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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Campus Rio de Janeiro. Investigação da participação da Galectina-3 no perfil fenotípico imune e no curso da infecção aguda pelo Trypanosoma cruzi. CEFAS AUGUSTO DE MEDEIROS PAIVA Rio de Janeiro Novembro, 2016.

Investigação da participação da Galectina-3 no perfil fenotípico …§ão final Cefas... · de um jogo, e o que escolhemos fazer e quem decidimos ter ao nosso lado durante essas

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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

do Rio de Janeiro, Campus Rio de Janeiro.

Investigação da participação da Galectina-3 no

perfil fenotípico imune e no curso da infecção

aguda pelo Trypanosoma cruzi.

CEFAS AUGUSTO DE MEDEIROS PAIVA

Rio de Janeiro

Novembro, 2016.

ii

CEFAS AUGUSTO DE MEDEIROS PAIVA

Investigação da participação da Galectina-3 no perfil fenotípico

imune e no curso da infecção aguda pelo Trypanosoma cruzi.

Dissertação de Mestrado, apresentado como

requisito parcial a obtenção do grau de Mestre em

Bioquímica e Biologia Molecular pelo Programa

Multicêntrico de Bioquímica e Biologia Molecular

do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Rio de Janeiro

Orientador: Professor Luiz Dione Barbosa de Melo

Co-Orientador: Georgia Correa Atella.

Rio de janeiro

Novembro, 2016.

iii

FICHA CATALOGRÁFICA

P149 Paiva, Cefas Augusto de Medeiros,

Investigação da participação da Galectina-3 no perfil

fenotípico imune e no curso da infecção pelo

Trypanosoma cruzi./ Cefas Augusto de Medeiros

Paiva.- Rio de Janeiro, 2016. 101f : 21 cm.

Dissertação (Mestrado em Bioquímica e Biologia

Molecular) – Instituto Federal de Educação, Ciência

e Tecnologia do Rio de Janeiro, 2016.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Dione Barbosa de Melo

1. Galectina-3 2. Camundongo. 3. Trypanosoma I.

Melo, Luiz Dione Barbosa de. II. Título

IFRJ/CMAR/CoBib CDU 593.161

v

CEFAS AUGUSTO DE MEDEIROS PAIVA

Investigação da participação da Galectina-3 no perfil fenotípico

imune e no curso da infecção aguda pelo Trypanosoma cruzi.

Dissertação de Mestrado, apresentado como

requisito parcial a obtenção do grau de Mestre em

Bioquímica e Biologia Molecular pelo Programa

Multicêntrico de Bioquímica e Biologia Molecular

do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Rio de Janeiro.

Aprovado pela banca examinadora em novembro de 2016.

Prof.. PhD Luiz Dione Barbosa de Melo (IFRJ), Membro Efetivo,

__________________________________

Profª PhD Joanna Reis Oliveira, (IFRJ), Membro Efetivo,

__________________________________

Profª PhD Landi Veivi Guillermo Costilla, (UNIRIO), Membro Efetivo,

__________________________________

Profª PhD Sheila Albert dos Reis, (IFRJ), Suplente Interno,

__________________________________

Profª PhD Renata de Meirelles Santos Pereira, (UFRJ), Suplente Externo.

v

“Não sei se a vida é curta ou longa para

nós, mas sei que nada do que vivemos

faz sentido se não tocarmos o coração

das pessoas.

Muitas vezes basta ser: colo que

acolhe, braço que envolve, palavra

que conforta, silêncio que

respeita, alegria que contagia,

lágrima que corre, olhar que

acaricia, desejo que sacia, amor

que promove.

E isso não é coisa de outro mundo, é o

que dá sentido à vida. É o que faz

com que ela não seja nem curta,

nem longa demais, mas que seja

intensa, verdadeira, pura

enquanto durar. Feliz aquele que

ensina o que sabe e aprende o que

ensina.”

Cora Coralina

ix

AGRADECIMENTOS

Agradeço muito a Deus e a todos que de alguma forma fizeram parte desta longa

caminhada de altos e baixos que gostamos de chamar de vida. Ao longo dela todas as dificuldades

e soluções que surgiram contribuíram para o ser que me tornei hoje, onde para alguns melhorei e

para outros nem tanto. O que importa é que esta caminhada é feita de fases não muito diferente

de um jogo, e o que escolhemos fazer e quem decidimos ter ao nosso lado durante essas fases é o

que dita se teremos mais facilidade ou dificuldade para passar delas. Meu pai usava sempre uma

frase para nos aconselhar a respeito de nossas companhias: “Diga-me com quem andas, que te

direi quem és”.

Sendo assim, eu gostaria de agradecer em especial aos meus pais Manoel Jorge de Oliveira

Paiva e Maria Cristina de Medeiros Paiva que, por vezes com pulso firme e com muitas

dificuldades, sempre me direcionaram ao caminho da educação com muito amor, frisando sempre

que o futuro reserva o que plantamos no presente. E juntamente agradeço aos meus irmãos Caio

e Hanny que desde sempre foram minha companhia no início da vida e hoje me orgulho em ver

cada um tomando o controle do seu próprio jogo com sucesso.

À minha noiva, e em breve esposa, Rhayane Peres de Oliveira da Silva que soube lidar

com todos os momentos de dificuldades e revoltas com amor e compromisso, demonstrando que

todo “carry” precisa no jogo de um “support” e em tudo me apoiou e me deu forças para

continuar. Que tenha em mente que a realização deste mestrado é uma demonstração de como o

amor sincero e verdadeiro, que antes eu não acreditava existir, atrelado ao compromisso e

dedicação é capaz de mudar a vida das pessoas para melhor. Eu te amo muito muié! Não

esquecendo de agradecer a dona Aldaris Peres que me acolheu como segunda mãe e me deu todo

o suporte possível quando mais precisei, juntamente com toda sua família que com carinho me

receberam de braços abertos.

Aos professores Luiz Dione, Juliene Ramos e Marcelo Alex que se empenham com

esforços incessantes para o bom andamento do laboratório de genética molecular do IFRJ. Foi a

paciência (muita paciência mesmo!) e o comprometimento de vocês com o exercício de

excelência da profissão e da pesquisa que me permitiram de alguma forma alcançar esse novo

patamar de ensino. Por maior proximidade, gostaria de agradecer em especial ao professor Luiz

ix

Dione que além de professor na vida profissional, tomei como um amigo pessoal. Saiba que não

vai se livrar de mim tão fácil! Deixo com todos vocês um pedaço da minha jornada e carrego

comigo toda carga de aprendizado, memórias e inevitável admiração que tenho por vocês

conseguirem nadar bravamente em direção a melhorias e ao ensino, quando toda maré no país

tenta arrastar nossa educação cada vez mais para perto da formação de seres não pensantes com

ignorância total de conhecimento!

Aos meus companheiros de trabalho por terem lidado tanto tempo comigo e ainda assim

permanecerem sãos, ou pelo menos em parte sãos. Em especial agradeço ao João de Séllos,

Michelle Chain e Igor Maciel que estiveram mais perto durante minha estadia no laboratório e me

ajudaram muito em tudo que precisei. Desejo a todos do laboratório muito sucesso e realizações

porque vocês merecem!

Aos meus familiares que sempre demonstraram preocupação e quando necessário me

ajudaram por muitas vezes financeiramente e por orações. Venho por meio deste demonstrar que

o apoio de vocês foi de suma importância para mim!

Aos meus amigos que mesmo com toda a distância que a vida insiste em manter entre nós

estiveram apoiando da melhor forma possível e que inclusive davam alguns choques de realidade

para demonstrar que a vida é curta e que precisamos trabalhar para viver, e não viver para

trabalhar.

Muito obrigado por todos vocês partilharem de caminhos, até mesmo por simplesmente

cruzarem ou caminharem momentaneamente comigo! É com lágrimas nos olhos e aperto no peito

que me recordo de todos aqueles amigos e familiares que hoje não se encontram mais comigo,

mas guardo comigo todo ensinamento, memória e amizade que um dia nos manteve próximos.

Na vida nada é para sempre e ao contrário do que muitos dizem, não sei se realmente duram o

tempo que tem que durar. Mas tenho certeza de que não importa o quanto se aproveita, quando as

coisas boas de verdade terminam e pessoas que amamos se vão ficamos sempre com gostinho de

quero mais...

ix

RESUMO

A doença de Chagas é uma doença causada pela infecção pelo Trypanosoma cruzi, um agente

etiológico identificado em 1909 pelo Dr. Carlos Chagas. O processo inflamatório nos tecidos

infectados pelo parasito se deve a citocinas que mediam um estado imune tolerogênico, o qual

favorece o processo de infecção, a persistência do parasito e também promove uma resposta

autoimune que caracteriza a fase crônica da doença. Alguns mediadores imunes, como a

Galectina-3, possuem funções pleiotrópicas associadas com a apoptose, resposta imune e

reconhecimento parasitário, na modulação da secreção de citocinas na proliferação, maturação, e

ativação de células imunes. Nosso objetivo neste trabalho foi investigar a participação da

Galectina-3 na resposta imune de fase aguda da doença de Chagas utilizando como modelo de

infecção experimental camundongos C57Black/6J selvagens (wt) e C57Black/6J knockout para

Galectina-3 (Gal-3 KO). Buscamos associar a Galectina-3 com o perfil da resposta imune celular

in vivo e ex vivo e com o perfil de citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias de resposta Th1

e Th2. Para as análises ex vivo foram utilizados macrófagos peritoneais infectados em cultura com

tripomastigotas da cepa Dm28c de T. cruzi mensurando a viabilidade celular, o brotamento

(liberação) de parasitos e as alterações nos níveis protéicos de Galectina-3. Demonstramos que

macrófagos provenientes de camundongos Gal-3 KO o sucesso infectivo é menor. Para as

abordagens in vivo, demonstramos que camundongos selvagens infectados com a cepa Y de T.

cruzi apresentaram maior parasitemia e mortalidade precoce, quando comparados com

camundongos Gal-3 KO. A regulação da resposta imune Th1/Th2 nos camundongos Gal-3 KO

foi alterada por modificações no perfil de citocinas, as quais passaram a ser expressas de forma

mais tardia nestes animais. Esse perfil revelou também um aumento de todas as citocinas pró-

inflamatórias com exceção de TNF-α, e um aumento tardio de citocinas anti-inflamatórias no 15º

dia pós-infecção. Além disso, nesse trabalho foram obtidas linhagens THP1 superexpressando a

Galectina-3 íntegra, Gal-3 deletado do domínio de reconhecimento de carboidratos, e linhagem

de THP-1 depletada de Galectina-3 por RNAi, as quais serão utilizadas em futuros ensaios de

resposta imune in vitro. Podemos sugerir que Galectina-3 atua no primeiro momento de resposta

à infecção pelo T. cruzi através do controle de ativação dos macrófagos, e continua regulando o

perfil de resposta Th1/Th2 através da sua capacidade de modular a interação parasito-hospedeiro,

a proliferação, ativação, diferenciação e apoptose de células imunes.

Palavras chaves: Galectina-3; Trypanosoma cruzi; camundongos, resposta imune.

ix

ABSTRACT

The Trypanosoma cruzi is an etiologic agent identified in 1909 by Carlos Chagas and its

infection causes Chagas disease. The inflammatory process in the parasite infected tissues is due

to cytokines that mediate a tolerogenic immune status, which favors the infection process, the

parasite persistence and also trigger an autoimmune response that characterize the disease

chronic phase. Some immune mediators like galectin-3 play pleiotropic functions associated

with apoptosis, parasite recognition and immune response, modulating the cytokines secretion,

ploriferation, migration and activation of immune cells. Our goal is through in vivo murine

experimental model using C57Black/6J wild type (wt) and galectin-3 knockout (Gal-3 KO)

mice, investigate the Gal-3 participation in the imunne response on Chagas disease acute phase.

We seek to associate the Galectin-3 with the cellular immune response profile in vivo and ex

vivo to the Th1/Th2 proinflamatory and antiinflamatory citokines profile. In the ex vivo

experiments we used peritoneal macrophages cultured infected with T. cruzi Dm28c strain to

measure cell viability, parasite burst and the alterations in the galectin-3 levels. We show that

the infective success is lower in macrophages provided from Gal-3 KO. Within in vivo

approach, we showed that wild type mice infected with Y stain of T. cruzi present higher

parasitemia when compared to Gal-3 KO mice. The Gal-3 KO mice cytokine profile is changed

– there is late expression of cytokines in those animals, which modified Th1/Th2 immune

response regulation. This profile also revealed a higher concentration of all antiinflamatory and

proinflamatory cytokines with the exception of TNF-α on the 15º day post infection.

Furthermore, we obtained THP1 linage cells overexpressing the Galectin-3 full-length protein,

Gal-3 CRD lacking the carbohydrate recognition domain and the THP1 depleted from Gal-3

with RNAi, which will be used in the future to immune response in vitro experiments. We can

suggest that Galectin-3 play a role in the first moment of Trypanosoma cruzi infection through

the control of macrophages activation, and continue regulating the Th1/Th2 response profile

through its capacity on modulate the host-parasite interaction, the proliferation, activation,

differentiation and apoptosis in immune cells.

Keywords: Galectin-3; Trypanosoma cruzi; mouse; imune response.

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ciclo de vida simplificado do Trypanosoma cruzi. . ...............................................2

Figura 2 – Distribuição geográfica aproximada das DTU’s de T. cruzi. ................................3

Figura 3 – Imagem ilustrativa dos grupos de lectinas . .........................................................10

Figura 4 – Diferentes tipos de organização dos domínios nas galectinas de vertebrados. ..13

Figura 5 – Estrutura da Galectina-3. ......................................................................................14

Figura 6 – Padronização do ensaio de análise por citometria de fluxo.................................28

Figura 7 - Mapa do vetor pHIV-eGFP (Addgene #21373). ...................................................30

Figura 8. Análise do Potencial de Infecção In Vitro. .............................................................35

Figura 9. Análise da Viabilidade Celular in vitro no decorrer da infecção pelo

Trypanosoma cruzi. .................................................................................................................36

Figura 10. Avaliação das Alterações nos Níveis Proteicos de Galectina-3 frente a Infecção

pelo Trypanosoma cruzi. .........................................................................................................37

Figura 11. Gráficos de quantificação de citocinas no sobrenadante de cultura primária de

macrófagos peritoneais provenientes de camundongos C57Black/6J selvagens e knockouts

para Galectina-3. ......................................................................................................................39

Figura 12. Padronização da Concentração do Inóculo para Infecção in vivo por

Trypanosoma cruzi da cepa Y. ................................................................................................41

Figura 13. Análise da Parasitemia Comparativa entre Camundongos Isogênicos da

Linhagem C57Black/6J Selvagens e Knockout para Galectina-3 Infectados por

Trypanosoma cruzi da cepa Y. ................................................................................................41

Figura 14. Gráfico de Sobrevivência Comparativa entre os Camundongos Isogênicos

C57Black/6J Selvagens e Knockout para Galectina-3 Infectados com Trypanosoma cruzi

da Cepa Y..................................................................................................................................42

Figura 15. Investigação Fenotípica do Baço no Decorrer da Fase Aguda da Infecção pelo

Trypanosoma cruzi da Cepa Y Através do Peso do Órgão e Índice de Celularidade. ........44

Figura 16. Figura Ilustrativa da Esplenomegalia Observada nos Animais no 15° Dia de

Infecção por Trypanosoma Cruzi da Cepa Y. ........................................................................44

Figura 17. Determinação do Percentual de Macrófagos/Monócitos no Decorrer da Fase de

Incubação e Início da Fase Aguda da Infecção por Trypanosoma Cruzi da Cepa Y.. ........46

Figura 18. Avaliação das Populações de Linfócitos T no Baço de Camundongos

C57Black/6J Selvagens e Knockout para Galectina-3 Frente a Infecção por Trypanosoma

Cruzi. ........................................................................................................................................47

Figura 19. Avaliação da População de Células NK no Baço de Camundongos C57Black/6J

Selvagens e Knockout para Galectina-3 Frente a Infecção por Trypanosoma Cruzi. ........48

Figura 20. Quantificação de citocinas pró-inflamatórias no soro de camundongos

C57Black/6J selvagens e knockouts infectados com Trypanosoma cruzi da cepa Y. ..........51

Figura 21. Quantificação de citocinas anti-inflamatórias no soro de camundongos

C57Black/6J selvagens e knockout para Galectina-3 infectados com Trypanosoma cruzi da

cepa Y. .......................................................................................................................................52

Figura 22. Quantificação da citocina pró-inflamatória IL-17 no soro de camundongos

C57Black/6J selvagens e knockouts infectados com Trypanosoma cruzi da cepa Y. ..........53

Figura 23. Gel de eletroforese das amostras de PCR com Pfx DNA polimerase para

obtenção e massa dos amplicons Gal-3wt e Gal-3ΔCRD. .....................................................55

xi

Figura 24. Eletroforese da reação de PCR para confirmação das clonagens no plasmídeo

pHIV-puro+. ..............................................................................................................................55

Figura 25. Análise dos níveis proteicos de Galectina-3 após Transdução de THP-1. Extrato

proteico total das linhagens THP-1 wild type, THP-1 scramble, THP-1 shGal-3, THP-1 ..........57

xii

LISTA DE ABREVIATURAS

Anti-IgG: anti-imunoglobulina G – ‘anti-immunoglobulin G’

Bax: Proteína X associada a Bcl-2 – ‘Bcl-2-Associated X Protein’

Bcl-2: Célula B de Linfoma 2 - ‘B-cell lymphoma 2’

CaCl2: Cloreto de cálcio – ‘Calcium chloride’

Células NK: Células Natural Killer – ‘Natural Killer cells’

Células Treg: Células T regulatórias – ‘Regulatory T cells’

CO2: Dióxido de Carbono – ‘Carbon Dioxide’

CRD: Domínio de Reconhecimento de Carboidratos – ‘Carbohidrate

Recognition Domain’

DNA: Ácido Desoxirribonucleico – ‘Deoxyribonucleic Acid’

DTT: 1,4 Ditiotreitol – ‘1,4 Dithiothreitol’

DTU: Discrete Typing Units

E. coli: Escherichia coli

ECM: Matriz extracelular – ‘Extracellular Matrix’

ERK 1/2: Cinase Regulada por Sinal Extracelular 1/2 – ‘Extracellular signal-

Regulated Kinase 1/2’

Gal-3: Galectina-3 – ‘Galectin-3’

GFP: Proteína Fluorescente Verde – ‘Green Fluorescent Protein’

GM-CSF: Fator Co-estimulante de macrófagos e granulócitos – ‘Granulocyte-

macrophage colony-stimulating factor’

Gp82: Glicoproteína 82 – ‘Glycoprotein 82’

HRP: Peroxidase de Rábano - ‘Horseradish Peroxidase’

IFN-γ: Interferon gama

IgG: Imunoglobulina G – ‘Immunoglobulin G’

IL-10: Interleucina 10 – ‘Interleukin 10’

IL-12: Interleucina 12 – ‘Interleukin 12’

IL-17a: Interleucina 17a – ‘Interleukin 17a’

IL-2: Interleucina 2 – ‘Interleukin 2’

IL-4: Interleucina 4 – ‘Interleukin 4’

IL-6: Interleucina 6 – ‘Interleukin 6’

JNK: Cinase Janus – ‘Janus Kinase’

kDa: Kilo Daltons

LAMC1: Laminina-γ I – ‘Laminin-γ 1’

LPS: Lipopolissacarídeo – ‘Lipoplysaccharide’

MGF: Fator de Crescimento de Macrófagos – ‘Macrophage Growth Factor’

MHC-1: Complexo principal de Histocompatibilidade classe 1 – ‘Major of

Histocompatibility Class 1’

MMP: Metalopeptidase de Matriz – ‘Metrix Metallopeptidase’

MMP-9: Metalopeptidase de Matriz 9 – ‘Matrix metallopeptidase 9’

MØ: Macrógafo – ‘Macrofage’

xiii

MTT – 3-(4,5-Dimetiltiazol-2-il)-2,5-Difeniltetrazolio Brometo – ‘3-(4,5-

Dimethylthiazol-2-yl)-2,5-Diphenyltetrazolium Bromide’

Na2HPO4: Fosfato de Sódio Dibásico – ‘Sodium phosphate dibasic’

NaCl: Cloreto de Sódio – ‘ Sodium Chloride’

NaH2PO4: Fosfato de Sódio Monobásico – ‘ Sodium phosphate monobasic’

NF-κB – Fator Nuclear κ B- ‘Factor Nuclear κ B’

NK: ‘Natural Killer’

NO: Óxido Nítrico – ‘ Nitric Oxide’

PAMP: Padrão Molecular Associado a Patógenos – ‘Patogens Associated

Molecular Pattern’

PARP: Polimerase Poli ADP Ribose - ‘Poly ADP Ribose Polymerase’

PBS: Tampão Fosfato Salino – ‘Phosphate Buffer Saline’

PCR: Reação de Polimerase em Cadeia –‘Polymerase Chain Reaction’

PEI: Polietilenoimina – ‘Polyethyleneimine’

PLC: Fosfolipase C – ‘Phospholipase C’

PRR: Receptor de Reconhecimento Padrão – ‘Pattern Recognition Receptor’

PS: Penicilina e Estreptomicina – ‘Penicilin and Streptomicin’

RNA - Ácido ribonucleico – ‘Ribonucleic Acid’

RNAm: RNA mensageiro – ‘Messenger RNA’

SDS: Dodecil Sulfato de Sódio – ‘Dodecyl Sodium Sulfate’

SFBI: Soro Fetal Bovino Inativado –‘Inativated Bovine Fetal Serum’

shRNA: RNA de silenciamento short hairpin – ‘short hairpin Silence RNA’

STAT-1: Sinal Transdutor e Ativador de Transcrição 1 – ‘Signal Transducer

and Activator of Transcription 1’

STAT-3: Sinal Transdutor e Ativador de Transcrição 3 – ‘Signal Transducer

and Activator of Transcription 3’

T. cruzi: Trypanosoma cruzi

TBS: Tampão Tris-fosfato salino – ‘Tris-phosphate Buffer Saline’

TCR: Receptor de células T – ‘T cell recetor’

TLR: Receptor do tipo Toll – ‘Toll-like Receptor’

TNF-α: Fator de Necrose Tumoral alfa – ‘Tumor Necrosis Factor alfa’

Tris: Tris(hidroximetil)aminometano - ‘tris(hydroxymethyl)aminomethane’

Tris-HCl: Tris(hidroximetil)aminometano hidroclorado-

‘tris(hydroxymethyl)aminomethane hydrochloride’

CRD: Deletado a região de reconhecimento de carboidratos –‘Lacking the

Carbohidrate Recognition Domain’

Nocaute – ‘Knockout’

xiv

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................................... 1

1.1 Trypanosoma cruzi e doença de Chagas ..........................................................................................1

1.1.1 Classificação do Trypanosoma cruzi. ............................................................................................1

1.1.2 Epidemiologia da doença de Chagas. ............................................................................................3

1.1.3 Resposta Imune Inata e Adaptativa na Doença de Chagas. ..................................................................6

1.2 Papel das Lectinas na Fisiologia Celular...........................................................................................8

1.2.1 Lectinas ..............................................................................................................................8

1.2.2 Galectinas. ........................................................................................................................12

1.2.3 Galectina-3 .......................................................................................................................13

1.3 Influência de Modelos Murinos na Experimentação ..............................................................................16

2. OBJETIVOS ................................................................................................................................................................................19

2.1 Objetivo Geral ..........................................................................................................................19

2.1 Objetivos Específicos .................................................................................................................19

3. METODOLOGIA ............................................................................................................................................................................... 20

3.1 Camundongos Utilizados .............................................................................................................20

3.2 Parasitos Utilizados ..................................................................................................................20

3.3 Cultivo in vitro de formas epimastigotas .........................................................................................20

3.4 Cultivo in vitro de formas tripomastigotas. ......................................................................................20

3.5 Metaciclogênese ......................................................................................................................21

3.6 Cultura Primária de Macrófagos Peritoneais ....................................................................................21

3.7 Ensaios de infecção e produção de tripomastigotas ............................................................................22

3.8 Ensaio de viabilidade celular (MTT) ................................................................................................22

3.9 Obtenção dos extratos proteicos ..................................................................................................23

3.10 SDS-PAGE e Western blotting ......................................................................................................23

3.11 Infecção in vivo e manutenção das colônias de camundongos ................................................................24

3.12 Obtenção de Esplenócitos. ..........................................................................................................25

3.13 Citometria de Fluxo ..................................................................................................................26

3.14 Quantificação de Citocinas por CBA (Cytometric Bead Array) ...............................................................28

3.15 Reação em cadeia da polimerase(PCR) de Galectina-3 .......................................................................29

3.16 Plasmídeo utilizado ..................................................................................................................30

3.17 Restrição e ligação de DNA .........................................................................................................30

xv

3.18 Eletroforese de DNA .................................................................................................................31

3.19 Cepa de bactéria .....................................................................................................................31

3.20 Transformação de E. coli ..........................................................................................................31

3.21 Transfecção e Transdução Lentiviral .............................................................................................32

4. RESULTADOS ........................................................................................................................................................................... 34

4.1 Análise da viabilidade celular e do potencial de infecção in vitro no decorrer da infecção pelo T. cruzi. ..............34

4.2 Avaliação das alterações nos níveis protéicos de Galectina-3 frente à infecção pelo T. cruzi. .........................37

4.3 Investigação do perfil de produção de citocinas pró e anti-inflamatórias no decorrer da infecção pelo T. cruzi. ...38

4.4 Análise da parasitemia e mortalidade durante a fase aguda da infecção com cepa Y de T. cruzi. ......................40

4.5 Investigação fenotípica da esplenomegalia no decorrer da fase aguda pelo peso do órgão e índices de celularidade.

43

4.6 Determinação do percentual de diferentes populações de células T (Totais, T citotóxicas, T helper, NK, etc),

macrófagos/monócitos no decorrer da fase aguda de infecção pelo T. cruzi. .................................................45

4.7 Relacionar o perfil celular imune com o perfil de produção de citocinas pró e anti-inflamatórias no decorrer da

infecção pelo T. cruzi......................................................................................................................49

4.8 Clonagem de Galectina-3 selvagem e deletada do domínio de reconhecimento de carboidrato (mutante ∆CRD) em

vetor lentiviral. ............................................................................................................................54

4.9 Transdução da linhagem monocítica THP1 com construções lentivirais e posterior seleção. ...........................56

4.10 Análise preliminar da infecção nas linhagens depletadas ou superexpressando Galectina-3 na forma selvagem ou

mutante. 56

5. DISCUSSÃO ............................................................................................................................................................................. 58

6. CONCLUSÕES .......................................................................................................................................................................... 69

7. PERSPECTIVAS ....................................................................................................................................................................... 70

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................................................ 71

1

1. INTRODUÇÃO

1.1 Trypanosoma cruzi e doença de Chagas

1.1.1 Classificação do Trypanosoma cruzi.

O agente etiológico Trypanosoma cruzi, foi identificado em 1909 pelo doutor

Carlos Chagas, também responsável pela identificação do mecanismo de transmissão da

doença e seu vetor. Por esse motivo a doença caracterizada pela infecção por este parasita

recebeu o nome de doença de Chagas (CHAGAS, 1909a; CHAGAS, 1909b; CHAGAS,

1909c).

O Trypanosoma cruzi é um protozoário flagelado da classe Kinetoplastea, ordem

Tripanosomatida, família Tripanosomatidae e gênero Trypanosoma (ADL et al., 2012).

É um parasita que alterna seu ciclo de vida entre um hospedeiro vertebrado (mamíferos)

e um invertebrado (hemípteros triatomíneos), por isso, é classificado como heteroxênico.

Pode ser transmitido por mais de 130 espécies de vetores triatomíneos, principalmente os

dos gêneros Pantrongylus, Rhodnius, e Triatoma, para mais de 150 espécies de

mamíferos domésticos e selvagens incluindo o humano (SÁ et al., 2016). A forma

tripomastigota sanguícola, presente no hospedeiro vertebrado, é internalizada pelo

triatomíneo durante o repasto sanguíneo, ao alcançar o intestino médio do inseto se

diferencia na forma epimastigota, que é capaz de proliferação. Ao chegar no intestino

posterior, a forma epimastigota se diferencia na forma tripomastigota metacíclica, capaz

de infectar o hospedeiro vertebrado, sendo liberado nas fezes e urina do hemíptero durante

o repasto sanguíneo. As fezes e urina contendo o parasito entram em contato com a lesão

causada pelo inseto, promovendo assim a contaminação do hospedeiro vertebrado. A

forma tripomastigota invade as células do hospedeiro vertebrado diferenciando-se

posteriormente na forma amastigota intracelular, que é capaz de proliferar de modo

intracelular diferenciando-se na forma tripomastigota sanguícola, levando à lise celular e

infecção de novas células, ou dando início a um novo ciclo evolutivo do parasito (Figura

1) (CHAGAS, 1909a; CHAGAS, 1909b; CHAGAS, 1909c).

2

Figura 1 – Ciclo de vida simplificado do Trypanosoma cruzi. Demonstração de todos os estágios

evolutivos do parasito, nos hospedeiros vertebrado e invertebrado. Adaptado de CASTRO, 2011.

O Trypanosoma cruzi vem sendo amplamente estudado desde o final dos anos

70, onde se tornou um modelo experimental para epidemiologistas moleculares e

geneticistas de população. Consequentemente este protozoário parasita está entre os

agentes patogênicos que tiveram sua estrutura e evolução mais bem estudadas. As amplas

condições ecológicas naturais somadas às condições laboratoriais que levaram a uma

grande heterogeneidade ao longo de muitos anos em cultura, provocaram uma grande

diversidade e multiplicidade genotípica e fenotípica dentro da espécie (ZINGALES et al.,

2012). Sendo assim, cepas que apresentavam características muito próximas, mas que

ainda assim poderiam ser diferenciadas por marcadores específicos, foram classificadas

em grupos baseando-se em sua bioquímica e marcadores moleculares em comum. Tais

grupos foram denominados DTU (Discrete Typing Units) e variam de TcI a TcVI. Além

destas existe ainda a DTU que se-acredita ser a ancestral das cepas TcI e TcII, identificada

em morcegos, sendo assim classificada com Tcbat (COTTONTAIL et al., 2014).

A variabilidade genética entre as DTU influencia em vários aspectos diferentes

que envolvem a interação parasita-vetor que é dependente da distribuição geográfica dos

mesmos (Figura 2), variações clínicas da doença de Chagas que provavelmente estão

3

fortemente associadas com as características intrínsecas do parasita, do hospedeiro e da

concomitante ocorrência de diferentes cepas no mesmo hospedeiro (ARAÚJO et al.,

2016; LIMA et al., 2015; ZINGALES et al., 2012).

Figura 2 – Distribuição geográfica aproximada das DTU’s de T. cruzi nos ciclos de transmissão

selvagem e doméstica. Adaptado de ZINGALES etal., 2012.

1.1.2 Epidemiologia da doença de Chagas.

Após mais de 100 anos da descrição da doença pelo Dr. Chagas, ainda existem

entre 10 e 15 milhões de pessoas infectadas pelo T. cruzi na América Latina, em torno

de 20 a 40% apresentando sintomas da doença (MARTINS-MELO et al., 2014). Se

tratando do Brasil, a transmissão domiciliar foi erradicada no ano de 2006, e estudos

feitos com amostras de doadores demonstraram que a quantidade de pessoas infectadas

reduziu substancialmente, não só no Brasil, mas em todos os países da América Latina

(RASSI et al., 2010). Ainda assim, estimativas da Organização Mundial de Saúde

indicam que 6-7 milhões de pessoas estão infectadas de forma sintomática e a maior

parte delas na América latina (WHO, 2016).

Utilizando métodos estatísticos, Bruce Y Lee e seu grupo em 2013 estimaram

um gasto anual de aproximadamente 120 milhões de dólares em gastos no tratamento

de pacientes com doença de Chagas nos Estados Unidos, o segundo país na tabela de

gastos, perdendo apenas para o Brasil que é o primeiro (LEE, et al., 2013). Estima-se

que 45.000 imigrantes latino-americanos que vivem nos Estados Unidos apresentem o

quadro de cardiomiopatia chagásica e 300.000 estejam infectados com o T. cruzi

4

(BERN & MONTGOMERY, 2009). O que demonstra que a doença de Chagas,

inicialmente predominante em áreas endêmicas rurais, se espalhou com a migração de

pessoas para áreas urbanas e países não endêmicos na Europa, América do Norte e

Pacífico se tornando um problema mundial (SCHMUNIS & YADON, 2010).

1.1.3 Fisiopatologia e sintomatologia da doença de Chagas

A doença de Chagas é uma doença crônica e sistêmica causada pela infecção

pelo protozoário T. cruzi. A doença é caracterizada por um curto período de infecção

aguda com sintomas normalmente brandos e variáveis que dura entre 2-3 meses, seguido

de uma fase assintomática que pode durar a vida inteira quando não tratada (TANOWITZ

et al., 2015). Os sinais típicos da fase aguda humana são o chagoma, ou seja, lesão na

porta de entrada do parasito que promove inchaço local e a parasitemia que nada mais é

que a presença do parasita no sangue circulante. A parasitemia desenvolve-se por uma

fase indetectável microscopicamente denominada período pré-patente, uma fase com

parasitemia detectável e crescente e uma terceira, com parasitemia detectável e

decrescente. Após a fase aguda, geralmente benigna e às vezes assintomática, segue-se

uma fase clínica conhecida como “indeterminada” ou “inaparente”, na qual se associam

ausência de sintomatologia clínica com sorologia positiva (JORGE & CASTRO, 2000).

Em torno de 30%-50% dos infectados progridem desta fase assintomática indeterminada

para a fase crônica da doença de Chagas que vem acompanhada de cardiomiopatias, em

alguns casos associadas com aneurismas, taquicardia ventricular e falência cardíaca

repentina. Além disso, o paciente pode desenvolver a forma cardiodigestiva, ou

gastrointestinal da doença caracterizada pelo megacólon e megaesôfago (RASSI et al.,

2010; FORSYTH et al., 2016; TANOWITZ et al., 2015). Aproximadamente 1/3 dos

pacientes podem desenvolver dilatação em qualquer porção do trato gastrointestinal

como megacólon e megaesôfago, desordens gastrointestinais como acalasia (perturbação

no funcionamento dos esfíncteres e espasmos no esôfago), distúrbios no esvaziamento

gástrico, trânsito intestinal alterado e desordens motoras do cólon e vesícula biliar. Tais

manifestações ocorrem como resultado de danos no sistema nervoso entérico (MATSUA

et al., 2009).

A cardiomiopatia é a principal manifestação da doença de Chagas. Por muito

tempo acreditou-se que a cardiomiopatia chagásica era uma doença parasitária

proveniente da infecção aguda pelo Trypanosoma cruzi, induzida pela resposta

inflamatória à presença de grande quantidade de parasitas na fase crônica (CUNHA-

5

NETO et al., 1995). No entanto, hoje sabe-se que a cardiomiopatia chagásica é fruto de

uma interação multifatorial, persistente e variável entre o parasita e seu hospedeiro

(LESCURE et al., 2010). A resposta imune à infecção crônica por formas

tripomastigotas e amastigotas promove infiltrados de células mononucleares no

endocárdio, miocárdio e pericárdio, levando à fibrose tecidual. Quanto maior a resposta

inflamatória local, mais intenso é o dano no tecido cardíaco (MARINHO et al., 2009).

As manifestações clínicas envolvem arritmias, tromboembolismo, insuficiência

cardíaca, derrame e morte repentina (BIOLO et al., 2010). Assim, apesar da escassez de

parasitas nas lesões cardíacas, sugere-se que a presença do parasita no coração é que

promove o processo de inflamação crônica com fibrose e perda de células miocárdicas

(MARINHO et al., 2009).

1.1.4 Tratamento da Doença de Chagas

As drogas utilizadas atualmente visam a fase aguda da doença, sendo pouco

eficientes na fase crônica e variando sua eficácia de acordo com a cepa de T. cruzi a ser

combatida (SCHOFIELD et al., 2006; MARTINS-MELO et al., 2012; LEE et al., 2013;

SCHMUNIS & YADON, 2010). Atualmente as únicas medicações utilizadas no

tratamento contra o T. cruzi são o benzonidazol e o nifurtimox, sendo ambos mais

efetivos no estágio inicial da infecção. O tratamento atual apresenta chance de cura que

beira os 100% no tratamento de neonatos infectados de forma congênita e no tratamento

de pacientes na fase aguda chega a ultrapassar 60% (FORSYTH et al., 2016). O

tratamento com a combinação destas drogas chega a possibilitar a chance de 50-60% de

cura na fase crônica, porém este tratamento apresenta uma toxicidade considerável

(SILVA et al., 2016) com seguintes complicações: reações cutâneas como dermatites

alérgicas; desordens gastrointestinais como intolerância digestiva; desordens

neurológicas como polineurites e neuropatia periférica; angiodema; depressão da medula

óssea; hepatite tóxica; e especificamente o Nifurtimox possui efeito colateral levando à

desordens neuropsiquiátricas (CERVEY et al.,2016).

Encontrar um tratamento apropriado, ou seja, eficiente para todos os pacientes

tem sido um desafio complexo, pois devido a toxicidade o tratamento já existente é

contraindicado em algumas instâncias, como por exemplo, durante a gravidez

(MORAES et al., 2014). Apesar dos diversos alvos moleculares explorados como

derivados terpenóides (ALMEIDA et al., 2016) e naftoquinonas (DIOGO et al., 2013),

a alta eficiência e baixa toxicidade de algumas moléculas encontradas como a dos

6

compostos nitroheterocíclicos (MORAES et al., 2014), os ensaios clínicos não têm sido

bem-sucedidos. Grande parte da dificuldade de se obter tal tratamento está relacionada

com as diferenças entre as cepas dos parasitos e a complexidade das interações destas

cepas com o hospedeiro (SILVA et al., 2016).

Alguns estudos mostram evidências de desenvolvimento de mecanismos de

resistência do parasito, tanto em humanos como em animais (ALSFORD et al., 2012).

Além disso, mesmo com o sequenciamento do genoma do parasita e as diversas

informações obtidas sobre suas vias de sinalização, as informações ainda são escassas

e potenciais alvos terapêuticos carecem de investigação (EL- SAYED et al., 2005).

1.1.3 Resposta Imune Inata e Adaptativa na Doença de Chagas.

A infecção humana pelo T. cruzi ativa um conjunto de reações que levam ao

reconhecimento do parasito e à montagem de uma resposta imune específica bastante

eficaz, capaz de controlar o crescimento parasitário por toda a vida do indivíduo. Nos

indivíduos imunocompetentes, a articulação da resposta imune ocorre em três etapas. A

primeira se desenvolve nas duas primeiras semanas pós-infecção, antes do aparecimento

de parasitemia patente e ascendente, e depende dos mecanismos efetores da resposta

imune inata, com destaque para a resposta inflamatória (JORGE & CASTRO, 2000). A

segunda etapa, que se desenvolve nos estágios intermediário e tardio da fase aguda da

infecção, quando a fase ascendente da parasitemia é refreada e controlada até atingir

novamente níveis subpatentes, e depende dos componentes celulares e humorais da

resposta imune específica adquirida. E a terceira etapa, também dependente da resposta

imune específica, se mantém por toda a fase crônica da infecção e é responsável pela

manutenção da parasitemia subpatente por longo prazo, por forte sorologia positiva e pela

memória imunológica que garante resistência à reagudização pelo parasito infectante ou

por qualquer outra cepa do T. cruzi no hospedeiro imunocompetente (JORGE &

CASTRO, 2000).

O sistema imune parece estar envolvido no controle dos três principais aspectos

da doença de Chagas: replicação do parasita, na sua propagação, e na reação inflamatória

nos tecidos infectados (JUNQUEIRA et al., 2010). O sistema imune inato é composto

por proteínas solúveis e receptores de membrana expressos pelas linhagens

indiferenciadas para identificar substâncias potencialmente nocivas. Seus principais

componentes celulares são os macrófagos residentes e inflamatórios, as células NK,

7

outras células apresentadoras de antígenos como as células dendríticas, e algumas células

T primitivas.

A característica comum a todas as células da resposta imune inata é a expressão

de moléculas de superfície com capacidade de reconhecimento dos componentes solúveis

da resposta inata, bem como de reconhecimento de padrões estruturais diferentes do

próprio, especialmente carboidratos e glicolipídios complexos comuns em

microorganismos. Assim, diversos tipos de receptores de superfície são moléculas de

reconhecimento características dessas células, tais como os receptores scavenger, os

receptores para complemento, o receptor para LPS e os receptores lectínicos como o

receptor de manose ou as galectinas (JORGE & CASTRO, 2000). Estudos em

camundongos já evidenciaram que a interação do T. cruzi com as células do hospedeiro

responsáveis pela resposta imune inata como macrófagos e outros tipos celulares

envolvidos é mediada por PRR’s (Pattern Recognition Receptors – Receptores de

Reconhecimento de Padrão) como os TLR’s (Toll Like Repectors – Receptores do Tipo

Toll), que reconhecem PAMP’s (Pathogen-Associated Molecular Pattern – Padrão

Moleculares Associado à Patógenos) presentes na superfície do parasito. Após o

reconhecimento, os TLR’s enviam um sinal através do domínio citoplasmático Tol1/IL-

1R recrutando moléculas adaptadoras citosólicas incluindo MyD88 (Myeloid

Differentiation primary-response protein 88), que ativa essas células induzindo a ativação

do fator nuclear-κB (NFκB), levando assim à produção de citocinas pró-inflamatórias e

integração da resposta imune inata com a adaptativa (MACHADO et al., 2012).

Uma vez ativados, os MØ’s e células NK produzirão IL-12 que leva à produção

de IFN-γ, o que por sua vez, gera um feedback positivo na produção do IL-12, TNF-α e

óxido nítrico (NO) responsáveis pela eliminação dos parasitos. Há ainda um

favorecimento do recrutamento de células T pelo INF-γ através da produção de

quimiocinas e moléculas de adesão (ANDRADE et al., 2014).

Nos estágios iniciais da infecção experimental em murinos, a produção de

proteínas inflamatórias e ativação de células citolíticas se tornam essenciais para o

controle dos parasitos. A proteína 2-microglobulina se associa com produtos do loci de

MHC-1 (Major of Histocompatibility Class 1), essa associação promove o

desenvolvimento de células TCD8+ e promove a apresentação de antígenos para

diferenciação das mesmas. Camundongos no qual o gene que codifica a 2-

microglobulina foi deletado por recombinação homóloga, falham em expressar MHC de

classe 1, sendo assim, se mostraram deficientes na resposta citotóxica mediada por

8

linfócitos T CD8+ e na produção dessas células. Tais camundongos apresentam

parasitemia mais alta e morte precoce quando infectados pelo T. cruzi (TARLETON et

al., 1992).

Também foi observado um papel orquestrador da resposta imune mediada por

linfócitos T CD4+ que atuam auxiliando a resposta humoral principalmente na produção

de IFN- (JUNQUEIRA et al., 2010). Como demonstrado por Limon-Flores e seu grupo

(2010), a atuação dos linfócitos T CD4+ é essencial para promover o estímulo de

diferenciação de linfócitos T CD8+, e assim atuarem no combate ao T. cruzi.

Camundongos C57Black/6 knockouts para CD4 e CD8 foram infectados e apresentaram

parasitemia muito aumentada quando comparada com a parasitemia de animais selvagens

(LIMON-FLORES et al., 2010).

Além do papel de quimiotaxia e ativação de células do sistema imune, as

citocinas, proteínas catiônicas, transferrinas e outras proteínas do sistema complemento

ativadas pela via alternativa, são importantes fatores do sistema imune inato que

promovem resistência natural à infecção e redução da parasitemia, lise de tripomastigotas

e atividade tóxica contra as formas de T. cruzi. (TEIXEIRA et al, 2011).

É sabido que a resposta imune ideal não visa somente o controle dos parasitos,

mas também um papel regulatório que impeça grandes danos aos tecidos do hospedeiro.

Experimentos demonstraram a função essencial da citocina IL-10 na imunomodulação da

resposta pró-inflamatória mediada por TNF-α em tecidos de camundongos infectados

(HOLCHER et al, 2000). Camundongos infectados com tripomastigotas da cepa Y

quando tratados com um composto que estimulou o aumento de IL-10 sérico

apresentaram alta parasitemia e morreram mais cedo que camundongos infectados que

não receberam a droga (PUPULIN et al., 2016). O controle da resposta à infecção pelo T.

cruzi está relacionado também com as células NK, que através de STAT-1 regulam a

expressão de IFN-γ e IL-10 promovendo um balanço de resposta Th1/Th2, por isso é

necessário que haja um balanço entre as respostas pró e anti-inflamatórias (KULKARNI

et al., 2015).

1.2 Papel das Lectinas na Fisiologia Celular

1.2.1 Lectinas

As lectinas são uma classe de proteínas diversas de origem não imune, que

possuem pelo menos um domínio de interação não catalítico, o que as permite reconhecer

9

seletivamente carboidratos e se ligar especificamente de forma reversível com alta

especificidade a eles na natureza sem alterar sua estrutura (LANOO & VAN DAMME

2010; YAMAGUCHI & NAGAE, 2015). As especificidades e afinidades das lectinas por

seus ligantes são determinadas por diversos fatores incluindo composição, formato e

densidade dos glicanos (YAMAGUCHI & NAGAE 2015).

Por serem proteínas que possuem pelo menos um domínio de reconhecimento

de carboidratos (CRD – Carbohidrate Recognition Domain), diferentes classificações em

tipos de lectinas foram desenvolvidas de acordo com as classes de carboidratos

reconhecidos por elas, as relações evolucionárias e as similaridades estruturais (LANOO

& VAN DAMME, 2010). Sendo assim, podemos dividir as lectinas em três grandes

grupos gerais: merolectinas, hololectinas e quimerolectinas (PEUMANS & VAN

DAMME, 1995; CAO & LV, 2016).

O grupo de merolectinas é formado por proteínas constituídas por um único

polipeptídeo e que possuem apenas um CRD. São proteínas que devido seu caráter

monovalente, são incapazes de precipitar glicoconjugados ou de aglutinar células. O

grupo das hololectinas é formado por proteínas que possuem exclusivamente dois ou mais

CRD’s, que podem ser formados por oligomerização de proteínas que possuem CRD’s

idênticos ou homólogos. Este grupo abrange todas as lectinas que possuem múltiplos

sítios de ligação com carboidratos, e por isso, as proteínas que constituem este grupo

possuem a capacidade de aglutinação e de precipitar glico-conjugados. O grupo das

quimerolectinas é formado por proteínas fusionadas que além de possuir um ou mais

CRD’s, possuem também um outro domínio catalítico ou de outra função conhecida,

disposto em tandem e que seja capaz de atuar independente do domínio de

reconhecimento de carboidratos. As quimerolectinas podem se comportar como

merolectinas formando apenas uma ligação a carboidratos, ou como uma hololectina se

ligando a vários e promovendo aglutinação (Figura 3) (PEUMANS & VAN DAMME,

1995).

10

Figura 3 – Imagem ilustrativa dos grupos de lectinas classificados de acordo com a composição

estrutural. Adaptado de PEUMANS & VAN DAMME, 1995.

As lectinas estão distribuídas em uma grande variedade de microrganismos,

animais e plantas (CAO & LV, 2016). Em plantas, as lectinas têm função conhecida de

repelir possíveis predadores ou patógenos em potencial, enquanto em animais é

frequentemente associada a processos de interação celular (YAU et al., 2015). Devido à

alta especificidade de interação com certos tipos de carboidratos, essa classe possui

proteínas que atuam em funções biológicas importantíssimas como desenvolvimento

tecidual, regulação do sistema imune desde o reconhecimento de patógenos até a ativação

da resposta inflamatória, sinalização celular, embriogênese e adesão celular

(BOJAROVÁ & KREN, 2016; CAO, & LV, 2016).

Apesar das diversas funções em que atuam, uma característica que todas as

lectinas compartilham é o envolvimento com o sistema imune em processos biológicos,

tanto normais quanto patológicos, variando apenas o grau da interação com o sistema

imune (YAU et al., 2015). Tratando-se de infecções, as lectinas funcionam como

receptores de superfície celular atuando como PRR’s, ou moléculas solúveis que

reconhecem e opsonizam através da interação com açúcares específicos que compõem

moléculas presentes na superfície de patógenos denominadas PAMP’s (KOLOGRAIAKI

et al., 2016; DRUMMOND & LIONAKIS, 2016; ROMERO et al., 2016; MASON &

TARR, 2015).

Mas a alta especificidade das lectinas do hospedeiro também é uma ferramenta

utilizada por alguns patógenos como forma de defesa, um exemplo disso é a interação

com ácidos siálicos. Os ácidos siálicos são açúcares ácidos que possuem nove esqueletos

carbônicos presentes, predominantemente, no resíduo terminal de glicoproteínas e

glicolipídios de superfície (SCHAUER et al., 2011; SINGH & SUNDAR, 2014). Atuam

11

em diversos processos celulares como ligantes para lectinas imunoglobulina-like,

elemento de defesa contra diversos tipos de receptores, barreira física de carga negativa

utilizada por células e patógenos, regulação da ativação de células imune e

extravasamento leucocitário (VARKI & GAGNEUX, 2012; SCHAUER et al., 2011).

Na infecção por Leishmania donovani, apesar dos ácidos siálicos em geral

servirem para sinalização e apoptose nos hospedeiros, a interação de ácidos siálicos

presentes na superfície do parasito com os receptores que os reconhecem promove a

supressão de funções efetoras do sistema imune inato estabelecendo o sucesso na infecção

em macrófagos (ROY & MANDAL, 2016). Sendo assim, uma gama de outros patógenos

intracelulares como: Haemophilus influenza, Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli,

Neisseria meningitides, Campylobacter jejuni e Trypanosoma cruzi, são capazes de

produzir ou adquirir moléculas contendo ácido siálico, expondo-as em sua superfície e

amenizando assim a resposta imune no hospedeiro (KHATUA, B. et al., 2013; JACOBS,

T. et al., 2010).

Particularmente em Trypanosoma cruzi, a membrana celular é coberta por

estruturas parecidas com mucinas que são ancoradas por moléculas de

glicofosfatidilinositol. Essas estruturas denominadas glicanas são altamente sialiladas

apesar dos parasitos serem incapazes de produzir ácidos siálicos por si só (BUSCAGLIA

et al., 2006). Isso é possível porque o parasito possui uma enzima chamada trans-sialidase

que cliva ácidos siálicos de gliconjugados do hospedeiro e transfere para estruturas

presentes na superfície do parasito, ricas em resíduos de serina e treonina que são sítios

aceptores para adição de oligossacarídeos O-ligados (JACOBS et al., 2009). O papel

desta enzima promovendo a sialilação em Trypanosoma cruzi é fundamental para

infecção, uma vez que confere ao parasito resistência ao sistema complemento do

hospedeiro (TOMLINSON et al., 1994).

Essas moléculas parecidas com mucinas presentes na superfície do parasito são

expressas por regiões poligênicas. A expressão dessas moléculas varia na superfície do

parasito quanto a sua forma, ou seja, em epimatigotas são encontradas mucinas de 30-50

kDa enquanto na forma tripomastigota encontran-se mucinas de 60-200 kDa (JACOBS

et al., 2009). Não só relacionada com a forma do parasito, a expressão das mucinas

também varia de acordo com a DTU no qual o parasito pertence. Um estudo de infecção

em camundongos C57Black/6J realizado com Trypanosoma cruzi das cepas Tuhuantepec

(TCI) e Tulahuen (TCII) relacionou a parasitemia com a atividade da trans-siladase pela

presença de moléculas sialiladas nos parasitas. Observou-se que parasitos da cepa

12

Tuhuantepec foi incapaz de gerar infecção in vivo e apresentou menos moléculas

sialiladas na superfície, já os parasitos da cepa Tulahuen apresentaram uma maior

quantidade de moléculas sialiladas na superfície e uma alta parasitemia nos animais.

Ainda no mesmo trabalho quando realizadas infecções in vitro ambas as cepas geraram o

mesmo potencial infectivo. Esses dados sugerem que altos níveis de sialilação devem

exercer funções críticas durante a infecção e replicação do parasito, além de promover

uma modulação do sistema imune do hospedeiro para favorecer a infecção pelo

Trypanosoma cruzi (ERDMANN et al., 2009).

É importante o conhecimento aprofundado nos aspectos da interação lectina-

glicano, tanto in vitro quanto in vivo, pois estes estudos mais aprofundados podem ser

utilizados de forma eficiente no desenvolvimento futuro de biotecnologias de bioimagem,

endereçamento e liberação de drogas marcadas, diagnósticos e métodos de análises

biológicas (CAO & LV, 2016).

Além disso, baseando-se nas propriedades defensivas e na capacidade de induzir

apoptose já atribuída às proteínas da classe das lectinas, muitos estudos vêm sendo

desenvolvidos buscando utilizar lectinas animais como alvo e de plantas como uma opção

de tratamento contra células cancerosas (YAU et al., 2015).

1.2.2 Galectinas.

As galectinas são um grupo de proteínas lectinas encontradas amplamente

em animais, que possuem o domínio de reconhecimento de carboidrato (CRD –

Carbohidrate Recognition Domain) altamente conservado evolutivamente e apresentam

uma alta similaridade sua sequência motivo. As galectinas reconhecem especificamente

glicanas, tanto de forma livre quanto associadas a glicoproteínas e glicolipídeos, que

possuam -galactosídeos em sua estrutura (BOJAROVÁ & KREN, 2016; VASTA et al.,

2015; NABI et al., 2015). Foram inicialmente isoladas como proteínas ligantes de -

galactosídeos, e posteriormente classificadas como uma família de 15 genes diferentes

em mamíferos que codificam um ou dois CRD’s de ~130 aminoácidos (COOPER, 2002;

NABI et al., 2015).

Em vertebrados essas proteínas apresentam três formas de interação e

organização dos seus domínios, sendo assim classificadas em três tipos: proto, repetição

em tandem e quimera (Figura 4) (VASTA et al., 2015; RAPOPORT & BOVIN, 2015).

As gelectinas do tipo proto (galectina-1, -2, -5, -7, -10, -11, -13, -14 e -15) possuem

13

apenas um CRD com 130 aminoácidos por subunidade, sendo usualmente encontradas na

forma de homodímero ligado de forma não covalente. Galectinas de repetição em tandem

(galectina-4, -6, -8, -9 e -12) apresentam dois CRD’s homólogos, com afinidade de

ligação por carboidratos diferentes e que estão separados por uma cadeia polipeptídica

única de até 70 aminoácidos. A gelectina-3 é a única galectina quimera, sendo capaz de

formar oligômeros (LIU et al., 2012; VASTA et al., 2015; NABI et al., 2015).

Figura 4 – Diferentes tipos de organização dos domínios nas galectinas de vertebrados. Adaptado de

RAPOPORT & BOVIN, 2015.

As galectinas participam de processos celulares básicos como crescimento

celular, apoptose, diferenciação, adesão célula-célula e célula-matriz, tráfego de vesículas

e sinalização. Além disso, o envolvimento destas proteínas em processos patofisiológicos

como infecção, aterosclerose e carcinogênese tem sido amplamente descrito nos últimos

anos (VAN DER HOEVEN et al., 2016; BOJAROVÁ & KREN, 2016).

1.2.3 Galectina-3

A Galectina-3 é uma proteína lectina multifuncional que apesar do seu

gene codificar uma proteína com massa molecular calculada de 26,1kDa com 250

aminoácidos, foi descrita com massa molecular entre 32-35 kDa. É expressa

principalmente por células epitelias, endoteliais e macrófagos (BALAN et al., 2010;

CHEN & KUO, 2016). A Galectina-3 é a lectina mais bem estudada e constituída por três

domínios distintos: um domínio N-terminal, um domínio colágeno-like rico em prolina e

um domínio C-terminal que possui o CRD (DESMEDT et al., 2016). Esta proteína é

codificada por um único gene em humanos, o gene LGALS3, composto de 5 íntrons e 6

exons localizado no cromossomo 14, locus q21-q22. A região promotora do gene, assim

14

como o primeiro exon, exibem uma grande quantidade de ilhas CpG’s indicando que

mecanismos epigenéticos também controlam a expressão de Galectina-3, como

observado na progressão e transformação de tumores malignos (CARDOSO et al., 2016).

Esta proteína é predominantemente encontrada no citoplasma onde é

formada, mas pode ser encontrada na superfície celular, transportada para o núcleo ou

ainda secretada para o meio extracelular (CARDOSO et al., 2016; CHEN & KUO, 2016).

Por ser a única galectina de vertebrado com estrutura quimera, é a única capaz de formar

pentâmeros aumentando assim a capacidade de interação com seus ligantes (Figura 5)

(FORTUNA-COSTA et al., 2014). Algumas modificações pós-traducionais podem

ocorrer na Galectina-3. A fosforilação pode ocorrer no domínio N-terminal composto por

12 aminoácidos, onde dois deles são serinas encontradas na posição 6 e na posição 12 que

são substratos para a caseína cinase 1. O domínio colágeno-like possui dois sítios de

reconhecimento por metaloproteases de matriz (MMP’s) composta por uma sequência

rica em prolina, glicina, tirosina e glutamina de 9 aminoácidos, sem carga e sem resíduos

hidrofóbicos em suas cadeias laterais (HUFLEJT et al., 1993; BALAN et al.,2010;

BALAN et al.,2012).

Figura 5 – Estrutura da Galectina-3. Representação esquemática do monômero de Galectina-3, sua

oligomerização formando um pentâmero através do domínio N-terminal e sua forma de associação com

parceiro de interação. Adaptado de FORTUNA-COSTA et al., 2014.

A Galectina-3 está envolvida em diversos processos celulares como ´proliferação,

crescimento celular, diferenciação, inflamação, apoptose, migração e adesão celular

(CHEN & KUO, 2016; LI et al., 2016). Algumas dessas funções são resultado não de

uma interação da Galectina-3 com carboidratos, mas sim de interações proteína-proteína

demonstrando a versatilidade da mesma. Baseando-se na ampla distribuição nos

15

compartimentos subcelulares e na grande quantidade de moléculas capazes de interagir

com a Galectina-3, acredita-se que esta proteína sirva como uma proteína móvel, atuando

em diversos processos biológicos com funções diferentes que dependem da sua

localização na célula (CARDOSO et al., 2016). Como exemplo pode-se citar a atuação

no núcleo da Galectina-3 modulando o splicing de RNA mensageiro (RNAm) e a

sobrevivência celular. Para modular o splicing a Galectina-3 forma complexos com

membros do spliceossomo, mediando assim a montagem associação do pré-RNAm com

o spliceossomo de uma maneira independente de interação com carboidratos. Apesar da

ausência de glicanos ligantes no compartimento intracelular, cálculos do potencial

eletrostático sugerem que uma ordem linear de três argininas carregadas positivamente

na fenda do CRD sirva como possível sitio de ligação ao RNA (SEETHARAMAN et al.,

1998; CARDOSO et al., 2016). Na modulação da sobrevivência da célula, o CRD de

Galectina-3 modula a resposta de dano ao DNA através da interação com BARD1, um

dos parceiros de BRCA1 (CARVALHO et al., 2014), e ao mesmo tempo atenua a

atividade pró-apoptotica de BAX através da interação com proteínas da família BCl2

(YANG et al, 1996; HARAZONO et al., 2014). Essa capacidade de regulação dos

processos celulares e envolvimento no processo inflamatório fizeram com que nos

últimos anos diversos estudos fossem desenvolvidos para melhor elucidar a atuação da

Galectina-3 em patologias inflamatórias renais, cardíacas, processos tumorais e outras

mais (DAVIS et al., 2016; HU et al., 2016; CHEN & KUO, 2016; LI et al., 2016).

Dumic e colaboradores (2006) destacam a importância da Galectina-3 na

resposta inflamatória, devido sua capacidade de reconhecer glicoconjugados contendo

galactosídeos nos patógenos. Ressaltam ainda a capacidade de interação da Galectina-3

com o LPS (lipopolysccharide) presente na parede celular de bactérias Klebsiella

pneumoniae, Salmonella minnesota, Salmonella typhimurium e Escherichia coli, não

apenas através de seu domínio CRD reconhecendo cadeias laterais contendo β-

galactosídios no LPS, mas também através da interação do domínio N-terminal com

estruturas não glicanas como o lipídio A (DUMIC et al., 2006).

Tratando especificamente do reconhecimento do Trypanosoma cruzi, a

Galectina-3 reconhece através do seu CRD, β-galactosídeos existentes em glicoproteínas

presentes na superfície do parasito, como a mucina Tc45 (MOODY et al., 2000; NDE et

al., 2012). Esse reconhecimento facilita a migração do parasito na matriz extracelular e a

infecção em células musculares lisas e dendríticas (KLESHCHENKO et al., 2004; VRAY

et al., 2004; NDE et al., 2012). O pentâmero de Galectina-3 oligomerizado através da

16

porção N-terminal da proteína, atua interagindo com mucinas do Trypanosoma cruzi de

45 kDa (Tc45), presentes na superfície do tripomastigota por um lado, e com a laminina

da matriz extracelular por outro através de CRD (MOODY et al., 2000;

KLESHCHENKO et al., 2004; NDE et al., 2012). Logo, a Galectina-3 atua no

recrutamento de tripomastigotas para a matriz extracelular que facilita o estágio de

infecção inicial. Desta maneira, Galectina-3 promove uma ponte entre os tripomastigotas

e a laminina em células do hospedeiro (KLESHCHENKO et al., 2004; NDE et al., 2012).

Outra forma de regulação da matriz/célula para o processo infectivo, é quando o

tripomastigota bombardeia a célula do hospedeiro com glicoproteína 83 (gp83) clivada

por PLC (phospholipase C) ativando a via de ERK1/2, e desta forma induzir a produção

de laminina que por sua vez possui uma ligação cruzada e aumenta também a expressão

de Galectina-3. Desta forma aumentando a infecção através da via laminina – mucina 45

– Galectina-3, o que promove também o recrutamento de mais parasitos através da

interação com Tc45. Existem indícios ainda de que a mucina do Trypanosoma cruzi de

85 kDa (Tc85) também interaja com a laminina e uma metaloprotease atuando na

degradação da matriz extracelular aumentando o sucesso na infecção. (NDE et al., 2012;

NOGUEIRA DE MELO et al., 2004).

1.3 Influência de Modelos Murinos na Experimentação

O envolvimento dos diferentes perfis genéticos na susceptibilidade à infecção

tem sido estudado em diferentes linhagens isogênicas de camundongos, comparando-as

com as populações geneticamente heterogêneas de camundongos albinos Swiss

(SIQUEIRA et al., 1976). As diferenças entre altos e baixos níveis de produção de

anticorpos está relacionada a uma gama diversa de antígenos complexos, o que evidencia

os efeitos multiespecíficos de genes relevantes (SIQUEIRA et al., 1977; BIOZZI et al.,

1979). Análises genéticas por experimentos de mapeamento utilizando marcadores

microssatélites indicaram que diversos loci de características quantitativas regulam o

fenótipo de produção de anticorpos, e os três de maior significância estão presentes nos

cromossomos 3, 8 e 9 (DE SOUZA et al., 2010). A resistência à infecção por T. cruzi das

linhagens de camundongos está diretamente relacionada com a regulação poligênica que

leva a altas ou baixas produções de anticorpos, e máxima ou mínina resposta inflamatória

(VORRARO et al., 2014).

17

O background genético do hospedeiro e a virulência da cepa de Trypanosoma

cruzi utilizados são fatores determinantes para resistência à infecção tanto em humanos

como em camundongos (TRISCHMANN & BLOMM, 1982). A susceptibilidade de

infecção pela cepa Y de T. cruzi varia entre as linhagens de camundongos. Camundongos

da linhagem A/J são extremamente susceptíveis, já os da linhagem C57Black/6J

apresentam uma maior resistência à infecção, logo, é um excelente modelo para se obter

a cronificação da doença, principalmente quando o número de parasitos no inóculo é

baixo (POSTAN et al., 1984)

Um dado importante a se comentar é que dados comparativos da infecção por

tripomastigotas da cepa CL-Brener ou por tripomastigotas da cepa JG em ratos

demonstraram que animais infectados com a cepa CL-Brener apresentam resposta

inflamatória mais intensa. Os animais infectados com a cepa CL-Brener apresentaram

maior produção de IFN-acompanhada do aumento da subpopulação de linfócitos T

duplo negativos (TCD4-, TCD8-), além disso a menor resposta inflamatória no grupo de

animais infectados pela cepa JG é acompanhada de uma maior expressão de IL-10 que

tem papel anti-inflamatório, em relação a TNF-que possui papel pró-inflamatórioo

que não se observa nos animais infectados pela cepa CL-Brener (NAGIB et al., 2007).

Isso demonstra que a cepa do parasito utilizada influencia na resposta experimental em

animais.

O mimetismo entre antígenos do parasito e antígenos do hospedeiro pode ser a

base do desenvolvimento de resposta autoimune no hospedeiro (CARDILLO et al.,

2015). Durante a infecção por Trypanosoma cruzi em camundongos, o animal pode

desenvolver anticorpos contra antígenos próprios presentes no musculo cardíaco, tecidos

nervosos e outros tecidos (CUNHA-NETO et al., 2006). Em estudo com camundongos

A/J e C57Black/6J, observou-se que a resposta autoimune gerada pelas diferentes

linhagens era diferente. Os animais foram infectados por parasitos da cepa Brazil e como

controle positivo os camundongos foram imunizados com miosina cardíaca e adjuvante

completo de Freund. O estudo relata que camundongos A/J apresentaram miocardite

aguda e seus níveis de IgG contra miosina cardíaca eram proporcionais ao dos

camundongos imunizados, apesar de mais baixos. Já os camundongos da linhagem

C57Black/6J apresentaram um nível quase indetectável de IgG contra miosina cardíaca e

não apresentaram quadro de autoimunidade quando infectados pelo parasito. Sendo assim

a resposta autoimune gerada pela infecção pelo Trypanosoma cruzi está relacionada, além

18

da resposta humoral, com a predisposição genética apresentada pela cepa de camundongo

utilizada (LEON et al., 2001).

Apesar das limitações em corroborar estes dados obtidos em modelo murino para

o processo que ocorre em humanos, o uso de modelos experimentais ajudou em muito a

elucidar vários aspectos conceitualmente importantes da infecção pelo T. cruzi,

destacando o papel crucial de respostas inflamatórias mediadas por respostas imunes

estabelecidas por efeito da doença (ANDRADE et al., 2014).

19

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Investigar o envolvimento da proteína Galectina-3 na resposta imune decorrente

do processo de infecção pelo Trypanosoma cruzi utilizando macrófagos peritoneais em

modelo ex vivo e camundongos C57 Black/6 selvagens e nocautes para Galectina-3 in

vivo.

2.1 Objetivos Específicos

A) Utilizar um modelo in vitro com macrófagos peritoneais de camundongos

selvagens e nocautes para Galectina-3:

Análise da viabilidade celular e do potencial de infecção in vitro no decorrer da

infecção pelo T. cruzi;

Avaliação das alterações nos níveis protéicos de Galectina-3 frente a infecção pelo T.

cruzi;

Investigação do perfil de produção de citocinas pró e anti-inflamatórias no decorrer da

infecção pelo T. cruzi;

B) Utilizar um modelo in vivo com camundongos selvagens C57 Black/6 selvagens e

nocautes para Galectina-3:

Análise da parasitemia e mortalidade durante a fase aguda da infecção com cepa Y de

T. cruzi;

Investigação fenotípica da esplenomegalia no decorrer da fase aguda pelo peso do

órgão e índices de celularidade;

Determinação do percentual de diferentes populações de células T (Totais, T

citotóxicas, T helper, NK, etc), macrófagos/ monócitos no decorrer da fase aguda de

infecção pelo T. cruzi;

20

3. METODOLOGIA

3.1 Camundongos Utilizados

Camundongos isogênicos da linhagem C57Black/6J provenientes do INCA

foram utilizados para o desenvolvimento do trabalho. Dentre os camundongos

C57Black/6J estão os animais selvagens e os geneticamente modificados knock-out para

Gal-3 (Gal-3 KO). Tais camundongos foram alojados temporariamente no Biotério de

Manutenção da instituição, e os procedimentos foram aprovados pelo protocolo 001/2014

– CEUA – IFRJ.

3.2 Parasitos Utilizados

O Trypanosoma cruzi apresenta como característica uma grande diversidade

genética intraespecífica, foram utilizadas duas cepas de T. cruzi para o desenvolvimento

deste trabalho: as cepas Y e Dm28c já existentes no laboratório, ambas para os ensaios

de infecção in vivo e ex vivo, respectivamente.

3.3 Cultivo in vitro de formas epimastigotas

A cultura das formas epimastigotas foi mantida a 27˚C em frascos de cultivo

celular de 25cm2 com a tampa totalmente rosqueada, contendo meio LIT (Liver Infusion

Tryptose) (para 500mL de meio: NaCl: 2,0g; Na2HPO4: 4,0g; Glucose: 1,0g; Triptona

2,5g; Infusão de fígado: 2,5g; Hemina 12,5mg) (CAMARGO, 1964). Em volumes

proporcionais a necessidade, suplementado com 10 ou 15% de soro fetal bovino inativado

(SFBI) (Cultilab), mais 0,025 mg/mL de hemina (Sigma Aldrich Corp.).

3.4 Cultivo in vitro de formas tripomastigotas.

Para os ensaios de infecção foi utilizada a cepa Y, onde formas tripomastigotas

foram previamente obtidas através de culturas de epimastigotas em meio LIT + 10% soro

fetal bovino inativado (SFBI) (Cultilab) envelhecidas com mais de 10 dias para mimetizar

estresse nutricional. Parasitos foram centrifugados a 2000g por 10 minutos e ressuspensos

em meio de cultura RPMI + 10% SFBI + 100μg∕mL penicilina e estreptomicina (PS)

(Thermo Scientific) e utilizadas com uma m.o.i mínima de infecção 1:10 (célula:parasito)

21

utilizando a linhagem renal de primata LLC-MK2, um tipo celular eficaz para a produção

de massa parasitária in vitro (ANDREWS & COLLI, 1982).

3.5 Metaciclogênese

Para o processo de metaciclogênese foi utilizado como base o protocolo descrito

por Contreras e colaboradores (1985, 1988). Formas epimastigotas foram crescidas em

meio LIT suplementado com 15% de SFBI contendo estreptomicina∕penicilina a

100μg∕mL por 5 dias. Após o crescimento, foram centrifugados 10mL da cultura no fim de

fase exponencial a 2000g por 10 minutos e foram feitas duas lavagens, ressuspendendo o

precitpitado em meio TAU (NaCl 190mM, KCl 17mM, MgCl2 2mM, CaCl2 2mM,

Tampão fosfato pH 6,0 8mM, NaHCO3 0,6mM) e centrifugado a 2000g por 10 minutos.

Após as lavagens os epimastigotas foram contados com auxílio do hemocitômetro e foram

ressuspensos 108 epimastigotas em 1 mL de meio TAU pH 6,0 em tubos falcon de 15mL

que foram incubadas por 2 horas em temperatura ambiente. Após a incubação,

epimastigotas foram diluídos 20x em meio TAU-3AAG (Meio TAU acrescido de Glicose

10mM, I-Prolina 10mM, Glutamato de sódio 50mM e Aspartato de sódio 2mM) pH 6,5

para a concentração de proporção 5 x 106 por mililitro, colocados em garrafas de cultura

de 175cm2 e mantidos em estufa a temperatura de 27oC. As formas epimastigotas

aderiram-se ao fundo do frasco e em torno de 5 a 6 dias de cultivo os parasitos se

diferenciaram para a forma tripomastigota, soltando do fundo do frasco e mantendo-se no

sobrenadante da cultura.

3.6 Cultura Primária de Macrófagos Peritoneais

Os camundongos linhagem isogênica C57Black/6J dos genótipos selvagem ou

Gal-3 KO foram devidamente eutanasiados com CO2 e o tecido que recobre todo o

abdômen do animal foi retirado, expondo assim o músculo abdominal. Foi injetado entre

8-10 mL de tampão fosfato salino em pH 7.4 (PBS pH 7,4) gelado utilizando seringa de

10 mL e agulha de 22 Gauge 1 ¼ (0,7mm x 30mm), onde introduziu-se apenas a ponta

da agulha, iniciou-se a injeção com um jato forte e ao longo do enchimento da cavidade

peritoneal foi-se adicionando com cuidado. Ao encher por completo a cavidade, ainda

com a agulha dentro do animal, puncionou-se cuidadosamente o máximo de líquido

contendo as células desejadas com uma pequena quantidade de hemácias resultantes de

alguns pequenos vasos rompidos ao longo do processo. As células foram centrifugadas a

22

1600rpm em centrífuga clínica, o sobrenadante foi então descartado e as células

ressuspensas em 2 mL de tampão de lise de hemácias (17 mM Tris-HCl + 0,144 M de

cloreto de amônia pH7.2) gelado, incubadas por 5 minutos em temperatura ambiente e

logo após centrifugadas a 1600 rpm em centrífuga clínica e lavadas 2x com PBS pH 7,4

gelado. As células foram então ressuspensas em 5 mL de meio RPMI contendo 10% de

soro fetal bovino inativado (SFBI) e estreptomicina/penicilina 100μg∕mL gelado,

seguindo-se com a diluição de 1:100 dessa suspensão de células e contagem em câmara

de Neubauer para posterior plaqueamento e experimentação.

3.7 Ensaios de infecção e produção de tripomastigotas

Após a metaciclogênese, os tripomastigotas metacíclicos foram coletados e centrifugados

a 3400 rpm por 15 minutos em centrífuga clínica e ressuspendidos em meio RPMI +

10% SFBI contendo os antibióticos penicilina/estreptomicina 100ug/mL. Este meio

contendo os parasitos foi colocado em células Vero (nº de células) com uma m.o.i mínima

de infecção 1:10 (célula:parasito), após 48 horas foi realizada a troca por meio RPMI +

5% SFBI. A cultura foi então acompanhada até o brotamento de formas tripomastigotas

de cultura. Aproximadamente no terceiro ou quarto dia pós-infecção, o sobrenadante

contendo os parasitos foi coletado e lavado duas vezes em PBS pH 7,4 por centrifugação

a 34000 rpm por 20 minutos em centrífuga clínica. Após lavagens, parasitos foram

ressuspendos em RPMI e novamente centrifugados a 3400 rpm por 20 minutos em

centrífuga clínica e incubados por 3-4 horas a 37ºC em atmosfera úmida de 5% de CO2.

Desse modo, os tripomastigotas de cultura móveis nadavam em direção ao sobrenadante,

separando-se assim dos amastigotas sésseis. O número de parasitos foi estimado em

hemocitômetro e utilizados para experimentação.

3.8 Ensaio de viabilidade celular (MTT)

Foram plaqueados 104 macrófagos peritoneais dos diferentes genótipos de

camundongo C57Black/6J por poço em uma placa de 96 poços (vide tópico 3.6). Após

16 horas em cultura, as células foram infectadas com tripomastigotas metacíclicos

provenientes de metaciclogênese com m.o.i de 1:5 (célula:parasito) e como controle

foram analisadas células não infectadas. As células foram incubadas em diferentes

tempos (24, 48 e 72 horas), após o tempo de incubação os poços foram lavados 3 vezes

com PBS pH 7.4 estéril e foi adicionado 100µL de MTT (Sigma Aldrich Corp.) na

concentração de 0,5mg∕mL por poço diluído em meio de cultura RPMI sem soro. Uma

23

vez adicionado, o MTT foi realizado a incubação da placa a 37oC em estufa úmida de

5% de CO2 no escuro por 4 horas. Depois da incubação foi adicionado 100µL de solução

SDS 10% em HCl 0,01M com incubação a 37oC no escuro overnight. Posteriormente foi

feita a leitura em espectrofotômetro no comprimento de onda de 495nm utilizando o

leitor de ELISA Spectra Max 190 da Molecular Devices.

No ensaio de infecção in vitro foram utilizados macrófagos peritoneais obtidos

de camundongos C57Black/6J selvagens e Gal-3 KO. As células na concentração de 106

células/poço foram plaqueadas em placas de 24 poços e mantidas por 24 horas em cultura

com meio RPMI suplementado com 10% de SFBI e contendo os antibióticos

estreptomicina/penicilina antes da realização do experimento. As células foram

infectadas com a adição de 5x106 tripomastigotas metacíclicos da cepa Dm28c, obtidos

pelo processo de metaciclogênese descrito acima e incubados por 24 horas a 37°C em

estufa úmida de 5% de CO2. Após esse período os poços foram lavados três vezes com

PBS pH 7.4 estéril e as células mantidas em cultura por 5 dias em meio RPMI + 10%

SFBI contendo os antibióticos penicilina/estreptomicina 100ug/mL até o brotamento das

formas tripomastigotas das células. O sobrenadante de cada poço foi coletado,

centrifugado por 2 minutos a 800 rpm em centrifuga clínica para baixar os restos

celulares e os tripomastigotas presentes no sobrenadante foram contados em

hemocitômetro.

3.9 Obtenção dos extratos proteicos

Para obtenção do extrato proteico total das células, 2 x 105 macrófagos foram

semeados em placas de 96 poços, posteriormente foram infectadas com m.o.i. de 5

parasitos por célula e incubados em diferentes tempos (0, 2, 4, 8, 16 e 24 horas). Após

incubação, as células foram lisadas diretamente no poço utilizando 20µL de Laemmli

buffer (187,5 mM Tris pH 6,8; 6% SDS; 30% glicerol; 0,3M DTT; e 0,0015% azul de

bromofenol), lisado foi coletado e aquecido por 8 minutos a 95oC em termociclador

Veriti (Applied Biosystem), após tal processo as amostras foram acondicionadas a -80ºC

para posterior SDS-PAGE.

3.10 SDS-PAGE e Western blotting

Após a obtenção dos extratos proteicos foi feito para análise dos níveis proteicos

de PARP e Galectina-3. Para tal, foi realizado um SDS- PAGE em gel de corrida com

uma concentração de 10% de acrilamida/bisacrilamida (29:1) para o gel de separação e

24

de 4% de acrilamida/bisacrilamida (29:1) para gel de empacotamento. Na transferência

semi-seca para membrana de nitrocelulose Hybond-C (GE Healthcare) foram

utilizadas as condições elétricas de 0,5Volts/cm2 para transferência de único gel ou

0,8Volts/cm2 para transferência dupla de géis, utilizando o sistema TransBlot (BioRad).

Após a transferência, a membrana foi bloqueada em solução de 5% leite desnatado

diluído em TBS 1X (Tris 200 mM, NaCl 150 mM, pH 7,6) complementado com 0,05%

Tween-20 entre 1-4 horas. Após bloqueio foram realizadas analises para as proteínas

Galectina-3 e PARP.

Para análise dos níveis de Galectina-3 o anticorpo primário utilizado foi IgG de

camundongo anti-Galectina-3 (hibridoma) na diluição de 1:50 em solução de 0,5% leite

desnatado em TBS + 0,05% Tween-20 e para PARP foi utilizado anticorpo primário

IgG de coelho na diluição de 1:500 em solução de 2% leite desnatado em TBS

complementado com 0,05% Tween-20.

As membranas com proteínas foram incubadas nas soluções contendo os

respectivos anticorpos primários por 16 horas a 4oC. O anticorpo secundário anti-IgG

de camundongo conjugado a HRP (Santa Cruz Biotech. #sc2005) foi utilizado na

diluição 1:2000 em solução de 0,5% leite desnatado em TBS complementado com

0,05% Tween-20 por 1 hora a temperatura ambiente para a proteína Galectina-3. O

anticorpo secundário anti-IgG de coelho conjugado a HRP foi utilizado na diluição

1:2000 em solução de 0,5% leite desnatado em TBS complementado com 0,05%

Tween-20 por 1 hora a temperatura ambiente para a proteína PARP.

Em todos os ensaios de western blotting sempre após as incubações com os

anticorpos, primário e secundário, foram realizadas três lavagens de 10 minutos cada

com solução TBS 0,1% Tween-20. Para quantificação da quimioluminescência

produzida pela atividade da peroxidase conjugada aos anticorpos secundários, as

membranas foram escaneadas pelo equipamento C-Digit (Licor) em exposições curtas

e longas e as imagens digitalizadas. A análise densitométrica foi realizada com auxílio

do programa ScionImage (Scion Corporation)

3.11 Infecção in vivo e manutenção das colônias de camundongos

As infecções in vivo foram mantidas em camundongos da linhagem Swiss

Albino entre 8 e 24 semanas, utilizando a cepa Y de Trypanosoma cruzi. Os camundongos

com idade de 10-20 semanas foram infectados intraperitonealmente com 5 x 106 formas

tripomastigotas provenientes de cultura de células LLC-MK2, diluídos em meio RPMI

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contendo 5% SFBI, estreptomicina/penicilina. Após 48h de infecção, os camundongos

receberam uma única dose intraperitoneal de 200mg/Kg do fármaco ciclofosfamida

(nome comercial Genuxal, Empresa Baxter, USA), que foi diluída em água milliQ

autoclavada e injetada na concentração de 200 mg/Kg nos animais, para imunossupressão

e consequentemente obtenção de uma maior produção de massa parasitária in vivo de

tripomastigotas sanguícolas.

Ao 8° dia pós-infecção, os animais eram anestesiados com Quetamina 100mg/kg

& Xilazina 20mg/kg. A coleta ocorreu através de uma veia presente atrás do globo ocular

dos animais, onde após a retirada do olho, foram coletados entre 1 e 1,5 mL de sangue

por gotajemento em um tubo de 1,5mL contendo 150µL de citrato de sódio (3,2%), para

atuar como anticoagulante. Os animais foram eutanasiados imediatamente após a coleta

com deslocamento cervical.

Os tubos com o sangue coletado foram centrifugados a 200g por 22 minutos a

temperatura ambiente e após a centrifugação os tubos foram mantidos por 20 minutos a

37°C para que os parasitos migrassem da fase mais densa, o aglomerado de hemácias,

para a menos densa do plasma na superfície. Esse plasma contendo as formas

tripomastigotas sanguícolas foi coletado em fluxo laminar, realizando-se a contagem de

tripomastigotas em hemocitômetro. Por fim, o plasma diluído em meio DMEN

(Dulbeco’s Modified Eagle Medium) estéril e sem soro, ou em PBS pH 7,4 foi utilizado

para preparar a injeção intraperitoneal na concentração desejada de tripomastigotas

sanguícolas por mililitro de solução, seja para os ensaios de parasitemia com as linhagens

de camundongos C57Black/6J selvagens ou nocautes para Gal-3, seja para manutenção

da colônia com a linhagem de camundongos Swiss infectados. Este procedimento foi

repetido semanalmente, ou quando necessário.

3.12 Obtenção de Esplenócitos.

Os animais eutanasiados por CO2 tiveram a cavidade abdominal aberta do lado

esquerdo do corpo e com o auxílio de pinça com ponta fina e tesoura cirúrgica, foi

removido o baço dos animais com cuidado para que não viesse com tecido adiposo e/ou

se rompesse. O órgão foi pesado e com duas seringas com agulha de insulina de 8 mm x

0,3 mm (30 Gauge) foram dissociadas as células de dentro do mesmo em placa de cultura

de 60mm contendo 500uL de PBS pH 7,4 gelado. A suspensão total de células obtida por

meio da dissociação foi centrifugada a 1800 rpm em centrífuga clínica e ressuspensa com

26

2 mL de tampão de lise de hemácias (17 mM Tris-HCl + 0,144 M de cloreto de amônia

pH 7.2) gelado. Após incubação de 10 minutos no gelo e as células foram então

centrifugadas a 1800 rpm em centrífuga clínica e lavadas duas vezes com PBS pH 7,4.

3.13 Citometria de Fluxo

Os esplenócitos foram contados em câmara de Neubauer e aliquotados em tubos

1,5mL na concentração de 2 x 106 células por tubo previamente identificados com as

marcações que seriam realizadas. Para bloquear ligações inespecíficas, foi utilizado 1uL

de Fcblock, um anticorpo contra receptor Fcγ CD16/CD32 (eBioscence) diluído em

100uL de Flow Cytometry Staining Buffer Solution (eBioscience) já contendo as células

a serem analisadas. As amostras foram incubadas por 30 minutos, a 4°C e em seguida,

foram incubadas com 1uL dos anticorpos de interesse: F4/80-PerCP-Cy5.5 (eBioscience

#45.4801.80); CD3e PerCP-Cy5 (Molecular Probes #553065); CD4-PE (BD Pharmigen

#553730); CD8a-PE (BD Pharmigen #553033); CD11b-FITC (eBioscience

#11.0112.81); CD335(WKp46)-FITC (Molecular Probes #A14752).Tais anticorpos

foram adicionados aos respectivos tubos para marcações múltiplas segundo a seguinte

lógica de marcações: Controle (Fc Block CD16/32); linfócitos T totais (CD3e-PerCP-

Cy5); linfócitos T CD4 (CD3e-PerCP-Cy5, CD4-PE); linfócitos T citotóxicos (CD3e-

PerCP-Cy5, CD8a-PE); células NK (CD3e-PerCP-Cy5, CD335-FITC); células NK

CD4+ (CD3e-PerCP-Cy5, CD335-FITC, CD4-PE); células NK CD8+ (CD3e-PerCP-

Cy5, CD335-FITC, CD8a-PE) e macrófagos/monócitos (CD11b-FITC, F4/80-PerCP-

Cy5).

Além destas marcações, foram realizadas marcações com isotipos IgG de

camundongo e rato conjugados respectivamente aos fluoróforos Alexa 488 e Alexa 546

(Molecular Probes #A11018) os quais serviram de controle negativo isotípico para

CD335 anticorpo IgG2a de rato, CD3 anticorpo IgG de hamster, CD25 anticorpo IgG1 de

rato, F4/80 anticorpo IgG2a de rato, CD11b IgG2b de rato, CD4 anticorpo IgG2a de rato

e CD8 IgG2b de rato.

Os tubos foram então incubados por 60 minutos, a 4°C na ausência de luz. Após essa

etapa, as células foram centrifugadas a 300-400g por 5 minutos e lavadas 2x com Flow

Cytometry Staining Buffer Solution (eBioscience), descartando cuidadosamente o

sobrenadante. Por fim, as células foram então ressuspensas em 100uL de Flow Cytometry

Staining Buffer Solution (eBioscience) e analisadas no citômetro Accuri™ C6 (BD

27

Bioscience). Um total de 80 mil eventos foram coletados, e posteriormente, analisados

empregando-se o BD Accuri C6 Software. Primeiramente, foi feita a exclusão de debris

celulares utilizando os parâmetros SSC-A x FSC-A selecionando a população a ser

analisada. Para tal, foi coletado o baço de um camundongo C57Black/6J selvagem para

testar os anticorpos e observar se de fato o bloqueio de ligação inespecífica feito pelo

anticorpo FcBlock CD16/32 é eficiente e não interfere de forma prejudicial na marcação.

Foi realizado então um experimento piloto de padronização onde marcou-se esplenócitos

somente com o FcBlock CD16/32 para demonstrar que apenas a utilização desde

anticorpo não é o suficiente para alterar o caráter morfológico ou fluorescente das células

(Fig.). E marcou-se também os esplenócitos com os anticorpos anti-F4/80, anti-CD4, anti-

CD8, anti-CD25, anti-CD11b e anti-CD3e na ausência e presença do bloqueio por

FcBlock CD16/32. Pôde se observar que o bloqueio realizado pelo FcBlock CD16/32 é

de fato eficiente inibindo ligações inespecíficas (FIGURA 6), principalmente nas

marcações para CD8 (Fig. B) em que a fluorescência diminuiu de 12% para 9%, CD4

(Fig. C) em que a fluorescência diminuiu de 30,2% para 20% e CD25 (Fig. E) em que a

fluorescência diminuiu de 6,5% para 5,2%.

28

Figura 6 – Padronização do ensaio de análise por citometria de fluxo. A análise da frequência de todas

as células foi realizada através da análise convencional, onde a população celular de interesse (R1) foi

estabelecida em gráficos de distribuição pontual de tamanho (FSC) versus granulosidade (SSC). Após a

seleção da região de interesse, a frequência de populações celulares expressando marcadores dentro de R1

foi obtida em gráficos bidimensionais de distribuição pontual de fluorescência.

3.14 Quantificação de Citocinas por CBA (Cytometric Bead Array)

O kit de quantificação de citocinas murinas (BD Cytometric Bead Array – CBA

Mouse Th1/Th2/Th17 Cytokine Kit) foi utilizado para quantificar as citocinas IL-6, IL-2,

TNF-α, IFN-γ, IL-17A IL-4 e IL-10 no sobrenadante de macrófagos peritoneais

infectados in vitro no tempo de 24 horas e no soro coletado de camundongos infectados

com 2, 5, 9 e 15 dias. Para a realização desta quantificação, os experimentos foram

conduzidos conforme especificações do fabricante e protocolo de marcação proposto com

pequenas modificações (Becton Dickinson and Company, #560485). A amostras de

sobrenadante de macrófagos e soro de camundongos foram estocadas em freezer -80°C

29

por tempo suficiente para que pudéssemos juntar todo o material a ser analisado e,

posteriormente, descongeladas a temperatura ambiente. O padrão de citocinas foi

reconstituído com 2,0mL do Reagente G (solução tampão) e por diluição seriada foram

obtidas as seguintes diluições: 1/2, 1/4, 1/8, 1/16, 1/32, 1/64, 1/128 e 1/256,

caracterizando respectivamente as concentrações de 2.5ng/mL, 1.25ng/mL, 625pg/mL,

312.5pg/mL, 156pg/mL, 80pg/mL, 40pg/mL e 20pg/mL. Uma mistura de beads foi

preparada antes do uso, cerca de 3μL de cada suspensão de beads para cada ensaio.

Durante a execução do ensaio, adicionou-se 21μL das misturas de beads a 25μL dos

padrões, nas respectivas diluições; e também a 25μL das amostras nos respectivos tubos

para a realização do ensaio. Logo em seguida, adicionou-se em todos os tubos 18μL do

Reagente B (Reagente de detecção correspondente aos anticorpos específicos para

citocinas conjugados a ficoeritrina) e incubou-se por 2 h, a temperatura ambiente e ao

abrigo da luz. Após a incubação, adicionou-se 500μL do Reagente F (solução de lavagem)

em cada tubo, centrifugou-se a 600g por 7 min a 18°C. O sobrenadante foi aspirado,

deixando aproximadamente 100μL do sobrenadante em cada tubo e novamente,

adicionou-se 100μL do Reagente F em cada tubo e procedeu-se a leitura. Para a leitura

das amostras foi utilizado o citômetro Accuri™ C6 (BD Bioscience). Os dados obtidos

foram analisados com o software FCAP Array Software TM versão 3.0 (Soft Flow

Hungary Ltd, BD Biosciences).

3.15 Reação em cadeia da polimerase (PCR) de Galectina-3

Para a amplificação da região codificante de Gal-3 selvagem contendo 753pb

foram utilizados os oligonucleotídeos: Fw-HsGal3(wt): XbaI 5’GCTCTAGACCAT

GGCAGACAATTTTTCGC-3’ versus Rv-HsGal3:BamHI 5´CGCGGATCCTTATA

TCATGGTATATGAAGC ACTGG-3´. Para amplificação da região codificante de Gal-

3 depletada do domínio CRD, o mutante Gal3-ΔCRD, os oligonucleotídeos utilizados

foram: Fw-HsGal3(wt):XbaI 5’GCT CTAGACCATGGCAGACAATTTTTCGC-3’

versus Rv-Gal3(ΔCRD): BamHI 5´CGC GGATCCTCAAGGCACAATCAGTGGC 3´.

As condições de ciclagem foram: 94°C 5’; 35 ciclos [desnaturação: 94°C por 1 minuto;

temperatura de anelamento 68°C por 1 minuto ou 72°C por 1 minuto]; 4°C ∞. As

temperaturas de extensão foram de 72°C para Taq DNA polimerase (Thermo Scientific)

ou 68°C para Pfx50 DNA polimerase (Thermo Scientific).

30

3.16 Plasmídeo utilizado

Os amplicons obtidos foram clonados no vetor pHIV-puro, uma versão

modificada do vetor pHIV-eGFP (Addgene Corp. #21373), previamente obtida pelo

grupo do laboratório com substituição da região codificante de eGFP pela região

codificante de puro+ utilizando sítios ClaI e MscI, para expressão de gene de interesse

transcrito de modo policistrônico com gene de resistência à puromicina (FIGURA 7).

Figura 7 - Mapa do vetor pHIV-eGFP (Addgene #21373). Vetor lentiviral 3ª geração inativado para co-

expressão de um gene de estudo em conjunto com repórter eGFP. O vetor utilizado no trabalho foi uma

versão modificada deste, apresentando a substituição do gene eGFP pelo gene de resistência a puromicina

(puroR) nos sítios de restrição MscI e ClaI gerando o vetor pHIV-puro.

3.17 Restrição e ligação de DNA

Especialmente, para a extração plasmidial pelo método de lise alcalina, com

melhor qualidade e pureza, foi utilizado o kit QIAprep® Miniprep (Qiagen), segundo as

instruções do fabricante para a purificação do DNA plasmidial se dá por cromatografia

de afinidade em colunas de sílica.

As enzimas utilizadas para a subclonagem do Gal-3 wt e Gal-3 ΔCRD no vetor

pHIV-puro foram BamHI e XbaI. As digestões foram realizadas por 1 hora e 30 minutos,

a 37°C, já que as enzimas utilizadas foram da linha FastDigest® (Thermo Scientific).

31

Todos os fragmentos foram purificados após seu fracionamento por eletroforese. Para tal,

foi utilizado o Qiaex II Gel Extraction Kit (Qiagen) seguindo recomendações do

fabricante.

As ligações foram realizadas com a enzima T4 DNA ligase (Thermo Scientific)

seguindo recomendações do fabricante, complementando as reações com a adição de ATP

para concentração final de 1mM como cofator, por um período de 16 a 18h, a 16°C. As

proporções molares de vetor:inserto foram de 1:5

3.18 Eletroforese de DNA

As eletroforeses foram realizadas utilizando tampão Tris-Acetato-EDTA (Tris-

Acetato 40mM e EDTA 1mM) (TAE) 1x na confecção do gel de agarose e como tampão

de corrida. Foi utilizado o Gel Red™ (Biotium) como intercalante de DNA na diluição

recomendada pelo fabricante. O marcador de peso molecular utilizado nas eletroforeses

foi o GeneRuler 1Kb ladder (Thermo Scientific), que apresenta as bandas: 250pb 500pb,

750pb, 1000pb, 1500pb, 2000pb, 2500pb, 3000pb, 3500pb, 4000pb, 5000pb, 6000pb,

8000pb, 10000pb.

3.19 Cepa de bactéria

A cepa DH5α (genótipo: fhuA2 lac(del)U169 phoA glnV44 Φ80' lacZ(del) M15

gyrA96 recA1 relA1 endA1 thi-1 hsdR17) de Escherichia coli foi utilizada nas clonagens

dos plasmídeos (vide tópico 3.19)

3.20 Transformação de E. coli

O preparo de bactérias competentes e transformação pelo método do cloreto de

cálcio foi modificado a partir do procedimento descrito por Cohen e colaboradores

(1972). Algumas adaptações foram realizadas como a diluição de 50 vezes do inóculo em

fase estacionária, oriundo de uma colônia de E. coli, crescido em meio LB sob agitação

constante por 18 horas. A densidade óptica (DO) foi acompanhada até atingir-se o valor

de 0,5 a 600nm. A técnica consiste em centrifugar em tubo falcon a 12000 rpm em

centrífuga clinica por 10 minutos para então descartar o meio Lb no qual cresceram as

bactérias. Ressuspender delicadamente o pellet de bactérias formado em 5 mL de solução

de CaCl2 50mM autoclavada e gelada, centrifugando posteriormente a 12000 rpm por 5

minutos repetindo o procedimento por 2x. Por fim, é feita a ressuspensão do precipitado

de bactérias na mesma solução complementada com glicerol (Sigma Aldrich Corp.) a uma

32

concentração final de 20%, as células são gentilmente homogeneizadas, distribuídas em

criotubos e armazenadas a freezer -80°C. Todo o protocolo foi realizado com materiais e

soluções geladas, mantidos no gelo por todo o procedimento.

O protocolo utilizado para transformação se baseou na incubação das bactérias

competentes previamente preparadas com DNA plasmidial por 30 minutos em gelo,

seguido de choque térmico a 42°C por 90 segundos e imediata transferência para o gelo

e plaqueamento das bactérias transformadas em meio LB Ágar contendo o antibiótico

ampicilina na concentração de 50µg/mL permitindo que apenas as bactérias que

internalizaram o plasmídeo, e consequentemente fossem resistentes ao antibiótico,

crescessem. A seleção dos clones positivos foi feita por uma uma PCR dos plasmídeos

extraídos de colônias de bactérias isoladas utilizando os oligonucleotídeos iniciadores

referentes à região codificante de Gal-3. Sendo assim, somente clones positivos contendo

o inserto deram amplificação na PCR resultado positivo.

3.21 Transfecção e Transdução Lentiviral

Células de empacotamento da linhagem Hek293-FT foram transfectadas para

gerar os vírus para posterior transdução de células THP1. Para a transfecção, as células

Hek293-FT foram semeadas em placas de 6 poços na concentração de 5 x 105 células por

poço e foram mantidas em estufa overnight.

No dia seguinte do plaqueamento, as células foram tratadas com a mistura de

transfecção composta pelas construções plasmidiais lentivirais: pCMV-VSV-G (Addgene

# 8454), pMDLg/pRRE (Addgene #12251) pRSV-Rev (Addgene #12253), juntamente

com o plasmídeo de expressão pHIV-puro+ contendo a forma de Gal-3 selvagem ou a

forma ΔCRD, polietilenoamina (Polysciences #23966) e meio de cultura DMEM sem

soro. A mistura de transfecção foi previamente incubada a temperatura ambiente por 30

minutos, quando então foi gotejada sobre a cultura celular que foi mantida em estufa.

Após um período de 2 horas trocou-se o meio por meio de cultura DMEM suplementado

com 10% SFBI.

Após 48 horas da transfecção, o sobrenadante contendo as partículas virais foi

coletado, centrifugado a 1600 rpm por 5 min em centrífuga clínica para baixar os restos

celulares e filtrado em filtro de seringa de 45µM (Millipore). Adicionou-se 10mg/mL de

polibreno (St. Cruz Biotech) e 50% a mais de meio RPMI suplementado com 10% de

SFBI.

33

Na transdução da linhagem THP1, as células foram centrifugadas e cerca de 2 x

105 células foram ressuspensas na mistura de meios, onde centrifugou-se por 45 minutos

a 450g na centrífuga Sorvall em temperatura ambiente. O sobrenadante foi então

descartado e as células ressuspensas em meio RPMI suplementado com 20% de SFBI e

manteve-se em cultura por mais 72 horas, onde após esse tempo houve mais uma

centrifugação a 200g por 5 minutos e as células foram ressuspensas em meio RPMI

suplementado com 20% de SFBI e puromicina na concentração de 4 µg/mL para seleção

das células que foram transduzidas. A pressão seletiva com puromicina foi mantida por

um mês após a transdução.

34

4. RESULTADOS

4.1 Análise da viabilidade celular e do potencial de infecção in vitro no decorrer

da infecção pelo T. cruzi.

Para analisar o potencial de infecção in vitro de tripomastigotas metacíclicos

Dm28c, utilizou-se macrófagos peritoneais provenientes de camundongos C57Black/6J

selvagens e knockout para Galectina-3. Os macrófagos coletados foram mantidos em

cultura por 24 horas após semeados e então infectados em cultura durante 48 horas na

presença dos parasitos. Após este tempo, os poços foram lavados com PBS estéril e a

cultura foi mantida por mais 5 dias até que houvesse o brotamento das formas

tripomastigotas que foram mensuradas através da contagem em hemocitômetro

(FIGURA 8A). O resultado da mensuração dos parasitos em cultura demonstrou que há

um maior brotamento de tripomastigotas nos macrófagos provenientes dos camundongos

selvagens, quando comparado ao brotamento de tripomastigotas nos macrófagos

provenientes dos camundongos knockout para Galectina-3 (FIGURA 8B).

Para avaliar a viabilidade celular, os macrófagos coletados foram semeados em

placa de 96 poços e então seguiu-se o curso da infecção de forma que todos os pontos

fossem processados juntos no tempo de 72 horas (FIGURA 9A). De modo geral, os

resultados demonstraram que os macrófagos provenientes de camundongos selvagens

apresentam maior viabilidade em cultura quando comparados com os macrófagos

provenientes de camundongos knockout para Galectina-3 (FIGURA 9B).

35

Figura 8. Análise do Potencial de Infecção In Vitro. Macrófagos peritoneais provenientes dos

camundongos C57Black/6J de genótipos selvagem e knockout para Galectina-3 foram semeados

em placas de 24 poços, infectados com tripomastigotas metacíclicos da cepa Dm28c e cultivados

até o brotamento de tripomastigotas de cultura que foram mensurados através da contagem

utilizando hemocitômetro dos parasitos presentes no sobrenadante. (A) Curso temporal da

infecção, (B) resultado da contagem das formas tripomastigotas no sobrenadante. Os dados foram

estatisticamente analisados por T-student no programa GraphPad Prism 5.0 (* sendo p<0,05).

36

Figura 9. Análise da Viabilidade Celular in vitro no decorrer da infecção pelo Trypanosoma

cruzi. Macrófagos foram obtidos através de lavado peritoneal, semeados em placa de 96 poços

com meio RPMI + 10% SFBI contendo penicilina e estreptomicina em estufa a 37°C. (A) Os

macrófagos foram então infectados com 5 parasitos por célula no momento do plaqueamento para

o ponto de 72 horas de plaquamento, 24 horas após o plaqueamento para o processamento do

ponto de 48h após infecção, e células não infectadas utilizadas como controle negativo. Os poços

foram lavados com PBS pH 7.4 estéril após 24 horas de infecção, no caso das células não

infectadas após o plaqueamento, e sempre antes da adição do MTT (B) As células foram

incubadas por 3 horas com MTT e por 15 horas com solução SDS/HCl e analisadas por

espectrofotometria no comprimento de onda de 495nm. Todas as absorbâncias obtidas foram

normalizadas com o meio das células controle selvagem e estatisticamente analisadas usando o

método two way ANOVA no programa GraphPad Prism 5.0 (* sendo p<0,0001).

37

4.2 Avaliação das alterações nos níveis protéicos de Galectina-3 frente à

infecção pelo T. cruzi.

Foi realizado western blotting com extratos proteicos de macrófagos

provenientes do lavado peritoneal em camundongos C57Black/6J de ambos os genótipos

já citados anteriormente, que foram submetidos a infecção e mantidos em cultura por 2,

4, 8, 16 e 24 horas ou que não tenham sido infectados, mas ainda assim mantidos nas

mesmas condições de cultivo para controle. Os resultados obtidos demonstraram que há

um aumento na quantidade de Galectina-3 no extrato proteico dos macrófagos selvagens,

mantidos em cultura por 8 horas após a infecção, de pouco mais que o dobro da

quantidade de Galectina-3 detectada no controle não infectado, sendo que os níveis de

Galectina-3 aumentada detectados no tempo de 8 horas pós-infecção começam a diminuir

no ponto de 16 horas. Esse resultado refletiu os trabalhos anteriores de Vray e

colaboradores (2004) e Kleshchenko e colaboradores (2004) que demonstraram um

aumento da expressão de Galectina-3 em resposta à infecção. Surpreendentemente

detectou-se a presença de níveis baixos de Galectina-3 no extrato dos macrófagos

provenientes dos camundongos knockout para Galectina-3 mantidos em cultura nos

tempos de até 8 horas pós-infecção, mesmo nas células controle (FIGURA 10).

Figura 10. Avaliação das Alterações nos Níveis Proteicos de Galectina-3 frente a Infecção pelo

Trypanosoma cruzi. Western blotting foi realizado usando 2 x 104 macrófagos coletados de camundongos

selvagens ou knockout para galectin-3. Os macrófagos foram semeados em uma placa de 96 poços, e

infectadas com 10 parasitos por célula. Os extratos foram obtidos por lise diretamente com tampão Laemmli

2x nos tempos de 2, 4, 8, 16 e 24 horas pós infecção. O SDS-PAGE foi realizado em um gel de acrilamida

10%, transferido para membrana PVDF por transferência semiseca e bloqueada com 5% de leite diluído

em TBS + 0,05% Tween-20. Foi feita incubação per noite com anitcorpo anti-Galectina3 proveniente de

hibridoma, diluído em 0,5% de leite em TBS + 0,05% Tween-20 na concentração de 1:50. O controle de

carregamento foi obtido através da incubação com anti-β-Actina. Imagens foram analisadas através do

programa Image Studio Lite version 5.0 (LI-COR Bioscience).

38

4.3 Investigação do perfil de produção de citocinas pró e anti-inflamatórias no

decorrer da infecção pelo T. cruzi.

Já se tem bem estabelecido em literatura que os macrófagos e células dendríticas

são a primeira linha de defesa e consequentemente de infecção pelo T. cruzi. Sendo assim,

moléculas secretadas por esses tipos celulares atuam não só no combate direto ao parasito,

mas também mediando e induzindo a quimiotaxia, ativação e diferenciação de outros

tipos celulares do sistema imune.

Com o intuito observar se há diferença no perfil de citocinas secretadas por esses

macrófagos peritoneais isolados em cultura, realizou-se a quantificação através do

método CBA (Cytometric Bead Array) de algumas citocinas no meio de cultivo de

macrófagos dos camundongos selvagens e knockout para Galectina-3.

Dentre as citocinas analisadas IL-6, IL-2, TNF-α, IFN-γ, IL-17A IL-4 e IL-10

somente TNF-α, IL-6, IL-4 e IL-2 apresentaram níveis detectáveis. Especialmente, para

TNF-α foi verificada uma considerável produção endógena no sobrenadante da cultura

tanto nos macrófagos selvagens de camundongos infectados quanto não infectados. Por

outro lado, os macrófagos knockout apresentaram níveis detectáveis somente após a

infecção (FIGURA 11). Como esperado para TNF-α, estes resultados demonstram que o

parasito desencadeia uma resposta pró-inflamatória in vitro.

Outra citocina que apresentou diferenças significativas entre os genótipos

avaliados foi IL-6, macrófagos selvagens não infectados já apresentaram uma taxa basal

de IL-6 mais alta que macrófagos knockout não infectados (FIGURA 11).

39

Figura 11. Gráficos de quantificação de citocinas no sobrenadante de cultura primária de macrófagos

peritoneais provenientes de camundongos C57Black/6J selvagens e knockouts para Galectina-3. Macrófagos peritoneais foram coletados de camundongos C57Black/6J selvagens e knockout para

Galectina-3, semeados em placa de 96 poços e após 24 horas em cultura foram infectados na proporção de

5 tripomastigotas de cultura/célula. O sobrenadante foi coletado e analisado por CBA em citometria de

fluxo realizada no citômetro BD Accuri C6. Os dados foram gerados e quantificados no programa FCAP

Array Software TM versão 3.0 (Soft Flow Hungary Ltd, BD Biosciences), e plotados no programa GraphPad

Prism 5, onde foram analisados estatisticamente pelo método one way ANOVA, com post-test Bonferroni

(* sendo p<0,0001).

40

4.4 Análise da parasitemia e mortalidade durante a fase aguda da infecção com

cepa Y de T. cruzi.

De posse dos dados in vitro do perfil de infecção pelo T. cruzi em macrófagos

peritoneais de camundongos selvagens e knockout para Galectina-3 tornou-se interessante

avaliar o perfil de resposta imune desses animais frente a infecção in vivo. Para isso, se

fez necessário a utilização de uma cepa que fosse mais virulenta que a cepa TcI Dm28c

anteriormente utilizada nos experimentos em cultura, logo, optamos por utilizar parasitos

da cepa Y que é TCII e seu perfil de infecção é mais intenso (GUHL F. & RAMIREZ

J.D., 2011; ZINGALES B. et al., 2012). Essa mudança de cepas se fez necessário pelo

fato dos camundongos da linhagem C57Black/6J apresentarem maior resistência à

infecção por T. cruzi (POSTAN, M. et al., 1983; POSTAN, M. et al., 1984)

Na literatura são descritas diversas concentrações de inóculo, para diferentes

vias de infecção em camundongos, por isso decidimos avaliar a parasitemia com

diferentes inóculos para escolhermos um inoculo que garantisse a infecção, mas não

levasse a morte precoce dos animais em fase aguda.

Camundongos selvagens foram infectados com 103, 104 e 105 parasitos pela via

de injeção intraperitoneal para observação da parasitemia diária no período de 6-13 dias

pós infecção, determinando assim a melhor concentração para se trabalhar de acordo com

o perfil do pico de parasitemia apresentado e a capacidade de detecção da mesma por

hemocitômetro. Após a contagem em hemocitômetro e analise em gráfico, a maior

concentração de 105 parasitos foi a concentração escolhida para trabalho (FIGURA 12).

Após a padronização da concentração do inóculo para infecção pela injeção

intraperitoneal, 7 camundongos selvagens e 6 camundongos knockout para Galectina-3

foram infectados com 105 tripomastigotas sanguícolas e acompanhados diariamente até o

13° dia para detecção e quantificação de parasitemia por hemocitômetro. O resultado do

experimento demonstrou que camundongos knockout para Galectina-3 infectados com T.

cruzi cepa Y apresentam menor parasitemia quando comparados aos camundongos

selvagens infectados nas mesmas condições (FIGURA 13).

Esses mesmos animais foram mantidos em observação até 30 dias pós-infecção

para análise de sobrevida entre os animais dos diferentes genótipos. Pode-se sugerir que

a mortalidade no camundongo selvagem foi aumentada e com uma tendência temporal

precoce quando comparada com os camundongos knockout para Galectina-3. Porém, ao

analisar estatisticamente os dados, não houve diferença significativa (FIGURA 14).

41

Figura 12. Padronização da Concentração do Inóculo para Infecção in vivo por

Trypanosoma cruzi da cepa Y. Camundongos C57Black/6J foram infectados via injeção

intraperitoneal com diferentes concentrações de tripomastigotas sanguícolas da cepa Y. A

parasitemia foi quantificada diariamente pela diluição de 2µL de sangue em PBS pH 7,4 e os

parasitos mensurados através da contagem em hemocitômetro. Os dados em verde são referentes

a concentração de 103 parasitos, os dados em preto referentes a concentração de 104 parasitos e

os dados em vermelho referentes a concentração de 105 parasitos.

Figura 13. Análise da Parasitemia Comparativa entre Camundongos Isogênicos da

Linhagem C57Black/6J Selvagens e Knockout para Galectina-3 Infectados por Trypanosoma

cruzi da cepa Y. Os camundongos foram infectados via injeção intraperitoneal com 105

tripomastigotas sanguícolas da cepa Y. A parasitemia foi quantificada diariamente pela diluição

de 2µL de sangue em PBS pH 7,4 e os parasitos mensurados através da contagem em

hemocitômetro. Os dados em preto são referentes a parasitemia dos camundongos selvagens e os

dados em vermelho são referentes a parasitemia de camundongos knockout para Galectina-3.

42

Sobrevivência infecção in vivo

(C57 Black/6 wt versus C57 Black/6 Gal-3 KO)

0 5 10 15 20 25 300

50

100

150

C57 Black/6 wild type

C57 Black/6 Gal-3KO

dias

Pe

rce

nta

ge

m

de

so

bre

viv

ên

cia

Figura 14. Gráfico de Sobrevivência Comparativa entre os Camundongos Isogênicos

C57Black/6J Selvagens e Knockout para Galectina-3 Infectados com Trypanosoma cruzi da

Cepa Y. Os animais foram infectados pela via intraperitoneal com 105 tripomastigotas

sanguícolas em PBS 1x estéril. Os dados em vermelho são referentes à percentual de

sobrevivência de animais knockout para Galectina-3 e os dados em preto são referentes à

percentual de sobrevivência de animais selvagens. Os dados obtidos foram analisados

estatisticamente pelo Log-rank (Matel-cox) test no programa GraphPad Prism5.

43

4.5 Investigação fenotípica da esplenomegalia no decorrer da fase aguda pelo

peso do órgão e índices de celularidade.

Após a morte dos animais pode-se observar uma esplenomegalia acentuada nos

camundongos C57Black/6J de ambos os genótipos. Isso nos levou ao desejo de analisar

mais de perto, ou seja, fenotipicamente o perfil imune das células presentes no baço dos

animais infectados ao longo da infecção. Sendo assim, um total de 19 camundongos

C57Black/6J Selvagens foram utilizados para experimentação, onde 5 foram mantidos

não infectados como controle negativo de infecção e 14 animais foram infectados e

eutanasiados nos tempos de 2, 5, 9 e 15 dias pós-infecção. Da mesma forma um total de

18 camundongos C57Black/6J knockout para Galectina-3 foram utilizados para

experimentação, onde 4 animais foram mantidos não infectados para controle negativo

de infecção e 14 animais foram infectados e eutanasiados nos tempos de 2, 5, 9 e 15 dias

pós-infecção. Os animais foram pesados antes da eutanásia e após a eutanásia foram

coletados o baço e o soro para análises fenotípicas (FIGURA 15A)

Os primeiros dados obtidos deste experimento foram a massa do baço dos

animais, onde o peso do baço foi normalizado através da divisão do mesmo pelo peso do

animal e não houve diferença significativa na comparação dos dados obtidos dos

camundongos selvagens comparados com os dados dos camundongos knockout para

Galectina-3 (FIGURA 15B).

A celularidade do baço foi outro parâmetro avaliado, onde o baço dos animais

foi dissociado manualmente em solução salina (PBS pH 7,4) gelada na placa de Petri. As

hemácias foram lisadas e mensurou-se a quantidade de esplenócitos através da contagem

de células em câmara de Neubauer. O que se pôde observar é que quantidade de

esplenócitos aumenta consideravelmente no baço dos animais de ambos os genótipos,

mas que estatisticamente não há diferenças entre a quantidade de células observadas

quando se compara os dados do mesmo dia entre os dois genótipos de camundongos

(FIGURA 15C). Porém um dado interessante é que mesmo com a diminuição abrupta da

quantidade de esplenócitos no 15° dia após a infecção, a massa do baço se mantém alta e

o tamanho do baço é visivelmente maior que no 9° dia após a infecção (FIGURA 16).

44

Figura 15. Investigação Fenotípica do Baço no Decorrer da Fase Aguda da Infecção pelo

Trypanosoma cruzi da Cepa Y Através do Peso do Órgão e Índice de Celularidade. (A)

Esquema experimental com Camundongos C57Black/6J Selvagens e knockouts para Galectina-

3. Os animais foram infectados via injeção intraperitoneal e eutanasiados nos dias 2, 5, 9 e 15

pós-infecção para coleta do baço para análises. (B) O baço foi pesado e normalizado pelo peso do

animal ao longo dos dias de eutanásia. Os dados em preto são referentes a média do peso

normalizado do baço dos camundongos selvagens e os dados em vermelho referentes a média do

peso normalizado do baço dos camundongos knockout para Galectina-3. (C) Os esplenócitos

foram mensurados através da contagem em câmara de Neubauer e comparadas as quantidades de

células entre os diferentes genótipos ao longo da infecção. Os dados foram analisados

estatisticamente no GraphPad Prim 5.0

Figura 16. Figura Ilustrativa da Esplenomegalia Observada nos Animais no 15° Dia de

Infecção por Trypanosoma Cruzi da Cepa Y.

45

4.6 Determinação do percentual de diferentes populações de células T (Totais,

T citotóxicas, T helper, NK, etc), macrófagos/monócitos no decorrer da fase

aguda de infecção pelo T. cruzi.

A primeira população analisada foi a de macrófagos e monócitos, marcados com

CD11+ e F4/80 somente nos animais infectados. Foi observado que em ambos os

genótipos de camundongos há o aumento de macrófagos e monócitos no quinto dia após

a infecção, e de forma significativa estatisticamente no 9° dia após a infecção essa

população cai bruscamente no baço dos animais selvagens o que não se observa no baço

dos camundongos knockouts pra Galectina-3 (FIGURA 17).

Para análise fenotípica das células imunes no baço, foram avaliadas as

porcentagens de linfócitos T totais, linfócitos T ativados, linfócitos T CD4+, linfócitos T

citotóxicos CD8+, células NK, células NK CD8+ e células NK CD4+.

Dentre as populações de linfócitos T avaliadas, pôde-se observar que a

porcentagem de células T totais encontra-se aumentada baço dos camundongos

C57Black/6J selvagens já no segundo dia após a infecção, e essa porcentagem de células

diminui ao longo da infecção até o 9º dia pós-infecção, perfil este que não é observado

quando avaliada a porcentagem dessas células no baço dos camundongos C57Black/6J

knockout para Galectina-3 (FIGURA 18).

Porém, pode-se observar uma tendência na diminuição da porcentagem de

células T citotóxicas CD8+ no baço dos camundongos C57Black/6J selvagens após o 5º

dia de infecção, o que não se observa quando analisamos o gráfico dessa população no

baço dos C57Black/6J knockout para Galectina-3 (FIGURA 18).

As análises de células NK, NK CD8+ ou NK CD4+ não revelaram diferenças

significativas na comparação da porcentagem no baço dos camundongos C57Black/6J

knockouts para Galectina-3 e C57Black/6J selvagens. Porém quando analisamos os dados

do 9º dia pós-infecção observamos que há uma tendência no aumento das células NK nos

camundongos knockouts para Galectina-3 que não se observa nos selvagens, apesar de

não ser estatisticamente significativo (FIGURA 19).

46

Figura 17. Determinação do Percentual de Macrófagos/Monócitos no Decorrer da Fase de

Incubação e Início da Fase Aguda da Infecção por Trypanosoma Cruzi da Cepa Y. Os

esplenócitos obtidos após a lise de hemácias foram contados e ressuspensos em Flow Cytometry

Staining Buffer Solution (eBioscience) e incubados durante 30 minutos com FcBlock CD16/32 a

4°C sobre agitação. Após a incubação com o FcBlock, adicionou-se os anticorpos CD11+ e F4/80

e incubou-se por mais 1 hora a 4°C sobre agitação. Procedeu-se com duas lavagens utilizando

Flow Cytometry Staining Buffer Solution (eBioscience) e seguiu-se para análise em citômetro de

fluxo Accuri C6 (BD Biosciences). Os dados foram plotados no programa GraphPad Prism 5.0

e analisados estatisticamente pelo método two way ANOVA com teste comparativo Bonferroni.

(*** sendo p<0,001).

47

Figura 18. Avaliação das Populações de Linfócitos T no Baço de Camundongos C57Black/6J Selvagens e

Knockout para Galectina-3 Frente a Infecção por Trypanosoma Cruzi. Os esplenócitos obtidos após a lise de

hemácias, foram contados e ressuspensos em Flow Cytometry Staining Buffer Solution (eBioscience) e incubados

durante 30 minutos com FcBlock CD16/32 a 4°C sobre agitação. Após a incubação com o FcBlock, adicionou-se os

anticorpos CD3ε para marcação dos linfócitos T totais; CD3ε e CD4 para marcação dos linfócitos T CD4; CD3ε e CD8

para marcação de linfócitos T citotóxicos e incubou-se por mais 1 hora a 4°C sobre agitação. Procedeu-se com duas

lavagens utilizando Flow Cytometry Staining Buffer Solution (eBioscience) e seguiu-se para análise em citômetro de

fluxo Accuri C6 (BD Biosciences). Os dados foram plotados no programa GraphPad Prism 5.0 e analisados

estatisticamente pelo método two way ANOVA com teste comparativo Bonferroni. (* sendo p<0,05).

48

Células NK

Dia

2

Dia

5

Dia

9

Dia

2

Dia

5

Dia

9

0

5

10

15

20Selvagem

Gal-3 KO

CD

3+ C

D335

+ (

%)

Células NK CD8+

Dia

2

Dia

5

Dia

9

Dia

2

Dia

5

Dia

9

0

5

10

15

20

25Selvagem

Gal-3 KO

CD

3+ C

D335

+C

D8

+ (

%)

Células NK CD4+

Dia

2

Dia

5

Dia

9

Dia

2

Dia

5

Dia

9

0

10

20

30

40

50Selvagem

Gal-3 KO

CD

3+ C

D335

+ C

D4

+ (

%)

Figura 19. Avaliação da População de Células NK no Baço de Camundongos C57Black/6J Selvagens e

Knockout para Galectina-3 Frente a Infecção por Trypanosoma Cruzi. Os esplenócitos obtidos após a lise de

hemácias, foram contados e ressuspensos em Flow Cytometry Staining Buffer Solution (eBioscience) e incubados

durante 30 minutos com FcBlock CD16/32 a 4°C sobre agitação. Após a incubação com o FcBlock, adicionou-se os

anticorpos CD3ε e CD335 para marcação das células Natural Killer (NK); CD3ε, CD335 e CD8 para marcação das

células NK CD8+; CD3ε, CD335 e CD4 para marcação das células NK CD4+ e incubou-se por mais 1 hora a 4°C

sobre agitação. Procedeu-se com duas lavagens utilizando Flow Cytometry Staining Buffer Solution (eBioscience) e

seguiu-se para análise em citômetro de fluxo Accuri C6 (BD Biosciences). Os dados foram plotados no programa

GraphPad Prism 5.0 e analisados estatisticamente pelo método two way ANOVA com teste comparativo Bonferroni.

49

4.7 Relacionar o perfil celular imune com o perfil de produção de citocinas pró

e anti-inflamatórias no decorrer da infecção pelo T. cruzi.

Afim de associar os dados de fenotipagem do baço com o perfil de citocinas

expressos nos animais (IL-6, IL-2, TNF-α, IFN-γ, IL-17A IL-4 e IL-10), foi realizada a

análise do soro dos animais por CBA. O sangue dos mesmos animais infectados utilizados

para o experimento de fenotipagem de células do baço foi coletado quando eutanasiados,

deixados coagular por 30 minutos em temperatura ambiente e centrifugados para

obtenção do soro.

Das citocinas pró-inflamatória analisadas (IL-6, IL-2, TNF-α, IFN-γ) pôde-se

observar que no 9º dia pós-infecção houve um aumento significativo na quantidade de

TNF-α no soro dos animais selvagens em comparação ao soro dos camundongos knockout

para Galectina-3 (FIGURA 20).

No 5º dia pós-infecção pode-se observar que há uma maior quantidade

significativa de IFN-γ no soro dos animais selvagens quando comparada estatisticamente

com a quantidade encontrada no soro dos camundongos knockouts, essa concentração de

IFN-γ nos selvagens tende a se manter mais alta que no soro dos knockouts para

Galectina-3 até o 9º dia pós-infecção. Porém o mais interessante é que no 15º dia pós-

infecção esse perfil é revertido e a quantidade de IFN-γ está bem mais alta no soro dos

camundongos knockout para Galectina-3 e quando analisada se mostrou estatisticamente

significativo (FIGURA 20).

A citocina IL-6 se mostrou baixa durante os primeiros dias de infecção no soro

dos animais de ambos os genótipos, começou a aumentar a concentração de forma igual

no 9º dia pós-infecção e se mostrou bem aumentada no soro dos animais no 15º dia pós-

infecção. Ao 15º dia pôde-se observar também que a quantidade presente no soro dos

camundongos knockouts para Galectina-3 se mostrou mais alto quando comparada a

quantidade encontrada no soro dos animais selvagens, sendo estatisticamente

significativa essa diferença (FIGURA 20).

Outra citocina avaliada foi IL-2, e essa apresentou um resultado muito curioso,

sendo a única das citocinas avaliadas que se manteve em baixas concentrações durante

toda infecção no soro dos camundongos selvagens e knockouts. Contudo, no 15º dias pós-

infecção teve um aumento abrupto de sua concentração no soro dos animais knockouts

para Galectina-3 o que não acontece no soro dos animais selvagens (FIGURA 20).

50

Duas citocinas anti-inflamatórias foram quantificadas no soro dos camundongos

infectados de ambos os genótipos já citados anteriormente, IL-10 e IL-4.

Dentre estas, a única que apresentou níveis diferentes em algum dos dias

analisados foi IL-4. Onde no 15º dia pós-infecção não houve níveis detectáveis dessa

citocina no soro dos camundongos selvagens, já no soro dos camundongos knockouts para

Galectina-3 esta citocina se mostrou em alta concentração (FIGURA 21).

Alguns dados na literatura correlacionam o potencial autoimune da resposta

Th17 com os danos cardíacos devido a infecção pelo T. cruzi. Sendo assim, foi realizada

a quantificação de IL-17a no soro dos animais infectados a fim de observar se há o

aumento dessa citocina na fase inicial da infecção e se existe alguma alteração em sua

concentração dentre os genótipos dos camundongos infectados. Apesar da detecção de

altos níveis de IL-17a no 15º dia pós-infecção, não houve diferença estatisticamente

significativa entre a concentração encontrada no soro dos animais selvagens comparada

ao quantificado no soro dos animais knockouts (FIGURA 22).

51

*

Standart TNF-alfa

1:256

1:128

1:64

1:32

1:16

1:8 1:4 1:2

Top Sta

ndart

0

2000

4000

6000

8000

10000

pg

/mL

TNF-alfa (Soro)

Selvagem

dia

0

Gal-3

KO

dia

0

Selvagem

dia

2

Gal-3

KO

dia

2

Selvagem

dia

5

Gal-3

KO

dia

5

Selvagem

dia

9

Gal-3

KO

dia

9

Selvagem

dia

15

Gal-3

KO

dia

15

0

100

200

300

400

500Selvagem

Gal-3 KO

pg

/mL

Standart IFN

1:256

1:128

1:64

1:32

1:16

1:8 1:4 1:2

Top Sta

ndart

0

2000

4000

6000

pg

/mL

IFN-g (Soro)

Selvagem

dia

0

Gal-3

KO

dia

0

Selvagem

dia

2

Gal-3

KO

dia

2

Selvagem

dia

5

Gal-3

KO

dia

5

Selvagem

dia

9

Gal-3

KO

dia

9

Selvagem

dia

15

Gal-3

KO

dia

15

0

100

200

300

400

500 Selvagem

Gal-3 KO

pg

/mL

Standart IL-6

1:25

6

1:12

81:

641:

321:

16 1:8

1:4

1:2

Top Sta

ndart

0

2000

4000

6000

pg

/mL

IL-6 (Soro)

Selvag

em d

ia 0

Gal-3

KO

dia

0

Selvag

em d

ia 2

Gal-3

KO

dia

2

Selvag

em d

ia 5

Gal-3

KO

dia

5

Selvag

em d

ia 9

Gal-3

KO

dia

9

Selvag

em d

ia 1

5

Gal-3

KO

dia

15

0

500

1000

1500

2000

Gal-3 KO

Selvagem

pg

/mL

Standart IL-2

1:256

1:128

1:64

1:32

1:16

1:8 1:4 1:2

Top Sta

ndart

0

1000

2000

3000

4000

5000

pg

/mL

IL-2 (Soro)

Selvag

em d

ia 0

Gal-3

KO

dia

0

Selvag

em d

ia 2

Gal-3

KO

dia

2

Selvag

em d

ia 5

Gal-3

KO

dia

5

Selvag

em d

ia 9

Gal-3

KO

dia

9

Selvag

em d

ia 1

5

Gal-3

KO

dia

15

0

200

400

600

800Selvagem

Gal-3 KO

pg

/mL

***

*

**

***

Figura 20. Quantificação de citocinas pró-inflamatórias no soro de camundongos C57Black/6J selvagens e

knockouts infectados com Trypanosoma cruzi da cepa Y. O soro foi coletado dos animais segundo o dia pós-

infecção e armazenados no freezer -80ºC até a análise por CBA em citômetro Accuri C6 (BD Biosciences). Os dados

foram gerados e quantificados no programa FCAP Array Software TM versão 3.0 (BD Biosciences), e plotados no

programa GraphPad Prism 5 e analisados estatisticamente pelo método two way ANOVA com teste comparativo

Bonferroni (*** sendo p<0,001 / ** sendo p<0,01 / * = p<0,05).

52

Standart IL-10

1:25

6

1:12

81:

641:

321:

16 1:8

1:4

1:2

Top

Sta

ndar

t

0

5000

10000

15000

20000

pg

/mL

IL-10 (Soro)

Sel

vage

m d

ia 0

Gal

-3 K

O d

ia 0

Sel

vage

m d

ia 2

Gal

-3 K

O d

ia 2

Sel

vage

m d

ia 5

Gal

-3 K

O d

ia 5

Sel

vage

m d

ia 9

Gal

-3 K

O d

ia 9

Sel

vage

m d

ia 1

5

Gal

-3 K

O d

ia 1

5

0

500

1000

1500

2000

2500Selvagem

Gal-3 KO

pg

/mL

Standart IL-4

1:25

6

1:12

81:

641:

321:

16 1:8

1:4

1:2

Top

Sta

ndar

t

0

2000

4000

6000

8000

10000

pg

/mL

IL-4 (Soro)

Sel

vage

m d

ia 0

Gal

-3 K

O d

ia 0

Sel

vage

m d

ia 2

Gal

-3 K

O d

ia 2

Sel

vage

m d

ia 5

Gal

-3 K

O d

ia 5

Sel

vage

m d

ia 9

Gal

-3 K

O d

ia 9

Sel

vage

m d

ia 1

5

Gal

-3 K

O d

ia 1

5

0

100

200

300

Gal-3 KO

Selvagem

pg

/mL

*

Figura 21. Quantificação de citocinas anti-inflamatórias no soro de camundongos

C57Black/6J selvagens e knockout para Galectina-3 infectados com Trypanosoma cruzi da cepa

Y. O soro foi coletado dos animais segundo o dia pós-infecção e armazenados no freezer -80ºC até a

análise por CBA em citômetro Accuri C6 (BD Biosciences). Os dados foram gerados e quantificados

no programa FCAP Array Software TM versão 3.0 (BD Biosciences), e plotados no programa

GraphPad Prism 5 e analisados estatisticamente pelo método two way ANOVA com teste

comparativo Bonferroni (* = p<0,05).

53

IL-17a (Soro)

Selva

gem d

ia 0

Gal

-3 K

O d

ia 0

Selva

gem d

ia 2

Gal

-3 K

O d

ia 2

Selva

gem d

ia 5

Gal

-3 K

O d

ia 5

Selva

gem d

ia 9

Gal

-3 K

O d

ia 9

Selva

gem d

ia 1

5

Gal

-3 K

O d

ia 1

5

0

200

400

600

800Selvagem

Gal-3 KO

pg

/mL

Figura 22. Quantificação da citocina pró-inflamatória IL-17 no soro de camundongos C57Black/6J

selvagens e knockouts infectados com Trypanosoma cruzi da cepa Y. O soro foi coletado dos animais

segundo o dia pós-infecção e armazenados no freezer -80ºC até a análise por CBA em citômetro Accuri C6

(BD Biosciences). Os dados foram gerados e quantificados no programa FCAP Array Software TM versão

3.0 (BD Biosciences), e plotados no programa GraphPad Prism 5 e analisados estatisticamente pelo método

two way ANOVA com teste comparativo Bonferroni.

54

4.8 Clonagem de Galectina-3 selvagem e deletada do domínio de

reconhecimento de carboidrato (mutante ∆CRD) em vetor lentiviral.

Para isolarmos região codificante da proteína Gal-3 (Gal-3wt) na sua forma

selvagem e na ausência do domínio de reconhecimento de carboidratos (CRD), foi feita

uma amplificação pelo método de PCR (Polimerase Chain Reaction) utilizando Pfx DNA

polimerase. Como observado houve a amplificação do produto desejado com os tamanhos

esperados de 351pb para Gal-3CRD e 753pb para Gal-3wt (FIGURA 23).

De posse já dos plasmídeos com a inserção dos amplicons de interesse, seguiu-

se com a transformação de bactérias da cepa DH5α com seleção em meio LB ágar

contendo ampicilina. As colônias obtidas neste meio de seleção foram crescidas em meio

líquido com ampicilina e investigadas por PCR. Brevemente, as colônias foram fervidas

à 100°C por 5 minutos, em água MilliQ, e centrifugadas por 1 minuto a 14000g, o

sobrenadante contendo o DNA plasmidial foi então utilizado como molde na reação de

PCR com a Taq DNA polimerase para confirmação dos clones positivos contento os

insertos Gal-3wt e Gal-3 CRD. Na eletroforese dos produtos da PCR de confirmação

das clonagens em pHIV-puro+, tanto para a região codificante íntegra de Galectina-3,

quanto para a região codificante parcial de Gal-3ΔCRD, observamos que todos os clones

foram positivos (FIGURA 24).

55

Figura 23. Gel de eletroforese das amostras de PCR com Pfx DNA polimerase para obtenção

e massa dos amplicons Gal-3wt e Gal-3ΔCRD. A primeira raia não numerada representa o

marcador de peso molecular GeneRuler 1Kb Ladder (75, 200, 300, 400, 500, 700, 1000, 1500,

2000, 3000, 4000, 5000, 7000, 10000, 20000pb); na raia 1 o controle negativo do mix sem DNA

das reações; nas raias 2 e 3 os produtos da reação de PCR para amplificação da região codificante

íntegra de Gal-3wt; nas raias 5 e 6 os produtos da reação de PCR para amplificação da região

parcial de Gal-3ΔCRD. O gel de agarose foi preparado em tampão TAE (Tris-Acetato 40mM e

EDTA 1mM) na concentração de 1%, sendo o TAE também utilizado como tampão de corrida.

Figura 24. Eletroforese da reação de PCR para confirmação das clonagens no plasmídeo

pHIV-puro+. A raia 1 e a raia 19 representam o marcador de peso molecular GeneRuler 1Kb

Ladder (75, 200, 300, 400, 500, 700, 1000, 1500, 2000, 3000, 4000, 5000, 7000, 10000, 20000pb);

na raia 5 o controle positivo com o plasmídeo pcDNA3.1-Gal3-wt como molde para a

amplificação. Das raias 6 à 17 estão as amostras de PCR realizadas com oligonucleotídeos para

amplificação da região codificante parcial de Gal-3ΔCRD, das raias 20 à 33 as amostras de PCR

realizadas com oligonucleotídeos para amplificação da região codificante íntegra de Gal-3. As

raias 18 e 34 são os controles negativos da reação sem adição de DNA. O gel de agarose foi

preparado em tampão TAE (Tris-Acetato 40mM e EDTA 1mM) na concentração de 1%, sendo o

TAE também utilizado como tampão de corrida.

56

4.9 Transdução da linhagem monocítica THP1 com construções lentivirais e

posterior seleção.

No primeiro dia foi feito o plaqueamento das células HEK293-FT utilizando 5 x

105 células/poço de 35cm2, no segundo dia foi realizada a transfecção propriamente dita

com a adição de 5μg de um dos plasmídeos pHIVs modificados, juntamente com 5μg do

plasmídeo pLP/VSVG, 2,5μg do pLP1 e 2,5μg do pLP2, utilizando como reagente de

transfecção polietilenoimina (PEI) 1μg/μL (Polysciences Inc.). No quarto dia foi coletado

o sobrenadante contendo as partículas virais, e centrifugado a 600g por 5 minutos para

descarte de células presentes no sobrenadante. A seguir, a linhagem THP1 foi transduzida

com partículas virais em meio DMEM 10% SFB complementado com polibreno 10

mg/mL na diluição 1:1000.

Cerca de 24h e 48h após a transdução foi retirado o sobrenadante e adicionado

meio DMEM com 10% SFB contendo a respectiva droga de seleção. Como as partículas

virais com o arcabouço de pHIV-puro-Gal-3wt ou pHIV-puro-Gal-3ΔCRD possuem um

gene que codifica uma proteína que confere resistência à puromicina, somente as células

transduzidas integraram o vírus no seu genoma, sendo resistentes à pressão seletiva com

droga. Sendo assim, adicionamos ao meio de cultivo das células da linhagem THP-1

4µg/mL de puromicina, respectivamente. O meio com puromicina foi renovado a cada

três dias, mantendo a pressão seletiva com a droga até a recuperação e expansão da célula.

4.10 Análise preliminar da infecção nas linhagens depletadas ou

superexpressando Galectina-3 na forma selvagem ou mutante.

Para confirmação da superexpressão das isoformas da proteína Galectina-3 foi

realizada extração proteica total das células transduzidas e selecionadas com puromicina,

seguida do fracionamento das proteínas em SDS-PAGE. Posteriormente, foi realizada

análise de western blotting com anticorpo anti-Gal-3 de hibridoma para comprovarmos

as alterações realizadas.

Podemos observar um aumento nos níveis de Galectina-3 na linhagem

superexpressando a forma íntegra, THP-1 Gal-3, quando comparada com a linhagem com

níveis endógenos de Galectina-3, linhagem THP-1 wild type. Para a depleção por RNAi

podemos observar redução significativa nos índices endógenos de Galectina-3 na

linhagem THP-1 sh-Gal3, quando comparada com linhagem THP-1 wild type e linhagem

THP-1 scramble que expressa um shRNA não relacionado. Para a linhagem THP-1 Gal-

57

3 ∆CRD, não detectamos a banda correspondente ao mutante, uma vez que além de apresentar

baixo peso molecular de 11kDa, esta não é reconhecida como epítopo pelo anticorpo oriundo de

hibridoma. Novos ensaios estão em curso, utilizando um outro anticorpo anti-Gal-3 e um controle

de massa com anti-β-actina para análises por western blotting, além de ensaios de RT-PCR para

corroborarmos as alterações genéticas nas linhagens (FIGURA 25).

Figura 25. Análise dos níveis proteicos de Galectina-3 após Transdução de THP-1. Extrato

proteico total das linhagens THP-1 wild type, THP-1 scramble, THP-1 shGal-3, THP-1 Gal-3,

THP-1 Gal-3 ∆CRD foram obtidos pela lise das células com tampão RIPA, quantificação pelo

método colorimétrico de Bradford, seguido de desnaturação em Laemmli buffer a 95oC por 5

minutos, utilizando 30 µg por raia no SDS-PAGE. Análise por western blotting foi realizada com

IgG de hibridoma anti-Galectina-3 na diluição de 1:50, sendo n=1.

58

5. DISCUSSÃO

Como citado na introdução, a Galectina-3 reconhece através do seu CRD, β-

galactosídeos existentes em glicoproteínas presentes na superfície do parasito, como a

mucina Tc45 (MOODY, T. N. et al., 2000; NDE, T. N. et al., 2012). Esse reconhecimento

facilita a migração do parasito na matriz extracelular e a infecção em células musculares

lisas e dendríticas (KLESHCHENKO, Y. Y. et al., 2004; VRAY, B. et al., 2004; NDE,

T. N. et al., 2012). Sabendo que macrófagos são células fagocíticas profissionais, o intuito

do experimento foi analisar se a Galectina-3 estaria de alguma forma atuando na

promoção da fagocitose parasitária e no sucesso infectivo do T. cruzi, tendo em vista que

a Galectina-3 pode atuar como um PRR (DE SOUZA, 2012).

Nossa ideia experimental inicial foi avaliar a quantidade de parasitos no

sobrenadante de células infectadas, ou seja, buscar associar a liberação de formas

tripomastigotas no meio com a quantidade de parasitos que foram inicialmente

fagocitados e obtiveram sucesso infectivo. Desta forma os resultados obtidos

demonstraram que o brotamento dos tripomastigotas de cultura da cepa Dm28c foi menor

quando infectamos macrófagos provenientes de camundongos C57Black/6J Gal-3 KO,

do que índices quando infectamos macrófagos provenientes de camundongos selvagens.

Sabendo que a Galectina-3 é uma proteína de atuação pleiotrópica e uma de suas

atuações é a participação no controle da morte celular (CHEN, SC. & KUO, PL., 2016;

LI, LC. et al., 2016), decidimos então avaliar a viabilidade celular in vitro dos macrófagos

peritoneais provenientes dos camundongos C57Black/6J dos diferentes genótipos. Pôde-

se observar que de fato os macrófagos provenientes de camundongos knockouts possuem

menor viabilidade em cultura quando comparados com os selvagens. Dado que corrobora

com a publicação de Rabinovich e colaboradores (2002), onde demonstraram por

experimentos in vivo e in vitro que uma das maneiras de Galectina-3 modular a reposta

imune é prolongando a sobrevivência de células imunes.

Mas o interessante foi observar que no ponto de 48 horas após a infecção, os

macrófagos provenientes de camundongos de ambos os genótipos apresentaram um perfil

de células com menor viabilidade, provavelmente decorrente do próprio estresse inicial

da infecção, mas esse perfil foi revertido no ponto de 72 horas exclusivamente nos

macrófagos selvagens e não nos macrófagos knockout. A Galectina-3 está de alguma

forma envolvida com o estímulo de vias de sobrevivência reguladas positivamente pelo

59

parasito ao longo da infecção, igualando-se a viabilidade dos macrófagos infectados com

controle não infectado.

Acreditamos que o menor índice de brotamento de formas tripomastigotas

observado para os macrófagos knockouts esteja relacionado com dois fatores

independentes mediados por Galectina-3: (1) uma menor adesão-invasão pelo T. cruzi

decorrente da ausência de Galectina-3 como PRR nos macrófagos, (2) um menor

percentual de macrófagos viáveis para adesão-invasão pelo T. cruzi ao longo do

experimento. Desse modo, a conjuntura desses dois fatores contribui para um menor

índice endocitico de parasitos e uma menor sobrevivência da célula hospedeira.

Vale destacar que essas observações não foram tomadas com um exsudato

peritoneal estimulado com tioglicolato. A utilização do tioglicolato estimula a migração

de células mononucleares fagocíticas da medula para a cavidade peritoneal, e estas células

mantém parcialmente sua capacidade proliferativa no exsudato peritoneal (VAN FURTH

& COHN, 1968), justamente por este motivo não utilizamos estímulo com tioglicolato.

Sabe-se que na coleta de macrófagos peritoneais, a cultura primária realizada irá

apresentar também um pequeno percentual de fibroblastos, que através da produção de

MGF (Macrophage Growth Factor) mantém as células não diferenciadas em proliferação

(VAN DER ZEIJST et al., 1978). No entanto, a análise de imunomarcação prévia dos

nossos exsudatos com os CDs CD11b e F4/80 específicos para população de macrófagos

murinos apresentou percentuais de células duplamente positivas, CD11b+ F4/80+,

próximos de 100% (dados não mostrados), descartando possibilidade de contaminações

com outras populações em nossas coletas.

De posse dos dados de viabilidade celular tornou-se interessante avaliarmos os

níveis proteicos de Galectina-3 nos macrófagos em cultura, uma vez que Galectina-3 está

diretamente associada com vias de sobrevivência/proliferação. O resultado obtido refletiu

os trabalhos anteriores de Vray e colaboradores (2004) e Kleshchenko e colaboradores

(2004) que demonstraram um aumento da expressão de Galectina-3 em resposta à

infecção.

Porém, foi a presença de Galectina-3 nos extratos obtidos dos camundongos

knockouts que chamou mais a nossa atenção, ao analisarmos a literatura nos deparamos

com a publicação de Hsu e colaboradores (2000) que descreve o processo de inativação

da Galectina-3 nos camundongos C57Black/6J. O knockout murino consistiu na inserção

de gene que codifica proteína de resistência à neomicina (neo+) entre os éxons 4 e 5 do

gene de Galectina-3, garantindo a sua inativação (HSU et al, 2000). A estrutura genômica

60

da Galectina-3 possui 6 éxons onde os éxons 2 e 3 codificam para a porção N-terminal e

os exons 4, 5 e 6 codificam para a porção C-terminal e consequente CRD da proteína.

Em nosso modelo, de alguma forma a infecção desencadeia um estímulo

transcricional sobre o promotor de Galectina-3 levando a produção de uma proteína

híbrida Gal3-neo+ com porção N-terminal truncada e inativa de Galectina-3 apresentando

peso molecular em kDa similar a Galectina-3 íntegra.

Além disso, Hsu e colaboradores (2000) demonstram também que os

macrófagos peritoneais Gal-3 KO possuem maior sensibilidade a estímulos apoptóticos,

o que corrobora com a menor viabilidade celular observada anteriormente com

macrófagos peritoneais sob condições normais de cultivo.

Decidimos então avaliar de forma comparativa a parasitemia pelo T. cruzi nos

camundongos C57Black/6J dos diferentes genótipos. A variabilidade genética entre as

cepas de T. cruzi influenciam na capacidade de infecção do mesmo (ARAÚJO et al.,

2016; LIMA et al., 2015; ZINGALES et al., 2012), por isso optamos pela utilização de

tripomastigotas cepa Y, uma cepa TcII, que possui maior capacidade infectiva in vivo.

Silva e colaboradores (2013) investigaram a susceptibilidade à infecção pela cepa Y de

T. cruzi de diversas linhagens isogênicas de camundongos e observaram uma grande

variação entre elas, principalmente, entre a linhagem A/J que é extremamente susceptível,

e a linhagem C57Black/6J que é mais resistente (SILVA et al, 2013).

Logo, para gerarmos um protocolo de infecção eficiente e detectável, a ponto de

permitir a observação e contagem dos tripomastigotas sanguícolas, camundongos

C57Black/6J selvagens foram infectados com 103, 104 e 105 tripomastigostas sanguícolas

provenientes do soro de camundongos Swiss, e avaliados diariamente, para contagem de

parasitos no sangue para determinar o progresso da parasitemia na fase aguda da doença.

A partir do 6° dia de infecção os animais começaram a apresentar parasitemia, e o pico

se deu entre o 7º e o 9º dia. O que se pôde observar foi que a resistência destes animais à

infecção está mais relacionada à sobrevida dos animais do que ao número de parasitos

necessários para se gerar uma infecção experimental. Isso porque, mesmo animais

inoculados com doses possuindo concentrações baixas de tripomastigotas sanguícolas

geraram uma parasitemia.

Vale ressaltar que os experimentos prévios não apresentados no presente

trabalho, mas realizados com as formas tripomastigotas de cultura e tripomastigotas

metacíclicos das cepas Y, CL Brener e Tulahuen foram todos infrutíferos. Em nenhuma

das cepas e em nenhuma das massas parasitárias utilizadas, 103 a 106 parasitos, obtivemos

61

índices detectáveis de parasitemia em camundongos C57Black/6J. O sucesso que

alcançamos posteriormente foi devido a utilização de formas tripomastigotas de cultura,

juntamente com a utilização da droga imunossupressora ciclofosfamida que foi um fator

determinante no sucesso da infecção em camundongos Swiss para gerar massa parasitária

e assim possibilitar os resultados in vivo com C57Black/6J aqui apresentados com

tripomastigotas da cepa Y.

Buscando observar a fase aguda e mortalidade nos diferentes genótipos de

camundongos C57Black/6J, a maior concentração de parasitos (105) foi escolhida como

inóculo de infecção. A parasitemia em camundongos selvagens foi muito mais alta que

nos camundongos knockout para Galectina-3 e a sobrevida de animais knockout foi maior.

No curso da infecção tecidual, os tripomastigotas modulam o aumento da

expressão de laminina γ-1 (LAMC1), a laminina mais abundante na ECM através da

ativação de ERK1/2 via PLC (Phosphoinositide phospholipase C). LAMC1 é um parceiro

de Galectina-3, e uma vez que a glicoproteína mucina Tc45 de tripomastigotas consegue

se associar com Galectina-3, essa associação serviria de ponte molecular para acesso do

parasito à ECM, intensificando a infecção tecidual das células hospedeiras através do

complexo LAMC1/Galectina-3/Tc45 (MOODY et al., 2000; KLESHCHENKO et al.,

2004; NDE et al., 2012). A interação LAMC1/Galectina-3/Tc45 também auxilia a

migração dos tripomastigotas para a matriz dos tecidos, facilitando a interação com as

células (KLESHCHENKO et al., 2004). Ambos os animais, C57Black/6J wt e Gal-3 KO,

possuem a LAMC1, mas o mediador da interação entre a LAMC1 e a mucina Tc45 não

está funcional nos animais knockout, por isso é de se esperar que a colonização tecidual

por esta via não ocorra da mesma forma nos mesmos.

Para melhor elucidar a resposta imune, e desta forma buscar um perfil que nos

dite a diferença entre a infecção que ocorre nos animais selvagens e knockouts, foram

realizados experimentos de infecção in vivo e in vitro. Uma vez que as passagens

sucessivas de infecção nos camundongos aumentam a virulência dos parasitos,

procuramos normatizar os experimentos in vivo utilizando sempre a massa parasitária de

tripomastigotas sanguícolas da cepa Y, provenientes da segunda passagem em

camundongos C57Black/6J tratados com ciclofosfamida. Dados do grupo demonstram

que após uma média de 8 passagens para produção de massa parasitária destinada aos

experimentos, os camundongos infectados apresentavam uma alta mortalidade, de mais

de 90% antes de completarem 10 dias de infecção (dados não mostrados).

62

Outro ponto analisado foi a esplenomegalia que é frequentemente observada em

infecções experimentais com o T. cruzi (FRANCISCO et al., 2015). Durante o

experimento de infecção o peso corporal dos animais foi mensurado, o baço foi coletado

pós-eutanásia e pesado, com isso gerou-se um gráfico a partir da normalização do peso

do baço com o peso corporal dos animais. Isto foi feito afim de minimizar a possibilidade

de valores tendenciosos, tendo em vista que os animais de diferentes genótipos possuem

disparidade de tamanho. O gráfico gerado demonstrou que há um aumento na massa do

baço dos camundongos infectados de ambos os genótipos, porém não houveram

diferenças significativas quando comparados os dados provenientes de camundongos

selvagens com os dados dos camundongos knockouts.

Outro parâmetro avaliado no baço foi a quantidade de espelenócitos encontrados

no baço ao longo da infecção. O que se pôde observar foi que a quantidade de esplenócitos

aumentou consideravelmente no baço dos animais de ambos os genótipos, mas

estatisticamente não houve diferenças entre a quantidade de células observadas quando

comparamos os dados do mesmo dia entre os dois genótipos de camundongos. Porém,

um dado interessante foi que mesmo com a diminuição abrupta da quantidade de

esplenócitos no 15° dia pós-infecção, a massa do baço se manteve alta e o tamanho do

baço foi visivelmente maior que no 9° dia pós-infecção.

Após a análise de parâmetros gerais do baço, foram feitas imunomarcações para

marcadores de superfície nos esplenócitos para quantificar e caracterizar o perfil de

células imunes presentes no baço durante o curso inicial da infecção. Depois da atuação

de macrófagos/monócitos e células dendríticas na resposta in loco de primeiro momento

contra a infecção por T. cruzi, os linfócitos T, células NK (Natural Killer cells) e

macrófagos ativados são os principais tipos celulares ativados através da indução

principalmente por IL-12 e TNF-α (ANDRADE et al., 2014). Estes tipos celulares estão

envolvidos no desenvolvimento da resposta imune contra a infecção, e secretam

principalmente IFN-γ que levará a diferenciação e ativação de outros tipos celulares

(ANDRADE et al., 2014; JORGE, T.C.A. & CASTRO, S.L., 2000). Por esse motivo, a

avaliação fenotípica da presença dessas células no órgão linfóide secundário como o baço

e a quantificação de citocinas no soro desses animais é um viés interessante, já que

qualquer modificação na expressão e diferenciação destes tipos celulares nos

camundongos knockout para Galectina-3 pode ser um dado chave para o envolvimento

da Galectina-3 no perfil de resposta imune contra o T. cruzi.

63

O percentual de monócitos/macrófagos foi investigado no 2º, 5º e 9º dias pós-

infecção, tendo em vista que estas são as primeiras células preferencialmente infectadas

pelo T. cruzi (HISSA & ANDRADE, 2015). O observado foi que que em ambos os

genótipos de camundongos, há o aumento de macrófagos e monócitos no 5º dia pós-

infecção, e de forma significativa no 9° dia pós-infecção essa população cai bruscamente

no baço dos animais selvagens, o que não se observa no baço dos camundongos knockouts

para Galectina-3 (FIGURA 17).

Como este pico de redução no 9º dia não é observado nos camundongos

C57Black/6J knockouts, esses dados sugerem que boa parte dos macrófagos presentes no

baço desses animais do 2º ao 5º dia pós-infecção são macrófagos infectados que migram

e que se estabelecem no baço. A posteriori, a liberação dos parasitos após a conclusão de

um ciclo de infecção nesses macrófagos é capaz de reduzir a sua população no 9º dia em

camundongos selvagens, mas não em camundongos knockouts. Acreditamos que esta

cinética possa estar diretamente relacionada com a parasitemia nos camundongos

selvagens que tem seu pico de parasitemia no 8-9º dia pós-infecção com 105

tripomastigotas sanguícolas da cepa Y e posteriormente tende a cair significativamente,

enquanto que nos camundongos knockouts há uma cinética de retardo na parasitemia

(FIGURA 13). O que justificaria uma alta concentração de macrófagos vivos no baço de

camundongos knockouts ainda no 9º dia pós-infecção.

O processo infeccioso no baço promove lesão tecidual e consequente inflamação

local, podem ser as causas da esplenomegalia observada ao 15º dias pós-infecção

(FIGURA 16). O controle do T. cruzi no hospedeiro depende tanto da imunidade inata,

quanto da resposta imune adquirida que é ativada durante a fase aguda da infecção, e essa

ativação se faz essencial para a sobrevivência do hospedeiro. Neste processo são ativados

macrófagos específicos (MØ), células NK (natural killer), linfócitos T e B envolvendo a

produção de citocinas inflamatórias do tipo Th1 como IFN-γ (Interferon-γ), TNF-α

(Tumour Necrosis Factor alpha) e interleucina-10 (MACHADO et al., 2012).

Na avaliação dos esplenócitos pôde-se observar que a porcentagem de células T

totais encontra-se aumentada baço dos camundongos C57Black/6J selvagens já no

segundo dia após a infecção, e essa porcentagem de células diminui ao longo da infecção

até o 9º dia pós-infecção, perfil este que não é observado quando avaliada a porcentagem

dessas células no baço dos camundongos C57Black/6J knockout para Galectina-3

(FIGURA 18). Harding e colaboradores (1992) demonstraram que o estímulo de ativação

e proliferação de células T na resposta imune frente uma infecção se dá por moléculas co-

64

estimulatórias. A associação entre as moléculas co-estimulatórias CD28 e B7 gera um

dos sinais mais significativos de indução à proliferação de linfócitos T (HARDING et al.,

1992; TANASKOVIC et al., 2016). E essa observação do aumento de células T no baço

de camundongos selvagens leva a crer que de alguma forma esse estímulo proliferativo

possui a atuação da proteína Galectina-3.

Já os linfócitos T CD4+ não apresentaram diferença estatística significativa nas

porcentagens entre os camundongos dos diferentes genótipos. A ativação de células T

pode ocorrer de forma independente de CD28 quando há o estímulo contínuo e específico

por antígenos (MARTINS et al., 2004), o que explica o porquê que na ausência de

Galectina-3 há a ativação linfocitária. Porém, Demetriou e colaboradores (2001)

demonstraram em publicação que a associação da Galectina-3 com complexos

glicoproteicos restringe o recrutamento de TCR’s e consequentemente modula

negativamente a ativação de células T (DEMETRIOU et al., 2001).

No 9º dia pós-infecção observou-se uma tendência de diminuição na população

de linfócitos T CD8+ nos camundongos selvagens, o que não foi observada nos

camundongos knockouts. Silva-Monteiro e colaboradores (2007) investigaram o perfil do

timo frente a infecção pelo T. cruzi, nos backgrounds genéticos selvagens e Gal-3 KO de

ambas as linhagens de camundongos BALB/c e C57Black/6J identificando nos

camundongos selvagens uma atrofia tímica e uma alta taxa de morte nos timócitos, o que

não foi observado na infecção dos camundongos Gal-3 KO. Este perfil observado para os

camundongos selvagens durante a infecção foi relacionado com alta taxa de apoptose em

células T imaturas no timo e migração dessas células do timo para órgãos linfoides

periféricos, devido a interação com glicoproteínas de superfície celular e aumento na

expressão de Galectina-3 (SILVA-MONTEIRO et al., 2007).

Ademais, Cabral-Piccin e colaboradores (2016) demonstraram que a prevenção

de apoptose de células T no baço de camundongos BALB/C leva a uma reprogramação

na resposta imune com aumento de células T CD8+ e polarização de macrófagos M2 para

M1 (CABRAL-PICCIN et al., 2016). Levantando a hipótese de que a queda de células

CD8+ no 9º dia pós-infecção observada somente nos camundongos selvagens, pode ter

sido subvertida por uma reprogramação imune, que somada a menor taxa de apoptose no

órgão levou ao aumento da quantidade de células CD8+ ao invés da diminuição das

mesmas nos camundongos K.O.

Células NK atuam de forma significativa no controle parasitário frente a infecção

por T. cruzi (ANTUNÉZ & CARDOSO, 2004). As análises de células NK, NK CD8+ ou

65

NK CD4+ não revelaram diferenças significativas na comparação da porcentagem no baço

dos camundongos knockouts e selvagens. Porém, quando analisamos os dados do 9º dia

pós-infecção observamos que há uma tendência no aumento das células NK nos

camundongos knockouts para Galectina-3, o que não se observa nos selvagens. O controle

da resposta à infecção pelo T. cruzi está relacionado principalmente com as células NK,

que através de STAT-1 regulam a expressão de IFN-γ e IL-10 promovendo um balanço

de resposta Th1/Th2 (KULKARNI et al., 2015). A tendência ao aumento desse subtipo

celular observada nos camundongos knockouts pode ser um dos fatores que gera maior

controle da infecção e consequente menor parasitemia nos animais como observamos no

gráfico de parasitemia da figura 13.

Tratando-se das citocinas o IFN-γ é a que possui maior atuação no controle

parasitário durante a infecção pelo T. cruzi através da ativação de macrófagos específicos

que levam à destruição de parasitos pela produção de óxido nítrico e liberação de citocinas

pró-inflamatórias como TNF-α (McCABE et al., 1991; ABEL et al, 2001). Como já

citado, os macrófagos e células dendríticas compõem a primeira linha de defesa contra a

infecção, e ao serem infectados também secretam a citocina pró-inflamatória TNF-α,

cujas ações são autócrinas e parácrinas, potencializando a ativação e produção de óxido

nítrico pelos próprios macrófagos (MACHADO et al, 2012). O IFN-γ tem sua principal

produção pelas células NK que também são estimuladas por TNF-α, atuando de forma

indireta no controle parasitário dos macrófagos infectados com T. cruzi.

Logo, na presença de IFN-γ, os macrófagos são capazes de uma sinalização

autócrina para o combate parasitário através da liberação de TNF-α (SILVA et al., 1995;

GUTIERREZ et al, 2009). Sendo assim, os níveis mais altos de IFN-γ observados nos

animais selvagens demonstra a maior indução de resposta pró-inflamatória nestes animais

para o controle dos parasitas internalizados do que a resposta observada nos animais

knockouts.

O aumento de TNF-α observado no 9º dia pós-infecção pode ser devido a

parasitemia e consequente reinfecção de células e indução de inflamação em diversos

tecidos. Apesar de necessário para controle da parasitemia e ativação do perfil Th1 de

respostam inata, com altos níveis de IFN-γ e TNF-α têm sido associados a patogenia da

fase crônica da doença de Chagas (FIUZA et al., 2009).

Outra citocina que apresentou diferenças significativas entre os genótipos

avaliados foi IL-6, onde nossos dados demonstraram que no 15º dia pós-infecção a

concentração de IL-6 está significativamente mais alta no soro dos camundongos

66

knockouts. A literatura descreve que a Galectina-3 limita a secreção de IL-6 por

macrófagos e regula negativamente a quantidade e função de células Treg (BERNARDES

et al, 2006; FERRAZ et al, 2008; FERMINO et al, 2013). Corroborando com nossos

dados, Fermino e colaboradores (2016) reportam o aumento da expressão relativa do

RNAm de IL-6 após estímulo com LPS em células diferenciadas de medula óssea de

camundongos BALB/c Gal-3 KO quando comparado com a expressão relativa em células

provenientes dos camundongos selvagens.

Esta citocina ao interagir com seu receptor (IL-6R) promove uma cascata de

sinalização que ativa JNK (Janus Kinase) resultando na fosforilação do fator

transcricional STAT3 promovendo a migração do mesmo para núcleo e assim levando a

transcrição de genes alvos de IL-6 como outras citocinas que atuam na resposta

inflamatória e genes envolvidos na sinalização de NF-κB, defesa e citoproteção. Na fase

crônica da doença de Chagas a ativação da via de STAT3 por IL-6 confere aos

cardiomiócitos proteção em resposta ao meio inflamatório (PONCE et al., 2013). Logo,

apesar de IL-6 ser considerada exclusivamente pró-inflamatória na infecção pelo T. cruzi,

nossos dados sugerem que o aumento de IL-6 sérica pode estar promovendo citoproteção

aos camundongos knockouts e diminuição dos danos nos tecidos destes animais.

A citocina IL-2 é considerada uma citocina pró-inflamatória por funcionar como

um fator de crescimento para células T, possuir a capacidade de aumentar o potencial

citolítico de células citotóxicas e por promover a produção de imunoglobulinas por

células B (ROCHMAN, 2009). Apesar de seu papel indutor de proliferação e expansão

clonal de células T, a IL-2 em partes também modula a resposta tolerogênica através da

regulação de células Treg e indução de apoptose em células T pelo sequestro de IL-2 por

células Treg. A deficiência em IL-2 promove redução na população de células Treg, linfo-

proliferação e autoimunidade (FONTENOT et al, 2005; YAO et al, 2007).

Nossos dados demonstraram que IL-2 encontra-se significativamente em maior

concentração no soro dos animais knockouts que nos animais selvagens no 15º dia pós-

infecção. Gonzalez e colaboradores (2016) demonstraram o aumento da expressão

relativa do RNAm de IL-2 e seus níveis proteicos por imunohistoquímica no timo de

camundongos C57Black/6J no 17º dia pós-infecção com tripomastigotas da cepa

Tulahuen. O aumento de IL-2 pode então estar promovendo ausência de supressão de IL-

2 nos camundongos knockouts.

A citocina IL-10 é essencial na imunomodulação da resposta pró-inflamatória

mediada por TNF-α em tecidos de camundongos infectados diminuindo os danos que

67

poderiam ser causados por uma resposta pró-inflamatória exacerbada (HOLSCHER et al,

2000). Num trabalho publicado em 2013, Andrew W. Chung e colaboradores descrevem

a atuação da Galectina-3 na resposta imune inata, na indução da secreção de IL-10 e

principalmente na diminuição da diferenciação de monócitos e recrutamento de células

dendríticas (CHUNG et al., 2013). Porém, em nossos experimentos não houve diferença

significativa na concentração desta citocina no soro dos animais durante a infecção

quando comparamos os knockouts com os selvagens.

Outra citocina anti-inflamatória analisada foi IL-4 que no 15º dia pós-infecção

se apresentou aumentada nos camundongos knockouts. Esta citocina é um fator de

sobrevivência para células dendríticas e juntamente com GM-CSF induz a diferenciação

de progenitores de monócitos e células dendríticas (MAYORDOMO, 1997; THURNER,

1999). IL-4 é necessária para o desenvolvimento e função das células Thelper que são

células de perfil Th2, e atuam na troca de classe de imunoglobulinas (HOLGATE &

POLOSA, 2008). IL-2 e IL-4 são ambos necessários para a indução eficiente do perfil

Th2 de resposta, onde a produção de IL-2 leva à exposição de receptores de IL-4 (IL-4R)

aumentando a responsividade a IL-4 (ROCHMAN et al, 2010).

O que se observa é que aparentemente há uma desregulação no balanço da

regulação do perfil de resposta Th1/Th2 nos camundongos knockouts para Galectina-3,

onde pode-se observar a coexpressão de altos níveis de citocinas de ambos os perfis

Th1/Th2 no 15º dia pós-infecção. Essa coexpressão de citocinas pode estar atrelada

também com a maior sobrevida desses animais, onde mesmo com a expressão de citocinas

pró-inflamatórias, as altas concentrações de citocinas anti-inflamatórias como IL-2 e IL-

4 atuariam impedindo uma resposta inflamatória exacerbada ao longo da infecção,

diminuindo os danos ao próprio.

Apesar de não ser significativa a diferença na concentração sérica de IL-17 entre

os genótipos, pode-se observar que há um aumento considerável na concentração desta

citocina no soro dos camundongos de ambos os genótipos no 15º dia pós-infecção.

Experimentos in vivo e in vitro realizados com camundongos knockouts para IL-17

demostraram que esta citocina interage com ligantes de TLR, IL-1β e TNF promovendo

a indução na produção de metaloproteases e citocinas pró-inflamatórias, e essa indução

de citocinas leva a ativação de células e proteção contra infecções (BOARI et al, 2012;

XU, 2010). Mas sabe-se que esta citocina também possui papel essencial ou funções

auxiliadoras para formação de quadros patológicos no desenvolvimento doenças crônicas

(XU, 2010). Desta forma, seu aumento no 15º dia pode estar relacionado com o aumento

68

da quantidade de parasitos e sítios de infecção nos camundongos. Sendo mais um

mecanismo de suporte do hospedeiro na tentativa de controlar a carga parasitária.

Um outro viés do trabalho foi a obtenção de células da linhagem de monócitos

THP-1 superexpressando a proteína Galectina-3 íntegra e uma isoforma deletada do

domínio de reconhecimento de carboidratos, além da depleção de Galectina-3 por

interferência de RNA. A galectina-3 é uma proteína já descrita na literatura como atuante

na regulação do perfil da resposta imune TH1/TH2 frente outros tipos de infecção, como

fúngica por Paracoccidioides brasiliensis (RUAS et al., 2009) e parasitária por

Toxoplasma gondii (BERNARDES et al., 2006). Sabendo que macrófagos são tipos

celulares capazes de secretar galectina-3 e desta forma sinalizar de forma autócrina ou

parácrina para indução de diferenciação monocitária e produção de espécies reativas de

oxigênio (LIU et al., 1995; CHUNG et al., 2013), estudar a diferença de expressão e a

produção de isoformas mutadas da galectina-3 pode nos auxiliar a elucidar melhor o papel

da galectina-3 na regulação imune frente ao primeiro estímulo causado na infecção pelo

T. cruzi.

Dados do nosso grupo não demonstrados aqui já revelaram que há supressão da

produção de IL-6 e aumento de TNF-α por macrófagos peritoneais 24 horas após a

infecção em cultura. Essa supressão de IL-6 ocorre nos macrófagos provenientes dos

camundongos de ambos os genótipos, porém a produção de TNF-α se mostra em cultura

maior nos macrófagos provenientes dos camundongos gal-3 (-/-). A obtenção de células

de cultura que possuam diferentes fenótipos de expressão da galectina-3 vai nos facilitar

na avaliação do perfil monocitário de diferenciação e resposta, uma vez que manter essas

células em cultura é menos trabalhoso e a gama de possibilidades experimentais aumenta

quando não há necessidade de gerar animais para se obter grandes quantidades de células

o que implicaria em mais tempo e gasto.

Em resumo, acreditamos que a Galectina-3 atua no primeiro momento de

resposta à infecção pelo Trypanosoma cruzi através do controle de ativação dos

macrófagos, e continua regulando o perfil de resposta Th1/Th2 através da sua capacidade

de modular a interação parasito-hospedeiro, a proliferação, ativação, diferenciação e

apoptose de células imunes.

69

6. CONCLUSÕES

Macrófagos peritoneais coletados de camundongos C57Black/6J Gal-3 KO

apresentam uma menor viabilidade em cultura e uma menor adesão-invasão pelo

T. cruzi demonstrando a participação da Galectina-3 em vias pró-sobrevivência e

não só como PRR nos macrófagos.

A infecção pelo T. cruzi aumenta a expressão de Galectina-3 intracelular nos

macrófagos em cultura a partir de 4 horas pós-infecção e se mantém até pelo

menos 24 horas pós-infecção, com pico de expressão em 8 horas pós-infecção.

Na infecção com tripomastigotas sanguícolas da cepa Y, os camundongos

C57Black/6J selvagens apresentam maior parasitemia e mortalidade precoce

quando comparados com os camundongos C57Black/6J Gal-3 KO. Isso aparenta

estar mais relacionado com a susceptibilidade à infecção do que com o controle

imune inato propriamente dito.

Camundongos Gal-3 KO infectados com parasitos da cepa Y apresentam uma

desregulação no balanço dos perfis Th1/Th2 de resposta imune à infecção na fase

aguda, apresentando uma resposta mais tardia na produção das citocinas

analisadas quando comparados com os camundongos selvagens.

70

7. PERSPECTIVAS

Avaliar a taxa de diferenciação e o padrão infectivo de macrófagos diferenciados de

THP1 expressando as diferentes isoformas de gal-3 ou silenciada por shRNA através do

ensaio de brotamento, comparando os resultados entre as linhagens.

Analisar o padrão de resposta imune na fase crônica da infecção in vivo pelo

Trypanosoma cruzi em camundongos C57Black/6J selvagem e knockout para galectina-

3.

Buscar associar os resultados obtidos com análises de imunohistoquímica do baço e

coração dos camundongos infectados para avaliar infiltrados inflamatórios, ninhos de

amastigotas, expressão de galectina-3 e lesão tecidual.

Fechar ao certo os resultados ex vivo, tentando entender a diminuição de imunidade.

71

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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