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Instituto Politécnico de Coimbra Instituto Superior de Engenharia Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia Nelson Miguel Caldeira Brás Relatório de Estágio para obtenção do Grau de Mestre em Automação e Comunicações em Sistemas de Energia COIMBRA Dezembro 2011

Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

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Instituto Politécnico de Coimbra

Instituto Superior de Engenharia

Intervenção em Redes Elétricas

de Distribuição de Energia

Nelson Miguel Caldeira Brás

Relatório de Estágio para obtenção do Grau de Mestre em

Automação e Comunicações em Sistemas de Energia

COIMBRA

Dezembro 2011

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Instituto Politécnico de Coimbra

Instituto Superior de Engenharia

Intervenção em Redes Elétricas

de Distribuição de Energia

Orientadores:

Adelino Pereira

Prof. Adjunto, ISEC

Dulce Coelho

Prof. Adjunta, ISEC

Eng.º José Rodrigues Cardoso

Empresa Bragalux

Nelson Miguel Caldeira Brás

Relatório de Estágio para obtenção do Grau de Mestre em

Automação e Comunicações em Sistemas de Energia

COIMBRA

Dezembro 2011

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, tenho de agradecer à minha família pelo apoio incondicional prestado

durante esta fase da minha vida. Agradeço todo o esforço, sem o qual não tinha sido possível

chegar ao fim desta etapa.

O meu agradecimento ao Eng.º José Cardoso pela disponibilidade permanente para ajudar

e pela compreensão nas diversas fases do estágio.

Quero também agradecer aos meus orientadores, Eng.ª Dulce Coelho e Doutor Adelino

Pereira, por, em todos os momentos, terem demonstrado toda a sua disponibilidade, no

acompanhamento e ajuda na elaboração deste relatório.

De forma geral, agradeço ainda a todos os colaboradores da empresa Bragalux e da EDP

Distribuição de Aveiro, que direta ou indiretamente contribuíram para o meu crescimento a

nível técnico e pela prestabilidade que sempre demonstraram.

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v

Resumo

A distribuição de energia elétrica tem um papel preponderante no bem-estar e

funcionamento da sociedade atual, pelo que deve ser alvo de uma abordagem séria e cuidada,

tanto a nível técnico como prático.

Este relatório tem como principal objetivo o enquadramento das várias atividades

desenvolvidas no setor da distribuição de energia, desde a construção à manutenção.

Apresenta ainda uma descrição do trabalho desenvolvido durante o estágio, onde se analisam

algumas das tarefas associadas às redes elétricas de Baixa (BT) e Média Tensão (MT).

O trabalho decorreu em contexto operacional, durante nove meses, ao serviço da

Bragalux, SA, na Área Operacional de Aveiro. Durante este período foram desenvolvidas

experiências no contexto real do dia-a-dia dos processos envolvidos na distribuição de energia

elétrica, incluindo: construção de novos troços, gestão de materiais, gestão de equipas,

acompanhamento de todo o processo de gestão de avarias, bem como várias questões

englobadas nas atividades de orçamentação.

Devido à diversificação das atividades e conceitos apreendidos nesta área optou-se por

destacar as atividades base, tais como os processos necessários para atingir os objetivos

propostos. Uma vez que todas as atividades são geridas por objetivos, é necessário uma

análise e verificação sistemáticas aos processos diariamente implementados, para garantir as

metas acordadas.

O estágio teve como objetivo a integração no mundo do trabalho, o que obrigou a

assumir responsabilidades, a aplicar os conhecimentos teóricos em situações práticas, a

desenvolver capacidades de decisão e a superar desafios propostos.

Palavras-chave: Energia Elétrica; Redes de Distribuição; Redes de Baixa Tensão; Redes de

Média Tensão

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Abstract

Electricity distribution has a major role in the well-being and functioning of modern

societies. In this context, electricity distribution should be handled through the use of a

serious and thorough approach, both from technical and practical points of view.

This report aims at presenting the framework of the various activities in the field of

electricity distribution, from construction to maintenance. A description of the work carried

out during this training phase is also provided, where it was discuss some of the tasks

associated with the electricity networks of low and medium voltage.

The work took place in an operational context, during a nine month period in

Bragalux, SA, at the Operational Area of Aveiro. During this period experiments were carried

out in a real day-to-day context involved in the distribution of electricity, including:

construction of new sections, materials management, team management, monitoring the

whole process of failures management, and different issues related with budgeting activities.

Due to the diversification of activities and concepts learned in this area it was decided

to focus on the basic activities, in particular in those assuring the accomplishment of the

targets and goals imposed. Since all the activities are only managed through the use of goals

and specific targets (and measures), a systematic review and verification of the processes

implemented is needed to ensure targets achievements on a daily basis.

The main purpose of this training phase was to allow for the integration in the real

labor market, forcing us to assume responsibilities, to apply theoretical knowledge in real

situations, to develop decision's skills and to overcome the challenges faced.

Keywords: Distribution Networks, Electricity; Low Voltage Networks, Medium Voltage

Networks

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Índice

Agradecimentos iii

Resumo v

Abstract vii

Índice ix

Lista de Figuras xiii

Lista de Tabelas xv

Nomenclatura xvii

1 Introdução 1

1.1 Enquadramento do Trabalho 1

1.2 Objectivos do Trabalho 2

1.3 Estrutura do Documento 2

2 Rede Baixa Tensão 3

2.1 Características da Rede Baixa Tensão 3

2.1.1 Características das Redes Aéreas 4

2.1.1.1 Redes Aéreas estabelecidas em condutores não isolados 4

2.1.1.2 Redes Aéreas em cabo torçada 5

2.1.1.2.1 Acessórios da rede torçada 6

2.1.1.2.2 Dimensões da Rede 7

2.1.2 Características das Redes Subterrâneas 8

2.1.2.1 Condutores enterrados diretamente no solo 8

2.1.2.2 Condutores entubados 9

2.1.3 Armários de Distribuição 10

2.2 Ligações à Rede de Baixa Tensão 10

2.2.1 Construção dos Elementos de Ligação 10

2.2.2 Encargos com a Ligação 10

2.2.3 Reforço das Redes 11

2.2.4 Portinholas 11

2.2.5 Fusíveis e bases 12

2.2.6 Caixas de contagem 12

2.2.7 Colocação de Equipamentos de Contagem 13

2.2.8 Condutores para ramais 16

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x

2.2.9 Critérios de Dimensionamento das Redes de Baixa Tensão 16

2.2.10 Iluminação Pública 20

3 Rede Média Tensão 21

3.1 Projeto de Postos de Transformação 21

3.1.1 Postos de Transformação Aéreos 22

3.1.2 Postos de Transformação em Cabine 23

3.1.2.1 Postos de Transformação em Cabine Alta (PTCA) 24

3.1.2.2 Postos de Transformação em Cabine Baixa (PTCB) 25

3.2 Linhas de Média Tensão Aéreas (LAMT) 25

3.2.1 Fase da Preparação da Obra 26

3.2.2 Fase de Execução da obra 27

3.3 Linhas de Média Tensão Subterrâneas (LMTS) 38

4 Tarefas Realizadas 45

4.1 Projecto/ Orçamentação 45

4.1.1 Levantamentos Rede Baixa Tensão 45

4.2 Gestão de Obra 47

4.2.1 Gestão de Materiais 48

4.3 Manutenção Postos de Transformação 49

4.3.1 Inspecção a Postos de Transformação 51

4.3.2 Manutenção Integrada 50

4.4 Indicadores Qualidade de Serviço 55

4.4.1 SAIDI- Tempo médio das interrupções do sistema 55

4.4.2 SAIFI- Frequência média das interrupções do sistema 56

4.4.3 TIEPI-Tempo de interrupção equivalente da potência instalada 57

4.5 Sistema de Gestão de Mobilidade de Equipas 58

4.6 Assistência a Clientes e Manutenção Corretiva 61

4.6.1 Análise por Concelho 62

- Concelho Anadia (AND) 62

- Concelho de Águeda (AGD) 63

- Concelho de Oliveira do Bairro (OBR) 64

4.7 Construção da Linha de Média Tensão Aérea 15 kV ―AE MT AND0234-SGL-

AND‖ 67

5 Conclusões 69

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xi

6 Referências Bibliográficas 71

ANEXO I 73

ANEXO II 75

ANEXO III 77

ANEXO IV 79

ANEXO V 81

ANEXO VI 83

ANEXO VII 85

ANEXO VIII 87

ANEXO IX 89

ANEXO X 91

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Lista de Figuras

Fig. 2.1.Topologia Radial. .......................................................................................................... 3

Fig. 2.2. Disposição da Rede Aérea em condutores não isolados .............................................. 4

Fig. 2.3. Rede Torçada................................................................................................................ 5

Fig. 2.4. Caixa de proteção de rede ............................................................................................ 6

Fig. 2.5. Pinça de Amarração ..................................................................................................... 7

Fig. 2.6. Pinça de Suspensão ...................................................................................................... 7

Fig. 2.7. Distância entre vãos ..................................................................................................... 8

Fig. 2.8. Colocação de cabos diretamente no solo...................................................................... 9

Fig. 2.9. Condutores Subterrâneos.............................................................................................. 9

Fig. 2.10. Armário de Distribuição Tipo X .............................................................................. 10

Fig. 2.11. Instalação de utilização com poste encostado ou intercalado .................................. 13

Fig. 2.12. Instalação de utilização e fachada confinante com a via pública ............................. 14

Fig. 2.13. Instalação em edifícios colectivos ............................................................................ 15

Fig. 3.2. Seccionador e Interruptor-Seccionador ...................................................................... 23

Fig. 3.1. Posto de Transformação Aéreo variante AS e AI ...................................................... 23

Fig. 3.3. Posto de Transformação em cabine alta ..................................................................... 24

Fig. 3.4. Posto de Transformação do Tipo CBU e CBL ........................................................... 25

Fig. 3.5. Piquetagem para colocação de apoios betão de MT .................................................. 27

Fig. 3.6. Funções dos apoios..................................................................................................... 29

Fig. 3.7. Pórtico ........................................................................................................................ 29

Fig. 3.8. Cadeia de suspensão ................................................................................................... 31

Fig. 3.9. Cadeia de Amarração ................................................................................................. 31

Fig. 3.10. Armação tipo esteira horizontal (HPT4) .................................................................. 32

Fig. 3.11. Armação tipo esteira horizontal (HRSFC) ............................................................... 32

Fig. 3.12. Armação tipo triângulo para alinhamento (TAN) .................................................... 33

Fig. 3.13. Armação tipo galhardete para alinhamento (GAN) ................................................. 33

Fig. 3.14. Ligação dos eléctrodos de terra ................................................................................ 35

Fig. 3.15. Execução de terra de proteção .................................................................................. 35

Fig. 3.16. Ligação de poste com Seccionador horizontal à terra .............................................. 36

Fig. 3.17. a) Seccionador Horizontal e b) Seccionador Vertical .............................................. 38

Fig. 3. 18. Abertura de vala e colocação de Passadeira de Acesso .......................................... 40

Fig. 3. 19. Compactação e Reposição de Pavimento ................................................................ 43

Fig. 4.1. Ficha técnica de remodelação de rede ........................................................................ 46

Fig. 4.2. Ficha Técnica de Pedido de Fornecimento de Energia (PFE) .................................... 46

Fig. 4.3. Ficha Técnica de modificação de rede ....................................................................... 47

Fig. 4.4. Aplicação de Gestão de Obras ................................................................................... 48

Fig. 4.5. Aplicação de Controlo de Fornecimento de Materiais ............................................... 48

Fig. 4.6. Aplicação de gestão de Stock ..................................................................................... 49

Fig. 4.7. Seccionador com Isolador danificado ........................................................................ 52

Fig. 4.8. Posto de Transformação sem Terra de Protecção ...................................................... 52

Fig. 4.9. Armário danificado .................................................................................................... 53

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xiv

Fig. 4.10. Anomalias detectadas PT 50 Águeda ...................................................................... 53

Fig. 4.11. Anomalias detectadas na inspecção ao PT 19 Anadia ............................................. 54

Fig. 4.12. Placa de travessia MT danificada ............................................................................ 54

Fig. 4.13. Sistema de Gestão de Equipas (GME) ..................................................................... 60

Fig. 4.14. Distribuição por tipo de Avaria ............................................................................... 62

Fig. 4.15. Tempos de resolução por tipo de Incidente ............................................................. 63

Fig. 4.17. Tempos de resolução por tipo de Incidente ............................................................. 64

Fig. 4.16. Distribuição por tipo de avaria concelho de Águeda ............................................... 63

Fig. 4.18. Tempos de resolução por tipo de Incidente ............................................................. 64

Fig. 4.19. Tempos de Resolução por tipo de Incidente ............................................................ 65

Fig. 4.20. Comparação de tempos entre os Concelhos da AO Aveiro ..................................... 66

Fig. 4.21. Colocação de Apoios, Cadeias de Isoladores e linhas de MT ................................. 68

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xv

Lista de Tabelas

Tabela 2.1.Tipos de Portinholas ............................................................................................... 12

Tabela 2.2. Diâmetro mínimo dos tubos................................................................................... 14

Tabela 2.3. Condutores e respectivas proteções ....................................................................... 16

Tabela 2.4. Comprimentos máximos para cabos subterrâneos enterrados no solo .................. 17

Tabela 2.5. Comprimentos máximos para cabos subterrâneos com tubo ................................. 18

Tabela 2.6. Comprimentos máximos para cabos aéreos ........................................................... 18

Tabela 2.7. Comprimentos máximos admissíveis (Lmax) em redes subterrâneas em função do

fusível utilizado na proteção da canalização contra curto-circuitos (In) .................................. 19

Tabela 2.8. Comprimentos máximos admissíveis (Lmax) em redes aéreas em torçada em

função do fusível utilizado na proteção da canalização contra curto-circuitos (In) ................. 19

Tabela 2.9. Armaduras utilizadas na rede de iluminação pública ............................................ 20

Tabela 3.1. Dimensões interiores da cabine em função da Potência Instalada ........................ 24

Tabela 4.1. Padrões para a Rede de Baixa e Média Tensão ..................................................... 57

Tabela 4.2. Distribuição dos Incidentes por Concelhos ........................................................... 66

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Nomenclatura

Abreviaturas

AO- Área Operacional

AT- Alta Tensão

BT - Baixa Tensão

CENELEC- Comité Europeu de Normalização Eletrotécnica

EDP- Energias de Portugal

IEC-Comissão Eletrotécnica Internacional

IP- Iluminação Pública

MAT- Muito Alta Tensão

MT - Média Tensão

PEAD- Polietileno de Alta Densidade

PEX- Polietileno Reticulado

PFE- Ponto de Fornecimento de Energia

PT- Posto de Transformação

PT AI- Posto de Transformação Aéreo com Interruptor

PT AS- Posto de Transformação Aéreo com Seccionador

QGBT- Quadro Geral Baixa Tensão

RSRDEEBT- Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de Energia Elétrica de

Baixa tensão

RSSPTS-Regulamento de Segurança de Subestações e Postos de Transformação e

Seccionamento

SIT- Sistema Informação Técnica

TET-Trabalho em Tensão

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1

1 Introdução

1.1 Enquadramento do Trabalho

O aumento do número de consumidores e do consumo de energia elétrica, a integração do

crescente número de unidades de produção dispersa, a necessidade da redução das emissões

de gases de efeito de estufa, exigem uma contínua expansão e manutenção da rede elétrica, de

modo a garantir um serviço com os níveis de segurança e de qualidade exigidos.

A garantia de um fornecimento contínuo de energia, seguro e com elevados padrões de

qualidade impõe um aumento significativo dos níveis de exigência no desempenho das

empresas que prestam serviços na rede elétrica.

A expansão e manutenção da rede elétrica devem acompanhar a evolução tecnológica,

tendo em consideração os novos materiais que surgem no mercado, bem como os novos

equipamentos que podem ser utilizados.

A exploração das redes elétricas de energia é um processo que exige, da parte da entidade

responsável, ações de planeamento, projeto e licenciamento de novas instalações elétricas. De

facto, com a evolução socioeconómica, é cada vez mais uma exigência que os serviços

prestados sejam de qualidade, regra à qual não foge o setor energético. Assim, com as

atividades descritas, o explorador da rede elétrica deve ser capaz de elevar a qualidade com

que distribui energia, garantindo que nenhuma carga fica por alimentar, mesmo quando é

necessário, por diversas razões, retirar de serviço algum troço de linha.

A utilização de linhas aéreas é a forma mais económica para se fazer o transporte e

distribuição de energia elétrica, sendo que a sua construção envolve diversas áreas de

engenharia, como electrotecnia, civil, mecânica e de estruturas. Há ainda a necessidade das

linhas serem estabelecidas para operarem em condições de variação de temperatura, podendo,

inclusive, estar sujeitas à formação de gelo nos condutores e apoios.

As redes elétricas aéreas apresentam-se, desde há longos anos, como um elemento

fundamental no sistema de transmissão de energia. Não constituindo, ainda assim, a solução

ótima, trata-se de uma garantia de equilíbrio entre as melhores características económicas e

técnicas para transporte e distribuição de energia elétrica desde os sistemas de produção até

aos consumidores. Em Portugal, pode afirmar-se que existem quatro níveis de redes aéreas,

sendo estas as linhas de Muito Alta Tensão (MAT) (400 kV, 220 kV, 150 kV), Alta Tensão

(AT) (100 kV, 60 kV), Média Tensão (MT) (30 kV, 15kV, 6 kV) e Baixa Tensão (BT) (400

V/230 V). Estando as primeiras associadas a ligações muito extensas, que no fundo

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2

constituem os principais elos da rede elétrica de um país, são estabelecidas a uma tensão mais

elevada, com todas as vantagens técnicas conhecidas. Relativamente às linhas de AT, estas

estabelecem a ligação elétrica entre os pontos de MAT e algumas centrais de produção até às

subestações.

1.2 Objectivos do Trabalho

O Estágio realizado na Empresa Bragalux, que presta serviços na área da instalação e

manutenção de Redes de Baixa e Média Tensão e Iluminação Pública para a Distribuidora de

Eletricidade na Área Operacional de Aveiro, envolve os seguintes objetivos:

- Receção das obras;

- Distribuição das obras, de acordo com o grau de urgência da sua execução;

- Seleção dos materiais e equipamentos a utilizar em cada obra a executar;

- Acompanhamento da execução das obras;

- Reuniões mensais com a Distribuidora.

O trabalho de estágio envolverá ainda o levantamento dos novos materiais e

equipamentos existentes no mercado, que podem ser utilizados nas redes elétricas e a

definição dos procedimentos a efetuar em cada uma das fases de execução das obras.

1.3 Estrutura do Documento

Este documento encontra-se dividido em cinco capítulos. No presente capítulo,

―Introdução‖, são apresentados o enquadramento e os objetivos do trabalho, bem como um

pequeno resumo de cada um dos capítulos que constituem o documento.

No segundo capítulo, é feita uma abordagem às redes de Baixa Tensão e aos elementos

que as constituem.

No capítulo terceiro, é abordado o tema das redes de Média Tensão, desde a sua

construção, passando pelos materiais utilizados, até à entrega nos postos de transformação.

No capítulo quarto, são descriminadas as várias atividades realizadas durante o estágio e

feito o enquadramento das mesmas a nível da distribuição de energia.

No quinto e último capítulo ―Conclusões‖, são apresentadas as principais conclusões

deste trabalho.

Page 23: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

3

2 Rede Baixa Tensão

As redes elétricas de baixa tensão, normalmente designadas por redes de distribuição em

BT, são os elementos do sistema elétrico que mais frequentemente estão sujeitos a

modificações. A constante atualização das redes de distribuição em BT é justificada não só

pela necessidade de alimentação de novos clientes particulares, mas também pelas linhas de

orientação do planeamento a curto prazo da rede ou ainda pelo melhoramento da qualidade de

serviço.

A distribuição de energia elétrica em baixa tensão inicia-se na saída do quadro geral de

baixa tensão (QGBT) dos Postos de Transformação (PT). As redes BT podem ser de dois

tipos: aéreas ou subterrâneas. As linhas aéreas podem ser em condutores não isolados (cobre)

ou isolados em feixe, designados por cabos torçada (alumínio). As linhas em condutor sem

isolamento estão fixas sobre isoladores e apoiados em postes de betão, ou sobre postaletes

metálicos fixos na fachada. Os condutores elétricos de distribuição em baixa tensão são

normalmente constituídos por cinco condutores, sendo um destinado à iluminação pública e

os restantes usados para a distribuição de energia. As tensões nas redes são de 230 Volts para

a tensão simples e de 400 Volts para a tensão composta.

2.1 Características da Rede Baixa Tensão

A rede de baixa tensão segue atualmente uma topologia radial, como ilustrado na Fig.2.1.

Esta topologia garante correntes de curto-circuito menores e uma elevada economia em

condutores, devido às menores secções utilizadas e, por conseguinte, a aparelhagem utilizada

terá um menor poder de corte. A menor fiabilidade desta topologia deve-se ao facto de não

existir a possibilidade de uma alimentação alternativa para reconfiguração da topologia.

Fig. 2.1.Topologia Radial [Santos e Ferreira, 2004]

Page 24: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

4

2.1.1 Características das Redes Aéreas

As redes de distribuição aéreas, tipicamente instaladas em apoios de betão ou madeira em

zonas rurais, são estabelecidas em condutores não isolados ou condutores isolados (cabo

torçada).

2.1.1.1 Redes Aéreas estabelecidas em condutores não isolados

Atualmente, o número de redes aéreas estabelecidas em condutores não isolados é

reduzido. A utilização destes condutores tem vindo a ser progressivamente abandonada,

devido à remodelação da rede. Presentemente, nas redes de baixa tensão apenas são instalados

condutores isolados, nomeadamente rede torçada. Este tipo de topologia, usada nas primeiras

redes para distribuição de energia, assenta sobre isoladores fixos nos apoios e tem grande

vantagem na detecção de avarias. Pode ser constituída por condutores de cobre, alumínio ou

liga de alumínio e os condutores podem apresentar uma disposição em ―Quincôncio‖ ou

―Esteira Vertical‖ como ilustrado na Fig. 2.2. Para ambas as disposições existe duas variantes

relativamente à posição do condutor de neutro: neutro em posição inferior ou neutro em

posição superior. A disposição em esteira vertical é a mais recomendada, uma vez que a

disposição dos condutores facilita a realização dos trabalhos em tensão.

Fig. 2.2.Disposição da Rede Aérea em condutores não isolados [Santos e Ferreira, 2004]

Presentemente ainda existem alguns ramais constituídos por condutores em cobre não

isolado de secções 6 e 10 mm2.

Page 25: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

5

As razões pelas quais a distribuidora opta pela utilização do cabo torçada, como

alternativa aos condutores não isolados, são várias: o facto de o cobre ter vindo a atingir

valores de custo bastante elevados (o que tem originado um aumento dos furtos nestas linhas);

o facto de ser mais fácil e rápida a instalação e manutenção de uma rede constituída por este

tipo de condutores; o número elevado de avarias nas redes constituídas por condutores não

isolados na presença de condições climatéricas adversas. A única desvantagem das redes em

cabo torçada é a deteção de defeitos, no caso de perfuração do isolamento. Nesta situação, não

é fácil a deteção do defeito através de uma rápida inspeção visual à rede, contrariamente ao

que se verifica nas redes com condutores não isolados.

2.1.1.2 Redes Aéreas em cabo torçada

Atualmente, estas são as redes aéreas mais comuns, utilizam condutores isolados de

alumínio. São redes utilizadas em zonas rurais, bairros suburbanos, zonas arborizadas e outras

situações específicas. Uma rede aérea de cabo torçada é constituída, basicamente, pelo

condutor isolado, a ferragem e a pinça de amarração ou suspensão (dependente da situação),

para segurar e regular o cabo, como ilustrado na Fig. 2.3. As vantagens destas redes residem

no facto de serem uma alternativa às redes subterrâneas, de custo significativamente mais

elevado, de possibilitarem a instalação em postes e fachadas de edifícios e de apresentarem

uma maior fiabilidade.

Fig. 2.3. Rede Torçada

Page 26: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

6

Os cabos torçada são constituídos por condutores multifilares de alumínio e o isolamento

é de polietileno reticulado (PEX). As secções adoptadas pela EDP Distribuição no uso deste

tipo de cabos são: 16 mm2, 25 mm

2, 50 mm

2, 70mm

2 e 95 mm

2.

2.1.1.2.1 Acessórios da rede torçada

1. Caixa de Proteção de Rede

Sempre que existe uma mudança de secção dos condutores, estes devem ser

protegidos através da colocação de uma caixa com os respetivos triblocos e fusíveis,

dimensionados para a secção de derivação como ilustrado na Fig. 2.4.

A transição de condutores de rede aérea para rede subterrânea, ou vice-versa, é feita

através da caixa de proteção, secção máxima na transição é de 95 mm2.

Fig. 2.4. Caixa de proteção de rede

2. Alongador

Elemento de ligação entre a pinça e o gancho olhal, utilizado para secções superiores a

50 mm2

3. Rabo de porco roscado

Elemento que liga a rede ao apoio.

4. Pinças

Amarração - utilizadas como elemento de ligação entre o cabo torçada e a ferragem da

rede, ilustrado na Fig. 2.5.

Page 27: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

7

Fig. 2.5. Pinça de Amarração

Suspensão - utilizadas como elementos de ligação entre o cabo torçada e a ferragem da

rede, tendo com principal função regular o cabo (ver Fig. 2.6).

Fig. 2.6. Pinça de Suspensão

5. Condutores

Os condutores das redes estabelecidas em cabo torçada podem ter alma condutora em

alumínio, com a designação de ―LXS‖, ou em cobre isolado a polietileno reticulado, com a

designação de ―XS‖. A identificação dos vários condutores é feita segundo a normalização,

sendo os condutores de fase marcados com ‗fase 1‘, ‗fase 2‘ e ‗fase 3‘, respetivamente. Os

condutores de iluminação pública são marcados com ‗IP 1‘, ‗IP 2‘ e o condutor de neutro tem

a inscrição da norma de fabrico.

6. Outros Acessórios

• Ligadores;

• Uniões;

• Manga termoretrátil;

• Terminais.

2.1.1.2.2 Dimensões da Rede

As redes aéreas em cabo torçada são instaladas, atualmente, segundo o esquema mostrado

na Fig. 2.7, sendo a distância do vão dependente do local de instalação da rede. Quando a rede

está localizada em zonas com consumidores pouco dispersos, a distância do vão não deve ser

superior a quarenta metros, devido ao esforço a que os apoios ficam sujeitos e devido à tração

feita pelos cabos de secção elevada. Em zonas com consumidores dispersos ou para troços de

iluminação pública, essa distância pode chegar aos sessenta metros.

Page 28: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

8

A altura a que são colocados os condutores varia com os locais de instalação.

Geralmente, a altura de colocação é de cinco metros, sendo de seis metros na travessia de

estradas e no mínimo de sete metros na travessia de auto-estradas.

Fig. 2.7. Distância entre vãos [Santos e Ferreira, 2004]

Onde:

h: Altura mínima ao solo [m];

H: Altura dos apoios (não considerando fundação) [m];

d: Flecha a meio vão [m];

L: Vão [m].

2.1.2 Características das Redes Subterrâneas

As redes subterrâneas são atualmente a forma mais consensual de instalação das redes

elétricas, visto que são redes esteticamente mais apreciadas, do que as redes aéreas, uma vez

que estão colocadas em valas e armários. No entanto, têm a grande desvantagem de a sua

instalação ser muito mais dispendiosa do que a instalação de redes aéreas.

A instalação das redes subterrâneas pode ser efetuada de duas formas: os condutores da

rede podem ser instalados diretamente no solo das valas, ou podem ser instalados em tubos

colocados nas valas.

2.1.2.1 Condutores enterrados diretamente no solo

A instalação destas redes deve respeitar os locais de instalação, devendo respeitar, em

casos gerais, uma profundidade de setenta centímetros do solo e, no mínimo, uma

profundidade de um metro na travessia de estradas. Estas redes devem ser sempre sinalizadas,

como ilustrado na Fig. 2.8.

A instalação deste tipo de redes, sempre que possível, deve ser feita em passeios públicos

e deve-se ter em atenção as distâncias de cruzamento ou vizinhança com outras instalações

Page 29: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

9

enterradas: cabos de eletricidade BT ou MT; cabos de telecomunicações; canalizações de gás,

água e saneamento. A travessia de vias públicas não é permitida neste tipo de instalação, uma

vez que ficaria sujeita a maiores esforços mecânicos e a resolução de avarias tornar-se-ia

inviável. Os condutores utilizados devem ser dotados de uma bainha resistente à corrosão

provocada pelo terreno e devem possuir resistência mecânica (cabos com armadura), para

prevenir possíveis avarias, por compressão, contacto com corpos rígidos ou ferramentas

metálicas.

2.1.2.2 Condutores entubados

Nos condutores entubados, é utilizado tubo em Policloreto de Vinilo (PVC) ou tubo

Corrugado (PEAD). Em casos especiais, quando o risco de esforços mecânicos for bastante

elevado, utilizam-se tubos de aço ou ferro fundido. É dispensado o uso de cabos com

armadura, quando os cabos utilizados forem monopolares e devem ser utilizadas canalizações

independentes.

Os condutores colocados em instalações subterrâneas devem obrigatoriamente ser

condutores rígidos, com duas bainhas ou uma bainha reforçada, como ilustrado na Fig. 2.9.

Legenda:

1- Alma condutora da classe 2 (LVAV,

LXAV) ou classe 1 (LSVAV, LSXAV);

2- Isolamento a PVC (LVAV, LSVAV) ou

a PEX (LXAV, LSXAV);

3- Fita de cintagem (Poliéster);

4- Bainha interior de PVC;

5- Armadura de fitas de aço;

6- Bainha exterior de PVC

Fig. 2.9. Condutores Subterrâneos

Fig. 2.8. Colocação de cabos diretamente no solo [Baseado Redes Distribuição BT, Santos e Ferreira]

Page 30: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

10

2.1.3 Armários de Distribuição

Os armários de distribuição são utilizados como ponto de saída de alimentação das redes

subterrâneas e servem para proteção e alimentação dos circuitos. São constituídos por

barramentos em cobre onde estão fixos os triblocos, onde estão colocados os fusíveis para

proteção. A Fig. 2.10 representa um armário de distribuição.

Fig. 2.10. Armário de Distribuição Tipo X

2.2 Ligações à Rede de Baixa Tensão

Na sequência de um pedido de ligação à rede, a Distribuidora apresenta, no prazo

máximo de 15 dias úteis, um orçamento dos encargos para a construção dos elementos de

ligação. As novas instalações de utilização devem ser concebidas de forma a não causarem

perturbações ao normal funcionamento da rede.

Quando existe um pedido de fornecimento de energia ou aumento da potência contratada,

o técnico desloca-se ao local para proceder ao levantamento da rede de baixa tensão,

verificando se existe viabilidade no pedido do cliente, verificando as condições do local e da

instalação do cliente e a potência máxima instalada para aquela localidade.

2.2.1 Construção dos Elementos de Ligação

Os elementos de ligação, para uso exclusivo, podem ser construídos pelo cliente. Devem

respeitar o estudo que serviu de base ao orçamento facultado pela Distribuidora, observar as

normas construtivas aplicáveis e utilizar materiais aprovados pela Distribuidora, de acordo

com as características dos materiais e equipamentos a que se referem.

2.2.2 Encargos com a Ligação

A ligação à rede implica o pagamento de um ou vários dos seguintes encargos:

Page 31: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

11

Custo inerente aos elementos de ligação para uso exclusivo;

Encargos relativos aos elementos de ligação de uso partilhado;

Custos com o reforço das redes (se necessário);

Encargos com a expansão das redes (se necessária).

2.2.3 Reforço das Redes

No caso da ―Potência Requisitada‖ da ligação exceder a ―Potência Instalada‖ estabelecida

para a localidade em causa, são imputadas ao cliente comparticipações nos custos das ações

imediatas ou futuras, necessárias ao reforço da rede.

Os materiais e os equipamentos a usar nas ligações dos clientes à rede baixa tensão

devem obedecer às especificações em vigor na Distribuidora e às normas em vigor: Normas

Portuguesas, Norma Europeias e Documentos de Harmonização da CENELEC e normas da

IEC. Devem, ainda, possuir as características adequadas ao local onde forem instalados e ao

fim a que se destinam.

2.2.4 Portinholas

Considera-se como fronteira entre a rede de baixa tensão e a instalação do cliente a

entrada do corta corrente fusível existente na portinhola. As portinholas devem obedecer ao

estipulado no DMA-C62-807/N nomeadamente:

Possuírem características de acordo com o estabelecido na norma IEC 60439, nas suas

partes 1 e 5; assegurar a proteção das pessoas contra contactos indiretos por meio da

proteção por isolamento total (esta medida de proteção, aplicável aos conjuntos de

equipamentos elétricos construídos em fábrica, é equivalente à classe II de isolamento

definida para os equipamentos elétricos);

Terem um sistema de fecho normalizado de acordo com as indicações da Distribuidora e

em conformidade com as normas acima referidas;

Serem normalizados, de acordo com a Tabela 2.1;

Garantirem os graus de proteção mínimos IP45 e IK10 para as portinholas dos tipos P50,

P100 e P400, e IP 32D e IK09 para a portinhola P25.

Page 32: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

12

Tabela 2.1.Tipos de Portinholas [EDP, 2007]

2.2.5 Fusíveis e bases

As bases que equipam as portinholas P25, P50 e P100 devem ser adequadas à colocação

de fusíveis cilíndricos. As bases que equipam a portinhola P400 devem ser adequadas à

colocação de fusíveis de faca. O dispositivo de neutro das portinholas P50, P100 e P400 deve

ser constituído por uma barra amovível de cobre electrolítico, assente sobre uma base

isolante. Esta barra deve dispor de terminais concebidos de forma a permitir a ligação de

condutores não preparados, no caso das portinholas P50 e P100, e a ligação de condutores

preparados (com terminais) para o caso da portinhola P400. A barra de neutro só deve poder

ser manobrada por meio de uma ferramenta. Na portinhola P25, o seccionamento do neutro é

feito na própria base de fusíveis e em simultâneo com a fase. O pólo de neutro desta base

deve ser equipado com um shunt tubular de cobre.

2.2.6 Caixas de contagem

As caixas de contagem destinam-se aos edifícios dotados de uma única instalação de

utilização (vivendas unifamiliares, edifícios comerciais isolados, etc.) e são previstas para

colocação encastrada no muro exterior ou, na ausência destes, nas fachadas das construções.

Page 33: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

13

As caixas de contagem devem ter invólucros adequados que satisfaçam as características

seguintes:

Serem construídas de modo a garantir a classe II de isolamento (equivalente à proteção

por isolamento total), de acordo com o estipulado na especificação da Distribuidora,

DMA-C62-805/N;

Devem ter como dimensões interiores mínimas 400 mm de altura, 230 mm de largura e

180 mm de profundidade, a fim de comportarem e permitirem a ligação de um qualquer

contador trifásico de ligação direta, disponibilizado no mercado [EDP, DIT-C14-100\N].

2.2.7 Colocação de Equipamentos de Contagem

1) Ligação, a partir da rede aérea, de edifícios com uma instalação de utilização com

poste encostado ou intercalado, como ilustrado na Fig. 2.11.

Fig. 2.11. Instalação de utilização com poste encostado ou intercalado [EDP, 2007]

Esta solução aplica-se nos casos em que os edifícios dispõem de muros sem pilar, ou com

pilar sem altura suficiente para que o ramal seja montado nas condições indicadas. O condutor

é fixo através de uma pinça de suspensão, desce ao longo do poste, protegido por um tubo, e

entra na portinhola (B) através do tubo que, por estar à vista e acessível, deve ter resistência

mecânica adequada (PN 10). A utilização do tubo de 40 mm de diâmetro (PVC) destina-se a

deixar a entrada da portinhola preparada para permitir a execução de ramais com cabo LXS

4x16 mm2, independentemente de ser ou não monofásica a ligação a estabelecer, a fim de

permitir, no futuro, uma eventual passagem da ligação de monofásica a trifásica. A ligação

entre a portinhola e a caixa de contagem deve ser feita por meio de condutores H07V-R ou

H07V-U, com a secção e o número de condutores adequados à potência de dimensionamento

Page 34: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

14

da instalação, com um mínimo de 6 mm2 nos ramais monofásicos para potências até

6,90 kVA (1x30 A) ou nos trifásicos até 20,70 kVA (3x30 A).

2) Ligação, a partir da rede aérea, de edifícios com uma instalação de utilização e fachada

confinante com a via pública (sem muro), como ilustrado na Fig. 2.12.

Fig. 2.12. Instalação de utilização e fachada confinante com a via pública [EDP, 2007]

Esta solução poderá passar pela execução de um ramal aéreo, através de uma derivação

para a habitação em cabo LXS, ou a execução de um ramal subterrâneo em cabo LSVAV,

utilização do tubo PEAD de 63 mm destina-se a deixar a entrada na portinhola preparada para

permitir a execução de ramais com cabo LSVAV 4x16 mm2, independentemente de ser ou

não monofásica a ligação a estabelecer, a fim de permitir, no futuro, uma eventual passagem

da ligação de monofásica a trifásica, bem como a facilitar o enfiamento deste cabo. Para

outras secções de condutores, devem ser usados diâmetros compatíveis com a fórmula (2.1):

Ø Tubo [interior] ≥ 1,5 x Ø Cabo [exterior] (2.1)

Da aplicação da fórmula aos cabos subterrâneos normalizados na EDP Distribuição,

resultam os diâmetros mínimos de tubos indicados na Tabela 2.2:

Tabela 2.2. Diâmetro mínimo dos tubos [EDP, 2007]

Page 35: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

15

3) Ligação, a partir da rede aérea, de edifícios colectivos

Em edifícios coletivos, tendo mais do que uma instalação de utilização, a portinhola deve

ser instalada na fachada exterior, em local acessível a partir da via pública, como ilustrado na

Fig. 2.13. Esta solução é preconizada com vista a permitir a existência de um local no exterior

do edifício, onde se possa estabelecer a fronteira entre a rede de distribuição e a instalação

elétrica do cliente. Em situações excecionais, devidamente autorizadas pela EDP, poder-se-á

dispensar a instalação da portinhola, por exemplo, em edifícios com posto de transformação

próprio, em que se considere que os fusíveis do quadro geral, que protegem a saída em causa,

desempenham a função da portinhola, ficando a fronteira localizada nos terminais de saída

das bases dos fusíveis. O cabo e respectivos terminais dos condutores são propriedade do

cliente.

Fig. 2.13. Instalação em edifícios colectivos [EDP, 2007]

4) Ligação, a partir da rede aérea, de instalações inseridas em edifícios com alimentação

por ramal próprio

No caso de instalações inseridas em edifícios cuja alimentação não seja efetuada a partir

do quadro de colunas (quando não existir acesso à instalação de utilização pelas zonas

comuns do edifício ou quando, por motivo devidamente justificado, se optar por alimentação

autónoma), mas sim diretamente da rede através de um ramal exclusivo, deve ser instalada

uma portinhola no exterior, acessível a partir da via pública.

Page 36: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

16

5) Ligação, a partir da rede aérea, de condomínios fechados e edifícios funcionalmente

interligados

Para os condomínios fechados e para as edificações que constituem conjuntos de

edifícios funcionalmente interligados, as respetivas regras de ligação são as que se encontram

estabelecidas no Guia Técnico das instalações estabelecidas em condomínios fechados,

publicado pela Direção Geral de Energia e Geologia e no DIT-C11-030 da EDP.

No que respeita ao fornecimento de energia, deve existir um ou vários pontos de entrega

de energia, dependendo da dimensão do empreendimento, e uma fronteira estabelecida entre a

rede de distribuição pública e a rede de distribuição privada, fronteira essa que deve estar

localizada na via pública ou em local permanentemente acessível ao pessoal da EDP a partir

da via pública.

2.2.8 Condutores para ramais

Os condutores a usar nas ligações entre a rede existente e a portinhola (ramais) são os

indicados na Tabela 2.3 e devem obedecer ao indicado nas especificações DMA-C33-200/N

(para ramais subterrâneos) e DMA-C33-209 (para ramais aéreos).

Uma vez que a entrada dos cabos (ramais) é sempre feita pela parte inferior da portinhola,

os condutores desses cabos devem ser ligados aos terminais inferiores do dispositivo de

neutro e/ou das bases de fusíveis.

Tabela 2.3. Condutores e respectivas proteções [EDP, 2007]

2.2.9 Critérios de Dimensionamento das Redes de Baixa Tensão

Uma rede de baixa tensão deve, de acordo com o Regulamento de Segurança de Redes de

Distribuição de Energia Elétrica em Baixa Tensão (RSRDEEBT), ser dimensionada tendo em

consideração os seguintes critérios:

Page 37: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

17

Queda de tensão máxima admissível na canalização;

Corrente de serviço da canalização;

Seletividade entre as proteções colocadas em série;

Comprimentos máximos protegidos contra curto-circuitos.

Deve usar-se o maior dos valores de secção que resultem da aplicação destes critérios.

2.2.9.1 Queda de Tensão

De acordo com as disposições regulamentares, a queda de tensão total, desde o posto de

transformação MT/BT até ao final da rede de baixa tensão, isto é, à portinhola ou, quando esta

não existir, ao quadro de colunas de um edifício ou aos terminais de entrada do contador, não

deve ser superior a 8%, como mencionado no capítulo III, artigo 9.º do RSRDEEBT.

Na escolha do elemento de uso exclusivo, este critério pode ser conseguido de duas

formas: usando uma canalização de uso exclusivo de secção adequada à queda de tensão

admitida (2% da tensão nominal), ou aumentando a secção da canalização de uso partilhado,

se tal não for possível.

Nas Tabelas 2.4 e 2.5, referentes aos cabos subterrâneos, e na Tabela 2.6, referente aos

cabos aéreos do tipo torçada, estão indicados os comprimentos máximos para os cabos

existentes no mercado, em função da corrente de serviço (Is) e da queda de tensão entre 1 e

8 %. A secção do condutor a escolher para o elemento de uso exclusivo, deve estar de acordo

com este critério.

Tabela 2.4. Comprimentos máximos para cabos subterrâneos enterrados no solo [EDP, 2007]

Page 38: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

18

Tabela 2.5.Comprimentos máximos para cabos subterrâneos com tubo [EDP, 2007]

Tabela 2.6.Comprimentos máximos para cabos aéreos [EDP, 2007]

Onde:

S - Secções e tipo dos cabos normalizados (*Secções em uso pela EDP Distribuição);

R20ºC/R70ºC - Resistência do cabo a 20ºC e a 70ºC (70ºC-temperatura máxima no isolamento-

PVC);

X - Admitância do cabo;

P.L - Momento elétrico(U2/Z);

IZ - Corrente máxima admíssivel no cabo, nas condições de instalação;

In - Corrente estipulada do fusível para proteger os cabos contra sobreintensidades(If≤1,45IZ e

If=1,6In), que deverá ser superior igual a IS;

IS - Corrente de serviço (Corrente de funcionamento do cabo);

Lmáx - Comprimento máximo do cabo.

2.2.9.2 Seletividade das proteções

Para que exista seletividade entre proteções colocadas em série, é necessário garantir que,

em caso de defeito, apenas atue o aparelho de proteção situado imediatamente a montante do

defeito permitindo, assim, que continuem a funcionar as canalizações situadas a jusante dessa

proteção e que não tenha sido afectado por esse defeito. Quando há fusíveis em série, como é

o caso de canalizações derivadas de outras, é obrigatória a colocação de proteções na

mudança de secção, em cumprimento do artigo 131.º do capítulo XIII, do RSRDEEBT. De

Page 39: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

19

forma a garantir a seletividade na atuação dos fusíveis é necessário usar, nas derivações da

rede, fusíveis cuja relação seja de 1:1,6 ou superior, relativamente ao fusível a montante. Esta

relação corresponde ao uso de fusíveis de valores não sequenciais à série normalizada.

Os valores de In da série normalizada dos fusíveis mais usuais para a gama de secções dos

cabos em uso são: 20 – 25 – 32 – 40 – 50 – 63 – 80 – 100 – 125 – 160 – 200 – 250 – 315,

Ampere (A).

No caso dos cabos torçada, não é possível derivar, por exemplo, de um condutor de

50 mm2 (LXS 4x50 mm

2, cujo fusível de proteção é de 125 A) para uma canalização de

70 mm2 (LXS 4x70 mm

2, cujo fusível de proteção é de 160 A). Assim, quando da aplicação

dos dois critérios anteriores, conduzir a uma situação destas, devem-se usar cabos ou

condutores em torçada na canalização derivada, com a mesma secção ou inferior do que na

canalização principal, por questões de seletividade. É necessário assegurar, também, que a

seletividade não corresponda a um sobredimensionamento da canalização, por se tratar do

cumprimento de prescrições regulamentares de segurança das instalações, com indicados nas

Tabelas 2.7 e 2.8.

Tabela 2.7. Comprimentos máximos admissíveis (Lmax) em redes subterrâneas em função do fusível

utilizado na proteção da canalização contra curto-circuitos (In) [EDP, 2007]

Tabela 2.8. Comprimentos máximos admissíveis (Lmax) em redes aéreas em torçada em função do

fusível utilizado na proteção da canalização contra curto-circuitos (In) [EDP, 2007]

Page 40: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

20

2.2.10 Iluminação Pública

A iluminação pública (IP) é hoje, mais do que nunca, uma área de trabalho muito

exigente devido a vários fatores, desde a comodidade à segurança. Novas instalações surgem

todos os dias, devido ao aumento da densidade populacional e consequente aumento do

número de habitações, alargando a rede de iluminação. A manutenção da rede de iluminação

pública exige, atualmente, mais meios humanos e materiais, consequência não só da expansão

da rede mas também da percepção, por parte dos consumidores e entidades autárquicas, da

importância do bom funcionamento da rede pública de iluminação.

A criação de novos espaços e vias de comunicação obriga à realização de estudos

luminotécnicos para garantir os níveis de iluminância recomendados. A iluminação das vias

deve permitir aos utentes uma circulação noturna com uma segurança e um conforto tão

elevados quanto possível. Para os peões, a visibilidade clara dos limites dos passeios, com

ausência de zonas muito sombrias, é essencial. Para os automobilistas, a iluminação deve

permitir distinguir com clareza, e em tempo útil, os pontos singulares da estrada e os

eventuais obstáculos, tanto quanto possível sem a utilização de faróis.

Para a montagem de uma nova rede de IP, deve-se analisar a rede existente mais próxima,

para encontrar a melhor forma de fazer a ligação da nova rede de IP. Deve-se verificar quais

os postos de transformação mais próximos que possam ser utilizados para alimentar a nova

rede pois é no próprio PT, que será feito o comando da IP, por foto-célula, relógio mecânico

ou relógio astronómico.

2.2.10.1 Focos Luminosos

Os aparelhos de iluminação e respetivos suportes serão escolhidos de entre os tipos

normalizados, apresentados na Tabela 2.9, existentes no mercado e deve ter em consideração

a racionalização de energia. Os locais de instalação e a seleção da potência das lâmpadas são

da competência da Câmara Municipal, ouvido o concessionário. A iluminação é normalmente

instalada nas redes aéreas, normalmente em apoios da rede ou nas redes subterrâneas, em

colunas ou consolas.

Tabela 2.9. Armaduras utilizadas na rede de Iluminação Pública [EDP, 2007]

Page 41: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

21

3 Rede Média Tensão

3.1 Projeto de Postos de Transformação

Questões de ordem económica e de segurança, obrigam o sistema de transporte e

distribuição de energia elétrica a possuir vários níveis de tensão, escolhidos de entre os

normalizados.

Entre estes, existem dois que são particularmente importantes a nível europeu: o nível dos

400 kV, na Alta Tensão, valor preferencial para a interligação das diversas redes nacionais, e

os 400 V, no domínio da Baixa Tensão, para propiciar a utilização universal. Os vários níveis

de tensão, necessários ao bom desempenho do sistema elétrico, são obtidos em instalações de

transformação através da utilização de transformadores.

De acordo com a legislação nacional, essas instalações de transformação dividem-se em

subestações e postos de transformação, dependendo da utilização que se dá à corrente

secundária dos transformadores. Noutros países, não se faz esta discriminação. Por exemplo,

em França, todas as instalações de transformação têm denominação de postos de

transformação enquanto no Brasil, todas as instalações que realizam a alteração dos níveis de

tensão são subestações.

O Regulamento de Segurança de Subestações, Postos de Transformação e de

Seccionamento (RSSPTS) no seu artº 6º define Posto de Transformação como ―Instalação de

alta tensão destinada à transformação da corrente elétrica por um ou mais transformadores

estáticos, quando a corrente secundária de todos os transformadores for utilizada diretamente

nos recetores, podendo incluir condensadores para compensação do fator de potência‖

[Revista O Electricista]. A partir da definição, não é necessário que a tensão secundária caia

no nível da BT, mas sim que a corrente secundária alimente diretamente os recetores. Mas a

situação mais comum é a da transformação média tensão/baixa tensão, em particular, no

nosso país, 15/0,4 kV.

O equipamento fundamental de um posto de transformação é o transformador mas, como

instalação envolvendo elevados níveis de tensão e energia, necessita naturalmente de um

conjunto adicional de aparelhagem tendente a realizar as funções obrigatórias de comando,

seccionamento, contagem e proteção quer de pessoas e animais, quer dos próprios

equipamentos e outros bens.

Os postos de transformação são inseridos nas redes próximos dos centros de consumo,

em diferentes áreas geográficas e com exigências diversas: zonas rurais, semiurbanas e

urbanas, zonas industriais, loteamentos e urbanizações, zonas de baixa, média ou elevada

Page 42: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

22

densidade de carga, com média ou elevada exigência de qualidade de serviço, de domínio

público ou privado.

Desta variedade de condicionantes resulta uma gama correspondente de soluções

possíveis para a arquitetura dos postos de transformação. Deste modo, os postos de

transformação podem ser classificados quanto à instalação - de interior, em edifício próprio

ou edifício para outros usos, ou de instalação exterior -, quanto ao modo de alimentação - do

tipo radial, em anel aberto ou com dupla derivação-, quanto ao serviço prestado - de serviço

público (PTD) ou privado (PTC) - e quanto ao modo de exploração - de condução manual ou

automática.

A abordagem moderna ao projeto de postos de transformação incide essencialmente na

opção pela solução pré-fabricada, modular ou compacta, em detrimento de formas mais

tradicionais de construir estas instalações. As razões que conduzem à atual tendência para

optar por soluções pré-fabricadas, são a economia de mão-de-obra de instalação, tempos de

entrada em serviço reduzidos, possibilidade de escolha da arquitetura e equipamento

normalizado e fiável.

Para a boa realização do projeto é necessário recolher, à partida: o tipo de projeto (de

serviço público ou serviço particular), o tipo de posto de transformação (de transformação ou

seccionamento-transformação), o tipo de instalação e tipo de alimentação (radial ou anel

aberto). Os dados necessários referentes às características elétricas são: a tensão nominal da

rede de média tensão, o regime de neutro, a potência de projeto a atribuir ao posto de

transformação, a potência de curto-circuito previsível no local de instalação, a corrente de

defeito do lado MT, o tempo máximo de corte da corrente de defeito pelas proteções de linhas

de MT, o regime de neutro, a resistividade do solo.

3.1.1 Postos de Transformação Aéreos

Os postos de transformação de exterior, aéreos, são montados em postes normalizados de

betão, como ilustrado na Fig. 3.1 e são identificados pelo modo como é feita a ligação à rede

aérea de Média Tensão. No caso de ser feita uma ligação direta, estamos perante um PT do

tipo A, se se fizer através de Seccionador, teremos um tipo AS mas caso essa ligação seja

estabelecida através de um Interruptor-Seccionador, será um PT AI, como ilustrado na

Fig. 3.2. A potência máxima instalada será de 100 kVA para PT AS e 250 kVA para o PT AI.

A proteção de pessoas, contra contatos acidentais, é garantida através da execução da

terra de proteção, que liga as estruturas metálicas de amarração das linhas de MT, a cuba e

suporte do transformador, o seccionador e respectivo comando e plataforma de manobras.

Page 43: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

23

A terra de serviço será executada no QGBT para ligação da estrutura metálica e do neutro.

Esta será feita também em pelo menos duas saídas em apoios da rede de distribuição.

Fig. 3.2. Seccionador e Interruptor-Seccionador

3.1.2 Postos de Transformação em Cabine

Os postos de transformação em cabine podem ser alimentados através de uma linha aérea

ou através de um cabo subterrâneo, existindo, para isso, duas versões de cabine - a cabine alta

e a cabine baixa -, adaptadas ao tipo de alimentação do posto de transformação.

Embora a função e a estrutura sejam basicamente as mesmas nos dois tipos de postos de

transformação em cabine, as diferenças existentes nos valores das potências elétricas em jogo,

resultam em diferentes concepções destes postos de transformação.

Fig. 3.1. Posto de Transformação Aéreo variante AS e AI

Page 44: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

24

Estes postos de transformação são instalações de interior, que podem assumir uma maior

ou menor dimensão, dependendo do tipo de alimentação (linha aérea ou cabo subterrâneo) e

da potência instalada, como ilustrado na Tabela 3.1.

Tabela 3.1. Dimensões interiores em função da Potência Instalada [Ribeiro da Silva]

Posto Comprimento (m) Largura(m) Altura (m) Potência (kVA)

CA1 2,5 2,5 8,2 160 250

CA2 3 3 8,2 400 630

3.1.2.1 Postos de Transformação em Cabine Alta (PTCA)

Estes postos de transformação de interior são concebidos para receberem alimentação por

linha aérea, até tensões de 30 kV e potências até 630 kVA, como ilustrado na Fig. 3.3.

Este tipo de solução pode já não se justificar, pois é muito fácil proceder-se à passagem

da linha aérea a cabo subterrâneo e alimentar-se uma cabine baixa com uma arquitetura

modular de posto de transformação.

O esquema elétrico do posto de transformação em cabine alta tipo CA2 distingue-se do

tipo CA1 por possuir corta-fusíveis no lado da MT. A utilização de seccionador será opcional,

excepto quando os pára-raios forem instalados no interior do PT, caso em que o seu uso será

obrigatório. O barramento de MT poderá ser do tipo vareta, barra ou tubo, de cobre ou

alumínio cobreado, apoiado em isoladores de acordo com a norma NP 1520.

As saídas destes postos de transformação serão executadas em condutores do tipo LVS e

LXS (torçada), de 50 mm2 de secção, ou uma ou duas de 70 mm

2, com uma saída de 16 mm

2

para IP, para o PT CA1. No caso do posto de transformação tipo CA2 será possível executar

seis saídas, de 50 mm2 ou 70 mm

2, com duas saídas de 16 mm

2 de IP.

Fig. 3.3 Posto de Transformação em Cabine Alta [Ribeiro da Silva]

Page 45: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

25

3.1.2.2 Postos de Transformação em Cabine Baixa (PTCB)

Os edifícios de betão pré-fabricados são concebidos para serem totalmente montados de

fábrica e permitem a instalação de toda a aparelhagem e acessórios que compõem o posto, o

que garante a qualidade de todo o conjunto, com exceção dos cabos de ligação à rede.

Este tipo de postos de transformação, montados em cabines baixas, admite duas

variantes, consoante a disposição das suas celas, colocadas em U ou em linha, dando origem

aos tipos CBU e CBL. Os dois tipos referidos têm alimentação subterrânea em anel, podendo

disponibilizar uma saída radial para alimentação de outro posto de transformação, de potência

máxima instalada de 630 kVA, como representado na Fig. 3.4.

A estrutura e a composição dos postos de transformação em cabine são similares aos dos

postos aéreos. Uma das especificidades dos postos de cabine reside na necessidade de

proteção contra contactos diretos, uma vez que a altura a que é feita a montagem dos seus

componentes os torna acessíveis a quem estiver no interior da instalação. Outra diferença é a

potência instalada, sendo superior no caso dos postos em cabina.

3.2 Linhas de Média Tensão Aéreas (LAMT)

A construção de novas linhas de média tensão aéreas pode ocorrer por:

Pedidos de novos clientes;

Modificações do traçado de linhas existentes;

Ligação a novos postos de transformação;

Novos investimentos.

Para a realização de obras de Linhas de Média Tensão Aéreas existem duas fases

distintas, a fase de preparação da obra e a fase de execução da obra.

Fig. 3.4.Posto de Transformação do Tipo CBU e CBL [Ribeiro da Silva]

Page 46: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

26

3.2.1 Fase da Preparação da Obra

É necessário um pedido de autorização, por parte do adjudicatário da obra, aos

proprietários dos terrenos, onde será colocada a linha. Por vezes, esta autorização é negociada

com os proprietários, uma vez que a colocação dos apoios de MT exige, frequentemente, o

desbaste de árvores e a ocupação de terrenos. É ainda necessário analisar os aspetos que

ocasionalmente poderão dar origem a indemnizações (Anexo I), pois os terrenos sob as linhas

não poderão ser utilizados para cultivo das chamadas ―árvores de crescimento rápido‖. Caso

esta situação venha a verificar-se, as árvores serão cortadas sem autorização do proprietário.

É realizada, pelo topógrafo que se desloca ao local, uma planta pormenorizada, com a

localização do traçado da linha, com a indicação das distâncias e dos ângulos da localização

dos apoios, com a descrição do meio ambiente do local (árvores, linhas de água, caminhos e

outras linhas aéreas existentes) e identificação da utilização dos terrenos (cultivo, pousio,

arborizado, etc.) (Anexo II).

O projeto da linha é desenvolvido por um projetista, que pode pertencer ao distribuidor

ou pode ser subcontratado, com base na planta fornecida pelo topógrafo.

A piquetagem da linha é executada depois de disponibilizado todo o projeto da linha, que

deve incluir a memória descritiva da linha, o perfil da linha e o mapa de montagem.

A piquetagem baseia-se na marcação, no terreno, dos pontos de implantação dos postes

definidos sobre o perfil e deverá ser realizada pela medição e transmissão de alinhamentos e

medição de vãos. Deverá ser assegurado que não existem, nos locais previstos pela EDP

Distribuição, quaisquer obstáculos naturais ou artificias, susceptíveis de prejudicar a

localização dos apoios, que não tenham sido previstos anteriormente. A definição dos

alinhamentos é feita a taqueómetro, estação total ou GPS, utilizando marcos ou estacas

consolidadas que balizam, sobre o terreno, os diversos vértices e pontos dominantes do

traçado, sobre os quais se baseou o levantamento do perfil longitudinal da linha. Os eixos de

cada poste e os eixos das covas deverão ser georeferenciados e marcados no terreno, por

intermédio de estacas de madeira a fim de assegurar as direções exatas definidas no desenho,

como representado na Fig. 3.5. No caso de o terreno não admitir estacas ou marcos, estes

serão substituídos por marcas de tinta vermelha.

A piquetagem das linhas será conseguida pela colocação no terreno de, pelo menos:

No caso de postes de betão:

Três estacas ou marcas por cada poste de alinhamento. Uma estaca incluirá o

número de ordem assinalado no perfil, representando o eixo do poste e as restantes duas

Page 47: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

27

são colocadas a quatro metros para cada lado da estaca central no eixo longitudinal da

linha;

Cinco estacas ou marcas por cada poste de ângulo. Uma estaca incluirá o

número de ordem assinalado no perfil e será colocada no eixo do poste. As restantes

estacas serão colocadas com um afastamento de 4 metros em relação à estaca numerada e

definindo, duas delas, o eixo longitudinal no ponto de implantação do poste;

Sete estacas ou marcas por cada pórtico. Duas estacas incluirão o número de

ordem assinalado no perfil e serão colocadas no eixo dos postes e as restantes estacas

serão colocadas de modo igual aos casos anteriores.

No caso de torres metálicas:

A piquetagem dos postes metálicos será conseguida pela colocação, no terreno,

de estacas ou marcas indicadas para os postes de betão, acrescida das estacas necessárias

para a definição dos vértices dos maciços dos postes metálicos.

3.2.2 Fase de Execução da obra

Nesta fase tem que se atender às considerações teóricas para a construção da linha assim

como às características técnicas dos materiais utilizados na obra:

Covas para colocação de apoios

A marcação de covas de cada apoio é realizada com base na piquetagem, uma vez que é

esta que define o local de implantação do poste. A profundidade da cova é obtida com base na

altura do apoio, através de (3.1).

(3.1)

Onde:

H: Altura da cova (m);

h: Altura do apoio (m).

Fig. 3.5. Piquetagem para colocação de apoios betão de MT

Page 48: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

28

Classificação dos terrenos

- Terreno mole: se o coeficiente de compressibilidade do terreno for menor que 4 daN/cm3,

considera-se que a abertura de covas pode exigir entivação;

- Terra: se o coeficiente de compressibilidade do terreno for maior o igual a 4 daN/cm3 e

menor que 7 daN/cm3, considera-se que a abertura de covas pode ser feita sem recurso a

meios mecânicos;

- Rocha branda: se o coeficiente de compressibilidade do terreno for compreendido entre 7 e

10 daN/cm3, considera-se que a abertura de covas não exige outros meios para além do

martelo acionado por compressor;

- Rocha dura: se o coeficiente de compressibilidade do terreno for superior a 10 daN/cm3,

considera-se que a abertura de covas exige utilização de explosivos.

Montagem e colocação de apoios

O apoio é o elemento de uma linha aérea que tem como função o suporte dos condutores,

dos cabos de guarda, dos isoladores e outros acessórios. Os apoios utilizados em Portugal

podem ser metálicos ou de betão, sendo que a escolha de cada um deles depende de fatores

como o local de implantação e dos esforços a que vai estar sujeito. Atualmente é incentivada a

utilização de apoios de betão, pois são postes mais económicos e, para além disso, a área

necessária para as fundações é mais reduzida do que a requerida pelos apoios metálicos.

Esta última consideração é reforçada pelo facto de as fundações constituírem uma das

rúbricas que mais contribui para o aumento do custo global da obra, devido, essencialmente, à

mão-de-obra requerida e à utilização de espaço pelo qual o proprietário tem de ser ressarcido.

Outra das vantagens dos apoios de betão reside no facto não necessitarem de muita

mão-de-obra para serem erguidos, uma vez que são uma peça maciça. No entanto, e apesar de

constituírem um encargo financeiro maior devido ao trabalho que é necessário para elevá-los,

os apoios metálicos podem ser colocados por partes, o que constitui uma vantagem quando é

impossível transportar um apoio de betão para a zona de implantação (se não existirem

acessos, por exemplo). De facto, a avaliação dos acessos ao terreno é das primeiras ações que

um fiscal de obra tem de efetuar, para que o projetista possa decidir o tipo de apoio a utilizar.

Page 49: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

29

Os apoios podem desempenhar várias funções, como ilustrado na Fig. 3.6:

Alinhamento – Apoio colocado num troço rectilíneo da linha;

Ângulo – Apoio implantado num ângulo;

Derivação – Apoio onde se estabelecem as derivações;

Fim de linha – Apoio que suporta a totalidade dos esforços que os acessórios da linha

lhe transmitem de um só lado;

Reforço – Apoio que suporta esforços longitudinais para reduzir consequências

resultantes da rotura de condutores ou cabos de guarda.

Fig. 3.6. Funções dos apoios. (a) apoio em rede (b) apoio de ângulo, (c) apoio de reforço em

alinhamento, (d) apoio de fim de linha, (e) apoio de derivação em alinhamento, (f) apoio de

derivação em ângulo[EDP, EC 2010]

Pórticos

A montagem de pórticos consistirá na colocação de 2 apoios simples, como ilustrado na

Fig. 3.7. A montagem da armação para o pórtico será executada após o arvoramento dos

respectivos apoios.

Fig. 3.7. Pórtico

Page 50: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

30

Constituição dos maciços

Os maciços podem integrar-se nas seguintes categorias:

De betão moldado;

De betão ciclópico.

Os maciços de betão são em regra em betão ciclópico, exceto se o projeto indicar a

utilização de betão moldado ou se, durante a execução da obra, se constatar a conveniência da

sua utilização.

O vazamento do betão de um mesmo maciço deverá ser efetuado de uma só vez. Nos

casos excepcionais, em que haja necessidade de efetuar o vazamento por duas vezes, serão

utilizados pequenos estribos de ligação, com o diâmetro mínimo de 12 cm, em quantidade

suficiente e convenientemente repartidas. O vazamento far-se-á até ao nível do solo.

Serão tomadas todas as precauções usuais para proteger o betão contra a ação prolongada

do gelo, da chuva e dos raios solares, isto é, não são permitidas betonagens quando se

prevejam temperaturas inferiores a 4º C ou superiores a 40º C. A parte do maciço, de qualquer

tipo de poste saliente do terreno, deverá ficar com as superfícies lisas e desempenadas à

colher e deverá ser terminada em pirâmide, com inclinação mínima de 2%, para evitar a

acumulação de águas. A base da pirâmide deverá ficar, no mínimo, 25 cm acima do nível do

solo, garantindo-se que condições climatéricas desfavoráveis não conduzam à possibilidade

de contacto direto das terras com nenhum elemento do poste.

Depois de construídos os maciços, executadas as ligações à terra e tapadas as covas, será

feita a regularização e adaptação desse terreno às condições de implantação dos maciços e

proceder-se-á ao espalhamento das terras sobrantes, quando existirem.

O volume de betão dos maciços varia em função das dimensões das covas, do tipo e

altura do poste e ainda do coeficiente de compressibilidade do solo.

Isoladores

Os isoladores têm como função evitar a passagem de corrente do condutor ao apoio,

suporte e sustentação mecânica dos cabos. Nas linhas aéreas de média tensão até 30 kV

inclusive, podem utilizar-se isoladores rígidos, de eixo vertical ou de eixo horizontal e

isoladores de cadeia. Antes da montagem, todos os isoladores serão previamente limpos e

nenhum elemento defeituoso poderá ser utilizado.

Os isoladores e acessórios a instalar são do tipo indicado no projeto, sendo instalados

segundo os respetivos desenhos e especificações.

Page 51: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

31

A montagem das cadeias de isoladores será feita com as necessárias precauções, de modo

a evitar flexões das cadeias, susceptíveis de deformar os acessórios ou provocar fadigas

anormais nos isoladores.

Cadeias

As cadeias podem ter a função de suspensão ou de amarração.

• Cadeias de suspensão

Como o nome indica, estas cadeias são utilizadas para passagem dos condutores, sem

corte dos mesmos. Nas cadeias de suspensão (ver Fig. 3.8), a fixação dos condutores às pinças

de aperto mecânico deverá ser feita com o maior cuidado, sem binário de aperto exagerado

dos parafusos, sendo o cabo protegido por meio de varetas de proteção.

• Cadeias de amarração

Neste tipo de cadeias, é feita a amarração do condutor através da pinça de amarração e a

passagem executada através de um arco. A fixação do condutor à pinça de aperto mecânico

deverá ser feita com o maior cuidado, sem binário de aperto exagerado dos parafusos, sendo o

cabo protegido por meio de forras (ver Fig. 3.9). A fixação do condutor às pinças de

amarração deve ser feita com recurso a prensas e maxilas adequadas.

Fig. 3.8. Cadeia de suspensão

Fig. 3.9. Cadeia de Amarração

Page 52: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

32

Armações

As armações são os elementos metálicos que se colocam no topo de um apoio para a

fixação dos condutores. Existem diversas formas de armações (em maior número do que as

que são normalmente utilizadas em Portugal), tendo sido alvo de normalização pela EDP

Distribuição.

Armação em esteira horizontal (HPT4), representada na Fig. 3.10

Fig. 3.10. Armação tipo esteira horizontal (HPT4) [Linhas de Média Tensão, EC 2010]

Armação em esteira Horizontal (HRSFC), representada na Fig. 3.11

Fig. 3.11. Armação tipo esteira horizontal (HRSFC) [Linhas de Média Tensão, EC 2010]

Page 53: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

33

Armação em triângulo, adaptada para ângulo (TAN), representada na Fig. 3.12

Fig. 3.12. Armação tipo triângulo para alinhamento (TAN) [Linhas de Média Tensão, EC 2010]

Armação em galhardete, adaptada para amarração (GAN), representada na Fig. 3.13.

Fig. 3.13. Armação tipo galhardete para alinhamento (GAN) [Linhas de Média Tensão, EC 2010]

É de referir que as armações são normalmente constituídas por ligas de ferro, sendo

possível fazer com que uma armação suporte uma maior ou menor amplitude das solicitações

que lhe são aplicadas aumentando ou reduzindo a espessura dos perfis de ferro.

Uma linha aérea inicia-se, normalmente, a partir de um apoio com uma armação em

esteira horizontal, mesmo em situações onde se trata de uma derivação. Nesses casos, é

colocada uma armação HRSFC cerca de 1 m abaixo da homóloga que nesse mesmo apoio

suporta a linha principal, respeitando-se as distâncias mínimas entre condutores. A solução de

esteira horizontal permite uma fixação, no mesmo plano, dos condutores, o que leva a que,

tanto para descidas como subidas a cabo (transição de subterrâneo a aéreo ou vice versa) não

haja uma aproximação perigosa entre os componentes sob tensão.

Page 54: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

34

No decorrer da linha, e quando esta possui vãos curtos, as armações com melhor

desempenho são as estabelecidas em triângulo. Apesar de uma armação em galhardete

permitir um maior distanciamento entre condutores, aquelas têm a vantagem da sua maior

elevação no apoio, permitindo maiores distâncias dos condutores ao solo e a utilização de

apoios mais baixos.

Num projeto onde, à partida, vão existir vãos longos, é de aproveitar ao máximo a

utilização de armações em galhardete. De facto, quanto maior for a distância entre apoios,

maior é a possibilidade de os condutores se tocarem a meio vão, pelo que a prioridade é

afastá-los o máximo possível.

A armação em esteira vertical não é normalmente muito utilizada. A sua principal

vantagem surge quando dois vãos adjacentes fazem um ângulo muito acentuado num apoio.

Evita-se, assim, que os condutores se aproximem perigosamente deste, dado que se encontram

amarrados apenas a uma face do mesmo.

Ligações à terra

Todos os apoios deverão ser ligados à terra, bem como armações, aparelhagem de corte

ou de manobra (seccionadores), bainhas metálicas dos condutores, descarregadores de

sobretensões (DST), ferragens de suporte e dispositivos anti-nidificação, instalados nos

apoios.

Os elétrodos de terra a utilizar deverão ser do tipo vareta de aço cobreado, de 2 m de

comprimento, diâmetro de 14,3 mm e um revestimento mínimo de 0,25 mm de espessura de

cobre.

Os locais escolhidos para a instalação dos elétrodos serão os mais indicados para o efeito,

depois de efetuadas medições apresentem os melhores resultados.

Os elétrodos de terra serão, em regra, enterrados verticalmente no solo, a uma

profundidade tal que, entre a superfície do solo e a parte superior do elétrodo, haja uma

distância não inferior a 0,80 m e possuirão, se necessário, na sua parte inferior e superior,

dispositivos que facilitem o seu enterramento sem os danificar.

O valor da resistência de terra de proteção deverá ser inferior a 20 Ohm, em quaisquer

condições de tempo ou de medição devendo, para o efeito, serem instalados elétrodos em

número e forma suficiente para atingir esse valor.

Os postes de betão devem ser ligados à terra, interligando-se o terminal de terra existente

na parte inferior do poste (terminal TLT) com o elétrodo de terra, através de cabo de cobre nu

de 35 mm2 (ver

Fig. 3.14).

Page 55: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

35

Os postes metálicos devem ser ligados à terra, interligando-se os terminais de terra

existentes em cada uma das bases aos elétrodos de terra, e interligando-os entre si, através de

cabo VV 1G35 mm2, com bainha exterior preta e isolamento verde/amarela.

Fig. 3.14. Ligação dos elétrodos de terra [Linhas de Média Tensão, EC 2010]

As armações em postes de betão de linhas aéreas de MT devem ser ligadas à terra através

de fio de cobre de 16 mm2 de secção. O fio de cobre de 16 mm

2 deve interligar todas as

ferragens constituintes da armação nos pontos de ligação à terra, existentes em todas as

ferragens. Depois de interligar todas as ferragens, o fio de cobre de 16 mm2 deve ligar ao

terminal de terra superior do poste, através de um terminal apropriado como representado na

Fig. 315.

Fig. 3.15. Execução terra de proteção [Linhas de Média Tensão, EC 2010]

Page 56: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

36

A armação (HRFSC) e o seccionador devem ser interligados entre si através de fio de

cobre nu com 16 mm2, ligando tudo ao terminal de terra superior do poste de betão, como

ilustrado na Fig. 3.16.

A plataforma de manobras e a parte fixa do punho do comando do seccionador serão

ligados ao terminal de terra inferior do poste (ligações independentes), a cabo de cobre nu de

35 mm2, que no seu trajeto para o solo será protegido com tubo de PVC rígido de 25 mm de

diâmetro, com extremidade embebida no maciço. A parte móvel do punho de comando do

seccionador ligará à parte fixa através de trança de cobre estanhada de 16 mm2.

Condutores

Nas linhas aéreas de média tensão podem ser utilizados condutores nus de cobre

(16 mm2), alumínio – aço (Al-Aço 30 mm

2, 50 mm

2, 90 mm

2, 160 mm

2) ou ligas de alumínio

(Áster 20 mm2, 35 mm

2, 55 mm

2, 75 mm

2). Os cabos de cobre apenas são utilizados em linhas

onde exista elevada corrosão marítima, ou seja em locais perto da costa.

Materiais e colocação dos condutores

O tipo, a secção e a tensão de colocação dos condutores são os indicados no projeto. As

secções preferencialmente utilizadas pela EDP Distribuição em condutores de alumínio-aço e

almelec/áster são as seguintes:

- Condutores de alumínio-aço – 50 mm2, 90 mm

2, 160 mm

2 e 235 mm

2;

- Condutores de almelec/áster – 55 mm2, 117 mm

2, 148 mm

2 e 228 mm

2.

A colocação de condutores de secção diferente das indicadas será considerada como a

correspondente ao condutor do mesmo tipo de secção, imediatamente superior. Considera-se

o condutor de liga de alumínio equivalente ao de alumínio-aço de secção mais próxima.

Fig. 3.16. Ligação de poste com Seccionador horizontal à terra [Linhas de Média Tensão, EC 2010]

Page 57: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

37

Manuseamento dos Condutores

No armazenamento e no transporte das bobinas tomar-se-ão as precauções necessárias

para evitar qualquer deterioração dos condutores, nomeadamente:

As bobinas serão armazenadas em locais abrigados e isentos de atmosferas contendo

fumos, produtos corrosivos, poeiras de cimento, carvão ou outros corpos susceptíveis de se

introduzirem entre os fios dos cabos, deteriorando-os;

As bobinas serão cuidadosamente descarregadas dos veículos de transporte. Não deverão

se transportadas sobre terrenos cujas irregularidades ou natureza possam deteriorar os cabos.

O desenrolamento e a fixação dos condutores devem ser rodeados de todos os cuidados

observando-se, nomeadamente os seguintes procedimentos:

Todas as operações de desenrolamento, esticamento, regulação e colocação nas

pinças serão conduzidas de modo a evitar torções, nós, afastamento ou rotura dos fios, etc.

Para a colocação do condutor, durante estas operações, serão utilizados aparelhos cujos

mordentes não possam deteriorá-lo;

O desenrolamento dos condutores será feito de modo a evitar o seu contato com o

solo;

O desenrolamento de uma bobina será feito, quanto possível, de uma só vez, tendo

em atenção o sentido de desenrolamento indicado pelo fabricante;

A passagem dos condutores será feita através de roldanas de alumínio ou de liga de

alumínio, com gola profunda de diâmetro no fundo da gola igual a 2,5 vezes o diâmetro

do cabo e gola com profundidade não inferior a 1,2 vezes o diâmetro do cabo.

Regulação dos condutores

O esticamento dos condutores deverá ser feito de modo a evitar que os postes fiquem

sujeitos a esforços da torção ou flexão.

A regulação dos condutores far-se-á, preferencialmente, pela medida de tensão de

colocação, nos vãos constantes do projeto e através de dinamómetro adequado.

Seccionadores

Existem dois tipos de seccionadores. Os seccionadores horizontais (ver Fig. 3.17), que

são utilizados para fazer a interrupção da linha em certos pontos, sendo, por isso colocados

sobre certos apoios horizontalmente. Deste modo, consegue-se abrir a linha para que esta

fique sem tensão e assim se possa trabalhar nela, em caso de avarias ou mesmo no caso de

construção e entrada em funcionamento de derivações de uma linha principal (ramais). Para

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38

se colocar a derivação em carga, têm de se fazer as ligações da derivação à linha principal

através de um corte de corrente, ou seja, abre-se o seccionador e pode-se trabalhar sem tensão.

Assim que as ligações estiverem concluídas, fecha-se de novo o seccionador e fica-se com

tensão na linha. Os seccionadores verticais (ver Fig. 3.17) são utilizados nos apoios em que se

faz subidas de cabos, ou em apoios onde se coloca os postos de transformação aéreos.

a) b)

3.3 Linhas de Média Tensão Subterrâneas (LMTS)

A criação de linhas de média tensão subterrâneas ocorre devido:

À colocação em funcionamento de novos postos de transformação em cabine;

Ao reforço da rede de alimentação dos postos de transformação;

Aos investimentos da EDP;

À substituição nos centros urbanos de linhas aéreas de média tensão por redes

subterrâneas.

A Construção de Linhas Subterrâneas de Média Tensão envolve, em geral, várias fases,

que se descrevem em seguida.

Abertura de vala

A abertura de vala para colocação de cabos subterrâneos, de média tensão ou de

tubagens, far-se-á recorrendo a processo manual ou mecânico, respeitando os traçados de

projeto e de acordo com o perfil de escavação definido para a colocação de cabos de média

tensão.

Fig. 3.17. a) Seccionador Horizontal e b) Seccionador Vertical

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39

A vala deve ter um perfil com uma largura de 0,50 m e uma profundidade de 1,20 m.

Dependendo do projeto ou de acordos com a fiscalização, pode haver necessidade de abrir

valas com outros perfis, designadas valas de perfil ―Não Tipo‖.

A operação de abertura de vala segundo um perfil tipo ou outro, sempre que executada no

âmbito da realização de uma tarefa, deve compreender a globalidade da seguinte sequência de

operações:

Recolha dos elementos disponíveis que permitam o melhor conhecimento possível das

infra-estruturas subterrâneas existentes no local (redes de gás e águas, cabos elétricos

existentes, cabos telefónicos, distribuição de sinal TV) e a confirmação do prévio

licenciamento das obras a executar, incluindo a manutenção da licença no local da obra, para

exibir, sempre que requerido pela fiscalização camarária ou outra;

Levantamento do pavimento existente, ou seja, da camada superficial de desgaste e da

estrutura de pavimento, quando existam;

Escavação da vala propriamente dita, com as dimensões e perfil definidos, de modo a

que as suas paredes se apresentem alinhadas e o seu fundo nivelado;

Remoção dos produtos de escavação para fora da vala e arrumação dos mesmos de

forma diferenciada, consoante a sua natureza, tendo em vista a sua posterior reutilização no

aterro da vala;

Escoramento de infra-estruturas, eventualmente existentes dentro das valas, como seja

canos de água, tubagem de gás, tubos ou caixas de visita de teleserviços, cabos de fibra ótica e

telecomunicações, etc. Dependendo do terreno onde se abrir a vala, pode ser necessário

escorar toda a vala, se o terreno for arenoso.

Arrumação e movimentação de produtos de escavação

Durante o processo de abertura de valas, os produtos de escavação não reutilizáveis para

o aterro da vala devem ser armazenados para depois serem encaminhados para entidades

certificadas para reciclagem.

No caso especial de escavações em travessias na via pública, deverão ainda ser

arrumados os produtos reutilizáveis em local onde não perturbem o trânsito.

O normal acesso de peões e viaturas às zonas residenciais e comerciais deverá ser sempre

garantido, no decorrer dos trabalhos de rede na via pública. Serão fornecidas e colocadas

passadeiras de natureza e dimensão adequadas ao trânsito, em condições de segurança:

O acesso de peões deverá ser garantido através da colocação de passadeiras metálicas

ou de madeira, providas de guardas laterais, como ilustrado na Fig. 3.18;

Page 60: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

40

O acesso de viaturas deverá ser garantido através da colocação de passadeiras

metálicas reforçadas, devidamente imobilizadas e sinalizadas.

Fig. 3.18. Abertura de vala e colocação de passadeira de acesso

Quando o traçado das valas se desenvolver em zonas urbanas ou semiurbanas e existirem

condicionalismos que impeçam a arrumação dos produtos de escavação ao longo da vala, de

forma a constituírem uma barreira à aproximação e eventual queda de peões, deve-se avaliar a

necessidade de proceder à construção de guardas longitudinais na vala, com altura e

resistência adequadas, de forma a garantir a segurança dos peões.

Além disto, deve-se recorrer à colocação de barreiras móveis (baias) para sinalizar e

barrar pontualmente a passagem de peões em locais estratégicos e particularmente perigosos

para a sua permanência.

Colocação de cabos na vala

O lançamento e colocação de cabos em valas implicam a realização dos seguintes

fornecimentos e operações elementares:

Colocação de uma camada de areia fina distribuída pela vala, que funcionará como a

cama de assentamento do cabo da vala;

Verificação da existência de pedras ou quaisquer outros elementos que prejudiquem a

passagem do cabo;

Colocação de roletes no fundo da vala, distanciados e posicionados segundo regras, face

ao tipo de cabo a lançar, ao traçado e aos eventuais obstáculos ao normal lançamento do cabo

na vala;

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41

Colocação da bobine que contém o cabo sobre mecanismo (cavaletes) adequados que

permita, de forma estável, a elevação da bobina e a sua rotação para permitir o

desenrolamento do cabo;

Colocação de manga de tração adequada à secção e ao tipo de cabo a lançar, assim como

do cabo de tração requerido. No caso do desenrolamento com guincho, deverá aplicar-se a

tração diretamente sobre a alma condutora;

Disponibilização de mão-de-obra para a fase de lançamento do cabo, controlando e

repartindo esforços de tração e evitando o contacto do cabo com arestas ou eventuais

obstáculos existentes ao longo da vala;

O posicionamento final do cabo ao longo da cama de assentamento, no caso de este ser

monopolar, depende da posição relativa das fases, e obriga à aplicação de abraçadeiras em

intervalos regulares de 5 m em troços rectilíneos, ou de 1,5 m a 2 m nos troços curvilíneos;

Colocação de uma segunda camada de areia de 0,10 m de espessura média, de forma a

envolver o cabo lançado na vala e a obter uma distribuição da areia com espessura uniforme

ao longo do perfil escavado;

Colocação de placas de PPC (placa de proteção de cabos enterrados) de 1000x250x2,57

mm para a proteção mecânica dos cabos que não disponham de armadura;

Colocação de rede de sinalização ao longo do traçado, a indicar a existência de cabos.

Durante o lançamento dos cabos, será ainda constante a observância dos seguintes

procedimentos e verificações:

Controlo visual das condições da bainha exterior do cabo;

Perante o conhecimento do tipo e das características do cabo a manusear, o raio de

curvatura mínimo do cabo assim como o esforço máximo de tração a que poderá ser sujeito,

não deverão ser ultrapassados;

Por fim, quando o cabo é cortado, devem ser aplicados capacetes termoretráteis de

selagem das extremidades.

Quando se deixa na vala cabo excedentário para trabalhos futuros, dever-se-á colocar o

cabo em ―círculo‖ ou em ―oito‖.

A colocação de cabos em valas, onde já existam outros cabos, poderá obrigar à

manipulação prévia dos cabos existentes, tendo em vista a preparação das condições para

lançamento dos novos cabos no perfil escavado, mas deve-se ter o máximo de cuidado no seu

manuseamento, pois muitos destes cabos estão em tensão.

Page 62: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

42

Depois de a vala estar aberta, deve-se proceder ao reposicionamento dos cabos na vala.

Se necessário, dever-se-á proceder à recolocação e ao reposicionamento dos materiais de

proteção mecânica dos cabos.

Enfiamento de cabo em tubagem

Em certas situações, os cabos têm de ser enfiados em tubos por diversas razões, tais

como:

1. No caso das travessias da via pública, sendo utilizados tubos de PEAD/PVC, assentes no

fundo de uma vala, aberta perpendicularmente à via e com uma profundidade tal que os tubos

da camada superior garantam a profundidade mínima regulamentar para o atravessamento da

via por cabos de BT ou MT, mas nunca inferior a 0,8 m.

Os tubos, na quantidade definida no projeto, serão dispostos numa única ou várias

camadas, consoante a disponibilidade do terreno e a prática local de execução, evitando-se,

sempre que possível, a proximidade das mesmas com outras infra-estruturas subterrâneas,

existentes ou projetadas.

Os tubos que vierem a constituir reserva para posterior utilização, deverão ser

cuidadosamente tamponados, nos extremos, com tampões apropriados.

2. No caso das travessias para a entrada em garagens ou outras travessias similares, após a

abertura da vala à profundidade adequada, serão dispostos em camadas e colocados na vala

tubos de PEAD, de 125 mm ou 160 mm de diâmetro exterior.

Neste tipo de travessia, a camada de tubos mais profunda assentará sobre uma cama de

areia, areão ou pó de pedra de 0,05 m de espessura, depois de regada e batida. O aterro da vala

será feito por camadas, sendo a primeira camada de terra cirandada de cerca de 0,20 m e

compactada a maço. As camadas seguintes serão também executadas com terra limpa,

de 0,20 m de espessura, regadas e mecanicamente compactadas.

A sinalização dos tubos será garantida através de rede de sinalização, aplicada a 0,30 m a

partir do nível do pavimento em conjunção com fita de sinalização aplicada a 0,15 m acima da

última camada de areia de envolvimento dos tubos.

3. Nas travessias de locais especiais, tais como as que ocorrem em terrenos sujeitos a

abatimentos ou escorregamentos e a esforços elevados, em itinerários principais e

complementares ou ao longo de vias de grande afluência de trânsito, são usados tubos PEAD

de 125 mm ou 160 mm de diâmetro exterior, dispostos em camadas na vala de forma análoga

Page 63: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

43

à já descrita para as travessias do tipo normal mas envolvidas em betão. Antes do enfiamento

do cabo deverá ser cuidadosamente limpo o interior dos tubos. Na entrada e na saída de tubos

deverão ser dispostas guias para cabos, a fim de que a bainha dos mesmos não corra o risco de

roçar nas arestas.

Aterro de vala

O aterro das valas deverá ser feito com terra limpa (isto é, terras sem pedras, restos de

betuminoso, de produtos de escavação em rocha, restos de tubagem e de materiais

biodegradáveis), por camadas de 0,20 m de espessura, regadas e compactadas a partir da

segunda camada de areia e da proteção mecânica do cabo, se existir (ver Fig. 3.19), até à

altura de execução da caixa apropriada para o tipo de pavimento a repor. A compactação

deverá ser feita com meios mecânicos adequados. Em atravessamentos de via pública, tem de

se colocar uma camada de ― tout-venant‖ ou betão pobre antes de se pavimentar a via pública.

Reposição de pavimentos

A reposição de pavimentos, a executar em consequência da abertura de valas para a

instalação de redes subterrâneas, deve garantir que, de uma forma geral, o novo pavimento

resulte o mais semelhante possível ao existente antes da abertura da vala, garantido o

nivelamento entre a reposição a e o pavimento existente, como ilustrado na Fig. 3.19.

A sinalização de trabalhos, bem como a manutenção de passadeiras e proteções de peões,

deve permanecer, desde o início da abertura da vala até ao final da reposição de pavimentos.

Fig. 3.19. Compactação e Reposição de Pavimento

Page 64: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

44

Terminações e uniões em cabos de MT

Para a ligação ou interligação de cabos de MT, deverão ser executadas caixas de junção e

caixas de transição adequadas aos diferentes tipos de cabo existentes nas redes de MT da EDP

Distribuição, quer no que respeita ao modo de isolamento quer no que respeita ás tensões de

serviço.

Com efeito, constam das tarefas descritas a execução:

Caixas terminais para cabos de MT com isolamento seco e com isolamento a papel

impregnado a óleo;

Caixas de junção entre cabos com isolamento seco e entre cabos com isolamento a papel

impregnado a óleo;

Caixas de junção/transição entre cabos com isolamento a papel impregnado a óleo e um

terno de cabos com isolamento seco.

Subidas de cabos em postes de rede ou em paredes

Nas subidas e descidas de cabos de MT, em postes de rede ou em paredes, serão

utilizados tubos de PVC rígido, de 160 mm de diâmetro e 10 kg/cm2. Estes tubos deverão

constituir uma proteção mecânica suplementar dos cabos e a fixação dos tubos aos postes de

rede será realizada com fita metálica e respetivas fivelas. Na fixação às paredes serão

utilizadas abraçadeiras apropriadas convenientemente espaçadas.

Page 65: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

45

4 Tarefas Realizadas

4.1 Projecto/ Orçamentação

Os projectos de redes de baixa tensão podem consistir na remodelação da rede, aumento

da rede ou no reforço da mesma. Todas estas situações podem ter origem em reclamações

provenientes de clientes, dificuldades ao nível técnico e devido a pedidos de fornecimento de

energia (PFE‘s), problemas de qualidade de serviço e problemas de ausência/degradação de

iluminação pública. Quando existe a necessidade de visitar o local, para avaliar as condições

para construção da rede de uso exclusivo e a necessidade de modificação ou mesmo

construção de novos troços de rede de uso partilhado, é necessário realizar um levantamento

do material e das tarefas a executar. Durante a visita é feito um croqui para as tarefas a

executar, para posteriormente se realizar a orçamentação e o respectivo mapa de medições

correspondente simultaneamente é executado um levantamento SIT (Sistema de Informação

Técnica) a todas as infra-estruturas elétricas dos circuitos em causa. Estas informações são

posteriormente inseridas no sistema de gestão da rede de baixa tensão da distribuidora. A

viabilidade do estudo é validada pela distribuidora que posteriormente adjudica a obra.

4.1.1 Levantamentos Rede Baixa Tensão

Depois de se ter identificado os postos de transformação necessários para realização do

estudo, avança-se para uma nova fase do processo que consiste em extrair as plantas dos

locais a partir do SIT, sendo de seguida efetuado o levantamento, no terreno, do tipo de

canalizações e das potências contratadas, por todos os clientes da saída ou saídas respetivas

dos requerentes. Todos os dados da rede, incluindo o traçado e localização dos apoios (redes

aéreas) são anotados nas plantas para futura análise (Anexo III). Os levantamentos das redes

permitem ganhar sensibilidade para futuras soluções, já que o contacto direto com o ambiente

em que estas se inserem é muito importante para compreender quais as zonas com

possibilidade de crescimento a nível de cargas. Esta informação pode influenciar de forma

significativa a solução final a adoptar.

As remodelações de rede são das obras que apresentam maiores dificuldade de

levantamento e orçamentação uma vez que implicam a construção ou remodelação de grandes

partes da rede, sendo necessárias diversas medições. Esta informação vai permitir realizar o

planeamento da rede e a distribuição de cargas. Nesta fase é colocada a hipótese de a rede ser

emalhada de modo a existir uma alternativa de alimentação em caso de necessidade.

A Fig. 4.1 apresenta a informação associada ao levantamento executado para remodelação de

Page 66: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

46

uma rede existente, sendo constituído por uma ficha técnica com a informação da descrição da

forma de execução dos trabalhos.

Quando existe um pedido de fornecimento de energia ou aumento da potência contratada,

é necessário realizar um levantamento no local da rede de baixa tensão. As informações

recolhidas permitem verificar se existe viabilidade no pedido do cliente analisando as

condições do local, a instalação do cliente e a potência máxima instalada para aquela zona. A

Fig. 4.2 apresenta o exemplo de uma Ficha Técnica de Pedido de Fornecimento de Energia.

A solicitação de remoção/deslocação de apoios, surge usualmente por dois motivos

distintos, devido a um pedido de um cliente quando o apoio fica exatamente no acesso à

habitação, ou então no caso da necessidade de alargamento de uma via pública. Nesta situação

Fig. 4.1. Ficha técnica de remodelação de rede

Fig. 4.2. Ficha Técnica de Pedido de Fornecimento de Energia (PFE)

Page 67: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

47

é necessário realizar uma visita técnica ao local, com vista a fazer a análise da viabilidade de

mudança do mesmo, e em caso positivo estabelecer e identificar as tarefas que são

necessárias. Na Fig. 4.3 é apresentado o exemplo de uma Ficha Técnica de Modificação da

Rede onde é possível observar a identificação da situação e onde estão estabelecidas as tarefas

a realizar que servem de base para realizar o orçamento.

4.2 Gestão de Obra

Atribuídas as obras a executar por parte da Distribuidora de Eletricidade na Área

Operacional de Aveiro, torna-se necessário classificá-las de acordo com a prioridade de cada

uma delas e proceder à organização dos materiais disponíveis em armazém para a sua

execução. A Fig. 4.4 apresenta o exemplo da informação disponibilizada pela aplicação de

gestão de obras. Está atribuída ao autor deste trabalho a tarefa de receber a obra e verificar de

que tipo de obra se trata: um pedido de fornecimento de energia (novas instalações); uma

mudança de local de equipamentos; uma remodelação de rede ou a construção de um novo

posto de transformação onde se encontra incluído a parte de Média Tensão e Baixa Tensão. É

ainda necessária uma deslocação ao local da obra, acompanhado pelo chefe da equipa, para

identificação do local da intervenção e resolução de todas as questões relacionadas com a

execução da obra.

Fig. 4.3. Ficha Técnica de modificação de rede

Page 68: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

48

4.2.1 Gestão de Materiais

Com base nas características de cada obra solicitada, através do programa livesolutions,

utilizado para gestão das obras e materiais, é possível tratar individualmente cada uma das

obras. Este programa permite verificar o stock de material fornecido pela EDP e existente em

armazém, sendo necessário fazer, no final de cada mês, um balanço do material em armazém,

e respectivas datas de entrega, conforme ilustrado na Fig. 4.5.

Fig. 4.4. Aplicação de Gestão de Obras

Fig. 4.5. Aplicação de Controlo de Fornecimento de Materiais

Page 69: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

49

4.2.2 Gestão de Stock

Através desta aplicação de gestão é feito o controlo das entradas e saídas de material,

sendo também possível saber o stock em armazém, o material em que o fornecimento se

encontra em falta e o material para fornecimento e respectiva data de entrega.

Na Fig. 4.6 apresenta-se um exemplo da informação disponibilizada pela aplicação de

gestão de stocks.

Fig. 4.6. Aplicação de gestão de Stock

4.3 Manutenção Postos de Transformação

O distribuidor tem especial atenção às acções de manutenção preventiva dos seus postos

de transformação. São feitas inspeções às instalações elétricas por um técnico responsável

pela exploração, pelo menos duas vezes por ano, a fim de proceder às verificações, ensaios e

medições regulamentares e elaborar um relatório, sendo uma dessas inspecções feita durante

os meses de Verão e outra durante os meses de Inverno. O relatório sobre as inspecções será

posteriormente enviado, anualmente, aos serviços externos da Direcção Geral de Energia e

Geologia.

Existe a necessidade de verificar uma vez por ano, durante os meses, de Junho, Julho,

Agosto e Setembro, as resistências de terra de todos os elétrodos de terra que lhes pertençam.

Os resultados obtidos deverão ser anotados no mapa de terras para que possa ser consultado,

em qualquer ocasião, pela fiscalização da Direcção Geral de Economia.

A limpeza das instalações realiza-se com a frequência necessária para impedir a

acumulação de poeiras e sujidades, especialmente sobre os isoladores e aparelhagem.

Qualquer trabalho de limpeza, conservação e reparação só poderão ser executados por pessoal

especializado.

Page 70: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

50

Relativamente aos cuidados a ter por parte da rede explorada por esse posto de

transformação, é necessário verificar se a ponta máxima (kW) atingida pelo Transformador de

Potência, se enquadra nos parâmetros do seu dimensionamento (kVA), controlar a energia

reativa, efetuar periodicamente a medição das tensões secundárias e, se necessário adequar a

respectiva tomada, operação a ser executada sem tensão e por pessoal habilitado.

A Manutenção Preventiva Sistemática (MPS) contempla a realização de dois tipos de

acções para os postos de transformação, como podemos ver na Tabela 4.1.

Tabela 4.1. Manutenção Preventiva Sistemática [EDP, Guia de Manutenção a PT´s]

INSPECÇÃO

- Observação visual do estado geral da

instalação;

- Termovisão sobre todas as ligações

elétricas;

- Medição da resistência dos elétrodos de

terra:

- Terra de serviço;

- Terra de proteção.

MANUTENÇÃO INTEGRADA

- Observação dos elementos para

manutenção;

- Caracterização dos pontos quentes

detetados;

- Inspecção detalhada a todas as ligações

dos circuitos de terra;

- Revisão (afinação, lubrificação, ensaio

dos dispositivos de manobra)

- Verificação e ensaios aos sistemas de

protecção.

4.3.1 Inspecção a Postos de Transformação

Esta atividade inclui a execução do plano anual de manutenção preventiva sistemática aos

postos de transformação e redes de baixa tensão, o plano de realização é entregue para ser

executada a programação no final do ano anterior. Na inspeção a realizar deve-se verificar o

estado da instalação e equipamentos elétricos, com recurso a binóculos/lanterna quando

necessário, preencher as fichas de inspeção das anomalias detetadas (Anexo IV) e identificar

o grau de prioridade que deve ser considerado para a correção, baseado em critérios

uniformes. A inspeção local da instalação vai permitir verificar a existência de elementos

estranhos à rede elétrica, ninhos ou excrementos de aves no transformador ou nos órgãos de

corte e seccionamento, devido à entrada destas no posto de transformação, registar e

Page 71: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

51

identificar a proximidade de qualquer atividade poluente (pedreiras, salinidade, serrações),

que afete de modo significativo a posterior limpeza do posto de transformação. No relatório

deve ainda constar informação relacionada com o mau estado ou entupimento de caleiras e

tubos do sistema de escoamento, referência a infiltrações de água, registo fotográfico das

anomalias detetadas, verificação de eventuais pontos quentes, medição e registo no mapa de

terras, dos valores da terra de protecção e terra de serviço, verificação de não existência de

interrupção dos circuitos de terra, registo das tensões e do contador totalizador do posto de

transformação.

4.3.2 Manutenção Integrada

A Manutenção aos postos de transformação inclui as seguintes tarefas e verificações [EDP, Guia

de Manutenção a PT´s]:

Limpeza geral do posto de transformação;

Limpeza geral do barramento MT e respetivos elementos de suporte e isolamento

(Postos de transformação com barramento à vista);

Limpeza de todos os órgãos de corte e / ou proteção;

Limpeza dos Transformadores de Potência;

Limpeza do Quadro Geral de Baixa Tensão;

Manutenção geral (afinações, lubrificações, etc.) dos órgãos de corte e respetivos

comandos;

Verificação de ligações e apertos;

Verificação e lubrificação de dobradiças, fechaduras e fechos das portas de acesso à

instalação;

Verificação do bom estado de funcionamento da iluminação do PT, com substituição

do material avariado ou danificado;

Medição das resistências dos elétrodos de terra do PT;

Regulação da tomada do transformador se necessário;

Eventual reposição do nível do óleo do transformador;

Verificação e ensaios dos sistemas de proteção.

A distribuidora, no final de cada ano, elabora uma lista de postos de transformação aos

quais é necessário fazer manutenção. Em geral, os que apresentam necessidade de intervenção

são os do tipo cabine alta (CA) e além das ações de manutenção preventiva acima referidas,

têm de realizar também uma substituição de toda a aparelhagem de corte e reparação das

Page 72: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

52

instalações do PT. Este tipo de proteção tem vindo a ser substituída por celas com interruptor

seccionador de corte.

Análise de anomalias detectadas:

Falta de isolador no seccionador: tal como ilustrado na Fig. 4.7, verificou-se a falta de

um isolador numa das fases do seccionador do posto de transformação, foi de imediato

pedida a substituição devido ao perigo que representava para pessoas e bens.

Falta de terra de proteção: Verificou-se durante a inspeção que a terra de proteção

tinha sido furtada, como verificado na Fig. 4.8, estando o posto de transformação sem

proteção contra descargas atmosféricas, foi elaborada uma nota de avaria para reposição

urgente da terra de proteção.

Fig. 4.8. Posto de Transformação sem Terra de Protecção

Fig. 4.7. Seccionador com isolador danificado

Page 73: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

53

Armário e tubos de proteção do posto de transformação do tipo AI danificados: como

ilustrado na Fig. 4.9, possivelmente devido a acidente, o armário do posto de

transformação encontrava-se fora da base e danificado, originando problemas elétricos,

devido aos danos provocados nos triblocos e barramentos do quadro e devido à entrada

de água. Foi elaborado um relatório de incidente para averiguação da existência de algum

incidente para este local, a fim de identificar a causa dos estragos, anexando a ficha de

orçamentação com as atividades e materiais para resolução do problema detetado.

Fig. 4.9. Armário danificado

Na inspeção a um posto de transformação em cabine alta, foram detetadas anomalias

graves a nível da instalação elétrica e da estrutura da instalação. Foi detetado um cabo a

servir de shunt de neutro entre dois circuitos distintos, o que possivelmente causou

prejuízos aquando da falta de neutro. No interior do posto de transformação verificou-se

que uma das saídas do quadro geral de baixa tensão se encontrava ligada com ligadores,

como ilustrado na Fig. 4.10. Pelos indícios encontrados esta alteração teve origem numa

avaria que terá destruído a saída do quadro geral, o qual foi reposto com recurso a

ligadores de forma provisória. Ao nível da estrutura foram detetadas fissuras e faltas de

reboco nas paredes. No final foi elaborado uma nota de avaria para orçamentação.

Fig. 4.10. Anomalias detectadas PT 50 Águeda

Page 74: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

54

Na sequência da inspecção ao posto de transformação apresentado na Fig. 4.11,

verificaram-se duas anomalias graves: um dos descarregadores de sobretensões

encontrava-se partido e o circuito e contador de iluminação pública encontravam-se

queimados. Pelos vestígios encontrados no local estes estragos foram provocados por

uma descarga atmosférica, tendo sido elaborada uma nota de avaria para reparação dos

estragos.

Na inspecção ao posto de transformação da Fig. 4.12 verificou-se que a placa de

travessia (passa-muros) se encontra partida, o que permitiu a entrada de água e aves

dentro do posto de transformação. Foi elaborada uma nota de avaria para substituição da

placa e dos isoladores de travessia.

Fig. 4.11. Anomalias detectadas na inspecção ao PT 19 Anadia

Fig. 4.12.Placa de travessia MT danificada

Page 75: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

55

4.4 Indicadores Qualidade de Serviço

Os padrões de qualidade de serviço a garantir pelos operadores das redes de distribuição

podem variar de acordo com as zonas geográficas estabelecidas. As zonas são classificadas da

seguinte forma [Regulamento de Qualidade de Serviço]:

a) Zona A - capitais de distrito e localidades com mais de 25 mil clientes;

b) Zona B - localidades com um número de clientes compreendido entre 2500 e 25000;

c) Zona C - os restantes locais.

O fornecimento de energia elétrica, bem como a prestação do serviço de transporte e de

distribuição, podem ser interrompido devido a [Regulamento de Qualidade de Serviço]:

a) Casos fortuitos ou de força maior;

b) Razões de interesse público;

c) Razões de serviço;

d) Razões de segurança;

e) Facto imputável ao cliente;

f) Acordo com o cliente.

A quantificação do tempo de não fornecimento de energia que decorrem entre a avaria e a

reparação resultante de incidentes provocadas pelas causas referidas anteriormente não são

contabilizados para o cálculo dos índices de qualidade de serviço.

4.4.1 SAIDI- Tempo médio das interrupções do sistema

Rede MT

Este índice representa a duração média das interrupções verificadas por zona geográfica

(A, B e C) do operador da rede de distribuição nos pontos de entrega, postos de transformação

de serviço público (PTD) ou postos de transformação de uso particular (PTC), num

determinado período de tempo estabelecido (trimestre ou ano civil), dado por (4.1):

(4.1)

onde:

DIij — duração da interrupção i no ponto de entrega j (PTD OU PTC), em minutos;

k — quantidade total de pontos de entrega (PTD OU PTC) na zona geográfica considerada;

x — número de interrupções do ponto de entrega j, no período considerado.

Page 76: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

56

Rede BT

Este índice representa a duração média das interrupções verificadas por zona geográfica

(A, B e C) do operador da rede de distribuição nos pontos de entrega (clientes BT) num

determinado período de tempo estabelecido (trimestre ou ano civil), dado por (4.2):

(4.2)

onde:

DIij — duração da interrupção i no ponto de entrega j (clientes BT), em minutos;

k — quantidade total de pontos de entrega (clientes BT) na zona geográfica considerada;

x — número de interrupções do ponto de entrega j, no período considerado.

4.4.2 SAIFI- Frequência média das interrupções do sistema

Rede MT

Este índice representa o número médio de interrupções verificadas, por zona geográfica

(A, B e C) do distribuidor vinculado, nos pontos de entrega (PTD ou PTC), num determinado

período de tempo estabelecido (trimestre ou ano civil), dado por (4.3):

(4.3)

onde,

FIjMT — número de interrupções em PTD e PTC, no período considerado;

k — quantidade total de pontos de entrega (PTC e PTD), na zona geográfica considerada.

Rede BT

Este índice representa o número médio de interrupções verificadas, por zona geográfica

(A, B e C) do operador da rede de distribuição, nos pontos de entrega (clientes BT), num

determinado período de tempo estabelecido (trimestre ou ano civil), dado por (4.4):

(4.4)

em que,

FIjBT — número de interrupções nos pontos de entrega (clientes BT), no período considerado;

k — quantidade total de pontos de entrega (clientes BT), na zona geográfica considerada.

Page 77: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

57

4.4.3 TIEPI-Tempo de interrupção equivalente da potência instalada

Rede MT

Este índice representa o tempo de interrupção equivalente da potência instalada por zona

geográfica (A, B e C) do operador da rede de distribuição, num determinado período de

tempo estabelecido (trimestre ou ano civil) e que é dado pela expressão (4.5):

(4.5)

onde:

DIij — duração da interrupção i no ponto de entrega j, em horas;

PIj — potência instalada no ponto de entrega j — posto de transformação de serviço público

(PTD) ou particular (PTC), na zona geográfica considerada, em kVA;

k — quantidade total de pontos de entrega (clientes BT) na zona geográfica considerada;

x — número de interrupções do ponto de entrega j, no período considerado.

Os indicadores para as redes de média e de baixa tensão, referentes a interrupções longas

não deverão exceder os valores da Tabela 4.1.

Tabela 4.1. Padrões para a Rede de Baixa e Média Tensão [Regulamento de Qualidade de Serviço]

Page 78: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

58

4.5 Sistema de Gestão de Mobilidade de Equipas

Existem equipas de piquete disponíveis 24h por dia, garantindo o fornecimento de

energia, devido a defeitos causados pelo envelhecimento dos materiais, condições

atmosféricas adversas ou devido a atos de vandalismo, este tipo de casos são os que

geralmente colocam maior risco à comunidade.

Relativamente à reparação de avarias, quando estas surgem na rede de distribuição baixa

tensão, a rede afetada passa a ser explorada num regime designado por regime de exploração

em rede perturbada. Se a reparação for realizada com a rede em serviço, os trabalhos são

classificados como Trabalhos Em Tensão (TET). Durante a execução deste tipo de trabalhos

existem dois objetivos primordiais: o primeiro visa garantir a realização dos mesmos

respeitando todas as condições de segurança e o segundo está associado a uma redução do

tempo de resolução, para que o cliente afetado fique o menor tempo possível sem energia.

A equipa é chamada ao local através de uma ordem de trabalho que lhe chega através de

um Equipamento Móvel de Gestão de avarias, onde consta toda a informação sobre a avaria.

Se a equipa resolver definitivamente a avaria fica na condição de ―definitiva‖ ou caso

contrário fica na condição de ―provisória‖, passando a sua gestão para uma equipa de Redes

Baixa Tensão. Após a resolução da avaria a equipa deve dar por concluída a mesma,

classificando com o código respectivo a causa da avaria (Anexo V). Quando a avaria fica

provisória existe a necessidade de elaboração de uma ficha de orçamentação com as tarefas

cumulativas realizadas e material necessário para execução definitiva da mesma (Anexo VI).

Nesta actividade existem objetivos e metas a cumprir pelo que a organização das equipas

e os tempos de atuação das mesmas são muito importantes.

Atualmente os tempos a cumprir na resolução de avarias é facilmente controlado devido

aos equipamentos móveis de gestão de avarias, onde as equipas informam a cada momento

em que estado se encontra a resolução da avaria (Aceite, Iniciada, No local, Confirmada e

Finalizada), o procedimento de execução da avaria é:

1- Chegada da avaria ao equipamento móvel da equipa;

2- Aceitação da avaria;

3- Deslocação para o local da avaria;

4- Pesquisa e resolução da avaria;

5- Finalização da avaria.

Page 79: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

59

Equipamento Móvel

As principais funcionalidades deste equipamento são: Receção e leitura de incidentes;

Visualização dos detalhes dos incidentes; Registo da informação de resolução de incidentes;

Envio da informação para o centro de comando; Permite fotografar elementos importantes

como prova de causa de avaria (casos fortuitos ou de força maior) (Anexo VII);

Reencaminhamento do incidente (caso se trate do coordenador de avarias).

O sistema de gestão de avarias tem por objetivo a transmissão e coordenação automática

dos incidentes na rede de baixa tensão. A utilização deste equipamento permitiu melhorar de

forma significativa o processo de reparação das avarias nos seguintes aspetos:

Eficiência da comunicação entre os centros de condução e as equipas no terreno;

Da capacidade de intervenção das equipas;

Interação das equipas no terreno com o centro de condução;

Qualidade da informação recolhida.

A quantificação do tempo em cada uma das etapas da resolução da avaria permitem

determinar os vários índices utilizados para a avaliação do cumprimento dos objetivos

estabelecidos. Os rácios mais importantes são o Tempo de Interrupção Equivalente da

Potência Instalada (TIEPI) e o Tempo Médio das Interrupções do Sistema (SAIDI). O

cumprimento dos objetivos estabelecidos para a Área Operacional depende dos valores

obtidos para estes índices.

Atualmente a entidade distribuidora de energia elétrica possui um Sistema de Gestão de

Mobilidade de Equipas onde é feita a gestão de todas a equipas no terreno. Através desta

plataforma é possível, em tempo real, localizar onde se encontra a equipa e qual o estado da

ordem de serviço associada. A plataforma permite realizar a gestão das equipas de Avarias

que têm como função responder a problemas decorrentes de incidentes na rede elétrica e

garantir a continuidade de serviço, gerir as equipas Comercial que se ocupam das ordens de

serviço de contagens de energia e gerir as equipas de Manutenção que estão responsáveis pela

manutenção da iluminação pública e resolução definitivas dos incidentes das equipas de

avarias que ficaram no estado de provisória (ver Fig. 4.13).

Através da informação disponibilizada pelo sistema são controlados os tempos de

ocupação das equipas responsáveis pela reparação das avarias e que garantem a continuidade

de serviço, permitindo avaliar se os objetivos estão a ser cumpridos e calculados os vários

rácios de qualidade de serviço, garantido ainda:

Redução do tempo de comunicação de incidentes entre os centros de condução e as

equipas no terreno;

Page 80: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

60

Aumenta a qualidade da informação trocada, reduzindo erros de transcrição e

comunicação oral;

Gera automaticamente informação de gestão, como históricos de incidentes e tempos

de intervenção;

Acrescenta ainda ao antigo sistema a capacidade de levar a informação até às equipas

no terreno, possibilitando assim uma cobertura de ponta a ponta do processo de gestão

de incidentes num suporte informático.

Fig. 4.13. Sistema de Gestão de Equipas (GME)

Page 81: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

61

4.6 Assistência a Clientes e Manutenção Corretiva

Esta atividade resulta da resposta a um pedido feito pelo centro de Condução/Despacho

que obriga a uma deslocação, com carácter de urgência, a qualquer local da área geográfica de

intervenção, tendo em vista a pesquisa, localização e resolução de avarias, trabalhos de índole

comercial ou verificação de qualidade de serviço/condições de segurança. Nestas situações é

necessário estabelecer as tarefas a realizar para que seja garantida a continuidade no

fornecimento de energia elétrica assim como a salvaguarda de pessoas e bens.

Atualmente as equipas de avarias, mais conhecidas por piquetes de avarias, estão

disponíveis 24 horas por dia. Estas equipas têm como objetivo garantir a continuidade de

fornecimento de energia, assim como a resolução das anomalias da rede das quais possam

ocorrer cortes de energia, são também estas equipas que garantem o bom funcionamento das

redes de distribuição. Este processo tem início quando o cliente liga para a operadora a

comunicar a falta de energia na sua instalação ou uma anomalia na rede. A partir deste

momento a equipa é chamada ao local, através de uma ordem de trabalho que lhe é

transmitida para o equipamento móvel, é também a partir deste momento que o tempo

associado à reparação da avaria começa a ―contar‖ para o cálculo dos rácios de qualidade de

serviço pelos quais a distribuidora é avaliada pelo seu supervisor (ERSE).

Os incidentes ocorridos na rede de distribuição são classificados de formas diferentes

tendo em conta dois fatores primordiais, e que são o número de clientes afetados e se existiu

interrupção do fornecimento de energia. Com esta informação é realizada a classificação da

avaria. As avarias podem ser classificadas como Anomalias de Rede, Baixa tensão, de

Iluminação Pública, de clientes particulares e Transformador.

Nas Anomalias de rede estão englobadas todas as situações em que pode ou não existir

corte no fornecimento de energia, e mais de um cliente afetado por este incidente, em

resultado de anomalias provocadas por condições climatéricas adversas ou causadas por

terceiros (ex: acidentes viação), que impliquem que elementos da rede elétrica tenham sido

danificados.

Avarias de Baixa Tensão correspondem aos incidentes onde existiu corte no fornecimento

de energia e este afetou mais que um cliente, resultante por exemplo de avarias num circuito

de alimentação do posto de transformação ou apenas num ramal de derivação.

As avarias de Iluminação Pública correspondem a incidentes que impliquem o não

funcionamento da iluminação pública ou o seu mau funcionamento, estas avarias resultam de

avarias na totalidade dos focos luminosos daquele circuito e não apenas quando existe um

foco luminoso avariado.

Page 82: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

62

As avarias de Cliente Particular são assim classificadas quando a anomalia afeta apenas

um cliente onde pode ter existido ou não corte no fornecimento de energia.

As avarias classificadas como Transformador são aquelas que tem maior relevância pois

estão associadas a avarias de média tensão ou avarias no posto de transformação, afetando

todos os clientes a jusante.

Esta classificação define a prioridade da avaria e a sua entrada, ou não, para os cálculos

dos índices de qualidade de serviço. As avarias de Transformador são classificadas com

prioridade máxima devido ao número de clientes afetados e ao valor das potências

contratadas; em seguida na lista de prioridade estão as avarias de Baixa Tensão ou cliente

coletivo que afeta diversos clientes de um determinado circuito ou ramal, sendo número de

clientes menor que nas avarias de Transformador, seguem-se as avarias de Cliente Particular

que afetam apenas um cliente seguidas das anomalias de rede e por último as avarias de

Iluminação Pública. Para o cálculo dos índices de qualidade de serviço é necessário ter

presente algumas informações. Nas avarias associadas ao tipo de Transformador se se

verificar que são resultantes de avarias na rede de média tensão, o tempo de resolução vai ser

contabilizado mas para o cálculo dos índices de média tensão, nas avarias de cliente particular

não são contabilizados os tempos resultantes de avarias na instalação do cliente (ex: quadro

cliente ou portinhola), os tempos das avarias de anomalia de rede sem interrupção de energia

ou provocadas por terceiros e avarias de iluminação pública não são contabilizados para este

cálculo.

4.6.1 Análise por Concelho

- Concelho Anadia (AND)

O gráfico da Fig. 4.14 apresenta os valores percentuais associados aos diferentes tipos de

avarias ocorridas neste concelho durante o mês de Agosto. O tipo de avarias com maior

número de ocorrências está associado aos clientes particulares. Este tipo de avarias está

fortemente associada às condições atmosféricas verificadas durante este período.

Fig. 4.14.Distribuição por tipo de Avaria

Page 83: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

63

No gráfico da Fig. 4.15 apresenta-se a comparação do tempo de resolução médio por tipo

de avaria, o tempo médio de resolução apresentado engloba o tempo de chegada ao local

(iniciar da avaria) e o tempo de pesquisa e resolução da avaria. Da análise dos dados pode-se

verificar que as avarias do tipo cliente particular foram aquelas em que a média do tempo de

resolução foi mais elevada, situando-se a média de resolução numa hora e trinta e sete

minutos o que é um bom tempo, visto que o tempo máximo teórico atualmente é de quatro

horas, para que não exista penalizações, estando também a média do tempo de chegada ao

local em cerca de sessenta e sete minutos muito abaixo do máximo teórico de cento e vinte

minutos.

Fig. 4.15. Tempos de resolução por tipo de incidente

- Concelho de Águeda (AGD)

O gráfico da Fig. 4.16 apresenta a percentagem de avarias por tipo ocorridas neste

concelho durante o mês de Agosto, com uma superioridade para as avarias ocorridas em

clientes particulares, seguidas pelas avarias de Anomalia de rede, o que a nível de tempos de

resolução têm pouco significado visto que estas anomalias são de resolução fácil e rápida.

No gráfico da Fig. 4.17 apresenta-se a comparação dos tempos de resolução médios de

cada tipo de avaria, o tempo médio de resolução, que engloba o tempo de chegada ao local e o

tempo de pesquisa e resolução da avaria, verifica-se também do tempo de resolução efetiva

(Tempo resolução) e o tempo que a equipa demora a chegar ao local (Tempo inicio Avaria).

Da análise dos dados pode-se verificar que as avarias do tipo baixa tensão foram aquelas em

que o tempo médio de resolução foi mais elevado, pois são incidentes que afetam ramais ou

Fig. 4.16. Distribuição por tipo de avaria concelho de Águeda

Page 84: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

64

mesmos circuitos inteiros ou parciais do posto de transformação, tendo um tempo de pesquisa

e resolução maior devido à sua complexidade, situando-se a média de resolução numa hora e

setenta minutos, o que é um bom tempo visto que o tempo máximo atualmente é de quatro

horas, estando também o tempo de chegada ao local em cerca de sessenta e sete minutos

muito abaixo do máximo de cento e vinte minutos.

Fig. 4.17. Tempos de resolução por tipo de incidente

- Concelho de Oliveira do Bairro (OBR)

No gráfico da Fig. 4.18 do concelho de Oliveira do Bairro verifica-se que a avaria que

ocorre mais vezes está associada ao cliente particular, seguida das avarias por anomalias de

rede que apresentam um valor significativo. Esta situação é justificada em parte pelo facto de

neste concelho existir uma parte significativa em linhas de cobre sem isolamento. Neste

concelho verificou-se ainda a ocorrência de um número significativo de avarias de

transformador com alguma relevância visto que estas afetam diversos clientes e contribuem,

em muito, para o tempo de não fornecimento de energia.

Fig. 4.18.Tempos de resolução por tipo de incidente

Page 85: Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia

65

Através da análise do gráfico da Fig. 4.19 verifica-se um tempo elevado na resolução das

avarias do tipo iluminação pública o que não é relevante, visto que são as avarias com menor

prioridade e por isso são as últimas a ser resolvidas pelas equipas, a existência de algumas

avarias de transformador fez aumentar o tempo de resolução das avarias visto que são estas

que apresentam o maior grau de complexidade de resolução. Nestes casos são utilizados

grupos móveis de socorro (Geradores) para restabelecer a continuidade de serviço, e desta

forma atenuar os efeitos associados à interrupção de serviço aos clientes.

Fig. 4.19. Tempos de Resolução por tipo de incidente

O gráfico da Fig. 4.20 faz a comparação dos tempos de resolução definitiva das avarias

por tipo e dos tempos de chegada ao local e resolução das avarias, entre os concelhos onde

estou inserido, em que a manutenção é prestada pela equipa 1365 da Bragalux (Anadia,

Águeda e Oliveira do Bairro) e todos concelhos da Área Operacional de Aveiro. Através da

comparação dos tempos obtidos verifica-se que a equipa que actua nestes três concelhos

encontra-se com tempos abaixo da média dos restantes, o que demonstra uma boa organização

e gestão na resolução e na prioridade dada a cada avaria.

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

1,48

1,32 1,35

1,70

1,38

1,23

0,62

0,77

HO

RA

S

TEMPO MÉDIO RESOLUÇÃO AR-Anomalia de Rede

B-Baixa Tensão

IP-Iluminação Pública

IU-Cliente Particular

T-Transformador

Tempo Resolução

Tempo Inicio da Avaria

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66

Fig. 4.20.Comparação de tempos entre os Concelhos de Anadia, Águeda, Oliveira do Bairro

(Equipa 1365) e Todos os Concelhos AO Aveiro

A tabela 4.2 apresenta a distribuição percentual de avarias por tipo e por concelho da AO

Aveiro. Também é apresentado o número de avarias ocorridas em cada concelho e o respetivo

tipo. Pode-se verificar que os concelhos de maior dimensão em número de consumidores

como Aveiro e Ílhavo são aqueles que apresentam o maior número de avarias. O que

demonstra o que o número de avarias está muito relacionado com as redes instaladas, com as

condições atmosféricas e com o número de consumidores (potência instalada).

Tabela 4.2. Distribuição dos Incidentes por Concelhos

ÁGUEDA ANADIA O.BAIRRO AVEIRO ESTARREJA ALBERGARIA VAGOS SEVER VOUGA ÍLHAVO Total %

B 6 4 3 18 7 9 13 4 15 79 10%

T 1 4 1 9 6 3 1 2 6 33 4%

IU 54 48 29 112 28 35 70 10 94 480 58%

IP 22 16 5 17 2 11 17 7 15 112 14%

AR 12 6 10 28 16 10 21 1 20 124 15%

% 11% 9% 6% 22% 7% 8% 15% 3% 18% 828

Equipa 1365

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67

4.7 Construção da Linha de Média Tensão Aérea 15 kV “AE MT

AND0234-SGL-AND”

No âmbito dos trabalhos de construção de Linhas de Média Tensão Aéreas, acompanhei a

construção de uma linha aérea com uma tensão nominal de 15 kV no concelho de Anadia para

a ligação de um novo posto de transformação.

A obra surgiu por iniciativa da empreitada contínua da EDP, fazendo parte do plano de

obras de 2011, inserindo-se no plano de investimento da rede de distribuição no concelho de

Anadia.

Os trabalhos de remodelação da rede aérea efetuadas neste concelho, tem como objetivo a

melhoria da qualidade de serviço.

O trabalho de remodelação realizado consistiu em alterar o circuito 2 do PT 139. Este

circuito foi seccionado e passou a ser alimentado através de uma nova ligação com origem no

PT 234, armário A0144 circuito 1.

A nova linha tem origem no apoio 2 da linha principal de 15 kV – Barrô-Bustos II, e

através de uma derivação que vai alimentar o novo PT 234 de serviço público, tipo AI.

Os procedimentos a realizar para um projeto deste tipo consistem numa primeira fase na:

abertura do processo de obra (pasta de obra) em que se inclui o projeto, o perfil da linha, o

plano de segurança e saúde, listas de materiais e mapas de medições (Anexo VIII), o

preenchimento e anexo das fichas de verificação de conformidade, fichas do meio envolvente

e guia de acompanhamento de resíduos (Anexo IX). Este tipo de procedimento é um processo

interno da empresa que se aplica a todas as obras. Com o processo da obra já tratado, a

confirmação de que os postes já estão encomendados ao fornecedor, e que a autorização dos

proprietários dos terrenos por onde passa a linha já foi facultada à EDP Distribuição, inicia-se

uma nova etapa que consiste em realizar a piquetagem da linha. Este trabalho é executado por

um topógrafo contratado pela empresa e que vai ao local da obra, levando o perfil e a planta

de localização do troço, fazendo a piquetagem da linha, utilizando as estacas como já foi

explicado atrás.

Depois de realizada a piquetagem da linha, os proprietários dos terrenos são informados

de que os trabalhos vão ser inicializados. Na Fig. 4.21 são apresentadas algumas das tarefas a

executar para a implementação da nova linha.

Os isoladores, armações e cadeias de amarração e suspensão utilizados na execução da

obra têm de ter as caraterísticas incluídas na memória descritiva do projeto.

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68

Com os apoios colocados e as ligações destes à terra já realizadas, procede-se à execução

dos maciços de suporte dos apoios nos quais são colocadas espias para garantir que os

mesmos possam secar.

Após alguns dias, e realizada a verificação de que os apoios já estavam seguros começou-

se a passar a linha de MT, através de roldanas, como ilustrado na Fig. 4.21. Para esta linha o

condutor a utilizar foi o condutor Áster de 55 mm2 de secção. Na passagem do condutor tem

que se ter em atenção os vãos de regulação e flechas de montagem, estando estes valores num

quadro especificado no projeto.

Depois de realizada a colocação dos condutores ao longo da linha começou-se a fazer as

amarrações e suspensões da linha de acordo com o que foi estipulado no projeto.

No final do processo de implementação da linha a EDP Distribuição é informada e

inicializa-se um processo de fiscalização da obra, que culmina com a marcação da ligação do

novo ramal à linha principal.

Para finalizar a obra é finalmente necessário proceder à ligação do novo posto de

transformação à rede.

Na conclusão da obra deslocou-se ao local, juntamente com o fiscal da EDP Distribuição

que acompanhou a obra em representação do dono da obra e realizou-se a assinatura do auto de

recepção provisório. Neste documento declara-se que os trabalhos realizados se encontram

executados de acordo com as condições gerais e condições técnicas especiais do caderno de

encargos e medições de acordo com as quantidades referidas no mapa de medições (Anexo X).

Fig. 4.21. Colocação de Apoios, Cadeias de Isoladores e linhas de MT

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69

5 Conclusões

Após análise do trabalho apresentado, entende-se que os objectivos propostos foram

atingidos.

Os temas abordados permitiram adquirir conhecimentos muito importantes na área das

redes elétricas de Baixa e Média Tensão.

Na construção de novas redes há que destacar que, dada a conjuntura atual, é importante

ter em conta os impactos ambientais que o projeto e implementação de redes elétricas podem

provocar, assim como os investimentos associados e o processo de licenciamento das

mesmas. Conclui-se que, apesar de nem sempre serem necessárias avaliações de impacto

ambiental, o projetista necessita de cumprir as mais elementares regras de bom senso e, tentar

ao máximo, atingir uma solução que mitigue os efeitos nefastos para um desenvolvimento

sustentável. Esta atividade implica a necessidade de haver uma interação de vários

profissionais em que todos têm de fazer a sua parte para melhorar a qualidade de serviço e

garantir a sua continuidade.

Em suma, considero-me bastante satisfeito com o trabalho desenvolvido e com o

conhecimento adquirido ao longo do período de estágio, estando também extremamente

consciente que o mesmo resultou de um esforço genuíno da minha parte e da entidade

acolhedora, que proporcionou uma oportunidade profissional de grande valor e mérito. Posso

considerar que este estágio foi produtivo pois, com a orientação dos profissionais que comigo

trabalharam, verifiquei que nem sempre as melhores soluções do ponto de vista técnico são as

soluções a aplicar, sendo necessário ter sempre em conta os fatores económicos e aspectos

ambientais.

Na minha opinião, considero que a realização do estágio revelou-se um momento de

aprendizagem fundamental, uma vez que todos os dias era confrontado com novos desafios e

objetivos a cumprir.

O estágio revela-se um momento de aprendizagem fundamental para quem pretende

iniciar-se no mundo do trabalho.

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70

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71

6 Referências Bibliográficas

[EDP, 2003] – EDP, ―Guia de Manutenção a Postos de Transformação”, Agosto de 2003.

[EDP, 2004] – EDP, “Centralização de Contagens em Edifícios. Regras para concepção dos

quadros ou painéis de contagem”- DIT-C14-140\N,2004

[EDP, 2007] – EDP, “Cabos em torçada para linha aéreas de Baixa Tensão”, DMA-C33-

209\N, Maio 2007

[EDP, 2007] – EDP, “Ligação de Clientes de Baixa Tensão. Soluções técnicas normalizadas”

– DIT-C14-100\N, Maio 2007.

[EDP, 2007] – EDP, “Relatório de Qualidade de Serviço 2006”, Maio 2007

[EDP, 2009] – EDP, “Construção, reparação e manutenção de Redes de Distribuição, EC

2010”, Agosto 2009.

[Ribeiro da Silva, 2010] – H. Ribeiro da Silva, ―Projeto de Postos de Transformação” O

Eletricista, vários nºs.

[RSRDEEBT] – “Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de Energia Elétrica

em Baixa Tensão”, Decreto regulamentar nº9/84‖

[Santos e Ferreira, 2004] – J. N. Santos e J. R. Ferreira, “Redes de Distribuição de Energia

Elétrica em Baixa Tensão”, FEUP 2004.

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73

ANEXO I

RELATÓRIO DE PREJUÍZOS

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ANEXO II

DESENHO LINHA MT

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ANEXO III

SIMBOLOGIA TÉCNICA

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ANEXO IV

FICHA INSPEÇÃO A POSTOS DE TRANSFORMAÇÃO

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ANEXO V

CLASSIFICAÇÃO DE INCIDENTES

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ANEXO VI

FICHA DE ORÇAMENTAÇÃO

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ANEXO VII

FICHA DE OCORRÊNCIA

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ANEXO VIII

MAPA DE MEDIÇÕES

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ANEXO IX

FICHAS DE AMBIENTE E SEGURANÇA

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Anexo X

AUTO DE RECEPÇÃO