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INTRODUO
A fundamentao do presente trabalho tem por base o grande ndice de
sinistralidade na construo civil, com especial ateno para os acidentes mortais na
construo de edificaes e tambm pela falta de preocupao e respeito pela condio
humana.
Com a crescente preocupao de bem-estar humano, a temtica da Segurana,
Higiene e Sade no Trabalho (S.H.S.T.) no poderia deixar de fazer parte do nosso dia-
a-dia, pois ocupamos directa ou indirectamente pelo menos um tero das nossas vidas
actividade profissional. O elemento humano contribui, significativamente, para a
concretizao dos acidentes de trabalho. Cerca de 78% dos acidentes que se registam
nos diversos locais de trabalho ficam a dever-se a este tipo de causa. (1)
Como consequncia da adeso de Portugal comunidade Europeia, as empresas
tm vindo a ser confrontadas significativamente com uma produo normativa que veio
preencher uma notria lacuna na legislao nacional, impondo novas obrigaes s
empresas e criando assim alteraes de comportamento e procedimentos na temtica da
segurana, higiene e sade no trabalho e nas condies de trabalho. No mbito das
inovaes referidas, assume especial importncia o plano de segurana, higiene e sade
no trabalho, uma vez que se trata legalmente do instrumento de preveno dos riscos
profissionais nos estaleiros e em obra, que tem como objectivo principal identificar os
riscos associados s tarefas e suas medidas de preveno. Este trabalho no tem por
base o aprofundamento do Plano Segurana, Higiene e Sade no Trabalho, mas sim a
elaborao de um manual de procedimentos de Segurana que seja um elemento de
trabalho, objectivo e de fcil consulta e com caractersticas dotadas para a obra.
Entende-se que para a execuo de um manual de segurana com qualidade
teremos que percorrer o caminho da anlise de contedos de trabalhos j realizados na
especialidade, tentar compreender a razo dos acidentes de trabalho na construo civil,
encadearmos o trabalho terico com a anlise prtica em obra e s depois iniciarmos a
elaborao de um Manual de Procedimentos de Segurana para Obra.
(1) Armindo Pimenta Formador na Ps Graduao de H.S.S.T.
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No seria coerente para o conhecimento mais profundo dos riscos associados a
este tipo de trabalho se no se procedesse a uma anlise de situaes reais de trabalho,
partilhando da opinio dos trabalhadores e dos quadros tcnicos que esto directamente
envolvidos nestas actividades.
Com o presente trabalho pretende-se fundamentalmente facultar a interveno de
quem possa ter por actividade a construo de edificaes e/ou outro tipo de estrutura
que necessite de realizar tarefas de escavao, cofragens, armao de ao em varo e
betonagem e, esperar por uma diminuio dos acidentes de trabalho nesta rea se os
pressupostos do manual forem correctamente aplicados em obra.
1. ESTUDOS SOBRE ACIDENTES DE TRABALHO
1.1. - O Trabalho e os Acidentes de Trabalho
Os acidentes de trabalho na construo civil so um assunto que afecta a
sociedade moderna enquanto problema social e econmico. Portugal um dos pases
com o maior nmero de acidentes de trabalho, e mortes por acidentes de trabalho. A
preocupao com a segurana no trabalho quase to antiga quanto a nossa civilizao.
Contudo, foi com a industrializao e a consequente degradao das condies de
trabalho que esta problemtica deu origem ao desenvolvimento legislativo e normativo
com o intuito da melhoria das condies de trabalho.
O sector da construo civil, sendo um dos motores da economia nacional,
tambm aquele, em que os ndices de sinistralidade so mais elevados, apesar das
constantes campanhas de informao desencadeadas por vrios organismos nesta
matria. A ttulo de exemplo refira-se que o sector da construo civil relativamente s
restantes actividades laborais apresentava at 2000, a 2 maior taxa de incidncia de
acidentes de trabalho (22%), e a 1 em acidentes mortais (28%), nos ltimos 8 anos
estes valores no se alteraram significativamente no que se refere aos acidentes de
trabalho mas evoluiu negativamente nos acidentes de trabalho mortais, atingindo um
valor aproximado a 50% nos ltimos 5 anos. Da a importncia de estudo nesta matria,
pois se for possvel evitar um nico acidente de trabalho mortal na construo civil que
seja, j ter valido a pena o esforo desenvolvido.
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1.1.1. - Perspectivas Tcnicas dos Acidentes de Trabalho
As perspectivas tcnicas de alguns autores relativamente aos acidentes de
trabalho so uma constante da evoluo da sociedade, no podendo as causas tcnicas
assentarem nica e exclusivamente num fundamento rgido e imutvel, pois as
condies de trabalho so parte integrante da evoluo socioeconmica.
Como referem alguns autores em trabalhos sobre a matria, pode ser identificada
a existncia de trs momentos principais para o estudo cientfico da segurana e para a
anlise dos acidentes de trabalho.
O primeiro momento, cujo inicio pode ser marcado com o inicio do sec. XIX at
segunda guerra mundial, com uma incidncia sobre as medidas tcnicas. Neste
momento, a principal preocupao incidia sobre a mquina e sobre as condies de
trabalho e a preveno dos acidentes de trabalho assentava numa base tcnica de modo a
criar condies de segurana das pessoas face aos riscos associados tarefa que os
trabalhadores desenvolviam. Foi neste momento que se deu inicio ao desenvolvimento
dos equipamentos de proteco individuais (EPI).
Um segundo momento, que teve um desenvolvimento mais significativo aps a
segunda guerra mundial e consecutivamente com o boom da construo. Com a
publicao de alguns trabalhos que introduzem uma componente humana para a anlise
dos acidentes de trabalho tambm referida a propenso humana para os acidentes de
trabalho. Com a abordagem dos acidentes de trabalho sobre a perspectiva humana surge
a preocupao comportamental do indivduo e o factor de erro humano antes nunca tido
em conta, o que origina a preveno centrada no indivduo. ainda neste momento que
os contributos da psicologia se comeam a fazer sentir como componente necessria
para a preveno dos acidentes de trabalho.
O contributo incide sobre o indivduo e sobre a predisposio deste para os
acidentes de trabalho. A predisposio do indivduo para o acidente de trabalho est
intimamente ligada com a percepo que este tem sobre o assunto, a experincia, a
idade o stress, os acontecimentos da vida a percepo do risco e a sua personalidade.
A contribuio da psicologia para a explicao da vulnerabilidade do indivduo
marcada por duas grandes fases: Numa primeira fase existe a preocupao com as
variveis fisiolgicas como problemas visuais, doena, fadiga, alcoolismo e numa
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segunda fase onde so objecto de anlise as variveis psicolgicas como a inteligncia,
a percepo ou a personalidade.
O terceiro momento e mais recente incide sobre a organizao e todos os factores
anteriormente mencionados a agirem em interaco (teve inicio no final dos anos
setenta). Este momento caracterizada pela causalidade mltipla, ou seja, o acidente
explicado por vrios factores que associam a interaco do indivduo com a tecnologia
de produo. No mesmo sentido, surge a necessidade de se abandonar a ideia de uma
simples causalidade e considerar a existncia de vrios factores psicolgicos,
fisiolgicos, tcnicos, econmicos e sociais, todos interagindo entre si. Neste momento
atribudo um papel preponderante na preveno dos acidentes de trabalho s causas
organizacionais, e identificao das falhas organizacionais que antecedem o acidente
de trabalho.
De acordo com esta perspectiva os acidentes de trabalho primariamente tm a sua
origem nas decises, investimentos e politicas dos lderes organizacionais ou dos
gestores de topo.
1.1.1.1. Aspectos Econmicos
As ligaes entre as grandes e as pequenas empresas passam cada vez mais por
formas de controlo e menos por formas de observao. Num estudo sobre pequenas e
mdias empresas no sistema econmico contemporneo, prope-se uma tipologia que
sugere uma certa diversificao das unidades de menor dimenso (2)
. A partir da sua
capacidade tcnica e de penetrao no mercado, divide-as em dois grupos: O das
pequenas empresas sobreviventes e o das pequenas empresas adaptadas ao mundo
industrial. No primeiro grupo so, por sua vez, detectveis duas categorias, a das
empresas residuais e a das que se encontram enfeudadas a sociedades poderosas. o
segunda categoria de empresas que pode ser considerado como o terceiro mundo do
sistema industrial, a ele se juntam todas as empresas que actuam na esfera econmica
informal ou subterrnea (alimentando o mercado negro dos produtos e servios).
Ao nvel organizacional das empresas reflectido um baixo investimento em
matria de segurana e preveno dos riscos associados sua actividade, que se verifica
nas condies de segurana existentes nos estaleiros e nas obras.
(2) - Maria Cidlia de Jesus Queiroz Tese de Doutoramento em Sociologia Porto 1999
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A existncia de um grande nmero de empreitadas e subempreitadas que so na
sua esmagadora maioria, pequenas ou microempresas, sem capacidade financeira para
investirem na preveno dos riscos profissionais.
Neste contexto de salientar que os empregados se vem remetidos ao tipo de
contrataes desfavorveis, so constrangidos a demonstrar uma submisso e fidelidade
empresa, acatando sem reservas as condies impostas, por mais penosas que estas
sejam. Estes trabalhadores na sua grande maioria tem vnculos de trabalho contratual
inferiores a dois anos.
Ao nvel do trabalhador compreensvel que o mesmo se sinta incomodado,
desatento e desconcentrado sempre que as suas condies de estabilidade no lhe sejam
favorveis, consequentemente a propenso para o acidente de trabalho superior.
No Grfico 1 est reflectida a problemtica associada aos acidentes de trabalho
mortais entre os anos de 2004 e 2008 relativamente dimenso da empresa, onde
facilmente se pode constatar que a grande incidncia de acidentes mortais so no seio
das pequenas e mdias empresas.
Grfico 1 Dimenso da Empresa(nde trabalhadores)/Acidentes de Trabalho Mortais
Fonte: IGT
0
5
10
15
20
25
30
35
40
2004 2005 2006 2007 2008
10 - 20
21-50
50
1 - 9
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1.1.1.1.1. - Custos com a Insegurana
Os acidentes de trabalho oneram em muitos milhes de euros. De acordo com a
informao de Seguros de Portugal, citado pelo I.D.I.C.T. (2001) j no ano de 1995, os
custos directos com a reparao dos acidentes de trabalho custaram economia nacional
cerca de 300 milhes de euros (3)
, no esquecendo as horas de trabalho perdidas pelos
acidentados, colegas de trabalho que assistiram, em transporte, entre outras. Entendem-
se como custos directos os seguintes:
Dias de trabalho perdidos;
Despesas com assistncia mdica;
Medicamentos;
Indemnizaes com salrios perdidos;
Despesas de deslocao;
Custos de reabilitao;
Aumento do prmio de seguro;
Os custos directos so habitualmente mais evidentes, e por isso mesmo,
facilmente contabilizveis.
Por outro lado, os custos indirectos so extremamente difceis de quantificar e
consecutivamente de contabilizar e passam, muitas vezes despercebidos, pois envolvem
um elevado nmero de factores. H no entanto a ideia que so consideravelmente
superiores aos custos directos. Esta ideia de comparao entre custos directos e custos
indirectos dos acidentes de trabalho tm vrias condicionantes: temporal,
condicionantes dos locais de trabalho, climatricas e outras. A verdade que os custos
indirectos resultantes dos acidentes de trabalho assumem por vezes valores impensveis,
pois distribuem-se por factores to extensos como:
Tempo gasto no socorro vtima;
Perdas de produo e produtividade;
Tempo dispendido na investigao das causas do acidente;
Custos com a ocupao administrativa com o processo;
Custos associados substituio do trabalhador;
(3) Lus Barrosos Tese de Mestrado em Necessidades de Formao Faro 2003
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Rotao, absentismo, formao, etc;
Perdas associadas imagem;
Perdas de competitividade associadas reduo da capacidade de resposta;
Consequncias fsicas, emocionais e econmicas para as vitimas, familiares e
comunidade;
Consequncias emocionais para os colegas de trabalho;
Os custos de um acidente de trabalho podem ser comparados a um iceberg, cuja
parte submersa, e de maiores dimenses, tende a ser negligenciada, mas no entanto,
pode afundar um navio em consequncia de um rombo abaixo da linha de gua.
Figura 1 Relao aparente entre Custos Directos e Custos Indirectos
Fonte: Oliveira e Machado (1996)
Numa perspectiva economicista (4), toda a medida preventiva se traduz num custo e a sua
verdadeira rentabilidade s pode ser confirmada mediante uma adequada anlise de
custo-benefcio. O balano entre custos e benefcios pode ser expresso atravs do
seguinte grfico:
(4) Cristina Madureira Dissertao de Mestrado em Anlise Econmica da Segurana 1998
Custos
Directos
Custos
Indirectos
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Grfico 2 Custos de Segurana/Acidentes
Custos com Acidentes
Custos Totais Custos com Segurana
Grau de Segurana
100%
A
No grfico, a linha vermelha representa os custos associados aos acidentes de
trabalho e tem o seu zero quando os custos associados segurana (linha verde)
mximo. Os custos totais (linha azul) representam a soma dos custos dos acidentes de
trabalho com o valor dispendido nas medidas preventivas e apresenta um valor mnimo
em (A) que corresponde ao valor ptimo do grau de segurana sobre o ponto de vista
nica e exclusivamente econmico.
No ser comportvel a nvel econmico garantir a inexistncia de acidentes de
trabalho pela introduo de medidas preventivas, pois a causa dos acidentes de trabalho
bem mais vasta que o mero investimento em preveno. O pretendido minimizar e
assim contrariando a opinio apresentada por alguns autores de ser possvel evitar a
totalidade dos acidentes laborais, admitir que o balano ptimo entre custos e benefcios
resulta da ocorrncia de um nmero de acidentes de trabalho inferior ao esperado
inicialmente.
De acordo com a Autoridade para as Condies do Trabalho (A.C.T.), dois teros
dos acidentes de trabalho so predeterminados antes da abertura do estaleiro. O estaleiro
sem dvida o ponto de convergncia da maior parte dos disfuncionamentos criados a
montante. O acidente de trabalho , frequentemente, o indicador final do
disfuncionamento revelador dos pontos fracos da gesto e da organizao geral do
projecto. Raramente um nmero significativo de acidentes de trabalho surge como um
caso isolado; ele exprime, dfices que tm por origem a m organizao da produo.
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Referido por inmeros autores nesta matria, os custos com os acidentes de
trabalho so superiores a 3% do volume de negcios da actividade de construo civil.
Se se actuar de uma forma preventiva, isto , aplicando todos os pressupostos da
regulamentao em vigor no que diz respeito matria de segurana, higiene e sade no
trabalho, o custo da aplicao das medidas proteco colectivas no vai alem de 1,5%
do volume de negcios da actividade em questo, ou seja, o valor pela no preveno
(valor dispendido com os acidentes de trabalho) o dobro do valor que ser necessrio
para a preveno.
1.1.1.2. Evoluo Legislativa
A preocupao com a segurana e sade no trabalho existe quase desde que
surgem as actividades de trabalho organizadas (5). A preocupao com os riscos
associados ao trabalho, muito antiga, sendo os primeiros contributos neste sentido
atribudos ao Cdigo Hammurabi (sec. IX a.c.) e a Hipocrates (sec. IV a.c.).
Seguiram-se vrios contributos com o intuito da identificao e preveno dos
riscos de acidentes de trabalho. No entanto, foi com a evoluo industrial que surge a
primeira legislao laboral e a inspeco do trabalho, associada proteco social dos
trabalhadores no que diz respeito a matria de segurana, higiene e sade no trabalho.
Os actuais servios de segurana e sade no trabalho tiveram origem na
legislao de 1855 que instituiu a anlise dos acidentes de trabalho e alargou os
critrios utilizados nos exames de admisso, sendo que estes exames passaram a incluir
uma avaliao ao estado de sade do trabalhador e no s sua condio fsica.
Alguns marcos da evoluo legislativa de segurana, higiene e sade no trabalho:
1891 Regulamentao do trabalho de menores e das mulheres nos estabelecimentos
industriais (Decreto Lei de 14 de Abril de 1891);
1895 Promulgada a primeira lei especifica sobre higiene e segurana no trabalho no
sector da construo civil e obras publicas (C.C.O.P.) (Decreto Lei de 06 de
Junho de 1895);
(5) Slvia Costa Agostinho da Silva Dissertao de Doutoramento numa abordagem Psicossocial Lisboa 2003
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1913 Promulgada a legislao sobre a reparao dos acidentes de trabalho;
1919 Criada a Organizao Internacional de Trabalho (O.I.T.);
1936 Regime jurdico da reparao dos acidentes de trabalho e doenas profissionais;
1946 Criao da Organizao Mundial de Sade (O.M.S.);
1958 Regulamento da segurana nos trabalhadores da construo civil
(Decreto Lei n 41820 e 41281, de 11 de Agosto de 1958);
1962 Criao do gabinete de higiene e segurana no trabalho que passar a Direco-
Geral do Trabalho em Dezembro de 1974;
1967 Criao e regulamentao dos servios mdicos nas empresas
(Decreto Lei n 47511 e 47512, de 25 de Janeiro de 1967);
1971 Regulamento da Lei dos acidentes de trabalho e das doenas profissionais
(Decreto Lei n 360/71, de 21 de Agosto de 1971);
1981 Conveno n 155, conveno sobre segurana e sade dos trabalhadores
(Decreto do Governo n 1/85, de 16 de Janeiro de 1981);
1989 Directiva Quadro Europeia Estabeleceu os grandes princpios que devem
reger a politica de segurana e sade no trabalho;
(Directiva n 89/391/CEE, de 12 de Junho de 1989);
(Decreto Lei n 441/91, de 18 de Janeiro de 1991);
1991 Primeiro acordo social para a segurana e sade no trabalho entre governos e
todos os parceiros sociais;
1993 Criao do Instituto de Desenvolvimento e Inspeco das Condies de
Trabalho (I.D.I.C.T) (Decreto Lei n 219/91, de 16 de Junho). Revogado o
estatuto de Inspeco-Geral de Trabalho(I.G.T.), aprovado pelo Decreto-Lei
n327/83 de 08 de Julho;
2001 Novo acordo social sobre as condies de trabalho, higiene e segurana e no
combate sinistralidade;
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A Segurana e Higiene do Trabalho, encontra o seu enquadramento no Decreto-
lei n. 441/91, de 14 de Novembro que integra os princpios definidos pela Directiva
89/391/CEE (Directiva Quadro), pela Conveno n. 155 da OIT (Conveno sobre a
Segurana, a Sade dos Trabalhadores e o Ambiente de Trabalho) e pelo Decreto-lei n.
273/2003 de 29 de Outubro. O objecto deste trabalho, so especificamente as alneas a,
b, c e d do Art.20 do Dec. Lei n 273/2003 de 29 de Outubro.
Nesta matria, a legislao do sector encontra-se deficiente e desactualizada
(refira-se a titulo de exemplo, que o regulamento de segurana do sector de 1958,
encontrando-se desajustada da realidade tcnica actual). O Decreto-Lei n 155/95 que
regulava at Dezembro de 2003 as prescries de segurana em estaleiros temporrios
mveis, era deficiente em diversas matrias, em particular na definio das
responsabilidades. Face necessidade de reduzir os riscos profissionais nos sectores de
maior sinistralidade, o acordo celebrado entre o governo e os parceiros sociais em
Fevereiro de 2001, previu a reviso e aperfeioamento das normas e regulamentao no
sector da construo civil e obras pblicas, assim como o reforo dos meios de
fiscalizao, tendo sido publicado em 29 de Outubro, o decreto-lei n 273/2003, que
revoga o decreto-lei n 155/95 (mantendo a transposio da directiva 92/57/CEE). O
decreto-lei n 273/03 de 29 de Outubro procura definir ou clarificar estes aspectos com
o objectivo de melhorar a implementao de medidas de proteco da segurana e
sade dos trabalhadores, nomeadamente definindo a quem pertence a responsabilidade
na matria de segurana no trabalho.
A deficiente capacidade de fiscalizao das entidades oficiais do estado, no
incentivando as empresas a investir no sentido de prevenir e reduzir os acidentes de
trabalho um contra vapor para a reduo da sinistralidade.
Em jeito de concluso na matria jurdica do nosso pas, no se pode deixar de
apresentar um artigo editado na revista da Ordem dos Engenheiros que tem especial
interesse e muito oportuno para salientar os caminhos legislativos da actualidade e
como vai a legislao no nosso pas.
Apressar a aprovao das normas relativas coordenao de segurana em obra,
para poder combater a desregulamentao do mercado e os acidentes de trabalho, um
dos principais objectivos traados pela Ordem dos Engenheiros Regio Norte (OERN)
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para o presente ano. Nesse sentido, o primeiro passo j foi dado com a realizao no
Porto, em Janeiro, do seminrio Segurana na Construo Civil, promovido em
parceria com o Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ). H 14 anos que o sector da
construo civil espera que seja aprovada a legislao relativa coordenao de
segurana em obra. A legislao actual dispersa, descoordenada e contraditria,
acusa Fernando de Almeida Santos, secretrio do conselho directivo da OERN,
lamentando que a ausncia de ferramentas e metodologias contribua para o descrdito
do sector da construo civil, que afecta, sobretudo, a imagem dos engenheiros. Por
isso, defende que, quer a coordenao, quer os planos de segurana, sejam feitos
exclusivamente por pessoas com habilitaes acadmicas, experincia profissional e
formao especfica na rea da construo, isto , engenheiros civis, engenheiros
tcnicos civis e arquitectos.
Jorge Arajo, do Centro de Formao do ISQ, no poderia estar mais de acordo e
aponta a necessidade de haver coordenadores de segurana com formao adequada,
acrescentando que todos os intervenientes da obra deviam ter formao, at porque
fundamental para a construo de um pilar de segurana nas obras. Contudo, se no
houver vontade poltica, a legislao continuar na gaveta, acredita o coordenador
adjunto da especializao em segurana na construo da OE, Ricardo da Cunha Reis,
ao mesmo tempo que alerta para o facto de, neste momento, qualquer pessoa, de
qualquer profisso, poder ser responsvel pela coordenao de segurana de projecto
ou obra. Uma situao preocupante que pode ajudar a fazer disparar os nmeros da
sinistralidade. Se, por outro lado,conseguirmos regular o mercado, faremos com que o
nvel qualitativo dos coordenadores de segurana seja mais elevado e que os ndices de
sinistralidade desam, defende. A falta de formao acadmica na rea da segurana
foi uma das preocupaes evidenciada por muitos dos participantes no seminrio,
inclusivamente das prprias empresas de construo civil. De acordo com Sebastio
Gaiolas, director de desenvolvimento organizacional da Edifer, as pessoas menos
preparadas para trabalhar na construo civil esto mais sujeitas a riscos e, nesse
sentido, cumprir a legislao um desafio que as empresas de construo civil tm de
conseguir enfrentar nos prximos anos. Por outro lado, Jos Carpinteiro Dacal,
representante do grupo espanhol S. Jos, mostra-se mais optimista, at porque as
construtoras do pas vizinho j so obrigadas a ter um plano de preveno de riscos
laborais e a administrar formao, a vrios nveis, aos seus funcionrios. Uma realidade
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de que Portugal est ainda muito longe. Por enquanto, preciso saber quem pode ser o
responsvel pela segurana e que tipo de formao deve ter. Algo que s a nova
legislao que, assegura a Ordem dos Engenheiros, j est pronta h muito pode
resolver.
Fonte: da Revista ENGENIUM, n109 de Janeiro/Fevereiro de 2009.
1.1.1.3. Processos e Organizao do Trabalho
Mais que os subsectores em qualquer outro sector de produo, o subsector de
edificaes, que emprega cerca de dois teros dos trabalhadores envolvidos nas
actividades de construo civil, identificado como um dos que apresenta maior
percentagem de acidentes de trabalho mortais. Alguns riscos que contribuem para a
ocorrncia destes acidentes, podem ser relacionadas com base em informaes
recolhidas entre 2004 e 2008 (Grfico 19 Pag. 35 e Quadro 3 Pag. 36).
1) Os empresrios da construo civil:
a) Desconhecem as reais percepes e/ou intenes dos trabalhadores em relao ao
desenvolvimento das suas actividades e da sua profisso; isto pode contribuir para uma
tomada de deciso inadequada cuja consequncia pode levar ao desinteresse,
desmotivao e falta de concentrao dos trabalhadores;
b) Avaliam ser pouco importante a segurana do trabalho para o desenvolvimento das
suas organizaes em prol do processo de trabalho e da produo, remetendo para
segundo plano a componente humana dos trabalhadores;
c) Devido forte especulao do mercado imobilirio os empresrios na sua grande
maioria no conseguem fazer face aos investimentos tecnolgicos;
d) Os riscos de acidentes de trabalho variam com as especificidades de cada obra, sendo
desta forma mais difcil de criar com a antecedncia desejada meios para a preveno
dos acidentes de trabalho.
2) Trabalhadores do sector:
a) Consideram o sector muito competitivo, pela grande preocupao de manter o
emprego numa rea onde a produo inconstante e apresenta altos ndices de
rotatividade. Dessa forma, a preocupao e a ansiedade levam o trabalhador a dar tudo
por tudo para manter o seu emprego, gerando-se desta forma conflitos de interesses,
problemas de relacionamento e de desarmonia nas equipas de trabalho. Estes assuntos
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associados por vezes s cargas horrias elevadas geram fadiga e desconcentrao nos
trabalhadores;
b) Como j foi mencionado, a grande parte das empresas so pequenas e mdias
empresas, onde a dificuldade de fazer face aos investimentos tecnolgicos so
superiores e os trabalhadores no se importam de ter contratos de trabalho na sua grande
maioria inferiores a dois anos, promovendo a alta rotatividade do sector, acarretando por
vezes cargas horrias elevadas e dando resposta imediata a ordens menos aceitveis.
Perante este quadro de situaes natural que a insegurana dos trabalhadores
relativamente ao seu posto de trabalho seja uma constante e que, esta seja mais uma
causa para a desconcentrao dos mesmos.
1.1.2. Perspectiva Social dos Acidentes de Trabalho
1.1.2.1. Aspectos Psicolgicos
Tanto quanto a medicina do trabalho na incessante procura pela preveno, os estudos
da psicologia, com relao ao indivduo e mais especificamente ao trabalhador, tambm
procuram realar os aspectos psicolgicos que envolvem as relaes existentes entre os
acontecimentos ou condies antecedentes e o comportamento consequente dos
envolvidos em acidentes de trabalho (6)
.
Sobre os acidentes de trabalho na construo civil, especificamente, nos estudos
consultados podem ser identificadas duas concepes, uma da psicologia social e outra
da psicopatologia.
Uma concepo da psicologia social no que respeita aos acidentes de trabalho sugere
que a ocorrncia de acidentes advm do meio ambiente, de aspectos fisiolgicos e de
aspectos sensoriais e psicomotores dos envolvidos, podendo sofrer variaes (aumentar
ou diminuir) nas seguintes situaes:
a) aumenta: quando h incremento da produo, quando a fadiga se apresenta, a
iluminao inadequada, a temperatura elevada e quando h falha de viso e de
percepo;
b) diminui entre: as mulheres, os mais velhos, os mais experientes no servio, os mais
antigos na actividade, os mais inteligentes, os de maior conhecimento tcnico, os mais
profissionalizados, os melhores treinados, os mais tranquilos, os menos revoltados e os
menos inseguros;
(6) Ane Lise Tese de Doutoramento em Administrao Porto Alegre 2001
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c) diminui ou pode ser evitado: se forem intensificadas medidas de segurana; refinados
os processos de seleco e estimulada a formao profissional; melhorados os graus de
satisfao e de qualificao do operrio; e aumentada a fiscalizao e o controle,
identificando e eliminando os acidentes.
Outro aspecto psicolgico muito abordado no sector da construo civil, inclusive pelos
prprios trabalhadores, o da predisposio (7)
que determinado trabalhador tem para
sofrer um acidente. Isto , diferentemente da probabilidade de ocorrncia de acidentes
que engloba tambm as variveis de condies ambientais, a predisposio
relacionada nica e exclusivamente com as caractersticas individuais de certas pessoas
e que so responsveis pela ocorrncia dos acidentes de trabalho.
Dessas particularidades, as mais destacadas so as tendncias auto punitivas,
revolta contra autoridade, inadaptao psicolgica ao trabalho e submisso, sentimento
de falta de sorte, alto nvel de ambio, medo, ansiedade, distraco, confiana em si
exagerada, atitude social agressiva e pouco integrada e impulsividade.
Esta perspectiva psicolgica aborda os acidentes de trabalho como sendo
resultantes no apenas da predisposio do trabalhador para sofr-los e, alm disso,
estabelece relaes de causa e efeito entre a psicologia dos envolvidos no campo do
trabalho e os acidentes que provocam por erros humanos. Assim sendo, pode-se
conjecturar que, ao aceitar a responsabilidade do risco porque coisa do destino, fato
corriqueiro no estilo de vida no trabalho da construo civil, tal injustificado fatalismo
influncia directamente a predisposio do trabalhador para o acidente.
Tais constataes podem ser difceis de ser comprovadas, no entanto consideram-
se que as caractersticas do indivduo esto directamente ligadas s suas atitudes e que
estas, por sua vez, dependem no apenas do prprio indivduo, isto , do conjunto de
decises prprias tomadas anteriormente por ele, mas tambm dos outros, quer dizer, do
conjunto de decises tomadas no ambiente social.
1.1.2.2. Aspectos Socioculturais
Os aspectos socioculturais so de grande relevncia na problemtica dos
acidentes de trabalho, a relao entre culturas diferenciadas por meios to distintos
como crenas, valores e atitudes gera falta de entendimento entre os trabalhadores.
Outro factor no menos importante os hbitos culturais adquiridos por alguns dos
(7) O termo j tinha sido descrito por Furnham (2002)
______________________________________________________________________ Pgina 16 de 52
trabalhadores e que aos olhos de outros so um insulto ou uma afronta. Passo a referir
que em uma das obras onde fui responsvel tcnico tinha um trabalhador (profisso de
servente) que tinha como Ptria Me a ndia e este trabalhador mesmo sabendo bem a
lngua Portuguesa quase no falava com os seus colegas de trabalho todo o dia. Sentia-
se minimizado porque todos o achavam diferente e como tal gerou-se um clima de falta
de entendimento mtuo. A questo que foi pano de fundo para tudo isto, foi o facto de
este trabalhador s tomar as suas refeies sozinhas e virado para uma parede, facto
incompreendido por todos os outros seus colegas de trabalho. A incompreenso cultural
dos trabalhadores muito penosa, para o trabalhador que alvo dessa incompreenso
pode ser extremamente penalizante. Pode verificar-se nos grficos 3 e 4 (pag. 17 e 18)
que os acidentes mortais tm uma expresso muito elevada nos trabalhadores
estrangeiros.
No menos importante o grau de formao e de escolaridade dos
trabalhadores, pois na sua grande maioria a formao que exibem nica e
exclusivamente aquela que obtiveram ao longo do tempo de trabalho observando
situaes similares e normalmente nunca tiveram formao por meio de pessoa
credenciada para o efeito. O grau de escolaridade da grande maioria dos trabalhadores
da construo civil muito baixo, mesmo sabendo que no necessrio saber ler,
escrever ou fazer contas para rebocar uma parede (senso comum que ainda impera entre
muitos trabalhadores da construo civil) o simples facto do trabalhador ter um grau de
escolaridade superior preenche o seu ego e dignifica-o, logo este tem um motivo mais
para se sentir melhor, factor este que o afasta mais da predisposio para o acidente.
O grau de escolaridade destes trabalhadores normalmente encontra-se
compreendido entre quem frequentou a escola primria e quem frequentou o ensino
preparatrio.
O nvel de escolaridade dos trabalhadores permite determinar trs factores
importantes relativamente qualidade de desempenho laboral e, consequentemente, a
produtividade:
Por um lado, o grau de conhecimento que o trabalhador dispe para o
desempenho da actividade;
Por outro, ser um bom indicador da sua capacidade de aprendizagem;
______________________________________________________________________ Pgina 17 de 52
Finalmente, e de no menos importncia, condiciona a necessidade de
formao adicional, frequentemente suportada pelas empresas, no s na
perspectiva de custos como tambm da produtividade;
A maior faixa de trabalhadores da construo civil (cerca de trs quartos) s
possui a escolaridade obrigatria, 13% tem o 12 ano e os restantes frequentaram ou
concluram um curso superior.
Grfico 3 Naturalidade Estrangeira/Acidentes de Trabalho Mortais
Como se pode interpretar pela anlise feita ao Grfico 3, a quantidade de acidentes de
trabalho mortais (em abcissas) de trabalhadores estrangeiros no nos deixa indiferente, e
o caso existe.
0
1
2
3
4
5
Outras Act.
Const. Civil
Outras Act.
Const. Civil
Outras Act.
Const. Civil
Outras Act.
Const. Civil
Outras Act.
Const. Civil
2004 2005 2006 2007 2008
Angola
Alemanha
Brasil
Bulgria
Cabo Verde
Casaquisto
Chile
Espanha
Guin Bissau
India
Moldavia
Nigria
Paquisto
Romnia
Senegal
Ucrnia
______________________________________________________________________ Pgina 18 de 52
Grfico 4 Naturalidade Estrangeira/Acidentes de Trabalho Mortais
na Construo Civil
Os ATMCC (acidentes de trabalho mortais na construo civil) com trabalhadores
estrangeiros ser um assunto a abordarem mais adiante neste trabalho, onde se promove
a preveno dos acidentes para os casos especficos dos trabalhadores estrangeiros.
0
1
2
3
4
An
gola
Ale
man
ha
Bra
sil
Bu
lgr
ia
Cab
o V
erd
e
Cas
aqu
ist
o
Ch
ile
Esp
anh
a
Gu
in
Bis
sau
Ind
ia
Mo
ldav
ia
Nig
ria
Paq
uis
to
Ro
mn
ia
Sen
egal
Ucr
nia
2004 Const. Civil
2005 Const. Civil
2006 Const. Civil
2007 Const. Civil
2008 Const. Civil
______________________________________________________________________ Pgina 19 de 52
1.1.2.3. A Influncia da Idade dos Trabalhadores
Quadro 1 Idade/ % de A.M.T.C.C.
< a 18 anos 1,1%
de 19 a 24 anos 7,3%
de 25 a 44 anos 47%
de 45 a 64 anos 41,5%
> a 65 anos 3,1%
Atravs do Quadro 1 verifica-se que a idade dos trabalhadores tem grande
influncia na quantidade de acidentes mortais de trabalho na construo civil. Existem
uma faixa etria que exibe uma maior susceptibilidade para os acidentes mortais que os
mais jovens ou os mais idosos, a faixa etria intermdia sem dvida a que exibe uma
taxa de acidentes mortais muito superior (cerca de 90%) a qualquer outra. Na verdade a
faixa etria denominada como intermdia tambm a que contm o maior nmero de
trabalhadores, mas no na mesma proporo da acidentabilidade mortal que exibe.
1.2. Acidentes de Trabalho Mortais
E, porque a causa do presente trabalho a preocupao com a quantidade dos
acidentes fatais na construo civil, mais propriamente na construo de estruturas de
beto armado, que neste ponto feita uma anlise dos ltimos 5 anos, durante os
perodos mensais, semanais e dirios. A anlise deste ponto pode ser muito importante
para a preveno dos acidentes, pode facultar ao nvel temporal o conhecimento da
susceptibilidade de ocorrncia dos acidentes.
______________________________________________________________________ Pgina 20 de 52
Grfico 5 Acidentes de Trabalho Mortais de 2004 a 2008
Sendo a construo civil o motor da economia de Portugal, seria de esperar que o
nmero de acidentes de trabalho fosse significativo neste sector laboral mas, no se
pode admitir que s no sector da construo civil, em especial na construo de
estruturas de beto armado possam existir mais acidentes fatais do que em todos os
outros sectores laborais. urgente fazer mais para prevenir!
0
20
40
60
80
100
120
Outras Act.
Const. Civil
Outras Act.
Const. Civil
Outras Act.
Const. Civil
Outras Act.
Const. Civil
Outras Act.
Const. Civil
2004 2005 2006 2007 2008
96101
57
86 72
71
7982
61 59
Portugal
______________________________________________________________________ Pgina 21 de 52
1.2.1. Acidentes de Trabalho Mortais nos ltimos Cinco Anos
Quadro 2 n Acidentes de trabalho mortais entre 2004 2008
SECTOR DE ACTIVIDADE 2004 2005 2006 2007 2008
Agric., Pec. e Serv. Agrcolas 12 5 12 14 9
Silvicultura e Explorao Florestal 1 2 2 1 3
Pescas 1 2 11 - 1
Ind. de Extraco Minrios no
Metlicos 16 5 5 6 9
Indstria Alimentar/Bebidas e Tabaco 6 3 4 3 1
Construo Civil 101 86 71 82 59
Indstria Txtil 3 - 2 1 -
Indstria de Madeiras e Cortia 9 6 4 6 4
Indstria do Papel 2 2 6 2 -
Indstria Qumica 4 5 3 1 -
Indstria de Porcelana, Olaria e Vidro 1 1 2 - -
Indstria Cermica e Cimento 8 10 5 3 5
Indstria de Produo Metlica e Mat.
Elctricos 4 7 7 9 11
Outras Indstrias Transformadoras 2 1 1 9 1
Electricidade, Gs e gua 6 1 - 3 -
Comrcio e Reparao Automvel 2 1 5 2 2
Transportes e Armazenagem 7 6 5 4 6
Administrao Pblica/Regional 4 6 6 3 1
Servios Prestados, Sociais,
Saneamento e Limpeza 2 2 3 3 8
Comrcio por Grosso e Retalhista 6 7 3 9 1
Total 197 158 157 161 120
______________________________________________________________________ Pgina 22 de 52
Os dados constantes do Quadro 2 foram retirados da fonte Governamental no site
do igt.gov.
Como anteriormente referido, um dos motivos que levou elaborao deste
trabalho foi a grande incidncia de acidentes mortais na construo civil. De rpida
anlise ao Quadro 2, pode-se concluir que o sector da construo civil tem vindo a ser
responsvel por aproximadamente 50% dos acidentes mortais de trabalho nos ltimos
cinco anos.
De seguida ser feita uma anlise mais minuciosa quantidade de acidentes
mortais de trabalho nos ltimos cinco anos (anos em estudo).
Grfico 6 Acidentes de trabalho mortais (2004)
0
20
40
60
80
100
120
14
53
101
167 4 2
______________________________________________________________________ Pgina 23 de 52
Grfico 7 Acidentes de trabalho mortais (2005)
Grfico 8 Acidentes de trabalho mortais (2006)
0
20
40
60
80
100
120
9
39
86
116 6
1
0
20
40
60
80
100
120
2538
71
115 6 1
______________________________________________________________________ Pgina 24 de 52
Grfico 9 Acidentes de trabalho mortais (2007)
Grfico 10 Acidentes de trabalho mortais (2008)
0
20
40
60
80
100
120
15
31
82
174 3
9
0
10
20
30
40
50
60
914
59
106
2
20
______________________________________________________________________ Pgina 25 de 52
Grfico 11 Evoluo dos acidentes de trabalho mortais por sector
de actividades de 2004 at 2008
1.2.1.1. Acidentes de Trabalho Mortais na Construo Civil
Considera-se suficiente e necessria a comparao que foi feita at este momento
relativamente ao nmero de acidentes mortais de trabalho, sendo que deste momento
avante, todos e quaisquer acidentes de trabalho dizem respeito nica e exclusivamente
ao sector da construo civil. Considera-se que s far sentido dissociar os acidentes
mortais nos sectores laborais na medida em que o objectivo deste trabalho est
relacionado com o sector da construo civil e obras pblicas, mais especificamente
com a actividade de construo de edificaes em beto armado.
0
20
40
60
80
100
120
2004
2005
2006
2007
2008
______________________________________________________________________ Pgina 26 de 52
1.2.1.1.1. Frequncia nos ltimos Cinco Anos
Grfico 12 Acidentes de Trabalho Mortais na Construo Civil
Grfico 13 Distribuio dos A.T.M.C.C. (Acidentes de Trabalho Mortais
na Construo Civil) nos ltimos cinco anos.
0
20
40
60
80
100
120
2004 2005 2006 2007 2008
Construo Civil
Construo Civil
Acidentes Mortais
0
20
40
60
80
100
120
2004 2005 2006 2007 2008
10186
7182
59
Acidentes Mortais
______________________________________________________________________ Pgina 27 de 52
Depois desta anlise global dos acidentes mortais na construo civil nos
anos em estudo, faz sentido verificar a frequncia da ocorrncia dos acidentes
mortais ao longo do ano, do ms e da semana. Existe uma tendncia de subida de
sinistralidade nos meses de Junho a Setembro, no que respeita aos dias dos
meses essa incidncia no relevante, mas a maior relevncia durante o
perodo semanal.
1.2.1.1.2. Frequncia Mensal
Grfico 14 Distribuio dos acidentes ao longo dos meses.
0
2
4
6
8
10
12
14
2004 2005 2006 2007 2008
______________________________________________________________________ Pgina 28 de 52
1.2.1.1.3. Frequncia Semanal
Grfico 15 Distribuio dos acidentes durante a semana.
1.2.1.1.4. Frequncia Diria
No foram encontrados dados relativamente frequncia da ocorrncia dos
A.T.M.C.C. durante o perodo dirio. Conhecendo um nmero significativo de Quadros
Tcnicos na rea de Segurana e Sade no Trabalho (Engenheiros, Arquitectos, Donos
de Obra e outros que de uma ou de outra forma se encontram ligados actividade de
Edificaes) resolveu-se consultar por via telefnica ou pessoal vinte e quatro
inquiridos questo: Qual a hora do dia em que tiveram conhecimento de acidentes
mortais na actividade de edificaes?
A questo foi colocada dando a hiptese aos inquiridos em situarem a sua resposta nos
quatro perodos dirios (8:00h s 10:00h; 10:00h s 12:00h; 13:00h s 15:00h e das
15:00h s 18:00h), mesmo sendo o ltimo perodo (15:00h s 18:00h) de 150% do
tempo de qualquer um dos outros, os dados obtidos do inqurito no deixam alguma
margem para dvidas. Os resultados obtidos apresentam-se no Grfico 16.
0
5
10
15
20
25
2 Feira 3 Feira 4 Feira 5 Feira 6 Feira Sab. Dom.
2004 2005 2006 2007 2008
______________________________________________________________________ Pgina 29 de 52
Grfico 16 Distribuio dos A.T.M.C.C. durante o dia.
No obstante os resultados do inqurito foram analisados trabalhos de outros
autores e os resultados so muito idnticos aos aqui explanados.
1.2.1.2. Anlise das Frequncias e Concluses
Depois da anlise e interpretao dos grficos anteriores, pode afirmar-se que ao
longo dos ltimos cinco anos a evoluo da quantidade dos acidentes mortais no sector
da construo civil tem uma forte tendncia negativa, isto , uma tendncia de reduo
do nmero dos acidentes mortais o que na prtica positivo. Esta anlise feita nica e
exclusivamente ao nmero de acidentes, traduzindo a quantidade mas no
correlacionando com o nmero de trabalhadores, sendo que a tendncia efectiva da
quantidade de acidentes mortais no sector dever ser feita em considerao quantidade
de trabalhadores nos mesmos perodos temporais, s depois desta correlao possvel
analisar a tendncia para o futuro.
0
5
10
15
20
25
8:00/10:00h 10:00/12:00h 13:00/15:00h 15:00/18:00h
A.T.M.C.C. Dirio
ATMCC Dirio
______________________________________________________________________ Pgina 30 de 52
Relativamente distribuio dos acidentes mortais ao longo do ano conclui-se
que existe uma forte tendncia de ocorrncia entre os meses de Junho e Setembro,
ficando este factor associado ao alcoolismo e necessidade que os trabalhadores tm
em ingerir maiores quantidades de lquidos (nesta ptica lquidos com graduao
alcolica), no s pelo facto das temperaturas ambientais serem mais elevadas nesse
perodo do ano como tambm pelo tradicionalismo e pelo esforo fsico que os
trabalhadores da construo civil esto expostos no mbito das suas actividades.
Na distribuio dos acidentes mortais ao longo dos perodos semanais no
existem grandes oscilaes do decurso dos meses, podendo afirmar que no existe
diferenciao alguma entre Janeiro a Dezembro. Durante o perodo semanrio, a maior
incidncia verificada entre segunda e quarta-feira, tendo o seu pico precisamente s
teras-feiras.
Ao longo dos perodos dirio, a grande incidncia no perodo ps almoo
(compreendido entre as 13:00h e as 15:00h), sendo a opinio de inmeras pessoas
ligadas actividade de Edificaes, que a ingesto de lcool durante o perodo de
almoo est intimamente associado maior incidncia de A.T.M.C.C.
1.3. Nmero de Trabalhadores Anual
1.3.1. Introduo
No faria sentido um estudo to aprofundado dos acidentes de trabalho mortais na
construo civil (em edificaes) se no se correlacionassem nos anos em estudo (2004
a 2008) o nmero de acidentes de trabalho mortais com a quantidade de trabalhadores
no sector. Para a escolha do factor indicativo, numa primeira anlise, direccionou-se
para o nmero de trabalhadores na actividade de edificaes mas, depois de uma
abordagem mais profunda formulam-se as hipteses da no fiabilidade da questo em
dois factores: em primeiro lugar porque na actividade da construo civil existem
muitos trabalhadores ilegais e como tal o nmero dos trabalhadores que esto inscritos
na segurana social mais o nmero de trabalhadores clandestinos (nmero este pouco
fivel) no seria um valor representativo.
pertinente o artigo do Jornal Pblico para solidificar as afirmaes anteriores
que, apesar de todos sabermos ser verdade, ningum a quer contrariar ou isso no fosse
______________________________________________________________________ Pgina 31 de 52
baixar o volume dos bolsos de alguns que em prol do seu bem-estar no se incomodam
com a precariedade de condies dos seus empregados.
Primeiro, as empresas. Para Timteo Macedo, da Associao Olho Vivo, so muitos
os empregadores "sem escrpulos" - "quase todos", acrescentou Rui Viana - que no
vo querer fazer contratos de trabalho aos estrangeiros. Assim poupam nos impostos,
nas contribuies para a Segurana Social, nos seguros. Mas o que o presidente da
AICCOPN sublinhou que as empresas precisam de mo-de-obra com urgncia, pelo
que vo busc-la onde ela existe. "Quando se tem fome, no interessa se se compra o
po a um padeiro ou a um marceneiro". E desvalorizou as margens residuais de lucro
conseguidas pela ilegalidade: "Quanto mais satisfeito e melhores condies tem um
trabalhador, mais ele produz.
Em segundo lugar e no menos importante, pelo facto da quantidade de trabalhadores
no qualificados nesta actividade ser muito grande e os trabalhadores por vezes
encontram-se inscritos noutras actividades pior remuneradas mas a laborar no ramo da
construo civil.
Porque se quer apresentar um trabalho fivel e porque no se pode fazer a
correlao entre o nmero de trabalhadores e os acidentes mortais na actividade optou-
se por comparar a varivel acidentes mortais com a quantidade de trabalho efectuado.
S possvel esta comparao considerando que os mtodos construtivos no tiveram
alteraes significativas entre os anos de 2004 e 2008 e que no espao de tempo
compreendido a carga de mo-de-obra para executar um fogo da mesma tipologia ou
um metro quadrado de construo com o mesmo grau de complexidade mantm-se
inalterada. Pode afirmar-se que a considerao mencionada real e como Engenheiro
Civil, contactei inmeros colegas da profisso e posso afirmar que a resposta foi
unnime est tudo na mesma, continua-se a construir como se construa uns anos.
1.3.2. Quantidade de Trabalho Anual
Para a possibilidade de correlacionar com maior fiabilidade o nmero de
trabalhadores e o nmero de acidentes mortais optou-se por estudar a primeira varivel
atravs do trabalho efectivamente realizado por intermdio da inclinao de uma recta
que representa a mdia do nmero de fogos concludos nos ltimos 5 anos (8)
.
(8) Entende-se por fogos concludos todas as tipologias em habitao nova ou usada.
______________________________________________________________________ Pgina 32 de 52
As remodelaes de habitaes e as reas dos fogos no so constantes entre 2004 e
2008, mas a sua variao no vai alm dos 2%, valor este que no significativo para a
anlise que se pretende fazer. Os dados de seguida apresentados so fornecidos pelas
Cmaras Municipais e retirados de literatura editada pelo Instituto Nacional de
Estatstica (I.N.E.).
Grfico 17 Quantidade de Trabalho
1.3.3. Correlao entre a Quantidade de Trabalho e o Nmero Acidentes de Trabalho
Mortais na Construo Civil
Com a sobreposio dos segmentos de rectas dos dados do Grfico 12
(Distribuio dos acidentes nos ltimos cinco anos) com os segmentos de recta dos
dados do Grfico 17 (Quantidade de Trabalho) pode ser feita uma avaliao
relativamente variao tendencial da quantidade de acidentes mortais ao longo dos
ltimos cinco anos.
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
2004 2005 2006 2007 2008
N
de
Fogo
s co
ncl
ud
os
Quantidade de Trabalho
______________________________________________________________________ Pgina 33 de 52
Grfico 18 Tendncia Acidental
Pela anlise s inclinaes das rectas de tendncia da quantidade de trabalho
(recta de cor azul) e da recta de tendncia dos acidentes mortais (recta de cor verde)
pode concluir-se que o nmero de acidentes de trabalho mortais exibe uma tendncia
negativa, apontando para um nmero inferior de acidentes de trabalho mortal ano aps
ano, isto , o nmero de acidentes mortais tem tendncia a decrescer, no s pelo
decrscimo da quantidade de trabalho.
1.4. Concluses Analticas
Da anlise feita a vrios trabalhos elaborados por outros autores pode afirmar-se
que os riscos so muitos, que no fcil prevenir todos os acidentes e que a preveno
est intimamente relacionada com uma enorme quantidade de variveis.
um facto que a grande presso dos mercados imobilirios no contribui de
forma positiva para fomentar a preveno dos acidentes de trabalho, o clima instalado
no mercado de trabalho no salubre, um clima de competio, de submisso e de
suspeio pelo prximo. Fcil ser de admitir que trabalhador inserido num quadro
como o acima referido se sinta desconcentrado, preocupado at para com assuntos que
nada tm a ver com a actividade profissional mas sim com a sua existncia enquanto ser
2004 2005 2006 2007 2008
Quantidade de Trabalho
Acidentes Mortais
______________________________________________________________________ Pgina 34 de 52
humano que, como todos os outros tem necessidades residuais e dependem de um
emprego para satisfazerem grande parte das mesmas.
Os mercados actuais obrigam pulverizao das grandes empresas em mdias
ou micro empresas e quando no, as grandes empresas so limitadas por imposio dos
mercados a exibirem uma forte componente organizacional e fiscalizadora nos seus
quadros, a subcontratar de pequenas ou mdias empresas para a execuo dos restantes
trabalhos, factor este que promove o aparecimento de um nmero maior de pequenas e
mdias empresas. Estas empresas de menor dimenso tem dificuldades acrescidas para o
investimento e normalmente o factor segurana o primeiro a ser menosprezado, sendo
esta constatao fcil de retirar depois de uma anlise ao Grfico 1.
A predisposio do indivduo para o acidente de trabalho uma constatao feita
por vrios autores e est intimamente ligada com a percepo que este tem sobre o
assunto, a experincia, a idade, o stress, os acontecimentos da vida, a percepo do risco
e a sua personalidade do indivduo. Este factor de fcil compreenso para o senso
comum e qualquer um se pode debruar sobre este assunto e facilmente chega
concluso que uma realidade, mais complexo ser prevenir os acidentes de trabalho
tendo em conta esta perspectiva na medida em que cada dia vivido de uma forma e
com uma figura diferente.
A psicologia foi nas ltimas dcadas uma ferramenta essencial para a
compreenso dos motivos que esto subjacentes ao acidente de trabalho, numa primeira
abordagem atravs das variveis fisiolgicas e num estado mais desenvolvido e
complexo com as variveis sensrias e de carcter.
A deficiente capacidade de fiscalizao das entidades fiscalizadoras e dos
mtodos implementados para a tarefa da fiscalizao no so de todo as mais
motivadoras para a preveno dos acidentes de trabalho. bvio e evidente que as
entidades existem tambm para punir (atravs das coimas e/ou das contra-ordenaes)
mas, mais seria de esperar da fiscalizao. Um carcter didctico no ficaria mal e at
seria de agradecer.
______________________________________________________________________ Pgina 35 de 52
2. ACIDENTES MORTAIS E RISCOS ASSOCIADOS
2.1. Correlao entre acidentes mortais e riscos associados
Um dos pontos que se considera mais importante para o estudo deste trabalho o
descontinuo das causas associadas aos acidentes de trabalhos mortais no sector da
construo civil pois, pela quantidade de acidentes fatais exige-se que algo mais seja
feito nesta matria e entende-se que s prevenindo se consegue evitar e que, a
preveno deve ser o mais objectiva possvel por isso to importante descortinar quais
os maiores riscos os riscos que de uma forma ou de outra provocam as maiores leses,
quer pela sua quantidade como pela sua perigosidade.
Grfico 19 Distribuio dos Acidentes Mortais por Riscos Associados.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
2004
2005
2006
2007
2008
______________________________________________________________________ Pgina 36 de 52
Quadro 3 Acidentes de Trabalho Mortais/ Riscos
2004 2005 2006 2007 2008
Esmagamento 14 21 10 7 9 61
Queda em Altura 48 28 28 47 20 171
Afogamento 1 1
Choque Objectos 9 9 6 7 6 37
Soterramento 10 3 7 7 6 33
Atropelamento 4 5 4 1 4 18
Electrocusso 11 8 6 8 6 39
Exploso 1 1
Queda de Nvel 2 1 3
Asfixia 1 1 1 3
Queda de Pessoas 2 1 3 6
Maq. Agrcolas ou Similares 0
Mquinas 2 2
Outras Formas 1 4 5
Em Averiguao 7 8 4 19
2.2. Anlise e Concluses
Na anlise feita aos grficos que foram disponibilizados ao longo deste trabalho
conclui-se que mesmo existindo uma predisposio de cada indivduo para a
casualidade do acidente que o risco existe, e existe em tarefas diferentes com graus de
incidncia e com graus de leso muito diferentes para os trabalhadores.
Nos acidentes mortais indiscutvel que na construo civil o maior risco so as
quedas em altura, pois para alm da altura da queda, as obras na sua grande maioria no
tm proteco para alm da queda e o inevitvel acontece. Para alm do local de queda
existem proteces, so economicamente dispendiosas mas muito eficazes. A falta de
preparao nas obras ao nvel da segurana uma constatao, verifica-se que existe
falta de conhecimento ou de coragem para adquirir este tipo de equipamento.
______________________________________________________________________ Pgina 37 de 52
3. DA TEORIA PRATICA
3.1. Hipteses de Pesquisa
As hipteses de pesquisa a considerar so todas aquelas que sejam susceptveis de
apresentar resultados teis para este trabalho. Como resultados teis e objectivos temos
essencialmente a hipteses de anlise dos riscos associados aos acidentes mortais.
Esta pesquisa feita em campo, tal com a interveno dos trabalhadores e todos
aqueles que de uma forma ou de outra contribuam directamente na construo da
edificao. Como tal, surgem duas hipteses, em primeiro lugar a observao das
condies de segurana das obras em questo, e desta forma depois de observar, retirar
as concluses tidas como essenciais para o presente trabalho. Uma segunda hiptese de
pesquisa e anlise dos riscos associados aos acidentes ser feita por intermdio de
check list. de entender que estes check list nos do nica e exclusivamente uma
ideia, uma tendncia das possveis causas dos acidentes de trabalho mortais, pois os
trabalhadores que sero inquiridos podem ter ou no presenciado acidentes mortais, j
que as questes que se colocam so no sentido do trabalhador ter sofrido algum acidente
e/ou de ter presenciado. Com resultados elaborou-se um grfico de tendncias
relativamente quantidade de acidentes de trabalho e causas associadas. Quanto
probabilidade da ocorrncia de acidentes mortais, essa anlise ser feita
quantitativamente e ponderadamente ao nmero de acidentes, ao nmero de acidentes
presenciados e ao factor de perigosidade mortal que ser ponderado atravs de anlise
do Grfico 19 (pag. 36) Distribuio dos acidentes mortais por riscos associados.
A anlise pretendida a comparao das maiores ou menores probabilidades de
ocorrncia de acidentes mortais comparativamente com os dados recolhidos no Grfico
19 e no Quadro 3. No referido quadro retiram-se as percentagens (atribui-se o nome de
grau de perigosidade) dos diferentes riscos que estiveram na causa dos acidentes mortais
na construo civil nos ltimos cinco anos e dos chek list retiram-se o nmero de
ocorrncias e/ou o nmero de observaes de acidentes pelos inquiridos.
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Quadro 4 Grau de Perigosidade a Considerar
2004 2005 2006 2007 2008 Total
dos ATCC
Coef. a Consirerar
Esmagamento 14 21 10 7 9 61 0,15
Queda em Altura 48 28 28 47 20 171 0,43
Afogamento 1 1 0,00
Choque Objectos 9 9 6 7 6 37 0,09
Soterramento 10 3 7 7 6 33 0,08
Atropelamento 4 5 4 1 4 18 0,05
Electrocusso 11 8 6 8 6 39 0,10
Exploso 1 1 0,00
Queda de Nvel 2 1 3 0,01
Asfixia 1 1 1 3 0,01
Queda de Pessoas 2 1 3 6 0,02
Maq. Agrcolas 0 0,00
Mquinas 2 2 0,01
Outras Formas 1 4 5 0,01
Em Averiguao 7 8 4 19 0,05
Analisando o Quadro 4 verifica-se que os riscos mais frequentemente associados
aos acidentes fatais so as quedas em altura, responsveis por 43% da totalidade dos
acidentes mortais na construo civil durante os ltimos cinco anos.
Como primeira hiptese de pesquisa in situ, foi elaborado em anexo um relatrio
fotogrfico. Da anlise s fotos em anexo e da observao in situ, o resultado bem
elucidativo e confirma a tendncia da maior probabilidade de ocorrncia de acidentes
com riscos de quedas em altura do que qualquer outro tipo de causas associadas.
visvel nas fotos em anexo o desleixo e/ou negligncia relativamente falta de aplicao
das medidas preventivas de segurana colectivas, com especial ateno para a falta de
colocao de guarda corpos, redes de proteco ou linha de vida e, por vezes quando
existem no se encontram em conformidade.
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Como segunda hiptese de anlise foram elaborados chek list e fornecidos aos
trabalhadores para que estes dessem as suas respostas. Talvez com alguma surpresa da
minha parte e para que fique escrito, a aceitao dos chek list por parte dos
trabalhadores foi total, quando existiam duvidas no seu preenchimento no hesitavam
em questionar e constatei que existia uma grande preocupao da parte dos
trabalhadores em responderem com fiabilidade s questes colocadas.
Nesta anlise foram utilizados dois tipos de chek list, um que j tinha sido por
mim elaborado e que pretendia uma anlise a diferentes nveis que no foram tidos em
conta para este trabalho por no existir necessidade, um segundo modelo mais objectivo
e direccionado para este trabalho, onde as questes que se colocam so no sentido do
trabalhador ter sofrido ou de ter presenciado algum acidente.
Para a pesquisa em campo foram estudados casos nos Conselhos de Lisboa,
Sintra, Loures e Odivelas.
No perodo em que foi compreendido este trabalho foram alvo de estudo quatro
edifcios em construo no Conselho de Loures, mais propriamente na Freguesia de
Moscavide.
Depois do tratamento dos dados constantes dos chek list foi elaborado um
quadro que contempla toda a informao que se tem por necessria com o intuito de
abordar quais os riscos mais problemticos associados aos acidentes na construo de
edificaes em beto armado.
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Quadro 5 Anlise dos Chek List.
Nmero Atribudo
ao Trabalhador
Quantidade de
Acidentes Sofridos
Quantidade de Acidentes Presenciados
Causas dos Acidentes Valor a considerar
Quedas em Altura
Quedas de Materiais
Acidente com Equipamento,
Ferramenta ou Materiais
Quedas em Altura
Quedas de Materiais
Acidente com Equipamento,
Ferramenta ou Materiais
1 1 0 1
1 0 0
2 0 2
1 1 0 1 1
3 1 1 1
1 0 0
4 0 2 1
1 0 1 1
5 0 0
0 0 0
6 0 1
1 0 0 1
7 0 3
2 0 1 2 1
8 0 0
0 0 0
9 0 0
0 0 0
10 0 1
1 0 0 1
11 1 0 1
0 0 1
12 0 0
0 0 0
13 0 1
1 0 0 1
14 0 2
0 2 0 2
15 0 2 2
0 0 2
16 0 2
0 0 2 2
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Nmero Atribudo
ao Trabalhador
Quantidade de
Acidentes Sofridos
Quantidade de Acidentes Presenciados
Causas dos Acidentes Valor a considerar
Quedas em Altura
Quedas de Materiais
Acidente com Equipamento,
Ferramenta ou Materiais
Quedas em Altura
Quedas de Materiais
Acidente com Equipamento,
Ferramenta ou Materiais
17 0 0
0 0 0
18 0 1
1 0 0 1
19 0 1
1 0 0 1
20 1 2 1
0 0 3 2
21 1 1
0 0 1
22 0 0
0 0 0
23 0 0
0 0 0
24 1 0 1
1 0 0
25 0 0
0 0 0
26 0 0
0 0 0
27 0 1
1 0 0 1
28 2 0 2
2 0 0
29 0 0
0 0 0
30 0 1
1 0 0 1
31 1 0
0 0 0
32 0 0
0 0 0
33 0 0
0 0 0
34 1 1 1
0 0 2 1
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Nmero Atribudo
ao Trabalhador
Quantidade de
Acidentes Sofridos
Quantidade de Acidentes Presenciados
Causas dos Acidentes Valor a considerar
Quedas em Altura
Quedas de Materiais
Acidente com Equipamento,
Ferramenta ou Materiais
Quedas em Altura
Quedas de Materiais
Acidente com Equipamento,
Ferramenta ou Materiais
35 0 1
1 0 0 1
36 0 0
0 0 0
37 1 0 1
1 0 0
38 0 1 1
1 0 0
39 0 3 3
3 0 0
40 0 0
0 0 0
41 0 2 2
2 0 0
42 0 2 2
2 0 0
SOMA DIRECTA---------- 26 3 13
Com a anlise do somatrio do Quadro 5 verifica-se mais uma vez a maior
incidncia acidental para os riscos de queda em altura. Foi verificado em todos os nveis
de estudo uma tendncia muito mais elevada de perigosidade para as quedas em altura,
pelo que, a preveno dos riscos associados a quedas em altura ter uma nfase maior
no presente trabalho.
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3.2. Tcnicas e Instrumentos de Pesquisa
3.2.1 - Observao in situ das Condies de Segurana.
Como observao in situ foi elaborado um anexo fotogrfico comentado
(Anexo II) nas j referidas obras e num perodo mais alargado do que o perodo que foi
estipulado para o presente trabalho. Nas visitas, por observao directa, foi peremptria
a falta de sensibilidade da maior parte dos intervenientes em obra para esta temtica,
existindo uma maior preocupao com o factor monetrio (lugares de chefia ou com
responsabilidades superiores), os restantes trabalhadores esto mais sensveis a estas
questes e tambm mais expostos ao risco, existindo unanimidade quando so
questionados do porqu da inexistncia de segurana colectiva ou da sua deficincia,
- j pedimos, como ningum colocou temos que continuar o trabalho, e at porque, se
no trabalharmos no ganhamos, efectivamente esta a mentalidade, e as presses do
mercado so sentidas que se negligncia a preveno para a segurana.
O anexo fotogrfico contm um nmero de fotografias mais representativas das
deficincias ao nvel da preveno colectiva para a segurana. Entende-se por
necessrio e suficiente o nmero de fotografias contidas no anexo fotogrfico para
elucidar as deficincias que tem sido descritas ao nvel da preveno colectiva para a
segurana neste trabalho.
3.2.2 Check List.
No inqurito elaborado atravs de chek list as questes essenciais so a
determinao dos factores de riscos mais gravosos do ponto de vista qualitativo e/ou
quantitativo, isto , aqueles que possam causar maior numero de acidentes mortais.
Como j referido a receptividade global foi surpreendente, pois a maior parte dos
trabalhadores demonstrou preocupao na resposta ao questionrio, colocando questes
quando no tinham certezas do pretendido, como na brevidade da entrega dos
questionrios, como ainda quando em alguns casos os trabalhadores no dominavam a
escrita solicitarem a terceiros que os auxiliassem no preenchimento dos questionrios.
Os questionrios foram elaborados a trabalhadores de quatro obras diferentes, em todas
as referidas estruturas os mtodos construtivos foram os tradicionalmente usados para
estruturas similares de beto armado, como tal, no se verificou necessidade de elaborar
uma anlise por obra e posteriormente recorrer a mdias ou tendncias ponderadas.
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Foram atribudos nmeros sequenciais aos questionrios para que o tratamento de dados
fosse uma tarefa mais fcil e fivel.
3.3. Sujeitos da Pesquisa
Seria de esperar que estariam sujeitos pesquisa de dados todos e quaisquer
trabalhadores que de uma ou de outra forma interviessem na obra, e assim deveria ser
para a totalidade da obra, isto , se se pretendesse fazer um estudo na totalidade das
tarefas para a concluso da edificao. Pela procura de objectividade ao longo deste
trabalho, s sero feitos questionrios aos trabalhadores que estejam directamente
ligados s tarefas da execuo de Estruturas de Edificaes em Beto Armado, ou seja,
chefias, condutores manobradores, grustas, carpinteiros de toscos, armadores de ferro,
pedreiros e serventes.
3.4. Anlise de Dados e Concluses
Com a anlise do Quadro 5 (pag. 40) verifica-se mais uma vez a maior incidncia
acidental para os riscos de queda em altura, desta forma conclui-se depois das anlises
feitas, nomeadamente as de pesquisas cientficas, in situ e atravs de chek list que
todas apontam no mesmo sentido, o que aponta para a convergncia dos resultados.
A convergncia dos dados nos trs nveis de pesquisa que foram elaboradas
peremptria no caminho que deve ser tomado para a preveno para a segurana. A
preveno tem o seu primeiro nvel (como frisam inmeros autores nos seus manuais)
no colectivo e com este trabalho essa confirmao uma constante, por outro lado, as
chefias devem ser mais sensveis problemtica da segurana, pois j que s a uma
ordem corresponde uma atitude e sem meios os trabalhadores no podem prevenir. A
segurana tem que ser encarado pelas chefias como um elemento de obra, to til e
necessrio como um pilar numa estrutura, a sensibilizao a forma mais directa que
existe para a abordagem do assunto mas, tem que existir uma tomada de atitude no
sentido do investimento e uma consciencializao de que mais gravoso e mais
dispendioso no prevenir. Como foi referido na anlise econmica j elaborada no
presente trabalho, o custo do acidente mais do dobro do custo com a preveno
segundo as normas e regulamentos vigentes. No meu modesto entender, no h
dinheiro que pague a perda de uma vida.
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4. TAREFAS NECESSRIAS PARA A EXECUO DE ESTRUTUAS
Para a execuo de estruturas segundo o mtodo tradicional, so inmeras as
tarefas a considerar e devem ser executadas de uma forma sistemtica, no sendo
possvel uma grande variao na sua precedncia. Como tal, seria de esperar que tudo
numa obra se desenvolvesse sem atropelos ou imprevistos, mas a realidade no retrata a
serenidade e a concordncia de todos os elementos humanos e/ou materiais que
intervm em obra. Da partida at chegada, o caminho a percorrer pode ser mais ou
menos sinuoso e, a sinuosidade desse caminho na sua grande medida delineada antes
mesmo da partida para o campo, isto , toda a obra que previamente bem estudada,
quer a nvel do solo, estrutura, estaleiro, na programao, coordenao e na direco de
obra tem uma probabilidade de sucesso a todos os nveis muitssimo superior que
qualquer outra obra que seja minimamente programada. O menor sucesso repercute-se a
todos os nveis, na segurana com um maior nmero de acidentes, na qualidade com um
produto final inferior, economicamente mais dispendiosa pela morosidade da obra,
enfim, devem ser os lderes a tomar as atitudes, fazer e refazer as contas at conclurem
que a atitude correcta est na preveno para a segurana.
Passo a descrever as tarefas necessrias para a execuo de uma Estrutura em
Beto Armado:
Marcao da rea de terreno a intervir;
Estudo dos materiais de superfcie;
Prospeco geolgica e ensaios geotcnicos;
Escolha do tipo de fundaes;
Montagem de estaleiro;
Escavao;
Entivao, conteno e/ou estabilizao de taludes;
Remarcao da obra;
Cofragem em fundaes;
Armao de ao em fundaes;
Betonagem de fundaes;
Armao de ao para elementos verticais;
Cofragem em elementos verticais;
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Betonagem de elementos verticais;
Cofragem de vigas;
Cofragem de lajes planas;
Armao de ao em vigas e lajes planas;
Betonagem de vigas e lajes planas;
Cofragem de escadas;
Armao de ao em escadas;
Betonagem em escadas;
Descofragem dos vrios elementos;
o Vigas de fundao e macios;
o Elementos verticais;
o Vigas;
o Lajes;
o Platibandas;
o Cortinas;
o Escadas;
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5. LEVANTAMENTO DE RISCOS POR TAREFA
Como j foi referido e do conhecimento geral, o sector da construo civil o
responsvel pela maior sinistralidade mortal, essencialmente devido grande
especificidades de tarefas e impossibilidade de tornar essas tarefas modelares. De
edificao em edificao as condicionantes arquitectnicas e estruturais variam e,
consecutivamente os moldes em que as estruturas so executados.
O levantamento dos riscos no tarefa fcil para qualquer interveniente em obra,
este trabalho deve ser feito por pessoa com capacidade, habilitao e com um vasto
conhecimento das actividades a serem desenvolvidas na edificao, sabendo com que
meios, instrumentos, equipamentos e ferramentas podem e devem contar para a
execuo das tarefas, com meios humanos que vo ser disponibilizados para as vrias
equipas. Em suma, um vasto trabalho quando bem elaborado e tanto quanto a
experincia me confere deve ser um trabalho elaborado em equipa, liderado pelo tcnico
de segurana com a colaborao de chefes de equipa, encarregados e todas as pessoas
que de uma ou de outra forma estejam sensveis a este assunto.
No meu entender deve ser elaborado um mapa de todas as tarefas necessrias
execuo da edificao. As tarefas devem ser exaustivamente descritas e sempre que se
verifique a possibilidade de ocorrncia de acidente (risco) na passagem de uma
subjectividade para outra ou durante a execuo de um trabalho deve ser tomada nota.
No decurso das notas tomadas (listagem de riscos) verificam-se aqueles que tero maior
susceptibilidade de ocorrncia e s quais se encontram associados os riscos com maior
probabilidade de causar um maior dano ao trabalhador. Identificar os riscos no seu
espao temporal da obra e cataloga-los imprescindvel, o ponto de partida para o
sucesso da preveno dos acidentes em obra, doutra forma as medidas de preveno
para os riscos mais relevantes teriam que ser postas em prtica unitariamente e o ideal
que com a aplicao de uma medida de preveno se previna o maior nmero de
acidentes. Quando a programao no se verifica e a todo o momento se tenta
implementar medidas de segurana para aquele momento especfico, estas podem ser
desajustadas, desadequadas e consequentemente ineficazes.
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6. PREVENO DOS RISCOS PROFISSIONAIS
A preveno dos riscos profissionais na construo de estruturas de beto armado
deve ser desenvolvida segundo metodologias prprias, pois como j foi anteriormente
referido cada projecto tem as suas especificidades prprias e como tal no de pensar
que qualquer P.S.S. deva ser aplicado de obra em obra sem que para tal exija uma
reviso geral do mesmo. Afirmo que cada P.S.S. deve ser especifico para cada obra.
No obstantes as diferentes arquitecturas e estabilidades das obras, uma das
grandes condicionantes a prpria condio de trabalho, isto , a mo-de-obra,
mquinas, ferramentas, equipamentos, materiais, mtodos de trabalho, condies
climatricas, condies de funcionalismo e tantos outros factores que possam ser
responsveis pela heterogeneidade e diversidade da construo de uma edificao. No
devem ser considerado nica e exclusivamente o risco dos trabalhadores, o risco para
terceiros existe em muitas obra e no sedo considerado acidente de trabalho para o
trabalhador deve ser prevenido da mesma forma que qualquer outro risco associado
obra em questo, o acidente com terceiros no deve ser considerado mais um mero
problema de participao s entidades seguradores, mas sim uma questo de
responsabilidade civil e criminal mas acima de tudo uma questo de tica, bom senso
e respeito pelo prximo.
Como j foi referido uma medida preventiva deve ser o mais abrangente possvel,
isto , deve prevenir o mximo de riscos de acidente possvel. Pela sua abrangncia, esta
afirmao conduz-nos directamente para as medidas de preveno colectivas quer pelo
nmero de trabalhadores em risco como pela quantidade de riscos que se pretendem
prevenir com uma nica medida. Como referido por inmeros autores em seus
Manuais e Planos de Segurana esta sem dvida a medida de preveno a ser
considerada em primeiro plano. Sempre que pela sua especificidade assim exista
necessidade devem ser utilizadas as medidas de proteco individuais que por vezes so
confundidas com os E.P.I.s. Em qualquer medida de preveno a politica a ser seguida
deve ser em primeiro lugar que afastar o trabalhador do risco, seno for possvel
ento, deve ser aplicado o respectivo E.P.I. para que exista uma proteco do
trabalhador relativamente ao risco a que se encontra exposto.
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7. CONCLUSES E RECOMENDAES
No presente trabalho foram evidenciados os principais factores de risco
associados aos acidentes mortais na construo civil. O estudo na componente prtica
veio a confirmar os resultados estudados na parte terica do trabalho. Com o referido
conclui-se que o nmero mais elevado de acidentes mortais na construo de
edificaes na actividade da construo da estrutura, afirmao esta que para qualquer
pessoa mais ou menos entendido na matria no ser uma novidade. na execuo das
estruturas que a probabilidade de quedas em altura maior, quer pela exposio dos
operrios como pela insegurana da no aplicao das medidas de preveno colectivas.
Na maioria dos manuais consultados tem sido descurada a grande, se no a maior
componente de risco a componente humana. Os manuais so na sua grande maioria
peas com princpios de difcil aplicao prtica, direccionados par o milmetro da
legislao que descoram a componente humana. A sensibilizao dos trabalhadores a
pea fundamental para a preveno dos acidentes e consecutivamente para a reduo do
ndice de sinistralidade.
De obra em obra, verificou-se grande diferenciao das equipas, quer na sua
nacionalidade, aspectos socioeconmicos e no grau de formao e escolaridade dos
trabalhadores. O estudo das equipas que vo executar a obra fundamental, conhecer
melhor os trabalhadores que dispomos essencial, na medida em que se conseguem
melhores resultados quando os trabalhadores se sentem compreendidos, e por vezes,
necessrio to pouco. A criao de condies de segurana, higiene e sade para os
trabalhadores a primeira satisfao que se pode dar aos mesmos. Depois com
pequenos arranjos e floreados as chefias tem de estar altura de comunicar e cativar os
trabalhadores no sentido de obter destes a participao necessria para a preveno dos
acidentes de trabalho.
Recomenda-se que os manuais para aplicao dos princpios descritos em obra
sejam elaborados com imaginao e no como mais uma pea obrigatria para a obra.
Devem exibir o maior nmero de figuras, que estas sejam apelativas ou mesmo
cmicas. Quem no gosta dum local de trabalho com uma piada mistura, que da
anlise feita s equipas de trabalho se faa luz e que se respeita a nacionalidade e etnias
dos trabalhadores, como tal e para que os trabalhadores se sinto existentes, devem ser
elaborados letreiros das principais perigosidades nas lnguas ou dialectos dos mesmos.
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Recomenda-se ainda que o referido manual seja elaborado pelo mximo de pessoas que
possam intervir na obra com lugares de chefia ou comando e que se tenha em
considerao que o manual uma pea dinmica, pois no pode ser estanque na medida
em que por vezes a meio de tarefas os meios humanos, equipamentos, ferramentas e
materiais que haviam sido propostos so alterados e o manual deve ser reajustado em
funo das alteraes propostas.
Para a implementao da preveno devem ser elaborados quadros com os riscos
previsveis mas, s se conseguem bons resultados depois de um estudo profundo das
tarefas a executar. A fase mais importante para a elaborao de um Manual de
Segurana a descrio das tarefas, esta descrio deve ser feita por pessoa/s com larga
experincia no assunto e deve ser descrita de tal forma que possa evidenciar em todas as
tarefas os riscos que lhes esto associados. Se for possvel, para um melhor
entendimento, a descrio das tarefas deve ser acompanhada com material desenhado ou
fotogrfico, pois nas reunies para a aceitao do manual de segurana em obra
suscitam dvidas que mais facilmente sero clarificadas com estes complementos.
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BIBLIOGRAFIA
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Fundaes Superficiais.
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Jorge Alves;M., Mecnica dos Solos 1 - Textos de apoio, 1996.
Antnio Arajo, Eduardo Leite, Srgio Almeida; Escavao.
Carla Reis, Daniel Rodrigues, Noela Abreu, Sandra Leite, Vnia Barbosa;
Fundaes em Estacaria.
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Entivao.
Carmo, Joo, Manual de formao da Ps Graduao de T.S.H.S.T, Mod. X,
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no Local de Trabalho Segurana e sade no sector da construo, Servio das
Publicaes Oficiais das Comunidades Europeias, 1993.
Comisso Europeia; Guia para a Avaliao de Riscos no Local de Trabalho
Sade e segurana