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PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
INTRODUÇÃO AO INSTITUTO JURÍDICO DA POSSE
Artigos 1.196 a 1.203 do Código Civil
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
1. Conceito de posse
Posse é o exercício, pleno ou não, de algum dos
poderes inerentes ao domínio ou propriedade.
Posse = aparência da propriedade
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
2. Tipos de posse
2.1. Posse direta
A posse direta é a posse de quem tem a
coisa em seu poder. Exemplo: locatário
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
2.2. Posse indireta
A posse indireta é a posse de quem não a tem,
mas desfruta de outras faculdades inerentes à
propriedade, como o locador, que desfruta da faculdade
de fruir e dispor da coisa.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
3.3. Posse justa
A posse justa é a posse que não seja clandestina,
que não seja violenta, que não seja precária.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
3.3. Posse injusta
A posse injusta é a posse contaminada por
quaisquer vícios (violência, clandestinidade ou
precariedade).
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
3.4. Posse clandestina
A posse clandestina é aquela desconhecida do
possuidor anterior. É aquela obtida às escondidas,
embora sem o emprego de qualquer violência, nem
contra pessoa nem contra coisa, mas realmente
ilegítima, porque contra a vontade e sem a permissão
do possuidor anterior.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
3.5. Posse violenta
A posse violenta é aquela obtida à força. É aquela
obtida pelo emprego da força contra a coisa ou contra a
pessoa possuidora, constituindo um vício possessório.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
3.6. Posse precária
A posse precária é a posse adquirida por alguém
a título provisório. É a posse de quem se apodera da
coisa, abusando da confiança que depositou quem lhe
entregou a guarda, passando a utilizar-se e servir-se
dela como se fosse dono e negando-se a restituí-la.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
3.6. Posse de boa-fé
A posse de boa-fé é aquela que se o possuidor
ignora o vício ou o obstáculo que lhe impede a
aquisição da coisa ou do direito possuído
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
3.7. Posse de má-fé
A posse de má-fé ocorre quando o vício não é
ignorado.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
3.8. Posse contínua e posse descontínua
A posse contínua é a posse permanente. A posse
descontínua é a posse em que houve interrupção.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
3.9. Posse titulada
A posse titulada é a que tem justo título. Entende-
se por título um ato jurídico qualquer; é a razão jurídica
da certeza levada ao possuidor de que é justa sua
posse, de que ela não é viciada, porque a base jurídica
(justo título) é boa.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
3.10. Posse velha e posse nova
A posse velha é a que tem mais de ano e dia. É a
posse viciosa que data mais de ano e dia.
A posse nova é a que tem menos de ano e dia. É
a posse de quem arremeteu contra a posse de outrem
há menos de um ano e dia.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
3.11. Detentor (Art. 1.198 do CC)
Não se deve confundir o possuidor com o mero
detentor. O detentor também possui, mas possui em
nome de outrem sob cujas ordens e dependência se
encontra, como o administrador em relação ao dono da
fazenda.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
A detenção não constitui qualquer forma de
posse; é a existência da coisa em poder de alguém que
não exerça quaisquer das faculdades inerentes à
propriedade. O detentor tem a coisa em seu poder
apenas em cumprimento às ordens ou instruções do
possuidor, em relação de dependência ou hierarquia.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
4. Fâmulo da posse
O fâmulo da posse é aquele que detém o bem em
virtude de dependência econômica ou vínculo de
subordinação.
Exemplos: empregados, caseiros etc.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
• Atos de mera permissão: anuência expressa do dono
para o detentor realizar no bem imóvel, por exemplo.
Exemplo: abertura de porta no imóvel.
• Atos de mera tolerância: são atos praticados pelo
detentor que não retira o direito do proprietário. Exemplo:
relação de boa vizinhança. (cf. art. 1.208, 1ª parte, CC)
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
5. Objeto da posse
• Coisa corpóreas e incorpóreas
• Bens acessórios possuídos separadamente da coisa
principal
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Composse - Artigo 1.199 do CC
Se duas ou mais pessoas possuírem coisa
indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos
possessórios, contanto que não excluam os dos outros
compossuidores.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Composse “pro indiviso” - São pessoas que
possuem a parte ideal de um bem.
Exemplo: Três pessoas têm a posse de um terreno,
porém, como não está determinada qual a parcela que
compete a cada uma, cada uma delas passa a ter a
terça parte ideal.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Composse “pro diviso”
Neste caso, cada uma das três pessoas têm uma
repartição de fato e não de direito, sabendo-se que cada
um possui uma parte certa.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Art. 1.204 do CC - Aquisição da posse
A aquisição originária da posse opera-se de
forma independente da “translatividade”, sendo
unilateral, uma vez que independe da anuência do
antigo possuidor.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Aquisição derivada da posse
Requer uma posse anterior, que é transmitida ao
adquirente, em virtude de um título jurídico, com
anuência do possuidor primitivo, sendo bilateral esse
negócio jurídico.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Modos aquisitivos derivados da posse
• Tradição (art. 1.267 do CC)
• Constituto possessório (altera a titularidade da posse)
• Acessão (os herdeiros somam o tempo da posse dos
antecessores)
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Perde-se a posse da coisa:
a) Pelo abandono
b) Pela tradição
c) Pela perda da própria coisa
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
d) Pela destruição da coisa
e) Pela sua inalienabilidade
f) Pela posse de outrem
g) Pelo constituto possessório
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
O possuidor tem o direito de ser mantido na sua
posse em caso de esbulho, turbação ou iminência de
perda de posse.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá
manter-se ou restituir-se por sua própria força,
contanto que o faça logo.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Se duas ou mais pessoas disserem que têm a
posse da coisa, manter-se-á provisoriamente a que tiver
a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma
das outras por modo vicioso. (Art. 1.211 do CC)
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Ações para proteção da posse
- Legítima defesa da posse
-Ação de manutenção de posse
- Ação de reintegração de posse
- Interdito proibitório
- Embargos de terceiro senhor e possuidor
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Provimento n. 50 de 04 de fevereiro de 2010
Dispõe sobre a possibilidade de averbação dos
contratos utilizados por mutuários do Sistema
Financeira de Habitação para transmissão de seus
direitos sobre o imóvel adquirido sem a necessária
intervenção do agente financiador nos Cartórios de
Registro de Imóveis do Estado do Rio Grande do
Norte.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos
percebidos.
Frutos naturais: frutas, leite
Frutos industriais: frutas plantadas no quintal do imóvel
(intervenção do homem)
Frutos civis: arrendamento do terreno
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
O possuidor de má-fé responde por todos os
frutos colhidos e percebidos, bem como aqueles que
deixou de receber desde que se tornou possuidor de má-
fé.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Art. 1.219 do CC
O possuidor de boa-fé tem direito à indenização
das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto
às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las,
quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá
exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias
necessárias e úteis.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Art. 1.220 do CC
Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente
as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de
retenção pela importância destas, nem o de levantar as
voluptuárias.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Art. 1.222 do CC
O reivindicante, obrigado a indenizar as
benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar
entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de
boa-fé indenizará pelo valor atual.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Perda da posse
Art. 1.224 do CC
Só se considera perdida a posse para quem não
presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se
abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é
violentamente repelido.
1 - À vista de todos e sem o emprego de qualquer tipo de violência, o
pequeno agricultor Joventino adentra terreno vazio, constrói ali sua
moradia e uma pequena horta para seu sustento, mesmo sabendo que o
terreno é de propriedade de terceiros. Sem ser incomodado, exerce posse
mansa e pacífica por 2 (dois) anos, quando é expulso por um grupo
armado comandado por Clodoaldo, proprietário do terreno, que só tomou
conhecimento da presença de Joventino no imóvel no
dia anterior à retomada. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
A) Como não houve emprego de violência, Joventino não pode ser
considerado esbulhador.
B) Clodoaldo tem o direito de retomar a posse do bem mediante o uso da
força com base no desforço imediato, eis que agiu imediatamente após a
ciência do ocorrido.
C) Tendo em vista a ocorrência do esbulho, Joventino deve ajuizar uma
ação possessória contra Clodoaldo, no intuito de recuperar a posse que
exercia.
D) Na condição de possuidor de boa-fé, Joventino tem direito aos frutos e
ao ressarcimento das benfeitorias realizadas durante o período de
exercício da posse.