INTRODUÇÃO À BIOESTATÍSTICA

E

APRESENTAÇÃO DE DADOS

TABULAR E GRÁFICA

Universidade de Cuiabá - UNIC

Núcleo de Disciplinas Integradas

Disciplina: Saúde Coletiva

O que é Estatística?

É a ciência que fornece os princípios e os métodos para

a coleta, organização, resumo, análise e interpretação

de dados, possibilitando a extração de resultados e

conclusões válidas.

Biestatística: Estatística aplicada às ciências da

vida….Biologia

Qual o papel da estatística na

ciência ?

O propósito da investigação é responder uma

questão científica.

Na ciência, são realizados estudos experimentais ou

observacionais, levando à coleção de dados

numéricos.

O padrão de variação nos dados faz com que a

resposta não seja óbvia.

Por que usar a estatística ?

- Por que a natureza apresenta VARIABILIDADE:

Variações de indivíduo para indivíduo;

Variações no mesmo indivíduo;

Segundo Pereira (1997), a estatística é a tecnologia

da ciência e, portanto, a estatística deve estar

presente desde o início da pesquisa.

Sem Métodos Estatísticos, sem validade científica!

Estatística - Objetivos

Obter inferências sobre uma população de interesse a

partir de informações, contidas nos dados observados

de uma ou mais amostras dessa população.

Inferir: deve ser entendido como o ato de estender as conclusões

obtidas em uma parte (amostra) para o todo (população), de

onde foi retirada essa parte.

Ensinar a reunir e sumarizar dados numéricos de modo a torná-los rapidamente compreensíveis (estatística descritiva);

Ex: estudos epidemiológicos descritivos.

Aprender a tirar conclusões a partir de dados numéricos (inferência estatística)

Ex: estudos epidemiológicos analíticos: coorte, caso controle, transversal.

Estatística - Objetivos

Fase I – Descritiva ou exploratória

É a fase inicial da análise, na qual nos ocupamos com a apresentação resumida dos dados, com o propósito de conseguir a maior quantidade possível de informações destes dados.

Levantamento;

Organização;

Classificação;

Descrição dos dados em tabelas, gráficos ou outros recursos visuais;

Além do cálculo de parâmetros representativo desses dados (ex: frequência relativa, frequência absoluta, etc.)

Fase II - Inferência estatística ou analítica

É a parte da metodologia estatística responsável pela

produção de inferências e resultados sobre uma ou mais

características de uma população de interesse, tomando

como base as informações coletadas a partir de uma

amostra.

Estabelecimento de hipóteses em função dos dados

coletados;

Comprovação das hipóteses (testes estatísticos)

Elaboração de conclusões científicas.

Conceitos Básicos em Estatística

A finalidade da pesquisa é coletar dados para obter informações.

Dados – observações de uma ou mais variáveis.

Variável - é aquilo que se deseja observar para se tirar algum tipo de conclusão, por ex., idade, sexo, peso e outras.

Dados usualmente provêm de uma amostra, a qual representa uma população de interesse.

POPULAÇÃO

População (ou universo): é o conjunto de unidades ou

elementos que têm, em comum, determinada característica

de interesse sob estudo, ou seja, sobre a qual desejamos

obter informação.

• Elementos: são unidades de análise nas quais faremos as

observações ou medições, para obtermos os dados a

serem analisados.

• Podem ser pessoas, domicílios, escolas, creches, células

ou qualquer outra unidade.

Exemplos de população

Conjunto de prontuários médicos

População de idosos

Domicílios

O levantamento de dados de toda a população chama-se

“CENSO”.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE:

realiza o censo demográfico do Brasil a cada 10 anos (exigência da Constituição Brasileira).

Levantadas informações de todas as pessoas residentes

no Brasil:

Sexo,

Idade,

Nível de renda .

POPULAÇÃO

Todo subconjunto não vazio e com menor número de

elementos do que a população que se pretende estudar

AMOSTRA

OU

É uma parte da população que se pretende estudar,

escolhida conforme uma regra pré-estabelecida.

Amostra é tanto a parte retirada da população

para estudo como, também, o conjunto de dados

obtidos nessa parte da população.

Amostragem: processo para obtenção de uma

amostra. Tem como objetivo estimar parâmetros

populacionais.

AMOSTRA

Por que se utilizam amostras?

Razões que levam os pesquisadores a trabalhar com amostras:

Custo e demora dos censos;

Populações muito grandes;

Impossibilidade física de examinar toda a população;

Comprovado valor científico das informações coletadas por meio de amostras.

Como se obtém uma amostra?

Antes de se obter uma amostra, é preciso definir os

critérios que serão utilizados para selecionar as unidades

que comporão essa amostra.

Tipos de amostra

Aleatória, causal ou probabilística;

Semiprobabilística;

Não probabilística ou de conveniência.

Exemplo

Estudo sobre a ocorrência de sobrepeso em crianças

de 7 a 12 anos no Município de Cuiabá –MT.

População alvo – todas as crianças nesta faixa etária

deste município.

População de estudo – crianças matriculadas em escolas

públicas.

Amostra – crianças matriculadas nas escolas públicas

selecionadas, na faixa etária de 7 a 12 anos de idade.

QUANTITATIVAS

QUALITATIVAS

Em uma população consiste na

característica comum que se deseja

medir (ou observar) em cada

unidade desta população.

VARIÁVEIS

VARIÁVEIS QUANTITATIVAS

Variáveis cujos os dados são valores numéricos que

expressam quantidade. Podem ser contadas ou

medidas.

Variáveis Quantitativas Discretas: são aquelas em

que os dados somente podem apresentar valores com

números inteiros. Em geral as variáveis discretas são

resultados de contagem.

Exemplo: n° de filhos, n° de automóveis, n° de

moradores em um domicílio, etc.

Variáveis Quantitativas Contínuas: são aquelas em

que os dados podem apresentar valores com números

fracionários. Em geral as variáveis contínuas são

resultados de medição.

Exemplo: Altura (1,75 m)

Idade

Peso

Índice glicêmico, etc...

VARIÁVEIS QUANTITATIVAS

VARIÁVEIS QUALITATIVAS

Variáveis que fornecem dados de natureza não-

numérica. Exprime qualidades ou atributos.

Variáveis Qualitativas de Nível Nominal: nesse tipo

de variável diferencia-se uma categoria da outra

somente por meio da denominação da categoria.

Exemplos:

Sexo (Feminino; Masculino)

Fumante (sim/não)

Raça/cor(preta, branca, parda, amarela e indígena)

As variáveis qualitativas de nível nominal podem ser classificadas de acordo com o número de categorias que possuem.

Binomiais, binárias ou dicotômicas: quando compostas por duas categorias

Sexo: Feminino/Masculino;

Fumante: sim/não

Polinomiais ou politômicas: quando apresentam mais de duas categorias possíveis.

Raça/cor: branca, preta, parda, amarela, indígena.

Religião: católico, evangélico, espírita, budista, etc.

Variáveis Qualitativas de Nível Ordinal: nesse tipo de

variável, não só é possível identificar diferentes

categorias, mas como também reconhecer graus de

intensidade entre elas, o que possibilita uma ordenação

das várias categorias.

Exemplos:

Grau de instrução (analfabeto, fundamental, básico,

médio, superior, etc.);

Classificação de câncer de colo uterino (I a IV, onde IV é o pior

prognóstico)

Ordem de nascimento da criança (primeiro filho, segundo,

etc.).

Exercitando...

Exercitando...

Cor dos olhos.

Índice de massa corpórea.

Número de infecções hospitalares registrado na UTI.

Comprimento da incisão cirúrgica.

O tempo de cicatrização da ferida cirúrgica.

Apresentação tabular de dados

A tabela deve apresentar os dados de modo resumido e seguro

oferecendo uma visão geral do comportamento do fenômeno.

Tabela é a forma não discursiva de apresentação de

informações, representadas por dados numéricos e codificações,

dispostos em uma ordem determinada, segundo as variáveis

analisadas de um fenômeno.

O dado numérico se destaca como informação central.

Tabelas

É recomendável a utilização de tabelas quando for

importante apresentar valores precisos e não apenas

tendências e, quando a quantidade de dados for muito

grande, exigindo que os mesmos sejam sumarizados.

Finalidades:

Apresentar os dados de forma ordenada e resumida;

Auxiliar o pesquisador na análise dos mesmos e

Facilitar a compreensão das conclusões apresentadas ao

leitor.

Recomenda-se que a tabela

• Contenha somente os dados necessários a sua compreensão

Seja suficientemente completa para ser entendida

• Inclua os dados logicamente ordenados

Seja estruturada da forma mais simples e objetiva

• Dados e símbolos consistentes com o texto

Apresente dados de forma consistentes com o texto

APRESENTAÇÃO TABULAR - NORMAS

As tabelas devem ser construídas de acordo com as

normas técnicas – IBGE.

Podem ser intercaladas no texto, e imediatamente após o

trecho em que são citadas pela primeira vez, de maneira

que sua visualização tenha sentido normal de leitura;

Devem ser inseridas na ordem em que aparecem no texto.

Artigo tabelas

APRESENTAÇÃO TABULAR - NORMAS

Devem ser alinhadas de acordo com as margens do

texto;

O espaço entre as tabelas e texto deve ser de duas

entrelinhas;

Devem preferencialmente ser apresentadas no mesmo

tipo e tamanho de letras adotados no texto ou

reduzidas até um limite que não prejudique a sua

leitura. Nunca em tamanho maior que o texto;

APRESENTAÇÃO TABULAR - NORMAS

IMPORTANTE

Os dados apresentados em tabelas NÃO devem ser repetidos em gráficos ou figuras.

Optar por um deles, sem perder de vista o que se quer comunicar, se os valores exatos ou aspecto visual.

APRESENTAÇÃO TABULAR - NORMAS

Nenhuma casela (casa, célula) deve ficar em branco.

Homogeneidade de casas decimais: deverá ser

mantida uniformidade quanto ao número de casas

decimais. Preferencialmente até duas casas decimais.

Fechamento: as tabelas devem ser fechadas no alto e

embaixo por linhas horizontais, não sendo fechadas à

direita e à esquerda por linhas verticais.

APRESENTAÇÃO TABULAR - NORMAS

Totais e Semitotais: devem ser destacados (em

negrito)

Numeração das tabelas: em publicações que

compreendem muitas tabelas, estas devem ser

numeradas em ordem crescente, conforme a ordem

de aparecimento.

APRESENTAÇÃO TABULAR

Elementos Essenciais da Tabela

As tabelas são compostas por elementos essenciais

representados pelo número, título, cabeçalho, colunas

indicadoras e casas.

Além desses elementos podem ser acrescidos outros

complementares, como fontes e notas.

Tabela 1. Distribuição de problemas de saúde segundo CID 10

em crianças residentes em municípios do interior do Estado de

Mato Grosso, 2007.

Morbidade referida (CID 10) Prevalência de

problemas de saúde

referidos

N %

Doenças do aparelho respiratório 147 41,8

Gripe/Resfriado 119 33,8

Garganta infeccionada/inflamada 21 6,0

Asma/bronquite 6 1,7

Pneumonia 1 0,3

Doenças infecciosas e parasitárias 19 5,4

Diarréias 14 4,0

Verminose 4 1,1

Outras 1 0,3

Fonte: Fictícia Fonte

Corpo

Cabeçalho

Título

APRESENTAÇÃO TABULAR –

ELEMENTOS ESSENCIAIS

Número

Só deve figurar quando houver mais de uma tabela;

É precedido da palavra Tabela, ambos grafados em negrito, e localizados no topo da tabela;

Deve ser seqüencial, indicado por algarismos arábicos;

Menção no texto é obrigatória, na ordem em que é referido.

TÍTULO: é a indicação que, precedendo a tabela, é

colocada na parte superior da mesma.

Deve ser preciso, claro e conciso;

Indicar:

A natureza do fato estudado (o que?);

As variáveis escolhidas na análise do fato (como?),

O local (onde?) e

A época (quando?) em que o mesmo foi observado.

APRESENTAÇÃO TABULAR –

ELEMENTOS ESSENCIAIS

Título

CABEÇALHO

Parte em que é designada a natureza (as categorias, as

modalidades da variável) do conteúdo de cada coluna.

Deve ser separado do corpo da tabela por um traço

horizontal.

Deve ser centralizado na coluna, com a letra inicial da

primeira palavra maiúscula.

APRESENTAÇÃO TABULAR –

ELEMENTOS ESSENCIAIS

CABEÇALHO

É facultativo grafar o cabeçalho em negrito, desde que

seja mantida uniformidade em todas as tabelas.

A indicação de número no cabeçalho deve ser feita pela

letra N, em maiúscula. A indicação do número relativo

deve ser feita pelo seu respectivo símbolo.

Ex. % (porcento), ‰ (por mil);

APRESENTAÇÃO TABULAR –

ELEMENTOS ESSENCIAIS

Apresentação tabular - elementos essenciais

COLUNA INDICADORA: parte em que é designada a

natureza (as categorias, as modalidades da variável) do

conteúdo de cada linha.

As informações da coluna indicadora devem ser

alinhadas no canto esquerdo

CORPO: conjunto de linhas e colunas que contêm,

respectivamente, as séries horizontais e verticais de

informações.

Coluna

indicadora Corpo

Apresentação tabular - elementos complementares

FONTE: é o indicativo, no rodapé da tabela, da entidade

ou pesquisador responsável pela sua organização ou

fornecedor dos dados primários.

Exemplos:

Fonte: IBGE, 2004.

Fonte: Monteiro10, 2003.

Fonte: Dados obtidos do Sistema de Informações RADIS, 2005.

NOTAS: referem-se aos esclarecimentos gerais ou específicos do conteúdo da tabela (ex: metodologia adotada na coleta e elaboração de dados).

São colocadas no rodapé da tabela logo abaixo da fonte.

Cada nota deve ser indicada em linha própria, podendo ou não ser numerada ou identificada por símbolos gráficos

Apresentação tabular - elementos essenciais

Fonte: Amorim ACL de. Estado nutricional e estilo de vida de adolescentes residentes no município de

Sinop – MT, 2007. Dissertação de mestrado. ISC/UFMT.2009.

Tabela de contingência: tabelas de dupla entrada, cada entrada relativa a uma das variáveis.

Apresentação Gráfica de dados

Representam dinamicamente os dados, sendo mais eficientes na sinalização de tendências.

O gráfico bem construído pode substituir de forma simples, rápida e atraente, dados de difícil compreensão na forma tabular.

A escolha do tipo de gráfico (barras, lineares, de círculos, entre outros) está relacionada ao tipo de informação a ser ilustrada.

Pontos que devem ser respeitados

O tamanho deve ser adequado à sua publicação em

revistas, periódicos, cartazes ou livros;

Deve ter sempre um título e fonte;

Título (o mais completo possível) para ser

interpretado sem necessidade de esclarecimentos

adicionais no texto;

Escrito abaixo do gráfico;

Apresentação Gráfica de dados

Apresentação Gráfica de dados

As variáveis representadas em cada eixo devem ser identificadas.

Para as ordenadas escreve-se o nome da variável na extremidade do eixo.

E para as abscissas escreve-se embaixo da escala;

Deve ser construído em uma escala que não desfigure os fatos ou as relações que se deseja destacar.

Apresentação Gráfica de dados

Todo o gráfico deve ter fonte, que será localizada na

parte inferior do gráfico, com a mesma metodologia

vista na apresentação tabular.

As legendas explicativas devem ser colocadas de

preferência, à direita do gráfico.

Apresentação Gráfica de dados

Diagrama ou gráfico de barras

Utilizado para representar as variáveis qualitativa

nominal, ordinal e quantitativa discreta.

Características: figuras geométricas (barras)

separadas e bases de mesmo tamanho.

A altura das barras é proporcional às freqüências.

Local de nascimento*

Figura 1 - Distribuição de 489 recém nascidos por local de

nascimento, Cuiabá (MT), 2002.

Diagrama de barras – variável qualitativa nominal

Diagrama de barras – variável qualitativa nominal

Diagrama de barras – variável qualitativa ordinal

Número de bens

40,6

26,9

24,2

7,2

1,1

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0 1 2 3 4

%

%

Figura. Distribuição das famílias segundo o número de bens que possuem.

Diagrama de barras – variável quantitativa discreta

Histograma – variável quantitativa contínua

Diagrama ou gráfico de setores circulares

Variáveis: qualitativa nominal e qualitativa ordinal

Bibliografia

Berquó ES, Souza JMP de, Gotlieb SLD. Bioestatística. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1981.

Cuenca AMB (org). Guia de Apresentação de teses. Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública. 2006.

IBGE. Normas de apresentação tabular. 3ª edição, 1993. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/normastabular.pdf

Margotto PR. Entendendo a bioestatística básica. Disponível em: www.paulomargotto.com.br

Vieira S, Wada R. Estatística: introdução ilustrada. 2ª edição. São Paulo: Atlas, 1986.

Vieira S. Introdução a Bioestatística. 4ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.