tempo um dos problemas mais difíceis de solucionar, dentro da terapia ortodôntica71, sendo que, segundo BURSTONE34, para cada paciente, deve ser instituído um plano de tratamento individualizado que estabeleça como a má oclusão deve ser corrigida, seja por extrusão dos dentes posteriores e/ou intrusão dos anteriores.

    O diagnóstico da sobremordida é mais importante que a técnica ortodôntica aplicada na sua correção9, uma vez que visa determinar os fatores etiológicos do problema já instalado. Assim, os possíveis tratamentos escolhidos atuam diretamente na eliminação destes fatores, buscando a estabilidade tão almejada.

    2.1.1 Etiologia da sobremordida

    A compreensão da etiologia é essencial para determinar o tipo de tratamento mais adequado e estabelecer o prognóstico34,60,121,133,148,149,156. Os fatores relacionados ao desenvolvimento da sobremordida podem ser de origem dentoalveolar e/ou esquelética.

    Com respeito aos fatores dentoalveolares, alguns autores afirmam que a sobremordida acentuada ocorre pela falta de crescimento vertical da região posterior e/ou excessiva erupção dos dentes anteriores102,135. A excessiva erupção dos dentes anteriores pode manifestar-se nos incisivos superiores ou nos inferiores, levando, neste caso, a uma acentuada curva de Spee no arco inferior. Sabe-se que a curva de Spee é significantemente influenciada pelo trespasse horizontal, sobremordida e posição do incisivo14,158, estando todos estes fatores interrelacionados. O trespasse horizontal é referido como um fator contribuinte da sobremordida pois permite a erupção dos incisivos até que estes se encostem na mucosa palatina determinando, então uma sobremordida acentuada, principalmente na má oclusão de Classe II135. Além disso, há correlação entre o trespasse horizontal e a sobremordida tanto na Classe II como na Classe III, ou seja, quanto maior a sobressaliência, mais profunda se torna a mordida22.

    Este fato encontra-se mais evidente quando o ângulo interincisivos apresenta-se aumentado, aproximando dos 180°156, o que é muito comum na Classe II, divisão 2, caracterizada pela verticalização dos incisivos centrais superiores42.

    Os autores citam também os fatores esqueléticos como responsáveis pela variabilidade da sobremordida, como o desenvolvimento vertical da maxila, que implica no abaixamento do plano palatino156, e o desenvolvimento dos côndilos mandibulares que pode provocar uma rotação anterior da mandíbula23,156. Além disso, a altura facial ântero-inferior e os ângulos goníaco e articular encontram-se diminuídos em casos de sobremordida acentuada40,141. A investigação acerca da morfologia dos maxilares revela, ainda, que a maxila e a mandíbula se comportam de maneira significantemente distintas nos casos de mordida aberta e profunda, manifestando uma menor altura da sínfise mentoniana, um maior comprimento ENA-ENP e uma maior área maxilar, em pacientes com sobremordida acentuada40.

    2.1.2 Tratamento da sobremordida

    A importância da correção da sobremordida na terapia ortodôntica de sucesso incitou os clínicos a pesquisarem seu tratamento. Para tanto, é fundamental realizar o plano de tratamento baseado na etiologia do problema, considerando o tipo facial, a relação ântero-posterior dos arcos dentários, a relação dos incisivos inferiores com o plano oclusal funcional, o impacto estético da exposição dos incisivos superiores, a função mastigatória, a saúde do periodonto e a estabilidade do tratamento a ser empregado70,172.

    A correção da sobremordida envolve basicamente quatro tipos de movimentos dentários: intrusão anterior, extrusão posterior, inclinação dos incisivos e crescimento diferencial das estruturas maxilares e mandibulares16,19,87,111,119,127,130,148,149,155,173. Dependendo dos problemas específicos e dos objetivos de tratamento de um determinado paciente, qualquer um destes movimentos ou a associação de dois ou mais, podem ser usados para reduzir a sobremordida. Alguns tipos de tratamento tendem a provocar mais extrusão de dentes posteriores, outros mais intrusão dos anteriores87,115,148,149,172.

    A intrusão do incisivo é especialmente indicada para pacientes com exposição excessiva do incisivo superior, em repouso ou durante o sorriso (gengivoso)19. O arco base de intrusão e o arco utilidade são as duas técnicas projetadas para esta finalidade. Ambas as técnicas não incluem os pré-molares e dependem da ativação do fio no tubo molar para gerar uma força de intrusão nos incisivos34,160. A intrusão dos insicivos associada a uma pequena quantidade de movimento extrusivo na região dos molares foi encontrada na técnica do arco base131,173.

    A extrusão dos dentes posteriores pode ser obtida pela utilização das placas de mordida19, pois impedem os contatos destes dentes, permitindo o desenvolvimento acelerado da área dentoalveolar posterior121.

    O arco de nivelamento com curva reversa e acentuada é outra abordagem comum para correção da mordida profunda. Estes arcos proporcionam uma força de intrusão nos dentes anteriores e de extrusão nos posteriores combinando ambos os movimentos dentários5,16,19,87,111,119,148-150,158. Um arco inferior com curva reversa age principalmente pela inclinação distal dos molares e vestibular dos incisivos5,44,60,64,68,148,149. À medida que os incisivos inclinam-se para vestibular, as mudanças angulares contribuem para a correção do trespasse vertical155. Se o arco for utilizado por um período extenso, os pré-molares extruem e, em menor escala, os molares e incisivos sofrerão uma intrusão135.

    Vários trabalhos avaliaram a intrusão dos dentes anteriores utilizando como referência a borda incisal dos incisivos101,111,119,155, o que dificulta a distinção entre intrusão real destes dentes e inclinação. Para BURSTONE34, o movimento dentário deve ser avaliado a partir do centro de resistência, de forma a minimizar o efeito das inclinações dentárias durante a interpretação da quantidade de intrusão obtida.

    A inclinação vestibular que ocorre nos incisivos é explicada pela Física: a força aplicada fora do centro de resistência do dente gera um momento, ou seja, o dente sofre uma rotação162. O centro de resistência é definido como o ponto em que uma força aplicada produz um movimento de translação no dente34. A localização precisa do centro de resistência é determinada pela quantidade de inserção, comprimento e morfologia radicular, número de raízes e altura do osso alveolar19,43, e para BURSTONE34, localiza-se na raiz a 2/5 da distância entre a crista alveolar e o ápice radicular.

    O momento gerado é quantificado multiplicando-se a magnitude da força aplicada pela distância perpendicular entre a linha de ação desta força e o centro de resistência (M=F.d)162. Portanto, a inclinação vestibular será maior quanto mais distante for a linha de ação da força do centro de resistência do dente.

    Deve-se lembrar que o movimento dentário pode ser absoluto ou relativo, visto que a intrusão de dentes anteriores pode ser mascarada pelo efeito do crescimento vertical alveolar, que se expressa se os pacientes ainda estiverem em fase de crescimento; a extrusão de dentes posteriores pode ser superestimada pelo mesmo motivo148,149.

    2.2 Reabsorção radicular apical

    O primeiro estudo publicado relacionando as reabsorções dentárias ao tratamento ortodôntico foi descrito em 1914, por OTTOLENGUI126, e confirmada radiograficamente por KETCHAM89, treze anos mais tarde. Desde então, o assunto intrigou os clínicos em sua etiopatogenia e predição.

    Desta forma, várias observações histológicas e radiográficas, apresentadas na literatura, têm confirmado que o tratamento ortodôntico se faz acompanhar de um encurtamento radicular, em quase todos os dentes, diferindo apenas quanto ao grau de reabsorção3,28,36,75,76,79,83,103,104,152.

    Sabendo que a dentina forma-se ocultamente ao sistema imunológico e, portanto, apresenta proteínas estranhas ao organismo, HIDALGO81, em 2001, demonstrou que uma vez removida a camada de cementoblastos e exposta a dentina, as proteínas estranhas são expostas ao sistema imunológico. Este responde com a produção de anticorpos “antidentina”. A inflamação da área afetada impede a recolonização da região pelos cementoblastos adjacentes, perpetuando a reabsorção dentária. Cessada a inflamação, os cementoblastos recolonizam a área lesada e a reabsorção é interrompida.

    A remoção dos cementoblastos da superfície radicular é um fenômeno típico dos traumatismos e da movimentação ortodôntica, por isso o tratamento ortodôntico associa-se freqüentemente à reabsorção radicular. Durante a movimentação dentária induzida, a concentração de forças no ápice implica em maior destruição dos cementoblastos pela compressão destas células e dos vasos periodontais50.

    2.2.1 Etiologia da reabsorção radicular

    A literatura aventa várias causas para a reabsorção radicular, sendo que os fatores mais citados são a susceptibilidade individual36,95,103, a predisposição hereditária68,75,78,122, o bruxismo124, a onicofagia125, os traumatismos103,106, a morfologia radicular43,45,67,90,95,97,118,152,170 e os fatores relacionados ao tratamento ortodôntico58,69,83,113,137,153,176.

    À luz dos conhecimentos científicos, causas como susceptibilidade individual ou predisposição hereditária não devem ser consideradas, pois se sabe que estes argumentos eram citados sem fundamento em estudos remotos. Com relação à predisposição hereditária, os estudos mais recentes deixam a desejar pela sua falta de profundidade, trazendo metodologias problemáticas e, portanto resultados duvidosos. Em 2004, um conjunto de publicações46,48-51 analisou, de forma criteriosa, os artigos que relacionam as reabsorções radiculares e a hereditariedade, constatando que estes estudos apresentavam algumas limitações metodológicas e equívocos na interpretação de seus resultados, não conseguindo, portanto, provar ou mostrar fortes evidências desta relação. Alguns estudos não abordam investigação celular nem identificação de genes. O que se pretendia, na verdade, era diminuir a responsabilidade dos profissionais perante o paciente e a sociedade.

    Em 1998, CAPELOZZA FILHO; SILVA FILHO38, sugeriram que a etiologia da reabsorção radicular parece depender de variáveis genéticas, fisiológicas e anatômicas. Assim, classificaram didaticamente os fatores em gerais, locais e mecânicos. De acordo com os autores, os fatores gerais compreendem a hereditariedade, o gênero, a idade e o estado de saúde. Quanto aos fatores locais, estes são representados pelo tipo de má oclusão, os hábitos, uma história de traumatismo prévio, o estágio de desenvolvimento radicular, a forma radicular e a saúde bucal. E dos fatores mecânicos, fazem parte a magnitude da força ortodôntica, o intervalo de aplicação da força, o tipo e a duração da força.

    2.2.1.1 Causas sistêmicas

    Apesar dos fatores sistêmicos serem freqüentemente citados como responsáveis pela reabsorção radicular, não há evidências clínicas cientificamente conclusivas que as comprovem. Associadas à mecanoterapia ortodôntica, as alterações sistêmicas foram relacionadas com a etiopatogenia das reabsorções radiculares, destacando-se as endocrinopatias28,29.

    PHILLIPS132, já em 1955, afirmou que era inviável comprovar o papel dos fatores metabólicos como responsáveis pela reabsorção radicular apenas pelos registros publicados até àquele momento, pois se apresentam insuficientes e inconsistentes. Defende então, que mais pesquisas tornam-se necessárias para estabelecer alguma correlação entre os fatores sistêmicos e a reabsorção radicular apical.

    Para dirimir a esta questão, em 2002, dois trabalhos foram realizados com pacientes ortodônticos e endocrinopatas. FRANCISCHONE66 avaliou, por meio de radiografias, os dentes e os ossos maxilares de 81 pacientes que apresentavam algum tipo de endocrinopatia. Os resultados não evidenciaram casos com reabsorções múltiplas ou severas, apenas eventuais reabsorções decorrentes de lesões periapicais crônicas e traumatismos. Dessa forma, demonstrou-se clinicamente que os dentes e suas raízes não estão envolvidos nos sistemas reguladores do “turnover” ósseo ou participam do controle dos níveis sanguíneos de cálcio. Portanto, eliminou-se a possibilidade da influência de distúrbios endócrinos na etiopatogenia das reabsorções radiculares.

    Concomitante a este trabalho, FURQUIM67 observou a freqüência das reabsorções radiculares de 210 pacientes, divididos em três grupos: um grupo controle de 70 pacientes normais, sem tratamento ortodôntico e sem reabsorção radicular, outro grupo de 70 pacientes submetidos a tratamento ortodôntico e com reabsorção radicular e um último grupo com 70 pacientes, também submetidos ao tratamento ortodôntico e sem reabsorção radicular. Realizaram-se as análises das características morfológicas dentárias e maxilares, e ainda analisou os perfis hormonal e bioquímico de cada paciente. Os resultados revelaram que os três grupos apresentavam as mesmas condições sistêmicas e o mesmo perfil endocrinológico. Concluiu que as reabsorções dentárias ocorridas durante a movimentação ortodôntica não resultam das ações dos fatores sistêmicos. Diante destas considerações, cabe aos pesquisadores investigarem as causas locais, principalmente àquelas relacionadas à mecânica ortodôntica e à morfologia radicular.

    2.2.1.2 Fatores locais

    Com relação ao tratamento ortodôntico, o que justifica alguns pacientes apresentarem reabsorção dentária durante o movimento dentário induzido e outros não, segundo CONSOLARO45, seriam: a presença prévia de reabsorção dentária, os aspectos inerentes à técnica ortodôntica e as diferenças morfológicas dentárias e maxilares.

    Para confirmar a presença de reabsorção radicular em dentes não submetidos ao tratamento ortodôntico, alguns estudos foram realizados76,79,109. Em 1951, HENRY; WEIMANN79 efetuaram um exame histológico de 261 dentes de 15 cadáveres, que foram radiografados e preparados para o exame microscópico. A reabsorção radicular foi evidenciada histologicamente em 90,5% dos dentes e 9,5% exibiram áreas reparadas ou nenhuma reabsorção. Quanto à localização, 76,8% das áreas reabsorvidas ocorreram no terço apical da raiz, 19,2% no terço médio, e 4% no terço cervical. Consideram que a idade é um fator contribuinte e que o trauma oclusal parece ser o fator local mais importante na produção da reabsorção radicular.

    Com o objetivo de detectar o potencial de reabsorção radicular em dentes permanentes de pacientes submetidos ou não ao tratamento ortodôntico, MASSLER; MALONE109, em 1954, avaliaram a freqüência e o grau de severidade da reabsorção radicular, utilizando radiografias intrabucais. Dos pacientes não tratados ortodonticamente, todos apresentavam algum grau de reabsorção apical em pelo menos um dente, sendo que em 51% dos dentes com perda radicular encontravam-se acompanhados de uma infecção periapical ou do tratamento endodôntico. Por outro lado, HARRIS; ROBINSON; WOODS76, em 1993, encontraram cerca de 10% dos pacientes não submetidos ao tratamento ortodôntico apresentando reabsorção radicular apical. A associação entre dentes ausentes, doença periodontal e crista alveolar diminuída com a ocorrência de reabsorção radicular foi considerada positiva.

    Em seu trabalho, FURQUIM67 ainda constatou que 31 dos 70 pacientes, ou seja, 44,3% dos pacientes que nunca foram submetidos a qualquer tipo de tratamento ortodôntico, apresentavam algum grau de reabsorção. Deixou claro também, que estes pacientes compõem o grupo com perfil endocrinológico normal, comprovando que as reabsorções dentárias não são influenciadas ou determinadas pelas endocrinopatias. Além disso, o autor ressalta que quando estes pacientes forem submetidos ao tratamento ortodôntico, as reabsorções dentárias preexistentes sofrerão uma exacerbação devido à movimentação dentária induzida.

    Dentre os pacientes tratados ortodonticamente, alguns manifestam uma maior perda apical que outros. Esta diferença pode ser explicada por vários fatores, dentre eles a morfologia radicular45. LEVANDER; MALMGREN97, em 1988, já ressaltaram que a maior predisposição à reabsorção dentária é justificada pela morfologia radicular, como a forma em pipeta, a dilaceração da raiz e as raízes curtas. Aliás, esta preocupação com a morfologia radicular encontra-se descrita desde 1927, por KETCHAM89.

    Em 1995, KJAER90 realizou um estudo com o propósito de identificar as características morfológicas nas radiografias pré-tratamento de pacientes que, durante a terapia ortodôntica sofreram reabsorções radiculares severas. Para tanto, selecionou a documentação radiográfica pré-tratamento de 107 pacientes. O critério de seleção foi a presença de um ou mais dentes com uma reabsorção superior a um terço do comprimento radicular. A documentação coletada foi avaliada por 35 ortodontistas. Foram registradas características morfológicas da dentadura decídua, como padrões anormais de reabsorção da raiz do dente decíduo durante a erupção do permanente, a infra-oclusão e a morfologia dentária. Na dentadura permanente examinaram a morfologia da raiz e da coroa, a presença de agenesia e ectopia, e ainda o taurodontismo e as invaginações. Os resultados revelaram uma presença grande de raízes curtas, raízes estreitas e com forma de pipeta, além de raízes com dilaceração. Sem realizar testes estatísticos, a autora constatou uma intensa associação entre as características morfológicas (invaginação, comprimento radicular, forma das raízes, taurodontismo) e a tendência de reabsorção radicular durante o tratamento ortodôntico.

    Essa busca dos fatores de risco para a reabsorção radicular apical em pacientes adultos submetidos ao tratamento ortodôntico tem sido incessante, sendo que, para isso MIRABELLA; ARTUN118, em 1995, analisaram principalmente a morfologia radicular, o comprimento da raiz, a quantidade de movimento radicular e o tipo de tratamento efetuado. A amostra foi composta por 343 pacientes adultos, com idade média de 34,5 anos. Os autores classificaram a forma da raiz em normal, achatada, pontiaguda, dilacerada, pipeta e reabsorvida. Verificaram que a quantidade de movimento radicular e a presença de raízes longas delgadas e curvas aumentam o risco de reabsorção radicular. Além disso, o uso de elásticos intermaxilares pode ser um fator de risco para os dentes nos quais incide a força. Finalmente, os autores salientaram que há fatores etiológicos da reabsorção radicular apical impossíveis de serem determinados, e que tanto a variação individual para a resposta biológica às forças empregadas, como a predisposição genética podem representar fatores predisponentes consideráveis.

    Outro estudo analisando o valor da morfologia radicular na predição das reabsorções radiculares é o de THONGUDOMPORN; FREER170, em 1998. As anomalias morfológicas dentárias avaliadas foram agenesia, impacção, erupção ectópica, invaginação, incisivos laterais conóides, raízes com forma de pipeta ou estreitas, raízes curtas ou arredondadas e taurodontismo. Dos 111 pacientes ortodônticos analisados, 25,2% não apresentaram anomalia na morfologia dentária. A invaginação nos incisivos superiores apresentou a maior prevalência (26,1%) seguida pela raiz curta ou arredondada (23,4%), raiz com forma de pipeta ou estreita (20,7%), erupção ectópica (14,4%), impacção, incisivo lateral conóide e taurodontismo (9,9% cada anomalia), agenesia (8,1%) e dilaceração (1,8%). Concluíram que pacientes com, no mínimo um tipo de anomalia morfológica dentária, exibiram níveis de reabsorção radicular significantemente mais altos que os pacientes sem qualquer tipo de anomalia morfológica. Além disso, a invaginação e as raízes curtas ou com forma de pipeta representam as anomalias mais predisponentes da reabsorção radicular. Os autores ressaltam ainda que estas anomalias devem receber especial consideração durante o planejamento do tratamento ortodôntico.

    Apesar dos trabalhos anteriores advertirem quanto ao risco das anomalias para a reabsorção, LEE; ARTUN; ALONZO95 realizaram um estudo, em 1999, comparando a reabsorção radicular entre pacientes ortodônticos com e sem anomalias dentárias, concluindo, após a realização de uma análise de regressão, que os pacientes com estas anomalias (agenesia, incisivo conóide, dens in dens, taurodontismo ou raiz curta) não apresentam um risco maior de reabsorção radicular apical durante o tratamento. Também KOOK; PARK; SAMESHIMA91 (2003) não encontraram diferença na quantidade de perda radicular entre incisivos laterais conóides e incisivos normais, e ainda, observaram que os incisivos laterais pequenos não representam um risco maior de reabsorção radicular.

    Com o propósito de identificar os fatores pré-tratamento que permitam aos ortodontistas predizer a incidência, a localização e a severidade da reabsorção radicular, SAMESHIMA; SINCLAIR152, em 2001, analisaram 868 pacientes tratados com a técnica Edgewise. Após examinarem as radiografias periapicais de todos os dentes, encontraram uma maior ocorrência de reabsorção nos incisivos laterais superiores e nos dentes com raízes em forma de pipeta, pontiagudas e dilaceradas. Em nenhum momento os autores incluíram alterações sistêmicas entre os fatores etiológicos das reabsorções dentárias nas movimentações ortodônticas, ressaltando o valor das causas locais. A sobremordida foi fracamente correlacionada com maior reabsorção radicular apenas nos incisivos laterais superiores. Segundo esses autores, essa reabsorção ocorre principalmente em dentes ântero-superiores com trespasse horizontal positivo acentuado e sobremordida profunda, devido à exigência de maior torque, quantidade de deslocamento radicular e movimento de intrusão, necessários ao tratamento deste tipo de má oclusão.

    FURQUIM67 propôs-se ainda a buscar as causas locais que pudessem favorecer a morte ou eliminação da camada de cementoblastos e provocar a reabsorção radicular do grupo de pacientes submetidos ao tratamento ortodôntico e com reabsorção dentária. Observou que, neste grupo, a morfologia radicular triangular, as raízes em forma de pipeta, dilaceradas no ápice e curtas foram significantemente mais freqüentes do que no grupo de pacientes submetidos a tratamento ortodôntico sem reabsorção dentária.

    Para CONSOLARO45, nas raízes triangulares e em forma de pipeta, a delicadeza da estrutura apical e a concentração de forças nesse local implicam maior suscetibilidade às reabsorções dentárias, ocasionando precocemente o arredondamento radicular. Este mesmo raciocínio pode ser aplicado para as raízes dilaceradas, pois a dilaceração apical resulta numa arquitetura mais fina no ápice dentário. Nas raízes curtas ocorre uma intensificação das forças aplicadas no ápice devido à alavanca formada pela coroa dentária, resultante da maior proporção coroa-raiz. Em casos de raízes rombóides ou retangulares, a distribuição das forças na superfície radicular é mais uniforme, diminuindo a possibilidade de ocorrência das reabsorções apicais.

    A morfologia da raiz dentária representa, portanto, um dos principais fatores na previsibilidade da ocorrência das reabsorções radiculares durante a movimentação dentária induzida45,90, pois pode concentrar mais ou menos força no ápice dentário43,118,152.

    Estas características morfológicas concentram-se mais no grupo dos incisivos, que coincide exatamente com o grupo de dentes que apresenta uma maior prevalência para o encurtamento radicular, durante a movimentação dentária induzida36,58,83,86,132,167. Os dentes anteriores mostram-se mais afetados pela reabsorção radicular, provavelmente por serem unirradiculados e com raízes cônicas, transmitindo a força ortodôntica diretamente ao ápice. São, ainda, os dentes mais movimentados durante o tratamento ortodôntico, principalmente nos casos de Classe II, 1ª divisão, com extração4,11,36,83. Além disso, encontram-se mais expostos aos fatores externos, principalmente aos traumas, justificando seu alvo como referencial de magnitude das reabsorções dentárias durante os tratamentos ortodônticos67.

    2.2.1.3 Fatores relacionados ao tratamento ortodôntico

    A reabsorção radicular apical encontra-se freqüentemente citada como um efeito indesejável do tratamento ortodôntico. Os estudos indicam as variáveis do tratamento como os possíveis fatores etiológicos, que inclui a magnitude da força ortodôntica56,63,77,137, a mecânica do tratamento2,24,112,118, a direção do movimento dentário57,77,104,112,115, o tipo de aparelho24,83,110 e a duração do tratamento13,77,83,118.

    Dos movimentos dentários mencionados, a intrusão e a retração encontram-se associadas à reabsorção radicular15,28,29,57,77,112,118. A intrusão constitui um movimento agressivo e lesivo às estruturas periodontais45, por isso é freqüentemente relacionada à reabsorção radicular apical externa durante o tratamento ortodôntico15,57,116,137.

    LEVANDER; MALMGREN97 justificaram o aumento do risco de reabsorção pelo movimento de intrusão como sendo uma conseqüência biomecânica óbvia do formato cônico da raiz, que aumenta a pressão das forças ortodônticas na região do ápice radicular.

    HARRY; SIMS77 (1982) utilizaram a microscopia eletrônica para verificar os efeitos da força intrusiva sobre a raiz dentária. Observaram que o ápice radicular reabsorveu sob pressão ortodôntica de diferentes magnitudes e duração, e que as forças de intrusão utilizadas realmente aumentam a reabsorção, de forma variada entre os pacientes. Além disso, esse aumento é proporcional à duração da força e em menor grau, a sua magnitude77,138. Por outro lado, a resposta tecidual após um movimento de intrusão depende da largura do ligamento periodontal e do tipo de osso alveolar ao redor da porção apical das raízes138.

    LINGE; LINGE103 (1983) consideram o encurtamento radicular um efeito colateral do tratamento ortodôntico, irreversível, de difícil previsão e que pode ser severo o suficiente para colocar em dúvida o benefício deste tratamento. Ressaltam que a reabsorção radicular apical está associada tanto com aspectos biológicos como aos métodos de tratamento. Observaram que a utilização de arcos retangulares e elásticos de Classe II foram fatores relacionados com a reabsorção, porém não associaram a quantidade de reabsorção radicular apical com o gênero e a quantidade de trespasse vertical e horizontal. Declararam ainda que pacientes que iniciam o tratamento antes dos 11 anos de idade manifestam menor risco de reabsorções radiculares. REITAN; RYGH138 também concordam que, em jovens, os dentes podem ser intruídos mais facilmente e com menos tendência de encurtamento da porção apical das raízes.

    A extensão do movimento constitui um fator que exacerba o grau de reabsorção dentária no tratamento ortodôntico, especialmente associado às mecânicas intrusivas e aos casos com extrações. MCFADDEN et al.112, em 1989, ressaltaram a importância do controle do tempo de tratamento, principalmente quando se realiza a intrusão dos incisivos superiores, pois há pessoas com alto risco para o encurtamento radicular. Porém, outros enfatizam o uso de forças leves durante a intrusão como meio de prevenir os processos de reabsorção radicular45,54.

    Analisando a reabsorção dos incisivos centrais superiores de pacientes com mordida aberta ou com sobremordida, HARRIS; BUTLER74 (1992) observaram que as raízes dos incisivos já se apresentavam mais curtas nos pacientes com mordida aberta anterior em relação às dos pacientes com sobremordida, mesmo antes do tratamento ortodôntico, especulando que as forças de intrusão e inclinação provocadas pela língua são capazes de causar a reabsorção radicular. Além disso, o encurtamento radicular ocorrido durante o tratamento ortodôntico apresentou-se maior nos pacientes com mordida aberta anterior quando comparado aos com sobremordida.

    Em 1996, BAUMRIND; KORN; BOYD13 confrontaram uma relação da magnitude da força e do deslocamento do incisivo central superior, durante o tratamento, com a quantidade de reabsorção apical observada após o tratamento ortodôntico. As associações entre reabsorção e intrusão, extrusão e protrusão não foram estatisticamente significantes. A falta de associação significante entre a intrusão e a reabsorção contrapõe-se às suposições dos ortodontistas, pois estas, muitas vezes, não se baseiam nos estudos rigorosos disponíveis na literatura corrente, segundo os autores. Além disso, um fato interessante encontrado é que o coeficiente de correlação da variável intrusão foi negativo, sugerindo que mais intrusão gera menos reabsorção (sic).

    Para PARKER; HARRIS131 (1998), a combinação dos movimentos é que melhor explica a variação da reabsorção radicular apical entre os indivíduos. A combinação dos movimentos de intrusão com o torque lingual na raiz parece ser a mais deletéria. Pela análise de regressão múltipla, afirmaram que os movimentos verticais do ápice e da borda incisal, e a protrusão dos incisivos são fortes preditivos da reabsorção.

    Durante a acentuação e reversão da curva de Spee, ocorre uma intrusão nos dentes anteriores158 que, pela intensidade da força aplicada, pode estar relacionada com a quantidade de perda radicular44,148,150. Por isso é importante ressaltar a distribuição dessa força nas estruturas dentárias e periodontais, uma vez que quanto maior a área de dissipação da força, menor a reabsorção43,45.

    Utilizando um modelo de elemento finito, WILSON; MIDDLETON175 (1994), RUDOLPH; WILLES; SAMESHIMA147 (2001) e SHAW; SAMESHIMA; VU159 (2004) encontraram uma concentração maior de estresse localizada no ápice radicular decorrente da aplicação de forças verticais, principalmente de intrusão.

    A severidade da reabsorção encontra-se diretamente influenciada pela quantidade de deslocamento dentário e se a força aplicada é contínua ou intermitente. MALTHA et al.107, em 2004, observaram que a perda radicular, ocorrida em pré-molares de cães após movimento de corpo, aumentava quanto maior o deslocamento dentário e que as forças intermitentes causam 40-70% menos reabsorção que as forças contínuas. As forças intermitentes provavelmente previnem a formação de áreas de hialinização ou permitem a reorganização dos tecidos periodontais hialinizados, reestabelecendo o fluxo sanguíneo durante o período sem a atuação de forças. As forças contínuas impedem o reparo dos vasos sanguíneos e tecidos periodontais danificados, que podem asseverar ainda mais a reabsorção radicular107.

    Apesar da maioria dos autores concordarem que a força de intrusão encontra-se fortemente relacionada às reabsorções radiculares, existem trabalhos que não sustentam esta afirmação ou até contradizem tal relação. Muito provavelmente, esta falta de consenso decorre das metodologias variadas e problemáticas, encontradas na literatura. Portanto, torna-se necessário avaliar o efeito da intrusão na reabsorção radicular, considerando uma amostra homogênea, incluindo um grupo controle que seja compatível ao grupo experimental quanto à má oclusão, à idade, ao tempo de tratamento e à quantidade de extrações. Desta forma, elimina-se muitas variáveis, que poderiam interferir nos resultados, obtendo conclusões mais confiáveis.

    2.2.2 Avaliação radiográfica

    A avaliação radiográfica é de suma importância na detecção e controle da reabsorção radicular apical durante o tratamento ortodôntico. A imprevisibilidade da reabsorção e sua dependência de vários fatores exigem do profissional atitudes clínicas coerentes, que conduzam a um diagnóstico correto, uma mecanoterapia que respeite a biologia do periodonto e, finalmente, um controle radiográfico periapical35,83,123,168.

    O diagnóstico da reabsorção radicular apical geralmente baseia-se nas diferenças das medidas obtidas pelas radiografias140. A radiografia panorâmica não é adequada para avaliar as anomalias morfológicas das raízes, pois como afirmaram SAMESHIMA; ASGARIFAR151 (2001), a classificação da morfologia radicular a partir de radiografias panorâmicas revela uma diferença significante das radiografias periapicais. As dilacerações radiculares e outras formas anormais, claramente visíveis nas radiografias periapicais, aparecem freqüentemente com um formato radicular normal. Torna-se claro então, que a avaliação da forma radicular nas radiografias panorâmicas é impraticável. Além disso, a sua utilização para mensurar a reabsorção radicular pode superestimar a quantidade de perda radicular em 20% ou mais.

    As telerradiografias são consideradas por LEACH; IRELAND; WHAITES94 (2001) uma das formas mais acuradas para determinar o comprimento radicular dos incisivos superiores, no entanto, é provável que seja alterado por um fator de magnificação entre 5 a 12%, inerente à própria técnica radiográfica. Afirmam ainda que o diagnóstico preciso da reabsorção radicular é dificultado pela sobreposição de um lado no outro ou dos dentes adjacentes, principalmente dos incisivos laterais e caninos superiores sobre a raiz dos incisivos centrais.

    Ao comparar as técnicas radiográficas periapicais do paralelismo e a da bissetriz, BIGGERSTAFF; PHILLIPS18 observaram uma maior variabilidade na proporção coroa/raiz associada à técnica da bissetriz. Sugeriram, então que, devido à menor distorção gerada pela técnica do paralelismo, esta deveria ser utilizada para mensurar a reabsorção radicular.

    A preocupação em obter o melhor método para quantificar a reabsorção radicular de forma confiável, levou alguns pesquisadores a questionarem a validade de algumas técnicas utilizadas para este fim25-27. Assim, em 2004, BREZNIAK et al.27 avaliaram a acuidade e reprodutibilidade em identificar a junção cemento-esmalte (JCE) mesial, distal, vestibular e lingual nas imagens radiográficas de um incisivo central superior obtidas variando o ângulo entre o dente e o filme. Constataram que a variação deste ângulo influencia significantemente a identificação dos pontos da JCE, porém esta diferença foi significante apenas entre os pontos vestibulares e linguais, e não entre os pontos mesiais e distais.

    Algumas fórmulas matemáticas utilizadas para medir a quantidade de reabsorção apical também foram avaliadas por BREZNIAK et al.25. Considerando que as alterações angulares entre o dente e o filme afetam o comprimento do dente quando medido nas radiografias, os autores afirmaram que a simples subtração do comprimento da raiz ou do dente, medido nos filmes radiográficos pré e pós-tratamento, é uma operação inadequada e pode demonstrar alongamento ou encurtamento, dependendo das alterações angulares entre filme e dente. Concluíram que o melhor método para calcular a perda radicular é utilizar o ponto médio entre a JCE mesial e distal e a fórmula regra-de-três, que considera o comprimento inicial e final da coroa e da raiz.

    A literatura menciona vários fatores causais da reabsorção radicular, sendo os mais citados, aqueles inerentes ao tratamento ortodôntico. Dentre estes, existem divergências a respeito da influência das forças de intrusão no comprometimento da perda radicular. Portanto, este trabalho propõe avaliar o potencial de reabsorção radicular resultante da mecânica intrusiva, determinando a intensidade deste processo nos incisivos. E ainda, analisar a influência da forma das raízes destes dentes, no grau de reabsorção apical.

    Proposição

    3 PROPOSIÇÃO

    O

    bjetiva-se com este estudo avaliar a seguinte hipótese nula: “O grau de reabsorção radicular decorrente do tratamento ortodôntico é semelhante entre os pacientes com sobremordida acentuada, tratados com a mecânica intrusiva de acentuação e reversão de curva de Spee, e os pacientes com trespasse vertical normal, não submetidos a esta mecânica”.

    Além disso, propôs-se analisar a influência da movimentação dentária e da forma radicular dos incisivos superiores e inferiores no grau de reabsorção apical.

    Material e Métodos

    4 MATERIAL E MÉTODOS

    4.1 Material

    A

    documentação consultada para a realização deste estudo encontra-se disponível nos arquivos da disciplina de Ortodontia, da Faculdade de Odontologia de Bauru, da Universidade de São Paulo. A amostra foi selecionada em caráter retrospectivo, a partir das documentações ortodônticas de pacientes tratados pelos alunos de Pós-graduação, em Ortodontia, da referida Faculdade.

    4.1.1 Critérios de seleção da amostra

    Como requisito fundamental, considerou-se necessário que cada paciente exibisse uma documentação ortodôntica completa, dispondo da ficha clínica, dos modelos, das telerradiografias e das radiografias periapicais da região dos incisivos, pré e pós-tratamento.

    Para a inclusão dos pacientes na amostra, não houve distinção de raça, gênero ou condições sócio-econômicas e culturais. Com relação aos tipos de más oclusões, admitiu-se pacientes com Classe I e Classe II, 1ª divisão, preocupando-se em estabelecer uma proporção semelhante entre os grupos.

    Além disso, os pacientes deveriam apresentar um trespasse vertical normal ou uma sobremordida acima de 2/3 de recobrimento da coroa do incisivo inferior. Os casos com sobremordida acentuada deveriam ser corrigidos com mecânica intrusiva de acentuação e reversão da curva de Spee, ao passo que aqueles com trespasse vertical normal não poderiam apresentar em suas fichas clínicas relatos do uso de qualquer mecânica intrusiva durante o tratamento ortodôntico.

    Com relação ao tratamento ortodôntico, apenas pacientes tratados sem extrações, com aparelho fixo e mecânica Edgewise foram selecionados. Além disso, os pacientes que realizaram tracionamento de canino ou apresentavam problemas tranversais não foram incluídos.

    Foram excluídos os pacientes com história pregressa de traumatismo, descrita na ficha clínica. Da mesma forma, eliminou-se os pacientes cujos dentes apresentavam tratamento endodôntico ou reabsorções pré-existentes ao tratamento ortodôntico, identificados nas radiografias pré-tratamento. Não foram avaliados os pacientes com agenesia dentária ou supranumerários. As radiografias que apresentaram uma qualidade da imagem capaz de comprometer a avaliação, seja pelo excesso de distorção ou pela falta de nitidez, também não foram consideradas.

    4.1.2 Características da amostra

    Considerando os critérios de seleção impostos, a amostra compôs-se de 60 pacientes, divididos em 2 grupos de acordo com a quantidade de sobremordida, sendo que cada grupo apresentou as seguintes características:

    Grupo 1: composto por 30 pacientes, sendo 18 do gênero masculino e 12 do feminino, com idade média de 12,8 ± 1,23 anos (mínimo de 10,01 e máximo de 15,32 anos) ao início do tratamento ortodôntico. Dezessete pacientes apresentavam má oclusão de Classe I, enquanto 13 apresentavam Classe II, 1ª divisão. Os pacientes deste grupo encontravam-se inicialmente com uma quantidade média de sobremordida de 6 ± 0,84mm (mínima de 4,7 e máxima de 8,1mm) e foram tratados ortodonticamente utilizando mecânica intrusiva por meio de arco contínuo com acentuação e reversão da curva de Spee. O tratamento apresentou um tempo médio de 29,46 ± 10,44 meses (mínimo de 16,27 e máximo de 59,41 meses) para este grupo.

    Grupo 2: composto por 30 pacientes, sendo 16 do gênero masculino e 14 do feminino, com idade média de 12,87 ± 1,43 anos (mínimo de 10,02 e máximo de 15,36 anos) ao início do tratamento ortodôntico. Dos 30 pacientes, 18 apresentavam má oclusão de Classe I e 12, de Classe II, 1ª divisão. Os pacientes deste grupo exibiam inicialmente um trespasse vertical normal, com uma média de 2,53 ± 0,84mm (mínimo de 0,6 e máximo de 3,5mm) e não foram submetidos à mecânica intrusiva. A média do tempo de tratamento deste grupo foi de 29,13 ± 10,86 meses (mínimo de 10,13 e máximo de 63,35 meses).

    Em ambos os grupos, a técnica ortodôntica aplicada foi Edgewise que se caracteriza pelo uso de bráquetes com ranhuras de .022” x .028” associado a um extrabucal para distalização dos molares superiores, quando necessário. A seqüência de arcos geralmente inicia com um fio twist-flex de 0.015” ou nitinol de 0.016”, seguido por arcos com fios de aço inixidável de 0.016”, 0.018”, 0.020” e finalmente 0.021” x 0.025”. A sobremordida foi corrigida por meio de arcos com curva reversa e acentuada em fios de aço inoxidável, e mantendo essa acentuação e reversão da curva de Spee também no arco retangular.

    4.2 Métodos

    4.2.1 Radiografias periapicais

    As radiografias foram tomadas em mais de um centro de documentação ortodôntica e, portanto, os aparelhos utilizados e o operador não foram os mesmos. Variações também podem ter ocorrido quanto à forma de processamento das radiografias, à técnica radiográfica e ao tipo e marca dos filmes radiográficos.

    A possível falta de padronização na obtenção das radiografias periapicais representa uma preocupação quando se deseja avaliar a reabsorção. Para minimizar este problema, utilizou-se um método por escores descrito por MALMGREN106 para quantificar a reabsorção radicular.

    As radiografias periapicais foram escaneadas em um escâner de slides 35mm da Polaroid, o Sprint Scan 35 Plus, com uma resolução de 675 dpi e proporção de 1:1 ou 100%. As imagens foram analisadas no programa Adobe Photoshop 6.0 e puderam ser ampliadas em até 300% sem que houvesse perda de qualidade52,67. As avaliações foram realizadas em um ambiente de penumbra, sem identificação do grupo ao qual a radiografia pertencia, e como os pacientes não sabiam qual o tipo de tratamento foi instituído, o estudo caracterizou-se por ser duplo-cego.

    4.2.1.1. Classificação da reabsorção radicular quanto à magnitude

    As radiografias periapicais pré-tratamento serviram de parâmetro para classificar o grau de severidade da reabsorção ocorrida nas raízes ao longo do tratamento ortodôntico, observada nas radiografias pós-tratamento. Semelhante a outros estudos15,36,74,76,83,108, utilizou-se a classificação de MALMGREN106, modificada por JANSON, et al.83 para avaliar qualitativamente a severidade da reabsorção apical, distribuindo-a em 5 graus (Figuras 4.1, 4.2 e 4.3):

    · Grau 0 –

    ausência de reabsorção radicular;

    · Grau 1 –

    reabsorção leve, observando-se apenas contorno irregular, com raiz apresentando o seu comprimento normal;

    · Grau 2 –

    reabsorção moderada, com pequena perda radicular e o ápice exibindo um contorno quase retilíneo;

    · Grau 3 –

    reabsorção acentuada, com grande perda radicular, atingindo quase 1/3 do seu comprimento;

    · Grau 4 –

    reabsorção extrema, com perda maior que 1/3 do comprimento radicular.

    FIGURA 4.1 – Classificação dos graus de reabsorção, segundo MALMGREN106.

    Seguindo este método de classificação, obteve-se para cada paciente 8 escores referentes à avaliação do grau de reabsorção de cada um dos incisivos, perfazendo um total de 240 escores por grupo.

    v

    Grau 0

    Grau 1

    Grau 2

    Grau 3

    Grau 4

    FIGURA 4.2 – Classificação do grau de reabsorção nos incisivos superiores, realizada nas radiografias pré e pós-tratamento.

    gfggdf

    Grau 0

    Grau 1

    Grau 2

    Grau 3

    FIGURA 4.3 – Classificação do grau de reabsorção nos incisivos inferiores, realizada nas radiografias pré e pós-tratamento.

    4.2.1.2 Determinação da forma radicular dos incisivos

    Nas radiografias periapicais pré-tratamento, as raízes dos incisivos foram tipificadas de acordo com a forma radicular, conforme os critérios utilizados nos estudos de CONSOLARO45, FURQUIM67, LEVANDER; MALMGREN97 e MIRABELLA; ARTUN118, dividindo-as em triangular, romboidal, retangular, pipeta, dilacerada e curta, como apresentado nas figuras 4.4, 4.5 e 4.6:

    FIGURA 4.4 – Classificação das raízes de acordo com a forma: TR (triangular), RO (romboidal), RE (retangular), P (pipeta), D (dilacerada), C (curta)45,67,97,118.

    Triangular

    Romboidal

    Retangular

    Pipeta

    Dilacerada

    Curta

    FIGURA 4.5 – Classificação morfológica das raízes dos incisivos superiores nas radiografias pré-tratamento.

    Triangular

    Romboidal

    Retangular

    Pipeta

    Dilacerada

    Curta

    FIGURA 4.6 – Classificação morfológica das raízes dos incisivos inferiores nas radiografias pré-tratamento.

    4.2.2 Avaliação cefalométrica

    As variáveis investigadas foram as alterações ocorridas durante o tratamento ortodôntico na sobremordida, na sobressaliência, na inclinação dos incisivos superior e inferior e o deslocamento apical nos sentidos horizontal e vertical dos incisivos centrais superiores e inferiores, como aplicadas em outros estudos15,131. Para tanto, foram utilizadas as radiografias em norma lateral, pré e pós-tratamento, dos 60 pacientes. Realizou-se o traçado cefalométrico e demarcou-se os pontos manualmente em papel de acetato ultraphan, de 0,07mm de espessura, e tamanho de 17,5 x 17,5 centímetros, sobre um negatoscópio, com auxílio de uma máscara, em uma sala escurecida. Posteriormente, estes pontos foram digitalizados por meio de uma mesa digitalizadora Numonics A-30TL.F, conectado a um microcomputador com processador AMD K-6 II 500MHz, para obtenção das grandezas cefalométricas.

    Os traçados e a digitalização dos pontos foram realizados pelo examinador, utilizando-se o padrão Ortho Lateral do programa Dentofacial Planner, versão 7.02, para a realização das medições. Devido ao fato das radiografias terem sido tomadas em diferentes centros de documentação, tomou-se o cuidado de indicar o fator da magnificação, permitindo a sua correção pelo próprio programa. Os fatores de magnificação aplicados variaram conforme o centro de documentação:

    · FOB-USP – 6.0 (até 1994) ou 9.8 (a partir de 1995);

    · SDO – 9.8;

    · Ortodiagnosis – 9.8;

    · Cebeo – 9.8;

    · CDB – 6.0;

    · Serdoc – 7.94.

    4.2.2.1 Desenho anatômico

    As delimitações das estruturas dentoesqueléticas utilizadas no desenho anatômico seguiram as orientações sugeridas por KROGMAN; SASSOUNI92. Durante o traçado cefalométrico, sempre que estruturas bilaterais apresentassem imagens duplas, sua média era considerada. O traçado cefalométrico foi constituído pelo desenho das seguintes estruturas (figura 4.7):

    · Contorno da sela túrcica;

    · Perfil do osso frontal e dos ossos nasais;

    · Contorno da cavidade orbitária;

    · Meato acústico externo;

    · Maxila;

    · Mandíbula;

    · Incisivos centrais superiores e inferiores;

    · Contorno do perfil tegumentar.

    FIGURA 4.7 – Desenho anatômico.

    4.2.2.2 Demarcação dos pontos cefalométricos

    A demarcação dos pontos cefalométricos foi executada segundo as definições de DOWNS59, RIEDEL145, STEINER164 e RICKETS144 (figura 4.8):

    · S (Sela Túrcica) – ponto médio da concavidade óssea da sela túrcica;

    · N (Násio) – ponto mais anterior da sutura frontonasal;

    · ENA (Espinha Nasa Anterior) – ponto mais anterior do assoalho da fossa nasal;

    · ENP (Espinha Nasal Posterior) – ponto mais posterior do assoalho da fossa nasal;

    · A (Subespinhal) – ponto mais profundo da concavidade do contorno anterior da maxila, determinada girando-se uma régua centrada no ponto N até a superfície mais posterior da concavidade anterior da maxila;

    · B (Supramentoniano) – ponto mais profundo da concavidade da sínfise mentoniana, determinada girando-se uma régua centrada no ponto N até a superfície mais posterior da concavidade anterior da mandíbula;

    · P (Pogônio) – ponto mais anterior da eminência mentoniana, determinado com o auxílio de uma régua centrada no ponto N até a superfície mais anterior do mento;

    · Go (Gônio) – representa o ponto mais póstero-inferior do contorno do ângulo goníaco, determinado pela bissetriz do ângulo formado pelas tangentes às bordas posterior e inferior da mandíbula;

    · Me (Mentoniano) – ponto mais inferior da sínfise mentoniana;

    · Gn (Gnatio) – representa o ponto mais ântero-inferior do contorno do mento, determinado pela bissetriz do ângulo formado pelo plano mandibular (GoMe) e pela linha NP;

    · Po (Pório anatômico) – ponto mais superior do contorno do conduto auditivo externo;

    · Or (Orbitário) – ponto mais inferior do contorno da margem da órbita;

    · BIS (Borda do Incisivo Superior) – ponto mais inferior da borda incisal do incisivo central superior;

    · AIS (Ápice do Incisivo Superior) – ponto mais superior do ápice radicular do incisivo central superior;

    · BII (Borda do Incisivo Inferior) – ponto mais superior da borda incisal do incisivo central inferior;

    · AII (Ápice do Incisivo Inferior) – ponto mais inferior do ápice radicular do incisivo central inferior;

    FIGURA 4.8 – Pontos cefalométricos utilizados.

    4.2.2.3 Planos e linhas de referência

    As linhas e planos utilizados foram os seguintes (figura 4.9):

    1. Plano palatino – passa pelos pontos ENA e ENP;

    2. Plano mandibular GoMe – passa pelos pontos Go e Me;

    3. Linha longo eixo do incisivo superior – passa pelos pontos BIS e AIS;

    4. Linha longo eixo do incisivo inferior – passa pelos pontos BII e AII;

    5. Linha ENAPerp – linha perpendicular ao plano palatino, passando pelo ponto ENA;

    6. Linha MePerp – linha perpendicular ao plano mandibular GoMe, passando pelo ponto ME.

    FIGURA 4.9 – Linhas e planos de referência.

    4.2.2.4 Grandezas cefalométricas

    Sobremordida – distância entre os pontos BIS e BII, medida perpendicularmente ao plano palatino (figura 4.10);

    Sobressaliência – distância entre os pontos BIS e BII, medida paralelamente ao plano palatino (figura 4.10);

    1.PP – ângulo formado pela linha longo eixo do incisivo superior e o plano palatino;

    IMPA – ângulo formado pela linha longo eixo do incisivo inferior e o plano mandibular GoMe;

    AIS-PP – distância do ápice do incisivo superior ao plano palatino, medida perpendicularmente a este plano (figura 4.10);

    AIS-ENAPerp – distância do ápice do incisivo superior à linha ENAPerp, medida perpendicularmente a esta linha (figura 4.10);

    AII-GoMe – distância do ápice do incisivo inferior ao plano mandibular GoMe, medida perpendicularmente a este plano (figura 4.10);

    AII-MePerp – distância do ápice do incisivo inferior à linha MePerp, medida perpendicularmente a esta linha (figura 4.10);

    FIGURA 4.10 – Alterações cefalométricas avaliadas: 1- sobremordida; 2- sobressaliência; 3- AIS-PP; 4- AIS-ENAPerp; 5- AII-GoMe; 6- AII-MePerp.

    Após a obtenção de todas as medidas cefalométricas, comparou-se os grupos a partir das variações ocorridas nestas medidas durante o tratamento. Para melhor entendimento, convencionou-se os movimentos verticais de intrusão do ápice como sendo representados numericamente por sinal negativo(-), e o de extrusão com sinal positivo(+). Prosseguiu-se da mesma forma para os movimentos horizontais do ápice, sendo com sinal positivo(+) o deslocamento para lingual e negativo(-), o deslocamento para vestibular do ápice dentário.

    4.3 Análise estatística

    4.3.1 Erro do método

    Para verificar a confiabilidade dos resultados, foi realizada novamente a avaliação do grau de reabsorção radicular dos incisivos, a classificação morfológica das raízes e as medidas cefalométricas de vinte pacientes (dez de cada grupo), selecionados aleatoriamente, após um intervalo de 30 dias. O grau de reabsoção e a classificação morfológica das raízes obtidas na 1ª e 2ª medição foram comparadas pelo coeficiente de concordância de Kappa93. Para as medidas cefalométricas, aplicou-se o teste t pareado, de acordo com HOUSTON82 (1983), para obtenção do erro sistemático. A aplicação da fórmula Se2 = (d2/2n, proposta por DAHLBERG55 (1940) demonstrou a variação média entre a primeira e a segunda medição, verificando o erro casual.

    4.3.2 Análise estatística entre grupos e variáveis

    Avaliou-se a compatibilidade entre os grupos quanto à idade inicial, tempo de tratamento e quantidade de sobremordida inicial, por meio do teste t.

    A quantidade de reabsorção foi comparada entre os dois grupos por meio do teste não-paramétrico de Mann-Whitney, utilizando-se o grau médio de reabsorção dos oito incisivos de cada paciente. Os resultados foram considerados estatisticamente significantes para p

  • INFLUÊNCIA DA MECÂNICA INTRUSIVA DE ACENTUAÇÃO E REVERSÃO DA

    CURVA DE SPEE NO GRAU DE REABSORÇÃO RADICULAR

    KELLY FERNANDA GALVÃO CHIQUETO

    Dissertação apresentada à Faculdade de

    Odontologia de Bauru da Universidade de São

    Paulo, como parte dos requisitos para obtenção

    do título de Mestre em Odontologia, área de

    Ortodontia.

    (Edição Revisada)

    BAURU

    2005

  • INFLUÊNCIA DA MECÂNICA INTRUSIVA DE ACENTUAÇÃO E REVERSÃO DA

    CURVA DE SPEE NO GRAU DE REABSORÇÃO RADICULAR

    KELLY FERNANDA GALVÃO CHIQUETO

    Dissertação apresentada à Faculdade de

    Odontologia de Bauru da Universidade de São

    Paulo, como parte dos requisitos para obtenção

    do título de Mestre em Odontologia, área de

    Ortodontia.

    Orientador: Prof. Dr. Décio Rodrigues Martins

    (Edição Revisada)

    BAURU

    2005

  • CHIQUETO, Kelly Fernanda Galvão C444i Influência da mecânica intrusiva de acentuação

    e reversa da curva de Spee no grau de reabsorção radicular/ Kelly Fernanda Galvão Chiqueto. - Bauru, 2004.122p. mais apêndices: il.; 30cm

    Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Odontologia de Bauru. Universidade de São Paulo.

    Orientador: Prof. Dr. Décio Rodrigues Martins

    Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e

    científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, por processos fotocopiadores e/ou meios eletrônicos.

    Assinatura do autor: Data:

    Projeto de pesquisa aprovado em 19 de novembro de 2004

    pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FOB.

    Processo n° 102/2003

  • DADOS CURRICULARES

    KELLY FERNANDA GALVÃO CHIQUETO

    17 de dezembro de 1979

    Santos – SP

    Nascimento

    Filiação Geraldo Fernandes Chiqueto

    Maria José Galvão Chiqueto

    1999 - 2002 Curso de graduação em Odontologia pela

    Faculdade de Odontologia de Bauru,

    Universidade de São Paulo.

    2003 Curso de aperfeiçoamento em Ortodontia

    pela ACOPEN.

    2003 - 2005 Curso de Pós-graduação em Ortodontia, em

    nível de Mestrado, na Faculdade de

    Odontologia de Bauru, Universidade de São

    Paulo.

    ASSOCIAÇÕES APEO - Associação Paulista de

    Especialistas em Ortodontia - Ortopedia

    Facial.

    SBPqO - Sociedade Brasileira de Pesquisas

    Odontológicas.

  • O ABORTO DAS PALAVRAS

    Eu sou contra o aborto das palavras

    Dessas que a mente fecunda,

    Mas a consciência não deixa nascer

    E a gente fica com cara de bunda

    Sem saber o que dizer

    Ou então diz alguma besteira

    – Acho que hoje vai chover!

    Eu entristeço com a mente castrada

    Que não consegue fecundar as palavras

    Porque a vontade já nasce calada.

    Mas o pior é a mente fértil

    Que apenas por medo de fecundar,

    Enfia a idéia erétil numa camisa de Vênus

    E faz sexo seguro com os próprios pensamentos.

    Mesmo que a gravidez seja tubária

    E o parto, uma gaguejada cesárea,

    Deixe que as palavras nasçam

    Para que elas possam viver, sorrir e sofrer,

    Para que elas possam dizer

    Tudo aquilo que é você.

    Sérgio Estelita

  • A DEUS,

    pela presença em cada momento da minha vida, pela

    luz que ilumina o meu caminho, por me abençoar,

    preservando minha saúde física e mental e me

    fortalecer diante dos momentos difíceis.

  • DEDICO ESTE TRABALHO

    Aos meus pais, Geraldo e Maria José, pelo amor e dedicação sempre

    presentes durante a minha vida, por nunca medirem esforços para a

    minha formação, pelo apoio e incentivo constantes na busca dos

    meus ideais e na realização dos meus sonhos.

    À minha irmã, Karen, pelo carinho e atenção de sempre, pelo exemplo

    de determinação e perspicácia, conduzindo as situações com

    objetividade e inteligência.

    Ao meu sobrinho, Matheus, por representar o amor, a união e a

    alegria, sentimentos necessários para nossa caminhada.

    Vocês são a minha FORTALEZA!!!

  • Agradeço profundamente

    Ao Prof. Dr. Décio Rodrigues Martins, meu orientador,

    ... pela paciência com que me atendeu desde o primeiro momento de

    orientação, respeitando e entendendo os meus limites. Estas atitudes

    aumentaram a minha admiração por sua pessoa;

    ... pela sua postura humilde e de compreensão para comigo, permitindo

    meu amadurecimento e incentivando minha formação acadêmica.

    Sinto muito orgulho de ter sido sua orientada!

    Agradeço a sua família pela atenção e carinho.

  • Minha gratidão

    Ao Prof. Dr. Marcos Roberto de Freitas, chefe do

    Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde

    Coletiva, pela preocupação inicial, que se transformou

    em incentivo durante o curso, sendo fundamental para

    o meu desenvolvimento profissional.

    Ao Prof. Dr. José Fernando Castanha Henriques,

    Professor Titular e Coordenador do Programa de Pós-

    Graduação em Ortodontia, ao nível de Doutorado e

    Prefeito do campus da FOB-USP, minha eterna gratidão

    pelos votos de confiança, pela simpatia e pela

    oportunidade de participar da tão almejada carreira

    docente.

    Ao Prof. Dr. Guilherme Janson, Coordenador do

    Programa de Pós-Gradução ao nível de Mestrado, pela

    sua obstinação em buscar o conhecimento científico

    sempre com um rigor e senso crítico inquestionáveis,

    contribuindo para um curso de excelência em

    Ortodontia.

  • Ao Prof. Dr. Arnaldo Pinzan, pelo carinho

    com que sempre me dirigiu a palavra, preocupando-

    se com o meu desenvolvimento teórico e prático da

    Ortodontia.

    Ao Prof. Dr. Renato Rodrigues de Almeida, pela

    simpatia e pelo entusiasmo que sempre demonstrou

    ao ensinar, repassando seus conhecimentos com

    tanta satisfação, que incentivava a busca pelo

    conhecimento.

  • À Profª. Dra. Maria Fidela de Lima Navarro, diretora da

    Faculdade de Odontologia de Bauru, que não poupou esforços

    na minha entrada ao meio acadêmico, pelo amor que demonstra

    sempre em tudo que faz, deixando transparecer ainda mais essa

    determinação no trabalho.

    Ao Prof. Dr. José Carlos Pereira, Presidente da

    Comissão da Pós-Graduação da Faculdade de

    Odontologia de Bauru, pelo imenso apoio concedido

    e pelo exemplo de dedicação ao trabalho.

    Ao Prof. José Roberto Lauris, pela dedicação com

    que sempre trabalhou, transmitindo seus conhecimentos

    estatísticos de maneira bastante acessível.

    Ao Prof. Dr.