31
Investigação judicial eleitoral 1.1 Aspectos gerais A investigação judicial eleitoral está prevista na Lei Complementar nº 64/90. A investigação judicial visa apurar o uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político, prestando-se para a declaração de inelegibilidade e cassação de registro de candidatos. Busca proteger, dentre outros valores, a liberdade do voto do cidadão, a lisura do pleito, a igualdade de oportunidades entre os candidatos e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência e o abuso do poder. I - Competência: Juízo Eleitoral responsável pelo registro de candidatos nos termos da Resolução TRE/SP nº 184/07. II - Legitimidade ativa: Ministério Público Eleitoral, partido político, coligação e candidato. Nas eleições municipais o Diretório Municipal é parte legítima para ajuizar AIJE: “Partido Político - representação - diretório - define a regularidade da representação a natureza do ato e, em relação a este, a circunscrição em que praticado, tratando-se de controvérsia sobre eleições municipais, o Diretório Municipal representa o partido, inclusive quanto a interposição de recurso para o Tribunal Superior Eleitoral.” (Acórdão nº 11708, proferido nos autos do Agravo regimental em Agravo de Instrumento nº 11708, Relator o e. Ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello, julgado em 21/07/94) “Os Partidos Políticos gozam de autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento (Art. 17, § 1º da CF). Dispondo de órgãos internos que atuem nos níveis Municipal, Estadual e Nacional (art. 11, parágrafo único da Lei nº 9096/95), há que ser observada a distribuição de atribuições prevista no estatuto do partido político. Nesse contexto, salvo expressa disposição estatutária em contrário, a atuação do Diretório Municipal restringe- se tão somente às eleições municipais, pois surge daí o seu interesse processual. Em se tratando de eleições estadual e federal o Diretório Municipal carece de legitimidade e interesse para intervir no processo eleitoral.” (Acórdão nº 143406, proferido nos autos do Agravo em Representação nº 12552, Relator Décio de Moura Notorangeli, do E. Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, julgado em 25/07/02) O mero eleitor não possui legitimidade para intentar ação de investigação judicial eleitoral. Caso haja desistência da investigação judicial eleitoral pelo representante, o Ministério Público possui legitimidade para assumir a sua titularidade, sempre que se defrontar com fatos que possam comprometer a lisura do pleito eleitoral. Nesse sentido é a jurisprudência, “verbis”:

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Investigação judicial eleitoral

1.1 Aspectos gerais A investigação judicial eleitoral está prevista na Lei Complementar nº 64/90.

A investigação judicial visa apurar o uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do

poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em

benefício de candidato ou de partido político, prestando-se para a declaração de inelegibilidade e

cassação de registro de candidatos.

Busca proteger, dentre outros valores, a liberdade do voto do cidadão, a lisura do pleito, a

igualdade de oportunidades entre os candidatos e a normalidade e legitimidade das eleições

contra a influência e o abuso do poder.

I - Competência: Juízo Eleitoral responsável pelo registro de candidatos nos termos da

Resolução TRE/SP nº 184/07.

II - Legitimidade ativa: Ministério Público Eleitoral, partido político, coligação e candidato.

Nas eleições municipais o Diretório Municipal é parte legítima para ajuizar AIJE:

“Partido Político - representação - diretório - define a regularidade da representação a

natureza do ato e, em relação a este, a circunscrição em que praticado, tratando-se de

controvérsia sobre eleições municipais, o Diretório Municipal representa o partido, inclusive

quanto a interposição de recurso para o Tribunal Superior Eleitoral.” (Acórdão nº 11708,

proferido nos autos do Agravo regimental em Agravo de Instrumento nº 11708, Relator o e.

Ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello, julgado em 21/07/94)

“Os Partidos Políticos gozam de autonomia para definir sua estrutura interna, organização e

funcionamento (Art. 17, § 1º da CF). Dispondo de órgãos internos que atuem nos níveis

Municipal, Estadual e Nacional (art. 11, parágrafo único da Lei nº 9096/95), há que ser

observada a distribuição de atribuições prevista no estatuto do partido político. Nesse contexto,

salvo expressa disposição estatutária em contrário, a atuação do Diretório Municipal restringe-

se tão somente às eleições municipais, pois surge daí o seu interesse processual. Em se tratando

de eleições estadual e federal o Diretório Municipal carece de legitimidade e interesse para

intervir no processo eleitoral.” (Acórdão nº 143406, proferido nos autos do Agravo em

Representação nº 12552, Relator Décio de Moura Notorangeli, do E. Tribunal Regional

Eleitoral de São Paulo, julgado em 25/07/02)

O mero eleitor não possui legitimidade para intentar ação de investigação judicial eleitoral.

Caso haja desistência da investigação judicial eleitoral pelo representante, o Ministério Público

possui legitimidade para assumir a sua titularidade, sempre que se defrontar com fatos que

possam comprometer a lisura do pleito eleitoral.

Nesse sentido é a jurisprudência, “verbis”:

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“RECURSO – INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL – INELEGIBILIDADE – LEI

COMPLEMENTAR N. 64/90 – PEDIDO DE DESISTÊNCIA – IRRELEVÂNCIA –

INDISPONIBILIDADE DA PRETENSÃO – MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. A

investigação judicial eleitoral instaurada com fundamento na Lei Complementar nº 64/90, para

apurar abuso de poder econômico visando à decretação de inelegibilidade, cuida de matéria

eminentemente de ordem pública e assim é de ser tratada, não se admitindo às partes transacionar

a respeito. Daí ser irrelevante pedido de desistência formulado pelo representante, mesmo

com a anuência do representado, porquanto a legitimidade atribuída àquele pelo art. 22 da

Lei Complementar n. 64/90 não lhe confere titularidade da pretensão disponível, podendo o

Ministério Público assumir o pólo ativo da ação ou opor-se à desistência, quando o acordo

entre as partes puder frustrar a mens legis.” (Acórdão nº 16.033, proferido no Recurso em

Registro de Candidato referente ao processo n. 443, Classe XI, da 92ª Zona Eleitoral, Criciúma,

Relator o Juiz Paulo Leonardo Medeiros Vieira, julgado em 19.08.99)

Aquele que argüir, de forma temerária ou de manifesta má-fé, inelegibilidade ou impugnação de

registro de candidato por interferência do poder econômico, desvio ou abuso de poder de

autoridade, estará sujeito às penalidades impostas pelo art. 25 da LC nº 64/90.

III- Legitimidade passiva:

Pessoa Física, candidato ou não, uma vez que a inelegibilidade é prevista para “quantos hajam

contribuído para a prática do ato”, conforme disposto no art. 22, inciso XIV, da LC nº 64/90.

“TRATANDO-SE DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL, QUE VISA A APURAR AS

TRANSGRESSÕES PERTINENTES A ORIGEM DE VALORES PECUNIÁRIOS, ABUSO

DO PODER ECONÔMICO OU POLÍTICO, EM DETRIMENTO DO VOTO, O NÃO-

CANDIDATO, TAMBÉM POSSUI LEGITIMIDADE PARA FIGURAR NO PÓLO

PASSIVO DA RELAÇÃO JURÍDICIA PROCESSUAL.” (Acórdão nº 23344, proferido

nos autos da Representação nº 006, Relator o Des. Tadeu Costa, do E. Tribunal Regional

Eleitoral do Paraná, julgado em 27/09/99).

Por outro lado, as Pessoas Jurídicas não possuem legitimidade passiva em investigação judicial

eleitoral, uma vez que não são a elas aplicáveis as sanções de inelegibilidade e cassação de

registro.

“RECURSO ORDINÁRIO. ELEIÇÃO 2002. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL

ELEITORAL. PESQUISA ELEITORAL SEM REGISTRO. PESSOA JURÍDICA.

ILEGITIMIDADE PASSIVA. FALTA DE POTENCIALIDADE. NEGADO

PROVIMENTO. I- Manifesta a ilegitimidade de pessoas jurídicas para figurar no pólo

passivo de representação que busca a aplicação da sanção de inelegibilidade e

cassação de registro. II- Fato isolado que não possui potencialidade para desigualar os

candidatos a cargo público não se presta para caracterizar a violação do art. 22, XIV,

LC nº 64/90.” (Acórdão nº 717, proferido nos autos do Recurso Ordinário nº 717,

Relator o e. Ministro Francisco Peçanha Martins, julgado em 04/09/03)

IV - Prazo para ajuizamento: não há início e termina com a data da diplomação:

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A jurisprudência firmou o entendimento de que a data final é aquela em que ocorre a sessão de

diplomação do candidato eleito, após a qual os interessados poderão utilizar-se do recurso contra

a expedição de diploma e a ação de impugnação de mandato eletivo.

“AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL. PRAZO PARA A PROPOSITURA. AÇÃO PROPOSTA

APÓS A DIPLOMAÇÃO DO CANDIDATO ELEITO. DECADÊNCIA CONSUMADA.

EXTINÇÃO DO PROCESSO. A ação de investigação judicial do art. 22 da Lei Complementar

nº 64/90 pode ser ajuizada até a data da diplomação. Proposta a ação de investigação judicial

após a diplomação dos eleitos, o processo deve ser extinto, em razão da decadência.” (Acórdão

nº 628, proferido nos autos da Representação nº 628, Relator o e. Ministro Sálvio de Figueiredo

Teixeira, julgado em 17/12/02)

V - Rito processual : Esta ação deve obedecer ao rito do art. 22 da LC nº 64/90

1.2 Julgamento - Conseqüências

Ação Julgada Procedente

Antes da eleição: De acordo com o disposto no art. 22, inciso XIV, da Lei Complementar nº 64/90, “o Tribunal

declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a prática do ato,

cominando-lhes a sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 3 (três) anos

subseqüentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro do candidato

determinando a remessa dos autos ao Ministério Público Eleitoral, para instauração de processo

disciplinar, se for o caso, e processo-crime, ordenando quaisquer outras providências que a

espécie comportar”.

Após a eleição: Será declarada a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a prática

do ato, cominando-lhes a sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 3 (três)

anos subseqüentes à eleição em que se verificou, além de remessa de cópias do processo ao

Ministério Público Eleitoral, para os fins previstos no art. 14, §§ 10 e 11 da Constituição federal

e art. 262, inciso IV, do Código Eleitoral.

Assim, não há que se falar em perda do objeto por não ter eficácia de coisa julgada a

investigação judicial julgada procedente após a eleição, conforme entendimento do e. Tribunal

Superior Eleitoral:

“Investigação judicial a que se refere a LC nº 64/90. Procedência. Sanção de inelegibilidade. 1)

Julgada procedente a investigação após a eleição do candidato, é lícito ao Tribunal aplicar ao

representado a sanção de inelegibilidade para as eleições subseqüentes. 2) Em tal caso, a

conseqüência do julgamento não é apenas a de proceder-se à remessa de cópias ao Ministério

Público Eleitoral. 3) Recurso especial não conhecido.” (Acórdão nº 15.024, proferido nos autos

do Recurso Especial Eleitoral nº 15.024-RN, Relator o e. Min. Nilson Naves, julgado em

05.05.1998)

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Captação ilícita de sufrágio (41-A)

2.1 Aspectos gerais A previsão legal para a ação de captação ilícita de sufrágio está no artigo 41-A da Lei nº

9.504/97.

Destina-se a apurar a prática irregular de obtenção de votos mediante o oferecimento de

vantagem ou bem ao eleitor.

I - Legitimidade ativa: Ministério Público Eleitoral, partido político, coligação e candidato.

II - Legitimidade passiva: candidato.

III - Prazo para ajuizamento: inicia-se com o pedido de registro de candidatura e se encerra

com a diplomação.

IV - Competência: Juízo Eleitoral responsável pelo registro de candidatos, nos termos da

Resolução TRE/SP nº 184/07.

V - Rito processual: Esta ação deve obedecer ao rito do art. 22 da LC nº 64/90

2.2 Julgamento - Conseqüências

Antes da diplomação: Cassação do registro.

Após a diplomação: Cassação do diploma.

As punições para a conduta prevista no art. 41-A são as especificadas no próprio dispositivo

legal: perda do registro ou do diploma e multa.

Não há que se falar em aplicação das penas ou das providências estabelecidas nos incisos XIV e

XV do art. 22 da LC nº 64/90.

2.3 Jurisprudência

Direito Eleitoral Contemporâneo: Doutrina e Jurisprudência, Coordenador Min. Sálvio de

Figueiredo Teixeira, Editora Del Rey, 2003, págs. 565 e 566:

“A execução de sentença ou acórdão da instância originária, nos casos de captação de

sufrágio vedada por Lei (Lei nº 9.504/97, art. 41-A), é imediata.”

“ Considera-se autor da captação de sufrágio o candidato que praticar, participar ou

mesmo anuir explicitamente com as condutas abusivas e ilícitas capituladas no art. 41-A

da Lei nº 9.504/97.”

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“ O rito a ser observado na instrução das representações por captação de sufrágio é o

previsto nos incisos I a XIII do art. 22 da Lei Complementar nº 64/90.”

“ Nas eleições majoritárias, julgado procedente o pedido na ação proposta com

fundamento no art. 41-A da Lei 9.504/97 ou no art. 262 do Código Eleitoral, caso o

representado tenha sido eleito, com a cassação do seu diploma, poder-se-á ter mais da

metade dos votos nulos, aplicando-se aí o disposto no art. 224 do Código Eleitoral, com a

realização de novo pleito.”

“O termo inicial para representar por infração ao art. 41-A é a partir do requerimento do

registro da candidatura. (Acórdãos nºs 19.229, de 05.06.01, relator Ministro Fernando

Neves e 19.566, de 26.04.02, relator Ministro Sálvio de Figueiredo).”

“Para a tipificação da conduta é necessário que o candidato seja o autor da ação, ou dela

tenha participado ou anuído (Acórdão nº 19.566, relator Ministro Sálvio de Figueiredo) e

deve ter por fim a obtenção do voto (dolo específico). Apenas o eleitor pode ser sujeito

passivo da conduta (Acórdão nº 19.176, relator Ministro Sepúlveda Pertence).”

O bem jurídico protegido pela norma é a vontade do

eleitor e não o resultado das eleições

“As promessas de campanha no sentido de manter programa de benefícios (Acórdão

2790, de 08.05.2001, relator Ministro Fernando Neves), ou o compromisso de

atendimento de reivindicações impessoais formuladas por lideranças de um determinado

segmento social (Acórdão nº 19.176, relator Ministro Sepúlveda Pertence), são hipóteses

de composição de interesses políticos, que é moeda legítima dos pleitos. As promessas

feitas em palanques dirigidas indistintamente a toda a comunidade, a promessa de ajuda

na realização de qualquer obra de interesse comunitário fazem parte do debate político.”

(Direito Eleitoral Contemporâneo: Doutrina e Jurisprudência, Coordenador Ministro

Sálvio de Figueiredo Teixeira, Editora Del Rey, 2003, págs. 225/228, por Alexandre

Afonso Barros de Oliveira, Assessor-chefe do gabinete do Ministro Sepúlveda Pertence –

TSE

“Investigação Judicial Eleitoral – Art. 22 da LC nº 64/90 e 41-A da Lei 9.504/97 -

Decisão posterior à proclamação dos eleitos – Inelegibilidade – Cassação de diploma –

Possibilidade – Inciso XV do art. 22 da LC nº 64/90 – Não aplicação.

1. As decisões fundadas no art. 41-A têm aplicação imediata, mesmo se forem proferidas

após a proclamação dos eleitos”. (Resp. nº 19.587, julgado na sessão de 21.3.2002, Rel.

Min. Fernando Neves)

Captação ilícita de sufrágio (L. 9.504/97, art. 41-A) – Representação julgada procedente

após a eleição – Validade da cassação imediata do diploma: inaplicável o art. 22, XV, da

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LC 64/90, por não implicar declaração de inelegibilidade”. (Ag. nº 30442, julgado na

sessão de 19.3.2002, Rel Min. Sepúlveda Pertence).

Desse modo, não há necessidade de que seja interposto recurso contra a diplomação ou

ação de impugnação de mandato eletivo para o fim de cassar o diploma, mesmo que a

decisão ocorra após a proclamação ou a diplomação dos eleitos.

“Representação – Art. 41-A da Lei 9.504/97 – Captação de sufrágio vedada por lei –

Comprovação – Aplicação de multa – Decisão anterior à diplomação – Cassação do

diploma – Possibilidade – Ajuizamento de ações próprias – Não necessidade.

1. A decisão que julgar procedente representação por captação de sufrágio vedada por

lei, com base no art. 41-A da Lei nº 9.504/97, deve ter cumprimento imediato, cassando o

registro ou o diploma, se já expedido, sem que haja necessidade da interposição de

recurso contra a diplomação ou de ação de impugnação de mandato eletivo”. (Acórdão

nº 19.739)”

(Direito Eleitoral Contemporâneo: Doutrina e Jurisprudência, Coordenador Ministro Sálvio de

Figueiredo Teixeira, Editora Del Rey, 2003, págs. 229/236, por Mária Lúcia Siffert Faria

Silvestre, Assessora-Chefe do gabinete do Ministro Fernando Neves – TSE).

Irregularidade na arrecadação e gastos de recursos (30-A)

3.1 Aspectos gerais A ação por irregularidade na arrecadação e gastos de recursos está prevista no artigo 30-A da Lei

9.504/97.

I - Legitimidade ativa: Ministério Público Eleitoral, partido político, coligação, candidato.

II - Legitimidade passiva: candidato.

III - Prazo para ajuizamento: não há início e, quanto ao término, há decisão de que até a data

da diplomação.

“REPRESENTAÇÃO COM FUNDAMENTO NO ART. 30-A DA LEI Nº 9.504/97 –

CAPTAÇÃO ILÍCITA DE RECURSOS – ALEGAÇÃO DE DISPARIDADE ENTRE BENS

DECLARADOS PELO CANDIDATO NA FASE DE REGISTRO DE CANDIDATURA E

VALOR DOADO À PRÓPRIA CAMPANHA CONFORME CONSIGNADO NOS AUTOS DA

PRESTAÇÃO DE CONTAS – PROPOSITURA DA REPRESENTAÇÃO APÓS

DECORRIDOS MAIS DE 6 (SEIS) MESES DA DATA DA DIPLOMAÇÃO DOS

CANDIDATOS ELEITOS NO PLEITO DE 2006 – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR –

EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, NOS TERMOS DO ARTIGO

267, INCISO VI, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.” ACÓRDÃO TRE/SP Nº 159.048, DE

08/11/2007, REL. DES. MARCO CÉSAR.

IV - Competência: Juízo Eleitoral responsável pelo registro de candidatos nos termos da

Resolução TRE/SP nº 184/07.

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V - Rito processual: Esta ação deve obedecer ao rito do art. 22 da LC nº 64/90

3.2 Julgamento - Conseqüências Comprovados captação ou gastos ilícitos de recursos, para fins eleitorais, será negado diploma ao

candidato, ou cassado, se já houver sido outorgado.

Mandado de segurança. Ação de investigação judicial eleitoral. Art. 30-A da Lei n° 9.504/97.

Execução imediata. Agravo regimental improvido. Por não versar sobre inelegibilidade o art.

30-A da Lei das Eleições, a execução deve ser imediata, nos termos dos arts. 41-A e 73 da

mesma lei.” – TSE - Mandado de Segurança nº 3567, de 04.12.2007, Rel. Min. Cezar Peluso.

Doações e contribuições acima dos limites legais

4.1 Aspectos gerais

A lei regula as doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro (bens ou serviços), provenientes

de pessoas físicas ou jurídicas para o financiamento das campanhas políticas.

Os recursos destinados às campanhas eleitorais devem vir acompanhados das respectivas

identificações das doações, em formulário próprio constante do anexo da Lei nº 9.504/97, e

devem ter as seguintes origens:

a. recursos próprios - até o limite máximo de gastos para a candidatura fixado pelo partido

b. doações de pessoas físicas - 10% dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior ao da

eleição

c. doações de pessoas jurídicas - 2% sobre o faturamento bruto do ano anterior ao da eleição

d. doações de comitês financeiros ou partidos - limite de gastos para a campanha

e. repasse de recursos provenientes do Fundo Partidário

f. receita decorrente da comercialização de bens ou serviços

I - Legitimidade ativa: Ministério Público Eleitoral, partido político, coligação e candidato.

II - Prazo para ajuizamento: não há.

III - Competência: Juízo Eleitoral designado na Res. TRE/SP nº 184/07.

IV - Rito processual: O rito está previsto no art. 96 da Lei nº 9.504/97

Tabela comparativa:

Previsão Legal Legitimidade Passiva e

Limite de contribuição Sanção

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Art. 23 (doações e

contribuições

Pessoa física - 10% Multa no valor de 5 a 10 vezes o

excesso verificado

Pessoa jurídica - 2% Sanção do art. 81

Art. 81 Pessoa jurídica - 2%

Multa no valor de 5 a 10 vezes a

quantia em excesso, proibição de

participar de licitação pública e

celebrar contrato com o Poder

Público por 5 anos

4.2 Jurisprudência

O acesso a informações sobre o faturamento das empresas deverá ser obtido mediante a

publicação dos mesmos ou caso seja necessário acesso aos dados da Receita Federal, deverá ser

requerido à Justiça Eleitoral, não podendo o Ministério Público Eleitoral requerer diretamente

àquele órgão. Julgados: Acórdão TRE/SP nº 158.561, de 24.07.2007; Acórdão TRE/SP nº

158.642, de 23.08.2007.

Prazo para ajuizamento, limite de valor para doações, cerceamento de defesa: Acórdão

TRE/GO nº 1.443, de 14.05.2007.

Representação Eleitoral. Pessoa Jurídica. Preliminar de Intempestividade. Ilegitimidade

passiva. Cerceamento de defesa. Impossibilidade jurídica do pedido. Preliminares rejeitadas.

Doação excedente. Limite 2%. Faturamento bruto. Ocorrência. Representação julgada

procedente. Aplicação multa. Proibição contratar com Poder Público.

1. Segundo recente decisão do Tribunal Superior Eleitoral inexiste prazo para a propositura de

Representação Eleitoral prevista no artigo 96, § 5º, da Lei 9.504/97, (Respe 21.199).

2. Pessoa Jurídica que faça doação à campanhas de vários candidatos em valor excedente ao

limite previsto no artigo 81, § 1º, da Lei 9.504/97, é parte legítima para figurar no pólo passivo

da representação, uma vez que será a única a arcar com as sanções ali previstas.

3. Não há cerceamento de defesa quando o rito previsto na lei é plenamente observado.

4. Não há impossibilidade jurídica de pedido na cumulação de aplicação de multa e de

proibição de contratar com o Poder Público pelo prazo de cinco anos, a pessoa jurídica, no

âmbito da mesma representação, sujeita ao mesmo rito procedimental, por se tratarem de

sanções de aplicação cumulada, previstas no artigo 81, §§ 2º e 3º, da Lei 9.504/97

(Precedentes: TRE-ES, RES 24 – TRE-MT, AC. 14.600).

5. O limite de 2% para doações feitas por pessoas jurídicas, previsto no artigo 81, § 1º, da Lei

9.504/97, objetiva assegurar a saúde financeira da empresa, por isso mesmo refere-se ao

montante doado durante toda a campanha política, não importando se o excesso é decorrente de

doações feitas a um ou mais candidatos.

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"Constatada a doação em excesso, deve-se aplicar a multa prevista no § 2º, do artigo 81, da

Lei 9.504/97, bem como a proibição de contratar com o Poder Público, consoante § 3º, do

mesmo artigo.”

Condutas vedadas aos agentes públicos (art. 73 a 77)

5.1 Aspectos gerais

As condutas vedadas aos agentes públicos encontram previsão legal nos arts. 73 ao 77 da Lei nº

9.504/97 e nos arts. 42 ao 45 da Resolução TSE nº 22.718/08.

Em resumo, tais condutas consistem na utilização indevida de bens públicos, serviços e

servidores em benefício de campanha eleitoral.

Representação pela prática de condutas vedadas visa apurar, coibir e penalizar agentes públicos,

servidor ou não, que exerça, mesmo transitoriamente, mandato, cargo, emprego ou função nos

órgãos ou entidades da administração direta, indireta ou fundacional, e que durante as campanhas

eleitorais assumam condutas comissivas ou omissivas a ferir os princípios da moralidade e da

isonomia, tendentes a influir no pleito eleitoral, à normalidade e legitimidade das eleições, a

ocasionar desequilíbrio na disputa.

I - Legitimidade ativa: Ministério Público Eleitoral, partido político, coligação, candidato.

II - Legitimidade passiva: partido político, coligação, candidato e agentes públicos.

III - Prazo para ajuizamento: inicia-se com o registro da candidatura e termina com a data

da realização da eleição, sob pena de carência da ação por falta de interesse processual –

Acórdão TSE nº 25.935, de 20/06/06, rel. Min. Cezar Peluso.

IV - Competência: Juízo Eleitoral responsável pelo registro de candidatos, nos termos da

Resolução TRE/SP nº 184/07.

V - Rito processual: O rito é facultativo. O juiz eleitoral poderá adotar o rito estabelecido no art.

22 da LC nº 64/90 ou o rito do art. 96 da Lei 9.504/97

5.2 Julgamento - Conseqüências

A primeira ação é fazer cessar a conduta irregular ou impedir sua realização.

A multa a ser aplicada é no valor de cinco a cem mil UFIR, duplicadas a cada reincidência.

O registro ou diploma será cassado.

Outras conseqüências estão elencadas nos arts. 73 a 78 da Lei nº 9.504/97.

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5.3 Jurisprudência

“Representação. Mensagem eletrônica com conteúdo eleitoral. Veiculação. Internet

de Prefeitura. Conduta vedada. Art. 73, I, da Lei nº 9.504/97. Caracterização.

1. Hipótese em que a Corte Regional entendeu caracterizada a conduta vedada a que se

refere o art. 73, I, da Lei das Eleições, por uso do bem público em benefício de candidato,

imputando a responsabilidade ao recorrente. Reexame de matéria fática. Impossibilidade.

2. Para a configuração das hipóteses enumeradas no citado art. 73 não se exige a

potencialidade da conduta, mas a mera prática dos atos proibidos. 3. Não obstante, a

conduta apurada pode vir a ser considerada abuso do poder de autoridade, apurável por

meio de investigação judicial prevista no art. 22 da Lei Complementar nº 64/90, quando

então haverá de ser verificada a potencialidade de os fatos influenciarem o pleito. 4. Não

há que se falar em violação do sigilo de correspondência, com ofensa ao art. 5º, XII, da

Constituição da República, quando a mensagem eletrônica veiculada não tem caráter

sigiloso, caracterizando verdadeira carta circular. Recurso especial não conhecido.”

(Acórdão TSE nº 21.151, de 27.03.2003, Rel. Ministro Fernando Neves).

“Conduta vedada – Art. 73, I, d, Lei nº 9.504/97 – Uso de veículo – Polícia Militar –

Caráter eventual – Conduta atípica. Cassação do registro – Representação – Art. 96 da

Lei nº 9.504/97 – Possibilidade.

1. A melhor interpretação do inciso I, do art. 73 da Lei nº 9.504/97 é aquela no sentido de

que a cessão ou o uso de bens públicos móveis e imóveis em benefício de candidato ou

partido ocorra de forma evidente e intencional. 2. A aplicação da penalidade de cassação

do registro de candidatura pode decorrer de violação ao art. 73 da Lei nº 9.504/97,

apurada mediante representação prevista no art. 96 da mesma lei.” (Acórdão TSE nº

18.900, de 10.05.2001, Rel. Ministro Fernando Neves).

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. ART. 73, VI, b, DA LEI Nº 9.504/97.

AUTORIZAÇÃO E VEICULAÇÃO DE PROPAGANDA INSTITUCIONAL.

Basta a veiculação de propaganda institucional nos três meses anteriores ao pleito para

que se configure a conduta vedada no art. 73, VI, b, da Lei nº 9.504/97,

independentemente de a autorização ter sido concedida ou não nesse período. Porém, em

se tratando de placas referentes a obras, é necessário que se tenha a comprovação

da responsabilidade efetiva do candidato para que lhe seja aplicável a pena

pecuniária (art. 73, § 4º, da Lei nº 9.504/97). Precedentes. Provimento do agravo para

que subam os autos principais.” (Acórdão TSE nº 4.365, de 16.12.2003, Rel. Ministra

Ellen Gracie).

“Representação. Investigação Judicial. Art. 22 da Lei Complementar nº 64/90. Art. 73,

inciso II, § 5º, da Lei nº 9.504/97. Cestas básicas. Distribuição. Vales-combustível.

Pagamento pela Prefeitura. Eleições. Resultado. Influência. Potencialidade. Abuso do

poder econômico. Conduta vedada. Inelegibilidade. Cassação de diploma. Possibilidade.

1. A comprovação da prática das condutas vedadas pelos incisos I, II, III, IV e VI do art.

73 da Lei nº 9.504/97 dá ensejo à cassação do registro ou do diploma, mesmo após a

realização das eleições.” (Acórdão TSE nº 21.316, de 30.10.2003, Rel. Ministro Fernando

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Neves).

“Propaganda institucional estadual. Governador. Responsabilidade. Ano eleitoral. Média

dos últimos três anos. Gastos superiores. Conduta vedada. Agente público. Art. 73, VII,

da Lei nº 9.504/97. Prévio conhecimento. Comprovação. Desnecessidade.

1. É automática a responsabilidade do governador pelo excesso de despesa com a

propaganda institucional no estado, uma vez que a estratégia dessa espécie de

propaganda cabe sempre ao chefe do poder executivo, mesmo que este possa delegar

os atos de sua execução a determinado órgão de seu governo. 2. Também é

automático o benefício de governador, candidato à reeleição, pela veiculação da

propaganda institucional do estado, em ano eleitoral, feita com gastos além da

média dos últimos três anos. Recurso conhecido e provido.” (Acórdão TSE nº 21.307,

de 14.10.2003, Rel. Ministro Francisco Peçanha Martins).

“Recurso especial – Admissão e dispensa de servidores temporários – Conduta vedada –

Art. 73, V, da Lei nº 9.504/97 – Dificultar ou impedir o exercício funcional –

Caracterização – Reexame de fatos e provas – Impossibilidade – Atos que podem

também configurar abuso do poder político a ser apurado por meio de investigação

judicial, na forma do art. 22 da Lei Complementar nº 64/90. Recursos especiais não

conhecidos.” (Acórdão TSE nº 21.167, de 08.04.2003, Rel. Ministro Fernando Neves).

“Embargos de declaração – Contradição – Inexistência.

1. A contratação e demissão de servidores temporários constitui, em regra, ato lícito

permitido ao administrador público, mas que a lei eleitoral torna proibido, nos três meses

que antecedem a eleição até a posse dos eleitos, a fim de evitar qualquer tentativa de

manipulação de eleitores. 2. A contratação temporária, prevista no art. 37, IX, da

Constituição Federal, possui regime próprio que difere do provimento de cargos

efetivos e de empregos públicos mediante concurso e não se confunde, ainda, com a

nomeação ou exoneração de cargos em comissão ressalvadas no art. 73, V, da Lei nº

9.504/97, não estando inserida, portanto, na alínea ‘a’ desse dispositivo. 3. Para

configuração da conduta vedada pelo art. 73 da Lei das Eleições, não há necessidade de

se perquirir sobre a existência ou não da possibilidade de desequilíbrio do pleito, o que é

exigido no caso de abuso de poder. 4. As condutas vedadas no art. 73 da Lei nº 9.504/97

podem vir a caracterizar, ainda, o abuso do poder político, a ser apurado na forma do art.

22 da Lei Complementar nº 64/90, devendo ser levadas em conta as circunstâncias, como

o número de vezes e o modo em que praticadas e a quantidade de eleitores atingidos, para

se verificar se os fatos têm potencialidade para repercutir no resultado da eleição. 5. O

uso da máquina administrativa, não em benefício da população, mas em prol de

determinada candidatura, reveste-se de patente ilegalidade, caracterizando abuso do

poder político, na medida em que compromete a legitimidade e normalidade da eleição.

6. Embargos rejeitados.” (Acórdão TSE nº 21.167, de 21.08.2003, Rel. Ministro

Fernando Neves).

“agravo regimental. provimento. recurso especial. art. 73, iv, da lei nº 9.504/97. serviço

de cunho social custeado pela prefeitura municipal, posto à disposição dos cidadãos.

ampla divulgação. ocorrência da prática vedada, a despeito de seu caráter meramente

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potencial. responsabilidade dos candidatos, pela distribuição dos impressos, defluente da

prova do cabal conhecimento dos fatos. art. 22, xv, da lc nº 64/90. a adoção do rito desse

artigo não impede o tre de aplicar a cassação do diploma, prevista no art. 73, § 5º, da lei

nº 9.504/97, bem como não causa prejuízo à defesa. art. 14, § 9º, da cf/88. não implica

nova hipótese de inelegibilidade prever-se a pena de cassação do diploma no referido art.

73, § 5º, da lei nº 9.504/97. dissídio pretoriano. não-ocorrência. ausência do cotejo

analítico. aplicação da súmula nº 291/stf. recurso não conhecido.

– A mera disposição, aos cidadãos, de serviço de cunho social custeado pela

Prefeitura Municipal, por meio de ampla divulgação promovida em prol de

candidatos a cargos eletivos, importa na violação do art. 73, IV, da Lei das Eleições.

– A responsabilidade dos candidatos pela distribuição dos impressos deflui da

circunstância de que tinham cabal conhecimento dos fatos, tanto que

acompanharam pessoalmente a distribuição daquele material. – Ainda que adotado o

rito previsto no art. 22 da LC nº 64/90, não está o Regional impedido de aplicar a

cassação do diploma estabelecida no art. 73, § 5º, da Lei nº 9.504/97. Precedentes.

Também não há falar que isso importe em prejuízo à defesa. – Não consiste em nova

hipótese de inelegibilidade a previsão, no indigitado art. 73, § 5º, da Lei nº 9.504/97, da

pena de cassação do diploma, que representou tão-somente o atendimento, pelo

legislador, de um anseio da sociedade de ver diligentemente punidos os candidatos

beneficiados pelas condutas ilícitas descritas nos incisos I a IV e VI desse artigo. –

Inviável o dissídio pretoriano alegado, à falta do indispensável cotejo analítico.

Incidência do Verbete Sumular nº 291/STF. – Recurso especial de que não se conhece.”

(Acórdão TSE nº 20.353, de 17/06/2003, Rel. Ministro Barros Monteiro).

Resolução TSE nº 21.806, de 08/06/04, rel. Min. Fernando Neves – “Consulta.

Recebimento. Petição. Art. 73, V, da Lei 9.504/97. Disposições. Aplicação.

Circunscrição do pleito. Concurso público. Realização. Período eleitoral. Possibilidade.

Nomeação. Proibição. Ressalvas legais. 1. As disposições contidas no art. 73, V, Lei

9.504/97 somente são aplicáveis à circunscrição do pleito.(...)”

Petição nº 2.138, requerente Subsecretaria de Comunicação Institucional na Presidência

da República, Ministro Marco Aurélio, Decisão: “Publicidade Institucional – Período de

três meses que antecedem as eleições – Concurso do ITA – Neutralidade sob o ângulo

eleitoral – Autorização.”, em 04/09/06.

A vedação de utilização de bem público não abrange bem público de uso comum,

Acórdão TSE nº 24.865/04 e 4.246/05.

É permitida a prestação de serviço social custeado ou subvencionado pelo poder

público nos três meses que antecedem à eleição, o que não é permitido é a utilização

deste serviço para beneficiar campanha de candidato, partido político ou coligação,

Acórdão TSE nº 5.283/04.

É permitida a permanência de placas de obras públicas desde que não contenham

expressões que possam identificar autoridades, servidores ou administrações cujos

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dirigentes estejam em campanha eleitoral, Acórdãos TSE nºs 57/98, 19.326/01 e

24.722/04.

Processamento das representações nos moldes do artigo 22 da Lei nº 64/90

6.1 Disposições gerais

O rito previsto no art. 22 da LC 64/90 poderá ser usado nos seguintes casos:

Ação de Investigação Judicial Eleitoral por uso indevido, desvio ou abuso do poder

econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida dos meios de comunicação

social (art. 22 da LC 64/90);

Representações com base nos artigos 30-A e 41-A da Lei nº 9.504/97;

Representações com base nos artigo 73, 74, 75, 76 e 77 da Lei nº 9.504/97, podem

obedecer aos ritos do art. 22 da LC 64/90 ou do art. 96 da Lei 9.504/97, facultados ao

Juiz Eleitoral

6.2 Processamento

I - Recebimento da petição inicial, com protocolo consignando data e horário de forma legível

pelo cartório eleitoral.

Se houver pedido de liminar, conclusão imediata ao Juiz Eleitoral para apreciação e, se for a

liminar deferida, deverá ser o representado e/ou quem de direito notificado do teor da decisão,

publicando-a para ciência do representante.

II - Registro no Livro de Registro Geral de Feitos Cíveis e Administrativos do cartório eleitoral e

autuação. Em seguida abrir conclusão ao juiz eleitoral.

III - Verificar se estão presentes alguns dos requisitos previstos no art. 22 da Lei Complementar

nº 64/90 e no artigo 282 do Código de Processo Civil:

competência: caso o Juízo Eleitoral não seja o competente para apreciação da matéria –

sugestão de despacho:

se a inicial é subscrita por advogado e se está acompanhada do respectivo mandato;

cópias da inicial e dos documentos que a acompanham, ainda incluindo cópia das mídias (CD,

DVD, outros), se houver, para contrafé dos representados. Caso não as apresente, antes da

conclusão certificar nos autos.

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IV - Despacho inicial, deferindo ou indeferindo a abertura da investigação judicial.

Se for indeferida a representação, caberá o recurso previsto no art. 265 do Código Eleitoral para

o Tribunal Regional Eleitoral.

“REPRESENTAÇÃO - LEI COMPLEMENTAR Nº. 64/90 - INVESTIGAÇÃO JUDICIAL -

RENOVAÇÃO. - INDEFERIMENTO DA INICIAL PELO MAGISTRADO A QUO -

RENOVAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO PERANTE A CORTE REGIONAL -

INAPLICÁVEIS, IN CASU, POR TRATAR-SE DE ELEIÇÕES MUNICIPAIS, AS

DISPOSIÇÕES CONTIDAS NO ARTIGO 22, INCISO II, DA LEI COMPLEMENTAR Nº.

64/90 - INCOMPETÊNCIA DO TRIBUNAL PARA DECIDIR, ORIGINARIAMENTE, A

INVESTIGAÇÃO JUDICIAL - NÃO CONHECIMENTO - REMESSA DOS AUTOS AO

JUÍZO COMPETENTE.” (ACÓRDÃO Nº 14704, PROFERIDO NOS AUTOS DO PROCESSO

Nº 323, RELATOR WILSON AUGUSTO DO NASCIMENTO, DO E. TRIBUNAL

REGIONAL ELEITORAL DE SANTA CATARINA, JULGADO EM 03/04/97)”

Se o juiz retardar a decisão sobre o deferimento ou não do requerimento, poderá o interessado

reclamar perante o Tribunal Regional Eleitoral.

V - Se for deferida a abertura, o representado será notificado por meio de carta (conforme art.

223, parágrafo único do CPC) ou pessoalmente (oficial de justiça) por meio de mandado,

entregando-se cópia da inicial e dos documentos que a acompanham, a fim de que apresente

defesa, no prazo de 05 (cinco) dias, podendo juntar documentos e apresentar rol de testemunhas

(art. 22, inciso I, alínea ‘a’, da Lei Complementar nº 64/90).

A notificação por oficial de justiça é o meio mais recomendado, tendo em vista a demora no

retorno do recibo de entrega pelos correios.

VI - Apresentada a defesa, o cartório deverá juntá-la aos autos. Se o representado não apresentar

defesa ou se esta for intempestiva, antes de juntá-la, o cartório deverá certificar o decurso do

prazo.

A ausência de contestação ou sua apresentação extemporânea não geram a presunção de

veracidade dos fatos alegados pelo representante. Primeiro, pela falta de previsão expressa.

Segundo, porque a ação de investigação eleitoral só cuida de direitos indisponíveis, com

inarredável prevalência do interesse público em seu processamento. Por fim, de acordo com o

disposto no art. 23 da Lei Complementar nº 64/90, o juiz formará a sua convicção pela livre

apreciação dos fatos e das provas produzidas no curso do processo. Não há que se falar, portanto,

na aplicação dos efeitos da revelia.

Nesse sentido é o entendimento do c. Tribunal Superior Eleitoral:

“RECURSO ORDINÁRIO. INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. DECRETAÇÃO DE

REVELIA. IMPOSSIBILIDADE. ABUSO DO PODER ECONÔMICO E POLÍTICO. PROVA

INCONCUSSA. NECESSIDADE. 1. Na ação investigatória judicial, instaurada para os fins do

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artigo 22 da Lei Complementar nº 64/90, descabe a decretação de revelia e confissão, por

depender a procedência da representação de prova inconcussa dos fatos tidos como violadores do

texto legal, sendo o procedimento probatório inteiramente independente da formalização

tempestiva e adequada da defesa dos representados. 2. A configuração do abuso do poder

econômico exige prova inconcussa. precedentes. Recurso ordinário desprovido.” (Acórdão nº

382, proferido nos autos do Recurso Ordinário nº 382 – Classe 27ª - RS, Relator o e. Ministro

Maurício Corrêa, julgado em 23/11/99)

VII - Decorrido o prazo da defesa, com ou sem sua apresentação, se o MPE não for o autor os

autos serão encaminhados em seguida ao referido órgão.

O Ministério Público, quando não figurar como parte na investigação judicial, participará como

fiscal da lei, devendo ser intimado pessoalmente de todos os atos do processo, nos termos do art.

236, § 2º, do Código de Processo Civil e art. 18, inciso II, letra “h”, da Lei Complementar nº

75/93.

No início do período eleitoral, cada chefe de cartório deve acordar com o respectivo juiz eleitoral

se há necessidade do cartório abrir conclusão para ele despachar determinando o

encaminhamento ao Ministério Público ou se este pode ser feito independentemente de despacho

do juiz eleitoral (no Tribunal adotou-se o encaminhamento direto).

“Consulta: ‘É necessária a intimação pessoal nos autos do promotor eleitoral nos processos

eleitorais administrativos e contenciosos?’- Resposta afirmativa. Aos promotores de justiça dos

Estados, enquanto no exercício de atividades concernentes a justiça eleitoral, aplicam-se as

prerrogativas da Lei Complementar nº 75/93, eis que a atuação dos mesmos perante os juízes e as

juntas eleitorais ocorre por força de delegação legal. Dentre as prerrogativas que são outorgadas

pelo mencionado diploma legal está a de os integrantes da instituição receberem intimação

pessoal nos autos em qualquer processo e grau de jurisdição nos feitos em que tiverem que

oficiar. Inteligência dos arts. 18, inc. II., item "h", 78 e 79 da Lei Complementar nº 75/93. De

outro lado, toda matéria concernente aos processos eleitorais, quer administrativos, que

contenciosos, e de ordem pública, razão que por si torna imprescindível a presença e a efetiva

atuação do Ministério Público em todos os processos eleitorais.” (Acórdão nº 340896, proferido

nos autos do processo nº 340896, Relatora Adelina Gurak, do E. Tribunal Regional Eleitoral de

Tocantins, julgado em 23/07/96)

VIII - Após, abre-se o lapso de 5 dias para oitiva de testemunhas arroladas, que comparecerão

independente de intimação, ressaltando que sua apresentação é de responsabilidade das partes.

Não configura cerceamento de defesa, o indeferimento de pedido de adiamento de audiência em

razão da ausência injustificada de testemunha, se as partes tiverem sido dela regularmente

intimadas, através de seus advogados. Caso o não comparecimento da testemunha seja

justificável, cumpre ao interessado requerer, no próprio termo de audiência, as providências

necessárias à complementação de sua prova.

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“Ementa: PROCESSUAL ELEITORAL: SENTENÇA. PROCESSO. EIVA. INOCORRÊNCIA.

LEI COMPLEMENTAR Nº 64/90, ARTIGO 22, V. AUDIÊNCIA. REDESIGNAÇÃO. NÃO

CABIMENTO. O JUIZ NÃO ESTÁ OBRIGADO A MARCAR NOVA DATA PARA OITIVA

DE TESTEMUNHAS FALTOSAS QUE DEVERIAM COMPARECER

INDEPENDENTEMENTE DE INTIMAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA

INEXISTENTE. PRINCÍPIO DE PARIDADE DE TRATAMENTO RESPEITADO. RECURSO

IMPROVIDO.” (Acórdão nº 140820, proferido nos autos do Recurso Cível nº 18458, Relator

Aricê Moacyr Amaral Santos, do E. Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, julgado em

09/05/02)

O limite máximo de testemunhas é de 06 (seis), nos termos do art. 22, inciso V, da Lei

Complementar nº 64/90.

IX - Nos 3 dias subseqüentes à audiência de instrução, serão:

realizadas as diligências requeridas pelas partes e deferidas pelo juiz, bem como aquelas

determinadas ex officio (art. 22, inciso VI, da Lei Complementar nº 64/90);

ouvidos terceiros referidos pelas partes ou pelas testemunhas que, no entendimento do

magistrado, possam influir na decisão do feito (art. 22, inciso VII, da Lei Complementar nº

64/90);

trazidos aos autos, por determinação do juiz, documentos que possam influir na decisão do

feito e que estejam em poder de terceiro. Caso este resista, injustificadamente, à ordem judicial,

formal e individualmente emitida pelo magistrado, poderá ser expedido contra ele mandado de

prisão e instaurado processo por crime de desobediência (art. 22, incisos VIII e IX, da Lei

Complementar nº 64/90).

X - Encerrada a fase probatória, é facultada às partes, inclusive ao Ministério Público, a

apresentação de alegações, no prazo comum de 2 dias (art. 22, inciso X, da Lei Complementar nº

64/90).

XI - Em seguida, os autos serão conclusos para julgamento, não havendo a fase de elaboração de

relatório.

XII - Publicação da sentença.

A sentença NÃO é publicada em cartório, como nos processos de registro de candidato.

Tanto a sentença quanto os demais atos devem ser publicados no Diário Oficial, pois referidas

ações exigem a presença de advogado.

As intimações devem ser feitas aos advogados, e não às partes, a teor do art. 242 do Código de

Processo Civil.

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No caso do Ministério Público, a intimação será sempre pessoal, nos termos do art. 236, § 2º, do

Código de Processo Civil e art. 18, inciso II, letra h, da Lei Complementar nº 75/93.

** Se houver advogado dativo, a intimação também deverá ser pessoal.

XIII - Recursos

Da sentença prolatada pelo juiz eleitoral cabe recurso para o Tribunal.

Prazo de:

3 dias – art. 258 do Código Eleitoral, para as representações fundadas no artigo 22, “caput” da

Lei Complementar nº 64/90.

Ou:

24 horas – art. 96, § 8º, da Lei nº 9.504/97, para as representações fundadas nos artigos 30-A, 41-

A e 73 a 77 daquele diploma.

Das decisões interlocutórias não cabe recurso, conforme julgados do e. Tribunal Superior

Eleitoral: Acórdão 1176, de 22/03/2007; Acórdão 4412, de 26/02/2004; Acórdão nº 25281, de

06/10/2005).

“INVESTIGAÇÃO JUDICIAL. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE

DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS, NA INVESTIGAÇÃO JUDICIAL DE QUE CUIDA

O ARTIGO 22 DA LC 64, NÃO CABE RECURSO EM SEPARADO. A MATÉRIA NÃO

FICARÁ PRECLUSA, PODENDO SER OBJETO DE EXAME NO JULGAMENTO DO

RECURSO QUE IMPUGNE O PROVIMENTO DE QUE RESULTE O FIM DO PROCESSO.”

(Acórdão nº 1.718, proferido nos autos do Agravo de Instrumento nº 1.718, Relator o e. Ministro

Eduardo Ribeiro, julgado em 01/06/99)

O doutrinador Pedro Henrique Távora Niess, tratando acerca dos recursos em matéria eleitoral,

em sua obra Direitos Políticos, 2.ed., São Paulo: Edipro, 2000, p. 313/317, esclarece:

“À falta de previsão, e em homenagem ao princípio da celeridade – sempre imperioso nas

questões eleitorais – não se deve admitir insurgência adesiva. Também a figura do agravo retido

inexiste no Direito Processual Eleitoral brasileiro. É que, consoante observado, o procedimento

ordinário, a que se submete a ação de impugnação de mandato por força de entendimento

jurisprudencial dominante, não alcança a matéria recursal, à qual o Código Eleitoral reserva

regras específicas, inaplicando-se consequentemente, o Código de Processo Civil, que atua, tão-

somente, como fonte supletiva a suprir-lhe eventuais lacunas. A legislação eleitoral – que embute

no recurso inominado o juízo de retratação (Código Eleitoral, art. 267, § 7º) – apenas prevê o

agravo de instrumento para a hipótese em que seja negado seguimento aos recursos, especial

para o TSE, ordinário e extraordinário para o STF, porque submetidos ao juízo de

admissibilidade no órgão a quo (Código Eleitoral, arts. 279 e 282; Lei nº 6.055/74, art. 12,

parágrafo único), situação que rejeita, por si, o agravo retido (Código de Processo Civil, art. 523,

§ 4º, ressalva). No mais, não fala o legislador eleitoral em agravo, distinguindo, pois, este dos

demais recursos que contemplando ela a figura do agravo só para o fim referido – e à época de

sua edição cuidava o Código de Processo Civil, então vigente, do agravo de instrumento, do

agravo de petição, do agravo do auto do processo – não há como estender-se ao recurso cabível a

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modalidade retida.” - p. 315, grifos nossos

Há, ainda, a possibilidade de oposição de embargos de declaração à decisão que apresentar ponto

obscuro, duvidoso, contraditório ou omisso, com observância dos mesmos prazos assinalados

para a interposição de recurso, que são de 3 dias ou 24 horas conforme o caso.

Processamento com base no artigo 96 da Lei nº 9.504/97

7.1 Disposições gerais

I. Legislação aplicada A Resolução TSE nº 22.624, de 13.12.2007 é a que cuidará, nas eleições de 2008, do

processamento de feitos relacionados à propaganda e doações e contribuições acima dos limites

legais.

II. Legitimidade

Quem são os legitimados a propor representação?

São aqueles arrolados no art. 2º, Res. TSE nº 22.624/07, quais sejam:

Qualquer partido político,

Qualquer coligação,

Qualquer candidato ou

Ministério público

III. Contagem dos prazos

Entre 05 de julho de 2008 até a proclamação dos eleitos (ou até o segundo turno, se houver), os

prazos das representações são peremptórios, contínuos e não se suspendem aos sábados,

domingos e feriados.

Antes do dia 05 de julho, os prazos em horas devem ser contados em dias, ou seja 24 horas = 1

dia, 48 horas = 2 dias. Como o cartório não estará aberto aos finais de semana e feriados, os

prazos se suspendem automaticamente, como no Código de Processo Civil.

No dia 19/06/2008 (quinta-feira) é protocolada uma representação sobre propaganda irregular e o

representado é notificado, no mesmo dia, às 16h, para apresentar defesa, em 48 horas. A

notificação deve ser feita pelo oficial de justiça ou por fac-símile, se o nº foi indicado na inicial.

Como o expediente do cartório se encerra às 18h, permanecendo fechado no sábado e no

domingo, o prazo para defesa deverá ser contado como 2 dias, sendo o início no dia seguinte

(sexta-feira). Portanto, a defesa poderá ser protocolada até às 18h do dia 23/06/2008 (segunda-

feira).

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IV. Prioridade dos feitos eleitorais Entre 10 de junho e 31 de outubro de 2008, os feitos eleitorais terão prioridade perante o

Ministério Público e os juízes de todas as justiças e instâncias, ressalvados os processos de

habeas corpus e mandado de segurança (Lei nº 9.504/97, art. 94, caput e art. 33, caput, Resolução

nº 22.624/07).

V. Competência

O TRE/SP visando distribuir melhor as atribuições dos Juízos Eleitorais, em ano eleitoral,

expediu a Resolução TRE-SP nº 184/07, que dispõe sobre a competência dos Juízos Eleitorais.

VI. Admissão por fac-símile

Se o Cartório Eleitoral possuir aparelho de fac-símile, deverá afixar um AVISO tornando

público tal fato, divulgando as linhas telefônicas disponíveis e horário do protocolo. (art.

5º, § 2º, Resolução TSE nº 22.624/07)

Dispensa-se o encaminhamento da via original das petições recebidas pelo cartório, via

fac-símile. (art. 5º, Resolução TSE nº 22.624/07)

O cartório deverá providenciar cópia dos documentos recebidos, que permanecerá nos

autos.

A não obtenção de linha ou a ocorrência de defeitos de transmissão ou de recepção

correrá por conta e risco do remetente. (art. 5º, § 3º, Resolução TSE nº 22.624/07)

VII. Protocolo As petições, recursos e demais documentos recebidos via fac-símile:

Somente serão protocolizados após a transmissão completa, ainda que ilegíveis;

Após o término do horário de protocolo, serão protocolizados na primeira hora do dia útil

subseqüente, mesmo que o início da recepção do fax tenha sido antes do término do

expediente.

Todas as petições devem ser protocoladas constando DATA e HORÁRIO (hora e minuto)

LEGÍVEIS, podendo ser à mão, caso o carimbo de protocolo do cartório não disponha de

marcação de horário.

VIII. Procuração

A representação deve ser subscrita por advogado (art. 4º, caput, Resolução TSE nº

22.624/07). Caso não seja, certifique:

Entre 05 de julho de 2008 e a proclamação dos eleitos, os advogados poderão arquivar

em cartório, mandato GENÉRICO (art. 24, parágrafo único, Resolução TSE nº

22.624/07). Essa circunstância deverá ser informada na petição e o cartório deverá

certificar nos autos.

Na certidão de arquivamento, deverá ser mencionado o nome, nº de OAB e o nº de fax de

todos os advogados constantes na petição que requer o arquivamento de procuração em

cartório.

O que é o mandato genérico?

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É uma procuração em que o candidato, o partido, a coligação ou a emissora outorga poderes a

um ou mais advogados a fim de que os representem nos processos referentes à Resolução TSE nº

22.624/07, ou seja, em todas as representações, reclamações e pedidos de resposta em que

figurem como parte.

Tal mandato é protocolizado apenas uma vez no Cartório e será válido para as eleições de

2008, mais precisamente até a proclamação dos eleitos ou até o 2º turno (se houver).

Se a petição inicial não vier acompanhada de procuração e não houver mandato genérico

arquivado, o cartório deverá certificar nos autos e abrir conclusão ao juiz.

No período em que o Cartório não abrir aos sábados, domingos e feriados, ou seja, antes de

05/07/08 e após a proclamação dos eleitos, todas as intimações devem ser feitas na

Imprensa Oficial.

Caso a parte não apresente procuração, certifique o decurso de prazo e abra conclusão ao

juiz que poderá indeferir a inicial nos termos do art. 7º da Resolução TSE nº 22.624/07.

7.2 Processamento nos termos da Lei 9.504/97

7.2.1 Petição inicial 1º Passo - Registre no Livro de Registro Geral de Feitos Cíveis e Administrativos do Cartório

2º Passo – Autuação – Identifique o assunto de que trata a representação.

3º Passo - Autue em seqüência cronológica da ordem de protocolo

7.2.2 Notificação para defesa

Após a autuação, o chefe do Cartório Eleitoral notificará imediatamente o representado e

certificará nos autos.

A notificação deverá ser acompanhada de cópia da petição inicial e da degravação,

quando houver.

A notificação será dirigida ao representado, por fac-símile, para:

o número do fax indicado na procuração arquivada em cartório pelo advogado da

parte, ou;

o número do fax indicado na petição inicial pela parte autora, correndo esta os

riscos decorrentes de ter sido informado número errado, ou;

o número do fax indicado no pedido de registro (quando o representado for

candidato, partido ou coligação).

Se a notificação não puder ser feita via fac-símile, deverá ser feita no endereço apontado na

petição inicial por correspondência ou telegrama com aviso de recebimento (nos termos dos

artigos 222 e 223 do Código de Processo Civil) ou, ainda, por oficial de justiça.

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Se o ADVOGADO do representado possuir procuração arquivada no cartório eleitoral, a

notificação será remetida, preferencialmente a este, via fac-símile, no número indicado na

petição arquivada.

Prazo para apresentação de defesa: 48 horas.

Horário: entre 10h e 19h, salvo se o juiz dispuser que se faça em horário diverso (art. 9º,

Resolução TSE nº 22.624/07).

7.2.3 Defesa

Coloque data e hora no protocolo da defesa.

1º PASSO - Verifique a tempestividade da defesa.

Se for tempestiva, junte-a aos autos.

Se intempestiva (fora do prazo):

1º) certifique o decurso do prazo (com data e hora);

2º) junte-a aos autos.

2º PASSO - Verifique se a defesa está acompanhada de procuração e/ou se o representado tem

procuração arquivada em cartório.

Se desacompanhada, certifique a ausência.

Se houver procuração arquivada em cartório, certifique.

Se não for apresentada a defesa, certifique o decurso de prazo (dia, hora, minuto):

7.2.4 Vista ao Ministério Público Apresentada a defesa ou decorrido o respectivo prazo, os autos serão encaminhados ao

Ministério Público Eleitoral com termo de vista para parecer a ser proferido no prazo máximo de

24 horas (art. 10, Resolução TSE nº 22.624/07).

Vencido o prazo de 24 horas para o promotor, com ou sem manifestação, os autos deverão ser

imediatamente devolvidos ao juiz.

7.2.5 Conclusão dos autos para decisão

O prazo para o juiz decidir é de 24 horas da abertura da conclusão.

As decisões que condenarem ao pagamento de multa devem expressar o valor em reais.

Para resultar em imposição de multa, a representação deve ser instruída com prova da sua

autoria e do prévio conhecimento do candidato, conforme art. 65 da Resolução TSE nº

22.718/08. Veja o tópico 3, sobre fiscalização - poder de polícia.

Se houver decisão que imponha multa em UFIR, deve-se considerar que a Unidade

Fiscal de Referência, instituída pela Lei nº 8.383/91, foi extinta pela MP nº 1.973-

67/2000, tendo sido sua última reedição (MP nº 2.176-79/2001) convertida na Lei nº

10.522/2002, e que seu último valor é R$ 1,0641 (Ac. TSE nº 4.491/2005:

possibilidade de conversão, em moeda corrente, dos valores fixados em UFIR).

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7.2.6 Recebimento da decisão no Cartório

Providências seguintes: 1º) Registre a sentença.

2º) Publique mediante afixação ou na Imprensa Oficial.

Entre 5 de julho de 2008 e a proclamação dos eleitos, as decisões serão publicadas mediante

afixação no cartório, entre 10h e 19h, devendo o fato ser certificado nos autos.

As representações propostas antes de 05 de julho ou depois da proclamação dos eleitos

devem ter suas sentenças publicadas no Diário Oficial do Estado

3º) Intime o Ministério Público sempre.

A intimação do Ministério Público é pessoal e deve ser acompanhada de cópia da

decisão.

Determine dois horários durante o dia para afixação das decisões, por exemplo: 11 e 16 horas.

Convém que a intimação do Ministério Público seja no mesmo horário da afixação, para facilitar

a contagem de prazo de recurso. Essa providência é adotada no Tribunal e auxilia tanto o

trabalho do Cartório, como dos advogados e partes que acompanham as publicações.

Se houver encaminhamento de decisão às partes, na intimação deverá constar o dia e a

hora em que tal decisão for afixada.

Se o cartório optar pela fixação de horários para publicação (=afixação) das decisões,

divulgue essa providência para os advogados e partes, colocando um aviso no local das

futuras afixações ou no próprio balcão do cartório eleitoral.

7.2.7 Recurso contra a decisão

Prazo: 24 horas a partir da publicação (= afixação) da decisão (art. 19, Resolução TSE nº

22.624/07).

Se não houver interposição de recurso, certifique o trânsito em julgado da decisão (data,

hora e minuto) e remeta os autos para o arquivo. Antes de arquivar, verifique se na

decisão há condenação ao pagamento de multa eleitoral para ser cobrada.

Se houver interposição de recurso, intime o recorrido para oferecer contra-razões, em 24

horas, por publicação (= afixação) em cartório, que deverá ocorrer entre 10h e 19h (art.

19, Resolução TSE nº 22.624/07).

Fixe dois horários de publicação (= afixação) das intimações. Por exemplo: 11 e 16 horas

Caso o recurso seja intempestivo, certifique o trânsito em julgado ANTES da juntada do

mesmo.

Contra-razões ao recurso interposto

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Oferecidas as contra-razões, remeta os autos imediatamente ao TRE, inclusive mediante

portador, se houver necessidade (art. 19, parágrafo único, Resolução TSE nº 22.624/07).

Caso a remessa para o TRE seja feita através de portador, deixe isso registrado em algum

assentamento do cartório, com assinatura da pessoa que se responsabilizou pela remessa

dos autos, para evitar que o cartório seja responsabilizado por eventual extravio.

Se não oferecidas as contra-razões, certifique nos autos (dia, hora, minuto) e remeta, em

seguida, os autos ao TRE.

Caso oferecidas intempestivamente, certificar antes de juntá-las.

Dispensa-se o despacho do juiz determinando a remessa dos autos ao TRE. Basta o termo

de remessa do Cartório especificando o número de folhas, volumes, apensos, fitas e

CD’s. A providência é urgente!

A Ação de Impugnação de Mandato Eletivo

8.1 Aspectos gerais A ação de impugnação de mandato eletivo encontra-se prevista no artigo 14, §§ 10 e 11, da

Constituição Federal.

Destina-se a cassação do mandato eletivo por abuso do poder econômico, fraude ou corrupção.

I - Legitimidade ativa: Ministério Público Eleitoral, partido político, coligação, candidato.

II - Legitimidade passiva: candidato

III - Prazo para ajuizamento: 15 dias a contar da data da diplomação e é decadencial. Se findo

em dia em que não houver expediente, entende-se prorrogado até o primeiro dia útil a teor

do artigo 184 do CPC.

IV - Competência: Juízo Eleitoral designado para o registro de candidatos, nos termos da

Resolução TRE/SP nº 184/07.

V - Rito processual: art. 3º e seguintes da Lei Complementar nº 64/90. Até a sentença...

VI - Julgamento - conseqüências: cassação do mandato.

A jurisprudência dominante do C. TSE é no sentido da execução imediata da decisão proferida

em sede de AIME, aguardando-se somente sua publicação.

Ac. TSE nº 28.387, 2241, 1750, 1833.

* Hoje o TSE recomenda que, para a execução, aguarde-se o prazo para eventual interposição de

declaratórios.

Nesta ação é permitida a produção de prova oral, no entanto deve ser requerida e indicada pelo

autor com a peça inicial, inclusive rol de testemunhas.

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Caso o Ministério Público Eleitoral não seja o autor da ação deverá autuar como "custos legis",

tendo em vista o interesse público.

Possibilidade de Assistente, conforme art. 50, parágrafo único, do Código de Processo Civil,

desde que demonstrado o interesse de intervenção no feito.

A ação tramitará em segredo de justiça até a decisão. Após o feito não mais tramitará em segredo

de justiça. (Princípio da Publicidade)

Para a procedência da ação é necessário provar a potencialidade dos vícios de abuso do poder

econômico, corrupção ou fraude a influenciar o resultado do pleito.

8.2 Processamento

Introdução

Previsão legal e rito

A Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) é prevista no art. 14, §§ 10 e 11, da

Constituição Federal e seu processamento segue o rito do art. 3º e seguintes da Lei

Complementar nº 64/90, conforme Resolução TSE nº 21634/2004.

Segredo de justiça A AIME tramita em segredo de justiça (Art. 14, § 11, CF).

Isso implica que nas publicações conste apenas as iniciais das partes, inclusive se os nomes

constarem do corpo do despacho. Vale ressalvar que os nomes dos advogados não podem ser

abreviados.

Os ofícios, cartas precatórias e mandados referentes à AIME devem conter o dizer “SEGREDO

DE JUSTIÇA” em destaque, inclusive os envelopes que os contêm.

8.2.1 Fases do processamento

I - Protocolo

Todas as petições devem ser protocoladas constando DATA e HORÁRIO (hora e minuto)

LEGÍVEIS, podendo ser à mão.

II - Registro e autuação

Registre no Livro de Registro Geral de Feitos Cíveis e Administrativos e autue o processo.

Em seguida, certifique a data da diplomação dos candidatos eleitos, para possibilitar a análise da

tempestividade da propositura da ação.

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Verifique se a petição inicial foi subscrita por advogado e se foi apresentado instrumento de

procuração. Caso não seja, certifique e abra conclusão ao juiz para que determine a regularização

da representação processual (Arts. 13 e 284 do CPC). Aqui, não vale a procuração arquivada em

cartório...

Art. 13 do CPC: Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da representação das

partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito.

Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência couber:

1. ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo;

2. ao réu, reputar-se-á revel;

3. ao terceiro, será excluído do processo.

Art. 284 do CPC: Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos

arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de

mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

O artigo 13 do CPC faz menção a “prazo razoável”, ou seja, a fixação do prazo fica a critério do

juiz. Se no despacho o juiz não determinar um prazo, considera-se o prazo de 5 (cinco) dias, nos

termos do art. 185 do CPC.

A intimação, neste caso, deve ser feita por meio de publicação no Diário Oficial do Estado

(DOE) ou mandado, caso a inicial seja subscrita pela própria parte.

Se após a intimação, a parte deixar de apresentar a procuração, certifique o decurso de prazo e

abra conclusão ao juiz que poderá indeferir a inicial nos termos do art. 13, I, do CPC.

III - Citação

Assim que autuar ou após a apresentação da procuração faltante, abra conclusão ao juiz para que

determine a citação do(s) réu(s) a fim de que apresente(m) contestação.

O que fazer a seguir?

Publique o despacho do juiz no Diário Oficial do Estado para ciência do autor ou dê ciência ao

Ministério Público Eleitoral, caso este seja o autor.

Certifique nos autos a publicação do despacho ou a ciência ao Ministério Público Eleitoral.

Expeça mandado de notificação ao réu, em 02 vias, para apresentação de contestação.

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IV - Contestação

Prazo: 7 dias (art. 4º, LC nº 64/90).

Apresentada a contestação pelo réu, junte-a aos autos. Caso não seja apresentada, certifique nos

autos o decurso de prazo e, ainda, caso apresentada intempestivamente, certifique nos autos o

decurso de prazo antes de juntá-la aos autos.

Certifique, também, eventual irregularidade de representação processual referente à contestação

apresentada. O juiz eleitoral poderá determinar sua regularização, nos termos do art. 13 do CPC.

Caso o réu não apresente procuração, certifique o decurso de prazo e abra conclusão ao juiz que

poderá decretar sua revelia, nos termos do art. 13, II, do CPC.

V - Designação de audiência

Após a apresentação de contestação ou eventual decurso de prazo, abra conclusão ao juiz

eleitoral para que designe audiência para inquirição das testemunhas arroladas pelas partes.

As partes serão notificadas da data da audiência por seus advogados, mediante publicação no

Diário Oficial do Estado.

O representante do Ministério Público também deverá ser cientificado da data da audiência.

A audiência de inquirição será realizada em assentada única, em 4 dias após a notificação das

partes (publicação no DOE), nos termos do art. 5º, caput e § 1º, da LC nº 64/90.

Na publicação deve conter:

1. a informação de que as testemunhas comparecerão por iniciativa das partes que as arrolaram,

nos termos do art. 5º da LC nº 64/90;

2. a data, o horário e o local da audiência.

Certifique, nos autos, as publicações do despacho e da designação de audiência, bem como a

ciência do Ministério Público Eleitoral. Clique aqui para ver os modelos.

VI - Diligências

Após a realização da audiência de oitiva de testemunhas, abra conclusão ao juiz eleitoral que

poderá, nos 5 (cinco) dias subseqüentes, determinar diligências de ofício ou a requerimento das

partes, nos termos dos §§ 2º, 3º e 4º, do art. 5º da LC nº 64/90.

Esse despacho deverá ser publicado e/ou deverá ser dada ciência ao Ministério Público Eleitoral,

se este for o autor, certificando-se os atos praticados conforme exemplos anteriores.

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VII - Alegações finais

Encerrado o prazo das diligências, abra conclusão ao juiz eleitoral para determinar apresentação

de alegações finais pelas partes, inclusive o Ministério Público, no prazo comum de 5 (cinco)

dias (art. 6º da LC nº 64/90).

Publique o despacho bem como a abertura de vista para alegações finais, e, na mesma data,

intime também o Ministério Público Eleitoral, com cópia das principais peças dos autos,

independentemente se o MPE for o autor da ação.

Certifique a publicação e a intimação do Ministério Público Eleitoral.

Faça a intimação do Ministério Público Eleitoral em 02 vias e junte aos autos a cópia da

intimação datada e assinada pelo Promotor Eleitoral.

Se as alegações finais não forem apresentadas por alguma das partes, certifique o decurso de

prazo.

VIII - Sentença, recurso e trânsito em julgado.

Sentença

Decorrido o prazo para apresentação de alegações finais, abra conclusão para o juiz eleitoral para

proferir sentença (Art. 7º e parágrafo único da LC nº 64/90).

Após prolatada a sentença, dê ciência ao Ministério Público Eleitoral e publique-a no Diário

Oficial do Estado.

Trânsito em julgado

Da sentença, caberá recurso, no prazo de 3 (três) dias, contados da data de sua publicação (Art.

8º da LC nº 64/90).

Caso não seja interposto recurso, certifique o trânsito em julgado da decisão.

Se a ação é julgada procedente e ocorre o trânsito em julgado, comunicar, imediatamente a

Câmara de Vereadores do Município, com cópia da sentença e da certidão de trânsito.

Se ocorrer o trânsito em julgado e a decisão julgar a ação improcedente, remeta os autos ao

arquivo.

Recurso

Havendo interposição de recurso por qualquer das partes, em face da r. sentença prolatada, vão

os autos conclusos ao Juiz Eleitoral para que seja determinada a abertura de prazo de 3 (três) dias

para apresentação de contra-razões.

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Se o Ministério Público Eleitoral for a parte recorrida, publique o despacho e abra vista dos autos

ao MPE, para oferecer suas contra-razões.

Se o Ministério Público Eleitoral for a parte recorrente, dê ciência do despacho ao MPE e

publique o despacho, bem como a abertura de vista no Diário Oficial do Estado.

Se o Ministério Público Eleitoral não for parte, não deverá apresentará contra-razões.

Há recente jurisprudência do TSE, no sentido de que o cumprimento das decisões em sede de

ação de impugnação de mandato eletivo é imediato. Há também jurisprudência no sentido de que

é salutar aguardar-se o prazo para interposição e/ou julgamento de embargos de declaração.

Diante disso, quando a sentença julgar procedente a ação de impugnação de mandato eletivo,

determinando a cassação do mandato do réu, até o decurso de prazo para oposição de embargos

declaratórios, fica suspensa a eficácia da sentença, em razão da possível modificação da decisão.

Se for interposto recurso, aguarde o decurso de prazo de 3 (três) dias para eventual oposição de

embargos, sendo que, na ausência de oposição de embargos de declaração, certifique tal fato, e

abra conclusão ao Juiz Eleitoral que determinará o cumprimento da decisão, ou seja,

comunicação imediata à Câmara Municipal.

Após a juntada das contra-razões apresentadas, ou após o decurso de prazo sem sua

apresentação, certifique nos autos o decurso de prazo para apresentação de contra-razões,

conforme modelo a seguir.

IX - Remessa dos autos ao TRE (Art. 8º, § 2º, da LC nº 64/90).

Remeta imediatamente os autos ao Tribunal Regional Eleitoral, mediante conferência de folhas,

volumes e documentos, com termo de remessa, conforme modelo abaixo.

RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA

9.1 Aspectos gerais

O recurso contra expedição de diploma está previsto no art. 262 do Código Eleitoral.

O recurso contra a expedição de diploma deve ser instruído com elementos probatórios que

demonstrem a existência do fato que justifique e fundamente a cassação do diploma.

Esta via processual não serve para apurar a prática do ilícito imputado, mas para cassar ou

conferir diploma, quando cabalmente comprovada e configurada uma das hipóteses elencadas no

artigo 262 do Código Eleitoral.

Provido o recurso contra a diplomação, o recorrido se tornará inelegível para o tempo previsto no

dispositivo legal que embasou o recurso.

Desprovido o recurso, a decisão ensejará recurso especial ou ordinário, dependendo da eleição.

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I - Legitimidade ativa: Ministério Público Eleitoral, partido político, coligação, candidato.

II - Legitimidade passiva: candidatos.

III - Prazo para ajuizamento: 3 dias da data da diplomação, art. 276, § 1º, do Código Eleitoral.

IV - Competência: Tribunal Regional Eleitoral. Ao Juízo Eleitoral cumpre receber e processar o

apelo, remetendo os autos ao TRE para julgamento do mérito. Acórdão TSE nº 25.284, de

16.02.2006 e Acórdão TSE 15.516, de 10.02.1999.

V - Rito processual: Art. 267 do Código Eleitoral.

9.2 Jurisprudência Recurso não conhecido por falta de interesse, uma vez que os fatos narrados não ensejam o

recurso contra expedição de diploma e sim representação por condutas vedadas aos agentes

públicos, Acórdão TRE/SP nº 154.817, de 30/03/06, rel. Des. Marco César.

Utilização de meio de comunicação social para beneficiar candidato, interferência do poder

econômico, Acórdão TSE nº 642, de 19/08/03, rel. Min. Fernando Neves.

Vice-prefeito não é litisconsorte passivo necessário no recurso contra expedição de diploma do

prefeito, Acórdãos TSE nºs 15.817/00, 19.695/00 e 21.084/03.

Não há litisconsórcio passivo necessário do partido político ou coligação para recursos contra

candidatos da eleição proporcional, acórdãos TSE nºs 643/04 e 647/04 e acórdão TSE, de

16/02/06, no Respe nº 25.284.

II. Inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato:

Descabimento em hipótese de condição de elegibilidade, Acórdãos TSE nºs 3.328/02,

646/04, 647/04, 652/04, 655/04, 610/04, 653/04, 21.438/04 e 21.439/04, e Ac´rodão TSE

, de 23/02/06, no Respe nº 25.472.

III. Errônea interpretação da lei quanto à aplicação do sistema de representação

proporcional:

Cabimento do recurso contra expedição de diploma apenas para os casos de erro no

resultado final da aplicação dos cálculos matemáticos e fórmulas da lei e interpretação

dos dispositivos legais, Acórdãos TSE nºs 574/99, 586/01, 607/03 e 638/04.

IV. Erro de direito ou de fato na apuração final, quanto à determinação do quociente

eleitoral ou partidário, contagem de votos e classificação de candidato, ou a sua

complementação sob determinada legenda:

Erro na própria apuração, Acórdãos TSE nºs 586/01, 599/02, 607/03 e 638/04.

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V. Concessão ou denegação do diploma, em manifesta contradição com, a prova dos

autos, nas hipóteses do art. 222 do CE e do art. 41-A da Lei 9.504/97.

Casos de fraude se referem apenas à votação, Acórdãos nºs 646/04, 653/04 e 655/04.

Prova pré-constituída não exige pronunciamento judicial ou trânsito em julgado de

decisão, acórdãos TSE nºs 19.518/01, 3.095/01, 646/04, 655/04 e 25.238/05.

Admissibilidade de produção de prova desde que requerida na inicial, nos termos do art.

270, § 1º do CE, acórdão TSE nº 23/02/06, no Respe nº 25.301 e 612/04.

9.3 Processamento

I - Protocolo Todas as petições devem ser protocoladas constando DATA e HORÁRIO (hora e minuto)

LEGÍVEIS, podendo ser à mão.

II - Registro e autuação Registre a petição inicial no Livro de Registro Geral de Feitos Cíveis e Administrativos e autue o

processo.

Em seguida, certifique a data da diplomação dos candidatos eleitos, para possibilitar a análise,

pelo Tribunal Regional Eleitoral, da tempestividade de propositura do recurso.

III - Procuração Verifique se a petição é subscrita por advogado e se há instrumento de procuração. Caso não

haja, certifique e abra conclusão ao Juiz para que determine a regularização da representação

processual (Arts. 13 e 284 do CPC).

Art. 13 do CPC: Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da representação das

partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito.

Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência couber:

VI. ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo;

VII. ao réu, reputar-se-á revel;

VIII. ao terceiro, será excluído do processo.

Art. 284 do CPC: Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos

nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o

julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez)

dias.

Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

IV - Intimação do recorrido Assim que autuar ou após a apresentação da procuração faltante, abra conclusão ao Juiz para que

determine a intimação do(s) recorrido(s) a fim de que apresente(m), no prazo de 3 (três) dias,

contra-razões ao recurso contra expedição de diploma (Art. 267, do CE).

Page 31: Investigação judicial eleitoral - mpsp.mp.br · PDF file“recurso – investigaÇÃo judicial eleitoral – inelegibilidade – lei complementar n. 64/90 – pedido de desistÊncia

V - Prazo para apresentação de contra-razões Nos termos do art. 267, caput, do CE, o prazo para apresentação de contra-razões é de 3 (três)

dias.

Inicia-se o curso do prazo com a juntada aos autos do mandado devidamente cumprido (CPC,

art. 241, II) ou ao término do prazo de afixação do edital, definido pelo juiz eleitoral nos casos

do art. 267, § 3º, do CE.

VI - Apresentação das contra-razões Apresentadas as contra-razões pelo recorrido, junte-as aos autos. Caso não apresentadas,

certifique nos autos o decurso de prazo para sua apresentação e, ainda, caso apresentadas

intempestivamente, certifique nos autos o decurso de prazo para sua apresentação antes de sua

juntada.

Certifique eventual irregularidade de representação processual referente às contra-razões

apresentadas.

O Juiz Eleitoral deverá determinar sua regularização, nos termos do art. 13 do CPC. Caso o

recorrido não regularize sua representação processual, certifique o decurso de prazo e abra

conclusão ao juiz.

VII - Contra-Razões apresentadas com novos documentos (Art. 267. § 5º do CE). Caso as contra-razões sejam apresentadas com novos documentos, abra conclusão ao Juiz

Eleitoral para que determine abertura de vista ao recorrente, pelo prazo de 48 (quarenta e oito)

horas, para que se manifeste sobre tais documentos, nos termos do § 5º do art. 267 do CE.

Apresentada a manifestação pelo recorrente, junte-a aos autos. Caso não apresentada, certifique

nos autos o decurso de prazo para sua apresentação e, ainda, caso apresentada

intempestivamente, certifique nos autos o decurso de prazo para sua apresentação antes de sua

juntada. Após, abra conclusão ao Juiz Eleitoral para que determine a remessa dos autos ao

Tribunal Regional Eleitoral

VIII - Remessa dos autos ao TRE (Art. 267, §§ 6º e 7º do CE). Recebidos os autos com despacho que determina a subida do recurso ao Tribunal Regional

Eleitoral, deverá o cartório, após conferência de folhas, volumes e documentos, expedir os autos

imediatamente, mediante termo de remessa.