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INTRODUÇÃO
Fazemos a introdução a este Trabalho, cujo tema é DIREITO AMBIENTAL
observando que, por tratar-se de um trabalho de cunho exclusivamente acadêmico, o seu
conteúdo é simplório e meramente explanativo e ilustrativo sobre o tema e algumas de suas
características e peculiaridades.
Não tem o mesmo o fito de servir-se de comentários de cunho doutrinário ou mesmo
crítico com as leis que regem o Direito Ambiental.
Aborda o homem como ser e o meio ambiente (objeto foco do Direito Ambiental) as
relações deste com aquele e certas conseqüências, por vezes nefastas do mau uso ou
conduta dele (homem) que possa influir negativamente no meio ambiente.
Aborda superficialmente as leis que regulam o tema, as elenca e observa.
Enfim este trabalho tem cunho meramente ilustrativo e reflexivo sobre temas do
Direito Ambiental.
2
CAPÍTULO 1
1. LEI DA NATUREZA
A natureza é sábia.
Sábia, abundante e paciente.
Sábia porque nos revela de si o mistério da vida, da reprodução, da interação perfeita
e equilibrada entre seus elementos.Abundante em sua diversidade, em sua riqueza genética,
em sua maravilha e em seus recantos. E é paciente. O seu tempo não corre em horas,
minutos e segundos, não correndo os seus ciclos pelo calendário gregoriano com o
conquistador e insaciável. Às vezes, nesse confronto, o homem extrapola seus poderes e
ela cala. Noutras, se volta numa autodefesa, e remonta seu império sobre a obra humana,
tornando a ocupar seu espaço e sua importância. A convivência e a consciência de gerações
na utilização de recursos naturais necessitam seguir regras claras que considerem e
respeitem a sua disponibilidade e vulnerabilidade.
Com isso, chegamos ao que as sociedades adotaram como regras de convivência, as
práticas que definem padrões e comportamentos, aliadas a sanções aplicáveis para o seu
eventual descumprimento: as leis.qual nos acostumamos a fazer planos, cálculos e
contagens. Sobretudo é generosa, está no mundo acolhendo o homem com sua inteligência,
3seu significado divino, desbravador, conquistador e insaciável. Por vezes, nesse confronto,
o homem extrapola seus poderes e ela cala. Noutras, se volta, numa autodefesa, e remonta
seu império sobre a obra humana, tornando a ocupar seu espaço e sua importância. Com o
convívio e a consciência de gerações na utilização de recursos naturais necessitam seguir
regras claras que considerem e respeitem a sua disponibilidade e vulnerabilidade.
Com isso, chegamos ao que as sociedades adotaram como regras de convivência, as
práticas que definem padrões e comportamentos, aliadas a sanções aplicáveis para o seu
eventual descumprimento: as leis.
2. MEIO AMBIENTE
A palavra meio vem a ser ponto eqüidistante dos extremos, posição intermediária,
centro, condição, intervenção, maneira, possibilidade, ambiente em que se realizam certos
fenômenos, substância nutritiva, geralmente de consistência pastosa ou líquida em que se
cultivam tecidos ou microrganismos, do segundo e do terceiro termo de um proporção
simples, haveres, recursos, que indica metade.
A palavra ambiente ver a ser que está ou anda à roda de alguma coisa ou pessoa, o
ar que se respira e que nos cerca, roda, esfera em que vivemos.
Meio ambiente é tudo que está a nossa volta. Isso abrange o ar, a água, todas as
formas de vida, bem como tudo mais que nos cerca. Atmosfera, água dos rios, mares, lagos,
chuva, solo e subsolo, montanhas, vales, campos, florestas, cidades, edifícios, pontes,
4estradas, objetos microorganismos, todos os vegetais, todos os animais e o homem. De
todos estes elementos, o mais importante e o mais precioso, indubitavelmente é a vida.
Meio ambiente também pode ser considerado como um bem difuso e
transfronteiriço, ou ainda pode o meio ambiente ser o conjunto de condições, leis,
influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a
vida em todas as suas formas (art. 3º, I da lei nº 6.938/81) .
A ecologia vem a ser a ciência que estuda as relações entre os elementos do meio
ambiente. O equilíbrio entre os diversos grupos de seres vivos e deles com o meio ambiente
chama-se Equilíbrio Ecológico.
A pouco tempo o homem descobriu que a terra é um grande ecossistema, e que as
alterações ambientais produzidas pelo homem acabam refletindo em todo o planeta.
Diariamente, poluímos o ar que ainda vamos respirar, comprometendo a nossa própria
qualidade.
Com a chegada do progresso vieram os veículos, as fábricas com suas chaminés que
exalam fumaça e gases poluentes. A grande concentração nos centros urbanos está fazendo
com que a poluição atinja nível acima do tolerável.
A legislação de proteção ambiental está cada vez mais rigorosa. Isso é bom, pois
algumas empresas e pessoas insistem em degradar o meio ambiente, em função de
vantagens individuais. Com o aparecimento de instituições específicas como o MMA
(Ministério do Meio Ambiente) que é encarregado pelas normas e padrões relativos à
preservação do meio ambiente; e o CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente)
5que é o órgão que determina os limites de emissão de gases, fumaça e ruído dos veículos
automotores.
Temos ainda o SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente), órgão estadual
competente integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente e o IBAMA(Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis)
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CAPÍTULO 2
3. DIREITO AMBIENTAL
O Direito Ambiental vem a ser a ciência que estuda os problemas ambientais e suas
interrelações com o homem, visando a proteção do meio ambiente na consecução para a
melhoria das condições de vida como um todo.
O Direito ambiental baseia-se em estudos complexos que envolvem várias ciências
como biologia, antropologia, sistemas educacionais, ciências sociais, princípios de direito
internacional entre outras, sendo fundamental que se tenha uma visão holística para o
desenvolvimento de seu estudo, não se podendo ficar em conhecimentos fragmentados, sob
pena de não conseguir atingir a finalidade principal que é a proteção do meio ambiente.
7 4. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO AMBIENTAL
Princípios são os mandamentos básicos e fundamentais nos quais se alicerça uma
ciência. São as diretrizes que orientam uma ciência e dão subsídios à aplicação de suas
normas.
Os princípios são considerados como normas hierarquicamente superiores as demais
normas que regem uma ciência.
Os princípios ora relacionados servem para formar e orientar, visando a
identificação e interpretação perfeita do Direito Ambiental.
4.1. Princípio do direito à sadia qualidade de Vida
Por este princípio todas as Constituições escritas integram o “direito a vida” no
corpo dos seus direitos individuais. Não é suficiente viver e conservar a vida. É preciso
que se tenha qualidade de vida. A ONU (Organização das Nações Unidas) relaciona os
países com qualidade de vida, levando em consideração os fatores de saúde, educação e
produto interno bruto.
4.2. Princípio do acesso eqüitativo aos recursos naturais
Neste princípio os bens naturais componentes do planeta como água, ar, e o solo, `
8devem ser partilhados por seus habitantes de forma equânime em suas necessidades
comuns.
Prima o Direito Ambiental no estabelecimento de normas que possam auferir as
necessidades de uso dos recursos naturais, por todos os habitantes do planeta.
4.3. Princípio usuário-pagador e poluidor-pagador ou princípio do poluidor pagador
Por este princípio a utilização dos recursos naturais do planeta pode ter o seu uso
gratuito como pode ser remunerado.
Por este princípio pretende-se também a internalização das esternalidades negativas
das atividades humanas utilizadoras dos recursos naturais.
A Internalização das esternalidades é a absorção dos efeitos negativos da atividade
industrial, extrativa ou comercial que causem danos aos recursos naturais do meio
ambiente.
O Princípio do Poluidor Pagador (ppp), de acordo com Antunes (1997), foi
introduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),
através da Recomendação “C” (72), 128 de 28 de maio de 1972, e encontrou ressonância no
Ato Único Europeu, artigo 130 R, 2 . Posteriormente, a Declaração de Estocolmo
(Conferência de Estocolmo) incorporou este princípio, que veio se tornar um dos pilares
para o desenvolvimento de legislação interna e internacional sobre responsabilidade e
compensação por danos ambientais (Vargas, 1998).
9A Rio 92 (Declaração do Rio), em seu Princípio nº 16, também adotou o Princípio
também adotou o Princípio Poluidor Pagador: “As autoridades nacionais devem procurar
assegurar a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos,
levando em conta o critério de que quem contamina deve em princípio, arcar com os custos
da contaminação, levando-se em conta o interesse público e sem distorcer o comércio e os
investimentos internacionais”. Pelo princípio em tela, busca-se impedir que o sociedade
arque com os custos da recuperação de um ato lesivo ao meio ambiente causado por um
poluidor perfeitamente identificado (Machado, 2003).
O ordenamento jurídico do Brasil também adota o Princípio Poluidor Pagador como
está prescrito no artigo 225, § 3º, da Constituição Federal de 1988: “As condutas e
atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados(Machado, 2003).
Segundo o entendimento de Paulo Bessa Antunes: o princípio poluidor pagador
parte da constatação de que os recursos ambientais são escassos e que seu uso na produção
e no consumo acarretam a sua redução e degradação. Ora, se o custo da redução dos
recursos naturais não for considerado no sistema de preços, o mercado não será capaz de
refletir a escassez. Em assim sendo, são necessárias políticas públicas capazes de eliminar a
falha no mercado, de forma a assegurar que os preços dos produtos reflitam os custos
ambientais”(Antunes, 2002).
O direito ambiental, segundo Martín Mateo tem uma vocação redistributiva, uma
ênfase preventiva e está baseado ma primazia de interesses coletivos (Mateo, 1991). Nesse
10sentido, o princípio poluidor pagador é um importante instrumento jurídico do Direito
Ambiental que visa atuar no mercado redistribuindo os custos da deterioração ambiental. O
princípio do poluidor pagador faz com que o sujeito econômico poluidor arque com os
custos da prevenção e da precaução do dano, o que em linguagem econômica significa a
internalização das externalidades ambientais negativas” (Derani, 1998).
Este princípio tem em mira, principalmente, desestimular a atividade poluidora
desmedida através de correções no mercado que façam com que o produtor tenha que
escolher entre suportar o custo econômico da poluição ou deixar de poluir: “Por força do
mesmo princípio, aos poluidores não podem ser dadas outras alternativas que não deixar de
poluir ou então ter que suportar um custo econômico em favor do Estado que, por sua vez,
deverá afetar as verbas assim obtidas prioritariamente a ações de proteção do ambiente.
Assim, os poluidores terão que fazer os seus cálculos de modo a escolher a opção
economicamente mais vantajosa: tomar todas as medidas necessárias a evitar a poluição, ou
manter a produção no mesmo nível e condições e, conseqüentemente, suportar os custos
que isso acarreta” (Canotilho, 1998).
É importante então que os valores a serem suportados pelo poluidor sejam
calculados de forma a tornar mais oneroso a escolha de poluir e pagar do que a opção por
pagar pra não poluir, o que pode ser alcançado através, por exemplo, de investimentos em
tecnologias limpas e controle de emissão. Estes valores, além da redução da poluição a um
nível considerado aceitável possibilitam também a criação de um fundo público destinado a
“combater a poluição residual ou acidental, auxiliar as vítimas da poluição e custear
11despesas públicas da administração, planejamento e execução da política de proteção ao
meio ambiente”(Gomes, 1999).
Não se pondo em prática a adoção de estratégias econômicas como o princípio do
poluidor pagador, o lucro obtido as custas da não consideração das externalidades recai
sobre a sociedade constituindo-se numa apropriação indevida do patrimônio ambiental, ou
como se costuma dizer correspondendo a “privatização dos lucros e socialização das
perdas”. Um “subsídio” injusto a quem polui o ambiente: “Os recursos ambientais como
água, ar, em função de sua natureza pública, sempre que forem prejudicados ou poluídos,
implicam em um custo público para a sua recuperação e limpeza. Este custo público, como
se representa um subsídio ao poluidor. O princípio do poluidor pagador busca, exatamente,
eliminar ou reduzir tal subsídio a valores insignificante” (Antunes, 2002).
Este princípio diminui o ônus social causado pela poluição por dois motivos(Gomes,
1999):
1º) força a diminuição da poluição, em conseqüência, melhora as condições de vida
da população, reduzindo os gastos com a reparação e contenção destes danos, diminuindo
também os custos dessa poluição para a saúde pública;
2º) os valores cobrados do poluidor passam a ser utilizados pelo Estado para a
preservação ambiental, diminuindo o peso das políticas de reparação e contenção de danos
ambiental, desonerando em parte os contribuintes que tem arcado com os custos destas
políticas públicas.
12Além do importante aspecto redistributivo, do princípio poluidor pagador, que força
o produtor a arcar com os custos extremos da sua poluição e não a sociedade, deve-se
destacar seu forte componente preventivo. Dessa forma tal princípio não deve ser visto
apenas como um princípio de compensação ou reparação por danos causados pela poluição,
muito menos deve significar uma compra do direito de poluir. Segundo Canotilho, (1998)
“é uma idéia fundamentalmente errada pensar que este princípio tem natureza curativa e
não preventiva, uma vocação para agir a posterior e não a priori”. O poluidor pagador
permite a prevenção e a precaução dos danos ao ambiente e visa a justiça na redistribuição
dos custos das medidas públicas de luta contra a degradação ao meio ambiente.
Nesse ponto acentua-se a diferença entre o princípio do poluidor pagador e a idéia
de mera responsabilização civil, uma vez que esta é eminentemente retrospectiva, buscando
a reparação por danos ambientais causados, ao passo que o princípio em tela privilegia o
sentido da prevenção ‘ameaçando’ com a internalização dos custos da poluição e
motivando uma mudança de atitude do produtor em relação às suas externalidades
ambientais (Costa Neto, 2003).
Este princípio atua antes e independentemente da existência do dano ou de vítimas.
Por isso, o montante dos pagamentos a impor aos poluidores não deve ser proporcional aos
danos provocados, mas antes, aos custos deprecação e prevenção dos danos ao
ambiente(Canotilho, 1998).
Assim sendo, os poluidores são forçados a “ter em consideração, nos seus cálculos
econômicos os prejuízos provocados a sociedade em geral pela atividade que desenvolvem
13e, mais do que isso, forçam os poluidores a modificar a sua conduta tornando-a socialmente
corrreta” (Gomes, 1999).
O Princípio Poluidor-pagador, conforme exposto, teria por finalidades: a
conscientização acerca do valor do bem ambiental no qual os efluentes são lançados; a
racionalização do uso, através da melhoria da qualidade e redução da quantidade de
efluentes; e a internalização dos custos ambientais relacionados à conservação e melhoria
do bem ambiental utilizado e à reparação dos danos ambientais eventualmente causados, de
forma lícita, pelo lançamento de efluentes (Michelin, 2003).
O princípio usuário-pagador contém também o princípio poluidor- pagador, isto é ,
aquele que obriga o poluidor a pagar a poluição que pode ser causada ou que já foi
causada(Affonso,2004,p.53).
O poluidor que deve pagar é aquele que tem o poder de controle (inclusive poder
tecnológico e econômico) sobre as condições que levam à concorrência da poluição,
podendo, portanto, preveni-las ou tomar precauções para evitar que ocorram” - salienta
Maria Alexandra de Souza Aragão. No caso do consumo de um produto, havendo poluidor
direto e poluidor indireto, afirma a jurista portuguesa que, tendo sido a produção poluente,
“o poluidor-que-deve-pagar é quem efetivamente cria e controla as condições em que a
poluição se produz, que neste caso é o produtor”.( Affonso, 2004,p.55).
14 4.4. princípio da precaução
O princípio da precaução tem por objetivo à durabilidade da sadia qualidade de vida
das gerações humanas e à continuidade da natureza existente no planeta.
A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
reunida no Rio de Janeiro em 1992, votou, por unanimidade, a chamada “Declaração do
Rio de Janeiro”, com 27 princípios.
O princípio 15 diz: “De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução
deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando
houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica
não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e economicamente
viáveis para prevenir a degradação ambiental”.
Na Constituição Federal de 88, em seu Artigo 225, § 1º inciso IV, nos temos uma
previsão do princípio da precaução, a saber: “Para assegurar a efetividade desse direito,
incumbe ao Poder Público: IV- exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
pontencialmente causadora de significativo degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade”.
A ininterrupta prática dos princípios da ampla informação e da participação das
pessoas e organizações sociais no processo das decisões dos aparelhos burocráticos é que
alicerça e torna possível viabilizar a implementação da prevenção e da precaução para a
defesa do ser humano e do meio ambiente.
15 4.5. princípio da prevenção
Prevenir é prever (ver antes).
A necessidade de se evitar a consumação de danos ao meio ambiente vem sendo
enfatizada em convenções, declarações e sentenças de tribunais internacionais, como na
maioria das legislações internacionais.
As formas pelas quais podem ser utilizadas na prevenção variam conforme o
desenvolvimento de cada país, bem como o uso feito em suas tecnologias.
Segundo o Princípio 8 da Declaração do Rio de Janeiro/92: “A fim de conseguir-se
um desenvolvimento sustentado e uma qualidade de vida mais elevada para todos os povos,
os Estados devem reduzir e eliminar os modos de produção e de consumo não viáveis e
promover políticas demográficas apropriadas”. A prevenção aqui usada tem a conotação de
“uma chance para a sobrevivência”.
Enfim, o princípio da prevenção é baseado no fundamento da dificuldade quase
absoluta ou impossibilidade de reparação do dano ambiental, após ele ter ocorrido.
4.6. princípio da reparação
O Princípio 13 da Declaração do Rio de Janeiro/92 assim prevê: “ Os Estados
deverão desenvolver legislação nacional relativa à responsabilidade e à indenização das
vítimas da poluição e outros danos ambientais. Os Estados deverão cooperar, da mesma
forma, de maneira rápida e mais decidida na elaboração das novas normas internacionais
sobre responsabilidade e indenização por efeitos adversos advindos dos danos ambientais
16causados por atividades realizadas dentro de sua jurisdição ou sob seu controle, em zonas
situadas fora de sua jurisdição”.
Consumado o dano ao meio ambiente, deve-se levantar a questão de quem será
obrigado a reparar o dano no plano internacional. Dependerá conseqüentemente da
existência de convenção onde esteja prevista a responsabilidade objetiva ou sem culpa ou a
responsabilidade subjetiva ou por culpa. A Comissão de Direito Internacional das Nações
Unidas está estudando a possibilidade de os Estados poderem chegar a incorrer em
responsabilidade pelas conseqüências prejudiciais de atos não proibidos pelo Direito
Internacional (responsabilidade por danos causados, ainda que sem ato ilícito).
No plano nacional o princípio da reparação pode ser considerado estampado na lei
nº 6.938/81, art. 14, IV, § 1º: “ Sem obstar a aplicação das penalidades prevista neste artigo,
é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os
danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério
Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil
e criminal, por danos causados ao meio ambiente.”
4.7. Princípio da informação
Tratando-se de tema ambiental, a sonegação de informações pode gerar danos
irreparáveis à sociedade, pois poderá prejudicar o meio ambiente que além de ser um bem
de todos, deve ser sadio e protegido por todos, inclusive pelo Poder Público.
17Publicidade é a divulgação oficial de um ato para conhecimento público e início de
seus efeitos externos. Daí porque as leis, atos e contratos administrativos, que produzem
conseqüências jurídicas fora dos órgãos que os emitem exigem publicidade para adquirirem
validade universal, isto é, perante as partes e terceiros.(Hely L.,1981, p.74).
A publicidade não é elemento formativo do ato; é requisito de eficácia e moralidade.
Por isso mesmo os atos irregulares não se convalidam com a publicação, nem os regulares a
dispensam para sua exeqüibilidade, quando a lei ou o regulamento a exige.(Hely
L.1981,p.75).
Em uma parte do Princípio 10 da Declaração Rio/92 temos: “no nível nacional, cada
indivíduo deve ter acesso adequado a informações relativas ao meio ambiente de que
disponham as autoridades públicas, inclusive informações sobre materiais e atividades
perigosas em suas comunidades”.
A informação é um importante veículo para o processo educacional de cada pessoa e
da comunidade. Mas a informação visa, também, a dar chance à pessoa informada de tomar
posição ou pronunciar-se sobre a matéria informada.
A informação ambiental não o fim exclusivo de formar a opinião pública. Valioso
formar a consciência ambiental, mas com canais próprios, administrativos e judiciais, para
manifestar-se. O grande destinatário da informação – o povo, em todos o seus segmentos,
incluindo o científico não-governamental – tem o que dizer e opinar.(Affonso,2004,p.80).
As informações ambientais recebidas pelos órgãos públicos devem ser transmitidas
à sociedade civil, excetuando-se as matérias que envolvam comprovadamente segredo
18industrial ou do Estado. A informação ambiental deve ser transmitida sistematicamente, e
não só nos chamados acidentes ambientais.(Affonso,2004,p.80).
No processo de transmissão da informação ambiental deve ser observada de forma a
possibilitar aos informados para analisarem a matéria e poderem agir diante da
Administração Pública e do Poder Judiciário. A informação ambiental deve prevista nas
convenções internacionais de forma a atingir não somente as pessoas do país onde se
produza o dano ao ambiente, como também atingir as pessoas de países vizinhos que
possam sofrer as conseqüências do dano ambiental, como também atingir as pessoas de
países vizinhos que possam sofrer as conseqüências do dano ambiental.
A prática do monitoramento das informações ambientais não deve ser só prestada
pelo Poder Público, mas também pelas organizações não-governamentais, que, para esse
fim, merecem receber auxílio científico e financeiro. Os métodos e recursos da Informática
devem ser utilizados para a informação e o monitoramento ambientais, insistindo-se na
cooperação internacional, de forma a que os países subdesenvolvidos e em
desenvolvimento possam implementar esses procedimentos.
A recusa ao fornecimento de informação de eventos significativamente danosos ao
meio ambiente por parte dos Estados merece ser considerada crime internacional.
19 4.8. Princípio da participação
A participação popular, visando à conservação do meio ambiente, insere-se num
quadro mais amplo da participação diante dos interesses difusos e coletivos da sociedade. É
uma das notas características da segunda metade do século XX.(Affonso,2004,p.80).
Está previsto na Declaração do Rio de Janeiro, da Conferência das Nações Unidas
para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, de 1992, em seu art. 10: “O melhor modo de
tratar as qustões do meio ambiente é assegurando a participação de todos os cidadãos
interessados, no nível pertinente”.Em nível nacional, cada pessoa deve ter a “possibilidade
de participar no processo de tomada de decisões”. Contudo, temos reconhecer que “são
indissociáveis ‘informação/participação’, pois é evidente que a ‘participação dos ignorantes
é um álibi ou uma idiotice”, segundo Gerard Monediaire.
“O Direito Ambiental faz os cidadãos saírem de um estatuto passivo de benefícios,
fazendo-os partilhar da responsabilidade na gestão dos interesses da coletividade inteira”.
Tanto as ONGS (Organizações Não Governamentais) quanto os indivíduos tiveram
participação marcante tanto na formulação como na execução da política ambiental nos
últimos vinte e cinco anos.
Não podemos esperar que os indivíduos isolados, por mais competentes que sejam,
consigam ser ouvidos facilmente pelos governos e pelas empresas. Os partidos políticos e
os parlamentos não podem ser considerados os únicos canais de reivindicações ambientais.
O objetivo das ONGs não é o enfraquecimento da democracia representativa.
Igualmente as mesmas não são correntes dos Poderes Executivo e Legislativo, mas
20intervêm de forma complementar, contribuindo para instaurar e manter o Estado Ecológico
de Direito. Há matérias que interessam ao meio ambiente que devem permanecer
reservadas para o Poder Legislativo.
Tanto os cidadãos quanto as associações não devem ter a sua participação
confundida com uma desconfiança contra os integrantes da Administração Pública, sejam
eles funcionários públicos ou pessoas exercendo cargos em caráter transitório ou em
comissão. Essa participação também não é substitutiva da atuação do Poder Público. A
proteção dos interesses difusos deve levar a uma nova forma participativa de atuação dos
órgãos públicos, desde que não seja matéria especificamente de segurança dos Estados.
As ONGs não devem destinarem-se a massa-de-manobra dos governos e de
empresas privadas e públicas. Por isso, é essencial que elas sejam independentes, não
sendo criadas pelos governos ou por eles manipuladas.
As ONGs devem poder agir como assistentes do Ministério Público no Processo
Penal. A defesa dos interesses difusos precisa ser alargada no campo penal, e a atuação das
ONGs, desde o inquérito policial, poderia diminuir a impunidade penal nos crimes
ambientais. O acesso das ONGs aos tribunais foi um dos grandes sucessos da renovação
processual do final do século XX. Mas neste novo século é preciso tornar esse acesso ao
processo judicial mais amplo, para que seja eficiente. Não basta a intervenção do Ministério
Público, que, mesmo revelando-se de grande utilidade, não é suficiente. Muitas Ongs não
tem recursos para contratar advogados. Temos que evoluir no sentido de que o Poder
Público conceda os benefícios da assistência judiciária às Ongs carentes, para que possam
21estar em juízo para defender os direitos fundamentais da vida humana e da sobrevivência
das espécies.(Affonso,2004,p.84).
4.9. Princípio da obrigatoriedade da intervenção do Poder Público
Pelo disposto no Art. 225, caput da Constituição Federal de 88 “Todos têm direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defende-
lo e preserva-lo para as presentes e futuras gerações”.
Segundo a Declaração de Estocolmo/72 “Deve ser confiada às instituições nacionais
competentes a tarefa de planificar, administrar e controlar a utilização dos recursos
ambientais dos Estados, com o fim de melhorar a qualidade do meio ambiente”.
Já a Declaração do Rio/92 em seu Princípio 11 assevera: “Os Estados deverão
promulgar leis eficazes sobre o meio ambiente”.
Por ser o meio ambiente equilibrado um direito de todos (art. 225,CF) isto
demonstra a natureza pública deste bem, o que leva a sua proteção e obedecer o princípio
da prevalência do interesse público da coletividade, ou seja do interesse público sobre o
privado na questão de política ambiental.
Os assuntos concernentes a gestão do meio ambiente não podem e não devem ser
matéria a ser entregue exclusivamente a sociedade civil, ou uma relação entre poluidores e
vítimas da poluição. Os países, tanto no Direito interno como no Direito Internacional, têm
que intervir e atuar.
22Segundo a Declaração do Rio de Janeiro/92, que concluiu por uma teoria da
governança ambiental “Os Estados devem ainda cooperar de forma explícita e determinada
para o desenvolvimento de normas de Direito Internacional Ambiental relativas à
responsabilidade e indenização por efeitos adversos de danos ambientais causados, em
áreas fora de sua jurisdição, por atividades dentro de sua jurisdição e controle”.
Devem os Estados assumir o papel de guardiães da vida, da liberdade, da saúde e do
meio ambiente. Garantir a liberdade responsável: liberdade para empreender, liberdade
para descobrir e aperfeiçoar tecnologias, liberdade para produzir e comercializar, sem
arbitrariedades ou omissões dos Estados, liberdade que mantém a saúde dos seres humanos
e a sanidade do meio ambiente. A liberdade que engrandece a humanidade e o meio
ambiente. A liberdade que engrandece a humanidade e o meio ambiente exige um Estado
de Direito, em que existam normas, estruturas, laboratórios, pesquisas e funcionários,
independentes e capazes.
É aspiração absoluta das gerações presentes ver os Estados também como protetores
do meio ambiente para as gerações que não podem falar ou protestar. Os Estados precisam
ser os curadores dos interesses das gerações futuras. Então, não será utopia um Estado de
Bem-Estar Ecológico, fundado na eqüidade.
Dos princípios vistos aqui, os que melhor embasam e alicerçam o Direito Ambiental
em sua estrutura e forma de atuação, dentro do mundo jurídico e fora dele são os Princípios
da Precaução e da Prevenção, pois estes tem em seu fundamento as formas de atacar os
problemas relativos ao meio ambiente em sua causa, impedindo assim, os seus efeitos
posteriores indesejáveis e inconvenientes.
23
CAPÍTULO 3
CONSTITUIÇÃO FEDERAL E MEIO AMBIENTE
5. COMPETÊNCIA AMBIENTAL DA UNIÃO E DOS ESTADOS
5.1. Direito Brasileiro e Comparado
A Constituição Brasileira de 88 foi a primeira Constituição que apresenta em seu
corpo de normas o termo “meio ambiente”. Não foi a primeira Constituição da América
Latina a fazê-lo, tendo sido precedida pelas Constituições do Equador e do Peru de 1979,
Chile e Guiana de 1980, Honduras de 1982, Panamá de 1983, Guatemala de 1985, Haiti e
Nicarágua de 1987. Nossos ancestrais na Europa – Portugal e Espanha – inovaram em
1976 e 1978 – introduzindo o tema nas Constituições.
Pela nossa Constituição é garantido a todos o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida. Além disso, conceitua o
meio ambiente como “bem de uso comum do povo” e, dessa forma, não pode ser
apropriado e é extra comércio. Voltamos, assim, o nosso olhar para o Direito Romano, base
de nossa legislação.
24
5.2. Uma nova concepção de federalismo
Pela nossa Constituição, o meio ambiente está previsto como sendo competência da
União, dos Estados e do Distrito Federal, de forma concorrente (art.24). Como competência
comum para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estão previstos a
proteção do meio ambiente e o combate à poluição em quaisquer de suas formas (art.23).
Em casos de competência concorrente, poderão os Estados exercer a competência
legislativa plena, desde não exista “lei federal sobre normas gerais”(art. 24,§ 3º).
Quanto aos demais países, a Alemanha passou a prever, em 1972, na reforma da
Constituição de 1949, a competência concorrente no concernente à poluição do ar e do
ruído e no referente à eliminação de rejeitos (art. 74, n.24).
5.3. A norma Geral como limite da legislação federal ambiental
As Constituições anteriores a de 88 não previam normais gerais sobre meio
ambiente, em razão de o tema nelas não estar incluído especificamente com esta
nomenclatura.
Pelo que se observa nas Constituições de alguns outros países, a União está obrigada
a inserir na norma geral o conteúdo dos acordos, tratados ou convenções internacionais já
ratificados, depositados e promulgados pelo Brasil, como, evidentemente, guardar
fidelidade à Constituição em vigor.
25
5.4. Competência suplementar dos Estados em matéria ambiental
No art. 24, § 2º da CF temos que “A competência da União para legislar sobre
normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados”.
Conclui-se que a legislação inexistente não pode ser suplementada. Portanto,quando
a competência da pessoa de Direito Público interno for somente suplementar a legislação de
outro ente, se inexistirem normas, não existirá o poder supletório. Não se suplementar uma
regra jurídica simplesmente pela vontade de os Estados inovarem diante da legislação
federal. A capacidade suplementaria está condicionada à necessidade de aperfeiçoa a
legislação federal ou diante da constatação de lacunas ou de imperfeições da norma geral
federal.
5.5. A competência ambiental comum na Constituição Federal de 1988
5.5.1. A implementação da legislação ambiental
Nossa Constituição de 88 prevê diversidade de competência legislativa e
administrativa em diferentes artigos.
No art. 23: “É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:...III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueológicos; IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e
de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;... VI – proteger o meio ambiente e
combater a poluição em qualquer de suas formas; VII – preservar as florestas, a fauna e a
26flora;...XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e
exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios”.
Já no art. 18 da mesma CF: “ A organização político administrativa da República
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
todos autônomos, nos termos desta Constituição”.
5.5.2 Estabelecimento de normas de cooperação institucional
Pelo art. 23, § único da CF: Lei complementar fixará normas para a cooperação
entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio
do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional”.
Nessa acepção, a cooperação há de ter duas finalidades indeclináveis – o equilíbrio
do desenvolvimento e o equilíbrio do bem-estar em âmbito nacional. Portanto, é uma das
tarefas da lei complementar criar instrumentos que evitem que um Estado da Federação ou
um Município possam descumprir a legislação ambiental ao atrair investimentos,
praticando um desenvolvimento não sustentado.
5.5.3. mercosul e cooperação ambiental
No Direito Internacional, a cooperação tem sido apontada como sendo o início da
solução de muitos problemas que assolam o planeta Terra. Pela Declaração Rio/92
constatam-se várias formas indicadas para a cooperação ambiental.
27Com o Mercosul, na América do Sul estamos vivendo o começo da estruturação do
relacionamento integrado dos países do Cone Sul, visando, preliminarmente à integração
econômica. A isenção de entraves alfandegários pressupõe uma evolução jurídica
harmônica de diversas áreas, entre as quais a do meio ambiente.
6. CONSTITUIÇÃO FEDERAL E MEIO AMBIENTE
6.1. introdução
Como já vimos alhures, A Constitução da República Federal do Brasil de 1988 é a
primeira Constitução Brasileira em que a expressão “meio ambiente” é mencionada.
Abordaremos a seguir tudo o que se encontra na mesma atinente a este tema.
No Capitulo II DA UNIÃO nos temos: Art. 20. “São Bens da União: I -os que
atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II- As terras devolutas
indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias
federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III- os lagos, rios e
quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território ou dele provenham,
bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV – as ilhas fluviais e lacustres nas
zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras,
exluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao
serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26; V- os recursos
naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI- a mar territorial;
28VII- os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII- os potenciais de energia hidráulica; IX-
os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X- as cavidades naturais subterrâneas e os
sítios arqueológicos e pré-históricos, § § 1º e 2º.”
No Art. 23: “ É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios: ...VI- proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de
suas formas; VII- preservar as florestas, a flora e a fauna; XI- registrar, acompanhar e
fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais
em seus territórios...”
No art. 24: Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: VI- florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa
do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII-
proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII-
responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico ..., § 1º No âmbito da legislação
concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.; § 2º A
competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.; § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.; § 4º A
superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no
que lhe for contrário.”
Finalmente, o Art. 225. “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
29impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preserva-lo para
as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe
ao Poder Público: I- preservar e instaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II- preservar a diversidade e a integridade do
patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de
material genético; III- definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV- exigir, na forma da lei, para
instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do
meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental (EIA) a que se dará publicidade; V-
controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI- promover a
educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente; VII- proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais a crueldade.; § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida
pelo órgão público competente, na forma da lei.; § 3º As condutas e atividades consideradas
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.; §
4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-
Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da
30lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto
ao uso dos recursos naturais.; § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas
pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas
naturais.; § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.”
6.2. O Supremo Tribunal Federal e o conceito do direito ao meio ambiente
O Supremo Tribunal Federal, através do voto do Min. Celso de Melo (relator),
conceituou o direito ao meio ambiente “como um típico direito de terceira geração que
assiste, de modo subjetivamente indeterminado, a todo o gênero humano, circunstância essa
que justifica a especial obrigação – que incumbe ao Estado e à própria coletividade – de
defendê-lo e de preserva-lo em benefício das presentes e futuras
gerações”(Affonso,2004,p.110).
31
CAPÍTULO 4
7. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
7.1. OrigemNão é só nos nossos dias que a devastação ambiental é marca exclusiva. Apenas a
percepção jurídica deste fenômeno – até como conseqüência de um bem jurídico novo denominado “meio ambiente” – é de explicação recente.
No início na época do Brasil Colônia a preocupação com questões de agressão ao ambiente já era mencionada nas Ordenações Afonsinas, Ordenações Manuelinas e Ordenações Filipinas.
7.2. Legislação ambiental no Brasil republicano até a Conferência de Estocolmo de 1972
O primeiro passo coincide com a edição do Código Civil de 1916 que estipulou várias normas de conteúdo ecológico destinadas principalmente, à proteção de direitos privados na composição de conflitos de vizinhança.
Nas décadas seguintes a promulgação do Código Civil, começou a aparecer efeticamente a legislação tutelar do meio ambiente no Brasil, com os primeiros diplomas legais acrescidos por algumas regras específicas atinentes a fatores ambientais. Como por exemplo:
- Dec. 16.300, de 31.12.1923 (Regulamento de Saúde Pública);- Dec. 23.793, de 23.01.1934 (Código Florestal);- Dec. 24.114, de 12.04.1934 (Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal);- Dec. 24.643, de 10.07.1934 (Código de Águas);- Dec.-lei 25, de 30.11.1937 (Patrimônio Cultural: organiza a proteção do
patrimônio histórico e artístico nacional);- Dec.-lei 794, de 19.10.1938 (Código de Pesca);- Dec.-lei 1.985, de 29.01.1940 (Código de Minas);- Dec.-lei 2.848, de 07.12.1940 (Código Penal) .
Já na década de 1960, com o surgimento do movimento ecológico, novos textos legislativos apareceram, informados por normas mais diretamente dirigidas à prevenção e
32controle da degradação ambiental. Entre os mais importantes, alguns já revogados ou alterados, destacam-se:
- Lei 4.504, de 30.11.1964 (Estatuto da terra);- Lei 4.717, de 29.06.1965 (Lei da Ação Popular);- Lei 4.771, de 15.09.1965 (Código Florestal);- Lei 5.197, de 03.01.1967 (Proteção à Fauna);- Dec.-lei 221, de 28.02.1967 (Código de Pesca);- Dec.-lei 227, de 28.02.1967 (Código de Mineração);- Dec.-lei 248, de 28.02.1967 (Política Nacional de Saneamento Básico)- Dec.-lei 303, de 28.02.1967 (Criação do Conselho Nacional de Controle da
Poluição Ambiental);- Lei 5.318, de 26.9.1967 (Política Nacional de Saneamento), que revogou os
Decretos-leis 248/67 e 303/67; - Lei 5.357, de 17.11.1967 (Estabelece penalidades para embarcações e terminais
marítimos ou fluviais que lançarem detritos ou óleo nas águas brasileiras).
7.2. RealidadeEm 1972, tivemos a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
Humano, realizada na Cidade de Estocolmo, Noruega, com a presença de 113 países, 250 organizações não governamentais e organismos da ONU. Daí resultaram a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA e a aprovação da Declaração sobre o meio Ambiente Humano.
Por razão de acerbas críticas da comunidade internacional, a reação brasileira fez-se sentir com a edição do Decreto 73.030, de 30.10.1973, instituindo a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA.
Outro ponto importante em nossa legislação foi a aprovação da Lei 6.151, de 04.12.1974, do II Plano Nacional de Desenvolvimento – PND, para ser executado no período de 1975 a 1979, o qual, incorporando em seu texto a preocupação com o estabelecimento de uma política ambiental a ser seguida, acabou por mudar a estratégia do enaltecido desenvolvimento a qualquer custo até então imperante.
Vieram após quatro novos diplomas legais importantes para a tutela jurídica do ambiente:
- Dec.-lei 1.413, de 14.08.1975 (Controle da Poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais;)
- Lei 6.453, de 17.10.1977 (Responsabilidade civil por danos nucleares e responsabilidade criminal por atos relacionados com atividades nucleares);
- Lei 6.513, de 20.12.1977 (Criação de áreas especiais e locais de interesse turístico);
- Lei 6.766, de 19.12.1979 (Parcelamento do solo urbano), conhecida como “Lei Lehmann”.
Contudo, ainda assim somente na década de 1980 é que a legislação sobre a matéria passou a desenvolver-se com maior consistência e celeridade. Em razão de as leis até então editadas não se preocupavam em proteger o meio ambiente de forma específica e global,
33dele cuidando de maneira diluída, e mesmo casual, e na exata medida de atender sua exploração pelo homem.
Os quatro marcos mais importantes na busca no ordenamento jurídico de resposta ao
clamor social pela imperiosa tutela do ambiente.
O primeiro marco é a edição da Lei 6.938, 31.08.1981, conhecida como Lei da
Política Nacional do Meio Ambiente, dentre vários méritos, teve o de trazer para o mundo
do Direito o conceito de meio ambiente como objeto específico de proteção em seus
múltiplos aspectos; o de instituir o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), com
função de propiciar o planejamento de uma ação integrada de diversos órgãos
governamentais através de uma política nacional para o setor; e o de estabelecer no art. 14,§
1º, a obrigação do poluidor de reparar os danos causados, de acordo com o princípio da
responsabilidade objetiva (ou sem culpa) em ação movida pelo Ministério Público.
O segundo marco foi com a edição da Lei 7.347, de 24.07.1985, que disciplinou a
ação civil pública como instrumento processual específico para a defesa do ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos e possibilitou que a agressão ambiental finalmente
viesse a tornar-se um caso de justiça. Mediante essa lei, as associações civis ganharam
força para provocar a atividade jurisdicional e, de mãos dadas com o Ministério Público,
puderam em parte frear as conseqüentes agressões ao ambiente. Aqui, para bem dar a
dimensão real e a importância efetiva do afrouxamento das regras de legitimação para agir,
basta lembrar que países mais desenvolvidos da União Européia e tão próximos de nossa
tradição jurídica, como Alemanha, França, Bélgica, Portugal e Espanha – para citar alguns-
ainda buscam , sem resultados concretos mais evidentes, um sistema de acesso coletivo à
Justiça.
34O terceiro marco foi, sem dúvida alguma com a promulgação da Constituição
Federal de 1988 já visto alhures.
O quarto marco foi a edição da Lei 9.605, de 12.02.1998, conhecida como Lei dos
Crimes Ambientais, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas aplicáveis às
condutas e atividades Lesivas ao meio ambiente.
Existem outras leis que regulam a legislação ambiental no Brasil, mas cuidaremos
das mesmas, no próximo item que será abordado especificamente, caso a caso com a
respectiva ou as respectivas leis.
8. DO PATRIMÔNIO AMBIENTAL NACIONAL
8.1. Conceito: consiste no conjunto de bens assim caracterizados e destinados ao usufruto
da comunidade. São considerados bens difusos e compreendem os elementos ou
componentes naturais, os culturais e os artificiais.
8.2. recursos naturais de característica planetária:
8.2.1. Ar : associado aos processos de respiração e fotossíntese, à evaporação, à
transpiração, à oxidação e aos fenômenos climáticos e meteorológicos, o recurso ar- mais
amplamente a atmosfera, tem um significado econômico, além de biológico ou ecológico,
que não pode ser devidamente avaliado. Enquanto corpo receptor de impactos, é o recurso
que mais rapidamente se contamina e mais rapidamente se recupera, dependendo,
evidentemente, de condições favoráveis.
35A poluição do ar resulta de alteração das características físicas, químicas ou
biológicas normais da atmosfera, de forma a causar danos ao ser humano, à fauna, à flora e
aos materiais. Chega a restringir o pleno uso e gozo da propriedade, além de afetar
negativamente o bem-estar da população. O monóxido de carbono (CO²) é o poluente
característico dos grandes centros urbanos, sempre presentes apesar de incolor, insípido e
inodoro, nos escapamentos dos automóveis, nas fumaças das chaminés das fábricas, e das
máquinas industriais que funcionem com combustível líquido.
Os efeitos da poluição do ar são as chuvas ácidas, a redução da camada de ozônio e
o efeito estufa (a diminuição da camada de Ozônio na atmosfera do planeta pelo aumento
da poluição e pelo uso das embalagens sprays com clorofluorcarbono, causando assim a
elevação da temperatura no planeta) .
A legislação pertinente ao tema é CF, art. 23, VI, Portaria GM 231/76 do Min.
Interior, a Resol. 0005/89 do CONAMA, que instituiu o Programa Nacional de Controle da
Qualidade do Ar – PRONAR, a Resol. CONAMA 003/90, o Dec.1.413/75, que dispõe
sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais, a Lei
6.803/80, que estabeleceu as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas
críticas de poluição, a Lei 6.983/81 que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, a
Resol. 018/86 do CONAMA e a Lei 8.723/93, que dispõe sobre a redução de emissão de
poluentes por veículos automotores e da outras providências.
8.2.2. Água: a água é outro valiosíssimo recurso diretamente ligado à vida. Aliás, ela
participa com elevado potencial na composição dos organismos e dos seres vivos em gera;
suas funções biológicas e bioquímicas são essenciais, pelo que se diz simbolicamente que a
36água é elemento constitutivo da vida. Dentro do ecossistema planetário, seu papel junto aos
biomas é múltiplo, seja como integrante da cadeia alimentar e de processos biológicos, seja
como condicionante do clima e dos diferentes habitats.(Milaré, 2005, p.279/2800).
Embora ¾ da superfície da terra sejam cobertos de água, apenas 2,5% desse total
são formados por água doce, aproveitável para consumo e para irrigação. A maior parte está
nos oceanos e ainda não há formas científicas e economicamente viáveis para aproveitá0-la.
Boa parte da água doce encontra-se em estado sólido, armazenada nas calotas polares e nas
grandes geleiras, ou em forma de vapor de água na atmosfera. Os rios e lagos representam
um volume reduzido e excessivamente comprometido. As reservas subterrâneas (águas
subterrâneas) com 0,6% da água doce total, aparecem como alternativa para satisfação da
demanda em escala ampliada.
As formas de poluição da água são numerosas e de origem bastante diversificada,
como exemplos as fronteiras agrícolas, o assoreamento das margens, a exploração
predatória, as bacias “carentes, a salinização, a mineração e erosão, as barragens, os
efluentes industriais (lançamento pelas indústrias de substâncias químicas tóxicas, ou de
material não biodegradável) nas correntes dos rios e dos lagos, que por sua vez os lançam
ao mar, a falta ou o mal saneamento básico faz com que o material de esgoto e o lixo se
misture com a água pura dos rios, que correm a céu aberto.
A legislação pertinente é o Dec. 24.643/34 (Código de Águas), lei 9.433/97, que
institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei 9.966/00, dispõe sobre a prevenção, o
37controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias
nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências, Lei
9.984/00, dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas – ANA, entidade federal de
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e da outras providências, Dec.
4.136/02,dispõe sobre a especificações das sanções aplicáveis às infrações às regras de
prevenção, controle e fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras
substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional, prevista na Lei
9.966/00, e dá outras providências, Dec. 4.781/03, dispõe sobre a instituição dos Planos de
Áreas para o combate à poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional e dá outras
providências, Dec. 4.895/03, Dispõe sobre a autorização de uso de espaços físicos de
corpos d’água de domínio da União para fins de aqüicultura e dá outras providências, Lei
10.881/04, dispõe sobreos contratos de gestão entre a Agência Nacional de Águas relativas
à gestão de recursos hídricos de domínio da União e da outra providências, Resol. 357/05
do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA – dispõe sobre a classificação dos
corpos e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes e dá outras providências, Dec. 5.440/05,
Estabelece definições e procedimentos sobre o controle de qualidade da água de sistemas
de abastecimento e institui mecanismos e instrumentos para divulgação de informação ao
consumidor sobre a qualidade da água para consumo humano .
8.2.3. Solo: segundo o tratamento dado pelo meio ambiente, a expressão “uso do solo”,
possui um sentido diversificado. Ela trás diferentes significações, conforme é empregada
38em Geologia, Agricultura, Física, Geografia – com suas ramificações – Direito etc. Nas
várias acepções, o solo aparece com dois sentidos principais; o de recurso natural e o de
espaço social; ambos os aspectos constituem objeto de intervenções antrópicas
intensíssimas.
Segundo a Ecologia, o solo tem a sua “vida própria”, além de dar suporte aos
biomas e ecossistemas peculiares; por exemplo, o mundo dos fungos e decompositores, que
renunciam à superfície aberta para adentrarem em camadas internas da terra e prepararem
elementos necessários à perpetuação da vida que se expande fora. É a vida subterrânea,
muitas vezes ligada aos fenômenos da morte e da decomposição da matéria orgânica.
O solo é que nos traz o alimento vegetal, serve com suas plantas e sua vegetação
para a alimentação da fauna, base de instalação da agricultura, elemento de definição e
distinção da propriedade. O solo não é insensível como parece. Ele traz dentro de si, como
a floresta, o segredo da sua produtividade e regeneração. Ele também tem a sua “vocação”,
seu rol de aptidões, fatores que não podem ser ignorados por quem planeja a sua
exploração. Ele também serve de base as florestas que purificam o ar que vamos respirar.
O solo normalmente se degenera pela erosão, pelo uso excessivo de agrotóxicos e
pesticidas, pela prática da agricultura não sazonária, e finalmente pela derrubada
indiscriminada e predatória de suas árvores, sem o correspondente replantio em tempo
hábil.
Na legislação sobre o solo temos, Dec. 23.793/34 (Código Florestal), Lei 4.504/64
(Estatuto da Terra), Lei 4.771/65 (Código Florestal), Lei 8.171/91, dispõe sobre a política
agrícola, Lei 7.802/89(alterada pela Lei 9.974/00) regula o uso de produtos e pesticidas no
39solo, foi regulamentada pelo Dec. 4.074/02, dispõe sobre o destino dos agrotóxicos, dentre
outras coisas e ainda os Decretos 58/37 e o Dec.-lei 271/67, dispõe sobre o parcelamento do
solo (loteamentos) e sobre loteamentos urbanos, Lei 6.766/79( alterada pelas Leis 9.785/99
e 10.932/04), estabelece os princípios gerais de ordenação do uso e ocupação do solo, para
fins de parcelamento, Lei 2.312/54 e Dec.49.974-A/61(Código Nacional de Saúde), Resol.
CONAMA 023/96(alterada pelas resoluções 235/98 e 244/98),que dispõe sobre o controle
do movimento transfronteiriço de resíduos perigosos (rejeitos), classificando-os.
8.2.4. Flora: Flora é a totalidade de espécies que compreende a vegetação de uma
determinada região, sem qualquer expressão de importância dos elementos que a compõe.
O maior dano a esta espécie do patrimônio natural é a sua derrubada e eliminação
indiscriminada e predatória, e também a ação dos incêndios involuntários ou criminosos,
pondo fim assim as espécies vegetais variadas, que tanto podem servir como uso
terapêutico, quanto a alimentação das espécies animais (fauna).
Legislação sobre o tema: Dec. 23.793/34(Código Florestal), Lei 4.771/65(Código
Florestal), Lei 7.754/89, estabelece medidas de proteção das florestas existentes nas
nascentes dos rios e dá outras providências, Dec. 750/93, dispõe sobre o corte, a exploração
e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da
Mata Atlântica, e da outras providências, Dec. 2.661/98, regulamenta o parágrafo único do
art. 27 da Lei 4.771, de 15/09/65- mediante o estabelecimento de normas de precaução
relativas ao emprego do fogo em práticas agropastoris e florestais, e dá outras providências.
8.2.5. Fauna: vem a ser fauna o conjunto de animais que vivem numa determinada região,
ambiente ou período geológico.
40A maior lesão a este tipo vem a ser a matança indiscriminada, para fins puramente
comerciais, sendo feita também de forma assistemática, no caso de possibilitar o equilíbrio
biológico da região ou a extinção de pragas, sem qualquer assistência de um profissional
competente na área de Zoologia Silvestre.
A legislação é Lei 5.197/67(proteção a fauna), Dec.-lei 794/38 (Código de Pesca),
Dec.-lei 221/67(Código de Pesca), Lei 6.638/79, estabelece normas para a prática didático-
científica da vivissecção de animais e determina outras providências, Lei 10.519/02, dispõe
sobre a promoção e a fiscalização da defesa sanitária animal quando da realização de rodeio
e dá outras providências.
8.3. Biodiversidade e patrimônio genético. Biossegurança:
Biodiversidade, patrimônio Genético e biotecnologia são termos de cunhagem
recente, formados com a evolução das Biociências, partindo-se da ciência especulativa para
suas aplicações práticas. É importante ressaltar que a evolução científica e técnica por que
passou a Ecologia, assim como seu caráter interdisciplinar, propiciou o aprofundamento e a
ampliação dos conceitos relativos ao fenômeno da vida a um aprofundamento e a
ampliação dos conceitos relativos ao fenômeno da vida a um sem-número de relações entre
o ser humano e o mundo natural. Tais relações marcam acentuadamente perspectivas de
desenvolvimento de administração da Terra nesta recém-passagem de século e de milênio.
(Milaré, 2005,p.317/318).
Legislação aplicável a Biossegurança: Dec.3.954/01,( composição do Conselho de
Gestão do Patrimônio Genético e normas para seu funcionamento), MP 2.186-
4116/2001(acesso ao patrimônio genético, proteção e acesso ao conhecimento tradicional
associado, repartição de benefícios e acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para
sua conservação e utilização), Lei 11.105/2005 (Lei de Biossegurança), Dec.
5.459/2005(Regulamenta o art. 30 da MP 2.186/2001), Dec. 5.591/2005(Regulamenta
dispositivos da Lei 11.105/2005.
8.4. Engenharia Genética:
Engenharia genética é a “atividade de manipulação de moléculas ADN/ARN
recombinantes (art. 3º V da Lei. 8.974/95), sendo que estas moléculas são definidas como
“aquelas manipuladas fora das células vivas, mediante a modificação de segmentos de
Adn/Arn natural ou sintético que possam multiplicar-se em uma célula viva, ou, ainda as
moléculas de Adn/Arn resultantes dessa multiplicação. Consideram-se, ainda, os
segmentos de Adn/Arn sintéticos equivalentes aos de Adn/arn natural” (Art. 3º da lei
mencionada).(Affonso, 2004, p.932).
8.5. Alguns itens de relevância
Relacionaremos aqui neste item alguns temas de relevância que possuem pertinência
com tema principal (Direito Ambiental) com as respectivas legislações que os regulam:
Agrotóxicos: Lei 7.802, de 11/07/2002, Decreto 4.074 de 04/01/2002 e Resolução
334-CONAMA, de 03/04/2003
Detergentes: Lei 7.365, de 29/4/85, e Resolução 359, de 29/4/2005.
Dano Nuclear e Energia Nuclear: Lei 6.453/1977 (responsabilidade civil e criminal
por atos relacionados com atividades nucleares), Lei 6.453/1977(responsabilidade criminal
42por atos relacionados com atividades nucleares), Lei 10.308/2001(seleção de locais e
construção, licenciamento, operação, fiscalização, custos, indenizações, responsabilidade
civil e garantias referentes aos depósitos de rejeitos radioativos).
Fertilizantes: Lei 6.894/1980 (inspeção e fiscalização da produção e do comércio de
fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes, estimulantes ou biofertilizantes,
destinados à agricultura) e Dec. 4.954/2004(aprova o regulamento da Lei 6.984/1980).
Transgênicos: Dec. 4.680, de 24/4/2003 – Regulamenta o direito à informação,
assegurado pela Lei. 8.078, de 11 de setembro de 1990, quanto a alimentos e ingredientes
alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos
a partir de organismos geneticamente modificados, sem prejuízo do cumprimento das
demais normas aplicáveis.
9. TUTELA JURISDICIONAL DO AMBIENTE
A Tutela do meio ambiente é realizada fundamentalmente pelo Inquérito Civil
previsto no Art. 8º, § 1º da Lei nº 7.347, de 24/07/1985 (Lei da Ação Civil Pública) , a ser
procedida pelo Ministério Público.
Aos infratores do dano ambiental, constatada nos autos a sua culpa, poderá ser
atribuída uma multa, que poderá ter cumulação diária no caso de descumprimento, e um
TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), que poderá ter força de Titulo Executivo, no
caso de o infrator não reparar o dano sofrido ou não providenciar as medidas necessárias a
sua cessação.
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CONCLUSÃO
Finalmente chegamos a parte conclusiva do nosso trabalho (monografia).
Iniciamos o mesmo de forma singela e acanhada, mas ao avançarmos pelo Tema do
mesmo, observamos que se trata de um labirinto legal, doutrinário e porque não dizer
também jurisprudencial.
Observamos agora que não foi proposta uma questão acerca do Direito Ambiental,
como seria o normal em trabalhos desse porte, porque o mesmo apresenta-se aos nossos
olhos como tendo uma pergunta em si mesmo (autoquestionante) que poderia ser: “O
Direito Ambiental tem condições de frear a terrível degradação ambiental que nos assola?”
Bem! A resposta virá mais adiante.
Nosso trabalho de cunho eminentemente acadêmico, não teve a pretensão de
questionar ou criticar tudo o que já foi escrito pelos Doutores e Mestres do assunto, mas o
mesmo visava tão somente a observar e registrar tudo de relevante que era encontrado na
pesquisa, sintetizando os assuntos expostos.
Assim, a nossa pretensão era eminentemente de síntese dos assuntos vistos, e não a
de glossadores de textos sobre o assunto.
Agímos assim, na tentativa de encontrar um caminho, se possível, único a ser
seguido ou apresentar uma solução para o problema proposto.
44O Direito Ambiental, emergido há pouco tempo no mundo jurídico, em relação a
outros ramos do Direito, encontra-se com uma legislação farta sobre o assunto, mas em
alguns casos, como poderíamos chamar, se fosse uma re-legislação (edição de novas leis
que tratam dos mesmos assuntos de outras leis que já os legislaram).
O Direito Ambiental abarca em seu bojo referências em Constituições Federais, leis
infraconstitucionais, Leis ordinárias, Decretos, Portarias, Resoluções, Estudos, a realização
de Conferências, Congressos, Reuniões, Declarações, Estudos de Impacto, as Cartas, os
Licenciamentos, os monitoramentos, os Códigos de Ética.
Como sobejamente ressaltado pelo mestre Édis Milaré: “ressalta o recurso ao Direito
como elemento essencial para coibir, com regras coercitivas, penalidades e imposições
oficiais, a desordem e a prepotência dos poderosos (poluidores, no caso).(Milaré,
2005,p.131).
A Constituição de 1988 trouxe no Art. 225 um avanço para o Direito Ambiental,
indubitavelmente.
As leis 6.938/81 e 7.347/85 também trouxeram avanços da matéria.
O Encontro do Rio/92 e a Reunião de Kyoto também o trouxeram.
Mas a solução para um problema que foi criado por toda a civilização humana,
estará, muito provavelmente, dentro de cada um de nós.
45Bibliografia
-AFFONSO, Paulo Leme Machado, Direito Ambiental Brasileiro, São Paulo,
Malheiros Editores, 2004.
-MILARÉ, Edis, Direito do Ambiente, São Paulo, 2005.
-LOPES, Hely Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, Editora Revista dos
Tribunais, 1981.
-Sem autor, Constituição da República Federativa do Brasil, Editora Saraiva, 2005.
-Sem autor, Código de Processo Civil, Editora Saraiva, 2006.
-MEDAUAR Odete (Organizadora),Coletânea de Legislação de Direito Ambiental,
Revista dos Tribunais, 2006.
- Sem autor, Apostila DETRAN/RJ, 2006
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