Inovacao e Sustentabilidade_Tese Doutorado

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN SETOR DE CINCIAS SOCIAS APLICADAS CENTRO DE PESQUISA E PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO

VANESSA DO ROCIO NAHHAS SCANDELARI

INOVAO E SUSTENTABILIDADE: AMBIDESTRALIDADE E DESEMPENHO SUSTENTVEL NA INDSTRIA ELETROELETRNICA

CURITIBA 2011

VANESSA DO ROCIO NAHHAS SCANDELARI

INOVAO E SUSTENTABILIDADE: AMBIDESTRALIDADE E DESEMPENHO SUSTENTVEL NA INDSTRIA ELETROELETRNICA

Tese apresentada ao Programa de PsGraduao em Administrao, rea de Concentrao Estratgia e Organizaes, do Setor de Cincias Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Paran, como requisito parcial obteno do ttulo de Doutor em Administrao. Orientador: Prof. Dr. Joo Carlos da Cunha

CURITIBA 2011

DEDICATRIA

Dedico este trabalho a meus amados Ana Carolina, Felipe e Nbile, razes da minha vida...

AGRADECIMENTOS

Na pavimentao da estrada que conduziu resposta de algumas de minhas inquietaes e aos problemas de pesquisa abordados nesta tese, contei com a colaborao de muitas pessoas, as quais tornaram esta empreitada vivel e o percurso mais agradvel em razo de sua companhia, apoio, incentivo e orao. Desta forma, a todos os envolvidos neste trabalho, o meu mais sincero Obrigada! Agradeo especialmente... Deus pelo dom da vida e pelos anjos que diariamente tem colocado em meu caminho na forma de familiares, amigos, colegas, professores e alunos. minha me Izolde Nahhas e minhas irms Denise Palma, Eliane Schimidt e Cintia Rodacki pelo apoio incondicional e por terem dividido comigo as tarefas de me ao longo dos ltimos quatro anos. Ao meu pai Adnan Nahhas Bitar (in memorian) pelo exemplo de vida e pelos ensinamentos em relao tenacidade frente aos problemas e desafios impostos pela vida. Ao meu marido Nbile pela compreenso e incentivo e aos meus filhos Felipe e Ana Carolina, pelas horas em que foram privados da companhia da mame. Ao meu orientador, Dr. Joo Carlos da Cunha, pela mo firme e amiga durante a conduo deste trabalho, pela dedicao arte de ensinar e pelos seus eternos questionamentos. Aos professores, funcionrios e colegas do Programa de Ps Graduao em Administrao da Universidade Federal do Paran, pelo adorvel convvio, pelos muitos ensinamentos e pelas amizades ali construdas. Aos colegas do doutorado Israel Ferreira Junior, Bernardo Meyer, Eliane Francisco, Luciano Rossoni, Mrcia Massukado, Julia Graeff, Danielle Mantovani, Katia Hopfer, Edelcio Jacomassi, Simone Crocetti, Elizandra da Silva, Jos Carlos Korelo e Elder Semprebom pelo

companheirismo e amizade. equipe da Tony Pesquisas e amiga e colega de doutorado Simone Crocetti pela colaborao na fase de contato junto as 533 empresas associadas ABINEE. Aos professores Eduardo Damio da Silva (PUC-PR) e Isak Kruglianskas (FEA-USP) pela oportunidade de participar de suas aulas e pelo acolhimento recebido junto aos colegas das disciplinas de Estratgia e Polticas Empresariais e Administrao e o Meio Ambiente. Aos colegas de departamento da Universidade Tecnolgica Federal do Paran (UTFPR) pelo constante incentivo, especialmente agradeo aos professores: Dr. Cezar Augusto Romano, Dr. Wellington Mazer, MSc. Helena Akemi Umezawa e querida Izabel Kruger de Siqueira pelo fundamental apoio a esta empreitada. Associao Brasileira da Indstria Eletroeletrnica (ABINEE-PR) pelo especial apoio e aos gerentes e diretores das empresas do setor eletroeletrnico pela confiana e disponibilizao de seu precioso tempo participao nesta pesquisa. Aos membros da banca de projeto, os professores Dr. Isak Kruglianskas (FEA-USP), Dr. Pedro Jos Steiner Neto (UFPR) e Dr. Slvio Popadiuk (Makenzie), pelas importantes observaes e sugestes em relao a este trabalho. Aos especialistas que colaboram na avaliao das escalas empregadas nesta pesquisa, Dr. Aguinaldo dos Santos (UFPR), Dr. Christian Luiz da Silva (UTFPR), Dr. Eloy Fassi Casagrande Jr. (UTFPR), Dr. Luis Felipe Nascimento (UFRGS), Dr. Walter Tadahiro Shima (UFPR) e Filipe Miguel Cassapo (FIEP). Aos gerentes e empresrios do setor eletroeletrnico que gentilmente participaram do prteste do instrumento de coleta de dados empregado nesta pesquisa. Ao atencioso professor Agostinho Baldin, por sua contribuio na reviso gramatical deste trabalho e dedicada Priscilla Bueno pela reviso da formatao do mesmo.

Os problemas significativos que enfrentamos no podem ser resolvidos pelo mesmo nvel de pensamento que os criou. Albert Einstein (1879-1955).

RESUMO

constante busca pela eficincia operacional, baixo custo e alto padro de qualidade dos produtos por parte das empresas tm se somado demandas ambientais e sociais. Desta forma, a competitividade das organizaes no tem sido avaliada apenas em termos de seu desempenho econmico, mas tambm a partir de aspectos sociais e ambientais, numa perspectiva de longo prazo. Nesse contexto, tecnologia e inovao assumem papel central, pois seu uso estratgico pode ser uma soluo atrativa para obter concomitantemente vantagem competitiva e sustentabilidade. Assim, esse trabalho visa analisar a relao entre gesto de tecnologia e inovao e a sustentabilidade nas organizaes. Para esse propsito, tecnologia e inovao foram abordadas por meio da estratgia empregada pelas organizaes ambidestras, as quais investem tanto na melhoria de tecnologias correntes (exploitation inovaes incrementais), quanto em novas tecnologias (exploration - inovaes radicais) a fim de conquistar vantagem competitiva imediata e futura. Aps elaborao de referencial terico acerca de organizaes ambidestras e desenvolvimento sustentvel esses dois construtos foram integrados em um modelo conceitual. No modelo foram investigadas: (a) as relaes entre a estratgia competitiva, posse de certificao ISO 9001:2008, conduo formal de atividades de P&D e a ambidestralidade organizacional, bem como, (b) a relao entre ambidestralidade e a tendncia sustentabilidade. Para estudar essas relaes, dados foram coletados junto a companhias do setor eletroeletrnico brasileiro. Inicialmente, um estudo mltiplo de casos foi realizado junto a trs destacadas empresas do setor eletroeletrnico, no qual se procurou aproximar da realidade do setor, apreender a forma como as organizaes tm conduzido seus processos de inovao e agregado a sustentabilidade suas atividades. Alm disso, o estudo de caso tambm buscou verificar a adequao do instrumento de coleta de dados destinado anlise quantitativa da tese. Na sequncia, com o propsito de obter dados que viabilizassem a investigao das relaes entre as variveis envolvidas no estudo, uma survey foi conduzida junto a 131 empresas vinculadas Associao Brasileira da Indstria Eltrica e Eletrnica (ABINEE). Por meio do emprego das tcnicas estatsticas de Anlise de Cluster, Anlise de Varincia e Teste-t, um conjunto composto por treze hipteses construdas a partir do referencial terico foi avaliado, indicando a existncia de relao entre a ambidestralidade e a tendncia sustentabilidade nas organizaes.

Palavras-chave: Inovao. Organizaes ambidestras. Sustentabilidade.

ABSTRACT

To the constant search for companies operational efficiency, low costs and high quality standards of the products, environmental and social demands have been aggregated. Therefore, competitiveness has not been only assessed with respect to the economic performance, but also based on social and environmental aspects, in a long-term perspective. In this context, technology and innovation assume a central role, as its strategic use may be an attractive solution to achieve competitive advantage and sustainability. Thus, this work aims to analyze the relationship between technology and innovation management and organizations sustainability. For this purpose, technology and innovation are approached through a strategy used by ambidextrous organizations that invest in current technology improvements (exploitation - incremental innovations) as well as invest in new technologies (exploration - radical innovations) in an attempt to obtain immediate and future competitiveness advantage. After the developing of a theoretical framework about ambidextrous organizations and sustainable development, ambidexterity and sustainability constructs were integrated into a conceptual model. The conceptual model examines: (a) the relationship between competitive strategy, ISO 9001:2008 certification, formal R & D management and ambidextrality, as well as (b) the relationship between ambidextrality and the trend towards sustainability. To investigate these relationships, data were collected from companies from the electronics sector in Brazil. Initially, it was performed a multiple case study involved three leading companies which aimed to access the reality of the sector, learn how the organizations have managed their innovation processes and aggregated sustainability in its activities. In addition, it was aimed to verify the adequacy of the data collection instrument designed to develop the quantitative analysis of this study. Following, in order to obtain data that allowed us to investigate the existence of a relationship between the variables involved in the study, a survey was conducted among 131 companies linked to the Brazilian Association of Electrical and Electronics Industry (ABINEE). Cluster analyzes, analysis of variation and t-tests were applied to investigate a set of thirteen hypotheses that were derived from the theoretical framework, its results indicates the existence of a relationship between ambidextrality and the trend towards sustainability.

Keywords: Innovation. Ambidextrality. Sustainability.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo conceitual da pesquisa ................................................................................ 30 Figura 2 - Estrutura e delineamento do estudo ......................................................................... 45 Figura 3 - Posio relativa entre os conceitos abordados na pesquisa ..................................... 46 Figura 4 - Relao entre a tradicional anlise Foras-fraquezas-oportunidades-ameaas, o modelo baseado em recursos e o modelo de atratividade industrial......................................... 47 Figura 5 - A cadeia de lucro ..................................................................................................... 49 Figura 6 - Curva S de tecnologia .......................................................................................... 51 Figura 7 - Curva S prescritiva de mudana de tecnologia .................................................... 52 Figura 8 - O ciclo da tecnologia ............................................................................................... 53 Figura 9 - Ciclos da tecnologia ao longo do tempo.................................................................. 53 Figura 10 - Alinhamento como armadilha gerencial: a sndrome do sucesso .......................... 57 Figura 11 - Padres de inovao ao longo do tempo................................................................ 59 Figura 12 - Ciclo de aprendizagem e sua relao com exploration e exploitation................... 60 Figura 13 - Postura em relao inovao (exploration x exploitation) e as estratgias competitivas genricas.............................................................................................................. 66 Figura 14 - Caracterizao de organizaes ambidestras ......................................................... 66 Figura 15 - Estrutura da organizao ambidestra (dual)........................................................... 68 Figura 16 - Relao entre contexto, ambidestralidade e desempenho organizacional ............. 70 Figura 17 - Evoluo da temtica socioambiental no mundo corporativo ............................... 83 Figura 18 - As dimenses do desenvolvimento sustentvel ..................................................... 84 Figura 19 - Representao atomista-mecanicista da relao entre as esferas econmica, social e ecolgica ................................................................................................................................ 88 Figura 20 - Representao coevolucionria da relao interdependente entre as esferas econmica, social e ecolgica .................................................................................................. 89 Figura 21 - Ao e reao das atividades econmicas sobre o capital natural......................... 91 Figura 22 - A estrutura de valor sustentvel............................................................................. 99 Figura 23 - Elementos essenciais da estratgia de P+L.......................................................... 102 Figura 24 - Produo Mais Limpa e a sua relao com abordagens semelhantes.................. 104 Figura 25 - Produo Mais Limpa - Nveis de interveno.................................................... 105 Figura 26 - Oportunidades para a ecoeficincia ..................................................................... 107 Figura 27 - Estrutura Lowell .................................................................................................. 127

Figura 28 - Relao entre os construtos.................................................................................. 133 Figura 29 - Modelo terico expandido ........................................................................... 139, 146 Figura 30 - Modelo de mensurao ........................................................................................ 147 Figura 31 - Caracterizao de organizaes ambidestras a partir da composio entre atividades inovadoras radicais e incrementais (Clusters) ....................................................... 149 Figura 32 - Abordagem de replicao aos estudos de caso .................................................... 160 Figura 33 - Escala empregada no questionrio para mensurar a intensidade de adoo de prticas relacionadas inovao e sustentabilidade ............................................................ 167 Figura 34 - Esquema analtico dos dados quantitativos ......................................................... 172 Figura 35 - Guia de eletrnicos verdes................................................................................... 184 Figura 36 - Centros de pesquisa e desenvolvimento da Nokia............................................... 187 Figura 37 - Evoluo histrica das aes desenvolvidas pela Philips em relao s dimenses econmica, social e ambiental do desenvolvimento sustentvel............................................ 195 Figura 38 - O biograma empresarial....................................................................................... 195 Figura 39 - Modelo de relacionamento com stakeholders ..................................................... 196 Figura 40 - Critrios do programa EcoVision (Green Focal reas)...................................... 198 Figura 41 - Green Flagship - Smbolo atribudo a produtos considerados ecoeficientes ...... 198 Figura 42 - Exemplos da ecoeficincia obtida pelas TVs da Philips...................................... 200 Figura 43 - A sustentabilidade e as partes interessadas.......................................................... 207 Figura 44 - Sistema de gesto da sunstentabilidade da Samsung.......................................... 208 Figura 45 - Estrutura de ecogesto ......................................................................................... 210 Figura 46 - Grficos de avaliao da normalidade para o indicador Q3_1 do desempenho social....................................................................................................................................... 243 Figura 47 - Grficos de avaliao da normalidade para o indicador Q3_2 do desempenho social....................................................................................................................................... 243 Figura 48 - Resultado da anlise de cluster............................................................................ 252 Figura 49 - Mdias e intervalo de confiana do desempenho ambiental, social e econmico ................................................................................................................................................ 255

LISTA DE GRFICOS

Grfico 1 - Porte das organizaes participantes da pesquisa (em funo do nmero de empregados)............................................................................................................................ 221 Grfico 2 - Tempo de existncia das organizaes componentes da amostra estudada......... 222 Grfico 3 - Composio do capital das empresas da amostra ................................................ 222 Grfico 4 - Forma de conduo das atividades de P&D (alternativas mltiplas, no excludentes) ............................................................................................................................ 223 Grfico 5 - Montante de empresas que desenvolvem P&D externamente e/ou internamente224 Grfico 6 - Segmentao da empresas que desenvolvem P&D exclusivamente externamente ................................................................................................................................................ 224 Grfico 7 - Montante de empresas que desenvolvem P&D exclusivamente com outras empresas, universidades ou laboratrios de pesquisa............................................................. 225 Grfico 8 - Estrutura empregada em atividades de P&D incremental e radical..................... 226 Grfico 9 - Mercado de atuao das empresas participantes da survey.................................. 226 Grfico 10 - Nacionalidade das empresas participantes da pesquisa ..................................... 227 Grfico 11 - Tempo de atuao dos respondentes nas empresas participantes da pesquisa... 227 Grfico 12 - Funo desempenhada pelos participantes da pesquisa..................................... 228 Grfico 13 - Intensidade com que aes relacionadas dimenso social do desenvolvimento sustentvel so ........................................................................................................................ 235 Grfico 14 - Intensidade com que aes relacionadas dimenso ambiental do desenvolvimento sustentvel so praticas pelas organizaes investigadas .......................... 238 Grfico 15 - Intensidade com que aes relacionadas dimenso econmica do desenvolvimento sustentvel so praticadas pelas organizaes investigadas....................... 241 Grfico 16 - Scree Plot do construto Desempenho Ambiental .............................................. 247 Grfico 17 - Mdia de desempenho econmico, social e ambiental para os agrupamentos determinados em funo de atividades de exploration e exploitation.................................... 256 Grfico 18 - Mdia dos fatores componentes do construto Desempenho Social ................... 258 Grfico 19 - Mdia dos fatores componentes do construto desempenho ambiental .............. 259 Grfico 20 - Mdia dos fatores componentes do construto desempenho econmico ............ 259 Grfico 21 - Mdias de desempenho ambiental e social para empresas certificadas e no certificadas ISO 14001 e OHAS 18001.................................................................................. 271 Grfico 22 - Mdias de capacidade de exploration e exploitation para empresas de capital

aberto e fechado...................................................................................................................... 274 Grfico 23 - Mdias de capacidade de exploration e exploitation para empresas internacionalizadas e no internacionalizadas........................................................................ 275 Grfico 24 - Mdias de capacidade de exploration e exploitation para empresas de diferentes portes ...................................................................................................................................... 277 Grfico 25 - Mdias de capacidade de exploration e exploitation para empresas de diferentes idades ...................................................................................................................................... 279 Grfico 26 - Categoria e porte da empresa versus desempenho social .................................. 280 Grfico 27 - Categoria e porte da empresa versus desempenho ambiental ............................ 281 Grfico 28 - Categoria e porte da empresa versus desempenho econmico .......................... 282 Grfico 29 - Categoria e faixa etria da empresa versus desempenho social......................... 283 Grfico 30 - Categoria e faixa etria da empresa versus desempenho ambiental .................. 284 Grfico 31 - Categoria e faixa etria da empresa versus desempenho econmico................. 285 Grfico 32 - Categoria e estrutura de capital da empresa versus desempenho social ............ 286 Grfico 33 - Categoria e estrutura de capital da empresa versus desempenho ambiental...... 287 Grfico 34 - Categoria e estrutura de capital da empresa versus desempenho econmico .... 288 Grfico 35 - Categoria e internacionalizao da empresa versus desempenho social............ 289 Grfico 36 - Categoria e internacionalizao da empresa versus desempenho ambiental ..... 290 Grfico 37 - Categoria e internacionalizao da empresa versus desempenho econmico ... 291 Grfico 38 - Formato organizacional empregado para desenvolver atividades relacionadas s inovaes radicais e incrementais........................................................................................... 295 Grfico 39 - Relao entre categoria de empresa e configurao organizacional para a inovao.................................................................................................................................. 296 Grfico 40 - Empresas que separam atividades de exploration das de exploitation .............. 296

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Trabalhos desenvolvidos sobre Organizaes Ambidestras - atividades de exploration e exploitation......................................................................................................... 44 Quadro 2 - Mudana tecnolgica versus estratgia competitiva .............................................. 48 Quadro 3 - Caractersticas da inovao exploratory e exploitative .......................................... 65 Quadro 4 - Foco e capacidades demandadas na conduo de operaes correntes (exploitation) e exploratrias (exploration).............................................................................. 71 Quadro 5 - Escala desenvolvida por He e Wong (2004) para captar o grau de ambidestria das organizaes ............................................................................................................................. 72 Quadro 6 - Escala de Jansen, Van Den Bosch e Volberda (2006) para mensurar inovaes exploratorye exploitative .......................................................................................................... 73 Quadro 7 - Escala desenvolvida por Lubatkin et al. (2006) para mensurar grau de atividades referentes exploration e exploitation ..................................................................................... 75 Quadro 8 - Histrico dos eventos sobre desenvolvimento sustentvel no sculo XX ............. 82 Quadro 9 - Conceitos para desenvolvimento sustentvel......................................................... 86 Quadro 10 - As cinco dimenses do desenvolvimento sustentvel segundo Sachs (1993) ..... 95 Quadro 11 - Gesto ambiental na empresa - abordagens ......................................................... 97 Quadro 12 - reas que possibilitam a melhoria da ecoeficincia .......................................... 108 Quadro 13 - Aspectos da produo sustentvel segundo o LCSP.......................................... 109 Quadro 14 - Objetivos perseguidos na implantao da produo sustentvel ....................... 111 Quadro 15 - Princpios preconizados pelo Pacto Global........................................................ 113 Quadro 16 - Linhas de atuao do Instituto Ethos.................................................................. 114 Quadro 17 - Indicadores Ethos ............................................................................................... 116 Quadro 18 - Princpios de Bellagio para auxiliar na criao de indicadores de desenvolvimento sustentvel .................................................................................................. 119 Quadro 19 - Vantagens e limitaes para uso de ndices e indicadores no processo de tomada de deciso ............................................................................................................................... 119 Quadro 20 - Principais metodologias para mensurar o desenvolvimento sustentvel segundo Bellen (2002) .......................................................................................................................... 122 Quadro 21 - Indicadores do Perform...................................................................................... 126 Quadro 22 - Indicadores e mtricas indicados pela Produo Sustentvel ............................ 131 Quadro 23 - Autores consultados sobre o tema organizaes ambidestras ............................ 133

Quadro 24 - Autores consultados sobre o tema desenvolvimento sustentvel....................... 134 Quadro 25 - Organizaes consultadas sobre o tema desenvolvimento sustentvel.............. 134 Quadro 26 - Categorias analticas envolvidas na pesquisa..................................................... 148 Quadro 27 - Escala empregada para mensurar o construto capacidade de exploration ......... 150 Quadro 28 - Escala empregada para mensurar o construto capacidade de exploitation......... 151 Quadro 29 - Escala comparativa de desempenho econmico organizacional em relao ao principal concorrente .............................................................................................................. 152 Quadro 30 - Escala de mensurao do construto desempenho ambiental organizacional ..... 153 Quadro 31 - Escala proposta para a mensurao do desempenho social organizacional ....... 155 Quadro 32 - Classificao do porte de empresas em funo do nmero de empregados....... 155 Quadro 33 - Matriz de amarrao entre o referencial terico, objetivos da pesquisa e as aes desenvolvidas para atingi-los.................................................................................................. 181 Quadro 34 - Aes no plano da responsabilidade individual, social, ambiental e econmica ................................................................................................................................................ 197 Quadro 35 - Resultados obtidos pelo programa EcoVision ................................................... 199 Quadro 36 - Misso Global da Samsung ................................................................................ 204 Quadro 37 - Valores centrais da Samnsung........................................................................... 205 Quadro 38 - Sntese das hipteses e resultados ...................................................................... 299

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Mdia, desvio padro, assimetria e curtose dos indicadores componentes do construto exploration.............................................................................................................. 231 Tabela 2 - Mdia, desvio padro, assimetria e curtose dos indicadores componentes do construto exploitation ............................................................................................................. 233 Tabela 3 - Mdia, desvio padro, assimetria e curtose dos indicadores do construto desempenho social.................................................................................................................. 234 Tabela 4 - Mdia, desvio padro, assimetria e curtose dos indicadores do construto desempenho ambiental ........................................................................................................... 236 Tabela 5 - Mdia, desvio padro, assimetria e curtose dos indicadores do construto desempenho econmico.......................................................................................................... 240 Tabela 6 - AFE e teste de confiabilidade para o construto ambidestralidade......................... 245 Tabela 7 - AFE e Teste de Confiabilidade para o construto Desempenho Social.................. 246 Tabela 8 - AFE e teste de confiabilidade para o construto desempenho ambiental ............... 248 Tabela 9 - AFE e Teste de Confiabilidade para o construto Desempenho Econmico.......... 249 Tabela 10 - Mdia Amostral das capacidades de exploration e exploitation e dos desempenhos ambiental, social e econmico................................................................................................ 251 Tabela 11 - Centro dos agrupamentos .................................................................................... 253 Tabela 12 - Teste de diferena entre mdias de desempenho ambiental, social e econmico de empresas conservadoras, com foco em exploitation, com foco em exploration e ambidestras ................................................................................................................................................ 253 Tabela 13 - Correlao entre ambidestralidade e desempenho econmico............................ 260 Tabela 14 - Correlao entre ambidestralidade e desempenho ambiental.............................. 261 Tabela 15 - Correlao entre ambidestralidade e desempenho social .................................... 262 Tabela 16 - Teste de diferena entre mdias para capacidade de exploration e exploitation de empresas com estratgia competitiva de liderana em custos e em diferenciao................. 264 Tabela 17 - Teste de diferena entre mdias para capacidade de exploration e exploitation de empresas certificadas e no certificadas ISO 9001:2008 ....................................................... 267 Tabela 18 - Teste de diferena entre mdias para capacidade de exploration e exploitation de empresas que conduzem e no conduzem atividades formais de P&D.................................. 269 Tabela 19 - Teste de diferena entre mdias para o desempenho ambiental e social de empresas que respectivamente possuem ou no certificao ISO 14001 e OHAS 18001 ..... 271

Tabela 20 - Teste de diferena entre mdias de capacidade de exploration e exploitation de empresas de capital aberto e fechado ..................................................................................... 273 Tabela 21 - Teste de diferena entre mdias de capacidade de exploration e exploitation de empresas internacionalizadas no internacionalizadas........................................................... 275 Tabela 22 - Teste de diferena entre mdias de capacidade de exploration e exploitation de empresas com diferentes portes.............................................................................................. 276 Tabela 23 - Teste de diferena entre mdias de capacidade de exploration e exploitation de empresas com diferentes idades ............................................................................................. 278 Tabela 24 - Verificao da interferncia das variveis intervenientes sobre o desempenho ambiental, social e econmico de cada categoria de empresas .............................................. 292

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABINEE ABNT AFE ANOVA ANPAD BNDES BS CEBDS CERES CGSDI CMMAD CNTL DC DJSI DO ERIM FBDS FIEP GEE GEMI GM GRI ICLEI IDRC IDS ISAE/FGV ISE ISO IUCN KMO

-Associao Brasileira da Indstria Eltrica e Eletrnica -Associao Brasileira de Normas Tcnicas -Anlise fatorial exploratria -Anlise de varincia -Associao Nacional de Ps-Graduao e Pesquisa em Administrao -Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social -British Standards -Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentvel -American Coalition for Environmentally Responsible Economies -Consultative Group on Sustainable Development Indicators -Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento -Centro Nacional de Tecnologias Limpas -Definio constitutiva -Dow Jones Sustentainability Index -Definio operacional -Research Institute of Management -Fundao Brasileira para o Desenvolvimento Sustentvel -Federao das Indstrias do Estado do Paran -Gases do efeito estufa -Global Environmental Management Initiative General Motors -Global Reporting Initiative -Local Governments for Sustainability -The International Development Research Centre -Indicadores de Desenvolvimento Sustentvel -Instituto Superior de Administrao e Economia - Fundao Getlio Vargas -ndice de Sustentabilidade Empresarial da BOVESPA -International Organization for Standarization -The World Conservation Unit -Kaiser-Meyer-Olkin

LCSP MCT MIT NBR OCDE OHSAS OIT ONU P&D PNUMA PROCEL RFID RSE SA SEBRAE SEMEAD SENAI Sig SPRU SPSS TQEM TQM UFPR UFRGS UNEP UNEP UTFPR VD VI VW WBCSD

-Lowell Center for Sustainable Production -Ministrio da Cincia e Tecnologia -Instituto de Tecnologia de Massachusetts -Norma brasileira -Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico -Occupational Health and Safety Advisory Services -Organizao Internacional do Trabalho -Organizao das Naes Unidas -Pesquisa e desenvolvimento -Programa das Naes Unidas para o Meio ambiente -Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica -Identificao ativa por rdio frequncia -Responsabilidade social empresarial -Social Accountability -Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas -Seminrios em Administrao -Servio Nacional de Aprendizagem Industrial -Nvel de significncia -Science and Technology Policy Research -Statistical Package for the Social Sciences -Total Quality Environmental Management -Total Quality Management -Universidade Federal do Paran -Universidade Federal do Rio Grande do Sul -Programa Ambiental das Naes Unidas -United Nations Environment Program -Universidade Tecnolgica Federal do Paran -Varivel dependente -Varivel independente -Volkswagen -World Business Council for Sustainable Development

SUMRIO

1 INTRODUO ................................................................................................................... 24 1.1 FORMULAO DO PROBLEMA DE PESQUISA ........................................................ 30 1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA ............................................................................................ 31 1.2.1 Objetivo geral................................................................................................................. 31 1.2.2 Objetivos especficos...................................................................................................... 31 1.3 JUSTIFICATIVA TERICA............................................................................................. 32 1.4 JUSTIFICATIVA PRTICA ............................................................................................. 33 1.5 ESTADO DA ARTE .......................................................................................................... 35 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................................... 45 2 QUADRO TERICO DE REFERNCIA ....................................................................... 46 2.1 O IMPACTO DA INOVAO NA OBTENO DE VANTAGEM COMPETITIVA E DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL NAS ORGANIZAES ............................. 47 2.1.1 O papel da tecnologia e da inovao frente s estratgias competitivas................... 47 2.1.2 Inovaes disruptivas e sustentadoras e a trajetria das tecnologias ....................... 51 2.2 ORGANIZAES AMBIDESTRAS................................................................................ 54 2.2.1 A dinmica das atividades exploitation e exploration ................................................. 55 2.2.2 Definio e relao entre atividades de exploitation e exploration ............................ 61 2.2.2.1 Exploitation - aproveitamento das capacidades atuais ................................................. 62 2.2.2.2 Exploration - prospeco de novas capacidades .......................................................... 63 2.2.2.3 O balanceamento entre exploration e exploitation ....................................................... 65 2.2.3 Estrutura organizacional .............................................................................................. 67 2.2.3.1 Estrutura organizacional ambidestra - estrutura dual ................................................... 67 2.2.3.2 Contexto ambidestro..................................................................................................... 68 2.2.4 Resumo das caractersticas, do foco e das capacidades requeridas paras as tarefas de exploration e exploitation ................................................................................................... 70 2.2.5 Indicadores desenvolvidos para apurar a capacidade ambidestra das organizaes .................................................................................................................................................. 71 2.2.5.1 Escala desenvolvida por He e Wong (2004) ................................................................ 72 2.2.5.2 Escala desenvolvida por Jansen, Van Den Bosch e Volberda (2006) .......................... 72 2.2.5.3 Escala desenvolvida por Lubatkin et al. (2006) ........................................................... 74 2.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL ....................................................................... 75

2.3.1 Problemas decorrentes do desenvolvimento insustentvel ........................................ 76 2.3.2 Aspectos histricos do desenvolvimento sustentvel .................................................. 79 2.3.3 Desenvolvimento sustentvel - aspectos conceituais e relaes entre suas esferas .. 83 2.3.4 Dimenses do desenvolvimento sustentvel ................................................................ 89 2.3.4.1 Dimenso social da sustentabilidade ............................................................................ 89 2.3.4.2 Dimenso ambiental (ecolgica) da sustentabilidade................................................... 90 2.3.4.3 Dimenso econmica da sustentabilidade .................................................................... 93 2.3.4.4 Dimenso geogrfica (espacial) da sustentabilidade .................................................... 94 2.3.4.5 Dimenso cultural da sustentabilidade ......................................................................... 94 2.3.4.6 Sntese das dimenses da sustentabilidade propostas por Sachs.................................. 94 2.3.5 Iniciativas e modelos em prol do desenvolvimento sustentvel corporativo............ 96 2.3.5.1 Abordagens para a gesto ambiental na empresa com foco na sustentabilidade.......... 96 2.3.5.2 Modelos de gesto e de produo com foco na dimenso Ambiental........................ 100 2.3.5.3 A responsabilidade social na gesto das empresas..................................................... 111 2.3.6 A Agenda 21 e a proposio do desenvolvimento de indicadores para a sustentabilidade .................................................................................................................... 116 2.3.7 Mensurao do desenvolvimento sustentvel - metodologias adotadas para a obteno de indicadores, ndices e relatrios de sustentabilidade ................................... 120 2.3.7.1 Ecological Footprint, Dashboard of sustainability e Barometer of Sustainability.... 121 2.3.7.2 ndice Dow Jones de sustentabilidade (DJSI) ............................................................ 123 2.3.7.3 Global Report Initiative (GRI) ................................................................................... 123 2.3.7.4 PERFORM - Sustainability Performance Benchmarking .......................................... 124 2.3.7.5 Indicadores da produo sustentvel .......................................................................... 126 2.4 SNTESE DA REVISO TERICA............................................................................... 132 3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS ................................................................... 136 3.1 ESPECIFICAO DO PROBLEMA DE PESQUISA ................................................... 136 3.1.1 Perguntas de pesquisa ................................................................................................. 136 3.2 O MODELO TERICO DA TESE E AS HIPTESES DA PESQUISA ....................... 138 3.2.1 Modelo terico da pesquisa......................................................................................... 138 3.2.2 Hipteses da pesquisa.................................................................................................. 140 3.3 DESENHO DA PESQUISA............................................................................................. 145 3.4 CATEGORIAS ANALTICAS ENVOLVIDAS NO ESTUDO ..................................... 148 3.4.1 Definio constitutiva e operacional das categorias analticas (DC e DO)............ 148 3.5 DELINEAMENTO E DELIMITAO DA PESQUISA ............................................... 158

3.5.1 Abordagem epistemolgica......................................................................................... 158 3.5.2 Mtodos de pesquisa empregados na tese ................................................................. 159 3.5.3 Perspectiva temporal................................................................................................... 162 3.5.4 Natureza do estudo ...................................................................................................... 162 3.5.5 Nvel e unidade de anlise........................................................................................... 162 3.5.6 Populao e amostragem............................................................................................. 163 3.5.7 Coleta de dados ............................................................................................................ 164 3.5.7.1 Origem dos dados ....................................................................................................... 164 3.5.7.2 Instrumento de coleta de dados .................................................................................. 166 3.5.8 O tratamento dos dados .............................................................................................. 169 3.5.8.1 Dados da pesquisa qualitativa - estudos de caso ........................................................ 170 3.5.8.2 Dados da pesquisa quantitativa survey .................................................................... 170 3.6 MATRIZ DE AMARRAO ENTRE OBJETIVOS, REFERENCIAL TERICO E METODOLOGIA................................................................................................................... 173 4 TRATAMENTO E ANLISE DOS DADOS ................................................................. 182 4.1 ETAPA QUALITATIVA - ESTUDO MLTIPLO DE CASOS .................................... 182 4.1.1 Caso 1 - Empresa NOKIA .......................................................................................... 183 4.1.1.1 Histrico e caracterizao da empresa........................................................................ 183 4.1.1.2 O processo de inovao e o balanceamento entre atividades de exploration e exploitation na Nokia ............................................................................................................. 185 4.1.1.3 A sustentabilidade na Nokia ....................................................................................... 187 4.1.1.4 Tecnologias e aes em prol da sustentabilidade ....................................................... 189 4.1.2 Caso 2 PHILIPS........................................................................................................ 190 4.1.2.1 Histrico e caracterizao da empresa........................................................................ 190 4.1.2.2 O Processo de inovao e o balanceamento entre atividades de exploration e exploitation na Philips ............................................................................................................ 192 4.1.2.3 A sustentabilidade na Philips...................................................................................... 194 4.1.2.4 Tecnologias e aes em prol da sustentabilidade ....................................................... 197 4.1.3 Caso 3 SAMSUNG.................................................................................................... 203 4.1.3.1 Histrico e caracterizao da empresa........................................................................ 203 4.1.3.2 Processo de inovao e balanceamento entre atividades de exploration e exploitation na Samsung............................................................................................................................. 206 4.1.3.3 A sustentabilidade na Samsung .................................................................................. 207 4.1.3.4 Tecnologias e aes em prol da sustentabilidade ....................................................... 209

4.1.4 Anlise e sntese do estudo mltiplo de casos............................................................ 211 4.1.4.1 A abordagem dos temas inovao e sustentabilidade pelas estratgias e valores das empresas estudadas................................................................................................................. 212 4.1.4.2 O processo de inovao e capacitao tecnolgica nas organizaes estudadas ....... 213 4.1.4.3 A sustentabilidade nas organizaes investigadas...................................................... 215 4.1.4.4 A integrao entre inovao e sustentabilidade e seu reflexo sobre os resultados..... 217 4.1.4.5 Implicaes para a etapa quantitativa da tese - instrumento de coleta de dados ........ 218 4.2 ETAPA QUANTITATIVA - SURVEY CROSS SECTION .............................................. 219 4.2.1. Caracterizao da amostra de empresas do setor eletroeletrnico participantes da survey ..................................................................................................................................... 220 4.2.2 Preparao da base de dados para as anlises multivariadas ................................. 228 4.2.2.1 Valores ausentes e outliers ......................................................................................... 229 4.2.2.2 Mdia, desvio padro, assimetria e curtose dos indicadores empregados (escalas)... 230 praticas pelas organizaes investigadas................................................................................ 235 4.2.2.3 Normalidade e linearidade.......................................................................................... 241 4.2.2.4 Avaliao da consistncia interna das escalas empregadas na pesquisa .................... 244 4.2.3 Determinao das capacidades de exploration e exploitation e dos desempenhos ambiental, social e econmico da amostra estudada ......................................................... 250 4.2.4 Caracterizao das empresas em funo de suas capacidades de exploration e exploitation proposta de taxonomia ................................................................................. 251 4.2.5 Anlise da relao entre ambidestralidade e a tendncia sustentabilidade ........ 253 4.2.5.1 Relao entre ambidestralidade e desempenho econmico - Hiptese H1 ................. 260 4.2.5.2 Relao entre ambidestralidade e desempenho ambiental - Hiptese H2 ................... 261 4.2.5.3 Relao entre ambidestralidade e desempenho social - Hiptese H3 ......................... 262 4.2.6 Relao entre as caractersticas organizacionais e a capacidade de exploration e de exploitation............................................................................................................................. 263 4.2.6.1 Relao entre a estratgia competitiva na liderana em custos ou na diferenciao e a capacidade de exploration e de exploitation - Hipteses H4A, H4B, H5A e H5B ...................... 263 4.2.6.2 Relao entre posse de certificao NBR ISO 9001:2008 e a capacidade de exploration e de exploitation - Hipteses H6A e H6B .............................................................. 266 4.2.6.3 Relao entre a conduo de atividades formais de P&D e a capacidade de exploration e de exploitation - Hipteses H7A e H7B ................................................................................. 268 4.2.7 Relao entre a posse de certificaes NBR ISO 14001: 2004, OHSAS 18001:2007 e os respectivos desempenhos ambiental e social das organizaes - Hipteses H8 e H9 .. 270

4.2.8 Interferncia das variveis intervenientes sobre a capacidade de exploration e de exploitation............................................................................................................................. 272 4.2.8.1 Interferncia da estrutura de capital sobre a capacidade de exploration e de exploitation das empresas....................................................................................................... 273 4.2.8.2 Interferncia da internacionalizao sobre a capacidade de exploration e de exploitation das organizaes................................................................................................. 274 4.2.8.3 Interferncia do porte sobre a capacidade de exploration e de exploitation das organizaes ........................................................................................................................... 276 4.2.8.4 Interferncia da faixa etria sobre a capacidade de exploration e de exploitation das organizaes ........................................................................................................................... 278 4.2.9 Verificao da interferncia das variveis intervenientes sobre a relao entre a ambidestralidade e as dimenses do desenvolvimento sustentvel .................................. 279 4.2.9.1 Interferncia do porte sobre a relao entre ambidestralidade e desempenho social, ambiental e econmico de empresas ...................................................................................... 280 4.2.9.2 A interferncia da faixa etria sobre a relao entre ambidestralidade e o desempenho social, ambiental e econmico de empresas ........................................................................... 283 4.2.9.3 Interferncia da estrutura de capital sobre a relao entre ambidestralidade e o desempenho social, ambiental e econmico de empresas ...................................................... 285 4.2.9.4 Interferncia da Internacionalizao sobre a relao entre ambidestralidade e o desempenho social, ambiental e econmico das empresas..................................................... 288 4.2.9.5 Verificao da interferncia das variveis intervenientes sobre as dimenses do desenvolvimento sustentvel para cada categoria de empresa ............................................... 291 4.2.10 Relao entre a arquitetura organizacional a ambidetralidade das organizaes ................................................................................................................................................ 294 5 DISCUSSES E CONCLUSES .................................................................................... 297 5.1 CONCLUSES SOBRE OS OBJETIVOS DE PESQUISA E HIPTESES.................. 297 5.2 RESULTADOS E IMPLICAES TERICAS DO ESTUDO..................................... 299 5.3 IMPLICAES GERENCIAIS....................................................................................... 303 5.4 LIMITAES DO ESTUDO .......................................................................................... 305 5.5 SUGESTES PARA ESTUDOS FUTUROS.................................................................. 307 REFERNCIAS ................................................................................................................... 308 ANEXOS ............................................................................................................................... 324

24 1 INTRODUO

O sucesso das organizaes tem sido atribudo de maneira crescente ao adequado emprego da tecnologia1 (NELSON; WINTER, 1982; DOSI, 1988; BURGELMAN; CHRISTENSEN; WHEELWRIGHT, 2004; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Devido ao importante papel desempenhado pela tecnologia na otimizao de processos, no aprimoramento de produtos2 e no desenvolvimento de novas solues, ela tem figurado como uma das variveis mais influentes na competitividade das empresas, sendo considerada: (a) vital concretizao de estratgias competitivas de diferenciao ou de liderana no custo de produtos (PORTER, 1980); (b) responsvel pela caracterizao da postura estratgica das empresas frente ao mercado como defensoras ou prospectoras (MILES; SNOW, 1978) e (c) recurso central e capacidade dinmica fundamental construo e manuteno da vantagem competitiva organizacional (PENROSE, 1959; WERNERFELT, 1984; BARNEY, 1991; PETERAF, 1993; TEECE; PISANO; SHUEN, 1997). Assim, em funo de seu carter dinmico e transversal, a tecnologia h tempos vem despertando interesse tanto no mundo corporativo, quanto no mundo acadmico, no qual estudos subjacentes s relaes entre tecnologia, inovao, competitividade e desempenho econmico tm-se multiplicado (CUNHA, 1994; KRUGLIANSKAS, 1996; SBRAGIA; ANDREASSI; CAMPANRIO; STAL, 2006; TIGRE, 2006; ANDREASSI, 2007; ZAWISLAK; BORGES; WEGNER; SANTOS; CASTRO-LUCAS, 2008). Uma das correntes que tm pesquisado a gesto da tecnologia e da inovao defende que a manuteno da vantagem competitiva de uma organizao decorrente de sua capacidade de balancear esforos entre: (a) a explorao e melhoria das tecnologias atualmente empregadas pela empresa (exploitation - inovao incremental) e (b) a prospeco e investimento em tecnologias emergentes (exploration - inovao radical). Esta capacidade organizacional, denominada como ambidestralidade3, foi inicialmente pesquisada por Duncan (1976) e March (1981) no contexto de aprendizagem organizacional e atualmente tem sido objeto de estudo por parte de vrios autores, como os americanos Michael Tushman (Universidade de Harvard) e Charles OReilly III (Universidade de Stanford), os europeus Henk Volberda, Van der Bosch e Justin Jansen (Universidade de Rotherdan - Erasmus1

Grupo de conhecimentos tericos e prticos, know-how, habilidades e artefatos que so usados pela firma para desenvolver, produzir e entregar seus produtos e servios (BURGELMAN; ROSENBLOOM, 1997, p. 273). 2 Bens ou servios. 3 Ambidexterity em ingls, podendo ser traduzida como ambidestria ou ambidestralidade para o portugus.

25 Research Institute of Management (ERIM)) e os brasileiros Silvio Popadiuk e Patrcia Vidal (Universidade Presbiteriana Mackenzie). As pesquisas sobre organizaes ambidestras tm perpassado uma srie de disciplinas dos estudos organizacionais, abordando: a) no campo da gesto estratgica da tecnologia alinhamento versus adaptabilidade (GIBSON; BIRKINSHAW, 2004), inovao exploratria versus inovao de aproveitamento (HE; WONG, 2004) e inovao radical versus inovao incremental (TUSHMAN; OREILLY, 1997; OREILLY; TUSHMAN, 2004); b) na rea de gesto da produo - eficincia versus flexibilidade (ADLER; GOLDOFTAS; LEVINE, 1999); e c) no campo do marketing - estudo de mercado e aprendizagem exploratria versus aprendizagem de aproveitamento (KYRIAHOPOULOS; MOORMAN, 2004; SLATER; NARVER, 1995). Tushman e OReilly III (1997) tm estudado a ambidestralidade com foco na gesto de tecnologia e inovao, atribuindo estratgia tecnolgica e ao design organizacional fundamentados na ambidestralidade, a explicao para o sucesso e manuteno da vantagem competitiva atual e futura das empresas. Esses autores apresentam estudos nos quais se evidencia a armadilha representada pelos exclusivos investimentos em melhorias de processos e produtos j existentes, os quais, ao tornarem-se obsoletos e/ou inferiores frente a novas tecnologias, acabam por conduzir seus produtores falncia, a exemplo de empresas americanas que passaram por esta experincia. Christensen e Bower (1996) corroboram o raciocnio de Tushman e OReilly III (1997), tambm descrevendo casos de empresas lderes que, ao no serem pr-ativas em relao s mudanas de mercado e de tecnologia, acabaram falindo. Na busca por razes e explicaes para o fracasso organizacional chega-se concluso de que algumas empresas caem na armadilha do sucesso, representada pela inrcia organizacional que conduz obsolescncia de recursos e capacidades. Em situao oposta, empresas que mantm sucesso por longos perodos, demonstram cuidado na gesto de seus recursos e capacidades internas, de forma a mant-los tecnologicamente atualizados, alm de raros, valiosos, insubstituveis e difceis de imitar (PENROSE, 1959; WERNERFELT, 1984; BARNEY, 1991; PETERAF, 1993). Neste sentido, Eisenhardt e Martin (2000), Teece et al.(1997) e Teece e Pisano (2004) salientam a importncia das empresas recombinarem e integrarem seus recursos para adaptarem-se s mudanas tecnolgicas e de mercado. Ao introduzirem a ideia de capacidades dinmicas, Teece et al.(1997) afirmam que para sobreviver em ambientes dinmicos e manter vantagem competitiva em longo prazo, as organizaes devem

26 constantemente reconfigurar seus ativos e capacidades existentes, por meio da aprendizagem e da adaptao a seus ambientes. Esses autores trazem a definio de capacidades dinmicas como sendo a habilidade apresentada pela empresa para construir e reconfigurar competncias internas e externas para atender rapidamente s mudanas ambientais (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997, p. 516). Fazendo-se um paralelo entre a lgica subjacente aos estudos de Teece et al. (1997) e de Tushman e OReilly III (1997), observa-se que o sucesso alcanado pelas organizaes ambidestras pode ser atribudo ao fato de a ambidestralidade configurar-se como uma capacidade dinmica, em constante evoluo. Embora abordem tecnologia, inovao e organizaes ambidestras sob diferentes dimenses e perspectivas, comum aos estudos sobre estes temas tem sido o foco quase exclusivo no relacionamento destas com o desempenho econmico-financeiro das organizaes. Percebe-se ento, que o mote dos estudos sobre gesto de tecnologia e inovao tem sido apenas a questo econmica, deixando uma lacuna, e uma oportunidade, para investigaes acerca de seus impactos sobre a dimenso ambiental e social do desenvolvimento sustentvel. O desenvolvimento sustentvel4 tem sido apresentado como a nica forma de desenvolvimento que viabiliza as condies necessrias sobrevivncia dos seres vivos sobre o Planeta Terra em longo prazo; sendo definido como o atendimento das necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as geraes futuras satisfazerem s suas prprias necessidades" (CMMAD, 1991). Ao estudar a sustentabilidade, a Comisso Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), em seu Relatrio Brundtland, tece crticas acerca do modelo de desenvolvimento adotado pelos pases industrializados e que vem atualmente sendo reproduzido pelas naes em desenvolvimento. Alm de alertar sobre os riscos do uso excessivo de recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas, o relatrio demonstra a incompatibilidade entre o desenvolvimento sustentvel e os padres de produo e consumo vigentes. Conforme afirmao da CMMAD (1991, p. 95):

4

Segundo Silva e Mendes (2005) a diferenciao entre sustentabilidade e desenvolvimento sustentvel consiste no fato de que o primeiro um fim (objetivo maior) e o segundo o meio pelo qual se pretende alcanar este objetivo. Sendo os dois indissociveis, no se pode falar em sustentabilidade sem pensar em desenvolvimento sustentvel e vice-versa. Desta forma, nesta tese, os termos sustentabilidade e desenvolvimento sustentvel sero empregados como sinnimos.

27Para promover o desenvolvimento sustentvel preciso um esforo organizado no sentido de criar e difundir tecnologias novas, como as que so empregadas na produo agrcola, nos sistemas renovveis de energia e no controle da poluio, [...] sendo que o verdadeiro desafio consiste em assegurar que essas novas tecnologias cheguem a quem precisa delas, superando problemas como a falta de informao e a impossibilidade de se pagar pelas mesmas.

Detecta-se, portanto, a necessidade do desenvolvimento de tecnologias limpas, tambm conhecidas como tecnologias verdes ou sustentveis, as quais visam reduzir o consumo de recursos naturais, evitar a gerao de resduos e a emisso de gases, alm de buscar utilizar fontes de energia renovveis. Desta forma, a crescente conscientizao em relao aos preceitos do desenvolvimento sustentvel, faz surgir forte demanda sobre as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) das organizaes em relao gerao de inovaes que mantenham ou aumentem sua competitividade, mas que tambm sejam amigveis em relao ao meio ambiente e sociedade (BARBIERI et al., 2010). Portanto, com o aumento da presso governamental, alm da conscientizao das empresas e stakeholders em relao importncia: (a) da preservao e do uso racional dos recursos naturais; (b) da mitigao do impacto negativo de tecnologias e demais aes humanas sobre a natureza; e (c) da atuao tica e responsvel na gesto dos recursos humanos; recentemente preocupaes com variveis socioambientais comearam a figurar na agenda de organizaes vanguardistas (PORTER; LINDE, 1995; HART, 2006), lanando academia a oportunidade de mais um campo de pesquisa: o relacionamento entre tecnologia, inovao e sustentabilidade. Em relao ao emprego da tecnologia com vistas sustentabilidade, os problemas vivenciados a partir do sculo XX, vinculados exausto de recursos naturais, acumulao de resduos txicos, aquecimento global, contaminao de solos e carncia de gua, decorrentes da ao predatria do homem sobre a natureza, j tem conduzido organizaes a mudarem sua forma de atuao, buscando por tecnologias alternativas.Busca-se um equilbrio entre o ganho social e a funcionalidade empresarial perpassando as diferentes operaes do negcio e mudando a maneira de administrar processos, avaliar resduos, definir tecnologias, criar produtos e servios. A rea de produo desponta como uma das funes que podem efetivamente contribuir para dar respostas s questes de sustentabilidade no contexto da organizao (ALIGLERI; ALIGLERI; KRUGLIANSKAS, 2009, p. 87).

Assim, dentro de um cenrio caracterizado por exigncias socioambientais, tanto nas esferas legais quanto mercadolgicas, detecta-se que algumas organizaes j internalizaram variveis sociais e ambientais em sua cadeia de valor (PORTER; KRAMER, 2005; LOVINS

28 et al., 1999), de forma a demonstrar o seu comprometimento efetivo por meio de aes. Com a implantao de modelos de gesto focados em tecnologias limpas e na postura tica e responsvel em relao s questes sociais, empresas tm procurado alcanar, alm de vantagem competitiva tambm o desenvolvimento sustentvel, atuando de maneira socialmente correta, ambientalmente adequada e economicamente vivel (DONNAIRE, 1999). Modelos de gesto denominados como Ecoeficincia (WBCSD, 2000), Produo mais Limpa (UNEP, 1989) e Produo Sustentvel (LCSP, 2001) tambm tm preconizado a necessidade de melhorias nas operaes e tecnologias correntes (exploitation) para minimizar impactos socioambientais, assim como a necessidade de investimentos em tecnologias inovadoras que tenham como foco a sustentabilidade (exploration). Porm, a migrao dos modelos de gesto vigentes na maioria das organizaes, para modelos com foco na sustentabilidade, alm de investimentos e muita fora de vontade por parte dos gestores das organizaes exigir tambm mudanas em modelos mentais dominantes desde a Revoluo Industrial. Em funo das mudanas suscitadas pela sustentabilidade em relao ao consumo e s formas de produo, Gladwin, Kennelly e Krause (1995) tratam a sustentabilidade como um novo paradigma, reconhecendo que este novo paradigma dever conviver por algum tempo com o atual paradigma tecnolgico dominante nas empresas. Aligleri et al. (2009, p. 48), ao comentarem sobre as mudanas necessrias ao desenvolvimento sustentvel, explicam que o tempo necessrio para a transio entre paradigmas decorre do fato de que o processo de superao de um paradigma pelo outro lento por envolver transformao humana e empresarial. No mesmo sentido, Silva e Mendes (2005, p.15) complementam que as empresas demandam tempo para capacitao e adaptao s novas formas de atuao necessrias ao desenvolvimento sustentvel e que, portanto, no se podem extinguir no curto prazo os sistemas produtivos anteriormente dominantes nas organizaes. Neste contexto, salvo impedimentos legais5, no se espera que tecnologias atualmente responsveis pelo sucesso dos negcios das empresas tenham seu uso abruptamente interrompido e substitudo, uma vez que elas configuram-se como a fonte de lucro em curto prazo que viabiliza tanto a manuteno dos negcios, quanto os investimentos em pesquisa e desenvolvimento e/ou na compra de tecnologias com vistas sustentabilidade.

5

A exemplo da proibio do uso do CFC (Cloro Flor Carbono).

29 Como as mudanas tecnolgicas so path dependents, ou seja, dependem da trajetria tecnolgica das organizaes (NELSON; WINTER, 1982), o processo de desenvolvimento, capacitao e migrao para tecnologias sustentveis dever ocorrer paulatinamente. Detectase ento, que as organizaes precisaro gerenciar na fase de transio, o balanceamento entre as inovaes radicais (as quais podem incluir o desenvolvimento de tecnologias limpas) e as inovaes incrementais (representadas por melhoramentos a serem realizados nas tecnologias j empregadas na organizao). Segundo esta lgica, as organizaes ambidestras - que constantemente melhoram as tecnologias j implantadas (processos e produtos), de forma a extrair delas o maior valor (exploitation), enquanto paralelamente desenvolvem inovaes radicais (exploration) (TUSHMAN; OREILLY III, 1997) - assumem grande potencial frente ao desafio proposto pelo desenvolvimento sustentvel. Neste sentido, fundamentando-se no trabalho de OReilly e Tushman (2004) sobre organizaes ambidestras, nos quais se preconiza a construo de vantagens competitivas baseadas no desenvolvimento de inovaes radicais e incrementais concomitantemente, e empregando como lente conceitual a base terica proposta pela Viso Baseada em Recursos (PENROSE, 1959; BARNEY, 1991), a presente tese tem como propsito analisar a lgica subjacente relao entre Inovao e Sustentabilidade. Mais especificamente busca-se investigar, conforme est exposto no modelo conceitual da pesquisa (Figura 1): a) a relao entre ambidestralidade organizacional (capacidade de exploitation e exploration de tecnologias) e a tendncia sustentabilidade (mensurada por meio do desempenho ambiental, social e econmico das organizaes); b) a relao entre estratgias competitivas, certificao de sistemas de gesto da qualidade, conduo de atividades formais de P&D e a ambidestralidade organizacional; e c) a interferncia de fatores relacionados ao porte, idade, estrutura de capital e internacionalizao das organizaes sobre as relaes investigadas. Como contribuio terica, pretende-se por meio desta pesquisa ampliar a fronteira do conhecimento acerca de organizaes ambidestras, as quais at ento tm sido investigadas exclusivamente com foco no desempenho econmico; agregando-se investigao sobre o processo de balanceamento entre atividades de exploitation e exploration, tambm a verificao de sua relao com as dimenses ambiental e social do desenvolvimento sustentvel.

30

Caractersticas organizacionais que podem interferir na ambidestralidade

Ambidestralidade

Tendncia Sustentabilidade

Estratgia competitiva Certificao da Qualidade Atividades de P&D

Relao

Capacidade ambidestra (categorizao a partir dos valores das capacidades de exploration e exploitation)

Relao

Desempenho ambiental Desempenho social Desempenho econmico

Variveis intervenientes

Porte Idade Estrutura de Capital Internacionalizao

Figura 1 - Modelo conceitual da pesquisa Fonte: Elaborado pela autora (2010).

1.1 FORMULAO DO PROBLEMA DE PESQUISA

Embora o interesse pelo desenvolvimento sustentvel venha sendo continuamente ampliado junto s organizaes (BARBIERI et AL., 2010), assim como o interesse pela construo de vantagem competitiva por meio da gesto de tecnologia e inovao, percebe-se a existncia de uma lacuna no que tange a estudos que analisem estas teorias conjuntamente. Assim, fundamentando-se na teoria sobre organizaes ambidestras e sobre desenvolvimento sustentvel, chega-se ao seguinte problema de pesquisa:

Qual a relao entre a ambidestralidade e o desempenho organizacional nas dimenses ambiental, social e econmica?

31 1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

1.2.1 Objetivo geral

Analisar as relaes entre a ambidestralidade e o desempenho organizacional nas dimenses ambiental, social e econmica.

1.2.2 Objetivos especficos

A partir do objetivo geral, podem ser desdobrados os seguintes objetivos especficos para a etapa qualitativa desta investigao: a) verificar como ocorre o processo de inovao, capacitao tecnolgica e balanceamento entre atividades de exploitation (inovaes incrementais) e exploration (inovaes radicais) nas empresas participantes do estudo de caso; b) apurar como a sustentabilidade tem sido internalizada nas atividades gerenciais e operacionais das empresas objeto do estudo de caso; c) identificar as tecnologias e as prticas sustentveis desenvolvidas pelas empresas participantes da etapa qualitativa deste estudo, de forma a verificar a adequao das questes destinadas etapa quantitativa da tese (survey); Para a etapa quantitativa so desdobrados os seguintes objetivos especficos: d) determinar a capacidade de exploration, exploitation e o desempenho econmico, ambiental e social das organizaes participantes da survey, tomando-se como base indicadores disponveis na literatura acerca de ambidestralidade e sustentabilidade; e) caracterizar as empresas componentes da amostra estudada em funo de sua ambidestralidade, ou seja, de suas capacidades semelhantemente altas de exploration e exploitation; f) investigar a existncia de relao entre a ambidestralidade e o desempenho ambiental, social e econmico; g) verificar a existncia de relao entre a estratgia competitiva (especificamente a de

32 liderana em custo ou diferenciao), a posse de certificao NBR ISO 9001:2008, a conduo formal de atividades de P&D e as capacidades de exploration e exploitaton das organizaes participantes do levantamento; h) investigar a relao entre a posse de certificao NBR ISO 14.001:2004 e OHAS 18.001:2007 e o respectivo desempenho ambiental e social das organizaes; i) verificar a existncia de interferncia das variveis intervenientes (porte, idade, estrutura de capital e estratgia de internacionalizao das organizaes) sobre a capacidade de exploration e exploitaton das organizaes participantes do levantamento; j) avaliar a interferncia do porte, da idade, da estrutura de capital e da estratgia de internacionalizao das organizaes sobre a relao entre a ambidestralidade e a tendncia sustentabilidade corporativa; e k) averiguar a relao entre o formato adotado pelas organizaes investigadas para conduzir as atividades de exploration e de exploitation e sua ambidestralidade.

1.3 JUSTIFICATIVA TERICA

Justifica-se a conduo do presente estudo, pelo fato de as pesquisas sobre organizaes ambidestras terem sido realizadas exclusivamente com foco em resultados econmicos, conforme pode ser verificado no Quadro 1 sintetizado ao final deste tpico. Nestes estudos, representados por artigos, teses e dissertaes, ora foram abordadas as condies gerenciais que promovem a ambidestralidade nas organizaes (JANSEN et al., 2006; ANDRIOPOULOS; LEWIS, 2008; LUBATKIN et al., 2006), ora as configuraes de arquitetura organizacional que viabilizam a ambidestralidade (TUSHMAN; OREILLY, 1997; 2004; GIBSON; BIRKINSHAW, 2004; JANSEN et al., 2009). Em outros estudos a discusso girou em torno da gesto do conhecimento, tecnologia e inovao em organizaes ambidestras (JANSEN et al., 2006; TAYLOR; HELFAT, 2009; MIROW; HLZLE; GEMUENDEN, 2008), havendo ainda estudos sobre o impacto da ambidestralidade sobre a terceirizao de produo e de P&D, dentre outros. Apesar da importncia atual assumida pelo tema sustentabilidade, no foi detectada a presena de estudos que abordassem a relao entre a ambidestralidade e as dimenses socioambientais do desenvolvimento sustentvel, lacuna que com o presente trabalho

33 pretende-se preencher. Assim, mediante o crescimento da implementao de aes empresariais que visam ao desenvolvimento sustentvel, seja em funo de requisitos legais, seja em funo da busca por vantagens competitivas, justifica-se como oportuna e necessria a contribuio da presente tese para a teoria sobre organizaes ambidestras. Esta tese, portanto, traz como contribuio tambm, a proposio de dilogo entre dois assuntos importantes que ainda no foram conjuntamente abordados, a ambidestralidade e a sustentabilidade. Outro ponto que ainda suscita discusso entre os pesquisadores sobre ambidestralidade, mesmo j tendo sido anteriormente pesquisado, com relao ao design organizacional. Acerca do design organizacional se discute qual o melhor arranjo organizacional para a conduo das atividades de exploration e exploitation, se em estruturas separadas ou em conjunto na mesma estrutura, sendo esta tambm uma das contribuies deste trabalho. Alm das justificativas acima expostas, uma terceira questo gira em torno do pequeno nmero de estudos realizados por pesquisadores brasileiros sobre organizaes ambidestras, ao contrrio do que ocorre nos Estados Unidos da Amrica e na Europa, onde o tema tem sido amplamente pesquisado e publicado junto aos mais importantes Journals Internacionais. Ao pesquisar junto a peridicos nacionais, assim como junto ao banco de teses da Capes e aos anais dos principais eventos brasileiros de administrao (ANPAD, SEMEAD), detectou-se que ao contrrio do que ocorre no exterior, o nmero de trabalhos acerca de organizaes ambidestras no Brasil extremamente pequeno, conforme est exposto no Quadro 1. Em suma, mediante a atualidade e recente emergncia dos assuntos tratados nesta tese, detecta-se a incipincia do tema e a carncia de pesquisas acerca de organizaes ambidestras sediadas em pases emergentes. Alm disto, percebe-se a inexistncia de pesquisas que analisem a relao entre a capacidade ambidestra e o processo de pesquisa, desenvolvimento e implantao de tecnologias sustentveis, bem como com o desempenho organizacional sustentvel, econmica, social e ambientalmente, lacunas que com o presente trabalho pretende-se preencher.

1.4 JUSTIFICATIVA PRTICA

H muito tempo as organizaes otimizam recursos em busca de maiores lucros; para tanto elas priorizam as questes relacionadas qualidade e produtividade. Neste contexto,

34 observa-se que as entradas (na forma de recursos/custos financeiros) e as sadas (na forma de resultados/renda) em curto prazo so prioritriamente observadas, em geral desconsiderandose os impactos ambientais e sociais decorrentes das atividades organizacionais no longo prazo. Percebe-se que somente aps a tendncia de elevao de preo de alguns recursos naturais e da exausto de outros, a exemplo de areias, combustveis fsseis e determinadas madeiras, que estes comearam a ser considerados com mais cuidado. De maneira semelhante, tambm os resduos gerados pelos processos produtivos somente comearam a ser considerados em virtude de seus reflexos negativos na qualidade dos biomas (ar, terra, gua) e dos altos custos referentes ao seu tratamento e destinao final, ambos exigidos pela legislao vigente nos mais diversos pases. Frente a este cenrio onde: (a) tecnologias que agridem ao meio ambiente e sociedade no so mais admitidas; e (b) legislaes e tratados internacionais tecem exigncias e limitaes em relao ao consumo de energia e a gerao de resduos (Protocolo de Quioto, Agenda 21); torna-se necessrio o desenvolvimento de estudos que auxiliem as organizaes na tarefa de reformular a sua forma de atuao. Nesta nova fase da economia mundial, marcada pela mudana de paradigmas em relao matriz energtica, poluio ambiental, modelos de produo, dentre outros, a tradicional anlise de benefcio e custo financeiro das atividades humanas deve ser complementada pela avaliao de seus benefcios e custos ambientais e sociais. Para auxiliar as empresas a enfrentarem este desafio, justifica-se a conduo de pesquisas acadmicas que tenham como propsito a gerao de informaes e a proposio de modelos que deem apoio aos gestores das empresas nesta nova empreitada. Ao atender aos objetivos propostos por esta tese, espera-se tambm ter atendido a algumas das demandas supracitadas, disponibilizando dados empricos que possam auxiliar as organizaes na transio de um paradigma essencialmente econmico para um paradigma sustentvel. A partir dos estudos de caso e de uma survey conduzida junto a empresas do setor eletroeletrnico, buscou-se nesta pesquisa apreender e explicitar a forma como algumas empresas do setor tm desenvolvido recursos e capacidades idiossincrticas, capazes de garantir tanto a sua vantagem competitiva como o seu desenvolvimento sustentvel; formas as quais podem servir de exemplo e ponto de partida para organizaes que iniciam sua caminhada em termos de sustentabilidade.

35 1.5 ESTADO DA ARTE

Discusses sobre organizaes ambidestras e suas atividades de exploitation e exploration, so encontradas em diferentes domnios dos estudos organizacionais. Os estudos acerca do tema podem ser agrupados nas reas de teoria organizacional, aprendizagem organizacional, design organizacional, gesto estratgica, gesto da tecnolgica e inovao, dentre outras. De acordo com Volberda (1996), He e Wong (2004), Jansen (2005), Mon (2006), Tushman et al. (2010) a dualidade entre exploration e exploitation h tempos vem sendo abordada em pesquisas da rea de Teoria das Organizaes, nas quais se podem distinguir estruturas destinadas inovao (orgnicas) daquelas focadas na eficincia operacional (mecanicistas) conforme preconizado por Burns e Stalker (1961). Tambm esta dualidade pode ser verificada como subjacente aos estudos desenvolvidos por Argyris e Schn (1978) no campo da aprendizagem organizacional, cujo cerne o aprendizado proporcionado pelo single ou double loop e nas investigaes conduzidas por Levinthal (1997) acerca da busca local ou long jump em relao ao conhecimento. Nas pesquisas sobre gesto estratgica, a questo exploration versus exploitation pode ser detectada nos estudos sobre eficincia esttica ou dinmica desenvolvidos por Ghemawat, Ricart e Costa (1993). J nos estudos sobre inovao, detecta-se a distino entre as inovaes incrementais e radicais, conforme foi proposto por Abernathy e Clark (1985) e a distino entre as inovaes do tipo exploitative das do tipo explorative conforme definido por Benner e Tushman (2003). Ao se resgatarem estudos sobre gesto de tecnologia, a dualidade exploration versus exploitation subjacente distino entre as mudanas tecnolgicas incrementais e as mudanas tecnolgicas disruptivas, conforme foi proposto por Anderson e Tushman (1990) e tambm na opo entre a melhoria ou a destruio (e substituio) de competncias segundo estudos de Tushman e Anderson (1986). Em relao s pesquisas sobre design organizacional e seu impacto sobre as atividades de exploration e exploitation, estudos demonstram que organizaes caracterizadas pela combinao entre elementos hard e soft, ou seja, pela combinao entre estruturas duras nas quais se enfatiza a presso e a disciplina, e estruturas macias nas quais prevalea o apoio e a confiana, tm alcanado melhores resultados tanto em relao ao aproveitamento das capacidades atuais quanto em relao explorao de novas oportunidades, conforme evidenciam Gibson e Birkinshaw (2004). Nos Estados Unidos, os trabalhos de Tushman, vinculado Universidade de Harvard,

36 e os de OReilly, pesquisador da Universidade de Stanford, tem se destacado na rea. Na Europa, o grupo de pesquisa que se tem tornado referncia na rea pertence Universidade Erasmus de Rotterdam e vinculado ao setor denominado Erasmus Research Institute of Management (ERIM), sendo seus principais pesquisadores: Henk Volberda, Van der Bosch e Justin Jansen, dos quais alguns dos trabalhos so citados no Quadro 1. Jansen (2005), em sua pesquisa de doutorado, objetivou: (a) identificar a forma segundo a qual as organizaes ambidestras enfrentavam com xito, as demandas conflitantes entre as inovaes de explorao (exploration) e as de aproveitamento (exploitation); (b) verificar o impacto da ambidestralidade no desempenho econmico das unidades de negcio do Rabobank (organizao estudada); e (c) analisar a influncia dos mecanismos organizacionais sobre a capacidade absortiva das organizaes, responsvel pela gerao de inovaes. Atravs de anlise de dados coletados junto a 274 gerentes de unidades de negcio, pertencentes a 90 agncias do banco europeu estudado, o autor chegou concluso de que o desempenho financeiro das unidades investigadas foi influenciado pelo grau de ambidestralidade da unidade, sendo maior onde as inovaes exploration e exploitation apresentavam valores mais altos. Jansen (2005) tambm detectou que a separao das unidades que desenvolviam inovaes exploration daquelas que desenvolviam inovaes exploitation propiciou resultados mais positivos, e que a capacidade de coordenao (i.e. interfaces entre as funes, participao e rotao de cargos) melhorou a capacidade de absoro potencial, enquanto os mecanismos vinculados capacidade de socializao (tticas de conexo e socializao) fortaleceram a capacidade de absoro realizada (efetivada). Mon (2006) estudou em sua tese de doutorado a ambidestralidade junto a gerentes de trs empresas (Philips, Deloitte e Rabobank), buscando compreender a dinmica exploration e exploitation no nvel individual de anlise. Sua pesquisa estudou as atividades ambidestras desempenhadas por gerentes, bem como a influncia dos fatores organizacionais e do fluxo de conhecimento sobre as mesmas. Mediante uma survey conduzida junto a 118, 224 e 177 gerentes das empresas Philips, Deloitte e Rabobank, o autor detectou que os fatores organizacionais relacionados participao na tomada de decises, interao entre interfaces funcionais, s recompensas baseadas no desempenho da empresa em geral e tolerncia ambiguidade por parte dos gestores pares e/ou superiores, tiveram impacto direto e positivo nas atividades de exploration (explorao) desenvolvidas pelos gerentes. J a formalizao das tarefas e a utilizao de sistemas informatizados e automatizados para a sua conduo, demonstraram efeito negativo sobre as atividades de exploration dos gerentes. Com relao aos efeitos sobre as atividades de exploitation (aproveitamento), detectou-se que a

37 participao na tomada de decises e as recompensas com base no desempenho da empresa em geral, apresentaram impactos negativos. Por outro lado, os sistemas de formalizao de tarefas e uso da tecnologia da informao (TI) na realizao de tarefas, demonstraram ter impacto positivo sobre as atividades de exploitation dos gestores. Em relao ao impacto do fluxo de informao e conhecimento sobre as atividades dos gestores, os resultados empricos demonstram que fluxos Top-down (de cima para baixo) propiciaram impacto positivo sobre as atividades de exploitation. J os fluxos de informao e conhecimento Botton-up (de baixo para cima) e os horizontais impactaram positivamente sobre as atividades de explorao (exploration) dos gerentes. Ao estudar o impacto dos atributos dos gestores seniores sobre a ambidestralidade organizacional, Jansen et al. (2008) salientaram o importante papel da liderana sobre esta relao. O resultado de sua pesquisa demonstrou que equipes de lderes seniores, que possuam viso compartilhada e que promoviam recompensas de acordo com as contingncias, viabilizaram a capacidade de a empresa combinar altos nveis de inovao exploration e exploitation. OReilly e Tushman (2004) estudaram o impacto do design organizacional sobre a capacidade ambidestra das organizaes, concluindo atravs de uma survey que as organizaes que adotaram estruturas separadas para a conduo das atividades de exploitation e de exploration, obtiveram sucesso em 90% (noventa por cento) dos casos. Na pesquisa sobre organizaes ambidestras no Brasil, detectou-se a presena de um limitado nmero de estudos, dentre os quais figura a dissertao de mestrado de Santos (2007), que desenvolveu um estudo multicasos de cunho exploratrio, buscando relacionar os processos de exploration e exploitation com a estratgia de diversificao de firmas sucroalcooleiras brasileiras. Os resultados apontaram que oito, dentre as nove usinas pesquisadas, apresentaram algum tipo de diversificao. Detectou-se a presena de processos voltados exploitation em todas as usinas investigadas, porm observou-se que a pontuao em exploration que melhor explicou a opo pela diversificao produtiva. As usinas com maiores valores nas atividades de exploration foram tambm aquelas que apresentaram uma carteira de produtos diferenciada e nas quais se observou uma maior interao com universidades e entidades de pesquisa, buscando a prospeco do conhecimento e a inovao radical. Torrezan (2006) estudou a postura das montadoras brasileiras (VW, GM, Fiat e Ford), frente hiperconcorrncia decorrente da abertura do mercado nacional e da instalao de novas montadoras no Brasil na dcada de 1990, aps dcadas de mercado protegido. Frente ao

38 cenrio competitivo apresentado poca do estudo, Torrezan (2006) afirma que a Volkswagen adaptou-se s condies ambientais, mantendo-se na liderana em produo e vendas, demonstrando alto nvel de ambidestralidade, ou seja, grande capacidade de alinhamento (ajustes estruturais, inovaes radicais) e adaptabilidade (adaptao ao entorno competitivo, inovaes incrementais). Ao estudar a trajetria estratgica da Volkswagen, no perodo de 1990 a 2005, que conformou seu negcio s variaes ambientais ocorridas no setor automobilstico, com base nas estratgias de produo, vendas domsticas e exportao o autor corroborou a Teoria da Ambidestralidade. Vianna (2008) abordou, em sua dissertao de mestrado, os fatores organizacionais determinantes para que uma empresa possa inovar de forma contnua, buscando verificar de que forma as estratgias de exploitation (eficincia operacional) e de exploration (inovao radical) podem coexistir em uma organizao, visto que as mesmas foram consideradas incompatveis por algum tempo. O estudo foi conduzido junto empresa Motorola, devido ao fato de esta empresa apresentar concomitantemente em sua estratgia a busca pela inovao radical e pela melhoria da sua eficincia operacional (inovaes incrementais). Aps a anlise dos dados obtidos em entrevistas junto a empregados da Motorola: (a) ratificou-se a importncia da coexistncia das duas estratgias para a sustentao da vantagem competitiva da empresa; e (b) detectou-se que tanto a eficincia operacional quanto a inovao radical foram decorrentes da postura inovadora da organizao, a qual foi relacionada cultura de inovao da empresa que valorizava funcionrios criativos e inovadores. Alm dos estudos acima citados, apresentam-se no Quadro 1 outras pesquisas acerca do tema organizaes ambidestras. A partir da literatura acima descrita, evidencia-se que a ampla gama de estudos sobre organizaes ambidestras, desenvolvidos principalmente na Europa e nos Estados Unidos, tem como foco exclusivo o desempenho econmico das organizaes, limitao que esta tese se propem a sanar por meio da introduo de variveis que tambm contemplem o desempenho socioambiental das organizaes.

39Autor/Obra Benner e Tushman (2003) Objetivo Estudar teoricamente as relaes entre o processo de gerenciamento da empresa, a inovao tecnolgica (exploration e exploitation) e a adaptao organizacional (responsividade e performance). Metodologia empregada Artigo terico. Faz reviso da literatura pertinente com vistas construo de proposies e modelo. Resultado da pesquisa Desenvolvem um modelo contingencial, onde 11 proposies so contrudas, relacionando a gesto de processos com as inovaes tecnolgicas (exploration e exploitation) e com sua responsividade e desempenho, apresentando como variveis intervenientes o ciclo da tecnologia e a forma organizacional da empresa. Chega-se a quatro designs organizacionais para a inovao. Detecta-se que as empresas que adotaram o design denominado pelos autores como ambidestro, (onde os novos negcios so conduzidos em estruturas separadas em relao aos negcios atuais) obtiveram lograram xito em 90% de seus objetivos, nmero bem superior em relao as empresas que adotaram outras configuraes. Conforme os autores a viso de contexto ambidestro mostrou-se ser estatisticamente vlida para a gesto de tenses e balano entre alinhamento (exploitation) e adaptabilidade (exploration). Fonte Academy of Management Review, 2003, v. 28, n. 2, p. 239-256.

Tushman e ORelliy (2004)

Examinar a partir da experincia de empresas que expandiram os seus negcios para alm dos produtos e mercados j existentes, qual a melhor configurao organizacional para conduzir as atividades de exploitation e exploration.

Qualitativa - Estudo de casos mltiplos onde os autores analisaram a abordagem adotada pelas organizaes em relao inovao, a estrutura organizacional adotada e o resultado obtido.

Harvard Business Review, v. 82, n. 2, april 2003, p. 74-81.

Gibson Birkinshaw (2004)

e

Desenvolver o conceito de Contexto Ambidestro como viso alternativa necessidade de separao estrutural entre atividades de exploration e exploitation, sugerindo que ambas atividades sejam desempenhadas pelas mesmas pessoas, as quais decidem como dividir seu tempo entre elas. Testar hipteses verificando como as atividades de exploration ju