20
OS LUSÍADAS INVOCAÇÃO e DEDICATÓRIA

Invocação e Dedicarória

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Invocação e Dedicarória

OS LUSÍADAS

INVOCAÇÃO e DEDICATÓRIA

Page 2: Invocação e Dedicarória

INVOCAÇÃO

E vós, Tágides minhas, pois criado Tendes em mi um novo engenho ardente, Se sempre, em verso humilde, celebrado Foi de mi vosso rio alegremente, Dai-me agora um som alto e sublimado, Um estilo grandíloco e corrente, Por que de vossas águas Febo ordene Que não tenham enveja às de Hipocrene .

Dai-me uma fúria grande e sonorosa, E não de agreste avena ou frauta ruda , Mas de tuba canora e belicosa, Que o peito acende e a cor ao gesto muda. Dai-me igual canto aos feitos da famosa Gente vossa, que a Marte tanto ajuda; Que se espalhe e se cante no Universo, Se tão sublime preço cabe em verso.

 

Page 3: Invocação e Dedicarória

INVOCAÇÃO

Invocar significa apelar, pedir, suplicar.

Nestas estrofes, Camões dirige-se às Tágides, as ninfas do Tejo, pedindo-lhe que o ajudem a cantar os feitos dos portugueses de uma forma sublime:

“Dai-me agora um som alto e sublimado,

Um estilo grandíloco e corrente” 

Page 4: Invocação e Dedicarória

INVOCAÇÃO

E vós, Tágides minhas, (...)

Dai-me (...) Dai-me (...) Dai-me (...)

Page 5: Invocação e Dedicarória

INVOCAÇÃO

E vós, Tágides minhas, (...)

Dai-me (...) Dai-me (...) Dai-me (...) A Anáfora é uma figura de estilo

que consiste em repetir a mesma palavra no princípio de várias frases ou versos. A forma verbal “Dai-me” (modo imperativo) surge repetido três vezes no início do verso: trata-se da figura de estilo anáfora.

Page 6: Invocação e Dedicarória

INVOCAÇÃO

Tratando-se de um pedido, a Invocação assume a forma de discurso persuasivo, onde predomina a função apelativa da linguagem e as marcas características desse tipo de discurso – o vocativo e os verbos no modo imperativo - determinam a estrutura do texto.

Page 7: Invocação e Dedicarória

INVOCAÇÃO

Apóstrofe  A apóstrofe consiste na interpelação ou invocação de

alguém ou de alguma coisa personificada, por meio de um vocativo.

  Repara: para invocar as ninfas, Camões utiliza o vocativo.  O vocativo pode estar presente numa frase quando se

pretende chamar ou invocar alguém, utilizando-se para isso um nome ou expressão equivalente. O vocativo na frase é móvel, pois pode surgir no princípio, no meio ou no fim, mas está destacado por vírgulas.

 

Page 8: Invocação e Dedicarória

INVOCAÇÃO

Como poeta experiente que é, sabe que a tarefa a que agora se propôs exige um estilo e uma linguagem de grau superior, por isso estabelece ao longo destas duas estâncias um confronto entre a poesia lírica, há muito por ele cultivada, e a poesia épica, a que agora se abalança

Page 9: Invocação e Dedicarória

INVOCAÇÃO

O poeta pede às Tágides o estilo elevado que a epopeia e a grandiosidade do assunto requerem; o " som alto e sublimado ", exigido pelo " novo engenho ardente " que as ninfas colocaram nele.

Page 10: Invocação e Dedicarória

INVOCAÇÃO

Este confronto serve-lhe para marcar a superioridade relativa da poesia épica sobre a lírica.

POESIA LÍRICA 

POESIA ÉPICA

verso humilde agreste avena frauta ruda

novo engenho ardente som alto e sublimado estilo grandíloco e corrente fúria grande e sonorosa tuba canora e belicosa

Page 11: Invocação e Dedicarória

INVOCAÇÃO

A Invocação, para Camões, é mais um processo de engrandecimento do seu herói. De facto, é a grandiosidade do assunto que se propôs tratar que exige um estilo e uma eloquência superiores.

Page 12: Invocação e Dedicarória

INVOCAÇÃO

Para poder cantar devidamente tão altos feitos, necessito que vós, Tágides minhas, ninfas amadas do meu rio Tejo, já por mim cantado em muitos poemas líricos, me ajudeis a encontrar o estilo grandioso, um estilo grandíloco adequado à celebração dos Portugueses. Se me ajudardes, ficareis ainda mais célebres e afamadas do que a antiga fonte de Hipocrene, nascida de uma patada do cavalo de Pégaso, condutor do carro de Apolo, deus do sol, da poesia e das artes. Essa fonte dava inspiração poética a quem dela bebia.

in Os Lusíadas em prosa (adaptação) de Amélia Pinto PaisLurdes Martins

Page 13: Invocação e Dedicarória

INVOCAÇÃO

Page 14: Invocação e Dedicarória

DEDICATÓRIA

A dedicatória é uma parte facultativa da estrutura da epopeia. Camões inclui-a n’ Os Lusíadas ao dedicar a sua obra ao rei D. Sebastião.

Nessa altura, D. Sebastião era ainda muito jovem e por isso era visto como a esperança da pátria portuguesa na continuação da difusão da fé e do império.

  D. Sebastião, rei de Portugal de 1568 a 1578, foi o penúltimo rei

antes do domínio espanhol (1580-1640). O seu prematuro desaparecimento numa manhã de nevoeiro na batalha de Alcácer Quibir deu origem ao mito sebastianista, um sentimento muito português, que nasceu de uma lenda e que tem povoado o imaginário coletivo do nosso povo, ao longo dos séculos.

Page 15: Invocação e Dedicarória

DEDICATÓRIA

E vós, ó bem nascida segurançaDa Lusitana antiga liberdade,

Page 16: Invocação e Dedicarória

DEDICATÓRIA

Modificador do nome apositivo O Modificador do nome apositivo é uma

expressão que vem imediatamente a seguir a outra, normalmente entre vírgulas e que surge como uma caracterização ou explicação complementar.

A expressão “poderoso rei” exerce a função de Modificador do nome apositivo, pois surge a seguir ao pronome “Vós”, adicionando-lhe uma informação que o torna mais completo.

Page 17: Invocação e Dedicarória

DEDICATÓRIA

SINÉDOQUE

Na caracterização de D. Sebastião, o poeta usa frequentemente a sinédoque – figura de estilo em que se troca a palavra que indica o todo de um ser por outra que indica apenas uma parte dele:

“Vós, ó novo temor da Maura lança,”  Embora só se refira à lança, o poeta pretende

designar todo o exército de mouros.

Page 18: Invocação e Dedicarória

DEDICATÓRIA

Identifica as figuras de estilo presentes nos versos seguintes:

  “E vós, ó bem nascida segurança”  “Tomai as rédeas vós do Reino vosso:”  “Aqueles que, nos Reinos lá da Aurora”  “O Sol, logo em nascendo, vê primeiro”  “Por um pregão do ninho meu paterno”  “Que afeiçoada ao gesto belo e tenro”  “E julgareis qual é mais excelente,

Se ser do mundo Rei, se de tal gente.”

Page 19: Invocação e Dedicarória

DEDICATÓRIA

Para além do elogio ao rei, Camões pretende convencê-lo a aceitar o seu canto, por isso recorre a uma linguagem argumentativa, sendo a função de linguagem predominante a apelativa. O poeta recorre a numerosos vocativos, apóstrofes e ao uso frequente do modo imperativo. Há quem considere que o discurso da Dedicatória segue a estrutura própria do género oratório.

O poeta chama constantemente a atenção do seu destinatário, D. Sebastião, para o que o poema vai celebrar.

Page 20: Invocação e Dedicarória

DEDICATÓRIA

Para além do elogio ao rei, Camões pretende convencê-lo a aceitar o seu canto, por isso recorre a uma linguagem argumentativa, sendo a função de linguagem predominante a apelativa. O poeta recorre a numerosos vocativos, apóstrofes e ao uso frequente do modo imperativo. Há quem considere que o discurso da Dedicatória segue a estrutura própria do género oratório.

O poeta chama constantemente a atenção do seu destinatário, D. Sebastião, para o que o poema vai celebrar.