165
INTERFERÊNCIA HIDRODINÂNIMICA NO COMPORTAMENTO EM ONDAS ENTRE NAVIOS COM VELOCIDADE DE AVANÇO César Augusto Salhua Moreno Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Engenharia Oceânica. Orientador: Carlos Antonio Levi da Conceição Rio de Janeiro Setembro de 2010

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INTERFERÊNCIA HIDRODINÂNIMICA NO COMPORTAMENTO EM ONDAS

ENTRE NAVIOS COM VELOCIDADE DE AVANÇO

César Augusto Salhua Moreno

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Engenharia Oceânica,

COPPE, da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Doutor em Engenharia

Oceânica.

Orientador: Carlos Antonio Levi da Conceição

Rio de Janeiro

Setembro de 2010

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iii

Salhua, César Augusto Moreno

Interferência Hidrodinâmica no Comportamento em Ondas

entre Navios com Velocidade de Avanço. – Rio de Janeiro:

UFRJ/COPPE, 2010.

XIII, 152 p.: il.; 29,7cm.

Orientador: Carlos Antonio Levi da Conceição

Tese (doutorado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de Engenharia

Oceânica, 2010.

Referencias Bibliográficas: p.128-134.

1. Método dos Painéis. 2. Dinâmica de Navios

3. Velocidade de Avanço. 4. Interferência Hidrodinâmica. 5.

Fontes de Rankine. 6. Método dos Painéis. I. Conceição, Carlos

Antonio Levi. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro.

COPPE, Programa de Engenharia Oceânica. III. Título.

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iv

DEDICATÓRIA

Aos meus pais e irmãos pelo amor,

confiança e conselhos durante todo estes

anos longe de casa.

A minha esposa e meu filho que me

apoiaram todos estes anos nesta difícil

tarefa.

A todos os meus amigos.

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v

AGRADECIMENTOS

A Deus por toda a força e paciência concedida para superar os momentos difíceis.

A minha mãe Rosa e meu pãe Benigno pelo exemplo de luta e amor

incondicional em todos os momentos da minha vida. A minha esposa Sandra por seu amor incondicional, ternura, paciência e

conselhos durante todos estes anos.

A meu filho Felipe por seu amor incondicional, ternura e sorrisos que iluminam todos meus dias.

A meus irmãos Ricardo e Rocio que sempre acreditaram em mim.

Ao Prof. Carlos Levi pelo seu apoio e paciência infinita durante todos estes anos de estudo, muito obrigado por tudo.

Ao Prof. Marcelo Neves pelos seus conselhos e a oportunidade brindada de vir a estudar na COPPE/UFRJ.

Ao Prof. Antonio Carlos Fernandes pelo seu apoio e confiança brindada. Ao Prof. Juan Wanderley pelo seu apoio e consideração brindada.

Ao meu amigo D.Sc. Lênin Valério pela confiança depositada.

A todos meus amigos da Área de Hidrodinâmica, Estruturas e Maquinas

Marítimas da COPPE/UFRJ. A todos os meus amigos da Escola de Engenharia Naval do Perú, pela amizade e

confiança.

A todos os funcionários do Programa de Engenharia Oceânica, em especial, a Glace e Lucimar. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo suporte financeiro.

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vi

Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)

INTERFERÊNCIA HIDRODINÂMICA NO COMPORTAMENTO EM ONDAS

ENTRE NAVIOS COM VELOCIDADE DE AVANÇO

César Augusto Salhua Moreno

Setembro / 2010 Orientadores: Carlos Antonio Levi da Conceição Programa: Engenharia Oceânica

As forças de interferência hidrodinâmicas modificam os movimentos dos navios

que operam próximos entre si. Os efeitos produzidos devem ser analisados ainda nas

fases iniciais do projeto, através de ferramentas numéricas, para que seja possível

identificar eventuais falhas operacionais.

A presente tese realiza um estudo do efeito da interferência hidrodinâmica sobre

o comportamento em ondas entre dois navios com velocidade de avanço, navegando

paralelamente com o mesmo sentido e velocidade. O estudo inclui também uma análise

de influência da distância entre os cascos e da velocidade sobre os efeitos da

interferência hidrodinâmica.

A efetividade desta metodologia é comprovada comparando-se os resultados

numéricos obtidos com resultados experimentais de um catamarã.

A solução matemática adota o método dos painéis, baseado na fonte de Rankine.

Nesta solução, a condição de contorno da superfície livre é linearizada em torno do

casco duplo e superfícies B-spline bi-quadráticas são utilizadas para a obtenção

numérica do potencial de velocidades.

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vii

Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as partial fulfillment of the requirements

for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

HYDRODYNAMIC INTERFERENCE ON THE BEHAVIOR OF SHIP IN WAVES

César Augusto Salhua Moreno

Setembro / 2010 Advisor: Carlos Antonio Levi da Conceição Program: Ocean Engineering

Hydrodynamic interference forces modify the ship movements of two closely

operating ships. These effects should be analyzed in the early stages of the ship design

to identify possible operational failures.

The present thesis performs hydrodynamic interference studies on the behavior

of two ships in waves, advancing along parallel directions with the same speed. It is

performed an influence analysis of the ship separation distance and forward speed over

the hydrodynamic interference effects.

The effectiveness of this methodology is demonstrated by comparison between

numerical and experimental results obtained for a catamaran.

The numerical solution applies the Rankine Panel Method when double body

linearization is used to linearize free surface boundary conditions and B-spline bi-

quadratic surfaces are used to represent the velocity potential.

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viii

Lista de Símbolos e Unidades Parâmetros dimensionais

Nome Símbolo Unidade

Comprimento da linha de água L m

Boca na linha de água B m

Calado T m

Velocidade de avanço U m/s

Frequência de encontro ωE rad/s

Massa adicional de sway A22 Ton

Massa adicional de heave A33 Ton

Massa adicional de roll A44 Ton.m2

Massa adicional de pitch A55 Ton.m2

Massa adicional de heave produzida pela oscilação em

pitch

A35 Ton.m

Massa adicional de pitch produzida pela oscilação em

heave

A53 Ton.m

Amortecimento potencial de heave produzido pela

oscilação em pitch

B35 Ton.m/s

Amortecimento potencial de pitch produzido pela

oscilação em heave

B53 Ton.m/s

Amortecimento de sway B22 Ton/s

Amortecimento de heave B33 Ton/s

Amortecimento de roll B44 Ton.m2/s

Amortecimento de pitch B55 Ton.m2/s

Massa adicional de interferência hidrodinâmica de

sway

D22 Ton

Massa adicional de interferência hidrodinâmica de

heave

D33 Ton

Massa adicional de interferência hidrodinâmica de roll

D44 Ton.m2

Massa adicional de interferência hidrodinâmica de D55 Ton.m2

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ix

pitch

Amortecimento potencial de interferência

hidrodinâmica de sway

E22 Ton/s

Amortecimento potencial de interferência

hidrodinâmica de heave

E33 Ton/s

Amortecimento potencial de interferência

hidrodinâmica de roll

E44 Ton.m2/s

Amortecimento potencial de interferência

hidrodinâmica de pitch

E55 Ton.m2/s

Força de excitação de surge F11 N

Força de excitação de sway F22 N

Força de excitação de heave F33 N

Momento de excitação de roll M44 Nm

Momento de excitação de pitch M55 Nm

Momento de excitação de yaw M66 Nm Parâmetros adimensionais

∇ρ= 33A'33A

gL33B'33B ∇ρ=

2L55A'55A

∇ρ=

gL

L55B'55B 2∇ρ

=

L35A'35A ∇ρ=

gL

L35B'35B ∇ρ=

L53A'53A ∇ρ=

gLL53B'53B ∇ρ=

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x

∇ρ= 22D'22D

gL22E'22E ∇ρ=

∇ρ= 33D'33D

gL33E'33E ∇ρ=

ζ∇ρ= g33F'33F

2L44D'44D

∇ρ=

gL

L44E'44E 2∇ρ

=

2L55D'55D

∇ρ=

gL

L55E'55E 2∇ρ

=

ζ∇ρ= g22F'22F

ζ∇ρ= g55M'55M

RAO HEAVE = ζZ

RAO PITCH = ζθ

k

RAO SWAY = ζy

RAO ROLL = ζφ

k

gLWE'WE =

gU' Eω=τ

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xi

INDICE

Capitulo 1- Introdução

1

1.1 Motivação 11.2 Antecedentes e cenário atual 21.3 Objetivos da tese 131.4 Delineamento da tese 14 Capitulo 2- Formulação do Problema Hidrodinâmico

15

2.1 Formulação Exata do Problema Hidrodinâmico Geral 15 2.1.1 Equação Governante 16 2.1.2 Condições de contorno aplicadas para descrever o escoamento

não-permanente 17

2.1.2.1 Condição de contorno de impenetrabilidade 17 2.1.2.2 Condição de contorno da superfície livre 17 a) Condição de contorno cinemática 17 b) Condição de contorno dinâmica 18 2.1.2.3 Condição de contorno de radiação 18 2.2 Linearização do Problema Hidrodinâmico 19 2.2.1 Linearização das condições de contorno da superfície livre 20 a) Condição de contorno cinemática 21 b) Condição de contorno dinâmica 21 2.2.2 Linearização da condição de contorno do corpo 21 2.2.3 Linearização da condição de contorno de radiação 22 2.2.3.1 Elevação da superfície livre 22 2.2.3.2 Primeira derivada da elevação da superfície livre 22 2.3 Aplicação das condições de contorno no problema hidrodinâmico 23 2.3.1 Potencial de velocidades das ondas incidentes 23 2.3.2 Potencial de velocidades das ondas irradiadas 23 2.3.2.1 Condição de contorno do corpo para dois navios

experimentando interferência hidrodinâmica 23

2.3.2.2 Condição de contorno do corpo para um navio 25 2.3.3 Potencial de velocidades das ondas difratadas 27 2.3.3.1 Condição de contorno do corpo para dois navios com

interferência hidrodinâmica 27

2.3.3.2 Condição de contorno do corpo para um navio 27 2.4 Forças Hidrodinâmicas e Movimentos 28 2.4.1 Forças de irradiação 28 2.4.1.1 Massas adicionais 29 a) Massa adicional de cada navio 29 b) Massa adicional de um navio produzida pela

interferência hidrodinâmica do outro navio 30

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xii

2.4.1.2 Amortecimentos potenciais 30 a) Amortecimentos potenciais de cada navio 30 b) Amortecimento potencial de um navio produzido

pela interferência hidrodinâmica do outro navio 30

2.4.2 Forças de excitação das ondas 31 2.4.3 Forças hidrostáticas 31 2.4.4 Equação de movimento 32 a) Sistema de equações para dois navios com

velocidade de avanço 32

b) Sistema de equações para um navio com velocidade de avanço

33

Capitulo 3 – Implementação Numérica 3.1 Método do Painéis 36 3.1.1 Coeficientes de Influência 39 3.1.2 Contornos das malhas de painéis 413.2 Discretização do Problema Hidrodinâmico 46 3.2.1 Solução para o potencial de irradiação 46 a) Dois navios com velocidade de avanço com o efeito da

interferência hidrodinâmica 47

b) Caso de um navio avançando 51 3.2.2 Solução para o potencial de difração 52 a) Caso de dois navios com velocidade de avanço 52 b) Caso de um navio avançando 53 Capitulo 4 - Resultados Numéricos do Comportamento em Ondas de um navio com Velocidade de Avanço

55

4.0 Geral 55 4.1 Análise de estabilidade da presente metodologia 57 a) Razão de aspecto 57 b) Número de Froude da malha 58 c) Frequência de encontro reduzida 58 d) Diagrama de estabilidade 59 4.1.1 Variação da frequência reduzida 61 4.1.2 Variação da razão de aspecto 61 4.1.3 Refinamento dos painéis da superfície livre 63 4.1.3.1 Refinamento transversal 64 4.1.3.2 Refinamento longitudinal 65 4.1.4 Influência das dimensões da malha da superfície livre 66 a) Variação da extensão da malha na proa 66 b) Variação da extensão da malha na popa 67 c) Variação da extensão da malha no costado 68 4.2 Comportamento em ondas de um navio com velocidade de avanço 70 4.2.1 Wigley modificado 70

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xiii

4.2.2 Serie 60 – Cb = 0.70 75

Capitulo 5 - Resultados Numéricos da Interferência Hidrodinâmica entre dois Navios com Velocidade de Avanço

80

5.1 Geral 80 5.2 Interferência hidrodinâmica de um catamarã 81 5.2.1 RAO de heave 82 5.2.2 RAO de pitch 84 5.3 Interferência hidrodinâmica de dois navios com velocidade de avanço no

arranjo side by side 86

5.3.1 Características dos navios utilizados 87 5.3.2 Análise de estabilidade 88 a)Variação da razão de aspecto 88 b)Refinamento dos painéis da superfície livre 89 c)Influência das dimensões das malhas da superfície livre 93 d)Influência da frequência de encontro 97 f)Tempo de processamento 97 5.4 Resultados da interferência hidrodinâmica sobre o comportamento em

ondas de dois navios com velocidade de avanço 100

5.4.1 Forças hidrodinâmicas de irradiação 100 5.4.2 Forças de interferência hidrodinâmica de irradiação 106 5.4.3 Forças de Excitação 109 5.4.4 RAO de movimento 112 5.4.5 Influência da distância entre cascos 116 5.4.6 Influência da velocidade sobre a interferência hidrodinâmica 120 Capitulo 6 – Conclusões

124

Referências Bibliográficas

128

APÊNDICE I 130

APÊNDICE II 132

APÊNDICE III 146

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1

Capítulo 1 Introdução

A avaliação do comportamento de um navio no mar é muito importante, mesmo

nas primeiras fases do seu projeto. Para realizar esta avaliação pode se utilizar diversas

metodologias experimentais ou numéricas. Atualmente, a avaliação numérica da

dinâmica de navios é amplamente utilizada, geralmente, com a finalidade de otimização

da forma do casco ou de detecção de possíveis problemas operacionais. Porém, os

ensaios experimentais ainda são requeridos como verificação final devido ao fato dos

códigos numéricos não permitirem, ainda, avaliar totalmente os efeitos produzidos pelas

ondas sobre o escoamento ao redor do navio.

A presente tese descreve a implementação de um código potencial linear no

domínio da frequência, baseado na aplicação do Método da Função de Green/fonte de

Rankine ou Método dos Painéis definido por fontes de Rankine (Rankine Panel

Method) para estudar o efeito de interferência hidrodinâmica devido às ondas irradiadas

e difratadas entre dois navios com a mesma velocidade e direção de avanço na

configuração side by side.

1.1 Motivação

A evolução do setor offshore demandou o desenvolvimento de novas

configurações de operação envolvendo mais de um navio com velocidade de avanço.

Pode-se citar o caso dos comboios oceânicos articulados, a fase de approaching do

offloading no arranjo side by side de navios petroleiros ou LNGs, assim como o

abastecimento de combustível entre navios militares.

Essas novas condições de operação incorporaram ao problema da dinâmica de navios o

efeito de interferência hidrodinâmica devido às ondas irradiadas e difratadas entre as

embarcações envolvidas. Portanto, tornaram-se necessárias ferramentas numéricas que

permitam incluir o efeito de interferência hidrodinâmica na dinâmica de navios de

forma a avaliar os limites operacionais destas configurações. Como o fenômeno é

dominado por efeitos de ondas, as soluções potenciais podem ser utilizadas como uma

alternativa bastante adequada.

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1.2 Antecedentes e cenário atual

Com o intuito de colocar o panorama no qual foi concebido o presente trabalho,

são apresentadas as contribuições mais relevantes, realizadas por diversos

pesquisadores, para a representação numérica do comportamento em ondas de navios, e

os avanços realizados para incluir o efeito da interferência hidrodinâmica entre dois

navios que navegam próximos entre si.

Entre os anos 1861 e 1896 Froude e Krilov derivaram equações diferenciais de

movimento para determinar os movimentos do navio em ondas, considerando

unicamente as ações das forças inerciais, hidrostáticas e as forças de excitação

produzidas pelas ondas incidentes. A formulação matemática da força de excitação,

desenvolvida por eles, foi obtida considerando que o perfil da onda não era alterado pela

presença do navio, atualmente esta força é conhecida como a força de Froude-Krilov.

No desenvolvimento desse trabalho nenhum esforço foi realizado para considerar a

perturbação produzida no escoamento devido à presença do navio, NEWMAN (1977).

Os primeiros avanços para considerar a perturbação do escoamento devida à presença

do navio surgiram com a solução do problema da resistência de onda de um navio com

velocidade de avanço constante em águas tranquilas. O primeiro trabalho, nessa direção

foi atribuído a MICHELL (1898), responsável pelo desenvolvimento da Teoria do

Navio Fino. Michell utilizou a hipótese de que a boca era pequena em comparação com

o comprimento do navio, permitindo a linearização das condições de contorno da

superfície livre do problema da resistência por formação de ondas e a aplicação da

condição de contorno do corpo foi imposta apenas na linha diametral do navio. Apesar

dos resultados numéricos obtidos com esta teoria diferirem significativamente dos

resultados experimentais, a contribuição de Michell foi importante, porque a Teoria do

Navio Fino serviu como modelo para a simplificação e solução de vários problemas

presentes na formulação matemática da dinâmica de navios.

Um dos primeiros esforços para incluir a perturbação do escoamento devido a presença

do corpo pode ser atribuído a HASKIND (1946), ele estudou os movimentos de heave e

pitch do navio em ondas utilizando pela primeira vez o Teorema de Green para calcular

o potencial de velocidade associado aos movimentos oscilatórios. A função de Green

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3

adotada por Haskind representava o potencial de uma fonte oscilatória, localizada

próxima à superfície livre e as simplificações da Teoria do Navio Fino foram utilizadas

para resolver a equação integral resultante da aplicação do Teorema de Green. Haskind

foi também o primeiro a propor a separação do potencial de velocidades não

permanente em contribuições de radiação, difração e de incidência. Porém, existem

alguns problemas fundamentais inerentes à Teoria do Navio Fino que limitam a

aplicabilidade deste método, tais como; as formas dos navios reais não são finas, mas

sim esbeltas (calado da mesma ordem de grandeza da boca, mas não do comprimento).

A Teoria do Navio Esbelto, importada da Aerodinâmica, foi utilizada por

MARUO (1962) e NEWMAN (1964) para determinar o comportamento em ondas de

navios de formas esbeltas. Esta metodologia lineariza as condições de contorno do

problema considerando que a boca e o calado são pequenos quando comparados com o

comprimento do navio. Além de considerar que o comprimento da onda incidente é da

mesma ordem ou maior ao comprimento do navio (baixas frequências) e pode ser

aplicada considerando baixa velocidade de avanço. Porém esta teoria falha na predição

dos movimentos na região da ressonância e para altas frequências, devido às limitações

das hipóteses fundamentais desta metodologia.

NEWMAN e SCLAVOUNOS (1980) e SCLAVOUNOS (1984) desenvolveram a teoria

unificada do corpo esbelto, considerando unicamente a esbeltez do navio ou seja

relações L/B altas. Esta teoria supera os inconvenientes da teoria do corpo esbelto

convencional porque permite determinar a dinâmica de navios em altas e baixas

frequências, velocidade de avanço moderadas e a incorporação de termos para

contabilizar a tridimensionalidade do navio. Porém, segundo FONSECA (2004), as

amplitudes dos RAOs de heave obtidos com esta metodologia, no caso de velocidade de

avanço, são sobre dimensionados quando comparados aos resultados experimentais.

Outra metodologia para determinar o comportamento em ondas de navios é o Método

das Faixas, esta metodologia baseia-se na solução do problema bidimensional, que

consiste em dividir o navio em várias fatias (ou faixas), sobre as quais as forças

hidrodinâmicas são avaliadas para depois serem integradas ao longo do comprimento do

navio. Desta forma, o problema tridimensional é reduzido a uma sucessão de problemas

bidimensionais associados às seções transversais ao longo do comprimento do navio.

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4

Em cada seção é assumido que o escoamento tem apenas as direções vertical e

transversal, ou seja, as ondas geradas propagam-se perpendicularmente ao eixo

longitudinal do navio. Esta hipótese implica em assumir-se que o navio deve ser esbelto,

a velocidade de avanço pequena e o comprimento das ondas relativamente pequeno em

relação ao comprimento do navio.

A aplicação do Método das Faixas requer que sejam calculadas as forças

hidrodinâmicas nas seções bidimensionais do navio. Neste caso, pode-se citar URSELL

(1949) que resolveu o problema do escoamento oscilatório em torno de uma seção

semicircular oscilando em heave na presença de superfície livre. O potencial de

velocidades deste escoamento foi representado por uma soma de singularidades, cada

uma satisfazendo as condições de contorno da superfície livre e radiação, e a condição

de contorno de impenetrabilidade foi satisfeita através de multipolos que ponderavam as

contribuições das diferentes singularidades.

GRIM (1960), TASAI (1959) e PORTER (1960) aplicaram a transformação conforme

de seções arbitrárias no círculo, juntamente com o método de Ursell, para calcular os

coeficientes hidrodinâmicos de cilindros com seção arbitrária.

KORVIN-KROUKOVSKY e JACOBS (1957) foram os primeiros a utilizar os

resultados bidimensionais, anteriormente mencionados, para incluir as forças de

irradiação e difração na equação diferencial de movimento no domínio da frequência.

Esta foi a primeira metodologia a descrever adequadamente os movimentos de heave e

pitch de um navio em mar de proa sem velocidade de avanço. Apesar das críticas

iniciais recebidas pelas inconsistências matemáticas na sua formulação, já que o modelo

matemático utilizado foi elaborado por intuição, posteriormente foi reconhecida como

uma das mais importantes contribuições ao estudo da dinâmica de navios e serviu de

base de outras versões de Teoria das Faixas.

FRANK (1967) generalizou o cálculo das forças hidrodinâmicas de seções

bidimensionais de formas arbitrárias ao representar o potencial de velocidades por uma

distribuição de funções de Green do tipo fonte pulsante que satisfaziam a condição de

contorno na superfície livre e radiação no domínio bidimensional. Estas fontes foram

utilizadas na discretização do contorno das seções e a densidade destas foi obtida

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5

através da solução da Terceira Identidade de Green. Desta forma Frank generalizou a

metodologia da obtenção das forças hidrodinâmicas para seções arbitrárias sem ter que

utilizar a transformação conforme. Porém, esta metodologia é propensa a aparição de

frequências irregulares que produzem erros na avaliação das forças hidrodinâmicas.

OGILVIE e TUCK (1969) desenvolveram a Teoria Racional das Faixas para os

movimentos verticais, cuja formulação é baseada numa análise sistemática de pequenas

perturbações, assumindo que a frequência de encontro é elevada. Foram usados dois

parâmetros na análise de perturbações: a esbeltez e a amplitude dos movimentos. Assim,

a linearização do problema foi feita em relação à amplitude dos movimentos, sem

introduzir grandes restrições na esbeltez do corpo. Deste modo, algumas interações com

o escoamento estacionário foram incluídas na solução através da incorporação dos

termos conhecidos como mj.

SALVENSEN, TUCK e FALTINSEN (1970) desenvolveram a Teoria das Faixas

matematicamente melhor fundamentada, considerando movimentos lineares. Nessa

solução, definida no domínio da frequência, as forças hidrodinâmicas nas seções

bidimensionais eram obtidas utilizando-se a metodologia de FRANK (1967).

Atualmente, esta é certamente a mais popular de todas as Teorias das Faixas. Considera

cinco graus de liberdade, diferentes ângulos de encontro e o efeito da velocidade de

avanço, incluído através do pós-processamento dos coeficientes hidrodinâmicos, sem

velocidade de avanço. Esta versão da Teoria das Faixas já é utilizada em muitos

programas comerciais de Engenharia Naval (exemplos: MAXSURF, SEAWAY, entre

outros).

Versões da Teoria das Faixas no domínio do tempo apareceram para se poder adicionar

efeitos não-lineares nas equações que representam o equilíbrio dinâmico do navio

(exemplos: as forças de restauração não-lineares, forças de excitação, efeitos da água no

convés, controle direcional pelo leme, etc).

O trabalho de XIA e WANG (1997), por exemplo, desenvolveu uma Teoria de Faixas

no domínio do tempo para determinar os movimentos verticais de navios. Esses autores

resolveram o problema hidrodinâmico e estrutural acopladamente (problema de

hidroelasticidade). As forças de restauração hidrostáticas são consideradas não-lineares

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e calculadas na superfície instantânea do casco, consideradas em cada instante de

tempo; enquanto que as forças de radiação e difração são consideradas lineares.

Nas Teorias das Faixas, em geral, considera-se que a velocidade de avanço é pequena.

Com o objetivo de incluir de forma mais completa os efeitos da velocidade do navio na

formulação, foi desenvolvida a teoria das faixas 2.5D. Do ponto de vista teórico, esta

abordagem pode ser considerada intermediária entre as teorias das faixas 2D e os

métodos dos painéis 3D. Esta formulação é baseada na equação de Laplace

bidimensional, mas a condição de contorno da superfície livre é assumida na sua versão

tridimensional. A justificativa para utilizar a equação de Laplace bidimensional é que

para velocidades elevadas os navios de deslocamento são geralmente esbeltos e as ondas

geradas pela oscilação, para frequências reduzidas (τ = UωE/g ) maiores do que 0.25, de

cada seção propagam-se somente na direção da popa. Deste modo o problema pode ser

resolvido começando por determinar a solução na proa e depois ir determinando a

solução passo a passo na direção da popa.

Porém, as principais limitações da Teoria das Faixas, em geral, são os efeitos da

tridimensionalidade (interação entre as fatias, muito importante no caso de navios

bojudos), o efeito da velocidade de avanço sobre os movimentos (incluído através de

pós-processamento e não na formulação do problema) e a impossibilidade de cálculo

dos coeficientes hidrodinâmicos em frequências baixas e em mar de popa.

Por outro lado, a abordagem mais completa consiste na aplicação do Método dos

Painéis que permite capturar melhor a influência da geometria ou tridimensionalidade

dos cascos de navios, com e sem velocidade de avanço. Esta metodologia foi

desenvolvida quase que simultaneamente à Teoria das Faixas, porém devido à sua

grande demanda de recursos computacionais, sua utilização começou a ser popular

apenas a partir da década de 80. Esta metodologia se fundamenta na aplicação da

Terceira Identidade de Green através da distribuição de singularidades sobre as

superfícies de contorno do domínio fluido.

Existem duas alternativas desta metodologia, no que se refere ao tipo de singularidade

utilizada. A primeira utiliza singularidades do tipo função de Green, que satisfaz à

equação de Laplace, e as condições de contorno de radiação e na superfície livre. Estas

funções de Green são distribuídas unicamente na superfície submersa do navio, onde se

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impõe explicitamente, na equação da Terceira Identidade de Green, a condição de

contorno de impenetrabilidade do casco.

Várias aplicações desse tipo de função de Green na determinação dos movimentos do

navio foram relatadas na literatura nas últimas décadas, como mostrado a seguir:

INGLIS e PRICE (1981a, 1981b) desenvolveram um método dos painéis utilizando

funções de Green tridimensionais incluindo a velocidade de avanço, para calcular os

coeficientes hidrodinâmicos e forças de excitação num navio da série 60. A condição de

contorno no corpo foi calculada considerando a perturbação no potencial estacionário

nos termos mj. Eles identificaram a aparição de soluções espúrias para algumas

frequências de excitação, conhecidas como frequências irregulares, de igual forma como

acontecia no Método das Faixas.

NEWMAN (1985) realizou um estudo bastante abrangente do tratamento matemático

do método da função da Green para representar o comportamento em ondas de corpos

flutuantes. Ele começou uma linha de pesquisa que deu origem ao desenvolvimento do

código comercial WAMIT, LEE e NEWMAN (2003). Este código realiza a análise de

movimentos de plataformas e navios com velocidade zero, considerando efeitos de

primeira e segunda ordens, no domínio da frequência.

KORSMEYER et al. (1999) realizou a análise da dinâmica de navios no domínio do

tempo, com e sem velocidade avanço, o código comercial TIMIT foi produto desta

pesquisa.

As maiores dificuldades encontradas neste tipo de metodologia é o tratamento numérico

das fontes de Green, a aparição de frequências irregulares na solução, assim como a

solução não-linear do problema da dinâmica de navios.

Uma outra vertente de aplicações do Método dos Painéis adota a distribuição de

singularidades do tipo fonte de Rankine ou fontes simples sobre todas as superfícies de

contorno do domínio fluido. A aplicação desta metodologia precisa da discretização da

superfície do casco submerso e da superfície livre ao seu redor. Nestas superfícies são

satisfeitas explicitamente as condições de contorno da superfície livre, radiação e do

corpo, respectivamente.

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HESS e SMITH (1964) realizaram uma das primeiras aplicações práticas desta

metodologia. Eles utilizaram painéis planos para discretizar superfícies de corpos

profundamente submersos, portanto, sem o efeito de superfície livre, e distribuíram

fontes de Rankine como singularidades a serem utilizadas na aplicação da Terceira

Identidade de Green. A solução resultante desta equação permitiu a obtenção da

distribuição de velocidades, linhas de corrente, e campo de pressão, muito utilizado em

processos de otimização de formas aerodinâmicas.

A solução de problemas com superfície livre utilizando fontes de Rankine como solução

do problema da resistência por formação de ondas surge nos trabalhos pioneiros de

GADD (1976) e DAWSON (1977). Nestes trabalhos se incorporaram a linearização da

superfície livre em torno do escoamento do casco duplo e a representação do potencial

de velocidades obtida a partir da utilização de diferenças finitas. Essa metodologia

apresenta o inconveniente associado à aplicação de diferenças finitas que promove um

excessivo amortecimento numérico acarretando ondas mais curtas do que deveriam ser

(ver NAKOS e SCLAVOUNOS, 1990).

As aplicações desta metodologia na solução de problemas envolvendo dinâmica de

navios começaram quase que paralelamente com as aplicações para a resistência por

formação de onda, como no caso do trabalho de CHANG (1977) na solução do

escoamento não permanente, visando a obtenção das massas adicionais e

amortecimentos potenciais de um navio quinado com velocidade de avanço no domínio

da frequência.

A grande demanda por capacidade computacional fez com que muitos pesquisadores à

época não acreditassem que a discretização da superfície livre pudesse ser representada

adequadamente e o complicado padrão de elevações das ondas geradas pela oscilação

do navio pudesse ser reproduzido na qualidade necessária.

NAKOS (1990) e SCLAVOUNOS (1993) aplicaram esta metodologia na determinação

da dinâmica de navios com velocidade de avanço, no domínio da frequência, utilizando

superfícies B-splines bi-quadráticas em conjunto com a linearização do casco duplo e

conseguiram demonstrar a efetividade desta metodologia na modelação das elevações

produzidas pelas oscilações do navio. Estes trabalhos deram origem ao código linear no

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domínio da frequência SWAN-1, cuja principal limitação é a de não poder calcular a

dinâmica de navios para frequências reduzidas menores do que 0.25. Essa metodologia

foi utilizada também por DOMICIANO (2002) e SALHUA (2004) para a obtenção da

resistência por formação de ondas de corpos submersos e LEVI e SALHUA (2007a) e

(2007b) para a determinação do comportamento em ondas de esferóides submersos e

navios com velocidade de avanço.

Outros resultados que também demonstraram a eficácia desta versão do método dos

painéis são BERTRAM (1990a,b) e BERTRAM e SÖDING (1991). Eles distribuíram

fontes de Rankine na superfície livre e utilizaram painéis de intensidade constante sobre

a superfície do casco do navio. HUGHES (1996) generalizou esta metodologia ao utilizar painéis de ordem superior

para calcular as segundas derivadas do potencial estacionário no casco. Utilizando o

mesmo princípio, BERTRAM (1998), apresentou resultados adicionais para cascos

reais. Uma das conclusões de Bertram foi que o escoamento estacionário influencia de

forma significativa os movimentos verticais de navios com velocidade de avanço.

KRING (1994) expandiu a metodologia desenvolvida por NAKOS (1990) para poder

realizar o cálculo da resistência por formação de ondas e da dinâmica de navios no

domínio do tempo, considerando navios com e sem velocidade de avanço. Neste

trabalho, foram determinadas a dinâmica de navios para todas as frequências reduzidas

(incluindo τ ≤ 0.25) e a utilização de malhas polares da superfície livre que se ajustam

melhor à linha de água de navios bojudos, dentro do regime linear. Este trabalho deu

origem ao código SWAN-2 linear. Para poder integrar a solução no domínio do tempo,

Kring desenvolveu um novo método de integração baseado numa combinação de

métodos implícitos e explícitos (denominado método emplicito).

Versões não lineares deste tipo de solução foram estendidas para realizar avaliações no

domínio do tempo. No caso da resistência ao avanço por formação de ondas, esta

metodologia considera a atualização da superfície do casco submerso, trimado e com

afundamento (veja RAVEN 1996, NAKOS e SCLAVOUNOS 1994 e o código

SHIPFLOW, LARSSON e BABBA 1993).

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HUANG (1997) desenvolveu uma versão não-linear do código SWAN-2. Nesta solução,

ela aplica a hipótese Weak-Scatterer para a resolução do problema não-linear da

dinâmica de navios. Esta hipótese foi desenvolvida por PAWLOWSKI (1992) e consiste

em considerar que não existem restrições na relação amplitude/comprimento da onda

incidente e os movimentos do navio podem ser grandes. Também considera que a

perturbação produzida pelo navio sobre o escoamento incidente é relativamente

pequena, válido portanto, para navios esbeltos. Para a execução desta versão não linear

é preciso a atualização da superfície molhada do navio a cada instante de tempo e a

inclusão dos termos não-lineares nas equações da superfície livre. Estes

aperfeiçoamentos deram origem ao código SWAN-2 não linear.

Existe também uma metodologia alternativa baseada na Teoria Potencial para lidar com

o problema dos movimentos não lineares do navio conhecida como o método de Euler-

Lagrange. Esta solução foi aplicada inicialmente por LONGUET-HIGGINS e

COKELET (1976) para estudar ondas bidimensionais não-lineares próximas da situação

de quebra.

No que tange aos desenvolvimentos relativos à determinação numérica da interferência

hidrodinâmica entre dois corpos em presença de ondas, alguns trabalhos anteriores

fizeram uso da Teoria das Faixas e também de metodologias tridimensionais como

mostrado a seguir:

WANG et al. (1971) resolveram o problema da interação hidrodinâmica entre duas

seções bidimensionais de um cilindro em arranjo catamarã, sem velocidade de avanço,

utilizando a teoria das faixas. Eles constataram que ondas estacionárias entre os cascos

produzem efeitos de ressonância sobre as massas adicionais e amortecimentos

potenciais que dependem da distância de separação entre os cascos.

FANG e KIM (1986) estenderam a Teoria das Faixas de SALVENSEN et al. (1970)

para determinar os movimentos de dois navios avançando na configuração side by side

em mar oblíquo. A influência da velocidade de avanço foi incluída na forma de um pós-

processamento similar ao do trabalho de Salvensen. Esta influência foi colocada

inclusive nos termos de interferência hidrodinâmica. Seus resultados numéricos foram

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comparados com resultados experimentais, obtendo uma aderência bastante boa para o

caso de velocidade zero.

SAYER e LIANG (1986) estenderam o método da função de Green para analisar a

interferência hidrodinâmica entre barcaças em ondas de diferentes dimensões, sem

velocidade de avanço, e demonstraram numericamente, que os efeitos da interferência

hidrodinâmica entre dois corpos sobre os seus movimentos são relevantes e devem ser

analisadas considerando a separação entre os corpos, dimensões dos corpos e a

frequência das ondas.

LEMOS (1988) estendeu o método dos painéis baseado na função de Green

desenvolvido por ESPERANÇA (1982), para analisar a influência da interferência

hidrodinâmica entre corpos. Ele validou seus resultados numéricos, utilizando um

cilindro e uma caixa flutuante, e realizou uma análise da influência da distância de

separação entre duas caixas flutuantes de iguais dimensões. Desta forma obteve um

conhecimento mais profundo da influência da interferência hidrodinâmica sobre o

comportamento em ondas, confirmando que estes efeitos diminuem conforme a

distância entre os corpos aumenta.

McTAGGART et al. (2001) desenvolveram um código numérico baseado na Teoria das

Faixas para determinar a interferência hidrodinâmica entre uma fragata e um navio de

suprimentos navegando com a mesma velocidade de avanço em mar de proa. Eles

concluíram que a presença do navio de suprimentos (navio maior) induzia pronunciados

ângulos de roll sobre a fragata durante a operação de abastecimento em mar de proa.

No ano de 2002, Ronaess elaborou uma tese de doutorado que consistia numa análise

numérica e experimental do efeito da interferência hidrodinâmica sobre a

manobrabilidade e comportamento em ondas de dois navios, de iguais características,

com a mesma velocidade de avanço e direção. A análise numérica utilizou a Teoria das

Faixas e os resultados teóricos foram comparados a resultados de ensaios experimentais,

demonstrando boa aderência. Desta análise, o autor destacou que os efeitos de

interferência hidrodinâmica influenciaram relevantemente o comportamento em ondas e

a manobrabilidade dos navios analisados, XIANG (2008).

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Aplicações do método dos painéis utilizando fontes de Rankine apareceram,

principalmente, para estudar inicialmente o problema de multicorpos (ver, por exemplo

KRING e SCLAVOUNOS 1991).

KIM et al. (1997) estenderam o método dos painéis de Rankine no domínio do tempo,

desenvolvido originalmente por KRING (1994), para obter as forças de segunda ordem

sobre colunas de uma TLP. Os resultados obtidos foram comparados a resultados

obtidos pelo programa WAMIT demonstrando uma boa aderência.

WEEMS et al. (2007) utilizaram um método dos painéis híbrido, do tipo não-linear, no

domínio do tempo. Esta metodologia utiliza fontes de Rankine, na região próxima ao

casco, e funções de Green, em regiões da superfície livre afastadas do casco. Ela foi

utilizada para predizer os movimentos e forças entre dois navios da Marinha Americana,

considerando seis graus de liberdade e navegando com a mesma velocidade de avanço

na configuração side by side. Eles compararam os RAOs de movimento, numérico e

experimental, encontrando boa aderência, qualitativa e quantitativa.

Atualmente existem alguns códigos comerciais baseados no método dos painéis,

utilizando a função de Green, por exemplo o código WAMIT permite a determinação da

interferência hidrodinâmica entre navios considerando, exclusivamente, o caso de

velocidade nula, cuja aplicação tem sido bastante frequente na análise de plataformas

offshore.

Por sua vez, o programa AQWA-versão 11 (2007) que também utiliza o método da

função de Green, permite a avaliação da interferência hidrodinâmica sobre os

movimentos de navio para o caso de velocidade de avanço zero. Recentemente o

programa AQWA-versão 12 (2009) foi adaptado para incluir o efeito da velocidade de

avanço através do pós-processamento dos coeficientes hidrodinâmicos de modo

semelhante ao descrito por SALVENSEN et al. (1970).

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1.2 Objetivos da tese

Esta tese estuda o problema hidrodinâmico do comportamento em ondas de dois

navios que navegam próximos, afetados pela interferência hidrodinâmica entre eles. De

início o problema básico de um único navio com velocidade de avanço, em presença de

ondas, também será discutido.

O objetivo principal é o estudo do comportamento em ondas de dois navios com

a mesma velocidade de avanço e direção, navegando na configuração side by side,

através do desenvolvimento de um programa computacional que permita obter as forças

hidrodinâmicas e a influência da interferência hidrodinâmica sobre os RAOs de

movimento destes navios.

A proposta de solução baseia-se no método dos painéis, utilizando fontes de

Rankine. Nesse caso, as superfícies do corpo e superfície livre ao redor dos cascos serão

discretizadas, utilizando painéis retangulares planos. O potencial de velocidades será

representado por superfícies B-spline bi-quadráticas e as condições de contorno da

superfície livre serão linearizadas em torno da solução preliminar para o escoamento do

casco duplo.

A proposta de validação da presente metodologia baseou-se na comparação entre

os resultados numéricos e experimentais de um navio Wigley modificado, com

velocidade de avanço, em mar de proa. Posteriormente, para verificar o efeito de

interferência hidrodinâmica entre navios multicascos serão comparados os resultados

numéricos e experimentais de um catamarã formado por dois cascos Wigley.

Validações complementares incluem resultados para dois navios avançando na

configuração side by side, comparados com resultados numéricos obtidos pelos

programas WAMIT e AQWA corrigidos para incluir o efeito da velocidade de avanço.

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1.3 Delineamento da tese

A organização da tese por capítulos pretende cobrir os diferentes aspectos

relacionados ao problema proposto e se desenvolve de acordo com a seguinte estrutura:

Capítulo 2 – neste capítulo é descrita a formulação matemática necessária para resolver

o problema hidrodinâmico do comportamento em ondas de dois navios com velocidade

de avanço. O efeito de interferência hidrodinâmica entre eles é considerado e mostra-se,

também, o caso particular da formulação matemática para representar um único navio.

São deduzidas a equação governante no caso de fluido ideal, e as condições de contorno

utilizadas na solução.

Capítulo 3 - Neste capítulo é mostrado o tratamento numérico realizado para a

solução do problema hidrodinâmico de dois navios com velocidade de avanço, afetado

pela interferência hidrodinâmica produzida entre eles. A formulação do problema do

comportamento em ondas para um único navio com velocidade de avanço é mostrada

também. Na solução considera-se o método dos painéis baseado em funções de Rankine

como singularidades. Mostra-se também a forma numérica de se impor as condições de

contorno que governam o problema do comportamento em ondas de navios.

Capítulo 4 – Neste capítulo são mostrados os resultados numéricos obtidos utilizando a

metodologia descrita nesta tese para o caso de um navio sozinho com velocidade de

avanço. É mostrada a validação realizada entre os resultados numéricos e resultados

experimentais para o navio Wigley modificado.

Capítulo 5 - Neste capítulo são mostrados os resultados numéricos obtidos para o

problema da interferência hidrodinâmica entre dois navios, com velocidade de avanço.

Como exemplo são utilizados dois navios Wigley modificados, na configuração side by

side, com velocidade de avanço. Apresentam-se, também, a influência das dimensões da

malha, número de painéis utilizados, influência da distância entre os cascos e a variação

da velocidade de avanço sobre os resultados numéricos.

Capítulo 6 – Neste capítulo são mostradas as principais conclusões obtidas a partir da

análise dos resultados obtidos, comentários gerais e recomendações para trabalhos

futuros.

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Capítulo 2 Formulação do Problema Hidrodinâmico

No presente capítulo apresenta-se a formulação matemática do problema

hidrodinâmico de navios com velocidade de avanço. A partir desta formulação foi

possível descrever o comportamento em ondas de dois navios navegando próximos um

do outro, para levar em conta o efeito de interferência hidrodinâmica entre eles. O caso

particular de um único navio com velocidade de avanço em ondas será inicialmente

discutido e seus resultados avaliados como estratégia de validação preliminar da

metodologia adotada.

2.1 Formulação Exata do Problema Hidrodinâmico Geral

O problema hidrodinâmico compõe-se dos problemas de resistência por

formação de ondas e dinâmica de navios. Uma vez que os efeitos viscosos são

desprezíveis no fenômeno da formação de ondas, o fluido será considerado ideal. Desta

forma o escoamento pode ser considerado irrotacional, e a teoria potencial pode ser

utilizada para representar o escoamento ao redor dos navios com velocidade de avanço.

A formulação matemática do problema da dinâmica dos dois navios em ondas

começa com a definição dos sistemas de coordenadas. Neste caso, definem-se dois

sistemas de coordenadas relativos, Ox1y1z1 e Ox2y2z2, colocados solidariamente nos

centros de gravidade dos navios 1 e 2, respectivamente. Os eixos Ox serão orientados na

direção de avanço dos navios. Os centros de gravidade dos navios encontram-se na

interseção da linha de centro de cada navio com a linha de flutuação em águas

tranqüilas. Sobre estes sistemas se definem os movimentos que os navios podem

efetuar: três (3) deslocamentos: avanço (surge), desvio (sway) e afundamento (heave);

três (3) rotações: balanço (roll), arfagem (pitch) e guinhada (yaw).

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Y

Z

Y

Z

X

USway(Desvio)

Surge(Avanço)

Heave(Afundamento)

Pitch(Arfagem)

Roll(Rolido)Yaw

(Guinada)

NAVIO 1

NAVIO 2

1

11

2

2

Figura 2.1 – Sistemas de coordenadas fixos nos navios

Outro parâmetro importante na definição matemática do problema

hidrodinâmico é a freqüência de encontro. Esta frequência será a frequência de resposta

dos movimentos dos navios, definida a seguir:

Onde:

ωo : Freqüência de oscilação das ondas incidentes.

U : Velocidade de avanço do navio.

χ : Ângulo de encontro formado pela direção de avanço do navio e a direção de

propagação das ondas incidentes (χ = 0 para mar de popa).

2.1.1 Equação Governante

A equação da continuidade ou equação de Laplace governa o comportamento

dos escoamentos potenciais:

Onde:

Φ : o potencial de velocidade total do escoamento ao redor do navio.

)cos(g

U 2o

oE χω

−ω=ω (2.1)

0. )z,y,x(2 =Φ∇=Φ∇∇ (2.2)

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2.1.2 Condições de contorno aplicadas para descrever o escoamento não-

permanente

A equação governante (2.2) é aplicada em cada termo da equação (2.3). Desta

forma pode-se obter equações governantes para todos os potenciais de velocidades que

tomam parte do problema hidrodinâmico. As condições de contorno que definem cada

subproblema serão descritas a seguir:

2.1.2.1 Condição de contorno de impenetrabilidade

Esta condição de contorno é aplicada na superfície submersa

instantânea do corpo para garantir que o escoamento não penetre através da

superfície do casco. Esta condição requer que as componentes do escoamento e

da velocidade do casco, na direção normal à superfície submersa do casco, sejam

iguais:

Onde:

vr : Velocidade do casco submerso.

nr : Vetor normal à superfície do casco submerso

SB : Superficies submersas dos cascos.

2.1.2.2 Condição de contorno da superfície livre

A perturbação que os navios produzem na superfície livre quando estes

se deslocam com velocidade constante será definida impondo-se duas condições

de contorno, descritas a seguir:

a) Condição de contorno cinemática

Esta condição será aplicada sobre a superfície livre de modo a garantir a

igualdade de velocidades da interface água e ar do fluido:

( ) ζ=∂Φ∂

=ζ⎥⎦⎤

⎢⎣⎡ ∇Φ∇−−∂∂ zem

z.U

t

r

(2.5)

n.vn

rr=

∂Φ∂ , em SB

(2.4)

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b) Condição de contorno dinâmica

Esta condição, baseada na equação de Bernoulli, é aplicada também na

superfície livre de modo a garantir que a pressão na superfície livre seja igual à

pressão atmosférica.

ζ==ζ+

Φ∇+Φ⎥

⎤⎢⎣

⎡∇−

∂∂ zem0g

2.U

t

2r

(2.6)

2.1.2.3 Condição de contorno de radiação

Esta condição de contorno garante que a perturbação produzida pela

perturbação sobre o meio fluido pelo avanço e movimentos do navio desaparece

em regiões afastadas dos cascos. Seguindo o princípio de Sommerfeld: “as

fontes devem ser fontes e não sumidouros de energia. A energia que é irradiada

das fontes deve ser dissipada no infinito, nenhuma energia deve ser irradiada do

infinito à região considerada”. A expressão que cumpre esta premissa é

mostrada a seguir:

0ik

rrlim

r=⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛ Φ−∂Φ∂

→∞

(2.7)

Onde:

k : número de onda.

r : raio vetor posição.

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2.2 Linearização do Problema Hidrodinâmico

A solução do problema hidrodinâmico na forma exata requer que se conheça a

forma da superfície livre. Porém, esta é desconhecida a priori, portanto a aplicação de

um método iterativo de solução se faz necessário para resolver o problema.

Uma alternativa de solução é a linearização do problema hidrodinâmico considerando

que as perturbações produzidas pelos navios por efeito das ondas são pequenas e os

movimentos do navio são harmônicos, HASKIND (1946). Desta forma é possível

dividir o problema em duas partes: o potencial de velocidades permanente que

representa a resistência por formação de ondas e o potencial de velocidades não-

permanente, que representa todas as forças hidrodinâmicas envolvidas na dinâmica de

navios. A notação em variáveis complexas é utilizada para expressar o potencial de

velocidades total como mostrado a seguir:

ti6

1j

)2(j

)2(j

)2(D

6

1j

)1(j

)1(j

)1(DI

)2(S

)1(SB)z,y,x( EeUx ω

==⎟⎟

⎜⎜

⎛ϕζ+φ+ϕζ+φ+φ+φ+φ+ϕ+−=Φ ∑∑

(2.3)

Onde: -Ux Potencial de velocidades do escoamento incidente. U Velocidade de avanço do navio. ϕB Potencial de velocidades base. φ(kj)

S Potencial de velocidades permanente que representa as ondas geradas pelo avanço do navio em águas tranquilas do navio kj.

φI Potencial de velocidades do escoamento das ondas incidentes do navio n. φ(kj)

D Potencial de velocidades do escoamento das ondas difratadas do navio n. ϕ(kj)

j Potencial de velocidades do escoamento das ondas radiadas no grau de liberdade j do navio n.

ζ(kj)j Amplitude do movimento no grau de liberdade j no navio kj.

ωE Freqüência de encontro ou de excitação. kj O índice kj faz referência ao primeiro (1) ou segundo (2) navio.

Da equação (2.3), os potenciais permanentes ( )1(sφ e )2(

sφ ) representam a

formação de ondas dos navios em águas tranquilas. Os demais potenciais são

classificados como potenciais não-permanentes e representam as forças hidrodinâmicas

envolvidas nos movimentos dos navios em presença de ondas. A solução do problema

proposto precisa de condições de contorno que descrevam a física de cada um dos

subproblemas envolvidos. A descrição destas condições será mostrada a seguir:

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Como mencionado anteriormente, o problema pode ser resolvido na forma exata, mas

requer da inclusão de um processo iterativo de solução. Muitos dos métodos não

lineares, atualmente existentes resolvem o problema utilizando como primeira iteração à

solução linearizada (exemplos: JENSEN 1990, RAVEN 1996 e CARIBE 2009).

2.2.1 Linearização das condições de contorno da superfície livre

As condições de contorno da superfície são linearizadas utilizando um

escoamento base conhecido. Os esquemas linearizados são muito utilizados e fornecem

resultados com qualidade suficiente para serem utilizados no projeto de navios, veja

GADD (1976), DAWSON (1977), NAKOS & SCLAVOUNOS (1990) entre outros

pesquisadores.

O processo de linearização das equações da superfície livre começa considerando-se

que o potencial de velocidades está formado por duas partes, um potencial base (ϕ0) e

um potencial de perturbação (ϕ1), como definidos a seguir:

• Potencial Base (ϕΒ) – é um potencial de velocidades conhecido, utilizado para

linearizar as condições de contorno da superfície livre.

• Potencial de Perturbação (ϕ) – é a solução do problema linearizado.

O potencial de velocidades é dividido da seguinte forma: 1B ϕ+ϕ=φ (2.8)

Considera-se que o valor absoluto do potencial base é muito maior do que o potencial

de perturbação:

B1 ϕ<<ϕ (2.9)

Uma decomposição similar é adotada para a elevação da superfície livre:

1B ζ+ζ=ζ (2.10)

B1 ζ<<ζ (2.11)

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21

Na literatura especializada, existem vários esquemas de linearização das

condições de contorno da superfície livre na literatura especializada. O esquema de

linearização utilizado nesta tese é conhecido como a linearização do “Casco Duplo”,

que utiliza como potencial base, o escoamento ao redor de uma geometria formada pela

superfície submersa do navio e sua imagem em relação à superfície livre não

perturbada. O corpo daí resultante é conhecido como casco duplo e o escoamento base é

obtido considerando-se este corpo profundamente submerso, em presença do

escoamento incidente.

Aplicando-se as equações (2.9) até (2.11) nas condições de contorno da superfície livre

tem-se:

a) Condição de contorno cinemática

[ ]zz

).U(i 12B

211BE ∂

ϕ∂+

ϕ∂ζ=ζ∇ϕ∇−−ω

r, em z = 0

(2.12)

b) Condição de contorno dinâmica

[ ] ,2..Ug).U(i BB

B11BEϕ∇ϕ∇

−ϕ∇+ζ−=ϕ∇ϕ∇−−ωrr

em z = 0 (2.13)

2.2.2 Linearização da condição de contorno do corpo

A linearização das condições de contorno da superfície livre e sua re-definição

no plano z = 0 acarretam que a forma da superfície do casco submerso seja considerada

inalterada. Portanto, a superfície submersa do casco a considerar é a superfície média do

navio (plano z = 0).

Onde:

SB0 : Superficie submersa média.

n.vn

rr=

∂φ∂ , em SB0

(2.14)

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22

2.2.3 Linearização da condição de contorno de radiação

A condição de contorno de radiação desenvolvida por NAKOS (1990) a ser

utilizada é válida somente para navios com velocidade de avanço. Está condição é

válida quando nenhuma onda irradiada pelo navio viaja no sentido de avanço do navio.

No caso do escoamento permanente em águas profundas isto é sempre válido. Porém,

no problema do escoamento não-permanente esta condição é válida somente quando a

freqüência reduzida é maior do que 0.25:

25.0g

U E >ω

=τ (2.15)

Numericamente, esta condição é imposta fazendo-se com que a elevação da

superfície livre e sua derivada em relação à direção “x” sejam sempre nulas. Esta

condição é imposta na zona à vante da proa, na superfície livre, NAKOS (1990).

2.2.3.1 Elevação da superfície livre

Esta condição é imposta na parte à vante da proa, na superfície livre,

em função da primeira derivada do potencial de perturbação em “x”, NAKOS

(1990) e dada por:

0

xUi 1E =ϕ⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛

∂∂

−ω , na parte à vante da proa, na superfície livre. (2.16)

2.2.3.2 Primeira derivada da elevação da superfície livre

Esta condição é imposta na parte à vante da proa, na superfície livre,

em função da segunda derivada do potencial de perturbação em “x”, NAKOS

(1990) é dada por:

0

xUi 1

2

E =ϕ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

∂∂

−ω , na parte à vante da proa, na superfície livre. (2.17)

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23

2.3 Aplicação das condições de contorno no problema hidrodinâmico

A seguir descreve-se a forma das condições de contorno linearizadas utilizadas

na definição de cada sub-problema hidrodinâmico que compõem o escoamento não-

permanente.

2.3.1 Potencial de velocidades das ondas incidentes

Este potencial de velocidades representa as ondas que incidem sobre o navio.

Sua determinação é realizada resolvendo a equação de Laplace em conjunto com as

condições de contorno da superfície livre e de radiação. A derivação matemática deste

potencial se encontra descrita em muitos livros de hidrodinâmica por exemplo:

NEWMAN (1977). O potencial de velocidades resultante é mostrado a seguir:

( ) ti)sin(y)cos(xikkzo

oI Eeeegi ωβ+β−ζ

ω=φ (2.18)

Este potencial de velocidades é utilizado para obter a força que as ondas incidentes

produzem sobre o casco mediante a hipótese de Froude-Krilov, NEWMAN (1977). Esta

hipótese consiste em integrar as pressões atuantes sobre a superfície do casco,

considerando que as ondas incidentes não são afetadas pela presença do navio.

2.3.2 Potencial de velocidades das ondas irradiadas

Este potencial de velocidades representa as ondas produzidas pela oscilação do

navio. Sua obtenção é realizada mediante a solução da equação de Laplace em conjunto

com as condições de contorno da superfície livre, no corpo e radiação. A condição de

contorno no corpo é modificada da versão original, seguindo o procedimento

encontrado em SAYER et. al. (1986), para incluir o efeito da interferência

hidrodinâmica entre dois navios, como mostrado a seguir:

2.3.2.1 Condição de contorno do corpo para dois navios com interferência

hidrodinâmica

No problema de irradiação, esta condição de contorno é colocada na

superfície submersa média dos navios, e tem por objetivo evitar que a água

penetre através destas superfícies quando avançam oscilando no grau de

liberdade de interesse.

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24

)kj(

j)kj(

je)kj(

)kj(j mni

n+ω=

ϕ∂, em SB

(2.19)

Onde:

SB : superfície submersa média.

ωE : freqüência de encontro.

(kj) : sub-índice que indica qual dos navios está em análise.

mj : coeficiente que inclui o avanço da embarcação.

nj : componente do vetor normal na direção j. )2()1( n,n rr : vetor normal ao navio 1 e ao navio 2

A equação (2.19) é aplicada nos cascos dos navios para considerar a

interferência hidrodinâmica entre eles da seguinte forma:

a) Navio 1 avançando oscilando no grau de liberdade j e navio 2

avançando sem oscilar

Nesta configuração, os navios 1 e 2 avançam com a mesma velocidade de

avanço, mas somente o navio 1 oscila no grau de liberdade j. Desta forma, pode-

se representar as ondas irradiadas pelo navio 1 que atingem ao navio 2 e a

influência da presença do navio 2 sobre as ondas irradiadas pelo navio 1.

a.1 – Navio 1 avançando oscilando no grau de liberdade j

Esta condição de contorno é aplicada na superfície submersa do navio 1 e

garante que a velocidade de oscilação normal deste navio é igual a velocidade

normal do escoamento na superfície submersa deste navio no grau de liberdade j.

)1(j

)1(jE)1(

)1(j mni

n+ω=

ϕ∂r , em S1

(2.20)

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25

a.2 – Navio 2 avançando sem oscilar

Esta condição de contorno garante que o navio não oscila.

0n )2(

)1(j =

ϕ∂r , em S2

(2.21)

b) Navio 1 avançando sem oscilar e Navio 2 avançando oscilando no

grau de liberdade j

O caso contrário é mostrado a seguir: o navio 2 avança oscilando no grau

de liberdade j e as ondas irradiadas por este permitem obter as forças de

interferência hidrodinâmica de irradiação sobre o navio 1, assim como a

influência da presença do navio 1 sobre as ondas irradiadas pelo navio 2.

b.1 – Navio 1 avançando sem oscilar

Esta condição de contorno garante que o navio não oscila.

0n )1(

)2(j =

ϕ∂r , em S1

(2.22)

b.2 – Navio 2 avançando oscilando no grau de liberdade j

Esta condição de contorno é aplicada na superfície submersa do navio 2 e

garante que a velocidade de oscilação normal deste navio é igual a velocidade

normal do escoamento na superfície submersa deste navio no grau de liberdade j.

)2(j

)2(jE)2(

)2(j mni

n+ω=

ϕ∂r , em S2

(2.23)

2.3.2.2 Condição de contorno do corpo para um navio

A aplicação da condição de contorno no corpo para o caso particular de

um navio com velocidade de avanço é realizada utilizando a seguinte equação:

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26

Onde:

nj : componente na direção j do vetor normal à superfície do corpo SB0.

mj : termo “m” que incorpora o efeito da velocidade de avanço na direção j.

Os termos mj incluem o efeito do potencial permanente sobre as forças de

irradiação. Porém, devido à hipótese de linearização adotada, o potencial base é

muito maior do que o potencial de perturbação. Por tanto, somente o potencial

base será utilizado para a determinação dos termos mj.

( ) ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂ϕ∂

∂ϕ∂

∂ϕ∂

∂∂

−=z

,y

,xn

m,m,m BBB321

(2.25)

( ) ( )B654 xrn

m,m,m ϕ∇∂∂

−=r

(2.26)

A obtenção destes termos foi realizada utilizando o método proposto por WU

(1991) mostrado a seguir:

( ) ( ) ( ) ( ) dsGn

2dsGn Q,P

BS)Q(B)P(B

BSQ,P

)Q(

B∂∂

ϕ∇−ϕ∇π=⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

∂ϕ∂∇

∫∫∫∫ (2.27)

jjE

j mnin

+ω=∂

ϕ∂, em SB0

(2.24)

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27

2.3.3 Potencial de velocidades das ondas difratadas

Este potencial de velocidades representa as ondas incidentes afetadas pela

presença da superfície do casco submerso. Esta condição é representada impondo-se que

a velocidade normal do escoamento das ondas difratadas seja igual e contraria à

velocidade normal das ondas incidentes. A representação matemática desta condição de

contorno é mostrada a seguir:

2.3.3.1 Condição de contorno do corpo para dois navios com interferência

hidrodinâmica

As ondas difratadas pelos navios que se encontram navegando próximos

entre si produzem um efeito de interferência hidrodinâmica de difração entre

eles quando as ondas de difração por um deles atingem a superfície do outro

navio. Este efeito é representando impondo-se a condição de contorno de

difração nos dois cascos, como mostrado a seguir:

)1(I

)1(

)1(D

nn ∂

φ∂−=

φ∂, em SB1

(2.28)

)2(I

)2(

)2(D

nn ∂

φ∂−=

φ∂, em SB2

(2.29)

2.3.3.2 Condição de contorno do corpo para um navio

nnID

∂φ∂

−=∂φ∂ , em SB0

(2.30)

Onde:

φD : Potencial de velocidades das ondas difratadas.

φI : Potencial de velocidades das ondas de incidência.

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28

2.4 Forças Hidrodinâmicas e Movimentos

As forças hidrodinâmicas envolvidas na dinâmica de navios podem ser

equacionadas utilizando a segunda lei de Newton. A seguir, mostram-se as forças

hidrodinâmicas na equação de movimento.

Figura 2.2 – As forças hidrodinâmica na equação de movimento

2.4.1 Forças de irradiação

Como mencionado anteriormente, estas forças são produzidas pelas ondas

geradas pela oscilação do navio, e são obtidas a partir da integração de pressões

produzidas pelo potencial de irradiação na superfície do casco, como mostrado a seguir:

A aplicação da equação de Bernoulli para a determinação das pressões produzidas pelas

ondas irradiadas permite escrever:

∑=

ωζϕ⎥⎦⎤

⎢⎣⎡ ∇−∂∂

ρ−=6

1j

tijjh Ee.U

tp

r

(2.31)

Integrando-se a equação (2.31) sobre as superfícies dos cascos submersos.

( )( )∑ ∫∫=

ω⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡+ζϕ+ζϕ⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−∂∂

ρ−=6

1j

ti

SB

)2(k

)1(k

)2(j

)2(j

)1(j

)1(j)j,k(h EedSnn

xU

tF

rrr

(2.32)

ti)2(k

)2(j

)2(j

)2(k

)1(j

)1(j

)1(k

)2(j

)2(j

)1(k

)1(j

)1(j

SB

6

1j)j,k(h

EedSnx

Ut

nx

Ut

nx

Ut

nx

Ut

F

ω

=

⎥⎦

⎤ζϕ⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−∂∂

+ζϕ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−∂∂

⎢⎣

⎡+ζϕ⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−∂∂

+ζϕ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−∂∂

ρ−= ∫∫∑

rr

rrr

(2.33)

ti

2S

)2(k

)2(j

)2(j

2S

)2(k

)1(j

)1(j

1S

)1(k

)2(j

)2(j

1S

)1(k

)1(j

)1(j

6

1j)j,k(h

EedSnx

Ut

dSnx

Ut

dSnx

Ut

dSnx

Ut

F

ω

=

⎥⎥⎦

⎤ζϕ⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−∂∂

+ζϕ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−∂∂

⎢⎢⎣

⎡+ζϕ⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−∂∂

+ζϕ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−∂∂

ρ−=

∫∫∫∫

∫∫∫∫∑

rr

rrr

(2.34)

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29

Expressando-se a equação (2.34) no sistema de variáveis complexas, tem-se:

ti

2S

)2(k

)2(j

)2(jE

2S

)2(k

)1(j

)1(jE

1S

)1(k

)2(j

)2(jE

1S

)1(k

)1(j

)1(jE

6

1j)j,k(h

EedSnx

UidSnx

Ui

dSnx

UidSnx

UiF

ω

=

⎥⎥⎦

⎤ζϕ⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−ω+ζϕ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−ω

⎢⎢⎣

⎡+ζϕ⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−ω+ζϕ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−ωρ−=

∫∫∫∫

∫∫∫∫∑

rr

rrr

(2.35)

Re-arranjando-se os termos da equação (2.35) pode-se separar as forças de irradiação

que atuam em cada navio e os termos de interferência hidrodinâmica.

dSnx

UiP1S

)1(k

)1(jE

)1()j,k( ∫∫ ϕ⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−ωρ=r

Influência do corpo (1) sobre o corpo (1)

dSnx

UiQ1S

)1(k

)2(jE

)1()j,k( ∫∫ ϕ⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−ωρ=r

Influência do corpo (2) sobre o corpo (1)

dSnx

UiQ2S

)2(k

)1(jE

)2()j,k( ∫∫ ϕ⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−ωρ=r

Influência do corpo (1) sobre o corpo (2)

dSnx

UiP2S

)2(k

)2(jE

)2()j,k( ∫∫ ϕ⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

−ωρ=r

Influência do corpo (2) sobre o corpo (2)

Existem dois tipos de forças de irradiação, estas são mostradas a seguir:

2.4.1.1 Massas adicionais

São decorrentes da diferença de pressões do fluido produzida pela

aceleração do escoamento em relação à superfície do casco.

No problema geral de dois navios com velocidade de avanço navegando

próximos, existem dois tipos de massas adicionais, estas são mostradas a seguir:

a) Massa adicional de cada navio

[ ])kj()j,k`(2

E

)kj()j,k( PImA

ω

ρ−=

(2.36)

kj = 1, 2

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30

b) Massa adicional de um navio produzida pela interferência hidrodinâmica

do outro navio

[ ])kj()j,k`(2

E

)kj()j,k( QImD

ω

ρ−=

(2.37)

kj = 1, 2

2.4.1.2 Amortecimentos potenciais

As ondas geradas pelos movimentos do navio são um meio de liberação

de energia conhecido como amortecimento de ondas ou potencial.

No caso do problema de dois navios com velocidade de avanço navegando

próximos, existem dois tipos de amortecimentos que serão mostrados a seguir:

a) Amortecimentos potenciais de cada navio

[ ])kj()j,k`(

E

)kj()j,k( PReB

ωρ

=

(2.38)

kj = 1, 2

b) Amortecimento potencial de um navio produzido pela interferência

hidrodinâmica do outro navio

[ ])kj()j,k`(

E

)kj()j,k( QReE

ωρ

= (2.39)

kj = 1, 2

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31

2.4.2 Forças de excitação das ondas

A soma das forças de Froude-Krilov (incidência) e difração é conhecida como

força de excitação, como na equação mostrada a seguir:

( )⎥⎥

⎢⎢

⎡φ+φ∇ϕ+−∇+φ+φωℜρ−=ω ∫∫

BSiDIBDIEEi dsn)().Ux()(i)(X

(2.40)

Onde: φI : Potencial de velocidades das ondas incidentes. φD : Potencial de velocidades das ondas difratadas. ζo : Amplitude da onda incidente. k : Número da onda. β : Ângulo de encontro.

No caso de dois navios, a equação (2.40) é avaliada sobre as superfícies dos dois cascos

submersos.

2.4.3 Forças hidrostáticas

As forças de restauração são governadas pelo princípio de restauração

hidrostática ou princípio de Arquimedes. Por conta de sua consolidada definição, não se

aprofundou muito na obtenção destas forças. Somente serão mostradas as expressões

necessárias para sua obtenção. Neste modelo considera-se unicamente as forças de

restauração nos graus de liberdade de “heave”, “pitch” e “roll” e seus acoplamentos

apenas considerando os seus termos de primeira ordem.

w33 AgC ρ=

(2.41)

wF5335 AxgCC ρ==

(2.42)

T44 BMgC ∇ρ=

(2.43)

L55 BMgC ∇ρ=

(2.44)

Onde:

AW : Área do plano de flutuação do navio.

XF : Distância do centróide do plano de flutuação.

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32

BMT : Radio metacêntrico transversal.

BML : Radio metacêntrico longitudinal.

C33 : Coeficiente de restauração de heave devido a heave.

C44 : Coeficiente de restauração de roll devido a roll.

C55 : Coeficiente de restauração de pitch devido a pitch.

C35 = C53 : Coeficiente de restauração de heave devido a pitch.

2.4.4 Equação de movimento

Os movimentos dos navios são obtidos resolvendo um sistema de equações

diferenciais que caracterizam as equações de movimento. Os dois casos de estudo são

mostrados a seguir:

a) Sistema de equações para um único navio com velocidade de avanço

Na solução linear, consideram-se os movimentos em dois graus de liberdade quando

o navio navega em ondas regulares de proa. A equação de movimento generalizada, no

formato matricial, é mostrada a seguir:

[ ] [ ] [ ]( ) [ ] [ ]FxCBiA E

2E =+ω+ω−

(2.45)

⎥⎥

⎢⎢

⎡=⎥

⎤⎢⎣

⎡θ⎟

⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡+⎥

⎤⎢⎣

⎡ω+⎥

⎤⎢⎣

⎡+−

+ω−

α

α

55i5

33i3

5553

3533

5553

3533E

55yyG

G332E

eM

eFzCCCC

BBBB

iAImz

mzAm

)tcos(zz 3E ε+ω=

)tcos( 5E ε+ωθ=θ

Onde:

[A] : Matriz de inércia das massas adicionais (forças de irradiação) e secas.

[B] : Matriz de amortecimentos devidos à geração das ondas (forças de irradiação).

[C] : Matriz de restauração (forças hidrostáticas).

[F] : Matriz de forças de excitação (forças de incidência e difração).

[x] : Vetor das amplitudes dos movimentos.

z : Amplitude do movimento de heave.

θ : Amplitude do movimento de pitch.

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33

3F : Módulo da força de excitação de incidência e difração de heave.

5M : Módulo do momento de excitação de incidência e difração de pitch.

zG : Centro de gravidade vertical do navio.

Iyy : Momento de inércia de pitch.

α33 : Ângulo de fase da força de excitação de heave.

α55 : Ângulo de fase do momento de excitação de pitch.

ε3 : Fase do movimento de heave.

ε5 : Fase do movimento de pitch.

m : Massa do navio.

b) Sistema de equações para dois navios com velocidade de avanço

O sistema de equações, para os graus de liberdade de heave e pitch, considerando o

efeito de interferência hidrodinâmica é mostrado a seguir:

Heave e Pitch

Para o navio (1):

( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) )1(

33)1()1(

35)1()1(

35)1()1(

35

)2()1(33

)2()1(33

)1()1(33

)1()1(33

)1()1(33

)1(

FCBA

zEzDzCzBzAM

=θ+θ+θ

++++++

&&&

&&&&&&

(2.46)

( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) )1(

55)1()1(

53)1()1(

53)1()1(

53

)2()1(55

)2()1(55

)1()1(55

)1()1(55

)1()1(55

)1(55

QzCzBzA

EDCBAI

=++

+θ+θ+θ+θ+θ+

&&&

&&&&&&

(2.47)

Para o navio (2):

( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) )2(

33)2()2(

35)2()2(

35)2()2(

35

)1()2(33

)1()2(33

)2()2(33

)2()2(33

)2()2(33

)2(

FCBA

zEzDzCzBzAM

=θ+θ+θ

++++++

&&&

&&&&&&

(2.48)

( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) )2(

55)2()2(

53)2()2(

53)2()2(

53

)1()2(55

)1()2(55

)2()2(55

)2()2(55

)2()2(55

)2(55

QzCzBzA

EDCBAI

=++

+θ+θ+θ+θ+θ+

&&&

&&&&&&

(2.49)

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34

Adicionalmente são avaliados os movimentos sway e roll com as equações mostradas a

seguir:

Sway:

Para o navio (1):

( ) ( ) ( ) ( ) )1(22

)2()1(22

)2()1(22

)1()1(22

)1()1(22

)1( FyEyDyByAM =++++ &&&&&& (2.50)

Para o navio (2):

( ) ( ) ( ) ( ) )2(22

)1()2(22

)1()2(22

)2()2(22

)2()2(22

)2( FyEyDyByAM =++++ &&&&&& (2.51)

Roll:

Para o navio (1):

( ) ( ) ( ) ( ) )1(44

)2()1(22

)2()1(44

)1()1(44

)1()1(44

)1(44 MEDBAI =φ+φ+φ+φ+ &&&&&& (2.52)

Para o navio (2):

( ) ( ) ( ) ( ) )2(44

)1()2(22

)1()2(44

)2()2(44

)2()2(44

)2(44 MEDBAI =φ+φ+φ+φ+ &&&&&& (2.53)

Onde:

M(kj) : Massa do navio kj. )kj(

ijI : Momento de inércia i,j do navio kj.

)kj(ijA : Massa adicional i,j do navio kj.

)kj(ijB : Amortecimento potencial i,j do navio kj.

)kj(ijE : Massa adicional de interferência hidrodinâmica i,j do navio kj.

)kj(ijD : Amortecimento potencial de interferência hidrodinâmica i,j do navio kj.

)kj(ijC : Coeficiente de restauração hidrostática em i,j do navio kj.

)kj(y : Amplitude do movimento de sway do navio kj.

)kj(z : Amplitude do movimento de heave do navio kj.

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35

)kj(φ : Amplitude do movimento de roll do navio kj.

)kj(θ : Amplitude do movimento de pitch do navio kj.

)kj(22F : Força de excitação em sway do navio kj.

)kj(33F : Força de excitação em heave do navio kj.

)kj(44M : Momento de excitação em roll do navio kj.

)kj(55M : Momento de excitação em pitch do navio kj.

kj : Índice que indica se é o navio 1 ou 2.

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36

Capítulo 3

Implementação Numérica

Neste capítulo se descreve a solução numérica do problema hidrodinâmico

descrito no capítulo anterior. O Método dos Painéis baseado na fonte de Rankine como

singularidade é utilizado. Para isto, as superfícies do casco e a superfície livre são

discretizadas utilizando painéis planos de primeira ordem. O potencial de velocidades é

representado por superfícies B-spline bi-quadráticas e os coeficientes de influência são

avaliados utilizando formulações disponíveis na literatura especializada.

3.1 Método dos Painéis

A solução do problema hidrodinâmico é realizada mediante a aplicação do

Método dos Painéis. Esta metodologia se baseia na solução da Terceira Identidade de

Green, mediante a distribuição de singularidades sobre o domínio fluido. Esta equação

garante o atendimento da equação da continuidade, equação (2.2), de forma implícita,

NEWMAN (1977).

Onde:

SB : Superfície molhada do casco.

SL : Superfície livre.

G(P ,Q) : Função de Green.

φ : Potencial de velocidades (irradiação, difração, etc).

A versão do método dos painéis utilizada nesta tese, utiliza singularidades do tipo fonte

de Rankine, requerida para a discretização da superfície do corpo e superfície livre ao

redor, como mostrado na figura a seguir:

( ) ( ) 0dsn

GdsGn

2 )Q(

StQ,PQ,P

St)Q()P( =

φ∂+

∂∂

φ+φπ− ∫∫∫∫ , St = SB + SL

(3.1)

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37

P1(ε1,τ1)

P2(ε2,τ2)P3(ε3,τ3)

P4(ε4,τ4)

ε O

θ

XY

Z

Figura 3.1 – Discretização das superfícies dos cascos e superfície livre

As fontes de Rankine são distribuídas sobre as superfícies do corpo e a

superfície livre. Estas superfícies são discretizadas utilizando-se painéis quadrilaterais

planos, como o mostrado na figura (3.2).

Figura 3.2 – Sistema de referencia local de um painel

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38

P1(ε1,τ1)

P2(ε2,τ2)P3(ε3,τ3)

P4(ε4,τ4)

ε O

Q (X,Y,Z)

τ

(m)

(n)

(1,0)

(1,−1)

(1,1)(0,1)

(0,0)

(0,−1)

(−1,0)

(−1,1)

(−1,−1)

η

θ

Para a representação da distribuição do potencial de velocidades (φ) utiliza-se

uma superfície “B-spline” bi-quadrática sobre a superfície do casco e superfície livre.

Segundo a análise de NAKOS (1990), a utilização deste esquema numérico é livre de

amortecimento numérico e permite obter melhores resultados do que os esquemas

baseados em soluções por diferenças finitas. A expressão desta superfície é mostrada a

seguir:

)n,m(a)(b)(b),(1

1m

1

1n

)2(n

)2(m +η+εηε=ηεφ ∑ ∑

−= −=

(3.3)

Onde:

(ε,η ) : coordenadas do sistema não-ortogonal ε,η.

a(ε+m,η+n) : coeficiente “spline” no painel Q.

b(ε) y b(η) : funções “spline” quadráticas nas direções ε y η respectivamente.

Figura 3.3 - Painéis para a aplicação da superfície B-spline

As funções de interpolação são definidas pelas expressões a seguir:

( )2

QP2

QP2

QP)Q,P()Q,P(

Q,P )zz()yy()xx(R,R

1G −+−+−==

Onde: (xP, yP, zP) : Coordenadas do ponto campo. (xQ, yQ, zQ) : Coordenadas do ponto fonte.

(3.2)

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39

⎪⎪⎪⎪

⎪⎪⎪⎪

ε<ε<

ε⎟⎠

⎞⎜⎝

⎛+ε−

ε

ε<ε<

ε−

⎟⎟

⎜⎜

⎛+ε−

ε

ε−<ε<

ε−⎟⎠

⎞⎜⎝

⎛+ε

ε

ε

ε

ε

2h3

2h

,2h3

h2

1

2h

2h

,4h3

h

1

2h

2h3

,2h3

h2

1

)(b

2

2

22

2

2

2

)2(m

(3.4)

Onde: hε o hη são as distâncias entre os centróides dos lados do painel Q nas direções ε y η

respectivamente.

A versão discretizada da equação (3.1) é mostrada a seguir:

( )( ) ( )

( )

NST....1P/

0dsGn

dsn

G2

NST

1Q SQQ,P

QNST

PQ1Q SQ

Q,P)Q(

QPP

=

=⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂

ϕ∂−

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

∂ϕ+πϕ− ∑ ∫∫∑ ∫∫

=≠==

(3.5)

Onde:

NST : número de painéis totais, NST = NSB + NSL

NSB : número de painéis das superfícies dos cascos submersos.

NSL : número de painéis da superfície livre discretizada.

3.1.1 Coeficientes de influência

As integrais de superfície das fontes e dipolos de Rankine contidos na equação

(3.5) são conhecidas como coeficientes de influência. Estes coeficientes determinam a

influência dos painéis fontes sobre os painéis campos. Sua avaliação é realizada

utilizando as fórmulas analíticas mostradas a seguir:

3.1.1.1 Coeficiente de influência de dipolo de Rankine

( ) dsn

G)Q,P(ijA

SQ

Q,P∫∫ ∂

∂=

(3.6)

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40

A equação (3.6) é avaliada numericamente através da fórmula analítica

desenvolvida no trabalho de HESS & SMITH (1964). Esta solução utiliza como

domínio de integração o painel com o sistema de referência local mostrado na

figura (3.2).

( ) ( )

( ) ( )

( ) ( )

( ) ( )⎭⎬⎫

⎩⎨⎧ −

−⎭⎬⎫

⎩⎨⎧ −

+

⎭⎬⎫

⎩⎨⎧ −

−⎭⎬⎫

⎩⎨⎧ −

+

⎭⎬⎫

⎩⎨⎧ −

−⎭⎬⎫

⎩⎨⎧ −

+

⎭⎬⎫

⎩⎨⎧ −

−⎭⎬⎫

⎩⎨⎧ −

=⎟⎟

⎜⎜

∂∫∫

4

4441

1

1141

3

3334

4

4434

2

2223

3

3323

1

1112

2

2112

SQ

rwgemtana

rwgemtana

rwgem

tanarw

gemtana

rwgem

tanarw

gemtana

rwgemtana

rwgemtanads

n)Q,P(G

(3.7)

Onde:

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

−+

−+=

ijji

ijji

ijij drr

drrln

d1h

ji

jiijm

ε−ε

η−η=

( ) ( ){ } 2/12ji

2jiijd η−η+ε−ε=

2i

2i )u(we ε−+=

{ } 2/122i

2ii w)v()u(r +η−+ε−=

)u()v(g iii ε−η−=

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41

3.1.1.2 Coeficiente de influência da fonte de Rankine

Este coeficiente é determinado pela seguinte equação:

( ) dsG)Q,P(BijSQ

Q,P)n,m( ∫∫= (3.8)

A equação (3.8) é avaliada numericamente através de uma formulação

analítica para painéis planos desenvolvida por NEWMAN (1986). Esta solução

utiliza como domínio de integração o painel com o sistema de referência local

mostrado na figura (3.2).

( ) ( )[ ] ⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡−+++

λη−−λε−=∂

∂∫∫

121

1211111

SQ

Q,P

sRRsRR

logcos)y(senxdsn

G

( )[ ]

( )[ ]

( )[ ]

)Q,P(

414

4144444

343

3433333

232

2322222

AijzsRRsRR

logcos)y(senx

sRRsRR

logcos)y(senx

sRRsRR

logcos)y(senx

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡−+++

λη−−λε−+

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡−+++

λη−−λε−+

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡−+++

λη−−λε−+

(3.9)

Onde:

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ε−εη−η

=λ+

+

i1i

i1iitan

( ) ( ){ } 2/12i1i

2i1iis η−η+ε−ε= ++

3.1.2 Contornos das malhas de painéis

A definição das superfícies B-splines “bi-quadráticas” requer que o painel fonte

seja calculado considerando os oitos painéis vizinhos ao redor. Isto é possível somente

nos painéis interiores das malhas consideradas. Nas fronteiras da malha não se dispõe

de todos os painéis vizinhos necessários. Por esta razão, é colocado um contorno de

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42

Paneles Ficticios

Paneles Ficticios

painéis fictícios ao redor das malhas e desta forma pode-se completar os oitos vizinhos

necessários para definir a superfície B-spline “bi-quadrática” nas fronteiras das malhas,

ver figura (3.5).

Figura 3.5 - Malha da superfície livre com os painéis fictícios

Porém, a inclusão dos painéis fictícios introduz incógnitas adicionais que fazem

que o problema fique com mais incógnitas do que equações. Este problema é superado

mediante a aplicação da condição de curvatura zero sobre estes painéis.

3.1.2.1 Condição de não curvatura ou curvatura zero

Esta condição garante que a tendência da curvatura de uma curva ou

superfície B-spline se conserve constante, quando esta atingir os extremos do

domínio geométrico. Matematicamente, esta condição é expressa impondo-se

que a segunda derivada da função B-spline seja igual a zero.

0)(f2

2

=ξ∂

ξ∂ (3.10)

Onde:

f(ε) : função spline definida na direção ε.

No problema, a condição de curvatura zero é aplicada impondo a segunda

derivada da função de interpolação B-spline “bi-quadrática” na direção

predominante nas extremidades da malha seja nula, como mostrado na seguinte

figura:

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43

ε

η

Contorno 1

Lado 1

Lado 2

Lado 3

Lado 4

Contorno 2Contorno 3

Contorno 4

Figura 3.6 - Contornos das malhas de painéis

A condição de curvatura zero aplicada nas fronteiras da malha é mostrada a

seguir:

Painéis fictícios

Condição de curvatura zero

Lado 1 Lado 3 0)n,m(a)(b)(b),( 1

1m

1

1n

)2(n2

)2(m

2

2

2=+η+εη

ξ∂

ε∂=

ξ∂

ηξφ∂ ∑ ∑−= −=

(3.11)

Lado 2 Lado 4 0)n,m(a)(b)(b),( 1

1m

1

1n2

)2(n

2)2(

m2

2=+η+ε

η∂

η∂ε=

η∂

ηξφ∂ ∑ ∑−= −=

(3.12)

Contorno 1 Contorno 2 Contorno 3

0)n,m(a)(b)(b),( 1

1m

1

1n2

)2(n

2

2

)2(m

2

22

4=+η+ε

η∂

η∂

ξ∂

ε∂=

η∂ξ∂

ηξφ∂ ∑ ∑−= −=

(3.13)

3.1.3 Determinação das velocidades

A determinação das velocidades é realizada utilizando transformações

geométricas da malha real a uma malha computacional igualmente espaçada. A solução

da Terceira Identidade de Green, equação (3.1), permite obter o potencial de

velocidades e as velocidades no sistema de referência local O(ε,η) dos painéis da malha

computacional obtidas através das seguintes expressões:

)n,m(a)(b)(b)Q( Q1

1m

1

1n

)2(n

)2(m +η+εη

ε∂ε∂

=ε∂ϕ∂ ∑ ∑

−= −=

(3.14)

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44

)n,m(a)(b

)(b)Q( Q1

1m

1

1n

)2(n)2(

m +η+εη∂

η∂ε=

η∂ϕ∂ ∑ ∑

−= −=

(3.15)

)n,m(a)(b)(b)Q( Q1

1m

1

1n

)2(n

)2(m

2+η+ε

η∂η∂

ε∂ε∂

=η∂ε∂ϕ∂ ∑ ∑

−= −=

(3.16)

)n,m(a)(b)(b

)Q( Q1

1m

1

1n

)2(n2

)2(m

2

2

2+η+εη

ε∂

ε∂=

ε∂

ϕ∂ ∑ ∑−= −=

(3.17)

)n,m(a)(b

)(b)Q( Q1

1m

1

1n2

)2(n

2)2(

m2

2+η+ε

η∂

η∂ε=

η∂

ϕ∂ ∑ ∑−= −=

(3.18)

Para a obtenção das velocidades no sistema de referência global se utiliza o

jacobiano de transformação, equação (3.27). As equações a seguir descrevem o

procedimento para a obtenção do jacobiano de transformação.

Os vetores direcionais do eixo ε são as seguintes:

( ) ( ) ( ) ( )[ ]4321 x1x1x1x141x

η+−η−−η−+η+=ε∂

∂ (3.19)

( ) ( ) ( ) ( )[ ]4321 y1y1y1y141y

η+−η−−η−+η+=ε∂

∂ (3.20)

( ) ( ) ( ) ( )[ ]4321 z1z1z1z141z

η+−η−−η−+η+=ε∂

∂ (3.21)

Os vetores direcionais do eixo η são as seguintes:

( ) ( ) ( ) ( )[ ]4321 x1y1x1x141x

ε−+ε−−ε+−ε+=η∂

∂ (3.22)

( ) ( ) ( ) ( )[ ]4321 y1y1y1y141y

ε−+ε−−ε+−ε+=η∂

∂ (3.23)

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45

( ) ( ) ( ) ( )[ ]4321 z1z1z1z141z

ε−+ε−−ε+−ε+=η∂

∂ (3.24)

Os vetores direcionais do eixo ς, perpendicular à superfície formada

pelos eixos ε e η, é obtido através da seguinte equação:

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛η∂

∂η∂

∂η∂

∂×⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛

ε∂∂

ε∂∂

ε∂∂

=ηεz,y,xz,y,x),(G

(3.25)

),(G),(Gz,y,x

ηεηε

=⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ς∂

∂ς∂

∂ς∂

∂ (3.26)

O jacobiano de transformação é obtido através da montagem da seguinte

matriz:

1),,(J

zzz

yyy

xxx

zyx

zyx

zyx

),,(J −ςηε=

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

∂ς∂

∂η∂

∂ε∂

∂ς∂

∂η∂

∂ε∂

∂ς∂

∂η∂

∂ε∂

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

ς∂∂

ς∂∂

ς∂∂

η∂∂

η∂∂

η∂∂

ε∂∂

ε∂∂

ε∂∂

=ςηε

(3.27)

As velocidades no sistema de referencia global podem ser obtidas com o uso da

regra de cadeia como mostrado a seguir:

xxxx ∂ς∂

ς∂φ∂

+∂η∂

η∂φ∂

+∂

ε∂ε∂φ∂

=∂

φ∂ (3.28)

yyyy ∂ς∂

ς∂φ∂

+∂η∂

η∂φ∂

+∂

ε∂ε∂φ∂

=∂

φ∂ (3.29)

zzzz ∂ς∂

ς∂φ∂

+∂η∂

η∂φ∂

+∂ε∂

ε∂φ∂

=∂

φ∂ (3.30)

O procedimento anteriormente descrito é geral e aplicado à superfície do casco

submerso. Porém, no caso da superfície livre discretizada, as velocidades são calculadas

sobre um plano, com isto as equações para a obtenção da velocidade podem ser

simplificadas considerando unicamente duas dimensões, como mostradas a seguir:

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46

xxx ∂η∂

η∂φ∂

+∂

ε∂ε∂φ∂

=∂

φ∂ (3.31)

yyy ∂η∂

η∂φ∂

+∂

ε∂ε∂φ∂

=∂

φ∂ (3.32)

22

222

2

2

2

2)

x()

x)(

x(2)

x(

x ∂η∂

η∂

φ∂+

∂ε∂

∂η∂

η∂ε∂φ∂

+∂

ε∂

ε∂

φ∂=

φ∂ (3.33)

22

222

2

2

2

2)

y()

y)(

y(2)

y(

y ∂η∂

η∂

φ∂+

∂ε∂

∂η∂

η∂ε∂φ∂

+∂

ε∂

ε∂

φ∂=

φ∂ (3.34)

)x

)(y

()]x

)(y

()x

)(y

[()x

)(y

(yx 2

22

2

22

∂η∂

∂η∂

η∂

φ∂+

∂η∂

∂ε∂

+∂

ε∂∂η∂

η∂ε∂φ∂

+∂

ε∂∂

ε∂

ε∂

φ∂=

∂∂φ∂

(3.35)

3.2 Discretização do Problema Hidrodinâmico A discretização da Terceira Identidade de Green para a solução do problema da

dinâmica de navios incluindo o efeito da interferência hidrodinâmica e o caso de um

navio sozinho é mostrado a seguir.

3.2.1 Solução para o potencial de irradiação (ϕj)

Como mencionado anteriormente, este potencial descreve o escoamento das

ondas geradas pela oscilação do navio avançando em águas tranquilas. Sua obtenção é

realizada discretizando as superfícies dos cascos submersos e a superfície livre ao redor

deles. Sobre estas superfícies são distribuídas as fontes de Rankine e são impostas as

condições de contorno. Neste trabalho, considera-se o efeito da interferência

hidrodinâmica presente unicamente nas forças de irradiação de massa adicional e

amortecimento.

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47

a) Dois navios com velocidade de avanço com o efeito da interferência

hidrodinâmica

As condições de contorno mencionadas anteriormente aplicam-se na equação

(I.3) da forma mostrada a seguir:

Q2SB

)Q,P()2(

)2()Q(j

Q1SB

)Q,P()1(

)1()Q(j

QSL

)Q,P()Q(j

QST

)Q(j)Q,P(

)P(j

dSGn

dSGn

dSGz

dSn

G2

∫∫∫∫

∫∫∫∫

ϕ∂+

ϕ∂

=∂

ϕ∂−ϕ

∂+πϕ−

(3.36)

A aplicação das condições de contorno da superfície livre apresenta dois casos: a.1) Navio 1 avançando oscilando e navio 2 avançando sem oscilar

)1(j

)1(jE)1(

)1(j Umni

n+ω=

ϕ∂ 0

n )2(

)2(j =

ϕ∂

(3.37)

a.2) Navio 2 avançando oscilando e navio 1 avançando sem oscilar

0n )1(

)1(j =

ϕ∂

)2(j

)2(jE)2(

)2(j Umni

n+ω=

ϕ∂

(3.38)

Qualquer um dois casos possíveis são substituídos na seguinte equação discretizada:

( )

( ) ( )

( ) ( )

NSContornoNST....1P/

dsGn

dsGn

adsG),(ffig

U

adsGn

)(b)(b

a)(b)(b2

2NSB

1Q SQQ,P)2(

)2(j1NSB

1Q SQQ,P)1(

)1(j

NSL

1Q)n,m(Q

SQQ,PBD),(E

21

1m

1

1n

NST

PQ1Q

)n,m(QSQ

Q,P)2(

n)2(

m1

1m

1

1n

QP)n,m(P

1

1m

1

1n

)2(n

)2(m

−=

⎥⎥⎥

⎢⎢⎢

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

ϕ∂+

⎥⎥⎥

⎢⎢⎢

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

ϕ∂

=⎥⎥

⎢⎢

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

⎛ηε−ω−

⎥⎥

⎢⎢

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

∂∂

ηε

+ηεπ−

∑ ∫∫∑ ∫∫

∑ ∫∫∑ ∑

∑ ∫∫∑ ∑

∑ ∑

==

=+η+ε−ηε

−= −=

≠=

+η+ε−= −=

=+η+ε

−= −=

(3.39)

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48

As condições de curvatura zero são colocadas nos painéis pertencentes aos

painéis NSContorno como indicado a seguir:

0)n,m(a)(b

)(b),( 1

1m

1

1n2

)2(n

2)2(

m2

2=+η+ε

η∂

η∂ε=

η∂

ηεφ∂ ∑ ∑−= −=

Lado 2 Lado 4

0)n,m(a)(b)(b),( 1

1m

1

1n2

)2(n

2

2

)2(m

2

22

4=+η+ε

η∂

η∂

ε∂

ε∂=

η∂ε∂

ηεφ∂ ∑ ∑−= −=

Contorno 1 Contorno 2 Contorno 3 Contorno 4

As equações que representam a condição de radiação são colocadas na fileira de

painéis fictícios da superfície livre á vante da proa da embarcação:

0)n,m(a)(b)(b1

1m

1

1n

)2(n

)2(m1 =+η+εη

ε∂ε∂

=ε∂

ϕ∂ ∑ ∑−= −=

Lado 1

0)n,m(a)(b)(b1

1m

1

1n

)2(n2

)2(m

2

21

2=+η+εη

ε∂

ε∂=

ε∂

ϕ∂ ∑ ∑−= −=

Lado 1

A solução do sistema de equações fornece o potencial de velocidade que

representa as forças de difração denominadas massa adicional e amortecimento

potencial.

O termo que define os termos da superfície live na equação (3.39) é mostrado a seguir:

fD-B(ε,η) : função que contém os termos B-spline da condição de contorno da superfície

livre.

⎥⎥⎥

⎤ηε

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

ϕ∂−

⎢⎢⎣

⎡ηε⎟

⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

ϕ∂−ηε

⎟⎟

⎜⎜

ϕ∂−−=ηε− ),(f

z),(f

y),(f

x1f 2

o2

y)Q(o

xo

),(BD)Q()Q(

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49

),(gy

)Q(),(gx

)Q(1f yo

xo

),( ηε⎟⎟

⎜⎜

ϕ∂−ηε⎟

⎜⎜

ϕ∂−=ηε

⎥⎥⎥

⎤ηε⎟

⎜⎜

ϕ∂+ηε

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

∂∂

ϕ∂+

⎢⎢⎢

⎡ηε⎟

⎜⎜

ϕ∂−−ηε

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

ϕ∂−=ηε

),(gy

)Q(),(gyx

)Q(

),(gx

)Q(1),(gx

)Q(),(f

xyo

yo

2

xxo

x2

o2

x

⎥⎥⎥

⎤ηε⎟

⎜⎜

ϕ∂+ηε

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

ϕ∂+

⎢⎢⎢

⎡ηε⎟

⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

ϕ∂−−ηε

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

∂∂

ϕ∂−=ηε

),(gy

)Q(),(gy

)Q(

),(gx

1),(gyx

)Q(),(f

yyo

y2

o2

xy)Q(o

xo

2

y

⎥⎥⎥

⎤ζ

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

ϕ∂−

⎢⎢⎣

ζ∂

⎟⎟

⎜⎜

ϕ∂−

ζ∂

⎟⎟

⎜⎜

ϕ∂−−=

)Q(

)Q()Q()Q()Q(o2

o2

oo)Q(oo)Q(Base

zyyyx1f

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

∂η∂

η∂

η∂ε+⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛

∂ε∂

ηε∂

ε∂=ηε

x)(b)(b

x)(b)(b),(g 2

)2(n

2)2(

m)2(

n)2(

mx

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂η∂

η∂

η∂ε+⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂

ε∂η

ε∂ε∂

=ηεy

)(b)(by

)(b)(b),(g 2

)2(n

2)2(

m)2(

n)2(

my

⎥⎥⎦

⎤⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

∂η∂

η∂

η∂ε

⎢⎢⎣

⎡+⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛

∂η∂

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

∂ε∂

η∂η∂

ε∂ε∂

+⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

∂ε∂

ηε∂

ε∂=ηε

2

2

)2(n

2)2(

m

)2(n

)2(m

2)2(

n2

)2(m

2xx

x)(b

)(b

xx)(b)(b2

x)(b)(b),(g

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50

⎥⎥

⎤⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂η∂

η∂

η∂ε

⎢⎢

⎡+⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂η∂

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂

ε∂η∂

η∂ε∂

ε∂+⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂

ε∂η

ε∂

ε∂=ηε

2

2

)2(n

2)2(

m

)2(n

)2(m

2)2(

n2

)2(m

2yy

y)(b)(b

yy)(b)(b2

y)(b)(b),(g

⎥⎥⎦

⎤⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂η∂

∂ε∂

+∂η∂

∂ε∂

η∂η∂

ε∂ε∂

+

⎢⎢⎣

⎡⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂η∂

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

∂η∂

η∂

η∂ε+⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂

ε∂⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

∂ε∂

ηε∂

ε∂=ηε

xyyx)(b)(b

2

yx)(b

)(byx

)(b)(b

),(g

)2(n

)2(m

2

)2(n

2)2(

m)2(

n2

)2(m

2xy

As condições de curvatura zero são colocadas nos painéis pertencentes a NSContorno

como indicado a seguir:

0)n,m(a)(b

)(b),( 1

1m

1

1n2

)2(n

2)2(

m2

2=+η+ε

η∂

η∂ε=

η∂

ηεφ∂ ∑ ∑−= −=

Lado 2Lado 4

0)n,m(a)(b)(b),( 1

1m

1

1n2

)2(n

2

2

)2(m

2

22

4=+η+ε

η∂

η∂

ε∂

ε∂=

η∂ε∂

ηεφ∂ ∑ ∑−= −=

Contorno 1Contorno 2Contorno 3Contorno 4

As equações que representam a condição de radiação são colocadas na fileira de painéis

fictícios mais a vante da proa na região da superfície livre:

0)n,m(a)(b)(b1

1m

1

1n

)2(n

)2(m1 =+η+εη

ε∂ε∂

=ε∂

ϕ∂ ∑ ∑−= −=

Lado 1

0)n,m(a)(b)(b1

1m

1

1n

)2(n2

)2(m

2

21

2=+η+εη

ε∂

ε∂=

ε∂

ϕ∂ ∑ ∑−= −=

Lado 1

Page 64: INTERFERÊNCIA HIDRODINÂNIMICA NO COMPORTAMENTO EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/CesarAugustoSalhuaMoreno.pdf · 5.4 Resultados da interferência hidrodinâmica sobre o comportamento

51

b) Caso de um navio avançando

( )

( ) ( )

( ) ( )

NSContornoNST....1P/

dsGmniw

adsG),(ffig

U

adsGn

)(b)(b

a)(b)(b2

NSL

1Q SQQ,P)Q(j)Q(jE

NSL

1Q)n,m(Q

SQQ,P

1

1m

1

1nBD),(E

2

NST

PQ1Q

)n,m(QSQ

Q,P)2(

n)2(

m1

1m

1

1n

QP)n,m(P

1

1m

1

1n

)2(n

)2(m

−=

⎥⎥

⎢⎢

⎡+

=⎥⎥

⎢⎢

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

⎛ηε−ω−

⎥⎥

⎢⎢

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

∂∂

ηε

+ηεπ−

∑ ∫∫

∑ ∫∫∑ ∑

∑ ∫∫∑ ∑

∑ ∑

=

=+η+ε

−= −=−ηε

≠=

+η+ε−= −=

=+η+ε

−= −=

(3.40)

As condições de curvatura zero são colocadas nos painéis pertencentes a

NSContorno como indicado a continuação:

0)n,m(a)(b)(b),( 1

1m

1

1n2

)2(n

2)2(

m2

2=+η+ε

η∂

η∂ε=

η∂

ηεφ∂ ∑ ∑−= −=

Lado 2Lado 4

0)n,m(a)(b)(b),( 1

1m

1

1n2

)2(n

2

2

)2(m

2

22

4=+η+ε

η∂

η∂

ε∂

ε∂=

η∂ε∂

ηεφ∂ ∑ ∑−= −=

Contorno 1Contorno 2Contorno 3Contorno 4

As equações que representam a condição de radiação são colocadas na fileira de

painéis fictícios à vante da proa, na região da superfície livre:

0)n,m(a)(b)(b

U)(b)(bi

Ui

1

1m

1

1n

)2(n

)2(m)2(

n)2(

mE

11E

=+η+ε⎟⎟

⎜⎜

⎛η

ε∂ε∂

−ηεω

=⎟⎠

⎞⎜⎝

⎛ε∂

ϕ∂−ϕω

∑ ∑−= −=

Lado 1

=⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

ε∂

ϕ∂−

ε∂ϕ∂

ω 21

21

E Ui Lado 1

0)n,m(a)(b)(bU)(b)(bi1

1m

1

1n

)2(n2

)2(m

2)2(

n)2(

mE =+η+ε⎟

⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛η

ε∂

ε∂−η

ε∂ε∂

ω∑ ∑−= −=

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52

3.2.2 Solução para o potencial de difração (ϕj)

Como mencionado anteriormente, este potencial representa o efeito do casco

sobre as ondas incidentes sobre o casco. Sua obtenção é realizada através do Método do

Painel, como mostrado a seguir:

a) Caso de dois navios com velocidade de avanço

( )

( ) ( )

( ) ( )

NSContornoNST....1P/

dsGn

dsGn

adsG),(ffig

U

adsGn

)(b)(b

a)(b)(b2

2NSB

1Q SQQ,P)2(

)Q(I1NSB

1Q SQQ,P)1(

)Q(I

NSL

1Q)n,m(Q

SQQ,PBD),(E

21

1m

1

1n

NST

PQ1Q

)n,m(QSQ

Q,P)2(

n)2(

m1

1m

1

1n

QP)n,m(P

1

1m

1

1n

)2(n

)2(m

−=

⎥⎥⎥

⎢⎢⎢

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

φ∂−+

⎥⎥⎥

⎢⎢⎢

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

φ∂−

⎥⎥

⎢⎢

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

⎛ηε−ω−

⎥⎥

⎢⎢

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

∂∂

ηε

+ηεπ−

∑ ∫∫∑ ∫∫

∑ ∫∫∑ ∑

∑ ∫∫∑ ∑

∑ ∑

==

=+η+ε−ηε

−= −=

≠=

+η+ε−= −=

=+η+ε

−= −=

(3.41)

As condições de contorno de radiação são as mesmas que foram aplicadas no apartado

anterior.

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53

b) Caso de um navio avançando

( )

( ) ( )

( )

NSContornoNST....1P/

dsGn

adsG),(ffig

U

adsGn

)(b)(b

a)(b)(b2

NSL

1Q SQQ,P

I

NSL

1Q)n,m(Q

SQQ,PBD),(E

1

1m

1

1n

2

NST

PQ1Q

)n,m(QSQ

Q,P)2(

n)2(

m1

1m

1

1n

QP)n,m(P

1

1m

1

1n

)2(n

)2(m

−=

⎥⎥

⎢⎢

⎡⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂φ∂

=⎥⎥

⎢⎢

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

⎛ηε−ω−

⎥⎥

⎢⎢

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

∂∂

ηε

+ηεπ−

∑ ∫∫

∑ ∫∫∑ ∑

∑ ∫∫∑ ∑

∑ ∑

=

=+η+ε−ηε

−= −=

≠=

+η+ε−= −=

=+η+ε

−= −=

(3.42)

Onde:

( )[ ]xyz)Q(I)Q(I n)cos(n)(senink

nβ−β+φ=

φ∂

As condições de curvatura zero são impostas nos painéis pertencentes à NSContorno

como indicado a seguir:

0)n,m(a)(b

)(b),( 1

1m

1

1n2

)2(n

2)2(

m2

2=+η+ε

η∂

η∂ε=

η∂

ηεφ∂ ∑ ∑−= −=

Lado 2Lado 4

0)n,m(a)(b)(b),( 1

1m

1

1n2

)2(n

2

2

)2(m

2

22

4=+η+ε

η∂

η∂

ε∂

ε∂=

η∂ε∂

ηεφ∂ ∑ ∑−= −=

Contorno 1Contorno 2Contorno 3Contorno 4

As equações que representam a condição de radiação são impostas na fileira de painéis

fictícios à vante da proa, na região da superfície livre:

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54

0)n,m(a)(b)(bU)(b)(bi

Ui

1

1m

1

1n

)2(n

)2(m)2(

n)2(

mE

11E

=+η+ε⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛η

ε∂ε∂

−ηεω

=⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

ε∂ϕ∂

−ϕω

∑ ∑−= −=

Lado 1

=⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

ε∂

ϕ∂−

ε∂ϕ∂

ω 21

21

E Ui Lado 1

0)n,m(a)(b)(bU)(b)(bi1

1m

1

1n

)2(n2

)2(m

2)2(

n)2(

mE =+η+ε⎟

⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛η

ε∂

ε∂−η

ε∂ε∂

ω∑ ∑−= −=

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55

Capítulo 4 Resultados Numéricos do Comportamento em Ondas de um Navio com Velocidade de Avanço

A metodologia descrita nos capítulos anteriores para o caso de um navio com

velocidade de avanço constante é implementada num software elaborado na linguagem

Fortran 90, denominado SHIPWAVE. Este software permite obter as forças

hidrodinâmicas e os RAOs de movimento de navios com velocidade de avanço.

De início, neste capítulo, apresenta-se uma breve descrição das características

principais dos RAOs de movimento de navios com velocidade de avanço em ondas

longitudinais de proa. Mostra-se também a metodologia utilizada para avaliar a

correlação entre os resultados numéricos e experimentais. Posteriormente, apresenta-se

uma análise de estabilidade da presente metodologia numérica para avaliar a influência

das dimensões da superfície livre e os painéis que a representam sobre os resultados

finais. Por último, a efetividade desta metodologia é determinada mediante a

comparação dos resultados numéricos obtidos com a presente metodologia e resultados

experimentais disponíveis na literatura especializada. Para isto, são utilizados os cascos

Wigley modificado e o navio Série 60 Cb=0.70 como benchmarks. Os resultados

numéricos foram obtidos com um computador pessoal, processador Intel Core2 Duo

2.71GHz, 2.0GB de memória Ram.

4.0 Geral

A seguir se descrevem as características mais importantes do comportamento

dos RAOs de movimento de heave e pitch em ondas longitudinais de proa.

Para frequências de encontro baixas (comprimentos de ondas maiores do que o

comprimento molhado do navio), a amplitude de heave acompanha a amplitude da

onda, portanto o seu RAO tende a unidade. Ao mesmo tempo, a amplitude de pitch,

adimensionalisada pelo número de onda, se aproxima também da unidade.

Para altas frequências, quando as ondas são menores do que o comprimento da linha de

água do navio, todos os valores de RAOs tendem a zero. Para frequências de encontro

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56

maiores do que a frequência natural, as amplitudes dos RAOs de heave e pitch

começam a decrescer.

A ressonância da amplitude do RAO destes movimentos depende do valor do

amortecimento, restauração, força de excitação da onda e os coeficientes dos

acoplamentos entre eles. Estas ressonâncias se caracterizam por apresentar mudanças

abruptas na curva de RAOs e, no caso de navios com velocidade de avanço, podem

atingir valores bem superiores à unidade.

Os resultados numéricos obtidos neste trabalho de tese são comparados com resultados

experimentais disponíveis na literatura especializada e a medida de correlação entre

ambos os resultados é determinada mediante a utilização do coeficiente de ajuste de

curvas r2, SOUZA (2003), mostrado na Equação (4.1).

(4.1)

Onde:

yexp : Valor experimental;

ynum : Valor numérico;

: Média dos valores experimentais.

O valor do coeficiente de ajuste indica a qualidade dos resultados numéricos, com o

critério definido pela classificação mostrada na seguinte tabela:

Tabela 4.1 – Critério de ajuste – SOUZA (2003)

Valor de r2 Qualidade do ajuste

r2 = 1 ajuste perfeito

0,8 < r2 < 1 ajuste bom

0,5 < r2 < 0,8 ajuste ruim

r2 < 0,5 sem correlação entre yexp e ynum

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57

4.1 Análise de estabilidade

A análise de estabilidade de Von-Neumann, como desenvolvida por NAKOS

(1990) e SCLAVOUNOS (1993) é utilizada para determinar as características da

superfície livre a serem utilizadas e avaliar os limites de estabilidade desta metodologia.

A malha da superfície livre é caracterizada através dos parâmetros razão de aspecto dos

painéis, número de Froude e frequência reduzida. Estes parâmetros são definidos a

seguir:

a) Razão de aspecto

Este parâmetro relaciona as dimensões longitudinal e transversal dos painéis

utilizados para discretizar à superfície livre.

y

xhh

=α (4.2)

Onde:

hx : Comprimento longitudinal do painel.

hy : Comprimento transversal do painel.

A dimensão longitudinal dos painéis da superfície livre a ser utilizada (hx) é

determinada pelo teorema de Nyquist, SCLAVOUNOS (1993).

xNyq h2

2N π=

(4.3)

Onde:

NNyq é o valor máximo do número de onda que pode ser representado por um painel de

dimensão longitudinal hx.

O número de onda quando o navio avança com velocidade constante U é descrito pela

seguinte equação:

Onda2Onda

2UgN

λπ

== (4.4)

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58

Igualando as equações (4.3) e (4.4), se obtém um valor máximo do comprimento

longitudinal dos painéis da superfície livre (hx) necessários para representar o

comprimento de ondas formadas pelo avanço ou movimentos do navio:

2gUh Onda

2

= (4.5)

b) Número de Froude da malha

Este parâmetro relaciona a velocidade do navio com a dimensão horizontal dos

painéis da superfície livre.

xh hg

UF = (4.6)

Onde:

U : Velocidade do navio.

hx : Comprimento horizontal do navio

c) Frequência de encontro reduzida

Este parâmetro relaciona a frequência de encontro com a velocidade do navio.

A condição de radiação utilizada nesta tese restringe a aplicabilidade desta metodologia

para o caso de um navio com velocidade de avanço, já que a hipótese principal desta

condição de contorno é que as ondas geradas pelo navio se desloquem somente para ré.

No caso da dinâmica de navios com velocidade de avanço, isto é valido somente para

frequências reduzidas τ > 0.25. Para o caso de frequências reduzidas inferiores, os

comprimentos das ondas geradas pelos movimentos do navio são maiores do que o seu

comprimento molhado e aparecem ondas que se deslocam para vante do navio,

produzindo a inaplicabilidade da condição de radiação adotada.

gUEω

=τ (4.7)

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59

d) Diagrama de estabilidade

Este diagrama foi elaborado por NAKOS (1990) para demonstrar que a

discretização da superfície livre utilizada pelo Método da Função de Green/Fonte de

Rankine representa adequadamente o padrão de ondas gerado pela oscilação dos navios.

Esta demonstração foi realizada mediante a comparação das ondas obtidas com o

Método da Função de Green/fonte de Rankine com o Método da Função de Green/fonte

pulsante, para isto representou o comportamento de uma fonte com velocidade de

avanço oscilando abaixo da superfície livre. Esta comparação foi realizada mediante a

elaboração e comparação entre a equação de dispersão, no domínio de Fourier, que

governa o fenômeno da geração de ondas do Método da Função de Green/Fonte de

Rankine com a equação de dispersão do Método da Função de Green/fonte pulsante.

A equação de dispersão do Método da função de Green/fonte de Rankine teve como

variáveis os parâmetros α, Fh e τ, utilizados para caracterizar a superfície livre. Foi

realizada uma variação sistemática destes parâmetros para obter um diagrama com as

soluções fisicamente possíveis, mediante a comparação com os resultados obtidos com

a equação de dispersão do Método da Função de Green/fonte pulsante.

0 1 2 3

1

2

3

4

5

6

7

8

α =

hx/

hy

τ=0

τ=5.

0τ=

4.0

τ=3.

0τ=

2.0

τ=1.

0

Fh = U/ g*hx

Figura 4.1 – Diagrama de estabilidade – Fonte: SCLAVOUNOS (1993)

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60

O diagrama da Figura (4.1) contém as regiões de estabilidade para uma faixa de

frequências reduzidas bem ampla, inclusive para τ < 0.25, o qual permite determinar os

limites de estabilidade da dinâmica de navios para frequências reduzidas menores do

que 0.25., sendo que a aplicação destes limites não são aplicáveis a presente

metodologia. Os limites de estabilidade para τ < 0.25 estariam restritos a metodologia

desenvolvida por KRING (1994).

As regiões de estabilidade podem ser encontradas dentro do diagrama da Figura (4.1),

mantendo os parâmetros que representam a malha da superfície livre na parte de baixo

da linha que indica a frequência reduzida a ser analisada.

Por exemplo, tem-se uma determinada malha de superfície livre caracterizada por um

número de Froude (Fh) igual a 1, a análise é realizada para uma frequência reduzida (τ)

igual a 1. Da Figura (4.2), observa-se que as razões de aspecto (α) da malha da

superfície livre que podem ser utilizadas tem o limite de 2, devido a que razões de

aspecto maiores estão localizadas por cima da linha que indica a frequência reduzida τ =

1 e por tanto as razões de aspecto maiores que 2 produzem soluções instáveis.

Fh = U/ g*hx3210

1

2

3

4

5

6

7

8

τ =

1.0

α =

hx/

hy

Estável

Inst

ável

Figura 4.2 – Diagrama de estabilidade para τ = 1 e Fh = 1

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61

A seguir, apresentam-se variações sistemáticas dos parâmetros que representam as

características da superfície livre para analisar a influência sobre a estabilidade dos

resultados numéricos. Utiliza-se a discretização da superfície livre de um casco Wigley

modificado e a massa adicional de pitch é utilizada como parâmetro de avaliação porque

a sua obtenção numérica requer especial atenção, JOURNÉE (2001).

4.1.1 Variação da frequência reduzida

A Figura (4.3) mostra o amortecimento potencial B33 do navio Wigley

modificado para várias frequências de encontro. Observa-se que para a frequência

reduzida 0.25, a metodologia não consegue representar bem a física do problema, como

já havia sido descrito por NAKOS (1990).

Figura 4.3 – Amortecimento Potencial de Heave devido a Heave

Wigley Modificado Fn=0.30 para várias frequências reduzidas

4.1.2 Variação da razão de aspecto

As dimensões da superfície livre se mantêm constantes e a razão de aspecto dos

painéis (parâmetro α) é alterada mantendo constante o número de Froude da malha da

superfície livre (Fh), ver Tabela (4.2).

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62

Tabela 4.2 – Descrição das características das malhas utilizadas para a variação do parâmetro α

Malha hx Painéis na

direção

longitudinal

Painéis na

direção

transversal

Painéis na

superfície

livre

Fh

(Fn=0.20/

0.40)

α

(hX/hY)

A 1.66E-2 123 20 2460 1.55/3.09 1.00 B 1.66E-2 123 20 2460 1.55/3.09 1.20 C 1.66E-2 123 20 2460 1.55/3.09 1.30 D 1.66E-2 123 20 2460 1.55/3.09 1.40 E 1.66E-2 123 20 2460 1.55/3.09 2.00 F 1.66E-2 123 20 2460 1.55/3.09 4.00

A influência das malhas da superfície livre utilizadas sobre os resultados é

mostrada na Figura (4.4).

Figura 4.4 – Amortecimento Potencial B55’

Wigley Modificado Fn=0.20 para varias relações de α

Da Figura (4.4) verifica-se que o incremento do parâmetro α produz

instabilidades na presente metodologia. Este efeito pode ser observado no diagrama de

estabilidade da Figura (4.5). Observa-se que conforme a razão de aspecto aumenta, a

malha se aproxima da região de instabilidade, uma vez que os painéis com altas razões

de aspecto produzem distorções geométricas muito pronunciadas na linha de água do

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63

navio. Este comportamento modifica significativamente as avaliações dos coeficientes

de influência, produzindo instabilidades na solução.

Fh=U/ ghxFh1=1.61

1

2

3

4

5τ = 0.44

Malha AMalha BMalha CMalha DMalha E

Malha F

Figura 4.5 – Diagrama de estabilidade para a frequência de

encontro wE’ = 2.2 (τ=0.44)

4.1.3 Refinamento dos painéis da superfície livre

Nesta seção, a influência do refinamento dos painéis da superfície livre é

estudada utilizando os critérios mostrados anteriormente. As dimensões utilizadas na

superfície são as mesmas utilizadas no trabalho de SALHUA (2007), as quais são

maiores do que as dimensões utilizadas por NAKOS (1990) como mostradas na Tabela

(4.3).

Tabela 4.3 – Dimensões da malha da superfície livre recomendadas

As dimensões da Tabela (4.3) são mostradas na Figura (4.5).

L

L1

L2L3

Figura 4.5 – Dimensões da malha da superfície livre

L1 1.00L L2 0.35L L3 0.80L

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64

São analisadas duas condições de refinamento descritas a seguir:

4.1.3.1 Refinamento transversal

As características deste refinamento são descritas na Tabela (4.4).

Tabela 4.4 – Descrição das características das malhas utilizadas para o refinamento transversal

Malha Hx Painéis na

direção

longitudinal

Painéis na

direção

transversal

Painéis na

superfície

livre

Fh

(Fn=0.20/0.40)

A 2.62E-2 119 2 238 0.98/2.47 B 2.62E-2 119 5 595 0.98/2.47 C 2.62E-2 119 14 1666 0.98/2.47 D 2.62E-2 119 19 2261 0.98/2.47

A Figura (4.7) mostra os resultados do refinamento longitudinal.

Figura 4.7 – Amortecimentos potencial B55’ do navio Wigley modificado

para a refinamento transversal

Da Figura (4.7) verifica-se que a presente metodologia é muito sensível ao

refinamento transversal, uma vez que painéis com pouco refinamento transversal

não conseguem representar adequadamente as ondas transversais geradas pela

oscilação do navio com velocidade de avanço.

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65

4.1.3.2 Refinamento longitudinal

As características deste refinamento são descritas na seguinte tabela:

Tabela 4.5 – Descrição das características das malhas utilizadas para o refinamento longitudinal

Malha Hx Painéis na

direção

longitudinal

Painéis na

direção

transversal

Painéis na

superfície livre

Fh

(Fn=0.20/

0.40)

A 2.62E-2 61 20 1220 0.98/2.47 B 2.62E-2 82 20 1640 0.98/2.47 C 2.62E-2 102 20 2040 0.98/2.47 D 2.62E-2 123 20 2460 0.98/2.47

A Figura (4.8) mostra a influência do refinamento longitudinal sobre a solução.

Figura 4.8 – Amortecimentos potencias B55’ do navio Wigley Modificado

para a refinação longitudinal

Da Figura (4.8) observa-se que os resultados não se alteraram significativamente

com o refinamento longitudinal considerado, uma vez que todos estes

refinamentos conseguem representar adequadamente as ondas longitudinais

geradas pela oscilação do navio com velocidade de avanço.

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66

4.1.4 Influência das dimensões da malha da superfície livre

As dimensões da proa, popa e transversal da malha da superfície livre utilizadas

anteriormente são modificadas e sua influência sobre o amortecimento potencial de

pitch do navio Wigley modificado é avaliado.

a) Variação da extensão da proa da malha da superfície livre

A extensão da malha da proa da superfície livre é modificada enquanto as extensões

da malha da popa e transversal são mantidas constantes como mostrado na Tabela

(4.6)

Tabela 4.6 – Variação da extensão da proa da malha da superfície livre

Malha Extensão da proa da malha da superfície

livre L2

Extensão da popa da malha da superfície

livre L3

Extensão transversal da malha da superfície

livre L1

A 0.05L 0.80L 1.00L B 0.10L 0.80L 1.00L C 0.35L 0.80L 1.00L D 0.50L 0.80L 1.00L E 1.00L 0.80L 1.00L

A Figura (4.9) mostra a influência da variação da malha da proa sobre o

amortecimento B’55.

Figura 4.9 – Influência da variação da extensão da proa da malha da superfície livre sobre o

amortecimento B55’ para Fn=0.20

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67

Da Figura (4.9), pode-se observar que a diminuição da extensão longitudinal da

malha da superfície livre não produz grandes variações nos resultados numéricos.

Uma vez que todas as ondas geradas se deslocam para ré, então, não existem ondas

que possam ser refletidas na região da proa da malha da superfície livre.

b) Variação da extensão da popa da malha da superfície livre

A extensão da malha da popa da superfície livre é modificada enquanto as extensões

da malha da proa e transversal são mantidas constantes, como mostrado na Tabela

4.7.

Tabela 4.7 – Variação da extensão da popa da malha da superfície livre

Malha Extensão da malha

na popa L3

Extensão da malha na proa

L2

Extensão da malha transversal

L1 A 0.05L 0.35L 1.00L B 0.10L 0.35L 1.00L C 0.35L 0.35L 1.00L D 0.50L 0.35L 1.00L E 1.00L 0.35L 1.00L

A Figura (4.10) mostra a variação da extensão da malha da popa sobre o

amortecimento B55.

Figura 4.10 – Influência da variação da extensão da popa da malha da superfície livre sobre o

amortecimento B55’ para Fn=0.20

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68

Da Figura (4.10) pode-se observar que a diminuição da extensão longitudinal da

malha da superfície livre na popa não produz grandes variações nos resultados

numéricos. Este comportamento é atribuído ao fato de que as ondas refletidas na

região da popa são muito menores as ondas geradas que incidem nesta região.

c) Variação da extensão transversal da malha da superfície livre

A extensão da malha transversal da superfície livre é modificada enquanto as

extensões da malha da proa e transversal são mantidas constantes, como mostrado

na Tabela 4.8.

Tabela 4.8 – Variação da extensão transversal da malha da superfície livre

Malha Extensão da malha

transversal L1

Extensão da malha na proa

L2

Extensão da malha na popa

L3 A 0.10L 0.80L 1.0L

B 0.35L 0.80L 1.0L

C 0.50L 0.80L 1.0L

D 1.00L 0.80L 1.0L

A Figura (4.11) mostra a variação da malha da superfície livre do costado sobre o

amortecimento B55.

Figura 4.11 – Influência da variação da extensão do costado da malha da superfície livre

sobre o amortecimento B55’ para Fn=0.20

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69

Da Figura (4.11) verifica-se que a malha de extensão transversal 0.1L produz que os

resultados obtidos divergem para baixas frequências e convergem para altas.

Este comportamento é produzido porque o comprimento transversal da malha da

superfície livre é insuficiente para representar as ondas geradas em baixas

frequências. Conforme a frequência de encontro aumenta, o comprimento das ondas

geradas diminui e a malha da superfície livre permite representar adequadamente a

oscilação do navio.

Para evitar este comportamento, a extensão transversal da malha da superfície livre

deve ser a maior possível para poder ser utilizada para uma faixa ampla de

frequências, como é o caso das malhas com extensões transversais 0.35L, 0.5L e

1.0L.

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70

4.2 Comportamento em ondas de navio com velocidade de avanço

Os resultados obtidos com o software SHIPWAVE são validados mediante a

comparação dos seus resultados com resultados experimentais disponíveis na literatura

especializada. Para avaliar a qualidade dos resultados numéricos é utilizado o fator de

ajuste de curvas r2, SOUZA (2003).

São utilizados dois cascos como benchmarks, ITTC (2002), casco Wigley modificado e

casco Série 60 - Cb=0.70.

Adicionalmente são obtidos resultados numéricos com o programa WAMIT (Método da

Função de Green/fonte pulsante) e um programa baseado na teoria das faixas (HANSEL),

ambos corrigidos para incluir o efeito da velocidade de avanço seguindo a metodologia

de SALVENSEN et al. (1974), estes são identificados como WAMIT-U e HANSEL-U,

respectivamente.

4.2.1 Wigley modificado

Este navio é recomendado pela ITTC (2002) para ser utilizado como benchmark

da dinâmica de navios de diversas metodologias numéricas ou experimentais. Como

exemplo veja-se os trabalhos de NAKOS (1990), JOURNEÉ (1992), LEVI e SALHUA

(2007a), entre outros. As características principais deste casco são mostradas a seguir:

Figura 4.12 – Vista transversal e dimensões do modelo do navio Wigley Modificado

Os resultados do software SHIPWAVE são avaliados comparando as forças

hidrodinâmicas de irradiação, difração (ver Apêndice II) e os RAOs de movimentos em

ondas longitudinais de proa com resultados experimentais obtidos por JOURNÉE

(1992) numa série de experimentos realizados no Laboratório de Hidromecánica da

Universidade de Delft para quatro cascos Wigley de diferentes dimensões com varias

velocidade de avanço. As características do modelo ensaiado por Journée, e utilizado

nesta tese, são mostradas na Tabela (4.9).

L 1 m B 0.1 m T 0.0625 m Cm 0.909 ∇ 0.003504 m3

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71

Tabela 4.9 – Características do modelo Wigley modificado ensaio experimentalmente por JOURNÉE (1992)

Características do modelo: Valor

Coeficiente de seção mestra 0.909

Relação L/B 10

Comprimento, L (m) 3.0

Boca, B (m) 0.30

Calado, d (m) 0.1875

Trimado, t (m) 0.0000

Volume, (m3) 0.0946

Centro de gravidade, acima da linha base, KG(m) 0.170

Radio de inercia de pitch, ryy(m) 0.750

Os resultados numéricos obtidos com o software SHIPWAVE para a determinação das

forças hidrodinâmicas utilizaram as dimensões da malha da superfície livre da Tabela

4.3. O número de painéis da metade do casco é mostrado na Tabela (4.10).

Tabela 4.10 – Número de painéis na superfície do casco Wigley modificado

Número de painéis na direção longitudinal

Número de painéis na direção transversal Número de painéis totais

50 10 500

A Figura (4.13) mostra uma vista da discretização do casco e a superfície livre

considerada.

XY

Z

Figura 4.13 – Vista da discretização da superfície do casco e superfície livre

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72

a) RAO de Heave

A seguir, apresenta-se o RAO de heave do casco Wigley modificado obtido com o

software SHIPWAVE para um número de Froude de 0.30.

Figura 4.14 – RAO de heave do navio Wigley Modificado: Fn=0.30; ângulo de incidência = 180°

Da Figura (4.14), observa-se que os resultados obtidos com a presente metodologia

apresentam boa concordância com o RAO de movimento de heave experimental e

seguem o comportamento descrito na Seção 4.0. Pode-se verificar que os resultados

obtidos com a presente metodologia acompanham com melhor concordância o

comportamento qualitativo dos resultados experimentais quando comparados aos outros

resultados numéricos considerados. Esta observação pode ser confirmada com a

avaliação do fator de ajuste r2 entre os resultados experimentais e numéricos obtidos

com o software SHIPWAVE e os demais códigos numéricos utilizados, ver Tabela

(4.11).

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73

Tabela 4.11 – Fatores de ajuste entre os resultados numéricos e experimentais do RAO de heave do casco Wigley modificado Fn=0.30

Software Fator de ajuste r2

SHIPWAVE 0.850 WAMIT-U 0.702 HANSEL-U 0.683

b) RAO de Pitch

A seguir apresenta-se o RAO de pitch do casco Wigley modificado obtido com a

presente metodologia para um número de Froude de 0.30.

Figura 4.15 – RAO de pitch do navio Wigley Modificado: para Fn=0.30; ângulo de incidência = 180°

Da Figura (4.15), pode-se observar que os RAOs de heave e pitch apresentam

melhor concordância com os resultados experimentais que as outras metodologias

numéricas utilizadas. Esta concordância pode ser confirmada mediante a avaliação dos

fatores de ajuste r2, veja-se Tabela (4.12).

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74

Tabela 4.12 – Fatores de ajuste entre os resultados numéricos e experimentais do RAO de pitch do casco Wigley modificado Fn=0.30

Software Fator de ajuste r2

SHIPWAVE 0.897 WAMIT-U 0.015 HANSEL-U 0.063

Os resultados numéricos obtidos com o software SHIPWAVE apresentam boa

concordância com os resultados experimentais e seguem o comportamento descrito na

Seção 4.0. Verifica-se que qualitativamente eles representaram melhor a física dos

RAOs de movimento deste casco, quando comparados as outras metodologias

numéricas utilizadas.

As diferenças existentes entre os resultados numéricos obtidos com os softwares

WAMIT-U e HANSEL-U com os resultados experimentais são devidas as diferenças no

valor dos amortecimentos potenciais de heave e pitch, estes resultados numéricos

apresentam um valor superior aos amortecimentos obtidos experimentalmente para toda

a faixa de frequências consideradas, enquanto que estes mesmos amortecimentos

obtidos numericamente com o software SHIPWAVE se acercam melhor aos resultados

experimentais, ver Apêndice II.

Da Figura (4.14) e Figura (4.15) verifica-se que para baixas frequências existem

diferenças quantitativas pronunciadas entre os RAOs de heave e pitch obtidos com o

software SHIPWAVE e os resultados experimentais. Estas diferenças são atribuídas a não

inclusão da atualização da forma da superfície submersa do casco na presente

metodologia numérica, uma vez que para baixas frequências são produzidas as maiores

modificações da superfície submersa. A não consideração de efeitos viscosos como

quebra de onda, spray entre outros efeitos presentes nos movimentos do navio podem

também influenciar na comparação dos resultados numéricos com os experimentais.

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75

4.2.2 Série 60 – Cb = 0.70

Este casco é recomendado pela ITTC (2002) como benchmark de diversas

metodologias numéricas e experimentais. As características deste casco são mostradas

na Figura (4.16). Neste caso, a velocidade das simulações realizadas corresponde a um

número de Froude de Fn=0.20, os resultados experimentais utilizados nesta tese são os

mesmos utilizados por NAKOS (1990).

Figura 4.16 – Vista transversal e dimensões do modelo do navio Série 60 Cb=0.70

Para a determinação das forças hidrodinâmicas utilizou-se as dimensões da malha da

superfície livre da Tabela (4.3). O número de painéis utilizado na metade do casco é

mostrado na Tabela (4.13).

Tabela 413 – Número de painéis na superfície do casco Série 60 Cb=0.70

Número de painéis na direção transversal

Número de painéis na direção longitudinal Número de painéis totais

50 10 500

LBP 1 m B 0.1428 m T 0.05715 m Cb 0.70 ∇ 0.00571 m3

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76

A Figura (4.17) mostra uma vista da discretização do casco e a superfície livre

considerada.

X Y

Z

XY

Z

Figura 4.17 – Vista da discretização da superfície do casco e superfície livre

Novamente os resultados do software SHIPWAVE são avaliados comparando as

forças hidrodinâmicas e RAOs de movimento com velocidade de avanço em ondas

regulares com resultados experimentais e com resultados dos programas WAMIT-U

HANSEL-U para este casco.

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77

a) RAO de Heave

A seguir apresenta-se o RAO de heave do casco Série 60 Cb=0.70 obtido com a

presente metodologia para um número de Froude de 0.20.

Figura 4.18 – Rao de heave do navio Série60 Cb=0.70 para Fn=0.20 ângulo de incidência de 180°

Da Figura (4.18) observa-se que os resultados obtidos com a presente metodologia

apresentam boa concordância com o RAO de movimento de heave experimental e

seguem o comportamento descrito na Seção 4.0. Verifica-se que os resultados obtidos

com o software SHIPWAVE e os resultados do software WAMIT-U acompanham melhor

o comportamento dos resultados experimentais, quando comparados aos resultados da

teoria das faixas (HANSEL-U). Esta observação pode ser confirmada mediante a

avaliação dos fatores de ajuste r2 entre os resultados experimentais e numéricos, ver

Tabela (4.14).

Tabela 4.14 – Fatores de ajuste entre os resultados numéricos e experimentais do RAO de heave do casco Série 60 Cb=0.70, Fn=0.20

Software Fator de ajuste r2

SHIPWAVE 0.896 WAMIT-U 0.958 HANSEL-U 0.447

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78

b) RAO de Pitch A seguir apresenta-se o RAO de pitch do casco Série 60 Cb=0.70 obtido com a presente

metodologia para um número de Froude de 0.20.

Figura 4.19 – Rao de pitch do navio Série60 Cb=0.70 para Fn=0.20 ângulo de incidência de 180°

Da Figura (4.19) pode-se observar que o RAO de pitch obtido com a presente

metodologia apresenta boa concordância com o RAO experimental. Esta aderência pode

ser confirmada com a avaliação dos fatores de correlação r2, ver Tabela (4.15).

Tabela 4.15 – Fatores de ajuste entre os resultados numéricos e experimentais do RAO de pitch do casco Série 60 Cb=0.70, Fn=0.20

Software Fator de ajuste r2

SHIPWAVE 0.830 WAMIT-U 0.793 HANSEL-U 0.701

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79

Os resultados numéricos obtidos com o software SHIPWAVE apresentaram boa

concordância com os resultados experimentais. No caso do RAO de heave,

qualitativamente os resultados do software SHIPWAVE tiveram um comportamento

similar ao obtido pelo software WAMIT, quando comparados aos resultados

experimentais. No caso do RAO de pitch, os resultados do software SHIPWAVE

produziram melhore resultados que os outros métodos numéricos utilizados.

As diferenças existentes entre os resultados numéricos obtidos com o software WAMIT –

U e HANSEL-U com os resultados experimentais são devidas as diferenças no valor das

massas adicionais e amortecimentos potenciais de acoplamento A53 e B53, estes

resultados numéricos apresentam um valor maior aos obtidos experimentalmente em

toda a faixa de frequências consideradas, enquanto que estas mesmas forças

hidrodinâmicas obtidas numericamente com o software SHIPWAVE se acercam melhor

aos resultados experimentais, ver Apêndice III.

Da Figura (4.18) e Figura (4.19) observa-se que as diferenças quantitativas presentes

nos resultados do software SHIPWAVE e os resultados experimentais encontram-se

presentes para baixas e altas frequências de encontro e são maiores as diferenças

encontradas entre os resultados numéricos e experimentais do casco Wigley modificado.

Este comportamento é atribuído aos gradientes geométricos na proa e popa do casco

Série 60 Cb=0.70 que são maiores do que aqueles presentes na geometria do casco

Wigley modificado. Estes gradientes geométricos produzem maiores alterações na

superfície submersa instantânea do casco Série 60 Cb=0.70. A não consideração de

efeitos viscosos como quebra de onda, spray entre outros efeitos presentes nos

movimentos do navio podem também influenciar a comparação dos resultados

numéricos com os resultados experimentais.

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80

Capítulo 5

Resultados Numéricos da Interferência Hidrodinâmica entre dois Navios com Velocidade de Avanço

5.1 Geral

A metodologia numérica utilizada neste trabalho de tese é aplicada para

determinar a influência da interferência hidrodinâmica no comportamento em ondas de

dois navios com a mesma velocidade de avanço navegando na configuração conhecida

como side by side. O software SHIPWAVE descrito nos capítulos anteriores é

modificado para representar o efeito da interferência hidrodinâmica sobre as forças

hidrodinâmicas envolvidas nos movimentos de cada navio.

Como passo prévio, para demonstrar a efetividade desta metodologia na

determinação dos efeitos de interferência hidrodinâmica, realiza-se uma análise

comparativa entre os resultados da presente metodologia e os resultados experimentais

das forças hidrodinâmicas e os movimentos de um catamarã formado por dois cascos

Wigley.

Posteriormente, mostra-se uma análise de estabilidade da metodologia utilizada

para determinar a influência da interferência hidrodinâmica sobre os movimentos entre

navios com velocidade de avanço, desta análise, as características da superfície livre a

serem utilizadas nas avaliações posteriores são definidas.

Finalmente, são mostrados os resultados numéricos obtidos com a presente

metodologia para representar o efeito da interferência hidrodinâmica sobre as forças

hidrodinâmicas e movimentos de dois navios do tipo Wigley modificado.

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81

5.2 Interferência hidrodinâmica de um catamarã

O software SHIPWAVE é acondicionado para determinar o efeito da interferência

hidrodinâmica produzida pela interação entre cascos com velocidade de avanço sobre os

RAOs de movimento de heave e pitch de um catamarã navegando em ondas

longitudinais de proa. Porém, devido a estes cascos formarem parte de um só corpo, o

efeito de interferência hidrodinâmica encontra-se incluído nas forças hidrodinâmicas de

radiação e difração. Matematicamente, isto significa que não existem coeficientes que

representem exclusivamente o efeito da interferência hidrodinâmica.

A seguir apresenta-se uma descrição dos RAOs de movimento de um catamarã e o

efeito da interferência hidrodinâmica sobre eles. Como exemplo, mostra-se uma

comparação entre os resultados experimentais de um catamarã Wigley, utilizado por

VAN’t VEER (1997), e os resultados numéricos obtidos com o software SHIPWAVE. As

características do catamarã utilizado são mostradas na Tabela (5.1).

Tabela 5.1 – Características do casco Wigley L/B=7

Item Valor

Comprimento (m) 10

Boca (m) 1.42

Deslocamento (Ton) 3.957

Separação entre cascos (m) 7

Os movimentos de um catamarã em ondas longitudinais de proa seguem o mesmo

comportamento que os monocascos. Porém as ondas irradiadas e difratadas entre seus

cascos, devido à simetria destes produzem ondas com as mesmas amplitudes e direções,

mas com sentidos opostos, que ao superpor-se produzem um efeito de interferência de

ondas conhecido como onda estacionária. Este efeito produz um incremento das

amplitudes do movimento de heave e uma diminuição do movimento de pitch em baixas

frequências, onde o efeito das ondas estacionárias é maior. A seguir são apresentados os

RAOs de movimento de heave e pitch de um catamarã Wigley.

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82

5.2.1 RAO de heave

Os RAOs dos catamarãs apresentam as mesmas características que os

monocascos. Assim, o RAO de heave tende a unidade em baixas frequências e diminui

para altas. No caso de velocidade de avanço, as amplitudes na região de ressonância

atingem valores superiores a unidade. Porém, o valor das amplitudes destes RAOs em

toda a faixa de frequências é fortemente influenciado pelo efeito da interferência

hidrodinâmica entre os cascos. O efeito da ressonância de Helmholtz, produzido pelos

modos de oscilação vertical da superfície livre entre os cascos, relevante em casos sem

velocidade de avanço, YEUNG et. al. (2006), não apresenta um efeito importante na

interferência hidrodinâmica de catamarãs com velocidade de avanço, como mostrado

por VAN’t VEER (1997). Uma vez que as ondas geradas pelo catamarã são

direcionadas para ré, este efeito modifica o ângulo de encontro entre estas e como

conseqüência, os efeitos da interferência de ondas e modos de ressonância da superfície

livre são modificados.

Figura 5.1 – Massa adicional A33’ e amortecimento potencial B33’ catamarã Wigley,

Fn=0.45

Da Figura (5.1) verifica-se que as curvas de massa adicional experimental e

numérica se mantêm positivas para todas as frequências consideradas. Não existe

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83

nenhum valor negativo, característico do modo de ressonância de Helmholtz. Por

tanto, o efeito de interferência hidrodinâmica nos cascos de um catamarã é produzido

pelos efeitos de interferência de ondas de irradiação e difração sem atingir o modo de

ressonância. Da Figura (5.2), verifica-se que as amplitudes do RAO de heave são

maiores no catamarã que no monocasco, devido ao efeito da interferência

hidrodinâmica reportado por KRING e SCLAVOUNOS (1991).

Figura 5.2 – Rao de heave do catamarã Wigley L/B=7 para Fn=0.45

A comparação entre os resultados numéricos e experimentais realizada na Figura

(5.2) mostra que os resultados numéricos apresentam boa aderência qualitativa e

quantitativa para toda a faixa de frequências consideradas. Esta observação é verificada

através do coeficiente de ajuste r2 da Tabela (5.2).

Tabela 5.2 – Fator de ajuste entre os resultados numéricos e experimentais do RAO de heave do catamarã Wigley Fn=0.45

Software Fator de ajuste r2

SHIPWAVE 0.85

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84

5.2.2 RAO de pitch

O RAO de pitch tende a unidade na região de baixas frequências; seu valor

diminui na região de altas frequências e sua amplitude supera a unidade na região de

ressonância. Porém, as amplitudes do RAO são menores no catamarã quando

comparados ao monocasco, devido aos efeitos da interferência entre as ondas irradiadas

e difratadas dos cascos, KRING e SCLAVOUNOS (1991).

Na Figura (5.3) apresenta-se o RAO de pitch, pode-se apreciar que o efeito de

interferência hidrodinâmica faz com que as amplitudes destes RAOs sejam menores

para frequências de encontro baixas. Este comportamento é produzido pelo acoplamento

hidrodinâmico com os movimentos de heave. A interferência de ondas que aumenta as

amplitudes do movimento de heave produz uma diminuição no movimento de pitch em

baixas frequências e até dois picos de ressonância. Este comportamento é coerente com

as avaliações numéricas descritas por KRING e SCLAVOUNOS (1991) e DUDSON e

RAMBECH et. al. (2003).

Figura 5.3 – Rao de pitch do catamarã Wigley L/B=7 para Fn=0.45

A comparação entre os resultados numéricos e experimentais realizada na Figura

(5.3) mostra que os resultados numéricos obtidos com o software SHIPWAVE para o

catamarã apresentam boa aderência qualitativa e quantitativa com os resultados

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85

experimentais até a relação Lw/Lnavio = 1.78, esta observação é confirmada com a

determinação do fator de ajuste r2 mostrado na Tabela (5.3).

Tabela 5.3 – Fator de ajuste entre os resultados numéricos e experimentais do RAO de pitch do catamarã Wigley Fn=0.45

Software Fator de ajuste r2

SHIPWAVE (até Lw/Lnavio = 1.78) 0.86

Para relações Lw/Lnavio maiores a 1.78 os resultados numéricos divergem

significativamente dos resultados experimentais. Numéricamente a aparição de dois

picos de ressonância é produzido pelo acoplamento hidrodinâmico entre heave e pitch.

Porém, a não consideração de trimado livre e atualização da superfície do casco no

modelo numérico pode influenciar a aparição destes picos de ressonância e isso

explicaria a diferença entre os resultados numéricos e experimentais nessa região.

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86

5.3 Interferência hidrodinâmica de dois navios com velocidade de avanço no

arranjo side by side

Nesta seção são mostrados os resultados numéricos obtidos com o software

SHIPWAVE para a representação da interferência hidrodinâmica entre navios com

velocidade de avanço no arranjo side by side.

Atualmente ainda existem poucas referências na literatura especializada que tratam o

problema da influência da interferência hidrodinâmica entre navios com velocidade de

avanço e estas referências não apresentam informações suficientes para poder

reproduzir os cascos dos navios por eles utilizados, principalmente, porque envolvem

navios militares (McTAGGART, 2001) ou particulares (WEEMS, 2007), portanto, com

informações restritas. Nesta tese, utilizam-se navios do tipo Wigley modificado, que

além de permitir uma modelagem da geometria mais simples e uma análise mais

detalhada, pela quantidade de informações disponíveis, vai-se contribuir com a literatura

especializada com uma referência de fácil representação e comparação.

Na primeira parte desta seção são mostradas as características dos cascos tipo

Wigley modificado utilizados. Em seguida, é mostrada uma análise de estabilidade da

presente metodologia para explorar seus limites de convergência numérica e determinar

as dimensões da superfície livre a serem utilizadas. Na parte final, são mostrados os

RAOs de movimento de heave e pitch em ondas longitudinais de proa dos navios no

arranjo side by side, afetados pelo efeito da interferência hidrodinâmica entre eles.

Também é mostrada a comparação entre as forças de interferência hidrodinâmica

obtidas com a presente metodologia (SHIPWAVE) e os resultados dos softwares, que

utilizam a metodologia de SALVENSEN et al. (1970) para incluir o efeito da

velocidade de avanço, WAMIT-U e AQWA.

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87

5.3.1 Características dos navios utilizados

As características dos navios Wigley modificado no arranjo side by side são

mostradas a seguir:

Tabela 5.4 – Casco Wigley modificado

Uma vista da discretização dos navios e a superfície livre ao redor deles é mostrada a

seguir:

XY

Z

Figura 5.4 – Discretização dos navios Wigley modificado avançando na configuração side by side

L 100 m B 10 m T 6.25 m Cm 0.909

∇ 3504 m3 Fn 0.20 Distância entre cascos 20 m

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88

5.3.2 Análise de estabilidade

A presente metodologia é uma extensão da metodologia descrita nos capítulos

anteriores para descrever o comportamento em ondas de um único navio com

velocidade de avanço. Portanto, utilizam-se os mesmos parâmetros para caracterizar a

malha da superfície livre.

A seguir mostra-se a análise realizada variando estes parâmetros com o objetivo de

encontrar as características adequadas que permitam obter resultados numéricos

consistentes dentro dos limites de convergência desta metodologia numérica.

a) Variação da razão de aspecto

As dimensões da superfície livre e o número de Froude da malha da superfície

livre (Fh) se mantêm constantes; o parâmetro α (razão de aspecto) é variado para obter

sua influência sobre os resultados numéricos, veja-se Figura (5.5).

Tabela 5.5 – Descrição das características das malhas utilizadas para a variação do parâmetro α

Malha hx Painéis na

direção

transversal

Painéis na

direção

longitudinal

Painéis na

superfície

livre

Fh

(Fn=0.20) α

(hX/hY)

A 4.40E-2 42 62 2604 0.9535 0.50

B 4.40E-2 42 62 2604 0.9535 0.82

C 4.40E-2 42 62 2604 0.9535 1.00

D 4.40E-2 42 62 2604 0.9535 2.00

E 4.40E-2 42 62 2604 0.9535 4.00

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89

Figura 5.5 - Amortecimento Potencial B55’ dos navios Wigley modificado Fn=0.20 para varias relações de α

A Figura (5.5) mostra que a presente metodologia é sensível à razão de aspecto

dos painéis e apresenta o mesmo comportamento encontrado para o caso de um único

navio com velocidade de avanço: quando a razão de aspecto cresce muito, os resultados

obtidos pela presente metodologia passam para uma região de instabilidade.

b) Refinamento dos painéis da superfície livre

A influência do refinamento dos painéis da superfície livre sobre os movimentos

é estudada. As dimensões utilizadas na superfície livre são adaptadas das dimensões

adotadas para o caso de um único navio com velocidade de avanço.

Tabela 5.6 – Dimensões da malha da superfície livre recomendadas

L1 0.80L L2 0.35L L3 0.75L D 0.20L

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90

L

L3D

L2L1

Figura 5.6 – Dimensões da malha da superfície livre

Os casos considerados são descritos a seguir:

b.1) Variação do refinamento transversal

As características deste refinamento são mostradas a seguir:

Tabela 5.7 – Descrição das características das malhas utilizadas para o refinamento transversal

Na Figura (5.6) se mostram os resultados do refinamento longitudinal.

Malha hx Painéis na

direção

longitudinal

Painéis na

direção

transversal

Painéis na

superfície livre

Fh

(Fn=0.20)

A 4.40E-2 62 27 1674 0.96 B 4.40E-2 62 32 1984 0.96 C 4.40E-2 62 42 2604 0.96 D 4.40E-2 62 51 3162 0.96

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91

Figura 5.6 – Amortecimentos potencial B55’ do navio Wigley modificado

para a refinação transversal

O resultado desta análise mostra que os resultados numéricos obtidos com a

presente metodologia são sensíveis ao número de painéis na direção transversal. Na

Figura (5.6), observa-se que a malha A oferece resultados numéricos similares às

malhas mais refinadas nas frequências baixas (2.1 a 2.3). Nestas frequências as ondas

geradas pelos navios são mais compridas e as dimensões dos painéis permitem a

adequada representação destas ondas na direção transversal. O contrário acontece para

frequências altas (ωE’>2.1) quando as ondas geradas pelos navios são mais curtas e as

dimensões transversais da malha da superfície livre não permitem representá-las

adequadamente.

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92

b.2) Variação do refinamento longitudinal

Os casos considerados para esta análise são mostrados na Tabela (5.8).

Tabela 5.8 – Descrição das características das malhas utilizadas para o refinamento longitudinal

Malha hx Painéis na

direção

longitudinal

Painéis na

direção

transversal

Painéis na

superfície

livre

Fh

(Fn=0.20)

A 8.67E-2 30 42 1260 0.67 B 6.50E-2 40 42 1680 0.78 C 5.20E-2 50 42 2100 0.87 D 4.33E-2 62 42 2604 0.96

O efeito do refinamento longitudinal é mostrado a seguir:

Figura 5.7 – Amortecimentos potencias B55’ do navio Wigley modificado

para o refinamento longitudinal

Esta análise mostrou que os resultados numéricos são também sensíveis ao refinamento

longitudinal. A malha A produz resultados numéricos muito diferentes das malhas mais

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93

refinadas, devido ao fato que o comprimento longitudinal dos painéis da superfície livre

não consegue representar adequadamente as ondas geradas pelos navios.

c) Influência das dimensões das malhas da superfície livre

As dimensões da malha da superfície livre apresentadas anteriormente são

modificadas como descrito a seguir:

c.1) Variação da extensão da malha na proa

As características desta variação são mostradas a seguir:

Tabela 5.9 – Variação das dimensões da superfície livre

Malha Extensão da malha na proa

L2

Extensão da malha na popa

L1

Extensão da malha no costado

L3

A 0.10L 0.80L 0.75L

B 0.35L 0.80L 0.75L C 0.50L 0.80L 0.75L D 0.80L 0.80L 0.75L E 1.0L 0.80L 0.75L

Os resultados desta variação são mostrados na seguinte figura:

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94

Figura 5.8 – Influência da variação da extensão de à vante da malha da superfície livre sobre o amortecimento B55’ para Fn=0.20

Da Figura (5.8), pode-se observar que a diminuição da extensão longitudinal da

malha na região da popa da superfície livre não produz grandes variações nos resultados

numéricos, apesar desta ter se reduzido exageradamente como no caso da Malha A.

c.2) Variação da extensão da popa da malha da superfície livre

As características desta variação são mostradas a seguir:

Tabela 5.10 – Variação das dimensões da superfície livre

Malha Extensão da malha na proa da

superfície livre

L2

Extensão da malha na popa da

superfície livre

L1

Extensão transversal da malha da

superfície livre

L3

A 0.35L 0.10L 0.75L

B 0.35L 0.50L 0.75L C 0.35L 0.80L 0.75L D 0.35L 1.0L 0.75L

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95

Os resultados numéricos desta variação são mostrados a seguir:

Figura 5.9 – Influência da variação da extensão da malha na popa da superfície livre sobre o amortecimento B55’ para Fn=0.20

Da Figura (5.9), pode-se observar que a diminuição da extensão longitudinal da

malha na região da popa da superfície livre não produz grandes variações nos resultados

numéricos.

c.3) Variação da extensão transversal da malha da superfície livre

As características dos casos testados são mostradas a seguir:

Tabela 5.11 – Variação das dimensões da superfície livre

Malha Extensão da malha na proa

L2

Extensão da malha na popa

L1

Extensão transversal da malha

L3

A 0.35L 0.80L 0.10L

B 0.35L 0.80L 0.35L C 0.35L 0.80L 0.50L D 0.35L 0.80L 1.0L

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96

Figura 5.10 – Influência da variação da extensão transversal da malha da superfície livre sobre o amortecimento B55’ para Fn=0.20

Da Figura (5.10), verifica-se que a diminuição da extensão transversal da malha

da superfície livre influencia relevantemente o comportamento dos resultados. Para a

extensão transversal de 0.1L os resultados divergem para baixas frequências. Para as

extensões de 1.0L e 0.5L os resultados permanecem quase inalterados.

Este comportamento se deve à não existência de condição de contorno de radiação no

limite transversal da superfície livre. Extensões transversais muito curtas produzem

intensas reflexões de ondas que afetam os resultados numéricos devido ao fato que não

conseguem representá-las adequadamente, sobretudo em frequências baixas onde as

ondas geradas são mais longas.

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97

d) Influência da frequência de encontro

Para avaliar a influência da frequência de encontro sobre os resultados

numéricos obtidos com a presente metodologia, apresentam-se os amortecimentos

potenciais de pitch de um dos navios Wigley modificado para várias frequências de

encontro.

Figura 5.11 – Amortecimento Potencial de Pitch B55’

Wigley Modificado Fn=0.20 para varias frequências reduzidas

O comportamento encontrado na Figura (5.11) indica que a presente metodologia tem a

mesma deficiência encontrada no caso de um único navio com velocidade de avanço

para representar o comportamento em ondas para frequências reduzidas menores a 0.25.

f) Tempo de processamento

O tempo de processamento necessário pela presente metodologia para a

obtenção das forças hidrodinâmicas foi objeto de um estudo sistemático.

As forças hidrodinâmicas de massa adicional e amortecimento potencial são avaliados

em forma conjunta para uma velocidade, várias frequências de encontro e para um

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98

determinado grau de liberdade; enquanto que as forças de difração e de Froude-Krilov

para os seis graus de liberdade são avaliadas em forma conjunta para uma determinada

velocidade e várias frequências de encontro.

A Tabela (5.12) mostra o tempo de processamento para obter os resultados numéricos

para uma frequência de encontro, considerando diversas malhas, com diferentes

números de painéis.

Tabela 5.12 – Tempos de processamento para a obtenção das forças hidrodinâmicas de

irradiação e excitação para uma frequência de encontro

Para poder elaborar uma curva de forças hidrodinâmicas adequada são

consideradas 20 frequências de encontro para uma determinada velocidade. Então, o

tempo obtido na tabela anterior deve ser multiplicado por 20.

O tempo necessário para poder realizar uma análise requer as seguintes forças

hidrodinâmicas e o tempo total é mostrado a seguir:

Tabela 5.13 – Tempo necessário para obter as forças hidrodinâmicas

No Força hidrodinâmica Tempo (horas)

1 A33’ e B33’ 4.42

2 A55’ e B55’ 4.42

3 A35’ e B35’ 4.42

4 A53’ e B53’ 4.42

5 A22’ e B22’ 4.42

6 A44’ e B44’ 4.42

7 F22’, F33’, M44’, M55’ 4.42

Tempo total (horas) 30.94

Malha hx Painéis na

superfície livre

Painéis nos

corpos

Painéis

Totais

Tempo

(minutos)

A 4.40E-2 1674 2704 4378 4.98 B 4.40E-2 1984 2704 4688 6.96 C 4.40E-2 2604 2704 5308 9.75 D 4.40E-2 3162 2704 5866 13.26

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99

Portanto, o tempo necessário para a obtenção dos RAOs de movimento quando os

navios do tipo Wigley modificado navegam em mar de proa é de 30.94 horas para uma

determinada velocidade.

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100

5.4 Resultados da interferência hidrodinâmica sobre o comportamento em

ondas de dois navios com velocidade de avanço

A seguir são apresentados os resultados numéricos obtidos com o software

SHIPWAVE desenvolvido para representar o efeito da interferência hidrodinâmica entre

dois navios com velocidade de avanço. Na primeira parte desta seção apresentam-se os

resultados obtidos para as forças hidrodinâmicas de irradiação, posteriormente são

apresentados os resultados das forças de interferência hidrodinâmica de irradiação e as

forças de excitação afetadas pelo efeito da interferência hidrodinâmica. Na parte final

são apresentados os RAOs de movimento afetados pelo efeito de interferência

hidrodinâmica.

5.4.1 Forças hidrodinâmicas de irradiação

As massas adicionais e amortecimentos potenciais dos navios são afetados pelas

interações entre ambos. A proximidade entre eles produz uma alteração do escoamento

dos navios que se encontram oscilando e, portanto, as massas adicionais e

amortecimentos potenciais destes são afetados. Adicionalmente, as ondas produzidas

pela oscilação destes navios que incidem sobre os cascos produzem forças de

interferência hidrodinâmicas que devem ser consideradas na hora de avaliar seus

movimentos. Estes efeitos podem ser favoráveis, quando diminuem as amplitudes dos

movimentos, devido ao incremento das massas adicionais e amortecimentos potenciais

dos navios produzido pelo efeito de interferência. Ou desfavoráveis, quando estas

incrementam as amplitudes dos movimentos, devido à diminuição das forças

hidrodinâmicas de irradiação dos navios produzida pela interferência hidrodinâmica.

A seguir são apresentadas as massas adicionais e amortecimentos potenciais que,

teoricamente, não dependem da velocidade de avanço. Posteriormente, serão mostradas

as massas adicionais e amortecimentos potenciais que dependem da velocidade de

avanço.

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101

a) Massas adicionais e amortecimentos potenciais independentes da velocidade

de avanço

A independência do efeito da velocidade de avanço das massas adicionais e

amortecimentos potenciais de heave (A33, B33), sway (A22, B22) e roll (A44, B44) foi

demonstrada, teoricamente, por SALVENSEN et. al. (1970), na sua teoria das faixas

para o caso de um único navio. Posteriormente, diversos pesquisadores realizaram

ensaios de Planar Motion Mechanism-PMM que confirmaram esta conclusão. Pode-se

citar JOURNÉE (1992), que realizou ensaios de PMM para avaliar os valores das

massas adicionais e amortecimentos potenciais de heave de vários modelos de cascos

Wigley. Através destes resultados é possível confirmar a independência da velocidade

de avanço destes coeficientes hidrodinâmicos. Portanto, considera-se que a

independência da velocidade de avanço é mantida nestas mesmas massas adicionais e

amortecimentos potenciais no caso da interferência hidrodinâmica de dois navios no

arranjo side by side com velocidade de avanço.

A seguir, mostram-se os resultados destas massas adicionais e amortecimentos

potenciais utilizando o software SHIPWAVE e a comparação com os softwares

comerciais sem velocidade de avanço WAMIT e AQWA. Adicionalmente estes resultados

são comparados com os resultados para um único navio com velocidade de avanço

(assumindo-se uma distância de separação infinita - y = inf) obtidos com o software

SHIPWAVE. Como os dois navios que navegam próximos têm a mesma forma, os

resultados são iguais para os dois cascos, por tanto são mostrados somente resultados

para um deles.

A Figura (5.12) e Figura (5.13) apresentam os resultados obtidos para as massas

adicionais e amortecimentos potencias de sway.

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102

Figura 5.12 – Massa adicional A22’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com efeito de

interferência

Figura 5.13 – Amortecimento potencial B22’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com efeito de

interferência

A Figura (5.14) e Figura (5.15) apresentam os resultados obtidos para as massas

adicionais e amortecimentos potencias de heave.

Figura 5.14 – Massa adicional A33’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com efeito de

interferência

Figura 5.15 – Amortecimento potencial B33’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com efeito de

interferência

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103

No caso dos coeficientes hidrodinâmicos de heave obtidos com os softwares WAMIT e

AQWA, a Figura (5.17) indica que estes coeficientes além de apresentar efeitos da

interferência hidrodinâmica produzida pela interferência de ondas, apresentam o efeito

de ressonância de Helmholtz. Este efeito pode ser localizado utilizando a equação Eq.

(5.1) da DNV RP H103 (2010).

 

Eq. (5.1)

Onde:

L : Comprimento do navio;

d : calado;

b : boca da superficie livre entre navios;

B : boca total incluindo a boca da superficie livre entre navios;

Com a aplicação da equação Eq. (5.1), pode-se encontrar a frequência de ressonância

adimensionalizada de Helmholtz em ω1’ = 2.84, esta é localizada na Figura (5.14) das

massas adicionais de heave como o pico negativo. Este efeito acontece, principalmente,

entre navios com velocidade de avanço nula, YEUNG et al. (2006).

No caso dos resultados obtidos com o software SHIPWAVE, o efeito da velocidade de

avanço interfere com o escoamento que produz a ressonância de Helmholtz. Por este

motivo os resultados do software SHIPWAVE não apresentam este comportamento.

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104

As Figuras (5.16) e (5.17) apresentam os resultados obtidos para as massas adicionais e

amortecimentos potencias de roll.

Figura 5.16 – Massa adicional A44’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com efeito de

interferência

Figura 5.17 – Amortecimento potencial B44’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com

efeito de interferência

Da Figura (5.12) à Figura (5.17) verifica-se que o efeito da interferência hidrodinâmica

sobre estes coeficientes hidrodinâmicos produz alterações relevantes no seu

comportamento, quando comparados com suas contrapartes sem o efeito de

interferência (y=inf). Verifica-se também que este efeito diminui com o incremento da

frequência, porque as ondas geradas pelo navio oscilando são menores.

A comparação realizada entre os resultados dos softwares SHIPWAVE, WAMIT e AQWA

apresentam um comportamento qualitativo muito semelhante entre eles. Porém, os

resultados do software WAMIT e AQWA apresentam picos característicos das frequências

irregulares, que são propensas a acontecer no método da função de Green. Salienta-se

que os resultados obtidos com o software SHIPWAVE não apresentam frequências

irregulares, permitindo uma melhor avaliação destes coeficientes.

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105

b) Massas adicionais e amortecimentos potenciais dependentes da velocidade

de avanço

As massas adicionais e amortecimentos potenciais de pitch dependem do efeito

da velocidade de avanço, como se pode confirmar nos trabalhos de SALVENSEN et. al.

(1970) e JOURNÉE (1991). A seguir, mostram-se os resultados obtidos com o software

SHIPWAVE:

Figura 5.18 – Massa adicional A55’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com efeito de

interferência

Figura 5.19 – Amortecimento potencial B55’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com

efeito de interferência

Das Figuras (5.18) e (5.19) verifica-se que o efeito da interferência hidrodinâmica

modifica em forma relevante as massas adicionais e amortecimentos potenciais obtidos

com o software SHIPWAVE e os softwares comerciais WAMIT e AQWA, quando

comparados com suas contrapartes obtidas para um único navio (y=inf). Observa-se

também que estes coeficientes tendem a zero com o incremento da frequência, porque

as ondas que produzem estes efeitos são menores.

Verifica-se também que o efeito da velocidade de avanço produz diferenças substanciais

entre os resultados obtidos com o software SHIPWAVE e os softwares WAMIT e AQWA.

Devido à forma da representação do efeito da velocidade de avanço, salienta-se que no

software SHIPWAVE, o efeito da velocidade de avanço é melhor representado ao ser

incluído no âmbito das condições de contorno que definem o problema.

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106

5.4.2 Forças de interferência hidrodinâmica de irradiação

As ondas irradiadas pelo navio oscilando que incidem sobre o outro navio

produzem este tipo de forças. Estas podem ser caracterizadas como massa adicional e

amortecimento potencial de interferência hidrodinâmica. A semelhança do que ocorre

no caso de um único navio, existem massas adicionais e amortecimentos potenciais de

interferência hidrodinâmica que independem do efeito da velocidade de avanço.

a) Forças de interferência hidrodinâmica de irradiação de sway, heave e roll

Estas forças hidrodinâmicas independem da velocidade de avanço. A seguir,

realiza-se uma comparação entre os resultados obtidos com o software SHIPWAVE e os

softwares comerciais WAMIT e AQWA.

As Figuras (5.20) e (5.21) apresentam as massas adicionais e amortecimentos

potenciais de interferência hidrodinâmica de sway.

Figura 5.20 – Massa adicional D22’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com efeito de

interferência

Figura 5.21 – Amortecimento potencial E22’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com

efeito de interferência

As Figuras (5.22) e (5.23) apresentam as massas adicionais e N potenciais de

interferência hidrodinâmica de heave.

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107

Figura 5.22 – Massa adicional D33’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com efeito de

interferência

Figura 5.23 – Amortecimento potencial E33’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com

efeito de interferência

As Figuras (5.24) e (5.25) apresentam as massas adicionais e amortecimentos

potenciais de interferência hidrodinâmica de roll.

Figura 5.24 – Massa adicional D44’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com efeito de

interferência

Figura 5.25 – Amortecimento potencial E44’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com

efeito de interferência

Da Figura (5.20) à Figura (5.25) verifica-se que os resultados do software SHIPWAVE e

dos softwares WAMIT e AQWA apresentam uma aderência qualitativa e quantitativa

muito boa entre eles, o que confirma a independência em relação à velocidade de

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108

avanço destes coeficientes. Verifica-se também que estes coeficientes apresentam seus

valores máximos em baixas frequências e diminuem até serem nulos com o incremento

da frequência. Este comportamento é coerente, já que estes coeficientes são produzidos

pelas ondas geradas pelo navio oscilando, sendo que estas ondas são maiores em

frequências baixas e diminuem com o incremento da frequência. Observa-se efeitos

favoráveis e desfavoráveis em toda a faixa de frequência considerada, estes efeitos

dependem da geometria e distância entre os cascos.

Por outra parte, os resultados dos softwares WAMIT e AQWA apresentam picos em

algumas frequências de encontro, característicos das frequências irregulares. Apesar de

se utilizar opções para remover as frequências irregulares nestes softwares, estas não

desaparecem por completo. Salienta-se, outra vez, que os resultados obtidos com o

software SHIPWAVE não são afetados pelas frequências irregulares.

b) Forças de interferência hidrodinâmicas de irradiação em pitch

Estas forças são apresentadas na Figura (5.26) e Figura (5.27).

Figura 5.26 – Massa adicional D55’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com efeito de

interferência

Figura 5.27 – Amortecimento potencial E55’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com efeito

de interferência

Estes termos dependem do efeito da velocidade. Das Figuras (5.26) e (5.27)

pode-se verificar que a formulação utilizada nos softwares WAMIT e AQWA para incluir

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109

este efeito não consegue representá-lo adequadamente devido às diferenças

apresentadas quando comparados com os resultados do software SHIPWAVE. Uma vez

que os resultados para um único navio conseguem representar bem o efeito da

velocidade de avanço. Verifica-se que o valor destes coeficientes tende a zero com o

incremento da frequência de encontro. Este comportamento é devido ao fato das ondas

geradas pelo navio oscilando que as produzem serem menores em altas frequências.

5.4.3 Forças de Excitação

As forças de excitação sobre um navio são afetadas pela interferência

hidrodinâmica das ondas difratadas produzidas pelo navio vizinho. No presente caso, os

navios navegam com mar de proa, então, as forças de excitação deveriam excitar

unicamente movimentos longitudinais. Porém, as ondas difratadas de interferência

hidrodinâmica produzidas pelo navio vizinho, originam forças de excitação que afetam

movimentos transversais, McTAGGART et al. (2001). Estas forças podem afetar a

estabilidade transversal e a manobrabilidade dos navios.

a) Forças de excitação de heave e pitch

As Figuras (5.28) e (5.29) apresentam as forças e momentos de excitação de

heave e pitch.

Figura 5.28 – Força de excitação de heave F33’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20

com efeito de interferência

Figura 5.29 – Força de excitação de pitch M55’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com

efeito de interferência

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110

Das Figuras (5.28) e (5.29) pode-se verificar que o efeito de interferência hidrodinâmica

sobre as forças de excitação modifica seu comportamento de forma pouco notória,

indicando que as ondas difratadas entre os cascos apresentam pouca influência nestes

graus de liberdade. Observa-se também que com o aumento da frequência de encontro,

o efeito da interferência vai desaparecendo devido ao fato que em frequências altas o

comprimento das ondas difratadas são menores.

Os resultados com o software SHIPWAVE permitem representar notoriamente os

cancelamentos da força de excitação de heave e pitch. Por outra parte, os resultados

obtidos com o software WAMIT não permitem representar adequadamente o

comportamento destas forças de excitação.

b) Forças de excitação de sway e roll

No problema de interferência hidrodinâmica, as ondas difratadas por um navio

afetam ao outro de forma que se produzem forças de excitação nos graus de liberdade

de sway e roll. A natureza destas forças de excitação é devida puramente as ondas

difratadas pelo outro casco. Neste caso, não existe uma parcela de Froude-Krilov porque

esta se anula pela simetria transversal dos cascos.

Figura 5.30 – Momento de excitação de roll M44’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20

com efeito de interferência

Figura 5.31 – Força de excitação de sway F22’ do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com

efeito de interferência

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111

Das Figuras (5.30) e (5.31), verifica-se o surgimento de forças de excitação de sway e

roll sobre os navios quando estes navegam próximos.

As diferenças quantitativas entre os resultados dos softwares SHIPWAVE e o AQWA são

produzidas pelo efeito da velocidade de avanço. Conforme a velocidade de avanço

aumenta, as ondas difratadas pelo navio próximo se deslocam para ré e atingem seu

vizinho com um ângulo mais agudo. Isto faz com que as componentes na direção

transversal destas forças sejam menores. Este comportamento pode ser confirmado

pelos resultados apresentados nas Figuras (5.32) e (5.33).

Figura 5.32 – Efeito da variação da velocidade de avanço sobre o momento de excitação de roll

M44’ do navio Wigley modificado

Figura 5.33 – Efeito da variação da velocidade de avanço sobre a força de

excitação de sway F22’ do navio Wigley modificado

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112

5.4.4 RAO de movimento

A seguir apresentam-se os RAOs de movimento dos navios Wigley modificado

afetados pela influência da interferência hidrodinâmica. Estes RAOs foram obtidos

unicamente com o software SHIPWAVE. Como os navios são iguais, somente são

mostrados os resultados para um deles.

a) RAO de heave

A Figura (5.34) apresenta a comparação realizada entre os RAOs de movimento

do navio Wigley modificado com e sem o efeito da interferência hidrodinâmica.

Figura 5.34 – RAO de movimento de heave do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com efeito de interferência hidrodinâmica

Da Figura (5.34), verifica-se que o efeito da interferência hidrodinâmica sobre o RAO

de movimento produz efeitos relevantes para as frequências de encontro baixas e estes

efeitos desaparecem com o incremento da frequência, como esperado. Este

comportamento é devido a que as ondas irradiadas e difratadas pelo navio vizinho que

afetam as forças de irradiação e as forças de excitação, diminuem com o incremento da

frequência de encontro.

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113

Verifica-se também que o movimento na região de ressonância é incrementado devido à

redução do amortecimento de heave B33’ e aos valores negativos do amortecimento de

interferência hidrodinâmica de heave E33’ nesta região, produzidos pela interferência

de ondas entre os cascos De igual forma, observa-se que para frequências de encontro

baixas, fora da região de ressonância, as amplitudes dos RAOs diminuem devido ao

incremento do amortecimento de heave B33’ e ao amortecimento de interferência

hidrodinâmica de heave E33’.

Comportamento similar do RAO de heave pode ser encontrado em McTAGGART et al.

(2001) e em FANG et al. (1986).

b) RAO de pitch

A Figura (5.35) apresenta a comparação realizada entre os RAOs de movimento

do navio Wigley modificado com e sem o efeito da interferência hidrodinâmica.

Figura 5.35 – RAO de movimento de pitch do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com efeito de interferência

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114

Da Figura (5.35) verifica-se que o efeito da interferência hidrodinâmica afeta o RAO de

pitch dos navios em toda a faixa de frequências consideradas e este efeito vai

diminuindo conforme o incremento da frequência, como esperado. As amplitudes do

RAO na região de ressonância são incrementados principalmente pelos acoplamentos

com o movimento de heave.

c) RAO de sway

A Figura (5.36) apresenta o RAO de sway sobre o navio produzido pela

interação hidrodinâmica com o vizinho.

Figura 5.36 – Rao de movimento de sway do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com efeito de interferência

Da Figura (5.36) verifica-se que o RAO de sway atinge os valores máximos em baixas

frequências, devido a que as ondas difratadas nesta região são maiores e mais

energéticas. Verifica-se também que as amplitudes destes RAOs diminuem com o

incremento da frequência de encontro. Este comportamento é devido as ondas difratadas

serem menores. A amplitude do movimento de sway pode afetar as características de

manobrabilidade.

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115

d) RAO de roll

A Figura (5.37) apresenta o RAO de roll sobre o navio produzido pela interação

hidrodinâmica com o vizinho.

Figura 5.37 – Rao de movimento de roll do navio Wigley modificado Fn = 0.20 com efeito de interferência

Da Figura (5.37) verifica-se que o RAO de roll produzido pelo efeito da interferência

hidrodinâmica das ondas difratadas do navio vizinho atinge seus valores máximos em

baixas frequências. Note-se que no caso destes navios navegarem sem efeito de

interferência hidrodinâmica, as amplitudes destes movimentos são nulas.

Segundo McTAGGART et al. (2001), os ângulos de roll induzidos num navio, pela

presença de outro, podem produzir problemas de estabilidade. Portanto, este movimento

induzido deve ser analisado, já que dependendo das condições de mar, os ângulos de

roll atingidos podem produzir o emborcamento do navio vizinho.

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116

5.4.5 Influência da distância entre cascos

A distância de separação entre os dois cascos Wigley modificado é

incrementada, para analisar o efeito desta sobre a interferência hidrodinâmica. As

diferentes distâncias de separação são mostradas na seguinte tabela:

Tabela 5.14 – Distâncias de separação entre os navios

O efeito destas variações é analisado através de uma análise comparativa, utilizando os

RAOs de movimento de heave, pitch, sway e roll.

A Figura (5.38) e Figura (5.39) apresentam a influência da distância entre os cascos

sobre os RAOs de heave e pitch, respectivamente.

Figura 5.38 – Variação da distância de separação entre os cascos sobre o RAO de heave

DistânciaCaso 1 0.2L Caso 2 0.4L Caso 3 1.0L Caso 4 Inf

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117

Figura 5.39 – Variação da distância de separação entre os cascos sobre o RAO de pitch

Da Figura (5.38) e Figura (5.39) pode-se verificar que o efeito da interferência

hidrodinâmica diminui com o incremento da distância de separação, o qual era

esperado, pois o efeito das ondas irradiadas e difratadas entre os navios diminui com o

incremento da distância entre eles. Para o caso 3, ou seja, para uma distância de

separação equivalente a um comprimento dos navios envolvidos, os efeitos de

interferência praticamente desaparecem.

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118

A Figura (5.40) e Figura (5.41) apresentam os RAOs de sway e roll, para várias

distâncias de separação.

Figura 5.40 – Variação da distância de separação entre os cascos sobre o RAO de roll

Figura 5.41 – Variação da distância de separação entre os cascos sobre o RAO de sway

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119

Da Figura (5.40) e Figura (5.41) pode-se verificar que a amplitude destes movimentos

diminui com o incremento da distância de separação. O qual era esperado uma vez que

o efeito das ondas difratadas pelos navios diminuem com o incremento da separação

entre eles. Note-se que amplitudes destes RAOs não desaparecem por completo no Caso

3, que é a maior distância de separação considerada. Para as frequências de encontro

menores ωE < 3.0, ainda existem amplitudes significativas destes movimentos, porque

as ondas irradiadas e difratadas são longas e com energia suficiente para poder excitar

estes movimentos.

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120

5.4.6 Influência da velocidade sobre a interferência hidrodinâmica

A influência da velocidade de avanço é avaliada no caso dos dois navios Wigley

modificado, navegando na configuração side by side, com uma distância de separação

de 0.2L.

Sua influência sobre as forças de interferência hidrodinâmica é avaliada através de uma

análise comparativa. Para isto, são utilizadas as forças de irradiação, de interferência

hidrodinâmica e RAOs de heave e roll.

As Figuras (5.42) e (5.43) apresentam a influência da variação da velocidade de avanço

sobre os RAOs de movimento de heave e pitch respectivamente.

Figura 5.42 – Variação do Rao de heave com o incremento do número de Froude

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121

Figura 5.43 – Variação do Rao de pitch com o incremento do número de Froude

Das Figuras (5.42) e (5.43), verifica-se que estes RAOs de movimento incrementam

suas amplitudes com o incremento da velocidade em toda a faixa de frequências

considerada, principalmente, na região de ressonância. Este comportamento é devido às

ondas irradiadas e difratadas que incrementam seus comprimentos com o aumento da

velocidade de avanço. Por tanto, os efeitos de interferência de ondas são também mais

relevantes.

As Figuras (5.44) e (5.45) apresentam a influência da variação da velocidade de avanço

sobre os RAOs de movimento de roll e sway respectivamente.

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122

Figura 5.44 – Variação do Rao de roll com o incremento do número de Froude

Figura 5.45 – Variação do Rao de sway com o incremento do número de Froude

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123

Das Figuras (5.44) e (5.45), pode-se verificar que o incremento da velocidade

produz a diminuição das amplitudes destes movimentos. Este comportamento deve-se

ao fato de que as forças de difração originadas pela interferência hidrodinâmica entre os

cascos se reduzem com o incremento da velocidade de avanço.

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124

Capítulo 6 Conclusões e Trabalhos Futuros 6.1 Geral

Neste trabalho de tese desenvolveu-se um software baseado no método dos

painéis de Rankine para a representação e análise do problema da interferência

hidrodinâmica sobre os movimentos de dois navios com velocidade de avanço,

navegando na configuração side by side em ondas longitudinais de proa. Este trabalho

foi realizado por etapas distintas:

- a primeira consistiu da comprovação da efetividade desta metodologia na

representação do efeito da velocidade de avanço sobre os movimentos de um único

navio com velocidade de avanço em ondas longitudinais de proa.

- a segunda consistiu da comprovação e análise do efeito da interferência

hidrodinâmica entre os cascos de um catamarã com velocidade de avanço sobre seus

movimentos.

- em seguida, uma vez comprovado que a presente metodologia era capaz de

representar o efeito da velocidade de avanço e os efeitos da interferência hidrodinâmica

produzidos entre os cascos de um catamarã, desenvolveu-se a determinação da

interferência hidrodinâmica entre dois navios independentes no arranjo side by side com

velocidade de avanço.

A seguir serão apresentadas as conclusões mais relevantes desta tese.

6.2 Comportamento em ondas de único navio com velocidade de avanço

• O software SHIPWAVE representou bem a física do problema do comportamento

em ondas com velocidade de avanço, conseguindo identificar de maneira

consistente a sua influência sobre os RAO’s dos movimentos de heave e pitch dos

navios Wigley modificado e Série60 Cb=0.70, utilizados no processo de

validação. A qualidade dos resultados obtidos sugere que este software pode ser

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125

utilizado como eficiente auxílio para a otimização e pesquisa de formas de

cascos, adotando-se como critério a redução dos seus movimentos.

No entanto, as diferenças quantitativas encontradas entre os resultados do

software SHIPWAVE e os resultados experimentais indicam a necessidade de

estudos adicionais que possam garantir maior convergência e confiabilidade aos

presentes resultados numéricos.

• Comparado a outros softwares disponíveis, o SHIPWAVE conseguiu representar

melhor o efeito da velocidade de avanço sobre os movimentos, indicando maior

qualidade da sua formulação matemática para a descrição do fenômeno.

• As maiores diferenças entre os resultados numéricos e experimentais apareceram

no casco Serie 60 Cb=0.70. A explicação deste comportamento deve-se aos

grandes gradientes geométricos na proa e popa que produzem grandes variações

na superfície submersa do casco. Portanto, a presente metodologia pode ser

aperfeiçoada com a atualização da superfície em cada instante do tempo a fim de

reduzir este efeito na solução do problema.

6.3 Interferência hidrodinâmica entre navios com velocidade de avanço

• A metodologia desenvolvida permitiu capturar os efeitos de interferência

hidrodinâmica presentes no comportamento em ondas de catamarãs com

velocidade de avanço de forma bastante adequada. Os RAO´s de movimento,

obtidos numericamente, apresentaram as características esperadas.

• O software SHIPWAVE permitiu estudar o problema da interferência

hidrodinâmica entre dois navios com velocidade de avanço. Verificou-se a

independência do efeito da velocidade de avanço das forças hidrodinâmicas de

irradiação de sway, heave e roll. Os resultados obtidos também indicaram que o

efeito de ressonância de Helmholtz não é relevante no caso de navios com

velocidade de avanço.

• O efeito da interferência hidrodinâmica sobre os movimentos de heave e pitch dos

navios no arranjo side by side produziram incrementos nas suas amplitudes,

sobretudo na região da ressonância. Estes efeitos foram diminuindo com o

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126

incremento da frequência devido à diminuição do comprimento das ondas

irradiadas.

• Os efeitos de interferência hidrodinâmica sobre as forças de difração dos

movimentos de heave e pitch não tiveram muita influência. Estas forças

hidrodinâmicas mantiveram-se praticamente inalteradas. De outro modo, o

movimento de roll induzido pelas ondas difratadas do navio vizinho pode chegar a

ser um problema sério de estabilidade, dependendo das condições de mar. Os

resultados obtidos nesta tese ressaltam a necessidade de uma análise da excitação

de movimentos de roll por ondas difratadas por outros navios que estejam

navegando próximos. Por outro lado, o movimento de sway induzido pelas ondas

difratadas do navio vizinho pode afetar as características de manobrabilidade da

embarcação.

• Foi atingido o objetivo principal da tese, desenvolver um código computacional

capaz de determinar a influência da interferência hidrodinâmica sobre os

movimentos de navios com velocidade de avanço, com qualidade suficiente para

avaliar este efeito, pelo menos, no nível de precisão requerido nas primeiras fases

do projeto.

6.4 Propostas para Trabalhos Futuros • Esta metodologia somente pode ser aplicada para navios com velocidade de

avanço e frequências reduzidas maiores que 0.25. No domínio do tempo, esta

limitação pode ser superada, se for modificada a condição de radiação, como

proposto por KRING (1994). Mesmo desta forma, pode-se analisar navios em toda

a faixa de frequências e mesmo com velocidade zero.

• A solução não linear das condições de contorno da superfície livre é necessária

para representar adequadamente os efeitos de navios bojudos com baixa relação

L/B, uma vez que as perturbações produzidas por estes não podem ser

consideradas pequenas pelas hipóteses de linearização.

• A influência da interferência hidrodinâmica entre navios de diferentes dimensões é

uma análise que ainda precisa ser realizada.

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127

• A determinação da interferência hidrodinâmica entre dois navios com diferentes

velocidades e direções opostas é uma análise que seria de grande interesse prático,

uma vez que se poderia avaliar o comportamento de navios nas proximidades de

um porto.

• A atualização da superfície submersa dos cascos pelo trem de ondas produzido

pelo avanço dos navios no problema da interferência hidrodinâmica sobre os

movimentos de dois navios no arranjo side by side, produziria uma melhor

definição da contribuição do potencial permanente.

• Avaliação do efeito da interferência hidrodinâmica para seis graus de liberdade e

em diferentes ângulos de incidência de ondas.

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135

APÊNDICE I

CORREÇÃO DOS COEFICIENTES HIDRODINÂMICOS PARA INCLUIR O EFEITO DA VELOCIDADE DE AVANÇO

Os coeficientes hidrodinâmicos correspondentes as massas adicionais e amortecimentos

potenciais de navios com velocidade zero são corrigidos para incluir o efeito da

velocidade de avanço seguindo a metodologia proposta por SALVENSEN et al. (1970).

Esta metodologia é estendida por FANG et al. (1986) para incluir o efeito da velocidade

de avanço sobre os coeficientes hidrodinâmicos de interferência hidrodinâmica.

I.1 Coeficientes hidrodinâmicos de Heave

033

U33 AA = I.1

033

U33 BB = I.2

033

U33 DD = I.3

033

U33 EE = I.4

I.2 Coeficientes hidrodinâmicos de pitch

0332

2055

U55 AUAA

ω+=

I.5

0332

2055

U55 BUBB

ω+=

I.6

0332

2055

U55 DUDD

ω+=

I.7

0332

2055

U55 EUEE

ω+=

I.8

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136

I.3 Coeficientes hidrodinâmicos de heave-pitch

0332

035

U35 BUAA

ω+=

I.9

033

035

U35 AUBB −= I.10

0332

035

U35 DUDD

ω+=

I.11

033

035

U35 EUEE −= I.12

I.4 Coeficientes hidrodinâmicos de pitch-heave

0332

053

U53 BUAA

ω−=

I.13

033

053

U53 AUBB += I.14

0332

053

U53 DUDD

ω−=

I.15

033

053

U53 EUEE += I.16

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137

APÊNDICE II

MASSAS ADICIONAIS E AMORTECIMENTOS POTENCIAIS DO NAVIO WIGLEY MODIFICADO

II.1 Massas adicionais e Amortecimentos Potenciais

a) Graus de liberdade de Surge, Sway, Roll e Yaw

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.01

0.02

0.03

0.04

A11'-SHIPWAVEA11'-WAMITA11'-HANSEL

MASSA ADICIONAL DESURGE DEVIDO A SURGE

WIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

A11

'

WE' 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 60

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

B11'-SHIPWAVEB11'-WAMITB11'-HANSEL

AMORTECIMENTO POTENCIAL DESURGE DEVIDO A SURGE

WIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30B11

'

WE'

Figura II.1 – Massa adicional e amortecimento potencial de surge devido a surge A11 do navio Wigley Modificado Fn=0.30

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.5

1

1.5

2

2.5

3

A22'-SHIPWAVEA22'-WAMITA22'-HANSEL

MASSA ADICIONAL DESWAY DEVIDO A SWAY

WIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

A22

'

WE' 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

2

4

6

8

10

B22'-WAMITB22'-SHIPWAVEB22'-HANSEL

AMORTECIMENTO POTENCIAL DESWAY DEVIDO A SWAY

WIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

B22

'

WE' Figura II.2 – Massa adicional e amortecimento potencial de sway devido a sway A22

do navio Wigley Modificado Fn=0.30

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138

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.0002

0.0004

0.0006

0.0008

A44'-SHIPWAVEA44'-WAMITA44'-HANSEL

MASSA ADICIONAL DEROLL DEVIDO A ROLL

WIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

A44

'

WE' 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.0005

0.001

0.0015

0.002

B44'-SHIPWAVEB44'-WAMITB44'-HANSEL

AMORTECIMENTO POTENCIAL DEROLL DEVIDO A ROLL

WIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

B44

'

WE'

Figura II.3 – Massa adicional e amortecimento potencial de roll devido a roll A44 do navio Wigley Modificado Fn=0.30

1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

A66'-SHIPWAVEA66'-WAMITA66'-HANSEL

WE'

A66

'

MASSA ADICIONAL DEYAW DEVIDO A YAW

WIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.50

0.5

1

1.5

B66'-SHIPWAVEB66'-WAMITB66'-HANSEL

WE'

B66

' AMORTECIMENTO POTENCIAL DEYAW DEVIDO A YAW

WIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

Figura II.4 – Massa adicional e amortecimento potencial de yaw devido a yaw A66 e

B66 do navio Wigley Modificado Fn=0.30

Page 152: INTERFERÊNCIA HIDRODINÂNIMICA NO COMPORTAMENTO EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/CesarAugustoSalhuaMoreno.pdf · 5.4 Resultados da interferência hidrodinâmica sobre o comportamento

139

b) Graus de liberdade de Heave e Pitch

1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

A33'-EXPERIMENTALA33'-SHIPWAVEA33'-WAMITA33'-HANSEL

WE'

A33

'

MASSA ADICIONAL DE HEAVEDEVIDO A HEAVE

WIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.5

1

1.5

2

2.5

B33'-EXPERIMENTALB33'-SHIPWAVEB33'-WAMITB33'-HANSEL

WE'

B33

'

AMORTECIMENTO POTENCIALDE HEAVE DEVIDO A HEAVE

WIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

Figura II.5 – Massa adicional e amortecimento potencial de heave devido a heave A33 e B33 do navio Wigley Modificado Fn=0.30

1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

A35'-EXPERIMENTALA35'-SHIPWAVEA35'-WAMITA35'-HANSEL

WE'

A35

'

MASSA ADICIONAL DEHEAVE DEVIDO A PITCH

WIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

B35'-EXPERIMENTALB35'-SHIPWAVEB35'-WAMITB35'-HANSEL

WE'

B35

'AMORTECIMENTO POTENCIAL DE

HEAVE DEVIDO A PITCHWIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

Figura II.6 – Massa adicional e amortecimento potencial de heave devido a pitch A35 e B35 do navio Wigley Modificado Fn=0.30

Page 153: INTERFERÊNCIA HIDRODINÂNIMICA NO COMPORTAMENTO EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/CesarAugustoSalhuaMoreno.pdf · 5.4 Resultados da interferência hidrodinâmica sobre o comportamento

140

1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

A53'-EXPERIMENTALA53'-SHIPWAVEA53'-WAMITA53'-HANSEL

WE'

A53

'

MASSA ADICIONAL DEPITCH DEVIDO A HEAVE

WIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

B53'-EXPERIMENTALB53'-SHIPWAVEB53'-WAMITB53'-HANSEL

WE'

B53

'

AMORTECIMENTO POTENCIAL DEPITCH DEVIDO A HEAVE

WIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

Figura II.7 – Massa adicional e amortecimento potencial de pitch devido a heave A53 e

B53 do navio Wigley Modificado Fn=0.30

1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.05

0.1

0.15A55'-EXPERIMENTALA55'-SHIPWAVEA55'-WAMITA55'-HANSEL

WE'

A55

' MASSA ADICIONAL DE PITCHDEVIDO A PITCH

WIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

B55'-EXPERIMENTALB55'-SHIPWAVEB55'-WAMITB55'-HANSEL

WE'

B55

'AMORTECIMENTO POTENCIAL

DE PITCH DEVIDO A PITCHWIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

Figura II.8 – Massa adicional e amortecimento potencial de pitch devido a heave A55 e B55 do navio Wigley Modificado Fn=0.30

Page 154: INTERFERÊNCIA HIDRODINÂNIMICA NO COMPORTAMENTO EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/CesarAugustoSalhuaMoreno.pdf · 5.4 Resultados da interferência hidrodinâmica sobre o comportamento

141

II.2 Forças de Excitação

a) Força de Excitação para ângulo de incidência = 180°

WE'

F11'

1 2 3 4 5 6 70

0.5

1

1.5

2

2.5

3

F11'- SHIPWAVEF11'- WAMITF11'- HANSEL

Figura II.9 – Força de excitação de surge do navio Wigley modificado para um

ângulo de incidência de 180° e Fn = 0.30

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

5

10

15

20

F33'-EXPERIMENTALF33'-SHIPWAVEF33'-WAMITF33'-HANSEL

WE'

F33'

FORÇA DE EXCITAÇÃO DEHEAVE - F33' - ANG = 180°

WIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

Figura II.10 – Força de excitação de heave do navio Wigley modificado para um

ângulo de incidência de 180°

Page 155: INTERFERÊNCIA HIDRODINÂNIMICA NO COMPORTAMENTO EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/CesarAugustoSalhuaMoreno.pdf · 5.4 Resultados da interferência hidrodinâmica sobre o comportamento

142

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

1

2

3

4

5

6

M55'-EXPERIMENTALM55'-SHIPWAVEM55'-WAMITM55'-HANSEL

WE'

M55

'

MOMENTO DE EXCITAÇÃO DEPITCH - M55' - ANG = 180°

WIGLEY MODIFICADO - FN = 0.30

Figura II.11 – Momento de excitação de pitch do navio Wigley modificado para um

ângulo de incidência de 180°

b) Força de Excitação para ângulo de incidência = 135°

WE'

F11'

1 2 3 4 5 60

1

2

3

4

F11' - SHIPWAVEF11' - WAMITF11' - HANSEL

WE'

F22'

0 1 2 3 4 5 6 70

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

F22' - SHIPWAVEF22' - WAMITF22' - HANSEL

Figura II.12 – Força de excitação de surge do navio Wigley modificado para

um ângulo de incidência de 135° e Fn=0.30

Figura II.13 – Força de excitação de sway do navio Wigley modificado para um ângulo de incidência de 135° e Fn =

0.30

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143

F33'

1 2 3 4 5 60

4

8

12

16

20

F33' - SHIPWAVEF33' - HANSELF33' - WAMIT

WE' WE'

M44

'

0 1 2 3 4 5 6 70

0.04

0.08

0.12

0.16

M44' - SHIPWAVEM44' - WAMITM44' - HANSEL

Figura II.14 – Força de excitação de heave do navio Wigley modificado para

um ângulo de incidência de 135° e Fn=0.30

Figura II.15 – Momento de excitação de roll do navio Wigley modificado para um ângulo de incidência de 135° e Fn = 0.30

M55

'

1 2 3 4 5 60

1

2

3

4

M55' - SHIPWAVEM55' - WAMITM55' - HANSEL

WE'

M66

'

1 2 3 4 5 60

1

2

3

4

M66' - SHIPWAVEM66' - WAMITM66' - HANSEL

WE' Figura II.16 – Força de excitação de

pitch do navio Wigley modificado para um ângulo de incidência de 135° e

Fn=0.30

Figura II.17 – Momento de excitação de yaw do navio Wigley modificado para um ângulo de incidência de 135° e Fn = 0.30

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144

c) Força de Excitação para ângulo de incidência = 90°

WE'

F22'

0 2 4 6 80

5

10

15

20

F22' - SHIPWAVEF22' - WAMITF22' - HANSEL

Figura II.18 – Força de excitação de sway do navio Wigley modificado para um

ângulo de incidência de 90° e Fn = 0.30

WE'

M44

'

0 2 4 6 80

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

M44' - SHIPWAVEM44' - WAMITM44' - HANSEL

Figura II.19 – Força de excitação de roll do navio Wigley modificado para um ângulo

de incidência de 90° - Fn = 0.30

Page 158: INTERFERÊNCIA HIDRODINÂNIMICA NO COMPORTAMENTO EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/CesarAugustoSalhuaMoreno.pdf · 5.4 Resultados da interferência hidrodinâmica sobre o comportamento

145

WE'

F33'

0 2 4 60

5

10

15

20

25

F33' - SHIPWAVEF33' - WAMITF33' - HANSEL

Figura II.20 – Força de excitação de heave do navio Wigley modificado para um

ângulo de incidência de 90° - Fn = 0.30

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APÊNDICE III

MASSAS ADICIONAIS E AMORTECIMENTOS POTENCIAIS DO NAVIO SERIE 60 CB=0.70

III.1 Massas adicionais e amortecimentos potenciais

a) Graus de liberdades de Surge, Sway, Roll e Yaw

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.02

0.04

0.06

0.08

0.1

A11'-SHIPWAVEA11'-WAMITA11'-HANSEL

A11

'

WE'

MASSA ADICIONAL DESURGE DEVIDO A SURGE

SERIE60 - CB = 0.70 - FN = 0.20

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.1

0.2

0.3

B11'-SHIPWAVEB11'-WAMITB11'-HANSEL

B11

'

WE'

AMORTECIMENTO POTENCIAL DESURGE DEVIDO A SURGE

SERIE60 - CB = 0.70 - FN = 0.20

Figura III.1 – Massa adicional e amortecimento potencial de surge devido a surge A11

do navio Serie 60 – Cb=0.70 Fn=0.20

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

2

A22'-EXPERIMENTALA22'-SHIPWAVEA22'-WAMITA22'-HANSEL

A22

'

WE'

MASSA ADICIONAL DESWAY DEVIDO A SWAY

SERIE60 - CB = 0.70 - FN = 0.20

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

2

A22'-EXPERIMENTALA22'-SHIPWAVEA22'-WAMITA22'-HANSEL

A22

'

WE'

MASSA ADICIONAL DESWAY DEVIDO A SWAY

SERIE60 - CB = 0.70 - FN = 0.20

Figura III.2 – Massa adicional e amortecimento potencial de sway devido a sway A22

do navio Serie 60 – Cb = 0.70 Fn=0.20

146

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2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.0005

0.001

0.0015

0.002

A44'-EXPERIMENTALA44'-SHIPWAVEA44'-WAMITA44'-HANSEL

A44

'

WE'

MASSA ADICIONAL DEROLL DEVIDO A ROLL

SERIE60 - CB = 0.70 - FN = 0.20

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.0002

0.0004

0.0006

0.0008

0.001

0.0012

B44'-EXPERIMENTALB44'-SHIPWAVEB44'-WAMITB44'-HANSEL

B44

'

WE'

AMORTECIMENTO POTENCIAL DEROLL DEVIDO A ROLL

SERIE60 - CB = 0.70 - FN = 0.20

Figura III.3 – Massa adicional e amortecimento potencial de roll devido a roll A44 do navio Serie 60 – Cb = 0.70 Fn=0.20

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.05

0.1

0.15

0.2

A66'-EXPERIMENTALA66'-SHIPWAVEA66'-WAMITA66'-HANSEL

A66

'

WE'

MASSA ADICIONAL DEYAW DEVIDO A YAW

SERIE60 - CB = 0.70 - FN = 0.20

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.2

0.4

0.6

0.8

1

B66'-EXPERIMENTALB66'-SHIPWAVEB66'-WAMITB66'-HANSEL

B66

'

WE'

AMORTECIMENTO POTENCIAL DEYAW DEVIDO A YAW

SERIE60 - CB = 0.70 - FN = 0.20

Figura III.4 – Massa adicional e amortecimento potencial de yaw devido a yaw A66 e

BB66 do navio Serie 60 – Cb = 0.70 Fn=0.20

b) Graus de liberdade de Heave e Pitch

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

A33'-WAMITA33'-SHIPWAVEA33'-EXPERIMENTALA33'-HANSEL

MASSA ADICIONAL DEHEAVE DEVIDO A HEAVE

SERIE 60 - CB=0.70 - FN=0.20

WE'

A33

'

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.5

1

1.5

2

2.5

3

B33'-EXPERIMENTALA33'-SHIPWAVEB33'-WAMITB33'-HANSEL

AMORTECIMENTO POTENCIAL DEHEAVE DEVIDO A HEAVE

SERIE 60 - CB=0.70 - FN=0.20

WE'

B33

'

Figura III.5 – Massa adicional e amortecimento potencial de heave devido a heave A33 e B33 do navio Serie 60 – Cb = 0.70 Fn=0.20

147

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2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6-0.2

-0.15

-0.1

-0.05

0

0.05

0.1

A35'-EXPERIMENTALA35'-SHIPWAVEA35'-WAMITA35'-HANSEL

MASSA ADICIONAL DEHEAVE DEVIDO A PITCH

SERIE 60 - CB=0.70 - FN=0.20

WE'

A35

'

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 60

0.5

1

1.5

B35'-EXPERIMENTALB35'-SHIPWAVEB35'-WAMITB35'-HANSEL

AMORTECIMENTO POTENCIAL DEHEAVE DEVIDO A PITCH

SERIE 60 - CB=0.70 - FN=0.20

WE'

B35

'

Figura III.6 – Massa adicional e amortecimento potencial de heave devido a pitch A35

e B35 do navio Serie 60 – Cb = 0.70 Fn=0.20

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6-0.05

0

0.05

0.1

0.15

0.2

A53'-WAMITA53'-EXPERIMENTALA53'-SHIPWAVEA53'-HANSEL

MASSA ADICIONAL DEPITCH DEVIDO A HEAVE

SERIE 60 - CB=0.70 - FN=0.20

WE'

A53

'

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

B53'-EXPERIMENTALB53'-SHIPWAVEB53'-WAMITB53'-HANSEL

AMORTECIMENTO POTENCIAL DEPITCH DEVIDO A HEAVE

SERIE 60 - CB=0.70 - FN=0.20

WE'

B53

'

Figura III.7 – Massa adicional e amortecimento potencial de pitch devido a heave A53 e B53 do navio Serie 60 – Cb = 0.70 Fn=0.20

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.05

0.1

0.15

0.2

A55'-WAMITA55'-SHIPWAVEA55'-EXPERIMENTALA55'-HANSEL

MASSA ADICIONAL DEPITCH DEVIDO A PITCH

SERIE 60 - CB=0.70 - FN=0.20

WE'

A55

'

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

B55'-EXPERIMENTALB55'-SHIPWAVEB55'-WAMITB55'-HANSEL

AMORTECIMENTO POTENCIAL DEPITCH DEVIDO A PITCH

SERIE 60 - CB=0.70 - FN=0.20

WE'

B55

'

Figura III.8 – Massa adicional e amortecimento potencial de pitch devido a heave A55 e BB55 do navio Serie 60 – Cb = 0.70 Fn=0.20

148

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III.2 Forças de Excitação

a) Força de Excitação para ângulo de incidência = 180°

Fn

F1'

0 1 2 3 4 5 6 7 80

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

F11' - SHIPWAVEF11' - WAMITF11' - HANSEL

Figura III.9 – Força de excitação de surge do navio Serie 60 – Cb = 0.70 para um

ângulo de incidência de 180°

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

2

4

6

8

10

12

14

F33'-SHIPWAVEF33'-WAMITF33'-HANSEL

FORÇA DE EXCITAÇÃO DEHEAVE - F33' - ANG = 180°

SERIE 60 - CB=0.70 - FN=0.20

WE'

F33'

Figura III.10 – Força de excitação de heave do navio Serie 60 – Cb = 0.70 para um

ângulo de incidência de 180°

149

Page 163: INTERFERÊNCIA HIDRODINÂNIMICA NO COMPORTAMENTO EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/CesarAugustoSalhuaMoreno.pdf · 5.4 Resultados da interferência hidrodinâmica sobre o comportamento

2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.50

0.5

1

1.5

2

2.5

3

M55'-SHIPWAVEM55'-WAMITM55'-HANSEL

MOMENTO DE EXCITAÇÃO DEPITCH - M55' - ANG = 180°

SERIE 60 - CB=0.70 - FN=0.20

WE'

M55

'

Figura III.11 – Momento de excitação de pitch do navio Serie 60 – Cb = 0.70 para um

ângulo de incidência de 180°

b) Força de Excitação para ângulo de incidência = 135°

WE'

F11'

1 2 3 4 5 60

1

2

3

4

F11' - SHIPWAVEF11' - WAMITF11' - HANSEL

WE'

F22'

1 2 3 4 5 60

2

4

6

8

10

F22' - SHIPWAVEF22' - WAMITF22' - HANSEL

Figura III.12 – Força de excitação de surge do navio Serie 60 Cb=0.70 para um ângulo de incidência de 135° e Fn=0.20

Figura III.13 – Força de excitação de sway do navio Serie 60 Cb=0.70 para um ângulo de incidência de 135° e Fn = 0.20

150

Page 164: INTERFERÊNCIA HIDRODINÂNIMICA NO COMPORTAMENTO EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/CesarAugustoSalhuaMoreno.pdf · 5.4 Resultados da interferência hidrodinâmica sobre o comportamento

WE'

F33'

1 2 3 4 5 60

4

8

12

16

F33' - SHIPWAVEF33' - WAMITF33' - HANSEL

WE'

M44

'

1 2 3 4 5 60

0.02

0.04

0.06

M44' - SHIPWAVEM44' - WAMITM44' - HANSEL

Figura III.14 – Força de excitação de heave do navio Serie 60 Cb=0.70 para um ângulo de incidência de 135° e Fn=0.20

Figura III.15 – Momento de excitação de roll do navio Serie 60 Cb=0.70 para um

ângulo de incidência de 135° e Fn = 0.20

WE'

M55

'

1 2 3 4 5 60

1

2

3

4

M55' - SHIPWAVEM55' - WAMITM55' - HANSEL

WE'

M66

'

1 2 3 4 5 60

1

2

3

4

M66' - SHIPWAVEM66' - WAMITM66' - HANSEL

Figura III.16 – Força de excitação de pitch do navio Serie 60 Cb=0.70 para um ângulo de incidência de 135° e Fn=0.20

Figura III.17 – Momento de excitação de yaw do navio Serie 60 Cb=0.70 para um ângulo de incidência de 135° e Fn = 0.20

151

Page 165: INTERFERÊNCIA HIDRODINÂNIMICA NO COMPORTAMENTO EM …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/CesarAugustoSalhuaMoreno.pdf · 5.4 Resultados da interferência hidrodinâmica sobre o comportamento

c) Força de Excitação para ângulo de incidência = 90°

WE'

F22'

2 3 4 5 60

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

F22' - SHIPWAVEF22' - WAMITF22' - HANSEL

Figura III.18 – Força de excitação de sway do navio Serie 60 Cb=0.70 para um

ângulo de incidência de 90° e Fn = 0.20

WE'

F33'

2 3 4 5 6 70

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

F33' - SHIPWAVEF33' - WAMITF33' - HANSEL

Figura III.19 – Força de excitação de heave do navio Serie 60 Cb=0.70 para um

ângulo de incidência de 90° e Fn = 0.20

152