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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA ESCOLA NACIONAL DE CIÊNCIAS ESTATÍSTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO POPULAÇÃO, TERRITÓRIO E ESTATÍSTICAS PÚBLICAS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Formas de mensuração de acesso à internet no Brasil e no mundo por diferentes pesquisas domiciliares Marcus André Alves Zimmermann Vieira Rio de Janeiro, RJ Fevereiro/2020

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

ESCOLA NACIONAL DE CIÊNCIAS ESTATÍSTICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO POPULAÇÃO,

TERRITÓRIO E ESTATÍSTICAS PÚBLICAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Formas de mensuração de acesso à internet no Brasil e no mundo por

diferentes pesquisas domiciliares

Marcus André Alves Zimmermann Vieira

Rio de Janeiro, RJ Fevereiro/2020

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

ESCOLA NACIONAL DE CIÊNCIAS ESTATÍSTICAS

Formas de mensuração de acesso à internet no Brasil e no mundo por

diferentes pesquisas domiciliares

Marcus André Alves Zimmermann Vieira

Dissertação de Mestrado

Apresentado ao Programa de Pós-Graduação em População,

Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências

Estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística como

requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em População, Território e Estatísticas Públicas

Rio de Janeiro, RJ Fevereiro/2020

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial desse trabalho, por parte da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, através dos seus recursos eletrônicos, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Copyright

por

Marcus André Alves Zimmermann Vieira

2020

V658f Vieira, Marcus André Alves Zimmermann Formas de mensuração de acesso à internet no Brasil e no mundo por diferentes pesquisas domiciliares / Marcus André Alves Zimmermann Vieira. - Rio de Janeiro, 2020. 169 f. Inclui referências, apêndice e anexos. Orientador: Prof. Dr. Denise Britz do Nascimento Silva. Dissertação (Mestrado em População, Território e Estatísticas Públicas) – Escola Nacional de Ciências Estatísticas. 1. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Brasil – Acesso à Internet - Teses. I. Acesso à Internet – Pesquisa – Teses. I. Silva, Denise Britz do Nascimento. II. Escola Nacional de Ciências Estatísticas. III. BGE. IV. Título. CDU: 314.6(81):681.324

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

ESCOLA NACIONAL DE CIÊNCIAS ESTATÍSTICAS

Marcus André Alves Zimmermann Vieira

Formas de mensuração de acesso à internet no Brasil e no mundo por

diferentes pesquisas domiciliares

Dissertação entregue ao Programa de Pós-Graduação em População, Território e

Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre.

Denise Britz do Nascimento Silva Orientadora - ENCE/IBGE

Ana Carolina Soares Bertho ENCE/IBGE

Maria Tereza Serrano Barbosa UNIRIO

Rio de Janeiro, 27 de Fevereiro de 2020

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a toda a minha família, minha base em tudo, e, em especial, aos meus padrinhos Jairo Luiz de Sant’Anna e Amazonina Vieira de Sant’Anna e meus

avós Daura da Silva Alves e José Porfírio Alves, que infelizmente não estão nesse plano comigo, mas que certamente torcem por mim de onde eles estejam.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus, pois com ele tudo é possível. Em segundo, à ENCE, uma instituição incrível que me acolheu de forma única e me proporcionou um aprendizado e uma base que me permitiram realizar o presente trabalho. Em terceiro, a Synval Vieira Filho, Isabel Cristina da Silva Louzada Vieira e Monique Vieira, que abriram seus lares diversas vezes, me acolhendo por tanto tempo no período inicial da minha jornada na pós-graduação e pontualmente em outras oportunidades, o que me permitiu conciliar trabalho e estudo. Em quarto, à minha orientadora Denise Britz do Nascimento Silva, que aceitou caminhar ao meu lado com uma orientação muito participativa deste projeto. Em quinto, ao CETIC.br e Marcelo Pitta, gestor nesta organização, que trouxeram a problemática questão da mensuração do acesso à internet no Brasil e no mundo. E em sexto, às minhas chefes Ana Maria Barsante Papadopoulos e Luciana Freire Murgel, que me deram muito apoio durante essa jornada e me possibilitaram a difícil missão de conciliar trabalho e estudos. E em sétimo, à minha colega de curso Karollayne Madonna Louise e Silva que deu toda uma assistência no uso do R no penúltimo capítulo da minha dissertação.

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RESUMO DO PROJETO

Formas de mensuração de acesso à internet no Brasil e no mundo por

diferentes pesquisas domiciliares

Marcus André Alves Zimmermann Vieira

Escola Nacional de Ciências Estatísticas, IBGE, 2020

Orientadora: Denise Britz do Nascimento Silva

Estatísticas públicas referem-se à informação estatística de interesse para a sociedade, produzidas com rigor técnico e científico, de forma estruturada e com ampla divulgação. Em geral, estatísticas públicas podem ser obtidas principalmente de duas formas: por registros administrativos ou a partir de pesquisas amostrais e censos, como é o caso de pesquisas domiciliares. O objetivo da dissertação é investigar formas de mensurar indicadores referentes ao acesso à internet, considerando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) e a TIC Domicílios, ambas pesquisas domiciliares realizadas no Brasil, comparando métodos, conceitos, definições e resultados com os utilizados e produzidos por outros países. Para essa análise, são comparados os questionários das pesquisas, explicitando os fluxos lógicos, a organização das perguntas e as respectivas unidades de referência da informação. Destaca-se também a questão referente à definição operacional do acesso à internet: serviço móvel individual ou serviço de utilidade ao domicílio. O IBGE adota a definição de serviço móvel individual, pois se pelo menos um morador tiver o serviço disponível, o domicílio é classificado na PNADC como tendo acesso à internet. Já a TIC Domicílios capta o acesso à internet como um serviço de utilidade ao domicílio, disponível para todo e qualquer de seus moradores. Diante das divergências das estimativas sobre acesso à internet nas duas fontes, a dissertação calcula indicadores visando à compatibilização dos resultados das pesquisas. Palavras-chave: Acesso à internet. Qualidade de dados. Pesquisas domiciliares. Questionários.

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ABSTRACT

Ways of measuring internet access in Brazil and the world by different

household surveys

Marcus André Alves Zimmermann Vieira

Escola Nacional de Ciências Estatísticas, IBGE, 2020

Advisor: Denise Britz do Nascimento Silva

OR official statistics refer to statistical information of interest for society, produced with technical and scientific rigor, in a structured way and with wide dissemination. In general, OR official statistics can be obtained mainly in two ways: through administrative records or from sample surveys and censuses, as is the case of household surveys. The objective of the dissertation is to investigate ways to measure indicators related for internet access, considering the Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) and the TIC Domicílios, both household surveys conducted in Brazil, comparing methods, concepts, definitions and results with the used and produced by another countries. For this analysis, the survey questionnaires are compared, explaining the logical flows, the organization of the questions and the respective reference units of the information. Also noteworthy is the issue regarding the operational definition of internet access: individual mobile service or utility service at household. IBGE adopts the definition of individual mobile service, since if at least one resident has the service available, the household is classified in the PNADC as having access to the internet. Already, TIC Domicílios captures internet access as a utility service at home, available to any and all of its residents. In view of the divergences in the estimates on internet access in the two sources, the dissertation calculates indicators aiming to make the research results compatible. Keywords: Internet access. Data quality. Household surveys. Questionnaires.

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SUMÁRIO

Lista de Gráficos ........................................................................................... xii

Lista de Quadros .......................................................................................... xvi

Lista de Ilustrações ..........................................................................................xvii

Lista de Abreviaturas e Siglas .............................................................................. xviii

Capítulo 1: Introdução ............................................................................................. 1

1.1. Justificativa do tema ........................................................................................ 1

1.2. Objetivos geral e específicos ........................................................................... 6

Capítulo 2: A sociedade da informação e sua mensuração .................................... 8

Capítulo 3: Pesquisas domiciliares sobre TIC no Brasil ......................................... 22

3.1. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) ................ 23

3.1.1. Fluxo lógico do questionário da PNADC de acordo com a unidade de referência domicílio ......................................................................... 24

3.1.2. Fluxo lógico do questionário da PNADC de acordo com a unidade de referência pessoa ............................................................................. 28

3.2. Tecnologia da Informação e Comunicação nos Domicílios (TIC Domicílios) .. 35

3.2.1. Fluxo lógico do questionário da TIC Domicílios de acordo com a unidade de referência domicílio ......................................................................... 36

3.2.2. Fluxo lógico do questionário da TIC Domicílios de acordo com a unidade de referência pessoa ............................................................................. 43

3.3. Comparação entre as pesquisas brasileiras ................................................... 58

Capítulo 4: Mensuração do acesso e uso da internet em pesquisas domiciliares sobre TIC no mundo ......................................................................... 73

4.1. União Europeia ........................................................................................... 78

4.2. África ........................................................................................... 82

4.3. Japão ........................................................................................... 85

4.4. Austrália ........................................................................................... 87

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4.5. México ........................................................................................... 88

4.6. Canadá ........................................................................................... 90

4.7. Estados Unidos ........................................................................................... 92

4.8. Comparativo dos países selecionados em relação às pesquisas brasileiras .. 93

Capítulo 5: Comparabilidade e compatibilização de dados entre pesquisas brasileiras ......................................................................................... 97

Capítulo 6: Conclusões ........................................................................................ 103

Referências bibliográficas .................................................................................... 107

Glossário ......................................................................................... 111

Apêndice ......................................................................................... 115

Anexo I – Questionário da PNADC (Módulo Habitação) ..................................... 117

Anexo II – Questionário da PNADC (suplemento especial 07 sobre TIC) ............ 123

Anexo III – Questionário da TIC Domicílios ......................................................... 126

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 2.1: Percentual de pessoas com telefone celular no mundo no período 2005-2019 ........................................................................................ 14

Gráfico 2.2: Percentual de habitantes com banda larga móvel no mundo no período 2007-2019 ........................................................................................ 15

Gráfico 2.3: Proporção de habitantes com banda larga fixa no mundo no período 2005-2019 ........................................................................................ 16

Gráfico 2.4: Proporção da população coberta por pelo menos uma rede móvel LTE/WiMAX (4G) no mundo no período 2015-2019 ........................ 17

Gráfico 2.5: Proporção de domicílios com computador no mundo no período 2005-2019 ........................................................................................... 18

Gráfico 2.6: Proporção de domicílios com acesso à internet no mundo no período 2005-2019 ........................................................................................ 19

Gráfico 2.7: Proporção de indivíduos que usam a internet no mundo no período 2005-2019 ........................................................................................ 20

Gráfico 3.1: Proporção de pessoas que usam a internet segundo dispositivo utilizado no Brasil em 2017 .............................................................. 31

Gráfico 3.2: Proporção de usuários de internet segundo atividades realizadas no Brasil em 2017 .................................................................................. 32

Gráfico 3.3: Proporção de pessoas com 10 anos ou mais que não acessaram à internet segundo motivo de não uso no Brasil em 2017 ................. 33

Gráfico 3.4: Proporção de pessoas que não possuem celular segundo motivo para não ter celular no Brasil em 2017 .................................................... 34

Gráfico 3.5: Proporção de domicílios sem acesso à internet segundo motivação para falta de acesso no Brasil em 2017 ............................................ 40

Gráfico 3.6: Proporção de pessoas que não usam a internet segundo barreiras de utilização no Brasil em 2017 ............................................................ 46

Gráfico 3.7: Proporção de pessoas que usam a internet segundo histórico de utilização no Brasil em 2017 ............................................................ 47

Gráfico 3.8: Proporção de usuários de internet segundo dispositivo utilizado no Brasil em 2017 .................................................................................. 49

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Gráfico 3.9: Proporção de pessoas que utilizam computador segundo histórico de uso no Brasil em 2017 ...................................................................... 51

Gráfico 3.10: Proporção de pessoas e domicílios segundo tipo de conexão à internet por pesquisa no Brasil em 2017 ......................................... 64

Gráfico 3.11: Atividades realizadas com acesso à internet no Brasil em 2017 ..... 67

Gráfico 4.1: Proporção de domicílios com acesso e de usuários de internet segundo diferentes regiões do mundo em 2017 ............................................ 73

Gráfico 4.2: Distribuição da proporção de usuários na população de 207 países em 2017 ........................................................................................... 75

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1: Proporção de domicílios com acesso à internet segundo equipamento utilizado no Brasil em 2017 .............................................................. 27

Tabela 3.2: Proporção de domicílios com acesso à internet segundo tipo de conexão no Brasil em 2017 .............................................................. 41

Tabela 3.3: Proporção de usuários de internet segundo frequência de utilização no Brasil em 2017 .................................................................................. 48

Tabela 3.4: Proporção de usuários de internet segundo local de utilização por tipo de resposta no Brasil em 2017 ......................................................... 50

Tabela 3.5: Proporção de usuários de microcomputador segundo atividades realizadas com o computador no Brasil em 2017 ............................ 53

Tabela 3.6: Proporção de pessoas que usam celular segundo atividades realizadas no mesmo no Brasil em 2017 ........................................................... 56

Tabela 3.7: Proporção de domicílios com acesso à internet e usuários da mesma por pesquisa no Brasil em 2017 ....................................................... 59

Tabela 3.8: Proporção de domicílios e pessoas segundo a posse de determinados equipamentos por pesquisa no Brasil em 2017 ............................... 62

Tabela 3.9: Proporção de pessoas que não utilizam a internet segundo barreiras de uso por pesquisa no Brasil em 2017 ................................................ 69

Tabela 4.1: Proporção de usuários de internet segundo países do primeiro quartil em 2017 ........................................................................................... 76

Tabela 4.2: Proporção de usuários de internet segundo países do grupo intermediário em 2017 .................................................................... 77

Tabela 4.3: Proporção de usuários de internet segundo países do último quartil em 2017 ........................................................................................... 78

Tabela 4.4: Proporção de domicílios com acesso à internet segundo a União Europeia e países europeus em 2017 .............................................. 80

Tabela 4.5: Proporção de usuários de internet segundo a União Europeia e países europeus em 2017 ........................................................................... 82

Tabela 4.6: Proporção de domicílios com acesso à internet segundo países africanos em 2017 ............................................................................ 84

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Tabela 4.7: Proporção de pessoas que usam internet segundo países africanos em 2017 ........................................................................................... 85

Tabela 5.1: Indicadores originais e construídos sobre acesso à internet no Brasil em 2017 ......................................................................................... 102

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LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1: Lista de indicadores de acesso e uso de TIC por domicílio e indivíduos ........................................................................................... 13

Quadro 3.1: Perguntas para coleta de informações sobre acesso e uso da internet por pesquisa ..................................................................................... 59

Quadro 3.2: De/para tipo de conexão ................................................................... 63

Quadro 3.3: De/para atividades realizadas através da internet ........................... 65

Quadro 3.4: De/para motivos para não acessar à internet................................... 69

Quadro 3.5: Indicadores de acesso e uso de TIC da UIT para domicílios e indivíduos presentes na PNADC e TIC Domicílios .............................................. 71

Quadro 4.1: Resumo comparativo entre os países e suas respectivas pesquisas sobre acesso à internet .................................................................... 95

Quadro 4.2: Resumo comparativo entre os países e suas respectivas pesquisas sobre uso da internet ....................................................................... 95

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 2.1: Anúncio de comercialização da internet em 1994 .......................... 9

Ilustração 3.1: Fluxograma da última parte do bloco de habitação do questionário da PNADC em 2017 .......................................................................... 25

Ilustração 3.2: Fluxograma do módulo 07 sobre TIC na PNADC em 2017 ............ 29

Ilustração 3.3: Fluxograma do módulo A da TIC Domicílios – Acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação no Domicílio ................................... 37

Ilustração 3.4: Fluxograma do módulo C da TIC Domicílios – Uso da Internet ..... 45

Ilustração 3.5: Fluxograma do módulo J da TIC Domicílios – Telefone Celular..... 54

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEP: Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa ABS: Australian Bureau of Statistics ACS: American Community Survey ASP: Application Service Provider BWA: Broadband Wireless Access CAPI: Computer-Assisted Personal Interviewing CEI: Comunidade dos Estados Independentes CETIC: Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação CGI: Comitê Gestor da Internet CIUS: Canadian Internet Use Survey CMSI: Cúpula Mundial da Sociedade da Informação CNEFE: Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos CSO: Central Statistics Office CTI: Ciência, Tecnologia e Inovação DIRSI: Diálogo Regional sobre la Sociedad de la Información DoS (DDoS): Denial of Service DPP: Domicílio Particular Permanente DSL: Digital Subscriber Line ECA: United Nations Economic Commission for Africa (Comissão Econômica para a África) ECLAC: United Nations Economic Commission for Latin America and the Caribbean (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) ENCE: Escola Nacional de Ciências Estatísticas ESCAP: United Nations Economic and Social Commission for Asia and the Pacific (Comissão Econômica e Social para a Ásia e o Pacífico) ESCWA: United Nations Economic and Social Commission for Western Asia (Comissão Econômica e Social para a Ásia Ocidental) EUA: Estados Unidos da América EUROSTAT: European Statistical Office FWA: Fixed Wireless Access HUIT: Household Use of Information Technology IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICT: Information and Communication Technology ICTS: Information & Communication Technology Survey IDS: Intrusion Detection System INE: Instituto Nacional de Estatística INEGI: Instituto Nacional de Estadística y Geografía IP: Internet Protocol address (Endereço de Protocolo da Internet) ISDN: Integrated Service Digital Network ITU: International Telecommunication Union LACNIC: Registro de Endereços da Internet para a América Latina e o Caribe

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LFS: Labour Force Survey LIRNEasia: Learning Initiatives on Reforms for Network Economies Asia MIC: Ministry of Internal Affairs and Communications MPHS: Multipurpose Household Survey NIC: Núcleo de Informação e Coordenação OCDE: Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico ODS: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável OECD: Organization for Economic Co-operation and Development ONS: Office for National Statistics ONU: Organização das Nações Unidas PME: Pesquisa Mensal de Emprego PNAD: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNADC: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua RIA: Research ICT Africa SaaS: Software as a Service SBC: Secretariat of the Basel Convention (Secretariado da Convenção da Basileia) SPF: Sender Policy Framework TIC: Tecnologia da Informação e Comunicação UE: União Europeia UIT: União Internacional de Telecomunicações UNCTAD: United Nations Conference on Trade and Development (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) UNEP: United Nations Environment Programme (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) UNU-ISP: United Nations University Institute for the Advanced Study of Sustainability and Peace (Instituto para o Estudo Avançado da Sustentabilidade e da Paz da Universidade das Nações Unidas) UPA: Unidades Primárias de Amostragem WSIS: World Summit on the Information Society (Cúpula Mundial da Sociedade da Informação)

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CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

Estatísticas públicas referem-se à informação estatística de interesse para a

sociedade, produzida com rigor técnico e científico, de forma estruturada e com ampla

divulgação. Atualmente, no Brasil, as principais fontes de estatísticas públicas são os

registros administrativos, os censos e as pesquisas amostrais, como é o caso de

pesquisas domiciliares. Cada fonte tem a sua devida importância, mas o foco do

presente trabalho dar-se-á nas pesquisas domiciliares. Adicionalmente, destaca-se a

importância do acesso à internet e as transformações da sociedade da informação.

Sendo assim, a presente dissertação propõe-se a analisar como é mensurado o acesso

à internet nas diversas pesquisas domiciliares no Brasil e no mundo. A proposta é

examinar e comparar os conceitos, as definições e os questionários dessas pesquisas

domiciliares, além de avaliar seus impactos na mensuração do fenômeno de interesse.

Nesse sentido, serão investigados os fluxos lógicos, a organização das perguntas e as

respectivas unidades de referência da informação. Almeja-se debater maneiras de

elaborar perguntas para captar da melhor forma possível o acesso à internet no Brasil

e no mundo. Assim, pretende-se contribuir para a comparação dos resultados entre os

países de modo coerente e padronizado, atentando-se que o tema encontra-se em

constante transformação e as formas de acesso mudam rapidamente, o que torna esse

desafio ainda mais instigador.

1.1. Justificativa do tema

Segundo Castells (2002), o que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a

centralidade de saber, porém a aplicação desse aprendizado para a geração de

conhecimentos e de dispositivos de processamento e comunicação da informação,

evidenciando um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso. Assim,

Page 21: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

2

as novas tecnologias da informação não são simplesmente ferramentas a serem

aplicadas, mas processos a serem desenvolvidos.

Nesse sentido, é importante destacar que o acesso a TIC (Tecnologia da

Informação e Comunicação), em especial à internet, ocorre em um cenário de

constante evolução tecnológica e a mensuração de indicadores de acesso busca

acompanhar tais transformações. Assim, há sempre um descompasso do que medir e

como medir, além do acompanhamento da evolução do fenômeno. Castells (2002) já

associava as inovações tecnológicas e a produtividade com a defasagem do tempo. De

tal modo, o conceito de internet muda muito rapidamente. Há 20 anos era

extremamente comum, por exemplo, o uso de internet discada em computadores

fixos em mesas. Hoje, uma criança acessa um vídeo de desenho no YouTube com

apenas um toque no celular. Normalmente, os estudos sociais observam pequenas

mudanças ao longo de um curto prazo, mas a proposta da presente dissertação foca

em um fenômeno muito mais dinâmico do que o acesso a outros tipos de

infraestrutura. Os conceitos até poderiam mudar para se atualizar e melhor se

adaptar, mas isso impactaria a comparabilidade entre as informações produzidas ao

longo do tempo. Logo, trata-se de uma escolha entre o ajuste conceitual e a análise ao

longo dos anos, em que a priorização de uma dimensão, prejudica a análise pela outra.

Mesmo nesse cenário de constantes atualizações e unanimidade da internet

enquanto ferramenta de promoção social, dados da Internet.org (2019)1 mostram que

ainda há muito para se evoluir, pois somente 1 em cada 3 pessoas no mundo

conseguem acessar a internet, enfrentando os seguintes desafios:

i. Os dispositivos são demasiadamente custosos;

ii. Os planos de serviços são muito caros;

iii. As redes móveis são poucas e distantes umas das outras;

iv. Conteúdo não disponível na língua local;

1 Para mais detalhes, ver Internet.org. Disponível em https://info.internet.org/en/. Acesso em 29/05/2019.

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3

v. As pessoas não têm certeza do valor que a internet agregará;

vi. Fontes de energia são limitadas ou caras;

vii. As redes não suportam grandes quantidades de dados.

Essa situação global vai de encontro com a Agenda 2030, acordo entre

representantes de 193 países membros da ONU (Organização das Nações Unidas) que

se comprometeram a adotar medidas para o desenvolvimento sustentável em todo o

mundo após conferência realizada em 20152. Vale acrescentar que o Brasil faz parte

desses 193 países, tendo então metas a cumprir nos quinzes anos subsequentes à

assinatura do acordo.

Como a internet é uma grande ferramenta de integração e promoção social,

seu acesso abre novos horizontes e concede oportunidades. Ela possui impacto em

praticamente todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), criados

pela ONU, para serem atingidos até 2030. Vale salientar que a internet aparece

claramente em dois momentos:

Objetivo 9 Construir infraestruturas resistentes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação [...] 9.c aumentar significativamente o acesso às TIC, e procurar ao máximo oferecer acesso universal e acessível à internet nos países menos desenvolvidos, até 2020 [...] Objetivo 17 Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável [...] 17.8 operacionalizar plenamente o Banco de Tecnologia e CTI (Ciência, Tecnologia e Inovação) mecanismo de capacitação para os países menos desenvolvidos até 2017, e aumentar o uso de tecnologias de capacitação, em particular das TIC (Agenda 2030, ONU).

Assim, como o papel da internet é tão importante, a produção de estatísticas

públicas sobre seu acesso e uso é imprescindível. Além disso, faz-se necessário

2 Para mais detalhes, ver Agenda 2030. ODS. Disponível em http://www.agenda2030.org.br/ods/. Acesso em 16/05/2019.

Page 23: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

4

compreender e comparar os aspectos metodológicos de diferentes fontes de

informação sobre o tema, em especial pesquisas domiciliares, para avaliar a

comparabilidade entre os dados de diferentes fontes no Brasil e no mundo.

O Instituto Nacional de Estatísticas do Canadá (2009) afirma que a qualidade

dos seus dados é a característica mais importante para manter sua credibilidade. Vale

ressaltar que qualidade dos dados é definida pela instituição como aquela que garante

a representatividade do público almejado, descrevendo o contexto selecionado e

garantindo informações necessárias e valiosas para o país. A informação estatística é

fundamental para o funcionamento de uma democracia moderna. Sem dados de

excelência, a qualidade na tomada de decisões, a alocação de bilhões de dólares em

recursos e a capacidade de governos, empresas, instituições e o público em geral para

entender a realidade social e econômica do país seriam severamente prejudicadas

(STATISTICS CANADA, 2009).

Neste ponto, é importante citar os 10 Princípios Fundamentais das Estatísticas

Oficiais de acordo com a Divisão de Estatística das Nações Unidas (UNSD) que reforçam

o que já fora dito no parágrafo anterior:

Princípio 1 Relevância, imparcialidade e igualdade de acesso As estatísticas oficiais constituem um elemento indispensável no sistema de informação de uma sociedade democrática, oferecendo ao governo, à economia e ao público dados sobre a situação econômica, demográfica social e ambiental. Com esta finalidade, os órgãos oficiais de estatística devem produzir e divulgar, de forma imparcial, estatísticas de utilidade prática comprovada, para honrar o direito do cidadão à informação pública.

Princípio 2 Padrões profissionais e ética Para manter a confiança nas estatísticas oficiais, os órgãos de estatística devem tomar decisões, de acordo com considerações estritamente profissionais, aí incluídos os princípios científicos e a ética profissional, para a escolha dos métodos e procedimentos de coleta, processamento, armazenamento e divulgação dos dados estatísticos.

Princípio 3 Responsabilidade e transparência

Page 24: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

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Para facilitar uma interpretação correta dos dados, os órgãos de estatística devem apresentar informações de acordo com normas científicas sobre fontes, métodos e procedimentos estatísticos.

Princípio 4 Prevenção do mau uso dos dados Os órgãos de estatística têm direito de comentar interpretações errôneas e utilização indevida das estatísticas.

Princípio 5 Eficiência Os dados utilizados para fins estatísticos podem ser obtidos a partir de diversos tipos de fontes, sejam pesquisas estatísticas ou registros administrativos. Os órgãos de estatística devem escolher as fontes levando em consideração a qualidade, oportunidade, custos e ônus para os informantes.

Princípio 6 Confidencialidade Os dados individuais coletados pelos órgãos de estatística para elaboração de estatísticas, sejam referentes a pessoas físicas ou jurídicas, devem ser estritamente confidenciais e utilizados exclusivamente para fins estatísticos.

Princípio 7 Legislação As leis, regulamentos e medidas que regem a operação dos sistemas estatísticos devem ser tornadas de conhecimento público.

Princípio 8 Coordenação nacional A coordenação entre os órgãos de estatística de um país é indispensável, para que se obtenha coerência e eficiência no sistema estatístico.

Princípio 9 Uso de padrões internacionais A utilização de conceitos, classificações e métodos internacionais pelos órgãos de estatística de cada país promove a coerência e a eficiência dos sistemas de estatística em todos os níveis oficiais.

Princípio 10 Cooperação internacional A cooperação bilateral e multilateral na esfera da estatística contribui para melhorar as estatísticas oficiais em todos os países. (ONU, 2014)

Todos esses princípios também estão elencados dentro do Código de Boas

Práticas das Estatísticas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Inclusive, há um quadro de correspondência nele que permite relacionar seus valores

com os Princípios Fundamentais das Estatísticas Oficiais da ONU, por seções. Isso

legitima o IBGE como um instituto nacional de estatística que segue o padrão

Page 25: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

6

internacional estabelecido, o que é fundamental inclusive para a comparabilidade de

seus resultados com o de outros países, além da credibilidade institucional, o que

garante o reconhecimento e a confiança da sociedade nas informações que a

instituição produz (IBGE, 2013).

1.2. Objetivos geral e específicos

O objetivo geral da dissertação é comparar os métodos e os resultados das

pesquisas domiciliares que mensuram o acesso à internet no Brasil e no mundo. Dessa

forma, os objetivos específicos são:

Descrever as metodologias, as definições operacionais e os resultados

das mensurações do acesso à internet nas pesquisas domiciliares no

Brasil;

Decompor os fluxos lógicos dos questionários sobre acesso à internet

nas pesquisas domiciliares no Brasil;

Descrever as metodologias, as definições operacionais e os resultados

das mensurações do acesso à internet nas pesquisas domiciliares no

mundo;

Propor um método de harmonização dos dados para as pesquisas

brasileiras visando à comparabilidade dos indicadores;

Mensurar e comparar os indicadores de acordo com as diferentes

definições operacionais.

No que se refere às pesquisas domiciliares no Brasil, esta dissertação tem como

foco a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE e a TIC

Domicílios do CETIC.br, e seus resultados para o ano de 2017.

Page 26: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

7

Será averiguada a dualidade de considerar a pessoa ou o domicílio como

unidade de referência da informação de acesso e uso da internet. Além disso,

pretende-se elucidar se as pessoas compreendem o acesso e o uso da internet, tanto

na modalidade fixa quanto na móvel, incluindo toda a diversidade de dispositivos. Por

fim, é fundamental confirmar se o critério usado pela União Internacional de

Telecomunicações (UIT) de usuário na internet (qualquer pessoa que navegou na

internet nos últimos três meses) é seguido no Brasil e no mundo.

Para isso, os questionários das diversas pesquisas serão comparados, assim

como as suas estatísticas resultantes, para investigar como a formulação das perguntas

pode impactar nas respostas e, consequentemente, na mensuração do fenômeno.

Assim, a presente dissertação constitui-se de seis capítulos. Este primeiro é

introdutório e visa apresentar o porquê da escolha do tema e os objetivos da

dissertação. O segundo trata de um referencial teórico sobre a sociedade da

informação, trazendo o histórico mundial e no Brasil, desde o surgimento da internet

até os dias de hoje, e com um panorama em escala mundial de alguns indicadores

sobre TIC. O terceiro foca nas pesquisas domiciliares brasileiras que medem o

fenômeno, havendo uma seção para cada fonte de dados, além de uma seção final

comparativa das duas pesquisas. Já o quarto exibe alguns exemplos de pesquisas

internacionais que tratam da mesma temática, sendo uma seção para cada um dos

países analisados, além de uma seção final comparativa para sedimentar o que foi

analisado durante todo o capítulo. O quinto aborda a compatibilização dos indicadores

sobre acesso à internet da TIC Domicílios para a PNADC, e o sexto finaliza a dissertação

com considerações finais.

Page 27: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

8

CAPÍTULO 2: A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E SUA MENSURAÇÃO

De acordo com Castells (2002), a criação e o desenvolvimento da internet no

final do século XX foram consequência de uma fusão única de estratégia militar,

grande cooperação científica, iniciativa tecnológica e inovação contracultural. Apesar

de contar com o apoio inicial do Estado Americano através do seu departamento de

defesa, o desenvolvimento apenas foi possível graças à mão de obra qualificada na

região e o espírito empreendedor dessas pessoas, que foram criando uma sequência

de empresas, tais como a Apple e a Microsoft, sendo que diversos indivíduos saíram

das primeiras empresas para montar novas empresas, formando polos que permitiram

essa revolução na sociedade da informação.

Devido à natureza de tentativa e erro desse processo, em que se aprendia

fazendo, esse conhecimento era ao mesmo tempo produto e insumo desse sistema, o

que levou a um círculo virtuoso de grandes e rápidas mudanças. Esse processo

demonstra um claro exemplo de destruição criativa schumpeteriana3, reforçando a

estrutura capitalista em que foi inserido, em que a inovação é contínua e força a rápida

renovação tecnológica. Isso ainda exige que as empresas se adequem rapidamente ou

serão passadas para trás, pois o que era novo há pouco tempo passa a ser obsoleto.

Apesar de a internet ter dado seus primeiros passos no mundo na década de

1960, ela apenas chegou no Brasil em 1988 de acordo com Guizzo (1999). Inicialmente

voltada para pesquisas em algumas universidades, apenas em 1994 a internet

começou a ser comercializada em caráter experimental no país, na época pela

Embratel, conforme é possível ver no anúncio da ilustração 2.1. Já em 1995, o

Ministério das Comunicações em conjunto com o Ministério da Ciência e Tecnologia,

começaram as atividades para disponibilizar acesso à internet para a população

3 Para Schumpeter, as inovações dos empresários são a força motriz do crescimento econômico, mesmo que, para isso, outras empresas mais antigas ou mesmo modelos de negócios mais velhos sejam destruídos por não se adaptar a esse novo cenário. Para mais detalhes, ver Schumpeter, J.A. Capitalismo, Socialismo e Democracia. Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura, 1961.

Page 28: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

9

brasileira, incluindo a criação do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Em 1995,

segundo o CGI.br, a Anatel ainda publicou a Norma 004/954, que regula o uso de meios

da rede pública de telecomunicações para o provimento e utilização de serviços de

conexão à internet.

Ilustração 2.1: Anúncio de comercialização da internet em 1994

Fonte: www.tecmundo.com.br. Acesso em 18/05/2019.

4 Para mais detalhes, ver ANATEL. Norma 004/95. Uso de meios da rede pública de telecomunicações para acesso à internet. Brasil, 1995. Disponível em https://www.anatel.gov.br/hotsites/Direito_Telecomunicacoes/TextoIntegral/ANE/prt/minicom_19950531_148.pdf. Acesso em 23/09/2019.

Page 29: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

10

Nos anos subsequentes, o CGI.br continuou o seu trabalho de consolidar o

acesso à internet no Brasil, chegando a participar da reunião com o grupo de formação

do Registro de Endereços da Internet para a América Latina e o Caribe (LACNIC)5, em

Santiago, no Chile (em 2000) e apresentou a sua impressão sobre a articulação dos

demais países envolvidos na implantação da entidade para cuidar da distribuição dos

endereços IP (Protocolo de Internet)6 para a América Latina. O CGI.br ainda participou

em 2000 da reunião anual da ICANN (Internet Corporation for Assigned Names and

Numbers), no Japão. Durante esse evento, a delegação brasileira reuniu-se com

representantes do NIC-México e definiram que a sede operacional do LACNIC seria no

Brasil.

O ano de 2003 também foi de suma importância, pois nesse ano foi criado o

Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), entidade civil sem fins

lucrativos (que assumiria a competência de realizar as atividades de registro de nomes

de domínio, distribuição de endereços IPs e sua manutenção na Internet em 2005), e a

reunião da ICANN foi realizada no Rio de Janeiro. Em 2006, também foi realizada a

reunião da ICANN em São Paulo. Além de uma sequência de eventos sobre internet

nos anos seguintes, vale ressaltar o início da vigência do Marco Civil da Internet7 em

2014, importante salto regulatório na internet brasileira, estabelecendo princípios,

garantias, direitos e deveres para quem usa a rede, bem como da determinação de

diretrizes para a atuação do Estado.

Nesse cenário de constante e intensa renovação, analisar o acesso à internet,

que é um produto de uma revolução, meio de difusão e propagação e insumo para

novos desenvolvimentos, torna-se fundamental. Segundo o IBGE (2019), a Sociedade

5 Para detalhes, ver Aguerre (2019). Disponível em https://www.lacnic.net/innovaportal/file/3733/1/el-desarrollo-de-la-comunidad-de-lacnic.pdf. Acesso em 23/09/2019. 6 Segundo Aguerre (2019), IP significa protocolo de internet, que permite que dados sejam enviados entre computadores conectados à Internet, mesmo que eles usem links de diferentes tecnologias. 7 Para detalhes, ver Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm. Acesso em 18/05/2019.

Page 30: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

11

para a Medição das TIC para o Desenvolvimento (Partnership on Measuring ICT for

Development), que é uma iniciativa internacional para harmonizar as estatísticas sobre

essas tecnologias, elaborou uma lista de indicadores-chave. Essa lista, que almeja

servir de base para a elaboração padronizada de estatísticas para obtenção de

indicadores comparáveis internacionalmente sobre a sociedade da informação, foi

resultado de um intenso processo de consultas a organismos de estatística. Tal lista

também contou com a aprovação dos participantes do Encontro Temático sobre

Medição da Sociedade da Informação da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação

(World Summit on the Information Society, WSIS Thematic Meeting on Measuring the

Information Society)8, realizado em Genebra, em 2003, e em Tunis, em 2005. O intuito

desses encontros era minimizar a exclusão digital, tão presente nos países menos

desenvolvidos e um dos focos dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, os ODMs

(hoje atualizados nos ODSs já citados anteriormente). De acordo com o relatório final

do WSIS (2005), enquanto os países da Organização de Cooperação e de

Desenvolvimento Econômico (OCDE) têm boas estatísticas sobre TIC disponível, há

poucos dados comparáveis sobre a situação nos países em desenvolvimento. Um

exemplo disso foi a análise realizada nesse mesmo relatório que apontou que a

maioria dos países em desenvolvimento até apurava alguns dados sobre acesso à

8 “A Sociedade para a Medição das TIC para o Desenvolvimento é constituída pelos seguintes membros: Statistical Office of the European Union - Eurostat; União Internacional de Telecomunicações - UIT (International Telecommunication Union - ITU); Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico - OCDE (Organization for Economic Co-operation and Development - OECD); Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (United Nations Conference on Trade and Development - UNCTAD); quatro comissões regionais das Nações Unidas: Comissão Econômica para a África (United Nations Economic Commission for Africa - ECA), Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (United Nations Economic Commission for Latin America and the Caribbean - ECLAC), Comissão Econômica e Social para a Ásia e o Pacífico (United Nations Economic and Social Commission for Asia and the Pacific - ESCAP) e Comissão Econômica e Social para a Ásia Ocidental (United Nations Economic and Social Commission for Western Asia - ESCWA); Instituto de Estatística da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco Institute for Statistics); Departamento das Nações Unidas de Assuntos Econômicos e Sociais (United Nations Department of Economic and Social Affairs); Secretariado da Convenção da Basileia do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Secretariat of the Basel Convention - SBC of the United Nations Environment Programme - UNEP); Instituto para o Estudo Avançado da Sustentabilidade e da Paz da Universidade das Nações Unidas (United Nations University Institute for the Advanced Study of Sustainability and Peace - UNU-ISP); e Banco Mundial (World Bank).” (IBGE, 2019)

Page 31: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

12

internet, mas muito pouco sobre o uso. Segundo as notas metodológicas da PNADC

(IBGE, 2019), a produção dos indicadores-chave não é obrigatória e deve ser ajustada

às condições e necessidades de cada país. Além disso, essa lista de indicadores já foi

revista mais de uma vez visando seu contínuo aprimoramento. Sua última atualização

é de 2016. Assim, tal lista sobre TIC ficou formada por sete conjuntos de indicadores9:

1 - Indicadores-chave de infraestrutura e acesso à TIC;

2 - Indicadores-chave de acesso e uso de TIC nos domicílios e por pessoas;

3 - Indicadores-chave de uso de TIC por empresas;

4 - Indicadores-chave do setor produtivo de bens e serviços de TIC;

5 - Indicadores-chave de comércio internacional de bens de TIC;

6 - Indicadores-chave de TIC na educação;

7 - Indicadores-chave de TIC no governo.

O segundo conjunto, que é alvo do presente trabalho, é formado por 19

indicadores, geralmente obtidos por meio de pesquisas domiciliares, conforme quadro

2.1:

9 Para maior detalhamento a cerca de cada indicador, ver International Telecommunication Union. Core list of ICT indicators. Geneva, 2016. Preparado no âmbito da Sociedade para a Medição das TIC para o Desenvolvimento (Partnership on Measuring ICT for Development). Disponível em: https://www.itu.int/en/ITU-D/Statistics/Documents/coreindicators/Core-List-of-Indicators_March2016.pdf. Acesso em 19/09/2019.

Page 32: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

13

Quadro 2.1: Lista de indicadores de acesso e uso de TIC por domicílio e indivíduos

Código Descrição

HH1 Proporção de domicílios com rádio

HH2 Proporção de domicílios com televisão

HH3 Proporção de domicílios com telefone

HH4 Proporção de domicílios com microcomputador

HH5 Proporção de pessoas que utilizam microcomputador

HH6 Proporção de domicílios com Internet

HH7 Proporção de pessoas que utilizam a Internet

HH8 Proporção de pessoas que utilizam a Internet, por local de utilização

HH9 Proporção de pessoas que utilizam a Internet, por tipo de atividade realizada

HH10 Proporção de pessoas que utilizam telefone móvel celular

HH11 Proporção de domicílios com acesso à Internet, por tipo de serviço

HH12 Proporção de pessoas que utilizam a Internet, por frequência

HH13 Proporção de domicílios com acesso à programação televisiva por meios diferentes da televisão analógica aberta, por tipo

HH14 Proporção de domicílios sem Internet, segundo barreiras ao acesso

HH15 Proporção de usuários de microcomputador, segundo o tipo de habilidade

HH16 Despesa domiciliar em TIC

HH17 Proporção de pessoas que utilizam Internet, por tipo de equipamento portátil e conexão utilizada para acessar a Internet

HH18 Proporção de pessoas que possuem telefone móvel celular

HH19 Proporção de pessoas que não utilizam a Internet, por tipo de motivo

Fonte: Lista de indicadores sobre TIC da UIT

A partir desses indicadores, a UIT tem monitorado todo esse movimento de TIC,

compilando as informações recebidas de todos os países. Aliás, é importante atentar-

se que a UIT na verdade nasceu como União Internacional do Telégrafo em 17 de maio

de 1865, após dois meses e meio de negociação entre os 20 Estados, através da

assinatura da primeira Convenção Internacional do Telégrafo em Paris, a fim de

facilitar eventuais alterações futuras ao acordo inicial. Anos depois, a organização

passou a se chamar União Internacional de Telecomunicações e, atualmente, a

organização é formada por 193 países-membros e mais de 800 membros de setor e

associados (setores público e privado, incluindo universidades e centros de pesquisas).

Page 33: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

14

A sede da UIT está localizada em Genebra na Suíça e a organização possui escritórios

regionais e de área em todo o mundo, inclusive no Brasil desde 199210.

Nesse momento, é importante ressaltar que os institutos nacionais que são

responsáveis pelas pesquisas e a UIT funciona apenas como um agregador de todas

essas informações. Com isso, é possível montar panoramas mundiais sobre a TIC no

mundo. Os gráficos 2.1 a 2.7 apresentam evidências para uma contextualização

histórica de como estão esses indicadores no mundo, nos países desenvolvidos, em

desenvolvimento e menos desenvolvidos11 (os dados de 2019 são estimativas).

Gráfico 2.1: Percentual de pessoas com telefone celular no mundo no período 2005-

2019

Fonte: UIT. Elaboração do próprio autor.

O gráfico anterior mostra que a posse de celular triplicou no mundo em 14

anos. Mais que isso, os valores, inclusive nos países em desenvolvimento, evidenciam

10 Para mais detalhes, ver https://nacoesunidas.org/agencia/uit/. Acesso em 12/02/2020. 11 Esses são os termos usados na categorização da M49 (ONU) apenas traduzidos do inglês. A categorização original constitui-se em Developed, Developing e LDCs.

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Desenvolvidos

Em Desenvolvimento

Mundo

Menos desenvolvidos

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15

valores acima dos 100%, o que revela que as pessoas têm, em média, mais de um

celular. Isso demonstra que esse tipo de tecnologia foi popularizada, o que permitiu a

penetração nas classes menos abastadas. Isso também é um fator importante na

mensuração do acesso à internet, pois o celular torna-se uma via de acesso à internet

mais democrática que o computador, originalmente o dispositivo que permitia o

acesso à internet e que geralmente possui um custo superior a um celular. Já o gráfico

2.2 reforça esse pensamento, tendo em vista o rápido crescimento da banda larga

móvel nos últimos 12 anos. Os preços dos serviços também foram reduzindo, da

mesma forma que os aparelhos, o que torna a inclusão digital uma realidade mais

palpável.

Gráfico 2.2: Percentual de habitantes com banda larga móvel no mundo no período

2007-2019

Fonte: UIT. Elaboração do próprio autor.

Já o gráfico 2.3 demonstra que a banda larga fixa tem um comportamento de

crescimento nos últimos 13 anos, mas com menor intensidade. Nesse ponto, é

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Desenvolvidos

Em Desenvolvimento

Mundo

Menos desenvolvidos

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16

importante observar que a banda larga fixa normalmente tende a ser compartilhada

com mais pessoas, então é normal que cada um não tenha a sua banda larga fixa, o

que proporcionaria um indicador próximo a 100%. Aliás, esse tipo de dado é melhor

mensurado quando usada a unidade de referência domicílio, justamente pela natureza

a que se propõe.

Gráfico 2.3: Proporção de habitantes com banda larga fixa no mundo no período 2005-

2019

Fonte: UIT. Elaboração do próprio autor.

Ao mesmo tempo, o gráfico 2.4 evidencia a cobertura da tecnologia mais

moderna em acesso móvel, em que as velocidades de upload e download são mais

altas. Isso mostra que mais do que o acesso em si, a qualidade do serviço também tem

melhorado, já que mais pessoas têm uma internet mais rápida. Como essa tecnologia é

mais recente, não só a disponibilidade ocorreu depois, como a sua mensuração

também, o que justifica uma série histórica menor para acompanhamento.

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Desenvolvidos Em Desenvolvimento

Mundo Menos desenvolvidos

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Gráfico 2.4: Proporção da população coberta por pelo menos uma rede móvel

LTE/WiMAX (4G) no mundo no período 2015-2019

Fonte: UIT. Elaboração do próprio autor.

Assim como a posse de celular, a posse de computador também é importante

de ser mensurada, afinal esse tipo de equipamento ainda permanece como um dos

dispositivos que permite acesso à internet. Contudo, é mais comum o

compartilhamento desse tipo de equipamento, o que não ocorre no caso do celular.

Logo, faz mais sentido aqui a unidade de referência ser o domicílio, conforme é

apresentado no gráfico 2.5.

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Gráfico 2.5: Proporção de domicílios com computador no mundo no período 2005-

2019

Fonte: UIT. Elaboração do próprio autor.

Como será visto nos capítulos subsequentes, o acesso à internet normalmente

é medido na unidade de referência domicílio, conforme a maneira recomendada pela

UIT no indicador HH6. Contudo, também será visto que as pesquisas têm diferentes

métodos para medir o acesso no domicílio. Mesmo assim, é perceptível que o acesso

tem crescido de forma acelerada de acordo com o gráfico 2.6.

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Gráfico 2.6: Proporção de domicílios com acesso à internet no mundo no período

2005-2019

Fonte: UIT. Elaboração do próprio autor.

Por fim, o gráfico 2.7 mostra o crescente número de usuários na internet, o que

reforça que a inclusão digital tem crescido substancialmente. É claro que, infelizmente,

tanto nesse gráfico como nos anteriores, o que se observa é que os países em

desenvolvimento ainda tem uma curva de crescimento grande pela frente, enquanto

os países desenvolvidos já estão em um cenário mais promissor. Entretanto, os países

menos desenvolvidos seguem em situações ainda piores, arrastando-se com

crescimentos bem abaixo da média.

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Gráfico 2.7: Proporção de indivíduos que usam a internet no mundo no período 2005-

2019

Fonte: UIT. Elaboração do próprio autor.

É válido salientar que, em 2014, foi publicado o segundo12 e mais recente

manual para a medição do acesso à TIC nos domicílios e do uso de TIC por pessoas,

pela UIT. Esse manual13 acabou tornando-se material de referência básico na

preparação, projeto e realização de pesquisas domiciliares em TIC, inclusive no Brasil

para as suas duas pesquisas domiciliares que tratam do tema: a TIC Domicílios e a

PNADC. É importante ressaltar que a primeira edição da TIC Domicílios foi um estudo

inédito no país em 2005, resultado de uma parceria entre o IBGE e o CGI.br. No ano

subsequente, até 2018, anualmente o CGI.br, através do CETIC.Br (Centro Regional de

Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), continuou com a

pesquisa, o que permite acompanhar a evolução da TIC no país. Já para o IBGE, após o 12 O primeiro foi publicado em 2009. 13 Para detalhes, ver International Telecommunication Union. Manual for measuring ICT access and use by households and individuals. Geneva, 2014. Preparado no âmbito da Sociedade para a Medição das TIC para o Desenvolvimento (Partnership on Measuring ICT for Development). Disponível em: http://www.itu.int/dms_pub/itu-d/opb/ind/D-IND-ITCMEAS-2014-PDF-E.pdf. Acesso em 19/09/2019.

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primeiro ano de parceria com o CGI.br, a instituição incluiu um suplemento na PNAD

anual dos anos 2008, 2009 e de 2011 a 2015, sendo que as últimas três edições dessa

pesquisa ainda contaram com a parceria do Ministério da Ciência, Tecnologia,

Inovação e Comunicações. Essa parceira estendeu-se também nas edições da PNADC

de 2016 e 2017, que substituiu a PNAD tradicional.

No próximo capítulo, são apresentadas algumas estatísticas de ambas as

pesquisas em edições referentes ao ano de 2017, fazendo um comparativo entre as

mesmas e debatendo questões associadas às diferenças encontradas em seus

resultados. Além disso, há um breve detalhamento sobre a metodologia de cada

pesquisa nas suas respectivas seções. É de suma importância salientar que as

perguntas e seus fluxos não são os mesmos em ambas as pesquisas, especialmente no

caso de perguntas em que a unidade de referência da informação é o domicílio para o

cálculo dos indicadores de acesso à internet.

Page 41: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

22

CAPÍTULO 3: PESQUISAS DOMICILIARES SOBRE TIC NO BRASIL

No Brasil, as informações sobre o acesso da população brasileira à internet são

obtidas por algumas pesquisas, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

Contínua (PNADC) e a Tecnologia da Informação e Comunicação nos Domicílios (TIC

Domicílios). A primeira é realizada pelo IBGE, enquanto a segunda é produzida pelo

NIC.br, através de seu departamento responsável pela formulação de indicadores:

CETIC.br.

Em ambos os estudos, a coleta dos dados é realizada de acordo com o método

CAPI (Computer-Assisted Personal Interviewing), que consiste em ter o questionário

programado em um software para dispositivo móvel e aplicado por entrevistadores em

interação face a face. Dessa forma, os dados já são computados na medida em que as

entrevistas forem sendo realizadas.

Neste capítulo, haverá três seções. A primeira irá falar sobre como funciona a

PNADC, incluindo metodologia, fluxo das questões e principais resultados. A segunda

seção terá a mesma linha, mas tratará da TIC Domicílios. Em ambos os casos, haverá

duas subseções: uma voltada para as questões em que a unidade de referência é o

domicílio e outra em alusão ao indivíduo. Já a última seção será um apanhado das duas

com comparação de seus resultados, permitindo entender como cada pesquisa tem

sua definição operacional quanto ao serviço de internet: serviço móvel individual ou

serviço de utilidade ao domicílio. Logo, em alguns momentos, serão utilizados alguns

mecanismos simples para compatibilizar os dados, a fim de permitir uma melhor

comparação entre os estudos, como a agregação de determinadas categorias de

resposta.

Page 42: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

23

3.1. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC)

A PNADC foi iniciada em janeiro de 2012 com o objetivo de produzir

indicadores trimestrais para acompanhar a evolução da força de trabalho e do

desenvolvimento socioeconômico do país. Ela substituiu a Pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílios (PNAD) e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) aprimorando as

estatísticas do mercado de trabalho dado que oferece maior periodicidade e maior

cobertura do território nacional. A pesquisa abrange cerca de 211.000 domicílios por

trimestre, compreendendo aproximadamente 16.000 setores censitários (IBGE, 2019).

É realizada a partir de uma amostra probabilística de domicílios extraída de

uma amostra mestra de setores censitários, garantindo assim a representatividade

para diversos níveis geográficos. Conforme sua metodologia, descrita em IBGE (2019),

a pesquisa adota um plano amostral conglomerado em dois estágios com

estratificação das unidades primárias de amostragem (UPAs). Uma UPA pode ser

formada por um ou vários setores censitários, basta haver, no mínimo, 60 domicílios

particulares permanentes (DPPs). As UPAs são selecionadas no primeiro estágio com

probabilidade proporcional ao número de domicílios. No segundo estágio, são

selecionados do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE), por

meio de amostragem aleatória simples, 14 DPPs ocupados dentro de cada UPA da

amostra. A amostra de domicílios e UPAs são distribuídas nos três meses do trimestre

segundo um esquema de rotação. Durante cinco trimestres, cada domicílio é visitado

cinco vezes seguindo um esquema de rotação 1-2(5), ou seja, a unidade domiciliar é

entrevistada em um mês, sai da amostra por dois meses, e este ciclo se repete por

cinco vezes (IBGE, 2019).

No questionário da pesquisa de 2017, foi adicionado um suplemento sobre TIC

que inclui nove perguntas na unidade de referência pessoa, fora o bloco de habitação

da PNADC que conta com 31 perguntas voltadas para a unidade de referência

domicílio, incluindo as que são sobre computador, internet e celular. As características

Page 43: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

24

de acesso à Internet e posse de telefone móvel celular foram pesquisadas para as

pessoas de 10 anos ou mais de idade. Foi escolhida a edição de 2017 para a análise,

pois a mesma é a edição mais recente que trata do assunto de estudo deste trabalho.

Nas subseções a seguir, serão analisados o fluxo e a composição das perguntas que

envolvem o tema TIC. Assim, serão apresentadas todas as perguntas relacionadas ao

tema de internet, destacando as estimativas produzidas referentes a cada uma delas.

A primeira subseção envolverá o acesso para o domicílio, enquanto a segunda para as

pessoas, tendo em vista que o questionário também segue nessa ordem.

3.1.1. Fluxo lógico do questionário da PNADC de acordo com a

unidade de referência domicílio

O bloco de habitação da PNADC é composto de 31 perguntas. Contudo, como é

possível ver na ilustração 3.1, há uma parte no final do bloco de habitação que trata de

TIC, além de outras questões. Os itens relacionados à tecnologia da informação e

comunicação foram devidamente marcados na ilustração 3.1, rachurados em cinza.

Page 44: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

25

Ilustração 3.1: Fluxograma da última parte do bloco de habitação do questionário da

PNADC em 2017

Fonte: PNADC 2017 (IBGE) – Elaboração do autor

Como o fenômeno de estudo é o uso e o acesso à internet, não será abordada a

parte de telefone fixo e televisão, mesmo esses temas sendo objeto dos indicadores

Page 45: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

26

HH2, HH3 e HH13 da UIT, como visto no capítulo 2. A primeira pergunta de interesse

direto na investigação desta dissertação é “Neste domicílio, quantos moradores têm

telefone móvel celular para uso pessoal?”14, cuja resposta deveria ser dada com até

dois algarismos. Essa pergunta é importante tendo em vista os recentes estudos que

evidenciam a força da navegação mobile em contraponto ao desktop tradicional.

Contudo, mais do que averiguar a quantidade, a pergunta de certa forma também

esclarece se há alguém no domicílio que possua um celular, pois quem responde um

valor diferente de zero encaixa-se nessa categoria, o que no caso representa 93,2% dos

domicílios.

Passada uma sequência de quesitos sem ligação com a mensuração da internet,

encontra-se a seguinte pergunta: “Este domicílio tem microcomputador (considere

inclusive os portáteis, tais como: laptop, notebook ou netbook)?”15 com duas opções

de respostas (“sim” ou “não”). Essa pergunta é importante, pois esse tipo de

equipamento é uma das formas para acesso à internet, logo quanto mais domicílios

reportarem a sua posse, maior a probabilidade do domicílio ser assistido pelo serviço

de internet. Inclusive essa pergunta vai de encontro com o indicador HH4 (proporção

de domicílios com microcomputador) da UIT, já relacionado no capítulo 2. De acordo

com o resultado da PNADC em 2017, 43,4% dos domicílios brasileiros detinham a

propriedade de um dispositivo como esse (46,0% se considerar com tablet também).

Em seguida, é feita uma pergunta central: “Algum morador tem acesso à

Internet no domicílio por meio de microcomputador, tablet, telefone móvel celular,

televisão ou outro equipamento?”16, cujas opções de respostas resumem-se a “sim” ou

“não”. A partir dessa abordagem, é possível depreender que o IBGE entende a internet

como um serviço móvel individual, já que basta pelo menos um de seus moradores ter

o serviço disponível, para classificar o domicílio como tendo o acesso à internet,

14 IBGE, 2017, Quesito S01021. 15 IBGE, 2017, Quesito S01028. 16 IBGE, 2017, Quesito S01029.

Page 46: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

27

mesmo que ele não compartilhe isso com os demais moradores. Esse cenário é

possível, pois um morador pode ter um pacote de dados em seu celular e não

compartilhar com os demais, o que seria diferente de um Wi-Fi à disposição para

qualquer um no domicílio. De qualquer forma, é importante salientar que a pergunta

delimita o local, restringindo ao domicílio, sem definir o intervalo de tempo para

ocorrência do acesso, ou seja, o aspecto temporal. Nessa leitura, 74,9% dos domicílios

brasileiros têm acesso à internet. Lembrando que esse quesito relaciona-se

diretamente ao indicador HH6 (proporção de domicílios com internet) da UIT.

Por fim, a última pergunta referente à TIC nesse bloco é: “Para acessar à

Internet neste domicílio, algum morador utiliza:”17, sendo que havia como opções

“microcomputador (de mesa ou portátil, como (laptop, notebook ou netbook)?”,

“tablet”, “telefone móvel celular”, “televisão” ou “outro equipamento eletrônico”.

Neste caso, permanece o filtro quanto à delimitação do espaço para ocorrência do

fenômeno, ou seja, o domicílio. Como o domicílio pode ter mais de dispositivo com

acesso à internet, o somatório das opções com acesso não totalizam 100%, afinal há

sobreposição de valores. A tabela 3.1 apresenta estatísticas sobre o uso de

determinado diversos equipamentos para acesso à internet, destacando a força dos

dispositivos móveis como praticamente unanimidade nos domicílios brasileiros.

Tabela 3.1: Proporção de domicílios com acesso à internet segundo equipamento

utilizado no Brasil em 2017

Equipamento Proporção de domicílios (%)

Telefone móvel celular 98,7

Microcomputador 52,3

Televisão 16,1

Tablet 15,5

Outro equipamento 1,5

Fonte: PNADC 2017 (IBGE)

17 IBGE, 2017, Quesitos S010301 a S010305.

Page 47: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

28

Com isso, finaliza-se a exploração do bloco de Habitação voltado à TIC para a

unidade de referência domicílio na PNADC. Na próxima seção, será abordado o

suplemento especial 07 - Características de tecnologia da informação das pessoas de

10 anos ou mais de idade com foco na unidade pessoa.

3.1.2. Fluxo lógico do questionário da PNADC de acordo com a unidade

de referência pessoa

Em 2017, houve a última edição que abrigou o suplemento sobre TIC na PNADC

e por isso tal ano foi escolhido como delimitação temporal da dissertação, mesmo

sendo possível obter dados mais recentes de outras fontes. Esse suplemento é

bastante curto com apenas nove perguntas voltadas para a unidade de referência

indivíduo. Na ilustração 3.2, que segue logo abaixo, há um detalhamento da lógica

como as perguntas utilizadas para captação do fenômeno são realizadas.

Page 48: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

29

Ilustração 3.2: Fluxograma do módulo 07 sobre TIC na PNADC em 2017

Fonte: PNADC 2017 (IBGE) – Elaboração do autor

A primeira pergunta deste bloco é:

Nos últimos três meses, ___ utilizou à Internet em algum local (domicílio, local de trabalho, escola, centro de acesso gratuito ou pago, domicílio de outras pessoas ou qualquer outro local) por meio de microcomputador, tablet, telefone móvel celular, televisão ou outro equipamento? (IBGE, 2017, Quesito S07001)

Page 49: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

30

Como resultado dessa pergunta, foi estimado que 69,8% da população

brasileira usou à internet nos últimos três meses no ano de referência da pesquisa.

Neste caso, há uma restrição temporal de três meses, conforme recomendação da UIT

quanto ao conceito de usuário de internet, todavia sem a referência de definição sobre

qual local ocorreu a utilização (os demais quesitos também seguem essa linha). Logo, o

uso pode dar-se dentro do domicílio ou não. Essa pergunta visa atender ao indicador

HH7, proposto pela UIT.

Caso o entrevistado respondesse sim na pergunta anterior, ele era

redirecionado à pergunta “Nos últimos três meses, ___ acessou à Internet em algum

local por meio de:”18, tendo como opções “microcomputador (de mesa ou portátil,

como laptop, notebook ou netbook)”, “tablet”, “telefone móvel celular”; “televisão”; e

“outro equipamento eletrônico”, incluindo um espaço aberto para especificação do

outro canal a ser preenchido pelo entrevistador, caso fosse sinalizado com um “sim”

esse meio. Novamente, a investigação do quesito respeitou o mesmo intervalo de

tempo de três meses, mas com o foco em investigar qual o dispositivo foi utilizado

para acessar à internet. Nesse sentido, foi observado, de acordo com o gráfico 3.1, que

o celular é o principal meio de uso da internet no Brasil por 97,0% das pessoas, o que

também já foi visto no âmbito dos domicílios. Vale ressaltar que essa proporção de

pessoas que utilizam internet por tipo de equipamento portátil reflete o indicador

HH17.

18 IBGE, 2017, Quesitos S070021 a S070025.

Page 50: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

31

Gráfico 3.1: Proporção de pessoas que usam a internet segundo dispositivo utilizado

no Brasil em 2017

Fonte: PNADC 2017 (IBGE)

Na sequência, pergunta-se para esse mesmo público sobre o tipo de conexão

realizada dentro dos mesmos três meses de referência: “Nos últimos três meses, a

conexão que ___ utilizou para acessar à Internet em algum local foi:”19, cujas as opções

compreendem “sinal de rede móvel celular 3G ou 4G”, “conexão discada por linha

telefônica” e “banda larga (ADSL, VDSL, cabo de televisão por assinatura, cabo de fibra

óptica, satélite ou algum tipo de rádio, como Wi-Fi e WiMAX)”. Apenas 0,6% alegaram

usar internet discada, enquanto 82,9% falaram em banda larga fixa e 78,3% em rede

móvel. É importante ressaltar que o somatório das opções é superior a 100%, pois as

pessoas podem utilizar mais de um tipo de conexão. Inclusive 61,4% usam tanto a

banda larga fixa como a móvel. Mais uma vez o indicador HH17 também é suscitado, já

que tal quesito reflete a proporção de pessoas que usam a internet por tipo de

conexão utilizada.

Em seguida, dentro do mesmo período de três meses, os usuários de internet

eram indagados sobre as atividades que realizavam via internet: “Nos últimos três

meses, ___ utilizou à Internet em algum local para:”20, sendo que havia como opções

19 IBGE, 2017, Quesitos S070031 a S070033. Além das opções “sim” e “não” tradicionais, havia também a opção “não sabe” para cada tipo de conexão no questionário. 20 IBGE, 2017, Quesitos S070041 a S070044.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Celular Computador Televisão Tablet Outroequipamento

Page 51: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

32

“enviar ou receber e-mails (correio eletrônico)”, “enviar ou receber mensagens de

texto, voz ou imagens por aplicativos diferentes de e-mail”, “conversar por chamada

de voz ou vídeo” e “assistir a vídeos, inclusive programas, séries e filmes”. A partir do

gráfico 3.2, pode-se concluir que enviar ou receber mensagens de texto, voz ou

imagens por aplicativos diferentes de e-mail é a principal atividade realizada pela

internet, segundo 95,5% dos usuários brasileiros. Este dado vai de encontro com o

indicador HH9 que representa a proporção de pessoas que utilizam a internet por tipo

de atividade realizada.

Gráfico 3.2: Proporção de usuários de internet segundo atividades realizadas no Brasil

em 2017

Fonte: PNADC 2017 (IBGE)

A próxima pergunta do questionário é realizada apenas para quem respondeu

que não acessou a internet nos últimos três meses e tem o objetivo de investigar

justamente o motivo para isso: “Qual foi o principal motivo para ___ não ter acessado

à Internet em algum local nos últimos três meses?”21, sendo que as opções eram:

“achava o serviço de acesso à internet caro”; “achava o equipamento eletrônico

necessário (microcomputador; tablet; telefone móvel celular; televisão ou outros)

caro”; “o serviço de acesso à internet não estava disponível nos locais que costuma

21 IBGE, 2017, Quesito S07005.

0% 25% 50% 75% 100%

Enviar ou receber e-mails (correio eletrônico)

Assistir a vídeos, inclusive programas, séries efilmes

Conversar por chamada de voz ou vídeo

Enviar ou receber mensagens de texto, voz ouimagens por aplicativos diferentes de e-mail

Page 52: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

33

frequentar”; “falta de interesse em acessar à internet”; “não sabia usar à internet”; e

“outro motivo” com espaço aberto para ser especificado pelo entrevistador (Quesito

S070051). O gráfico 3.3 evidencia que o principal motivo que afasta a população

brasileira da internet é a falta de conhecimento sobre como usar, de acordo com a

PNADC (2017), segundo 38,5% das pessoas.

Gráfico 3.3: Proporção de pessoas com 10 anos ou mais que não acessaram à internet

segundo motivo de não uso no Brasil em 2017

Fonte: PNADC 2017 (IBGE)

Em seguida, é realizada uma pergunta sobre a posse de um telefone celular

para uso pessoal: “___ tem telefone móvel celular para uso pessoal?”22 com duas

opções de resposta “sim” ou “não” para todas as pessoas participantes da pesquisa,

independentemente de ter respondido que acessou ou não internet nos últimos três

meses. Verificou-se então que 78,2% da população brasileira possui um celular para

uso pessoal. Esse dado é importante, pois reflete o indicador HH18 da UIT, que

representa a proporção de pessoas que possuem telefone móvel celular.

Quem informa ter celular era também perguntado se o seu dispositivo possuía

acesso à internet com a pergunta “Esse telefone móvel celular para uso pessoal tem

22 IBGE, 2017, Quesito S07006.

0% 25% 50% 75% 100%

Outro motivo

Achava o equipamento eletrônico necessário caro

O serviço de acesso à internet não estava disponívelnos locais que costuma frequentar

Achava o serviço de acesso à internet caro

Falta de interesse em acessar à internet

Não sabia usar a internet

Page 53: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

34

acesso à Internet?”23, existindo duas opções de resposta: “sim” ou “não”. Enquanto

isso, quem respondia não ter celular, era perguntado sobre o principal motivo para

isso com a questão “Qual é o principal motivo para ___ não ter telefone móvel para

uso pessoal?”24 com uma séria de opções de resposta: “aparelho telefônico era caro”;

“serviço era caro”; “serviço de telefonia móvel celular não estava disponível nos locais

que costumavam frequentar”; “costumavam usar o telefone móvel celular de outra

pessoa”; “falta de interesse em ter telefone móvel celular”; “não sabiam usar telefone

móvel celular”; e “outro motivo” com espaço aberto para ser especificado pelo

entrevistador (Quesito S070081). Assim, 84,3% relataram que tinham acesso à internet

pelo seu celular de uso pessoal. Entre aqueles que informaram não ter celular, 25,7%

indicaram que o maior impedimento era o fato do aparelho ser caro, conforme o

gráfico 3.4.

Gráfico 3.4: Proporção de pessoas que não possuem celular segundo motivo para não

ter celular no Brasil em 2017

Fonte: PNADC 2017 (IBGE)

23 IBGE, 2017, Quesito S07007. 24 IBGE, 2017, Quesito S07008.

0% 25% 50% 75% 100%

Outro motivo

Acha o serviço caro

O serviço de telefonia móvel celular não está disponívelnos locais que costuma frequentar

Não sabe usar o telefone móvel celular

Falta de interesse em ter telefone móvel celular

Costuma usar o telefone móvel celular de outra pessoa

Acha o aparelho telefônico caro

Page 54: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

35

Na próxima seção, será trabalhada outra pesquisa domiciliar: a TIC domicílios

do CETIC.br, sendo novamente aberto em duas subseções: a visão sobre a unidade de

referência domicílio e a de pessoa.

3.2. Tecnologia da Informação e Comunicação nos Domicílios (TIC

Domicílios)

No que se refere à produção de informações sobre o tema Tecnologia da

Informação e Comunicação (TIC) pelo CETIC.br, a pesquisa TIC Domicílios25 é realizada

anualmente desde 2005 com o objetivo de mapear o acesso à infraestrutura TIC nos

domicílios urbanos e rurais do país e as formas de uso destas tecnologias por

indivíduos de 10 anos de idade ou mais. De acordo com o CETIC.br, a TIC Domicílios

segue padrões metodológicos e indicadores definidos internacionalmente a fim de

permitir a comparabilidade de seus resultados. Para isso, a pesquisa adota os

referenciais da Sociedade para a Medição das TIC para o Desenvolvimento (Partnership

on Measuring ICT for Development), liderada pela União Internacional de

Telecomunicações (UIT), tendo como alvo o acompanhamento das metas

estabelecidas pela Cúpula Mundial da Sociedade da Informação (WSIS). A UIT funciona

como uma agência especializada da ONU para TIC, sendo a fonte oficial de estatísticas

globais de TIC.

Segundo o CETIC.br, o plano amostral da pesquisa TIC Domicílios utiliza

informações do Censo Demográfico e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios,

ambas realizadas pelo IBGE, sendo que as entrevistas são realizadas presencialmente,

em domicílios em áreas urbanas e rurais (a partir de 2009). A pesquisa conta com a

formação de 36 estratos geográficos (inalterados desde 2007) denominados Estratos

TIC. A seleção da amostra é realizada em três estágios de seleção: seleção dos

municípios, seleção dos setores censitários e seleção de domicílios e respondentes.

25 Para mais detalhes: https://cetic.br/pesquisa/domicilios/. Acesso em 16/05/2019.

Page 55: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

36

Nos dois primeiros estágios a seleção de municípios e setores é feita com

probabilidade proporcional ao tamanho de acordo com o CETIC.br. Uma diferença

importante entre a pesquisa TIC Domicílios e a PNADC é que na primeira existe o

sorteio do informante sobre acesso e uso pelos indivíduos de TIC, enquanto na

segunda são captadas as informações de todos os residentes no domicílio.

Como o questionário da edição de 2017 da TIC Domicílios é bem mais extenso

que o suplemento da PNADC, esta dissertação irá centrar sua análise em uma seleção

de questões que permitem a comparação com a pesquisa do IBGE, além de outras que

envolvam indicadores da UIT que não foram cobertos pela PNADC. Justamente como a

comparação dos dados é de suma importância, não serão utilizados os dados mais

recentes (2018) da TIC Domicílios, pois o último ano da PNADC com o suplemento TIC

foi em 2017.

3.2.1. Fluxo lógico do questionário da TIC Domicílios de acordo com a

unidade de referência domicílio

O primeiro módulo da pesquisa TIC domicílios tem como unidade de referência

o domicílio. A partir da ilustração 3.3, é possível seguir a lógica do questionário

utilizado nessa parte. Todo o restante do questionário é focado no indivíduo, com

exceção da maior parte do último bloco, chamado “Dados de Classificação Econômica

– Critério Brasil 2015”, que terá uma breve explicação ao final dessa seção.

Page 56: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

37

Ilustração 3.3: Fluxograma do módulo A da TIC Domicílios – Acesso às Tecnologias de

Informação e Comunicação no Domicílio

Fonte: TIC Domicílios 2017 (CETIC.br) – Elaboração do autor

Page 57: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

38

As duas primeiras perguntas investigam se o domicílio possui determinados

dispositivos e a quantidade de cada um: “Neste domicílio tem _________________?”26

com as opções “computador de mesa”, “notebook” e “tablet” para completar o espaço

em branco; e “Quantos _____________ tem neste domicílio?”27 (novamente o espaço

em branco pode ser substituído pelos termos apontados anteriormente) com resposta

aberta para inclusão do contingente de aparelhos. Assim, de acordo com a pesquisa do

CETIC.br, 46,3% dos domicílios brasileiros tinham microcomputador28 em 2017. Esse

dado é importante pois, como já comentado na seção anterior, o indicador HH4 da UIT

representa a proporção de domicílios com computador.

Em seguida vem uma pergunta central: “Neste domicílio tem acesso à

Internet?”29. A pergunta refere-se à existência de conexão à internet no domicílio, no

momento da pesquisa, tal como recomenda a UIT30. Aliás, com base nessa pergunta,

entende-se que o CETIC.br, diferentemente do IBGE, considera o acesso à internet

como um serviço de utilidade ao domicílio, disponível para todo e qualquer morador

do mesmo, tal como o serviço de água, esgoto ou luz. Sendo assim, cabe destacar que

a definição operacional do conceito acesso à internet difere nas pesquisas PNADC e TIC

Domicílio. Nessa última, depreende-se que 60,8% dos domicílios brasileiros têm acesso

à internet. Da mesma forma, o HH6 da UIT também se encontra presente nesse

módulo do questionário, tendo em vista que se refere à proporção de domicílios com

acesso à internet.

Quem relata que seu domicílio não tem acesso à internet, deve responder na

sequência por que não acessa - “Por quais dos seguintes motivos NÃO tem acesso à

26 CETIC.br, 2017, Pergunta A1. 27 CETIC.br, 2017, Pergunta A2. 28 Considera-se nesse estudo um domicílio com acesso a computador todo aquele que menciona ao menos um entre os seguintes tipos: computador de mesa, notebook e tablet. 29 CETIC.br, 2017, Pergunta A4. 30 Para maiores detalhes, ver página 155 do Manual for measuring ICT access and use by households and individuals (2014), preparado no âmbito da Sociedade para a Medição das TIC para o Desenvolvimento (Partnership on Measuring ICT for Development). Disponível em: http://www.itu.int/dms_pub/itu-d/opb/ind/D-IND-ITCMEAS-2014-PDF-E.pdf. Acesso em 19/09/2019.

Page 58: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

39

Internet neste domicílio?”31, em que as opções são: “por falta de computador no

domicílio”; “por falta de necessidade dos moradores”; “por falta de interesse dos

moradores”; “porque os moradores têm acesso à Internet em outro lugar”; “porque os

moradores acham muito caro”; “porque os moradores não sabem usar Internet”; “por

falta de disponibilidade de Internet na região do domicílio”; “porque os moradores

têm preocupações com segurança ou privacidade”; “porque os moradores evitam o

contato com conteúdo perigoso”; “outro motivo” com espaço aberto para ser

especificado pelo entrevistador; “não sabe”; e “não respondeu”. O entrevistador lista

os motivos e o entrevistado relata quais motivos coincidem com os enumerados. Se

houver algo não listado, o entrevistador anota dentro do campo “outro motivo”.

Depois, o entrevistado é instigado a relatar qual o principal motivo: “E qual desses

motivos é o principal?”32 com as mesmas opções da pergunta anterior. O gráfico 3.5

apresenta a distribuição das respostas com seleção única na barra clara, já que se trata

do motivo principal (logo, o somatório das primeiras barras totaliza 100%).

Adicionalmente, nas barras mais escuras estão contabilizadas as respostas múltiplas.

Independentemente do método, os respondentes alegam que o preço caro é o que

afasta a possibilidade de acesso à internet. Os valores do gráfico 3.5 estão organizados

de forma decrescente em relação ao motivo principal. Vale ainda apontar que essa

questão vai de encontro com o indicador da UIT HH14 que compreende a proporção

de domicílios sem internet, segundo barreiras de acesso.

31 CETIC.br, 2017, Pergunta A5. 32 CETIC.br, 2017, Pergunta A5A.

Page 59: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

40

Gráfico 3.5: Proporção de domicílios sem acesso à internet segundo motivação para

falta de acesso no Brasil em 2017

Fonte: TIC Domicílios 2017 (CETIC.br)

Nesse ponto, é importante ressaltar que essa é uma pergunta que não está

presente na PNADC, que apenas relata o motivo individual do não uso, enquanto a TIC

Domicílios inclui ambos: o motivo para o domicílio não ter acesso e também o

individual. Isso reforça como as duas instituições responsáveis pelas pesquisas

demonstram entendimento distinto quanto à mensuração do acesso à internet: no

caso do CETIC.br, trata-se de um serviço de utilidade ao domicílio, disponível para todo

e qualquer morador do mesmo, assim como o serviço de água, esgoto ou luz; e no caso

do IBGE, representa um serviço móvel individual, já que basta, pelo menos, um

morador ter acesso ao serviço disponível para classificar o domicílio como tendo o

acesso à internet.

0% 25% 50% 75% 100%

Nenhum desses motivos

Outro motivo

Porque os moradores têm preocupações comsegurança ou privacidade

Por falta de computador no domicílio

Por falta de disponibilidade de Internet naregião do domicílio

Porque os moradores evitam o contato comconteúdo perigoso

Por falta de necessidade dos moradores

Porque os moradores têm acesso à Internet emoutro lugar

Porque os moradores não sabem usar Internet

Por falta de interesse dos moradores

Porque os moradores acham muito caro

Motivo principal

Motivo múltiplo

Page 60: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

41

Já quem acessa, segue para a pergunta “Qual o principal tipo de conexão

utilizado para acessar a Internet em seu domicílio?”33 com as opções: “conexão

discada, que deixa a linha de telefone ocupada durante o uso”; “conexão DSL, via linha

telefônica, que não deixa a linha ocupada durante o uso”; “conexão via cabo de TV ou

fibra ótica”; “conexão via sinal de rádio”; “conexão via sinal de satélite”; “conexão

móvel via modem ou chip 3G ou 4G”; “não sabe”; e “não respondeu”. Nesse caso, a

conexão mais expressiva foi a banda larga fixa34 com 63,6% de acordo com a tabela

3.2. Vale pontuar que é perceptível que tal questão atende o indicador da UIT HH11,

que mede a proporção de domicílios com acesso à Internet, por tipo de serviço.

Tabela 3.2: Proporção de domicílios com acesso à internet segundo tipo de conexão no

Brasil em 2017

Conexão Proporção de domicílios (%)

Conexão via cabo de TV ou fibra ótica 32,8

Conexão móvel via modem ou chip 3G ou 4G 25,0

Conexão via linha telefônica (DSL) 15,1

Conexão via rádio 8,3

Conexão via satélite 7,3

Conexão discada 1,3

Não sabe 9,7

Fonte: TIC Domicílios 2017 (CETIC.Br)

Ainda para quem declarou que mora em um domicílio com acesso à internet,

há quatro perguntas: “Neste domicílio tem Wi-Fi?”35, “A Internet utilizada neste

domicilio é utilizada também em algum domicílio vizinho?”36, “Considerando as

33 CETIC.br, 2017, Pergunta A7. 34 Para compor o item Banda Larga Fixa, foram somadas as seguintes opções: conexão via linha telefônica (DSL); conexão via cabo de TV ou fibra ótica; conexão via rádio; e conexão via satélite. 35 CETIC.br, 2017, Pergunta A7A com opções de resposta “sim”, “não”, “não sabe” e “não respondeu”. 36 CETIC.br, 2017, Pergunta A7B com opções de resposta “sim”, “não”, “não sabe” e “não respondeu”.

Page 61: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

42

seguintes faixas, qual é a velocidade da Internet contratada neste domicílio?”37 (essa

pergunta é exclusiva para quem declarou que usa banda larga fixa no domicílio) e

“Considerando apenas a conexão de Internet, mesmo que este domicílio contrate um

pacote ou combo que inclua outros serviços, qual o valor pago aproximadamente pela

Internet contratada neste domicílio?”38 (novamente para todos que tenham acesso no

domicílio). Nenhuma destas questões tem algo parecido na PNADC, apesar da

pergunta sobre o ticket médio gasto com TIC estar alinhada com o indicador HH16 da

UIT. A partir dessas perguntas, é entendido que 80,6% dos domicílios brasileiros têm

Wi-Fi, 18,2% compartilha a internet com outro domicílio vizinho, 9 a 10 Mbps é a faixa

de velocidade com maior representatividade nos lares brasileiros e a faixa de gastos

com TIC mais presente nos lares brasileiros fica entre R$ 101,00 e R$ 150,00 (14,1%).

Por fim, há apenas algumas perguntas sobre identificação do respondente, que

não são tão relevantes no estudo, mas que se encontram sinalizadas no fluxograma do

início desta subseção (Ilustração 3.3).

Como comentado no início desta subseção, ainda há um bloco que também

possui como unidade de referência o domicílio (o último de todo o questionário):

“Dados de Classificação Econômica – Critério Brasil 2015”. Este critério foi criado pela

ABEP (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa) e sua versão mais atual é de

2018, mas para a TIC Domicílios de 2017, foi utilizado como critério a sua versão de

2015. Independente das versões, sua lógica permanece a mesma: é voltado para

descrever o perfil socioeconômico dos respondentes e dos domicílios, o que

compreende a posse a certos itens e suas quantidades, além do acesso a determinados

serviços e renda mensal (pessoal e familiar). A partir disso, é elaborado um sistema de

pontos para cada resposta, em que o somatório dessa pontuação varia entre 0 e 100.

37 CETIC.br, 2017, Pergunta A8 com opções de resposta “até 256 Kbps”, “de 257 Kbps até 999 Kbps”, “1 Mega”, “2 Mega”, “De 3 Mega até 4 Mega”, “de 5 Mega até 8 Mega”, “de 9 Mega até 10 Mega”, “de 11 Mega até 20 Mega”, “de 21 Mega até 50 Mega”, “51 Mega ou mais 10”, “não sabe” e “não respondeu”. 38 CETIC.br, 2017, Pergunta A9 com opções de resposta que iniciam em “até R$ 10”, variando em faixas que aumentam de R$ 10,00 em R$ 10,00 até “acima de R$ 150”, além de “não paga nada”, “não sabe” e “não respondeu”.

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43

Assim, são estabelecidos cortes para determinar qual é a classe socioeconômica do

domicílio: A (45 a 100 pontos), B1 (38 a 44 pontos), B2 (29 a 37 pontos), C1 (23 a 28

pontos), C2 (17 a 22 pontos) e D-E (0 a 16 pontos), segundo a ABEP (2014). Nesse

último bloco da TIC Domicílios, vale ressaltar que há referência a quatro índices da UIT:

HH1 (proporção de domicílios com rádio) a partir da pergunta “No domicílio tem

rádio? Considere todos os rádios da casa, incluindo os rádios de aparelhos de som, de

walkman. Não considerar rádio de automóveis. (CASO SIM) Quantos?”39; HH2

(proporção de domicílios com televisão) a partir da pergunta “No domicílio tem

televisor em cores? (CASO SIM) Quantos?”40; HH3 (proporção de domicílios com

telefone) a partir da pergunta “No domicílio tem telefone fixo (não o aparelho, mas a

linha telefônica)?”41; e HH13 (proporção de domicílios com acesso à programação

televisiva por meios diferentes da televisão analógica aberta, por tipo) a partir das

perguntas “No domicílio tem TV por assinatura (a Cabo, Satélite etc.)?”42 e “No

domicílio tem antena parabólica?”43. Por meio dessas questões da pesquisa do

CETIC.br, estima-se que 64% do domicílios brasileiros têm rádio, 96% televisões

coloridas, 29% telefone fixo, 33% antena parabólica e 29% TV por assinatura.

3.2.2. Fluxo lógico do questionário da TIC Domicílios de acordo com a

unidade de referência pessoa

O segundo bloco da TIC Domicílios 2017, denominado Bloco Individual TIC

Domicílios, não será abordado nesta dissertação, pois também não envolve

diretamente as questões de internet, dado que seu foco é em escolaridade e ocupação

do respondente da pesquisa, mas já introduzindo a unidade de referência pessoa.

39 CETIC.br, 2017, Pergunta CB1. 40 CETIC.br, 2017, Pergunta CB1. 41 CETIC.br, 2017, Pergunta CB2A. 42 CETIC.br, 2017, Pergunta CB2C. 43 CETIC.br, 2017, Pergunta CB2D.

Page 63: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

44

O terceiro módulo do questionário, chamado “Módulo C – Uso da Internet”,

inicia com uma pergunta importante, mas não presente na PNADC, pois funciona como

um filtro para as seguintes perguntas: “O(a) Sr(a) já usou a Internet?”44. Novamente, o

somatório das opções “não sabe” e “não sei” dão um resultado ínfimo que chega a

0,08%. Como resultado, 73,9% do público afirmam que já utilizaram, ao menos, uma

vez a internet na vida. Nesse momento, faz-se necessário explicitar a ilustração 3.4

referente ao fluxograma desse módulo.

44 CETIC.br, 2017, Pergunta C1.

Page 64: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

45

Ilustração 3.4: Fluxograma do módulo C da TIC Domicílios – Uso da Internet45

Fonte: TIC Domicílios 2017 (CETIC.br) – Elaboração do autor

Assim, quem não sabe ou não responde essa primeira pergunta, é direcionado

ao Módulo B sobre uso de computador. Já quem diz que não, deve responder as

45 Se o respondente fala que acessa ou não internet pelo celular, isso irá impactar se determinadas perguntas no “Módulo J – Telefone Celular” irão aparecer ou não. Se o mesmo alega que não acessa a internet pelo celular, serão feitas perguntas no bloco J para confirmar isso. Dependendo das atividades realizadas no celular apontadas no Módulo J, certas atividades não aparecem como opções de atividades feitas na internet no Módulo C.

Page 65: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

46

perguntas sobre motivação do não uso (“Por qual dos seguintes motivos o(a) senhor(a)

nunca usou a Internet?” e “E qual desses motivos é o principal?” com as seguintes

opções: “por falta de necessidade”; “por falta de interesse”; “por falta de habilidade

com o computador”; “por não ter onde usar”; “por ser muito caro”; “por ter

preocupações com segurança ou privacidade”; “por evitar o contato com conteúdo

perigoso”; “outro” com espaço aberto para ser especificado pelo entrevistador; “não

sabe”; e “não respondeu”)46 e também segue para o módulo B. A pergunta sobre o não

uso é novamente desdobrada em duas: uma podendo selecionar mais de uma opção

(barra escura) e outra para escolher apenas a principal motivação (barra clara). Os

dados de ambas estão expostos no gráfico 3.6 no qual se observa que o principal

problema enfrentado é a falta de interesse, mas o item mais citado de forma múltipla

foi a falta de habilidade com o computador. Novamente as opções estão ordenadas de

forma decrescente em relação ao motivo principal.

Gráfico 3.6: Proporção de pessoas que não usam a internet segundo barreiras de

utilização no Brasil em 2017

Fonte: TIC Domicílios 2017 (CETIC.br)

46 CETIC.br, 2017, Perguntas C2 e C2A.

0 0,25 0,5 0,75 1

Não sabe

Não respondeu

Por outro motivo

Por preocupações com segurança ou…

Por não ter onde usar

Por falta de necessidade

Para evitar o contato com conteúdo perigoso

Por ser muito caro

Por falta de habilidade com o computador

Por falta de interesse

Motivo principal

Motivo múltiplo

Page 66: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

47

Já quem diz que usa é direcionado à outra pergunta de filtro sobre a última vez

que usou: “Quando o(a) senhor(a) usou a Internet pela última vez?”47 com as opções

“há menos de 3 meses”, “entre 3 meses e 12 meses” e “mais de 12 meses atrás”.

Quem relata que usou há menos de três meses, segue no mesmo módulo, mas quem

diz que usou há mais tempo também vai para o módulo B. Os resultados sobre o

período de acesso estão disponíveis no gráfico 3.7, o qual indica que 67,5% das

pessoas utilizaram a internet nos últimos três meses de acordo com a TIC Domicílios.

Esse filtro é importante porque a definição da UIT sobre usuário da internet

compreende aquele que fez uso do serviço nos últimos três meses, ou seja, o índice

HH7 (proporção de pessoas que utilizam a internet).

Gráfico 3.7: Proporção de pessoas que usam a internet segundo histórico de utilização

no Brasil em 2017

Fonte: TIC Domicílios 2017 (CETIC.br)

Na sequência, há a pergunta sobre frequência de uso da internet nos últimos

três meses: “Em média, com que frequência o(a) senhor(a) usou a Internet nos últimos

3 meses?”48, cujas as opções são: “todos os dias ou quase todos os dias”; “pelo menos

uma vez por semana”; “pelo menos uma vez por mês”; e “menos do que uma vez por

47 CETIC.br, 2017, Pergunta C3. 48 CETIC.br, 2017, Pergunta C4.

Há menos de trêsmeses (usuário)

Nunca acessou aInternet

Entre três mesese 12 meses

Mais de 12 meses

Page 67: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

48

mês”. Essa pergunta apesar de não estar presente na PNADC também é importante,

pois trata de compor o indicador HH12 (proporção de pessoas que utilizam a Internet,

por frequência), proposto pela UIT, conforme já foi visto no capítulo 2. A tabela 3.3

indica que 87,2% das pessoas relatam o uso da internet todos ou quase todos os dias.

Tabela 3.3: Proporção de usuários de internet segundo frequência de utilização no

Brasil em 2017

Frequência de utilização Proporção de usuários de internet (%)

Todos os dias ou quase todos os dias 87,2

Pelo menos uma vez por semana 9,4

Pelo menos uma vez por mês 2,4

Menos de uma vez por mês 1,0

Fonte: TIC Domicílios 2017 (CETIC.Br)

Por seguinte, continua-se no Módulo C com a pergunta sobre os dispositivos

para usar a internet nos últimos três meses: “Nos últimos 3 meses, o(a) sr(a) utilizou a

Internet no(a) ______________?”49, em que os equipamentos (“computador de

mesa”; “notebook”; “tablet”; “telefone celular”; “videogame”; “televisão”; e “outro”

com espaço aberto para anotações do entrevistador) podem ser substituídos no

espaço em branco. Mais que isso, se o respondente falasse que usa ou não a internet

pelo celular, isso impactaria se determinadas perguntas no “Módulo J – Telefone

Celular” iriam aparecer ou não. Caso o mesmo alegasse que não utiliza a internet pelo

celular, seriam realizadas perguntas no bloco J para confirmar isso. Tal módulo

também teria outras perguntas para as pessoas que confirmaram o uso de internet no

celular. Esse bloco ainda será abordado mais a frente para fins de organização. Assim,

segundo o gráfico 3.8, baseado na pesquisa da TIC Domicílios, 95,7% dos entrevistados

respondem que usam a internet pelo celular. Vale ressaltar que essa pergunta atende

49 CETIC.br, 2017, Pergunta C5, sendo que para cada dispositivo são colocadas as opções “sim”, “não”, “não sabe” ou “não respondeu”.

Page 68: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

49

parcialmente o indicador HH17 da UIT (proporção de pessoas que utilizam Internet,

por tipo de equipamento portátil e conexão utilizada para acessar a Internet).

Gráfico 3.8: Proporção de usuários de internet segundo dispositivo utilizado no Brasil

em 2017

Fonte: TIC Domicílios 2017 (CETIC.br)

Posteriormente, é feita uma pergunta sobre o local em que a pessoa utilizou a

internet nesses últimos três meses50: “Nos últimos 3 meses, o(a) senhor(a) usou a

Internet em quais dos seguintes locais? O (A) Sr. (a) utilizou a Internet____________”,

cujas as opções para preenchimento do espaço em branco são “em casa”, “no

trabalho”, “na escola ou estabelecimento de ensino”, “na casa de outra pessoa, como

por exemplo amigo, vizinho ou familiar”, “centro público de acesso gratuito, como por

exemplo telecentro, biblioteca ou entidade comunitária”, “centro público de acesso

pago, como por exemplo lanhouse, Cyber Café ou Internet café”, “Enquanto se

desloca, como por exemplo na rua, no ônibus, no metrô ou no carro”, “outro lugar”

com espaço para anotações do entrevistador, “não sabe” e “não respondeu”. Na

sequência, é realizada a pergunta do lugar em que mais usou51: “Em qual desses locais

o(a) Sr(a) usou a Internet com mais frequência, nos últimos 3 meses?” com a mesma

disponibilidade de opções da pergunta anterior. Ambas não têm semelhante na

50 CETIC.br, 2017, Pergunta C6. 51 CETIC.br, 2017, Pergunta C6A.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Telefonecelular

Notebook Computadorde mesa

Televisão Tablet Aparelho devideogame

Outrosdispositivos

Page 69: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

50

PNADC, mas são perguntas importantes, pois atendem o indicador da UIT HH8

(proporção de pessoas que utilizam a Internet, por local de utilização). De acordo com

a tabela 3.4, é possível perceber que em casa, nas duas visões, é o local onde as

pessoas mais utilizam a internet.

Tabela 3.4: Proporção de usuários de internet segundo local de utilização por tipo de

resposta no Brasil em 2017

Local de utilização Resposta múltipla (%) Resposta principal (%)

Em casa 93,8 80,8

No trabalho 36,7 9,8

Na casa de outra pessoa, como por exemplo amigo, vizinho ou familiar

62,0 5,8

Enquanto se desloca, como por exemplo na rua, no ônibus, no metrô ou no carro

48,1 1,7

Na escola ou estabelecimento de ensino 19,5 1,1

Em centro público de acesso pago, como por exemplo lanhouse, Cyber Café ou Internet café

9,9 0,5

Em centro público de acesso gratuito, como por exemplo telecentro, biblioteca ou entidade comunitária

16,6 0,3

Em outro lugar 0,5 0,0(1)

Fonte: TIC Domicílios 2017 (CETIC.Br) (1)

O valor calculado corresponde a 0,03%.

Em seguida, é feita uma sequência de perguntas no intuito de averiguar se

foram realizadas certas atividades através da internet: “Quais das seguintes atividades

o(a) Sr(a) realizou na Internet nos últimos 3 meses?”52. Contudo, o conjunto de

atividades mensuradas é muito superior ao medido na PNADC, que se restringe a

quatro. Na próxima seção, essas diferenças e comparações serão observadas com

maior detalhamento, assim como os números do que há em comum nas duas

pesquisas.

52 CETIC.br, 2017, Perguntas C7 a C12 com opções de resposta “sim”, “não”, “não sabe” e “não respondeu”.

Page 70: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

51

Após essa sequência de perguntas de atividades, o respondente segue para o

bloco H (“Comércio Eletrônico”), que visa averiguar se o respondente comprou ou

encomendou produtos ou serviços pela Internet nos últimos 12 meses, mesmo que o

pagamento não tenha sido feito por lá. Contudo, como esse dado não é mensurado na

PNADC e compreende um fenômeno bem menor que o acesso e o uso da internet, o

referido bloco não será objeto de análise da presente dissertação.

Em seguida, há o módulo B (Complemento Uso de Computador), que almeja

entender se há uso de computador por quem não usa a internet ou utilizou há mais de

três meses, além de entender se há uso do computador fora a internet, já que no bloco

C há um público que não menciona que utiliza a internet pelo computador. A primeira

pergunta é “O(a) Sr(a) já usou um computador de mesa, um notebook ou um

tablet?”53 e 61,1% confirmam isso. Já a segunda pergunta direciona-se à esse público

que respondeu positivamente o item anterior: “Quando o(a) sr(a) usou um

computador de mesa, um notebook ou um tablet pela última vez?”54. O gráfico 3.9

revela que 42,4% usaram há menos de três meses e, portanto, são usuários, conforme

índice HH5 da UIT (proporção de pessoas que utilizam microcomputador).

Gráfico 3.9: Proporção de pessoas que utilizam computador segundo histórico de uso

no Brasil em 2017

Fonte: TIC Domicílios 2017 (CETIC.br)

53 CETIC.br, 2017, Pergunta B1 com opções de resposta “sim”, “não”, “não sabe” e “não respondeu”. 54 CETIC.br, 2017, Pergunta B2

Há menos de trêsmeses (usuário)

Nunca usou umcomputador

Mais de 12 mesesatrás

Entre três mesese 12 meses atrás

Page 71: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

52

O Módulo I (habilidades com o computador) vem a diante com o objetivo de

compreender o nível de habilidade e atividades realizadas com o computador para os

respondentes que usaram o mesmo nos últimos três meses, seja com internet ou não.

Novamente, esses dados também não são mensurados na PNADC. Contudo, eles não

são menos importantes por isso, tendo em vista que a única pergunta desse bloco

atende o indicador HH15 (proporção de usuários de microcomputador, segundo o tipo

de habilidade): “Quais das seguintes atividades o(a) senhor(a) realizou em um

computador de mesa, um notebook ou um tablet nos últimos 3 meses?”55, sendo que

as ações listadas são “copiou ou moveu um arquivo ou uma pasta”, “copiou e colou

informações em um documento”, “anexou arquivos em e-mails”, “usou uma planilha

de cálculo”, “instalou novos equipamentos, como modem, impressora, câmera ou

microfone”, “instalou programas de computador ou aplicativo”, “criou apresentações

de slides”, “transferiu arquivos entre computador e outros equipamentos ou

dispositivos” e “criou programa de computador usando linguagem de programação”.

A tabela 3.5 evidencia que 73,8% fez, ao menos, uma das atividades já listadas, tendo

destaque para copiou ou moveu um arquivo ou uma pasta (56,1%).

55 CETIC.br, 2017, Pergunta I1 com opções de resposta “sim”, “não”, “não sabe” e “não respondeu”.

Page 72: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

53

Tabela 3.5: Proporção de usuários de microcomputador segundo atividades realizadas

com o computador no Brasil em 2017

Atividades realizadas Proporção de usuários de

microcomputador (%)

Copiou ou moveu um arquivo ou uma pasta 56,1

Anexou arquivos em e-mails 51,2

Copiou e colou informações em um documento 49,7

Transferiu arquivos entre computador e outros equipamentos ou dispositivos

42,3

Instalou programas de computador ou aplicativo 39,6

Usou uma planilha de cálculo 28,1

Criou apresentações de slides 23,8

Instalou novos equipamentos, como modem, impressora, câmera ou microfone

22,8

Criou programa de computador usando linguagem de programação

7,0

Nenhuma dessas atividades 26,2

Fonte: TIC Domicílios 2017 (CETIC.Br)

Do mesmo modo, o Módulo J, já citado anteriormente quando se abordou o

bloco C, trata a temática de celular. Como esse módulo não é tão curto como os

demais, também se faz necessário observar a ilustração 3.5 abaixo que o representa

bem.

Page 73: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

54

Ilustração 3.5: Fluxograma do módulo J da TIC Domicílios – Telefone Celular

Fonte: TIC Domicílios 2017 (CETIC.br) – Elaboração do autor

Page 74: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

55

A primeira pergunta desse bloco (“E o(a) senhor(a) usou um telefone celular

nos últimos 3 meses?”56) somente é feita se o respondente não disser no módulo C

que usou internet nos últimos três meses pelo celular. Em caso positivo,

automaticamente a resposta dele nessa pergunta é “sim”, já que seria redundante

fazer mesma. Nesse cenário, observa-se que 87,7% alegam que usaram celular nos

últimos três meses. É importante salientar que essa questão atende o indicador da UIT

HH10, que retrata a proporção de pessoas que utilizam telefone celular móvel.

Essas pessoas que responderam positivamente seguem para a pergunta “Para

quais das seguintes atividades o(a) senhor(a) usou o telefone celular nos últimos 3

meses? O(a) Sr.(a)_______”57, em que o espaço em branco pode ser preenchido com

as seguintes opções: “fez e recebeu chamadas telefônicas”; “enviou mensagens de

texto SMS”; “ouviu músicas”; “assistiu vídeos”; “jogou”; “tirou fotos”; “usou mapas,

por exemplo no Google Maps”; “enviou e recebeu e-mails”; “usou redes sociais, como

Facebook, Instagram ou Snapchat; “acessou páginas ou sites”; “baixou aplicativos”;

“buscou informações, como por exemplo no Google”; “compartilhou fotos, vídeos ou

textos”; e “mandou mensagens por Whatsapp, Skype ou chat do Facebook”. A partir

da tabela 3.6, percebe-se que quase 100% do público fez alguma das atividades

listadas, com destaque para 93,2% que fizeram ou receberam chamadas telefônicas.

56 CETIC.br, 2017, Pergunta J1 com opções de resposta “sim”, “não”, “não sabe” e “não respondeu”. 57 CETIC.br, 2017, Pergunta J2 com opções de resposta “sim”, “não”, “não sabe” e “não respondeu”.

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56

Tabela 3.6: Proporção de pessoas que usam celular segundo atividades realizadas no

mesmo no Brasil em 2017

Atividades realizadas Proporção de pessoas que usa celular (%)

Fez e recebeu chamadas telefônicas 93,2

Tirou fotos 74,9

Mandou mensagens 73,4

Ouviu músicas 68,2

Assistiu a vídeos 67,4

Compartilhou fotos, vídeos ou textos 63,5

Buscou informações 61,8

Usou redes sociais 61,5

Acessou páginas ou sites 53,8

Baixou aplicativos 53,5

Enviou mensagens SMS 50,5

Enviou e recebeu e-mails 47,5

Usou mapas 40,4

Jogou 39,9

Nenhuma dessas atividades 0,5

Fonte: TIC Domicílios 2017 (CETIC.Br)

Na sequência, vem uma pergunta ainda focada naqueles que responderam que

utilizaram o celular nos últimos três meses: “o(a) senhor(a) usou a Internet pelo

telefone celular nos últimos 3 meses?”58, sendo que quem já tinha informado que

usava a internet pelo celular no módulo C ou respondeu que fez um das sete últimas

atividades listadas no item anterior (todas essas exigem uso de internet),

automaticamente já ficava com “sim” nessa pergunta. Nessa questão, 70,8%

confirmaram que usaram a internet no celular.

A próxima pergunta apenas é apresentada para quem usou internet no celular

nos últimos três meses: “Quando usou a Internet pelo telefone celular nos últimos 3

meses, que tipo de conexão o(a) sr.(a) utilizou?”59, em que havia as opções “3G ou 4G”

e “Wi-Fi”. Nesse caso, o somatório de ambas também supera 100%, pois as opções não

58 CETIC.br, 2017, Pergunta J3 com opções de resposta “sim”, “não”, “não sabe” e “não respondeu”. 59 CETIC.br, 2017, Pergunta J3A com opções de resposta “sim”, “não”, “não sabe” e “não respondeu”.

Page 76: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

57

são excludentes. Sendo assim, 71,7% apontaram que usaram 3G ou 4G e 87,9% o Wi-Fi

(60,2% usaram ambos).

Na sequência, é feita uma pergunta para todas as pessoas, independentemente

das respostas dadas anteriormente: “O(a) sr(a) possui telefone celular? (CASO SIM)

Quantas linhas ou chips ativos o(a) senhor(a) possui?”60. Essa pergunta também se

associa ao indicador da UIT HH18 (proporção de pessoas que possuem telefone móvel

celular), retornando que 83,1% das pessoas possuem um celular, sendo que a maioria

(58,5%) tem apenas um chip ou linha.

Quem afirmou que tem celular, na sequência era perguntado sobre se o celular

era pré-pago ou pós-pago: “E este telefone celular é Pré-Pago ou Pós-Pago?”, sendo

que se o entrevistado tivesse mais de uma linha ou chip, era solicitado para considerar

a linha ou chip principal, ou seja, aquela mais usada pelo respondente. Através dessa

pergunta, 67,5% respondeu pré-pago, 26,7% pós-pago e 5,8% não soube responder,

finalizando esse bloco.

Depois, há o módulo TC (Atividades Culturais) que objetiva apurar os hábitos,

frequência da prática de atividades culturais, preferências, comportamentos de

compras para acesso a conteúdos culturais, hábitos e rendimentos baseados no uso de

internet para quem usou a internet nos últimos três meses. Em sequência, há o

módulo G (Governo Eletrônico) que visa constatar atividades na internet relacionadas

a serviços públicos voltado para aqueles com 16 anos ou mais, que utilizaram internet

nos últimos três meses. Ambos os módulos não serão explorados na presente

dissertação, pois se trata de algo muito específico dentro do uso da internet que não é

o objeto de estudo e não tem algo semelhante na PNADC para efeito comparativo. E

ainda há o módulo L (Uso de Aplicações Selecionadas) voltado a quem disse que nunca

usou a internet para confirmar essa resposta, perguntando se o respondente já

realizou alguma atividade que necessita de internet e repetindo algumas perguntas do

60 CETIC.br, 2017, Pergunta J5 com opções de resposta “sim. Quantas linhas/ chips?” com espaço para o entrevistador colocar a quantidade de linhas ou chips, “não”, “não sabe” e “não respondeu”.

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58

módulo C no caso de o respondente contradizer-se com a resposta dada

anteriormente.

O módulo seguinte é o Complemento de Informações Pessoais e apenas inclui

perguntas sobre dados socioeconômicos, que não são o alvo da presente dissertação.

Depois vem o Quadro Domiciliar com perguntas, como quem é o responsável pelo

domicílio e outras voltadas a todos os moradores: o grau de parentesco com a pessoa

responsável, a escolaridade de cada um e se é economicamente ativo ou não. Já o

penúltimo módulo (TIC por Morador) pergunta sobre uso de microcomputador e

internet nos últimos três meses, além da posse de celular próprio para cada morador

do domicílio. Por fim, chega-se ao bloco final: Dados de Classificação Econômica –

Critério Brasil 2015, que majoritariamente, como comentado na seção anterior, trata

na unidade de referência domicílio, exceto a renda pessoal do respondente. Na

próxima seção, haverá um foco no que for possível comparar entre PNADC e TIC

Domicílios.

3.3. Comparação entre as pesquisas brasileiras

Como já comentado anteriormente, o foco desta última seção é fazer

comparações entre as pesquisas que ainda não foram exploradas ou que ainda podem

ser mais detalhadas. Como foi possível notar ao longo das seções anteriores, a questão

do acesso é mensurada no âmbito da unidade de referência domicílio, enquanto o uso

fica na instância de indivíduo. Contudo, mesmo esse comportamento convergindo nas

duas pesquisas analisadas, elas tem um ponto central de discordância. Para isso, é

necessário contrapor as perguntas de ambas no quadro 3.1 e os resultados na tabela

3.7.

Page 78: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

59

Quadro 3.1: Perguntas para coleta de informações sobre acesso e uso da internet por pesquisa

Conceito PNADC TIC Domicílios

Acesso (unidade de referência domicílio)

Algum morador tem acesso à Internet no domicílio por meio de microcomputador, tablet, telefone móvel celular, televisão ou outro equipamento?

Neste domicílio tem acesso à Internet?

Usuário (unidade de referência

pessoa)

Nos últimos três meses, ___ utilizou à Internet em algum local (domicílio, local de trabalho, escola, centro de acesso gratuito ou pago, domicílio de outras pessoas ou qualquer outro local) por meio de microcomputador, tablet, telefone móvel celular, televisão ou outro equipamento?

O(a) Sr(a) já usou a Internet? Quando o(a) senhor(a) usou a Internet pela última vez?

Fonte: PNADC (2017) e TIC Domicílios (2017). Elaboração do próprio autor.

Tabela 3.7: Proporção de domicílios com acesso à internet e usuários da mesma por

pesquisa no Brasil em 2017

Conceito PNADC (%) TIC Domicílios (%)

Acesso (unidade de referência domicílio) 74,9 60,8

Usuário (unidade de referência pessoa) 69,8 67,5

Fonte: PNADC (2017) e TIC Domicílios (2017). Elaboração do próprio autor.

No item acesso, temos três semelhanças que são necessárias listar:

1. Há a delimitação de local de acesso: o domicílio;

2. Não há restrição de dispositivo utilizado: qualquer um estaria apto;

3. Não há delimitação de tempo (mas pressupõe-se que se refere à

disponibilidade de acesso no momento da pesquisa).

Contudo, há uma diferença central que suscita um debate e que pode explicar a

diferença de aproximadamente 14 pontos percentuais no quesito acesso entre as

pesquisas, já que esse valor extrapola as margens de erro. Vale observar que na

PNADC, só existem as opções “sim” e “não” como resposta, enquanto na TIC

Domicílios, também existem as opções “não sabe” ou “não respondeu”. Contudo,

essas duas opções extras somadas não chegam a 0,3%, logo não são a causa da

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60

diferença. O que de fato difere é o conceito latente que as pesquisas comunicam sobre

esse serviço. O IBGE assume a internet como um serviço móvel individual, pois basta

pelo menos um morador ter o serviço disponível para classificar o domicílio como

tendo acesso à internet, mesmo que o referido morador não compartilhe o acesso

com os demais. Esse cenário é possível, pois um morador pode ter um pacote de dados

em seu celular e não compartilhar com os demais integrantes do domicílio, o que seria

diferente de um Wi-Fi à disposição para qualquer pessoa residente. Já o CETIC.br,

diferentemente do IBGE, capta o acesso à internet como um serviço de utilidade ao

domicílio, disponível para todo e qualquer morador do mesmo, assim como o serviço

de água, esgoto ou luz, independentemente se ele usa ou não.

Já as estimativas de uso apresentam uma diferença de apenas 2,3 pontos

percentuais entre as pesquisas, o que pode estar contido nas margens de erro61, pois

só há uma divergência central nesse quesito: na TIC domicílios, são necessárias duas

perguntas para captar o conceito de usuário de internet, enquanto na PNADC, há

apenas uma. Já as semelhanças são providenciais:

1. Não a delimitação de local de uso: pode ser qualquer lugar;

2. Não há restrição de dispositivo utilizado: qualquer um estaria apto;

3. Há delimitação de tempo: últimos três meses;

4. Mesmo conceito de usuário: uso da internet nos últimos três meses.

A pergunta da PNADC “Neste domicílio, quantos moradores têm telefone

móvel celular para uso pessoal?” envolve a posse desse equipamento e fornece

estimativas em que 93,2% dos domicílios têm esse tipo de dispositivo. Contudo, na TIC

Domicílios, a pergunta “O(a) sr(a) possui telefone celular? (CASO SIM) Quantas linhas

ou chips ativos o(a) senhor(a) possui?” traz a informação que 83,1% das pessoas

61 Na pesquisa do IBGE, esse dado conta com um coeficiente de variação de 0,5%, enquanto a pesquisa do CETIC apresenta uma margem de erro de 2,1%.

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61

possuem um celular. Aqui há duas diferenças importantes: a unidade de referência na

primeira é o domicílio e na segunda é o indivíduo; e a primeira coloca a restrição para

uso pessoal, enquanto a segunda é livre, o que poderia incluir um celular corporativo,

por exemplo. Logo, fica claro as possíveis causas dessas diferenças. Contudo, se

compararmos essa pergunta da TIC Domicílios com a pergunta da PNADC “___ tem

telefone móvel celular para uso pessoal?”, o problema da unidade de referência deixa

de existir. Nesse cenário, a pesquisa do IBGE calcula que 78,2% das pessoas no Brasil

possuem um celular para uso pessoal. Ainda assim, persiste a restrição do uso que

deve justificar a diferença de quase 5 pontos percentuais entre as fontes.

A pergunta “Este domicílio tem microcomputador (considere inclusive os

portáteis, tais como: laptop, notebook ou netbook)?” da PNADC pode ser comparável

com a pergunta da TIC Domicílios “Neste domicílio tem _________________?” (com as

opções “computador de mesa”, “notebook” e “tablet” para completar o espaço em

branco). Apenas um critério ter que ser adotado: como os dispositivos na pesquisa do

CETIC.br são perguntados separadamente, é preciso considerar nesse estudo um

domicílio com acesso a microcomputador como todo aquele que menciona, ao menos,

um entre os tipos de equipamentos perguntados. Dessa forma, em ambos os casos,

chega-se que aproximadamente 46% dos domicílios brasileiros possuem a propriedade

de um dispositivo como esse, inclusive o tablet. Ressalta-se que a TIC Domicílios não

cita inclui o laptop, enquanto a PNADC o faz. Vale sinalizar que o conceito que inclui o

tablet como microcomputador segue as diretrizes da UIT e por isso o mesmo foi

utilizado.

Também há o tópico do dispositivo usado para acesso à internet, em que temos

o mesmo problema da unidade de referência distinta. No caso da PNADC é o domicílio

através da pergunta “Para acessar à Internet neste domicílio, algum morador utiliza:”

com as opções “microcomputador (de mesa ou portátil, como laptop, notebook ou

netbook)?”, “tablet”, “telefone móvel celular”, “televisão” ou “outro equipamento

Page 81: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

62

eletrônico”, enquanto para a TIC Domicílios a referência é a pessoa com a pergunta

“Nos últimos 3 meses, o(a) sr(a) utilizou a Internet no(a) ______________?”, em que

os equipamentos (“computador de mesa”; “notebook”; “tablet”, “telefone celular”;

“videogame”; “televisão”; e “outro” com espaço aberto para anotações do

entrevistador) podem ser substituídos no espaço em branco. Além disso, há também a

mesma problemática do conceito de microcomputador, que é possível agrupar, fora a

restrição temporal que existe apenas na pergunta do CETIC.br, assim como a opção

“videogame” que não existe na pesquisa do IBGE. Contudo, a PNADC também tem a

sua versão dessa pergunta para a visão pessoa com o mesmo recorte temporal: “Nos

últimos três meses, ___ acessou à Internet em algum local por meio de:”, tendo como

opções “microcomputador (de mesa ou portátil, como laptop, notebook ou netbook)”,

“tablet”, “telefone móvel celular”, “televisão” e “outro equipamento eletrônico”,

incluindo um espaço aberto para especificação do outro canal a ser preenchido pelo

entrevistador, caso fosse sinalizado com um “sim” esse meio. Mesmo assim, tanto a

questão do computador como a do videogame persiste. Outro fato que também difere

é que, na TIC Domicílios, existem as opções “não sabe” ou “não respondeu”, mas elas

juntas tem um impacto muito baixo, então não são o real problema. Na tabela 3.8, é

possível comparar os dados das três perguntas.

Tabela 3.8: Proporção de domicílios e pessoas segundo a posse de determinados

equipamentos por pesquisa no Brasil em 2017

Equipamento PNADC -

Domicílios (%) PNADC –

Pessoas (%) TIC Domicílios – Pessoas (%)

Telefone móvel celular 98,7 97,0 95,7

Microcomputador 52,3 56,6 51,1

Televisão 16,1 16,3 22,3

Tablet 15,5 14,3 14,8

Videogame - - 9,5

Outro equipamento 1,5 1,0 0,0(1)

Fonte: PNADC (2017) e TIC Domicílios (2017). Elaboração do próprio autor. (1)

O valor calculado corresponde a 0,01%.

Page 82: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

63

Neste caso, o fato de trabalhar com a pergunta com visão indivíduo, deixa a

PNADC mais próxima da TIC Domicílios no tocante ao celular (diferença percentual cai

de 3,0 p.p. para 1,3 p.p.), mas ocorre o contrário para o microcomputador (diferença

percentual sobe de 1,2 p.p. para 5,5 p.p.). Os demais itens permaneceram parecidos.

Outro ponto pouco comparável é o tipo de conexão. Justamente porque

novamente as unidades de referências são diferentes. Na PNADC, a pergunta “Nos

últimos três meses, a conexão que ___ utilizou para acessar à Internet em algum local

foi:” está associada à unidade de referência pessoa, enquanto na TIC Domicílios, a

pergunta “Qual o principal tipo de conexão utilizado para acessar a Internet em seu

domicílio?” fica relacionada à unidade de referência domicílio. Além disso, os tipos de

conexões estão agrupados de forma mais compacta na PNADC, logo seria necessário

realizar uma compatibilização de opções, conforme quadro 3.2.

Quadro 3.2: De/para tipo de conexão

PNADC 2017 TIC Domicílios 2017

Conexão discada por linha telefônica Conexão discada, que deixa a linha de telefone ocupada durante o uso

Banda larga (ADSL, VDSL, cabo de televisão por assinatura, cabo de fibra óptica, satélite ou algum tipo de rádio, como Wi-Fi)

Conexão DSL, via linha telefônica, que não deixa a linha ocupada durante o uso

Conexão via cabo de TV ou fibra ótica

Conexão via sinal de Rádio

Conexão via sinal de Satélite

Sinal de rede móvel celular 3G ou 4G Conexão móvel via modem ou chip 3G ou 4G

Não sabe Não sabe (ESPONTÂNEA)

Não aplicável Não respondeu (ESPONTÂNEA)

Fonte: PNADC (2017) e TIC Domicílios (2017). Elaboração do próprio autor.

Page 83: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

64

Entretanto, na TIC Domicílios é perguntado apenas o tipo de conexão principal,

enquanto na PNADC, é possível haver mais de um tipo de conexão. Logo, a

comparação fica prejudicada. De qualquer forma, no gráfico 3.10, pode-se perceber

que há um alto uso de banda larga móvel, mas a banda larga fixa desponta como

forma de conexão principal, o que mostra que a penetração da móvel é alta, mas ela

funciona como uma alternativa quando não se tem acesso à banda larga fixa. Isso deve

ocorrer, tendo em vista que normalmente a banda larga fixa tem uma navegação

ilimitada, enquanto a móvel tem uma franquia limitada de dados para navegação, que

cessa o acesso após todo o seu consumo.

Gráfico 3.10: Proporção de pessoas e domicílios segundo tipo de conexão à internet

por pesquisa no Brasil em 2017

Fonte: PNADC (2017) e TIC Domicílios (2017). Elaboração do próprio autor.

Mais um ponto que permite comparação envolve o tópico sobre as atividades

realizadas na internet. Não obstante, é importante entender que a TIC Domicílios é

muito mais exaustiva nessa parte, enquanto a PNADC mensura apenas quatro

atividades. A partir do quadro 3.3, é possível ver as semelhanças através de uma

compatibilização dessas opções em comum. No restante, as perguntas têm o mesmo

recorte temporal de três meses e nenhuma outra diferença alarmante.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Banda largafixa

Banda largamóvel

Conexãodiscada

Não sabe

IBGE

CETIC.br

Page 84: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

65

Quadro 3.3: De/para atividades realizadas através da internet

PNADC 2017 TIC Domicílios 2017

Enviar ou receber e-mails (correio eletrônico)

Enviou e recebeu e-mails

Enviar ou receber mensagens de texto, voz ou imagens por aplicativos diferentes de e-mail

Mandou mensagens por Whatsapp, Skype ou chat do Facebook

Conversar por chamada de voz ou vídeo Conversou por chamada de voz ou vídeo como no Skype ou no Whatsapp

Assistir a vídeos, inclusive programas, séries e filmes

Assistiu a vídeos, programas, filmes ou séries pela Internet como no Youtube ou no Netflix

Fonte: PNADC (2017) e TIC Domicílios (2017). Elaboração do próprio autor.

Os demais itens listados abaixo não são mensurados na PNADC e estão

presentes da TIC Domicílios:

Usou redes sociais, como Facebook, Instagram ou Snapchat

Participou de listas de discussão ou fóruns

Usou microblog como Twitter

Procurou informações sobre produtos e serviços

Procurou informações relacionadas à saúde ou a serviços de saúde

Procurou informações sobre viagens e acomodações

Procurou emprego ou enviou currículos

Procurou informações em sites de enciclopédia virtual como Wikipédia

Procurou informações oferecidas por sites de governo

Realizou algum serviço público como, por exemplo, emitir documentos

pela Internet, preencher e enviar formulários on-line, ou pagar taxas e

impostos pela Internet.

Fez consultas, pagamentos ou outras transações financeiras

Jogou pela Internet

Page 85: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

66

Ouviu música pela Internet como por Spotify, por Deezer ou por

Youtube

Leu jornais, revistas ou notícias pela Internet

Viu exposições ou museus pela Internet

Realizou atividades ou pesquisas escolares

Fez cursos à distância

Buscou informações sobre cursos de graduação, pós-graduação e de

extensão

Estudou na Internet por conta própria

Usou serviço de armazenamento na Internet, como por exemplo

Dropbox, Google Drive, Onedrive

Realizou atividades de trabalho

Compartilhou conteúdo na Internet, como textos, imagens, fotos,

vídeos ou músicas

Criou ou atualizou blogs, páginas na Internet ou sites

Postou na Internet textos, imagens, fotos, vídeos ou músicas que o(a)

sr(a) criou

Baixou ou fez o download de filmes

Baixou ou fez o download de séries

Baixou ou fez o download de músicas

Baixou ou fez o download de jogos

Baixou ou fez o download de softwares, programas de computador ou

aplicativos

Baixou ou fez download de livros digitais

Assim, o gráfico 3.11, aborda apenas os dados disponíveis de ambas as

pesquisas, contudo, nesse caso, nota-se diferenças entre as pesquisas que giram entre

Page 86: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

67

6 e 17 pontos percentuais. Neste caso, o fato da pesquisa da CETIC.br listar muito mais

atividades, pode acabar até subestimando as alternativas, já que o alto contingente de

itens tira o foco do respondente. Além disso, há a aleatorização da ordem, em que as

opções são apresentadas em cada entrevista. Apesar dessas diferenças, enviar ou

receber mensagens de texto, voz ou imagens por aplicativos diferentes de e-mail são

as atividades mais comuns apontadas nas duas pesquisas.

Gráfico 3.11: Atividades realizadas com acesso à internet no Brasil em 2017

Fonte: PNADC (2017) e TIC Domicílios (2017). Elaboração do próprio autor.

Outro tópico que é passível de comparação é a motivação para não uso ou

acesso. Na PNADC, há apenas uma pergunta sobre isso: “Qual foi o principal motivo

para ___ não ter acessado à Internet em algum local nos últimos três meses?”, cuja

unidade de referência é pessoa. Já na TIC Domicílios, existem quatro perguntas sobre

isso. Duas no âmbito de domicílio e duas na instância pessoa. Cada uma tem duas, pois

envolve a motivação múltipla, em que se pode selecionar mais de opção, e a

motivação principal, em quem somente é selecionada uma alternativa. Neste caso,

0% 25% 50% 75% 100%

Enviar ou receber e-mails

Assistir a vídeos

Conversar por chamada de voz ou vídeo

Enviar ou receber mensagens de texto, vozou imagens por aplicativos diferentes de e-

mail

IBGE

CETIC.br

Page 87: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

68

como seriam muitas perguntas a serem comparadas, será selecionada apenas a

pergunta mais próxima da realizada da PNADC: “E qual desses motivos é o principal?”,

cuja unidade de referência também é a pessoa. Um ponto de atenção necessário é que

a pergunta da TIC Domicílios não apresenta o mesmo recorte temporal da PNADC.

Ambas também não apresentam restrição de local de acesso e focam na motivação

principal. No mais, o ponto mais crítico é a divergência de opções: elas são bem

diferentes entre as pesquisas, o que dificulta um de/para, tanto que a principal

motivação de não uso diverge, pois na pesquisa do IBGE 38,5% alega não saber usar a

internet (opção não disponível na TIC Domicílios), enquanto na pesquisa do CETIC.br,

29,0% atestam falta de interesse (na PNADC 36,7% relatam isso, o que representa uma

diferença de 7,7 p.p.). O mais próximo dessa opção de não saber usar a internet seria

“por falta de habilidade com o computador” com 26,0%, mas que seria um subgrupo

da opção realizada na PNADC, justificando então um percentual menor de ocorrência.

Essa diferença de mais de 10 pontos percentuais está compreendida nas opções “para

evitar contato com um conteúdo perigoso” e “por preocupações com segurança e

privacidade” que podem ser interpretadas pelo entrevistado como uma certa

inabilidade sua ou não62. Vale ressaltar que, além das alternativas serem diferentes, na

TIC Domicílios há mais opções, fazendo sentido o valor do item “falta de interesse” ser

menor nesta pesquisa. Além disso, na pesquisa do IBGE, a questão do custo caro é

dividida entre custo do serviço de internet e do equipamento, que somados63 chegam

a 18,2%, em sintonia com os 17,1% “por ser muito caro” do CETIC.br. A opção “o

serviço de acesso à internet não estava disponível nos locais que costuma frequentar”

com 4,9% dos entrevistados da PNADC vai de encontro com os 3,8% dos entrevistados

da TIC Domicílios que declaram “por não ter onde usar” como motivação principal para

não acessar a internet. Assim, o quadro 3.4, estabelece o de/para de opções já

62 Neste caso, seria necessário um estudo mais qualitativo, que hoje não é objeto desta dissertação 63 É possível realizar essa soma, pois as respostas são únicas nessa questão, então não há sobreposição

Page 88: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

69

explicitado acima, enquanto a tabela 3.9 evidencia os resultados após essas

recategorizações.

Quadro 3.4: De/para motivos para não acessar à internet

PNADC 2017 TIC Domicílios 2017

Não sabia usar a internet

Por falta de habilidade com o computador Para evitar o contato com conteúdo perigoso Por preocupações com segurança ou privacidade

Falta de interesse em acessar à internet Por falta de interesse Por falta de necessidade

Achava o serviço de acesso à internet caro Achava o equipamento eletrônico necessário caro

Por ser muito caro

O serviço de acesso à internet não estava disponível

Por não ter onde usar

- Não sabe ou não respondeu

Fonte: PNADC (2017) e TIC Domicílios (2017). Elaboração do próprio autor.

Tabela 3.9: Proporção de pessoas que não utilizam a internet segundo barreiras de uso

por pesquisa no Brasil em 2017

Barreiras de uso PNADC (%) TIC Domicílios (%)

Não sabia usar a internet 38,5 38,3

Por falta de interesse 36,7 37,1

Por ser muito caro 18,2 17,1

O serviço de acesso à internet não estava disponível nos locais que costuma frequentar

4,9 3,8

Por outro motivo 1,6 1,6

Não sabe ou não respondeu - 2,0 Fonte: PNADC (2017) e TIC Domicílios (2017). Elaboração do próprio autor.

Depois, outro tema de suma importância e comparável é a posse de telefone

celular. Em ambas as pesquisas, a unidade de referência é a pessoa, não há recorte

temporal e nem restrição de tempo. Na PNADC, a pergunta feita é “___ tem telefone

móvel celular para uso pessoal?”, atestando que 78,2% da população brasileira possui

um celular para uso pessoal. Já na TIC Domicílios, a questão realizada é “O(a) sr(a)

Page 89: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

70

possui telefone celular? (CASO SIM) Quantas linhas ou chips ativos o(a) senhor(a)

possui?”, mensurando que 83,1% das pessoas possuem um celular. Vale pontuar que

há uma diferença de 4,9 pontos percentuais entre ambas as fontes, mas na pergunta

da PNADC, há uma restrição de uso para pessoal, enquanto na TIC Domicílio não, o que

também justificaria o indicador mais elevado nessa fonte (o uso corporativo não

estaria incluso na pesquisa do IBGE, mas estaria sendo computado no estudo do

CETIC.br, por exemplo).

Por fim, a último item que será comparado é a internet no celular. Na PNADC, a

pergunta é realizada da seguinte forma: “Esse telefone móvel celular para uso pessoal

tem acesso à Internet?”, mensurando que 84,3% tinham acesso à internet pelo seu

celular de uso pessoal. Já na TIC Domicílios, a questão é feita dessa maneira: “o(a)

senhor(a) usou a Internet pelo telefone celular nos últimos 3 meses?”, mensurando

que 70,8% usaram a internet no celular nos últimos 3 meses. A primeira pergunta tem

duas restrições que não estão presentes na segunda: o uso pessoal e somente quem

tem a posse de um telefone responde essa pergunta (na outra, mesmo que o acesso

tenha sido no celular de outra pessoa é computado). Já a segunda também tem a

restrição temporal de três meses que deve justificar o resultado abaixo do valor

encontrado na PNADC.

Com isso, esse capítulo chega ao fim. Como foi possível analisar, as nuances de

unidade de referência, a forma como os fluxos desencadeiam-se, as maneiras como

são feitas as perguntas (incluindo restrições ou não), a quantidade de opções de

respostas e a maneira como as mesmas são escritas, além dos conceitos que são

aplicados em cada fonte, tudo pode afetar a mensuração de um indicador. Nem todas

as perguntas foram exploradas nessa seção, contudo foi realizado um apanhado do

que é mais importante para o presente estudo, considerando que muitas perguntas

não são comparáveis nas duas pesquisas, pois o tema TIC é bem mais sucinto na

PNADC. O quadro 3.5 finaliza esse capítulo, trazendo novamente os indicadores da UIT,

Page 90: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

71

evidenciando o que é coberto por cada pesquisa, fora a identificação de qual questão

atende determinado índice.

Quadro 3.5: Indicadores de acesso e uso de TIC da UIT para domicílios e indivíduos

presentes na PNADC e TIC Domicílios

Código Descrição PNADC TIC

Domicílios

HH1 Proporção de domicílios com rádio - CB1

HH2 Proporção de domicílios com televisão S01025 CB1

HH3 Proporção de domicílios com telefone S01021 e S01022

CB2

HH4 Proporção de domicílios com microcomputador S01028 A1

HH5 Proporção de pessoas que utilizam microcomputador - B1 e B2

HH6 Proporção de domicílios com Internet S01029 A4

HH7 Proporção de pessoas que utilizam a Internet S07001 C3

HH8 Proporção de pessoas que utilizam a Internet, por local de utilização

- C6 e C6A

HH9 Proporção de pessoas que utilizam a Internet, por tipo de atividade realizada

S070041 a S070044

C7 a C12

HH10 Proporção de pessoas que utilizam telefone móvel celular - J1

HH11 Proporção de domicílios com acesso à Internet, por tipo de serviço

- A7

HH12 Proporção de pessoas que utilizam a Internet, por frequência

- C4

HH13 Proporção de domicílios com acesso à programação televisiva por meios diferentes da televisão analógica aberta, por tipo

S01026 e S01027

CB2

HH14 Proporção de domicílios sem Internet, segundo barreiras ao acesso

S07005 A5 e A5A

HH15 Proporção de usuários de microcomputador, segundo o tipo de habilidade

- I1

HH16 Despesa domiciliar em TIC - A9

HH17 Proporção de pessoas que utilizam Internet, por tipo de equipamento portátil e conexão utilizada para acessar a Internet

S070021 a S070025 e S070031 a S070033

C5

HH18 Proporção de pessoas que possuem telefone móvel celular

S07006 J5

HH19 Proporção de pessoas que não utilizam a Internet, por tipo de motivo

S07005 -

Fonte: UIT, PNADC (2017) e TIC Domicílios (2017). Elaboração do próprio autor.

Page 91: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

72

No próximo capítulo, serão abordadas pesquisas sobre TIC em outros países

para apresentar como os mesmos também entendem tanto o acesso como o uso da

internet, associando se a forma mensurada aproxima-se mais do proposto pelo

CETIC.br ou IBGE.

Page 92: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

73

CAPÍTULO 4: MENSURAÇÃO DO ACESSO E USO DA INTERNET EM

PESQUISAS DOMICILIARES SOBRE TIC NO MUNDO

O foco deste capítulo é apresentar uma revisão de como são mensurados o

acesso (HH6) e o uso (HH7) da internet em diferentes países do mundo. Contudo,

antes de descrever as pesquisas de alguns países ou regiões, é interessante exibir um

panorama das estatísticas de TIC (Gráfico 4.1) para as regiões correspondentes ao

agrupamento regional do Gabinete de Desenvolvimento das Telecomunicações da

UIT64, focando nas variáveis acesso e uso, cujas unidades de referência são domicílios e

indivíduos, respectivamente.

Gráfico 4.1: Proporção de domicílios com acesso e de usuários de internet segundo

diferentes regiões do mundo em 2017

Fonte: UIT. Elaboração do próprio autor.

64 Para mais detalhes ver https://www.itu.int/en/ITU-D/Statistics/Pages/definitions/regions.aspx. Acesso em 10/02/2020.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

África Estados Árabes Ásia e Pacífico Comunidade dosEstados

Independentes(CEI)

Europa Américas

Acesso Uso

Page 93: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

74

O gráfico 4.1 também destaca a assimetria que existe regionalmente, o que de

certa forma já foi verificada na análise realizada comparando-se países desenvolvidos

frente a países em desenvolvimento e menos desenvolvidos no capítulo 2. Algumas

regiões, como a Europa, têm indicadores de acesso e uso muito superiores a outras,

como a África, revelando que será muito difícil cumprir a meta 9c dos ODS no tocante

a aumentar significativamente o acesso às TIC, e procurar ao máximo oferecer acesso

universal e acessível à internet nos países menos desenvolvidos até 2020. Nesse caso,

apenas 16% dos domicílios africanos têm acesso à internet.

Quanto à mensuração do acesso e uso da internet em diferentes países do

mundo, foi realizada uma seleção de países cujos idiomas disponíveis dos

questionários de TIC correspondem ao português, ao inglês ou ao espanhol. Cada

seção deste capítulo versa sobre um país ou região diferente de forma a elucidar

melhor o caso de cada um dos escolhidos. A proposta é apurar, ao menos, um exemplo

de cada continente, priorizando aqueles cuja qualidade de dados é extremamente

reconhecida, explorando diferentes definições operacionais e níveis de

desenvolvimento. Contudo, antes de iniciar a análise do primeiro caso, vale conferir

um ranking elaborado com informações sobre uso de internet em 207 países em 2017

(todos os países com dados disponíveis do ano selecionado na UIT estão listados). Para

não serem listados todos os países em uma única tabela, apresenta-se a distribuição

da proporção de usuários dos 207 países no gráfico 4.2.

Page 94: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

75

Gráfico 4.2: Distribuição da proporção de usuários na população de 207 países em

2017

Fonte: UIT. Elaboração do próprio autor.

A partir do gráfico 4.2, é perceptível que a mediana é de 60% da população

como usuários de internet. Com o bloxpot, também é possível dividir os países em três

grupos: o primeiro quartil, ou seja, 25% dos países com menor penetração; um grupo

intermediário, incluindo o segundo e o terceiro quartil; e o quarto quartil, com 25%

dos países com maior penetração. Assim, a tabela 4.1 apresenta o primeiro grupo

citado (penetração abaixo dos 30%), a tabela 4.2 o segundo (de 30% a 79%) e a tabela

4.3 o terceiro (de 80% a 100%). A partir desta última tabela, é possível notar que o

Kuwait é o primeiro país a ter toda a sua população plenamente conectada à internet.

Vale assinalar que a estatística referente ao Brasil é proveniente da TIC Domicílios.

Page 95: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

76

Tabela 4.1: Proporção de usuários de internet segundo países do primeiro quartil em 2017

Países Proporção de usuários (%)

Países Proporção de usuários (%)

Lesoto 29 Bangladesh e Quiribati 15

Nicarágua e Zâmbia 28 Angola, Malawi e Afeganistão

14

Timor-Leste, Zimbábue e Iémen

27 Mali 13

Guiné Equatorial, Vanuatu e Laos

26 Togo, Haiti e Ilhas Salomão

12

Tanzânia 25 Papua Nova Guiné 11

Mongólia e Uganda 24 Níger, Moçambique e Madagascar

10

Camarões 23 Serra Leoa, República do Congo e República Democrática do Congo

9

São Vicente e Granadinas, Tajiquistão, Ruanda e Líbia

22 Comores, Libéria e Sudão do Sul

8

Turquemenistão e Mauritânia

21 Chade 6

Benin e Gâmbia 20 República Centro-Africana e Guiné-Bissau

4

Etiópia 19 Burundi 3

Guiné e Quênia 18 Somália 2

Burkina Faso e Paquistão 16 Eritreia 1

Fonte: UIT. Elaboração do próprio autor.

Page 96: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

77

Tabela 4.2: Proporção de usuários de internet segundo países do grupo intermediário em 2017

Países Proporção de usuários (%)

Países Proporção de usuários (%)

Azerbaijão, Eslovênia e República Tcheca

79 Maurícia e Jamaica 55

Líbano, Ilhas Virgens Britânicas, Lituânia

78 China 54

Trindade e Tobago e Hungria

77 Tailândia 53

Cazaquistão, Moldova, Rússia, Antígua e Barbuda e Polônia

76 Usbequistão 52

Macedônia 75 Namíbia e Santa Lúcia 51

Bielorrússia, Argentina e Portugal

74 Fiji 50

Polinésia Francesa 73 Iraque, Tuvalu, Suriname e Peru

49

Venezuela e Albânia 72 Butão e Argélia 48

Costa Rica, Montenegro, Porto Rico e Grécia

71 Belize, Botsuana e Eswatini

47

Sérvia e Dominica 70 Senegal 46

Groenlândia 69 Egito 45

Uruguai, Curaçao e República Dominicana

68 Costa do Marfim e Bolívia

44

Brasil, Croácia e Jordânia 67 Nigéria 42

Palestina, Guatemala, Bósnia e Herzegovina, Armênia e Turquia

65 Tonga 41

Ilhas Virgens (EUA), Tunísia, Irã, México e Romênia

64 Gana e Ilhas Marshall 39

Bulgária, Maldivas e Itália 63 Quirguistão 38

Colômbia, Gabão e Marrocos

62 Guiana 37

Paraguai 61 Micronésia 35

San Marino, Filipinas e Geórgia

60 Índia, Síria, Sri Lanka, Nepal, El Salvador e Samoa

34

Granada, Ucrânia e Seychelles

59 Camboja, Indonésia e Honduras

32

Vietnã e Panamá 58 Sudão e Myanmar 31

Equador, Cabo Verde, Cuba e Nauru

57 São Tomé e Príncipe 30

África do Sul e Djibuti 56

Fonte: UIT. Elaboração do próprio autor.

Page 97: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

78

Tabela 4.3: Proporção de usuários de internet segundo países do último quartil em 2017

Países Proporção de usuários (%)

Países Proporção de usuários (%)

Kuwait 100 Hong Kong (China) 89

Bermudas, Islândia, Liechtenstein e Ilhas Faroe

98 Estônia, Áustria e Bélgica

88

Catar, Luxemburgo, Aruba, Dinamarca e Mônaco

97 Finlândia, Estados Unidos e Austrália

87

Noruega, Bahrein e Suécia 96 Bahamas, Espanha e Japão

85

República da Coreia, Brunei, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido

95 Cingapura, Alemanha e Irlanda

84

Países Baixos e Taiwan (província da China)

93 Macau (China) 83

Andorra 92

Chile, Arábia Saudita, Nova Caledônia, Barbados, Eslováquia e Israel

82

Canadá e Nova Zelândia 91 Ilhas Cayman, Malta, Chipre, São Cristóvão e Nevis, Guam e França

81

Suíça 90 Omã, Malásia e Letônia 80

Fonte: UIT. Elaboração do próprio autor.

Cabe registrar que, além de informações repassadas por institutos nacionais de

estatísticas, a UIT também produz estimativas, o que ocorreu em 2017 para alguns

países.

4.1. União Europeia

A União Europeia (UE) é um bloco principalmente e originalmente econômico,

em que as diretrizes são decididas em conjunto pelo grupo de países membros e

devem ser seguidas por todos os integrantes. Da mesma forma que as políticas são

padronizadas, há também um esforço para promover a produção de estatísticas

oficiais de qualidade para o bloco como um todo de forma que os dados dos diversos

países participantes sejam comparáveis e passíveis de agregação. Sendo assim, o

Eurostat (European Statistical Office) tem as seguintes responsabilidades: elaborar, em

colaboração com as autoridades estatísticas nacionais, definições, classificações e

Page 98: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

79

metodologias harmonizadas para a realização de estatísticas oficiais europeias;

calcular dados agregados para a União Europeia e a zona euro, utilizando dados

recolhidos pelas autoridades estatísticas nacionais ao abrigo de normas harmonizadas;

e disponibilizar estatísticas europeias gratuitamente aos decisores e ao público em

geral através do seu website e de outros canais65.

Anualmente, desde 2006, o órgão organiza os dados referentes à TIC, que são

coletados pelos Institutos Nacionais de Estatísticas (INEs) de cada país integrante, ou

seja, o Eurostat não é o responsável pela coleta, mas por prover orientação para que

os dados possam ser compatíveis entres os países. Dessa forma, essa entidade

recomenda que seus integrantes realizem suas pesquisas sobre TIC anualmente,

seguindo a Pesquisa Comunitária sobre o Uso das TIC em Domicílios e por Indivíduos66.

A população-alvo para as diferentes unidades estatísticas engloba indivíduos entre 16

e 74 anos, além de domicílios particulares com, pelo menos, um membro com idades

entre 16 e 74 anos, segundo a metodologia proposta pelo Eurostat. Como as pesquisas

são realizadas de forma independente pelos INEs, cada um pode fazer suas pesquisas

sobre TIC, incluindo seus temas em pesquisas maiores ou sobre outros assuntos, como

é o caso da Bélgica, República Tcheca, Irlanda, Itália, Áustria, Reino Unido e Noruega

em 2016/2017. Além disso, as pesquisas podem ter metodologias diferentes, o que

inclui desde o tipo de amostragem até a forma de coleta de informação, como telefone

ou face a face, o que varia muito de um país para o outro, conforme relatório de

metadados da Eurostat.

Como o foco deste capítulo é investigar como os diferentes países coletam

informações referentes às estatísticas de acesso e uso da internet, as perguntas sobre

os demais temas de TIC não serão abordadas. No questionário da Eurostat, a pergunta

sobre a questão do acesso aparece da seguinte forma: “Você ou alguém do seu

65 Para mais detalhes ver https://ec.europa.eu/eurostat/web/main/home. Acesso em 11/02/2020. 66 Tradução livre do autor para “Community Survey on ICT Usage in Households and by Individuals”

Page 99: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

80

domicílio tem acesso à Internet em casa?”67. Logo, essa pergunta assemelha-se ao

realizado na PNADC, pois considera a internet como um serviço móvel individual, já

que basta pelo menos um morador entre 16 e 74 anos ter o serviço disponível para

classificar o domicílio como tendo o acesso à internet. Assim, a tabela 4.4 mostra o

nível de acesso à internet dos domicílios europeus em 2017 na União Europeia e por

país europeu.

Tabela 4.4: Proporção de domicílios com acesso à internet segundo a União Europeia e

países europeus em 2017

Fonte: Eurostat, 2017. Elaboração do próprio autor.

67 Tradução livre do autor para “Do you or anyone in your household have access to the internet at home?” (Eurostat, 2017, Questão A2)

Países europeus Proporção de domicílios com acesso (%)

União Europeia 87

Países Baixos e Islândia 98

Dinamarca, Luxemburgo e Noruega 97

Suécia 95

Finlândia e Reino Unido 94

Alemanha e Suíça 93

Áustria e Kosovo 89

Estônia e Irlanda 88

Bélgica e França 86

Malta 85

República Tcheca e Espanha 83

Hungria, Polônia e Eslovênia 82

Itália e Eslováquia 81

Chipre e Letônia 79

Portugal 77

Croácia e Romênia 76

Lituânia 75

Macedônia 74

Grécia e Montenegro 71

Sérvia 68

Bulgária 67

Page 100: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

81

Já a primeira pergunta do Módulo C sobre uso da internet é realizada da

seguinte forma: “Quando você usou a Internet pela última vez?”68, cujas as opções de

resposta são “nos últimos 3 meses”, “entre 3 meses e um ano atrás”, “há mais de 1

ano” e “nunca usei”, sendo que, quando fosse selecionada a primeira alternativa, o

respondente é classificado como usuário de internet, conforme conceito da UIT. Logo,

a tabela 4.5 evidencia o uso de internet por indivíduos na União Europeia e por país

europeu. Vale salientar que esses dados podem apresentar viés, tendo em vista que

não considera a população com 75 anos ou mais (público teoricamente menos

assistido nessa questão, pois é menos acostumada com esse tipo de tecnologia), ainda

mais porque os demais países analisados não apresentam esse recorte superior na

faixa etária.

68 Tradução livre do autor para “When did you last use the internet?” (Eurostat, 2017, Questão C1)

Page 101: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

82

Tabela 4.5: Proporção de usuários de internet segundo a União Europeia e países europeus em 2017

Fonte: Eurostat, 2017. Elaboração do próprio autor.

4.2. África

No caso do continente africano, primeiramente considerou-se a opção de

dedicar o estudo à África do Sul, a maior economia da região. Assim, foi realizada uma

consulta ao site do Stasts SA, órgão de estatísticas oficiais do país, mas nada foi

encontrado a respeito de pesquisas sobre TIC. Inclusive, nas bases de dados da UIT, há

a indicação de que as estatísticas para o país foram estimadas pela própria UIT. Assim,

a busca por estatísticas públicas sobre TIC na região precisou ser mais ampla e foi

realizada através de notícias locais da África do Sul nas quais havia destaque para a

Países europeus Proporção de usuários de internet (%)

União Europeia 84

Islândia e Noruega 98

Dinamarca e Luxemburgo 97

Suécia 96

Países Baixos e Reino Unido 95

Finlândia e Suíça 94

Alemanha 90

Bélgica, Estônia e Áustria 88

França 87

República Tcheca e Espanha 85

Kosovo 83

Eslováquia 82

Irlanda, Chipre, Letônia e Malta 81

Eslovênia 79

Lituânia 78

Hungria 77

Polônia 76

Macedônia 75

Portugal 74

Itália e Montenegro 71

Grécia e Sérvia 70

Croácia 67

Romênia 64

Bulgária 63

Page 102: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

83

instituição denominada RIA (Research ICT Africa), uma entidade de pesquisa sem fins

lucrativos e de interesse público que realiza pesquisa sobre TIC para 18 países na

África: Benin, Burkina Faso, Senegal, Costa do Marfim, Gana, Nigéria, Camarões,

Namíbia, Botsuana, Tunísia, Etiópia, Uganda, Quênia, Ruanda, Tanzânia, Zâmbia,

Moçambique e África do Sul.

Gillwald et al (2018), da equipe da RIA, mostram a situação de TIC na África do

Sul (os autores também elaboraram outros artigos, como para Moçambique, por

exemplo), depois que a pesquisa After Access Survey69 ocorreu, analisando seus

resultados. Vale observar aqui que essa mesma pesquisa foi aplicada em dez países na

África, além de países na Ásia e América Latina, mas com a liderança de organismos

locais (LIRNEasia - Iniciativas de Aprendizagem sobre Reformas para Economias de

Rede na Ásia70 - e DIRSI - Diálogo Regional sobre a Sociedade da Informação71)

integrantes dessa grande rede da After Access que foca em países não centrais por

todo o mundo, totalizando 22 países, segundo Gillwald e Mothobi (2019).

No módulo H (Atributos do domicílio72), a pergunta sobre acesso à internet

dessa pesquisa é feita da seguinte forma: “este domicílio tem uma conexão de

internet? (exclusivo para o domicílio e é acessível a todos os moradores)”73, tendo

como opções de respostas apenas “sim” e “não”. Assim, a partir dessa questão é

possível mensurar a proporção de domicílios com acesso à internet, ou seja, o

indicador HH6. E, diferentemente do caso europeu, a forma como essa pergunta

aplica-se fica mais próxima do proposto pela CETIC.br, já que se considera a

69 As pesquisas After Access são conduzidas por redes irmãs em todo o Sul Global, com o apoio do Centro Internacional de Pesquisa em Desenvolvimento (IDRC) do Canadá e da Agência Sueca de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (SIDA). Os dados foram coletados por meio de 26.968 entrevistas pessoais de famílias e indivíduos, e permitem a desagregação por gênero, ambiente rural ou urbano, idade entre outros fatores. Para maiores detalhes, ver https://afteraccess.net/about-afteraccess. Acesso em 12/02/2020. 70 Tradução livre do autor para “Learning Initiatives on Reforms for Network Economies Asia” 71 Tradução livre do autor para “Diálogo Regional sobre la Sociedad de la Información” 72 Tradução livre do autor para “Household Attributes” 73 Tradução livre do autor para “does this household have a working internet connection? (exclusive for the household and is accessible to all household members)?” (RIA After Access, 2017, Questão h.14)

Page 103: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

84

disponibilidade do serviço para qualquer morador do domicílio, o que é reforçado

pelos dizeres entre parênteses. Na tabela 4.6, observa-se esse indicador para alguns

países africanos.

Tabela 4.6: Proporção de domicílios com acesso à internet segundo países africanos

em 2017

Fonte: RIA After Access Survey Data, 2017. Elaboração do próprio autor.

Já a pergunta de uso da internet presente no módulo B (Internet) não

apresenta recorte temporal, sendo realizada da seguinte forma: “Você já usou a

Internet?”74 com alternativas “sim” e “não”. Nesse caso, não é usado o conceito de

usuário de internet da UIT, que requer a utilização nos últimos três meses. Entende-se

que a mensuração do fenômeno é realizada dessa forma, pois a região vivencia uma

situação de déficit de inclusão digital e a utilização da restrição de uso nos últimos três

meses poderia acarretar ainda em maior dificuldade de mensuração. Ainda assim, a

pesquisa consegue trazer indicadores de uso da internet, conforme tabela 4.7.

74 Tradução livre do autor para “have you ever used the internet?” (RIA After Access, 2017, Questão B.1)

Países africanos Proporção de domicílios com acesso (%)

África do Sul 11

Quênia 10

Gana 6

Senegal 5

Lesoto 4

Nigéria e Ruanda 3

Uganda 2

Tanzânia e Moçambique 1

Page 104: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

85

Tabela 4.7: Proporção de pessoas que usam internet segundo países africanos em 2017

Fonte: RIA After Access Survey Data, 2017. Elaboração do próprio autor.

4.3. Japão

O Japão foi escolhido como o representante asiático, já que reconhecidamente

é um dos países mais modernos e que contribui incessantemente para o

desenvolvimento de TIC. Neste caso, não é o Statistics Bureau of Japan, órgão oficial

de estatísticas do país que é responsável pela pesquisa sobre TIC, mas o Ministério de

Assuntos Internos e Comunicações75 (MIC). De qualquer forma, o mesmo preocupa-se

em divulgar anualmente os resultados assim como o questionário desde 200176. Para

permitir comparação com as informações dos demais países e regiões, continuar-se-á

usando os dados de 2017.

A pergunta sobre acesso no questionário japonês acontece no bloco de

domicílio e é a seguinte: “Alguém em sua casa usou a Internet (incluindo o envio ou

recebimento de e-mail, assistindo a vídeos sob demanda (VOD), navegando em sites,

compras on-line etc. de um computador, telefone celular ou outro dispositivo) no ano

passado? Circule a melhor resposta”77, tendo como opções “pelo menos uma pessoa

75 Tradução livre do autor para “Ministry of Internal Affairs and Communications” 76 Para dados de todos os anos, ver https://www.soumu.go.jp/johotsusintokei/english/. Acesso em 13/02/2020. 77 Tradução livre do autor para “has anyone in your household used the Internet (including sending or receiving email, watching Video on demand (VOD), browsing Websites, online shopping, etc. from a

Países africanos Proporção de pessoas que usam internet (%)

África do Sul 53

Lesoto 32

Senegal 31

Nigéria 30

Gana e Quênia 26

Tanzânia 15

Uganda 14

Moçambique 10

Ruanda 9

Page 105: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

86

usou a Internet” ou “ninguém usou a Internet”. Nessa pergunta não há qualquer

restrição de dispositivo, finalidade e local de acesso, inclusive isso é reforçado com

notas de observação que afirmam o objetivo de investigar se as pessoas que moram

em determinado domicílio usaram a internet no ano passado ou não, podendo ser

dentro ou fora de casa. Isso é um ponto de inflexão se comparado aos demais

questionários já analisados, pois nos casos apresentados anteriormente, o acesso

deveria ocorrer dentro do domicílio para ser contabilizado. No caso da pesquisa

japonesa, se o morador usa a internet fora do domicílio já conta como ocorrência de

acesso no domicílio. Outro ponto diferente é o recorte temporal de um ano, que

também não fora visto igual até o momento. Em todos os exemplos já apresentados,

não havia esse tipo de restrição. De qualquer forma, a pergunta no Japão tende a ficar

mais próxima da utilizada pelo IBGE, pois basta ao menos um morador acessando a

internet para contabilizar o domicílio de forma positiva quanto ao acesso. Aliás, o fato

de contabilizar inclusive o acesso externo só reforça o conceito da internet como

serviço móvel individual. Também vale ressaltar que não é usado o termo acesso na

pergunta, mas “uso”. Isso remete à dúvida se o foco aqui é de fato medir o indicador

HH6 ou se já está claro para o país que a disponibilidade do serviço é tão alta que não

faz mais sentido manter a mensuração desse indicador. O Japão está em outro estágio

de maturidade no assunto e em sua pesquisa já realiza questionamentos inclusive

sobre a tecnologia 4K e home office, por exemplo. Nesse sentido, 84% dos domicílios

japoneses usaram a internet em 2017.

Já a pergunta sobre uso individual aparece na seção sobre moradores do

domicílio: “Você já usou a Internet (incluindo o envio ou recebimento de e-mail,

assistindo a vídeos sob demanda (VOD), navegando em sites, compras on-line etc. de

um computador, telefone celular ou outro dispositivo) no ano passado? Por favor,

computer, mobile phone, or other device) in the past year? Please circle the one best answer” (MIC, Communications Usage Trend Survey, 2017, Household section, Questão Q3(1))

Page 106: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

87

circule a melhor resposta”78, cujas opções de resposta são “sim” ou “não”. Os

resultados indicam que 76% dos japoneses confirmaram essa informação. Vale

ressaltar que a pesquisa não segue a recomendação da UIT. Enquanto esta recomenda

o recorte dos últimos três meses, o modelo japonês utiliza como referência de tempo

o ano passado. Assim, não é o comparativo ideal, mas tem um recorte melhor que o

africano que não exige recorte temporal algum. As demais ausências de restrição,

como local, dispositivo ou finalidade também continuam.

4.4. Austrália

A Austrália tem trabalhos de excelência sobre produção estatística e é o maior

país da Oceania, sendo estas as justificativas da escolha. A análise é elaborada com

base nas informações produzidas pelo órgão oficial de estatística do pais, o Australian

Bureau of Statistics (ABS), que inclui bienalmente desde 2008/2009 o tema Household

Use of Information Technology (HUIT) na pesquisa domiciliar Multipurpose Household

Survey (MPHS)79. Essa, por sua vez, funciona como um complemento para a Labour

Force Survey (LFS). Nesta seção, utiliza-se a edição de 2016/2017, que é a última

edição da pesquisa. Contudo, o site do INE australiano tem dados desde 199680. É

importante atentar-se que o questionário utilizado na Austrália segue as diretrizes da

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)81.

Assim, a pergunta sobre acesso revela que 86% dos domicílios australianos

acessam a internet em casa, incluindo qualquer tipo de conexão. A questão em si é

78 Tradução livre do autor para “have you used the Internet (including sending or receiving email, watching Video on demand (VOD), browsing Websites, online shopping, etc. from a computer, mobile phone, or other device) in the past year? Please circle the one best answer” (MIC, Communications Usage Trend Survey, 2017, Household member section, Questão Q3(1)) 79 A MPHS ocorre anualmente, mas o tópico HUIT acontece a cada dois anos dentro da primeira 80 Para dados de outros anos ver https://www.abs.gov.au/AUSSTATS/[email protected]/second+level+view?ReadForm&prodno=8146.0&viewtitle=Household%20Use%20of%20Information%20Technology,%20Australia~2016-17~Latest~28/03/2018&&tabname=Past%20Future%20Issues&prodno=8146.0&issue=2016-17&num=&view=&. Acesso em 13/02/2020. 81 A primeira versão foi lançada em 2002, revista em 2005 pela primeira vez e em 2015 pela segunda.

Page 107: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

88

“[Você / algum membro da sua família] tem acesso à Internet em casa, seja através de

um computador, telefone celular ou outro dispositivo?”82. Vale observar que há um

glossário na pesquisa que conceitua acesso à internet no domicílio como um domicílio

conectado à internet através de um computador, telefone celular ou outro dispositivo.

Já a pergunta sobre uso mostra que 87% dos residentes na Austrália são usuários da

internet, ou seja, que utilizaram a internet nos últimos três meses, seguindo a diretriz

da UIT. A pergunta sobre uso é “Nos últimos 3 meses, [você / nome da pessoa

aleatória] acessou pessoalmente a Internet?”83. Novamente vale citar que o glossário

da pesquisa também conceitua quem é o usuário de internet: pessoa com 15 anos ou

mais que acessou à internet para uso pessoal nos últimos três meses. Dessa forma, é

possível atestar que o padrão australiano segue a definição operacional de acesso à

internet como um serviço móvel individual, pois basta pelo menos um morador ter o

serviço disponível para classificar o domicílio como tendo acesso à internet (essa é a

mesma definição adotada pelo IBGE na PNADC).

4.5. México

O México foi selecionado para representar a comunidade latina de origem

hispânica, sendo um dos países mais importantes da região. Seu padrão de

industrialização é parecido com o do Brasil, já que ambos adotaram a estratégia do

modelo de substituição de importações, o que ajuda bastante no tocante à

comparabilidade dos indicadores de ambos. Além disso, faz fronteira com o maior país

da região, os EUA, o que não deve ser ignorado, pois influencia diretamente a sua

dinâmica.

82 Tradução livre do autor para “[Do you/Does any member of your household] have access to the internet at home, whether through a computer, mobile phone or other device?” (ABS, MPHS, 2017, HUIT) 83 Tradução livre do autor para “In the last 3 months, did [you/name of Random person] personally access the internet?” (ABS, MPHS, 2017, HUIT)

Page 108: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

89

No caso mexicano, o Instituto Nacional de Estadística y Geografía (INEGI),

organismo oficial do governo para a produção de estatísticas, organiza anualmente a

Encuesta Nacional sobre Disponibilidad y Uso de TIC en Hogares (ENDUTIH) desde

2015, que substituiu o Módulo sobre Disponibilidad y Uso de Tecnologías de la

Información en los Hogares (MODUTIH), que ocorreu de 2001 a 2014. É importante

pontuar que houve também uma mudança metodológica entre o MODUTIH e a

ENDUTIH ao passar de um informante que responde ao uso das TIC pelos outros

membros da família para um informante selecionado aleatoriamente que fornece

apenas informações sobre o próprio uso.

A pergunta sobre acesso, que é feita na seção “Acesso à internet no

domicílio”84, é realizada da seguinte forma: “Você tem uma conexão à Internet no

domicílio?”85, tendo como opções “sim” ou “não”. É importante salientar que a própria

pesquisa tem uma definição no seu glossário para conexão com a internet no

domicílio: conexão à rede global atualmente ou nos últimos 12 meses à disposição no

domicílio. No caso desta pesquisa, os recursos necessários são um dispositivo de

conexão (computadores, telefones celulares, entre outros), bem como a habilitação do

serviço de conexão à rede global de informações, independentemente do pagamento

desse serviço, excluindo famílias em que o acesso à internet ocorre por meio de

equipamentos em trânsito e fora de casa. O recorte dos últimos 12 meses remete ao

que é realizado no Japão, devido à restrição temporal, o que não é comum nas demais

pesquisas para esse tema. Contudo, difere porque o acesso precisa ocorrer dentro do

domicílio. Na verdade, esse é o único questionário analisado que delimita com

exatidão uma definição operacional para o domicílio com acesso à internet. É

importante ressaltar que a maneira como é realizada a pergunta remete à pesquisa do

CETIC.br, pois ambas utilizam definições operacionais para as quais o serviço de

84 Tradução livre do autor para “Acceso a internet en el hogar” 85 Tradução livre do autor para “¿disponen de conexión a Internet en el hogar?” (INEGI, ENDUTIH, 2017, Acceso a internet en el hogar, Questão 4.4)

Page 109: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

90

internet deve estar à disposição de todos os moradores, como um serviço ao domicílio,

assim como luz, água e gás. Nesse formato, 51% dos domicílios mexicanos declaram

que tinham acesso à internet em 2017.

Já a pergunta sobre uso, presente na seção “Uso e experiência da internet”86, é

feita da seguinte maneira: “nos últimos três meses, você usou a Internet neste

domicílio ou fora dele?”87, cujas alternativas são também “sim” ou “não”. Novamente,

a pesquisa também define claramente o conceito de usuário:

Indivíduo de seis ou mais anos que, eventualmente ou diariamente, e de forma autônoma, acessou e realizou alguma atividade na Internet nos últimos doze meses. As atividades podem ser, entre outras, para executar tarefas escolares; aqueles relacionados ao trabalho; de comunicação, incluindo e-mails ou conversas por escrito (bate-papo); treinamento, treinamento ou ensino a distância através de videoconferência; entretenimento, como baixar ou jogar videogames ou programas de computador na rede, como músicas. (INEGI, 2017)

Além da questão da idade, o que chama atenção é que essa pergunta não é o

que de fato delimita quem é usuário de internet na própria definição da pesquisa, pois

a mesma estaria de acordo com o conceito de usuário da UIT de uso nos últimos três

meses, enquanto a definição restringe aos últimos doze meses, o que resgata o padrão

japonês. De qualquer forma, 64% das pessoas no México eram usuárias da internet em

2017, segundo o INEGI (2017).

4.6. Canadá

A Canadian Internet Use Survey (CIUS), pesquisa sobre o tema promovido pelo

órgão oficial de estatísticas do Canadá, visa medir o acesso à Internet e os

comportamentos online de residentes do Canadá com 15 anos ou mais de idade. A

86 Tradução livre do autor para “Uso y experiencia del internet” 87 Tradução livre do autor para “en los últimos tres meses, ¿ha utilizado Internet en este hogar o fuera de él?” (INEGI, ENDUTIH, 2017, Uso y experiencia del internet, Questão 7.1)

Page 110: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

91

CIUS substituiu a HIUS (Household Internet Use Survey) em 2005, que era coletada

anualmente desde 1997 até 2003. De 2005 a 2009, a CIUS foi realizada bienalmente e

depois, foi redesenhada em 2010 para atender às necessidades de medição de banda

larga do Canadá: o programa Connecting Rural Canadians. Como uma pesquisa híbrida

sobre acesso e uso, o CIUS mediu o tipo, velocidade e custo do acesso à Internet da

família e os comportamentos online individuais de um membro da família selecionado,

segundo o Statistics Canada (2019)88.

Depois de 2012, a sua última edição foi em 2018, não havendo pesquisas nesse

intervalo. Contudo, esta última versão já foi remodelada e modernizada para

aumentar a comparabilidade internacional, responder a perguntas relevantes para as

políticas governamentais e medir uma ampla gama de atividades online, devido ao

ritmo acelerado em que a internet evoluiu. Nesse caso, como não há uma versão da

pesquisa em 2017, a versão de 2018 é a mais próxima e será o alvo desta seção.

A primeira pergunta do segundo módulo (AC – Acesso à internet)89 é feita da

seguinte forma: “nos últimos três meses, você usou a Internet para uso pessoal, em

qualquer local?”90, tendo a observação de excluir negócios e uso relacionado à escola e

alternativas de resposta “sim” ou “não”. Com isso, 91% dos residentes do Canadá

responderam positivamente essa questão. Ela mostra que o Statistics Canada segue as

orientações da UIT quanto ao conceito de usuário da internet ao realizar dessa

maneira a pergunta.

Já a pergunta sobre o acesso no domicílio só acontece depois no “Módulo HA -

Conexão à Internet no Domicílio”91, o que difere de todos os exemplos anteriores que

sempre investigam esse item antes. A primeira questão desse módulo é realizada da

88 Para maiores detalhes, ver https://www23.statcan.gc.ca/imdb/p2SV.pl?Function=getSurvey&SDDS=4432. Acesso em 14/02/2020. 89 Tradução livre do autor para “Module AC – Access to the Internet” 90 Tradução livre do autor para “during the past three months, have you used the Internet for personal use, from any location?” (Statistics Canada, CIUS, 2018, Module AC – Access to the Internet, Questão AC_16) 91 Tradução livre do autor para “Module HA – Household Internet Connection”

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92

seguinte maneira: “Como seu domicílio está atualmente conectado à internet?”92,

tendo como opções de resposta “fibra ótica”, “internet a cabo”, “linha de assinante

digital (DSL)”, “acesso discado através da linha telefônica”, “plano de dados móveis”,

“outro ponto de acesso LTE fixo, como TurboStick e SmartHub”, “rede sem fio fixo

ponto a ponto”, “banda larga via satélite”, “rede sem fio municipal, como internet sem

fio fornecida na cidade”, “outros”, “sem conexão doméstica à Internet” e “não sei”.

Neste ponto, é notória a semelhança com o modelo da CETIC.br, pois reforça a

definição operacional para a mensuração como serviço ao domicílio ao invés de

considerar pelo menos um morador com acesso. Assim, o Statistics Canada adota a

postura de considerar a internet como um serviço de utilidade ao domicílio, como luz

ou água, em que 94% dos domicílios canadenses têm acesso à internet no domicílio.

4.7. Estados Unidos

Por fim, essa penúltima seção analisa o caso americano, já que se trata do país

que é berço da internet. Nesse sentido, fora consultado o United States Census Bureau,

que adicionou perguntas sobre acesso e uso da internet a partir de 2016 na American

Community Survey (ACS), que é a principal fonte de informações detalhadas sobre

população e moradia dos EUA, segundo o United States Census Bureau93.

No bloco “Housing”, a nona pergunta traz a seguinte indagação: “Nesta casa,

apartamento ou casa móvel - você ou algum membro desta família tem acesso à

Internet?”94, havendo como alternativas “sim, pagando a uma empresa de telefonia

celular ou provedor de serviços de Internet”, “sim, sem pagar à empresa de telefonia

celular ou provedor de serviços de Internet” e “não há acesso à Internet nesta casa,

92 Tradução livre do autor para “How is your household currently connected to the Internet?” (Statistics Canada, CIUS, 2018, Module HA – Household Internet Connection, Questão HA_78) 93 Para maiores detalhes ver https://www.census.gov/programs-surveys/acs. Acesso em 23/02/2020. 94 Tradução livre do autor para “at this house, apartment, or mobile home – do you or any member of this household have access to the Internet?” (United States Census Bureau, ACS, 2017, Housing, Questão 9)

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93

apartamento ou casa móvel”. Assim, aqueles domicílios que não sinalizam a última

opção, encaixam-se na definição de domicílio com acesso à internet nos moldes

americanos, que se assemelha com a PNADC, visto que basta pelo menos um de seus

moradores ter acesso para classificar o domicílio como um todo com internet. Nesse

sentido, 84% dos domicílios americanos acessaram à internet em 2017.

Infelizmente, o questionário da ACS não aborda o uso da internet, logo a

referida questão temática não será tratada, como nos casos anteriores.

4.8. Comparativo dos países selecionados em relação às pesquisas

brasileiras

Esta seção final do capítulo 4 visa sumarizar o que foi analisado nos casos

internacionais e relacionar com as pesquisas brasileiras. Tendo em vista que o conceito

de uso equipara-se na PNADC e TIC Domicílios, o foco dar-se-á no acesso, em que há

divergências. A causa dessa variação é muito clara depois de tudo que já foi avaliado:

as definições operacionais sobre acesso à internet são diferentes em cada pesquisa.

De acordo com De Vaus (2002), conceitos são simplesmente ferramentas que

cumprem uma função taquigráfica útil: são resumos abstratos de todo um conjunto de

comportamentos, atitudes e características que consideramos ter algo em comum,

enquanto definições são abordagens com as quais os conceitos são utilizados. Com

isso, definições nominais são abordagens de trabalho que são utilizadas para pesquisa

e orientação sobre o tipo de informação a coletar (DE VAUS, 2002). Enquanto isso,

segundo De Vaus (2002), definição operacional é a tradução de um conceito em um

conjunto de indicadores, em que esses indicadores e as decisões sobre como classificar

fornecem a definição operacional do conceito.

Dessa forma, é perceptível que todos os países atestam o conceito de acesso à

internet como o domicílio com internet, contudo a aplicação dentro de cada pesquisa

faz divergir a definição operacional desse conceito. O IBGE assume a internet como um

Page 113: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

94

serviço móvel individual, pois basta pelo menos um morador ter o serviço disponível

para classificar o domicílio como tendo acesso à internet, mesmo que o referido

morador não compartilhe o acesso com os demais. Esse cenário é possível, pois um

morador pode ter um pacote de dados em seu celular e não compartilhar com os

demais integrantes do domicílio, o que seria diferente de um Wi-Fi à disposição para

qualquer pessoa residente. O Eurostat, o MIC (Japão), o ABS (Austrália) e o United

States Census Bureau compartilham da mesma interpretação. Já o CETIC.br,

diferentemente do IBGE, capta o acesso à internet como um serviço de utilidade ao

domicílio, disponível para todo e qualquer morador do mesmo, assim como o serviço

de água, esgoto ou luz, independentemente se ele usa ou não. A RIA, o INEGI e o

Statistics Canada também possuem a mesma definição operacional.

Para finalizar este capítulo, são apresentados os quadros 4.1 e 4.2 que

resumem a comparação entre os países quanto ao acesso e ao uso da internet,

respectivamente, incluindo determinados recortes chaves, o índice em si e a

população alvo.

Page 114: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

95

Quadro 4.1: Resumo comparativo entre os países e suas respectivas pesquisas sobre acesso à internet

Países Idade da

população alvo

Recorte temporal no acesso

HH6 (%)

Recorte espacial

no acesso

Definição operacional do

acesso

Brasil - PNADC 10 ou mais(1) Não há 75 Domicílio Serviço móvel

individual

Brasil - TIC Domicílios 10 ou mais Não há 61 Domicílio Serviço de

utilidade ao domicílio

UE 16 a 74 Não há 87 Domicílio Serviço móvel

individual

África 15 ou mais Não há N.A. Domicílio Serviço de

utilidade ao domicílio

Japão 6 ou mais Ano

anterior 84 Não há

Serviço móvel individual

Austrália 15 ou mais(1) Não há 86 Domicílio Serviço móvel

individual

México 6 ou mais(1) 12 meses 51 Domicílio Serviço de

utilidade ao domicílio

Canadá 15 ou mais Atualmente 94 Domicílio Serviço de

utilidade ao domicílio

EUA Sem

definição Não há 84 Domicílio

Serviço móvel individual

Fonte: Pesquisas de cada país. Elaboração do próprio autor (1)

Foi considerado o recorte etário proveniente da definição de usuário para cada pesquisa

Quadro 4.2: Resumo comparativo entre os países e suas respectivas pesquisas sobre

uso da internet

Países Idade da

população alvo Recorte

temporal no uso HH7 (%)

Brasil - PNADC 10 ou mais 3 meses 70

Brasil - TIC Domicílios 10 ou mais 3 meses 67

UE 16 a 74 3 meses 84

África 15 ou mais Não há N.A.

Japão 6 ou mais Ano anterior 76

Austrália 15 ou mais 3 meses 87

México 6 ou mais 12 meses 64

Canadá 15 ou mais 3 meses 91

EUA Sem definição N.A. N.A.

Fonte: Pesquisas de cada país. Elaboração do próprio autor.

Page 115: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

96

No próximo capítulo, será abordado um exercício de compatibilização de dados

entre as duas pesquisas brasileiras já exploradas: PNADC e TIC Domicílios. A ideia é

tentar atingir um denominador comum entre ambas.

Page 116: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

97

CAPÍTULO 5: COMPARABILIDADE E COMPATIBILIZAÇÃO DE DADOS

ENTRE PESQUISAS BRASILEIRAS

Comparabilidade é uma qualidade do que é comparável, ou seja, se estamos

falando da mesma unidade de medida ou outros critérios para comparação que sejam

os mesmos ou bem parecidos. A ideia de comparabilidade constitui-se em estabelecer

parâmetros padronizados que permitam contrapor pontos de forma justa. Granda e

Blasczyk (2016) especificam esses parâmetros padronizados com definições,

indicadores, classificações, treinamento e requisitos técnicos. Isso é essencial para

analisar as diferenças de estimativas estatísticas entre países, pois estatísticas

comparáveis garantem que nenhum fator de confusão relacionado à maneira como os

dados foram coletados, processados e disseminados atrapalhem a comparação entre

países dos efeitos das políticas ou a análise das tendências econômicas, sociais e

ambientais, conforme Baldacci et al. (2016). Ehling (2003) também lembra que a

comparabilidade pode ir além da comparação espacial, referindo-se ao comparar as

estatísticas em momentos diferentes (aspecto temporal).

Já a harmonização é o desenvolvimento de perguntas padronizadas para serem

usadas em diferentes pesquisas, segundo De Vaus (2002), antes de o dado ser

coletado, ou seja, durante o planejamento das pesquisas. Para Granda e Blasczyk

(2016), o input harmonisation ainda inclui outras práticas padronizadas, como o

desenho da amostra, a coleta de dados e a imputação de dados. O manual da UIT, o

questionário sobre TIC proposto pela Eurostat ou mesmo as diretrizes da OCDE sobre o

assunto são exemplos de inciativas realizadas, visando harmonizar os dados antes de

eles serem gerados. Para haver um bom exercício de harmonização é necessária a

uniformidade de definição de conceitos, perguntas e classificação de códigos em

diferentes pesquisas (DE VAUS, 2002).

Page 117: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

98

Enquanto isso, a compatibilização consiste na formulação de uma metodologia

que equipare diferentes questões depois de ser gerado o dado de forma a adaptá-lo.

Para Granda e Blasczyk (2016), o output harmonisation é utilizado para levar em conta

as condições específicas do país ou minimizar o ônus financeiro da produção estatística

não uniformizada95. Como exemplo, pode-se citar os procedimentos e os cálculos

realizados em alguns casos na seção 3 do capítulo 3 desta dissertação, comparando a

PNADC com a TIC Domicílios, tais como agrupamento de opções, equiparando

alternativas. É claro que se trata de um exercício mais complexo e com risco, sendo

que o analista necessita adquirir razoável conhecimento sobre o assunto e as

pesquisas para propor as estratégias de comparação dos questionários, suas perguntas

e correspondentes categorias de resposta. E é isso que é pretendido realizar nesse

capítulo de forma a nivelar o indicador HH6 calculado na pesquisa do CETIC.br com o

do IBGE. Lembrando que a preferência deve ser sempre quanto à primeira opção

(harmonização), pois garante um erro mínimo, enquanto a segunda forma

(compatibilização) trata-se de uma remediação, fora que normalmente exige um

esforço maior e premissas que nem sempre são as melhores, mas que podem ser

necessárias para possibilitar o trabalho.

O objetivo deste capítulo é propor formas alternativas de cálculo das

estimativas do indicador HH6 (proporção de domicílios com acesso à internet) na

pesquisa TIC Domicílios, em tentativa de compatibilizar seus resultados com as

estatísticas produzidas pela PNADC. Como já foi aludido antes, o acesso à internet

acaba sendo mensurado na unidade de referência domicílio, enquanto o uso é medido

na unidade de referência pessoa, seguindo a diretriz da UIT, cujo conceito de usuário

de internet é uma pessoa que tenha utilizado, ao menos, uma vez o serviço nos

últimos três meses.

95 Para mais detalhes sobre diferenças entre input harmonisation e output harmonisation, ver Desrosières (2000).

Page 118: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

99

A análise apresentada no capítulo 3 mostrou que a definição operacional para

estimação do indicador uso está em sintonia nas duas pesquisas nacionais: TIC

Domicílios e PNADC, incluindo o recorte temporal e a não restrição de local de uso.

Contudo, o indicador sobre acesso tem divergências marcantes, devido a diferenças na

definição operacional do que seria um domicílio com acesso à internet. Para o IBGE, a

internet é definida como um serviço móvel individual, já que basta pelo menos um

morador ter o serviço disponível para classificar o domicílio como tendo acesso à

internet, mesmo que o referido morador não compartilhe o serviço com os demais

integrantes do domicílio. Por outro lado, para o CETIC.br, o acesso à internet é

considerado um serviço de utilidade ao domicílio, que deve estar disponível para todo

e qualquer morador do mesmo, assim como o serviço de água, esgoto ou luz,

independentemente se ele usa ou não.

Assim, o exercício realizado neste capítulo busca compatibilizar os resultados

da TIC Domicílios com os da PNADC quanto às estimativas de proporção de domicílios

com acesso à internet. Para isso, são apresentadas formas alternativas de cálculo do

indicador que visa, com as informações coletadas na unidade de referência pessoa da

pesquisa do CETIC.br, obter estimativas mais próximas das produzidas pela PNADC. É

importante lembrar que a TIC Domicílios seleciona apenas um morador aleatoriamente

no domicílio amostrado para responder as perguntas referentes ao uso da internet.

Sendo assim, são propostas três versões de cálculo desse indicador apresentadas a

seguir:

1. É considerado que o domicílio tem acesso se o respondente relatar que

usou a internet nos últimos três meses em casa96;

2. É considerado que o domicílio tem acesso se o respondente relatar que

usou a internet nos últimos três meses em casa ou se o respondente

96 CETIC.br, 2017, Pergunta C6.

Page 119: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

100

relatar que não acessou em casa, mas indicou ter acesso à rede 3G ou

4G no celular97;

3. É considerado que o domicílio tem acesso à internet se: o respondente

relatar que usou a internet nos últimos três meses em casa; ou se o

respondente que não acessou em casa, relatar que tem acesso à rede

3G ou 4G no celular; ou se o respondente relatar que executou alguma

atividade em casa que demande internet mesmo tendo indicado que

não acessa a internet anteriormente98.

As estimativas foram calculadas no software R considerando o plano amostral

da pesquisa, utilizando os pesos amostrais de domicílio, a partir dos microdados da

pesquisa TIC Domicílios. Adotar-se-á a premissa que a informação prestada pelo

respondente representa todos os moradores do domicílio, pois não há informações

disponíveis para todos os moradores do domicílio devido ao desenho amostral da

pesquisa (seleção de morador no domicilio amostrado). No apêndice desta dissertação

consta a programação utilizada para a obtenção das estimativas.

O valor encontrado para a proporção de domicílios com acesso à internet com

base na primeira versão de cálculo do novo indicador foi de 62,5%, o que corresponde

a quase 2 pontos percentuais a mais que o dado original publicado pela pesquisa TIC

Domicílios. Para chegar a esse resultado, foi utilizada a variável C6 que permitiu

calcular a proporção de domicílios cuja pessoa respondente informou que usou a

internet em casa. É importante salientar que a pergunta original da PNADC investiga se

qualquer morador do domicílio acessa à internet e nessa primeira versão calculada

com os dados da TIC Domicílios, considera-se apenas o respondente da pesquisa, já

que essa pergunta não é aplicada a todos os moradores do domicílio. Tal fato pode

97 CETIC.br, 2017, Pergunta J3A. 98 CETIC.br, 2017, Pergunta C6_COB

Page 120: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

101

justificar o valor inferior encontrado em relação à pesquisa do IBGE, mesmo após essa

iniciativa de compatibilização da definição operacional.

Para a segunda versão proposta, ainda se considera os respondentes que usam

a internet em casa, mas são incluídos também aqueles que usam internet no celular

via rede 3G ou 4G. Nesse sentido, a ideia é contabilizar no indicador todos os

respondentes que acessam de casa e mais aqueles que apesar de relatarem que não o

fazem, acessam a internet no celular via rede 3G ou 4G. Para isso, foi preciso utilizar as

perguntas C6 e J3A da pesquisa TIC Domicílios. Assim, estima-se que 65,2% dos

domicílios são classificados como tendo acesso à internet. Isso significa que a diferença

de 2,7 pontos percentuais frente à primeira versão é de domicílios cujo respondente

alega que não usa internet em casa, mas que usa internet no celular via rede 3G ou 4G.

É feita essa inclusão porque, como esse tipo de tecnologia permite acesso em qualquer

lugar, uma possibilidade seria acessar dessa forma em casa, já que há disponibilidade

desse recurso.

E por fim, na terceira versão, aproveitam-se informações registradas no

Módulo L (Uso de Aplicações Selecionadas) que confirma o uso da internet em

diferentes atividades para aqueles domicílios cujo respondente foi classificado na

pesquisa como não usuário da internet no Módulo C, dado que tais atividades tão

usualmente inseridas no nosso cotidiano não ocorrem desassociadas da necessidade

de uso da internet. Assim, mensura-se que 65,4% dos domicílios tenham acesso à

internet. Da mesma forma que a versão anterior, a diferença de 0,2 pontos

percentuais representa os domicílios que não se encaixavam nos itens anteriores, mas

quando confrontados se realmente não acessavam a internet em casa, reviam a sua

resposta. Isso também mostra que há uma boa percepção das atividades que

necessitam de internet no dia a dia de cada um, evidenciando conhecimento por parte

de quem responde.

Page 121: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

102

Mesmo ainda apresentando uma diferença de quase 10 pontos percentuais

entre a última versão do indicador e as estimativas publicadas na PNADC, considera-se

o cálculo exitoso, pois a amplitude dessa diferença foi caindo gradualmente à medida

que foram sendo incorporadas determinadas variáveis que aproximam a definição

operacional de acesso à internet nas duas pesquisas. Esse movimento é perceptível na

tabela 5.1 que enumera todos esses resultados.

Tabela 5.1: Indicadores originais e construídos sobre acesso à internet no Brasil em

2017

Indicadores Acesso de internet no domicílio (%)

Estimativa original publicada na TIC Domicílios 60,8

Indicador construído versão 1 62,5

Indicador construído versão 2 65,2

Indicador construído versão 3 65,4

Estimativa original publicada na PNADC 74,9

Fonte: PNADC (2017), TIC Domicílios (2017) e dados transformados. Elaboração do próprio autor.

O fato dessa diferença ainda ser considerável reforça que a forma como é

realizada cada pergunta e, principalmente, a definição operacional a qual é atribuída

ao conceito associado a fenômenos de interesse impactam diretamente na sua

mensuração e nem um exercício de compatibilização pode ser suficiente para igualar

os resultados depois do dado gerado, pois nem sempre a forma de coleta das diversas

informações no questionário da pesquisa permite uma melhor aproximação. Isso

reforça a ideia de que harmonização de dados é mais eficiente, pois gera menos

dissonância ao padronizar antes da coleta do dado.

No próximo e último capítulo, haverá uma rápida recapitulação de tudo que foi

abordado no presente trabalho, assim como conclusões e trabalhos futuros.

Page 122: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

103

CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES

Como foi possível perceber, as pesquisas domiciliares são uma ferramenta

usada no mundo inteiro para mensurar o acesso e o uso da internet. É evidente que

existem outras formas de medir o acesso, já que as empresas de TIC têm governança

sobre muitas informações de seus usuários que permitiriam a produção de estatísticas

sobre quem usufrui da internet através de seu big data e cadastro de usuários.

Contudo, os dados das empresas têm valor de negócio e não estão disponíveis para

obtenção de estatísticas públicas. Destaca-se então a importância das pesquisas

domiciliares que, além de produzir estimativas dos principais indicadores de TIC,

coletam informações que possibilitam uma investigação mais detalhada sobre o não

uso.

A internet avançou muito ao longo de sua existência e entrou no dia a dia de

todos. A transformação da vida na era digital é fruto disso, o que só reforça a

necessidade dos INEs atualizarem constantemente a forma de coletar esses dados. O

problema nessas mudanças é que isso pode prejudicar os acompanhamentos ao longo

do tempo, mas que são necessários para que os indicadores medidos não fiquem

defasados frente ao fenômeno medido que é extremamente dinâmico.

Tanto esforço em medir tal variável é necessário frente ao benefício que ele

traz, já que reconhecidamente hoje a internet é ferramenta vital de promoção social.

Como foi observado no capítulo focado em estudos internacionais, há muito caminho

a ser trilhado por vários países para que esse desenvolvimento chegue a todo o mundo

na mesma intensidade. É importante destacar que o ODS 9.c, que representa a

ambição de diminuir essa disparidade quanto à infraestrutura de acesso à internet,

ainda está longe de ser alcançado, pois os países em desenvolvimento e,

principalmente, os menos desenvolvidos ainda têm uma grande curva de crescimento

pela frente em praticamente todos os indicadores medidos. Aliás, só o fato de medir e

Page 123: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

104

acompanhar essa evolução já é um avanço que nem todos os países realizam com

êxito.

Outro ponto abordado ao longo de todo o trabalho foi a dualidade de acesso

no domicílio. Através dos diversos exemplos analisados, nacionalmente e

internacionalmente, fica claro que o acesso é medido com base na unidade de

referência domicílio, enquanto o uso refere-se à unidade indivíduo. Vale ressaltar que

não há um exercício realizado de forma ideal que permita a comparabilidade do

indicador HH6, que mensura a proporção de domicílios com internet. As pesquisas têm

diferentes definições operacionais para o cálculo desse indicador. Umas utilizam uma

definição operacional de internet como um serviço de utilidade ao domicílio que deve

estar à disposição de todos os seus moradores, assim como acontece com luz e água.

Enquanto outras interpretam que basta um morador do domicílio relatar que acessa à

internet para classificar o domicílio como conectado. No Brasil, a primeira definição é

adotada pela TIC Domicílios, enquanto a segunda é seguida pela PNADC. Em outros

países, isso também não é um consenso e cada um usa uma das definições. Contudo,

vale ressaltar que a UIT, organismo responsável pela harmonização das normas e

indicadores para o setor de TIC (Gillwald et al, 2018), sugere a pergunta da forma que a

TIC Domicílios adota. O ideal nesse caso é a instituição realizar uma campanha junto

aos INEs para que esse critério seja respeitado para permitir uma maior acurácia na

comparação dos indicadores ou que a organização recomende as duas formas de

pergunta para permitir uma equalização melhor. Já na mensuração de uso (HH7), o

conceito é muito bem assimilado no mundo. É claro que há exceções que não seguem

o padrão de uso nos últimos três meses como o recorte temporal para classificar o

respondente como usuário da internet, mas a utilização do mesmo é bem

sedimentada. Assim, as falhas na compatibilização do indicador acesso à internet

(HH6) são devidas ao fato que alguns órgãos não seguem o modelo de pergunta

orientado pela UIT. É possível que isso ocorra devido aos diferentes estágios de

Page 124: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

105

desenvolvimento em que os países encontram-se: quando a cobertura do serviço é

muito ampla, será que ainda faz sentido perguntar se o domicílio tem acesso?

A Eurostat (2017), apesar de não seguir a orientação atual da UIT a cerca do

HH6, reforça que é necessário abranger todos os elementos do produto estatístico,

incluindo os conceitos estatísticos e as nomenclaturas, para garantir a harmonização e

comparabilidade das estatísticas. Dentre esses elementos, estão incluídos o recorte

temporal, a unidade de referência, a restrição espacial, a composição de como as

perguntas são realizadas e o fluxo lógico que é seguido. Quando esses fatores não são

bem trabalhados antes da coleta dos dados, o exercício posterior de compatibilização,

a fim de garantir uma alta comparabilidade dos mesmos, pode ter sua ação

comprometida, o que pode ser visto no capítulo 5.

Logo, o melhor é que se tenha um consenso bem claro partindo de um

organismo harmonizador, como a UIT, para conceituar com precisão o que é um

domicílio conectado à internet, evitando dúvidas e diferentes interpretações sobre o

assunto. Caso contrário, a comparabilidade será sempre comprometida. Aliás, se esse

fenômeno continuar a ser mensurado por pesquisas domiciliares, o ideal é que a UIT

faça um grande trabalho junto aos INEs para harmonizar os questionários antes dos

mesmos irem a campo, de forma que as perguntas sejam padronizadas, assim o

exercício para permitir comparabilidade terá sido realizado da melhor forma possível.

Nessa harmonização, uma possibilidade é incluir as duas formas de perguntar para

atender os dois anseios.

Outra solução é focar as pesquisas na mensuração do uso, evoluindo em outras

questões derivadas, como meio para tal e motivo para não uso, enquanto o acesso

poderia ser mensurado apenas a partir da rede de infraestrutura das empresas que

fornecem TIC. Assim, o que passaria a ser medido nesse sentido seria a cobertura do

serviço, o que do ponto de vista dos países menos desenvolvidos é de suma

importância, considerando que a disponibilização do acesso a esses recursos de forma

Page 125: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA …

106

ampla é o real objetivo. Logo, as empresas que concedem acesso à internet

precisariam compartilhar as áreas de cobertura, incluindo redes fixas e móveis. Dessa

forma, seria possível fazer um mapa das regiões cobertas, mensurando o percentual

do território sem o serviço disponível, além de aspectos mais específicos, como o tipo

e a velocidade pelos quais que cada região é assistida. Com isso, poder-se-ia realizar

planos de expansão de acesso e melhoria na qualidade dos já assistidos. Nesse sentido,

quem não tivesse acesso seria por motivo de falta de infraestrutura e as pesquisas

domiciliares sobre uso investigariam os motivos de não uso para quem tivesse a

disponibilidade do serviço, além de outros aspectos mais qualitativos para quem usa.

Assim, finaliza-se a presente dissertação, almejando como trabalho futuro, o

cálculo das versões do indicador proposto no capítulo 5 com recortes regionais para

averiguar se diferenças dos indicadores são mantidas quando considerado o aspecto

geográfico. Além disso, é agregadora a análise de mais países que auferem os

indicadores HH6 e HH7 da UIT. Somado a isso, ainda valeria uma análise sobre o perfil

de quem não usa a internet. Fatalmente, esse grupo está um passo atrás no

desenvolvimento, tendo em vista que a internet é um meio de promoção social e que

permite uma maior integração das pessoas enquanto sociedade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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https://www.inegi.org.mx/programas/dutih/2017/default.html#Tabulados. Acesso em 14/02/2020. International Telecommunication Union. Core list of ICT indicators. Geneva, 2016. Preparado no âmbito da Partnership on Measuring ICT for Development. Disponível em: https://www.itu.int/en/ITU-D/Statistics/Documents/coreindicators/Core-List-of-Indicators_March2016.pdf. Acesso em 19/09/2019. International Telecommunication Union. Manual for measuring ICT access and use by households and individuals. Geneva, 2014. Preparado no âmbito da Partnership on Measuring ICT for Development. Disponível em: http://www.itu.int/dms_pub/itu-d/opb/ind/D-IND-ITCMEAS-2014-PDF-E.pdf. Acesso em 19/09/2019. Internet.org. Disponível em https://info.internet.org/en/. Acesso em 29/05/2019. Ministry of Internal Affairs and Communications. 2017 Communications Usage Trend Survey Form. Disponível em https://www.soumu.go.jp/johotsusintokei/tsusin_riyou/data/eng_tsusin_riyou01_2017.pdf. Acesso em 13/02/2020. Ministry of Internal Affairs and Communications. Press Release “Communications Usage Trend Survey” in 2017. Disponível em https://www.soumu.go.jp/johotsusintokei/tsusin_riyou/data/eng_tsusin_riyou02_2017.pdf. Acesso em 13/02/2020. Nações Unidas. UIT - União Internacional de Telecomunicações. Breve História. Disponível em https://nacoesunidas.org/agencia/uit/. Acesso em 12/02/2020. OCDE. The OECD Model Survey on ICT Access and Usage by Households and Individuals: 2nd revision. 2015. Disponível em https://www.oecd.org/sti/ieconomy/ICT-Model-Survey-Access-Usage-Households-Individuals.pdf. Acesso em 13/02/2020. Office for National Statistics. Internet access - households and individuals [dataset]. Disponível em https://www.ons.gov.uk/peoplepopulationandcommunity/householdcharacteristics/homeinternetandsocialmediausage/datasets/internetaccesshouseholdsandindividualsreferencetables. Acesso em 12/02/2020. Research ICT Africa. Household and Individual Survey 2017 [questionnaire]. 2017. Disponível em https://www.researchictafrica.net/publications/Other_publications/2017_RIA_HH_and_IND_Questionnaire.pdf. Acesso em 23/02/2020. Research ICT Africa. RIA ICT Access Survey 2017-2018 [dataset]. Version 1. Cape Town: RIA [producer], 2019. Cape Town: DataFirst [distributor], 2019. 10.25828/kcsd-nb04 Schumpeter, J.A. Capitalismo, Socialismo e Democracia. Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura, 1961. Statistics Canada. Canadian Internet Use Survey [release]. 2019. Disponível em https://www150.statcan.gc.ca/n1/daily-quotidien/191029/dq191029a-eng.htm. Acesso em 23/02/2020. Statistics Canada. Canadian Internet Use Survey [questionnaire]. 2019. Disponível em https://www.statcan.gc.ca/eng/statistical-programs/instrument/4432_Q2_V2. Acesso em 23/02/2020. Statistics Canada. Statistics Canada Quality Guidelines. 5ª ed. 2009.

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Tecmundo. 20 anos de internet no Brasil: aonde chegamos? Disponível em https://www.tecmundo.com.br/internet/8949-20-anos-de-internet-no-brasil-aonde-chegamos-.htm. Acesso em 18/05/2019. United States Census Bureau. American Community Survey. Disponível em https://www.census.gov/programs-surveys/acs. Acesso em 23/02/2020. United States Census Bureau. American Community Survey [dataset]. Disponível em https://data.census.gov/cedsci/table?q=S2801&tid=ACSST1Y2017.S2801. Acesso em 23/02/2020. United States Census Bureau. American Community Survey [questionnaire]. Disponível em https://www2.census.gov/programs-surveys/acs/methodology/questionnaires/2017/quest17.pdf#. Acesso em 23/02/2020. WSIS Thematic Meeting on Measuring The Information Society. Final conclusions. Geneva: International Telecommunication Union - ITU, Geneva, 2005. Disponível em: https://www.itu.int/wsis/docs2/thematic/unctad/final-conclusions.pdf. Acesso em 19/09/2019.

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GLOSSÁRIO

Os termos abaixo estão em ordem alfabética e conceituados, conforme UIT (2016) ou MIC (2017) em tradução livre do autor.

ASP: provedor de serviços de aplicativos que fornece aos clientes aplicativos de negócios pela Internet.

BWA: tecnologia para serviços de comunicação de dados sem fio, ou seja, ondas de rádio no lugar de cabos para transmitir sinais. Exemplos: incluem WiMAX móvel (UQ WiMAX da UQ Communications) e AXGP do Wireless City Planning.

Computador: inclui computador desktop, laptop (portátil) ou tablet (ou computador de mão semelhante). Não inclui equipamentos com algumas habilidades de computação incorporadas, como aparelhos de TV inteligente e dispositivos com telefonia como função principal, como smartphones.

Desktop: computador que geralmente permanece fixo em um só lugar; normalmente o usuário é colocado na frente dele, atrás do teclado.

DoS (DDoS): tipo de ataque em que o invasor envia grandes quantidades de dados ao computador ou roteador de destino para interromper a operação normal dos sistemas de negócios ou organização de destino.

DSL: tecnologia que permite que as linhas telefônicas existentes sejam usadas para acesso e transmissão da internet de alta velocidade. Exemplos: incluem ADSL, VDSL, HDSL e SDSL.

Fibra ótica (FTTH): cabo feito de fibra de vidro usada como caminho de transmissão para comunicações ópticas com velocidades muito rápidas.

Frequência de uso da internet: classificação que considera de quanto em quanto tempo é utilizada a internet dentro dos últimos três meses, o que abrange as categorias “pelo menos uma vez ao dia”, “pelo menos uma vez por semana, mas não todos os dias” e “menos de uma vez por semana”.

FWA: sistema que envolve a instalação de uma antena nas instalações do assinante para conectar-se sem fio à antena da estação base de telecomunicações.

IDS: aquele que monitora as linhas de comunicação e notifica um administrador quando detecta uma invasão de rede.

Internet: rede pública mundial de computadores que fornece acesso a vários serviços de comunicação, incluindo a World Wide Web (WWW), e carrega arquivos de e-mail, notícias, entretenimento e dados, independentemente do dispositivo utilizado (não se supõe que seja apenas via computador - também pode ser por telefone celular, tablet,

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PDA, máquina de jogos, TV digital etc.). O acesso pode ser via rede fixa ou móvel, incluindo acesso sem fio em um 'hotspot' WiFi.

Intranet: refere-se a uma rede de comunicação nas mesmas instalações ou a uma rede de comunicação entre a matriz e as filiais ou locais de trabalho da mesma empresa.

ISDN: rede de comunicação digital que integra telefone, fax, telex, comunicação de dados e outros serviços.

Laptop (portátil): computador pequeno o suficiente para transportar e geralmente habilita as mesmas tarefas que um computador de mesa; inclui notebooks e netbooks, mas não inclui tablets e computadores portáteis semelhantes.

Linha dedicada: serviço de comunicação que conecta diretamente um segmento de rede específico a uma linha reservada para uso exclusivo do cliente.

Linha telefônica fixa: linha telefônica que conecta o equipamento terminal de um cliente (por exemplo, aparelho telefônico ou fax) à rede telefônica pública comutada e que possui uma porta dedicada em uma central telefônica. Este termo é sinônimo dos termos estação principal ou Linha de Troca Direta, comumente usados em documentos de telecomunicações. Pode não ser o mesmo que uma linha de acesso ou uma assinatura.

Locais definidos de uso da internet: é a classificação dos locais, onde é possível usar a internet, o que compreende casa, trabalho (onde o local de trabalho de uma pessoa está localizado em sua casa, ele responderia sim apenas à categoria de residência); local da educação (aplica-se apenas aos alunos - professores e outras pessoas que trabalham em um local de educação relatam 'trabalho' como o local de uso da Internet; onde um local de educação também é disponibilizado como local para uso geral da internet na comunidade, esse uso deve ser relatado na categoria de recurso de acesso à internet da comunidade), casa de outra pessoa (como amigo, parente ou vizinho), instalação comunitária de acesso à internet (normalmente gratuita e disponível ao público em geral em instalações comunitárias, como bibliotecas públicas, quiosques de internet fornecidos publicamente, telecentros não comerciais, centros comunitários digitais, correios e outras agências governamentais), instalação comercial de acesso à Internet (normalmente o acesso é pago e disponível ao público em geral em instalações comerciais, como cybercafé, hotéis, aeroportos etc) e em mobilidade (no caso de uso da internet em dispositivos móveis, via dispositivos com funcionalidade de telefone celular ou outros dispositivos de acesso móvel, por exemplo, um laptop, tablet ou outro dispositivo portátil conectado a uma rede de telefonia móvel).

Mídia social: mídia em que os usuários criam e distribuem informações, como blogs, sites de redes sociais e sites de compartilhamento de vídeo. A mídia social é distinta por ter vários mecanismos para incentivar os usuários a se conectarem e a ver as conexões visualmente.

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Protocolo: conjunto de convenções pré-determinadas que permitem que os computadores comunicar através de uma rede.

Proxy server: A proxy server is a computer placed at the boundary of the Internet and a corporate or other internal network. This computer connects to the Internet as a “proxy” for computers in the internal network that cannot directly access the Internet.

Rádio: dispositivo capaz de receber sinais de rádio de difusão, usando frequências comuns, como FM, AM, LW e SW. Um rádio pode ser um dispositivo autônomo ou integrado a outro dispositivo, como um despertador, um reprodutor de áudio, um telefone celular ou um computador.

Rede entre empresas: refere-se a uma rede de comunicação que se conecta a outra ou a outras empresas.

SaaS: mecanismo que fornece as funções de aplicativos de software para os clientes conforme necessário em uma rede.

Serviços de TV multicanal: classificação que abarca as seguintes categorias TV a cabo – CATV (programação multicanal entregue através de um cabo coaxial para visualização em aparelhos de televisão), serviços de satélite direto para casa – DTH (serviços de TV recebidos por uma antena parabólica capaz de receber transmissões de televisão por satélite), TV com protocolo da Internet – IPTV (serviços de multimídia, como televisão, vídeo, áudio, texto, gráficos e dados entregues em uma rede baseada em IP, gerenciados para oferecer suporte ao nível exigido de qualidade de serviço, qualidade de experiência, segurança, interatividade e confiabilidade; ele não inclui vídeo acessado pela Internet pública, como streaming. Os serviços de IPTV também costumam ser vistos por um aparelho de televisão e não por um computador pessoal) e TV digital terrestre (TDT).

Servidor proxy: computador colocado nos limites da Internet e de uma rede corporativa ou outra rede interna. Este computador se conecta à Internet como um "proxy" para computadores na rede interna que não podem acessar diretamente a Internet.

Spam: e-mail enviado em grandes volumes indiscriminadamente, sem levar em consideração nenhum atributo dos destinatários. O spam tornou-se um problema devido ao tráfego que coloca na Internet pública.

SPF: tecnologia que impede a falsificação do endereço de um remetente de e-mail.

Tablet (ou computador de mão semelhante): é um computador integrado a uma tela plana sensível ao toque, operado tocando na tela em vez de (ou também) usando um teclado físico.

Telefone móvel (celular): telefone portátil que assina um serviço público de telefone móvel usando a tecnologia celular, que fornece acesso à rede telefônica pública

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comutada. Isso inclui sistemas e tecnologias celulares analógicos e digitais, como IMT-2000 (3G) e IMT-Advanced. São incluídas assinaturas pós-pagas e contas pré-pagas.

Televisão (TV): dispositivo capaz de receber sinais de transmissão de televisão, usando meios de acesso populares, como o ar, o cabo e o satélite. Um aparelho de televisão geralmente é um dispositivo independente, mas também pode ser integrado a outro dispositivo, como um computador ou um telefone celular.

Tipo de acesso à internet: classificação das redes de banda oferecidas para acesso à internet, o que inclui rede de banda estreita fixa com fio (engloba modem analógico para discagem via linha telefônica padrão, ISDN - Rede Digital de Serviços Integrados, DSL - Linha de Assinante Digital - nas velocidades anunciadas de download abaixo de 256 kbit/s e outras formas de acesso com uma velocidade de download anunciada inferior a 256 kbit/s; rede de banda larga fixa com fio (tecnologia com velocidades anunciadas de download de, pelo menos, 256 kbit/s, como DSL, modem a cabo, linhas alugadas de alta velocidade, fibra para casa ou edifício, linha de força e outras redes fixas com fio; rede de banda larga fixa sem fio terrestre (tecnologia com velocidades anunciadas de download de, pelo menos, 256 kbit/s, como WiMAX ou CDMA fixo); rede de banda larga via satélite (tecnologia de conexão via satélite com velocidades anunciadas de download de, pelo menos, 256 kbit/s); rede de banda larga móvel (pelo menos, 3G, como UMTS) através de um telefone; e rede de banda larga móvel (pelo menos, 3G, como, UMTS) por meio de um cartão (por exemplo, cartão SIM integrado em um computador) ou modem USB.

Usuário da internet: pessoas que usou a internet de qualquer local nos últimos três meses.

Usuário de celular: indivíduo que usou um telefone celular nos últimos três meses.

Usuário de computador: indivíduo que usou um computador em qualquer local nos últimos três meses.

Vírus de computador: um programa projetado para danificar ou destruir um sistema de computador. Os vírus de computador infectam arquivos por meio de outros arquivos ou e-mail para alcançar e atacar um sistema de computador.

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APÊNDICE

### Duplicando as bases para manter ter uma cópia original de cada ticdom_2017_dom <- ticdom_2017_domicilios ticdom_2017_ind <- ticdom_2017_individuos ### Criando objeto das variáveis ticdom_2017_ind_var <- ticdom_2017_ind$variables ticdom_2017_dom_var <- ticdom_2017_dom$variables ### Lendo os pacotes do R library(survey) library(srvyr) library(tidyverse) ### Variáveis relevantes: versão1 - C6_A = 1 (Acessa internet em casa); versão2 - J3A_A = 1 (Acessa internet no celular via 3G ou 4G); versão3 - C6_cob_a = 1 (Confirmação de acesso) ### Junção das bases teste <- left_join(ticdom_2017_dom_var, ticdom_2017_ind_var, by =c('id_domicilio')) ticdom_2017_dom$variables <- teste ### Versão 1 svymean(~C6_A, ticdom_2017_dom, na.rm=TRUE) Acesso_casa1 = svytable(~ C6_A, ticdom_2017_dom) Acesso_casa1 prop.table(Acesso_casa1) ### Versão 2 Acesso_casa2 = svytable(~J3A_A + C6_A, ticdom_2017_dom) Acesso_casa2 prop.table(Acesso_casa2) write.csv(Acesso_casa2, file='Acesso_casa2.csv') ### Versão 3 Acesso_casa3 = svytable(~J3A_A + C6_A + C6_cob_a, ticdom_2017_dom) Acesso_casa3

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prop.table(Acesso_casa3) ###Copia e os dados do prop.table e cola no excel de forma organizada, depois soma os valores desejados para encontrar o indicador v3

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ANEXO I – QUESTIONÁRIO DA PNADC (MÓDULO HABITAÇÃO)

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ANEXO II – QUESTIONÁRIO DA PNADC (SUPLEMENTO ESPECIAL 07

SOBRE TIC)

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ANEXO III – QUESTIONÁRIO DA TIC DOMICÍLIOS

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