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Instituições financeiras e a gestão do risco de desmatamento Beatriz Secaf – Assessora de Relações Institucionais Evento: Investidores e Florestas São Paulo, 14.12.2017

Instituições financeiras e a gestão do risco de desmatamentoresultanteconsultoria.com.br/imagens/FEBRABAN_BeatrizSecaf.pdf · 2 1. Risco de desmatamento e o setor financeiro 2

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Instituições financeiras e a

gestão do risco de desmatamento

Beatriz Secaf – Assessora de Relações Institucionais

Evento: Investidores e Florestas

São Paulo, 14.12.2017

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1. Risco de desmatamento e o setor financeiro

2. Atuação da FEBRABAN na agenda

Cadeias produtivas e práticas empresariais

Bases de dados e ferramentas

Agenda

Recomendações

Práticas dos bancos

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Conter o desmatamento (ainda) é um dos maiores desafios ambientais do Brasil

Fontes: INPE/PRODES (2016) e IPAM.

Cerrado: 9.483 km2 desmatados em 2015 (equivalente a mais de 6 cidades de São Paulo)

Entre 2000 e 2015 o bioma perdeu 11% da sua vegetação nativa por causa do desmatamento (legal e ilegal)

Municípios mais desmatados estão no MATOPIBA, região de expansão da fronteira agrícola

Aumento de 73% entre 2012 e 2016

Redução de 16% em 2017

Meta para 2020: 3.900km2

Meta 2030: desmatamento ilegal ZERO

Amazônia Legal: 6.624 km2 desmatados em 2017

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Por que isso é relevante para o setor financeiro?

Além das consequências ambientais e climáticas do desmatamento...

Cepea (2016), IBGE (2017), MDIC (2017).Crédito Rural: Banco Central do Brasil: Notas econômico-financeiras para a imprensa – carteira de crédito total e rural - PF e PJ, 2016.Exigências relacionadas à regularização ambiental: MCR, Resoluções 4427/2015, 4422/2015.

Agroindústria: 23,6% do PIB e 46,6% das exportações do BR

Crédito Rural: 10% da carteira de crédito PF e PJ dos bancos

R$ 240 bilhões em 2016

Exigências do Manual de Crédito Rural relacionadas à

regularização ambiental dos clientes rurais

Possíveis riscos de crédito e operacionais (legais) para as IFs

A partir desta perspectiva, é

importante gerenciar os riscos

de desmatamento nas

operações de crédito bancário

(e investimento)

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Atuação da FEBRABAN na agenda

* Práticas das empresas com base nas suas respostas ao Programa CDP Florestas 2016 (análise de 70 empresas, realizada pelo CDP eanálise complementar pelo GVces).

Práticas adotadas pelos bancos para

análise de risco socioambiental em

operações de crédito

Setor produtivo Setor financeiro

Identificação das principais bases de dados oficiais e ferramentas disponíveis e cruzamento com os elementos analisados

Mapeamento de cadeias produtivase práticas de gestão

do risco de desmatamento adotadas por

empresas*

Análise e recomendações

para aperfeiçoar a gestão do risco de

desmatamento

Parceiros:

Relatório sobre práticas empresariais

Acordo de cooperação

Responsável técnico do projeto

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Mapeamento de cadeias produtivas

(Pires, n.d.-b)(Famato & Fabov, 2007)

Características da cadeia e perfil dos agentes, nos seus diferentes elos

Incidência física de desmatamento - principais lacunas para o monitoramento e gestão do risco

Iniciativas e práticas do setor para combate ao desmatamento

soja pecuária produtos florestaispalma

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Exemplo - Pecuária

Cria em regime extensivo, com pastagens nativas ou cultivadas.

Concentra-se na pequena produção.

Comercialização de gado por meio de leilões e comerciantes intermediários.

Concentração de grandes empresas multinacionais

Concentração de grandes empresas multinacionais

Três maiores empresas (JBS, Minerva e Marfrig) concentram 21% dos frigoríficos e 42% da capacidade de abate

Concentração em áreas/propriedades maiores.

Recebem maior aporte de tecnologias comparativamente à fase de cria.

(Pires, n.d.-b)(Famato & Fabov, 2007)

Características

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Exemplo - Pecuária

(Pires, n.d.-b)(Famato & Fabov, 2007)

Monitoramento

33% do rebanho se encontra nas fases de cria e recria, em fazendas menores e com menos capacidade de controle

Monitoramento de fornecedores diretos

Baixo monitoramento dos fornecedores indiretos

Práticas específicas de varejistas com produtos certificados

Monitoramento de fornecedores diretos e baixo monitoramento dos fornecedores indiretos.Baixa rastreabilidade individual.Maior controle no bioma Amazônia. No entanto, frigoríficos com 30% da capacidade de abate da região pertencem a empresas que não assinaram o TAC da Pecuária com o Ministério Público Federal.Frigoríficos sem TAC não fazem monitoramento

Monitoramento somente 1º elo da cadeia

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Práticas empresariais – Programa de Florestas do CDP

FIBRIA Celulose S/A

General Mills Inc.

Grupo André Maggi

Grupo Bimbo

Grupo Herdez

Herman Miller

Home Retail Group

Inditex

International Paper

ITOCHU Corporation

J Sainsbury Plc

JBS S/A

Jerónimo Martins

Johnson & Johnson

Kellogg Company

Kimberly-Clark Corporation

Kimberly-Clark de México

Agropalma

Ahlstrom Corporation

Ajinomoto Co.Inc.

Archer Daniels Midland

Associated British Foods

Avon Products, Inc.

Boots UK

Brambles

Bunge

Cargill

Carrefour

Colgate Palmolive

Crest Nicholson PLC

Danone

Domtar Corporation

DS Smith Plc

Empresas CMPC

Reckitt Benckiser

Saint-Gobain

Sappi

Sekisui Chemical Co., Ltd.

Shiseido Co., Ltd.

Skanska AB

SLC Agricola SA

Smurfit Kappa Group PLC

Sofidel S.p.A.

SWM

Tesco

TETRA PAK

Toyo Seikan Group

Travis Perkins

Unilever plc

Wesfarmers

WestRock Company

Williams-Sonoma Inc

Woolworths Holdings Ltd

Klabin S/A

Lojas Renner S.A.

L'Oréal

Marfrig Global Foods S/A

Mars

Marubeni Corporation

McDonald's Corporation

Minerva Foods

Mondi PLC

Multi-Color NACPG

N Brown Group Plc

Natura Cosméticos SA

Nestlé

Nippon Paper Industries

Oji Holdings Corporation

Orkla ASA

PepsiCo, Inc.

70 empresas que reportaram compras e/ou operações no Brasil

Destaques em negrito: subamostra de empresas que possuem operações físicas no Brasil

Riscos e oportunidades, Estratégias, Monitoramento e Rastreabilidade

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Fonte: CDP & FEBRABAN (2017). Análise das respostas das empresas ao Programa de Florestas do CDP.

Exemplo de análise das práticas empresariais - Riscos e oportunidades

Maioria das empresas com operações no Brasil avalia o risco de desmatamento de maneira integrada à avaliação de riscos da companhia.

Principais impactos: aumento dos custos operacionais, danos à imagem e interrupção de fornecimento.

Oportunidades mais citadas: aumento do valor da marca e suprimento da demanda por produtos sustentáveis.

Estas empresas, no entanto, sofreram mais impactos financeiros derivados do desmatamento nos últimos 5 anos do que a média global.

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Exemplo de análise das práticas empresariais – Monitoramento e rastreabilidade

A quase totalidade das empresas com operações no Brasil já possui algum sistema de monitoramento e rastreabilidade dos produtos produzidos e/ou consumidos.

No entanto, a porcentagem de produtos produzidos e/ou consumidos monitorados varia amplamente, assim como o nível de rastreabilidade ao longo da cadeia.

Fonte: CDP & FEBRABAN (2017). Análise das respostas das empresas ao Programa de Florestas do CDP.

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Alguns pontos para consideração do setor financeiro

Pecuária e Soja devem ser consideradas cadeias produtivas críticas para avaliação e riscos de

desmatamento, pois foram as que mais reportaram impactos reputacionais.

A avaliação de risco e o sistema de monitoramento deve considerar todo o território nacional, já que

grande parte dos compromissos e iniciativas se aplicam apenas para a Amazônia (lacuna em relação a

outros biomas, como o Cerrado).

Para as cadeias florestal e de óleo de palma no Brasil a obtenção de selos de certificação de

sustentabilidade poderia ser considerada pois demonstrou ser prática comum.

No caso das cadeias da soja e da pecuária, a certificação representa um mercado de nicho e poderia

ser considerada como um critério adicional por ser indicativo de redução de risco.

A avaliação do escopo e abrangência dos compromissos empresariais torna-se

relevante pois, na maioria dos casos analisados, ainda que exista uma política para

redução do desmatamento, apenas uma porcentagem dos produtos produzidos e/ou

consumidos são de fato rastreados.

Fonte: CDP & FEBRABAN (2017) - Relatório “Gestão de Riscos de desmatamento. Análise das empresas respondentes ao programa de Florestas do CDP.”

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Práticas adotadas pelos bancos

1. BASA2. Banco do Brasil3. BTG Pactual4. Caixa Econômica Federal5. Itaú6. Rabobank7. Santander8. Votorantim9. Bradesco10. Sicredi

Escopo da análise

Menção a desmatamento na PRSA e/ou políticas setoriais

Procedimentos de análise do risco socioambiental de clientes rurais e empresas do setor agropecuário

Documentos analisados

Impacto do rating socioambiental no rating final, na taxa de juros e no limite de crédito

Ferramentas utilizadas para coleta e análise de informações

Monitoramento do risco socioambiental de clientes

Bancos consultados

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Dados e ferramentas disponíveis para gestão do risco de desmatamento

Base de dados oficiais

Lista de áreas embargadas IBAMA

Lista de áreas embargadas ICMBIO

SICAR - Cadastro Ambiental Rural

PNLA - Licenciamento Ambiental

PRODES – desmatamento

Amazônia Protege - desmatamento

Ferramentas

Agrotools Audsat Agrosatélite Trase Global Forest Watch e Global Forest Watch Pro Agroideal Risco socioambiental WWF/LAPIG Google Earth Engine

Temas considerados/objetivos Pontos positivos Fragilidades

Temas considerados/objetivos Abrangência (país, bioma, commodity) Nível de detalhamento (propriedade, município, região) Pontos positivos Fragilidades

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Elementos para aperfeiçoar a gestão do risco de desmatamento pelas IFs

1. Analisar a regularidade ambiental do cliente e atividade financiada Embargos por desmatamento ilegal (listas de embargos do IBAMA e ICMbio e AmazôniaProtege) Sobreposição da área da operação e/ou dos limites da propriedade rural com áreas classificadas como Unidades de

Conservação (UCs) Sobreposição da área da operação e/ou dos limites da propriedade rural com áreas classificadas como Terras

Indígenas ou Quilombolas No do registro de inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR) Licença ambiental no caso de atividades passiveis de licenciamento

2. Definir a abrangência da análise (por tipo/valor da operação e porte do cliente) com base em uma avaliação da exposição da carteira de crédito/portfolio de projetos aos riscos de desmatamento

3. Utilizar ferramentas geoespaciais como elementos auxiliares para análise do risco socioambiental (além da consulta às bases de dados oficiais)

4. Aprofundar análise para operações classificadas como de maior risco (questionamentos sobre governança, gestão de riscos, monitoramento e engajamento de fornecedores, certificações)

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Atuação institucional

1. Colaboração para melhoria e integração das bases de dados oficiais relacionadas ao uso da terra –articulação com o Ministério do Meio Ambiente (MMA - IBAMA, ICMBio, SFB)

Áreas embargadas do IBAMA e ICMBio (lista de embargos)

Licenciamento ambiental (Portal Nacional do Licenciamento Ambiental)

Cadastro Ambiental Rural (Sicar – Sistema Nacional do Cadastro Ambiental Rural)

2. Compartilhamento de informações sobre as ferramentas e dados disponíveis

Workshops com bancos e desenvolvedores das ferramentas para gestão do risco de desmatamento para aprofundar entendimento de suas funcionalidades

Troca de informações sobre o uso das ferramentas entre os usuários