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INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROF. FERNANDO FIGUEIRA – IMIP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MATERNO INFANTIL CURSO DE MESTRADO COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS DA DIÁLISE PERITONEAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: SÉRIE DE CASOS CLÉCIA CRISTIANE DA SILVA SALES RECIFE – 2009

INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROF. FERNANDO FIGUEIRA ...§ão... · A insuficiência renal crônica (IRC) é uma doença de elevada morbidade e mortalidade 1. Em janeiro de 2006

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INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROF. FERNANDO FIGUE IRA – IMIP

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MATERNO INFANTIL

CURSO DE MESTRADO

COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS DA DIÁLISE PERITONEAL EM C RIANÇAS E

ADOLESCENTES: SÉRIE DE CASOS

CLÉCIA CRISTIANE DA SILVA SALES

RECIFE – 2009

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CLÉCIA CRISTIANE DA SILVA SALES

COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS DA DIÁLISE PERITONEAL EM C RIANÇAS E

ADOLESCENTES: UMA SÉRIE DE CASOS

Linha de pesquisa:

Estudos clínicos e epidemiológicos de doenças infecciosas na infância e adolescência.

Dissertação apresentada ao Colegiado do

Programa de Pós-Graduação em Saúde

Materno Infantil do IMIP como parte dos

requisitos para obtenção do grau de Mestre

em Saúde Materno-Infantil.

Orientador: Jailson de Barros Correia

Co-orientadores: José Pacheco M.R. Neto

Eliane Mendes Germano

Júlia Mello

RECIFE – 2009

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Catalogação na fonte Biblioteca do Instituto de Medicina Integral Profº. Fernando Figueira – IMIP

S163c

Sales, Clécia Cristiane da Silva Complicações infecciosas da diálise peritoneal em crianças e adolescentes: uma série de casos / Clécia Cristiane da Silva Sales. -- Recife: C. C. S. Sales, 2009.

49 f.: il. Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Saúde Materno Infantil –

Instituto de Medicina Integral Profº. Fernando Figueira, IMIP. Linha de pesquisa: Estudos clínicos e epidemiológicos de doenças infecciosas na infância

e adolescência. Orientador: Jailson de Barros Correia Co-orientadores: José Pacheco Martins Ribeiro Neto, Eliane M. Germano e Júlia Mello. 1. Peritonite. 2. Diálise Peritoneal. 3. Infecção. 4. Saúde da Criança. 5. Saúde do

Adolescente. I. Correia, Jailson de Barros, orientador. II. Ribeiro Neto, José Pacheco Martins. III. Germano, Eliane M. IV. Mello, Júlia, co-orientadores. Título. NLM W4

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Francisco Severino Sales, Teresinha da Silva Sales e avó Gercina Lira da Silva

pela estrutura, amor e carinho que tem dedicado durante a minha vida, aos meus irmãos e

cunhadas pela compreensão e carinho durante as horas estressantes.

Ao meu namorado Carlos Lacerda dos Santos, pela paciência, companheirismo amor e estímulo

que vem dedicando ao longo desses dois anos de trabalho e durante as horas de incertezas.

A Eliane Germano pelo apoio, carinho, exemplo de paciência, e incentivo nas horas de fraqueza.

Contribuição fundamental para inicio da minha carreira docente.

A José Pacheco M. Ribeiro Neto pelo exemplo de profissional: seguro, competente e justo que

fez enriquecer a minha carreira profissional e pessoal compartilhado os seus conhecimentos.

Muito obrigado.

A Jailson Correia por partilhar seus conhecimentos e pela paciência mesmo diante de todas as

atribulações.

A todos os pacientes da Unidade renal que transmite com um sorriso toda pureza da vida,

mesmo diante do sofrimento.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus onipotente e onipresente que me guiou para chegar ao final de mais uma etapa

da minha vida.

A minha família, principalmente aos meus pais que com gestos de carinho e amor contribuíram

para o meu progresso.

Ao IMIP pelas oportunidades oferecidas para o meu crescimento profissional.

Aos meus orientadores: Jailson Correia, Eliane Germano e José Pacheco pela paciência e

dedicação, mesmo diante de todas as responsabilidades atribuídas.

A Lanuze Gomes e Cristina Figueira pelo incentivo e conforto nas horas de cansaço e estresse.

A todos os professores do mestrado pelo compartilhamento dos seus conhecimentos.

Aos funcionários da unidade renal que de alguma forma contribuíram para a conclusão deste

trabalho em especial a Ângela Kátia Melo da Silva pelo apóio dedicado ao serviço durante a

minha ausência.

A todos que de alguma forma contribuíram para construção deste trabalho.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

IRC Insuficiência renal crônica TFG Taxa de filtração glomerular IRCT Insuficiência renal terminal KDOQ Kidney Disease Outcomes Quality TRS Tratamento Renal Substitutivo NAPRTCS Estudo Colaborativo norte-americano transplante renais pediátricos GESF Glomeruesclerose Segmentar e Focal HD Hemodiálise IRA Insuficiência renal aguda IR Insuficiência renal SUS Sistema Único de Saúde CAPD Diálise peritoneal ambulatorial contínua USRDS US Renal Data System

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LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1. 27

Tabela 2. 28

Tabela 3. 29

Tabela 4. 30

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RESUMO ESTRUTURADO

INTRODUÇÃO: A complicação infecciosa na diálise peritoneal é um dos fatores mais

preocupantes na população infantil, visto que estas crianças necessitam de um acesso mais

prolongado para a espera de um transplante.

OBJETIVOS: Descrever características sócio-econômicas, clínicas e complicações infecciosas

em pacientes (0 a 18 anos) submetidos à diálise peritoneal (DP) ambulatorial contínua e/ou

diálise peritoneal automatizada.

MÉTODOS: Estudo tipo corte transversal, retrospectivo, descritivo dos pacientes no programa

de DP na Unidade Renal Pediátrica do IMIP, no período de 1996 a 2006. Considerou-se

peritonite o líquido peritoneal turvo com 100 ou mais células. Dupla digitação e análise dos

dados realizadas no programa EpiInfo v.3.3. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa.

RESULTADOS: A mediana da idade dos 67 pacientes na admissão no programa foi 9 anos,

57% eram do sexo feminino, 87% eram provenientes do interior de Pernambuco, 94% tinham

quartos de trocas de diálise em alvenaria, 51% renda familiar de até um salário mínimo e 63%

das genitoras até 3 anos de estudos. Verificou-se que 39% iniciaram tratamento por hemodiálise,

mas apenas 6% tiveram break-in de 7 dias. Observou-se 150 episódios infecciosos em 57

pacientes com 116 peritonites (média 2,1 peritonites/paciente) com queixas de dor abdominal

(96%) e febre (29%). Isolou-se 52 microrganismos no líquido peritoneal: estafilococos coagulase

negativa (23,1%), Klebsiella sp (17,3%), igual freqüência de Pseudomonas e S. aureus (13,5%) e

3,8% de fungos. O cateter de Tenckhoff foi trocado e/ou reposicionado em aproximadamente 2/3

dos pacientes. Cerca de 36% dos que apresentaram complicações infecciosas fizeram

temporariamente hemodiálise.

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CONCLUSÕES: A alta prevalência de peritonite no programa pediátrico de DP necessita

pesquisas que determinem os fatores de risco possibilitando objetivar medidas preventivas e

evitar a migração destas crianças para hemodiálise.

Palavras-chave: Peritonite, diálise peritoneal, infecção, saúde da criança e do adolescente.

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ABSTRACT

INTRODUCTION: Cronic renal failure (CRF) is related to a high morbidity and mortality. The

incidence of teminal CRF has been icreasing in Brazil and in the rest of the world, and peritoneal

dialysis is one the core alternatives for renal replacement therapy. The main complications

inherent to peritoneal dialysis are infectious and can be represented by peritonitis, which are

associated with high cost due to admissions for antibiotic therapy.

OBJECTIVES: Describe the socioeconomic and clinical characteristics and infectious

complications in patients aged 0 to 18 years submitted to continuous ambulatory peritoneal

dialysis (PD) and/or automated peritoneal dialysis.

METHODS: A descriptive, retrospective, cross-sectional study was carried out involving

patients in the PD program of the Pediatric Renal Unit at IMIP Hospital (Recife, Brazil) between

1996 and 2006. Cloudy peritoneal fluid with 100 or more cells was considered peritonitis. Double

entry and data analysis were carried out on the EpiInfo v.3.3 program. The study received

approval from the Ethics Committee.

RESULTS: Median age of the 67 patients upon admission to the program was nine years; 57%

were female; 87% were residents in the interior of the state of Pernambuco; 94% had four

dialysis exchanges in an adequate brick masonry room; 51% had a family income less than the

minimum wage; and 63% of mothers had less than three years of schooling. A total of 39% began

treatment with dialysis, but only 6% had a break-in period (7 days). There were 150 episodes of

infection in 57 patients, with 116 cases of peritonitis (mean of 2.1 episodes/patient), with

complaints of abdominal pain (96%) and fever (29%). Fifty-two microorganisms were isolated

from the peritoneal fluid: coagulase-negative staphylococcus (23.1%), Klebsiella sp (17.3%), an

equal frequency of Pseudomonas and S. aureus (13.5%) and fungi (3.8%). The Tenckhoff

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catheter was changed and/or repositioned in approximately 2/3 of the patients. Approximately

one in every three patients with infectious complications temporarily underwent dialysis.

CONCLUSIONS: The high prevalence of peritonitis in the pediatric PD program reveals a need

for research to determine risk factors in order to establish preventive measures and avoid the need

for these children to undergo dialysis.

Keywords: Peritonitis, peritoneal dialysis, infection, child health

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA I

AGRADECIMENTOS II

LISTA DE ABREVIATURAS III

LISTA DE TABELAS IV

RESUMO V

ABSTRACT VI

I. INTRODUÇÃO 1

II. JUSTIFICATIVA 9

III. OBJETIVOS 10

3.1. Objetivo Geral 10

3.2. Objetivos Específicos 10

IV. MÉTODOS 11

4.1. Local do estudo 11

4.2. Desenho do Estudo 11

4.3. População do Estudo 11

4.4. Amostra 12

4.5. Período do estudo 12

4.6. Critérios e procedimentos para seleção dos sujeitos 12

4.6.1. Critérios de Inclusão 12

4.6.2. Critérios de Exclusão 13

4.6.3. Procedimentos para seleção dos sujeitos 14

4.7. Variáveis de análise 15

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4.7.1 Variáveis independentes 15

4.7.2. Variáveis dependentes 15

4.8. Definições de termos e variáveis 17

4.8.1. Termos 17

4.8.2. Variáveis 17

4.9. Procedimentos para coleta de dados 22

4.9.1. Período da coleta de dados 22

V. LIMITAÇÕES METODOLÓGICAS 23

VI. PROCEDIMENTO E ANÁLISE DOS DADOS 24

6.1. Processamento dos Dados 24

6.2 Análises dos Dados 24

VII. ASPÉCTOS ÉTICOS 25

VIII. RESULTADOS 26

IX. DISCUSSÃO 31

XI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39

APÊNDICES 43

ANEXOS 49

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I INTRODUÇÃO

1.1 Insuficiência renal crônica.

A insuficiência renal crônica (IRC) é uma doença de elevada morbidade e mortalidade1.

Em janeiro de 2006 no censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia foi identificada uma

prevalência de 38,3 pacientes em diálise por 100.000 habitantes, havendo um aumento médio do

número absoluto de pacientes de aproximadamente 9% nos últimos anos. As taxas de prevalência

no Brasil de Insuficiência Renal Crônica Terminal (IRCT) tratada são cerca de 4 vezes menor que

a dos EUA e Japão, e metade das taxas da Itália, França e Alemanha².

A insuficiência renal crônica é definida como a perda progressiva e irreversível da função

renal, levando a um desequilíbrio na homeostasia do organismo em sua fase final, quando o

paciente necessita de terapia renal substutiva (hemodiálise, diálise peritoneal e/ou transplante

renal)².

De acordo com o Kidney Disease Outcomes Quality (KDOQ) doença renal crônica

corresponde a uma alteração renal, quer seja uma alteração anatômica isolada, alteração

radiológica, bioquímica ou anormalidade urinaria persistente por mais de três meses³.

A doença renal crônica é classificada em cinco estágios de acordo com a taxa de filtração

glomerular (TFG):

Estágio I: quando a taxa de filtração glomerular é ≥ 90.

Estágio II: caracteriza-se no qual o valor TFG está entre 60 -89.

Estágio III: TFG é de 30-59.

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Estágio IV: diminuição grave da TFG entre 15-29. Muito embora os pacientes possam

apresentar sinais e sintomas de uremia, o paciente mantém-se clinicamente bem, porém a TFG

está alterada com valores entre 30 e 59 ml/min/1.73m².³

Estágio V: paciente apresenta sinais e sintomas marcados de uremia tais como anemia,

hipertensão arterial, edema, fraqueza e mal estar. Os sintomas digestivos (náuseas e vômitos)

aparecem quando a TFG encontra-se entre 15 a 29 ml/min/1.73m.4

A doença renal crônica em estágio final – é a etapa em que os rins não conseguem

controlar a homeostasia, tornando-se esta bastante alterada para ser compatível com a vida, o

paciente apresenta-se bastante sintomático e só resta a terapia de substituição renal, visto que sua

TFG esta inferior a 15 ml/min/1.73m³ ³.

Deve-se estar atento particularmente quanto ao período de transição do estágio IV para o

estágio V da doença renal crônica com o objetivo de prevenir complicações no inicio do

tratamento dialítico (acesso vascular adequado, boa resposta ao tratamento da anemia e

osteodistrofia renal) proporcionando qualidade de vida a estes pacientes². A aceitação da doença e

o encaminhamento tardio dos pacientes portadores de IRC continuam sendo os fatores mais

complicante para um diagnóstico precoce. As principais causas do encaminhamento tardio são: O

fato da doença ser frequentemente assintomática, resistência dos pacientes ao tratamento,

tendenciosidade dos clínicos gerais ao não encaminhamento adequado dos pacientes ao

especialista, seleção de pacientes com menos comorbidade, estrutura deficiente do sistema de

saúde e falta de acesso ao tratamento. Além destes problemas existe o custo elevado para

manutenção destes pacientes em tratamento renal substitutivo4

Conforme os dados analisados pelo Ministério da Saúde, dos 88 mil pacientes que

realizaram diálise crônica de 1997 até 2000, a sobrevida foi de 80% ao final de um ano de

Tratamento Renal Substitutivo (TRS). Não houve diferença de sobrevida em relação ao sexo e ao

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tipo de diálise. Entre os diversos fatores de risco para mortalidade, idade, presença de diabetes e

número de comorbidades associadas são os mais importantes5.

As causas das doenças renais variam com a idade, área geográfica, fatores genéticos entre

outros, conforme inquéritos realizados pela Sociedade Brasileira de Nefrologia em 1996/97 as

principais causas da insuficiência renal crônica terminal (IRCT) são hipertensão arterial,

glomerulonefrite e diabetes mellitus. A prevalência da hipertensão arterial na população adulta

em nosso meio é superior a 25%6.

Na faixa etária pediátrica, a incidência e prevalência da IRC variam de acordo com as

características raciais e condições sócio-econômicas dos países, sendo difíceis de serem

estabelecidos com rigor devido à escassez de informações oriundas dos centros de diálise e

transplante. Em 2003 o Jornal Brasileiro de Nefrologia relatou que na Europa e Estados Unidos, a

incidência de IRC varia entre 0,4 a 0,7 por 100.000 crianças com idade inferior a 15 anos. A

prevalência de IRC pré-terminal é menos definida, sendo estimada entre 1,8 a 2,6 por 100.000

criançasl6

Segundo Estudo Colaborativo norte-americano transplante renais pediátricos/

(NAPRTCS), uma análise com 6405 crianças portadoras de IRC em 2006 as doenças causadores

mais comuns foram: uropatia obstrutivas 1385 crianças, aplasia/displasia renal 1125 e

Glomeruesclerose Segmentar e focal (GESF) com 557 do total dos casos7.

De acordo com estudo realizado na Índia com 305 crianças com a idade entre 0 a 18 anos,

observou-se que as patologias de maior incidência foram Glomerulonefrite crônica (27.5%) e

uropatia obstrutiva (31,8%)8.

Em um estudo retrospectivo realizado com 161 prontuários da Unidade Renal do IMIP

com dados de 1993 a 2006 concluiu-se que nesta população as doenças de maior incidência

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foram: as glomerulopatias que representaram a primeira causa com 53,4% dos casos seguida má

formações do trato urinário. Do total de crianças estudadas, 59,2% foram admitidas com IRCT 9.

1.2 Modalidades de tratamento da Insuficiência Renal Crônica

1.2.1. Hemodiálise.

A hemodiálise (HD) é uma das modalidades mais freqüentes de terapia renal substitutiva.

Cerca de três quartos dessas crianças são tratadas no centro de hemodiálise, enquanto se

aguardam transplante renal10.

A hemodiálise consiste no transporte bidirecional de água e solutos entre meios de

composição diversa, (sangue e solução de diálise) através de uma membrana artificial

semipermeável (membrana do dializador)11.

1.2.2. Transplante renal

O transplante renal é a melhor forma de tratamento da doença renal terminal na infância,

salientando que não se trata de cura, pois o paciente continua utilizando imunossupressores para

sobrevida do enxerto. Estudo realizado em 1995 com 3.066 crianças mostraram uma sobrevida do

enxerto de 3 anos de 83% em transplante renal com doador vivo e 66% com doador cadáver.

Com estes resultados esta forma de tratamento vem sendo estimulada mesmo em crianças

pequenas a partir da idade de 6 a 8 meses de vida e/ou peso de 7 – 8kg12.

A progressiva melhora na sobrevida dos transplantes de órgãos tem levado a um número

cada vez maior de pacientes aguardando o transplante como opção para tratamento de doença

terminal. /a lista de espera desde os anos 70 vem crescendo. O inadequado número de órgãos não

é atribuído somente a falta de doadores, mas também a dificuldade de transformar potenciais

doadores cadáveres em doadores reais. Em países com programa de transplante já bem

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estabelecidos a maioria dos potenciais doadores é efetivada como doadores, enquanto no Brasil

apenas 10 a 20% tornam-se doadores efetivos, sendo a falta de identificação do potencial doador

o principal motivo13.

1.2.3. Diálise peritoneal

O peritônio é uma membrana serosa que reveste a cavidade peritoneal e está dividida em

duas porções: O peritônio visceral que é menos vascularizado e reveste o intestino,

correspondendo a 80% da área da superfície total e o peritônio parietal que reveste as paredes da

cavidade abdominal ocupando os 20% restante da área total. Por ser mais vascularizado o

peritônio parietal é utilizado para realização da diálise peritoneal onde ocorre a filtração9.

A indicação do início do tratamento dialítico ocorre por uma combinação de dados

laboratoriais e clínicos, devendo-se observar sinais de uremia como sangramento, encefalopatia

urêmica entre outros. Além desses sinais clínicos, deve-se realizar uma avaliação nutricional da

criança, isto devido à adequação da oferta calórica para a manutenção da homeostase do

organismo e crescimento e desenvolvimento do paciente. A escolha do tipo do tratamento

dialítico é uma decisão na qual se avalia a condição clinica e socioeconômica destas crianças,

visto que a diálise peritoneal requer um cuidado exclusivo, exigindo condições mínimas de

educação, higiene e moradia para que esses pacientes possam manter-se em tratamento

dialítico14.

Atualmente existem três tipos de modalidade de diálise peritoneal: diálise periotneal

intermitente (DPI), diálise peritoneal automatizada (DPA) e diálise peritoneal ambulatorial

contínua (CAPD). A DPI é realizada no próprio hospital, uma ou duas vezes por semana durante

doze a vinte quatro horas por sessão de tratamento, em média. O CAPD e a DPA são tratamento

realizado na própria residência continuamente. A DPA é uma variação do CAPD, em que o

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paciente, com auxilio de uma máquina cicladora, só faz a diálise em um período do dia,

diariamente15.

1.2.3.1. Complicações da diálise peritoneal

A principal complicação inerente ao tratamento de diálise peritoneal é a infecção, sendo a

peritonite uma das mais preocupantes, quer seja pela morbidade e mortalidade associada, quer

seja pelos elevados custos de internamentos e antibioticoterapia16.

O S. aureus é considerado o agente causal mais freqüente das peritonites em CAPD,

seguido pelo Staphylococcus epidermidis pelos bastonetes Gram negativos. No Brasil, taxas

de aproximadamente 20% de culturas são de culturas negativas.

A incidência de peritonite em adultos vai depender de uma série de fatores que

incluem existência do diabetes, a modalidade e as técnicas de implante e das trocas do CAPD

além da presença de Staphylococcus aureus nasal17.

O surgimento de peritonite em pacientes em diálise peritoneal ocorre aproximadamente

entre 30 e 60% dos casos. A porta de entrada está associada às infecções de orifícios de saída do

cateter, de túnel e as falhas de técnicas. As vias em potencial de infecção são:

1. Intraluminal: Este tipo de contaminação ocorre quando há uma quebra do equipo de

transferência na conexão com a bolsa ou no cateter. Isto permite a entrada de bactérias na

cavidade peritoneal pela luz do cateter.

2. Periluminal: A bactéria está presente sobre a superfície da pele e pode entrar na

cavidade peritoneal pelo trato do cateter peritoneal.

3. Transmural: quando a bactéria tem origem intestinal e entra na cavidade peritoneal

migrando pela parede do intestino18.

Para diagnosticar a peritonite deve estar presente pelo menos duas das três condições:

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1- Sintomas e sinais de inflamação peritoneal que corresponde a irritação da membrana

peritoneal acarretando dores abdominais, febre, vômitos e ou diarréias.

2- Líquido peritoneal turvo observado durante a troca do líquido através da técnica de

Diálise peritoneal ambulatorial contínua (CAPD) ou diálise peritoneal automatizada (DPA), ou

seja, citologia do líquido com uma contagem de células elevada (mais de 100 células/µl) e

predominância de neutrófilos (mais de 50%).

3 – Demonstração de bactérias no efluente peritoneal quando se realiza a cultura ou pelo

Gram.

Alguns casos de peritonite são assintomáticos, sendo só detectados pelo aspecto do

efluente, os sintomas incluem dor abdominal (70 a 80% dos pacientes), febre (35 a 60%), náuseas

(30 a 35%) e vômitos (25 a 30%)21.

Diversos protocolos foram elaborados para tratamento de peritonites associadas à diálise

peritoneal, porém a Sociedade Internacional de Diálise Peritoneal desenvolveu um extenso

roteiro para o tratamento de peritonite, que inclui o tratamento para as bactérias gram-positivas e

gram-negativas utilizando antibióticos de amplo espectro. Uma vez que os microrganismos e a

sua sensibilidade são identificados, são utilizados os antibióticos intraperitonealmente durante 2

semanas, porém se a cultura continuar positiva e os sintomas permanecerem a indicação são a

remoção do cateter peritoneal. Neste intervalo de tempo é colocado um cateter de duplo lúmen

em uma veia de grosso calibre para a realização da hemodiálise, enquanto ocorre o tratamento do

peritônio para realização de um novo implante de cateter de Tenckhoff e inicio da diálise

peritoneal17.

A peritonite é uma das principais complicações infecciosas da diálise peritoneal, desta

forma a infecção de orifício de saída e de túnel exerce um efeito deletério sobre o programa de

diálise peritoneal, visto que pode evoluir para peritonite.

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A lavagem correta das mãos, a fixação adequada do cateter e o uso de mupirocina tópica

no orifício de saída do cateter nos pacientes portadores de S. aureus no swab nasal diminuem a

infecção do orifício de saída do cateter de Tenckhoff18.

O custo elevado para manter pacientes em tratamento renal substitutivo tem sido motivo

de grande preocupação por parte de órgãos governamentais. Estima-se que no Brasil no ano de

2002 foram gastos R$ 1,4 bilhões no tratamento de pacientes em diálise e transplante renal¹.

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II JUSTIFICATIVA

A peritonite é uma infecção freqüente nos pacientes submetidos ao tratamento por diálise

peritoneal, sendo as crianças e adolescentes particularmente vulneráveis. O diagnóstico precoce

da peritonite pode contribuir para a redução da morbidade e da perda deste acesso para diálise.

Vários fatores de risco têm sido identificados para o desenvolvimento da peritonite dentre

eles a infecção de orifício e túnel da inserção do cateter. A vigilância e observação dos sinais e

sintomas locais é de grande importância para o diagnóstico de peritonite que é complementado

pela análise citobioquímica e pela cultura do liquido peritoneal. A identificação dos agentes

etiológicos é importante pelo aspecto de monitoramento epidemiológico dessas infecções, bem

como no manejo individual das peritonites, norteando o emprego de antibióticos específicos e

evitando os elevados custos do tratamento empírico de amplo espectro.

Existem poucos estudos na literatura demonstrando a ocorrência e o seguimento de

crianças em diálise peritoneal que desenvolvem peritonite/infecções no decorrer do tratamento.

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III OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Descrever as complicações infecciosas relacionadas à diálise peritoneal em crianças e

adolescentes de 0 a 18 anos de idade submetidos à diálise peritoneal ambulatorial continua

(CAPD) e / ou automatizada (DPA) na Unidade Renal do IMIP no período de 1996 a 2006.

3.2 Objetivos Específicos

Em pacientes do programa de diálise peritoneal ambulatorial contínua e / ou diálise peritoneal

automatizada na Unidade Renal do IMIP no período de janeiro de 1996 a dezembro de 2006:

1. Descrever algumas características biológicas, demográficas e clínicas;

2. Descrever a ocorrência das principais complicações infecciosas associadas com a diálise

peritoneal (peritonite, infecção do orifício e infecção do túnel);

3. Descrever os achados laboratoriais do líquido peritoneal em crianças e adolescentes com

suspeita de peritonite;

4. Relacionar os sintomas clínicos de peritonite com a positividade de cultura e citologia do

líquido peritoneal;

5. Descrever os microrganismos isolados nas culturas de líquido peritoneal em pacientes com

peritonite;

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IV MÉTODO

4.1. Local do Estudo

O presente estudo foi realizado na Unidade Renal do IMIP, centro terciário de referência

em saúde materno-infantil, credenciado como hospital-escola com residência médica em

Nefrologia Pediátrica. O departamento de Nefrologia Infantil, posteriormente denominado

Unidade Renal foi uma das primeiras clínicas especializadas do IMIP, é o principal centro de

tratamento de doenças renais pediátricas do Norte-Nordeste. O IMIP é o único centro da região

credenciado pelo Ministério da Saúde para a realização de transplantes renais. Dispõe também

dos serviços de diálise peritoneal ambulatorial contínua (CAPD), hemodiálise e diálise peritoneal

intermitente (DPI).

4.2. Desenho do Estudo

Estudo descritivo, tipo série de casos, retrospectivo para verificação das complicações

infecciosas / peritonite nos pacientes do programa de diálise peritoneal do IMIP no período de

1996 a 2006.

4.3. População do Estudo

Foram incluídos todos os pacientes que realizaram diálise peritoneal ambulatorial na

Unidade Renal do IMIP em 1996 a 2006, com diagnóstico de infecção de orifício, túnel e

peritonite em qualquer momento durante o tratamento dialitico.

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4.4. Amostra

Pacientes com idade entre 1dia a 18 anos de idade completos, que realizaram diálise

peritoneal no serviço de nefrologia pediátrica do IMIP com diagnóstico de infecção de orifício,

túnel e peritonite no período de janeiro de 1996 a dezembro 2006.

4.5 Período do estudo

O estudo compreendeu o período entre janeiro de 1996 a dezembro de 2006.

4.6. Critérios e procedimentos para seleção dos sujeitos

Os prontuários foram solicitados ao arquivo e à unidade renal e os critérios de

eligibilidade avaliados conforme lista de checagem (apêndice 1), sendo que os dados foram

coletados pela pesquisadora e uma ajudante de pesquisa em formulário próprio (apêndice 1). Os

responsáveis pelas crianças que ainda estavam em acompanhamento no IMIP assinaram termo

de consentimento livre e esclarecido (apêndice 5).

Todos os prontuários dos pacientes renais crônicos que realizaram diálise peritoneal no

IMIP foram investigados e coletados os dados necessários para a pesquisa.

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4.6.1. Critérios de inclusão

• Crianças e adolescentes com idade entre 0 e 18 anos, cadastradas na Unidade Renal do

IMIP e que realizaram diálise peritoneal no período de janeiro de 1996 a dezembro de

2006;

• Pacientes que apresentaram diagnóstico suspeito ou confirmado de peritonite, infecção de

orifício ou infecção de túnel durante o período em que estavam sob tratamento dialítico.

4.6.2. Critérios de exclusão

• Pacientes que não apresentaram peritonite, infecção de orifício ou infecção de túnel no

período do estudo.

• Crianças que realizaram apenas diálise aguda.

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4.6.3. Fluxograma para coleta de dados.

* Trinta pacientes iniciaram o tratamento dialítico antes de Janeiro de 1996 e outros 23 após

Dezembro de 2006.

ARQUIVO DO SETOR DE NEFROLOGIA PEDIÁTRICA DO IMIP

REVISÃO DE TODOS OS PRONTUÁRIOS CADASTRADOS ATÉ DEZEMBRO 2006

N= 120

CRITÉRIOS DE ELIGIBILIDADE

ELEGÍVEIS N = 67

INELEGÍVEIS N = 53*

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4.7. VARIÁVEIS DE ANÁLISE

4.7.1. Variáveis independentes

a) Características biológicas

• Idade

• Sexo

• Estado nutricional

b) Características sócio-demográficas

• Procedência

• Escolaridade materna

• Renda familiar

• Procedência

• Tipo de habitação

• Quarto de troca

• Número de pessoas na residência

4.7.2. Variável dependente

• Tipo de tratamento inicial

• Tipo de tratamento

• Resultados laboratoriais

• Tempo que passou fora de diálise

• Retorno para hemodiálise

• Mudança de CAPD para DPA

• Break-in

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• Troca de cateter de Tenckhoff

• Reposicionamento de cateter de Tenckhoff

• Presença de secreção de orifício

• Presença de drenagem de túnel

• Peritonite

• Citobioquimica

• Culturas

• Sintomatologia

• Bactéria

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4.8. DEFINIÇÃO DE TERMOS E VARIÁVEIS

4.8.1. Termos

• Tipo de tratamento inicial:

Caracterizada pela opção inicial do tratamento após diagnóstico na IRCT entre

hemodiálise e diálise peritoneal.

• Tipo de tratamento:

Variável nominal dicotômica definida em Diálise Peritoneal Ambulatorial

Continua (DPAC) e Diálise Peritoneal Automatizada (DPA).

• Potássio:

Resultado laboratorial do potássio na data do diagnóstico da IRCT. Variável

quantitativa continua em mEq/L, categorizada para analise em menor que 5,5

e maior que 5,5 mEq/L.

• Hemátocrito:

Variável quantitativa em g/dl, categorizada por maiores ou menores que

30g/dl.

• Hemoglobina:

Variável quantitativa em g/dl, categorizada por maiores ou menores que 8g/dl.

• Uréia:

Variável quantitativa em mg/dl, categorizada para analise menor e maior que

70 e 100 mg/dl.

• Depuração de creatinina:

Variável quantitativa em ml/min/1,73m² categorizada por menor que 10

ml/min/1,73m², 10 – 25 ml/min/1,73m² e 25 – 50 ml/min/1,73m².

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• Tempo que passou fora da diálise:

Caracterizada pelo somatório total em numero de dias que as crianças ficam

fora do tratamento da diálise peritoneal.

• Retorno para hemodiálise:

Variável caracterizada pelo retorno da criança para hemodiálise após

impossibilidade do uso do peritônio por motivo de infecção.

• Mudança de CAPD para DPA:

Variável caracterizada pela mudança de diálise manual (CAPD) para diálise

automatizada (DPA).

• Break-in:

Variável nominal caracterizada pelo tempo de inicio da diálise peritoneal após

o primeiro implante do cateter de Tenckhoff.

• Troca de cateter de Tenckhoff:

Definida pela troca de cateter de Tenckhoff por motivo de obstrução e

danificação.

• Reposicionamento do cateter de Tenckhoff:

Caracterizada pelo reposicionamento do cateter de Tenckhoff por motivo de dificuldade

de drenagem ou mau posicionamento.

• Presença de secreção de orifício:

Variável numérica definida como número de episódio de inflamação no local

do orifício do cateter de Tenckhoff, caracterizada pela presença de drenagem

purulenta a partir do óstio e por eritema em volta do óstio.

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• Presença de drenagem de túnel:

Variável numérica definida como o número de episódio de infecção do túnel do

cateter de Tenckhoff, caracterizada por presença de dor e rubor ao longo do

trajeto subcutâneo do cateter.

• Peritonite:

Variável nominal definida como sinais e sintomas de inflamação da membrana

peritoneal, líquido turvo com contagem de células no líquido peritoneal

elevada mais de 100 células/ml com predominância de mais de 50% de

neutrófilos.

• Citobioquimica:

Variável nominal dicotômica definido com o tipo de exame de citologia do

liquida peritoneal.

• Resultado de cultura:

Variável nominal dicotômica definida de acordo com o resultado: positiva ou

negativa.

• Líquido turvo:

Caracterizada pela coloração turva do liquido peritoneal após drenagem da

cavidade.

• Dor abdominal:

Caracterizada pela queixa das crianças de dores abdominais relatada pelos

acompanhantes ou na hora da admissão do paciente.

• Vômito:

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Caracterizada por mais de 3 episódios de vômitos durante a queixa de dores

abdominais ou observação do liquido peritoneal turvo.

• Febre:

Definida como a temperatura axilar aferida na residência ou na hora da

admissão do paciente com sintomas. Variável quantitativa, em graus Celsius,

categorizada em iguais ou maiores que 38°C.

• Diarréia:

Definida por fezes liquida e com mais de 5 episódios de evacuações.

• Bactéria:

Variável nominal policotômica – tipo de bactérias isoladas nas culturas de líquido

peritoneal, como por exemplo: Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus aureus,

Klebsiella, Pseudomonas, Enterobacter, Streptococcus β hemolítico, Corynebacterium sp,

Strep. viridans e outros.

4.8.2. Variáveis

• Idade – idade da criança em anos completos no início do diagnóstico da insuficiência

renal crônica. Variável quantitativa, contínua, recodificada para análise.

• Sexo – variável categórica, dicotômica: masculino ou feminino.

• Escolaridade materna – corresponde a anos concluídos e aprovados de estudo no

momento do diagnóstico da Insuficiência renal crônica, conforme informação do

responsável pela criança. Variável quantitativa discreta, categorizada para análise em

período de estudo menor ou igual a quatro anos.

• Renda familiar – corresponde à renda total da família. Variável quantitativa, contínua,

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expressa em reais categorizada para análise em menor que 1 salário mínimo.

• Procedência – estado, município de residência da família no momento do diagnóstico

da insuficiência renal crônica. Variável categórica policotômica incluindo as diversas

cidades de Pernambuco e outros estados. Esta variável foi recategorizada para análise

como Recife e Região Metropolitana do Recife (RMR) interior e outros estados.

• Tipo de habitação – Caracterizada pela estrutura da casa quanto a ser de alvenaria,

taipa/madeira ou outro tipo.

• Quarto de troca – Definido pelo ambiente que o paciente realiza as trocas se é de

alvenaria, taipa/madeira ou outro tipo.

• Número de pessoas na residência – Variável quantitativa caracterizada pelo número

de pessoas incluindo o paciente.

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4.9 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS

4.9.1. Período da coleta de dados:

A coleta de dados foi realizada no período de agosto de 2007 a setembro de 2007.

4.9.2. Instrumento de coletas de dados:

Os dados foram coletados no período de julho de 2007 a agosto de 2007, pela própria

pesquisadora, através de um formulário padrão com dados clínicos do paciente das variáveis

biológicas e clínicas e exame laboratorial (ANEXO 1). Foi realizado um estudo piloto com o

instrumento, na tentativa de fazer as correções necessárias dos erros detectados neste período.

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V LIMITAÇÕES METODOLÓGICAS

Em se tratando de um estudo retrospectivo, os dados foram retirados de prontuários, não

sendo possível o resgate de algumas informações.

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VI PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE DADOS

6.1. Processamento dos dados.

A digitação foi realizada em um banco de dados no programa estatístico de domínio

público Epi-info 3.3.2 para Windows. A digitação foi efetuada pela pesquisadora e auxiliar de

pesquisa. Ao término da digitação, foram comparados os dois bancos de dados e após correção

das incoerências estabeleceu-se a versão definitiva.

6.2. Análise de dados

A análise estatística foi realizada pelo pesquisador e seus orientadores, utilizando o

programa estatístico Epi-info 3.3.2. Foram obtidas tabelas de distribuição de freqüência. Para

comparar a freqüência de peritonite de acordo com os achados clínicos foi utilizado o teste de

qui-quadrado de Pearson ou exato de Fischer, quando indicado.

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VII ASPECTOS ÉTICOS

O presente estudo obedeceu às normas da resolução 196/96 do Conselho Nacional de

Saúde, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do IMIP sob o número 994, em

10 de junho de 2007. Em se tratando de um estudo observacional, não houve interferência nas

condutas adotadas pela Instituição. Os responsáveis pelos pacientes ainda em acompanhamento

no setor assinaram termo de consentimento livre e esclarecido (apêndice 5), sendo a dispensa do

termo aprovada pelo CEP para os pacientes que tinham ido a óbito ou recebido alta do setor. Em

todas as etapas foi mantida a confidencialidade das fontes de dados, sem identificação dos

pacientes.

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VIII RESULTADOS

No período de janeiro de 1996 a dezembro de 2005, 67 crianças entre 0 e 18 anos com

insuficiência renal crônica foram admitidas para o programa de diálise peritoneal na Unidade

Renal do IMIP. A média e a mediana da idade dos pacientes na admissão foi quatro e nove anos

respectivamente. Vinte e nove (43%) crianças eram do sexo masculino e 38 (57%) do sexo

feminino (Tabela 1).

Quanto às características demográficas e sócio-econômicas observou-se que apenas 7%

dos pacientes moravam na cidade do Recife enquanto que 51% eram procedentes do interior do

estado de Pernambuco; cerca de 87% tinham uma renda familiar inferior a um salário mínimo e a

escolaridade materna em 63% dos lares foi igual ou inferior a três anos de estudo (Tabela 1).

Em 84% dos domicílios, coabitavam até quatro pessoas. Cerca de 90% das crianças

residiam em casa de alvenaria, mas 94% do total tinham o quarto de troca da diálise em alvenaria

(Tabela 1).

Na admissão para o programa de diálise, 69% dos pacientes apresentavam potássio sérico

acima de 5,5 mEq/L, 79% tinham o hematócrito inferior a 30 % e 49% a dosagem de

hemoglobina estava abaixo de 8g/dl. Observou-se ainda, que 93% das crianças estudadas foram

admitidas com uréia acima de 100mg/dL e 51% delas tinham a depuração de creatinina entre 10 e

25 ml/min/1,73m2 (Tabela 2).

Analisando-se o tratamento inicial estabelecido, verificou-se que 39% das crianças

fizeram hemodiálise, porém a CAPD e a DPA foram estabelecidas como tratamento seqüencial

em 78% e 22% dos casos respectivamente (Tabela 2). Apenas 6% dos pacientes que realizaram

diálise peritoneal tiveram um período de break-in (7 dias); 66% das crianças necessitaram

reposicionar e 37% trocar o cateter de Teckhoff.

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Cerca de 36% das crianças que apresentaram complicação infecciosa relacionadas com a

diálise peritoneal fizeram temporariamente hemodiálise sendo possível no entanto restabelecer

posteriormente o tratamento dialítico peritoneal (Tabela 2).

Tabela 1. Distribuição de freqüência das crianças e adolescentes que realizaram diálise peritoneal no IMIP no período de 1996 a 2006 de acordo com as variáveis biológicas e demográficas. Variável Freqüência absoluta

N = 67 Freqüência relativa

% Idade ao diagnóstico (anos)

0 – 5 17 25,4% 6 – 10 25 37,3% 11 – 15 23 34,3% 16 – 18 02 3,0%

Sexo Masculino 29 43,3% Feminino 38 56,7%

Escolaridade da mãe (anos) 0 – 3 42 62,7% 4 – 6 25 37,3%

Renda familiar (salário mínimo regional) 0 – 1 58 86,6% > 2 9 13,4%

Procedência Recife 5 7,5% Região metropolitana do Recife 24 35,8% Interior 34 50,7% Outros Estados 04 6,0%

Tipo de habitação Alvenaria 60 89,6% Taipa/madeira 6 9,0% Não informado 1 1,5%

Quarto de troca Alvenaria 63 94,0% Taipa / madeira 02 3,0% Não informado 02 3,0%

Número de pessoas na residência 0 – 4 56 83,6% 5 – 10 11 16,4%

Fonte de pesquisa IMIP 2006 a 2007

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Tabela 2: Distribuição das crianças e adolescentes com insuficiência renal crônica atendidas na Unidade Renal do IMIP no período de 1996 a 2006, de acordo com avaliação laboratorial na admissão no programa de diálise peritoneal, do tipo de tratamento dialítico inicial, “break-in”, tratamento seqüencial, reposicionamento e troca do cateter de Techkoff e mudança da diálise peritoneal para hemodiálise após complicação infecciosa.

& Break-in – Período do implante do cateter de Tenckhoff até inicio da diálise peritoneal * CAPD – diálise peritoneal ambulatorial contínua; DPA- diálise peritoneal automatizada Fonte de pesquisa IMIP 2006 a 2007

Variável

Freqüência absoluta N = 67

Freqüência relativa %

AVALIAÇÃO LABORATORIAL NA ADMISSÃO: Potássio sérico (mEq/L)

• ≤5,5 21 31 • > 5,5 46 69

Hematócrito (%) • ≤30 15 21 • ≥30 52 79

Hemoglobina (g/dL) • > 8 34 51 • < 8 33 49

Uréia (mg/dL) • 70-100 05 07 • >100 62 93

Depuração de creatinina (ml/min/1,73m²) • <10 23 34 • 10 -25 34 51 • 25 – 50 10 15

TRATAMENTO INICIAL

• Hemodiálise 26 39 • Diálise peritoneal 41 61

“Break-in” &

• Sim 4 6 • Não 63 94

TRATAMENTO SEQÜÊNCIAL

• CAPD* 51 76 • DPA* 16 24

REPOSICIONAMENTO DO CATETER

• Sim 44 66 • Não 23 34

TROCA DE CATETER Tenckhoff

• Sim 25 37 • Não 42 63

MUDANÇA TEMPORÁRIA PARA HEMODIÁLISE APÓS COMPLICAÇÃO INFECCIOSA

• Sim 24 36 • Não 43 64

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Durante o período do estudo houve 151 episódios de suspeita de evento adverso

infeccioso com presença de secreção no orifício (85%) ou de drenagem pelo túnel (8%) de

inserção do cateter. Como sinais e sintomas gerais observaram-se febre em 34% e diarréia e ou

vômitos em 3% dos episódios enquanto queixas de dor abdominal foram relatadas em 74% dos

casos. O líquido peritoneal foi considerado turvo em 116 (77%) dos 151 espécimes coletados por

suspeita de peritonite e 93 (62%) tinham celularidade acima de 100 células/ml. Cerca de 48%

das 151 culturas foram positivas e foram isolados 72 microrganismos. sendo que a peritonite foi

confirmada laboratorialmente em 75% dos casos, a presença de secreção de túnel em 9% e de

orifício em 19% dos casos.

Tabela 3. Distribuição dos sintomas e sinais infecciosos nos 151 episódios de suspeita de peritonite nas 67 crianças e adolescentes do programa de diálise peritoneal na Unidade Renal do IMIP, no período de janeiro de 1996 a dezembro de 2006.

Fonte: Pesquisa IMIP.

VARIÁVEIS N % SINAIS LOCAIS DE INFECÇÃO

• Presença de secreção no orifício 128 19 • Presença de drenagem de túnel 12 8 • Peritonite

Sim 114 75 Não 37 24 SINAIS E SINTOMAS GERAIS

• Febre 34 22 • Vômito 03 2,0 • Diarréia 03 02 • Dor abdominal 111 74

ANÁLISE LÍQUIDO PERITONEAL • Aspecto turvo 116 77 • Celularidade ≥100 células 93 62 • Cultura positiva 72 48

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Analisando a freqüência das bactérias de maior incidência da peritonite foi o

Staphylococcus epidermidis, ficando em segundo lugar o Staphylococcus aureus.

Tabelas 4. Distribuição de freqüência dos microrganismos em 72 isolados de líquido peritoneal de crianças e adolescentes do programa de diálise peritoneal na Unidade Renal do IMIP, no período de janeiro de 1996 a dezembro de 2006. Bactéria N % Gram positivas

• Staphylococcus epidermidis 18 12 • Staphylococcus aureus 13 9 • Streptococcus β hemolítico 2 3 • Streptococcus viridans 3 2 • Corynebacterium sp 2 3

Gram negativas • Klebsiella sp. 9 6 • Pseudomonas sp. 11 7 • Enterobacter sp. 2 1

Outros 12 4 Fonte de pesquisa IMIP 2006 a 2007.

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IX DISCUSSÃO A prevalência de insuficiência renal crônica terminal em criança (IRCT) vem aumentando

nos últimos anos. Não dispomos de dados brasileiros, mas de acordo com US Renal Data

System (USRDS), em 2004, existiam 84,2 milhões de crianças com IRCT nos Estados Unidos.

A hemodiálise e a diálise peritoneal apresentam-se como as formas mais usuais de tratamento,

sendo a diálise peritoneal a mais recomendada visto que proporciona maior estabilidade clínica

além de permitir que a criança ou adolescente participe ativamente das atividades sociais próprias

para a sua idade21

A diálise pediátrica tem particularidades especiais em decorrência da necessidade de um

cuidador além de peculiaridades clínicas tais como área de peritônio, tamanho do cateter e maior

risco para infecção22. A visão do adolescente perante o tratamento crônico é de privações da

independência e perturbação da imagem corporal, levando a uma grande dificuldade de

continuidade do tratamento23.

A primeira fase deste estudo teve como objetivo descrever características clínicas,

biológicas e sócio-demograficas dos pacientes com IRCT em tratamento dialitico em serviço de

referência no nordeste do Brasil. Observou-se no grupo estudado, que a mediana da idade das

crianças quando foi estabelecido o diagnóstico de IRC foi nove anos com predominância do sexo

feminino (57%). Este dado pode estar relacionado ao fato das meninas serem mais acometidas de

ITU do que os meninos, decorrente da própria característica anatômica do sistema geniturinário

feminino. Em estudo realizado no IMIP a primeira causa de IRC foram as glomerulopatias

crônicas responsáveis por 35% dos casos14.

Mais de 50% das crianças procediam do interior de Pernambuco identificando-se

ainda, 6% de crianças procedentes de outros estados. Este fato pode ser entendido como reflexo

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do IMIP ser centro de referência para o Norte e Nordeste em Nefrologia pediátrica assim como

pela carência de serviços habilitados para o atendimento infantil no interior e em outros estados.

Observou-se ainda, que 87% das famílias ganham no máximo um salário mínimo. Este

dado associado a baixa escolaridade materna onde 63% das mães têm no máximo três anos de

estudo, identifica uma população muito pobre talvez na linha da pobreza visto que em 84% dos

domicílios moram até quatro pessoas.

Em contrapartida 94% residem em casa de alvenaria. Esta discrepância ocorre em

decorrência da colaboração das prefeituras municipais que cedem o material de construção ou

alugam uma casa como requisito obrigatório para a realização de diálise peritoneal no domicílio.

Observa-se, no entanto, que 6% das crianças ainda não dispõem de quarto de alvenaria para

realização das trocas das bolsas necessitando comparecer ao IMIP para realizar DPI duas vezes

por semana. Quantos as características laboratoriais da data do diagnóstico das crianças com

(IRCT) identificou-se que 69% das crianças apresentavam potássio acima de 5.5 mEq/L e 92%

das crianças encontravam-se urêmicas com a depuração de creatinina entre 20 e 25

ml/min/1,73m² em 51% dos casos.

As crianças apresentavam ainda na admissão valores do hematócrito maior que 30g/dl e

da hemoglobina maior que 8g/dl em 79% e 51% dos casos respectivamente, confirmando assim

que os pacientes chegam nos centros de diálise com as taxas laboratoriais alteradas levando assim

a complicações pós implante de cateter como exemplo o sangramento uremico, encefalopatia

uremica e parada cardio-respiratoria devido a hiperpotassemia6.

Identificou-se que 87% passaram até um ano fora do programa de diálise peritoneal,

provavelmente em decorrência de aderências, baixa ultra filtração ou dialisância levando a

impossibilidade da utilização do peritônio como acesso terapêutico e aumentando a morbidade.

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Estes fatores podem ser complicações decorrentes da ocorrência de peritonites, no entanto

maiores estudos são necessários com o objetivo de identificar estas causas24.

Analisando-se o tipo de tratamento, verificou-se que o CAPD foi indicado no início do

tratamento para 78% das crianças. Embora neste tipo de tratamento ocorra uma maior incidência

de peritonite, justifica-se a preferência em decorrência das condições socioeconômicas, visto que

existem variações da rede elétrica em muitos municípios além do que o custo do consumo

elétrico para a cicladora onerar o orçamento familiar. A falta de instrução dos pais e responsáveis

na manipulação de equipamentos elétricos colabora também para a restrição de outras

modalidades com apenas 24% migrando para DPA.

Desta forma, 76,% das crianças permaneceu em CAPD, com o risco de infecção três vezes

maior em decorrência de a troca manual necessitar de abertura do cateter em número de vezes

superior a dos outros métodos.

Outrossim, verificamos que 94% dos pacientes iniciaram precocemente o uso do

peritônio, ou seja, imediatamente após o implante. Este procedimento se justifica em decorrência

destas condições clínicas na admissão, no entanto, pode ser considerado um fator de risco para

um aparecimento precoce de infecção, visto que o tempo recomendado pela literatura para início

da diálise são sete dias após o implante (breack-in), tempo necessário para aderência do cuff do

cateter de Tenckhof f ao tecido subcutâneo evitando-se assim extravasamento e contaminação

peritoneal. Quando avaliamos a freqüência das trocas e reposicionamento dos cateteres de

Tenckhoff, verificamos que 63% não trocaram o cateter, no entanto, o reposicionamento ocorreu

em 66% das crianças. A sobrevida do cateter de Tenckhoff é em média de dois anos25

Os reposicionamentos podem estar contribuindo para a ocorrência de peritonites visto

que a manipulação predispõe à entrada de bactérias no peritônio. Mesmo sem dados para

comparar na literatura, julgamos alto o percentual de reposicionamento. Este fato pode estar

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associado tanto a características do peritônio como com a habilidade do cirurgião, visto que

vários profissionais da instituição além dos residentes realizavam a inserção do cateter. Maiores

estudos são necessários com o objetivo de identificar estes fatores.

A peritonite é uma das complicações com mais significância para a morbidade e

mortalidade dos pacientes que realizam diálise peritoneal. Normalmente estão associadas à

manipulação inadequada do cateter, posicionamento do cateter e baixas condições sócio

econômicas entre outras19.

As complicações infecciosas de orifício de saída e túnel vêm exercendo grande relevância

levando a modificações do protocolo do manuseio com cateter assim como na forma condução da

diálise, utilizando-se atualmente como recomendado, o DPA26.

Quanto às características laboratoriais encontrada, verificou-se uma dissociação entre os

resultados da bioquímica e as culturas, pois análises bioquímicas foram positivas em 62% dos

casos e das culturas em 48%. Chama a atenção o alto percentual de culturas negativas visto que

de acordo com a literatura pesquisada, as culturas apresentam resultado negativo em 10% dos

materiais coletados nos Estados Unidos e Europa enquanto no Brasil esta taxa aumenta para 20%.

O semeio do material para cultura deve ser imediato seguindo técnica apropriada27

O tempo de semeio, a centrifugação do liquido semeado pode interferir nestes resultados.

No entanto, novos estudos devem ser realizados com o objetivo de identificar quais as possíveis

causas da baixa positividade destas culturas28, 29.

A peritonite pode ser diagnosticada por citologia acima de 100 células/ml, cultura positiva

ou dores abdominais, febre, vômitos e ou diarréias30.

Quanto à associação da sintomatologia com o diagnóstico de peritonite, verificamos que

as queixas mais freqüentes referidas pelo cuidadores na admissão foi o líquido turvo em 77% dos

casos e dor abdominal em 74%. Estes dados corroboram com dados da literatura onde a dor

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abdominal e o líquido turvo apresentam-se como as duas principais queixas associadas à

peritonite27

Quando analisamos as bactérias de maior incidência verificamos que o Staphylococcus

epidermidis teve maior incidência com 12% seguida do Staphylococcus aureus com 9%. Estes

dados são semelhante aos encontrados na literatura31.

Sabendo-se que são bactérias comuns a flora normal da pele indaga-se de onde elas se

originam: das mãos do cuidador ou do próprio abdome da criança. Esta identificação pode ser

importante em virtude de condutas diferentes para cada uma das condições descritas.

A utilização de antibióticoterapia profilática tem sido recomendada em alguns

estudos28,29.

Revisão sistemática realizada em 2004 nos Estados Unidos com 19 artigos e 1949

pacientes concluiu que a utilização de antibiótico nasal diminui o risco de infecção de orifício e

de túneo mas não a de peritonite. A administração de antibiótico venoso antes da inserção do

cateter previne a peritonite mas não a de orifício e de túneo. O uso de nistatina oral e

antibioticoterapia previne a peritonite por cândida species. Nenhuma outra estratégia de

prevenção incluindo antibiótico oral, tópico, utilização de anti-séptico no local de conecção com

as linha mostrou-se efetiva.

No serviço de nefrologia pediátrica do IMIP, rotineiramente não mais são realizada

nenhuma forma de profilaxia. Durante algum período utilizou-se a cefalotina intraperitoneal

sendo esta conduta substituída pela terapia endovenosa e posteriormente também abolida do

protocolo do serviço. De qualquer forma esta conduta talvez beneficiasse as crianças com

infecções relacionadas a inserção do cateter que, como anteriormente comentado, correspondem a

um percentual pequeno do total de peritonites.

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Para estudar fatores associados às complicações infecciosas, foi realizada notificação dos

sinais e sintomas das complicações infecciosas até os exames laboratoriais de cítobioquimica e

culturas.

Usualmente podem ser identificados três tipos diferentes de infecção associadas à diálise

peritoneal: a infecção de orifício, muito associada à condições de higiene, a infecção de túneo,

associada com a colonização nasal pelo Staphylococcus aureus e a peritonite32,33.

No atual estudo, encontrou-se uma freqüência de 61,% das crianças em diálise peritoneal,

como já exposto, isto se justifica pelo melhor controle bioquímico, ausência da síndrome do

desequilíbrio, menores restrições dietéticas além de permitir que a criança fique livre das punções

arterovenosas recorrentes. Acrescenta-se a estas justificativas o fato do tratamento ser realizando

em caráter domiciliar, propiciando à criança uma infância mais próxima do “normal”34.

Reflexo da pobre condição e socioeconômica 87% vivem com até um salário mínimo, ou

seja, na linha da pobreza.

A infecção de túneo foi identificada em apenas 9% dos pacientes enquanto que as

infecções de orifício ocorreram em 19% das crianças. Considerando-se que a infecção orifício

pode evoluir para infecção de túneo e que esta pode agravar-se com peritonite, este grupo de

crianças corresponde a um caso novo em potencial para peritonite.

Muito embora o acompanhamento das crianças ocorra mensalmente e as famílias sejam

orientadas para a manipulação do cateter 75% das crianças em diálise peritoneal apresentaram

diagnóstico de peritonite. Estes dados divergem dos encontrados na literatura.

As peritonites ocorreram foram consideradas como infecções comunitárias em 84% dos

casos. É importante ressaltar que os dados são retrospectivos e correspondem ao total nos últimos

dez anos. Inicialmente, o treinamento da família ocorria exclusivamente no início do tratamento,

atualmente este treinamento é atualizado a cada três meses.

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Ainda assim existem fatores sociais de difícil controle por parte da equipe: dificuldade de

treinar mais de um componente da família, condições de higiene precárias, falta de supervisão

direta da pessoa treinada. São necessários outros estudos que permitam conhecer as

características da rotina doméstica destas crianças em relação à troca dos sistemas de diálise.

Analisando o total de 67 crianças inseridas em programas de diálise, observamos que

10,4% foram transferidos, quinze (22%) evoluíram para óbito, 49% foram transplantadas, e 35%

iniciaram programa de hemodiálise definitivamente. As crianças que iniciaram programa de

hemodiálise, o fizeram em decorrência da impossibilidade de utilização do peritônio como acesso

ao tratamento, tendo assim uma diminuição da sua qualidade de vida. e aumentando a

morbimortalidade.

São escassas as pesquisas envolvendo peritonites relacionadas com a diálise peritoneal,

tornando-se o fato mais grave quando o objetivo do estudo são as crianças. Novas pesquisas que

determinem os fatores de risco, os mecanismos de profilaxia assim como tratamento adequado

destinado às crianças com peritonites associadas com a DP são necessários para evitar a migração

destas crianças para programas de hemodiálise, assim como aumentar a possibilidade de

transplante renal e a qualidade de vida35.

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XI – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Disponível em URL: http//www.cve.saude.sp.gov.br (2002).

2 Romão J. Doença renal crônica: Definição, epidemiologia e classificação. Jornal

Brasileiro de Nefrologia, 2004; vol. XXVI.

3 Guia de Condutas Clínicas para adequação de diálise periotnal.

4 Boydstun IVY MD. Chronic kidney disease in adolescents. Adolesc Med 16 2005;

5 Ricardo S. Epidemiologia da doença renal crônica no Brasil e sua prevenção. Secretaria

do Estado da Saúde coordenadoria de controle de doenças centro de vigilância

epidemiológica, 2002.

6 Riyuzo MC, Macedo CS, Assao AE, Fakete SMW, Trindade AAT, Bastos HD.

Insuficiência renal crônica na criança: aspectos clínicos, achados laboratoriais e evolução.

J. Brasileiro de Nefrologia, 2003; 25 (4): 200-8.

7 North American Pediatric Renal Trials and Collaborative Studies, 2006.

8 Hari P, Singla IK, Mantan M, Kanitkar M, Batra B, Bagga A. Chronic Renal Failure in

Children. Indian Pediatrics, 2003.

9 Carneiro ACA, Meneses RSCP, Oliveira IA, Neto JPMR, Vilar WLM. Etiologia da

Insuficiência renal crônica em um Serviço de Nefrologia Pediátrica de Recife, 2005.

10 Brem AS, MD, Toscano AM, RN. Continuous-Cycling Perintoneal Dialysis for children:

Na alternative to hemodialysis treatment. Pediatrics vol.74,nº 2,1984

11 Abordagem da insuficiência renal aguda. Disponível em URL: http//

www.socerj.org.br(2001).

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12 Nogueira PCK, Machado PGP.Revisão/Atualização em Nefrologia Pediátrica:

Imunossupressão após transplante renal em crianças.Jornal Brasileiro de

Nefrologia,1998;20(2) 186-190.

13 Passarinho LEV, Gonçalves MP, Garrafa V. Estudo bioético dos transplantes renais com

doadores vivos não-parentes no Brasil: A ineficácia da legislação no impedimento do

comércio de órgãos. Ver Assoc Med Bras 2003; 49 (4): 382 -8.

14 Toporovski J, Mello VR, Filho DM, Benini V, Andrade OVB. Nefrologia

Pediátrica.2006,2ª edição: 581-582.

15 Carvalho IMP, Melo RL, Andraus LMS. Produção cientifica de enfermagem em

nefrologia, no Brasil, no período de 1989 até 1999. Revista Eletrônica de Enfermagem.

V.3 n.2 2001.

16 Silva HG & Silva MJ. Motivação do paciente renal para a escolha da diálise peritoneal

ambulatorial continua. Disponível em URL: http: /www.fen.ufg.br/revista,2003.

17 Zelenitsky S & Harding G. Antibiotic tolerance of peritoneal bacterial isolates in dialysis

fluids. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, 2002; 49:863 – 866.

18 Madeira EPQ & Santos SFF. Investigação epidemiológica na prevenção da insuficiência

renal terminal. Revista virtual de medicina, 1998; vol.1:num.2.

19 Strippoli GFM, MD & Craig JC, PhD. Antimicrobial Agents to Prevent Peritonitis in

Peritoneal Dialysis: A Systematic Review of Randomized Controlle de Trials. American

Journal of Kidney Diseases, 2004; vol.44; 591 – 603.

20 Epidemiologia da doença renal crônica no Brasil e sua prevenção. Disponivel em URL:

http//www.cve.saude.sp.gov.br (2002).

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21 Bellodi PL, Junior JER, Jacquemin A. Crianças em diálise: Estudo das características

depersonalidade através de técnicas projetivas. Jornal Brasileiro de Nefrologia. 1997;

19(2): 132 – 137.

22 Warady BA, Bunchman T. Dialysis therapy for children with acute renal failure: survey

results. Pediatric Nephology 2000; 15:11-13.

23 Mota C, Sarmento A, Vasconcelos F, Costa T, Faria MS, Pereira E. Diálise pediátrica:

Experiência de20 anos. Revista Portuguesa de Nefrologia e Hipertensão 2004; 18(4): 215-

225.

24 Zelenistsky S. A Reevaluation of Empiric Therapy for Periotneal Dialysis – Related

Peritonitis. American Journal of Kidney Diseases, vol 44,2004: pp 559-561.

25 Caramori JCT, Lopes AA, Bártoli LD, Redondo AP, Kawano PR, et al. Sobrevida de 172

cateteres de Tenckhoff implantados cirurgicamente para diálise peritoneal crônica. J.

Brasileiro de Nefrologia, 1997; 19 (1): 11-15.

26 Moreira PRM, Ferreira S, Almas ACG, Peralva LEL, Brega AP. Mupirocina tópica no

orificio de saida do cateter reduz infecção decorrente de DPCA. Jornal Brasileiro

deNefrologia 2002; 24 (1): 1 – 6.

27 Barretti P, Montelli AC, Cunha ML, Caramori JCT. Atualização em diálise: tratamento

atual das peritonites em diálise peritoneal ambulatorial continua. Jornal Brasileiro de

Nefrologia, 2001; 23(2): 114-200.

28 Von A & Amsterdam D. Microbiological Aspects of Peritonitis Associated with

Continuous Ambulatory peritoneal dialysis. Clinical Microbiology Reviews 1992; vol.5:

36-48. (Daugirdas JT, Blake PG, Ing TS. Manual de diálise).

29 Daugirdas JT, Blake PG, Ing TS. Manual de diálise 2003,3ª edição, p. 589-389.

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30 Felgueiras J, Ramos A. Esperiência com cateteres Swan Neck, duplo cuff colocado por

via peritoneal numa Unidade de diálise. Revista Portuguesa de Nefrologia e Hipertnsão,

2006; 20(4): 281-289).

31 Lima L, Mota C, Lira S, Faria MS, Costa T, Pereira E. Peritonites em diálise peritoneal

pediátrica. Revista Portuguesa de Nefrologia e Hipertensão, 2005; 19(2): 103-110.

32 Deluchi AB, Conteras A, Bidegain A, Queiro X, Barrera P, Pinto V, Llillo AM, Martìnez

A, Villegas. Diàlisis peritoneal crònica pediàtrica em Chile. Estudo multicèntrico. Revista

chilena pediatrica, 2002; 73 (2): 116-126.

33 Boehm M, Vicsli A, Aurfricht C, Mueller T, Csaicsich D, Arberter K. Risk factors for

peritonitis in pediatric periotoneal dialysis: single-center study. Pediatric Nephology,

2005; 20: 1478-1483.

34 Warady BA, Bunchman T. Dialysis therapy for children with acute renal failure: survey

results. Dialysis therapy for children with acute renal failure: survey results. Pediatric

Nephology, 2000; 15:11-13.

35 Fadrowski JJ, MD, Diane L, Frankenfield, PhD, Aaron LF, MD, Bradley A, Warady,

MD, Alicia M,MD, Barbara AF MD. Impact of Specialization of Primary Nephologist on

the Care of Pediatric Hemodialysis Patients. American Journal of Kidney Diseases, vol

47, 2006 pp 115-121.

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XI – APÊNDICES

APÊNDICE – 1: LISTA DE CHECAGEM

Nome da pesquisa: Complicações infecciosas do tratamento dialitico peritoneal em crianças e

adolescentes: uma série de casos.

Pesquisador: Clécia Cristiane da Silva Sales.

Nome do paciente:

Registro:

INCLUSÃO:

Idade entre 0 – 18 anos.

Realizou/realiza tratamento diálitico no IMIP com início entre Janeiro de 1996 e

dezembro de 2006

Presença de diagnóstico suspeito ou confirmado de peritonite, infecção de orifício ou

de túnel

EXCLUSÃO

Realizou apenas diálise aguda

CONCLUSÃO Elegível

Não elegível

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APÊNDICE – 2

NOME DA PESQUISA: Complicações infecciosas do tratamento dialitico peritoneal em

crianças e adolescentes: uma série de casos

1ª Revisão em ____/____/____ ______________________________________

2ª Revisão em ____/____/____ ______________________________________

1ª Digitação em ____/____/____ ______________________________________

2ª Digitação em ____/____/____ ______________________________________

Formulário geral número:

Data da coleta:

IDENTIFICAÇÃO

Nome_________________________________________________________________

Registro:

Data de nascimento:

Procedência 1. Recife 2. RMR 3. Interior Outros estado.

ARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS

Sexo 1. Masculino Feminino.

Estado nutricional: Peso:

Estatura:

VARIÁVEIS CLÍNICAS:

Doença (s) de base: _________________________________________

Data do diagnóstico da IR:

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Tratamento substitutivo inicial:1 hemodiálise 2. diálise peritoneal.

Data do implante do cateter de Tenckhoff:

Inicio da diálise: dias após implante:

Tipo de tratamento: 1 CAPD 2. DPA

Houve retorno para hemodiálise: 1. Sim 2. Não.

Se sim detalhar períodos:__________________________

Exames laboratoriais: K: Cr: Ur:

Ht: Hb: .

Tempo que passou fora da diálise peritoneal:________________

Houve break-in: 1. sim 2. não.

Troca de cateter de Tenckhoff: 1. sim 2. não.

Houve reposicionamento do cateter: 1. sim 2. não.

CARACTERÍCTICAS SÓCIO-DEMOGRAFICAS:

Tipos de habitação: 1. Alvenaria 2. Taipa/madeira 3. Outros 4. Não informado.

Quarto de troca: 1. Alvenaria 2. Taipa/madeira 3. Outros 4. Não informado.

Escolaridade materna (anos estudados aprovados)______.

Renda familiar:

Número de habitantes no domicilio:

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APÊNDICE – 3

NOME DA PESQUISA: Complicações infecciosas do tratamento dialitico peritoneal em

crianças e adolescentes: uma série de casos.

Pesquisadora: Clécia Sales.

Paciente número:

Registro:

Data do internamento:

Número de episódio:

Internou: 1. Sim 2. Não

Data da alta:

Data da suspeita do diagnóstico da infecção:

SINTOMAS APRESENTADOS:

Sinais flogisticos local: 1. Sim 2. Não

Presença de secreção de orifício: 1. Sim 2. Não

Presença de drenagem no túnel: 1. Sim 2. Não

Líquido turvo: 1. Sim 2. Não

Dor abdominal: 1. Sim 2. Não

Febre: 1. Sim 2. Não

Vômito: 1. Sim 2. Não

Diarréia: 1. Sim 2. Não

Troca de cateter: 1. Sim 2. Não

DIAGNÓSTICO:

Infecção de orifício: 1. Sim 2. Não

Infecção de túnel: 1. Sim 2. Não

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Peritonite: 1. Sim 2. Não

Peritonite nas primeiras 24 horas após implantação do cateter: 1. Sim 2. Não

Profilaxia antes do implante: 1. Sim 2. Não

Qual antibiótico? _____________________________________

Origem: 1 Casa 2 Hospital (IMIP) 3 Outros.

CITOLOGIA:

Data ____/___/___ ____/___/___ ____/___/___ ____/___/___

Celularidade total

Linfócitos

Neutrófilos

CULTURAS:

Culturas 1 2 3 4

Sítio (1 – LP 2-SO 3 – ST)

Resultados (1 Pos 2 Neg)

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APÊNDICE – 4

NOME DA PESQUISA: Complicações infecciosas do tratamento dialitico peritoneal em

crianças e adolescentes: uma série de casos.

Pesquisadora: Clécia Sales.

Paciente número:

Registro:

FONTE:

1 Cultura de liquido peritoneal 2. Cultura de secreção de orifício 3.

Cultura de secreção de túnel.

Desfecho: 1 Alta 2. Hemodiálise 3. Óbito.

Data:

Culturas: 1 Cultura de liquido peritoneal 2. Cultura de secreção de orifício 3. Cultura

de secreção de túnel.

Resultado: 1 Positivo 2. Negativo.

Se positivo especificar: __________________________________.

Sensibilidade: _________________________________________.

Resistência: ___________________________________________.

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ANEXO - 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, ___________________________________________________________________,

responsável por ____________________________________________________ matriculado no

IMIP, registro nº ___________, declaro que fui devidamente informada pela pesquisadora Clécia

Cristiane da Silva Sales sobre a finalidade da pesquisa

“COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS DO TRATAMENTO DIALITICO P ERITONEAL

EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: UMA SÉRIE DE CASOS”

e estou perfeitamente consciente de que:

1. A criança continuará sendo atendida no IMIP e dispondo de toda a atenção devida na

pediatria do IMIP, independente de minha participação na pesquisa.

2. A criança estará participando de um estudo onde todas as informações serão adquiridas

através do prontuário do menor.

3. Não será realizado nenhum procedimento, nenhuma conduta no tratamento será alterada .

4. Poderei ter acesso ao resultado da pesquisa quando assim o desejar

5. Poderei abandonar a qualquer momento a pesquisa caso não me sinta satisfeito (a), sem que

isso venha a prejudicar o atendimento no IMIP;

6. Em nenhuma situação a identidade da criança será revelada.

Assim declaro que concordei em participar da pesquisa sem que recebesse nenhuma pressão dos

que participam do projeto.

Recife, ____ de ________________ de ________.

_____________________________________

Assinatura do responsável pelo paciente