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597 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 14(3):597-605, jul-set, 1998 ARTIGO ARTICLE Inter-relacionamento de dados ambientais e de saúde: análise de risco à saúde aplicada ao abastecimento de água no Rio de Janeiro utilizando Sistemas de Informações Geográficas Linkage of environmental and health data: health risk analysis of the Rio de Janeiro water supply using Geographical Information Systems 1 Departamento de Informações em Saúde, Centro de Informação em Ciência e Tecnologia, Fundação Oswaldo Cruz. Av. Brasil 4365, Rio de Janeiro, RJ 21045-900, Brasil. [email protected] Christovam Barcellos 1 Kátia Coutinho 1 Maria de Fátima Pina 1 Mônica M. A. F. Magalhães 1 Júlio C. M. D. Paola 1 Simone M. Santos 1 Abstract Exposure assessment of population groups is based on linkage of environmental and health data. This relationship can be hard to establish due to spatial and temporal lags in data sets. GIS can be used as a basis for organizing health-related and environmental data sets.We examined potential health risk in the Rio de Janeiro city water supply based on the overlay of in- formation layers containing data on the presence and quality of water supply services.We used census tracts as the primary georeferenced data, since they contain information on how house- holds are supplied, water supply pipes, sources, and reservoirs, and water quality according to the monitoring program. Population groups exposed to risks were located and quantified using spatial operations among these layers and adopting different risk criteria. The main problems related to water supply are located on the northern slope of the Tijuca Mountain Range and in the western area of the city of Rio, where the population relies on alternative water supply sources. The different origins, objectives, and structures of data have to be analyzed critically, and GIS can be used as a data validation tool as well as an instrument for detailed identifica- tion of inconsistencies. Key words Environment;Water Supply Systems; Environmental Analysis; Geographical Infor- mation Systems Resumo O inter-relacionamento de dados ambientais e sanitários, necessário na avaliação da exposição de grupos populacionais a fatores de risco, é dificultado pela defasagem no tempo e espaço destes conjuntos de dados. Neste trabalho utilizaram-se como bases de dados georrefe- renciadas: os setores censitários, que contêm informações sobre a forma com que são abastecidos os domicílios; a rede de abastecimento de água, seus principais mananciais e reservatórios; a qualidade da água,segundo programa de monitoramento. Mediante operações espaciais entre estas camadas, foram localizados e quantificados grupos populacionais submetidos a risco, de acordo com diferentes critérios. Grande parte dos riscos associados ao abastecimento de água en- contram-se localizados na encosta norte do Maciço da Tijuca, e na Zona Oeste, onde a popula- ção procura formas alternativas de abastecimento. Em razão das diferentes origens, objetivos e es- truturas dos dados, os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) podem ser utilizados como ins- trumento de organização, de validação destes dados e de verificação de possíveis inconsistências. Palavras-chave Ambiente; Abastecimento de Água; Análise Ambiental; Sistemas de Informações Geográficas

Inter-relacionamento de dados ambientais e de saúde ... · os domicílios; a rede de abastecimento de água, seus principais mananciais e reservatórios; a qualidade da água, segundo

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Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 14(3):597-605, jul-set, 1998

ARTIGO ARTICLE

Inter-relacionamento de dados ambientais e de saúde: análise de risco à saúde aplicada ao abastecimento de água no Rio de Janeiroutilizando Sistemas de Informações Geográficas

Linkage of environmental and health data: health risk analysis of the Rio de Janeiro watersupply using Geographical Information Systems

1 Departamento deInformações em Saúde,Centro de Informação emCiência e Tecnologia,Fundação Oswaldo Cruz.Av. Brasil 4365,Rio de Janeiro, RJ 21045-900, [email protected]

Christovam Barcellos 1

Kátia Coutinho 1

Maria de Fátima Pina 1

Mônica M. A. F. Magalhães 1

Júlio C. M. D. Paola 1

Simone M. Santos 1

Abstract Exposure assessment of population groups is based on linkage of environmental andhealth data. This relationship can be hard to establish due to spatial and temporal lags in datasets. GIS can be used as a basis for organizing health-related and environmental data sets. Weexamined potential health risk in the Rio de Janeiro city water supply based on the overlay of in-formation layers containing data on the presence and quality of water supply services. We usedcensus tracts as the primary georeferenced data, since they contain information on how house-holds are supplied, water supply pipes, sources, and reservoirs, and water quality according tothe monitoring program. Population groups exposed to risks were located and quantified usingspatial operations among these layers and adopting different risk criteria. The main problemsrelated to water supply are located on the northern slope of the Tijuca Mountain Range and inthe western area of the city of Rio, where the population relies on alternative water supplysources. The different origins, objectives, and structures of data have to be analyzed critically,and GIS can be used as a data validation tool as well as an instrument for detailed identifica-tion of inconsistencies.Key words Environment; Water Supply Systems; Environmental Analysis; Geographical Infor-mation Systems

Resumo O inter-relacionamento de dados ambientais e sanitários, necessário na avaliação daexposição de grupos populacionais a fatores de risco, é dificultado pela defasagem no tempo eespaço destes conjuntos de dados. Neste trabalho utilizaram-se como bases de dados georrefe-renciadas: os setores censitários, que contêm informações sobre a forma com que são abastecidosos domicílios; a rede de abastecimento de água, seus principais mananciais e reservatórios; aqualidade da água, segundo programa de monitoramento. Mediante operações espaciais entreestas camadas, foram localizados e quantificados grupos populacionais submetidos a risco, deacordo com diferentes critérios. Grande parte dos riscos associados ao abastecimento de água en-contram-se localizados na encosta norte do Maciço da Tijuca, e na Zona Oeste, onde a popula-ção procura formas alternativas de abastecimento. Em razão das diferentes origens, objetivos e es-truturas dos dados, os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) podem ser utilizados como ins-trumento de organização, de validação destes dados e de verificação de possíveis inconsistências.Palavras-chave Ambiente; Abastecimento de Água; Análise Ambiental; Sistemas de InformaçõesGeográficas

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Introdução

A identificação de grupos populacionais sub-metidos a risco é uma tarefa imprescindívelpara a elaboração de programas preventivos ecomo meio de avaliação de exposições diferen-ciadas. A localização destes grupos no espaçopermite um maior detalhamento do contextosocial e ambiental em que estas exposiçõesocorrem, ao mesmo tempo que introduz novasvariáveis, intrínsecas ao espaço, que podem di-ficultar sua interpretação ( Jolley et al., 1992;Barcellos & Bastos, 1996). A investigação da re-lação entre fatores ambientais e efeitos sobre asaúde pressupõe uma seqüência de eventos doprocesso de produção de doenças representa-da por uma acumulação de riscos em determi-nados lugares delimitáveis e identificáveis noespaço. Os agravos à saúde em grupos sociaispodem ser conseqüência da distribuição desi-gual, no espaço, de fontes de contaminaçãoambiental, da dispersão ou concentração deagentes de risco, da exposição da população aestes agentes e das características de suscetibi-lidade destes grupos (Corvalán et al., 1996).Grande parte destes determinantes à saúde sãopassíveis de localização no espaço. Através daunião entre os processos desencadeadores deriscos ambientais, pode-se estabelecer umacomplementaridade de eventos que permitema análise globalizada de riscos à saúde (Briggs,1992). A análise ecológica de dados ambientaise epidemiológicos pode permitir, mais que umaverificação de associações entre estes fenôme-nos, uma melhor compreensão do contexto emque se produzem os processos sócio-espaciais(Susser, 1994).

Os Sistemas de Informações Geográficas(SIG) têm sido utilizados como ferramenta deconsolidação e análise de grandes bases de da-dos sobre saúde e ambiente. Estes sistemas per-mitem a captura, armazenamento, manipula-ção, análise e exibição de dados georreferencia-dos, isto é, relacionados a entidades gráficascom representação espacial.

O caso do abastecimento de água no Muni-cípio do Rio de Janeiro pode ser utilizado comoexemplo da construção de mapas de risco cominformações complementares e intercambiá-veis. Diversas fontes de informação podem con-ter dados sobre o abastecimento de água noBrasil, sendo a maior parte destes dados passí-veis de georreferenciamento. Neste trabalho,foram construídas e analisadas três camadasinter-relacionáveis de informações espaciais,envolvendo os dados do censo populacionalcom quesitos sobre saneamento, referidos aossetores censitários; o sistema de abastecimen-

to de água, com a localização da rede principalde distribuição, mananciais e elevatórias e da-dos sobre a qualidade da água segundo progra-ma de monitoramento conjunto entre o órgãode controle ambiental do estado (Feema) e aagência estadual de saneamento (Cedae), re-presentado no mapa por pontos.

É importante destacar que cada uma destascamadas possui origem e características cons-trutivas diferentes. O desenho da rede de dis-tribuição, fornecido pela agência de saneamen-to, demonstra a capacidade de se suprir comágua determinada parcela da população locali-zada em torno desta rede. O abastecimentoefetivo destes domicílios depende, no entanto,de outras características de projeto e operação,tais como a pressão, vazão e regime de fluxo darede, bem como a disposição desta populaçãode pagar por este serviço. Por outro lado, os da-dos sobre abastecimento de água, coletadosdurante o censo demográfico, devem ser toma-dos como informações referidas pela popula-ção. Nestes questionários, a população é per-guntada, entre outros itens, sobre a forma co-mo seu domicílio é abastecido de água, se porrede pública, ou por poços e nascentes. A res-posta a este item depende do entendimentodos moradores sobre a maneira preponderantecomo aquele domicílio é abastecido, sendo co-mum o abastecimento por fontes múltiplas ealternativas, principalmente em áreas de abas-tecimento descontinuado de água. Os dadossobre qualidade da água têm origem em pro-gramas permanentes de monitoramento, sen-do imprescindível, mas não suficiente, o uso deindicadores de qualidade, que nem sempre re-tratam o quadro geral de riscos à saúde relacio-nados ao consumo de água (Batalha & Parlato-re, 1977; Barcellos & Machado, 1991). Briggs(1992) discute as possíveis formas de inter-re-lacionamento entre dados de fonte e recepto-res de risco com características geométricas di-ferentes. No caso da qualidade da água, estesdados, sempre referidos a pontos de amostra-gem, dificilmente poderiam ser extrapoladospara áreas adjacentes, porque representam de-terminadas condições de um trecho linear darede de distribuição. De modo geral, fenôme-nos ambientais podem ter três tipos de repre-sentação comuns ao geoprocessamento: o pon-to (por exemplo, estações de amostragem), li-nha ou arco (estradas ou linhas de abasteci-mento) e áreas (bairros ou distritos de sanea-mento).

Cada uma destas informações, construídasna forma de camadas, possui, portanto, limita-ções de análise inerentes à sua própria cons-trução, sendo o SIG uma ferramenta importan-

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te na integração, inter-relacionamento e vali-dação destas informações (Briggs, 1992). Porintermédio de operações espaciais, podem-seobter informações sobre variáveis contidas emduas ou mais destas camadas, como, por exem-plo, uma lista de domicílios com carência desistemas de abastecimento de água em áreas dealta incidência de doenças relacionadas ao sa-neamento, ou a localização de áreas de pobre-za onde problemas de saneamento são em ge-ral agravados pela carência sócio-econômica.

A maior parte da população do Municípiodo Rio de Janeiro (cerca de 95% dos domicílios,segundo o censo demográfico de 1991) é abas-tecida de água pela rede geral. Apesar disso,persistem problemas que podem ter impactosnegativos sobre a saúde da população da cida-de, como a contaminação da rede de distribui-ção de água, a precariedade ou vulnerabilidadedos sistemas de abastecimento, ou mesmo ainexistência deste serviço em algumas áreas dacidade. Por causa da conhecida heterogeneida-de na ocupação do solo urbano e à acidentadatopografia da cidade, é possível que os proble-mas com o abastecimento de água estejamconcentrados em áreas e grupos sócio-espa-ciais característicos. O planejamento de açõesde saneamento e de vigilância à saúde devecentrar-se nestas áreas, identificadas atravésde critérios de risco espaciais, ambientais e só-cio-demográficos, que são localizados e quan-tificados utilizando o SIG como ferramenta deorganização e análise de dados espaciais. Emadição, é descrita a construção das camadas deinformações sobre o abastecimento de água noMunicípio do Rio de Janeiro, realizada pelo pro-jeto SIG-Fiocruz.

Materiais e métodos

Foram construídas algumas camadas de infor-mação que contêm dados relevantes para a ca-racterização de riscos relacionados ao abaste-cimento de água em microáreas. Nos sistemasde geoprocessamento, os dados são armazena-dos em forma de camadas de informação, emque cada camada corresponde a um tema, pos-sibilitando sua manipulação isoladamente ouatravés de operações de análise espacial, esta-belecendo relações de dados de diferentes na-turezas (Câmara et al., 1995). Foi utilizada atécnica de regiões de influência (buffers) paraestabelecer áreas em torno de fatores de ris-co, localizáveis no espaço. Esta técnica tem si-do utilizada na avaliação de saúde para estimare identificar populações expostas a riscos am-bientais, como, por exemplo, a exposição a

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campos eletromagnéticos gerados pela trans-missão de energia (Wartenberg et al., 1993). Aescolha das distâncias a partir das quais sãodelimitadas áreas de influência (buffers) é emgeral arbitrária. No presente estudo, optou-sepor caracterizar estas áreas de influência tendocomo base critérios teóricos, sem considerar aresposta estatística dos pontos de corte.

Camada de setores censitários

Os contornos de cerca de 6.400 setores censitá-rios (SC) do Município do Rio de Janeiro foramtranscritos visualmente da base cartográfica doIBGE, para plantas na escala 1:5000 obtidasjunto à Light. Maiores detalhes sobre a cons-trução da malha de setores censitários encon-tram-se em Pina (1995). A aquisição envolveuas seguintes etapas de trabalho: correção doscontornos através de consulta ao IBGE; digita-lização dos contornos utilizando software dotipo CAD; importação e edição dos contornosde SC para ambiente ARC/Info e posterior ex-portação para o formato Mapinfo, mantendo-se como indexador de dados os códigos de se-tores, fornecido pelo IBGE. A estes setores fo-ram associados dados sobre saneamento e po-pulação contidos no censo demográfico (IBGE,1992). A malha dos bairros foi gerada com aagregação de setores censitários e armazenadaem camada específica.

Camada do sistema de abastecimento de água

Foram obtidas cópias heliográficas na escala1:25000, cedidas pela Cedae, contendo o dese-nho dos sistemas de abastecimento de água,envolvendo a identificação e localização de re-servatórios, estações de tratamento, elevató-rias, adutoras e rede principal de distribuição.Este mapa foi digitalizado utilizando-se pro-grama CAD, editado em ambiente ARC/Info eexportado para o formato Mapinfo.

Camada de qualidade da água na rede de distribuição

Foram obtidos junto à Cedae os endereços decerca de quinhentos postos de coleta de amos-tras de água na forma de pontos, aos quais fo-ram associados cerca de 12.000 dados, relati-vos a coletas realizadas entre 1991 e 1992, so-bre a concentração de cloro livre, pH, fluoreto,cor e turbidez, bem como sobre a presença/au-sência de coliformes totais e fecais nessas amos-tras. O georreferenciamento dos postos (Figura1) foi obtido pela localização e mediante ende-

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reço dos 430 postos permanentes de monitora-mento em cartas em escala 1:2000 da Light, apartir das quais foram obtidos os pares de coor-denadas (UTM) para cada ponto, que foramarmazenadas junto ao banco de dados sobrequalidade da água.

Georreferenciamento de dados ambientais e epidemiológicos

No geoprocessamento, o trabalho com as ba-ses de dados exige que estes estejam relaciona-dos a unidades espaciais. Dentre as possíveisunidades espaciais de referência para dadosambientais e sanitários encontram-se o setorcensitário, o território do código de endereça-mento postal (CEP), o bairro, a bacia hidrográ-fica, o distrito sanitário, o distrito administrati-

vo (subdivisão do município) e o município.Alguns critérios geográficos, estatísticos e geo-métricos devem ser estabelecidos para a esco-lha de uma unidade mínima de agregação dedados (Barcellos e Santos, 1996). A vantagemdo uso de unidades territoriais de agregação dedados é a possibilidade de se obterem denomi-nadores para a construção de taxas utilizadascomo indicadores epidemiológicos. Diversostrabalhos têm sugerido indicadores para o sa-neamento, escolhidos em razão de sua magni-tude e importância para a saúde pública, dacapacidade de resposta a alterações das condi-ções de saneamento, bem como da validade econfiabilidade dos dados (Heller, 1997). Entreestes indicadores, a taxa de mortalidade infan-til tem sido tradicionalmente utilizada paraavaliar impactos de ações de saneamento so-bre a saúde, sendo passível de georreferencia-

Figura 1

Presença de flúor na água nos postos de monitoramento da rede de distribuição de água. A área demarcada

representa a região de mata atlântica da cidade, onde se concentram pequenos manaciais de água.

Cascadura

Piedade

Tijuca

Maciço da Tijuca

Alto da Boa Vista

Santa Teresa

Lagoa

Copacabana

Centro

Concentração de flúor na água (mg/l)

menor que 0,4

maior que 0,4Município do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro

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mento no nível de bairro. A flutuação aleatóriados dados, causada pela pequena magnitude,tanto do numerador, quanto do denominador,pode inviabilizar sua utilização nesta escala(Campos, 1997).

Uma segunda estratégia de georreferencia-mento de dados epidemiológicos permite a lo-calização de eventos tendo como referência oseu endereço, gerando mapas que formam nu-vens de pontos, à semelhança do famoso mapade John Snow na investigação do surto de cóle-ra em Londres. Neste caso, podem ser verifica-dos estatística e visualmente aglomerados depontos que sugerem a existência de fontes co-muns de risco (Nobre & Carvalho, 1994).

Freqüentemente, os dados de saúde e am-biente são referidos a unidades espaciais nãocoincidentes. O nível mínimo de agregação dedados de saneamento é o território das agên-cias locais de água e esgoto, muitas vezes deli-mitado por sub-bacias hidrográficas. Dados demonitoramento de qualidade do ar e água refe-rem-se a pontos de amostragem cujas regiõesde influência são dificilmente conhecidas. Ossistemas de informações de saúde, como, porexemplo, o de mortalidade (SIM), permitem aagregação de dados por município de residên-cia ou ocorrência do óbito, exigindo um gran-de esforço para o endereçamento de informa-ções em unidades espaciais menores. No Mu-nicípio do Rio de Janeiro, alguns dados epide-miológicos vêm sendo apurados ou recupera-dos mantendo-se o bairro como campo de en-dereço nos sistemas de informação, o que per-mite seu georreferenciamento a esta unidadeespacial. O uso de uma ou outra unidade espa-cial de referência condiciona a escala de análi-se dos fenômenos ambientais e epidemiológi-cos, alterando os resultados estatísticos e vi-suais destas associações (Barcellos & Bastos,1996).

Identificação de fatores e áreas de risco

As qualidade e quantidade de água servida àpopulação podem ter impactos diferenciadossobre a saúde, estando muitas vezes relaciona-dos. Por exemplo, a irregularidade do abasteci-mento de água de uma determinada área urba-na pode permitir a introdução de agentes pa-togênicos na rede de distribuição de água.

Foram consideradas como fatores de riscoà saúde a dificuldade na obtenção de água pelaausência de rede de distribuição nas proximi-dades dos domicílios, a contaminação recor-rente da água por bactérias do grupo colifor-me, bem como a captação de água em manan-

ciais locais, sem tratamento ou sujeitos a con-taminação eventual. Foram identificadas árease populações submetidas a risco utilizando-seos seguintes critérios ambientais e sócio-de-mográficos:

1) Áreas próximas a postos de monitora-mento de qualidade da água que apresentamalta recorrência de contaminação por colifor-mes fecais. Estas áreas foram identificadas pe-lo desenho de áreas de influência (buffers) de 1km em torno dos pontos onde mais de 20% dasamostras apresentaram presença de coliformesfecais. Esta freqüência de contaminação podeindicar um severo comprometimento de tre-chos da rede de distribuição. A distância de in-fluência foi estipulada com base na expectativade sobrevivência de agentes patogênicos naágua, mesmo com a presença de cloro livre(Battalha & Parlatore, 1977). A proximidade dosdomicílios de pontos de monitoramento comcontaminação recorrente pode representar ris-co à saúde pela possibilidade de veiculaçãoatravés da rede de microorganismos patogê-nicos.

2) Áreas abastecidas por rede geral compredominância de águas de origem local, istoé, tomadas de pequenos mananciais localiza-dos principalmente nos maciços da Tijuca e daPedra Branca. Como conseqüência da crescen-te ocupação destas encostas é possível que ha-ja contaminação, mesmo que esporádica, daságuas por dejetos humanos. As áreas foramidentificadas por meio de buffers de 2 km emtorno dos pequenos mananciais. Por causa datopografia da cidade é esperado que águas des-tas encostas possam atingir grandes distân-cias através da rede de distribuição. A análisedos parâmetros de qualidade da água permitiuidentificar áreas afastadas que, ainda assim,sofrem influência destes mananciais (Barcel-los, não publicado).

3) Áreas distantes da rede geral de distribui-ção, onde a rede secundária de abastecimentopode ser ausente ou apresentar problemas decontinuidade de abastecimento. Estas áreas fo-ram localizadas por meio de buffers de 0,5 kmem torno dos arcos que representam a redeprincipal de distribuição. A quantidade de águaconsumida por uma população pode variar ematé uma ordem de grandeza, dependendo desua disponibilidade. O fornecimento de águade boa qualidade na fonte de abastecimentotem pouco impacto sobre as condições de saú-de se o meio de coleta e transporte for manualou inadequado (Drangert & Lunguist, 1990). Adistância dos domicílios em relação à fonte deabastecimento condiciona, portanto, a possi-bilidade de sua ligação através de ramais se-

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cundários, sendo uma variável importante pa-ra a garantia da qualidade do serviço.

4) Áreas onde mais de 50% dos residentes,segundo o censo de 1991, declararam não sersupridos por rede geral de abastecimento deágua. Foram identificados pela base de dadosos SC que correspondiam a este critério. Con-siderando esta variável como um somatório derespostas dos domicílios ao quesito sobre abas-tecimento de água durante o recenseamentopode-se presumir que, ao negar a ligação degrande parte dos domicílios à rede geral, os mo-radores podem apontar problemas gerais noabastecimento de água que envolvam a região,e não seu domicílio isoladamente. Dentre estesproblemas podem estar incluídas a desconti-nuidade do abastecimento, a má qualidade daágua ou a oferta local de fontes alternativas decaptação.

A Tabela 1 identifica as populações e áreassubmetidas a risco segundo os quatro critérioscitados.

Os critérios utilizados permitiram a identi-ficação de grupos sócio-espaciais sujeitos a ris-cos à saúde associados ao abastecimento deágua. A contaminação da rede geral de abas-tecimento de água por coliformes (critério 1)abrange a maior parte da população sob risco,representando cerca de 35% da população to-tal do município. O abastecimento de água pormeio de pequenos mananciais locais (critério2), ou a ausência de rede geral de distribuição(critério 3) podem representar riscos para par-celas ainda significativas da população da ci-dade (cerca de 10%), que se encontram em re-giões de mais baixa densidade populacional.Uma pequena parcela da população (cerca de2%) localiza-se em regiões onde a maior partedo abastecimento é realizado por fontes alter-nativas de água (poços e nascentes não explo-

radas pela agência de saneamento), mas querepresentam área considerável do município(cerca de 16% do território). Estas últimas áreasda cidade apresentam baixa densidade popu-lacional, o que permite o uso de poços (no ca-so do Recreio dos Bandeirantes, Guaratiba eSepetiba) ou nascentes (principalmente nasáreas altas do Maciço da Tijuca) para a obten-ção de água.

Estes grupos sócio-espaciais, identificadossegundo os diferentes critérios, são muitas ve-zes coincidentes, acumulando problemas co-mo a má qualidade da água e a carência de re-des de distribuição. Cerca de 375.000 habitan-tes do Município do Rio de Janeiro residem emáreas próximas a mananciais locais de água ecom contaminação recorrente das águas da re-de de distribuição, apresentando uma possívelsobreposição de fatores de risco à saúde. Este éo caso do Alto da Boa Vista e áreas altas da Ti-juca, na encosta norte do Maciço da Tijuca, on-de convivem bairros ricos e favelas. Outras re-giões selecionadas por estes critérios possuempoucas alternativas de abastecimento, senão arede geral de distribuição, que apresenta con-taminação recorrente da água por coliformesfecais. Este é o caso de parte de Santa Teresa,Urca e Sepetiba, onde são freqüentes as quei-xas da população em relação ao serviço deabastecimento.

A concentração de flúor na água pode de-monstrar a influência de águas provenientes demananciais locais na rede geral de distribuição,já que estes não dispõem deste tipo de trata-mento. Áreas com menor concentração de flúor(Alto da Boa Vista, Piedade e Santa Teresa) apre-sentam maior participação de pequenos ma-nanciais na água distribuída à população (Fi-gura 1), o que pode representar uma vulnerabi-lidade dos sistemas de abastecimento quanto à

Tabela 1

Localização, população residente e área de risco segundo critérios de qualidade do abastecimento de água.

Critério de risco População Área (km2) Localização(n de residentes)

Contaminação da água 1.900.000 349 Encostas das Zonas Sul e Norte,parte da Zona Oeste

Uso de pequenos mananciais 700.000 392 Em torno dos maciços da Tijuca e Pedra Branca

Ausência de rede 600.000 156 Zona Oeste, Barra da Tijuca e áreas isoladas da Zona Norte

Uso de fontes alternativas de água 90.000 206 Zona Oeste, Maciço da PedraBranca e Alto da Boa Vista

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contaminação dos mananciais. Nestas áreas,diversos domicílios utilizam poços e nascentescomo forma de abastecimento de água, segun-do o censo de 1991. Esta alternativa vem sendoadotada por grande parte dos moradores dasencostas do Maciço da Tijuca, onde existem al-gumas fontes locais de captação de água, semtratamento para desinfecção e fluoretação. Es-tes pequenos sistemas são muitas vezes cus-teados pelos moradores locais.

A Figura 2 mostra a superposição das ca-madas de informação que representam a redegeral de abastecimento e a proporção da popu-lação que declarou no censo de 1991 ser supri-da pela mesma rede. Ambas informações tra-tam de um mesmo tema, tendo, no entanto, di-

ferentes significados por causa do instrumentode aferição utilizado. A comparação entre estasduas camadas permite a validação dos dadossobre abastecimento de água na cidade. Am-bos desenhos cobrem, principalmente, a man-cha urbana do município, observando-se a ca-rência na cobertura da rede principal nas áreasaltas e de baixa densidade populacional, comoos maciços da Pedra Branca e Tijuca. Segundoo mapa, podem-se observar áreas potencial-mente cobertas pelo serviço, isto é, próximas àrede de distribuição de água, onde, no entanto,grande parte da população residente declaraser suprida por outras fontes de água, indepen-dentes da agência de saneamento. Estas áreassituam-se na Zona Oeste, Serra do Mendanha e

0 5 10

Km

Zona Sul

Centro

Barra da Tijuca

Guaratiba

Sepetiba

Zona Oeste

Ilha do Governador

Baía da Guanabara

ETA Guandú

Maciço da Pedra Branca

Maciço da Tijuca

Região da Leopoldina

Cobertura da rede de abastecimento de água

menor que 95%

75 a 95%

menor que 75%

Rede principal de distribuição de água

Município do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro

Figura 2

Rede de distribuição de água no Município do Rio de Janeiro e cobertura do fornecimento de água por setor censitário.

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Alto da Boa Vista. Neste caso, maiores investi-gações devem ser realizadas localmente paraesclarecer a forma de abastecimento de água eas causas da recusa (por parte da população)ou do mal funcionamento (por parte da agên-cia de saneamento) que levaram a esta aparen-te contradição entre informações.

Considerações finais

Durante as últimas décadas, observou-se umincremento nos serviços de saneamento noBrasil, principalmente efetuado pelo abasteci-mento de água em regiões metropolitanas. Acidade do Rio de Janeiro, por exemplo, possuiapenas 5% de domicílios não abastecidos pelarede geral de distribuição. Vários problemas,contudo, ainda são encontrados no que tangeaos aspectos qualitativos e quantitativos doabastecimento de água. Uma parcela conside-rável da população é abastecida com águaseventualmente contaminadas, utiliza-se de fon-tes alternativas para o abastecimento de águaou encontra-se em áreas com regime deficien-te de abastecimento. Estes grupos, muitas ve-zes apontados genericamente como carentesou pobres, são socialmente identificáveis e es-pacialmente delimitáveis.

Nesse trabalho foi possível observar umasuperposição de fatores que poderiam explicara ausência de ligações de domicílios à rede ge-ral em áreas da cidade submetidas simultanea-mente à baixa qualidade do serviço e localiza-ção em áreas de pequena urbanização, presen-tes em áreas faveladas, mas também em áreasde bairros nobres onde as condições sócio-econômicas são melhores.

A qualidade da água de uma rede de distri-buição está fortemente relacionada ao seu re-gime de distribuição e características de proje-to e operação do sistema de abastecimento(Clark & Cyle, 1990). Variações de pressão in-terna da canalização podem facilitar vazamen-tos e infiltrações e provocar sua contaminação.A qualidade da água servida à população está,portanto, relacionada à sua quantidade. Algunsdos indicadores relacionados neste trabalho,como a presença de coliformes e a concentra-ção de cloro livre, podem exprimir ambos pro-blemas de abastecimento.

Utilizando-se o SIG pode-se sobrepor infor-mações sócio-ambientais que permitam umamelhor focalização destes grupos e o planeja-mento de ações de saneamento e vigilância àsaúde. Os critérios utilizados neste trabalhopodem ser aplicados e aperfeiçoados a fim demelhor identificar áreas e grupos de risco emmicroáreas. Além disso, o SIG, como outros mé-todos de mapeamento podem ser utilizadoscomo instrumento didático e de debate com apopulação leiga sobre suas condições e inser-ção no espaço urbano (Sparrow, 1992).

Os SIGs podem manipular bases de dadosque têm diferentes expressões geométricas elógicas. Esta heterogeneidade está presente emtodas as etapas de desenvolvimento do SIG: aadoção do modelo conceitual, formato de da-dos, software, hardware e linguagem (Strauchet al., 1996). Esta característica permite umainteroperabilidade de dados, impossível emsistemas de informação convencionais, isto é,tabulares. Por outro lado, exige que, já na fasede construção do SIG, sejam previstas as possí-veis operações entre camadas de dados e suaforma de armazenamento.

Page 9: Inter-relacionamento de dados ambientais e de saúde ... · os domicílios; a rede de abastecimento de água, seus principais mananciais e reservatórios; a qualidade da água, segundo

SIG E ANÁLISE DE RISCO EM SAÚDE 605

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 14(3):597-605, jul-set, 1998

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