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INOVAÇÃO ORIENTADA PARA A
SUSTENTABILIDADE:
DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA
ASSISTIVA PARA PESSOAS COM
MOBILIDADE REDUZIDA
Bruno Turmina Guedes (UTFPR)
Gilson Ditzel Santos (UTFPR)
Gilson Adamczuk Oliveira (UTFPR)
A presente pesquisa pretende desdobrar as necessidades de usuários
em qualidades de um novo produto, por meio da geração de ideias a
partir da gestão da inovação orientada para a sustentabilidade. Este
produto consiste em uma tecnologia assistiva, direcionada para
pessoas com mobilidades reduzidas com o objetivo de adaptar ou
substituir cadeiras de rodas tradicionais. A pesquisa abrangeu dois
métodos, inicialmente realizou-se uma entrevista em grupo, método
qualitativo, e em seguida utilizou-se um levantamento por questionário,
sendo este um método quantitativo. Apresentou-se um quadro que traz
informações relevantes para o time de projeto: informações de
especialistas no produto, a voz do cliente e índices de priorização dos
requisitos do produto. Este quadro apresenta uma classificação em
relação a inovação orientada para a sustentabilidade, observou-se que
o grau de sofisticação é ainda baixo, existem atividades de inovação e
o projeto está orientado para a sustentabilidade, no entanto não se
observa a relação entre as duas áreas.
Palavras-chave: Desdobramento da Função Qualidade, Gestão da
Inovação, Inovação Orientada para a Sustentabilidade
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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Inovação Orientada para a Sustentabilidade: Desenvolvimento de Tecnologia Assistiva
para Pessoas com Mobilidade Reduzida
1. Introdução
Segundo Tidd, Bessant e Pavitt (2008) a inovação pode ser atingida através do
reposicionamento da percepção do consumidor final de um produto ou processo. Esta pode ou
não estar direcionada para a sustentabilidade, neste sentido pode-se definir níveis de
sofisticação desta orientação.
A presente pesquisa pretende desdobrar as necessidades de usuários em qualidades de um
novo produto, por meio da geração de ideias a partir da gestão da inovação orientada para a
sustentabilidade. Este produto consiste em uma tecnologia assistiva, direcionada para pessoas
com mobilidades reduzidas com o objetivo de adaptar ou substituir cadeiras de rodas
tradicionais.
O texto a seguir contém revisão de literatura relacionada aos conceitos de gestão da inovação,
inovação orientada para a sustentabilidade e tecnologia assistiva. No terceiro tópico são
explicitados os métodos de pesquisa, com instrumentos quantitativos e qualitativos. Os
resultados e discussões são apresentados no quarto tópico, e por fim, são feitas as conclusões.
2. Revisão de Literatura
Os conceitos apresentados a seguir norteiam o presente artigo. Serão abordados os conceitos
ligados à gestão da inovação, bem como a definição e classificação de inovação. A revisão de
literatura também contém uma abordagem em relação a tecnologia assistiva e seus
desdobramentos, trazendo atributos de dependability para a mesma.
2.1. Gestão da Inovação
Através do Manual de Oslo (2004) define-se a inovação tecnológica como as implantações de
produtos e processos tecnologicamente novos, e também, substanciais melhorias tecnológicas
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em produtos e processos. Os autores também afirmam que uma inovação é considerada
implantada se tiver sido introduzida no mercado (inovação de produto) ou usada no processo
de produção (inovação de processo).
Tidd, Bessant e Pavitt (2008) afirmam que a inovação é movida pela habilidade de estabelecer
relações, detectar oportunidades e tirar proveito das mesmas, no entanto, não consiste apenas
na abertura de novos mercados, pode significar novas formas de servir a mercados já
estabelecidos e maduros. Os autores afirmam também que a inovação pode ser atingida
através do reposicionamento da percepção de um produto ou processo, mesmo que este já
esteja estabelecido em um contexto de uso específico. Existem níveis de inovação, estas
podem ir desde inovações incrementais, onde melhorias de componentes e versões atualizadas
de componentes são renovadas, até inovações radicais, onde é transformada a forma como
vemos ou usamos as coisas.
Estes autores afirmam também que a inovação pode ser classificada em quatro formas,
inovação de: produto, processo, posição e paradigma. A inovação de produto consiste em
mudanças em produtos e serviços, já a inovação de processo resume-se às mudanças
relacionadas a forma que estes são entregues. As mudanças no contexto em que os produtos e
serviços são introduzidos definem a inovação de posição, e por fim, a inovação de paradigma
trata das mudanças nos modelos mentais subjacentes que orientam as organizações.
Barbieri et al. (2010) contrastam a relação entre inovação e sustentabilidade, pois devido às
pressões institucionais, as organizações estão buscando a inovação com eficiência em termos
econômicos, mas com responsabilidade social e ambiental. Neste sentido, Hansen (2009)
afirma que as organizações possuem inicialmente pouca ou nenhuma consciência da relação
entre inovação e sustentabilidade, no entanto quanto mais sofisticadas as empresas ficam em
relação à sustentabilidade, elas gradualmente integram a mesma com a inovação.
Proposto por Amini e Bienstock (2013), o Quadro 1 apresentado a seguir traz o grau de ações
e atividades sustentáveis que uma organização pode ter. Este quadro faz conexão entre
diversas áreas além da própria inovação, como estratégias de negócio, conformidade
regulatória e sustentabilidade.
Quadro 1 – Inovação Orientada para a Sustentabilidade.
Nív
el
de
Sofi
s
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ç
ão
(I
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Mai
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Sofi
s
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o) I Atividades de inovação não são orientadas para a sustentabilidade.
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II Alguma consciência da relação entre inovação e sustentabilidade.
III Atividades de inovação começam a envolver múltiplos stakeholders.
IV
Abordagem de resíduo tendendo a zero envolvendo significativos
esforços de inovação orientada para a sustentabilidade que envolvem
múltiplos stakeholders.
Autor: Adaptado de Amini e Bienstock (2014).
2.2. Tecnologia Assistiva
Segundo Cook e Polgar (2013) a tecnologia assistiva pode ser definida como uma ampla
gama de equipamentos, serviços, estratégias e práticas concebidas e aplicadas para minimizar
os problemas encontrados pelos indivíduos com deficiência.
No Brasil, o Comitê de Ajudas Técnicas – CAT (2007) define como tecnologia assistiva a
área do conhecimento com característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos,
metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade,
relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou
mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão
social.
Segundo Sandhu (2002) o conceito de design universal, que está em consonância com a
tecnologia assistiva, é uma abordagem de projeto inclusiva, onde o projetista tenta evitar
opções de design que excluem determinados grupos de usuários, como pessoas com
mobilidade reduzida. Esse autor defende que o intuito da tecnologia é assegurar a
confiabilidade ao usuário.
Todavia, para Sommerville e Dewsbury (2007), pode-se desdobrar uma determinada
tecnologia assistiva em grupos de atributos de dependability, os quais são: adequação à
finalidade, confiabilidade, aceitabilidade e adaptabilidade. A Figura 1 traz cada conjunto e
seus demais atributos. O cerne da definição é o modelo de dependability que pode ser
ramificado em atributos, meios e imparidades. Os autores ainda citam que o modelo proposto
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por eles, no qual os atributos de dependability são o objetivo primário, é bem visto pela
comunidade científica.
Figura 1. Atributos de Confiabilidade.
Fonte: Traduzido de Sommervile e Dewsbury (2007).
3. Metodologia
Segundo Richardson (1989) a pesquisa quantitativa é caracterizada pela utilização da
quantificação, assim, tanto na coleta de informações quanto no tratamento dessas utilizou-se
ferramentas estatísticas. O autor também afirma que o método qualitativo difere do
quantitativo por não empregar um instrumento estatístico como base de análise do problema,
não pretendendo medir ou numerar categorias.
Para Cheng et al. (1995) a técnica para se obter as informações a partir dos usuários pode ser
quantitativa ou qualitativa, no entanto prefere-se a utilização de métodos qualitativos. Neste
sentido, a pesquisa abrangeu os dois métodos, pois inicialmente realizou-se uma entrevista em
Estética
Configurabilidade
Abertura
Visibilidade
Reparabilidade do
Usuário
Capacidade de
Sobrevivência
Usabilidade
Aprendizibilidade
Custo
Compatibilidade
Eficiência
Capacidade de
Resposta
Requisitos
Disponibilidade e
Confiança
Segurança
Confidencialidade e
Integridade
Manutenabilidade
Adequação à Finalidade Confiabilidade Aceitabilidade Adaptabilidade
Transparência
Categorias
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grupo, ou grupo focal (método qualitativo), e em seguida utilizou-se um levantamento por
questionário, sendo este um método quantitativo.
3.1. Grupo Focal
Cheng et al. (1995) o define como um grupo com discussões abertas, composto por usuários
ou especialistas, estes guiados por um moderador que fornece o foco das discussões, dirigindo
o grupo para os itens de interesse, aprofundando no que parece superficial e mudando o tema
quando parecer exaurido.
Definindo os especialistas em tecnologia assistiva como: engenheiros, médicos e
fisioterapeutas, o grupo focal contou com dois engenheiros mecânicos (EM), dois engenheiros
eletricistas (EE), um médico (MED), um fisioterapeuta (FTP) e um acadêmico de engenharia
mecânica (AC). Os objetivos deste grupo focal concentraram-se em extrair a voz dos
especialistas, convertendo suas afirmações em requisitos para o produto.
O grupo focal ocorreu na sala H001A - Laboratório de Produção, nas dependências da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná / Campus Pato Branco. Foi realizado às 18h do
dia 29 de outubro de 2014, com duração de aproximadamente 3 horas. Este foi conduzido
pelos autores desta pesquisa e foram feitos questionamentos aos especialistas e mostrou-se
exemplos construtivos para os mesmos opinarem. Realizou-se a transcrição deste grupo focal,
que foi gravado em áudio gerando aproximadamente 11 páginas de transcrição.
3.2. Questionário
Conforme afirma Cheng et al. (1995), o emprego de técnicas quantitativas é apropriado
quando se deseja obter informações numéricas, tais como o grau de importância das
necessidades, avaliação de produtos já existentes e preferência de usuários.
Para Ulrich e Eppinger (2012) é essencial um sentido de relativa importância em relação as
várias necessidades dos clientes, ou seja, baseando-se em questionários aplicados diretamente
aos consumidores. Sendo assim, realizou-se um questionário online destinado às pessoas com
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mobilidade reduzida dos membros inferiores usuários de cadeiras de rodas. O intuito deste é
definir as condições de contorno para o modelo conceitual de um Trike.
Composto de onze perguntas de múltipla escolha e quatro questões abertas, o questionário
baseou-se no critério de avaliação proposto por Kano et al. (1984) a fim de identificar os
atributos que provoquem reação ou satisfação dos usuários. As perguntas basearam-se nas
afirmações levantadas pelos especialistas. Neste sentido, as onze primeiras questões possuíam
perguntas adjacentes representando o seu oposto. Definindo a população como cadeirantes,
que é o público alvo da pesquisa, o questionário contou com 43 respostas, sendo que a idade
dos respondentes foi em média de 41 anos. Este questionário esteve disponível durante 4 dias,
entre 8 e 12 de Abril de 2015.
Quadro 2 – Perguntas realizadas no questionário.
Ques
tões
de
Múlt
ipla
Esc
olh
a
Em relação a aparência do trike, se existissem carenagens (lataria, plástico), como você
se sentiria?
Se o Trike tivesse regulagem de altura do guidão, como você se sentiria?
Se a fixação do frontbike for em um único ponto e central, conforme mostra a figura,
passasse entre as pernas do usuário, como você se sentiria?
Se o Trike contasse com opcionais que o permitissem andar em vias públicas (sistemas
de iluminação e sinalização), como você se sentiria?
Se conforme a velocidade aumentasse, a direção ficasse mais pesada (melhorando a
estabilidade do Trike), como você se sentiria?
Se o trike tivesse cinto de segurança, como você se sentiria?
Se o trike fosse na forma de acoplamento fixo à uma cadeira de rodas comercial, como
você se sentiria?
Se o trike fosse na forma de acoplamento móvel à uma cadeira de rodas comercial,
como você se sentiria?
Se em caso de colisão, o motor do Trike desligasse automaticamente, como você se
sentiria?
Se o trike tivesse duas baterias, como você se sentiria?
Se a bateria tivesse autonomia para 25 km (em condições normais de uso), como você
se sentiria?
Ques
tões
Aber
tas
No seu dia-a-dia, em quais momentos um trike seria útil?
Na sua opinião, qual deveria ser a velocidade máxima do trike?
No seu ponto de vista, qual deve ser o peso máximo do trike?
Quanto você estaria disposto a pagar em um trike?
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A fim de ser útil para o desdobramento da função qualidade (apresentado a seguir), ao final de
cada pergunta utilizou-se a escala de resposta psicométrica proposta por Likert (1932). A
seguir, o quadro contém as perguntas utilizadas no questionário.
Quadro 3 – Escala de respostas psicométricas.
Qual a importância desta questão para você?
Totalmente
desnecessária. ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Extremamente
importante.
Fonte: Adaptado de Likert (1932).
O questionário foi realizado no modo online através do Google Docs, sendo publicado em
blog focado a pessoas com mobilidade reduzida, este também promoveu o questionário em
redes sociais. Definindo a população como cadeirantes, que é o público alvo da pesquisa, o
questionário contou com 43 respostas, sendo que a idade dos respondentes foi em média de 41
anos. Este questionário esteve disponível durante 4 dias, entre 8 e 12 de abril de 2015.
3.3. Desdobramento da Função Qualidade
Teorizado por Akao e Mizuno (1994) o QFD (ou Desdobramento da Função Qualidade) foi
criado para gerenciar o processo de gestão e desenvolvimento do produto – denominada ação
gerencial do planejamento da qualidade. Neste sentido, Akao (1988) afirma que a ferramenta
é utilizada para converter as necessidades do usuário em requisitos do produto. A seguir, o
Quadro 4 traz um resumo das etapas para a construção da matriz QFD.
Quadro 4 – Descrição das etapas para a construção da matriz QFD.
Etapa Nome Descrição
1 Necessidades do Cliente
A partir da identificação do cliente, identifica-se suas
necessidades. Para Cheng et al. (1995) a técnica para se
obter as informações a partir dos clientes pode ser
quantitativa ou qualitativa, no entanto prefere-se a
utilização de métodos qualitativos.
2 Requisitos do Cliente Desdobramento da linguagem primitiva em requisitos do
cliente.
3 Índices de Importância dos
Requisitos do Cliente
Grau de importância das necessidades do cliente, ou seja,
o peso de cada necessidade.
4 Especificações do Produto Segundo Akao (1988), nessa etapa o interesse é em
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estabelecer os requisitos de projeto, onde o objetivo é
identificar como os requisitos dos clientes podem ser
mensurados tecnicamente.
5 Matriz das Relações
Primeiro são realizadas as relações entre os requisitos do
produto e os requisitos do cliente, e em seguida é
realizado o cálculo da importância técnica do requisito
do produto. Segundo Ohfuji (1993) esta é uma das mais
importantes etapas, pois através dela que a importância
atribuída pelos clientes a cada qualidade exigida é
transferida às características da qualidade.
6 Orientação dos Requisitos de
Projeto
Consiste em definir a orientação dos requisitos do
projeto, este campo da matriz tem como objetivo
estabelecer e informar a equipe de projeto se o requisito
precisa ser minimizado, maximizado ou se é um padrão
alvo.
7 Correlações entre as
Especificações do Produto
Na sétima etapa é feito a relação entre os requisitos de
projeto, estes podem se relacionar de maneira positiva,
negativa ou neutra: se determinado requisito for
maximizado, outro requisito sofrerá positivamente ou
negativamente com sua maximização, ou ainda, será
indiferente.
8 Avaliação Competitiva
(Benchmarking)
Durante a oitava etapa é realizada a avaliação
competitiva dos clientes, ou benchmarking. Ou seja, os
requisitos do cliente são comparados com referências no
mercado.
9 Avaliação Competitiva
Técnica (Benchmarking)
Nesta etapa é semelhante a oitava, o que difere é o foco
das comparações, nesse momento o interesse é comparar
os requisitos de projeto com o mercado.
10 Avaliação Técnica Na última etapa, o objetivo é valorar os requisitos de
projeto com valores-meta. A existência de valores
objetivo orienta qual deve ser o foco do time de projetos.
Estas etapas constituem os passos a serem seguidos para a construção da matriz, a
representação gráfica desta é representada a seguir, na Figura 2. Cheng et al. (1995) teoriza
sobre como obter a voz do cliente, ou seja, primeiras etapas na construção da matriz casa da
qualidade. Assim, ao utilizar a ferramenta QFD para transformar efetivamente parâmetros
qualitativos em quantitativos, nem todas as necessidades dos clientes, representadas pelas
qualidades exigidas possuem a mesma relevância.
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Figura 2. Visão esquemática da matriz do QFD.
3.4. Critério de Kano
Conforme as pesquisas de Kano et al. (1984), o autor concebeu um método que busca
contribuir para a priorização das qualidades exigidas pelo cliente em uma técnica de
avaliação. Esta priorização influi diretamente nos índices de importância dos requisitos dos
clientes.
Sendo assim, Kano et al. (1984) afirmaram que a satisfação do usuário final pode ser
abruptamente aumentada adicionando-se apenas uma pequena melhoria no desempenho de
um determinado atributo. Enquanto que em outros atributos, mesmo que o desempenho seja
maximizado ao extremo, a satisfação do usuário não tem expressivo aumento. Esta afirmação
pode ser vista no Quadro 5 mostrado a seguir.
Quadro 5 – Avaliação das respostas.
1 2 3
4
5
5
6
7
8
9
10
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Resposta do Usuário
Questão Disfuncional (Negativa)
Eu
ad
ora
ria
isso
,
mas
não
é
impre
scin
dív
el.
Isso
é
impre
scin
dív
el.
Ind
ifer
ente
.
Não
go
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ia,
mas
po
sso
con
viv
er c
om
isso
.
É i
nac
eitá
vel
.
Ques
tão F
unci
on
al (
Po
siti
va)
Eu adoraria isso,
mas não é
imprescindível.
Questionável. Atrativo. Atrativo. Atrativo. Unidimensional.
Isso é
imprescindível. Reverso. Neutro. Neutro. Neutro. Obrigatório.
Indiferente. Reverso. Neutro. Neutro. Neutro. Obrigatório.
Não gostaria, mas
posso conviver
com isso.
Reverso. Neutro. Neutro. Neutro. Obrigatório.
É inaceitável. Reverso. Reverso. Reverso. Reverso. Questionável.
Fonte: Kano et al. (1984)
4. Resultados e Discussões
Tidd, Bessant e Pavitt (2008) afirmam que a gestão da inovação é o agente capaz de manter as
organizações competitivas, e as ferramentas de qualidade, como o desdobramento da função
qualidade, são o artifício necessário para traduzir os anseios e necessidades dos usuários em
qualidades que o produto apresentará, pode-se estabelecer uma dinâmica de progresso
contínuo das organizações.
Já para Sommerville e Dewsbury (2014) é imprescindível que além de saber gerir a inovação,
as organizações devem introduzir as vertentes da sustentabilidade em suas estratégias. Assim,
tanto no quesito social, quanto ambiental e econômico, a sustentabilidade gerida juntamente
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com os conceitos de gestão da inovação são os agentes necessários para as organizações se
posicionarem no mercado.
Sendo assim, o quadro a seguir sintetiza as informações coletadas por meio do grupo focal e
do questionário. Primeiramente, as colunas do quadro são divididas conforme a classificação
de atributos que uma tecnologia assistiva deve possuir. Estes atributos de dependability se
traduzem em adequação à finalidade, confiabilidade, aceitabilidade e adaptabilidade. Os
excertos retirados da transcrição do grupo focal com os especialistas foram classificados
nestes atributos conforme Figura 1.
Os excertos retirados da transcrição do grupo focal com os especialistas foram classificados
também em termos de inovação e sustentabilidade, esta classificação encontra-se ao lado
esquerdo de cada excerto.
A partir do questionário realizado com os usuários, mensurou-se as afirmações dos
especialistas, através do critério proposto por Kano (1984). Outro aspecto relevante é a
priorização das afirmações através da escala proposta por Likert (1932).
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Quadro 6 – Classificação dos excertos.
Através deste conjunto de informações, o Quadro 6 sintetiza várias informações apresentadas
na matriz de desdobramento da função qualidade (QFD). Cada excerto apresentado no quadro
contém a orientação do estudo (inovação e sustentabilidade), além disso, é possível captar o
interesse do consumidor final em relação aos atributos propostos por Sommerville e
Dewsbury (2007) através da priorização proposta por Kano (1984).
5. Conclusão
Abordou-se nesta pesquisa os conceitos ligados à gestão da inovação, bem como a definição e
classificação de inovação. Segundo Tidd, Bessant e Pavitt (2008) a inovação é movida pela
habilidade de estabelecer relações, detectar oportunidades e tirar proveito das mesmas, no
entanto, esta não consiste apenas na abertura de novos mercados, pode significar novas
formas de servir a mercados já estabelecidos e maduros.
Visib
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AdaptabilidadeAdequação à Finalidade Confiabilidade Aceitabilidade
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EstéticaU
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espo
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"Esse acoplamento ele tem
que ser meio instantâneo,
não é minutos, eu te digo
segundos," (MED)
"Então esso produto pode ter
um outro perfil, um outro
segmento, que é o idoso. Até
no futuro, não precisa ser
nem doente, é... Mas como
tem uma certa dificuldade e
tal, pela idade," (MED)
Ino
vaçã
o e
Su
st.
Ino
vaçã
oIn
ova
ção
Prioridade: 3Kano: Neutro
Prioridade: 4Kano: AtrativoPrioridade:
N/DPrioridade: 5Kano: N/D Kano: N/D
Prioridade: 3Kano:
QuestionávelTransp
arência
Cap
ac. de So
brev.
Prioridade: 4Kano:
Obrigatório
Kano: Atrativo Prioridade: 3
Kano: Neutro Prioridade: 2
"Por mais que ela não seja
vestível, me parece que o
usuário vai querer alguma
coisa nesse sentido. Que não
seja um “trambolho” né,"
(EE)
"Ele teria dificuldade, por
causa da parte, não sei, como
chamaria o meio ali...
Aquele... Aquela parte preta
ali. É! Um chassi. " (FTP)
"Se for um adolescente, que
ela possa acompanhá-lo,
também hoje está sendo
visto por causa do custo,"
(FTP)
"Aí você aproveitaria a
mesma cadeira, só acoplaria
num sistema diretamente na
cadeira. É... aí poderia ficar
fixo já, direto. Não precisa
ficar montando e
desmontando." (EM)
Ino
vaçã
o e
Su
sten
tab
ilid
ade
Ino
vaçã
oSu
sten
tab
ilid
ade
"Se for em vias públicas, acho
que a velocidade não pode
ser grande, essas bicicletas
que tem aqui vai acho que a
30 km/h, ou 20 km/h, isso não
dá para andar na calçada,"
(MED)
Kano:
ObrigatórioPrioridade: 4
Prioridade: 3Kano: Atrativo
"Ter um dispositivo, tipo do...
Do guidão, se quebrar o
negócio desliga o motor,
conforme a velocidade, aí ele
está seguro e se quebrar e
desliga o motor," (MED)
"Teria que talvez ser visto,
mas uma fixação de cinto,"
(FTP)
"O acoplamento alguns vão
ter praticidade e outros não,
por que aí você limita o
público também né, se tiver
essa dependência de quanto
tempo de... Não é que
praticamente os que usam 8,
9 ou 10 horas por dia uma
cadeira," (FTP)
Sust
enta
bili
dad
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ova
ção
e S
ust
enta
bili
dad
eIn
ova
ção
Sust
enta
bili
dad
eIn
ova
ção
Ino
vaçã
o
"Se for a questão de
velocidade baixa, a
autonomia vai lá em cima,"
(EM)
Kano: Atrativo Prioridade: 1
Prioridade: 4Kano: Neutro
"De distância possível a ser
percorrida e velocidade
também que ele pode ir
nessa mesma distância, né.
De usabilidade eu acho que
teria diversas formas de se
implementar, tanto de duas
rodas, ou de quadro rodas."
(EE)
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A revisão de literatura trouxe uma abordagem em relação a tecnologia assistiva e seus
desdobramentos, trazendo atributos de confiabilidade para a mesma. Segundo Cook e Polgar
(2013) ela pode ser definida como uma ampla gama de equipamentos, serviços, estratégias e
práticas concebidas e aplicadas para minimizar os problemas encontrados pelos indivíduos
com deficiência.
Um dos métodos utilizados para a aquisição de dados foi o grupo focal que ocorreu na sala
H001A nas dependências da Universidade Tecnológica Federal do Paraná / Campus Pato
Branco. Este foi realizado às 18h do dia 29 de outubro de 2014, com duração de
aproximadamente 3 horas. Sendo que o autor deste artigo realizou a transcrição deste grupo
focal, que foi gravado em áudio gerando aproximadamente 11 páginas de transcrição.
O segundo método utilizado foi o questionário realizado de modo online através do Google
Docs, sendo publicado em blog focado a pessoas com mobilidade reduzida, este também
promoveu o questionário em redes sociais.
A partir destes dados, e com base nas definições do Desdobramento da Função Qualidade
(QFD), e na perspectiva fornecida pela gestão da inovação, gerou-se o Quadro 6. Este
sintetiza as informações oriundas de diferentes métodos de criação de um produto: QFD e
gestão da inovação.
Sendo assim, o Quadro 6 traz informações relevantes para o time de projeto, como:
informações oriundas de especialistas no produto (médicos, engenheiros e fisioterapeutas), a
voz do cliente (através do critério proposto por Kano) e índices de priorização dos requisitos
do produto (obtidos através da escala de Likert presente no questionário). Por fim, o quadro
apresenta uma classificação em relação a inovação orientada para a sustentabilidade.
Como observado no Quadro apresentado por Amini e Bienstock (2014), observa-se que o
grau de sofisticação de inovação orientado para a sustentabilidade é ainda baixo, ou seja,
existem atividades de inovação e o projeto está orientado para a sustentabilidade, no entanto
não se observa a relação entre as duas áreas. Todavia, em relação aos atributos apresentados
para um bom projeto de tecnologia assistiva, apresentado por Sommerville e Dewsbury
(2014), a maioria dos atributos possuem relação com os levantamentos apresentados pelos
especialistas e avaliados pelo consumidor final.
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Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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Os métodos apresentados neste trabalho ainda necessitam de aprofundamento, pois existiram
limitações: idealmente, entre os especialistas sugere a introdução de usuários de cadeiras de
rodas, a fim de se obter um grupo focal mais consistente. O questionário proposto aos
cadeirantes abrangeu de modo geral todas as formas de propulsão das cadeiras: manuais e
elétricas, sugere-se em trabalhos futuros clínicas mais específicas: um grupo focal com
usuários de cadeiras de rodas e um questionário com um maior número de stakeholders,
restringindo a usuários de cadeiras de rodas elétricas e com grau de instrução maior.
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