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Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, SP - CEP 13278-181 [email protected] [email protected] Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE
Trabalho realizado com o incentivo e fomento da Anhanguera Educacional
Gracielle Campos de Paula Jakeline Adriana Flávio
Professor Orientador: Ms. Rafael Melo
Curso: Fisioterapia
FAC. ANHANGUERA DE ANÁPOLIS
Trabalho apresentado no 9º Congresso Nacional de Iniciação Científica - CONIC.
Trabalho apresentado no Evento Interno de Iniciação Científica de Anápolis - 2009.
Trabalho apresentado no XVIII Congresso Nacional Brasileiro de Fisioterapia - Rio de Janeiro. Out. 2009.
Trabalho apresentado no II ENAFI- Encontro acadêmico de Fisioterapia. Nov. 2009.
INVESTIGAÇÃO DO TESTE ALCANCE FUNCIONAL NA POSIÇÃO SENTADA EM CRIANÇAS NORMAIS
ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE
Vol. XII, Nº. 15, Ano 2009
RESUMO
O desenvolvimento de instrumentos de avaliação das habilidades motoras na primeira infância é fundamental ao fisioterapeuta. Diagnósticos realizados apenas em sinais e sintomas, limitam o poder da decisão de qual intervenção trará melhores benefícios, portanto, a avaliação funcional é primordial para uma reabilitação eficaz. A presença de doenças crônicas é detectada pelo exame físico, enquanto que as deficiências no equilíbrio, na força e a resistência, são avaliadas por testes de desempenho físico. Foram avaliadas 128 crianças com desenvolvimento motor relatado típico, com valor médio de idade de 7,3 anos. O peso das crianças variou de 17 kg á 67 kg. A distância média alcançada foi de 42 cm. O teste foi aplicado com rapidez e segurança, e executado sem dificuldade pelas crianças. O uso do Frsit em estudos de intervenção do controle postural na posição sentada deve ser avaliado em estudos adicionais.
Palavras-Chave: avaliação; instrumentos; doenças crônicas; exame físico; desenvolvimento motor.
59 Publicação: 3 de fevereiro de 2011
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60 Investigação do teste alcance funcional na posição sentada em crianças normais
1. INTRODUÇÃO
O Controle postural, integração do controle motor e a do sistema neural, são as
associações de informações sensoriais e uma postura adequada, podendo assim manter o
corpo do individuo em diferentes posições, em diferentes espaços ou ambientes.
É visível a importância de um bom controle postural na vida do ser humano, pois
através dele podemos realizar atividades e tarefas essenciais no nosso dia a dia, existem
vários testes para detectar esses parâmetros, porém é escasso para a posição sentada e que
seja de fácil aplicação clínica.
Este trabalho tem como objetivo verificar a aplicabilidade do teste Alcance
Funcional em crianças na posição sentada, que reconhecidamente vem sendo utilizado em
adulto na posição ortostática.
Em idosos este teste foi criado para avaliação do risco de quedas, determinando
os idosos propensos a cair a partir de uma medida simples e objetiva. O teste
originalmente consiste na realização de uma inclinação anterior de tronco estando o
indivíduo de pé sem retirar os pés do chão. O examinador afere sua capacidade de
controle postural na posição de pé pela distancia alcançada com uma fita métrica.
De acordo com Liao e Lin (2008), o teste Alcance Funcional possui confiabilidade,
e vem sendo utilizado para medir a habilidade do contrapeso dinâmico.
Os resultados encontrados mostraram que os indivíduos participantes adotaram
estratégias distintas durante a realização do teste. As correlações significativas foram
encontradas entre a distância do Alcance e o centro do deslocamento maciço do tornozelo.
Entretanto, em crianças são raros estudos que se utilizam desses instrumentos
simples e objetivos, que possam ser aplicados em clínicas e hospitais para avaliação do
controle postural de crianças que apresentem atraso de seu desenvolvimento motor.
Adicionalmente são escassos dados de estudos a respeito do controle postural de crianças
normais. Portanto se faz necessário estudar este teste inicialmente em crianças com
desenvolvimento típico para posteriormente realizá-lo em crianças com atraso nas
aquisições motoras do desenvolvimento normal, especialmente na posição sentada.
Segundo Figueiredo et al. (2007), entende-se que diagnósticos realizados apenas
em sinais e sintomas dos pacientes, limitam o poder da decisão de qual intervenção trará
melhores benefícios, portanto, a avaliação funcional é primordial para uma reabilitação
eficaz. Entretanto são necessários instrumentos e medidas validados para a população,
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para que seja utilizado na avaliação do equilíbrio e que posteriormente sejam aplicados
em tratamentos.
Neste contexto, torna-se relevante e necessário o desenvolvimento de testes para
crianças entre 4 e 10 anos de idade, faixa etária freqüentemente afetada por doenças que
afetam o desenvolvimento normal das crianças e conseqüentemente interferem
negativamente em sua independência e qualidade de vida. De posse destes testes os
profissionais podem desenvolver novas técnicas e estratégias de tratamento mais eficazes
em estudos futuros.
O estudo presente é, portanto inédito por considerar a aplicação do teste alcance
funcional na posição sentada em crianças.
2. OBJETIVO
Investigar a aplicabilidade do teste Alcance Funcional em crianças com desenvolvimento
motor relatado típico na posição sentada (Frsit).
Verificar se o teste é sensível a diferenças de desempenho entre as 3 tentativas,
entre as crianças de ambos os sexos e faixa etária diferentes.
3. METODOLOGIA
Trata-se de estudo quantitativo, descritivo e transversal. A distância alcançada na posição
sentada na direção anterior (FRsit) foi coletada em 128 crianças com idade cronológica
entre 04 a 10 anos, com desenvolvimento motor típico, em escolas públicas e privadas em
Anápolis-Go, no mês de Agosto. Foram utilizados dois instrumentos para avaliação das
crianças: 1- Um questionário de dados clínicos e cinético-funcionais e 2- O teste Alcance
Funcional Modificado na Posição Sentada. O primeiro foi usado para coleta de dados para
caracterização da amostra contendo dados pessoais e itens que identificavam algum
critério de exclusão, que foi obtido subjetivamente pelas respostas dos pais/responsáveis.
A coleta de dados foi feita em uma sala reservada no ambiente escolar, de modo
individual. Inicialmente foi entregue o termo de consentimento livre e esclarecido para
cada responsável pela criança. Sendo fornecidos pelas pesquisadoras todas as informações
e esclarecimentos necessários a respeito do termo de consentimento e sobre a pesquisa.
Logo após, a criança foi posicionada em um banco sem encosto, com altura adequada para
que mantivesse os pés apoiados no chão, com ombros fletidos a 900 e cotovelos estendido,
punho em posição neutra e dedos flexionados (mãos fechadas). A fita métrica foi
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posicionada paralelamente ao chão, na altura do acrômio de cada criança. A mesma foi
instruída a inclinar-se para frente o máximo possível, sem encostar-se à parede e sem
levantar as nádegas do banco. Houve a manutenção na postura por no mínimo 3
segundos, sendo verificado o deslocamento sobre a fita métrica. A medida anotada foi a
posição em que o 5° metacarpo se encontrava na fita. Foram feitas três tentativas de
alcance funcional e a média dessas, registrada. Todo o procedimento foi realizado em
aproximadamente 5 minutos. Os dados coletados ficaram sob a guarda das
pesquisadoras. O valor médio das três tentativas foi correlacionado com variáveis como,
idade, sexo e comprimento do braço e antebraço. Foram utilizados os Testes de Friedman
e Mann Whitney. Sendo analisados por meio de estatística descritiva (média e desvio
padrão) e utilizando-se testes de correlação das variáveis estudadas.
4. DESENVOLVIMENTO
Conforme Shumway-cook (2001), o Controle Postural envolve o controle da posição do
corpo no espaço a propósito de estabelecer uma orientação; sendo a orientação postural
definida como a capacidade de manter uma adequada relação entre os segmentos do
corpo e o ambiente em uma determinada tarefa; na maioria das tarefas funcionais
mantemos uma orientação vertical do corpo.
Para manter a estabilidade e a orientação corporal, necessitamos de percepções
que envolvem a integração de informação sensorial e ações que é a capacidade de
determinar a adequada força para controlar sistemas da posição do corpo. Assim Controle
Postural é uma complexa interação músculo esquelético e sistema Neural.
Os componentes músculos esqueléticos incluem os movimentos, flexibilidade
espinhal, propriedades musculares e relacionamentos biomecânicos; os componentes
neurais essenciais para a postura envolvem uma sinergia á resposta neuromuscular,
estratégias sensoriais, mecanismos antecipatórios e mecanismos adaptativos.
De acordo com Stokes (2000), o sistema de Controle Postural tem três funções
primordiais, que são de sustentar o corpo; estabilizar as partes de sustentação, enquanto
outras são movimentadas, e equilibrar o corpo em sua base de sustentação. O sistema
postural realiza essas funções com um sistema de correção com feedback, no qual os
desalinhamentos da postura são corrigidos instantaneamente por mecanismos reflexos, e
automaticamente fornece forças antecipatórias para minimizar a perturbação postural ;
esses desequilíbrios são detectados pelos sistemas somatossensorial, sistema visual e
sistema vestibular.
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Segundo Levy (1996), assim é necessário compreender que as atividades motoras
de uma criança concorrem para o desenvolvimento do cérebro e são indispensáveis à
organização do Sistema Nervoso, a ausência de um ambiente cheio de estímulos acarreta
a perda definitiva de funções inatas.
Conforme Gioda e Ribeiro (2006), diferenças nas habilidades motoras
encontradas em crianças de desenvolvimento motor típico da mesma faixa etária, se dão
por uma aquisição genética ou está diretamente relacionado com o meio em que a criança
vive. A aquisição da posição sentada inicia-se aos sete meses, evoluindo para a posição
puppy e conseqüentemente para o uso de quatro apoios. A mudança da posição supina
para a posição sentada diretamente, sem necessidade de intermédio de outras posições,
como o puppy e quatro apoios, acontece no quarto trimestre de vida, e requer grandes
contrações de músculos flexores e extensores; é uma aquisição motora de grande
relevância para a criança, visto que a posição sentada é extremamente necessária para a
realização de varias tarefas durante todo o percurso de vida.
Para Zapater et al. (2004), A criança necessitará da posição sentada por muitos
anos ininterruptos de sua vida, pois como toda criança deve completar o Ensino Médio,
ela permanecerá sentada por no mínimo oito anos de sua vida, cerca de cinco horas
diárias. Entretanto a posição sentada é de suma importância na vida de um indivíduo,
tendo em vista que permite á ele a completa interação social, promovendo o bem estar
físico-mental.
Segundo Paim (2003), na faixa etária de 4 a 6 anos, onde a criança encontra-se na
pré escola, é a etapa do surgimento da fase dos movimentos fundamentais, como a
capacidade de correr, saltar, arremessar, receber, quicar, chutar e suas variadas
combinações; que com devidas mudanças são agregadas aos refinamentos, permitindo a
melhora na habilidade de combinar os movimentos; o que garante a passagem para a
próxima fase de aquisição.
De acordo com Tecklin (2002), durante a primeira infância, que corresponde ao
período de 2 aos 6 anos, a criança adquire novas habilidades motoras, e a partir de então
usará esses novos aprendizados em atividades importantes, refinando os seus
movimentos como: manter a posição de pé mais ereta, ficar agachada por períodos
longos, subir escadas; nesse período também o padrão locomotor do caminhar torna-se
mais desenvolvido e novas habilidades são adquiridas . A segunda infância compreende o
período entre 7 e 10 anos, nessa fase ha um crescimento físico lento, porem permitindo
que as habilidades motoras já adquiridas sejam refinadas.
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Conforme Stokes (2000), em geral as crianças atingem estágios importantes no
desenvolvimento motor em idades semelhantes; quando as crianças não seguem esses
parâmetros, é um indício de que possa haver um distúrbio significante.
Segundo Shepherd (1995), a postura anormal, devido ao desequilíbrio muscular,
na criança possivelmente causará desenvolvimento defeituoso nos ossos, por essa ser a
fase de seu desenvolvimento e posteriormente deformidades graves, acarretando em
incapacidades funcionais, interferindo, portanto diretamente nas atividades de vida
diária.
Os movimentos realizados de forma mais simples como inspirar profundamente,
rotar a cabeça, pegar um objeto, requerem um equilíbrio dos segmentos interligados do
corpo, o que é realizado sobre uma base de apoio; numa pessoa sentada sobre uma
cadeira, a base de apoio compreende os pés e as coxas e quando o indivíduo coloca-se em
pé, essa base são os pés.
Para Umphred (2004), o cérebro, por ser um núcleo múltiplo de circuitos
interligados possui um papel importante nas mudanças emocionais e de comportamento,
na memória na expressão motora. Entende-se que uma lesão em qualquer parte do
cérebro pode causar disfunções graves em algumas ou em todas as áreas; trazendo
comprometimentos secundários em uma parte que não foi lesada.
Existem algumas doenças neurológicas, e essas propiciam um comportamento
motor anormal, o dano no Sistema Nervoso Central altera a capacidade integrativa do
cérebro, fatores metabólicos e mecânicos são igualmente afetados. A paralisia Cerebral é
um distúrbio sensoriomotor que afeta o controle da postura e do movimento, a criança
com paralisia cerebral apresenta déficits de percepção, de aprendizagem, na evolução dos
movimentos e dificuldades na visão.
Segundo Shumway-cook (2001), importantes informações para a manutenção do
Controle Postural são direcionadas á muitos sistemas, e o sistema que é o responsável
pela adaptação é o Cerebelo.
De acordo com Umphred (2004), a perda das conexões do cerebelo como o
restante do cérebro acarreta graves problemas motores difíceis de serem tratados; pois o
cerebelo tem função primordial no aprendizado motor.
Para Delisa (2002), o desequilíbrio é percebido como uma sensação corporal.
Distúrbios que venham a afetar a função visual, vestíbulo-espinhal, somatossensorial,
cerebelar ou motora podem causar desequilíbrios. Alguns fatores que podem favorecer o
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desequilíbrio corporal são AVC, tipos de medicamentos, déficits neurossensoriais
múltiplos, doença cerebelar e neuropatia periférica.
Conforme Stokes (2000), a criança com distúrbio neurológico pode apresentar em
áreas distintas certas necessidades, por isso é necessário que ela tenha uma abordagem
holística no tratamento. E graças às especializações distintas trabalhando juntas, os
problemas vêem sendo tratados da melhor forma, produzindo bons resultados. O
Fisioterapeuta por sua vez, participa de uma equipe multiprofissional, e é um membro
essencial na equipe de avaliação da criança com suspeita de anormalidades de
desenvolvimento neural, assim como da equipe que planeja intervenções ortopédicas e
não cirúrgicas para crianças com distúrbios de marcha e postura.
Para Sullivan (2004), a tomada de decisão clínica no processo de reabilitação
envolve uma série de etapas inter-relacionadas que possibilita ao Fisioterapeuta planejar
um tratamento eficaz, conciliável com as necessidades e objetivos do paciente e de
membros da equipe envolvida com o tratamento deste.
De acordo com Freitas et al. (2006), a presença de doenças crônicas é detectada
pelo exame físico, e as deficiências no equilíbrio e na força, que possivelmente restringem
as atividades de vida diárias, são avaliados por testes de desempenho físico.
Segundo Umphred (2004), as incapacidades, necessitam ser identificadas e
medidas; e para isso são utilizadas as escalas funcionais que determinam à presença e o
grau de tais incapacidades, que podem ser responsáveis pela perda do equilíbrio corporal.
Os testes são importantes para pacientes que estão em dificuldades de encontrar a Linha
Média e/ou manter-se sentadas ou em pé, e são especialmente utilizados em pessoas
idosas.
De acordo com Sullivan (2004), a validade e a confiabilidade de um instrumento
de avaliação se reforçam na repetição dos resultados obtidos por um único examinador,
ou até mesmo resultados consistentes obtidas por examinadores distintos.
Para Freitas et al. (2006), os testes feitos com as escalas funcionais são atrativos,
pois requerem pouco tempo e um rápido treinamento para sua execução, e perdas
funcionais que poderiam passar despercebidas podem ser claramente notáveis.
Existem algumas baterias de testes bem estudados e validados, como a escala de
Equilíbrio de Berg; alguns testes para membros inferiores são bastante usados, como o Get
up and go, e o Controle Postural dinâmico podem ser testados com o teste do Alcance
Funcional, onde o paciente é solicitado a ficar ereto, parado, e esticar o braço para frente o
mais distante possível, ao longo de uma régua fixa. Um alcance de 15 cm ou mais é
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considerado normal e se relaciona com outras medidas de mobilidade, equilíbrio e o risco
de quedas.
De acordo com Tecklin (2002), alguns dos importantes testes existentes para
avaliação pediátrica, são o Gross Motor Function Measure (GMFM) e Gross Motor
Performance Measure (GMPM), ambos utilizados para crianças com Paralisia Cerebral. O
GMFM avalia função motora, sendo um recurso avaliativo da atividade motora total,
enquanto que o GMPM avalia a qualidade do movimento, sendo então, criado para ser
usado paralelo ao GMFM.
Segundo Cury e Magalhães (2006), os terapeutas recebem para tratamento
crianças com diferentes alterações perceptivo-motoras, que necessitam de serem avaliados
com exames físicos, dentre eles o equilíbrio, que interfere diretamente na capacidade
desenvolvimento normal das atividades diárias. Para obter uma avaliação fidedigna são
necessários a complementação de instrumentos com validação científica, tendo em vista
que a ênfase no embasamento científico para prática clínica vem crescendo e estimulando
os terapeutas, para que usem instrumentos padronizados no processo de avaliação.
Conforme Umphred (2004), os terapeutas vêem modificando os testes de pé, para
sentado, para que possa ser facilitada a avaliação do equilíbrio em pacientes neurológicos.
O teste de Alcance Funcional tem sido principalmente utilizado para medir a excursão em
indivíduos sentados, que possuem lesões medulares.
Atualmente vê-se uma grande demanda de testes, porém com pouca
aplicabilidade em ambiente clínico, o que implica em uma pouca utilização. Entretanto ter
acesso ao teste, a criança e conseqüentemente a um bom resultado das intervenções
fisioterapeuticas são os alvos principais; portanto os testes que serão utilizados para
melhor desenvolvimento deste trabalho e a avaliação do equilíbrio corporal, que se
compreende do teste do alcance funcional, levante e ande e a escala de equilíbrio de Berg;
assim temos como objetivo somar novos estudos para melhor eficácia na utilização destes.
Segundo Cury e Magalhães (2006), existem instrumentos padronizados para a
realização da mensuração do equilíbrio corporal em crianças, mas os mesmos nem sempre
avaliam de forma precisa o equilíbrio nas tarefas supra posturais que requer uma ação
intencional do indivíduo e ambiente, como ocorre na vida real. Entretanto existe a
necessidade do desenvolvimento de testes mais funcionais para avaliação do equilíbrio, já
que equilíbrio corporal não tem real valor em si só, mas sim em conjunto com as tarefas de
vida diária, na finalidade de facilitar o alcance de metas.
A escassez de estudos na posição sentada nos despertou a uma procura mais
intensa por esse assunto, notifica-se a importância para serem desenvolvidos, porque
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como vemos, há uma necessidade grande da posição sentada na infância, sendo essencial
um bom equilíbrio postural, pois proporciona à criança uma maturidade nas atividades
diárias; como estudar, realizar higiene pessoal, interagir com outras crianças, dentre
outras. Sabemos que alguns testes descritos anteriormente não foram usados em crianças,
e em especial na posição sentada, por isso temos como meta desenvolvê-los.
Segundo Delisa (2002), crianças que apresentam incapacidades em seu
desenvolvimento sofrem grandes danos na interação com a família e a sociedade. Sentar-
se passivamente é o primeiro estágio atingido por bebês e também por crianças com
problemas de tônus muscular, e outras disfunções. A capacidade de sentar-se é
importante para as atividades educacionais, cuidados pessoais, e dentre outros permite
bom alinhamento articular. De acordo com Shepherd (1995), a manutenção do equilíbrio
durante os movimentos realizados em posição sentada é fundamental para o
funcionamento eficaz na vida cotidiana.
São de extrema importância que sejam desenvolvidos instrumentos de avaliação
para um bom funcionamento do controle postural; pois este apresenta uma suma
importância na vida cotidiana de uma criança e posteriormente em sua vida adulta. É
relevante que estes instrumentos sejam de fácil acesso, de fácil aplicação clínica, e que
tenham dados confiáveis.
A Tabela 1 apresenta os resultados dos testes do Alcance Funcional Anterior na
posição sentada em Crianças normais, contendo as três tentativas e a média de cada uma
delas.
Tabela 1 – Resultados dos testes do Alcance Funcional Anterior.
ALCANCE ANTERIOR MEDant(cm)
Crianças Tentativa 1 (cm)
Tentativa 2 (cm)
Tentativa 3 (cm)
1 22,5 22,5 21 21 2 34,5 31,5 32 41 3 32 32,5 31 41 4 19,5 21,5 19 39 5 24,5 22 25 43 6 27 25 22,5 39 7 27 25,5 24,5 33 8 24 25,5 21 37 9 25,5 25 25,5 36
10 26 25,5 24,5 42 11 31,5 32 33 45 12 35 39,5 34,5 51 13 18,5 20 20,5 48 14 31,5 36 39,5 45 15 29,5 34,5 30 44 16 34,5 35,5 34 43 17 27 30,5 35 42,5 18 32,5 30,5 35 43 19 34 35,5 36,5 44
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68 Investigação do teste alcance funcional na posição sentada em crianças normais
ALCANCE ANTERIOR MEDant(cm)
Crianças Tentativa 1 (cm)
Tentativa 2 (cm)
Tentativa 3 (cm)
20 39,5 39 37,5 50 21 25,5 26 24,5 46 22 36 32,5 31,5 39 23 32 27,5 25 33 24 29 27 30,5 45 25 32 34,5 31 44 26 32,5 26 25,5 42 27 26,5 31 27 42 28 27,5 30 26 40 29 25 24,5 21 38 30 22,5 20,5 18 39 31 28,5 26 25,5 42 32 29 31,5 32,6 38 33 22,5 22 25 38 34 25 22 22,5 40 35 24,5 29 29,5 39 36 29 29 26 40 37 20,5 20 23,5 35 38 18,5 22 20 38 39 29 26,5 27 39 40 24,5 23,5 24 41 41 31,5 34 34,5 41 42 35 31,5 31,5 44 43 29 29 21,5 35 44 26,5 25,5 24 38 45 27 27 32,5 35 46 27,5 26,5 25 35 47 22,5 21 22,5 33 48 21,5 17,5 17 31 49 24,5 22,5 26 32 50 31 32,5 32,5 33 51 30 29 26,5 38 52 22,5 24,5 26 40 53 27 22,5 22 34,5 54 36,5 35,5 36 45 55 35,5 34,5 31 47 56 40 40,5 43 45 57 47,5 47,5 47 48 58 21,5 26,5 27 35 59 31,5 35,5 30 39 60 26,5 26 27,5 36 61 22,5 23,5 26 34 62 32 36 32 37 63 20,5 28 31 36 64 31 31,5 31 35 65 20,5 26,5 28 36 66 27,5 32 32,5 38 67 37 37 40 40 68 32 33 36,5 38 69 28,5 31 31 36 70 27 28,5 28,5 42 71 28 27 27 43 72 33,5 35 36,5 45 73 31 30 31 38 74 26 28,5 33 39 75 25,5 27 30 42 76 28 29,5 27 38 77 30,5 27 26,5 43 78 42 40,5 43,5 43
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ALCANCE ANTERIOR MEDant(cm)
Crianças Tentativa 1 (cm)
Tentativa 2 (cm)
Tentativa 3 (cm)
79 30 28 30,5 43 80 26 25,5 27 43 81 46 50,5 50 48 82 25,5 25,5 26 44 83 35,5 38 38 44 84 36,5 40,5 40,5 46 85 35,5 32,5 32 48 86 30 31 30,5 47 87 35,5 30,5 32,5 54 88 38,5 37 37,5 46 89 38,5 38 40 42 90 45 40 35 48 91 23,5 22 27 43 92 33 33,5 36 53 93 42,5 38 37 47 94 43,5 46 45,5 54 95 42 46 46 54 96 33 33,5 33,5 41 97 37 37 38,5 49 98 43 42 45,5 48,5 99 45 42,5 42,5 47,5
100 37,5 38,5 40,5 42 101 32,5 32 33,5 44 102 45 45 45,5 47 103 27,5 30,5 28,5 40,5 104 33 35,5 33 41 105 37,5 40,5 33 45 106 31 23 26,5 44 107 30 23,5 31 43,5 108 25,5 25,5 26 41,5 109 28,5 30,5 27 43,5 110 31 33 35,5 40 111 31,5 32,5 33 41 112 26 26,5 22,5 37,5 113 20,5 23,5 21 36,5 114 28,5 27 31,5 37,5 115 35 36,5 38,5 40,5 116 30,5 28,5 30 42,5 117 38 38 40,5 37,5 118 35,5 40 40.5 44,5 119 42 40 38,5 43,5 120 33 28,5 28,5 38,5 121 44 35 34 40 122 54 52 54 41 123 57 65 73 36,5 124 44 45 47 35 125 40 42 42 41 126 40 51 55 37 127 56 53 63 39,5 128 53 47 55 39,5
Média 42
Realizado o teste não paramétrico de Friedman para verificar se houve diferença
entre as três tentativas, foi encontrada uma diferença não estatisticamente significante
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70 Investigação do teste alcance funcional na posição sentada em crianças normais
entre elas, apresentando P = 0, 1791 e desvio padrão de 7.82; 8.06; 34.15 respectivamente,
como ilustra o Gráfico 1.
Gráfico 1 – Média e Desvio Padrão.
Para verificar se houve diferença entre os gêneros masculinos e femininos em
relação ao alcance encontrado, foi utilizado o teste Mann-Whitney e observaram-se
diferenças não estatisticamente significativas (P = 0,1540) e desvio padrão de 7.827; 8.389
respectivamente, como ilustra o Gráfico 2.
Gráfico 2 – Média e Desvio Padrão.
Dividindo-se as crianças em dois grupos com diferentes idades, realizado o teste
de Mann-Whitney foi encontrada uma diferença estatisticamente significativa no
desempenho das crianças quando analisadas em dois grupos, obtendo (P < 0.0001); como
ilustra o Gráfico 3.
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XII, Nº. 15, Ano 2009 • p. 59-70
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Gracielle Campos de Paula, Jakeline Adriana Flávio 71
Gráfico 3 – Média e Desvio Padrão.
5. RESULTADOS
Segundo Lévy (1996), a educação motora contribui não apenas para prevenir
deformidades, corrigir má postura e desenvolver aquisições motoras, mas funciona
também como grande fator de equilíbrio da criança. A maturação pós-natal do Sistema
Nervoso reveste-se no homem, de importância extremamente considerável, um ambiente
cheio de estímulos e interação é de muita relevância na organização do Córtex cerebral,
pois ele é extremamente sensível ás condições do meio ambiente físico, social e cultural.
Assim, um mau amadurecimento neurológico pode retardar no processo físico da
criança, isso é decorrente de doenças neurológicas a criança poderá apresentar disfunção e
alterações musculoesqueléticas, as quais vão afetar o controle postural.
De acordo com Freitas et al. (2006), a presença de doenças crônicas é detectada
pelo exame físico, e as deficiências no equilíbrio e na força, são avaliados por testes de
desempenho físico.
Entretanto são necessárias pesquisas que estudem a aplicabilidade dessas escalas
funcionais, para que de maneira mais evidente sejam utilizadas em ambientes clínicos.
No estudo não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas nos
gêneros e nas três tentativas realizadas pelas crianças.
Quanto a faixa etária estudada, as crianças foram divididas em dois grupos, de 4
a 7 anos e de 8 a 10 anos. Portanto foram encontradas diferenças estatisticamente
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72 Investigação do teste alcance funcional na posição sentada em crianças normais
significativas, sendo que, as crianças de maior idade (8 a 10) obtiveram melhor alcance
funcional do que o grupo de menor idade (4 a 7).
Entretanto com a realização desse estudo, é notável a necessidade de novos
estudos na posição sentada e em crianças sem disfunção motora, por se tratar de uma
posição extremamente importante.
Segundo Delisa (2002), a capacidade de sentar-se é importante para as atividades
educacionais, cuidados pessoais, e dentre outros permite bom alinhamento articular.
As escalas funcionais são importantes por se tratar de testes simples e de baixo
custo para sua aplicação.
Conforme Freitas et al. (2006), os testes feitos com as escalas funcionais são
atrativos, pois requerem pouco tempo e um rápido treinamento.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aplicabilidade do teste foi confirmada, pois se trata de um teste simples de fácil
entendimento pelo paciente, de baixo custo, rápido para ser aplicado e que requer pouco
treinamento do Fisioterapeuta.
É necessário também que se obtenha a disponibilidade de um instrumento de
avaliação e dados condizentes ao controle postural infantil, principalmente na posição
sentada, pois se trata de uma posição constantemente utilizada pela criança.
Segundo Zapater (2004), a criança necessitará da posição sentada por muitos
anos ininterruptos de sua vida, quando considerada que a criança adota essa posição, em
todos seus anos escolares.
Estudos que propõem a avaliação do controle postural sentado em crianças com
desenvolvimento motor normal devem ser incentivados, levando-se em consideração a
escassa quantidade de trabalhos publicados sobre o tema.
Para Sullivan (2004), a validade e a confiabilidade de um instrumento de
avaliação se reforçam na repetição dos resultados.
Portanto para a utilização rotineira em ambiente clínico do (Frsit) para avaliação
de crianças, são necessários estudos adicionais.
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XII, Nº. 15, Ano 2009 • p. 59-72
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Gracielle Campos de Paula, Jakeline Adriana Flávio 73
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XII, Nº. 15, Ano 2009 • p. 59-73
PARECER DE APROVAÇÃO DE COMITÊ
Pesquisa autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Anhanguera Educacional –
(CEP)/AESA - em 02/09/2009, por meio do parecer: 022/2009.
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ANUIC_n15_miolo.pdf 73 13/04/2011 09:14:50
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