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www.dizerodireito.com.br Página1 INFORMATIVO esquematizado Informativo 532 – STJ Márcio André Lopes Cavalcante Obs: não foram incluídos neste informativo esquematizado os julgados de menor relevância para concursos públicos ou aqueles decididos com base em peculiaridades do caso concreto. Caso seja de seu interesse conferi-los, os acórdãos excluídos foram os seguintes: AgRg no REsp 1.273.009-RJ; REsp 1.305.637-PR; REsp 1.116.897-PR. ÍNDICE Direito Administrativo Responsabilidade civil do Estado: possibilidade de ajuizamento da ação diretamente contra o servidor público causador do dano. Direito Civil O espólio não tem legitimidade para ajuizar ação de indenização por danos morais decorrentes de ofensa post mortem à imagem e à memória de pessoa. Foro competente para ação objetivando o DPVAT. Direito do Consumidor Hospital que realiza transfusão de sangue observando todas as cautelas exigidas não é responsável pela contaminação do paciente. Hospital não pode cobrar dos pacientes de plano de saúde valor adicional para atendimentos realizados pelos seus médicos fora do horário comercial. É incabível a exigência de caução para atendimento médico-hospitalar emergencial. Direito Empresarial Os juros moratórios no caso de cobrança de cheque são contados desde a data da primeira apresentação. Direito Processual Civil A parte deverá arguir a suspeição do perito no momento da sua nomeação. A decisão a que se refere o § 6º do art. 273 do CPC tem natureza de tutela antecipada e não de julgamento antecipado parcial da lide. Em ação para fornecimento de medicamentos, o juiz pode determinar o bloqueio e sequestro de verbas públicas em caso de descumprimento da decisão. Seguro garantia não pode ser usado como caução em execução fiscal. Página1

Informativos 2014 STJ e STF

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Fonte: Dizer o Direito

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Informativo 532 – STJ
Márcio André Lopes Cavalcante Obs: não foram incluídos neste informativo esquematizado os julgados de menor relevância para concursos públicos ou aqueles decididos com base em peculiaridades do caso concreto. Caso seja de seu interesse conferi-los, os acórdãos excluídos foram os seguintes: AgRg no REsp 1.273.009-RJ; REsp 1.305.637-PR; REsp 1.116.897-PR.
ÍNDICE Direito Administrativo
Direito Civil
O espólio não tem legitimidade para ajuizar ação de indenização por danos morais decorrentes de ofensa post mortem à imagem e à memória de pessoa.
Foro competente para ação objetivando o DPVAT. Direito do Consumidor
Hospital que realiza transfusão de sangue observando todas as cautelas exigidas não é responsável pela contaminação do paciente.
Hospital não pode cobrar dos pacientes de plano de saúde valor adicional para atendimentos realizados pelos seus médicos fora do horário comercial.
É incabível a exigência de caução para atendimento médico-hospitalar emergencial. Direito Empresarial
Os juros moratórios no caso de cobrança de cheque são contados desde a data da primeira apresentação.
Direito Processual Civil
A parte deverá arguir a suspeição do perito no momento da sua nomeação.
A decisão a que se refere o § 6º do art. 273 do CPC tem natureza de tutela antecipada e não de julgamento antecipado parcial da lide.
Em ação para fornecimento de medicamentos, o juiz pode determinar o bloqueio e sequestro de verbas públicas em caso de descumprimento da decisão.
Seguro garantia não pode ser usado como caução em execução fiscal.
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MP tem legitimidade para ACP contra hospital para que este não exija cheque-caução e para que não cobre valores adicionais de usuários de planos de saúde.
Direito Penal
O fato de a vítima não ter contribuído para o delito é circunstância judicial neutra e não implica o aumento da pena.
Termo inicial da prescrição executória: data do trânsito em julgado da sentença para a acusação.
Somente poderá ocorrer prescrição executória se tiver havido o trânsito em julgado da condenação para ambas as partes.
A subtração de objeto localizado no interior de veículo automotor mediante o rompimento do vidro qualifica o furto (art. 155, § 4º, I, do CP).
Houve abolitio criminis no tocante à causa de aumento de pena previsto no art. 18, III, primeira parte, da Lei 6.368/76 (antiga Lei de Tóxicos).
Direito Processual Penal
Competência para julgar o delito do art. 241-A do ECA.
Se não houver perito oficial, dois policiais com curso superior podem fazer a perícia.
Aplicação de sanção disciplinar na execução penal depende de processo administrativo prévio.
O rol de faltas graves é taxativo e a mudança de endereço do liberado condicional sem informar o juízo não está lá prevista como falta grave.
Direito Tributário
Contribuinte que oferece garantia de sua obrigação tributária, antes mesmo da execução fiscal iniciar, tem direito à certidão positiva com efeitos de negativa.
Não tem efeito suspensivo o pedido administrativo para anulação do crédito tributário feito após o encerramento do procedimento administrativo.
O art. 11, I, da Lei 11.941/2009 não viola o princípio da isonomia ao prever que os bens penhorados do devedor que adere ao parcelamento devem continuar constritos.
Direito Previdenciário
Tempo exercido pelo segurado, antes da Lei 8.213/91, na atividade rural, com registro em carteira profissional, pode ser reconhecido para efeito de carência.
DIREITO ADMINISTRATIVO
Responsabilidade civil do Estado: possibilidade de ajuizamento da ação diretamente contra o servidor público causador do dano
Na hipótese de dano causado a particular por agente público no exercício de sua função, a vítima tem a possibilidade de ajuizar a ação de indenização diretamente contra o agente, contra o Estado ou contra ambos. Obs: existe precedente do STF em sentido contrário. Comentários Imagine a seguinte situação hipotética:
Jomar, auditor de tributos estaduais, estava dirigindo o veículo oficial da SEFAZ, indo em direção a uma empresa onde iria realizar uma fiscalização. Como já estava atrasado, Jomar empreendeu alta velocidade e não viu quando Cristina atravessava na faixa, razão pela qual acabou atropelando a pedestre, que sofreu inúmeras lesões corporais. Cristina deseja ajuizar uma ação de indenização pelos danos materiais e morais que sofreu com o acidente.
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A vítima poderá propor a ação contra o Estado? SIM. O Estado possui responsabilidade civil pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causem a terceiros. Trata-se de previsão expressa do art. 37, § 6º da CF/88:
Art. 37 (...) § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
A responsabilidade do Estado, nesse caso, é OBJETIVA. Assim, o lesado somente terá que provar:
O fato do serviço (conduta do agente público, sem precisar provar dolo ou culpa);
O dano sofrido;
O nexo de causalidade entre o fato e o dano. A vítima poderá propor a ação diretamente contra o servidor causador do dano (e não contra o Estado)?
1ª corrente: NÃO 2ª corrente: SIM
A vítima somente poderá ajuizar a ação contra o Estado (Poder Público). Se este for condenado, poderá acionar o servidor que causou o dano. O ofendido não poderá propor a demanda diretamente contra o agente público.
A vítima tem a possibilidade de escolher se quer ajuizar a ação:
somente contra o Estado;
contra o Estado e o servidor público em litisconsórcio.
Para essa corrente, ao se ler o § 6º do art. 37 da CF/88, é possível perceber que o dispositivo consagrou duas garantias:
a primeira, em favor do particular lesado, considerando que a CF/88 assegura que ele poderá ajuizar ação de indenização contra o Estado, que tem recursos para pagar, sem ter que provar que o agente público agiu com dolo ou culpa;
a segunda garantia é em favor do agente público que causou o dano. A parte final do § 6º do art. 37, implicitamente, afirma que a vítima não poderá ajuizar a ação diretamente contra o servidor público que praticou o fato. Este servidor somente pode ser responsabilizado pelo dano se for acionado pelo próprio Estado, em ação regressiva, após o Poder Público já ter ressarcido o ofendido.
Para essa corrente, o § 6º do art. 37 da CF/88 prevê tão somente que o lesado poderá buscar diretamente do Estado a indenização pelos prejuízos que seus agentes causaram. Isso não significa, contudo, que o dispositivo proíba a vítima de acionar diretamente o servidor público causador do dano. Dessa forma, quem decide se irá ajuizar a ação contra o agente público ou contra o Estado é a pessoa lesada, não havendo uma obrigatoriedade na CF/88 de que só ajuíze contra o Poder Público. A vítima deverá refletir bastante sobre qual é a melhor opção porque ambas têm vantagens e desvantagens. Se propuser a ação contra o Estado, não terá que provar dolo ou culpa. Em compensação, se ganhar a demanda, será pago, em regra, por meio de precatório. Se intentar a ação contra o servidor, terá o ônus de provar que este agiu com dolo ou
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culpa. Se ganhar, pode ser que o referido servidor não tenha patrimônio para pagar a indenização. Em compensação, o processo tramitará muito mais rapidamente do que se envolvesse a Fazenda Pública e a execução é bem mais simples.
Essa posição foi denominada de tese da dupla garantia, tendo sido adotada há alguns anos em um precedente da 1ª Turma do STF (RE 327904, Rel. Min. Carlos Britto, julgado em 15/08/2006).
Adotada pela 4ª Turma do STJ no REsp 1.325.862-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/9/2013. É a posição também da doutrina majoritária (exs: Celso Antônio Bandeira de Melo, José dos Santos Carvalho Filho).
Processo STJ. 4ª Turma. REsp 1.325.862-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/9/2013.
DIREITO CIVIL
O espólio não tem legitimidade para ajuizar ação de indenização por danos morais decorrentes de ofensa post mortem à imagem e à memória de pessoa
O espólio não tem legitimidade para buscar reparação por danos morais decorrentes de ofensa post mortem à imagem e à memória de pessoa. A legitimidade, nesse caso, é dos herdeiros. Comentários O que é a herança?
A herança é o conjunto de bens deixado pela pessoa falecida. Caracteriza-se, por força de lei, como sendo bem imóvel, universal e indivisível. A herança é formada automaticamente pela morte e somente será dissolvida quando houver a partilha. O que é o espólio? O espólio é o ente despersonalizado que representa a herança em juízo ou fora dele. Mesmo sem possuir personalidade jurídica, o espólio tem capacidade para praticar atos jurídicos (ex: celebrar contratos, no interesse da herança) e tem legitimidade processual (pode estar no polo ativo ou passivo da relação processual) (FARIAS, Cristiano Chaves. et. al., Código Civil para concursos. Salvador: Juspodivm, 2013, p. 1396). Quem representa o espólio em juízo (quem age em nome do espólio)?
Se já houve inventário: o espólio é representado em juízo pelo inventariante.
Se ainda não foi aberto inventário: o espólio é representado pelo administrador provisório (art. 985 do CPC).
Fixados esses conceitos, imagine a seguinte situação hipotética: João, viúvo, pai de Hugo, José e Luiz, faleceu em decorrência de suposta falha no atendimento hospitalar. Foi aberto inventário, tendo Hugo sido nomeado como inventariante. Os filhos decidem contratar um advogado para ajuizar uma ação de indenização contra o hospital pelos danos morais e materiais que eles sofreram com a morte do genitor. O advogado propõe a ação de indenização indicando como autor o espólio.
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O advogado agiu de maneira correta? NÃO. O espólio não tem legitimidade para postular indenização pelos danos materiais e morais supostamente experimentados pelos herdeiros, ainda que se alegue que os referidos danos teriam decorrido de erro médico de que fora vítima o falecido. Na situação exposta, o direito à reparação pelos danos causados com a morte é dos filhos de João por conta de direito próprio deles (e não por um direito que tenha sido transmitido com a herança). Assim, o direito à reparação pela morte de João nada tem a ver com a herança (não foi um bem deixado pelo falecido com a sua morte). Logo, o autor da demanda não deve ser o espólio. Resumindo: o direito no qual se funda a ação é próprio dos herdeiros, e não um direito do de cujus que foi transmitido. Vejamos, ao contrário, duas situações em que a legitimidade seria do espólio: O espólio teria legitimidade para ajuizar a ação se o direito à indenização pertencesse ao falecido e tivesse sido transmitido aos herdeiros com a morte. Ex1: suponhamos que, antes de João falecer, tenha sido publicada uma reportagem no jornal atacando a sua honra. João ajuizou uma ação de indenização contra o periódico, tendo, no entanto, morrido antes que a demanda fosse julgada. Nesse exemplo, considerando a natureza patrimonial do direito de ação por danos morais, esse direito se transmitirá aos herdeiros. Logo, o espólio possui legitimidade para suceder o autor na ação de indenização, operando-se a substituição processual, nos termos do art. 43 do CPC. Ex2: a reportagem foi publicada atacando a honra de João. Ocorre que não deu tempo de ele tomar providências contra o periódico. Nessa hipótese, muito embora se reconheça o caráter pessoal da referida ação, o STJ e a doutrina majoritária consideram que o direito de ação por dano moral é de natureza patrimonial e, como tal, transmite-se aos sucessores da vítima. Logo, o espólio tem legitimidade para intentar a ação de reparação por danos morais. Nesse sentido é o art. 943 do CC e o Enunciado 454 do CJF.
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
Enunciado 454-CJF: Art. 943. O direito de exigir reparação a que se refere o art. 943 do Código Civil abrange inclusive os danos morais, ainda que a ação não tenha sido iniciada pela vítima.
Vale ressaltar que o direito de personalidade da pessoa morta não foi transmitido com a herança. O direito da personalidade extinguiu-se com a morte do titular. O que se transmitiu, nesse caso, foi apenas o direito patrimonial de requerer a indenização. Agora, por fim, uma última hipótese: Suponha que a reportagem atacando a honra de João foi publicada somente após a sua morte. Nesse caso, será possível o ajuizamento de ação de indenização por danos morais? Quem terá legitimidade para figurar no polo ativo: o espólio ou os herdeiros? SIM, será possível a propositura de ação de indenização por danos morais. A legitimidade ativa para essa demanda é dos herdeiros, nos termos do parágrafo único do art. 12 do CC:
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou
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colateral até o quarto grau.
Se o dano ocorre depois da morte do titular, não produz efeitos jurídicos ao morto. Contudo, tal ofensa atinge, indiretamente, os familiares vivos da pessoa morta, caracterizados como “lesados indiretos”. Assim sendo, os herdeiros, considerados como “lesados indiretos” pelas ofensas devem propor a ação em nome próprio. Como explicam Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald: “(...) é um direito reconhecido às pessoas vivas de ter salvaguardada a personalidade dos seus parentes (e do cônjuge ou companheiro) falecidos, sob pena de afronta à sua própria personalidade. Isto porque ao violar a honra, imagem, sepultura etc., de uma pessoa morta, atinge-se, obliquamente (indiretamente, na linguagem do Código Civil), os seus parentes (e o cônjuge ou companheiro) vivos. Bem por isso, os lesados indiretos atuam em nome próprio, defendendo um interesse próprio, consistente na defesa da personalidade de seus parentes (ou de seu cônjuge ou companheiro) falecidos. Agem, pois, por legitimidade ordinária, autônoma, e não em substituição processual.” (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil. Salvador: Juspodivm, 2012, p. 198) Nessa última hipótese, o espólio poderia ingressar com ação de indenização por danos morais? NÃO. O espólio não tem legitimidade para buscar reparação por danos morais decorrentes de ofensa post mortem à imagem e à memória de pessoa. Logo, a legitimidade é dos herdeiros (e não do espólio). Nesse sentido: STJ. 3ª Turma. REsp 1.209.474-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 10/9/2013. Quadro-resumo:
Ofensa a direito da personalidade da pessoa enquanto viva, tendo esta ajuizado ação de indenização, mas falecido antes do trânsito em julgado.
O espólio é legitimado a prosseguir na demanda.
Ofensa a direito da personalidade da pessoa enquanto viva. Esta faleceu sem ter ajuizado a ação.
O espólio é legitimado a propor a ação de indenização.
Ofensa à memória da pessoa já falecida. Os herdeiros (e não o espólio) são legitimados para propor a ação de indenização.
Dor e sofrimento causado pela morte da pessoa. Os herdeiros (e não o espólio) são legitimados para propor a ação de indenização.
Processo STJ. 3ª Turma. REsp 1.209.474-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 10/9/2013.
Foro competente para ação objetivando o DPVAT
Em ação de cobrança objetivando indenização decorrente de DPVAT, constitui faculdade do autor escolher entre os seguintes foros para ajuizamento da ação: a) o do local do acidente; b) o do local do seu domicílio; c) o do local do domicílio do réu. Comentários O DPVAT é um seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de
via terrestre, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não.
Prática forense
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Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos pessoais causados por um veículo automotor, ou por sua carga, em vias terrestres, tem direito a receber a indenização do DPVAT. Isso abrange os motoristas, os passageiros, os pedestres ou, em caso de morte, os seus respectivos herdeiros. Ex: dois carros batem e, em decorrência da batida, acertam também um pedestre que passava no local. No carro 1, havia apenas o motorista. No carro 2, havia o motorista e mais um passageiro. Os dois motoristas morreram. O passageiro do carro 2 e o pedestre ficaram inválidos. Os herdeiros dos motoristas receberão indenização de DPVAT no valor correspondente à morte. O passageiro do carro 2 e o pedestre receberão indenização de DPVAT por invalidez. Para receber indenização, não importa quem foi o culpado. Ainda que o carro 2 tenha sido o culpado, os herdeiros dos motoristas, o passageiro e o pedestre sobreviventes receberão a indenização normalmente.
O DPVAT é regulamentado pela Lei n. 6.194/74. Qual é o valor da indenização de DPVAT prevista na Lei? no caso de morte: R$ 13.500,00 (por vítima) no caso de invalidez permanente: até R$ 13.500 (por vítima) no caso de despesas de assistência médica e suplementares: até R$ 2.700,00 como
reembolso à cada vítima. Feitos esses esclarecimentos, imagine a seguinte situação: Ricardo, que mora em Uberlândia (MG), sofreu um acidente de trânsito em Belo Horizonte (MG), ficou com invalidez permanente e procurou extrajudicialmente a seguradora X, devidamente credenciada, para receber seu DPVAT. A seguradora, que é sediada em São Paulo (SP), negou o pagamento, alegando que faltaram determinados documentos. Em razão disso, Ricardo procura um advogado a fim de ajuizar uma ação contra a seguradora. Essa ação, que é de competência da Justiça Estadual, deverá ser proposta em qual comarca? O autor poderá escolher, dentre três opções, o local onde irá ajuizar a ação: a) no foro do local do acidente (art. 100, parágrafo único do CPC); b) no foro do seu domicílio (art. 100, parágrafo único do CPC); ou c) no foro do domicílio do réu (art. 94 do CPC).
Processo STJ. 2ª Seção. REsp 1.357.813-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/9/2013.
DIREITO DO CONSUMIDOR
Hospital que realiza transfusão de sangue observando todas as cautelas exigidas não é responsável pela contaminação do paciente
O hospital que realiza transfusão de sangue observando todas as cautelas exigidas por lei não é responsável pelo fato de o paciente ter sido contaminado com hepatite C, ainda que se considere que essa contaminação ocorreu por conta do fenômeno da janela imunológica. Comentários Imagine a seguinte situação adaptada:
Roberto realizou uma cirurgia e, após o procedimento, precisou receber uma transfusão de
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sangue. Algum tempo depois, foi diagnosticado que ele contraiu o vírus HCV (hepatite C) por conta da referida transfusão de sangue. Diante disso, Roberto ajuizou ação de indenização por danos morais contra o hospital, afirmando que houve fato do serviço (o serviço foi defeituoso), nos termos do art. 14 do CDC:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Doador de sangue não tinha hepatite Durante a instrução probatória, ficou comprovado que o doador do sangue utilizado na transfusão não tinha hepatite C e que o hospital adotou todas as cautelas exigidas pelos protocolos médicos e hospitalares. Janela imunológica Como os exames do doador, na época, deram negativo, chegou-se a conclusão de que, quando ele foi fazer a doação do sangue, estava em um período de “janela imunológica”. Janela imunológica é um período em que a pessoa já está contaminada pelo vírus e pode transmiti-lo a outras pessoas, mas, apesar disso, os exames feitos ainda não conseguem detectar a doença. Assim, se a pessoa está no período da janela imunológica, o resultado do exame será um falso negativo. Nesse caso concreto, houve defeito na prestação dos serviços por parte do hospital? NÃO. A 4ª Turma do STJ entendeu que o…