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Igarapeba, a segunda maior barragem em construção na Zona da Mata de Pernambuco A barragem de Igarapeba, no Rio Pirangi, que faz parte da bacia do Una, está sendo construída no município de São Benedito do Sul e é a se- gunda maior em capacidade de armazenamento entre os empreendimentos que fazem parte do Sistema de Conten- ção de Enchentes da Mata Sul. Quando ficar pronta, em me- ados do próximo ano – se os serviços transcorrerem dentro da normalidade -, suportará até 68 milhões de metros cú- bicos de água, em uma área inundada de 278 hectares, atrás apenas da gigante Serro Azul (Palma- res, Catende e Bonito), que aguentará 303 milhões de metros cúbicos de água, em 907 hectares. Ainda fa- zem parte do Sistema de Contenção de Enchentes da Mata Sul e do Agreste as barragens de Barra de Guabiraba (no município de mesmo nome), Gatos (Lagoa dos Gatos) e Panelas II (Cupira). O investimento do Mi- nistério da Integração Na- cional e do Governo do Estado de Pernambuco na barragem Igarapeba será de R$ 126 milhões. Além de INFORMATIVO São Benedito do Sul, a área de influência direta abrange os municípios de Jaqueira, Maraial, Catende, Palma- res, Água Preta, Barreiros, Tamandaré e São José da Coroa Grande. O Instituto de Tecnolo- gia de Pernambuco (ITEP), através de contrato de ges- tão com a Secretaria de Recursos Hídricos e Ener- géticos (SRHE) do Estado de Pernambuco, realiza o controle tecnológico e o monitoramento do Plano de Controle Ambiental (PCA) das barragens nessa fase de construção. Atualmente, está sendo A barragem Igarabeba beneficiará a cidade de São Benedito do Sul Barragem será construída no Rio Pirangi Acessos ao local da obra são estreitos e íngremes escavado em Igarapeba o ca- nal de desvio do rio e realiza- da a limpeza das ombreiras. Com as chuvas deste in- verno, o andamento da obra foi prejudicado, principal- mente pelo fato de que os acessos são complicados até o local onde será construído o paredão. As vias são estrei- tas, íngremes e, quando cho- ve, ficam cobertas de lama. A passagem molhada (pequena ponte sobre o rio) fica com- pletamente coberta quando o Rio Pirangi transborda, tor- nando impraticável o deslo- camento de veículos para a outra margem, como já acon- teceu neste ano. “Igarapeba é uma gargan- ta. Você não tem uma lo- gística muito fácil de fazer. É bem mais complicada do que Barra de Guabiraba, por exemplo. Esta é uma ca- racterística marcante dessa barragem Igarapeba. Não há uma extensão muito grande das ombreiras e a elevação é muito alta, o que dificulta a locomoção. O acesso é estrei- to, o que não permite chegar facilmente na área de cons- trução”, explica o engenheiro Felipe Rios, da SRHE.

Informativo n05 igarapeba

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Igarapeba, a segunda maior barragem em construção na Zona

da Mata de PernambucoA barragem de Igarapeba,

no Rio Pirangi, que faz parte da bacia do Una, está sendo construída no município de São Benedito do Sul e é a se-gunda maior em capacidade de armazenamento entre os empreendimentos que fazem parte do Sistema de Conten-ção de Enchentes da Mata Sul. Quando ficar pronta, em me-ados do próximo ano – se os serviços transcorrerem dentro da normalidade -, suportará até 68 milhões de metros cú-bicos de água, em uma área inundada de 278 hectares, atrás apenas da gigante Serro Azul (Palma-res, Catende e Bonito), que aguentará 303 milhões de metros cúbicos de água, em 907 hectares.

Ainda fa-zem parte do Sistema de C o n t e n ç ã o de Enchentes da Mata Sul e do Agreste as barragens de Barra de Guabiraba (no município de mesmo nome), Gatos (Lagoa dos Gatos) e Panelas II (Cupira).

O investimento do Mi-nistério da Integração Na-cional e do Governo do Estado de Pernambuco na barragem Igarapeba será de R$ 126 milhões. Além de

INFORMATIVO

São Benedito do Sul, a área de influência direta abrange os municípios de Jaqueira, Maraial, Catende, Palma-res, Água Preta, Barreiros, Tamandaré e São José da Coroa Grande.

O Instituto de Tecnolo-gia de Pernambuco (ITEP), através de contrato de ges-

tão com a Secretaria de Recursos Hídricos e Ener-géticos (SRHE) do Estado de Pernambuco, realiza o controle tecnológico e o monitoramento do Plano de Controle Ambiental (PCA) das barragens nessa fase de construção.

Atualmente, está sendo

A barragem Igarabeba beneficiará a cidade de São Benedito do Sul

Barragem será construída no Rio Pirangi

Acessos ao local da obra são estreitos e íngremes

escavado em Igarapeba o ca-nal de desvio do rio e realiza-da a limpeza das ombreiras.

Com as chuvas deste in-verno, o andamento da obra foi prejudicado, principal-mente pelo fato de que os acessos são complicados até o local onde será construído o paredão. As vias são estrei-tas, íngremes e, quando cho-ve, ficam cobertas de lama. A passagem molhada (pequena ponte sobre o rio) fica com-pletamente coberta quando o Rio Pirangi transborda, tor-nando impraticável o deslo-camento de veículos para a

outra margem, como já acon-teceu neste ano.

“Igarapeba é uma gargan-ta. Você não tem uma lo-gística muito fácil de fazer. É bem mais c o m p l i c a d a do que Barra de Guabiraba, por exemplo. Esta é uma ca-

racterística marcante dessa barragem Igarapeba. Não há uma extensão muito grande das ombreiras e a elevação é muito alta, o que dificulta a locomoção. O acesso é estrei-to, o que não permite chegar facilmente na área de cons-trução”, explica o engenheiro Felipe Rios, da SRHE.

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Barragem movimenta a economia de São Benedito do Sul com crescimento de emprego e aluguel de imóveis

Na Prefeitura de São Be-nedito do Sul, o clima é de otimismo quanto à solução dos problemas das enchentes com a construção da barragem Igarapeba e de satisfação pelo retorno econômico gerado pela obra. Isso porque o empreen-dimento vem rendendo bons frutos ao município.

“Já notamos um cresci-mento de empregos por causa da barragem. Acho que temos umas 30 pessoas daqui traba-lhando na obra. E creio que deve aumentar ainda mais com o avanço da construção. Tam-bém tivemos uma elevação na busca por moradias. Aluga-mos, até agora, umas 50 casas para quem veio de fora nesse período. Somos um município muito carente, e esse negócio está nos ajudando bastante”, exalta o prefeito José Rinaldo Figueiredo, o Zé Baiano.

O secretário de Desen-volvimento Econômico da cidade, Luís Carlos de Moura Amorim, ratifica essas infor-mações do prefeito. “Essa obra é importante pela geração de emprego e renda. Somos um município de porte pequeno, e boa parte dos empregos é conseguida através da Prefei-tura. A barragem, nesse aspec-to, está nos ajudando muito. Também temos aumento na

Assim como as obras têm apresentado bene-fícios econômicos para São Benedito do Sul, a barragem, quando estiver concluída, também pode-rá render outro bom fruto para o município: a pre-sença de turistas. E, nos bastidores da administra-ção local, já surgem co-mentários positivos. “Não temos uma rede hoteleira

preparada para receber os turistas, mas tenho con-versado com alguns em-presários, e o movimen-to é bastante otimista. O proprietário de um terreno perto de uma cachoeira que fica no nosso municí-pio, por exemplo, já mos-trou interesse em construir um hotel fazenda. Outros aguardarão para investir quando a barragem estiver

pronta”, revela o prefeito Zé Baiano.

O engenheiro civil da Se-cretaria Estadual de Recur-sos Hídricos e Energéticos (SRHE) que fiscalizada a obra, Felipe Rios, confirma que existem rumores sobre a instalação de um empre-endimento voltado para a hospedagem de turistas em São Benedito do Sul. “Exis-te um proprietário de um

terreno que sinalizou para a construção de um resort per-to da região da cachoeira do Peri-Peri. Isso vai fortalecer o turismo no local. Existirá, portanto, uma estrutura tu-rística próxima ao lago da barragem, fora o benefício que a população terá com a possibilidade futura de uso da água para o abastecimen-to, em caso de forte estia-gem”, revela.

Município pode ganhar no turismo após término das obras

economia local, com o aluguel de casas e melhora no comér-cio. Tudo gera uma melhora na economia do município”, afirma.

“Soube que a demanda por aluguel cresceu tanto na cida-de que hoje, se vier uma pes-soa de fora, não consegue casa para alugar aqui. A demanda de farmácia, mercado e outros setores também estão muito acima do normal”, completa o secretário, que ressalta os bons comentários feitos pela popu-lação em função desse aqueci-mento da economia. “O pesso-al só fala do lado positivo. A barragem veio para melhorar todos os setores da sociedade e beneficiar a população. Vamos ter uma maior arrecadação de impostos, com isso teremos melhores condições de investir no município”, prevê.

Luís Carlos Amorim tam-bém ressalta a importância de Igarapeba para a conten-ção das enchentes. “Como está localizada antes da parte baixa, vai realmente ser re-solvida a questão da cheia”, salienta. “Sofremos muito com as inundações. Agora mesmo, o rio transbordou e cobriu nossa passagem mo-lhada. Precisamos muito des-se controle”, completa o pre-feito Zé Baiano.

Prefeito de São Benedito do Sul, Zé Baiano, vê benefícios econômicos imediatos para a cidade

Secretário Luiz Carlos comemora aumento do emprego e da renda da população

Divulgação

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Governo começa a pagar indenizações em Igarapeba

O Governo do Estado co-meçou a pagar os recursos fi-nanceiros pela desapropriação dos terrenos próximos à bar-ragem Igarapeba, na área que será inundada para a conten-ção de cheia do Rio Pirangi. O agropecuarista Erik Silveira, de 34 anos, é uma das pessoas que já foram indenizadas até o momento. Uma parte do terre-no que possui perto de onde a água será represada precisou ser desapropriada. No restante da propriedade que sobrou, ele está construindo um imóvel.

“O Governo do Estado de Pernambuco teve uma preocu-pação muito grande não só com os proprietários das terras, mas também com os moradores. Eles (membros da equipe de mobilização e articulação do ITEP) vieram aqui e fizeram uma reunião com todo mundo. Depois (integrantes da PGE - Procuradoria Geral do Estado

População acredita em eficácia no combate às enchentes

de Pernambuco) foram cha-mando individualmente cada um para negociar e pagar a in-denização. Até agora, foi cum-prido tudo o que prometeram”, assegura o agropecuarista, que aponta os benefícios desse em-preendimento.

“Esta é uma região que

gião”, observa Erik Silveira. Esse mesmo pensamento é compartilhado pelo agricultor Severino Belo de Oliveira, 53 anos, que cria alguns poucos animais e cultiva frutas, como banana, e capim, para alimen-tar os bichos em um terreno às margens do Rio Pirangi. “Toda a região sairá ganhando com essa barragem. Acho que tere-mos mais gente aproveitando a pesca e aumentando a renda nessa área”, avalia.

O agricultor ainda não rece-beu o dinheiro da indenização, mas já faz planos para o futuro. Ele pretende comprar outro ter-reno para continuar plantando frutas e criando seus animais. “Quero continuar com esse tra-balho. Isso é o que sustenta a minha família. Se não der para adquirir uma área de plantio nova, vou tentar comprar uma casinha. Só não quero gastar em vão”, assegura ele.

O agropecuarista Erik Silveira já foi indenizado pela área que precisou ser desapropriada para a construção da barragem Igarapeba

O agricultor Severino de Oliveira pretende comprar outro terreno para continuar plantando quando receber o recurso financeiro

vivia da cana-de-açúcar. A maioria das pessoas daqui so-brevivia do corte dessa cana. No entanto, agora já não existe mais essa cultura. Com a che-gada dessa barragem, pode , por exemplo, ser explorada a pesca, gerando maior renda para o município e para a re-

O agropecuarista Erik Silveira e o agricultor Se-verino Belo de Oliveira também concordam que, além dos benefícios socio-econômicos, a barragem Igarapeba certamente irá cumprir seu papel na con-tenção das enchentes, que causaram inúmeros trans-tornos para a população ribeirinha e moradores que vivem nas áreas mais baixas dos municípios di-retamente atingidos pelas cheias do Rio Pirangi.

“Imagino que vai solu-cionar de verdade. Penso que não teremos mais aque-le estrago grande quando a cheia vier. Vai aliviar bas-tante na parte baixa”, opina

o agricultor Severino de Olivei-ra, que presenciou os últimos transbordamentos do Pirangi e se emociona ao contar como aconteceu. “Foi um transtorno muito grande. Muita gente per-deu suas coisas e sofreu bastan-te. Não fui atingido diretamen-te na minha casa, que, graças a Deus, fica na parte mais alta, onde a água do rio não conse-gue subir. No entanto, onde faço a minha plantação, na parte mais baixa do terreno, o capim que cultivo foi embora com a cheia. Mas não tinha o que fazer. Era só apelar para misericórdia divina”, relata Se-verino de Oliveira.

“Em 2010, tivemos aquela catástrofe, com tanta gente sen-do desabrigada. Em São Bene-

dito do Sul, em específico, a vin-da dessa barragem beneficiará muito a pesca, o abastecimento de água, que é escassa, e a irri-

gação. Essa barragem vai ser muito importante para todos e vai acabar com as cheias”, destaca Erik Silveira.

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IPB – As chuvas atrapa-lharam o serviço da barra-gem Igarapeba?

Felipe Rios – As chuvas atrapalharam muito. Foi pior do que em Barra de Guabiraba, que está localizada no Agreste Central. Lá chove, mas chove menos. O distrito de Igarape-ba está localizado na Zona da Mata Sul, mesma região de Serro Azul. É uma região que chove muito mais. E os aces-sos em Igarapeba já são com-plicados porque a região tem ombreiras altas. A maioria é por ladeira. Não é possível, portanto, andar por ladeira de barro com tanta chuva.

IPB – Essas chuvas po-dem interferir no prazo de entrega da barragem?

Felipe Rios – O cronograma pode sofrer um replanejamento, mas tentaremos cumprir o pra-zo pactuado com o governador Eduardo Campos. Vamos nos esforçar para entregar no tempo combinado. Esperamos chegar em maio de 2014 na cota de contenção de cheia e, no final de junho, terminar todo o maciço.

PIB – Como está a relação com a comuni-

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Felipe Rios, engenheiro responsável pela obra, promete esforço para manter o prazo de entrega

ITEP - Instituto de Tecnologia de Pernambuco | www.itep.brAvenida Professor Luiz Freire, 700, Cidade Universitária, Recife-PE, CEP: 50.740-540 | PABX: 81-3183.4399 | FAX: 81-3183.4272Diretor Presidente: Frederico MontenegroDiretor Executivo-Comercial: Ivan Dornelas

E x p E d i E n t E

A Barragem Igarapeba em números• Capacidade de armazenamento de água – 68 milhões m³• Investimento - R$ 126 milhões• Tamanho da área que será inundada – 278 hectares• Vazão de água regularizada – 1970 l/s (litros por segundo)• Lâmina d’água – 2,56 metros• Altura do paredão – 51 metros • Comprimento – 352,54 metros• Área da bacia hidráulica – 420,4 km²• Rio que será represado - Rio Pirangi• Municípios – São Benedito do Sul• Região – Zona da Mata Sul

ATENDIMENTO À POPULAÇÃO: 0800-286-3272

“O cronograma pode sofrer um replanejamento, mas tentaremos cumprir o prazo pactuado com o governador Eduardo Campos. Vamos nos esforçar para entregar no tempo combinado”, frisa Felipe Rios, engenheiro civil da Secretaria de Recursos

Hídricos e Energéticos (SRHE) do Governo do Estado. Ele explica que as chuvas deste inverno prejudicaram a execução dos serviços porque o acesso ficou intransitável. “As chuvas atrapalharam muito. Foi pior do que em Barra de Guabiraba” – onde

ele também fiscaliza a barragem naquele município do Agreste. “Os acessos em Igarapeba já são complicados porque a região tem ombreiras altas. A maioria é por ladeira. Não é possível, portanto, andar por ladeira de barro com tanta chuva”, justifica.

Informativo Projeto BarragensEdição e Redação: Rossini Barreira (Jornalista DRT 1.547 – PE) Textos e fotos: Frederico Kataoka (DRT 3.328 – PE)Diagramação: Ral ([email protected])Impressão: Gráfica FacForm

dade em São Benedito do Sul?

Felipe Rios – Um empre-endimento desse porte, quando chega, mexe com a cidade. Do lado negativo, existe a desa-propriação. As pessoas, no pri-meiro momento, não enxergam como bom. Mas acho que não podemos pensar apenas nisso. O benefício é muito maior. E pelo o que eu tenho visto, a população tem entendido esses benefícios, pois está cansada de sofrer com a cheia do rio Pirangi, que destrói tudo. Sem falar no benefício da contrata-ção de mão de obra local para trabalhar na construção.

Felipe Rios acredita que a população que vive no entorno da barragem Igarapeba conseguiu entender os benefícios do empreendimento

Fontes: Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos (SRHE) e Relatório de Impactos Ambien-tais (Rima) da barragem Igarapeba.