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高山流水觅知音 Gaoshan Liushui: Música, poesia e amizade 谢飞,大师中的大师 Xie Fei, o mestre dos mestres 老北京的百老汇 Ópera na Pequim antiga INSTITUTO CONFÚCIO 06 ISSN: 2095-7769 CN10-1186/C | 总第17期| Volume 17 | 双月刊 | Bimestral Novembro 2016 2016年11月 Versão chinês-português 中葡文对照版

INSTITUTO - cim.chinesecio.com · Editores: Luís Antonio Paulino, Amilton Reis, Jayme Mar ns, Li Xiangkun, Cai Jing, Tu Yuanyuan, Sun Ying, Gao Yanqun, Zhou Buwei, Liu Yanna

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高山流水觅知音Gaoshan Liushui: Música, poesia e amizade

谢飞,大师中的大师Xie Fei, o mestre dos mestres

老北京的百老汇Ópera na Pequim antiga

INSTITUTO CONFÚCIO 06ISSN: 2095-7769 CN10-1186/C | 总第17期| Volume 17 | 双月刊 | Bimestral Novembro 2016

2016年11月

Versão chinês-português

中葡文对照版

Instituto Confúcio Volume 17 Nº 6 Novembro, 2016

INSTITUTO CONFÚCIO孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期

文化博览06 高山流水觅知音

说古论今18 老北京的百老汇

漫步中国30 说不尽的北京

美食有道44 中国最受欢迎的街头小吃

本期人物56 大师中的大师

所见所闻66 上海进行时

中国诗词70 柳宗元 :江雪

72 孔院风采

78 信息发布

目录

Direção: Ministério da Educação da República Popular da ChinaProdução: Hanban (Matriz do Ins� tuto Confúcio)Publicação: Departamento Editorial de I�������� C�������Em parceria com: Ins� tuto Confúcio na Unesp

Consultor Especial: Aldo RebeloEditora-chefe: Ma JianfeiEditores-chefes Adjuntos: Jing Wei, Xia JianhuiEditor: Fan DingEditora Adjunta: Cheng Ye

Conselho Editorial: Julio Cezar Durigan, Luís Antonio Paulino, Jézio Hernani Bomfi m Gu� erre, Marcos Cordeiro Pires, Cai Lei, Durval de Noronha Goyos Junior

Editores: Luís Antonio Paulino, Amilton Reis, Jayme Mar� ns, Li Xiangkun, Cai Jing, Tu Yuanyuan, Sun Ying, Gao Yanqun, Zhou Buwei, Liu Yanna

Jornalista responsável: Maria Fígaro – MTb 25.888-SPTradução: Yu ZhimingRevisão: Amilton Reis, Sun Lidong, Janaina RossiDesigner: Maria Fígaro Direção de arte: You TeDistribuição: Thiago Fernandes Produção gráfi ca: Editora Unesp

ISSN: 2095-7769CN: 10-1186/CPreço: RMB 16/ US$ 5.99/ € 5 / R$ 12,00

Endereço: 129 Deshengmenwai Street – Xicheng District – Beijing – China Código postal: 100088Telefone: +86 010-5859-5915E-mail: [email protected]: www.cim.chinesecio.com

Ins� tuto Confúcio na Unesp: Rua Dom Luís Lasanha, 400 – Ipiranga – São Paulo – SP – BrasilCEP 04266-030Telefone: +55 11-2066-5950Site: www.ins� tutoconfucio.unesp.br E-mail: revista@ins� tutoconfucio.unesp.brCaligrafi a do cabeçalho em chinês: Ouyang Zhongshi

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06

ISSN: 2095-7769 | 11/2016 | 总第17期 | Volume 17 | 双月刊 | Bimestral

中葡文对照版 | Versão chinês-português

主管 中华人民共和国教育部

主办 孔子学院总部/国家汉办

编辑出版 《孔子学院》编辑部

本期协办 巴西圣保罗州立大学孔子学院

特别顾问 阿尔多·雷贝洛 总编辑 马箭飞

副总编 静炜 夏建辉 主编 樊钉

副主编 程也

编委 Julio Cezar Durigan, Luís Antonio Paulino, Jézio Hernani Bomfi m Gu� erre, Marcos Cordeiro Pires, 蔡蕾,Durval de Noronha Goyos Junior

编辑 Luís Antonio Paulino, Amilton Reis, Jayme Mar� ns, 李祥坤 蔡靖 屠芫芫 孙颖 高燕群 周步巍 刘砚娜

当地注册记者 Maria Fígaro – MTb 25.888-SP翻译 余知名 校对 Amilton Reis, 孙立冬,Janaina Rossi美术设计 Maria Fígaro 艺术总监 尤特 发行 Thiago Fernandes 印刷 圣保罗州立大学出版社

国际连续出版号 ISSN: 2095-7769国内统一刊号 CN10-1186/C定价 RMB 16/ US$ 5.99/ € 5 / R$ 12,00

编辑部地址 中国北京西城区德胜门外大街129号邮政编码 100088 电话 +86 010-5859-5915 邮箱地址 [email protected] 网站 www.cim.chinesecio.com

圣保罗州立大学孔子学院地址 Rua Dom Luís Lasanha, 400 – Ipiranga São Paulo – SP – Brasil 邮编 04266-030 电话 +55 11-2066-5950 网站 www.ins� tutoconfucio.unesp.br投稿电子邮箱 revista@ins� tutoconfucio.unesp.br 中文刊名题字 欧阳中石

Colaboradores desta edição本期特约撰稿人

Thiago Minami记者,美食达人,关于亚洲美食的博主。曾旅居日本多年,

并游历亚洲多国,对亚洲美食有深入了解。

Jornalista, interessado em gastronomia e autor de um blog so-bre comida asiática, que conheceu de perto quando morou no Japão e viajou por diversos países da Ásia.

Janaina Rossi Moreira翻译、作家、演员,大学主攻文学和舞台艺术。曾在希腊驻

巴西使馆担任大使特别助理和翻译。

Tradutora, escritora e atriz de teatro, formada em Letras e Ar-tes Cênicas. Foi assessora especial e tradutora da Embaixada da Grécia em Brasília.

里卡多• 波图加尔 Ricardo Portugal外交家、作家。曾在巴西驻华使馆和总领馆工作。出版有八

本诗歌集,其作品还被收录于一些文集当中。

Escritor e diplomata, trabalhou na Embaixada e em Consu-lados do Brasil na China. É autor de oito livros de poemas e participou de antologias.

谭笑 Tan Xiao广州大学语言学硕士,曾担任巴西驻华使馆翻译。

Mestre em Linguística pela Universidade de Cantão, foi intér-prete da Embaixada do Brasil em Pequim.

Janaína Camara da Silveira记者,曾于2007至2013年在北京居住,其间供职于新华

社并创办了 Radar China,是《北京,上海精华指南》一

书的作者。

É jornalista e viveu em Pequim de 2007 a 2013, onde trabalhou na agência Xinhua e fundou o Radar China. É autora do Guia China - O Melhor de Pequim e Xangai

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期4

Todos os conteúdos exibidos em INSTITUTO CONFÚCIO, bem como os respectivos direi-tos autorais e de uso são protegidos por lei. Os autores dos artigos e reportagens aceitos como colaboração transferem à revista os direitos autorais de edição, reprodução, distri-buição, adaptação, compilação, tradução e disseminação em redes e/ou plataformas di-gitais (excetuados os direitos de assinatura e de integridade da obra) em todo o mundo. Nenhum conteúdo pode ser reproduzido sem prévia autorização. Caso o autor não seja comunicado, em até 5 dias úteis após a confi rmação de recebimento de seu texto, de que este será publicado, poderá dispor dele livremente. Pede-se aos colaboradores que evitem enviar várias vezes a mesma contribuição.

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品多语种修改权、复制权、发行权、改编权、汇编权、翻译权和信息网络传播权及电

子数码产品版权等著作权(署名权、保护作品完整权除外)在全球范围内转让给《孔

子学院》编辑部。未经许可,任何个人及媒体不得转载。所投稿件自编辑部确认收到

后,5个工作日内未接到用稿通知,作者可自行处理,请勿一稿多投。

CULTURA06 Música, poesia e amizade

PASSADO PRESENTE18 Broadway da Pequim antiga

VIAGEM30 Pequim, cidade infinita

GASTRONOMIA44 As comidinhas de rua mais amadas da China

PERSONALIDADE56 O mestre dos mestres

EXPERIÊNCIA66 Algo está acontecendo em Xangai

POESIA70 Liu Zongyuan: "Neve no rio"

72 NOTÍCIAS

78 INFORMAÇÃO

ÍNDICE

Instituto Confúcio Volume 17 Nº 6 Novembro, 2016

INSTITUTO CONFÚCIO孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期

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CULTURA

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高山流水觅知音

通过既轻松又精致的表

演,“高山流水”乐队与巴

西华人社团内外的听众们

建立起了密切的联系。中

国传统曲目经过他们的配

器和演绎,让观众们惊叹

音乐之无国界。

Música, poesiae amizade

Em suas performances descontra-ídas e bem cuidadas, o Ensemble Gaoshan Liushui vem construindo íntima relação com o público den-tro e fora da comunidade sino--brasileira. Com arranjos autorais e algumas composições próprias para a música chinesa tradicio-nal, surpreende ao criar uma arte sem fronteiras

文/Por Janaina Rossi Moreira

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期8

相传,中国古代有一位知名琴师叫

俞伯牙。一天,在山野之中的伯

牙灵感被触发,便抚琴曲一首,

忽听有人赞叹道“巍巍乎若泰山!”。发出

感慨的人是樵夫钟子期,他敏锐地捕捉到

了琴曲的意境。当伯牙想着流水拨弄琴弦

时,钟子期又说“汤汤乎志在流水”。就在

这“高山”与“流水”的对话当中,伯牙发

现站在面前的是他真正的“知音”,不需任

何解释便能理解他的音乐,伯牙惊叹道:“善

哉,子之心而与吾心同。”

这就是自公元前 3 世纪流传至今的“高

山流水”的典故,代表相知可贵的友谊。

由此引申而来的“知音”一词也成为好友间

互知心思的同义语。自古以来,知音难觅,

然而艺术搭建起的桥梁却让众多的知音走

到了一起。

中国音乐在圣保罗

美丽的传说,经典的旋律和耳熟能

详的典故跨越了数个世纪和千万里的距离,

融入到了一群不同背景、年龄和经历的人

们当中,五位音乐家共同组建了巴西第一支

中国民乐乐队——高山流水。

作曲家、大学教授安德烈·里贝罗深

爱中国文化。2010 年,作为业余爱好,他

开始了对中国传统音乐的尝试,与自己的学

生组成二人乐队,在功夫表演中场休息时

演奏中国音乐。观众中常有一位听得如痴

如醉的小伙子,他叫阿尔弗莱多·雷森德,

是位小提琴手及古希腊文化的爱好者。一

来二去,他在 2012 年的时候加入了安德烈

的乐队,当时已经有了另外一位成员,名叫

内尔逊·林,他是乐队里的唯一一位华裔,

钢琴师、记者、政治学硕士。内尔逊邀来

了自己的朋友辛西娅·晴美,艺术教师、单

簧管乐手。最后,在巴西国内外颇有名气的

女高音歌唱家玛丽莉亚·瓦加斯也成为了乐

队的一员。

在探索中国民乐的路上,四位乐手最

初完全是靠自学,通过大量的阅读,利用

网络做研究,以及长时间的学习和实践来

掌握中国传统乐器。他们把自己熟悉的钢

琴、吉他、乌德琴、小提琴、单簧管等西

方乐器的技巧融入到扬琴、古琴、二胡、

中阮、笛子和萧(见附表)的演奏当中。

后来,部分团员也开始跟老师正式学习。

渐渐地,他们成为了发现中国音乐之路上

的同道人,团员之间、团员与观众之间也

出现了新的互动。无论在看他们表演还是

在与他们交流的过程当中,几个人之间的

和谐与融洽溢于言表。安德烈承认一个乐

队的人际关系往往比较复杂,但是“高山

流水”乐队以平等的横向关系替代了从属

关系,每个成员都有发言权和决定权。也

正是由于这个原因,乐队很快经历了最初

的磨合期,在每个成员自然而然的参与下,

开启了一段真正的创作之旅。这种理想的

模式其实是非常难得的,在充满坎坷的实

践道路上,他们呈现出高水平、既好听又

好看的作品,而且让所有人乐在其中。

在观看了“高山流水”的一场演出后,

我们采访了乐队的成员。在交谈的过程中,

我们发现事先准备的提问清单基本没派上

在探索中国民乐的

路上,四位乐手完

全是靠自学,通过

阅读、研究和长时

间的实践来掌握中

国传统乐器。

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用场,所有的问题都在聊天当中水到渠成

地被回答了,执着于既定的脚本,反而会

限制我们对这只乐队的成员及其作品的认

识 :他们几个真的是在艺术上志同道合的

“知音”!

最完整的演绎

乐队的表演辅以对乐器及曲目的解

释,让人有一种“开放式排练”之感,观

众与 艺 术 家共同分享发现 之 旅。 没 错,

那真的是一种“发现”。五位音乐人对中

国民乐都有着灵敏的听觉,他们通过自己

的演出培养观众群体,并从他们那里直

接获得反馈。“开放式排练”绝不等同于

态度疏忽或水平业余,所有的曲目都是经

过用心创作和精心编排的。表演时,乐

队成员们都身着中式传统服装,跟观众

的对话和讲解也都是特意设计过的。“我

们很清楚自己在每种乐器上的局限性,”

安德烈解释道,“但在对自己能力了解的

基础上,我们逐渐拓展资源,从面对的

困难当中发掘音乐潜在的表现力。”阿尔

弗莱多对此表示赞同,他补充说 :“同一

种乐器有无数种演奏技巧,即便是大师

可能也无法了解全部,而只能是对其中的

某种或某些技法有所偏好。这就跟绘画

一样 :每个画家都有其独具特色的笔触,

他会选取某种色调、形状或光影来把它

们发挥到极致。”

成员们不同的个性为创作带来了活力。

安德烈理论能力强,钻研的精神和精益求

精的态度使他承担起在从秦汉以来浩如烟

海的中国音乐中选取“理想曲目”的重任。

阿尔弗莱多坦承自己做不来这些,但他给

乐队带来了自己室内乐演奏的丰富经验和训

练有素的耳力。内尔逊则十分务实,新的

想法一出现就会急于在乐器上去尝试。除

了参与整个的创作过程外,辛西娅还会提

供在音乐教育上的建议。玛丽莉亚则带来

声乐方面的见解,特别是她在中国的授课

和学习经验。

那么,曲目选择及配器设计到底采用

了哪些艺术标准呢?辛西娅特别强调了每

个团员的直觉和个人喜好的重要性,以及

队友们的反馈 :“有时,我会把自己看到的

好东西跟队友分享,这可能会激发某人的

灵感,我们就一起进行尝试。别人也许会

再分享一段听过的旋律,一切就是这样逐

渐成形的。”笛子手辛西娅对乐队取得的

成功及达到的规模表示惊讶,她认为这都

源于最初的无心插柳 :“我们首先是一群

喜欢共同做音乐的朋友,排练不是任务,

而是乐趣。”

受巴西欢迎的中国音乐

中国传统音乐被没有东方渊源也无特

别喜好的普通巴西民众所接受,这对成立

五年的“高山流水”乐队来说也是始料未

及的。“我没想到巴西听众会在事先没有任

何接触的情况下,喜欢我们的音乐。”阿尔

弗莱多说,“这不仅是在文化多元的圣保罗,

在巴西内地城市也是如此。”一次在巴西东

北部的马拉尼昂州参加“阿尔坎特拉音乐

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节”表演后,乐队就在街上被观众认了出

来。玛丽莉亚认为这一部分是巴西人好奇

的天性使然,他们通常对外来文化有较高

的接受度。不过,她也指出“中国音乐的

旋律优美,会给人带来内心的宁静,所以

吸引了众多听众”。

当然,每个人对音乐的欣赏喜好并不

尽相同。一位中国同事在听到“高山流水”

演奏的一首中国摇篮曲时十分激动,但他

认为乐队的演绎听起来感觉有点“西化”。

而乐队的成员也往往能猜得出,那些从未

听过中国传统音乐的观众们最喜爱的会是

哪首曲目。阿尔弗莱多解释说 :“根据中国

音乐的特点和我们各自的器乐专长,我们

会在一个非常宽泛的曲目编排中,按照不

同的听众进行选择。”

乐队并不会刻板地墨守陈规,毕竟中

国古代没有固定的记谱方式,流传下来的

所谓“经典曲目”其实也是在成形过程中

被不断地增删和改编。中国幅员辽阔,拥

有 50 多个少数民族,历史上与“丝绸之路”

沿途各国的往来极为频繁,不少中国的传

统乐器其实起源于他乡。在对外来元素兼

收并蓄这一点上,中国文化与巴西文化十分

相似。

以邀约作结

与您分享“高山流水”美妙音乐的欣

喜发现,实在是一件令人津津乐道的事情。

不过,最好的方式还是请您有机会去现场

观看一次他们的演出吧,说不定您也可以

成为他们的知音……

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期12

Conta-se que viveu na China, num passado remoto, um exímio tocador de guqin chamado 俞伯牙 Yu Boya.

Certo dia, longe da cidade, pôs-se a tocar uma melodia inspirado pela grandeza das montanhas. Nessa hora ouviu a voz de um homem: “Que altaneiro! Igual ao Monte Tai!” Era o lenhador 钟子期 Zhong Ziqi, cuja sensi-bilidade infalível o fazia entender de imediato a intenção da música de Boya. Quando este tangia o instrumento com a mente nas águas fluindo, dizia o lenhador: “Admirável! Cau-daloso como os grandes rios!”. E assim, con-versando sobre altas montanhas (gao shan) e águas correntes (liu shui), Boya percebeu que estava diante de alguém que, sem precisar de explicações, entendia sua música e reconhe-

cia seu valor, e exclamou: “Teu coração e o meu são um só”.

A expressão 高山流水 gāoshān liúshuĭ (altas montanhas e águas correntes), nascida desse relato do século III a.C., passou a de-signar a amizade ideal, e o termo 知音 zhīyīn (aquele que conhece a tua música) virou sinônimo de amigos que se entendem de for-ma plena e natural. São raros, mas tanto hoje como na Antiguidade, continuam se encon-trando por meio da arte.

Música chinesa em São PauloA lenda, as melodias e as expressões

viajaram vários séculos e mais de 15 mil qui-lômetros para mergulhar num caldeirão de

Instituto Confúcio | Volume 17, Nº 6 | NOVEMBRO, 2016 13

pessoas de formações, idades e experiências variadas. Cinco músicos se uniram para for-mar o primeiro grupo de música chinesa no Brasil: o Ensemble Gaoshan Liushui.

André Ribeiro, compositor e professor universitário, é apaixonado por cultura chi-nesa. Em 2010, de maneira um tanto diletan-te, começou a se aventurar pela música tradi-cional daquele país. Apresentava-se em duo com um aluno no intervalo de apresentações de kung fu. O violonista e helenista Alfredo Rezende assistia às performances musicais maravilhado. Ainda não desconfiava que o mundo nem giraria muito para que, em 2012, fosse convidado a tocar com André. E com Nelson Lin, o único de ascendência chinesa entre os componentes. Além de pianista, Nelson é jornalista e mestre em Ciências Po-líticas. Trouxe a amiga Cíntia Harumi, arte--educadora e clarinetista. Por fim, Marília Vargas, soprano de carreira consolidada no Brasil e no exterior, veio juntar-se ao grupo.

Em matéria de música chinesa, os quatro instrumentistas começaram como verdadeiros autodidatas, valendo-se de mui-ta leitura, pesquisa na internet e, acima de tudo, reservando boa parte do tempo a um intenso estudo prático com os instrumentos típicos. Assim, foram buscando adaptar as técnicas do piano, violão, alaúde, violino, clarinete etc. para o yangqin, o guqin, o erhu, o zhongruan e as flautas dizi e xiao (veja qua-dro). Mais tarde, alguns deles começaram a ter aulas com professores particulares. Tudo com muito prazer, na própria descoberta e no convívio, não só com os instrumentos, mas uns com os outros. E, em seguida, com o público. É fácil perceber, seja assistindo à apresentação, seja durante a conversa com os integrantes, que a harmonia impera entre os músicos. André reconhece que a dinâmica de um grupo é complicada, mas que no caso do Gaoshan os pressupostos hierárquicos logo se dissolveram, dando lugar a relações hori-zontais, em que todos têm voz e poder de de-cisão. Foi aí que tudo começou a se encaixar, num processo de criação verdadeiramente participativo, com cada um contribuindo para cada projeto de maneira natural e orgâ-

nica. Caso raro em que essa verdadeira uto-pia, cheia de armadilhas na prática, resulta num trabalho coeso, bonito de se ver e ouvir, e na evidente alegria de todos os envolvidos.

Fomos assistir a um concerto do grupo, que em seguida nos concederia uma entre-vista. Preparamos a lista de perguntas, logo deixada de lado, porque tudo acabou sendo respondido no próprio f luxo da conversa. E focar apenas nas perguntas transmitiria uma impressão limitada da experiência que foi o encontro com o trabalho e as pessoas do Gaoshan. Testemunhávamos, afinal, a arte e a relação de um grupo de verdadeiros zhiyin.

A mais completa traduçãoA apresentação é pontuada de esclareci-

mentos e curiosidades sobre os instrumentos e as peças apresentadas, com um quê de “ensaio aberto”, em que artistas e público partilham a descoberta. Isso mesmo: desco-berta. Todos os cinco têm o ouvido propenso à musicalidade chinesa. E atribuem à confi-guração de seus concertos uma relação direta com a recepção do trabalho e a formação de público. O tal “quê de ensaio aberto” de maneira alguma implica descuido ou ama-dorismo. Tudo é muito cuidado e trabalhado antes de entrar para o repertório, os artistas se apresentam em trajes típicos e a postura sobre o que é dito e contado é conscienciosa. “Sabemos de nossas limitações em relação a cada instrumento”, explica André. “Tendo certeza do que podemos fazer, vamos, pouco a pouco, abrindo o leque de recursos, poten-cializando a expressividade a partir de nos-sas próprias dificuldades”. Alfredo concorda, e acrescenta: “Um único instrumento tem inúmeros gestos, e talvez nem todo mestre conheça todos eles. O mais provável é que cada um tenha o(s) seu(s) favorito(s), como acontece da pintura. Todo artista acaba de-senvolvendo seu tipo de traço, e elege a cor, a forma, ou a luz para explorar a fundo.”

As personalidades diversas contribuem para a dinâmica do trabalho. André tem o apuro teórico, o gosto pela pesquisa e pela

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期14

minúcia, sendo capaz de empreender uma verdadeira “missão pela peça ideal” até encontrá-la, no imenso corpus disponível de um repertório que cobre da dinastia Qin (séc. III a.C.) aos nossos dias. Coisa de que Alfredo se diz incapaz, embora seja reconhecido por trazer de sua experiência com a música de câmara o ouvido treinado para a prática de conjunto. Enquanto isso, Nelson, extremamente prático, já começa a experimentar com os instrumentos ideias recém-formuladas. Cíntia, além de partici-par de todo o processo criativo, contribuiu com sugestões relacionadas ao universo da educação, e Marília traz a vivência do can-to, sobretudo suas experiências de ensino e aprendizagem na China.

Quais seriam, por exemplo, os crité-rios artísticos para a escolha do repertó-rio, a feitura dos arranjos? É Cíntia quem ressalta a importância da intuição e do gosto de cada um, além da receptividade dos colegas: “Às vezes, estou lendo algu-ma coisa que me chama atenção, e mostro aos outros. Logo alguém tem uma ideia. Experimentamos. Outro traz alguma coi-sa que ouviu, e assim tudo vai tomando forma”. A f lautista se diz surpreendida pelo sucesso e pelo tamanho que o grupo atingiu, o que atribui à despretensão ini-cial. “Somos, antes de tudo, amigos, que gostam de estar juntos, de fazer música juntos. O ensaio não é obrigação, é pra-zer”, ela diz.

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Quando música chinesa “dá samba”

A surpreendente aceitação do público brasileiro – sem ascendência oriental ou interesse específico – é um dos fatos que mais causam admiração aos integrantes do Gaoshan Liushui nesses quase cinco anos de estrada. “Eu não esperava que fôssemos agradar tanto à sensibilidade brasileira, sem nenhum tipo de acomodação prévia a essa sonoridade”, diz Alfredo, “e não falo só de São Paulo, que é uma cidade onde as mais diversas culturas convivem intensa-mente, mas também do interior do estado, por exemplo.” Convidados a se apresentar no Festival de Alcântara, no Maranhão, chegaram a ser parados na rua por pessoas que haviam assistido ao concerto. Marília atribui parte desse interesse à curiosidade do brasileiro, em geral um povo bastante permeável a outras culturas. Porém, ela faz questão de ressaltar que “a música chi-nesa pode ser muito melódica, e seus sons inspiram uma tranquilidade que atrai as pessoas.”

É claro que há diferenças na aprecia-ção. Um colega chinês se emocionou com a execução de uma canção de ninar, mas achou um tanto “ocidentalizada” a versão de uma das canções mais conhecidas. Ao passo que foi muito fácil para o grupo adivinhar a música favorita de quem até então nunca tinha visto um concerto de música chinesa. É Alfredo quem explica melhor a postura dos artistas em relação a isso: “Nós trabalhamos em cima de um espectro de orquestração que é próprio da música chinesa e do nosso tipo de formação instrumental. Mas podemos sim escolher, dentro desse espectro, regiões que agradem mais a um ou outro público”.

Não há preocupação excessiva com pu-rismos, mesmo porque não havia, na China, uma prática disseminada de notação musical. O repertório dito canônico acabou receben-do acréscimos e alterações ao longo de todo o seu processo de consolidação. A China é um país imenso, com a presença de mais de 50 etnias, e suas relações com países da antiga Roda da Seda foram muito intensas. Alguns dos instrumentos tradicionalmente conheci-dos como chineses podem ter sua origem em outro lugar. A cultura chinesa sempre incor-porou e recombinou elementos diversos, no que se assemelha muito à do Brasil.

Últimas palavras e um conviteÉ difícil conter o impulso de continuar

falando, páginas a fio, sobre a gostosa des-coberta do som que o Ensemble faz, mas o melhor que se pode fazer é o convite: assim que tiver oportunidade, não deixe de conferir ao menos uma de suas apresentações ao vivo. Talvez você também seja um zhi yin, e aí já vai ter entendido tudo.

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“高山流水”

Acesse para conhecer mais

Em matéria de música chinesa, os quatro instrumentistas começaram como verdadeiros autodidatas, reservando boa parte do tempo a um intenso estudo prático com os instrumentos típicos

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A formação instrumental do Ensemble Gaoshan Liushui tem como base um tipo de grupo folclórico chamado “seda e bam-bu”. A designação diz respeito a uma das mais antigas propostas de classifi cação dos instrumentos utilizados na música chinesa: 八音 bāyīn (oito sons). Ela se baseia nos oito materiais essenciais à produção de instrumentos: metal, pedra, seda (cordas), bam-bu, cabaça, argila, pele e madeira. Conheça alguns instrumen-tos usados pelo grupo:

扬琴 yángqín cítara de martelo

“高山流水”使用的乐器以丝竹

为主,所谓“丝竹”源自于中国

按照材料对传统乐器进行的分

类,即“八音”:金(金属)、

石、丝、竹、匏、土、革、木。

让我们来认识一下乐队所使用的

几种乐器吧:

丝竹 SEDA E BAMBU

丝 Seda

扬琴琴体为木质,并常饰有

木雕图案,演奏者用两片琴竹击打

琴弦发声,与音捶敲击钢琴琴弦发

出声音的原理有异曲同工之妙。对

西方人来说,这是一种木琴与齐特

琴的混合体,据称是通过丝绸之路

传入中国的。在乐队中,这个乐器

由内尔逊演奏,即可伴奏也可独

奏,他偶尔还会用手指或琴竹拨弄

琴弦,以获得不同的音色。

Imagine uma mistura de marimba e cítara. É o 扬琴 yán-gqín, que também é chamado, entre os entendidos, de “saltério chinês” ou “cítara de martelo”. Dois martelos de bambu – bem semelhantes aos que acionam as

cordas internas do piano quando tocamos suas teclas – são usados para percutir as cordas desse belo instrumento. Belo tanto no som quanto no visual, pois costuma ser enfeitado com motivos escul-pidos em madeira. É Nelson quem

toca esse instrumento cromático, usado tanto para acompanha-mento quanto para música solo, e que chegou à China pela Rota da Seda. Nelson às vezes usa o cabo do martelo, ou os dedos, para ob-ter texturas sonoras diferentes.

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二胡 èrhú violino de espiga

阿尔弗莱多演奏的乐器叫二胡,也被西方称为“中国小提琴”,不过它看起来并不像小提琴,而更像从某种中亚地区的乐器演变而来。二胡外观简洁,不过是由一把琴杆,两条琴弦和一把琴弓组成,但是其音色明亮,极富表现力,可伴奏亦可独奏。

Alfredo toca o 二胡 èrhú. Também chamado de “violino chinês”, não se parece com um violino e descende de instrumentos da Ásia Central. O som é lindíssimo e muito expressivo, o que surpreende, graças à aparência singela do instrumento – basicamente uma haste, duas cordas e um arco preso entre elas. É usado tanto em solos como em conjunto.

中阮 zhōngruăn alaúde

安德烈还演奏一把真正的中国乐器:中阮。相传阮起源于秦汉年间,古时被称作“秦琵琶”,二十世纪时经过改良,发展成阮族乐器。其音色柔和优美,外形雅观,两个镂空的音孔让琴面看起来像个圆圆的笑脸。

André também toca um tipo de alaúde genuinamente chinês, o 中阮 zhōngruăn. Criado durante a dinastia Qin, possui timbre su-ave. Antigamente conhecido como qin pipa, por ser muito próximo a um alaúde chinês chamado pipa, acabou ganhando sua própria família no século XX. Mais um instrumento de feitio muito gracioso, a depender do formato de suas duas aberturas parece um redondo rosto sorridente.

对于“高山流水”的成员挑战最大的是古琴,也就是传说中伯牙所使用的乐器。古琴的历史可以追溯到五千年前,与儒家关系密切,被认为是中国古代文人必备的修养之一。古琴七弦,音色悠远,音域可跨四个八度。乐队中主要由安德烈演奏古琴。

Grande desafi o para os integrantes do Gaoshan Liushui, o 古琴 gǔqín é tradicionalmente um instrumento solo. É a cítara de nosso já conhecido Boya, composta de sete cordas e também chamada, simples-mente, de qin. Muito associada à fi gura de Confúcio, é � da como ins-trumento dos letrados e tem mais de 50 séculos de história. Refi nada e su� l, tem um alcance de cerca de quatro oitavas. É André o encarregado de tocá-la.

古琴 gŭqín cítara

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期18

笛子 dízi fl auta

辛西娅对笛子做了一些调整,使用米纸做的笛膜让音色更加甜美。笛子通常由竹子制成,在乐队和戏曲表演中被普遍使用。有意思的是每种笛子都有自己的音阶,因此需要12根笛子才能覆盖所有的音阶。

Cíntia fez algumas adaptações para tornar mais doce o timbre das fl autas 笛子 dízi, cuja particularidade é a mem-brana feita de papel de arroz que lhes confere a ressonância característica. Feitas de bambu, são muito usadas também na ópera e nas formações orquestrais. O curioso é que cada uma das fl autas possui a sua escala, sendo necessárias doze delas para cobrir todas as escalas.

竹 Bambu

木鱼 mùyú peixe de madeira

木鱼,由木头精雕细琢而成,外形像鱼,是中国及周边国家佛教仪式上极为常用的一种乐器。木鱼有多种尺寸和形状,敲击的木槌不用时,常常被插在鱼嘴里。

Além de muito bonito, o bloco de madeira esculpido em forma de peixe chamado 木鱼 mùyú, ou “peixe de madeira”, é presença frequente em cerimônias budistas, e não apenas em território chinês. São inúmeros os formatos e tamanhos – a representação do “peixe” pode, às vezes, nos parecer uma coisa bem livre – e é comum que o bastão usado para fazer o batucada seja encaixado num ori� cio da própria escultura quando não está em uso.

木 Madeira

箫 xiāo fl auta vertical

同样使用竹子制作的箫比笛子更为古老,与笛子最大的区别在于,箫是竖着吹的,吹孔在管身的上端。

Já a fl auta 箫 xiāo é muito an� ga e difere das dizi, entre outros fatores, por ser vertical, tendo o orifício de sopro na aresta da extremidade superior.

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“高山流水”乐队中还包括声乐的部分。专攻巴洛克音乐的玛丽莉亚柔和的嗓音跟中国传统乐器和审美相得益彰。与东方所推崇的明亮嗓音不同,玛丽莉亚的音色更具西方抒情特色,但与中国民乐的搭配结果却十分和谐。如我们所提到的那样,玛丽莉亚曾在中国有过一段音乐体验,向重庆师范大学的声乐老师们传授美声唱法。一位老师带这位巴西歌唱家去拜访了一家京剧院,并请人按照传统方式将其装扮起来,整个过程花了两个多小时。玛丽莉亚在华期间写下了《重庆日记》,让人读起来趣味盎然。

Finalmente, há o canto no trabalho do Ensemble Ga-oshan Liushui. Especializada na escola barroca, Marília Var-gas sabe utilizar a voz de maneira suave, perfeita para se unir ao instrumental e à estética chinesa. Existe entre as cantoras da China moderna, aliás, uma técnica híbrida entre o bel can-to e o timbre extremamente brilhante (para nós ocidentais, estridente) da colocação da voz feminina utilizada na can-ção do leste asiático. Já na voz da soprano brasileira se re-conhece a impostação lírica do Ocidente, mas o resultado é harmonioso. Aliás, Marília teve, como dissemos, uma experi-ência musical na China, mais precisamente na Universidade Normal de Chongqing, onde deu aulas da técnica ociden-tal para professores de canto lírico da instituição. Uma das professoras levou a brasileira para conhecer um teatro e ser maquiada e caracterizada conforme a tradição, num proces-so que levou mais de duas horas. Marília escreveu, durante sua estada, os “Diários de Chongqing”, um saboroso relato de sua experiência.

锣鼓 luógŭ gongos e tambores

这一类乐器主要指的是锣鼓,这是一个庞大的家族,种类极其繁多。

Nessa categoria encontram-se, respectivamen-te, os gongos e os tambores, duas vastíssimas famí-lias com suas próprias subdivisões.

金与革 Metal e pele

第五元素:人声 O Quinto Elemento: Voz

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期20

PASSADO PRESENTE

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FP

Broadway da Pequim antiga

音乐、舞蹈、武术,这三样元素

造就了京剧这门直到今天还让人

叹为观止的艺术。

文 / Por Thiago Minami

老北京的百老汇

Música, dança, artes marciais: juntos, os três elementos fazem da Ópera de Pequim um espetáculo capaz de encantar os espectadores até os dias de hoje

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孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期22

几乎毫无装饰的舞台上,在静态灯光的照明和

背景画布的衬托下,一个女性人物挥舞宝剑,

刺向两个全副武装的对手。她修长的水袖在

空中划出优雅的弧线,身体贴着地面轻盈地滑行,这便

是她打斗的动作。这到底是舞蹈还是功夫?两者兼而有

之。此刻的配乐只有锣鼓点儿,让人的心跳都不由得加

快了。那不是管风琴的空洞深邃,而是会刺痛耳膜的尖

锐与强劲。打斗结束时,持剑的女侠战胜了对手,同时

也赢得了观众震耳欲聋的欢呼,既为角色,但更是为演

员叫好——没错,饰演女主角的是一位男演员!

这是京剧传统剧目《白蛇传》中的一幕。故事的

主角是一个修炼成精的白蛇所化身的美女,她与对手

打斗,是为了能够摘到神奇的仙草,让丈夫起死回生。

有趣的是,在上面描述的那段场景中,她始终没有开

口歌唱,这可能让熟悉西方歌剧的观众感到有些困惑,

很难想象帕瓦罗蒂在舞台上卖弄拳脚功夫而不是他那

高亢的嗓音。在快速且引人入胜的节奏中,京剧通过

声乐技巧和形体动作的均衡搭配进行叙事,使其在某

种程度上更类似于百老汇的《狮子王》而并非普契尼的

《蝴蝶夫人》。

京剧的叙事往往比较简单,通过唱、念、做、打

的方式来讲述大众耳熟能详的故事或传说。观众需要

事先了解一下京剧的所谓“行当”,以便区分剧中的角色

(见后表)。如同电影中的配乐一般,京剧也是靠音乐来

调动故事的情绪,常用的乐器包括京胡和月琴等(请阅

读本期关于“高山流水乐队”的文章,以了解更多的中

国传统乐器)。程式化的表演是京剧的特色,每个肢体

动作都有其特别的象征意义,但这些并不难理解,可

以根据人物的性别、年龄或在剧中的身份来推断。例如,

虚拭面部就表示哭泣,绕场一圈表示长途跋涉等。京

剧的表演是非常夸张的,对白也是朝向观众的,而不是

面向对话的另一方。舞台上的道具少到不能再少,但服

饰和化妆的华丽与复杂让人感到目不暇接。京剧演员

周少麟曾这样解释说 :“台板是地,灯光是天,剩下的

一切都要靠演员自己来创造。一个士兵其实代表的是

千军万马。明白了这一点,就可以无限发挥啦!”

中国京剧和纽约音乐剧的根本区别就在于中国戏

曲可以有很多层面的解读。音乐与舞蹈的均衡分配使得

外行人也能把京剧看得津津有味,当然对于内行人来说,

则能够在行头、化妆、动作上看出更多的门道,关注常

人难以发现的细节,如某个地方,演员该走五步却走了

六步等。

京剧的传统有很多,有些甚至会令人感到不可思

议,男旦的传统就是一例。事实上,最负盛名的京剧

大师梅兰芳便是旦角表演的最重要代表(见信息栏)。

男旦的嗓音假声结实、音色脆亮,初听京剧的观众可

能会有些不习惯,但久而久之却会为之着迷,沉浸于

这种独特的唱腔当中。

源自民间

男旦的传统起源于禁止女性登台的时代。那并不

是多久以前的事情,其实京剧也才出现 200 多年。从京

剧的起源就可以看出它为何如此受到大众的欢迎。京

剧脱胎于长江以南的安徽东南地区和湖北西部地区露

天演出的乡村戏曲。为给乾隆皇帝庆贺八十大寿,徽州

戏班进京演出,并留京表演数日,引起轰动。由于形成

并发展于北京,这一新剧种便被称为“京剧”。

京剧是一门雅俗共赏的艺术,戏院也不像西方剧

场那般严肃刻板,往往是人满为患,观众一边喝茶闲

聊,一边听戏。随着京剧的不断发展,人们的兴趣也从

剧情故事转移到了演员的身上,京剧名角逐渐出现。其

他的城市,特别是上海,也出现了自己的京剧团体。观

众对名角的追捧到上世纪六十年代慢慢减弱,传统京

剧的表演也曾一度被终止,直到 1980 年代才逐步回归,

并重新成为中国文化的伟大代表之一。

正如意大利歌剧一样,京剧目前所面临的困难也

是如何征服新的观众。尽管有丰富的色彩、众多的曲

调和令人目眩的动作,不熟悉剧情、不习惯这种舞台表

演形式的年轻人还是对京剧望而却步。另外,京剧程式

化的语汇也跟当下流行的现实主义影视作品完全不同。

然而,对于那些被京剧魅力所折服的观众们来说,京剧

则是一种独一无二的体验,让人不禁慨叹,人类在叙

事方式上的创造力是多么无限啊!

这到底是舞蹈还是功夫?

两者兼而有之。

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孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期24

Sobre o palco praticamente nu, com uma paisagem pintada de pano de fundo e ilu-minação estática, a figura feminina agita

a espada na direção de dois inimigos armados. As mangas da sua roupa, compridas até cobrir as mãos, desenham no ar linhas agressivamen-te graciosas ‒ é a sequência desses movimen-tos, junto com o deslize do corpo pelo chão, que dá forma aos golpes que ela aplica. É dança ou kung fu? Um tanto de ambos. A música, praticamente só percussão nesse momento, acelera como as batidas do coração. Não é oca e profunda como o órgão, mas insistente e es-candalosa, a ponto de doer no ouvido. Ao final da luta, a dona da espada vence os oponentes e recebe um urro de apreciação do público, que não ovaciona a personagem, mas o ator ‒ sim, um homem! ‒ que a representa.

Essa é uma cena da peça “A Lenda da Serpente Branca”, uma das mais conhecidas do repertório tradicional da Ópera de Pe-quim. A personagem principal, uma serpente em forma de mulher, enfrenta oponentes em busca de ervas mágicas que possam ressusci-tar seu marido. Curiosamente ela não canta na cena descrita, o que pode intrigar aqueles acostumados à ideia de ópera do Ocidente; di-ficilmente imaginaríamos o Luciano Pavarotti fazendo acrobacias de artes marciais no palco em vez de bradar seus agudos. Numa mistura equilibrada de técnicas vocais e corporais para a representação de histórias, com ritmo rápido e envolvente, talvez a Ópera de Pequim esteja mais para o “Rei Leão” da Broadway que para a “Madama Butterfly” de Puccini.

As narrativas do espetáculo chinês cos-tumam ser simples, baseadas em lendas que qualquer um conhece, e frequentemente al-ternam canto, diálogo e cenas de ação. Vale a pena saber um pouco sobre os tipos de per-sonagens para reconhecer quem é quem (veja quadro). A música dita as emoções da trama, como a trilha sonora de um blockbuster, e é feita de instrumentos como o jinghu, um violino bem agudo, e o yueqin, um violão em formato de lua cheia. Metodicamente ensaiada,

a linguagem corporal dos atores tem uma sim-bologia própria, mas não tão difícil de compre-ender, que pode variar de acordo com gênero, idade ou função da personagem. Dar tapinhas no rosto significa chorar. Alguns passos em círculo representam uma longa caminhada. Os gestos são exagerados e os diálogos, decla-mados para a plateia, não para o interlocutor. Há coisas mínimas no palco. A economia neoclássica na cenografia é compensada pela opulência barroca de cores e a complexidade do figurino e da maquiagem. “O chão é a terra e a iluminação é o céu. É preciso criar todo o resto por si próprio. Um soldado vale por um milhão. Mas uma vez que se compreenda isso, é possível fazer muitas coisas”, explicou uma vez o ator Zhou Shaolin.

A diferença essencial entre a Ópera de Pequim e os musicais nova-iorquinos está nas múltiplas camadas de leitura, no caso chinês. Ou seja, tanto um leigo em música e dança pode acompanhar com alegria tudo que se pas-

As mangas

da sua roupa

desenham

no ar linhas

agressivamente

graciosas

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sa ‒ exatamente pela justaposição equilibrada de elementos ‒ quanto espectadores mais experientes, que vão atentar aos detalhes do figurino, da maquiagem e da atuação (se o ator andou seis passos em vez de cinco, por exemplo).

São muitos os costumes e tradições da ópera. Alguns deles podem surpreender os ini-ciantes, como homens fazendo papéis de mu-lheres. Na verdade, um dos maiores astros da Ópera de Pequim, Mei Lanfang, era especiali-zado em personagens femininas (veja quadro). Esses atores cantam numa voz agudíssima, em falsete poderoso (assim como os cantores de heavy metal, porém produzindo tons ainda mais agudos e femininos). No início o ouvido estranha o som incomum, mas, aos poucos, fascina-se até querer mais e mais daquela lin-guagem tão peculiar.

Origem popularO costume de homens interpretarem

mulheres vem de uma época em que elas eram excluídas dos palcos e das plateias. Não faz tanto tempo. A Ópera de Pequim surgiu há mais de 200 anos (na milenar história chinesa, trata-se de um tempo bem curto). Suas origens explicam o forte apelo popular. Nasceu a partir do encontro de óperas rurais, realizadas ao ar livre na área a sudoeste de Anhui e a leste de Hubei, abaixo do rio Yangtsé. Tropas locais levaram uma amostra do estilo da região para o 80º aniversário do imperador Qianlong, que reinou de 1735 a 1796, e aproveitaram a chance para ficar em Pequim por mais alguns dias e exibir-se ao público. As pessoas gostaram e quiseram mais. Como foi ali que fez fama, a novidade acabou conhecida pelo nome de “ópera da capital” (京剧 jīngjù, em chinês).

As apresentações agradavam a ricos e po-bres. As casas de show nada tinham da pompa dos teatros ocidentais; ficava gente pendurada até o teto, bebendo chá, conversando e fazendo algazarra. Com o tempo o interesse passou das histórias para os atores, que se tornaram

celebridades. Outras cidades chinesas, princi-palmente Xangai, criaram companhias locais. O interesse só diminuiu nos anos 1960, com a interrupção das apresentações de peças tradi-cionais. Na década de 1980, essa arte regressou aos poucos, até restabelecer-se como uma das grandes expressões da cultura chinesa.

Assim como na ópera italiana, a dificul-dade atual é conquistar novos espectadores. Mesmo com tantas cores, músicas e acrobacias, a Ópera de Pequim pode assustar os jovens, desacostumados às histórias e costumes repre-sentados no palco. Também conta a linguagem simbólica, bastante diferente do realismo do cinema e da televisão. Para os que se deixam seduzir, no entanto, a recompensa vem na for-ma de uma experiência única, ainda incrivel-mente original, capaz de nos fazer questionar até onde vai a habilidade humana de inventar meios para contar histórias.

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正乙祠戏楼 Teatro Zhengyici 西城区前门西河沿街220号

Xi Heyan Jie 220, Qianmen, distrito de Xicheng

1690年修建的纯木结构戏楼, 是北京至今仍有演出的最古老戏楼。梅兰芳曾在此表演。

É o mais antigo teatro a exibir Ópera de Pequim hoje em dia, erguido em cerca de 1690 com estrutura de madeira. Mei Lanfang costumava se apresentar aqui.

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湖广会馆 Teatro Huguang西城区虎坊路3号

Hufang Lu, 3, distrito de Xicheng

始建于1807年,是北京第一座以京剧为主题的博物馆所在地。

Aqui funciona o primeiro museu dedicado à Ópera de Pequim na capital. Foi construído originalmente em 1807.

北京的戏园子 Onde assistir à Ópera em Pequim

梨园剧场 Teatro Liyuan西城区永安路175号

Qianmen Jianguo Hotel, Yong’an Lu, 175, distrito de Xicheng

这是北京第一家茶馆风格的剧场,在演出时提供各色饮料和水果。

Primeiro teatro da cidade em estilo de casa de chá, oferece variações locais da bebida e frutas durante a apresentação.

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期28

“西方有哪位演员能与梅兰芳媲美?”

“不靠 服 装,也 没 有 专 业 的 灯 光 ,他

竟能在专业 观众面前展示他的技

巧?”1936年,在莫斯科看过梅兰芳

演出一年之后,德国著名戏剧家贝托尔特·布莱希特

仍发出这样的感叹,这也反映了梅兰芳给西方世界

所带来的震撼。在他的崇拜者当中,包括卓别林,斯

坦尼斯拉夫斯基,以及日本的众多歌舞伎大师。

梅兰芳对每一个细微动作的控制令人叹为观

止。就像中国的古诗一般,每个元素都饱含着独到

且深刻的意蕴。今天的观众可能很难理解,京剧表

演的目的并非寻求观众的认同,使其对虚构的情节

信以为真,恰恰相反,现实存在性并不重要,京剧出

人意料地将寻常的事物变得不寻常起来。布莱希特

正是以梅兰芳为例,来阐述他所提出的“陌生化效

果”这一戏剧理论。通过这个技巧,观众们可以有意

识地选择接纳或拒绝所看到的事物,而不像西方戏

剧那样,完全依赖于潜意识。

梅兰芳于1894年出生在一个旦角梨园世家,从

八岁起开始学戏。近乎军事化的训练要求小学徒远

离家庭,学习当中还常常受到体罚,这都让很多学

戏的孩子们不能坚持到登台演出的那一刻。梅兰芳

并不是最有才华的学生,他的老师就曾批评他“目

光呆滞”,这可是旦角演员的致命伤。

通过勤学苦练,梅兰芳于1904年在北京广和

楼戏院首次登台,当时年仅10岁,这一唱就是五十

多年。他曾盯着飞鸽和天上的云朵来锻炼眼神,最

终被示范拍摄纪录下来的眼神就有48种之多,说明

了他对技巧的完美掌握。凭借《白蛇传》中白素贞等

多个角色,梅兰芳征服了观众,而且还打破了不少

京剧的惯例。

比如,梅兰芳突破了青衣和花旦之间的严格界

限,创制出“花衫”这一行当;他开启了禁止在演出

时贩卖饮食的先例,以使得剧场更安静有序。除了

演戏以外,梅兰芳还撰书,创编身段和新腔等。梅兰

芳的舞台生涯一直持续到他生命的尽头,1961年他

因心脏病去世,享年66岁。

梅兰芳将他的艺术遗产留给了小儿子梅葆玖,

其举手投足颇得父亲真传,在舞台上有时甚至让人

难以分辨父子二人。令人扼腕叹息的是,梅葆玖先生

也已于今年年初与世长辞。

“Que ator ocidental faria o que Mei Lanfang faz?”

Instituto Confúcio | Volume 17, Nº 6 | NOVEMBRO, 2016 29

“Apresentar sua técnica sem figurino nem iluminação profissional dian-te de uma plateia de profissionais?”

Feita pelo dramaturgo alemão Bertolt Brecht em 1936, um ano após assistir a Mei Lanfang em Moscou, a pergunta representa bem o frisson que o astro da Ópera de Pequim cau-sou no resto do mundo. Entre seus admirado-res estavam Charlie Chaplin, Constantin Sta-nislavski e grandes nomes do teatro kabuki japonês.

Mei Lanfang chamou a atenção pelo seu domínio pleno sobre uma atuação milimetri-camente calculada. Semelhante à poesia clás-sica chinesa, cada elemento parecia conter algum tipo de significado. Pode ser difícil nos dias de hoje entendermos que o objetivo não era se identificar com a personagem a ponto de esquecer que é tudo ficção – ao contrário, o fato de aquilo não existir pouco importa. A surpresa está em fazer com que as coisas do cotidiano deixem de ser autoevidentes, como apontou Brecht no artigo em que cita Mei Lanfang para introduzir a famosa noção de “distanciamento” no teatro. Por essa técni-ca, o espectador aceita ou rejeita aquilo que vê de modo consciente, e não subconsciente, como era comum no teatro europeu.

Nascido em 1894 numa família de atores conhecidos por interpretar papéis de mulhe-res (旦 dàn), Mei Lanfang começou os estudos aos oito anos de idade. O treinamento, quase militar, requeria afastar-se da família, viver na escola e sobreviver a uma rotina duríssi-ma, inclusive com severos castigos físicos. A maioria dos meninos nunca chegava a subir no palco. Mei Lanfang não se considerava um dos mais talentosos – seu professor chegou a criticá-lo pelos “olhos sem brilho”, um defeito grave para personagens dan.

O esforço contínuo levou o garoto à estreia com apenas dez anos de idade, em 1904, no Teatro Guanghe. Sua carreira duraria mais de cinquenta anos. Sua técnica consistia em fixar-se nas alterações naturais de objetos animados e inanimados, como o caminhar das pombas e a dispersão das nuvens pelo

céu. Até a idade adulta, desenvolveu 48 olha-res diferentes (o ator representou cada um deles para uma série de fotografias, o que evidencia o total controle sobre a técnica). Em papéis como o de Bai Suzhen, a protago-nista de “A Lenda da Serpente Branca”, Mei Lanfang conquistou o público a ponto de pôr em xeque diversos paradigmas da Ópera de Pequim.

Foi ele quem quebrou a distinção rígida entre o papel da mulher digna e respeitada (青衣 qīngyī) e a dama jovem e vivaz (花旦 huādàn), fundindo ambas em uma só. Tam-bém proibiu a venda de bebidas e comidas durante as apresentações para tornar o te-atro mais silencioso e organizado. Além de atuar, Mei Lanfang escreveu obras, elaborou coreografias e músicas. Prosseguiu nos pal-cos até o fim da vida – morreu aos 66 anos de idade de ataque cardíaco.

O legado de Mei Lanfang foi deixado a um de seus filhos, Mei Baojiu, que faleceu no início deste ano. Há quem diga que, em certos momentos no palco, era impossível distinguir o filho do pai.

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As personagens da Ópera de Pequim dividem-se em quatro

grupos: homens em geral (sheng), mulheres (dan), caras pintadas

(jing) e bufões (chou). Cada um possui maquiagem, gestos e ves-

tuário únicos. Os bufões, por exemplo, costumam receber uma

pintura branca que cobre o nariz e o espaço entre os olhos – desse

jeito ficam mais engraçados. O estilo de recitar e cantar também

é próprio de cada grupo (não há classificação pelo tipo de voz,

como na ópera italiana). Bufões e homens velhos (laosheng) usam

a voz normal. Homens jovens e mulheres cantam igualmente em

falsete, mas com variações no tom, mais grave para eles e mais

agudo para elas.

京剧角色分为生、旦、净、丑四大

类:“生”指男子,“旦”指女子,“净”

是画有脸谱的男子,“丑”则是滑稽人物。

每个行当在化妆、动作和服装上也有各自的

特点,如丑角会在双眼之间的鼻梁上抹一块

白色,以示滑稽。各行当在念白和唱腔上也

各不相同,但并非像意大利歌剧那样按照嗓

音分类:丑角与老生一般用真声;小生和旦

角则用假声,但小生的嗓音清脆刚健,旦角

的嗓音更高亢甜美。

京剧的四大行当

Os quatro grupos de personagens

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孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期32

cidade in� nitacidade in� nitacidade in� nitaPequim

说不尽的北京

文/Por Janaína Camara da Silveira

VIAGEM

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Pequim é um intrigante encantamento. Um fl uxo contínuo de pessoas e histórias que transformam as experiências em grandes viagens. Ao passado e ao presente. E quando as recordações não dão conta – pois as referências de quem sempre viveu no Ocidente são tão outras -, é a imaginação que corre para tentar construir associações, nexos, explicações

北京拥有迷人的魅力。川流不息的人群和他们身上的故

事会将你的一段生活经历变成美妙的旅行,穿梭在过

去与现在之间。当记忆不够完整时,生长于西方的我们

只好借助自己的想象,在毫无参照系的情况下,构建出

事物之间的联系,解释清它们之间的因果……

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期34

几乎是出于本能 :一踏进这座城市,你就

会试图去理解它 :去解读这里的风土人

情,去捕捉中国人的缩影。然而,这种

努力是徒劳的。北京是支万花筒,每转动一次,

你就会看到独一无二的组合,而这个组合在你穿

过一条马路,走过一个街区的时候,就可能幻化

成完全不同的模样。

我从 2007 年至 2013 年一直生活在北京,先后

住过六个不同的区域。我很难说出自己更喜欢哪个

区,也许这种偏好根本就不存在。在这座城市的每

个角落,你可以看到皇家的气派,百年的沧桑,更

能看到呈现在市民和整个世界面前的未来。北京,

吸引着中国各地的人们,聚集着来自你听过或没听

过名字的世界各国各地区的居民和游客。

写到北京,美好的记忆滚滚而来。我还清楚

地记得我的第一次出行,那是我到北京后的第三天,

炎热的六月,中国北方典型的夏季。那个时候的手

机谈不上任何“智能”,更别说什么在线查看地图了。

唯一的方法是跑到报亭,买一张纸质的地图,十分

巨大的那种 :我想去天安门广场看看。

可能你无法想象,这座全然陌生的偌大城市

对我来说似乎并没有那么复杂,尽管那时我并不

认识中国字,也不会说中国话。我甚至分不清路边

的一家店铺到底是纸张店还是丧葬用品店,在刚

开始的那段日子里,面对满目的中国字,我就是个

睁眼瞎。

尽管如此,一切并非那么艰难。理由可能是因

为大街小巷,特别是外国人相对集中的商业区,随

处都能看到很多用英语或罗马字母书写的标识。当

然,还有非常乐于助人的北京市民。说得浪漫一些:

秘诀在于一颗敞开的心灵和敢于探索冒险的精神。

而且,我从很多地方都看到说,北京是一座非常安

全的城市,直到今天,依然如此。

我登上了地铁一号线,沿着城市的主干道“长

安大街”,途径天安门广场和故宫。尽管这条线常

年客流摩肩接踵,但我并没遇上什么困难,因为

车上的广播是用中英双语报站。于是,我顺利地

来到了天安门广场。真的很神奇吧!

当我再次回到地面上时,远远看到悬挂着毛泽

东画像的城楼。广场的另一端是毛主席纪念堂,巍

峨的前门城楼守卫在其身后,那是进出皇城的重要

通道,具有典型的皇家建筑特点,猩红色的城墙

与二十世纪六十年代围绕广场建造的大理石色苏

联风格的政府建筑形成了鲜明的对比。它是如此

宏伟壮丽,因此出现在任何一本旅游指南上,那

也是初到北京的我头脑中最深刻的记忆。一切都

是如此之伟大,却似乎缺少几分人情味,广场上几

乎没有什么绿色植物,也看不到供人休息的长凳,

暑热和严寒在这里都会被无情地放大。这里是进

入紫禁城的门户 :自 1421 年启用到上世纪初末代

皇帝溥仪退位为止,故宫紫禁城是明清两朝的皇

帝处理朝政和生活起居的地方。可要准备好体力

啦,因为从这儿一路前行直到另一头的出口,至少

要走两个小时。

实际上,步行游览北京是最棒的方式。尽管

很难确切说出这个城市的哪个地方最让我喜欢,但

我却可以很容易地告诉你发现这座城市的最令人愉

悦的方式 :步行!当然,这需要借助于贯穿全城的

十八条地铁线,三百多座地铁站会让你很容易就在

周边找到一两个站点。另外,对于像我一样胆大的

人来说,骑自行车也是非常不错的选择。不过,还

是来体验下步行的乐趣吧!千万别忘了穿上你最舒

适的鞋哦!

我首先想到的目的地就是胡同,那些深藏在钟

鼓楼附近的古老街道,在那里你会迷失在时光里 :

首先,因为时间在那里似乎过得很慢 ;另外,老人、

孩子、街坊邻居在路边闲适地谈天说地,如此的不

紧不慢、不慌不忙……

北京的胡同里原来住的多是巨商富贾、达官

显贵。并不宽阔的街边,一座座灰墙宅院鳞次栉比,

唯有朱红的大门和门口挂的红色灯笼打破了单一的

色调。门口的一些细节值得注意 :台阶是为了阻止

邪气的进入 ;石狮是为了镇宅,通常是一对儿,雄

狮脚踏绣球,雌狮抚弄幼崽 ;门楼上还雕画有书

本或乐器等图样,暗示房主的家世与门第。不明就

里的人可能会想 :“好奇怪,怎么没有窗子啊?”

传统的中国宅院是很讲究私密性的。走进大

门,眼前豁然开朗,一座庭院出现在眼前,这是

一家人共处的空间,中国人把这种建筑格局叫做

四合院。以前,房间的分配是讲究老幼尊卑的,

长辈和儿孙各居其屋。但随着时间的推移,四合

院逐渐年久失修,很多院落还住进了不止一户人

家,于是传统便只好让位于满足生计,那么多人

挤住在一处,也的确谈不上什么私密性了。

如果对四合院非常好奇,又不愿贸然闯进别

人家中的话,你可以去开在胡同小院中的餐厅或

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客栈中一睹究竟。坐在“大理院子”中

品尝地道的云南菜,会让你在北京的

夜晚变得回味无穷。离它不远的地方,

鼓楼东大街旁胡同中的一个小院儿里,

有 家 名叫 Amilal 的 酒吧, 晚 餐 后 同

三五知己在那里喝上一杯,简直是完

美的享受。

在同一个地区的“宝钞胡同”里,

有一家饭馆经营北京当地特色的食品:

饺子。饺子的馅料十分丰富,做法也

可煎可煮,煮水饺是我的最爱。老板

是一位特别和善的中年人,大家都叫

他“老石”,别看他的小餐馆仅勉强能

放下十张桌子,菜单可都是他精心设

计的 :除了一些凉菜外,主打的就是

饺子,馅料丰富、数不胜数。由于待

客热情,老石的饭馆儿成了胡同中一

道不可错过的风景。老石能凑合说几

句英语,在店里经常会看到他同外国

观光客和常住北京的外国人闲聊。不

过,吸引他们来这里的还有一个小秘

密 :老板独创了几款奶酪馅的饺子。

第一次去的时候,我心里充满了

疑惑,因为从来就没有听说过在传统

中国菜中使用奶酪的先例。尽管心里

犯嘀咕,我还是随着朋友们点了一份。

说实话,我必须为这项美食的创新点

赞 :老石和他的厨师们真的是算准了

外国人的胃口!奶酪馅饺子真的值得

一试,不过也别忘了点上一份不带奶

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酪的,传统毕竟还是传统。中国百姓

家里最常吃的要数猪肉馅儿了。

属于你自己的一段长城

说到中国百姓人家,距北京开车

两小时的路程,坐落着老陈开的家庭

客栈。老陈是标准的当地农民,起初

他在自己家里接待来往的观光客,慢

慢在中外游客当中做起了口碑,并在网

络上火了起来。尽管慕名到客栈来投

宿的人越来越多,但小院儿的宁静并

没有受到太大的侵扰。那里到底有什

么特别之处呢?一切都很特别,更重

要的是,你可以几乎独享一段属于自己

的长城!

老陈 和他妻子居 住的村子不过

二百人,像其他年轻人一样,老陈的两

个儿子都离开了村庄,大儿子住在临近

的县城,小儿子在北京上大学。因为他

会说英语,周末会回家帮着父母接待外

国游客。其实,即便不懂语言,与老陈

的交流也没有多困难,所以你也不一定

非得赶着周末才去老陈那里。

行走在那段长城上,是一种难忘

的经历。在山林中攀爬四十多分钟后,

就到了山脊上的第一座烽火台,颓垣断

壁难掩其壮美的气魄。望着几十公里的

石墙沿着山势蜿蜒远去,人们不禁会问:

这样的工程古人是如何建造出来的?人

类改造自然的伟大力量令人叹服!长城

是中国人民坚韧不拔、抵御外敌的象

征,最初建造长城的目的是为了对抗外

族对中原地区的入侵。

老陈通常都是亲自给客人做向导,

但有时也会由他的小儿子代替。从第一

个烽火台出发有两条徒步路线,一条长

四公里,另一条有六公里,体力强壮的

可以选择走第二条。行走在那充满历

史感又满眼绿色的线路上,绝对是一

种享受,一路上完全没有都市的喧嚣。

徒步归来,迎接你的是一顿地道的中

国家常菜,绝对的家常,所用的食材全

部来自老陈家的后院。如果你在那儿住

上一晚,则会有更难以令人置信的体

验 :中式的乡村早餐!有白面馒头,茶

叶蛋和一些时蔬。喝的饮料,也是茶。

在我对中餐的所有体验中,始终让我无

法习惯的就是没有咖啡。尽管有些不合

适,但是咖啡爱好者们去中国内地乡村

的话,还是千万别忘了带上几包速溶咖

啡吧!

回到城市的另一个世界在我 居住过的所有北京街区中,

牛街可能算是其中最独特的了,那是北

京城里的回民聚居区,保持着穆斯林

的传统,也因此聚集了中国其他信奉伊

斯兰教的民族,比如维吾尔族。维吾

尔族主要居住在中国西部的新疆,维

吾尔语属于突厥语族,其使用的文字

是一种阿拉伯字母的变体。牛街的很多

店铺吸引着前来采购清真食品和地方土

特产的人们,很多以羊肉为特色的餐厅

更是深受欢迎。

在开启美食之旅以前,牛街的礼

拜寺也是非常值得一看的。它是北京最

大的清真寺,始建于公元 996 年,曾毁

于元代,后来又经过重建和扩建。在

这里,你会惊讶地发现中国传统建筑

与伊斯兰文化的碰撞与交融。需要提

醒的是 :穿着短裤或露肩上衣的人士

是禁止进入清真寺参观的。

一只脚踏入未来作为世界第二大经济体的首都,

一座拥有近 2,400 万人口的城市,北京

的现代化程度是非常高的。说了那么多

过去,是时候到代表这座城市未来的

商务中心区看看啦!这里的一个好去处

是位于国贸大酒店第 80 层的云·酷酒

吧。选择一个午后,去那里喝杯咖啡吧,

当太阳渐渐落山,整个北京城华灯初

上的时候,望着脚下穿梭不息的车流,

那是一种无法用语言描述的感受!人们

不禁会想 :这车的海洋真的与中国古老

的禅宗有什么关系吗?北京就是这样一

座令人着迷的城市!

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Parece até automático: pisar na capital é querer entendê-la. Compreender os cos-tumes de sua gente. Captar a síntese do

povo chinês. Esforços vãos. Pequim é um calei-doscópio, e cada movimento significa encontrar uma constituição única, que pode mudar ao cruzar outra rua, outro bairro.

Vivi em Pequim de 2007 até 2013. Morei em seis bairros diferentes. Difícil dizer o prefe-rido, nem creio que haja algum. A cidade e seus lugares são um passeio às tradições imperiais, ao legado do último século e ao futuro que se constrói não só para os moradores, mas para o mundo. Atrai gente de todas as regiões chinesas, e é um polo de moradores e turistas oriundos de pontos famosos do globo, mas também daqueles até então ignorados em minhas explorações geo-gráficas.

Escrever sobre Pequim é transbordar boas lembranças, como a do primeiro passeio, três dias depois de chegar à capital, num junho de temperaturas altas, típicas do verão do norte chi-nês. Numa época em que telefones eram qual-quer coisa, menos “smart”, e que nem se pensava em ter um aparelho com mapas para acessar, o procedimento era ir à banca e comprar um mapa impresso, grandão: eu queria chegar à Praça da Paz Celestial.

Incrível como isso remete à facilidade com que se fazem as coisas numa cidade em que, pelo menos para mim, tudo sugeria incompreensão: eu não lia, nem falava o mandarim. Ao ver uma loja da calçada, podia se tratar de uma papelaria ou uma funerária. Pelo menos era assim no iní-cio, quando eu era uma total analfabeta ante a profusão de caracteres.

Apesar disso, nada era complicado. A ex-plicação pode ser a abundante sinalização em inglês ou em letras romanas nas ruas e avenidas – e em alguns pontos comerciais mais próximos dos estrangeiros – e um povo sem preguiça para ajudar. Ou, para ser mais romântica, o segredo está em chegar de coração aberto, num espírito de descoberta e aventura. Uma certeza, lendo tanto antes de embarcar, eu tinha: a cidade era segura. E o melhor, continua sendo.

Entrei no metrô, na linha 1, uma mítica

rota que cruza Pequim de leste a oeste, ao longo da principal avenida da capital, a Chang'an, onde está a Praça e também a Cidade Proibida. Sem-pre abarrotada, a linha ainda assim não oferece nenhuma dificuldade, pois a voz que anuncia as estações indica o destino também em inglês. E ali desci na Tian'anmen, a Praça da Paz Celestial. Foi mágico.

Em poucos passos eu voltava à superfície e via o retrato de Mao Zedong emoldurado pela entrada da Cidade Proibida. No outro extremo da Praça, o mausoléu do líder, protegido pelo Portão Qianmen, antigo posto de guarda e con-trole que registra a arquitetura dinástica, de ver-melho escarlate, para contrastar com os prédios governamentais cor de pedra à moda soviética dos anos de 1960 e que ladeiam a praça. É im-ponente e, até por isso, está em qualquer guia, mas é o registro mais forte que tenho dos pri-meiros tempos e parada fundamental. É genial, e é também um lugar inóspito, onde o frio ou o calor são inclementes. Não há muitas árvores, nenhum registro de banquinhos para sentar. E pode-se dizer que é só o pórtico de entrada para a Cidade Proibida, como era conhecido o antigo palácio imperial que serviu de casa para manda-tários e cortes das dinastias Ming e Qing entre 1421 e a derrocada do último imperador, Pu Yi, já no início do século passado. E haja fôlego, pois dali até a saída na outra ponta são, pelo menos, mais duas horas de caminhada.

Acontece que caminhar é o programa mais bacana da cidade. Se é difícil apostar no canto preferido, é fácil dizer como é mais gostoso des-bravar Pequim: a pé (com o auxílio do metrô, claro, cujas 18 linhas garantem que uma ou até duas das mais de 300 estações esteja por perto). A bicicleta, para quem não é medroso (eu nunca fui), é concorrente forte nesse quesito, mas man-tenhamos a alegria da caminhada – com sapatos confortáveis, por favor!

O que vem à cabeça? Conhecer os 胡同 hú-tòng, as vielas seculares do bairro histórico de Gulou, onde ficam as Torres do Sino e do Tam-bor. Ali o tempo se confunde. Primeiro porque a vida passa mais devagar, ou parece passar. E também os velhinhos, as famílias, os vizinhos

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e a criançada que estão na rua para bater papo, sem pressa e sem nenhum traço de preocupação aparente, mostram que ainda há jeito de se viver em comunidade.

Antigamente, os hutong eram endereço dos abastados, fossem funcionários públicos ou gen-te que circundava a corte. São ruas umas mais estreitas que outras com casas muradas coladas na próxima, invariavelmente pintadas de cinza. O vermelho das lanternas chinesas, nas portas também vermelhas, quebra a monocromia. Na entrada, alguns detalhes valem o registro: os degraus atrapalham os espíritos, que têm mais dificuldade de entrar na casa. Os leões de pedra protegem a morada – em geral são um casal, ele com um objeto sob a pata, ela com um filho-tinho. Esculturas lembrando livros ou instru-mentos musicais ainda indicavam a profissão do patriarca. E um desavisado pode pensar: “Coisa estranha, não há janelas.”

As casas chinesas primavam pela privacida-de. Cruzando a entrada, uma surpresa: um pátio no meio, um ambiente de convívio das famílias, num arranjo arquitetônico que os chineses cha-mam de 四合院 sìhéyuàn. Havia, antigamente, até hierarquia para definir os cômodos do patriarca e, em seguida, dos filhos, por ordem de idade. Fato é que com o passar dos anos muitas dessas casas acabaram não só deterioradas, mas abrigando mais de uma família, ou famílias bastante nu-merosas, e a tradição deu lugar ao pragmatismo. Nem precisa dizer que “adeus, privacidade”, com tanta gente morando no mesmo lugar.

Curiosos de plantão – mas com vergonha de entrar na casa alheia – podem experimentar a delícia de um pátio antigo: vários acabaram virando restaurantes ou pousadas e hotéis. As noites em Pequim são ainda mais deliciosas com um jantar no Dali Courtyard, endereço da me-lhor comida na cidade ao estilo de Yunnan, onde a China encontra o Sudeste Asiático. Terminar com um drinque de despedida num bar ali per-to, o Amilal, em outro siheyuan preservado, só que menorzinho, numa travessa da avenida Gu-lou Dong, é um ótimo negócio.

É em outro hutong da região, o Baochao, que há um prato especial, agora típico da região

em que está Pequim: os 饺子 jiăozi, espécie de ra-vióli com diferentes tipos de recheio e que podem vir fritos ou cozidos – estes, os meus preferidos. Ali um chinês simpaticíssimo conhecido como Mister Shi abriu um restaurantezinho de, no máximo, dez mesas, e fez o que muitos locais da cidade fazem: criou um cardápio com algumas saladas e muitos, mas muitos recheios para os jiaozi. Só que o atendimento é tão especial que acabou virando atração imperdível. Como arra-nha um inglês, é comum ver o Mister Shi de papo com os turistas e moradores estrangeiros, grupos atraídos por outro detalhe: o dono criou alguns jiaozi em que o recheio vem também com queijo.

Na primeira vez, achei uma heresia, culi-nária local maltratadíssima, já que na China o ingrediente não faz parte de nenhuma receita de que se tenha notícia, muito menos aparece em lanches (bom, aparece, mas quando se trata de restaurantes ou lanchonetes ao estilo ocidental). Desconfiada, embarquei no pedido de alguns amigos e, bem, é preciso dar vários pontos para a estripulia gastronômica: Mister Shi e seus cozinheiros acertaram muito. Vale pedir, mas acrescente uma porção dos recheios sem queijo, porque tradicional é sempre tradicional. Os de porco são os mais comuns nas casas dos chineses.

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Um cantinho da muralha para chamar de seu

Falando em casa dos chineses, pertinho de Pequim, a coisa de duas horas de carro, ou pouco mais de ônibus, fica a hospedaria do Lao Chen, um típico agricultor local que, ao abrir a casa para abrigar turistas eventuais, caiu nas graças dos visitantes chineses e estrangeiros e logo apareceu na internet. Começou a atrair hóspedes, mas não em número que assombre quem busca sossego. O que tem de especial por lá? Tudo, e com direito a um canto da Grande Muralha para explorar sem ter quase ninguém por perto.

A vilazinha onde Lao Chen mora com a mulher não tem mais que 200 habitantes. Os mais jovens já saíram, caso dos dois filhos. Um mora na cidade ao lado, o outro está na universidade, em Pequim, e passa ali os finais de semana, especialmente os que têm mais es-trangeiros, já que fala inglês. Independente da língua, a comunicação acontece, então todo dia é dia de ir até o Lao Chen.

O passeio na muralha é inesquecível nesse trecho. Depois de uns 40 minutos no meio do mato, morro acima, chega-se ao primeiro posto

de observação, meio em ruínas, mas um tanto imponente. É ali que se veem quilômetros de pedras serpenteando a cadeia de montanhas, e vem uma pergunta óbvia: como construíram isso? É uma sensação de magnitude do homem ante a natureza. A muralha é símbolo da resili-ência e da resistência chinesas. Originalmente, vale o registro, foi construída para proteger o país da invasão dos povos do norte, como man-chus e mongóis.

Lao Chen é, via de regra, o guia, papel assumido algumas vezes pelo filho mais novo. Do primeiro posto de observação traça-se a rota, uma de quatro horas de caminhada, outra de seis. Quem tem fôlego pode arriscar a segunda. A recompensa está em refazer um caminho tão carregado de história e curtir o verde por ali. É um cenário que não lem-bra em nada o burburinho da metrópole. Ao voltar para casa, invariavelmente haverá uma comidinha caseira, chinesa, mas caseira, com produtos orgânicos produzidos no terreno aos fundos. Quem quiser dormir ali, terá outra experiência incrível: o café da manhã do inte-rior da China. São pãezinhos em massa branca ao vapor, os 馒头 mántou, ovo cozido em uma infusão de chá e especiarias, e algumas verdu-

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ras. Para beber, chá também. Dentre todas as vivências à mesa que tive, uma a que nunca me acostumei foi a falta do café. É feio, mas fãs da bebida podem – e devem – ter à mão pacoti-nhos de café solúvel para viagens rumo ao meio rural chinês.

De volta à cidade, em outro mundo

Dos bairros onde morei em Pequim, tal-vez o mais peculiar seja Niujie, morada tradi-cional dos chineses da etnia hui, que professa a fé muçulmana. A região acaba reunindo outros chineses muçulmanos, estes da etnia uigur, originários do oeste do país, que falam uma língua aparentada ao turco e usam uma variante do alfabeto árabe. Niujie atrai quem procura lojinhas de comida halal e produtos regionais ou restaurantes típicos onde o cor-deiro é o carro-chefe.

Antes do passeio gastronômico, vale conhecer a mesquita da região, a maior da ca-pital chinesa, cuja construção ocorreu no ano 996. O lugar foi destruído no reinado de Gen-gis Khan e acabou passando por reconstru-ções e ampliações, mas é incrível se deparar com a arquitetura tradicional chinesa entre-meada pela cultura islâmica. E um lembrete: as visitas não são permitidas a quem estiver vestindo shorts, bermudas curtas ou roupas com ombros de fora.

Com um pezinho no futuroUma metrópole com quase 24 milhões de

pessoas, capital da segunda maior economia do mundo, tem muito de cosmopolita. E com tanta viagem ao passado, é hora de dar um pulinho na área futurística da cidade, o CBD, na região de Guomao. Ali, um dos programas é subir até o bar Atmosphere, que fi ca no 80º andar do Hotel Guomao. Um café no fi nal da tarde, quando o dia cai e as luzes de Pequim começam a se acender, é fantástico. A gente olha o vaivém lá embaixo e até fi losofa: “Esse mar de carros tem algo a ver com o estilo zen chinês?” Pequim é mesmo intrigante.

Cidade Proibida ou Antigo Palácio?O termo “Cidade Proibida”, comumente

usado em português, é tradução da antiga denominação 紫禁城 zĭ jìn chéng, literalmen-te “Cidade Proibida Púrpura”. Esse título, hoje em desuso, surgiu pelo fato de, na época imperial, somente o soberano, seus familia-res e funcionários da corte terem permissão para entrar no complexo palaciano, que for-ma uma verdadeira cidade dentro da cidade. 

Atualmente, o local é conhecido como

故宫 gùgōng, “Antigo Palácio”. Tombado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade, o imenso conjunto de pavilhões, palacetes, salões e pátios abriga o 故宫博物馆 gùgōng bówùguăn, ou “Museu do Palácio”.

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1. 清晨去公园看老年人打太极拳或跳

广场舞;

2. 享受痛并舒服着的足底按摩;

3. 做针灸治疗,有时只是为了放松一

下自己;

4. 还是关于中医,很轻松地就能找到

一个便宜的地方拔火罐,给身体

排毒;

5. 找个饭馆吃顿饺子,不一定非得去

“老石水饺”;

6. 爬到景山顶上看故宫的全景;

7. 探访遍布城内的庙宇,有些几乎没

有什么游客,比如后海附近建造

于元代的广化寺;

8. 测试下吃辣的能力——中餐多用

辣椒,特别是四川菜和湖南菜;

9. 在798艺术区闲逛,那里汇聚了很

多当代艺术家的画廊;

10. 在林林总总的茶店里买茶叶,在

茶室中度过一段闲适的时光。马连

道就是一条汇聚了众多专门经营

茶叶商城的街道。

1. Curtir os parques de manhã cedo e ver as famílias, especialmente os velhinhos, fazendo tai chi chuan ou dançando em grupos;

2. Encarar a deliciosa (e um pouco dolorida...) massagem nos pés;

3. Fazer sessões de acupuntura, inclusive para relaxar;

4. Ainda falando em medicina tradicional chinesa, saber que é fácil e barato achar um lugar para uma sessão com ventosas, perfeita para limpar o corpo de impurezas;

5. Almoçar jiaozi em qualquer lugar, nem precisa ser no Mister Shi;

6. Subir a colina Jingshan para ver toda a Cidade Proibida de cima;

7. Conhecer templos – são vários espalhados pela cidade, alguns quase sem visitantes – como o Templo Guanghua, junto ao Lago Houhai, construído na dinastia Yuan;

8. Testar a resistência a pimentas – a comida chinesa vem carregada da especiaria, sobretudo nas culinárias típicas das províncias de Sichuan e Hunan;

9. Visitar o 798, o distrito de arte da cidade, que reúne galerias de artistas contemporâneos locais;

10. Comprar chá. Há lojas – e redes de lojas – especializadas nas ervas e folhas para as infusões. Sem contar as casas para beber chá, refúgios para umas horinhas de tranquilidade. A Rua Maliandao reúne centros comerciais inteiros dedicados à bebida.

最想念北京的十个方面:Dez grandes saudades:

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GASTRONOMIA

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As comidinhas de rua mais amadas da China

文/Por Thiago Minami

中国最受欢迎的街头小吃

Prepare-se com esta lista para desbravar o estonteante mundo das delícias preparadas sob o seu nariz

带上本文介绍的这张清单,走进令人眼花缭乱的中国街头美食世界吧!

“快餐”给人的印象往往是千

篇一律的工业化食品和态

度 生硬的服务员, 然而,

在中国的街头,你会对“快 餐”有一个

全新的理解。早在汉堡连锁店出现的几

百年前,中国的街头美食就早已践行了

快 餐的三大要素 :快 捷、廉 价、美味。

街头巷尾搭设的简易小店里或 摊位 上,

各种美味小吃让城市的风景欢愉起 来,

而那诱人的香气也吸引着饥肠辘辘的过

客驻足品尝。中国街头美食的种类繁多,

我们在本文中列举了十道最受中外人士

欢迎的中国街头小吃,至少我们的编辑

团队是这样认为的。名单排名不分先后,

若有缺漏,那也只能是作者的主观感情

因素在作怪了。

Se você também associa a expressão “fast food” a atendentes mal-humorados enfi an-do comida pré-fabricada em embalagens

de papel, precisa conhecer o que os chineses têm a apresentar sobre o conceito. A ideia de refeição rápida nasceu séculos antes das redes de hambúr-gueres e explica-se em três qualidades: ágil, barata e gostosa. Servidas em pequenos estabelecimentos do tipo “entrar-comer-sair” ou em barracas mon-tadas na calçada, as comidinhas de rua alegram a vista urbana e invadem os seus sentidos para lem-brar que sua fome está lá, mesmo que silenciosa, escondida em algum lugar do corpo. As opções são muitas. Preparamos uma lista com dez das mais queridas por chineses e visitantes – pelo me-nos na opinião da nossa equipe. Portanto, se sen-tir falta de algo, culpe a interferência das nossas emoções na escolha. A ordem da lista é aleatória.

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Em chinês, o conceito de 包 bāo, como bem mostra o desenho do ideograma, é o de uma massa que se fecha sobre um recheio, como uma trouxinha. Esse petisco, dos mais famosos na região de Xangai, é macio e crocante na base porque é frito na chapa, daí o nome 煎 jiān. Logo que se rompe, libera na boca uma rajada de sabor concentrado na forma de caldo – o umami escorre pelo paladar ameaçando perigosamente a sanidade de quem come. É o mes-mo princípio da saltenha boliviana, porém em ta-manho sufi ciente para desaparecer em duas ou três bocadas. Também é conhecido pelo nome de 水煎包 shuĭjiān bāo.

“包”字十分形象,俨然就是面皮裹着一团

馅料的样子。生煎包是上海地区有名的街

头小吃,用铸铁平底锅煎制而成,皮薄、底

脆,咬一口下去,会涌出鲜香的汤汁,激荡

着每一个味蕾,让大脑几乎停止运转。这跟

玻利维亚的馅饼有异曲同工之妙,只是生煎

包的个头恰好可以让你三两口解决问题。有

的地方也把它叫做“水煎包”。

生煎包 shēngjiān bāo

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Este 包 bāo é diferente do anterior. Preparada ao vapor, a massa fi ca um pouco mais grossa, pareci-da com uma esponja. Branquinha, contrasta com o rubro provocante do recheio de chashao (ou charsiu em cantonês), o porco assado de Cantão, melhor exemplo de que os chineses sabem fazer churrasco. O defumado da carne, com toques de caramelo, é uma das belas composições entre sal-gado e doce que os asiáticos adoram. Em geral do tamanho de uma maçã pequena, o chashao bao serve de café da manhã ou mata-fome da tarde, e também faz sucesso nas casas de dim sum.

与煎包不同,叉烧包是在蒸笼内蒸熟

的。宣软的白色外皮,与里面呈红宝

石色泽的叉烧肉形成强烈对比,让人

食欲大发。叉烧肉是广东美食,用猪

肉腌制烧烤而成,也是中国人擅于烤

肉的明证。叉烧包大小似个头适中的

苹果,口感咸中带甜,可以当作早餐

或午后点心享用,也是广式茶楼必备

的美食。

叉烧包 chāshāo bāo

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Semelhante a um jiaozi, pode ser moldado tanto em meia-lua quanto mais alongado, como uma bisnaga (formato que, por alguma razão, parece mais gostoso). O nome em chinês é auto-explica-tivo: gruda-na-panela. O contato com o metal pla-no e quente produz a casca fi na e crocante, mui-tíssimo apreciada em todo o país. Os bem feitos fi cam sequinhos por fora e suculentos por dentro, resultado da técnica de preparo que mescla gre-lhar em pouco óleo e cozinhar ao vapor.

顾名思义,“锅贴”是贴在热锅面上

煎蒸出来的食品,半月或麦穗状的外

观与饺子十分类似,外皮薄脆,是在

全中国都受欢迎的小吃之一。地道的

锅贴经薄油煎蒸,外皮香脆,馅料汤

汁饱满,十分可口。

锅贴 guōtiē

Instituto Confúcio | Volume 17, Nº 6 | NOVEMBRO, 2016 51

Primeiro, uma breve explicação sobre o que é um 饼 bĭng: qualquer massa achatada, tipo roti indiano, crepe francês, pizza italiana ou tortilla mexicana. O jianbing é um dos mais comuns. Uma mistura de feijões verdes amassados (não o nosso do Nordeste, mas um redondi-nho, comum na Ásia) é atirada sobre uma chapa quente diante dos nossos olhos – e olfato. E, de repente, com a ação rápida dos cozinheiros, a maçaroca branca torna--se um belo crepe, dourado e quentinho, as camadas sobrepondo-se com recheios feitos de ovo, coentro, pasta de feijão, pimenta e o que for. Os chineses comem no café da manhã; entre jovens e ocidentais, é comum consumi-lo na rua, após uma noite animada. Receita nativa da província de Shandong (a versão da cidade de Tianjin, ali perto, também é famosa).

煎饼源自山东,但市面上最常

见的则是来自天津的版本。在

人 们 眼 皮 和 鼻 子 底 下 , 摊 主

将绿豆粉调成的面糊浇在铁板

上,三下两下就把白色的面糊

变成一张金黄的薄饼,然后再

在上面打个鸡蛋,配上香菜、

面酱、辣椒等其他佐料。百姓

们喜欢用煎饼当早餐,而年轻

人或者外国人则经常在通宵玩

乐后卖套煎饼果子充饥。

煎饼 jiānbĭng

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期52

Além de serem provavelmente os petiscos de rua mais fa-mosos da China (e do mundo), os espetinhos são o regozi-jo de quem aprende a língua chinesa. Que outro ideogra-ma poderia ser tão didático quanto 串 chuàn? E nem pense que o churrasquinho da esquina passado na farinha é a mesma coisa. O mais popular no norte e no noroeste da China é o de cordeiro temperado com cominho e pimen-ta. Cada pedacinho de carne é especial; cada mordida é um passo rumo às paisagens montanhosas de Xinjiang, o canto islâmico do país.

在中国,乃至全世界,烤串都应该是最常见的街头小吃了,而

且“串”字生动的形象,也让初学汉语的人过目不忘。你可

别以为那跟普通的巴西街头烤串没什么区别。中国北部和西

北部常见的烤羊肉串,以孜然和辣椒为佐,每块入口都有不

同的口感,带你向中国的大西北一步步迈进。

羊肉串 yángròu chuàn

Há quem diga que esse é o sanduíche mais antigo do mundo. Ótimo se for. Mas o importante é que, mesmo nos dias de hoje, é com certeza um dos mais gostosos. A carne de porco marinada por horas com vários tipos de especiarias é cozida até desmanchar e atochada num pão macio. Sim, é tipo o nosso san-duíche de pernil de porta de estádio, porém com um pão macio. Precisa falar mais? O roujia mo nasceu em Xi’an, antiga capital da China. É servido em todo o país com variações no recheio. Em regiões muçul-manas, por exemplo, leva carne de cordeiro ou boi.

有人认为“肉夹馍”是世界上最古老的三明治。无

论传说真假,最重要的是,时至今日肉夹馍毫无

疑问是最美味的小吃之一。将多种调料腌制的猪肉

炖至软糯,夹入宣松的馍中,那种美味是只可意会

的……源自中国古都西安,肉夹馍在全国都很受欢

迎。在穆斯林聚居地区,则用牛羊肉做替代。

肉夹馍 ròujiā mó

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Leite animal não é um alimento que se costuma asso-ciar à China. Pois essa sobremesa prova que os chine-ses sabem, sim, usar um dos principais ingredientes da confeitaria ocidental. Vindo de Cantão, o “leite de duas camadas” recebe esse nome porque é delicadamente fi rme na superfície, feita com creme de claras, e, logo abaixo dela, guarda um creme sedoso, que abraça o pa-ladar com carinho. Sem quilos de açúcar para mascarar o sabor, o leite revela toda sua riqueza, que só aumenta quanto melhor for a qualidade do produto utilizado na receita. A sensação de quebrar a parte de cima com a colher e ver o que está embaixo escorrer é, sem dúvida, parte importantíssima da degustação.

可能很少有人会把奶制品同中国饮食联系起来,不过“双

皮奶”让我们看到中国人同样是使用这一西方传统食材的

高手。源自广东的甜品双皮奶,是在煮奶的过程中制出两

层奶皮,上层奶皮甘香,下层奶皮润口,让人唇齿留香。

恰到好处的甜度烘托出牛奶丰富的口感,原料越好,味道

就越浓郁。品尝时,最让人激动的就是当用勺子划破表面

的奶皮,嫩滑的奶液淌出来的那一刻。

双皮奶 shuāngpí năi

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Pode pôr na cabeça que é como gorgonzola. Pode pensar o que quiser. A primeira tentativa de comer o tofu fedorento – tradução literal do nome em chinês – é sempre complica-da. O cheiro que se espalha por onde é vendido faz os de-savisados pensarem que alguém se esqueceu de recolher o lixo daquele dia. O sabor que vem à boca é exatamente o mesmo que o olfato prevê. E por que comer uma coisa des-sas? Aí, sim, vale mencionar os queijos mofados europeus, o kimchi coreano, o nampla tailandês ou qualquer outro prato fermentado de cheiro forte. Assim que se acostuma, a sensação desagradável transforma-se em riqueza pura de sabor, concentrado a um ponto que só os microrganismos conseguem alcançar. Nas ruas o chou doufu é servido frito, grelhado ou numa sopa apimentada ao estilo de Sichuan.

首 次 接 触 臭 豆 腐 的 经 历 往 往 并

不 那 么 友 好 , 会 让 人 误 以 为 是

谁 家 忘 了 扔 垃 圾 。 不 过 , 你 可

以 把 臭 豆 腐 想 象 成 戈 贡 佐 拉 奶

酪,或者任何气味类似的食物。

为 什 么 要 吃 这 种 东 西 呢 ? 欧 洲

“发霉的”奶酪,韩国的泡菜,泰

国的鱼露,这些味道刺鼻的发酵食

品不都是深受人们的喜爱吗?习惯

了之后,那种令人不快的气味在口

中会幻化成层次丰富的美味。中国

街头常见的有煎、炸臭豆腐,也有

四川口味的辣汤臭豆腐。

臭豆腐 chòu dòufu

Instituto Confúcio | Volume 17, Nº 6 | NOVEMBRO, 2016 55

No infi nito mundo de massas chinesas (os “noodles”, em inglês), escolher um só é difícil e provavelmente injusto. Por isso, recorremos a uma seleção dos dez melhores da China feita em 2013 pelo Ministério do Comércio com a Associação de Hotéis. E o campeão é… O reganmian, massa sem caldo e apimentada de Wuhan, na província de Hubei, no centro do país. O nome explica o prepa-ro: o macarrão primeiro é cozido, depois seco, e então cozido de novo na hora de comer. O mais típico leva molho de soja, pasta de gergelim (tahine), picles, ce-bolinha e óleo picante (辣油 làyóu). No fi nal, a aparên-cia lembra a de uma macarronada italiana, mas com a pungência da pimenta e do gergelim implorando por mais e mais mordidas.

在中国数不胜数的面类食品中,

若只选一种的话确实难度很大,

而且有失公平。我们参考了2013

年由中国商务部与饭店协会评选

的“中国十大名面条”榜单,获

得冠军的是——武汉热干面。热

干面热辣、无汤,其做法也十分

独特:面条煮至七八成熟,拌油

晾干,吃的时候再烫一下即可,

传统的配料包括酱油、芝麻酱、

咸菜、小葱和辣油等。成品看起

来好似意大利烩面,不过香辣扑

鼻,让食客欲罢不能。

热干面 règānmiàn

Foto

/ 图

片:C

FP

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期56

小窍门:

煮生鸡蛋时需用小火,

否则蛋壳容易炸裂。

敲 碎 蛋 壳 时 要 注 意 大

小、疏密均匀,可以增

加美感并更好地入味。

如果喜欢溏心蛋的话,

可单独将调料汤煮沸10

分钟并静置到常温后,

再将敲碎蛋壳的鸡蛋浸

入汤中约一天后食用。

Ficou com vont ade de provar todos? A maior parte? De todas essas comidinhas, es-colhemos a receita mais fácil de reproduzir em casa para você poder experimentar: o 茶叶蛋

cháyè dàn, ou ovo cozido no chá. As especiarias serão importantes para um sabor mais autêntico.

看了文章是不是想把这些小

吃都尝个遍?至少其中的绝大部分

都会让你垂涎吧?以下是其中最简

单的一个——茶叶蛋的做法,你不

妨在家自己试试看。正确的调料是

地道口味的保证哦!

主料:鸡蛋6只

配料:红茶10-15克,水适量

调料:酱油150毫升,糖1汤勺,盐适量,老姜2-3片,八角1枚,香叶2片,

桂皮1块,花椒20粒(或丁香5粒)

做法:

将洗干净的鸡蛋放入锅中,加入清水没过鸡

蛋,待水开后,改为小火煮5分钟。

把煮好的鸡蛋捞出,用凉水彻底冲透,用勺

子在鸡蛋表面轻轻敲击出均匀裂纹,但不要

剥去蛋壳。

再将鸡蛋放入锅中,加入足量清水,放入全

部调料。

用旺火烧开后改用小火,煮30-40分钟。

关火,将鸡蛋在汤汁中浸泡至少2小时以后

即可食用。浸泡的时间越长,口味越好。

很难想象一成不变的煮蛋竟然也能变成美味。在

放有茶叶和五香粉等调料的汤中滚煮一番后,鸡

蛋上便会形成如大理石般的棕色花纹,那扑鼻的

独特香气让人迫不及待地去品尝一下蛋的味道。

而且,在汤中浸泡的时间越长,香气就会越浓

郁。茶叶蛋既可以单独吃,又可以作为面条或米

粥的配菜食用。

茶叶蛋 cháyè dàn

Eis a prova de que ovo cozido pode ser bem mais que ovo cozido. Após a fervura em folhas de chá e uma mistura de cinco especiarias, sua superfície fi ca marcada por uma leve cor marmorizada, que só não agu-ça mais o apetite que a fragrância viciante exalada pelo chaye dan – quanto mais tem-po conservado no caldo, mais aromático. Pode ser consumido puro ou, melhor ainda, dando uma reforçada nos sabores de uma tigela de macarrão ou canja de arroz.

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Higienize os ovos, coloque-os numa panela e cubra com água. Leve ao fogo e deixe ferver por 5 minutos.

Retire os ovos, deixe arrefecer em água fria por pelo menos 10 minutos

Com as costas de uma colher, bata delicadamente para criar rachaduras na casca dos ovos, mas não os descasque.

Coloque os ovos de volta na panela, cubra com água e junte os demais ingredientes. Leve à fervura e deixe cozinhar em fogo baixo por 30-40 minutos.

Desligue o fogo e deixe de molho por no mínimo 2 horas (quanto mais tempo melhor)

Ingredientes:

6 ovos

10-15g de chá preto

150 ml de shoyu

1 colher de sopa de açúcar

sal q.b.

água q.b.

2-3 fatias de gengibre

1 anis-estrelado

2 folhas de louro

1 canela em pau

20 grãos de pimenta “Szechuan” (pode-se

substituir por 5 cravos)

É importante cozinhar em fogo baixo para evitar que a casca se desprenda de uma vez;

Procure distribuir as rachaduras de maneira uniforme por todo o ovo, assim os sabores vão se impregnar melhor e o visual fi cará mais interessante;

Se preferir a gema mais mole, ferva o caldo de especiarias em separado por cerca de 10 minutos, desligue, espere esfriar, ponha os ovos previamente cozidos e com a casca já rachada e deixe de molho por pelo menos um dia (os sabores se impregnam mais devagar sem o calor do fogo).

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Dicas:

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Por mais que soe clichê, haverá melhor maneira de se referir ao cineasta Xie Fei? Nascido em Yan’an há 74 anos, o expoente da Quarta Geração do cinema chinês criou uma obra célebre no mundo todo e foi professor de nomes como Zhang Yimou e Chen Kaige

PERSONALIDADE

文 /Por Janaina Rossi Moreira

这种说法虽然听来有点落俗套,

但在提到电影人谢飞的时候,我

们还能找到其他更合适的方式吗?

七十四年前出生于延安,谢飞是中

国电影第四代导演中的代表人物,

他不仅创作了享誉世界的电影作

品,更是著名导演张艺谋和陈凯歌

的老师。

大师中的大师O mestre dos mestres

Instituto Confúcio | Volume 17, Nº 6 | NOVEMBRO, 2016 59

Sessão da 2ª Mostra de Cinema Chinês

第二届中国电影节现场。

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期60

近年来,坐在电影院里看到的最

令我心痛的一幕竟然是如此的

简洁 :房顶露台上,一位妇女

向年轻而顺从的儿媳开始了一段充满歉疚

的倾诉,而恰恰是她将自己所经历的残酷

却无法挽回的命运强加在了这个女孩的身

上。女孩正在收拾晾在绳上的衣服,镜头

中只能看到她映在被单上的身影。对话极

少,似乎加一次呼吸都会显得多余。

放映结束后,我发现并不是我一个人

体会到了那短短几分钟的冲击,很多人都

情不自禁地提到那个场景,一致把它当作

是电影《香魂女》中的一处亮点。《香魂女》

是谢飞导演 1993 年的作品,当年在柏林

电影节上赢得最佳影片金熊奖。此前,他

在 1990 年拍摄的电影《本命年》就已荣

获过银熊奖。在谢飞杰出但数量不多的电

影作品中,《本命年》具有以下两个独特

之处 :它是唯一一部城市题材的影片,也

是唯一一部以男性为主角的影片。

这两部电影都被选入了由圣保罗州

立大学孔子学院与圣保罗市文化厅及圣

保罗市电影公司合作举办的第二届中国

电影节的“谢飞回顾展”单元。这个单元

不仅为圣保罗的观众呈现了六部谢飞导演

的电影,占其作品总数的三分之二,而且

还将艺术家本人请到了现场。在一些场次

的放映后,谢飞导演饶有兴致地与观众进

行了交流。

人文主义影像的众多视角

利用这次难得的机会,我想一解心

中对这位导演的一些疑惑,于是我问他是

否偏好女性题材,为什么往往选择女性作

为影片的主角。谢飞导演回答说 :“不管

是男性还是女性,电影的主角首先是人。

在选择剧本的时候,吸引我的首先是故

事,我不会先去考虑到底是男性题材还是

女性题材。纯粹是出于巧合吧!”我相信

这也许就是他的影片既感性又深刻的秘诀

所在吧。谢飞电影的剧本都不是他原创的,

而全部是从小说改编而来的。在与圣保罗

大学传播和艺术学院的学生们座谈时,谢

飞特别强调了优秀电影脚本的重要性,不

管是改编的还是原创的,他还不止一次地

提到职业电影人的培养是一个持续不断的

过程,在这个过程中,阅读和好奇心发挥

着至关重要的作用。正是在好奇心的驱使

下,他去了很多偏远的地区,拍摄了不少

讲述中国少数民族生活的影片。

如果说谢飞导演有什么举动或态度

引起我注意的话,那就是他在与观众或大

学生交流时所表现出来的那种随意感和

满足感。我们往往会期待在一位艺术家身

上看到与其作品中所表达出来的感性相吻

合的某种态度或姿态。然而我们看到的常

常是一些古怪的行为、耍大牌的态度或是

令人反感的做派,我们觉得这在某种程度

上是可以理解的,也为此做好了心理准备。

然而,当对艺术的高度敏感与简单、开放

和宽容的态度在一位艺术家身上交融时,

我们甚至会感到有些不知所措。无论是举

止,还是衣着、手势、言语,甚至是面部

表情,都丝毫没有任何大牌的架子和矫情。

我不得不时刻提醒自己,坐在我面前不远

处的是大师谢飞,在国际上获奖的著名导

演,中国一代承前启后电影人中的代表人

物,当然,他还是包括张艺谋和陈凯歌在

内的众多享有国际声誉导演的恩师。他热

情而又毫不妄自尊大地对主办方说 :“下

次你们还想请谁过来?张艺谋?陈凯歌?

都是我的学生,只要说一声就行啦!”

自小就热爱电 影的谢飞 1965 年 毕

业于北京电 影学院,但 直到十几年后,

他才真正作为导演拍摄了自己的第一部

作品(详见作品列表)。谢飞大学毕业时

正值文化大革命开始,他被下放到农村

接受了几年的“再教育”。尽管经受了磨

难,但谢飞认为恰恰是那段日子塑造了

他一生的艺术之路。“电影是全世界无数

Instituto Confúcio | Volume 17, Nº 6 | NOVEMBRO, 2016 61

年轻人的一个梦想。然而,像其它任何

艺术形式一样,电影需要把反思、生活,

特别是创作者的生活当作素材。一个刚

从电影学院毕业的学生,也就是 22、23

岁,他还没有对生活的体验,没有足够

的生活阅历去拍摄电影。我是四十岁左

右的时候才导演了第一部影片。”那段在

农村度过的岁月,给他以及与他同时代

的电影人们提供了极好的机会去贴近生

活、贴近中国的农民,使他能够娴熟地

将乡村的美景表现在他的作品当中。前

面提到的影片《香魂女》全部外景就是

在谢飞曾经劳动过的村庄拍摄的。

谢飞正式开始其导演生涯后仍继续

在母校北京电影学院任教,平均两年时间

教书,一年时间拍电影,也正是因为这个

原因,他的作品总共也不超过十部。2000

年初,他彻底放弃了导演工作,全心投入

到了教学工作当中。

真正的艺 术 敏 感 和丰富的生活 经

历,加上对文学的热爱和一颗永葆好奇

的童心,谢飞是一位极富细腻人文主义

情怀的电影人。正因为如此,他才能够

以精致的手法,刻画出《香魂女》中那

两个被遗忘在中国偏远农村的女人之间

复杂的世界,以及两个人物微妙的性格

和关系。它已经远远超越了一般意义上

的“女性电影”或“女权电影”,而是一

部真正的人文主义作品。就像他的《本

命年》《黑骏马》《湘女萧萧》等其他几

部影片一样,片中的人物,无论是男性还

是女性,无论是汉族、藏族还是蒙古族,

也无论是城里人还是乡下人,他们首先

都是“人”。

O diretor Xie Fei e o ator Jiang Wen durante as

filmagens de "Neve Negra"

谢飞导演与姜文在 《本命年》片场。

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期62

中国几代电影人的划分

学者们习惯将中国电影的发展按照导演划分为

几代,目前我们正处在第六代,也有人说是第七代。

早在 1896 年,卢米埃兄弟的新发明就进入了中国上海。

1913 年,张石川拍摄了中国的第一部故事片《难夫难

妻》,在随后的十几年中,出现了一批反映现实生活的

故事片和所谓的“武侠片”,中国第一代导演的作品基

本上都是以娱乐性为主导的。三十年代一系列重大动

荡的发生促使第二代导演开始在银幕上深刻地反映残

酷的现实生活,影片中表现了进步的思想。

新中国成立后走上影坛的导演被称为“第三代”,

中国电影的制作中心也从上海转到了北京。对于“第

四代”导演来说,苏联电影是他们学习期间接触到的

主流,谢飞就属于这一代,他与其他同时期的电影人

直到七十年代中期才正式开始创作。第四代导演开启

了中国电影的一个黄金时期,当年电影观众一度超过

两亿九千万人次,电影票价低廉,政府也鼓励电影的

制作。这也是中国电影开始向世界开放的时期,在这

个方面,谢飞发挥了极其重要的作用,其作品多次在

大型国际电影节上获奖,苏联电影已经不再是唯一的

标杆。上世纪 70 年代后半期,北京电影学院恢复本

科招生后的首批学生们给自己制订了一个艰巨的任务:

在四年的学习时间中,他们观摩了约 1,300 部外国电影,

其中主要是欧洲电影,也就是说平均每天要看一部影

片,星期天和节假日也不例外。

八十年代出现的“第五代”导演就是由这批学生

组成的,他们是标新立异的一代,陈凯歌于 1984 年拍

摄的《黄土地》是这一代的开山之作。三年后,张艺

谋根据莫言小说改编的电影《红高粱》在柏林电影节

上获得金熊奖 ;1990 年他携影片《菊豆》参加戛纳国

际电影节的角逐 ;1994 年他的作品《活着》获得戛纳

电影节多个奖项 ;1999 年因《我的父亲母亲》获得柏

林电影节评委会大奖银熊奖,这些不过是张艺谋所获

奖项中的几个。陈凯歌于 1993 年拍摄的代表作《霸王

别姬》则折桂戛纳,获得金棕榈奖。

八十年代末期出现了第六代导演,按照圣保罗大

学传播和艺术学院研究员塞西莉亚·梅洛的说法,这

是将“表达与展现的冲动与现实主义手法结合起来”

的一代,在创作中全面使用数字影像新技术 , 作品充

满躁动和紧迫感,展现当代都市生活。贾樟柯是这一

代导演中的核心人物,巴西著名导演沃尔特·塞勒斯

曾执导了一部以他为主题的纪录片。

Uma das cenas mais pungentes que pude ver nos últimos tem-pos sentada numa poltrona de

cinema foi também uma das mais econô-micas. Na laje de uma casa, uma mulher inicia um misto de desabafo e pedido de perdão à jovem e resignada nora, a quem impôs um destino tão cruel – e irreversí-vel – quanto fora o seu próprio. A moça recolhe roupas no varal, e as imagens ex-ploram sua silhueta recortada por detrás de panos estendidos. As falas são míni-mas, mas uma respiração a mais seria já um excesso.

Após a sessão, constatei que o impacto daqueles minutos havia sido democrático, pois as pessoas se referiam àquela cena, espontaneamente, como ponto alto de “A mulher do lago das almas perfumadas”, filme de 1993 que rendeu o Urso de Ouro ao diretor de cinema Xie Fei, no Festival de Berlim do mesmo ano. Ele já havia ganha-do um Urso de Prata em 1990 com “Neve negra”, filme que possui duas característi-cas incomuns em sua enxuta mas notável filmografia: é o único passado em ambiente urbano e também o único cuja personagem principal é um homem.

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Ambas as películas estavam entre os seis trabalhos selecionados para a retros-pectiva de Xie Fei na 2ª Mostra de Cinema Chinês, realizada pelo Instituto Confúcio na Unesp em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e a SP Cine (empresa de cinema e audiovisual da Prefeitura). Além de trazer aos paulistanos dois terços da produção do artista, o even-to viabilizou a vinda do próprio à cidade. Presente em algumas sessões, ele conversou com o público, de muito bom grado e com visível disposição, ao final da exibição dos filmes.

As várias perspectivas de um humanista da imagem

Aproveitando essa oportunidade úni-ca, e intrigada que estava com sua suposta preferência por protagonistas femininos, perguntei a ele o porquê dessa recorrência de mulheres nos papéis centrais: “Antes de ser homem ou mulher, a personagem é um ser humano. Quando escolho um roteiro para filmar, o que me atrai é a história, não paro para pensar se é a história de al-

guém do sexo masculino ou feminino. Foi só coincidência”, ele respondeu. Acredito estar nessa visão o segredo da abordagem tão sensível e profunda que testemunha-mos na tela. Vale lembrar que Xie Fei não escreve roteiros originais, mas adapta-os de romances. E é enfático ao ressaltar a im-portância de um bom script, seja adaptado ou original: num encontro com estudantes da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, mais de uma vez recomendou a leitura e frisou o papel da curiosidade na formação do profissional de cinema, que é um processo contínuo. Curiosidade, aliás, que o levou a realizar vários de seus filmes em locais remotos da China, retratando algumas das 56 minorias étnicas de seu país.

Se algo na figura e na atitude de Xie Fei chamava atenção, era o quanto parecia satis-feito e à vontade conversando com o públi-co, ao final das sessões de cinema, e entre os universitários. Quase sempre esperamos ver, na pessoa do artista, uma atitude, uma pos-tura condizente com a sensibilidade que se evidencia em seu trabalho. Mas é tão mais comum nos depararmos com excentricida-

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des, estrelismo, antipatia - o que em certa medida é até compreensível - que já nos pre-paramos para isso. E quando testemunha-mos a concomitância entre aquela mesma sensibilidade e uma postura simples, aberta e generosa, ficamos meio desconcertados. Nenhuma pose, nenhuma extravagância no figurino, no gesto, na voz, na expressão fa-cial. Toda hora eu tinha que ficar lembrando a mim mesma que estava a poucos metros do grande Xie Fei, mundialmente famoso e premiado, nome principal de uma geração decisiva no cinema da China, e nada mais, nada menos, que professor de Zhang Yimou – este simplesmente o cineasta chinês de maior projeção internacional da atualidade – e de Chen Kaige, diretor do inesquecível “Adeus, minha concubina”. Aos organizado-res, entusiasmado e sem nenhuma soberba, ele dizia: “Quem vocês querem que venha na próxima? Zhang Yimou? Chen Kaige? Todos meus alunos, é só falar com eles!”

Tendo sonhado em fazer filmes desde a infância, Xie Fei se formou pela lendária Academia de Filmes de Pequim (BFA, na sigla em inglês) em 1965, mas só realizaria seu primeiro trabalho como diretor mais de uma década depois (veja quadro). Sua formatura coincidiu com o início da Revo-lução Cultural, e ele passaria vários anos trabalhando no campo. Sobre esse período, Xie comenta que, apesar de traumático, foi essencial para torná-lo o artista que é. “Ci-nema é um sonho acalentado por inúmeros jovens no mundo inteiro. Mas, como qual-quer forma de arte, usa a reflexão, a vida, e a vida do criador como matérias-primas. Um aluno recém-formado na Academia, aos 22, 23 anos, ainda não tem a vivência, a experiência necessária para fazer um filme. Eu acabei estreando como diretor já na casa dos 40…”, observa. Já os anos passados no campo, cujas paisagens ele explora magis-tralmente em sua obra, teriam sido uma

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oportunidade de aproximá-lo – e a seus colegas de geração – da vida, dos costumes e do povo da China rural. No caso do citado “A mulher do lago das almas perfumadas”, as locações foram na mesma aldeia em que o cineasta trabalhou, anos antes de iniciar sua atividade cinematográfica.

Ao mesmo tempo em que finalmente co-meçava a exercer sua vocação, também passou a integrar o quadro de professores da BFA que o formou, alternando dois anos de docência com um para filmagem – ao que ele atribui o fato de seus filmes não somarem sequer uma dezena. No início dos anos 2000, abandonou o trabalho de direção, para dedicar-se inteiramente ao ensino.

Por ser alguém com real –e óbvia – sensibi-lidade artística, aliada a tamanha diversidade de experiências e, finalmente, ao amor pela literatura e ao cultivo da curiosidade, Xie Fei é um cineasta com uma visão humanista e refinada ao extremo. É por isso que conseguiu, por exemplo, retratar de maneira primorosa o complexo universo das duas mulheres esquecidas num rincão da China rural, a sutileza de seus caracteres e da relação que se dá entre elas. Muito além de um filme feminino, ou feminista, é uma obra humanista na acepção do termo, assim como “Neve negra”, “Um conto da Mongólia”, “A garota de Hunan” e seus outros tí-tulos, cujas “personagens, antes de serem homens ou mulheres”, de etnia han, tibetana ou mongol, urbanos ou do interior, são “seres humanos”.

As gerações do cinema chinês – um breve histórico

Os estudiosos costumam dividir a história do cinema na China em gerações, sendo que es-taríamos, atualmente, na Sexta – ou na Sétima, segundo alguns. E o país conheceu cedo a novi-dade dos irmãos Lumière, já em 1896, a partir de Xangai. Em 1913, “Um casal infeliz”, de Zhang Sichuan, inaugura a produção de longa-metragens que, ao longo da década seguinte, variam de dra-mas realistas aos chamados “filmes de sabres”, com predomínio da preocupação com o entre-tenimento no trabalho dessa Primeira Geração de cineastas. Com os eventos traumáticos que os anos 1930 logo trariam, uma Segunda Geração se

vê impelida a refletir a dura realidade na tela, com películas de cunho progressista.

O advento da República Popular da China coincide com a Terceira Geração e a transferên-cia de Xangai para Pequim do status de centro cinematográfico do país, e o cinema soviético é eleito a matriz da sensibilidade dos cineastas da Quarta Geração. É essa a geração de Xie Fei e de outros autores que começam a produzir em meados dos anos 1970. Ela foi a responsável por uma era de ouro do cinema na China, quando os filmes atingiram uma audiência superior a 290 milhões de espectadores. O ingresso era barato e o governo incentivava a produção cinematográ-fica. É também nessa época que o cinema chinês começa a se abrir para o mundo, e nesse aspecto Xie Fei teve um papel importantíssimo, com suas obras premiadas em grandes festivais. O cinema soviético também já não era mais a única refe-rência. Os alunos da primeira turma da BFA após sua reabertura, na segunda metade dos anos 1970, impuseram a si mesmos uma tarefa hercúlea.

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期66

Assistiram, nos quatro anos do curso, a cerca de 1.300 fi lmes, sobretudo europeus, numa média de um por dia, incluindo domingos e feriados.

Dessa turma sairiam os cineastas da cha-mada Quinta Geração – bastante heterogênea – na década de 1980, tendo como marco a obra de Chen Kaige, “Terra amarela”, de 1984. Três anos mais tarde, com “Sorgo vermelho”, adaptação do romance de Mo Yan, Zhang Yimou ganharia, como seu mestre Xie Fei, o Urso de Ouro em Ber-lim. Levaria também, em 1994, o Grande Prêmio do Júri em Cannes com “Viver”, e outro prêmio em Berlim – um Urso de Prata – com “O cami-

nho para casa”, em 1999. Isso para não mencionar os demais prêmios de Zhang. Outro que se con-sagrou em Cannes foi Chen Kaige, que recebeu a Palma de Ouro por sua obra-prima “Adeus, mi-nha concubina”, de 1993.

Na reta final dos anos 1980 surge a Sexta Geração, que, segundo a pesquisadora Cecília Mello (ECA-USP), “combina o ímpeto revelatório e representacional a um realismo formal”, incor-porando o uso das novas tecnologias digitais. Jia Zhangke é fi gura central dessa produção inquieta, urgente e urbana, tendo sido, inclusive, tema de um documentário dirigido por Walter Salles.

1978 年《火娃》“The Fire Boy” (sem título em português)

1979 年《向导》“The Guide” (sem título em português)

1983 年《我们的田野》“Nossa terra”

1986 年《湘女萧萧》“A garota de Hunan”

1990 年《本命年》“Neve negra”

1991 年《世界屋脊的太阳》“O sol no teto do mundo”

1993 年《香魂女》“As mulheres do lago das almas perfumadas”

1995 年《黑骏马》“Um conto da Mongólia”

2000 年《益西卓玛》“Canção do Tibete”

谢飞的九部电影作品 Xie Fei em nove capítulos

谢飞的电影作品数量十分

有限,因为他必须在电影导演和

北京电影学院教授之间分配他

宝贵的时间。他一共创作了九部

电影,均改编自文学作品:

O trabalho de Xie Fei por trás das câmeras teve de disputar tempo e atenção com as atividades do diretor como docente da BFA. Sua obra é, então, composta de apenas nove longa-metragens, todos adaptados de obras literárias:

Instituto Confúcio | Volume 17, Nº 6 | NOVEMBRO, 2016 67

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期68

EXPERIÊNCIA

上海进行时Algo está acontecendo em

文/Por Santiago Bustelo

Xangai

今年九月,我有幸受邀参加了

由上海社科院组织的青年汉

学家研讨会。在三周的时间

里,我结识了来自美国、俄罗斯、意

大利、印度和土耳 其等 22 个国家的

26 位青年才俊,走访了上海当地的多

所院校,从经济、历史、国际关系和

文化等多个视角研究中国的发展历程。

与此同时,我也十分高兴能够亲身体

验一下这座中国的大都市,亲眼看看

这个中国近几十年高速发展的缩影。

除了代表中国所取得的成就以外,

上海更清楚地向我们展示了中国在经

济、社会和文化等方面可能拥有的未

来。无论是浦东金融区的摩天大厦,

还是中国商用飞机有限公司的研究中

心,或者是穿越在交错纵横的地下隧

道中,所有这些无不时刻提醒着我,

上海正在中国新经济发展中成为最活

跃的一极,这种新的发展模式是通过

创新发展高科技产品,向全球价值链

上游攀升。

昔日的“十里洋场”,今天已俨然

成为真正的国际化大都市。以经济为

例,上海证券交易所和香港证券交易

所的合作已成为了跨境投资的新渠道,

也因此奠定了上海“金融中心”的地位。

此外,新落成的自由贸易试验区也将上

海重新带回了中国改革开放的最前沿。

同经济成 就 相比, 上海 在 文化

和娱乐方面的繁荣同样不遑多让。自

2010 年举办世博会以来,上海对这一

领域持续进行投资,吸引着世界各地

才华横溢的青年艺术家们。因此,我

也专门去参观了遍布城中的博物馆、

艺术社区和先锋音乐剧场,例如位于

莫干山路 50 号的 M50 创意园里,就

驻扎着中国各大艺术画廊。上海,这

座在 1930 年代被誉为“东方巴黎”的

都市,如今仍是全球爵士乐的中心之

一,拥有众多极富盛名的当地乐队。

上海同样是一座“未来之城”,站

在黄浦江畔,望着对岸的摩天大楼在

璀璨灯光映照下所勾勒出的高低错落

的天际线,你会清晰地意识到,有什

么正在那里孕育。当前,中国正在进

行复杂的结构性改革,将经济增长的

模式由投资拉动型向消费服务拉动型

转变,与此相伴的是科技升级的艰难

过程。上海,就是这个国家的最真实

缩影——沉静之处如贯通城市的地下

隧道,喧嚣之所则似流光溢彩的外滩

景区。

众所周知,中国这一转变对整个

世界的影响不可小觑。未来几十年,

如果这个亚洲巨人能够实现其既定目

标的话,你我所生活的世界也许会大

不相同。

Santiago Bustelo, 里约热内卢联邦大学经济

学院战略发展和公共政策硕士。巴

西 - 中国研究中心研究员,巴中企业

家委员会分析和研究协调员。

Instituto Confúcio | Volume 17, Nº 6 | NOVEMBRO, 2016 69

Foto

/ 图

片:

J. P

atr

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Fis

ch

er

No último mês de setembro tive a grande oportunidade e o prazer de participar do Seminário para Jovens Sinólogos,

organizado pela Academia de Ciências Sociais de Xangai. Por três semanas, 26 estudiosos de 22 países – entre os quais EUA, Rússia, Itália, Índia, Turquia e Brasil -, realizaram em diversos institutos locais pesquisas sobre o processo de desenvolvimento da China sob as perspectivas da economia, história, relações internacionais e cultura. A esse prazer veio somar-se outro: ver de perto e andar sobre o solo da maior cidade chinesa, e também aquela que talvez melhor re-presente o rápido processo de desenvolvimento do país nas últimas décadas.

No entanto, mais que um exemplo do que já se avançou até agora, a metrópole chinesa é a mais clara visão do que pode ser o futuro econô-mico, social e cultural da terra de Confúcio. Dos arranha-céus no distrito financeiro de Pudong até os centros de pesquisa na fábrica de aviões da Commercial Aircraft Corporation of China (COMAC), passando pelas imensas obras de engenharia subterrânea que atravessam a cida-de, tudo me fazia lembrar como Xangai vem se firmando como um dos polos mais dinâmicos do que será a nova economia chinesa. Uma eco-nomia baseada na inovação para desenvolver produtos tecnológicos de alta qualidade para ascender nas cadeias globais de valor.

Confirmando a vocação cosmopolita que já se manifestou em tempos passados, Xangai é

atualmente uma cidade internacional. No aspec-to econômico, já se confirma como hub financei-ro, ao formar com sua bolsa de valores e a bolsa de valores de Hong Kong um novo canal de investimento transfronteiriço. E, com a recém--inaugurada Zona de Livre Comércio, volta à posição de vanguarda no processo de reforma e abertura da China.

No que diz respeito à cultura e ao entreteni-mento, desde a World Expo de 2010 Xangai con-tinua investindo forte nesse setor e se esforçando para atrair jovens talentos do mundo todo. Sabendo disso, aproveitei para conferir alguns dos museus, distritos artísticos e cenas musicais alternativas que agora florescem pela urbe. No número 50 da Rua Moganshan encontrei o M50, bairro de artistas que concentra as principais galerias de arte da China. Conhecida como a “Paris do Oriente” na década de 1930, a cidade é hoje referência no circuito mundial de jazz, com reconhecidas bandas locais.

Mas Xangai é também uma cidade do fu-turo. E não só pelo skyline futurista do cartão postal: quando você está ali, à margem do Rio Huangpu, olhando as luzes se acenderem do outro lado, percebe que algo está acontecendo naquele lugar. A China atravessa nos dias de hoje complexas reformas estruturais que têm trans-formado um modelo de crescimento baseado em investimentos em outro, focado no consumo doméstico e em serviços. E essa transformação caminha em concomitância com um difícil pro-cesso de catch-up tecnológico. Xangai é reflexo fiel desse fenômeno, às vezes silencioso e sub-terrâneo como os túneis que conectam a cidade, às vezes brilhante e sonoro como o Bund, seu famoso distrito turístico.

Todos sabemos que não se devem subes-timar os impactos que a transição chinesa terá no mundo inteiro. Se nas próximas décadas o gigante asiático for capaz de alcançar seus obje-tivos, provavelmente você e eu viveremos em um mundo muito diferente do atual.

Santiago Bustelo é mestre em Políticas Públicas, Estraté-gias e Desenvolvimento pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesqui-sador do Instituto de Estudos Brasil-China (IBRACH). Coordenador de Análise do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期70

Instituto Confúcio | Volume 17, Nº 6 | NOVEMBRO, 2016 71

Foto / 图片:CFP

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期72

POESIA

Neve no rio

Sobre mil montanhas voa nenhum pássaro, são dez mil caminhos sem uma pegada.Há um barco só – à capa em palha o velhosegue o rio à neve, solitário pesca.

江雪

千山鸟飞绝

万径人踪灭

孤舟蓑笠翁

独钓寒江雪

Instituto Confúcio | Volume 17, Nº 6 | NOVEMBRO, 2016 73

柳宗元

Liu Zongyuan(773-819)

柳宗元是唐代著名诗人,也是散

文革新的重要倡导者,与其好

友韩愈并称为“韩柳”。柳宗

元一生留下众多诗文作品,其在散文和

寓言上的成就远大于诗。柳宗元一生好

佛,但却秉承儒家思想,关注政治和社

会问题。他曾身居朝廷要职,官拜礼部

员外郎,但仕途最终被断送在纷繁复杂

的宫廷争斗中,被贬为永州(今湖南省)

司马。公元 815 年,他再次被贬到位于

偏远边疆的柳州任刺史,并最后在那里

病故。

Um dos poetas mais celebrados de seu tempo, é considerado também um grande renovador da prosa,

juntamente com o amigo Han Yu. Sua fama como ensaísta e contista é, talvez, superior à de poeta. Adepto do budismo, preocupou-se com problemas políticos e sociais. Sua carreira pú-blica foi interrompida pelo seu envolvimento em uma conspiração palaciana: depois de ter sido alto funcionário do Ministério dos Ritos, foi rebaixado e enviado para exercer funções menores na província de Hunan. Em 815, foi nomeado prefeito de Liuzhou, na província de Guangxi, região remota e fronteiriça, posição equivalente a um banimento.

翻译及注释: 里卡多•波图加尔,谭笑

Tradução e notas: Ricardo Primo Portugal e Tan Xiao

NOTÍCIAS

巴西圣保罗州立大学孔子学院Instituto Confúcio na Unesp, Brasil

10 月 29 号, 圣 保罗州

立大学孔子学院第二届教

学 研讨会拉开帷幕,共有

二十四名教师参加了此次为

期一天半的交流活动,就汉

字教学、口语教学、课堂管理、

跨文化交际、教学新技术及

方法、对外汉语经历感悟六

个方面的议题进行了讨论。

一半以上参与此次交流的老

师来自圣保罗州立大学分散

在各地校区的教学点,离圣

保罗市最远的要八个小时车

程。目前,教学研讨会已成

为圣保罗州立大学孔子学院

的定期活动,每年举办一次。

O Instituto Confúcio na Universidade Estadual Paulista (Unesp) organi-zou, no dia 29 de outubro, o 2º Seminário do Ensino da Língua Chinesa, com a participação de 24 pro-fessores. Durante um dia e meio, foram discutidas as seguintes temáticas: 1) ensino de ideogramas; 2) ensino da língua oral; 3) gestão de aula; 4) comuni-

cação intercultural; 5) no-vas técnicas e métodos de ensino e 6) intercâmbio de experiência no ensino do chinês como segunda lín-gua. Mais da metade dos professores participantes veio dos diversos campi da Unesp, o mais distante deles a oito horas de carro da cidade de São Paulo. O Seminário é um evento anual do IC-Unesp.

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期74

12 月1 号,由圣保罗州立大学

孔子学院与《今日中国》杂志社联合

主办的第七届“中国商贸环境”研讨

会在圣保罗举行,重点介绍中国商业

市场的现状及挑战,分析在商业开

发中的机遇及中国企业的国际化进

程。孔院外方院长保利诺教授、《今

日中国》杂志副主编 Alfredo Nastari、

中国银行巴西分行副行长张广华、

华为巴西公司人力资源部总监韩峰、

圣保罗商业协会会长 Farid Murad 等

100 余位来宾出席了此次活动。

演讲者们多样化的视角,敏锐

的洞察力,新颖的研究手段给观众

们展现了一个机遇与挑战并存的中国

商业贸易市场,现场观众也积极参

与,纷纷提问。随着中巴两国经贸关

系的日渐密切,巴西人了解中国商业

文化的需求也日益强烈,圣保罗州立

大学孔子学院一年一度的商贸环境

研讨会为巴西人了解中国及中国商业

文化提供了一个很好的平台。

No primeiro dia de dezem-bro, o IC-Unesp, em parceria com a revista China Hoje, ofe-receu o seminário “O Ambiente de Negócios na China”. Reali-zado em São Paulo, o seminário abordou o atual panorama da China no mundo, apresentando os desafios do mercado chinês e análises sobre as oportunidades no desenvolvimento de negó-cios e a internacionalização das empresas chinesas. Mais de cem participantes estiveram presen-tes, entre eles o professor Luís Antonio Paulino, diretor brasi-leiro do Instituto, Alfredo Nas-tari, vice-editor-chefe da China Hoje, Zhang Guanghua, vice-

-presidente da sucursal brasileira do Banco da China, Han Feng, diretor de recursos humanos da Huawei Brasil, e Farid Murad, diretor na Associação Comercial de São Paulo.

Va lendo -se de d iversa s perspectivas, insights e métodos inovadores de pesquisa, os pales-trantes expuseram a um público muito participativo as oportuni-dades e os desafios do mercado chinês. O seminário anual do IC-Unesp atende à demanda crescente de entender a cultura chinesa de negócios, impulsio-nada pela intensificação das re-lações econômicas e comerciais entre Brasil e China.

Instituto Confúcio | Volume 17, Nº 6 | NOVEMBRO, 2016 75

巴西利亚大学孔子学院

Instituto Confúcio na UnB, Brasil11 月 9 日,巴西利亚大学孔子学院应邀在当地南翼

413 社区小学开展文化展示活动,50 余名该校师生踊跃参

与。此次活动包括汉语初体验、欣赏功夫、学唱中文歌、

画脸谱和起中文名五个板块。活动过程中,不时有学生向

孔院老师请教中国文化的问题。结束时,学生们还用刚学

会的“谢谢”“再见”向孔院教师道别。

(文 / 张华)

O Instituto Confúcio na Universidade de Bra-sília organizou um evento cultural na Escola Classe 413 Sul no dia 9 de novembro, com participação de mais 50 professores e alunos da escola. A atividade foi dividida em cinco módulos: primeiro contato com o idioma, aula demonstrativa de kung fu, cantando em chinês, pintura facial e meu nome em chinês. No

final, os alunos se despediram dos professores do Instituto Confúcio dizendo “xiè xie” (obrigado) e “zài jiàn” (até logo).

(Texto: Zhang Hua)

巴西南大河州联邦大学孔子学院

Instituto Confúcio na UFRGS, Brasil

11 月 12 日,南大河州联邦大

学孔子学院中华文化体验系列课

程之中国民乐课程正式开课,这

是继剪纸、书法、国画之后开设

的第四类中华文化体验课,由孔

院志愿者教师张磊授课,介绍中

国传统乐器的历史、种类、演奏

技巧等。

A aula inaugural do curso de música chinesa tradicional – o quarto da série de Cursos de Experimentação da Cultura Chi-nesa – foi realizada no dia 12 de novembro. Os cursos anteriores abordaram a arte dos recortes em papel, caligrafia e pintura. Zhang Lei, professor voluntário do IC na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), é quem ministra o curso, com apresen-tações sobre a história, o tipo e a técnica dos instrumentos tradi-cionais chineses.

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期76

11 月 23 日,中国传媒大学副校长袁军率代表

团访问了巴西南大河州联邦大学孔子学院,并与全

体教师举行座谈。会上中方院长顾铁军介绍了孔

子学院四年来在汉语教学和文化推广等方面所取

得的主要成绩和面临的问题,汇报了在汉语教学、

设立普通话水平测试点以及在所在大学设立汉语

语言与文化专业等方面的工作计划。袁军代表中国

传媒大学对孔院教师的辛苦工作表示感谢,他强

调,要切实做好汉语教学和文化推广工作,高度

重视孔子学院建设工作,深入推进中巴文化交流,

充分发挥孔子学院的桥梁纽带作用。

(文 / 张攀飞)

No dia 23 de novembro, uma delegação da Universidade de Comunicação da China, chefiada pelo vice-reitor da instituição, Yuan Jun, visitou o IC-UFRGS. Gu Tiejun, diretor chinês do Instituto, relatou ao vice-reitor o progresso e os desafios enfrentados no úl-timos quatro anos. Gu também

apresentou o plano de trabalho para o ensino da língua chinesa, os locais selecionados para os exames de proficiência e a cria-ção do curso de língua e cultura chinesa na UFRGS. Em nome da Universidade de Comunicação da China, Yuan Jun, parabenizou os professores por seu empenho, afir-

mando que o trabalho continuado pela promoção da língua e cultura chinesas e pelo desenvolvimento do IC certamente aprofundará e enriquecerá o intercâmbio cultu-ral sino-brasileiro, confirmando a relevância da posição do Instituto na conexão e interação entre os dois países. (Texto: Zhang Panfei)

12 月 3 日,南大河

州联邦大学孔子学院中

华文化体验系列课程之

五——太极拳课程正式

开课,由张攀飞老师向

学生们介绍太极拳的起

源、历史、分类、用途

和文化内涵等知识。学

员还在老师指导下,跟

随视频学练太极拳。

O IC-UFRGS realizou, no dia 3 de dezembro, a aula inaugural do curso de tai chi chuan – o quinto da série de Cursos de Experimentação da Cultura Chinesa. O professor Zhang Panfei explicou a origem, a

evolução, as classificações, as apli-cações e o contexto cultural dessa modalidade. Orientados por Zhang, os alunos acompanharam um vídeo com instruções para a prática da arte marcial.

12 月 4 日, 南 大 河

州联邦大学孔子学院举

行 本 年 度 第 二 次 HSK

和 HSKK 考 试, 涵 盖

HSK1—4 级 和 HSKK 初

级,共有 121 名考生参加。

No dia 4 de de-zembro, o IC-UFRGS organizou, pela segun-da vez neste ano, os exames de proficiência em língua chinesa HSK 1 a 4 e HSKK-Básico, que contaram com a participação de 121 ins-critos.

Instituto Confúcio | Volume 17, Nº 6 | NOVEMBRO, 2016 77

11 月 29 日,里约热内卢天主教大学孔子学院下设教

学点尼泰罗伊葡中双语学校举办第九届中学生“汉语桥”

选手经验分享会暨 HSK 证书颁发活动。罗思源和韩佳

瑞两位选手通过幻灯片和视频展示与全校师生分享了他

们在中国参加比赛时的所见所闻。随后,中方院长乔建

珍为今年 6 月参加 HSK 考试的学生们颁发了证书和奖品。

乔建珍鼓励学生们继续努力学习汉语,更多地了解中国

文化,扩大自己的知识面,为将来在中巴两国的交流中发

挥重要作用而努力。

No dia 29 de novembro foi realizada a cerimônia de entrega dos certificados HSK no Colégio Estadual Matemático Joaquim Gomes de Sousa - Intercultural Brasil-China, em Niterói. No evento, organizado pelo Instituto Confúcio na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio), Gabriel e Felipe, candi-datos brasileiros no 9º concurso “Chinese Bridge” para estudanes do ensino médio, compartilharam suas ex-periências com os alunos e professores do colégio. Em

seguida, Qiao Jianzhen, diretora chinesa do Instituto, entregou certificados de HSK e prêmios aos alunos, incentivando-os a perseverar no estudo do mandarim. Qiao salientou a importância do conhecimento do idioma para melhor compreensão da cultura chinesa e ampliação de conhecimento, manifestando, por fim, o desejo de que todos os alunos possam contribuir para o intercâmbio entre Brasil e China.

巴西里约热内卢天主教大学孔子学院

Instituto Confúcio na PUC Rio, Brasil11 月 27 日,中方院长乔建珍带着三名志愿者老师

走进了有着 17 年办学经验的白井日本语言文化学校,为

该校与孔院合作开设的中国语言与文化课进行招生宣传

讲座,从服装、饮食、建筑及艺术四个版块对中国文化

进行了全景式的介绍。此次活动吸引了不同行业、不同

年龄人士的参与,不少学员在听了宣讲后,向孔院教师

询问报名程序,并了解中国文化、赴华旅游、申请奖学

金等信息。 (文 / 乔建珍)

A diretora do IC-PUC Rio, Qiao Jianzhen, visitou no dia 27 de novembro a Escola de Língua Japonesa Shirai, acompanhada de três professores voluntários do Instituto. A visita teve o objetivo de promover o curso de língua e cultura chinesa, criado em parceria pelas duas instituições. Foi proferida, na ocasião, uma palestra introdutória à cultura da Chi-na, apresentando um panorama de aspectos como vestuário, culinária, arquitetura e arte. O sucesso da

apresentação foi confirmado pela intensa solicitação dos participantes por mais informações sobre matrí-culas no curso, cultura chinesa, turismo e bolsas de estudos ao final da palestra. (Texto: Qiao Jianzhen)

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期78

莫桑比克蒙德拉内大学孔子学院Instituto Confúcio na UEM, Moçambique

11 月 5 日, 蒙 大 孔

院应邀参加了马普托国

际学校一年一度的国际

美食展,中国特色食品与

20 多个国家的美食一道

吸引了众多来宾的关注。

展台上的茶叶蛋大受青

睐,有些观众以前从未

吃过,品尝后赞不绝口

并询问做法。今年 6月份,

孔院与该校合作开设了

太极拳、五步拳等课程,

并有望于明年正式开设

汉语课程。

(文 / 王亚巧)

O Instituto Confúcio na Universidade Eduardo Mon-dlane (UEM), a convite da Escola Internacional de Mapu-to, participou no dia 5 de no-vembro da Feira Internacional de Gastronomia, organizada anualmente pela Escola. A Fei-ra apresentou comidas típicas da China e de outros 20 países. Entre os pratos chineses ofere-cidos, um dos que agradaram em cheio foi o ovo cozido no chá, cuja receita foi muito solicitada pelo pú-blico visitante. Em junho deste ano, a Escola criou cursos de artes marciais

em cooperação com o IC, e espera-se que, em 2017, seja inaugurado o curso de língua chinesa.

(Texto: Wang Yaqiao)

11 月 18 日,蒙大孔院举行首届中文歌曲大赛,共有

22 名选手参赛。经过三个小时的激烈角逐,评委们评选

出一、二、三等奖,最具潜力奖、最佳台风奖以及优胜

奖若干。孔院本部一级班的欧蒂俪雅摘得桂冠,她激动

地说,“我喜欢汉语,我想学好汉语,学唱中文歌曲是学

习汉语的一个很好的途径。”中方院长郭建玲表示,此次

比赛既是选手们展示自己的汉语学习成果的舞台,同时

也让他们有机会表达出对中国音乐文化的兴趣和追求。

(文 / 刘珍珍)

No dia 18 de novembro, o IC-UEM organizou, pela primeira vez, uma competição musical entre seus alunos. Com três horas de duração, o concurso contou com 22 participantes, e foram distribuídos prêmios e menções honrosas aos três primeiros colo-cados e a outros participantes que se destacaram ao mostrar, por exemplo, o “Maior potencial” e o “Me-lhor desempenho no palco”. “Eu gosto do mandarim e pretendo dominar o idioma; cantar músicas chine-sas é um meio muito bom para realizar meu objeti-

vo!”, disse Odilia, aluna do nível I de língua chinesa e campeã da competição, não conseguindo conter sua alegria. Guo Jianling, diretora chinesa do Insti-tuto, afirma que o concurso é uma forma divertida e descontraída para os participantes demonstrarem os resultados de seu aprendizado e expressarem sua afi nidade e interesse pela cultura musical da China.

(Texto: Liu Zhenzhen)

Instituto Confúcio | Volume 17, Nº 6 | NOVEMBRO, 2016 79

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期80

信息发布 INFORMAÇÃO

汉语考试介绍

SOBRE O EXAME DE LÍNGUA CHINESA

Exame de proficiência em língua chinesa

汉语水平考试是一项国际汉语能力标准化考试,重点考查汉语非第一语言的考生在生活、学习和工作中运

用汉语进行交际的能力。HSK包括HSK(一级)、HSK(二级)、HSK(三级)、HSK(四级)、HSK(五

级)和HSK(六级)。除纸笔考试形式以外,我们开始逐步为考生提供HSK网考服务。

O HSK é um exame padronizado internacional de língua chinesa para avaliar a capacidade de alunos não nativos para se comunicarem em chinês no cotidiano, em ambientes acadêmicos e de trabalho. O exame HSK comprende seis níveis, do HSK-Nível 1 ao HSK-Nível 6. Além da forma tradicional do exame escrito, Hanban está gradualmente oferecendo exames por meio da internet.

Exame HSKK Oral汉 语 水 平 口 语 考 试 是 一 项 国 际 汉 语

能 力 标 准 化 考 试 , 重 点 考 查 汉 语 非 第 一 语

言 的 考 生 在 生 活 、 学 习 和 工 作 中 的 口 语

交 际 能 力 。 包 括 H S K K ( 初 级 ) 、 H S K K

(中级)和HSKK(高级),考试采用录音形式。

O HSKK é um exame padronizado internacional de língua chinesa para avaliar a capacidade de alunos não nativos para se comunicarem oralmente em chinês no uso cotidiano, em ambientes acadêmicos e de trabalho. O exame HSKK compreende três níveis: Básico, Intermediário e Avançado. Durante o exame, o desempenho do aluno é gravado.

Exame de língua chinesa para negócios (BCT)

商务汉语考试是一项国际汉语能力标准化考试,

遵循以用为本、听说导向、能力为重、定位职场的原

则,重点考查汉语非第一语言考生在真实商务和一般工

作情境中运用汉语进行交际的能力。

O BCT é um exame padronizado internacional de língua chinesa que tem como princípio o uso prático do idioma, focado em conversação e habilidade de comunicação no ambiente profissional. O BCT avalia sobretudo a capacidade de alunos não nativos de utilizar o chinês em circunstâncias reais de negócios ou situações comuns de trabalho.

Exame de língua chinesa para alunos de ensino fundamental e médio (YCT) 中小学生汉语考试是一项国际汉语能力标准化考试,考查汉语非第一语言的中小学生在日常生活和

学习中运用汉语的能力。YCT分笔试和口试两部分,笔试和口试相互独立。笔试包括YCT(一级)、

YCT(二级)、YCT(三级)和YCT(四级);口试包括初级口试和中级口试,口试采用录音形式。

O YCT é um exame padronizado internacional de língua chinesa destinado a avaliar a capacidade de alunos não nativos do ensino fundamental e médio de usar o idioma chinês em seus estudos e na vida diária. Consiste em duas partes independentes: teste escrito e prova oral. A prova escrita é composta de quatro níveis, do YCT-Nível 1 ao YCT-Nível 4. A prova oral inclui o YCT de Língua de nível básico e YCT de Língua de nível intermediário. Durante o exame, o desempenho oral é gravado.

汉语水平考试 Exame de profi ciência em língua chinesa (HSK)

考试日期Data do exame

报名截止日期Prazo de inscrição

成绩公布日期Resultados

纸笔考试Prova

presencial

网络考试Prova online

纸笔考试Prova presencial

成绩公布日期Resultados

1月9日 2015年12月13日

2015年12月30日 2月16日* 1月25日

2月21日 1月25日 2月11日 3月21日 3月7日

3月20日 2月22日 3月10日 4月20日 4月4日

4月16日 3月20日 4月6日 5月16日 5月2日

5月21日 4月24日 5月11日 6月21日 6月6日

6月12日 5月16日 6月2日 7月12日 6月27日

7月16日 6月19日 7月6日 8月16日 8月1日

8月13日 7月17日 8月3日 9月13日 8月29日

9月11日 8月15日 9月1日 10月11日 9月26日

10月16日 9月19日 10月6日 11月16日 10月31日

11月12日 10月16日 11月2日 12月12日 11月28日

12月14日 11月7日 11月24日 2017年1月4日 12月19日

考试日期Data do exame

报名截止日期Prazo de inscrição

成绩公布日期Resultados

3月5日 2月24日 3月21日5月7日 4月27日 5月23日

10月29日 10月19日 11月14日

11月27日 11月17日 12月12日

因春节假期,成绩公布日期推迟一周 / A publicação dos resultados é adiada por uma semana por causa do feriado do Ano-Novo Chinês

考试日期Data do exame

报名截止日期Prazo de inscrição

成绩公布日期Resultados纸笔考试

Prova presencial

网络考试Prova online

3月20日 2月22日 3月10日 4月20日5月21日 4月24日 5月11日 6月21日

10月16日 9月19日 10月6日 11月16日

12月4日 11月7日 11月24日 2017年1月4日

新增HSK网考时间 Datas adicionais para a prova online de HSK

汉语水平口语考试 Exame oral HSKK

2016年汉语考试日期 CALENDÁRIO DE EXAMES 2016

Instituto Confúcio | Volume 17, Nº 6 | NOVEMBRO, 2016 81

信息发布 INFORMAÇÃO

Data de exame Prazo de inscrição

Prazo de inscrição

Prova presencial Prova online

Data doexame

Escrito e oral

Escrito e oral

孔子学院 总第 17 期 2016 年 11 月 第 6 期82