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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
EVERTON COSTA GOMES
INVESTIMENTOS AMBIENTAIS E O DESEMPENHO ECONÔMICO DAS ORGANIZAÇÕES: UMA ANÁLISE DAS
EMPRESAS DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
Cuiabá – MT 2019
EVERTON COSTA GOMES
INVESTIMENTOS AMBIENTAIS E O DESEMPENHO ECONÔMICO DAS ORGANIZAÇÕES: UMA ANÁLISE DAS
EMPRESAS DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
Monografia apresentada a UFMT/Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis, sob orientação do Prof. Dr. Benedito Albuquerque da Silva.
Cuiabá – Março/2019
EVERTON COSTA GOMES
INVESTIMENTOS AMBIENTAIS E O DESEMPENHO ECONÔMICO DAS ORGANIZAÇÕES: UMA ANÁLISE DAS
EMPRESAS DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
Monografia defendida e aprovada em ____/____/____ pela banca examinadora constituída pelos professores:
_____________________________________ Prof. Dr. Benedito Albuquerque da Silva
Presidente
_____________________________________ Profa. Ma. Marilene Dias de Oliveira
Membro
_____________________________________ Profa. Dra. Renildes de Oliveira Luciardo
Membro
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi analisar a relação entre o investimento ambiental efetuado pelas organizações e o seu desempenho econômico, verificando se existem relações entre eles e quais são. Por meio do teste relacional entre o total de investimentos ambientais e os indicadores econômicos, o presente estudo tentou determinar essa relação. Para isso, foi realizado um estudo com as empresas do setor elétrico brasileiro que publicaram seus relatórios de sustentabilidade, sob as normas da Global Reporting Initiative, de 2012 a 2016, que subsidiou um levantamento sobre o total de investimentos revertidos em prol de causas ambientais pelas organizações. Os indicadores econômicos selecionados (ROA, ROS, ROE e ROI) a partir das demonstrações financeiras disponibilizadas pelas empresas, foram coletados utilizando-se a base de dados Economática. Aplicou-se o teste de correlação de Pearson e a regressão linear simples por MQO para análise dos dados. Os resultados apontaram uma relação forte/moderada para os indicadores ROE e ROI, e fraca para os demais. Verificou-se ainda que os investimentos ambientais exerceram um impacto negativo sobre todas as variáveis estudadas. Palavras-chave: Análise Estatística, GRI, Relatórios de Sustentabilidade.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Modelo Bidimensional de Responsabilidade Social Corporativa ............................. 15
LISTA DE TABELAS
Tabela1: Resumo dos Conteúdos Padrão Gerais GRI G-4 ....................................................... 21 Tabela 2: Resumo dos Conteúdos Padrão Específicos GRI G-4 .............................................. 22
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Estudos empíricos a nível internacional. ................................................................. 24 Quadro 2: Estudos empíricos a nível nacional ......................................................................... 25 Quadro 3: Índices econômicos ................................................................................................. 27 Quadro 4: Análise descritiva das variáveis de estudo .............................................................. 28 Quadro 5: Análise do Coeficiente de Correlação de Pearson ................................................... 29 Quadro 6: Resultado da regressão linear simples por MQO.. .................................................. 30
LISTA DE ABREVIATURAS
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica B3 – Brasil, Bolsa, Balcão CEDBS – Conselho Empresarial Brasileiro Para o Desenvolvimento Sustentável CERES – Coalition for Environmentally Responsible Economies GRI – Global Reporting Initiative IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IIRC – International Integrated Reporting Council ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial MQO – Mínimos Quadrados Ordinários ONG’s – Organizações Não Governamentais ONU – Organização das Nações Unidas ROA – Retorno sobre Ativos ROE – Retorno sobre Patrimônio Líquido ROI – Retorno sobre Investimentos ROS – Retorno sobre Vendas RSC – Responsabilidade Social Corporativa RSE – Responsabilidade Social Empresarial
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 9
2. REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 13 2.1. RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL ........................................................ 13 2.1.1. Teoria dos Shareholders vs Teoria dos Stakeholders ..................................................... 13 2.1.2. Modelo Bidimensional de RSC de Quazi e O’Brien ...................................................... 15 2.1.3. Responsabilidade Social Corporativa, Sustentabilidade e Indicadores .......................... 16 2.2. GLOBAL REPORTING INITIATIVE (GRI) ...................................................................... 18 2.2.1. Relatórios GRI no Brasil ................................................................................................ 19 2.2.2. GRI G4 – A Quarta Geração de Normas GRI ................................................................ 20 2.3. ESTUDOS EMPÍRICOS ANTERIORES ......................................................................... 23
3. METODOLOGIA .......................................................................................................... 26
4. ESTUDO DE CASO: O CASO DO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA ................ 28 4.1. ANÁLISE DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS DE ESTUDO ........................................... 28 4.2. ANÁLISE DO COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE PEARSON............................. 28 4.3. ANÁLISE POR MEIO DE REGRESSÃO LINEAR SIMPLES ...................................... 29 4.3.1. Método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) .................................................... 30
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 34 APÊNDICES ........................................................................................................................... 40
9
1. INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas várias discussões estão sendo levantadas a respeito dos impactos
causados pela atividade humana e pelo crescimento econômico no meio ambiente e na
sociedade (CASTRO et al., 2009). Segundo os autores, as organizações, por força dos
diversos segmentos da sociedade, vêm sendo pressionadas a terem uma atuação de forma
mais responsável diante do meio ambiente. Além disso, a necessidade de as organizações
comunicarem de forma consistente e confiável, para os diversos stakeholders, o seu
envolvimento nesse campo, aumentou a relevância dos balanços sociais ou relatórios de
sustentabilidade (CASTRO et al., 2009).
Como consequência desses novos paradigmas, houve uma mudança significativa na
forma como as pessoas enxergavam a relação entre negócios e sociedade. Nesse período,
houve mobilizações das organizações, governo e sociedade civil organizada em prol das
necessidades socioambientais, e, passou-se, pela primeira vez na história, a se discutir o papel
das empresas e do governo frente ao meio ambiente e sociedade (CABESTRE et al., 2008).
Historicamente, os primeiros escritos sobre Responsabilidade Social Empresarial
ocorreram nos Estados Unidos, na década de 1950 (BERTONCELLO, CHANG JUNIOR;
2007). O marco inicial se deu em 1953 com a publicação do livro Social Responsibilities Of
The Businessman, por Howard Bowen (MORISUE et al., 2012).
Já em 1972, a Conferência de Estocolmo, realizada na Suécia, tornou-se a primeira
atitude mundial visando à organização da relação entre Homem e Meio Ambiente
(MARTINEZ, 2010). Para o autor, o principal objetivo deste evento foi conscientizar a
sociedade sobre a importância de se preservar o meio ambiente, atendendo as suas
necessidades, sem comprometer as gerações futuras.
Como consequência das discussões e preocupações sobre o meio ambiente, realizou-
se em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, a Conferência da Organização das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em que houve a participação de mais de
170 países (DIAS, 2004). Esse acontecimento ficou conhecido como Conferência Rio-92, e o
desenvolvimento sustentável passou a ser visto como um modelo a ser buscado (DIAS, 2004).
Dessa maneira, as organizações passaram, portanto, a adotar posturas que são aceitas
coletivamente e que afetam todos os públicos envolvidos (CABESTRE et al., 2008). A
preocupação com a formação e manutenção de uma imagem positiva, a concorrência e as
10
pressões sociais e econômicas, criadas pela globalização, têm levado as organizações a
repensar o seu papel na sociedade (CABESTRE et al., 2008).
Para Mello e Froés (2001), uma empresa com responsabilidade socioambiental,
destaca-se,
pela sua excelência em política e gestão ambiental, pela sua atuação como agente de fomento do desenvolvimento sustentável local e regional, e de preservação da saúde, da segurança e da qualidade de vida de seus empregados e da comunidade situada ao redor, e pela inserção da questão ambiental como valor de sua gestão e como compromisso, sob forma de missão e visão de seu desenvolvimento empresarial.
Nesse contexto, segundo Oliveira et al. (2004), a responsabilidade socioambiental é
um referencial de excelência para as empresas. Para o autor, as empresas de hoje,
independentemente dos seus setores de atuação e tamanho, só sobrevivem ao aplicar
fundamentos de ética, transparência e responsabilidade social em suas políticas e práticas que
possibilitam o alcance do sucesso econômico em longo prazo em função do seu
relacionamento com os stakeholders.
Dessa forma, com o intuito de ajudar empresas e governos de todo o mundo a
entender e comunicar seu impacto em questões críticas de sustentabilidade, como mudança
climática, direitos humanos, governança e bem-estar social, foi criado em 1997, a Global
Reporting Initiative (GRI, About GRI, 2018). Como organização independente, ela foi
pioneira em relatórios de sustentabilidade e, atualmente, é responsável pelo padrão de
relatório de sustentabilidade mais adotado ao redor do mundo. (GRI, About GRI, 2018).
Sediada em Amsterdã, na Holanda, e com polos regionais no Brasil, Austrália,
China, Colômbia, Índia, África do Sul e Estados Unidos, seus relatórios são produzidos em
mais de 100 países. Segundo Ernst Ligteringen, em entrevista à Revista Exame, dentro da
G250 – as 250 maiores empresas do mundo – 95% dos membros já desenvolvem relatórios de
sustentabilidade (BITARELLO, 2012).
Impulsionada pela Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a RIO +20, que em seu Parágrafo 47 do documento The Future We Want,
reconheceu a importância dos relatórios de sustentabilidade assim como dos governos em
promovê-los, a GRI promove o gerenciamento da mudança em direção a uma economia
global sustentável, transparente e responsável. (GRI History, 2016).
Segundo a GRI (Focal Point Brazil, 2018), as empresas brasileiras aumentaram seu
compromisso com a sustentabilidade. Atualmente, de acordo com a Organização, o país se
encontra em terceiro lugar no mundo em número de empresas que divulgam relatórios de
sustentabilidade. Segundo Glaucia Terreo, em entrevista concedida a Federação das Indústrias
11
do Estado de São Paulo (FIESP, 2014), até 2013 cerca de 210 empresas já publicavam seus
relatos sob as normas da Global Reporting Initiative, no Brasil.
A sua quarta versão, G4, publicada em 2013, trouxe muitas inovações em relação à
versão anterior, a começar pela inclusão dos relatórios integrados propostos pela International
Integrated Reporting Council (IIRC), além do formato para apresentação do relatório e a
integração entre os relatórios financeiros e de sustentabilidade (LIMA et al., 2013). Com isso,
para o autor, percebe-se que a realidade das grandes corporações está sendo adaptada a
responsabilidade socioambiental, relacionando as práticas sustentáveis com o desempenho
empresarial sob o enfoque econômico e ambiental.
Muitos setores já começaram a entender que sustentabilidade não é custo, e sim
investimento e lucro (ÉPOCA, 2016). Para Marina Grossi, economista e presidente do
Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em
entrevista para a Revista Época (2016), os retornos desses investimentos são de médio e longo
prazo, mas os benefícios em reputação e competitividade são notáveis.
Nesse contexto, o presente estudo se justifica pela relevância e importância que o
tema ganhou no contexto atual das grandes organizações. Considerando-se que os indicadores
sociais e ambientais, no Brasil e no mundo, ainda carecem de maior fundamentação teórica e
prática (VIANNA et al., 2008), almeja-se que essa pesquisa contribua com o entendimento da
relação entre investimentos ambientais e performance financeira nas companhias do setor
elétrico brasileiro.
Face ao exposto, o principal objetivo desta monografia é apresentar um estudo sobre
o comportamento dos índices econômicos das empresas de energia elétrica mediante a
alocação de recursos voltados a manutenção dos impactos ambientais por elas causados.
Dessa forma, pretende-se responder à seguinte questão-problema: “Os investimentos
ambientais são capazes de melhorar os índices econômicos de uma organização?”.
Espera-se, ao final deste trabalho, entender de que forma os investimentos ambientais
impactaram os indicadores financeiros das companhias de energia elétrica brasileiras, sob
quatro perspectivas: Retorno sobre Ativos (ROA), Retorno sobre Investimentos (ROI),
Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) e Retorno sobre Vendas (ROS).
A escolha do setor de Energia Elétrica se deu mediante análise prévia das empresas
listadas na Bolsa de Valores (B3). Com 56 empresas listadas até Abril/2018, elas representam
o maior subsetor do Brasil, Bolsa, Balcão (B3). Incentivadas pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), através da Resolução ANEEL nº 444 e pelo seu volume de
investimentos socioambientais em programas de pesquisa e desenvolvimento da eficiência
12
energética, elas publicam e divulgam regularmente seu balanço social e relatórios de
sustentabilidade, conforme apontado por Lima et al. (2013).
Dessa forma, as empresas de energia elétrica se consolidam como uma variável
importante dentro dos estudos voltados à sustentabilidade, não somente pelo impacto causado,
tanto na economia quanto no meio ambiente, mas também pela busca da excelência na
divulgação de seus relatos, adotando parâmetros e normas internacionalmente aceitas (LIMA
et al., 2013).
Quanto à metodologia utilizada, a natureza da pesquisa se caracteriza como
quantitativa, pois nela foram empregados processos de quantificação e tratamento de dados. A
coleta de dados foi realizada em fontes secundárias, na B3 e nos sites corporativos, das 56
empresas selecionadas. Estas empresas pertencem aos elos de geração, distribuição e
transmissão de energia, conforme relatórios divulgados pela B3.
Quanto aos investimentos ambientais, eles foram coletados em seus relatórios de
sustentabilidade e seus indicadores financeiros na base da Economática. Seus dados foram
tratados no software Stata e os modelos estatísticos utilizados foram a Correlação de Pearson
e a Regressão Linear Simples.
Dessa forma, apresentados os pressupostos teóricos necessários nas pesquisas
acadêmicas, a organização do trabalho segue a estrutura de vanguarda. Após esta
apresentação inicial, expõe-se a fundamentação teórica que sustenta a base da pesquisa. Logo
em seguida, os procedimentos metodológicos, os resultados encontrados e as discussões
formuladas. Ao final, demais considerações e as conclusões da pesquisa.
13
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL
Devido ao processo de globalização e às novas demandas empresariais, intensificou-
se a discussão acerca da Responsabilidade Social Corporativa (RSC), já que a ética, a
transparência e a responsabilidade são, a cada dia que passa, mais exigidos pelo mercado
(HOLANDA et. al, 2010). Segundo Cesar e Silva Junior (2008), há duas perspectivas
distintas acerca do papel das organizações: a expectativa dos shareholders e a dos
stakeholders.
Para Ethos (2001), a RSC é a forma de gestão que se define pela relação ética e
transparente da organização com os mais diversos públicos, sejam eles internos ou externos, e
pelo estabelecimento de metas dentro do contexto empresarial que podem impulsionar o
desenvolvimento sustentável da sociedade, tendo em vista a preservação dos recursos
ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a
redução das desigualdades sociais.
Entretanto, essa abordagem sobre responsabilidade social e ambiental dentro das
organizações passou por alguns processos de mudanças no entendimento dos impactos
causados pelas atividades de uma empresa e causaram uma mudança cultural dentro das
organizações (HOLANDA et. al, 2010). Importantes autores debateram acerca do assunto nos
últimos anos, em busca de conceituar e, antes de tudo, definir o papel das empresas com a
sociedade.
Da Teoria dos Shareholders à Teoria dos Stakeholders, ao modelo Bidimensional de
RSC proposto em 2000, o papel das organizações em relação a sua Responsabilidade Social,
ainda hoje, não é uma unanimidade entre os diversos estudiosos da área. Entender o papel de
Freeman, Fredman, Quazi e O’Brien, Gro Harlem Brundland e tantos outros autores, se torna
essencial para o entendimento da responsabilidade social e ambiental e como esse novo
modelo adentrando as organizações nos últimos anos.
2.1.1. Teoria dos Shareholders vs Teoria dos Stakeholders
Para Holanda et. al (2010), nas últimas décadas, já é possível perceber que algumas
organizações abandonaram a busca imediata pelo lucro e passaram a se preocupar, também,
14
com os impactos socioambientais causados pelas suas atividades operacionais. Para o autor,
elas passaram a adotar uma postura mais ética e aumentaram, de forma gradual, sua
preocupação com a realidade socioambiental e cultural perante a sociedade e as outras
organizações.
Entretanto, para o economista e estatístico norte-americano Milton Friedman (1970),
um dos principais objetivos da empresa é gerar lucros para seus acionistas, sendo que as
decisões que não atenderem a esse propósito, não devem ser implementadas (HOLANDA et.
al, 2010; ALBERTON, 2003, p. 114). Para ele a Responsabilidade Social Corporativa só é
necessária caso atenda a esse pressuposto (ALBERTON, 2003). Esse conceito é a base da
Teoria dos Shareholders, proposta por Friedman, amplamente utilizado e difundido durante a
Era Industrial.
Uma posição mais conciliatória entre o conceito de Responsabilidade Social
Corporativa e a maximização do valor de uma organização foi adotada nesse mesmo período,
se contrapondo a Teoria proposta por Friedman (HOLANDA et. al, 2010). Na Teoria dos
Stakeholders a companhia passa a ser vista como uma organização que deve gerar algum tipo
de benefício as suas partes interessadas (SILVA, GARCIA; 2011).
Ela foi cunhada pelo filósofo e administrador de empresas norte-americano Robert
Edward Freeman, e, segundo ele, uma organização não conseguirá maximizar os seus valores
se ignorar os seus stakeholders, ao mesmo tempo em que atendê-los, não implique no
afastamento de seu objetivo, que seria de maximizar o seu valor (HOLANDA et. al, 2010).
Segundo Silva e Garcia (2011), o termo stakeholder apareceu em um memorando do
Stanford Research Institute, nos anos 60, em que se discutiu o papel do gestor da empresa em
suas multiplicidades, atendendo, não só aos stakeholders, como as necessidades de acionistas,
empregados, clientes, fornecedores, financiadores e sociedade em geral.
Para Oliveira (2008, p. 94), stakeholders podem ser definidos como “[...] grupos de
interesse com certa legitimidade que exercem influência junto às empresas” e que pressionam
proprietários, acionistas e gestores, interferindo, de certa forma, nos rumos da empresa.
Freeman (2010) cita como stakeholders os acionistas, fornecedores, administradores,
consumidores, empregados e a comunidade. Já Oliveira (2008), acrescenta ainda os
funcionários, Governo, mídia e as Organizações Não-Governamentais (ONG’s). Souza e
Almeida (2006) vão mais longe e aumentam ainda mais essa rede, acrescentando a ela os
sindicatos e concorrentes.
Para Machado Filho (2002, p. 43), “embora a definição de Reponsabilidade Social
Corporativa (RSC) pareça simples, existe uma grande complexidade em torno desde termo”.
15
As visões de Freeman e Friedman, debatidas anteriormente, apresentam duas abordagens
acerca do engajamento das empresas frente à RSC. Certo e Peter (1993, p. 67) sintetizam
essas diferentes abordagens:
“O ponto de vista clássico vê as empresas como entidades econômicas, enquanto o ponto de vista contemporâneo concebe as empresas como membros da sociedade. Embora as organizações de negócio exerçam claramente os dois papéis, o reconhecimento disso nem sempre responde à questão de como as companhias devem se envolver em atividades de responsabilidade social. Entretanto, em muitos casos, ambos os pontos de vista levam à mesma conclusão sobre o fato de uma empresa dever ou não se engajar em uma atividade dessa natureza em particular. Por exemplo, quando a atividade for exigida por lei, ambas as abordagens apoiam o envolvimento nela. E, em situações em que há lucro, ambas as abordagens apoiam o envolvimento na atividade”.
Desse modo, para Daher et al. (2007), o conceito de RSC vincula-se ao
reconhecimento de que as decisões tomadas e os resultados obtidos por uma organização
atingem um universo mais vasto do que aquele expresso por sócios e acionistas, gerando
consequências para a comunidade, para o meio ambiente e outros interesses da sociedade.
2.1.2. Modelo Bidimensional de RSC de Quazi e O’Brien
Para Cavalcante e Falk (2007), o Modelo Bidimensional de RSC proposto por Quazi
e O’Brien (2000) reproduziu as duas perspectivas pela qual essa questão foi assinalada ao
longo do tempo, especialmente, a partir dos anos 70: a primeira, se os negócios têm a função
única de maximizar lucros, e a segunda, com uma visão multidimensional, se os negócios
devem servir aos interesses da sociedade.
Figura 1: Modelo Bidimensional de Responsabilidade Social Corporativa
Benefícios das ações de RSC
Custo das ações de RSC
Responsabilidade ampla
Responsabilidade estreita
Visão Moderna
Visão Filantrópica Visão Clássica
Visão Socioeconômica
Fonte: Quazi e O'Brien (2000, p. 36), adaptado pelo autor (2019).
16
Os modelos de RSE, representativos da visão mais tradicional, enfatizam o
paradigma ortodoxo de que os negócios têm função de maximizar os lucros e dessa forma a
RSE dos negócios está associada à obtenção de resultados, bens e serviços para a sociedade,
como previu Friedman (CAVALCANTE, FALK; 2007). Sob essa perspectiva, o lucro torna-
se o único critério adotado para julgar a eficiência operacional de uma organização, trata-se da
responsabilidade estreita.
A “responsabilidade estreita” se desdobra também em duas visões: a visão
socioeconômica que considera que a função-objetivo da empresa é a maximização do valor
para o acionista, mas que as ações de responsabilidade social podem ajudar nesta geração de
valor. A visão clássica, segundo o autor, defende que as ações de responsabilidade social não
geram valor para a empresa, e não devem ser desenvolvidas (MACHADO FILHO, 2002).
Para Cavalcante e Falk (2007), na perspectiva multidimensional a responsabilidade
estreita é finalmente superada e o envolvimento das empresas com a responsabilidade social
não é mais visto apenas criando uma rede de custos, mas contribuindo para a geração de
vantagens estratégicas em longo prazo, evitando regulações futuras, melhorando o
desempenho das empresas em termos de produtividade e inovação.
E, conforme aponta Machado Filho (2002), a “responsabilidade ampla” também vai
se subdividir em dois tipos de visão: a moderna e a filantrópica. A visão que o autor denomina
moderna, que seria aquela que acredita que no longo prazo as ações de responsabilidade social
trazem benefícios para a empresa. A outra visão, denominada filantrópica, defende as ações
de responsabilidade social mesmo que não tragam retornos para a empresa.
2.1.3. Responsabilidade Social Corporativa, Sustentabilidade e Indicadores
Para Belen (2005), o conceito de sustentabilidade é fruto de um longo processo
histórico de amadurecimento da consciência humana diante do rápido desenvolvimento,
especialmente o tecnológico, e dos recorrentes desastres ambientais. Desde a Conferência de
Estocolmo em 1972, a Declaração de Cocoyoc (1974), o Relatório Brundland de 87, a Rio 92,
Rio +5 e Rio +10, o protocolo de Kyoto e, mais recentemente, a Rio +20, realizada em 2012,
as organizações estão se aperfeiçoando, aos poucos, para uma nova realidade, em que
desenvolvimento e desempenho socioambiental andam lado a lado.
Neste contexto, a sustentabilidade ambiental ganhou a devida importância e se
destacou nas principais conferências dos últimos 50 anos. Cunhada por Gro Harlem
17
Brundland, mestre em saúde pública e ex-primeira ministra da Noruega, pode ser definido
como:
“[...] é o desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades”. (World Comission..., 1987, p. 12).
Após diversas reuniões da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, liderada pela norueguesa, o Relatório Brundland foi finalmente publicado
em 1987. Considerado altamente inovador para aquela época, sua visão futurista se provou
altamente atual, mesmo 25 anos depois, especialmente através dos parágrafos 46 e 47 do
documento The Future We Want, elaborado na Rio +20 em 2012, sendo este último, que
reconhece
“a importância dos relatórios de sustentabilidade e incentivo as empresas corporativas, sempre que necessário, especialmente de capital aberto e grandes empresas, ao considerar a integração de informações de sustentabilidade em seu ciclo de relatórios. Nós encorajamos a indústria, governos e partes interessadas relevantes, com o apoio do sistema das Nações Unidas, conforme apropriado, para desenvolver modelos de melhores práticas e facilitar a ação para a integração dos relatórios de sustentabilidade [...]” (The Future WeWant, parágrafo 47, tradução por Lima (2013, p. 9))
Para Rohrich e Cunha (2004) a gestão ambiental funciona como um conjunto de
políticas e práticas administrativas e operacionais. Ela deve levar em consideração diversos
fatores, tais como: a saúde e segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente por meio
da mitigação de impactos ambientais decorrentes do planejamento, implantação operação,
ampliação, renovação, realocação ou desativação de empreendimentos e atividades. Para
Campos et. al (2013) a gestão ambiental demanda informações que subsidiem o processo
decisório traduzindo a realidade em objetos mensuráveis e conhecidos.
A grande dificuldade reside em como medir isso ou como utilizar indicadores que
possam auxiliar na mensuração ou na gestão da sustentabilidade (CAMPOS et. al, 2013).
Dessa forma, segundo Barcellos (2002), eles surgem como importantes instrumentos de
gestão ambiental, detectando informações e, ao mesmo tempo, possibilitam a comparação e
acompanhamento dos processos.
Conforme apontado por Luz, Sellito e Gomes (2006) há pouca preocupação em
procurar os melhores e mais adequados indicadores para medir o desempenho ambiental em
face dos objetivos estratégicos de uma organização. Neste contexto, a publicação de relatórios
de sustentabilidade que evidenciem estas questões tem se tornado uma importante ferramenta
da gestão ambiental, de monitoramento e de conhecimento, tanto para as organizações como
para a sociedade (CAMPOS et. al, 2006).
18
2.2. GLOBAL REPORTING INITIATIVE (GRI)
Os Padrões de Relatórios de Sustentabilidade da GRI (Padrões GRI) são os primeiros
e mais adotados padrões globais de relatórios de sustentabilidade (GRI, About GRI, 2019).
Essa organização surgiu com o intuito de ajudar empresas e governos de todo o mundo a
entender e comunicar seu impacto em questões críticas de sustentabilidade, como mudança
climática, direitos humanos, governança e bem-estar social.
Fundada em 1987 na cidade de Boston, nos Estados Unidos, suas raízes estão nas
organizações sem fins lucrativos dos EUA, a Coalition for Environmentally Responsible
Economies (CERES) e o Instituto Tellus. Porém, a sua formalização só ocorreu três anos mais
tarde, em 2000, em Amsterdã, na Holanda (GRI, About GRI).
Ainda em 2000 lançou a sua primeira versão de Diretrizes, representando o primeiro
quadro global para relatórios abrangentes em sustentabilidade (GRI, About GRI). Em 2002,
Ernst Ligteringen, assumiu a presidência da organização, onde permaneceu até 2014. Nesse
mesmo ano a organização se mudou definitivamente para Amsterdã e a segunda geração das
Diretrizes, G2, foi revelada na “Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável” em
Johanesburgo, na África do Sul (GRI, About GRI).
Em 2003 foi lançado o “Programa de Stakeholders Organizacionais”, permitindo que
determinados grupos de organizações contribuíssem com seus conhecimentos e
desempenhasse um papel de governança dentro do órgão (GRI, History, 2016).
A demanda pela orientação de relatórios de sustentabilidade da GRI estava crescendo
continuamente, e isso foi impulsionado ainda mais pelo lançamento da terceira geração de
Diretrizes, G3, em 2006. Mais de 3.000 especialistas de empresas, da sociedade civil e do
movimento trabalhista participaram do desenvolvimento do G3, destacando a verdadeira
abordagem multilateral no coração das atividades da GRI (GRI, History, 2016). Nesse mesmo
ano ocorreu a primeira Conferência Global sobre Sustentabilidade e Transparência, em
Amsterdã, com 1150 participantes de 65 países.
Após o lançamento do G3 na Conferência Global, a GRI começou a expandir sua
estratégia e estrutura de relatórios, construindo poderosas alianças. Parcerias formais foram
firmadas com o Pacto Global das Nações Unidas, a Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico, entre outras (GRI, History, 2016).
Em 2007, com o intuito de estabelecer escritórios regionais em pontos chaves, foi
lançado o primeiro Ponto Focal, a cidade escolhida foi São Paulo, no Brasil. Em 2008 ela
19
ampliou os seus escritórios e chegou até a Austrália. Mais tarde foi a vez de China, Índia,
Estados Unidos, África do Sul e Colômbia, conforme dados da própria organização.
Em 2011 foi criado o Banco de Dados de Divulgação de Sustentabilidade GRI,
catalogando todos os relatórios de sustentabilidade baseados na GRI e também os não
baseados nela, dos quais a GRI tem conhecimento. O número de relatórios cresceu
fenomenalmente nos últimos anos e hoje é de mais de 24.000. Nesse mesmo ano foi
publicado o GRI G3.1, que serviu como uma atualização e conclusão da terceira geração
(GRI, History, 2016).
Em 2012 ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, na Rio +20. Nesse mesmo evento foi assinado o documento, citado
anteriormente, The Future We Want, e Brasil, Dinamarca, França e África do Sul formaram os
“Amigos do Parágrafo 47”, cujo objetivo é a promoção de relatórios de sustentabilidade
corporativa (GRI, History, 2016).
Lançada na Conferência Global sobre Sustentabilidade e Transparência realizada em
2013, a GRI-G4, a quarta geração de normas e diretrizes para a elaboração de relatórios de
sustentabilidade trouxe mudanças e atualizações nas normas e, principalmente, foco na
materialidade dos relatos (GRI, About GRI). Desde a escolha e organização do conteúdo até a
forma de reportar os indicadores, todas as informações devem ser avaliadas acerca da sua
relevância segundo a organização. Além disso, Ernst Ligteringen, que presidiu a organização
de 2002 a 2014, destacou ainda o uso de terminologia mais simples, o foco em temas mais
relevantes para a gestão da comunicação e as atualizações no sistema de níveis de aplicação.
2.2.1. Relatórios GRI no Brasil
Com 207,7 milhões de habitantes, conforme aponta o IBGE (2017), a maior floresta
tropical e a mais rica biodiversidade do planeta e uma economia que, nas últimas décadas, se
manteve em constante crescimento, a boa prática empresarial, realizada com responsabilidade
social e ambiental, se tornou vital para a estabilidade do país.
Conforme a GRI (Focal Point Brazil, 2018), em 2013, o Brasil se tornou o terceiro
país no mundo em número de empresas que publicam relatórios de sustentabilidade, atrás
somente de Espanha e Estados Unidos. Há quase 40 empresas brasileiras no Programa de
Stakeholders Organizacionais e os futuros brasileiros estão bem representados nos órgãos de
governança, assumiu um papel de liderança por meio de seu envolvimento no Readers Choice
Awards e Conferências da GRI.
20
Com a realização da Rio-92 no Brasil, o país entrou na rota do debate em torno da
sustentabilidade (GRI, Focal Point Brazil, 2018). Como consequência, em 1997, o World
Business Council for Social Responsability instalou uma sede no Brasil: o Conselho
Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEDBS), com o objetivo de
disseminar o conceito para os empresários. Já em 1998 foi criado o Instituto Ethos de
Empresas e Responsabilidade Social, que hoje já tem mais de mil associados envolvidos com
o tema (GRI, Focal Point Brazil, 2018).
[...] Desde o pioneirismo da Natura Cosméticos em 2000, várias empresas
divulgaram relatórios pela GRI, como: Banco Real, Aracruz Celulose, Bunge, Duratex,
Medley, Petrobrás, Banco Itaú, Wal-Mart Brasil, etc. (ECOSSISTEMAS, 2009). E, para os
autores, o cenário que se vê hoje no Brasil é bastante otimista.
2.2.2. GRI G4 – A Quarta Geração de Normas GRI
Conforme Pereira e Silva (2008, p. 5), uma das preocupações da Global Reporting
Initiative é a transparência das informações para que os stakeholders tomem as suas decisões
de forma assertiva e baseadas em informações consistentes. De acordo com as “Diretrizes
para relatório de sustentabilidade” (GRI, DRS, 2006, p. 2), sua missão é comunicar de forma
clara e transparente o que se refira à sustentabilidade e fornecer isso através de uma estrutura
confiável para elaboração de relatórios de sustentabilidade.
Nesse sentido, a elaboração do relatório de sustentabilidade seria, também, uma
forma da organização prestar contas aos stakeholders internos e externos, descrevendo
impactos sociais, econômicos e ambientais visando ao desenvolvimento sustentável. E, no
intuito de se obter um padrão a ser adotado pelas empresas do mundo inteiro, facilitando a
comparabilidade e também a divulgação acerca dessas informações, a GRI possui um
conjunto de normas e diretrizes a serem seguidos e, atualmente, ele está em sua quarta versão.
Em relação as Diretrizes, há dois tipos de conteúdo padrão: gerais e específicos. Os
Conteúdos Padrão Gerais, conforme estabelece o Manual de Implementação (GRI, 2013, p.
22), aplicam-se a todas as organizações que elaboram relatórios de sustentabilidade. Eles se
dividem em sete partes: Estratégia e Análise, Perfil Organizacional, Aspectos Materiais
Identificados e Limites, Engajamento de Stakeholders, Perfil do Relatório, Governança e
Ética e Integridade. Veja a seguir:
21
Tabela 1: Resumo dos Conteúdos Padrão Gerais GRI G-4
RESUMO DOS CONTEÚDOS PADRÃO GERAIS Código da Diretriz
Seções
· Estratégia e análise G4-1; G4-2. · Perfil organizacional G4-3; G4-4; G4-5; G4-6; G4-7; G4-8; G4-9;
G4-10; G4-11; G4-12; G4-13; G4-14; G4-15; G4-16.
· Aspectos materiais identificados e limites
G4-17; G4-18; G4-19; G4-20; G4-21; G4-22; G4-23.
· Engajamento de stakeholders
G4-24; G4-25; G4-26; G4-27.
· Perfil do relatório G4-28; G4-29; G4-30; G4-31; G4-32; G4-33. · Governança G4-34; G4-35; G4-36; G4-37; G4-38; G4-39;
G4-40; G4-41; G4-42; G4-43; G4-44; G4-45; G4-46; G4-47; G4-48; G4-49; G4-50; G4-51; G4-52; G4-53; G4-54; G4-55.
· Ética e integridade G4-57; G4-58; G4-59. Fonte: Manual de Implementação Normas e Diretrizes GRI. Tradução por B3. Adaptado pelo autor (2019).
Em “Estratégia e Análise” é oferecida uma visão estratégica geral da sustentabilidade
da organização, criando o contexto para a apresentação das informações mais detalhadas com
base em outras seções das Diretrizes. Já em “Perfil Organizacional” será traçado as
características organizacionais da empresa, tais como: nome, principais produtos vendidos,
forma jurídica da organização, mercados em que atuam e porte.
Passada as duas primeiras seções, cujo principal objetivo é oferecer perspectivas
sobre tópicos estratégicos, não apenas resumindo o conteúdo do relatório, temos “Aspectos
materiais identificados e limites”. Nesse momento, é definido o conteúdo do relatório
considerando a sua materialidade, seus limites e reformulações. “Dessa forma, o processo
para definição do conteúdo do relatório atravessa quatro etapas: Identificação, Priorização,
Validação e Análise” (GRI, Manual de Implementação, 2013, p. 40).
Na quarta seção é relatado o engajamento dos stakeholders na organização, não se
limitando a elaboração do relatório. Em “Perfil do Relatório” serão apresentadas as
informações básicas, tais como: Sumário de Conteúdo e abordagem adotada para garantir a
verificação externa.
Já nas duas últimas seções serão apresentadas a estrutura organizacional da empresa,
a composição da sua Governança e o papel que ela desempenha dentro dessa organização,
suas competências, remuneração e incentivos. E por fim, os seus valores, princípios, padrões e
normas de organização, além de seus mecanismos internos e externos para solicitar
22
orientações de comportamentos éticos e em conformidade com a legislação, serão trabalhadas
na última seção.
Já os Conteúdos Padrão Específicos são divididos em três categorias: econômica,
ambiental e social. Sendo que a categoria “Social” se subdivide ainda em: Práticas
Trabalhistas e Trabalho Decente, Direitos Humanos, Sociedade e Responsabilidade Pelo
Produto (GRI, Manual de Implementação, 2013, p. 63).
Tabela 2: Resumo dos Conteúdos Padrão Específicos GRI G-4
Categoria Econômica AmbientalAspectos · Desempenho econômico · Materiais
· Presença no mercado · Energia· Impactos econômicos diretos · Água
· Práticas de compra · Biodiversidade· Emissões· Efluentes e resíduos· Produtos e serviços· Conformidade· Transportes· Geral
Categoria SocialSubcategorias Práticas trabalhistas e
trabalho decenteDireitos Humanos Sociedade Responsabilidade pelo
produtoAspectos · Comunidades locais
· Combate à corrupção · Políticas públicas · Concorrência desleal · Conformidade · Avaliação de fornecedores em impactos na sociedade · Mecanismos de queixas e reclamações relacionadas a impactos na sociedade
· Saúde e segurança do cliente · Rotulagem de produtos e serviços · Comunicações de marketing · Privacidade ao cliente
CATEGORIAS E ASPECTOS NAS DIRETRIZES
· Avaliação ambiental de fornecedores· Mecanismos de queixas e reclamações relativas a Impactos Ambientais
· Emprego · Relações trabalhistas · Saúde e segurança no trabalho · Treinamento e educação · Diversidade e igualdade de oportunidades · Igualdade de remuneração para homens e mulheres · Avaliação de fornecedores em práticas trabalhistas
· Investimentos · Não discriminação · Liberdade de associação e negociação coletiva · Trabalho infantil · Trabalho forçado ou análogo ao escravo · Práticas de segurança · Direitos indígenas · Avaliação · Avaliação de fornecedores em Direitos Humanos · Mecanismos de queixas e reclamações relacionadas a Direitos Humanos
Fonte: Manual de Implementação Normas e Diretrizes GRI. Tradução por B3. Adaptado pelo autor (2019).
“A dimensão econômica da sustentabilidade diz respeito aos impactos da
organização sobre as condições econômicas de seus stakeholders e sobre sistemas econômicos
em nível local, nacional e global" (GRI, Manual de Implementação, 2013 p. 69). Nessa
categoria estão identificados os principais impactos econômicos da organização sobre a
sociedade, além de ilustrar o fluxo de capital entre seus diferentes stakeholders.
23
Conforme o Manual de Implementação (GRI, 2013, p. 86), a categoria ambiental
abrange impactos relacionados a insumos (p. ex.: energia e água) e saídas (p. ex.: emissões,
efluentes e resíduos). Ela abrange, também, impactos relacionados à biodiversidade, aos
transportes e a produtos e serviços, bem como a conformidade e os gastos e investimentos
ambientais. Ela diz respeito aos impactos da organização sobre os ecossistemas, incluindo
aspectos bióticos e abióticos.
Por último, a categoria social baseia-se em normas universalmente reconhecidas,
frutos de pactos internacionais firmados entre os países ou outras referências internacionais
relevantes. Conforme a GRI (2013, p. 146), essa categoria é embasada, principalmente, na
“Declaração Universal dos Direitos Humanos”, de 1948; no “Pacto Internacional sobre os
Direitos Civis e Políticos”, de 1966; no “Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos,
Social e Culturais”, de 1966; na “Convenção das Nações Unidas para a Eliminação de todas
as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW)”, de 1979 e na “Declaração da OIT
relativa aos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho”, de 1988, além de diversas
outras normas da Organização Internacional do Trabalho e da ONU.
2.3. ESTUDOS EMPÍRICOS ANTERIORES
A indagação acerca da relação entre o desempenho ambiental e o desempenho
econômico gerou uma série de pesquisas nos últimos anos. A maioria delas procurava testar a
hipótese de relação entre os desempenhos socioambiental e financeiro (BORBA, 2005).
Nesse sentido, Moskowitz apresentou em 1972, um dos primeiros estudos que
visavam investigar a relação entre o desempenho financeiro e o desempenho ambiental dentro
das organizações (HOLANDA et. al, 2010). Em sua pesquisa, ele selecionou 14 empresas e
calculou a taxa de retorno de suas ações ordinárias no primeiro semestre de 1972, ano da
pesquisa. Segundo Moskowitz (1972), ao comparar os resultados obtidos com os índices de
mercado da época, nesse caso ele utilizou o Dow-Jones Industrial, havia uma relação positiva
entre os desempenhos ambientais e financeiros nas organizações estudadas.
De acordo com Griffin e Mahon (1997), em sua pesquisa que identificou, durante um
período de 25 anos, as pesquisas sobre a relação socioambiental e o desempenho financeiro,
não há um consenso sobre seus efeitos. De acordo com os autores, dos 51 estudos realizados,
11 estudos apresentaram uma relação negativa entre as variáveis, 5 foram nulas, em 24
24
estudos a relação foi considerada positiva e em outros 11 estudos foram encontradas duas ou
mais relações para as variáveis.
Apresentados no quadro abaixo estão alguns dos mais importantes estudos realizados
em nível internacional, nos últimos anos, conforme apontado por Alves et. al (2013),
indicando suas variáveis de estudo e respectivos resultados:
Quadro 1: Estudos empíricos a nível internacional
Autoria (ano)País (es) de
amostraProxy (ies) ambientais
Proxy (ies) econômicas
Resultado da relação entre os desempenhos
King e Lenox (2001) Estados Unidos Emissão de gases tóxicosROM (Q de Tobim) e
a variação no percentual de vendas
Positivo
Murphy (2002) Estados UnidosProgramas de auditoria ambiental e
governançaROE e ROA Positivo
Wagner e Wehrmeyer (2002) Inglaterra Indicadores ambientais de estudos diversos ROE e ROA Neutro
Elsay e Paton (2005) InglaterraEscores de responsabilidade ambiental do
Management TodayROM (Q de Tobim),
ROA e ROSNeutro
Moneva e Cuellar (2009) EspanhaDisclousure de investimento ambiental, dos
ativos ambientais e da provisão de contingências ambientais
Valor de Mercado Negativo
Moneva e Ortas (2010) Espanha
O consumo de energia, o número de programa de redução de impactos ambientais,
a existência de um sistema de gestão ambiental e o disclousure ambiental
ROE, ROA, Margem de Lucro, Lucro
Operacional e Fluxo de Caixa
Positivo
Belhaj e Damak-Ayadi (2011) Tunísia Categorias A1 a A7 do relatório GRI-G3 ROE, ROA e ROS Negativo
Fonte: Alves et al. (2013). Adaptado pelo autor (2019).
Dessa forma, pode-se observar que os principais estudos levantados a nível
internacional não convergem para um único resultado, impossibilitando afirmar, a partir da
análise desse levantamento, qual o impacto dos investimentos ambientais realizados pelas
organizações em seus principais índices econômicos e financeiros.
Já no Quadro II, apresentado abaixo, estão os estudos feitos a nível nacional,
evidenciando o desempenho analisado por seus autores, suas variáveis e resultados
encontrados. Sua elaboração, inspirada no estudo realizado por Alves et al. (2013), se deu
através da revisão bibliográfica de cada um dos estudos apontados a seguir:
25
Quadro 2: Estudos empíricos a nível nacional
Autoria (ano)País (es) de
amostraProxy (ies) ambientais
Proxy (ies) econômicas
Resultado da relação entre os desempenhos
Castro Júnior, Abreu e Soares (2005)
Brasil índice de Conduta ambientalEbitda, Faturamento
Líquido, Lucro Positivo
Borba (2006) BrasilIndicador de desempenho social do Balanço
Social com base no IBASELucro Operacional,
ROM (Q de Tobim) e Neutro
Santana, Périclo e Rebelatto (2006)
Brasil Investimento socioambiental Faturamento Positivo
Alberton e Costa Júnior (2007)
Brasil Sistema de Gerenciamento AmbientalROA, ROE, ROS,
P/L e P/VPAPositivo
Farias (2008) BrasilIndicadores de desempenho e divulgação
ambiental extraído dos relatórios de sustentabilidade
Variação das ações da empresa ajustada pelo valor dos dividendos, em relação ao retorno
médio do seu setor
Neutro
Tupy (2008) Brasil Investimento socioambientalROE, Valor de
mercado e Positivo
Cesar e Silva Júnior (2008) BrasilIndicadores ambientais e sociais retirados do
Balanço SocialROA e ROE Neutro
Machado e Machado (2011) BrasilIndicadores sociais e ambientais líquidos de
encargos sociais compulsórios e tributos Receita Líquida
Positivo' para desempenho social e 'Neutro' para desempenho ambiental
Holanda et. al (2011) BrasilIndicadores ambientais e sociais retirados do
Balanço SocialROA Neutro
Alves, Luca, Cardoso e Vasconcelos (2013)
BrasilTotal de investimentos ambientais com base
na norma GRI-G3, EN-30ROE, ROA, ROS e ROM (Q de Tobim)
Neutro
Fonte: Alves et al. (2013). Adaptado pelo autor (2019).
Apesar de a maioria de os estudos citados acima apresentarem uma relação positiva
entre o desempenho ambiental e o desempenho financeiro, ainda não há um consenso entre
essa relação, corroborando com os estudos apresentados por Alves et. al (2013) e também de
Griffin e Mahon (1997).
Bechetti et al. (2005) ressalta que essas diferenças encontradas em resultados de
estudos empíricos não necessariamente refletem erros no trajeto da pesquisa, mas diferentes
abordagens e perspectivas, sejam no período de observação, na amostragem selecionada, nas
medidas de desempenho ou nas abordagens metodológicas.
26
3. METODOLOGIA
Levando-se em conta o objetivo da pesquisa, ela se caracteriza por ser descritiva,
pois apresenta aspectos relacionados ao desempenho econômico e ambiental nas organizações
e as suas relações, conforme apontado por Richardson (2009). Adotaram-se, também,
procedimentos estatísticos para investigar a relação entre as variáveis citadas anteriormente,
caracterizando a natureza quantitativa do estudo.
Inicialmente, foram listadas todas as empresas que estavam na B3 em abril de 2018.
Verificou-se que haviam 442 empresas listadas, sendo os setores de Financeiro e Outros
(25,79%), Consumo Cíclico (18,33%), Bens Industriais (15,38%) e Utilidade Pública
(14,48%), os que possuíam o maior número de representantes, vide Anexo A. Sendo que as
organizações de Energia Elétrica representam o maior subsetor da B3, totalizando cerca de
12,67% das empresas listadas durante esse levantamento.
Das 56 organizações, observou-se que 46 delas publicam relatórios de
sustentabilidade, sendo que 40 delas relatam com base nas normas da Global Reporting
Initiative e quatro delas com base nas normas da GRI e também da Associação Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), as demais publicam somente sob as normas da ANEEL ou
produzem Relato Integrado. As informações acerca do padrão adotado por cada empresa
foram retiradas dos relatórios publicados por elas no período referente a este estudo. Das 44
empresas que adotam as normas GRI em seus relatórios, somente 22 publicaram seus relatos
todos os anos entre 2012 e 2016.
Dentre as 22 empresas listadas na B3, que adotaram as normas GRI em seus
relatórios de sustentabilidade, publicados anualmente, foram selecionadas as que fazem parte
do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). Nesse momento, apenas sete empresas
atenderam ao requisito e estiveram dentro do ISE em, no mínimo, três dos cinco anos, objetos
da pesquisa, e foram designadas para esse estudo. São elas: AES Tietê Energia S/A,
Companhia Energética de Minas Gerais S/A – CEMIG, Companhia Paranaense de Energia
S/A – COPEL, CPFL Energia S/A, Centrais Elétricas Brasileiras S/A, Eletropaulo
Metropolitana Eletricidade de São Paulo S/A e Light S/A.
Quanto aos indicadores econômicos, foram utilizados: Retorno sobre Ativos (ROA),
Retorno sobre Investimentos (ROI), Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) e o Retorno
sobre Vendas (ROS). O objetivo de cada um deles e a sua metodologia de cálculo estão
descritos no quadro a seguir:
27
Quadro 3: Índices econômicos
Descrição Fórmula ObjetivoLucro operacional
Ativo totalLucro Líquido
Patrimônio LíquidoLucro líquidoReceita líquida
(Valor de Mercado de ações + Capital de terceiros)
Total do ativo
Indica o desempenho da empresa no mercado de capitais.
Retorno sobre Vendas Indica o retorno sobre a receita líquida.
Retorno sobre Investimentos
Retorno sobre AtivosIndica a produtividade ou capacidade de retorno do ativo.
Retorno sobre Patrimônio LíquidoIndica o retorno sobre o capital próprio investido.
Fonte: Alves et al. (2013). Adaptado pelo autor (2019).
Todos os dados referentes aos indicadores citados acima foram extraídos da base de
dados da Economática. Conforme a FEA-RP/USP, ela é uma ferramenta que permite aos
usuários extrair informações de modos analíticos avançados, de alta confiabilidade, para criar
relatórios a partir de uma análise aprofundada dos bancos de dados, construindo modelos de
tela com conteúdos diferentes de acordo com a sua necessidade.
Para o tratamento dos dados foi utilizado o software estatístico Stata, em sua versão
12.1. Da posse dos indicadores ambientais e financeiros, foram aplicadas diferentes técnicas
estatísticas. Inicialmente, foi efetuada a estatística descritiva, caracterizando a amostra do
presente estudo, com a descrição do desvio padrão, média, mínima e máxima das observações
que foram analisadas.
Para medir a força e a direção linear entre as variáveis foi utilizado o Coeficiente de
Correlação de Pearson. Ele é resultado da divisão entre a covariância de duas variáveis pelo
produto de seus desvios padrão (STEVENSON, 2001).
Após a verificação do r de Pearson, foi aplicada uma regressão linear simples.
Conforme Stevenson (2001), ela é uma equação cuja forma é:
y = a + bx ,
para estimar valores (x, y), apenas conhecendo alguns valores específicos (x1, y1),
(x2, y2). A principal ideia é capturar como mudanças na variável independente x afetam a
variável dependente y, supondo que ela seja linear. Para aplicação dessa regressão, optou-se
pela utilização do método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), que é uma técnica de
otimização matemática que procura encontrar o melhor ajuste para um conjunto de dados
tentando minimizar a soma dos quadrados das diferenças entre o valor estimado e os dados
observados (tais diferenças são chamadas de resíduos).
28
4. ESTUDO DE CASO: O CASO DO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA
Com o levantamento do total de investimentos ambientais realizados pelas empresas
no período de 2012 a 2016, constituindo a variável independente, e dos indicadores
econômicos retirados da base da Economática, compondo as variáveis dependentes, seguem
abaixo a análise dos dados.
4.1. ANÁLISE DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS DE ESTUDO
Como de praxe nas pesquisas científicas que adotam modelos estatísticos e
econométricos em sua análise de resultados, apresenta-se abaixo o cálculo de média, desvio
padrão, mínimo e máximo das variáveis dependentes (ROA, ROE, ROS e ROI) e da variável
Independente (Investimentos).
Quadro 4: Análise descritiva das variáveis de estudo
Variável Obs Média Desvio Padrão Mínimo Máximo ROA 35 3.011122 4.876080 -9.992728 17.324870 ROE 35 8.309879 13.903450 -35.826390 39.798340 ROS 35 0.036178 0.125476 -0.443145 0.231397 ROI 35 0.580426 0.283127 0.191942 1.549614
INVEST 35 18.142360 1.294042 14.180150 20.073080 Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
Os resultados obtidos na estatística descritiva, aliados as demais particularidades dos
modelos econométricos utilizados, servem como base de apoio as análises apresentadas a
seguir.
4.2. ANÁLISE DO COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE PEARSON
Para medir a força e a direção linear entre as variáveis foi utilizado o Coeficiente de
Correlação de Pearson. Ele é resultado da divisão entre a covariância de duas variáveis pelo
produto de seus desvios padrão (STEVENSON, 2001).
Segundo o autor, o resultado dessa análise, normalmente representado por “r”,
assume apenas valores entre “-1” e “1”. Dessa forma, segundo Stevenson (2001), o sinal
indica se a correlação é positiva ou negativa e o tamanho da variável indica a força da
correlação.
29
Quadro 5: Análise do Coeficiente de Correlação de Pearson
Variável ( r ) Direção tipo (+/-) Correlação
ROA -0.4968* Negativa Fraca
ROE -0.5033* Negativa Moderada
ROS -0.4674* Negativa Fraca
ROI -0.7136* Negativa Forte
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
Para todas elas, o grau de confiança da informação (star 0.01) é de 99%. Desta
forma, pode-se afirmar, com a confiança de 99%, que a correlação é negativa para todas as
variáveis. Sendo que para ROA e ROS, a correlação é fraca, já para ROE a correlação entre as
variáveis é considerada moderada e para ROI, por sua vez, ela é forte.
Resultado semelhante para a variável ROA foi encontrado na pesquisa divulgada por
Holanda et al. (2010), que não encontrou evidências de associação entre ela o desempenho
socioambiental nas empresas brasileiras. O estudo corrobora ainda com as pesquisas de Cesar
e Silva Junior (2008), que também não encontraram uma relação que seja considerada
estatisticamente significante entre essas variáveis.
Em oposição ao estudo apresentados por Alves et al. (2013), que não encontrou uma
correlação estatística entre os indicadores econômicos e a variável ROE, nesse estudo o
resultado da sua relação é moderada e do tipo negativa. Entretanto, confirmando os achados
desse mesmo autor, foi encontrada uma relação estatisticamente insignificante para ROS.
Já em relação a variável ROM, a sua correlação é considerada forte e, mais uma vez,
corrobora com os achados de Alves et al. (2013) e King e Lenox (2001) que, em seus
respectivos estudos, identificaram uma relação estatística entre essa variável e o desempenho
socioambiental das organizações.
4.3. ANÁLISE POR MEIO DE REGRESSÃO LINEAR SIMPLES
Conforme apontado por Piana et al. (2009, p. 180), a predição do valor médio de uma
variável em função dos valores de outra constitui o problema principal da regressão linear
simples. Ainda, segundo o autor, ela é considerada linear porque a relação expressa entre X e
Y é apresentada por uma equação do primeiro grau e pode ser demonstrada graficamente por
uma reta, e é simples porque envolve apenas duas variáveis.
30
4.3.1. Método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO)
Nesse primeiro momento foi realizada uma regressão linear simples, utilizando o
método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), com dados em painéis corrigindo-se os
problemas de endogeneidade. Segundo Piana et al. (2009, p. 180), o MQO é uma técnica que
consiste em buscar um melhor ajuste para um conjunto de variáveis tentando minimizar a
soma dos quadrados das diferenças entre o valor estimado e os dados observados.
Nesse contexto, considerando ROA, ROE, ROS e ROI como as variáveis
dependentes e os investimentos ambientais como a variável independente, expõe-se abaixo os
resultados obtidos:
Quadro 6: Resultado da regressão linear simples por MQO
Variável Dependente
Variável Independente
Coeficiente P> | t |* F** R-squared Intervalo de Confiança
ROA Investimento -1.87197 0.004 9.49 0.2468 95% ROE Investimento -5.40719 0.004 9.78 0.2533 95% ROS Investimento -0.45317 0.017 6.30 0.2184 95% ROI Investimento -0.15613 0.000 21.06 0.5092 95%
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
* Refere-se ao “valor-p”;
** Refere-se ao Teste de Distribuição de Fischer ou Teste de Distribuição F.
O valor-p é definido por Ferreira e Patino (2015, p. 485) como a probabilidade de se
observar um valor da estatística de teste maior ou igual ao encontrado. Para os autores, o valor
de corte para rejeitar-se a hipótese nula é de 0,05. O R-squared também pode ser chamado de
coeficiente de determinação, ele representa a proporção da variabilidade na variável resposta
explicada pela variável preditora ou variável explanatória. Já o Teste de Distribuição F, por
sua vez, apresenta o nível de ajustamento ou a adequabilidade do modelo econométrico.
Nesse sentido, considerando a primeira variável, ROA, a partir da análise de valor-p,
é possível afirmar com 99% de segurança que o investimento influencia negativamente essa
variável. Esse efeito negativo, conforme apontado no coeficiente, se dá na proporção de 1
para -1.87197, o que nos permite apontar que para cada R$ 1,00 investido em meio ambiente
o ROA desse grupo de empresas reduz negativamente em R$ 1,87917. A qualidade do
modelo é de 9.49. Pode-se dizer ainda que, a partir da análise do r-squared, o total de
investimentos explica 24,68% dessa variável.
31
Para a variável ROE, o teste de regressão apresentou um nível de ajustamento ( f) de
9.78. Isso nos permite afirmar que o índice de adequabilidade desse modelo está próximo do
ideal, que é acima de 10. Já o seu coeficiente de determinação, medido através do r-squared,
permite-se afirmar que a variação causada em ROE pode ser explicada em 25,33% pela
variação do total de investimentos. Assim como na primeira variável analisada, em ROE
também é possível afirmar, com uma segurança de 99%, que os investimentos o influenciaram
negativamente, em uma proporção 1.00 para -5.407191.
Já para a terceira variável analisada, ROS, o nível de ajustamento do modelo é
considerado baixo, 6.30. Cerca de 21,84% da variação dessa variável pode ser explicada pela
variação do total de investimentos ambientais. Dessa forma, pode-se afirmar com 95% de
certeza que para cada R$ 1,00 investido essa variável sofre um impacto negativo de R$
0,045317.
Na última análise da regressão linear simples utilizando o modelo MQO, foi
analisada a variável ROI. Nela, a qualidade de seu ajustamento foi de 21.06, considerada
ótima. Em relação ao r-squared, o total de investimentos explica 50,92% dessa variável. O
seu valor-p igual à zero, indica uma alta probabilidade de ocorrência desse fenômeno e
permite afirmar, com uma segurança de 99%, que o investimento ambiental impacta
negativamente essa variável numa proporção de 1.00 para 0.15613.
32
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Enquanto o desempenho ambiental é visto por parte da sociedade como um
importante componente de vantagem competitiva e que pode ser positivamente associado com
o desempenho financeiro, parte considera que os investimentos na preservação ambiental são
onerosos e representam um desvio de recursos de outras fontes mais produtivas (FARIAS,
2008).
Nesse contexto, as recentes pesquisas empíricas, segundo Rezende (2008), passaram
a utilizar de forma mais intensa as ferramentas estatísticas disponíveis, com o intuito de
evidenciar quantitativamente a Responsabilidade Ambiental com a performance econômica e
financeira das organizações.
Com base na divulgação do total de investimentos ambientais realizados entre 2012 e
2016 pelas empresas do setor elétrico da B3, o presente trabalho atendeu ao objetivo de
estudar a relação entre performance ambiental e performance financeira. Foram analisados os
relatórios de sustentabilidade de sete empresas dos elos de geração, distribuição e transmissão
de energia, dos quais foram retiradas as informações acerca do total de investimentos
ambientais realizados. Foram utilizados na pesquisa os indicadores representativos do
desempenho econômico dessas organizações, a saber: ROA, ROE, ROS e ROI (Q de Tobim).
Para atender aos objetivos do estudo, foi calculo o índice de correlação entre as
variáveis dependentes (Retorno sobre Ativos, Retorno sobre Patrimônio Líquido, Retorno
sobre Vendas e Retorno sobre Investimentos) e a variável independente (Total de
Investimentos Ambientais), utilizando-se do método do Coeficiente de Correlação de Pearson.
Em seguida, foram realizadas regressões lineares simples para as quatro variáveis
dependentes, aplicando-se o método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) e
corrigindo-se os problemas de endogeneidade.
A partir da análise da correlação das variáveis, pode-se identificar, com um grau de
segurança de 99%, que a relação entre as variáveis dependentes e a variável independente é
estatisticamente negativa. Sendo que para ROM, sua correlação foi considerada forte e para
ROE, moderada. As demais variáveis não apresentaram relação estatisticamente comprovada.
No segundo momento, aplicou-se a regressão simples pelo método MQO, com o
intuito de buscar o melhor ajuste para esse conjunto de variáveis e, juntamente com a análise
do r de Pearson, investigar uma possível relação entre elas. Dessa forma, pode-se concluir
33
que, para as quatro variáveis dependentes os efeitos dos investimentos ambientais realizados
dentro do período estudado foram negativos, dentro de um intervalo de confiança de 95%.
Com esses resultados, pode-se concluir que os investimentos ambientais
influenciaram negativamente os índices econômicos dentro do período estudado. Esses dados
corroboram com os achados Belhaj e Damak-Ayadi (2011), que em seus achados encontraram
uma relação negativa entre as mesmas variáveis de estudo.
Considerando as limitações desse estudo, principalmente em relação ao curto período
de análise, assim como o número restrito de empresas selecionadas para a pesquisa, é sugerida
a elaboração de trabalhos futuros considerando um maior espaço temporal de análise e
também um maior grupo de empresas e de diferentes setores. Outro aspecto importante a ser
considerado em pesquisas futuras refere-se aos fatores condicionantes da relação entre a
performance ambiental e a performance econômica, buscando-se observar variáveis como os
níveis de estrutura de capital das organizações, podendo-se acrescentar também indicadores
sociais, dando mais robustez aos testes a serem realizados.
34
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40
APÊNDICE A – Divisão das empresas da B3 por classificação subsetorial
Rótulos de Linha SUBSETOR Total de Empresas Porcentagem (%)Porcentagem (%)Bens Industriais Comércio 2 2,94% 0,45%
Construção e Engenharia 8 11,76% 1,81%Máquinas e Equipamentos 12 17,65% 2,71%Material de Transporte 8 11,76% 1,81%Serviços Diversos 6 8,82% 1,36%Transporte 32 47,06% 7,24%
Bens Industriais Total 68 100,00% 15,38%Consumo Cíclico Automóveis e Motocicletas 3 3,70% 0,68%
Comércio 13 16,05% 2,94%Construção Civil 19 23,46% 4,30%Diversos 12 14,81% 2,71%Hoteis e Restaurantes 3 3,70% 0,68%Mídia 2 2,47% 0,45%Tecidos, Vestuário e Calçados 18 22,22% 4,07%Utilidades Domésticas 4 4,94% 0,90%Viagens e Lazer 7 8,64% 1,58%
Consumo Cíclico Total 81 100,00% 18,33%Consumo não Cíclico Agropecuária 5 20,83% 1,13%
Alimentos Processados 14 58,33% 3,17%Bebidas 1 4,17% 0,23%Comércio e Distribuição 2 8,33% 0,45%Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza 2 8,33% 0,45%
Consumo não Cíclico Total 24 100,00% 5,43%Financeiro e Outros Exploração de Imóveis 17 14,91% 3,85%
Holdings Diversificadas 7 6,14% 1,58%Intermediários Financeiros 30 26,32% 6,79%Outros 28 24,56% 6,33%Previdência e Seguros 8 7,02% 1,81%Securitizadoras de Recebíveis 16 14,04% 3,62%Serviços Financeiros Diversos 8 7,02% 1,81%
Financeiro e Outros Total 114 100,00% 25,79%Materiais Básicos Embalagens 1 3,13% 0,23%
Madeira e Papel 8 25,00% 1,81%Materiais Diversos 2 6,25% 0,45%Mineração 4 12,50% 0,90%Químicos 7 21,88% 1,58%Siderurgia e Metalurgia 10 31,25% 2,26%
Materiais Básicos Total 32 100,00% 7,24%Não classificado Não classificado 16 100,00% 3,62%
Não classificado Total 16 100,00% 3,62%Petróleo, Gás e Biocombustíveis Petróleo, Gás e Biocombustíveis 12 100,00% 2,71%
Petróleo, Gás e Biocombustíveis Total 12 100,00% 2,71%Saúde Análises e Diagnósticos 8 42,11% 1,81%
Comércio e Distribuição 5 26,32% 1,13%Equipamentos 1 5,26% 0,23%Medicamentos e Outros Produtos 5 26,32% 1,13%
Saúde Total 19 100,00% 4,30%Tecnologia da Informação Computadores e Equipamentos 2 28,57% 0,45%
Programas e Serviços 5 71,43% 1,13%Tecnologia da Informação Total 7 100,00% 1,58%
Telecomunicações Telecomunicações 5 100,00% 1,13%Telecomunicações Total 5 100,00% 1,13%
Utilidade Pública Água e Saneamento 6 9,38% 1,36%Energia Elétrica 56 87,50% 12,67%Gás 2 3,13% 0,45%
Utilidade Pública Total 64 100,00% 14,48%Total Geral 442 100,00%
RELAÇÃO POR CLASSIFICAÇÃO SUBSETORIAL
Em relação ao Subsetor
Em relação ao Setor Econômico
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APÊNDICE B – Indicadores econômicos separados por companhia e ano
EMPRESA ANO ROA ROE ROS ROM
AES Tiete 2012 5,088198 11,390579 0,033724 0,714773 AES Tiete 2013 6,416675 16,265059 0,054835 0,596662 AES Tiete 2014 1,187214 3,554641 0,006965 0,617312 AES Tiete 2015 17,324871 39,798342 0,149890 1,386065 AES Tiete 2016 8,745605 22,719297 0,229630 1,549614 CEMIG 2012 10,476759 35,467146 0,231398 0,816918 CEMIG 2013 10,410680 24,559007 0,212196 0,792592 CEMIG 2014 8,962579 27,797221 0,160527 0,769567 CEMIG 2015 6,043022 19,010353 0,115934 0,507079 CEMIG 2016 0,796354 2,588096 0,017810 0,504815 COPEL 2012 3,425114 5,813324 0,082123 0,498784 COPEL 2013 4,765756 8,519268 0,116834 0,454709 COPEL 2014 5,213551 9,761284 0,086644 0,479515 COPEL 2015 4,371860 8,677383 0,080984 0,353576 COPEL 2016 3,114226 6,253792 0,073170 0,392400 CPFL Energia 2012 4,044107 14,948553 0,081429 0,829781 CPFL Energia 2013 3,057186 10,786071 0,064058 0,749783 CPFL Energia 2014 2,525564 9,445808 0,054847 0,718245 CPFL Energia 2015 2,159446 8,640327 0,042806 0,606892 CPFL Energia 2016 2,084506 8,474743 0,047137 0,822369 Eletrobrás 2012 -4,021969 -10,293685 -0,173979 0,235279 Eletrobrás 2013 -4,546271 -10,366598 -0,223039 0,250865 Eletrobrás 2014 -2,048308 -5,211223 -0,100217 0,191943 Eletrobrás 2015 -9,992728 -35,826394 -0,443146 0,248145 Eletrobrás 2016 2,060579 7,972953 0,056394 0,368386 Eletropaulo 2012 1,028134 3,017912 0,010839 0,501530 Eletropaulo 2013 1,853199 7,004229 0,021990 0,354128 Eletropaulo 2014 -1,136705 -5,130718 -0,012479 0,411440 Eletropaulo 2015 0,761863 3,562199 0,007400 0,454479 Eletropaulo 2016 0,154240 0,776418 0,001794 0,482198 Light 2012 3,615064 14,010820 0,055683 0,566105 Light 2013 4,517195 16,891329 0,079132 0,602166 Light 2014 4,861534 18,266726 0,071810 0,469095 Light 2015 0,253909 1,032342 0,003554 0,430719 Light 2016 -2,183754 -9,330830 -0,032445 0,586990
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APÊNDICE C – Total de investimentos ambientais por companhia e ano
Empresa 2012 2013 2014 2015 2016 Total GeralAES Tiete 10,7 12,7 14,7 15,5 1,4 55,1 CEMIG 59,4 52,4 52,8 53,8 52,7 271,1 COPEL 273,9 208,4 328,9 491,5 300,6 1.603,2 CPFL Energia 109,2 96,4 89,5 87,4 132,4 514,8 Eletrobras 357,7 423,1 296,6 521,9 416,9 2.016,2 Eletropaulo 54,8 85,7 96,2 75,7 76,5 388,9 Light 28,7 29,0 37,8 34,7 33,4 163,6 Total Geral 894,5 907,6 916,5 1.280,6 1.013,8 5.013,0
TOTAL DE INVESTIMENTOS AMBIENTAIS (em milhões)