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INSTITUTO BRASILEIRO DE MEDICINA DE REABILITAÇÃO FACULDADE DE CIÊNCIAS E SAÚDE SOCIAIS CURSO DE FONOAUDIOLOGIA A FONOAUDIOLOGIA NA PRÉ-ESCOLA RIO DE JANEIRO 2001

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INSTITUTO BRASILEIRO DE MEDICINA DE REABILITAÇÃO FACULDADE DE CIÊNCIAS E SAÚDE SOCIAIS

CURSO DE FONOAUDIOLOGIA

A FONOAUDIOLOGIA NA PRÉ-ESCOLA

RIO DE JANEIRO 2001

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INSTITUTO BRASILEIRO DE MEDICINA DE REABILITAÇÃO FACULDADE DE CIÊNCIAS E SAÚDE SOCIAIS

CURSO DE FONOAUDIOLOGIA

A FONOAUDIOLOGIA NA PRÉ-ESCOLA

MÁRCIA LEODY SILVA CORRÊA

RIO DE JANEIRO 2001

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INSTITUTO BRASILEIRO DE MEDICINA DE REABILITAÇÃO FACULDADE DE CIÊNCIAS E SAÚDE SOCIAIS

CURSO DE FONOAUDIOLOGIA

A FONOAUDIOLOGIA NA PRÉ-ESCOLA

Monografia exigida como requisito

básico para conclusão do curso de

graduação em Fonoaudiologia,

ministrado pela professora Heloísa

Mello de Souza, no Instituto

Brasileiro de Medicina de

Reabilitação no ano de 2001.

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Dedico este trabalho em especial à minha mãe,

Mestre em Enfermagem, Professora

Universitária, que durante anos e grande parte de

sua vida, dedicou a sua paixão pelo desafio de

estudar, ensinar e pesquisar. Projetou essa

vontade em mim, mostrando a cada passo em

sua profissão os desafios de sua coragem e

determinação pela vontade de exercê-la.

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AGRADECIMENTOS

À professora Heloísa Mello pela orientação, paciência em todos os

momentos que precisei para iniciar, direcionar e concretizar a minha

monografia.

À professora Leila Nogueira pela dedicação, orientação e por sempre se

mostrar disponível a ajudar e à professora Francisca ao contribuir

indicando a colega de profissão, Fgª Ziléa para esclarecimentos e

orientações da avaliação feita em escolas.

A Fgª Mônica Cobalea por contribuir com orientações referente à

atuação da fonoaudiologia nas escolas.

Agradeço de forma especial a uma pessoa que tem participado dos

momentos mais importantes da minha vida, ao meu marido Antonio

Nascimento. Que tanto acreditou e me apóia para chegar onde estou, e

com muita paciência, dedicação e amor, soube compreender este

momento tão único, que é a minha realização profissional.

Obrigado(a) meu pai, minha avó, meus irmãos Marcel e Marcos, Eunice,

meu sogro e sogra Paulo, Aglair e família.

À tia Marlene Serruya, por contribuir de uma maneira especial ajudando

na revisão e material bibliográfico.

As amigas Thaisa, Ana Beatriz, Anne Rose e que colaboraram com o

meu material bibliográfico e a todos que de alguma forma colaboraram

para a concretização da minha monografia.

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“O que as crianças dizem e fazem

pode contar muito a respeito de seu

pensamento e de sua inteligência; o

que não fazem ou não conseguem

fazer também pode contar muito a

respeito de suas capacidades”.

Cavalheiro

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................8

2 CONCEITOS..............................................................................11

2.1 Saúde Escolar ...............................................................................11

2.2 Fonoaudiologia Clínica e Fonoaudiologia Escolar ......................12

2.3 Linguagem....................................................................................14

2.4 Comunicação................................................................................16

2.5 Na Educação Infantil, Creche à Pré-escola..................................17

2.5.1 Creches .........................................................................................18

2.5.2 Pré-Escola ....................................................................................19

2.5.3 Níveis Escolares ...........................................................................23

3 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E APRENDIZAGEM

DO PRÉ-ESCOLAR (4 À 6 ANOS) .........................................24

3.1 Concepção Neopiagetiana............................................................28

3.1.1 A Criança de 1 Ano ......................................................................29

3.1.2 A Criança de 2 Anos.....................................................................30

3.1.3 A Criança de 3 Anos.....................................................................31

3.1.4 A Criança de 4 à 6 Anos ..............................................................31

3.1.5 A Criança à partir dos 7 Anos .....................................................32

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3.2 Concepção de Autores Construtivistas ........................................34

3.2.1 Estágios do Desenvolvimento de Piaget ......................................38

3.3 Sinais Observáveis em Crianças com Distúrbios na Fase Pré-

Escolar........... ...............................................................................40

3.3.1 Características Patológicas .........................................................41

4 ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA ÁREA ESCOLAR

E/OU EDUCACIONAL.............................................................45

5 CONCLUSÃO ............................................................................60

BIBLIOGRAFIA ..................................................................................61

ANEXOS................................................................................................65

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho é voltado para a área da linguagem e seu

desenvolvimento, cujo objetivo é ressaltar a importância da atuação da

fonoaudiologia nas escolas.

A Atuação Fonoaudiológica previne e propicia melhores condições

da comunicação humana, em especial à criança pré-escolar, no que se

refere ao aparecimento de dificuldades na linguagem oral, escrita,

audição e motricidade oral. Tem por finalidade minimizar desvios

eventuais nesse período inicial da educação infantil, na área da

linguagem, possibilitando soluções para o seu aprendizado, dentro da

própria escola.

Tanto a atuação quanto integração da fonoaudiologia em escolas,

ainda é pouco explorada, devido à necessidade de conscientização de

sua atuação. Ainda assim, é rica e pertinente de conhecimentos nesse

campo e vem se apresentando com um crescimento considerável, cada

vez mais acusando a necessidade de sua integração junto à equipe

escolar.

Com a Resolução do CFFª, nº 232 regulamentada em 1º de agosto de

1999, Art. 1º, ficou bem clara a abrangência do campo de atuação do

fonoaudiólogo, em todos os setores da escola, considerando a

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necessidade de prevenir e orientar as alterações de audição, linguagem,

motricidade oral e voz em professores.

É comum se observar que na etapa do ensino pré-escolar, as

crianças, aparecem com alterações na linguagem de ordem fisiológica

consideradas normais ao processo de aquisição no desenvolvimento da

linguagem infantil.

Tais alterações tornam-se um dos fatores desencadeantes do

processo atípico, quando os desvios persistem em etapas seguintes, e

ainda, quando há falta de intervenção do fonoaudiólogo sinalizando

medidas a serem desenvolvidas em sala de aula.

Em etapas seguintes, podem ser desencadeados problemas de

linguagem oral e escrita; pedagógico caracterizado pelo insucesso,

descontentamento e por conseqüência a evasão escolar.

É, portanto da competência do profissional da Fonoaudiologia

Escolar, desenvolver uma função de assessoria que se destina a todos

ligados a direção da equipe escolar, visando sempre atingir objetivos de

caráter preventivo e de orientação em relação ao desenvolvimento da

comunicação oral e escrita, assim como outros aspectos que estejam

relacionados; percepção auditiva; respiração; motricidade oral (OFas).

A Atuação Preventiva do Fonoaudiólogo, em uma equipe de

planejamento escolar, requer inserir ações preventivas ligadas a aspectos

fonoaudiológicos, seja na orientação aos pais, corpo docente e equipe

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técnica; como em relação a problemas na comunicação em conseqüência

às patologias existentes, que afetam a linguagem do pré-escolar,

buscando soluções junto à equipe integrante.

Através dessa orientação, o fonoaudiólogo proporciona uma atuação

abrangendo uma variedade de aspectos interligados a comunicação,

viabilizando benefícios sociais e ampliando o alcance da prevenção e

multiplicadores da Fonoaudiologia Escolar.

Portanto, o perfil do profissional da Fonoaudiologia Escolar é

definido, quer nos aspectos legais, quer nos aspectos científicos, por

compartilhar e socializar com o educador, cada profissional em seus

conhecimentos específicos, visando a multidisciplinaridade necessária

para um bom rendimento e saúde escolar do educando.

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2 CONCEITOS

2.1 Saúde Escolar

“Saúde Escolar corresponde ao conjunto de ações destinadas a

promover, proteger e recuperar a saúde das coletividades integrantes do

sistema educacional”.

(Conceição, 1994)

Tal medida preventiva privilegia o direito e a participação de

todos da comunidade escolar; a criação de ambientes favoráveis à saúde,

para melhoria de condições de vida saudável e a qualidade do ensino,

sendo realizada, através de ações no próprio espaço escolar.

A comunidade escolar depende, portanto da saúde como visão

global, seja em seu aspecto físico, psicológico, emocional, social e

ambiental, para alcançar sucesso com as atividades diárias e

relacionamento social na escola.

A escola privilegia a saúde no momento em que visa o equilíbrio

saúde & educação, com medidas preventivas no que diz respeito aos

aspectos da comunicação humana voltada para alunos, pais, professores

e equipe técnica, onde mais uma vez, observa-se a importância da

participação do fonoaudiólogo, no planejamento escolar.

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2.2 Fonoaudiologia Clínica e Fonoaudiologia Escolar

O Fonoaudiólogo, diz a lei 6965, de 09 de dezembro de 1981, “é o

profissional com graduação plena em Fonoaudiologia, que atua em

pesquisa, prevenção, avaliação e terapia fonoaudiológicas na área da

comunicação oral e escrita, voz e audição, bem como em

aperfeiçoamento dos padrões de fala e da voz”. Como podemos

observar, tal perfil profissional configura, com clareza, atividades e

áreas de atuação que definem o campo da prática fonoaudiológica.

No que diz respeito à atuação do fonoaudiólogo, quando

acompanhamos sua história, vemos que, inicialmente, as maiores

tendências foram no sentido da avaliação e da terapia fonoaudiológica.

Tal fato é compreensível porque nossa profissão surgiu em resposta a

uma necessidade de atendimento a pessoas apresentando uma série de

problemas ligados à comunicação humana, aos quais os profissionais de

outras áreas não conseguiam dar respostas necessárias.

Para tanto, cursos de Fonoaudiologia começaram a surgir na

década de 60 com o propósito de formar pessoas habilitadas para

atender a tal demanda. Como poderia até mesmo ser previsto, ganha

corpo, desta forma, a denominada Fonoaudiologia Clínica, com o

atendimento a portadores de distúrbios da comunicação em ambulatórios

ou outros serviços e, principalmente, em consultórios particulares.

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Temos desse modo, esboçado a forte influência clínica em nosso

perfil de atuação definindo os papéis complementares de terapeutas e

pacientes. Que tem recebido fortes influências, direcionado o seu “fazer

clínico” para uma prática a serviço da “doença”, caracterizando-se no

sentido da avaliação e terapia fonoaudiológica que buscam a

normatização da comunicação oral e escrita. Tal fato é compreensível à

necessidade a uma série de problemas ligados à comunicação humana

mais uma vez, que vem se interligando com a fonoaudiologia

educacional, através de pesquisas e atuações que enfocam os aspectos

preventivos em suas áreas relacionadas, a comunicação.

A Fonoaudiologia Escolar tem sua ação em uma determinada

escola como agente facilitador dos processos de aquisição e

desenvolvimento da linguagem, oral e escrita, aos alunos desta entidade

educacional. Sua principal preocupação, portanto, é promover ações de

apoio à prevenção, objetivando um desenvolvimento pleno da

linguagem. É importante salientar que os alunos que apresentam

problemas específicos de linguagem, exigindo uma ação clínica-

terapêutica, são avaliados e encaminhados aos fonoaudiólogos clínicos.

Portanto, não é função do fonoaudiólogo escolar tratar os problemas de

linguagem nesta instituição.

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Collaço, 1991 salienta essa diferença referindo que na fonoaudiologia

escolar o enfoque é preventivo e a atuação é planejada em equipe e

desenvolvida pelo professor em sala de aula.

Já o fonoaudiólogo clínico trata o indivíduo com distúrbios da

comunicação, individualmente ou em grupo.

2.3 Linguagem

A linguagem é a forma básica de comunicação. Ela pode ser oral,

gestual ou escrita e está intimamente relacionada ao pensamento.

Gerber, 1996 descreve que a linguagem é um sistema finito de

princípios e regras que permitem que um falante codifique significado

em sons e que um ouvinte decodifique sons em significado. O

relacionamento dos sons com seus significados não são limitados por

estímulos e são essencialmente arbitrários. Este sistema da linguagem

governado por regras é necessariamente finito, pois deve ser passível de

ser armazenado no cérebro. Contudo, este sistema finito possui a

propriedade de ser infinitamente criativo, no sentido que permite ao

falante/ouvinte criar e entender um conjunto infinito de sentenças

gramaticais novas.

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Na aquisição da linguagem, vale ressaltar que Vigotsky destina-se

o qual a linguagem intervém no processo de desenvolvimento intelectual

da criança desde o nascimento. Para ele, no seu curso de

desenvolvimento, o pensamento vai do social para o individual, sendo,

pois pensamento e linguagem processos interdependentes e de

desenvolvimento interligado, onde a interação tem o interlocutor com

fonte primordial para a comunicação.

Das questões fundamentais nas pesquisas referentes da aquisição

da linguagem, não é tanto o que a criança produz, mas muito mais como

ela constitui a linguagem que se torna fator importante para se entender

o fenômeno e fornecer subsídios para compreender outras questões que

coloquem a linguagem ao mesmo tempo como fator de mediação e de

construção entre a criança e a integração com o meio.

Desse ponto de vista a linguagem é um produto da interação com seu

meio e sua formação é ativa e não apenas receptiva como uma resposta a

um estímulo recebido.

Quanto ao desenvolvimento da linguagem, no que se refere ao

período, antes da produção completa da fala, a criança passa por um

período denominado Pré-linguístico ou Pré-linguagem.

O termo pré-linguagem situa-se antes da linguagem propriamente

dita e se estende até aproximadamente o décimo mês. Essa fase é

caracterizada por vocalizações e balbucios onde não há relações diretas

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entre sons e conceitos. Porém, este início comunicativo daria conta dos

primeiros esquemas interativos e significativos que se organizam entre a

criança e o adulto (meio, relação com o outro).

Pode-se dizer que nesta fase inicial a criança já está exercitando os

seus órgãos fonoarticulatórios, e ainda não utiliza o feedback auditivo

por total, como fonte motivadora, pois seus órgãos ainda estão em fase

de amadurecimento. Mais a sua voz também, já apresenta variações na

entonação, tomando forma de conversação. Portanto, quando a

linguagem se desenvolve adequadamente, o desejo de conhecer cresce, o

desenvolvimento da linguagem facilita a compreensão, assim o desejo

da comunicação aumenta, ocorrendo o mesmo com a troca de

experiências da relação com o meio.

2.4 Comunicação

A comunicação é uma característica humana que desenvolve

padrões desde muito cedo, que não só inclui o ato de falar, ouvir, ler,

escrever, de emissões não verbais, expressões, gestos, hesitações, como

o silêncio tem grande significação. Sua qualidade é muito importante e

permite sensações de segurança, autoconfiança, firmeza, felicidade e

enriquecimento interno. Tanto para as crianças e adultos, as diferenças

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nas habilidades em comunicar-se são determinantes do grau de

envolvimento com a comunicação intrapessoal e interpessoal,

adquirindo a importância fundamental para a saúde e bem estar geral do

seu desenvolvimento, enquanto integrante ser humano e social.

A efetividade comunicativa dá-se de forma harmoniosa e contínua,

embora o sistema envolvido seja dos mais complexos. Os sistemas da

comunicação são usados diariamente, automaticamente, sem que se

pense sobre eles. As habilidades envolvidas são naturais e

conseqüentemente executá-las parece fácil.

Tanto a comunicação como a fluência, se desenvolvem de forma

gradativa, ainda assim, a criança necessita de um somatório de

experiências e estimulações com o meio, viabilizando o

desenvolvimento maturacional. A maturação e a aprendizagem são

processos diferentes, porém intimamente ligados, pois a maturação é

que cria condições para que as aprendizagens ocorram.

2.5 Na Educação Infantil, Creche à Pré-escola

Segundo a reforma do ensino, Lei de Diretrizes e Bases da

Educação, ART. 30. A educação infantil, primeira etapa da educação

básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 6

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(seis) anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e

social, complementando a ação da família e da comunidade.

A educação infantil será oferecida em:

I. Creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até 3 (três)

anos de idade;

II. Pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 6 (seis) anos de

idade;

A avaliação, na educação infantil, far-se-á mediante

acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de

promoção, mesmo para acesso ao ensino fundamental.

2.5.1 Creches

O campo de atuação do Fonoaudiólogo, em creches, tem o caráter

preventivo, buscando atuar de forma integrada com todos os envolvidos:

profissionais, crianças e familiares.

A contribuição da creche vinculada ao caráter assistencialista à

infância vem transformando-se a cada ano, ampliando dessa forma a

atenção voltada a essa parcela da população escolar, promovendo a

conscientização de que a responsabilidade do desenvolvimento infantil

cabe não só à família como a todos envolvidos com ela.

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2.5.2 Pré-Escola

Configura-se, portanto como um espaço intencional e sistemático

ordenado para a educação entre 4 e 6 anos de idade. O nome já os

define, fase que antecede o Ensino Fundamental (antigo período

escolar). É o período de preparação da criança em seu aspecto global.

Seu potencial afetivo, social, cognitivo, emocional, motor da criança

será estimulado, sob fundamentação pedagógica da realidade e

conhecimento infantil, como ponto de partida.

Também não deverá ser rotulada como período de brincadeiras,

de conforto, bem estar e passatempo escolar. É na Escola que realmente

a criança ingressará com o intuito de brincar, mas o enfoque principal

não o é, e sim para aprender com esta interação. A partir dos 3 (três)

anos de idade ocorrem mudanças nos tipos de brincadeiras,

principalmente no que se refere às atividades com outras crianças, daí a

importância de brincar nesta fase fundamental de desenvolvimento em

construção e aquisição da linguagem, fase da interação com o outro e

possibilidade de manipular o concreto, é a linguagem interior que

precisa ser sedimentada, na visão fonoaudiológica e concepção Piaget.

A criança está se adaptando ao meio, ela absorve nessa fase

comparando-a a uma “esponja”, onde a facilidade de absorção atinge

uma velocidade indescritível, que dependerá de todo um contexto

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global. O envolvimento emocional, social, psicomotor, audibilização e

cognitivos devem estar atuando em ação conjunta, permitindo o

desenvolvimento a cada troca nesse aprendizado.

Nessa idade as brincadeiras passam a ser mais cooperativas, onde

as crianças se ajudam mutuamente, e associativas desempenham juntas

as mesmas atividades.

É freqüente nessa fase confundir a fantasia com a realidade.

Durante suas brincadeiras imitativas, imaginativas e de dramatização,

revela uma das atividades dominantes e mais características do pré-

escolar, havendo preferência por roupas de fantasia, bonecas, utensílios

domésticos, casa de bonecas, lojas de brinquedo, telefones, animais e

equipamento de fazenda, trens, caminhões, carros, aviões, fantoches e

kits de médico. Desempenhando também brincadeiras de super-heróis

até o momento de guardá-los e tirar a fantasia, também é importante

atitude da criança distribuir atenção a uma coisa só e ter hora para parar

e organizá-los no local onde se deve guardar.

O objetivo da pré-escola é bem mais amplo. No que se refere a

aspectos como a aquisição da linguagem, construção e desenvolvimento

social, cognitivo, motor e audição em um comportamento como um

todo, onde cada criança é analisada diferentemente.

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O que se pretende é potencializá-los, respeitar a sua idade cronológica,

utilizando nesta conduta orientações necessárias e interessantes para que

a criança se desenvolva até sentir segurança para aquisição das etapas

seguintes.

Buscando o seu alicerce, e o conhecimento que se obtém através

das etapas da linguagem.

Daí a necessidade do questionamento interdisciplinar. Através

desta inter-relação com a função pedagógica que requer um objetivo e

significado concreto para a vida da criança. Com esse paralelo,

simultaneamente irão assegurar a aquisição de outros novos valores a

serem conquistados.

É certo que para este desenvolvimento ocorrer de maneira correta

e gradativo, é necessário que a criança esteja de prontidão. Pois qualquer

aquisição não acontece por acaso.

Quando falamos em prontidão, não nos referimos a apenas uma

habilidade, mas a um conjunto de habilidades que a criança deverá

desenvolver até se tornar pronto para novas aquisições.

A criança em fase pré-escolar aos quatro anos, seguramente já terá

desenvolvido essas capacidades e habilidades, e demonstrado suas

dificuldades em sala de aula. Ao contrário, da criança que não recebeu

educação pré-escolar, cabe ao professor antes de qualquer tentativa de

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ensino, definir os tipos de testes de prontidão a realizar e estabelecer

metas caso persista o problema, sem a orientação fonoaudiológica.

Uma aprendizagem para desenvolver-se requer pré-requisitos para

a fase seguinte.

“A tendência é investir cada vez mais em formação. As crianças

recebem muita informação fora da sala de aula”.

(Sylvio Gomide, presidente da associação de escolas particulares).

“Escola forte ou fraca não existe. O que existe são escolas que priorizam

o conteúdo e escolas que privilegiam atividades que estimulam o

pensamento autônomo”.

(Glaura Fernandes, psicopedagoga).

“Guiar-se pela objetividade e praticidade do mundo moderno e escolher

uma escola pela localização é um equívoco”.

(Rosely Sayão, psicóloga e colunista da Folha de São Paulo).

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2.5.3 Níveis Escolares

(Lei de Diretrizes e Bases da Educação)

ART. 21, Lei Darcy Ribeiro - Da composição dos níveis escolares:

I. Educação básica, formada pela educação infantil, ensino

fundamental e ensino médio;

II. Educação superior.

A educação infantil abrange o período da creche à pré-escola; o

ensino fundamental é caracterizado pelo antigo 1º grau tendo duração de

8 (oito) anos; e o ensino médio corresponde ao antigo 2º grau.

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3 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E APRENDIZAGEM DO

PRÉ-ESCOLAR (4 A 6 ANOS)

Segundo pesquisas feitas em escolas, observa-se que o método que

vem sendo mais aplicado pelos educadores prevalece o método da teoria

construtivista, cuja equipe escolar junto à orientação pedagógica que

vem a decidir sobre o método a ser utilizado.

DOIS TIPOS DE MÉTODOS UTILIZADOS EM ESCOLAS O ENSINO TRADICIONAL E O CONSTRUTIVISTA

Ensino Tradicional

Ensino Construtivista

Método: Transmissão de informações, via oral, na sala de aula, sem intercâmbio externo ou experimentação ativa.(O professor fala, o aluno escuta, decora e não contribui com sua experiência de vida. A leitura de Mundo do aluno não é valorizada). Resultado: Espera-se que o aluno reproduza aquilo que é transmitido e assim ele é avaliado. Erros: Os erros recebem punição, há até certo tempo, inclusive física; hoje, com notas baixas e reprovações. Aluno: É visto como depositário e alvo das informações. Professor: Cumpre o papel de transmissor do conhecimento. Escola: É o lugar onde se reproduz a herança cultural.

Método: Integração com o mundo externo e com o mundo interno do aluno.(O professor orienta para que o aluno chegue a sua conclusão. O professor leva o aluno à descoberta da resposta, aproveitando sua leitura de Mundo, sua experiência de vida e o que acontece ao seu redor). Resultado: Incentivar a vontade de aprender, construir e a auto-suficiência na busca de respostas. Erros: Indicam o estágio em que a criança está. A avaliação valoriza o que o aluno transforma e elabora.(A avaliação é feita a todo momento e também indica, se for o caso, a defasagem referente à idade cronológica a corrigir). Aluno: É tomado como um ser pensante, com desenvolvimento próprio. Professor: Procura ser um orientador/mediador que facilita a aprendizagem, criando situações estimulantes e motivadoras de respostas. Escola: É o espaço de busca do saber e integração do indivíduo à sociedade e à cultura.

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Piaget submeteu o ensino à necessidade do aluno. Rompeu com a

escola tradicional, que considerava que o conhecimento vinha de fora

para dentro.

A partir das escolas inspiradas nos conceitos piagetianos,

surgiram às chamadas escolas construtivistas, aquelas que partem da

noção de que a criança forma seu intelecto aos poucos, em interação

com o mundo.

Para os construtivistas o importante é formar indivíduos

independentes que busquem o conhecimento do seu próprio modo.

Conheça alguns métodos pedagógicos:

Construtivismo

O construtivismo surgiu a partir das idéias do filósofo Jean Piaget

(1896-1980). Chegou ao Brasil na década de 70, quando foram criadas

algumas escolas conhecidas como experimentais ou alternativas. Elas

procuravam dar prioridade à maneira pela qual o aluno compreende o

mundo. Todas valorizavam o modo como o estudante descobre suas

habilidades. Assim, o desenvolvimento intelectual passou a ser tratado

como a capacidade que a criança tem de se adaptar ao meio. E as aulas

se desenvolviam guiadas pela curiosidade dos alunos.

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A experiência acabou se transformando, pois logo ficou evidente

que era difícil estabelecer metas, que ficavam condicionadas ao interesse

do aluno por algum assunto. A aplicação do construtivismo, no entanto,

possibilitou a formação de crianças capazes de ir além do mero

conhecimento assimilado. Elas se tornaram mais críticas, opinativas e

investigáveis. Esse resultado fez com que muitas escolas passassem a

adotar o construtivismo associado a outras técnicas pedagógicas. Hoje, a

principal associação está vinculada ao conteúdo, que nada mais é do que

a informação transmitida. Verifica-se, portanto, o aumento na oferta de

atividades extra classe, de cursos de línguas e de informática.

Essa tendência agrada a alguns pais, que desejam preparar os

filhos para a crescente competitividade no mercado de trabalho. Outros

acabam ficando preocupados com uma possível sobrecarga à qual os

filhos serão submetidos.

Construtivismo pós-piagetiano

Aluna de Jean Piaget, a Emilia Ferreiro aplicou as idéias de seu

professor também no campo da escrita e da leitura. Seus estudos a

levaram a concluir que a criança é capaz de se alfabetizar sozinha, desde

que imersa em ambiente propício. Antes mesmo de ir à escola, a maioria

das crianças descobre as regras da língua escrita: sabe que a leitura se dá

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da esquerda para a direita e entende que as letras reproduzem os sons da

fala.

Emilia Ferreiro, em estudos realizados com Ana Teberosky,

perceberam que todas as crianças, ao aprender a ler e escrever passam

pelas mesmas fases. Essas fases determinam o tipo de erro que

cometem. Tais descobertas levaram a uma revolução nas formas mais

tradicionais de alfabetização, ou seja, aquelas que utilizavam cartilhas,

nas quais apareciam apenas fragmentos da língua escrita. Atualmente, o

material didático e também a organização das aulas, estão

completamente mudados na maioria das escolas brasileiras. Isso, graças

à teoria do construtivismo e às idéias dos teóricos pós-piagetianos.

Segundo Emília Ferreiro, a alfabetização inicial é considerada em

função da relação entre o método utilizado e o estado de "maturidade"

ou de "prontidão" da criança. Os dois pólos do processo de

aprendizagem (quem ensina e quem aprende) têm sido caracterizados

sem que se leve em conta o terceiro elemento da relação: a natureza do

objeto de conhecimento envolvendo esta aprendizagem.

Montessori

Maria Montessori (1870-1952), elaborou uma teoria científica do

desenvolvimento infantil e dirigiu seu trabalho rumo a uma proposta

pedagógica. De acordo com sua visão, a criança desenvolve um senso de

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responsabilidade pelo próprio aprendizado e o ensino deve ser ativo. Sua

pedagogia enfatiza a manipulação de objetos para se obter a

concentração individual. Assim, a atenção do aluno é desviada do

professor para as tarefas a serem cumpridas. O professor é apenas um

guia que remove obstáculos à aprendizagem e isola as dificuldades da

criança. As inovações introduzidas pelo método montessoriano estão

presentes, até hoje, nas escolas: a disposição circular dos alunos, os

jogos pedagógicos sempre disponíveis e os cubos lógicos de madeira

para o ensino de matemática.

3.1 Concepção Neopiagetiana

Segundo Piaget (1983), conclui que do nascimento aos 2 anos de

idade, as capacidades motoras se desenvolvem ao máximo. Entre a idade

de 1 ano e meio e 2 a 3 anos, é a linguagem que dá um avanço.

Finalmente, entre 3 anos e 7 anos e meio, desenvolvem-se totalmente as

capacidades perceptivas da criança seguidas, daí por diante, do

desenvolvimento do pensamento.

O sucesso do desenvolvimento depende, na sua maioria, dos

progressos obtidos nesta fase inicial, ou anterior, que precede ao longo

do desenvolvimento, ou fase de construção e ainda adaptativa. Logo,

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uma boa percepção depende em grande parte de um desenvolvimento

satisfatório da fase sensória motora e o desenvolvimento das percepções

que dá origem a uma interpretação correta da linguagem. É por isso que

os mecanismos do pensamento sustentam em parte sobre as capacidades

perceptivas adquiridas anteriormente. A criança segue um ritmo

diferente na maturidade perceptiva.

Na fase pré-escolar é comum a criança já estar desenvolvendo

algumas habilidades, buscando significado e interpretação a intenção do

que quer focalizar.

Antes de iniciarmos o desenvolvimento do pré-escolar,

observaremos a seguir, a divisão de forma didática apenas, e como

referência para entender melhor, o desenvolvimento da criança sob

perspectiva da integração com o meio, segundo (Sanguedo, C. D.,

1980).

3.1.1 A Criança de 1 Ano

A criança de 1 ano já adquiriu um vocabulário de

aproximadamente 10 palavras. Usa gestos indicativos, compreende

ordens simples e as executa, nomeia alguns objetos e mostra-se muito

interessada pelo meio. Pode fazer perguntas do tipo “o quê?”,

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acompanhar música vocalmente e usar a terceira pessoa para designar a

fala. Na alimentação, começa a comer sozinha e recusa a mamadeira,

preferindo a colher e os copinhos com canudinhos.

Aproximadamente com 14 meses a criança já exprime palavras e

pequenas frases, onde se notam características próprias da fala, como a

generalização, como “au-au” para todos os animais com 4 patas.

3.1.2 A Criança de 2 Anos

Apresenta vocabulário mais intenso e usa frase de duas palavras

ou mais. É capaz de dizer seu próprio nome, contar algumas

experiências e cantar pequenos trechos musicais. Está entrando na fase

da dramatização, onde fala e dá vida aos brinquedos (Animismo) e imita

atitudes de adultos.

Essa é a fase da fantasia, a criança começa a se desprender do

aspecto oral e passa a observar seu corpo diferentemente, percebendo o

xixi e o cocô, iniciando o controle dos esfíncteres e o abandonar das

fraldas. É muito importante os pais incentivarem a criança a verbalizar

suas vontades e estimular a independência, a ida ao banheiro. Para que

isso ocorra é necessário que a criança já tenha saído das primeiras

palavras e seja capaz de expressar-se mais claramente.

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3.1.3 A Criança de 3 Anos

Aos 3 anos o seu vocabulário é amplo, utilizando as palavras

usuais de seu cotidiano. Já usa o plural, relata experiências, canta e faz

muitas perguntas.

Nessa fase a fantasia ainda é bastante presente. Ela inventa e cria

brincadeira e histórias e começa a se interessar pelas brincadeiras de

grupo.

3.1.4 A Criança de 4 a 6 Anos

De 4 a 6 anos a sua fala apresenta-se correta e poucas são as

trocas ou omissões de sons. O vocabulário se amplia e a criança se

comunica de forma efetiva, nomeando cores, usando frases completas e

fazendo muitas perguntas (é a fase do “por quê?). Ela conta histórias,

compreende bem regras de jogos e apresenta espontaneidade e iniciativa

de comunicação bastante presente.

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3.1.5 A Criança a partir dos 7 Anos

Não deverá ocorrer nenhuma falha de nível fonético (de sons).

Sua fala deverá ser correta e as frases deverão ter estrutura gramatical

próxima à dos adultos.

Nessa fase, ela já consegue entender relatos e recontá-los, bem

como inventar histórias com começo, meio e fim. Seu pensamento,

entretanto, ainda se baseia no concreto, necessitando de experiências

práticas para melhor compreensão de fatores abstratos.

Segundo Piaget e Concepção Sócio-interacional afirma que faz

parte do desenvolvimento cognitivo do ser humano passar por estágios a

fim de chegar ao pensamento mais elaborado e abstrato. Observa-se que,

relacionado às fases nem todos nós alcançamos os níveis mais elevados,

dependendo para isso de seu meio sócio-cultural, e não apenas da

maturação.

Ambos de escolas cognitivistas privilegiam a questão simbólica

como componente principal na construção do desenvolvimento da

criança. Dessa forma “é possível conceber que a cognição é um processo

mental ativo encarregado da construção de conhecimentos que ocorrem

ao longo da vida, constituída e constitutiva de uma intensa atividade

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simbólica, a partir da tensão entre valores sócio-culturais e

possibilidades pessoais”. (Assumpção Jr. e Cols, 1994).

Piaget (1983) preocupado com as questões de como a criança

desenvolveu seu conhecimento, elaborou uma teoria sobre o

desenvolvimento cognitivo que pela primeira vez coloca a criança como

ser ativo na aprendizagem, ou seja, como construtor de seu

conhecimento. Esta teoria contribuiu para muitos questionamentos

surgissem entre muitos teóricos. O sucesso do desenvolvimento

depende, na sua maioria, dos progressos obtidos nesta fase inicial, ou

anterior, que precede ao longo do desenvolvimento, ou fase de

construção e ainda adaptativa. Logo, uma boa percepção depende em

grande parte de um desenvolvimento satisfatório da fase sensória motora

e o desenvolvimento das percepções que dá origem a uma interpretação

correta da linguagem. É por isso que os mecanismos do pensamento

sustentam em parte sobre as capacidades perceptivas adquiridas

anteriormente. A criança segue um ritmo diferente na maturidade

perceptiva.

Na fase pré-escolar é comum à criança já estar desenvolvendo

algumas habilidades, buscando significado e interpretação a intenção do

que quer focalizar.

Antes de iniciarmos o desenvolvimento do pré-escolar,

observaremos a seguir, a divisão de forma didática apenas, e como

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referência para entender melhor, o desenvolvimento da criança sob

perspectiva da integração com o meio, segundo (Sanguedo, C. D.,

1980).

3.2 Concepção de Autores Construtivistas

Segundo Donaldson, M., 1994, p.139, discorda e relata que temos

quatro estágios principais, com algumas subdivisões entre eles, que

seguem uma mesma ordem para todas as crianças. Entretanto isso não se

deve exclusivamente às questões maturacionais, mas sim porque se

constroem um sobre o outro.

Apesar da ordem dos estágios ser comum para todos, a velocidade

em que isso ocorre não é; tendo as idades apresentadas por Piaget

apenas um referencial médio de quando eles ocorrem. Piaget teoriza a

inteligência muitas vezes como uma questão adaptativa ao meio, e

utiliza-se de alguns termos específicos para explicar como isso ocorre.

Esquemas e Ações

Consistem num conjunto de ações interligadas que formam uma

totalidade organizada. Todos nós possuímos esquemas já presentes

(hereditários, de sobrevivência e reprodução), que atuam para satisfazer

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nossas necessidades imediatas. Os esquemas atuam para garantir as

novas interações que o indivíduo fará com o objeto-meio. Quando um

fator novo surge, alguns componentes precisam entrar em ação e se

adaptarem aos esquemas já existentes. Esses componentes são a

organização e a adaptação.

Organização

Componente que pressupõe qualquer ação adaptativa. É o ponto

de partida para a ação do indivíduo sobre os objetos do conhecimento.

Por meio da organização do pensamento que se expressa sobre as

estruturas cognitivas da adaptação, é que o indivíduo poderá organizar

sua realidade. Por essa razão é que cada estágio do desenvolvimento

cognitivo o indivíduo aborda e se apropria da realidade de modo

diferente. (Coutinho e Moreira, p.59).

Adaptação

Piaget sempre enfatiza que um ser vivo não apenas reage ao

ambiente, mas também age. A adaptação não ocorre apenas quando se

tem pressão para mudar, mas por haver uma organização a se preservar.

(Donaldson, M., 1994, p.137).

A adaptação seria o equilíbrio entre assimilação e acomodação,

onde assimilação seria a incorporação da realidade exterior aos

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esquemas, trabalhando no sentido de preservar as estruturas e a

acomodação sendo o esforço de moldar o comportamento do organismo

dos esquemas a cada elemento assimilado.

São dois processos opostos, porém, complementares. Não é

possível separarmos os dois durante o processo. Eles ocorrem

simultaneamente e de forma indissolúvel. (Donaldson, 1994, p.138.).

Maturação

É o aspecto do crescimento fisiológico, principalmente do Sistema

Nervoso Central. Na teoria de Piaget a maturação não ocupa idéia

central.

Experiência

Ocorre na interação da criança com o meio-objeto por maio da

ação. Piaget coloca que existem dois tipos: a física (das propriedades do

objeto, peso, cor) e a lógico-matemática (dá relação entre os objetos).

Interação social

Seria o conhecimento e tradições transmitidas por meio do contato

com outras pessoas. Piaget não aborda profundamente esse aspecto,

privilegiando sempre a ação sobre o objeto como questão primordial

para o desenvolvimento cognitivo, porém admite que a troca de

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informações e os estímulos externos auxiliam para o desenvolvimento

dos estágios.

Operações

São ações executadas mentalmente, componentes necessários para

o pensamento racional. Os requisito das operações incluem:

I. Conservação: capacidade de reconhecer que, apesar das

mudanças de posição, forma ou grupos, o objeto permanece o

mesmo (quantidade, massa, número).

II. Reversibilidade: capacidade de reconhecer que a mudança de

forma, grupos, poderá ser reversível e voltar à forma anterior.

Equilibração

Conjunto de todos os fatores acima reunidos de modo a construir

e reconstruir as estruturas mentais. Piaget destaca que esse seria o

componente fundamental para a estruturação da inteligência.

Com a utilização desses dados, Piaget propõe como complemento

os estágios do desenvolvimento a seguir.

Estes estágios evoluem como um espiral, de modo que cada

estágio engloba o anterior e o amplia. Piaget não define idades rígidas

para os estágios, mas sim que esses se apresentam em uma seqüência

constante.

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3.2.1 Estágios do Desenvolvimento de Piaget

Sensório-motor (0 a 2 anos)

Baseia-se na experiência motora-sensorial para aquisição do

conhecimento. A principal característica desse período é a função

semiótica, isto é, a criança não representa mentalmente os objetos. Sua

ação é direta sobre eles. Este é o estágio em que a criança começa a

fazer as primeiras associações e dissociações entre sujeito e objeto.

Essas atividades serão o fundamento da atividade intelectual

futura e a estimulação ambiental interferirá na passagem de um estágio

para outro.

Pré-Operacional (2 a 6 anos)

A criança neste estágio adquire a fase simbólica, onde o

pensamento é intuitivo, pré-causal, mágico, artificialista.

Não existe o pensamento lógico. Nessa fase “já não depende de

unicamente de suas sensações, de seus movimentos, mas já distingue um

significador (imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele significa

(objeto ausente), o significado”.

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A criança encontra dificuldades em expressar ordem dos eventos,

explicar relações de causa e efeito, compreender e lembrar regras e

compreender a reversibilidade.

Operacional Concreto (7 a 11 anos)

A criança já se enquadra no período escolar (Ensino

Fundamental), seguindo a referência no estágio em idade cronológica. Já

possui uma organização mental integrada, é capaz de ver a totalidade de

diferentes ângulos, conclui e consolida as conservações do número, da

substância e do peso. Ainda precisa dos objetos reais (concreto) para

executar o pensamento e tem dificuldades na abstração.

Operacional Formal (a partir de 12 anos)

Pensamento lógico-abstrato. A criança já formula teorias e é capaz

de pensar sobre qualquer coisa distinta do real. Dá-se a formação do

pensamento mais elaborado, do adulto inteligente. Torna-se capaz de

raciocinar corretamente sobre proposições em que não acredita, ou que

ainda não acredita, que considera puras hipóteses. É capaz de inferir as

conseqüências. Têm início os processos de pensamento hipotéticos-

dedutivos.

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3.3 Sinais Observáveis em Crianças com Distúrbios na Fase Pré-

Escolar

São as dificuldades que afetam a capacidade do indivíduo em se

comunicar, através da linguagem oral e/ou escrita.

Esses pequenos problemas costumam surgir na idade pré-escolar,

onde geralmente são identificados pelos professores. A pré-escola é o

período mais adequado para a identificação das dificuldades de

aprendizagem, e assim, garantimos uma intervenção preventiva nessa

fase de desenvolvimento.

Dependendo da queixa do aluno e/ou quando houver suspeitas do

aparecimento de um distúrbio da comunicação na fase pré-escolar, o

primeiro passo será o encaminhamento a uma avaliação

fonoaudiológica, sugerido na própria escola. O tratamento poderá

necessitar ainda de uma equipe especializada. (Otorrinolaringologista,

Neurologista, Psicólogo, Ortodontista).

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3.3.1 Características Patológicas

Distúrbio Articulatório

Neste distúrbio são encontrados, alterações na emissão de sons,

podendo a mesma ser em forma de omissões, substituições e inversão,

distorções de fonemas (sons).

Pode ocorrer por um ou mais fatores relacionados como: audição,

fatores neurológicos, alterações na motricidade oral (Ofas) ou mesmo na

parte óssea.

Gagueira

É uma interrupção no ritmo da fala caracterizada por repetições

e/ou hesitações causando uma "quebra" na fluência da fala ou

impedindo a mesma. É importante saber que uma criança por volta de 4

(quatro) anos pode ou não apresentar o que chamamos de disfluência

fisiológica, o que é normal na sua idade. Nessa idade, a criança

atravessa uma fase de ampliação do seu vocabulário, sua gramática,

sintaxe, passando por um momento de maior hesitação para falar. Essa

fase deve ser encarada com naturalidade pelos pais e professores, que

devem dar tempo à criança, permitindo que ela fale como quiser, mesmo

que para isso tenham que lhe dedicar alguns minutos a mais. Convém

nesse período transitório, procurar não corrigi-la.

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A família tem um papel muito importante no componente emocional da

criança, podendo ser responsável pela criação de um clima inadequado à

formação de sua personalidade. Um problema de gagueira apresentado

por uma criança pré-escolar pode ser resolvido com uma boa orientação

feita por um profissional aos pais e professores. Isso geralmente é

suficiente para restabelecer a segurança emocional da criança e fazer

com que ela readquira a fala normal. Nos casos mais graves, a criança

deverá ser submetida a um tratamento fonoaudiológico.

Surdez (Deficiência Auditiva)

A criança que possui algum grau de perda auditiva necessita de

terapia fonoaudiológica tanto para a adaptação do AASI aparelho de

amplificação sonora individual), como a maturação das etapas do

comportamento auditivo da criança. Ou seja, o fonoaudiólogo irá atuar

desde os processos de condução do som, percepção, detecção até a

integração do som detectado com a linguagem oral. A audição está

implicitamente relacionada com a fala, sendo necessária para o

aprendizado da mesma. É comum, pois em crianças com déficits de

audição a ocorrência de alterações fonêmicas variadas.

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Atraso de Linguagem

É um atraso ou desenvolvimento lento da linguagem oral (fala).

Há crianças que adquirem mais tarde a capacidade de falar (aos 3 ou 4

anos). E quando começam a falar, ainda conservam por muito tempo as

características da linguagem infantil. Os fatores causais são variados:

desde fatores orgânicos (alterações neurológicas, auditivas) até fatores

comportamentais, emocionais, ambientais.

Alterações no Sistema Sensório Motor oral (Distúrbios

Miofuncionais)

São relativas a alterações de tônus, mobilidade e/ou postura da

musculatura orofacial que compõe os órgãos fonoarticulatórios (lábios,

língua, dentes, arcada dentária, musculatura da face, palato). Tais

alterações podem comprometer funções como deglutição, sucção,

mastigação, além de prejudicar a fala (comprometendo a emissão de

fonemas). Muitas vezes, tais alterações são desencadeadas pela

Não existem “métodos milagrosos” para que uma criança com uma determinada perda auditiva aprenda a falar. Existe sim, uma prática de reabilitação, realizada por profissionais da comunicação humana, o Fonoaudiólogo, capacitado a realizar através de seus conhecimentos científicos atuar em aspectos na área da fisiologia da audição, no desenvolvimento de linguagem, visando desenvolver o real potencial de comunicação da criança. O tratamento reabilitacional deve contar sempre com a participação e o envolvimento dos familiares da criança. A audição e a fala são componentes de uma capacidade maior, a linguagem, é através dela que o ser humano expressa suas idéias, pensamentos e emoções.

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respiração bucal (podendo ocasionar alergias respiratórias, hipertrofia de

adenóides), hábitos de sucção inadequados (como uso prolongado de

chupetas, mamadeiras, dedo), pressão da língua entre os dentes,

causando um desequilíbrio nas funções musculares (OFas).

Distúrbios de Leitura e Escrita

São as dificuldades no aprendizado da leitura e da escrita, sem

prejuízo da inteligência. Tais alterações podem ter como sintomas

dificuldade na decodificação de palavras, frases, compreensão de textos,

na codificação, na elaboração de textos, substituições, inversões de

grafemas, sílabas ou mesmo palavras. Pode surgir antes da idade

escolar.

Os fatores etiológicos variam. Porém, na maioria dos casos o

componente auditivo e/ou visual está presente. Tais falhas não

equivalem necessariamente a um déficit, mas a uma falta de domínio nas

habilidades visuais e/ ou auditivas.

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4 ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA ÁREA ESCOLAR

E/OU EDUCACIONAL

Para Zorzi em publicação recente no CEFAC (2001), essa atuação

do Fonoaudiólogo não é educacional, ela é clínica, predominantemente.

È o conhecimento clínico voltado para atender problemas encontrados

dentro da escola. E pontua que obviamente o Fonoaudiólogo não fica

atuando terapeuticamente com cada aluno que apresentar dificuldades.

O Fonoaudiólogo irá atingi-los por meio de programas de

desenvolvimento de linguagem dos quais ele pode participar da

elaboração. E sua ação deverá beneficiar não só para aquele que

eventualmente possa ter um problema, mas para todos, ainda mais, suas

habilidades em linguagem oral e escrita.

Segundo Zorzi (1999), menciona que a atuação fonoaudiológica na

área educacional, objetiva não somente detectar as alterações da

linguagem oral e escrita, mas sim, de dar possibilidades para otimização

do desenvolvimento, ou seja, “criar condições favoráveis e eficazes para

que as capacidades de cada um possam ser exploradas ao máximo, não

no sentido de eliminar problemas, mas sim baseado na crença de que

determinadas situações e experiências possam facilitar e incrementar o

desenvolvimento e a aprendizagem”.

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Foi através da comunicação que o homem começou a transmitir e

interpretar sentimentos e pensamentos. Assim como interage com as

pessoas a sua volta, através da troca dessas interações e experiências que

lhe vai enriquecendo cada vez mais.

O processo de comunicação realiza-se à medida que a interação

criança-meio se aprofunda e que a linguagem se desenvolve. O ambiente

social e as condições de vida da criança desempenham papel importante

nesse processo, uma vez que a criança recebe do meio os mais variados

estímulos que vão promover o seu desenvolvimento.

É por ser a escola uma fonte riquíssima de estímulos, e

constantemente influindo na criança numa faixa de idade onde o seu

desenvolvimento está num crescente patamar, que damos um destaque

para a intercessão deste papel do fonoaudiólogo na escola.

A atuação desse profissional é ampla e de fundamental importância,

embora ainda pouco explorada, pois seu campo de trabalho nesta área é

ainda relativamente novo.

O compromisso de uma escola é o de dar a melhor educação

possível para cada criança. Para isso é necessário conhecê-la

integralmente, considerando cuidadosamente todos os seus aspectos

perceptuais e cognitivos.

Para que se execute um plano de trabalho, é fundamental que haja

coordenação e unidade no trabalho de toda uma equipe. É justamente

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nessa equipe que observamos a importância da participação do

Fonoaudiólogo.

Segundo Bitar (1991), relata que esses aspectos estarão subjacentes

à ação do profissional fonoaudiólogo que trabalham em Instituição

Educacional, de qualquer natureza, seja pré-escola, escola e creche.

I. Promoção do desenvolvimento da linguagem oral e escrita

audição e funções alimentares;

II. Proteção específica da linguagem oral e escrita, audição e funções

alimentares;

III. Detecção precoce dos distúrbios da comunicação e funções

alimentares;

IV. Formação dos agentes multiplicadores;

V. Orientar os pais quanto ao desenvolvimento normal e aos desvios

deste.

Segundo Pacheco & Caraça (1985), descreve que a atuação nesta

prática compreende 3 (três) funções:

I. Participação na equipe;

II. Triagem;

III. Terapia.

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I. Participação na equipe

A equipe escolar é normalmente formada pelos seguintes

profissionais: Orientador Educacional, Orientador Pedagógico,

Professor e Psicólogo. É a partir desta equipe que o Fonoaudiólogo irá

se integrar e participar como atuante, desempenhando papéis de Acessor

e Consultor.

Como Acessor, o fonoaudiólogo na escola deverá transmitir

conhecimentos específicos de sua área, para os demais profissionais

componentes da equipe atuante do planejamento anual. A função como

mediador destes conhecimentos pode ser realizada através de Programas

de Treinamento; Leituras; Cursos e/ou Palestras. Podendo abranger,

entre outros aspectos:

? Noções gerais de todo o processo de aquisição de linguagem na

criança normal, em todos os níveis: fonêmico, sintático e

semântico;

? Visão geral a respeito de problemas de linguagem que podem

ocorrer em crianças na fase pré-escolar e escolar, como: os

distúrbios articulatórios, distúrbios de leitura e escrita, gagueira,

problemas relacionados à voz;

? Relação entre os distúrbios da comunicação oral e dificuldades

de aprendizagem dentro do processo educacional.

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Estes são os aspectos mais freqüentes e abrangentes que podem ser

questionados e avaliados em uma equipe educacional, multidisciplinar.

Cabe ao Fonoaudiólogo investigar as reais necessidades do grupo a que

pertence e direcionar abordagens mais específicas atendendo-as dentro

das possibilidades do momento, além de oferecer sugestões técnicas aos

professores.

Sugere-se nesta prática a atuação diferenciada para classes pré-

escolares, alfabetização e turmas já alfabetizadas neste período de

aquisições de aprendizagem e desenvolvimento escolar.

A orientação às classes de alfabetização será sugerida à orientação

pedagógica para que reflita sobre a escolha do método a ser utilizado.

Como Consultor, o fonoaudiólogo deverá orientar os professores sobre

os problemas que forem detectados em “Triagens” ou em outras

situações de observação.

Para Léslie Piccolloto, cabe ao Fonoaudiólogo ainda, a participação

na Equipe Técnica:

a. Junto ao setor de Orientação Educacional

Nas palestras aos pais e professores fica a critério da direção da

escola diferenciar o público, quer seja para pais, específica para

professores ou ainda, palestra conjunta.

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Sugere-se em palestras alguns itens fundamentais, como:

? Definir a atuação da Fonoaudiologia:

? Detalhar os campos de atuação do Fonoaudiólogo;

? Diferenciar a Fonoaudiologia Escolar da Fonoaudiologia

Clínica;

? E elaborar um planejamento específico para as dificuldades

encontradas não só na aquisição da linguagem, como no

aprendizado da leitura e escrita; psicomotricidade;

comportamento emocional e ainda patologias observáveis

em crianças nessa fase da educação infantil, como a

gagueira, atraso da linguagem, distúrbios da articulação.

b. Junto ao setor de Orientação Pedagógica

Treinamento e orientação para professores a atuação do

Fonoaudiólogo junto ao setor de Orientação é, na verdade, um

assessoramento junto à equipe de direção a aos professores visando

perceber e acompanhar os momentos de descobertas e aquisições de

cada criança e do grupo em que ela está inserida. É nesse momento que

o Fonoaudiólogo entra com sua formação eclética e com técnica

adequada a todo esse processo de aquisição e desenvolvimento, no que

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se refere à participação na elaboração de apostilas para orientação dos

professores; participação na elaboração estrutura curricular; participação

no planejamento da área de linguagem oral e escrita e áreas correlatas

onde a audição e funções alimentares serão abordadas; participação na

indicação e elaboração do material didático; criando, implantando e

implementando programas educacionais.

Análise/Orientações e Encaminhamentos após as triagens da

Comunicação oral e escrita e conseqüentemente levantamento de dados

de cada criança e do grupo-classe, faz-se uma listagem das crianças que

apresentam dificuldades ou alterações relativas a cada testagem.

Previamente, deverá ser feita uma análise para sabermos se a dificuldade

é específica de determinada criança ou se abrange uma porcentagem

significativa perante a classe. Caso o segundo item prevaleça, é

necessário repassá-lo junto à Orientação pedagógica visando uma

análise pormenorizada do planejamento.

As orientações e/ou encaminhamentos aos pais deverão ser feitas

individualmente. É necessário frisar quanto ao encaminhamento e/ou

orientação, é a diferença de uma testagem e de uma avaliação. Isto

porque muitos pais, nesse momento, questionam e em algumas vezes

pressionam a obter dados maiores e mais precisos, que somente uma

avaliação pode fornecer.

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Como Administrador segundo, Profoe: “Programa de Profilaxia

Fonoaudiológica na Educação (1998)”, também pode desempenhar esta

função, através de trabalho em equipes multidisciplinares com o

objetivo de criar, implantar e implementar programas educacionais.

II. Triagem

A triagem é a avaliação aplicada na fase inicial da pré-escola,

onde a atuação fonoaudiológica se faz quase que individualmente, ou

seja, independente da equipe educacional. Piccolloto, subdivide em:

Triagem Comunicação oral é um teste de varredura (screening)

que pode ser aplicado individualmente e/ou através de observações em

sala aula, no início da fase pré-escolar. A fim de detectar possíveis

dificuldades ou alterações que possam de alguma maneira dificultar o

processo de aprendizagem. Observando também outros aspectos que são

pertinentes ao desenvolvimento: voz, respiração e arcadas.

Triagem da Comunicação gráfica ou escrita é feita através de

testes específicos e observações feitas em sala de aula com análise do

material de cada criança. Ressaltando que deve-se levar em conta o

método e/ou forma de alfabetização utilizado em cada escola.

A triagem é composta por uma bateria de testes, elaborados pelo

fonoaudiólogo, cujo objetivo na educação infantil, tem como enfoque a

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linguagem, a fala, a audibilização e a motricidade oral em seu aspecto

global.

Segundo Léslie Piccolloto (1991), o professor na Classe Pré-

Escolar é orientado no sentido de realizar em classe exercícios que

propiciem o desenvolvimento da audibilização (discriminação, memória

e análise e síntese auditiva), motricidade oral, fala e linguagem, em

todos os níveis, ou seja, sistema fonêmico, sintático e semântico.

É nesse momento que deve-se dar uma orientação aos professores,

pois eles, atuando diariamente e diretamente com estas crianças, têm

necessidades quanto às atitudes a serem seguidas.

Essas atividades têm um caráter lúdico e são realizadas no sentido

de estimular as crianças, criando situações, em classe, que propiciem o

desenvolvimento da linguagem oral espontânea e da criatividade através

de dramatizações, conversas e jogos.

Dependendo do método de alfabetização adotado pela escola,

deveremos ressaltar determinadas áreas que visem a preencher os pré-

requisitos estabelecidos para esse método de alfabetização.

Como também, o fonoaudiólogo já terá condições de orientar os

pais das crianças que apresentam problemas, e quanto às medidas a

serem tomadas.

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Léslie Piccolloto, subdivide em:

Início da Educação Infantil - o objetivo da triagem, sobre o ponto

de vista fonoaudiológico, é verificar como se encontra o

desenvolvimento da linguagem oral em todos os seus níveis, (fonêmico,

sintático e semântico) assim como audibilização e motricidade oral. Para

isso, é necessário que as crianças sejam testadas individualmente.

Fim do período da Educação Infantil - as crianças que

apresentaram problemas na etapa inicial da educação infantil,

principalmente nas áreas de audibilização e linguagem oral, devem

novamente ser testadas (triadas), certificar-se, se ainda persistem

desvios, para tais medidas e encaminhamentos. E continuar presente o

aspecto profilático, já ressaltado anteriormente. Levantando-se

precocemente as dificuldades da criança, podendo prevenir o surgimento

de dificuldades em novas etapas de aquisições em desenvolvimento.

III. Terapia

Na terapia é vedado ao fonoaudiólogo realizar atendimento

clínico / terapêutico dentro das escolas de ensino regular. Como

também, fornecer apenas “uma” indicação profissional, quando do

encaminhamento a um fonoaudiólogo.

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Nas Escolas Especiais o fonoaudiólogo poderá desenvolver todas as

funções acima relatadas, e no caso da necessidade de atendimento

clínico, na própria escola, esse deverá obedecer a horários e local

adequado para a terapia fonoaudiológica, segundo o Código de Ética

Profissional.

A Atuação Fonoaudiológica em escolas especiais, além de

desempenharem atividades desenvolvidas na escola comum, o

fonoaudiólogo terá que se preocupar com as particularidades da

população atendida, sugerindo técnicas que facilitem a alfabetização e

orientando os pais sobre as dificuldades específicas das crianças.

Encaminhamento

A atividade do fonoaudiólogo no contexto escolar propõe avaliar

crianças com queixa de algum distúrbio e sugerir atendimento dentro da

própria escola.

Devemos fazer uma distinção entre Escolas Especiais que se

caracterizam com instituições voltadas para a educação a atendimento

clínico de alunos com deficiências, “as crianças especiais” e à escolas

comuns, com objetivos unicamente pedagógicos.

Faz parte da proposta pedagógica em escolas especiais, o

atendimento, uma vez que sua clientela está caracterizada como uma

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clientela com necessidades especiais, é claro respeitando as normas e

horários escolares, proposto pela mesma.

A proposta às escolas comuns que têm como propósito educar,

ensinar e não tratar dentro da instituição. Convém ao profissional, ao

estar inserido no trabalho em escolas, quando ao detectar problemas na

fase do desenvolvimento da criança, ter a postura como convém a ética

profissional, de encaminhar o aluno para o atendimento fora do âmbito

escolar. A opção pode ser a indicação de clínicas ou centros de

atendimento que, embora possam vir a realizar um trabalho integrado

com a escola, do ponto de vista das necessidades do paciente, não

mantenha vínculos ou interesses comerciais com a mesma. Como já foi

esclarecida esta atuação objetiva triar, avaliar, encaminhar e intervir

como medidas de prevenção à saúde escolar. Porém, este deverá

acompanhar as avaliações e terapia fonoaudiológica, da própria escola,

visando desempenhar melhores condições à criança ao seu

acompanhamento a sua classe e detectar o mais precocemente o desvio,

para a sua reintegração, e as novas aquisições serem melhor assimiladas.

Segundo Sacaloski (2000), descreve que os objetivos desta atuação

sempre foram: Orientar professores, detectar alunos com dificuldades de

linguagem e orientar os pais.

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I. Orientar os professores em relação ao conteúdo trabalhado

em comunicação e expressão

É da competência do Fonoaudiólogo realizar trabalhos preventivos

para os professores e/ou educadores, como:

? Realizar um planejamento de trabalho de saúde vocal para

professores através de palestras sobre higiene vocal e treino

de impostação, visando a prevenção e melhoria dos padrões

de: voz, fala e linguagem;

? Propostas para uma melhor qualidade de ensino, orientando

para o conhecimento do desenvolvimento infantil, a fim do

desempenho qualificado e respostas satisfatórias,

principalmente nas áreas relacionadas ao aprendizado das

habilidades para a linguagem oral, leitura, escrita e cálculo.

II. Detectar alunos com dificuldades de linguagem e orientar

quanto ao seu acompanhamento

III. Orientar os pais quanto ao seu desenvolvimento normal e aos

desvios deste.

Este trabalho deve ser realizado através do planejamento integrado

a equipe escolar. O que se prioriza através dessa prática é um trabalho

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inicial nesta área para ser realizado através de palestras ou reuniões onde

são abordados temas relacionados à aquisição da linguagem e sua

evolução, a aspectos que possam interferir no processo de comunicação

ou temas mais específicos, relacionados a distúrbios da comunicação

como leitura, escrita, distúrbios articulatórios.

É importante também esclarecer os pais quanto à função do

fonoaudiólogo enquanto membro da equipe e equipe e enquanto

terapeuta, pois isto irá proporcionar-lhes condições de perceber, dentre

os problemas que as crianças possam apresentar, aqueles que sejam da

competência fonoaudiológica.

Porém, uma das atividades a que mais se destaca que devemos dar

é a da orientação direta aos pais de criança com problemas na área da

comunicação. É através deste contato que estabelecemos a relação pais-

profissionais, com o objetivo esclarecer e orientar as dificuldades

encontradas nestas crianças. Este trabalho é realizado individualmente,

pois tratará de problemas específicos de cada criança.

É da competência do Fonoaudiólogo realizar trabalhos preventivos

junto aos pais, como:

? Orientação aos pais quanto aos encaminhamentos e atividades que

poderiam ser realizadas em casa;

? Orientar aos pais quanto ao desenvolvimento normal e aos

desvios que possam vir a ocorrer;

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? Realizar palestras com os pais;

? Treinamentos, reciclagens;

? Reuniões periódicas com os professores e participação dos

fonoaudiólogos no planejamento anual.

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5 CONCLUSÃO

Conclui-se que a atuação da Fonoaudiologia na Pré-escola é de

fundamental importância para o educando. Proporciona condições

favoráveis para facilitar o desempenho escolar do aluno, atuando

preventivamente na área da linguagem e desenvolvendo o seu potencial

para novas conquistas. Ao contrário, da criança que não recebeu

educação pré-escolar, cabe ao professor antes de qualquer tentativa de

ensino, definir os tipos de testes de prontidão a realizar e estabelecer

metas caso persista o problema.

A intervenção é conseqüência de uma identificação dos sinais que

funcionam como alerta para alguma coisa de “errado” que está

acontecendo com a criança.

Vale ressaltar que a atuação de uma equipe multidisciplinar é

fundamental para o planejamento escolar, onde poderão ser discutidos

em reuniões freqüentes assuntos correlatos ao desempenho do educando.

Entretanto devem ser respeitados, a visão holística intervindo na

educação, e entender que essa realidade é nova e relativamente atual,

pela falta de conscientização. É necessária, mas não o é fundamental na

visão de educadores.

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PIAGET J., A Linguagem e o Pensamento da Criança. Rio de Janeiro.

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SANGUEDO, D.C., Ajude o seu filho a Falar Melhor. Ediouro, 1980.

SOUZA, Susana Bueno. A Fonoaudiologia no Âmbito Escolar: Um

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VIGOTSKY, L. S. – Pensamento e Linguagem, São Paulo, Martins

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ZORZI, Jaime Luiz. A Intervenção Fonoaudiológica nas alterações da

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ANEXOS

RESOLUÇÃO CFFa nº 232, de 1º de agosto de 1999.

"Dispõe sobre a atuação do Fonoaudiólogo em escolas e dá outras

providências”.

O Conselho Federal de Fonoaudiologia, no uso das atribuições

legais e regimentais,

Considerando a necessidade de normatizar a atuação do fonoaudiólogo

em escolas,

Considerando a necessidade de desencadear, em todos os setores

da escola, a consciência do valor do trabalho fonoaudiológico,

Considerando a necessidade de prevenir e orientar as alterações de

audição, linguagem, motricidade oral e voz em professores e alunos,

R E S O L V E:

Art. 1º - Cabe ao Fonoaudiólogo, na escola, transmitir

conhecimentos específicos da área para os indivíduos envolvidos no

processo de desenvolvimento da criança, o que poderá ser feito em

palestras, orientações e estudo de casos, da seguinte forma:

Prestando consultoria e assessoria, através de esclarecimentos aos

professores e equipe técnica, no que diz respeito aos problemas

fonoaudiológicos;

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realizando triagens fonoaudiológicas nos aspectos da audição,

linguagem, motricidade oral e voz;

Realizando devolutiva e orientação aos pais, professores e equipe

técnica da escola, nos aspectos da audição, linguagem, motricidade oral

e voz;

Orientando os professores quanto à estimulação de linguagem em

sala de aula;

Realizando pesquisas, através de levantamentos de dados

fonoaudiológicos quantitativos e qualitativos, e orientando sobre as

condições favoráveis que o ambiente físico deve ter para promover o

que processo de aprendizagem.

Art. 2º - Cabe ao Fonoaudiólogo orientar o professor e o aluno

sobre o uso adequado da voz e criar situações que evitem o abuso vocal,

e desenvolver programas de treinamento vocal, assim como técnicas de

apresentação.

Art. 3º - É vedado ao fonoaudiólogo realizar atendimento

clínico/terapêutico dentro das escolas de ensino regular.

Art. 4º - É vedado ao fonoaudiólogo fornecer apenas uma

indicação profissional, quando do encaminhamento a um fonoaudiólogo.

Art. 5º - Nas escolas especiais o fonoaudiólogo poderá

desenvolver todas as funções acima relatadas, e no caso da necessidade

de atendimento clínico, na própria escola, esse deverá obedecer a

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horários e local adequados para a terapia fonoaudiológica, conforme o

Código de Ética Profissional.

Art. 6º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua

publicação no Diário Oficial da União, revogadas todas as disposições

em contrário.

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DADOS PESSOAIS

Nome:______________________________________________________________

Data do Nascimento:_______________________ Cor: _______________________

Nacionalidade:____________________________ Naturalidade:________________

Escola:______________________________________________________________

Série:_____________________________ Turma: ___________ Turno:__________

Filiação:_____________________________________________________________

Endereço:___________________________________________________________

Bairro:___________________________________ Telefone:___________________

Responsável:_________________________________________________________

Q.P.:_______________________________________________________________

Encaminhado por:_____________________________________________________

Triagem Fonoaudiológica

1 – Linguagem Oral: ? conversa informal: ____________________________________________________________________ ? leitura: ____________________________________________________________________ ? articulação:

/p / / b / / m / / t / / d / / n / / f / / v /

/ k / / g / / R / / s / / z / / l / / r / / ? / / ? / / ? / / s/ / pr / / Kr / / tr / / pl / / gl / / tl / / aR / / oR/ / as / / is /

? voz: ____________________________________________________________________ Obs: ____________________________________________________________________ 2 – Linguagem Escrita: ? desenho: ____________________________________________________________________ ? ditado: ____________________________________________________________________ ? escrita espontânea: ____________________________________________________________________ Obs: ____________________________________________________________________

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3 – Psicomotricidade: ? Equilíbrio estático: - pés juntos ( ) olhos abertos olhos fechados - pé só ( ) - fazer o 4 ( ) ? Equilíbrio dinâmico: - pé só: - salto: - marcha: ? Coordenação geral / coordenação fina: ? Lateralidade: - mão: - pé: - ouvido: - olho: obs: ________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4 – Comportamento: ________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5 – Orientação do responsável: ________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6 – Encaminhamento: ________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7– Síntese: ________________________________________________________________________________________________________________________________________ Data da Triagem: Organizado pela Fonoaudióloga: Maria Regina Gonçalves Martins