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I NSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO NO BRASIL: UM PANORAMA AGOSTO/2006

Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um … Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 1 Principais Conclusões e Sugestões Apesar da notável melhora nos números do balanço

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INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL

INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO NO BRASIL:

UM PANORAMA

AGOSTO/2006

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Abraham KasinskiSócio Emérito

Josué Christiano Gomes da SilvaPresidente do Conselho

Amarílio Proença de Macêdo Lirio Albino Parisotto

Andrea Matarazzo Luiz Alberto Garcia

Antonio Marcos Moraes Barros Marcelo Bahia Odebrecht

Benjamin Steinbruch Miguel Abuhab

Carlos Antônio Tilkian Nildemar Secches

Carlos Francisco Ribeiro Jereissati Olavo Monteiro de Carvalho

Carlos Mariani Bittencourt Paulo Guilherme Aguiar Cunha

Carlos Pires Oliveira Dias Paulo Setúbal Neto

Claudio Bardella Pedro Eberhardt

Daniel Feffer Pedro Franco Piva

Décio da Silva Pedro Grendene Bartelle

Eugênio Emílio Staub Pedro Luiz Barreiros Passos

Flávio Gurgel Rocha Rinaldo Campos Soares

Francisco Amaury Olsen Robert Max Mangels

Ivo Rosset Roberto de Rezende Barbosa

Ivoncy Brochmann Ioschpe Roger Agnelli

Jacks Rabinovich Salo Davi Seibel

Jorge Gerdau Johannpeter Thomas Bier Herrmann

José Antonio Fernandes Martins Victório Carlos De Marchi

José Roberto Ermírio de Moraes Walter Fontana FilhoDiretor Geral

Conselho do IEDI

Paulo Diederichsen VillaresMembro Colaborador

Paulo FranciniMembro Colaborador

Hugo Miguel EtcheniqueMembro Colaborador

Roberto Caiuby VidigalMembro Colaborador

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INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO NO BRASIL: UM PANORAMA1

Principais Conclusões e Sugestões .............................................................................................1

Os Investimentos Diretos Estrangeiros no Brasil .......................................................................4

IDE e Necessidades de Financiamento Externo .....................................................................4

Os Ingressos de IDE................................................................................................................6

Indústria como Principal Segmento de Atração .....................................................................9

O Brasil no Cenário Internacional ............................................................................................13

Países em Desenvolvimento nos Ingressos Líquidos de IDE Mundiais................................13

O Brasil nos Influxos de IDE Mundiais ................................................................................15

Análise do desempenho e do potencial brasileiro na atração de IDE..................................18

Considerações Finais ................................................................................................................25

Bibliografia ...............................................................................................................................26

1 Estudo preparado por Mauro Thury de Vieira Sá (Professor do Deptº de Economia e Análise da Universidade Federal do Amazonas/ Faculdade de Estudos Sociais – UFAM/FES/DEA).

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 1

Principais Conclusões e Sugestões

Apesar da notável melhora nos números do balanço de pagamentos, os investimentos estrangeiros diretos (IDE) estão distantes de apresentar a mesma pujança do período das grandes privatizações. De fato:

• O IDE, líquido, caiu de US$ 32,8 bilhões em 2000 para US$ 15,1 bilhões em 2005.

• A projeção do Banco Central para 2006 é que as inversões estrangeiras diretas atinjam US$ 18 bilhões, representando um incremento relevante em relação ao ano anterior ficando abaixo, portanto, do patamar anterior.

• Embora a redução nos influxos de investimento externo direto não seja um fenômeno específico do Brasil, as privatizações consistiram num processo de entrada de recursos do tipo once for all.

• Como já atentara a CEPAL, em seu relatório publicado em 2005 sobre IDE na América Latina e Caribe, diferentemente do que ocorreu nos anos 1970, o IDE para o Brasil nos anos 1990 teve um aspecto mais forte em termos de mudança patrimonial do que no sentido de ampliar a base produtiva instalada.

• Aliás, mesmo o crescimento do IDE em 2004, em relação ao ano anterior, teve um forte componente de mudança de ativos: o saldo foi “inchado” pela operação casada de compras entre a belga Interbrew e a Ambev, na qual a primeira adquiriu US$ 4,98 bilhões da companhia de bebidas brasileira, tendo contrapartida equivalente, com a Ambev comprando o mesmo montante da nova parceira. Daí não causar estranheza os números menores em 2005 e o projetado em 2006.

• Outro ponto importante da evolução recente do IDE consiste no papel maior desempenhado pelas conversões, que representaram por volta de 40% dos ingressos sob a forma de participação no capital no biênio 2002-2003. O dado positivo é que essa parcela caiu para 22,5% (US$ 4,6 bilhões), ficando no ano passado em 25,4% (US$ 5,6 bilhões). Ressalte-se que, em 2004, tal proporção subiria para quase 30% se retirarmos a operação Interbrew-Ambev.

De qualquer modo, passadas as privatizações e o período de forte investimento no setor de intermediação financeira, a indústria ganhou proeminência nos últimos anos. Se, em 2000, ano de maior saldo de IDE, a indústria de transformação significou 15,2% dos ingressos em participação no capital, em 2002, essa proporção subiria para 40,2%. De modo mais detalhado:

• Em 2000, os influxos sob a forma de participação no capital da indústria de transformação alcançaram US$ 5,0 bilhões, chegando a US$ 7,6 bilhões em 2002.

• Em 2004, após o árduo ano de 2003, as entradas na transformação industrial atingiram US$ 10,7 bilhões, tendo à frente obviamente a produção de alimentos e bebidas.

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• Em 2005, tais ingressos atinentes à indústria de transformação somaram US$ 6,5 bilhões, novamente destacando-se o segmento de alimentos e bebidas. Destacaram-se também a indústria de veículos automotivos (incluindo partes e peças) e a química.

• Além dos três gêneros acima citados, também merecem menção indústria de artigos de borracha e plástico, a de eletrônicos, metalurgia básica, máquinas e equipamentos e a fabricação de outros equipamentos de transporte (indústria de aviões, naval, de motocicletas etc.); estes, assim como os segmentos supramencionados, podem ser alvo de ações mais diretas do governo no sentido de atrair novos empreendimentos, tendo em vista inclusive as possibilidades existentes em suas respectivas cadeias produtivas.

Em que pese a recuperação registrada em 2004, os desafios de ampliar a participação brasileira enquanto opção para novos empreendimentos persistem.

• O índice de potencial de IDE preparado pela UNCTAD para 140 países no período 2001-2003 (o dado mais recente) ainda traz o Brasil entre os setenta primeiros, o que o qualifica – nos termos do organismo – como de alto potencial.

• Porém o Brasil aparece com o 70º melhor índice, ou seja, em situação limite.

• Por sinal, em 1999-2001 e em 2000-2002, o Brasil aparecia no grupo de baixo potencial de atração de investimentos diretos externos.

• Comparando o Brasil com outras nações emergentes, Rússia, Índia, China, Hong Kong, Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura, Irlanda, Argentina, Chile e México, o índice de potencial de IDE brasileiro em 2001-2003 só não ficou aquém do da Índia.

• Em relação a tais economias, deixamos a desejar na proporção de estudantes de nível universitário, na taxa de crescimento (taxa média dos 10 últimos anos encerrados em 2003) e na participação das exportações no nosso produto interno. A expectativa é que, com a apuração desse indicador a partir de 2004, haja uma melhora até pelo desempenho das vendas brasileiras para o exterior em 2004 e 2005.

Por fim, a pesquisa sobre a confiança em determinados destinos para IDE feita pela A T Kearney em dezembro de 2005 mostrava uma recuperação frente a 2004 no tocante à condição de destino para inversões externas, frente a outros países. Ressalte-se que, mesmo no relatório de 2004, ressalvava-se que o Brasil consistia em área atrativa para a indústria de transformação, citando a indústria automotiva e de produtos eletroeletrônicos.

Apesar de se constatar o incremento da parcela de ingressos de IDE para a indústria, bem como a capacidade do Brasil em atrair empreendimentos industriais de relevo, tais fatos não se constituem por si só em alicerces sólidos para a nossa economia.

• Primeiramente, mesmo sendo a indústria produtora de bens comercializáveis (tradables), não implica que a estratégia das companhias industriais que estejam ingressando ou ampliando suas respectivas bases no País tenham como alvo as exportações: podem ter como foco o mercado doméstico, tal como já aconteceu em passado recente.

• Ademais, o ideal é que os ingressos para a indústria cresçam acompanhados por novas entradas de IDE para os demais setores, principalmente nos serviços de utilidade pública, dado que um maior dinamismo nesse segmento propicia melhorias na infra-estrutura física

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do Brasil, tão necessária para a produção doméstica. A implementação do aparato regulador das Parcerias Público-Privadas é um avanço notório, mas não significa que os investimentos estrangeiros venham automaticamente.

A despeito do recente desempenho exportador do Brasil, o ideal é que sejam atraídos investimentos externos voltados para a constituição de bases exportadoras mais robustas e perenes a partir do território nacional, sedimentando o ajuste externo e minimizando o acréscimo no passivo externo que o IDE representa. A dificuldade recente decorre da apreciação cambial. Esse último fato já vem influenciando nas decisões de transnacionais no tocante a partir de onde exportar – se do Brasil ou se a partir de uma base em outro país – em detrimento das vendas para o Exterior a partir do território nacional. Como exemplo, há a experiência recente da Nokia, que transferiu a produção de diversas linhas telefones celulares para o México, reduzindo seu poder de exportação para os EUA a partir da planta estabelecida em Manaus.

Por fim, os ingressos para as diferentes atividades da indústria de transformação podem se constituir em alvos para a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), à medida que sinaliza em quais segmentos o Brasil tem se mostrado mais atraente. Porém não se pode esquecer das cadeias produtivas nas quais tais segmentos se inserem. Procurar oportunidades a partir de elos nesses encadeamentos produtivos pode se consubstanciar em esforço profícuo.

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Os Investimentos Diretos Estrangeiros no Brasil

IDE e Necessidades de Financiamento Externo Mesmo com os superávits comerciais vultosos, levando a transações correntes positivas, os investimentos diretos estrangeiros (IDE) ainda se constituem em elemento essencial para o equilíbrio das nossas contas externas, especialmente com a rigidez na conta de serviços e rendas. Aliás, os IDE foram capitais no Plano Real, mitigando as necessidades de financiamento externo quando o País enfrentava elevados déficits na balança de comércio. De fato, depois do superávit de US$ 6,1 bilhões em 1992, a conta corrente só voltaria a obter saldo positivo em 2003, de US$ 4,2 bilhões. Nesse ínterim, em 1997 e 1998, o déficit em transações correntes ultrapassou os US$ 30 bilhões. Os investimentos externos diretos contrabalançaram tais cifras, alcançando US$ 19,0 bilhões e US$ 28,9 bilhões, respectivamente. Em 1999, o IDE chegaria novamente à casa dos US$ 28 bilhões, para, no ano seguinte, registrar o recorde de US$ 32,8 bilhões. Nesses dois anos, as privatizações tiveram grande participação no ingresso de recursos. Em 2005, o superávit em transações correntes atingiu US$ 14,2 bilhões, enquanto o IDE, US$ 15,1 bilhões, resultando numa capacidade de financiamento externo de US$ 29,3 bilhões. Para 2006, o Banco Central projeta investimentos estrangeiros diretos de US$ 18 bilhões, acompanhados por um saldo positivo na conta corrente, de US$ 7,8 bilhões, representando ainda notável capacidade de financiamento externo, ainda que em patamar inferior aos de 2004 e de 2005. Se, de um lado, tais números evidenciam melhora nos fluxos do balanço de pagamentos, de outro, o resultado líquido dos IDE perdeu fôlego à medida que as privatizações se esgotavam e as inversões nos serviços de intermediação financeira completavam seu ciclo de entrada na economia brasileira. Acresça-se que, como bem atentou a CEPAL em seu relatório de 2005 sobre o investimento direto externo na América Latina e Caribe, a força do IDE nos anos 1990 residiu principalmente em mudanças patrimoniais, distinguindo-se dos anos 1970, quando a chegada das inversões do exterior se destinava a ampliar a base produtiva do País.

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IDE: Participação no Capital e Empréstimos Intercompanhias (US$ bilhões correntes)

-5,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

Empréstimos Intercias 0,1 0,1 0,5 0,6 0,2 0,2 0,9 2,2 3,4 -1,4 2,8 3,7 -0,5 0,8 -0,4 0,0 2,0

Participação no Capital 0,9 1,0 1,6 0,7 2,0 4,2 9,9 16,8 25,5 30,0 30,0 18,8 17,1 9,3 18,6 15,0 15,9

Total 1,0 1,1 2,1 1,3 2,1 4,4 10,8 19,0 28,9 28,6 32,8 22,5 16,6 10,1 18,1 15,1 18,0

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006*

Fonte: BCB – Séries Temporais e Notas para Imprensa sobre o Setor Externo. Elaboração própria. * Projeção do BCB.

IDE, Transações Correntes e Necessidades de Financiamento Externo(US$ bilhões correntes)

-40,0

-30,0

-20,0

-10,0

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

IDE líq 1,0 1,1 2,1 1,3 2,1 4,4 10,8 19,0 28,9 28,6 32,8 22,5 16,6 10,1 18,1 15,1 18,0

TC -3,8 -1,4 6,1 -0,7 -1,8 -18,4 -23,5 -30,5 -33,4 -25,3 -24,2 -23,2 -7,6 4,2 11,7 14,2 7,8

NFE 2,8 0,3 -8,2 -0,6 -0,3 14,0 12,7 11,5 4,6 -3,2 -8,6 0,8 -9,0 -14,3 -29,8 -29,3 -25,8

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006*

Fonte: BCB – Séries Temporais e Notas para Imprensa sobre o Setor Externo. Elaboração própria. * Projeção do BCB.

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Os Ingressos de IDE Obviamente que as oscilações do IDE estão intimamente associadas à entrada dos investimentos, seja sob a forma de empréstimos intercompanhias, seja sob a de participação no capital. Como é sabido, após a crise da dívida em 1982, os ingressos de inversões estrangeiras diretas só iriam se recobrar nos anos 1990, tendo em seu limiar a abertura da conta capital, as perspectivas abertas pelo MERCOSUL em conjunto com a estabilidade de preços propiciada pelo Plano Real e o boom de consumo que lhe seguiu, além da criação do regime automotivo. De fato, se no biênio 1990-1991, as entradas de IDE não ultrapassaram US$ 1,4 bilhão, em 1994 esses ingressos mais do que dobraram, chegando a US$ 3,2 bilhões, dos quais US$ 2,6 bilhões referentes à participação do capital. No ano seguinte, tais ingressos somaram US$ 6,4 bilhões. As magnitudes elevadas que as entradas de IDE obtiveram durante a década, porém, tiveram como causa maior as privatizações, em especial naquelas de 1995 em diante, concentradas nos serviços industriais de utilidade pública (SIUP) e do sistema Telebrás. Em 1996, as entradas de IDE praticamente duplicaram vis-à-vis o ano anterior, alcançando US$ 12,0 bilhões, dos quais US$ 10,5 bilhões correspondiam à participação no capital. Desses ingressos de participação no capital, 22,3% foram relativos à privatização. As entradas de IDE não parariam de crescer até 2000, ano em que atingiram US$ 40,3 bilhões, sendo US$ 33,4 bilhões de participação no capital. Com o esgotamento das privatizações e dos ingressos no setor bancário, além do nível de crescimento pífio do Brasil, as entradas de IDE não se mantiveram no mesmo nível. Em adição, o quadro externo se deteriorou, com a desaceleração das economias avançadas, dentre as quais os EUA, responsáveis por investimentos expressivos no País. As estatísticas da UNCTAD dão conta de um declínio de quase 60% - mais precisamente, 57% – no IDE líquido mundial entre 2000 e 2003: de US$ 1,5 trilhão, para US$ 656,8 bilhões. Deste modo, ocorreu um declínio vertiginoso e sem interrupções das entradas de IDE de 2000 a 2003. Nesse último ano, tais ingressos no Brasil retrocederam para patamar abaixo do registrado em 1997: US$ 19,2 bilhões contra US$ 22,1 bilhões. Se tomarmos o saldo de IDE em 2003, ficou aquém do nível de 1996. No ano seguinte, 2004, os ingressos de IDE para o País, a exemplo de seu resultado líquido, cresceram em comparação ao ano anterior, perfazendo US$ 25,8 bilhões, US$ 20,5 bilhões concernentes à participação no capital. Contudo, deve-se frisar que US$ 4,98 bilhões das entradas de investimentos diretos estrangeiros decorreram de uma operação casada entre a empresa Ambev, de propriedade de residentes brasileiros, e a Interbrew, companhia belga, também pertencente ao segmento industrial de bebidas. Nessa operação, a Interbrew comprou ações da Ambev no valor mencionado, sendo que a Ambev adquiriu o mesmo montante da empresa européia, o que foi registrado nos investimentos brasileiros diretos no exterior. Em 2005, as entradas de IDE foram ainda mais pujantes, totalizando US$ 30 bilhões, dos quais US$ 22 bilhões atinentes à participação no capital. Ou seja, embora o resultado líquido do IDE de 2005 tenha ficado aquém do saldo de 2004, os ingressos foram maiores. Apenas no triênio 1998-2000 o País experimentou um volume de ingressos maior. Considerando as entradas relativas à participação no capital, a magnitude observada em 2005 só foi superada em 1998-2000 e em 2004.

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Ingressos de IDE: Participação no Capital e Empréstimos Intercompanhias (US$ milhões)

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

45.000

Empréstimos Intercias 258 308 871 1.064 632 894 1.537 3.320 6.502 4.882 6.888 8.924 7.500 6.150 5.259 8.018

Participação no Capital 1.131 1.095 1.749 1.293 2.590 5.475 10.496 18.761 28.480 31.372 33.403 21.093 18.960 13.087 20.542 22.043

Total 1.388 1.402 2.620 2.357 3.222 6.370 12.034 22.081 34.982 36.254 40.290 30.017 26.460 19.238 25.801 30.062

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: BCB – Séries Temporais e Notas para Imprensa sobre o Setor Externo. Elaboração própria.

Ingressos de Participação no Capital por Tipo (US$ milhões)

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

Reinvestimentos 273 365 175 100 83 384 531 151 124 0 0 0 0 0 0 0

Mercadoria 64 35 29 19 12 7 29 50 78 127 83 61 76 29 13 35

Conversão 283 68 220 220 138 307 292 663 1.932 4.298 1.710 4.215 8.484 5.213 4.557 5.603

Moeda - privatizações 0 0 0 0 0 0 2.345 5.249 6.121 8.786 7.051 1.079 280 0 0 0

Moeda - autônomo 511 628 1.325 954 2.357 4.778 7.298 12.648 20.226 18.162 24.560 15.738 10.120 7.846 15.972 16.406

Total 1.131 1.095 1.749 1.293 2.590 5.475 10.496 18.761 28.480 31.372 33.403 21.093 18.960 13.087 20.542 22.043

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: BCB – Séries Temporais e Notas para Imprensa sobre o Setor Externo. Elaboração própria. Nota: Os dados de Reinvestimentos deixaram de ser estimados pelo Banco Central a partir de 1999, assim como sua contrapartida, a rubrica Lucros Reinvestidos da conta de rendas das transações correntes. Logo, as entradas e o saldo líquido de IDE tendem a ser subestimados em relação a anos anteriores, mas sem afetar os dados de Necessidades de Financiamento Externo.

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Ingressos de Participação no Capital por Tipo (% do Total)

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Reinvestimentos 24,2 33,3 10,0 7,7 3,2 7,0 5,1 0,8 0,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Mercadoria 5,7 3,2 1,7 1,5 0,5 0,1 0,3 0,3 0,3 0,4 0,2 0,3 0,4 0,2 0,1 0,2

Conversão 25,0 6,2 12,6 17,0 5,3 5,6 2,8 3,5 6,8 13,7 5,1 20,0 44,8 39,8 22,2 25,4

Moeda - privatizações 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 22,3 28,0 21,5 28,0 21,1 5,1 1,5 0,0 0,0 0,0

Moeda - autônomo 45,2 57,3 75,8 73,8 91,0 87,3 69,5 67,4 71,0 57,9 73,5 74,6 53,4 59,9 77,8 74,4

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: BCB – Séries Temporais e Notas para Imprensa sobre o Setor Externo. Elaboração própria. Nota: Os dados de Reinvestimentos deixaram de ser estimados pelo Banco Central a partir de 1999, assim como sua contrapartida, a rubrica Lucros Reinvestidos da conta de rendas das transações correntes. Logo, as entradas e o saldo líquido de IDE tendem a ser subestimados, mas sem afetar os dados de Necessidades de Financiamento Externo.

Outro aspecto que salta aos olhos, no período de 2001 em diante, é que, dentre as modalidades de participação no capital, adquiriram proeminência as conversões. Este é um ponto importante, pois as conversões se referem à transformação de obrigações externas em IDE e, desde 2001, passaram a representar pelo menos 20% dos ingressos em participação no capital. Em 2002, as conversões chegaram a significar praticamente 45% das entradas de participação no capital, isto é, US$ 8,5 bilhões. Em 2004, as conversões representaram 22,2% ou US$ 4,6 bilhões; se retirarmos a operação Ambev-Interbrew, significariam 29,3%. Em 2005, as conversões responderam por 25,4% ou US$ 5,6 bilhões dos ingressos em participação no capital, nível acima do de 1990-2001 e 2004. Assim, mesmo que se considere haver certa subestimação do IDE por conta do Banco Central não mais apurar os ingressos atinentes a reinvestimentos2, as grandezas em dólares correntes das conversões asseveram a relevância assumida por essa forma de entrada. A questão crucial reside no fato das conversões não significarem novas inversões, configurando-se em uma reestruturação patrimonial. Aliás, a magnitude das conversões realizadas em 2002 (US$ 8,5 bilhões) e em 2003 (US$ 5,2 bilhões) decorreu da dificuldade das empresas em rolar suas dívidas. 2 A questão relativa aos reinvestimentos e sua ausência nas apurações recentes do Banco Central é bem lembrada pela UNCTAD no documento Investment Policy Review of Brazil, de janeiro último. De fato, embora o Banco Central tenha adotado diversas recomendações do Balance of Payments Manual do Fundo Monetário Internacional (FMI), também conhecido como BPM5, a partir de 1999, a referida rubrica não tem sido mais coberta. A respeito dos aprimoramentos realizados no balanço de pagamentos do Brasil, ver a nota técnica de julho de 2001 do BCB, além do próprio BPM5.

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 9

Razão entre Conversões e Ingressos de Participação no Capitalcom e sem Operação Interbrew-Ambev (%)

25,0

12,6

17,0

5,6

2,8 3,5

6,8

13,7

44,8

25,4

39,8

5,15,36,2

20,022,2

ExclusiveInterbrew-

Ambev:29,3

0

10

20

30

40

50

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

{Diferença de

7,1 p.p. relativos à

operação de US$ 4,98 bilhões

Fonte: BCB – Séries Temporais e Notas para Imprensa sobre o Setor Externo. Elaboração própria.

Indústria como Principal Segmento de Atração Uma característica adicional decorrente do encerramento do ciclo de privatizações, bem como da rodada de inversões nos serviços de intermediação financeira, consiste na distribuição setorial do IDE: a indústria de transformação galgou condição mais proeminente, ainda que em 2005 e no primeiro semestre de 2006 a participação desse setor tenha declinado comparativamente aos anos anteriores. Os IDE dos anos 1990, apesar de cumprirem papel primacial no setor externo, sua contribuição para a produção não foi equivalente aos recursos injetados na economia. Acrescente-se que, por terem prevalecido inversões em serviços industriais de utilidade pública, em serviços de telecomunicações e de intermediação financeira, ou seja, em segmentos que ofertam bens e serviços não comercializáveis, os IDE traziam consigo duas questões para o médio e longo prazo. Primeira, por significarem mudança patrimonial, na qual ativos passaram das mãos de residentes (do Estado ou das famílias) para não residentes, parcela expressiva do IDE implicou em aumento do passivo externo brasileiro, mas sem ampliar na mesma magnitude a capacidade de oferta. Segundo, por predominarem inversões na produção de serviços não comercializáveis, não fomentavam diretamente as exportações. Nesta direção, investimentos estrangeiros diretos na indústria de transformação, assim como na agropecuária e extração mineral, têm o benefício de produzirem mercadorias transacionáveis, mais aptas a contribuir para a expansão das nossas exportações. De 1996 a 1999, houve substantivo aumento dos influxos na forma de participação do capital para a indústria de transformação, pulando de US$ 1,7 bilhão para US$ 7,0 bilhões. Em 2000, os ingressos caíram, mas voltaram a crescer em 2001, retornando ao patamar de 1999. Em

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 10

2002, as entradas de IDE atingiram US$ 7,6 bilhões, retrocedendo novamente no ano subseqüente. Em 2004, os ingressos na indústria de transformação alcançariam US$ 10,7 bilhões, representando 52,8% das entradas em participação no capital. É óbvio que, retirando-se o montante relativo à operação Ambev-Interbrew, as entradas para a indústria caem bastante, para US$ 5,7 bilhões. Ainda assim seria observado incremento frente ao resultado de 2003. Em 2005, a indústria de transformação respondeu por 30,2% das entradas de IDE sob a forma de participação no capital, nível inferior ao de 2001-2004. Assevere-se que, em 2005, ampliaram sua parcela nos ingressos, vis-à-vis 2004, os segmentos de comércio (decorrência provável da expansão da rede estadunidense Wal-Mart, como atenta a CEPAL em seu mais recente relatório sobre IDE), de correios e telecomunicações, além dos demais serviços. No primeiro semestre de 2006, a indústria de transformação representou 38,9% do total desses ingressos (no primeiro semestre de 2005, correspondeu a 47,6%). Tal como em 2002 e em 2004, o segmento industrial de maior peso na atração de ingressos de IDE sob a forma de participação no capital em 2005 foi o de alimentos e bebidas. Outras atividades também vêm apresentando números expressivos para os padrões brasileiros, destacando-se a indústria de veículos automotivos (incluindo partes e peças) e a química, que no ano passado registraram entradas de participação no capital de US$ 1 bilhão e de US$ 764 milhões respectivamente. A indústria de artigos de borracha e plástico, a de eletrônicos, metalurgia básica, máquinas e equipamentos e a fabricação de outros equipamentos de transporte (indústria de aviões, naval, de motocicletas etc.) igualmente merecem menção e podem ser alvos, assim como os segmentos supramencionados, de ações mais diretas do governo no sentido de atrair novos empreendimentos, tendo em vista inclusive as possibilidades existentes em suas respectivas cadeias produtivas.

Ingressos de IDE de Participação no Capital por Setor Econômico (US$ Milhões)

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

Não Classificados¹ 1.979 2.568 3.075 3.663 3.455 0 0 0 0 0

Demais Serviços 2.569 5.831 7.219 4.161 2.198 3.074 1.941 1.791 1.814 3.053

Intermediaç. Financeira 379 1.596 5.916 1.677 6.352 1.975 1.172 599 940 1.294

Correio, Telecomunicações 611 831 2.565 8.120 10.914 4.130 4.190 2.810 2.970 3.958

Comércio 629 952 2.198 2.926 1.635 1.634 1.505 985 1.252 2.835

SIUP e Construção 1.626 3.608 2.463 3.263 3.058 1.734 1.777 879 1.518 1.774

Indústria de Transformação 1.740 2.036 2.766 7.002 5.070 7.001 7.555 4.355 10.699 6.529

Agropecuária, extraç. mineral 111 456 142 423 649 1.494 638 1.484 1.071 2.194

Total 9.644 17.879 26.346 31.235 33.331 21.042 18.778 12.902 20.265 21.638

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: BCB – Séries Temporais e Notas para Imprensa sobre o Setor Externo. Elaboração própria. 1. Os ingressos em participação no capital inclusos em Não Classificados se referem àqueles inferiores a US$ 10 milhões por empresa no ano, que nos anos de 1996 a 2000 não foram classificados setorialmente.

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 11

Ingressos de IDE de Participação no Capital por Setores - Participação no Total (%)

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Não Classificados¹ 20,5 14,4 11,7 11,7 10,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Demais Serviços 26,6 32,6 27,4 13,3 6,6 14,6 10,3 13,9 9,0 14,1 16,8 18,8

Intermediaç. Financeira 3,9 8,9 22,5 5,4 19,1 9,4 6,2 4,6 4,6 6,0 2,0 11,2

Correio, Telecomunicações 6,3 4,6 9,7 26,0 32,7 19,6 22,3 21,8 14,7 18,3 13,6 2,9

Comércio 6,5 5,3 8,3 9,4 4,9 7,8 8,0 7,6 6,2 13,1 11,0 8,2

SIUP e Construção 16,9 20,2 9,3 10,4 9,2 8,2 9,5 6,8 7,5 8,2 4,6 12,8

Indústria de Transformação 18,0 11,4 10,5 22,4 15,2 33,3 40,2 33,8 52,8 30,2 47,6 38,9

Agropecuária, extraç. mineral 1,1 2,6 0,5 1,4 1,9 7,1 3,4 11,5 5,3 10,1 4,5 7,1

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 1ºS/2005 1ºS/2006

Fonte: BCB – Séries Temporais e Notas para Imprensa sobre o Setor Externo. Elaboração própria. 1. Os ingressos em participação no capital inclusos em Não Classificados se referem àqueles inferiores a US$ 10 milhões por empresa no ano, que nos anos de 1996 a 2000 não foram classificados setorialmente.

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 1ºS/2005 1ºS/2006Produtos alimentícios e bebidas 186 323 133 1.239 975 563 1.873 409 5.346 2.075 1.642 152Fabric., mont. veículos automotores 286 223 1.060 1.831 961 1.550 1.757 966 850 1.044 411 223Produtos químicos 222 368 355 1.272 1.101 1.546 1.573 726 1.363 764 459 453Artigos de borracha e plástico 30 139 157 207 58 176 183 205 134 481 314 157Mat. eletrônico, equips. comunicaç. 62 186 263 520 655 1.166 544 328 266 396 90 245Metalurgia básica 30 0 118 113 246 431 138 351 817 310 165 904Máquinas e equipamentos 179 207 175 87 579 344 391 256 313 255 139 238Outros equipamentos de transportes 0 0 91 49 186 51 51 27 465 209 87 34Celulose, papel e produtos do papel 22 0 0 13 10 150 11 348 177 167 41 77Máquinas, aparelhos e mat.elétricos 30 138 111 340 66 327 372 189 243 164 43 33Produtos têxteis 73 50 22 90 36 56 98 34 58 127 6 627Produtos de madeira 0 88 17 23 32 71 17 31 61 124 116 11Produtos de metal 64 0 40 42 26 108 90 107 90 94 37 52Máqs. escritório, equips. informática 10 20 49 631 23 23 96 8 11 59 52 9Ediç., impressão, reproduç. gravaçs. 0 12 12 77 16 140 44 145 131 26 12 254Produtos minerais não-metálicos 195 208 85 289 67 130 124 49 219 17 5 106Outras indústrias 351 75 79 179 34 167 194 177 154 219 69 50Indústria de Transformação 1.740 2.036 2.766 7.002 5.070 7.001 7.555 4.355 10.699 6.529 3.687 3.624

Indústria de Transformação - Ingressos de Participação no Capital por Atividades (US$ milhões)

Fonte: BCB – Séries Temporais e Notas para Imprensa sobre o Setor Externo. Elaboração própria. Notas: De 1996 até 2000, os dados não incluem ingressos inferiores a US$ 10 milhões por empresa no ano. Tabela

ordenada decrescentemente pelo ano de 2005

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 12

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 1ºS/2005 1ºS/2006Produtos alimentícios e bebidas 10,7 15,9 4,8 17,7 19,2 8,0 24,8 9,4 50,0 31,8 44,5 4,2Fabric., mont. veículos automotores 16,4 10,9 38,3 26,1 18,9 22,1 23,3 22,2 7,9 16,0 11,1 6,1Produtos químicos 12,7 18,1 12,8 18,2 21,7 22,1 20,8 16,7 12,7 11,7 12,4 12,5Artigos de borracha e plástico 1,7 6,8 5,7 3,0 1,1 2,5 2,4 4,7 1,2 7,4 8,5 4,3Mat. eletrônico, equips. comunicaç. 3,6 9,1 9,5 7,4 12,9 16,7 7,2 7,5 2,5 6,1 2,4 6,8Metalurgia básica 1,7 0,0 4,3 1,6 4,8 6,2 1,8 8,1 7,6 4,8 4,5 24,9Máquinas e equipamentos 10,3 10,1 6,3 1,2 11,4 4,9 5,2 5,9 2,9 3,9 3,8 6,6Outros equipamentos de transportes 0,0 0,0 3,3 0,7 3,7 0,7 0,7 0,6 4,3 3,2 2,4 0,9Celulose, papel e produtos do papel 1,3 0,0 0,0 0,2 0,2 2,1 0,1 8,0 1,7 2,6 1,1 2,1Máquinas, aparelhos e mat.elétricos 1,7 6,8 4,0 4,9 1,3 4,7 4,9 4,3 2,3 2,5 1,2 0,9Produtos têxteis 4,2 2,5 0,8 1,3 0,7 0,8 1,3 0,8 0,5 1,9 0,2 17,3Produtos de madeira 0,0 4,3 0,6 0,3 0,6 1,0 0,2 0,7 0,6 1,9 3,1 0,3Produtos de metal 3,7 0,0 1,5 0,6 0,5 1,5 1,2 2,4 0,8 1,4 1,0 1,4Máqs. escritório, equips. informática 0,6 1,0 1,8 9,0 0,5 0,3 1,3 0,2 0,1 0,9 1,4 0,2Ediç., impressão, reproduç. gravaçs. 0,0 0,6 0,4 1,1 0,3 2,0 0,6 3,3 1,2 0,4 0,3 7,0Produtos minerais não-metálicos 11,2 10,2 3,1 4,1 1,3 1,9 1,6 1,1 2,0 0,3 0,1 2,9Outras indústrias 20,2 3,7 2,9 2,6 0,7 2,4 2,6 4,1 1,4 3,3 1,9 1,4Indústria de Transformação 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Indústria de Transformação - Ingressos de Participação no Capital por Atividades (% do setor)

Fonte: BCB – Séries Temporais e Notas para Imprensa sobre o Setor Externo. Elaboração própria. Notas: De 1996 até 2000, os dados não incluem ingressos inferiores a US$ 10 milhões por empresa no ano. Tabela

ordenada decrescentemente pelo ano de 2005

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 13

O Brasil no Cenário Internacional

Países em Desenvolvimento nos Ingressos Líquidos de IDE Mundiais Fazendo uma atualização e uma revisão dos números para IDE (líquido) da UNCTAD no World Investment Report a partir dos dados a partir de dados do FMI/IFS, da CEPAL e do próprio UNCTAD Investment Brief (nº 1 de 2006), observa-se que em 2005 o IDE atingiu US$ 916,1 bilhões, superando bastante os patamares de 2003 e 2004 (US$ 656,8 bilhões e US$ 757,2 bilhões). Pela série iniciada em 1970, o volume de IDE líquido global em 2005 só foi superado pelos de 1999 e 2000, quando a grandeza atingiu a casa do US$ 1 trilhão. Já a participação dos países em desenvolvimento tem crescido continuamente desde 2002, tendo à frente o conjunto dos países da Ásia e Oceania, puxado pelo vigoroso crescimento da China. Assim, em 2005, os países em desenvolvimento representaram 31,8% do IDE líquido mundial.

Países Desenvolvidos, Em Desenvolvimento, Em Transição(US$ bilhões)

0

400

800

1200

1600

Em desenvolvimento 34,7 43,8 54,6 79,6 105,7 115,1 148,4 189,3 187,6 231,0 253,2 216,8 154,9 165,8 238,8 291,4Em transição 0,1 0,2 1,8 3,3 2,5 4,8 6,3 12,1 10,6 10,6 9,0 11,4 12,9 23,8 38,9 36,5UE - novos da Europa Central 0,3 2,4 3,5 5,3 4,7 11,9 10,4 12,0 16,0 18,5 20,5 18,5 22,6 11,1 27,0 31,6Desenvolvidos, exc. UE novos da Europa Central* 172,3 115,1 113,9 145,7 148,7 209,6 230,8 277,2 490,5 861,1 1.259,4 574,9 541,9 456,1 452,5 556,6Total 207,3 161,7 173,7 233,8 261,7 341,3 396,0 490,6 704,8 1.121,2 1.542,1 821,7 732,4 656,7 757,2 916,1

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: Brasil: BCB; Mundo e América Latina e Caribe: CEPAL, FMI/IFS, UNCTAD. Elaboração, revisão e atualização próprias. * Inclui Chipre, que passou a integrar a União Européia. A UNCTAD, após a integração dos dez novos membros da UE, agregou os oito países da Europa Central, mais o Chipre (até então incluso entre os países em desenvolvimento da Ásia). Optou-se aqui por separar ao menos os oito países da Europa Central, que anteriormente compunham o bloco das economias em transição. Além dos países da Europa Central e do Chipre, Malta também passou a integrar a UE, mas já era considerada entre os países desenvolvidos.

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 14

Países Desenvolvidos, Em Desenvolvimento, Em TransiçãoParticipação no IDE Mundial (%)

70,7 74,9 75,9 73,183,1

61,871,6 75,3 74,0 77,1

84,7

66,1

53,3

64,7 68,374,0

81,1 83,4 81,7 85,1 83,1

71,265,5 62,3

56,861,4 58,3 56,5

69,676,8

81,7

70,0 74,069,4

59,8 60,8

29,325,1 24,1 26,9

16,9

38,228,3 24,6 25,9 22,8

15,2

33,9

46,7

35,3 31,626,0

18,9 16,6 18,3 14,8 16,7

27,131,4 34,1

40,433,7 37,5 38,6

26,620,6

16,426,4

21,2 25,231,5 31,8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

10019

70

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Desenvolvidos, exc. UE novos da Europa Central* UE - novos da Europa Central Em transição Em desenvolvimento Fonte: Brasil: BCB; Mundo e América Latina e Caribe: CEPAL, FMI/IFS, UNCTAD. Elaboração, revisão e atualização próprias. * Inclui Chipre, que passou a integrar a União Européia. A UNCTAD, após a integração dos dez novos membros da UE, agregou os oito países da Europa Central, mais o Chipre (até então incluso entre os países em desenvolvimento da Ásia). Optou-se aqui por separar ao menos os oito países da Europa Central, que anteriormente compunham o bloco das economias em transição. Além dos países da Europa Central e do Chipre, Malta também passou a integrar a UE, mas já era considerada entre os países desenvolvidos.

Países em Desenvolvimento - IDE (US$ bilhões)

3,9

3,6

3,6 5,7

4,4 10

,5

6,1

6,6 8,9

9,9

8,4 23

,5

26,9

17,8

19,0

14,9

16,8 23

,2 30,1

29,2 34,7 43

,8 54,6

79,6

105,

7

115,

1

148,

4

189,

3

187,

6

231,

0 253,

2

238,

8291,4

216,

8

165,

815

4,9

-50

0

50

100

150

200

250

300

350

1970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Ásia e OceaniaAmérica Latina e CaribeÁfricaPaíses em Desenvolvimento

Fonte: Brasil: BCB; Mundo e América Latina e Caribe: CEPAL, FMI/IFS, UNCTAD. Elaboração, revisão e atualização próprias.

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 15

África, América Latina & Caribe, Ásia & OceaniaParticipação no IDE dos Países em Desenvolvimento (%)

33,2

42,0

45,2

47,3

63,9

34,9

48,4

26,7 35,8 32,922,3 29,3 26,6 34,1

40,6 45,626,0

64,1

9,9

41,2

32,2

23,6

25,2

13,3 8,6 27,5

11,8

8,8 15,0 4,8 8,3 6,7 7,4 9,9 16,4

10,5

10,3

10,0

16,0 8,2 8,1 6,7 6,9 5,8 4,9 3,9 5,7 4,8 5,1 3,8 9,2 7,7 10,4

7,8

94,5

28,738,6

47,240,9

34,0 29,023,828,631,7

35,630,0

32,7

29,8

88,6

42,4

42,752,6

55,4

63,460,658,349,857,647,749,653,762,068,564,970,9

60,456,165,160,261,558,153,8

35,3

60,159,963,556,8

6,6

21,1

43,945,927,3

49,431,2

41,623,825,1

-35,7

-50

-25

0

25

50

75

100

125

15019

70

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

África América Latina e Caribe Ásia e Pacífico Fonte: Brasil: BCB; Mundo e América Latina e Caribe: CEPAL, FMI/IFS, UNCTAD. Elaboração, revisão e atualização próprias.

O Brasil nos Influxos de IDE Mundiais No Brasil, apesar dos níveis de IDE dos anos 1990, sua participação nos investimentos externos diretos mundiais diminuiu ao longo do tempo. Após a década de 1970, o País foi perdendo destaque enquanto locus preferencial para inversões estrangeiras, principalmente com a crise da dívida que se abateu sobre as economias latino-americanas em 1982. Embora as correntes de investimentos estrangeiros tenham contribuído sobejamente para a crescente participação brasileira no IDE mundial de 1993 a 1998, quando chegou a 4,5%, o País não conseguiu manter esse fatia, mesmo com o saldo de IDE tendo crescido até 2000. Aliás, a despeito de 2000 ter sido o ano em que o investimento externo direto líquido atingiu seu ápice, significou somente 2,1% do IDE mundial. Em 2004, o IDE do Brasil representou 2,4% do total do globo, caindo em 2005 para 1,7%. Adicionalmente, concorreram para essa perda de fatia, de um lado, a inserção produtiva da China a partir das diretrizes adotadas por seu governo em fins dos anos 1970 e início dos 1980 no sentido de atrair empreendimentos estrangeiros para zonas preestabelecidas da faixa costeira, e, de outro, a condição galgada pelas economias da Europa central e oriental de receptoras de inversões, desde a dissolução do antigo bloco comunista. Logo, as opções de localização para os empreendimentos aumentaram.

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 16

Por sinal, o dinamismo não só da China, mas também de outras economias asiáticas, mormente as cidades-estado Cingapura e Hong Kong, têm ampliado seu poder de atração de investimentos, de sorte a fazer com que o Brasil e o conjunto dos países latino-americanos e caribenhos percam espaço nos influxos de IDE para as nações em desenvolvimento. Em 2005, a China abocanhou 27,2% desses recursos para países em desenvolvimento. Cingapura, Hong Kong e Coréia do Sul responderam por 19,3%. Deste modo, o Brasil representou 5,2% do IDE líquido para regiões em desenvolvimento, menos do que o México, 6,1%. A América Latina e o Caribe como um todo significaram 26% dos investimentos diretos externos, isto é, somente 6,7% acima do que abocanharam Cingapura, Hong Kong e República da Coréia e menos do que representou a China sozinha. Aliás, vale notar que, em 1977, o Brasil respondeu por 27% dos ingressos líquidos para as economias em desenvolvimento.

Brasil e América Latina e Caribe - Participação no IDE Líquido Mundial (%)

2,9 3,2

3,0

5,6

4,6 4,7

7,2

6,8

5,8

5,6

3,5 3,6

5,1

3,2

2,7

2,5

0,4 0,

8

1,7

0,6

0,5 0,7 1,

2

0,6 1,

2 1,4

2,8

4,0 4,

5

2,5

2,1 2,

7

2,3

1,5

2,4

1,7

12,5 13

,2

14,9

16,0

16,1

10,4

12,3

14,6

13,5 13

,9

12,6

5,2

5,2

9,7 10

,3

11,8 12

,8

15,7

9,7

10,8

7,3

9,1

8,3

12,1

8,0

12,8

11,8

11,5

9,5

6,7

4,5

3,5

7,2

6,3

7,6

9,0

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

1970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Brasil América Latina e Caribe

1979

:Im

puta

ção

dos

dado

s de

fato

daC

hina

1992

: Im

puta

ção

dos

dado

s de

fato

da

Rús

sia.

Fonte: Brasil: BCB; Mundo e América Latina e Caribe: CEPAL, FMI/IFS, UNCTAD. Elaboração, revisão e atualização próprias.

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 17

Economias Selecionadas Participação no IDE Líquido dos Países em Desenvolvimento Anos Selecionados (%)

Demais da Ásia e Oceania

37%

África12%

Chile0%

Cingapura4%

Coréia do Sul1%

China0%

Demais da América Latina e

Caribe6%

Hong Kong4%

Índia1%

México8%

Brasil27%

1977

China7%

Brasil8%

Demais da América Latina e

Caribe13%

Chile0%

México8%

Hong Kong7%

Índia0%

África10%

Coréia do Sul1%

Cingapura7%

Demais da Ásia e Oceania

39%

1984

China24%

Demais da América Latina e

Caribe19%

África5%

Demais da Ásia e Oceania

10%

Hong Kong8%

Cingapura4%

Índia1%

Coréia do Sul3%

Brasil17%

Chile2%

México7%

1998

China23%

Brasil8%

Hong Kong14%

Demais da América Latina e

Caribe10%

Índia2%

África8%

Chile3%

México8%

Cingapura7%

Demais da Ásia e Oceania

13%

Coréia do Sul4%

2004

Fonte: Brasil: BCB; Mundo e América Latina e Caribe: CEPAL, FMI/IFS, UNCTAD. Elaboração, revisão e atualização próprias.

Economias Selecionadas Participação no IDE Líquido dos Países em Desenvolvimento 2005 (%)

China27,2%

Brasil5,2%

Hong Kong12,3%

Demais da América Latina e Caribe12,2%

Índia2,1%

África9,9%

Chile2,5%

México6,1%

Cingapura5,5%

Demais da Ásia e Oceania15,7%

Coréia do Sul1,5%

Fonte: Brasil: BCB; Mundo e América Latina e Caribe: CEPAL, FMI/IFS, UNCTAD. Elaboração, revisão e atualização próprias.

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 18

Análise do desempenho e do potencial brasileiro na atração de IDE Para apreender melhor a inserção brasileira nos fluxos internacionais em questão, é útil tratar de dois índices construídos e levantados pela UNCTAD e normalmente divulgados anualmente no World Investment Report. Um destes indicadores tenta captar justamente o poder de atração de IDE por parte de uma economia, o índice de performance de IDE. Esse indicador é obtido pela razão entre a participação do IDE de um país no IDE mundial e a participação do PIB desse mesmo país no PIB mundial. Quando o valor se situa acima de 1, a economia é considerada de alta performance, caso contrário, de baixo desempenho em termos de investimentos estrangeiros diretos. Para o Brasil, esse índice acusa um crescimento gradativo ao longo dos anos 1990, chegando a 1,67 no período 2001-2003, mas declinando em 2002-2004, para 1,61. Desde 1995-1997, o País tem se mostrado como uma economia de alto desempenho no tocante à atração de IDE, conforme a UNCTAD. Ademais apresentou no dado mais recente uma atratividade maior do que a da Argentina e México, na América Latina, embora aquém do Chile. Dentro do quarteto de nações conhecido como BRIC, formado por Brasil, Rússia, Índia e China, o indicador brasileiro supera o indiano e o russo, mas não o chinês. No contraponto com os Tigres Asiáticos e a Irlanda, o índice brasileiro deixa a desejar frente a Cingapura, Hong Kong e o país europeu, mas fica acima dos de Taiwan e Coréia do Sul, dupla de países que prezam por uma estratégia mais forte na acumulação de capital via empreendimentos de residentes. Há de se ter certa cautela ao abordar o índice de desempenho do IDE. Do modo como ele é construído, uma nação pode registrar declínio no indicador mesmo abocanhando fatias cada vez maiores do IDE global. Basta que o aumento da participação do PIB no produto agregado mundial seja ainda maior. É o caso da China, país de alta performance, cujo saldo de IDE representou 7,2% dos investimentos estrangeiros diretos (líquidos) do mundo em 2003, mas que conta com expressivas taxas de expansão do PIB, provocando uma queda no índice ao longo da década de 1990. Isso explica também o fato do índice do Brasil ter crescido entre 2000-2002 e 2001-2003: embora a participação do IDE tenha caído, o declínio na participação do PIB brasileiro no produto agregado mundial foi de maior monta. Em 2002-2004, o índice declinou ligeiramente vis-à-vis 2001-2003: de 1,67 para 1,61. Nesse caso, houve ligeira queda na participação do Brasil no IDE mundial entre 2001-2003 e 2002-2004.

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 19

BRIC e Países Latino-Americanos Selecionados: Índice de Performance de IDE

0

1

2

3

4

5

6

7

Brasil 0,408 0,275 0,433 0,481 0,472 0,455 0,749 1,104 1,419 1,437 1,362 1,479 1,538 1,67 1,61

Argentina 1,20 1,47 2,05 1,97 1,77 1,57 1,80 1,95 1,55 1,85 1,44 1,26 0,69 0,35 1,20

Chile 3,11 3,00 2,98 3,08 3,91 3,85 4,91 4,61 3,89 3,45 2,28 2,37 1,74 2,16 3,47

México 1,34 1,49 1,65 1,67 2,37 2,57 2,57 2,44 1,81 1,21 0,80 0,97 1,05 1,37 1,24

China 1,03 1,18 2,16 4,67 6,13 5,78 4,67 3,68 2,76 1,81 1,20 1,13 1,33 1,97 2,13

Índia 0,07 0,07 0,09 0,14 0,24 0,38 0,47 0,53 0,42 0,27 0,16 0,17 0,22 0,36 0,41

Rússia 0,18 0,28 0,26 0,38 0,43 0,59 0,52 0,48 0,35 0,32 0,32 0,32 0,94

1988-1990

1989-1991

1990-1992

1991-1993

1992-1994

1993-1995

1994-1996

1995-1997

1996-1998

1997-1999

1998-2000

1999-2001

2000-2002

2001-2003

2002-2004

Fonte: UNCTAD. Elaboração própria.

Brasil, Irlanda e Tigres Asiáticos: Índice de Performance de IDE

0

2

4

6

8

10

12

14

Brasil 0,408 0,275 0,433 0,481 0,472 0,455 0,749 1,104 1,419 1,437 1,362 1,479 1,538 1,67 1,61

Hong Kong 5,29 3,14 4,12 5,23 6,33 5,29 5,06 4,46 4,30 4,12 6,03 6,50 6,51 4,82 6,53

Coréia do Sul 0,37 0,39 0,37 0,31 0,21 0,20 0,30 0,35 0,46 0,59 0,59 0,43 0,33 0,31 0,47

Cingapura 13,60 13,80 12,98 10,53 10,32 11,51 10,51 9,42 6,49 5,25 3,74 5,33 4,76 6,00 6,08

Taiwan 0,93 0,97 0,83 0,67 0,55 0,52 0,53 0,50 0,30 0,26 0,27 0,39 0,40 0,35 0,24

Irlanda 0,91 1,85 3,05 3,43 2,52 1,93 2,21 2,28 3,33 4,55 5,61 5,27 6,27 7,90 7,87

1988-1990

1989-1991

1990-1992

1991-1993

1992-1994

1993-1995

1994-1996

1995-1997

1996-1998

1997-1999

1998-2000

1999-2001

2000-2002

2001-2003

2002-2004

Fonte: UNCTAD. Elaboração própria.

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 20

Outro indicador feito pela UNCTAD, o índice de potencial de IDE, complementa o índice de performance ao captar as condições que as economias apresentam em prol de novas inversões do exterior. Variando entre 0 (potencial nulo) e 1 (potencial máximo), o índice de potencial consiste numa média aritmética de doze variáveis: taxa de expansão real do PIB nos últimos dez anos, PIB per capita; acesso à telefonia; consumo de energia; gastos em P&D; proporção de estudantes de 3º grau na população; risco-país; exportações em % PIB; exportações de recursos naturais; importações de partes de bens eletrônicos e automóveis; exportações de serviços; e estoque de IDE. A UNCTAD usa esse índice de sorte a estabelecer os países de elevado e de baixo potencial, através do ranking das 140 economias analisadas: as setenta primeiras, cujos índices mais se aproximam da unidade, são consideradas de alto potencial, enquanto a outra metade é de países de baixo potencial. No último período para o qual o índice de potencial de IDE foi apurado, 2001-2003, o Brasil teve 70º posto, com um índice de 0,18. Dentre os países constantes dos próximos gráficos, tal posição lhe deixou à frente apenas da Índia. Para se ter uma idéia da condição tênue de nossa economia, pelos critérios da UNCTAD, em 1999-2001 e em 2002-2002, o País ocupava, respectivamente, a 71ª e a 72ª colocação com mesmo o valor do indicador, de 0,18. Ficou, portanto, no grupo de países de baixo potencial nesses dois períodos. Podem-se enumerar alguns dos componentes do índice de potencial de IDE brasileiro que ficaram aquém de seus correspondentes nas economias abaixo. Nossa taxa média de crescimento do PIB nos dez anos encerrados em 2003 só não deixou a desejar frente à Argentina e à Rússia. Exceto novamente pela Rússia, as exportações em % PIB foram as menores, número que melhorará nos próximos levantamentos da UNCTAD, dado o desempenho das vendas externas brasileiras em 2004 e 2005. A qualificação da mão-de-obra, apreendida pela proporção de universitários na população total, também se constituiu num componente a puxar o indicador brasileiro para baixo, mesmo estando acima do chinês e do indiano. Ressalte-se que, neste elenco de países, há aqueles que ainda não converteram em alto desempenho seu elevado potencial para atração de investimentos externos diretos: Coréia do Sul e Taiwan, além da Rússia (embora com índice de potencial bem mais baixo do que os dois Tigres).

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 21

BRIC e Países Latino-Americanos Selecionados: Índice de Potencial de IDE

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

Brasil 0,17 0,16 0,18 0,18 0,18 0,19 0,19 0,18 0,19 0,19 0,19 0,18 0,18 0,18

Argentina 0,14 0,15 0,19 0,21 0,21 0,22 0,22 0,23 0,25 0,25 0,24 0,22 0,18 0,19

Chile 0,18 0,19 0,21 0,22 0,22 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,24 0,24 0,23

México 0,18 0,17 0,21 0,22 0,22 0,22 0,22 0,22 0,23 0,23 0,24 0,23 0,23 0,23

China 0,18 0,18 0,20 0,19 0,19 0,21 0,23 0,24 0,25 0,26 0,26 0,26 0,27 0,27

Índia 0,12 0,12 0,14 0,15 0,15 0,16 0,17 0,16 0,17 0,17 0,16 0,15 0,16 0,16

Rússia 0,26 0,25 0,25 0,27 0,26 0,26 0,26 0,27 0,29 0,28 0,29 0,32

1988-1990

1989-1991

1990-1992

1991-1993

1992-1994

1993-1995

1994-1996

1995-1997

1996-1998

1997-1999

1998-2000

1999-2001

2000-2002

2001-2003

Fonte: UNCTAD. Elaboração própria.

Brasil, Irlanda e Tigres Asiáticos: Índice de Potencial de IDE

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

Brasil 0,17 0,16 0,18 0,18 0,18 0,19 0,19 0,18 0,19 0,19 0,19 0,18 0,18 0,18

Hong Kong 0,36 0,35 0,35 0,36 0,38 0,42 0,42 0,42 0,42 0,42 0,43 0,42 0,41 0,40

Coréia do Sul 0,31 0,32 0,30 0,31 0,32 0,38 0,39 0,39 0,39 0,41 0,41 0,39 0,39 0,38

Cingapura 0,40 0,40 0,36 0,38 0,41 0,48 0,49 0,50 0,50 0,50 0,50 0,47 0,47 0,45

Taiwan 0,31 0,32 0,30 0,31 0,32 0,35 0,35 0,35 0,37 0,38 0,40 0,38 0,38 0,38

Irlanda 0,28 0,28 0,28 0,29 0,30 0,35 0,36 0,37 0,39 0,41 0,42 0,43 0,43 0,43

1988-1990

1989-1991

1990-1992

1991-1993

1992-1994

1993-1995

1994-1996

1995-1997

1996-1998

1997-1999

1998-2000

1999-2001

2000-2002

2001-2003

Fonte: UNCTAD. Elaboração própria.

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 22

BRIC e Países Latino-Americanos Selecionados

Sub-Índices Componentes do Indicador de Potencial de IDE

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Brasil 0,39 0,06 0,25 0,05 0,21 0,26 0,58Argentina 0,24 0,10 0,24 0,07 0,08 0,76 0,52Chile 0,57 0,10 0,36 0,07 0,11 0,48 0,75México 0,47 0,14 0,22 0,07 0,08 0,31 0,64China 0,92 0,02 0,19 0,04 0,22 0,13 0,76Índia 0,70 0,01 0,03 0,02 0,17 0,15 0,62Rússia 0,32 0,06 0,22 0,19 0,23 0,82 0,72

Crescimento real do PIB PIB per capita Telefonia

Consumo de energia per

capitaGastos em P&D Estudantes -

nível 3º grau Risco-país

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Brasil 0,05 0,12 0,05 0,02 0,09

Argentina 0,07 0,08 0,01 0,02 0,04

Chile 0,16 0,12 0,01 0,01 0,03

México 0,12 0,25 0,26 0,06 0,11

China 0,13 0,22 0,38 0,04 0,16

Índia 0,05 0,06 0,02 0,03 0,02

Rússia 0,16 1,00 0,01 0,04 0,05

Exportações (% PIB) Exportações de Recursos Naturais (% mundo)

Importações de partes/ acessórios de eletrônicos e

automóveis (% mundo)

Exportações de serviços (% mundo) Estoque de IDE

Fonte: UNCTAD. Elaboração própria.

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 23

Brasil, Irlanda e Tigres Asiáticos

Sub-Índices Componentes do Indicador de Potencial de IDE

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Brasil 0,39 0,06 0,25 0,05 0,21 0,26 0,58Hong Kong 0,46 0,56 0,84 0,11 0,11 0,29 0,84Coréia do Sul 0,62 0,24 0,66 0,19 0,51 1,00 0,83Cingapura 0,63 0,49 0,69 0,27 0,42 0,37 0,95Taiwan 0,59 0,29 0,89 0,19 0,44 0,81 0,86Irlanda 0,94 0,75 0,72 0,18 0,23 0,67 0,94

Crescimento real do PIB PIB per capita Telefonia Consumo de energia

per capita Gastos em P&D Estudantes - nível 3º grau Risco-país

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Brasil 0,05 0,12 0,05 0,02 0,09Hong Kong 0,77 0,04 0,36 0,14 0,28Coréia do Sul 0,19 0,14 0,10 0,07 0,03Cingapura 1,00 0,17 0,21 0,08 0,10Taiwan 0,26 0,06 0,06 0,05 0,03Irlanda 0,44 0,01 0,10 0,02 0,13

Exportações (% PIB) Exportações de Recursos Naturais (% mundo)

Importações de partes/ acessórios de eletrônicos e

automóveis (% mundo)

Exportações de serviços (% mundo) Estoque de IDE

Fonte: UNCTAD. Elaboração própria.

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Investimento Direto Estrangeiro no Brasil: Um Panorama 24

Em suma, apesar do crescimento da nossa economia em 2004 e em 2005, no qual as exportações tiveram papel de sumo relevo, há muito espaço para que o País amplie seu potencial de atração de investimentos produtivos. Até porque, na percepção empresarial, já passado o período das privatizações dos serviços de utilidade pública, o Brasil perdeu terreno frente a outras opções. Tal constatação está explícita no quadro abaixo, feito pela empresa de consultoria A T Kearney, com base no índice de confiança de IDE por ela elaborado. Se até 2001 o Brasil figurava entre as quatro primeiras alternativas de destino, de 2002 em diante o País foi cedendo colocações. Em fins de 2004, o Brasil ocupava a 17ª posição. Em 2005, a posição brasileira no levantamento da A T Kearney melhorou, subindo para a sétima colocação. Saliente-se que, mesmo no relatório anterior da A T Kearney, quando o Brasil figurou em 17º destino, já se expunha uma percepção favorável ao Brasil enquanto alternativa para empreendimentos na indústria de transformação, a exemplo da indústria automotiva e de produtos eletroeletrônicos. Se há oportunidades, elas devem ser aproveitadas.

Class. dez/2005 out/2004 set/2003 set/2002 fev/2001 jan/2000 jun/1999 dez/1998 jun/19981 China China China China EUA EUA EUA EUA EUA2 Índia EUA EUA EUA China Reino Unido China Brasil Brasil3 EUA Índia México Reino Unido Brasil China Reino Unido China China4 Reino Unido Reino Unido Polônia Alemanha Reino Unido Brasil Brasil Reino Unido Reino Unido5 Polônia Alemanha Alemanha França México Polônia México Alemanha Índia6 Rússia França Índia Itália Alemanha Alemanha Índia Polônia México7 Brasil Austrália Reino Unido Espanha Índia México Austrália Índia Polônia8 Austrália Hong Kong Rússia Canadá Itália Itália Polônia México Argentina9 Alemanha Itália Brasil México Espanha Espanha Alemanha Espanha Austrália

10 Hong Kong Japão Espanha Austrália França Austrália França França Alemanha11 Hungria Rússia França Polônia Polônia Índia Itália Itália Espanha12 Checa, Rep. Polônia Itália Japão Canadá França Candá Argentina Itália13 Turquia Espanha Checa, Rep. Brasil Cingapura Canadá Espanha Holanda Rússia14 França Checa, Rep. Canadá Checa, Rep. Tailândia Tailândia Argentina Austrália Hungria15 Japão Malásia Japão Índia Austrália Coréia do Sul Tailândia Tailândia Tailândia16 México Canadá Tailândia Hungria Checa, Rep. Japão Checa, Rep. Coréia do Sul Checa, Rep.17 Espanha Brasil Hungria Rússia Coréia do Sul Holanda Coréia do Sul Canadá Canadá18 Cingapura Cingapura Coréia do Sul Hong Kong Holanda Checa, Rep. Hungria Checa, Rep. Indonésia19 Itália Hungria Austrália Holanda Taiwan Argentina Holanda Japão França20 Tailândia Tailândia Taiwan Tailândia Japão Hungria Cingapura Irlanda Chile21 Canadá Coréia do Sul Vietnã Coréia do Sul Hungria Cingapura Japão Hungria Coréia do Sul22 Dubai/ UEA México Hong Kong Cingapura Malásia Malásia Malásia Cingapura Malásia23 Coréia do Sul Indonésia Malásia Bélgica Turquia Taiwan Taiwan Chile Japão24 Ásia Central Holanda Turquia Taiwan Argentina Bélgica Filipinas Bélgica Cingapura25 Romênia Taiwan Indonésia Áustria Hong Kong Irlanda Hong Kong Taiwan Filipinas

Fonte: A T Kearney.Nota: Ásia Central inclui Azerbaijão, Belorússia, Cazaquistão e Turcomenistão; Dubai/ UEA, incluso pela primeira vez na pesquisa.

Classificação das 25 Principais Economias em termos do Índice de Confianca de IDE da A T Kearney

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Considerações Finais

Apesar de se constatar o incremento da parcela de ingressos de IDE para a indústria, bem como a capacidade do Brasil em atrair empreendimentos industriais de relevo, tais fatos não se constituem por si só em alicerces sólidos para a nossa economia. • Primeiramente, mesmo sendo a indústria produtora de bens comercializáveis (tradables),

não implica que a estratégia das companhias industriais que estejam ingressando ou ampliando suas respectivas bases no País tenham como alvo as exportações: podem ter como foco o mercado doméstico, tal como já aconteceu em passado recente.

• Ademais, o ideal é que os ingressos para a indústria cresçam acompanhados por novas

entradas de IDE para os demais setores, principalmente nos serviços de utilidade pública, dado que um maior dinamismo nesse segmento propicia melhorias na infra-estrutura física do Brasil, tão necessária para a produção doméstica. A implementação do aparato regulador das Parcerias Público-Privadas é um avanço notório, mas não significa que os investimentos estrangeiros venham automaticamente.

A despeito do recente desempenho exportador do Brasil, o ideal é que sejam atraídos investimentos externos voltados para a constituição de bases exportadoras mais robustas e perenes a partir do território nacional, sedimentando o ajuste externo e minimizando o acréscimo no passivo externo que o IDE representa. A dificuldade recente decorre da apreciação cambial. Esse último fato já vem influenciando nas decisões de transnacionais no tocante a partir de onde exportar – se do Brasil ou se a partir de uma base em outro país – em detrimento das vendas para o Exterior a partir do território nacional. Como exemplo, há a experiência recente da Nokia, que transferiu a produção de diversas linhas telefones celulares para o México, reduzindo seu poder de exportação para os EUA a partir da planta estabelecida em Manaus. Por fim, os ingressos para as diferentes atividades da indústria de transformação podem se constituir em alvos para a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), à medida que sinaliza em quais segmentos o Brasil tem se mostrado mais atraente. Porém não se pode esquecer das cadeias produtivas nas quais tais segmentos se inserem. Procurar oportunidades a partir de elos nesses encadeamentos produtivos pode se consubstanciar em esforço profícuo.

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Bibliografia

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