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“O SISTEMA CANTAREIRA PODE SECAR? ”
Informativo Mensal - Volume 17
A FALTA DE ÁGUA E O SISTEMA CANTAREIRA.
O tema água é o mote do Instituto Navega São Paulo, e isso nos
potencializa como catalizadores de informações e experiências sobre a
má utilização dos recursos hídricos, entendemos que estás experiências
são relevantes e devem ser debatidas e somadas na busca de soluções
efetivas e sustentáveis.
Neste informativo propomos dar continuidade ao tema e compartilhar
com você a resposta para uma pergunta frequente que é “ O Sistema
Cantareira pode secar? ”
À medida que o nível do Sistema Cantareira vai diminuindo, as pessoas
perguntam sobre a possibilidade de ele efetivamente chegar a zero, sem
volume morto que possa servir de alternativa. Segundo os técnicos, a
resposta direta é sim, ele pode secar.
Essa situação poderá acontecer ainda em 2015, pois a quantidade de
água que sai (consumo e evaporação) é maior do que a entregue pelas
chuvas. Tem sido assim nos últimos meses. Para que isso não ocorra,
precisamos de chuvas acima da média, algo que não se vislumbra para o
próximo verão.
Mas, independentemente de ele secar, como será o nosso futuro? Isso
se explica pelo fato de, aos poucos, atingirmos níveis cada vez menores
nesse sistema, com impactos para a sua recuperação. Quanto mais
avançamos em direção à base, mais longo será o caminho de volta.
A VOZ DO TIETÊ
Desde 2005 o Instituto Navega
São Paulo tem o objetivo de
atrair a atenção da população
para o rio Tietê a partir do seu
trecho mais degradado que é a
região metropolitana de São
Paulo. Conseguimos atingir
nosso proposito por meio das
navegações monitoradas na
embarcação Almirante do Lago,
entre as pontes dos Remédios e
das Bandeiras. Agora nossa
proposta com este informativo
mensal é atrair sua atenção,
levando até você informações
sobre o nosso Tietê para que
juntos identifiquemos o que
fazer para revitalizar tão
precioso patrimônio ambiental.
DIA DO TIETÊ 22.09.2011 – PTE. DAS BANDEIRAS
Há algumas possibilidades que podem ser
consideradas. A primeira delas avalia se
poderíamos ter uma rápida recomposição do
sistema. Isso aconteceu em 1987, quando um
longo El Niño (setembro de 1986 a janeiro de
1988) providenciou chuvas acima da média e
durante períodos mais longos.
Mesmo que isso se verificasse a partir de agora,
ao final do evento estaríamos em um nível
similar ao de maio de 2013, o que não
representa um grande alento. Mas essa é uma
ocorrência de baixa probabilidade, pois um El
Niño tão longo foi verificado apenas uma vez
nos últimos 64 anos (a partir de dados do
Instituto Astronômico e Geofísico da USP e da
administração nacional de oceanos e atmosfera do governo americano).
Entendemos que estamos sendo cobrados pela nossa inadimplência ambiental, sobre situação do Sistema
Cantareira.
O grande problema é que, devido ao fato de o nível d´água estar muito baixo, chuvas normais não permitirão que o
Sistema Cantareira atinja rapidamente uma situação de segurança. Mesmo considerando uma recarga normal, da
ordem de 20% do volume total do Sistema, isso apenas nos levaria a um nível similar ao verificado em dezembro de
2013, o que é pouco.
Em resumo: Segundo técnicos, nós vamos levar um bom tempo até que consigamos sair desta situação,
principalmente porque continuamos a utilizar a água das represas que compõem o Sistema. Modelos matemáticos
apontam para um prazo ao redor de cinco anos
para recuperação, podendo até mesmo ser
maior.
Isso vai depender de como o clima vai se
comportar nos próximos anos. Um prazo menor,
embora factível, é improvável diante do nível
atual e do histórico de recarga do Sistema.
Há outros fatos que merecem a nossa atenção. O
sistema de abastecimento de água da Região
Metropolitana de São Paulo (RMSP) vem
trabalhando muito próximo ao seu limite
operacional nos últimos dez anos. Isso o torna
mais vulnerável a eventos climáticos como
elevação da temperatura (com aumento de consumo) ou secas mais prolongadas.
Essa situação mostra que a recomposição das represas que abastecem a RMSP vai apenas nos levar de volta a um
cenário que não afasta a possibilidade de novas crises. É fundamental rediscutir a questão da água, dentro de uma
perspectiva de governança de uma região que busque o protagonismo de soluções inteligentes e sustentáveis.
As obras propostas pelo governo do Estado
terão o mérito de apenas mitigar parcialmente
esse problema, sem resolvê-lo de uma maneira
mais permanente. E elas serão concluídas
dentro de três ou quatro anos. O que fazer
então?
É necessário que o Estado mostre os cenários
com os quais está trabalhando e as medidas
propostas para cada um deles. Isso é
fundamental para uma administração
estratégica do abastecimento de água da região
metropolitana e para conscientizar a
população.
Negar que o Sistema Cantareira pode atingir o nível zero (sem água disponível para captação) é incentivar as pessoas
a não pouparem o suficiente. É preciso difundir o uso adequado de fontes alternativas desse recurso, como a água
de reuso, captação de água da chuva, práticas de redução de consumo e uso de água subterrânea.
Há soluções disponíveis e a boa notícia é que, usando racionalmente, não precisaremos abrir mão da nossa
qualidade de vida. A alternativa é a escassez, isso sim um problema que afetará todos e repercutirá na nossa
qualidade de vida e na manutenção das atividades econômicas da região.
Carta da Terra – Princípios
“Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de proteger os direitos das
pessoas. ”