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0 UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO UPE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO FCAP MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL - GDLS Íris Fernanda Souto Maior POLÍTICA URBANA E A PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL EM TORITAMA-PE Recife PE 2012.

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO – FCAP MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL

SUSTENTÁVEL - GDLS

Íris Fernanda Souto Maior

POLÍTICA URBANA E A PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL EM TORITAMA-PE

Recife – PE 2012.

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Íris Fernanda Souto Maior

POLÍTICA URBANA E A PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL EM TORITAMA-PE

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável, da Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco da Universidade de Pernambuco para obtenção do Grau de Mestre em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável. Orientador: Prof. Dr. Ivo Vasconcelos Pedrosa

Recife-PE 2012

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Biblioteca Leucio Lemos

Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco – FCAP/UPE

S728p Souto Maior, Iris Fernanda. Política urbana e a promoção do desenvolvimento local sustentável em

Toritama - PE / Iris Fernanda Souto Maior ; orientador : Ivo Vasconcelos Pedrosa. – Recife, 2012.

98 f.: il.; graf., tab. –

Dissertação (Mestrado) - Universidade de Pernambuco, Faculdade de

Ciências da Administração de Pernambuco, Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável, Recife, 2012.

1. Política urbana. 2. Gestão municipal. 3. Desenvolvimento sustentável

– Toritama (PE). I. Pedrosa, Ivo Vasconcelos (orient). II. Título.

32:911.375.5 CDU (2007) 15-2012

Emanuella Bezerra - CRB-4/1389

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ÍRIS FERNANDA SOUTO MAIOR

Política Urbana e a Promoção do Desenvolvimento Local Sustentável em Toritama- PE

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável da Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco da Universidade de Pernambuco para a obtenção do Grau de Mestre em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável.

Aprovada em: 17/09/2012

Examinadores:

___________________________________________ Prof. Dr. André Luiz de Miranda Martins - UFPE

___________________________________________

Prof. Dr. Romilson Marques Cabral - UFRPE

___________________________________________ Prof. Dr. Ronaldo Faustino da Silva – UPE - Mestrado GDLS

Orientador: ___________________________________________

Prof. Dr. Ivo Vasconcelos Pedrosa – UPE – Mestrado GDLS

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Aos meus filhos, João Lucas e Pedro, pela inocente compreensão da minha ausência. Que no futuro permaneçam como homens bons e tementes a Deus. Ao meu Avô Noé Souto Maior que nunca me deixou faltar o pão. Deu-me educação e me firmou no caminho dos justos. Serei sempre guardiã de sua memória e dos seus ensinamentos. A Rodrigo, meu irmão de coração, que me deixou tanta saudade.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me conceder a graça de estar viva educando meus filhos.

À minha mãe, meu pai, minhas irmãs e esposo, pela oração constante.

Ao Prof. Ivo Pedrosa, pela dedicação, pelo aprendizado, pela oportunidade de

crescimento pessoal e acadêmico. Exemplo de mestre e orientador excepcional.

À Professora Cristina Almeida, pela consideração de sempre.

Aos Professores do Programa de Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local

Sustentável da Universidade de Pernambuco: Andréa Karla, Múcio Banja, Fábio

Pedrosa, Fátima Gomes, Luis Márcio, Antônio Nunes, José Maria, Ronaldo Faustino.

Aos que fazem a Prefeitura Municipal e Câmara de Vereadores de Toritama/PE pela

atenção dispensada.

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“O êxito da vida não se mede pelo caminho que se conquistou, mas sim pelas dificuldades que se superou no caminho”.

Abraham Lincoln

“Enfim, sonhar é possível, quando as realizações são presentes. Os sonhos vivem quando se materializam e criam espaço para novas aspirações. Pensar no desenvolvimento sustentável é estimular a comunidade a sonhar, mas também a realizar. Para isso, a inserção da academia na comunidade para a materialização dos sonhos a habilita a continuar aspirando a novos desejos”.

Christian Luiz da Silva.

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RESUMO

SOUTO MAIOR, Íris Fernanda. Política Urbana e a Promoção do Desenvolvimento Local Sustentável em Toritama/PE 98 f. Dissertação (Mestrado Profisssional em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável) - Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco, Universidade de Pernambuco, Recife, 2012.

Por muitos anos o crescimento econômico foi sinônimo de desenvolvimento e, por sua vez, a industrialização sua força-motriz. Muitas cidades do mundo sofreram o efeito desastroso dessa economia; seus recursos naturais foram comprometidos, as pessoas ficaram sem acesso a serviços básicos e seus territórios foram cenários de relevantes agressões ambientais. Esta dissertação analisa as políticas públicas urbanas do Município de Toritama-PE diante da concepção do desenvolvimento local sustentável. Toritama é o menor município pernambucano em extensão territorial e registrou crescimentos econômico e populacional dentre os maiores da última década no Estado. Entretanto, suas principais atividades produtivas, a indústria de confecções e as lavanderias de jeans, são caracterizadas pela informalidade da produção e pelo alto índice de poluição que geram. Atualmente, a cidade passa por um processo de transformação resultante de um maior envolvimento do Estado com a degradação ambiental e a ocupação desordenada do espaço urbano que sofreu com o crescimento da indústria da moda. Utilizou-se na pesquisa a abordagem qualitativa, servindo-se do roteiro de entrevistas semiestruturadas e da análise documental para a coleta dos dados na investigação. Serviu-se da análise do conteúdo como instrumento de análise dos dados coletados. Como resultado, a pesquisa mostra como estão sendo implementadas no município as políticas urbanas previstas no Estatuto das Cidades, garantidoras do direito à cidade sustentável, ou seja, direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer para as presentes e futuras gerações.

Palavras-chave: Política Urbana; Gestão Municipal; Desenvolvimento Local Sustentável; Toritama-PE.

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ABSTRACT

SOUTO MAIOR, Iris Fernanda. Urban Policy and Promotion of Sustainable Local Development in Toritama-PE. 98 f. Dissertation (Professional Master in Management of Sustainable Local Development) - Faculty of Management Sciences of Pernambuco, University of Pernambuco, Recife, 2012.

For many years the economic growth was synonymous with development and,

in turn, industrialization its driving force. Many cities worldwide have suffered the disastrous effects of this economy, natural resources have been committed, people have been left without access to basic services and their territories have become scenarios of relevant environmental assaults. This paper analyzes the urban public policies of the municipality of Toritama-PE based on the conception of sustainable local development. As far as area is concerned, Toritama is the smallest county in Pernambuco brazilian state, and has registered economic and population growth among the largest of the state over the last decade. However, their main productive activities, the garment industry and laundries for jeans, are characterized by informality of production and the high rate of pollution they generate. Currently, the city is has been undergoing transformational processes as a consequence of a greater involvement of Pernambuco Government with environmental degradation and disorderly occupation of urban space that it has suffered from with the growth of the fashion industry. A qualitative approach is applied in the research, with the script of semi-structured interviews and document analyses to collect data. The content analysis is employed as a tool for data analysis. As a result, the research shows how urban policies have been implemented in the city in accordance with the Statute of Cities (Federal Law number 10.257/2001), which guarantees the right to a sustainable city, i.e. the right to urban land, housing, environmental sanitation, urban infrastructure, transportation and public services, as well as jobs and leisure for present and future generations. Keywords: Urban Policy; Municipal Management; Sustainable Local Development; Toritama-PE.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fotografias Fotografia 1 Parque das Feiras de Toritama/PE 50

Fotografia 2 Área urbana de Toritama - Rocha no meio de uma rua no subúrbio da cidade

58

Fotografia 3 Lixão municipal situado às margens da BR-104 70

Gráficos Gráfico 1 Crescimento populacional em Toritama-PE 49

Gráfico 2 Fontes de abastecimento de água nas lavanderias de jeans em Toritama/PE

62

Gráfico 3 Destino final dos efluentes industriais 66

Gráfico 4 Destino final dos efluentes sanitários 67

Mapas Mapa 1 Mapa de Localização da Região do Agreste

Setentrional e do Município de Toritama/PE 47

Mapa 2 Mapa do Zoneamento Urbano – Plano Diretor Municipal

59

Quadros Quadro 1 Principais programas federais em saneamento na

década de 1990 32

Quadro 2 Metas para o saneamento básico na Macrorregião Nordeste e no país (em %)

34

Quadro 3 Fontes de abastecimento de água nos domicílios de Toritama, conforme o Censo 2010 do IBGE

63

Quadro 4 Caracteristicas da população e dos domicilios – esgotamento sanitário em Toritama/PE, conforme o Censo 2010 do IBGE

67

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Quadro 5

Destinação dos resíduos sólidos nos domicílios em Toritama/PE, conforme o Censo 2010 do IBGE

72

Quadro 6 Distribuição da população ocupada na atividade de confecção em Toritama (Ano 2000)

75

Organograma Organograma1 Prefeitura de Toritama – Organização administrativa 55

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APAC Agência Pernambucana de Água e Clima APL Arranjo Produtivo Local BNH Banco Nacional da Habitação CESBS Companhias Estaduais de Saneamento Básico CF e CF/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 CPRH Agência Estadual de meio Ambiente DLS Desenvolvimento Local Sustentável FCAP Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco FCP-SAN Programa de Financiamento a Concessionários Privados de

Serviços de Saneamento FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FUNASA Fundação Nacional de Saúde IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDH Índice de Desenvolvimento Humano IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ONU Organização das Nações Unidas PASS Programa de Ação Social em Saneamento PDM Plano Diretor Municipal PLANSAB Plano Nacional de Saneamento Básico PMSS Programa de Modernização do Setor de Saneamento PNCDA Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água PRONURB Programa de Saneamento para Núcleos Urbanos PROPAR Programa de Assistência Técnica à Parceria Público-Privada em

Saneamento PROSAB Programa de Pesquisa em Saneamento Básico PROSEGE Programa Social de Emergência e Geração de Empregos em

Obras de Saneamento PSHPE Projeto de Sustentabilidade Hídrica de Pernambuco SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas SEMAS Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade SFS Sistema Financeiro do Saneamento SNIS Sistema Nacional de Informações em Saneamento SRHE Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos UPE Universidade de Pernambuco

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS .............................................................................................................. 5 RESUMO ................................................................................................................................... 7

ABSTRACT ............................................................................................................................... 8 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................................. 11

SUMÁRIO ............................................................................................................................... 12

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 14 2 DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL ........................................................... 17

2.1 O município e a promoção do desenvolvimento local sustentável ..................... 23

3 POLÍTICAS PÚBLICAS ..................................................................................................... 27

3.1 O planejamento governamental como ferramenta de gestão .............................. 28

4 POLÍTICA URBANA ........................................................................................................... 30 4.1 Arcabouço Legal ......................................................................................................... 37

4.2 O Estatuto da Cidade ................................................................................................. 42 4.2.1 Plano Diretor ......................................................................................................... 44

5 O MUNICÍPIO DE TORITAMA/PE ................................................................................... 47 5.1 Descrição do Ambiente .............................................................................................. 48

5.2 Toritama e o Cluster de Confecções do Agreste ................................................... 50 6 MÉTODO ............................................................................................................................. 52

6.1 Abordagem da pesquisa ............................................................................................ 52

6.2 Coleta de dados .......................................................................................................... 53

6.3 Análise de conteúdo ................................................................................................... 54

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 55 7.1 Organização Administrativa Municipal ..................................................................... 55

7.2 Habitação, Zoneamento e Infraestrutura Urbana .................................................. 56 7.3 Saneamento Básico .................................................................................................... 60

7.3.1 Abastecimento de água potável ........................................................................ 61

7.3.2 Esgotamento sanitário ........................................................................................ 65 7.3.3 Serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos .......... 70

7.3.4 O Plano Urbano Ambiental ..................................................................................... 72 7.4 Mobilidade Urbana ...................................................................................................... 74

7.5 Serviços Públicos, Trabalho e Lazer ....................................................................... 75 8 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 77 9 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 80

APÊNDICES ........................................................................................................................... 86

Roteiro de entrevista realizado com os Secretários Municipais de Obras e Educação ............................................................................................................................ 86

Roteiro de entrevista realizado com Presidente da Câmara de Vereadores de Toritama .............................................................................................................................. 87

ANEXOS ................................................................................................................................. 88

Diretrizes, recomendações e parâmetros do zoneamento propostos pelo Plano Diretor do Município de Toritama-PE ............................................................................. 88

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1 INTRODUÇÃO

Pensar nas cidades como espaços de convivência entre as pessoas, que

ofertem serviços e que garantam o bem-estar da coletividade é, sem dúvida, pensar

em sustentabilidade. Esta, que se tornou a palavra de ordem do século XXI e o

maior desafio dos governos na atualidade.

No Brasil, com exceção de algumas cidades planejadas, a ocupação desses

territórios se deu de forma desordenada e, principalmente nas cidades industriais, o

impacto de suas economias pujantes trouxe degradação ambiental e precariedade

da oferta de serviços básicos à população.

Os instrumentos legais que regulamentam os artigos 182 e 183 da Carta

Magna de 1988 (BRASIL, 2001) são ferramentas recentes de política urbana que

responsabilizam os gestores públicos e se manifestam como verdadeiros

planejamentos positivados, que norteiam a execução dessas políticas no país.

À União, aos Estados Federados e, principalmente, aos Municípios foram

dadas competências essenciais para a efetividade da política urbana, objetivando,

entre outras diretrizes, garantir o direito a cidades sustentáveis, entendido como o

direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana,

ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e

futuras gerações (BRASIL,2001).

Toritama-PE, locus do presente estudo, é o retrato de uma cidade sem

planejamento urbano, que cresceu desordenadamente como produto de sua

atividade econômica. A “Capital do jeans”, como é conhecida nacionalmente, dá os

primeiros passos, depois de anos sem qualquer controle do poder público local, para

a promoção do desenvolvimento sustentável com a edição de seus primeiros marcos

legais para a organização da cidade e a oferta de serviços públicos básicos à

população.

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O município de Toritama-PE está situado no cluster1 de confecção do Agreste

entre as cidades de Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe e às margens da Rodovia

BR 104 que liga o Estado de Pernambuco a Campina Grande – PB, outro importante

município produtor de confecções do Nordeste. A cidade é responsável por 16% da

produção nacional de jeans, com cerca de 2.500 empresas. Entretanto, suas

principais atividades produtivas, a indústria de confecção e as lavanderias de jeans,

são caracterizadas pela informalidade da produção e pelo alto índice de poluição

que geram.

Toritama é o menor município pernambucano em extensão territorial e

registrou um dos maiores crescimentos econômico e populacional da última década

(DP, 2010). O seu território foi ocupado por uma população migrante dos mais

diversos lugares, atraída pelos postos de trabalho gerados pela “indústria da moda”.

Sem planejamento pelo poder público e pelas condições do relevo na sede do

município, as moradias foram construídas em locais impróprios e sem ordenamento,

marginalizando uma massa de pessoas sem o acesso a serviços públicos de

infraestrutura urbana e saneamento básico.

A relevância e contemporaneidade do tema dá-se, diante do contexto supra

apresentado, por ser 2012 um ano em que o Brasil sediou a Rio+20 e nações do

mundo inteiro discutiram a sustentabilidade do planeta, sensibilizando a sociedade e

os governos locais a repensarem seus espaços para a promoção de uma melhor

qualidade de vida para todos.

O objetivo geral desse trabalho foi o de analisar a política urbana em

execução no município de Toritama-PE diante da concepção do desenvolvimento

local sustentável. Como objetivos específicos procurou identificar a estrutura

administrativa pública municipal, seus programas, projetos e ações em execução; e

examinar as atividades da gestão municipal, relacionadas com a política urbana,

comparando-as com a concepção do desenvolvimento local sustentável.

1Um cluster, no mundo da indústria, é uma concentração de empresas que se comunicam por

possuírem características semelhantes e coabitarem no mesmo local. Elas colaboram entre si e, assim, se tornam mais eficientes (PORTER,1990).

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Na primeira parte faz-se uma explanação sobre o antagonismo entre

crescimento econômico e desenvolvimento, como também uma abordagem

conceitual sobre desenvolvimento local sustentável. Depois, apresenta-se a

importância do município e seu papel na promoção do DLS. Trata-se

conceitualmente sobre política urbana, apresenta-se o arcabouço legal sobre a

matéria, destacando-se a Lei federal 10.257/2001 – Estatuto das Cidades – e um de

seus principais instrumentos de execução, o Plano Diretor Municipal.

A segunda parte do estudo foi dedicada ao município de Toritama/PE. Faz-se

a descrição do ambiente e, logo após, traz-se à apreciação a sua relevância no

cluster de Confecções do Agreste de Pernambuco.

O método da pesquisa encontra-se na terceira parte. Trata-se da abordagem

qualitativa adotada; dos instrumentos utilizados para coleta de dados e da análise do

conteúdo.

Na sequência, encontram-se os resultados. No mesmo estão expostos e

discutidos os dados coletados com a investigação. Mostra-se como estão sendo

executadas as políticas públicas urbanas a partir da integração de esforços entre as

três esferas de governo: federal, estadual e municipal no território. No final,

apresentam-se as conclusões do presente estudo.

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2 DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL

A busca por uma posição de destaque entre as nações do mundo fez com

que muitos países priorizassem durante décadas seus planos de crescimento

econômico e, conforme foram desenvolvendo a indústria e fomentando o consumo

do seu mercado interno, deixaram em segundo plano a promoção da qualidade de

vida das pessoas em seus espaços de convivência locais.

a industrialização não gera unicamente aumento do produto e da renda nacional, ela amplia a distância entre crescimento econômico e desenvolvimento (qualidade de vida), pois provoca, dentre outros fatores, a destruição e poluição do meio ambiente, distorções de urbanização e alienação do ser humano. (Sliwiany,1987).

A severa expansão da indústria trouxe uma contrapartida social desastrosa

para os centros urbanos que sediaram esses grandes empreendimentos produtivos.

Como em muitas outras partes do mundo, no Brasil, por exemplo, sem planejamento urbano nas regiões industrializadas, a qualidade de vida baixou consideravelmente: ganharam mais indústrias e mais empregos, mas também ganharam mais filas de transporte, menos água, escolas e hospitais [...] e muito mais favelas. (OLIVEIRA, apud CANO, 1985, p.29).

A ONU - Organização das Nações Unidas - foi de fundamental importância,

desde sua criação em 1945, para discutir mundialmente o desenvolvimento e

aprimorar conceitualmente seu sentido para humanidade. Destacando-se o

compromisso da ONU em promover o crescimento e melhorar a qualidade de vida

dentro de uma liberdade maior; utilizar as instituições internacionais para promoção

do avanço econômico e social; conseguir cooperação internacional necessária para

resolver os problemas internacionais de ordem econômica, social, cultural ou de

caráter humanitário; e promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às

liberdades fundamentais de toda a população do globo, sem distinção de raça,

credo, sexo, idioma ou cor.

Os principais encontros internacionais realizados pela ONU para a discussão

mundial sobre o desenvolvimento sustentável foram:

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Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano –

ESTOCOLMO 1972;

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento - CNUMAD/ RIO-92;

Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável –

RIO +20.

Esses encontros se consolidaram como relevantes marcos regulatórios para

as nações, diante do comprometimento mundial com a qualidade de vida da

humanidade, revendo os impactos sociais de uma economia desastrosa.

Mundialmente, o conceito de desenvolvimento sustentável surgiu a partir de

uma definição construída no Relatório Brundtland, de 1987, com propostas de

algumas medidas a serem tomadas pelos Estados Nacionais, como:

limitação do crescimento populacional;

garantia de alimentação em longo prazo;

preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;

diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias que

admitem o uso de fontes energéticas renováveis;

aumento da produção industrial nos países não industrializados à base de

tecnologias ecologicamente adaptadas;

controle da urbanização e interação entre campo e cidades menores;

satisfação das necessidades básicas.

As medidas propostas em nível internacional foram as seguintes:

as organizações de desenvolvimento devem adotar a estratégia de

desenvolvimento sustentável;

a comunidade internacional deve proteger os ecossistemas supranacionais

como a Amazônia, a Antártica, os oceanos, etc.;

banimento das guerras;

implantação de um programa de desenvolvimento sustentável pela ONU

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No ano de 1992, o Brasil sediou a Conferência das Nações Unidas sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento - CNUMAD/ RIO-92, 20 anos depois da

Conferência de Estocolmo, em junho de 1972, que estimulou o avanço do debate

ambiental entre as nações do mundo inteiro. Na oportunidade, os seguintes

documentos e acordos internacionais foram estabelecidos (SCOTTO, 2007, p.42)

para a promoção do desenvolvimento sustentável global:

Declaração do Rio, com 27 princípios sobre obrigações ambientais e direito

ao desenvolvimento;

Convenção sobre Mudança do Clima (assinada por 154 países);

Convenção sobre Diversidade Biológica (assinada por 154 países);

Agenda 21, um protocolo assinado por 179 países que reúne 40 capítulos e 4

seções (socioeconômicos; conservação e gestão de recursos naturais;

fortalecimento de grupos; meios de implantação) proposta de ação para os

países, visando integrar no marco da sustentabilidade setores da sociedade

civil, setor produtivo e governamental, e os níveis locais, estaduais e

nacionais;

“Nossa Agenda”, documento elaborado pelos países da América Latina e do

Caribe, destacando suas prioridades e entendimentos relativos ao meio

ambiente;

Relatórios nacionais: os diversos países foram convidados a elaborar um

relatório nacional sobre meio ambiente e desenvolvimento.

Vinte anos depois, em junho de 2012, o Rio de Janeiro, mais uma vez, sedia

a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Nesse ano,

188 países adotaram oficialmente o documento intitulado “O futuro que queremos”,

que ratifica a intenção das nações para a promoção da sustentabilidade no planeta.

Essa é uma visão de hoje, vislumbrada por Furtado há mais de trinta anos, que, no Mito (p. 74), demandava que a nova orientação do desenvolvimento teria que ser num sentido muito mais igualitário (...) reduzindo o desperdício provocado pela extrema diversificação dos atuais padrões de consumo privado dos grupos privilegiados. A alusão ao desperdício relacionado ao consumo dos afluentes é um elemento novo na reflexão de Furtado, vinculando-se a sua percepção, suscitada pelo relatório do Clube de Roma, de 1972, Limites ao Crescimento, de que tal estilo de vida tem um custo de tal forma elevado, em termos de depredação do mundo físico... que toda tentativa de generalizá-lo levaria inexoravelmente ao colapso de toda uma

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civilização(Mito: 75). Além disso, a forma excludente de um consumo, que é cópia do padrão dos países afortunados, tornado-se possível por aumentos de produtividade revertidos para uma minoria, explicaria o agravamento das desigualdades sociais como função do próprio avanço na acumulação (Mito: 82) (CAVALCANTI, 2003).

Na nova ordem mundial – economia sustentável - o crescimento econômico

apenas é um dos pilares do desenvolvimento, ou seja, a ideia da sustentabilidade

está implícita, é sinônimo do próprio conceito de desenvolvimento, como já afirmava

Celso Furtado (CAVALCANTI, 2003).

Assim, o desenvolvimento sustentável passa a ser entendido como

uma nova forma de ver o desenvolvimento, onde, ciente dos prejuízos causados ao meio ambiente pelo desenvolvimento econômico atual, se busca conciliar a continuação do processo de desenvolvimento da sociedade com a manutenção do equilíbrio ambiental planetário (MILANEZ, 2003, apud JESUS, 2007).

Buarque (1999) afirma que três grandes conjuntos interligados e com

características e papéis distintos são relevantes nesse processo:

a) a elevação da qualidade de vida e a equidade social constituem objetivos centrais do modelo de desenvolvimento, orientação e propósito final de todo esforço de desenvolvimento no curto, médio e longo prazos; b) a eficiência e o crescimento econômicos constituem pré-requisitos fundamentais, sem os quais não é possível elevar a qualidade de vida com equidade – de forma sustentável e continuada –, representando uma condição necessária, embora não suficiente, do desenvolvimento sustentável; c) a conservação ambiental é um condicionante decisivo da sustentabilidade do desenvolvimento e da manutenção no longo prazo, sem a qual não é possível assegurar qualidade de vida para as gerações futuras e equidade social de forma sustentável e contínua no tempo e no espaço (BUARQUE, 1999, p.32).

O desenvolvimento local e sustentável, segundo Buarque (1999, p.33),

consiste numa transição para um novo estilo de organização da economia e da

sociedade e das suas relações com a natureza, prenunciando uma sociedade com

equidade social e conservação ambiental.

Para Sachs (1993) são cinco as dimensões da sustentabilidade,

caracterizadas por:

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1 - Sustentabilidade social: consiste na criação de um processo de

desenvolvimento civilizatório baseado no ser e que seja sustentado por uma maior

equidade no ter, nos direitos e nas condições das amplas massas da população,

diminuindo a distância entre os padrões de vida dos mais ricos e dos mais pobres;

2 - Sustentabilidade econômica: possibilita uma eficiência macrossocial, reduzindo

os custos sociais e ambientais;

3 - Sustentabilidade ambiental: aumenta a capacidade de uso dos recursos

naturais através da utilização de recursos renováveis e da limitação do uso de

recursos não renováveis ou ambientalmente prejudiciais;

4 - Sustentabilidade espacial: está voltada a uma configuração rural-urbana mais

equilibrada;

5 - Sustentabilidade cultural: respeita a continuidade das tradições culturais e até

mesmo a pluralidade das soluções particulares.

O desenvolvimento sustentável é o modelo que prevê a integração entre

economia, sociedade e meio ambiente. Manifesta-se na ação da sociedade e

governos para garantia da qualidade de vida nos dias atuais e nos das gerações

futuras.

O conceito de desenvolvimento sustentável deve ser visto como uma alternativa ao conceito de crescimento econômico, o qual está associado a crescimento material, quantitativo, da economia. Isso não quer dizer que, como resultado de um desenvolvimento sustentável, o crescimento econômico deva ser totalmente abandonado. Admitindo-se, antes, que a natureza é a base necessária e indispensável da economia moderna, bem como das vidas das gerações futuras, desenvolvimento sustentável significa qualificar o crescimento e reconciliar o desenvolvimento econômico com a necessidade de se preservar o meio ambiente. (BINSWANGER, 2002, apud CAVALCANTI, 2002)

Assim, fazer com que dentro do país os gestores públicos assumam o

compromisso com a sustentabilidade é dever do governo, internamente, para a

garantia de sua legitimidade perante os Estados Internacionais. Mas, como todo

processo de mudança, a sociedade deve participar ativamente dessa construção do

seu local e a mobilização para o entendimento dos atores nesse contexto deverá ser

contínua e efetiva.

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As experiências bem sucedidas de desenvolvimento local, segundo Oliveira

(2006) decorrem, quase sempre, de “um ambiente político e social favorável,

expresso por mobilização, e, principalmente, de convergência dos atores sociais do

município ou comunidade entorno de determinadas prioridades e orientações

básicas de desenvolvimento”. Representa, neste sentido, “o resultado de uma

vontade conjunta da sociedade que dá sustentação e viabilidade política a iniciativas

e ações capazes de organizar as energias e promover a dinamização e

transformação da realidade” (CASTELLS; BORJA, 1996).

O desenvolvimento local como um processo capaz de realizar “o dinamismo

econômico e a melhoria da qualidade de vida da população” (BUARQUE, 1999,

p.09) será conquistado a partir da interação entre o planejamento municipal e a

sociedade, tendo o governo local relevante papel nesse processo que, para ser

consistente e sustentável, deverá “elevar as oportunidades sociais e a viabilidade e

competitividade da economia local, aumentando a renda e as formas de riqueza, ao

mesmo tempo em que assegura a conservação dos recursos naturais”

(BUARQUE,1999, p.09 ).

Representa, segundo o mesmo autor, “uma singular transformação nas bases

econômicas e na organização social em nível local, resultante da mobilização das

energias da sociedade, explorando as suas capacidades e potencialidades

específicas” (ib.p.09).

Os especialistas da área de meio ambiente afirmam que uma ferramenta de

avaliação pode ajudar a transformar a preocupação com a sustentabilidade em uma

ação pública consistente (BELLEN, 2004).

A ferramenta proposta por Wackernagel & Rees (1996) é denominada Ecological Footprint Method, termo que pode ser traduzido como "pegada ecológica" e que representa o espaço ecológico correspondente para sustentar um determinado sistema ou unidade. Esta técnica é considerada pelos autores tanto como analítica quanto como educacional, sendo que ela não só analisa a sustentabilidade das atividades humanas como também contribui para a construção de consciência pública a respeito dos problemas ambientais e auxilia no processo decisório. O processo de avaliação reforça sempre a visão da dependência da sociedade humana em relação a seu ecossistema (BELLEN, 2004, p.69).

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O desenvolvimento local sustentável só será possível nas “cidades” se os

olhares, sentidos e esforços convergirem tanto do poder público como dos próprios

indivíduos para a boa vivência com o meio em que vivem e para própria manutenção

da espécie. Adiante, tratar-se-á da importância do município, como “local”

adequando para viabilidade desse processo pleno de desenvolvimento humano

sustentável.

2.1 O município e a promoção do desenvolvimento local sustentável

O espaço “local” é o ambiente favorável para as transformações globais. As

ações locais são determinantes para o alcance mundial da sustentabilidade, uma

vez que a execução das políticas públicas no município reflete diretamente na vida

da sociedade local e, consequentemente, na vida da humanidade no planeta.

Buarque (1999) afirma que:

O município tem uma escala territorial adequada à mobilização das energias sociais e integração de investimentos potencializadores do desenvolvimento, seja pelas reduzidas dimensões, seja pela aderência político-administrativa que oferece, através da municipalidade e instância governamental. As transformações nos processos produtivos e na organização econômica ocorrem numa velocidade e ritmo acelerado e inusitado que intensificam as disputas competitivas e o redesenho da economia mundial, obrigando as economias nacionais e locais a uma permanente atualização (BUARQUE, 1999, p. 11).

A partir da Constituição de 1988, os municípios brasileiros, por exemplo,

passaram a ocupar uma posição de relevância no cenário político-administrativo do

país, tornando-se um componente da estrutura federativa do Estado brasileiro.

Gozando de autonomia política, administrativa e financeira, muitas foram as

atribuições que lhe foram destinadas pela nova Carta Magna. E, assim, a essa

parcela de Estado mais próxima dos cidadãos foram atribuídas taxativamente suas

competências, no art. 30 da CF/88, regulamentadas posteriormente através de leis e

decretos que nortearam as políticas nacionais nas mais diversas áreas da gestão

pública.

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Particularmente, os artigos 182 e 183 da CF/88, regulamentados através da

Lei Federal 10.257/01 (Estatuto da Cidade), estabeleceram balizamentos para a

política urbana no país, tornando-se um marco regulatório para o desenvolvimento

sustentável das cidades brasileiras.

“Art. 1º Na execução da política urbana, de que tratam os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, será aplicado o previsto nesta Lei. Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. Art. 2º A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações; (...) IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; (…) VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infraestrutura urbana; d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como polos geradores de tráfego, sem a previsão da infraestrutura correspondente; e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização; f) a deterioração das áreas urbanizadas; g) a poluição e a degradação ambiental; (...) XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico; (…) XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais;”

Para MUMFORD (2008) o crescimento desordenado das cidades como

consequência do progresso econômico, afetando a qualidade de vida da população

acompanha as civilizações no decorrer da história. Entretanto, a principal função da

cidade segundo este autor é

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Converter o poder em força, a energia em cultura, a matéria inanimada em símbolos vivos de arte, a reprodução biológica em criatividade social. As funções positivas da cidade não podem ser levadas a cabo sem que se criem novas disposições institucionais, capazes de enfrentar as energias enormes que hoje o homem moderno domina: disposições de uma ousadia tão grande quanto aquelas que, nos primeiros tempos, transformaram a aldeia supercrescida e sua fortaleza na cidade nucleada e altamente organizada (MUMFORD, 2008, p.680).

Na Rio+20, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU),

Ban Ki-Moon2, chamou a atenção para a importância de os governos locais e os

líderes mundiais caminharem cada vez mais juntos na busca do desenvolvimento

sustentável. Em seu discurso, o secretário pediu o comprometimento dos governos

locais para superar os desafios e garantir às populações um ambiente de vida mais

decente. “O envolvimento dos prefeitos é importante para evitar a pobreza, para

proteger o meio ambiente e reduzir os riscos [das emissões de gases poluentes].”

Segundo Ban Ki-Moon, há ainda problemas como falta de água, de

saneamento, de transporte, questões climáticas, desertificação, desmatamento, para

os quais seria impossível qualquer esforço sem a participação ativa das cidades.

Também, afirmou que “no mundo globalizado há pouca diferença entre governos

locais e governos nacionais” e destacou as ações que vêm sendo empreendidas

pelas prefeituras municipais para encontrar soluções para os problemas de

transporte e de água, por exemplo.

A dimensão democrática e participativa tanto faz parte do direito das pessoas de construírem socialmente o seu destino, como é condição da implementação eficiente. A cidade, com seu entorno rural, constitui o espaço por excelência do processo democrático de decisão. É o nível em

que as pessoas enfrentam desafios comuns, podem conhecer‐se umas às

outras, reunir‐se, assegurar a eficiência dos programas nacionais. É onde

as pessoas conhecem melhor a situação, e podem organizar as indispensáveis parcerias entre iniciativas públicas, empresas, sindicatos, organizações da sociedade civil. Décadas de projetos mal sucedidos nos ensinaram que a apropriação das políticas pelas populações interessadas constitui o principal fator do seu sucesso. Para existirem de verdade, as transformações que o planeta exige precisam se enraizar nas condições concretas de vida das pessoas.(RIO+20, Cidades Sustentáveis, WWW)

2 Pronunciamento de Ban Ki-Moon - Secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) – na

RIO+20.

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Potencializar as habilidades e competências locais é de extrema relevância

para o avanço dos processos de promoção do desenvolvimento sustentável. A

participação dos governos e sociedade locais torna efetiva a qualidade de vida em

seus territórios. Sendo este um entendimento pacífico entre autoridades e

pesquisadores do mundo inteiro.

Para que todo esse contexto se torne real na vida das pessoas mister se faz

materializá-lo em intenções, na forma positivada da norma, através de instrumentos

que o legitimem para a execução de ações pelo poder público: as políticas públicas.

Tratar-se-á a seguir do seu conceito e do planejamento governamental como

ferramenta de gestão para sua realização.

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3 POLÍTICAS PÚBLICAS

Segundo SOUSA (2006) não existe uma única, nem melhor, definição sobre o

que seja política pública.

Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da política que analisa o governo à luz de grandes questões públicas e Lynn (1980), como um conjunto de ações do governo que irão produzir efeitos específicos. Peters (1986) segue o mesmo veio: política pública é a soma das atividades dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que influenciam a vida dos cidadãos. Dye (1984) sintetiza a definição de política pública como “o que o governo escolhe fazer ou não fazer”. A definição mais conhecida continua sendo a de Laswell, ou seja, decisões e análises sobre política pública implicam responder às seguintes questões: quem ganha o quê, por quê e que diferença faz (SOUSA, 2006, p.24).

Desta feita, pode-se concluir que políticas públicas são ferramentas de

planejamento, através das quais os governos executam suas ações. Após

desenhadas e formuladas, desdobram-se em planos, programas, projetos, bases de

dados ou sistema de informação e pesquisas, e são regulamentadas por lei. Quando

postas em ação, são implementadas, ficando daí submetidas a sistemas de

acompanhamento e avaliação (SOUSA, 2006).

Theodor Lowi (1964; 1972) desenvolveu a talvez mais conhecida tipologia

sobre política pública, elaborada através de uma máxima: a política pública faz a

política. Com essa máxima Lowi quis dizer que cada tipo de política pública vai

encontrar diferentes formas de apoio e de rejeição e que disputas em torno de sua

decisão passam por arenas diferenciadas.

Para Lowi, a política pública pode assumir quatro formatos. O primeiro é o das políticas distributivas, decisões tomadas pelo governo, que desconsideram a questão dos recursos limitados, gerando impactos mais individuais do que universais, ao privilegiar certos grupos sociais ou regiões, em detrimento do todo. O segundo é o das políticas regulatórias, que são mais visíveis ao público, envolvendo burocracia, políticos e grupos de interesse. O terceiro é o das políticas redistributivas, que atinge maior número de pessoas e impõe perdas concretas e no curto prazo para certos grupos sociais, e ganhos incertos e futuro para outros; são, em geral, as políticas sociais universais, o sistema tributário, o sistema previdenciário e são as de mais difícil encaminhamento. O quarto é o das políticas constitutivas, que lidam com procedimentos. Cada uma dessas políticas públicas vai gerar pontos ou grupos de vetos e de apoios diferentes, processando-se, portanto, dentro do sistema político de forma também diferente (SOUSA, 2006, p.28).

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Política Pública é o próprio “Governo em ação”, sua presença na vida do

cidadão nas mais diversas áreas da gestão pública, para o alcance do bem-estar da

sociedade e do interesse público.

3.1 O planejamento governamental como ferramenta de gestão

Um instrumento importante para o alcance do tão esperado desenvolvimento

é o planejamento governamental, que é, justamente, a tarefa primeira para

implementação de uma política pública, uma vez que

é o processo de construção de um projeto coletivo capaz de implementar as transformações necessárias na realidade que levem ao futuro desejado. Portanto, tem uma forte conotação política. E no que se refere ao desenvolvimento local e municipal, o planejamento é um instrumento para a construção de uma proposta convergente dos atores e agentes que organizam as ações na perspectiva do desenvolvimento sustentável. O planejamento é fundamental também para sistematizar e conferir racionalidade e interação lógica às ações e atividades diversificadas no tempo, aumentando a eficácia e eficiência das ações e seus impactos positivos na realidade. Representa uma forma de controle sobre o futuro e de fundamentação das escolhas e prioridades, para otimizar as forças, mecanismos e recursos escassos da sociedade, evitando os desperdícios e a improvisação (BUARQUE, 1999, p.36).

Oliveira (2006) afirma que o planejamento em políticas públicas deve ser visto

como “um processo, e não como um produto técnico somente”. E que a importância

do processo se dá principalmente na implementação, sendo esta quem conduzirá

aos resultados finais das políticas. Argumentando, ainda, que o planejamento é um

processo político-social que “depende de informações precisas, transparência, ética,

temperança, aceitação de visões diferentes e vontade de negociar e buscar

soluções conjuntas que sejam aceitáveis para toda sociedade, principalmente para

as partes envolvidas, levando continuamente ao aprendizado” (OLIVEIRA, 2006, p.

273).

Mas, como pensar em planejamento para os municípios? Na verdade, a

própria norma constitucional já trouxe implícita a consagração do planejamento na

administração pública brasileira. Uma vez que vinculou o gestor público à lei no

exercício de sua atividade. A própria norma regulamentada para a ação do poder

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público local é instrumento de organização de suas ações. Assim, podemos concluir

que o planejamento governamental como ferramenta para efetividade das políticas

públicas locais se dá através dos instrumentos normativos que o próprio município,

Estado e União possuem.

Como se vê, mais que fazer planos a administração pública brasileira torna

efetivo o planejamento uma vez que, ao criar a norma, disciplina sua execução,

instrumentaliza suas ações e monitora seus resultados por meio dos órgãos de

controle.

No ano de 2010, o IPEA lançou uma coletânea que retoma uma discussão

primordial nos nossos dias: o planejamento das políticas públicas no Brasil. E assim,

o cientista político Gabriel Cohn, que participou desse projeto, afirma que

“Com essa iniciativa, o IPEA retoma a visão de grande escala do desenvolvimento deixada de lado por nossos estudos setoriais voltados apenas a remediar problemas; retoma a dimensão histórica na reflexão sobre a sociedade e a grande tradição de pensar desenvolvimento como um processo complexo com dimensões que se articulam. Isso é um subsídio essencial para um Estado que tem o dever de voltar a planejar, formular políticas articuladas e com visão de longo prazo para a construção do desenvolvimento, entendido não só como crescimento, mas como aprofundamento da democracia” (IPEA, 2010, p. 25 e 26).

As iniciativas nesse sentido têm sido uma constante por parte do governo

Federal, Estadual e Municipais para legitimar suas ações e torná-las não ações de

governo, mas de institucionalizá-las como políticas de Estado. Por esta razão, hoje

temos uma das legislações mais modernas do mundo que substanciam legalmente

as ações no caminho para a sustentabilidade no Brasil. Passaremos, nas linhas que

se sucedem, a apreciar o conceito e marcos regulatórios da política pública objeto

do nosso estudo: a política urbana. Que emerge da necessidade de organizar a

cidade diante do fenômeno de crescimento demográfico e das demandas que

nasceram a partir do mesmo em serviços e obras para o poder público.

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4 POLÍTICA URBANA

A expressão Política Urbana traduz-se como o modo de organizar a cidade,

ou seja, são políticas que orientam o planejamento dos gestores públicos para a

execução de ações de infraestrutura e serviços no âmbito da cidade, sempre em

caráter normativo. O conceito de urbanismo com maior receptividade entre a

doutrina jurídica do país é o conceito formulado por Helly Lopes Meireilles que assim

o definiu como sendo o

O conjunto de medidas estatais destinadas a organizar os espaços habitáveis, de modo a propiciar melhores condições de vida ao homem na comunidade. Entendam-se por espaços habitáveis todas as áreas em que o homem exerce coletivamente qualquer das quatro funções sociais: habitação, trabalho, circulação, recreação. (MEIRELLES, 1993, p. 377)

Com o Estatuto das Cidades, que regulamenta a política urbana no Brasil, foi

criado um verdadeiro divisor de águas na administração pública brasileira, referente

à gestão das cidades e um grande avanço para promoção do desenvolvimento

sustentável. São princípios fundamentais do mesmo: a gestão democrática; a justa

distribuição dos ônus e benefícios decorrentes do processo de urbanização; a

recuperação dos investimentos do poder público que tenham resultado em

valorização de imóveis urbanos e o direito a cidades sustentáveis, à moradia, à

infraestrutura urbana e aos serviços públicos, que conferem aos municípios novas

possibilidades e oportunidades de gestão e financiamento de seu desenvolvimento

(BRASIL, 2001).

No Brasil, a política de urbanização das cidades só começou a avançar a

partir da segunda metade do século XX. Até então, a população contava com o

acesso restrito ao saneamento básico nos centros urbanos e sua cobertura não

atingia a zona rural, por exemplo (TUROLLA, 2002). Tinha-se no país, nos primeiros

anos da República, grandes epidemias causadas pelo contato da população com a

água contaminada, esgoto e lixo.

Foi a partir da década de 60 que o Brasil começou a dar os primeiros passos,

diante de seu crescimento na economia, nas políticas públicas de saneamento

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básico. Em 1961, assinou a Carta de Punta del Este, documento este formulado

pelos Países Americanos que continha um plano decenal de metas a serem

cumpridas, e entre elas, a de atingir, cada país, o percentual de 70% de

abastecimento de suas respectivas populações urbanas com serviços de água e de

esgoto e de 50% para as populações rurais(TUROLLA,2002).

A partir de Golpe de 1964, os Militares elegeram “a ampliação da cobertura

dos serviços de saneamento como uma de suas prioridades explicitadas nos planos

de desenvolvimento do período” (TUROLLA, 2002). Naquele momento, várias

medidas foram tomadas para garantir os recursos para os investimentos em

infraestrutura urbana pelo governo brasileiro:

O Banco Nacional da Habitação (BNH) foi criado em 1964 com a missão de implantar uma política de desenvolvimento urbano e, em 1967, foi encarregado de realizar o diagnóstico inicial da situação do setor de saneamento. Foi criado o Sistema Financeiro do Saneamento (SFS), no âmbito do BNH, que passou a centralizar recursos e a coordenar ações no setor. Foram criados fundos de água e de esgoto estaduais, além de programas estaduais trienais. O financiamento aos municípios passou a ser realizado conjuntamente pelo BNH e pelos governos estaduais, com contrapartida obrigatória dos municípios e com a obrigação de que estes organizassem os serviços na forma de autarquia ou de sociedade de economia mista. [...] A partir da década de 1970, o setor passou a adquirir a configuração atual. Numa tentativa de ampliar a cobertura, foi criado o Plano Nacional de Saneamento (Planasa) com o ambicioso objetivo de atender 80% da população urbana com serviços de água e 50% com serviços de esgoto até 1980. O Planasa incentivou os municípios a concederem os serviços à companhia estadual de saneamento. Esta, por sua vez, tinha acesso aos empréstimos do BNH. Foram criadas Companhias Estaduais de Saneamento Básico (CESBs), organizadas sob a forma de Sociedade Anônima, que deveriam obter as concessões diretamente do poder concedente, as autoridades municipais. [...] Na concepção do sistema, previa-se que o papel do BNH seria gradualmente reduzido à medida que os fundos estaduais fossem capazes de obter autonomia financeira, a partir do fluxo de tarifas gerado pelos investimentos. De fato, o BNH disponibilizou recursos abundantes para as CESBs na primeira década de existência do Planasa, o que permitiu a manutenção de tarifas baixas e a realização de investimentos (TUROLLA, 2002,p.11,12).

No início da década de 80, ainda no regime militar, se alcançou um índice de

cobertura dos serviços de abastecimento de água próximo dos 80% da população

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urbana. Contudo, anos depois, diante da alta inflação, escassez de recursos, a crise

econômica, entre outros fatores, houve a estagnação dos investimentos no setor.

Em 1986, o BNH foi extinto. A Caixa Econômica Federal assumiu os antigos papéis do Banco no tocante ao financiamento do setor e recebeu o Sistema Financeiro do Saneamento. Submetida a limitações orçamentárias mais severas, teve de reduzir sensivelmente a oferta de recursos. (TUROLLA, 2002, p.12)

Nos anos 90, as ações na área de saneamento para serem retomadas

precisavam de marcos legais que regulamentassem os artigos da nova Constituição

Federal promulgada em 1988. E assim, tivemos como principais medidas:

QUADRO 1 - Principais Programas Federais em Saneamento na Década de 1990

PROGRAMA

PERÍODO

FINANCIAMENTO

BENEFICIÁRIO/DESDOBRAMENTO

Pronurb 1990/1994 FGTS e contrapartida População urbana em geral, com prioridade à baixa renda

Pró-Saneamento 1995 FGTS e contrapartida Preponderantemente áreas com famílias com renda de até 12 salários mínimos

Pass 1996 OGU e contrapartida BID e Bird

População de baixa renda em municípios com maior concentração de pobreza

Prosege 1992/1999 BID e contrapartida População de baixa renda, privilegiando comunidades com renda de até 7 salários mínimos

Funasa SB - OGU e contraparti-da

Apoio técnico e financeiro no desenvolvimento de ações com base em critérios epidemiológicos e sociais

PMSS I 1992/2000 Bird e contrapartida Estudos e assistência técnica aos Estados e Municípios em âmbito nacional; investimentos em modernização empresarial e aumento de cobertura dirigidos a Casan, Embasa e Sanesul

PMSS II 1998/2004 Bird e contrapartida Passa a financiar companhias do Norte, Nordeste e Centro-Oeste e estudos de desenvolvimento institucional

PNCDA 1997 OGU e contrapartida Uso racional de água em prestadores de serviço de saneamento, fornecedores e segmentos de usuários

FCP/SAN 1998 FGTS, BNDES e contrapartida

Concessionários privados em empreendimentos de ampliação de cobertura em áreas com renda de até 12 salários mínimos

Propar 1998 BNDES Estados, municípios e concessioná-rios contratando consultoria para viabilização de parceria público-privada

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Prosab 1996 Finep, CNPq, Capes Desenvolvimento de pesquisa em tecnologia de saneamento ambiental

Fonte: Turolla, 2002

Após muitas discussões, a Política Nacional de Saneamento Básico foi

positivada na Lei Federal nº 11.445 de 5 de janeiro de 2007 que compreende o

conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de:

a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição; b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente; c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas; d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas. (BRASIL, 2007)

Em 2011, o Ministério das Cidades, por meio da Secretaria Nacional de

Saneamento Ambiental, deu início à elaboração do Plano Nacional de Saneamento

Básico, o Plansab, previsto na Lei de Diretrizes Nacionais para o Saneamento

Básico - Lei nº 11.445/2007, regulamentada pelo Decreto nº 7.217/2010. O Plano

consolida os avanços verificados no setor nos últimos anos e estabelece as políticas

públicas para serviços de saneamento nos próximos 20 anos no país. Contempla

uma abordagem integrada do saneamento básico, incluindo os quatro componentes:

abastecimento de água potável; esgotamento sanitário; limpeza urbana e manejo de

resíduos sólidos; e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.

Segundo o então Secretário Nacional de Saneamento Ambiental, Leodegar

Tiscoski,

“O Plansab será, sem dúvida, a referência para os futuros investimentos no setor saneamento básico brasileiro nos próximos vinte anos, exercendo também o papel indutor junto aos Estados e Municípios do país para impulsionar a organização e a consolidação dos pilares básicos da gestão do setor, previstos na Lei, que incluem o próprio planejamento, a regulação e fiscalização, a prestação dos serviços, e o controle social. As diretrizes,

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estratégias e programas estabelecidas no Plano consolidam o grande esforço do Governo Federal e da sociedade civil, para que a população brasileira seja atendida com serviços de elevada qualidade na área de saneamento básico.” (MINISTERIO DAS CIDADES, 2011)

A seguir, estão as metas estabelecidas pelo PLANSAB:

Quadro 2 – Metas para o saneamento básico na macrorregião Nordeste e no país (em%)

INDICADOR ANO BRASIL NE

A1 - % dos domicílios urbanos e rurais abastecidos por meio de distribuição e por poço ou nascente com canalização interna

2008 2015 2020 2030

91 03 94 98

82 84 88 95

A2 - % de domicílios urbanos abastecidos por rede de distribuição e por poço ou nascente com canalização interna

2008 2015 2020 2030

97 99

100 100

94 97

100 100

A3 - % de domicílios rurais abastecidos por rede de distribuição e por poço ou nascente com canalização interna

2008 2015 2020 2030

62 64 69 77

50 51 58 70

E1 - % de domicílios urbanos e rurais servidos por rede coletora ou fossa séptica para os excretas ou esgotos sanitários

2008 2015 2020 2030

70 75 80 88

53 60 67 80

E2 - % de domicílios urbanos servidos por rede coletora ou fossa séptica para as excretas ou esgoto sanitário

2008 2015 2020 2030

79 82 85 91

67 70 75 85

E3 - % de domicílios rurais servidos por rede coletora ou fossa séptica para as excretas ou esgoto sanitário

2008 2015 2020 2030

24 37 45 62

14 29 37 55

E4 - % de tratamento de esgoto coletado

2008 2015 2020 2030

53 62 70 88

66 72 78 90

R1 - % de domicílios urbanos atendidos por coleta direta de resíduos sólidos

2008 2015 2020 2030

91 94 96

100

81 86 91

100

R2 - % de domicílios rurais atendidos por coleta direta de resíduos sólidos

2008 2015 2020 2030

29 39 48 64

17 30 38 55

R3 - % de municípios com presença de lixão/vazadouro de resíduos sólidos

2008 2015 2020 2030

51 0 0 0

89 0 0 0

D1 -% de municípios com inundações e/ou alagamentos ocorridos na área urbana, nos últimos cinco anos

2008 2015 2020 2030

41 - -

11

36 - - 5

Fonte: Ministério das Cidades

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35

O Plano traçou três eixos temáticos de trabalho, materializados nos seguintes

Programas, segundo o Ministério das Cidades:

Programa 1: Saneamento básico integrado

Este é o Programa organizado para o investimento em ações estruturais,

visando cobrir o déficit urbano apresentado pelos quatro componentes do

saneamento básico, em conformidade com as metas estabelecidas. O Programa

dará ênfase para iniciativas de integralidade, valorizando uma demanda idealizada,

em que um município, com base em seu plano municipal de saneamento básico,

abrangendo os quatro componentes, enxergue as necessidades integrais em seu

território urbano, com vistas à universalização. O Programa terá como princípios: a

valorização do olhar da integralidade; a perspectiva a partir do território municipal, de

forma articulada com as políticas de desenvolvimento urbano e rural; a subordinação

das necessidades dos prestadores de serviço, no caso de delegação, ao olhar do

titular; a coordenação única das intervenções, possibilitando o acompanhamento

articulado da execução do Plansab no território municipal.

Programa 2: Saneamento rural

O Programa visará atender, por ações de saneamento básico, a população

rural e as comunidades tradicionais, como as indígenas e quilombolas e as reservas

extrativistas. Suas justificativas são o significativo passivo que o País acumula no

saneamento para as áreas objeto do Programa e as especificidades desses

territórios, que requerem abordagem própria e distinta da convencionalmente

adotada nas áreas urbanas, tanto na dimensão tecnológica, quanto na da gestão e

da relação com as comunidades. O Programa dará ênfase para iniciativas de

integralidade, com um olhar para o território rural e o conjunto das necessidades nos

componentes do saneamento básico.

Programa 3: Saneamento estruturante

O foco do Programa será o apoio à gestão pública dos serviços, visando criar

condições de sustentabilidade para o adequado atendimento populacional, incluindo

a qualificação da participação social e seu controle social sobre os serviços. Ênfase

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será conferida à qualificação dos investimentos públicos, otimizando-se os

benefícios à população advindos da aplicação dos recursos e a maior eficiência e

efetividade das medidas estruturais. O Programa pretende cumprir papel estratégico

na política nacional de saneamento básico, na medida em que se volta para

carência claramente observada no País e em outros países em desenvolvimento,

fortemente limitadora dos benefícios populacionais das intervenções. Preverá um

conjunto de medidas, distribuídas em quatro diferentes ações: ações estruturantes

de apoio à gestão; ações estruturantes de apoio à prestação de serviços; ações

estruturantes de capacitação e assistência técnica; desenvolvimento científico e

tecnológico.

Já quanto à regularização fundiária urbana no Brasil, somente com a

constitucionalização do direito à moradia a partir da Carta Magna de 1988 que teve

início uma série de institutos legais direcionados a esse fim. Contudo, as distorções

entre a ocupação do centro e das zonas periféricas dos espaços urbanos ainda

estão longe de serem corrigidas. A partir do ano de 2003, o Ministério das Cidades

destinou programas específicos, orientando os Estados e municípios a se

adequarem ao novo desafio, dispondo de recursos/apoio técnico para:

O Programa de Aceleração do Crescimento - PAC 2/ Urbanização de

Assentamentos Precários: urbanização integrada - regularização fundiária plena;

Programa Minha Casa Minha Vida: reassentamento;

Programa Papel Passado: regularização jurídica e capacitação técnica.

No que diz respeito à mobilidade urbana, por ser uma matéria recente, e até

mesmo ter criado um novo ramo do direito para legitimar as ações do poder público

na organização de seus territórios, o chamado Direito Urbanístico, o governo Federal

no ano de 2012, lançou o marco regulatório sobre a temática. Com o aquecimento

da economia nacional, o consumo de veículos automotivos engessou o trânsito das

cidades, causando transtornos cotidianos para a vida das pessoas e a emissão de

gases poluentes. Assim, o Ministério das Cidades implementou a Política Nacional

de Mobilidade Urbana Sustentável, centrada no desenvolvimento sustentável das

cidades e na priorização dos investimentos federais nos modos coletivos e nos

meios não motorizados de transporte.

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4.1 Arcabouço Legal

No caso específico das políticas públicas objeto do presente estudo, a

Constituição Federal de 1988 consagrou o meio ambiente como um direito humano

fundamental, tomando consciência, segundo Silva (1999), que

a qualidade do meio ambiente se transformara num bem, num patrimônio, num valor mesmo, cuja preservação, recuperação e revitalização se tornaram num imperativo do Poder Público, para assegurar a saúde, o bem estar do homem e as condições de seu desenvolvimento. Em verdade, para assegurar o direito fundamental à vida. As normas constitucionais assumiram a consciência de que o direito à vida, como matriz de todos os demais direitos fundamentais do homem, é que há de orientar todas as formas de atuação no campo da tutela do meio ambiente. Compreendeu que ele é um valor preponderante, que há de estar acima de quaisquer considerações como as de desenvolvimento, como as de respeito ao direito de propriedade, como as de iniciativa privada. Também estes são garantidos no texto constitucional, mas, a toda evidência, não podem primar sobre o direito fundamental à vida, que está em jogo quando se discute a tutela da qualidade do meio ambiente, que é instrumental no sentido de que, através dessa tutela, o que se protege é um valor maior: a qualidade da vida humana (SILVA, 1999, p.818).

No capítulo específico sobre o meio ambiente, juntamente com as leis que

regulamentam seus dispositivos, a CF/88 inova e avança, significativamente, se

comparada as constituições de outros países. Pois, dispõe sobre os meios de

atuação do Poder Público, enfatiza a atuação preventiva e medidas repressivas,

sujeitando as condutas e atividades lesivas ao meio ambiente a sanções penais e

administrativas, sem prejuízo da obrigação de reparar os danos causados.

Assim reza o art. 225 da CF/88:

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e

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a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.” (BRASIL, 1988)

A Carta Magna de 1988 outorgou aos municípios um papel específico na

promoção do desenvolvimento econômico, social, cultural e ambiental local.

Posteriormente sendo regulamentados importantes instrumentos legais para a

efetividade de tais preceitos, como exemplo, o Estatuto da Cidade.

Como norma regulamentadora dos arts. 182 e 183 da Constituição Federal, a

Lei nº. 10.257/01, denominada Estatuto da Cidade, “estabelece normas de ordem

pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem

coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio

ambiental” (Brasil, 2001).

O Estatuto da Cidade é o instrumento normativo de maior relevância para o

desenvolvimento sustentável das cidades brasileiras. É a partir do mesmo, que os

gestores públicos norteiam suas atividades e a sociedade participa dessa

construção democrática, garantida pelo Estado Democrático de Direito.

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No art. 2º da citada Lei são estabelecidas diretrizes gerais que orientam a

política urbana, que tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções

sociais da cidade e da propriedade urbana, quais sejam:

Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento

das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações; II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano; III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social; IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais; VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infraestrutura urbana; d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como polos geradores de tráfego, sem a previsão da infraestrutura correspondente; e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização; f) a deterioração das áreas urbanizadas; g) a poluição e a degradação ambiental; h) a exposição da população a riscos de desastres; VII – integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico do Município e do território sob sua área de influência; VIII – adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município e do território sob sua área de influência; IX – justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização; X – adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais; XI – recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização de imóveis urbanos; XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico;

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XIII – audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população; XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais; XV – simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das normas edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos lotes e unidades habitacionais; XVI – isonomia de condições para os agentes públicos e privados na promoção de empreendimentos e atividades relativos ao processo de urbanização, atendido o interesse social (Brasil, 2001)

Dentro dessa proposta, aos municípios brasileiros foram atribuídas funções

fundamentais para efetividade da política, uma vez que é de sua competência a

execução da mesma em seus territórios.

Um instrumento criado pelo Estatuto das Cidades, de extrema relevância para

os municípios é o Plano Diretor Municipal (PDM), que rege a política de

desenvolvimento e expansão urbana nesses espaços. O mesmo, segundo a Lei,

integra o processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as

diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporarem as diretrizes e as

prioridades nele contidas. É a ferramenta legal de planejamento que permite o

gerenciamento urbano visando o desenvolvimento das cidades, como anteriormente

já discutido.

Reza o art. 39 da Lei nº. 10.257/01:

...”A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes previstas no art. 2

o desta Lei”

(BRASIL, 2001).

Outro ponto importante que merece destaque é a elaboração da Agenda 213

local, que propõe a gestão participativa e multissetorial, buscando atingir as metas

3A Agenda 21 foi um dos principais resultados da conferência Eco-92 ou Rio-92, ocorrida no Rio de Janeiro, Brasil, em 1992. A Agenda 21 Local é o processo de planejamento participativo de um determinado território que envolve a implantação, ali, de um Fórum de Agenda 21. Composto por governo e sociedade civil, o Fórum é responsável pela construção de um Plano Local de Desenvolvimento Sustentável, que estrutura as prioridades locais por meio de projetos e ações de

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estabelecidas pelo município de forma integrada entre poder público e sociedade

civil para o desenvolvimento sustentável, identificando as dificuldades e prioridades

locais.

Para integrar os esforços no caminho para a sustentabilidade local, outras

normas foram criadas para dinamizar a execução das políticas públicas urbanas

diante da diversidade de temas e polêmicas que inflamaram os debates sobre a

cidade a partir da Constituição Federal de 1988.

No que diz respeito ao objeto desta pesquisa foram regulamentados os

seguintes instrumentos legais:

A Lei Federal Nº 9.433/1997, por exemplo, institui a Política Nacional de

Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera

o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº

7.990, de 28 de dezembro de 1989. Em Pernambuco, a Lei nº 12.984 de 30

de dezembro de 2005, dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos

e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras

providências.

A Lei Federal Nº 11.445/2007, estabelece diretrizes nacionais para o

saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979,

8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13

de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá

outras providências.

A Lei Federal Nº 12.305/10, institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;

altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.

No Estado de Pernambuco a Política Estadual de Resíduos Sólidos está

regulamentada através da Lei nº 14.236 de 13 de dezembro de 2010.

curto, médio e longo prazos. No Fórum são também definidos os meios de implementação e as responsabilidades do governo e dos demais setores da sociedade local na implementação, acompanhamento e revisão desses projetos e ações (Ministério do Meio Ambiente, 2012).

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Lei Federal nº 12.587/2012, Institui as diretrizes da Política Nacional de

Mobilidade Urbana; revoga dispositivos dos Decretos-Leis nos 3.326, de 3 de

junho de 1941, e 5.405, de 13 de abril de 1943, da Consolidação das Leis do

Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943,

e das Leis nos 5.917, de 10 de setembro de 1973, e 6.261, de 14 de novembro

de 1975; e dá outras providências.

Lei Federal nº. 11.124, de 16 de junho de 2005. Dispõe sobre o Sistema

nacional de habitação de Interesse Social – SNHIS, cria o Fundo nacional de

habitação de interesse Social – FNHIS e institui o Conselho gestor do FNHIS.

Lei Federal nº. 11.977, de 7 de julho de 2009. Dispõe sobre o Programa

Minha Casa, Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária de

assentamentos localizados em áreas urbanas; altera o Decreto-Lei no 3.365,

de 21 de junho de 1941, as Leis nos 4.380, de 21 de agosto de 1964, 6.015,

de 31 de dezembro de 1973, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 10.257, de 10

de julho de 2001, e a Medida Provisória no 2.197-43, de 24 de agosto de

2001; e dá outras providências.

4.2 O Estatuto da Cidade Um dos grandes desafios dos gestores do século XXI é o de promover o

desenvolvimento local sustentável em seus territórios. A população mundial não

pára de crescer, o consumo apresenta-se como o combustível da economia, há

menor disponibilidade dos recursos naturais e o caos urbano começa a vitimar a

espécie humana, como um produto de sua própria racionalidade.

A discussão provocada é a de estimular as pessoas, desafiá-las a procurar

qualidade de vida nos seus espaços de convivência e garantir que suas futuras

gerações possam compartilhar desses mesmos espaços.

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Mas, o que é a cidade? Como foi que começou a existir? Que processos

promove? Que funções desempenha? Que finalidades preenche? (Mumford, 2008,

p.1) afirma que não há definição que se aplique sozinha a todas essas indagações

e, ainda, estimula a reflexão de seus leitores quando questiona:

Desaparecerá a cidade ou, que seria outro modo de desaparecimento,transformar-se-á todo o planeta numa enorme colmeia urbana? Podem as necessidades e desejos que impeliram os homens a morar em cidades recuperar, num nível ainda mais elevado, tudo aquilo que Jerusalém, Atenas e Florença pareciam outrora prometer? Existe ainda uma alternativa real a meio caminho entre Necrópolis e Utopia, a possibilidade de construir um novo tipo de cidade que, livre das contradições interiores, enriquecerá e incentivará de maneira positiva o desenvolvimento humano? (MUMFORD, 2008, p.1)

Ordenar a cidade diante dos novos desafios constitui a finalidade implícita da

Lei Nº 10.257/2001 – Estatuto da Cidade. A sociedade, a partir dessa Lei, foi

convocada a examinar com atenção suas práticas e, ao revê-las, consagrar

renovados comportamentos e ações. Ao viver e participar ativamente do que exigiu

constar em lei, aprovada por seus representantes, estará avaliando continuamente

sua aplicação para reforçar suas virtudes e corrigir os possíveis defeitos da

legislação ora estabelecida. Mas, o processo é permanente, em especial por se

tratar de instrumentos que a lei prevê serem aplicados em cidades, organismos

dinâmicos por excelência (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2011).

O Estatuto da Cidade reúne normas relativas à atuação do poder público na

gestão da cidade com o propósito de promover o bem-estar coletivo e a justiça

social. Prevê, ainda, a justa distribuição dos benefícios e dos ônus decorrentes do

processo de urbanização; a garantia de que todos os cidadãos tenham acesso aos

serviços, aos equipamentos urbanos e a toda e qualquer melhoria realizada pelo

poder público; a recuperação de parcela da valorização imobiliária gerada pelos

investimentos públicos em infraestrutura social e física realizados com a utilização

dos impostos recolhidos; adequação dos instrumentos de política econômica,

tributária e financeira e dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento

urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem-estar geral e a

fruição dos bens de diferentes segmentos sociais (CARTILHA ESTATUTO DAS

CIDADES, 2001).

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O fato de o Estatuto trazer, textualmente, o direito a cidades sustentáveis fez

com que o país tomasse posição de destaque no cenário mundial. A norma

apresenta caminhos a serem seguidos e estabelece objetivos claros a alcançar, em

sintonia com os acordos decorrentes da Conferência Mundial sobre

Desenvolvimento e Meio Ambiente – ECO/92, realizada no Rio de Janeiro e com as

recomendações da Agenda Habitat II resultantes da Conferência das Nações Unidas

para os Assentamentos Humanos, realizada na cidade de Istambul em 1996

(OLIVEIRA, 2001).

O Estatuto da Cidade orienta a ação dos atores responsáveis pelo

desenvolvimento local. Indica, ainda, que as cidades devem ser tratadas como um

todo, rompendo a visão parcelar e setorial do planejamento urbano praticado no

passado.

Evidencia que o planejamento deve ser entendido como processo construído a partir da participação permanente dos diferentes grupos sociais para sustentar e se adequar às demandas locais e às ações públicas correspondentes (OLIVEIRA, 2001, p.14)

4.2.1 Plano Diretor O Plano Diretor é uma ferramenta de gestão prevista no Estatuto da Cidade

que tem como função interferir no processo de desenvolvimento local, a partir da

compreensão integradora dos fatores políticos, econômicos, financeiros, culturais,

ambientais, institucionais, sociais e territoriais que condicionam a situação

encontrada no Município (OLIVEIRA, 2001, p.18).

Como todo gestor público tem suas ações vinculadas às leis, o plano diretor,

após a consulta pública, deve ser aprovado pela Câmara de Vereadores, quando

segue para sanção do Executivo e torna-se um instrumento legal da política urbana

municipal, ao lado do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e do

Orçamento Anual.

O Plano Diretor transcende uma gestão administrativa pelos objetivos gerais e integrados que persegue. Sendo assim, ao estabelecer diretrizes de mais largo prazo, devem ser garantidas a necessária coerência e a continuidade

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nas ações, em especial daquelas que se referem à base econômica do Município, as voltadas para a localização de atividades no território municipal, as relativas à expansão da área urbana e à proteção do ambiente natural, dentre outras importantes metas que não podem estar submetidas a mudanças conjunturais e se limitarem a um único período de quatro anos de governo (OLIVEIRA, 2001, p. 19).

Dimensionar a abrangência do PDM foi tarefa árdua para o legislador e

provocou polêmicas e discussões que se desmembraram em várias outras leis que

servem como complemento das diretrizes que o ordenam.

Os problemas do plano diretor municipal estão mais relacionados com as temáticas territoriais: desenvolvimento econômico; reabilitação de áreas centrais da cidade e sítios históricos; avaliação e atividades em áreas rurais; políticas habitacionais; regularização fundiária; transporte e mobilidade; saneamento ambiental; estudos de impactos de vizinhança; instrumentos tributários e de indução de desenvolvimento; desenvolvimento regional; e outras questões de ocupação do solo. Essas temáticas podem ser abordadas em quatro etapas: elaborar leituras técnicas e comunitárias para identificar, mapear e entender a situação do município; formular e pactuar propostas com perspectiva estratégica; definir instrumentos de viabilidades dos objetivos e estratégias municipais; e sistema de gestão e planejamento do município (Cidades, 2004). Essas questões de ocupação do solo ou estudos físico-territoriais podem contemplar ainda: concentração/descentralização de funções; formas espaciais urbanas; circulação urbana, transporte coletivo; uso e ocupação do solo; distribuição dos serviços públicos; e, sobretudo, propostas de apropriação mais coletiva do capital da cidade. Todas as questões pertinentes a esse plano têm se constituído em dilemas por décadas, envolvendo múltiplos conceitos e interesses nem sempre coerentes, extrapolando temáticas físico-territoriais (Villaça, 1999) (RESENDE; ULTRAMARI, 2007, p.265)

Por meio do Plano Diretor Municipal se efetiva o direito a cidades sustentáveis

previsto no Estatuto da Cidade e, como afirma Mumford, prepara a cidade para sua

missão final que é a de

Incentivar a participação consciente do homem no processo cósmico e no processo histórico. Graças a sua estrutura complexa e durável, a cidade aumenta enormemente a capacidade de interpretar esses processos e tornar neles uma parte ativa e formadora, de tal modo que cada fase do drama que desempenhe venha a ter, no mais elevado grau possível, a iluminação da consciência, a marca da finalidade, o colorido do amor. Esse engrandecimento de todas as dimensões da vida, mediante a comunhão emocional, a comunicação racional e o domínio tecnológico, e, acima de tudo, a representação dramática, tem sido na história a suprema função da cidade. E permanece como principal razão para que a cidade continue existindo (MUMFORD, 2008, p. 686).

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Adiante, tratar-se-á da cidade de Toritama/PE, sua localização, descrição do

ambiente e da mesma no cluster de confecções do agreste de Pernambuco.

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5 O MUNICÍPIO DE TORITAMA/PE

O município está situado na microrregião do Alto Capibaribe, na Região de

Desenvolvimento do Agreste Setentrional do Estado de Pernambuco4. Limita-se ao

norte com Taquaritinga do Norte e Vertentes; ao sul e a leste com Caruaru; e a

oeste com Taquaritinga do Norte. Tem uma população de 35.631 habitantes (IBGE,

2010) concentrada em sua maioria na zona urbana.

Mapa 1 – Mapa de localização da Região do Agreste Setentrional e Toritama/PE

Fonte: CONDEPE/FIDEM

É o menor município do Estado em extensão territorial possuindo apenas 34,8

Km². Possui dois povoados: Cacimbas e São João. São vias de acesso ao município

as rodovias BR 104 e a PE 90. Suas principais atividades econômicas são as

indústrias de confecções e lavanderias industriais.

5 As Regiões de Desenvolvimento são divisões estabelecidas a partir de objetivos administrativos, seja por associações de municípios, seja por decisão de Governo. Neste trabalho é usada a divisão administrativa adotada pelo Governo do Estado de Pernambuco.

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5.1 Descrição do Ambiente

Segundo dados do IBGE (IBGE, 2010), o espaço territorial onde hoje está

sediado o município de Toritama, inicialmente, era uma fazenda de criação de gado

denominada Torres, de propriedade do Sr. João Barbosa, que em meados do século

XIX doou a Nossa Senhora da Conceição uma parte de terras, na margem esquerda

do Rio Capibaribe, onde foi construída uma capela, dando origem à cidade.

A primeira casa foi edificada nas imediações da capela por José Cabral e, em

1868, o lugarejo já contava com 20 casas de taipa. A construção de uma ponte

sobre o Rio Capibaribe, em 1923, possibilitou a intensificação do comércio com a

vizinha cidade de Caruaru e a dinamização da economia local.

O topônimo Torres, que era o da fazenda, vem de uma serra situada a um

quilômetro da cidade, no topo da qual foi erguido um cruzeiro. O distrito de Torres,

pertencente ao Município de Vertentes, foi criado em 1925, mas por força do

Decreto-Lei Estadual nº 235, de 9 de dezembro de 1938, passou a pertencer ao

município de Taquaritinga do Norte. O primeiro prefeito eleito foi José Jota de

Araújo, que só foi escolhido três anos e meio depois da emancipação política, que

aconteceu em 29 de dezembro de 1953. O município teve como primeiros

administradores interinos Joaquim Aurélio Correia de Araújo e Antônio Manoel da

Silva.

O significado do topônimo Toritama tem interpretações divergentes

tori significaria pedra, e tama: região; assim o nome seria uma alusão às pedras com cerca de 30 metros de altura que dão a impressão de uma torre à margem direita do Rio Capibaribe. Já Luiz Caldas Tibiriçá afirma provir do tupi do século XVIII tory-etama: "facho de luz, região do farol". José de Almeida Maciel traduz por "terra alegre". Já o sociólogo Roberto Harrop Galvão acredita ser uma junção de vários trechos do tupi, com duas possíveis interpretações: a primeira, ter-se-ia acrescentado à palavra Torres o sufixo tama e posteriormente a pronúncia foi suavizada para Toritama. A segunda, significaria Terra da Felicidade (tor'iba: felicidade e re'tama: região. (IBGE, Cidades, 2010).

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De clima quente do semi-árido nordestino, Toritama apresenta um dos índices

pluviométricos mais baixos do Agreste. Segundo o que argumenta Sônia Maria de

Lira (LIRA, 2006), “desde o início de sua formação a população local buscou a

sobrevivência em atividades industriais, diante das condições desfavoráveis do solo

e do clima, sem água abundante para a irrigação e com raros períodos chuvosos”.

Acrescenta que

foi com a fabricação de calçados em couro, que o município se consagrou como um pólo calçadista de destaque na região durante a década de 70. Toritama tornou-se produtor de calçados a partir da década de 30 e ganhou importância na década de 60, por influência de Caruaru, que já possuía destaque na atividade calçadista. Contudo, com a concorrência das grandes indústrias calçadistas as fábricas de calçados de couro entraram em declínio falindo em pouco tempo.Com uma produção artesanal e destinada também a populações de baixa renda, decaiu na década de 80, por elevação de custos com a matéria-prima e concorrência com o sudeste. Novamente, para sair da crise, ingressou na produção de jeans, sob influência do outro município vizinho, Santa Cruz do Capibaribe, que já trabalhava com confecções (LIRA, 2006, p.103).

A população de Toritama teve um dos maiores crescimentos do interior de

Pernambuco, comparado com o do Estado5, como veremos no gráfico 01.

Gráfico 01 - Crescimento populacional em Toritama-PE

Fonte: IBGE

5 Segundo o Banco de Dados do Estado, da Agência CONDEPE-FIDEM (2012), nos anos de 1991-

2000, enquanto a taxa geométrica de crescimento da população do Estado foi 1,18%, a de Toritama foi de 4,31%.

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

1991 1996 2000 2007 2010

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50

O clima e a vegetação deste território foram determinantes para a procura de

atividades econômicas diversas da agricultura e pecuária, justificando a opção pela

fabricação de produtos voltados para o mercado regional. A partir da década de 80,

as chamadas “facções”6 informais, fábricas de confecções, além das lavanderias de

jeans começaram a promover o crescimento econômico do município. E, atualmente,

o Parque das Feiras, onde são comercializadas a produção, recebe diariamente

centenas de turistas de várias partes do Brasil em busca de produtos para revenda e

consumo próprio.

5.2 Toritama e o Cluster de Confecções do Agreste

Toritama integra o cluster7 de confecções do Agreste e responde por 16% da

produção nacional de jeans, com cerca de 2.500 empresas, destacando-se pelo

crescimento econômico conquistado na última década, apenas comparado ao ritmo

chinês, chegando a taxas entre 8% e 9% ao ano desde 1999 (Diário de

Pernambuco, 2010).

Fotografia 1 - Parque das Feiras de Toritama/PE

Imagem: Toritama-jeans.com

6 Facção é o nome dado às empresas que fazem serviços exclusivamente para confecções. Em

outras palavras, ela é uma confecção que não possui marca própria, estilistas, desenhistas, lojas, etc. Fonte: SEBRAE-SC. 7 Um cluster, no mundo da indústria, é uma concentração de empresas que se comunicam por

possuírem características semelhantes e coabitarem no mesmo local. Elas colaboram entre si e, assim, se tornam mais eficientes.

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Enquanto região de desenvolvimento, o cluster de confecções do Agreste é

formado, principalmente, pelos municípios de Santa Cruz do Capibaribe, Toritama,

Surubim e Caruaru. Tais municípios tiveram um relevante crescimento econômico na

primeira década deste século com a criação do Polo Comercial de Caruaru, do

Santa Cruz Moda Center e do Parque das Feiras de Toritama, quando houve a

organização da comercialização dos produtos.

Esse crescimento econômico também vem sendo constatado nas cidades

circunvizinhas, que no seu entorno formam um grandioso mosaico do arranjo

produtivo local, como Frei Miguelinho; Riacho das Almas; São Caetano; Santa Maria

do Cambucá; Jataúba; Vertente do Lério; Casinhas; Vertentes; Taquaritinga do

Norte, com seu distrito de Pão de Açúcar; Brejo da Madre de Deus, com seu distrito

de São Domingos; entre outros.

Toritama possui um relevante papel no cluster de confecções do agreste

devido a localização do Parque das Feiras, às margens da BR 104, e a

concentração das empresas do ramo no seu entrono. A movimentação dos negócios

da moda, principalmente no segmento do jeans, deixa o comércio aquecido o ano

inteiro, uma vez que diferente de Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe onde os polos

comerciais ficam afastados do centro da cidade, toda produção fica exposta aos

olhos de quem se desloca entre essas duas cidades e a quem se destina à Campina

Grande/PB. Sendo parada obrigatória para quem transita na região.

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6 MÉTODO

Para a presente dissertação foi utilizado, predominantemente, o método de

abordagem qualitativa dos dados. A pesquisa qualitativa, nascida no seio da

Antropologia e da Sociologia, assume diferentes significados no campo das Ciências

Sociais. Compreende, por sua vez, um conjunto de diferentes técnicas

interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um

sistema complexo de significados (NEVES, 1996, p.1):

Tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social; trata-se de reduzir a distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados, entre contexto e ação (MAANEN, apud NEVES,1979).

6.1 Abordagem da pesquisa

O desenvolvimento de uma pesquisa qualitativa supõe um corte temporal-

espacial de determinado fenômeno por parte do pesquisador (NEVES, 1996, p. 1).

No caso em estudo, fez-se uma análise das políticas públicas urbanas do município

de Toritama/PE, sob a ótica do desenvolvimento sustentável, nos últimos dez anos.

Nas Ciências Sociais o emprego da abordagem qualitativa dá-se diante de

uma preocupação muito mais relevante com o processo social, que com a própria

estrutura social; buscando-se visualizar o contexto. Muitas vezes, como afirmam

alguns autores, precisando-se ter uma integração empática com o processo objeto

de estudo que implique melhor compreensão do fenômeno.

Compreender e interpretar fenômenos, a partir de seus significantes e contexto são tarefas sempre presentes na produção de conhecimento, o que contribui para que percebamos vantagem no emprego de métodos que auxiliam a ter uma visão mais abrangente dos problemas, supõem contato direto com o objeto de análise e fornecem um enfoque diferenciado para a compreensão da realidade.(NEVES, 1996, p.5)

Segundo GODOY (apud NEVES, 1996, p.3) existem três diferentes

possibilidades oferecidas pela abordagem qualitativa: a pesquisa documental, o

estudo de caso e a etnografia.

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53

Na presente abordagem fez-se um estudo de caso sobre as políticas urbanas

do município de Toritama diante de uma visão do desenvolvimento sustentável. O

estudo de caso, segundo Godoy (apud NEVES, 1996, p.3)

visa ao exame detalhado de um ambiente, de um sujeito ou de uma situação particular. Amplamente usado em estudos de Administração, tem se tornado a modalidade preferida daqueles que procuraram saber como e por que certos fenômenos acontecem ou dos que se dedicam a analisar eventos sobre os quais a possibilidade de controle é reduzida ou quando os fenômenos analisados são atuais e só fazem sentido dentro de um contexto específico.

No caso do presente objeto de estudo verificamos a atualidade da discussão

sobre as políticas urbanas direcionadas ao município de Toritama contextualizadas

pelo fenômeno de crescimento de Pernambuco e seus territórios estratégicos de

desenvolvimento, que se tornaram alvo de uma preocupação socioambiental como

contrapartida dos investimentos privados sem planejamento público.

No que se refere aos meios, ou seja, procedimentos técnicos utilizados,

classifica-se como um estudo empírico, uma vez que se procurou entender a

dinâmica de estruturação e formatação das políticas em vigor no município, por meio

da observação direta da gestão pública municipal e de entrevistas com alguns atores

para captar suas explicações e interpretações.

6.2 Coleta de dados

O roteiro de entrevistas semiestruturadas e a análise documental foram os

instrumentos para a coleta dos dados utilizados na investigação e constam do

Apêndice.

Foram analisados, sob a concepção de desenvolvimento sustentável, o Plano

Diretor Municipal; programas, projetos e ações, referentes à temática da presente

pesquisa e desenvolvidos pelo poder público; foram examinados leis e decretos

vigentes para analisar sua efetividade na execução das políticas públicas no

município.

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Fez-se o acompanhamento das ações do governo estadual no município,

participando-se de encontros e consultas públicas entre os órgãos executivos e

Secretarias estaduais com a sociedade local e a Prefeitura sobre a política urbana.

6.3 Análise de conteúdo

Como instrumento de análise interpretativa dos dados coletados o presente

estudo adotou a análise de conteúdo. Conceitualmente, este método para Bardin

define-se como

um conjunto de técnicas de analise das comunicações, visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das margens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos realativos às cndições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. (BARDIN, 1995, p.42)

Para o autor, o pesquisador busca pelo método de análise do conteúdo

ultrapassar as incertezas e o enriquecimento de leitura, sem deixar de lado o rigor, a

necessidade de descobrir, pelo questionamento: o que vejo na mensagem está

realmente contido nela, outros podem compartilhar a minha visão, ou ela é muito

pessoal, ela vai além das aparências (BARDIN,1995).

Como método de interpretação, manifesta-se como instrumento eficaz no

campo das ciências sociais, uma vez que garante a interpretação formal dos

resultados com espaço para a criatividade, configurando-se como procedimento

confiável para alcançar as linhas mestras do texto.

Em seguida, tratar-se-á dos resultados da pesquisa observados os métodos

dispostos nas linhas acima discorridas.

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55

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo a Lei Nº 10.257/2001 que estabelece as diretrizes da política urbana

no país, o direito às cidades sustentáveis é sinônimo de direito à terra urbana, à

moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos

serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações.

Partindo dessa premissa, foram coletados os dados das políticas públicas em

execução no município contemplando o contexto referenciado.

Iniciar-se-á com um breve retrato funcional da administração pública local,

vejamos:

7.1 Organização Administrativa Municipal

A Prefeitura de Toritama está organizada de acordo com a seguinte estrutura:

Na presente pesquisa a atenção esteve voltada à Secretaria de Obras

Municipal onde estão concentradas as ações relacionadas com a política urbana

local, como também, a Diretoria de Meio Ambiente, vinculada à Secretaria Municipal

de Educação.

PREFEITO

SEC. EDUCAÇÃO

SEC. SAUDE SEC.

AÇÃO SOCIAL

SEC. INDUSTRIA

E COMERCIO

SEC. OBRAS

SEC. ADMINISTRA

ÇÃO

SEC. GOVERNO

SEC. FINANÇAS

ORGÃO CENTRAL DE CONTROLE INTERNO

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A Secretaria de Obras do Município exerce hoje um papel fundamental no

governo local, uma vez que é de sua responsabilidade todas as obras de

infraestrutura urbana e serviços. Tem legitimidade para exercer as ações diretas do

poder público que afeta o dia-a-dia das pessoas do local, desenvolvendo ações

estruturantes para a promoção da sustentabilidade. A partir do Plano Diretor

Municipal, em ação conjunta com os Governos Federal e Estadual, a Secretaria vem

“organizando a cidade”. E, por sua vez, a Diretoria de Meio Ambiente do município,

vinculada à Secretaria de Educação, tem a competência de realizar as ações de

caráter socioeducativo que complementam o trabalho executado pela Secretaria de

Obras.

Um parceiro importante nas ações do município de Toritama, desde a

explosão industrial nos anos 80, tem sido o Governo do Estado de Pernambuco que,

por meio de suas secretarias e órgãos executivos, contribui com a formatação dos

principais instrumentos normativos da política urbana local. Justifica sua maior

participação para a efetividade das políticas públicas referidas acima o fato de

Toritama pertencer a uma área estratégica de desenvolvimento do Estado – o Polo

de Confecções do Agreste - que apresenta um dos mais promissores setores

econômicos do Estado; e estar situada na Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe,

área prioritária para a Secretaria de Recursos Hídricos de Pernambuco.

7.2 Habitação, Zoneamento e Infraestrutura Urbana

Os direitos à terra, à moradia e à infraestrutura urbana expressos no Estatuto

das Cidades são matérias ainda pouco discutidas em Toritama diante de alguns

impasses relevantes no uso e ocupação do solo urbano local, segundo o Secretário

de Obras municipal. O Plano Diretor de Toritama, aprovado em 2006, cuja

elaboração foi patrocinada pelo Governo de Pernambuco, não só foi realizado para

satisfazer um preceito legal, mas para criar a primeira ferramenta normativa de

planejamento, do território em estudo, pelo poder público.

Toritama teve uma explosão demográfica significativa e precisava da

presença do poder público na organização dos seus espaços. Até a formulação do

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seu plano diretor, não havia nenhum instrumento legal, que apresentasse uma

solução viável para as ações do governo frente aos problemas existentes, como as

invasões de terrenos públicos, loteamentos clandestinos, imóveis irregulares,

doações ilegais de terrenos públicos, entre outros atos.

A população que migrou para a cidade nos últimos anos improvisou moradias

na periferia, em terrenos impróprios para ocupação urbana. O relevo em Toritama é

bastante acidentado, com terreno muito pedregoso, o que levou muitas vezes a

Prefeitura a deixar de investir em infraestrutura e serviços nesses locais, diante da

inviabilidade para o acesso da oferta dos mesmos, ressalta o Secretário de Obras.

Segundo o relatório técnico do Plano Diretor do município

A região plana ou menos acidentada do município ocorre numa área central, com altitudes variando entre 300 e 400m acima do nível do mar, e cruza o território municipal no sentido nordeste-sudoeste, vindo da direção do município de Vertentes em direção às localidades de Santa Maria e São João, cujas terras, em sua maioria, são cultivadas nos meses chuvosos. Os afloramentos rochosos ocorrem em todo território municipal, porém se concentram nas porções Leste e Sudeste do território de Toritama. Esta zona tem altitude média de 350m acima do nível do mar e ocupa área aproximada de 5,8 km2, equivalentes a 16,78% da superfície total do município. Nesta área, tais afloramentos apresentam algumas rochas com dimensões superiores a 70m de diâmetro. A ocorrência destes afloramentos rochosos é indicativo de pouca profundidade do solo e de risco de exposição da base rochosa, fato que concorre para tornar estas áreas não recomendáveis para ocupação urbana, pois inviabilizaria a instalação das redes de infraestrutura urbana, em função dos altos custos necessários. (CONDEPE/FIDEM-2006)

Diante das condições observadas, e a ocupação urbana chegar a uma média

de 93% na sede do município, possuindo o mesmo um território de apenas 34,8 km²,

um fator agravante, afirmado pelo Secretário de Obras municipal, é a valorização

imobiliária proveniente da atividade econômica local. Com o elevado ritmo de

crescimento econômico e a pouca oferta imobiliária na cidade, os imóveis locais

chegam a valores milionários, o que restringe o seu acesso, criando o déficit

habitacional extraordinário entre a população de baixa renda e migrante, o que

acarreta uma ocupação em áreas de risco, sem serviços básicos e vulnerabilidade

social.

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Com exceção do centro da cidade, poucas são as ruas na periferia urbana

que são pavimentadas. Não há calçadas uniformes e agrupamentos regulares de

ocupação imobiliária.

O crescimento da Toritama urbana é veloz, injusto e baseado na ocupação dos loteamentos irregulares da cidade. Enquanto a propriedade urbana das áreas centrais, que dispõem de infraestrutura urbana básica, sofrem um processo de supervalorização, acarretando práticas de especulação imobiliária, a população jovem e os migrantes são levados a ocupar área oriunda de parcelamento irregular e carente de infraestrutura básica em edificações insalubres. O assentamento urbano da cidade de Toritama é caracterizado pela superutilização dos lotes urbanos com edificações que ocupam a quase totalidade dos terrenos, muitas vezes em mais de um pavimento, sendo a imensa maioria de uso misto, unidade produtiva em convívio com habitação familiar, sem os recuos necessários à boa iluminação e a ventilação dos ambientes internos das construções. Verifica-se também a descontinuidade das vias urbanas, em função da presença de afloramentos da base rochosa de pequena profundidade, com diversos trechos de ruas interrompidos, principalmente nas áreas dos novos parcelamentos (CONDEPE/FIDEM, 2006, p. 82).

Fotografia 2 – Área urbana de Toritama - Rocha no meio de uma rua no subúrbio da cidade

. Fonte: CONDEPE/FIDEM

O Plano Diretor do Município prevê o reagrupamento das zonas de

urbanização da cidade e para tanto, a Secretaria de Obras municipal vem

trabalhando com ações para reordenamento dos espaços, reavendo terrenos

invadidos, retirando as pessoas das áreas de risco com planos habitacionais em

parceria com os governos federal e estadual. Além disso, a iminente conclusão do

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seu Plano Urbano Ambiental representará um instrumento importante para enfrentar

os desafios hoje existentes de ocupação dos espaços no município, de maneira

sustentável.

O PDM vislumbrou, a médio e longo prazo, a urbanização da cidade

compatível com os investimentos previstos e o crescimento populacional estimado.

Estrategicamente, sugeriu um conjunto de ações para a promoção do

desenvolvimento sustentável e humano naquele território, conforme se verá a seguir.

Mapa 2 - Mapa do Zoneamento Urbano – Plano Diretor Municipal

Fonte: CONDEPE/FIDEM

O Plano Diretor Municipal dividiu o território de Toritama em 5 (cinco) Zonas,

conforme demonstrado no mapa 2. Segundo o Secretário de Obras municipal, a

partir de 2012, a Prefeitura tem a intenção de regulamentar a Lei que aprovou o

PDM e a planejar suas políticas públicas, de acordo com o que foi proposto e

aprovado pelo mesmo (Anexo 1).

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O PDM tornou-se instrumento moderno de planejamento e gestão em

Toritama, um verdadeiro marco legal e simbólico para a organização do Município.

Tornou-se a principal ferramenta de trabalho para técnicos de órgãos públicos,

gestores e governos, norteadora das ações nesse território.

O PDM apresentou um quadro das diretrizes, recomendações e parâmetros

do zoneamento relacionados a cada macrozona mapeada. Foi a partir desse

direcionamento que a Secretaria de Obras municipal, começou a planejar e

organizar suas ações para o uso, ocupação e ordenamento do solo urbano, a

concessão das licenças de construção, reforma dos imóveis já existentes e o

planejamento dos loteamentos que surgem.

7.3 Saneamento Básico

As políticas urbanas de saneamento básico do município de Toritama/PE que,

no âmbito das secretarias municipais para as quais direcionamos nossos estudos se

refletem diretamente na promoção da sustentabilidade ambiental são: o acesso da

população à água, ao esgotamento sanitário e ao manejo de resíduos sólidos.

O governo municípal, após alguns anos de mais intensa atividade informal da

indústria e aumento da ocupação desordenada do solo urbano, teve que dar

respostas para se legitimar enquanto Estado na gestão do seu território. Para tanto,

em parceria com o Governo Estadual e a União concentrou medidas que, a médio e

longo prazos, refletirão na qualidade de vida da população.

O Estado de Pernambuco, mesmo que transcendendo às suas atribuições

constitucionais, mas legitimado legalmente pelos princípios que regem o Estatuto da

Cidade, vem atuando de forma direta para a consolidação do desenvolvimento no

município, executando ações e desenvolvendo instrumentos legais para a

sustentabilidade local. Foi de sua iniciativa, por exemplo, a organização do Plano

Diretor Municipal (2006), aprovado pela Câmara de Vereadores; como também, o

Plano Urbano Ambiental, previsto para ser concluído em 2012.

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As políticas públicas vigentes no município, referentes ao acesso da

população à água, ao esgotamento sanitário, ao manejo de resíduos sólidos e à

drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, estão sendo elaboradas e

implementadas em sistema de cooperação entre os três entes federados - União,

Estado e Município.

Na sequência, será apresentado como estão sendo executadas as políticas

públicas acima descritas no município de Toritama/PE:

7.3.1 Abastecimento de água potável

Diante do crescimento populacional e da degradação ambiental ocorrido

nesse território, houve a necessidade de se intervir nas atividades econômicas locais

para um melhor uso e consumo do recurso natural primordial para a vida no planeta:

a água. Para tanto, o Comitê de Bacia do Rio Capibaribe, juntamente com a

Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos de Pernambuco, a APAC (Agência

Pernambucana de Água e Clima), o Ministério Público, a CPRH (Agência

Pernambucana de Meio Ambiente), a COMPESA (Companhia Pernambucana de

Saneamento), a SEMAS (Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, do

Estado) e o Governo local organizaram uma verdadeira força-tarefa para reverter o

alto índice de contaminação da água no município, já que sua oferta e escassez

atingem diretamente a vida das pessoas e a principal atividade econômica local: as

lavanderias de jeans.

A rede local recebe uma vazão de 150 litros de água por segundo através de

duas adutoras: do sistema de Jucazinho, e do sistema Tabocas, que pertencem à

Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe.

No Plano Diretor do município se tem relatado que

O sistema de abastecimento de água é deficitário e insuficiente, não atendendo a toda a cidade, que vive há décadas com esquema de horários de racionamento de fornecimento. Além da intermitência, o sistema atende apenas à parte das vilas rurais oferecendo água sem qualquer tratamento a São João, Oncinhas e Santa Maria, ignorando as vilas de Cacimbas (São Benedito) e Roncador, que sequer recebem água em estado bruto. Como

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62

resultado, a população é obrigada a adquirir água de carros-pipa, na área urbana, ou utilizar-se dos açudes e cacimbas, na área rural, consumindo água de qualidade comprometida (CONDEPE/FIDEM, 2006, p. 82).

Conforme o relatório da Agencia CONDEPE/FIDEM, o abastecimento de água

potável no Município está longe do ideal, considerando-se, além das necessidades

básicas das pessoas e dos animais, sua vocação econômica com inúmeras

lavanderias. A COMPESA não atende a demanda de estabelecimentos industriais e

domicílios, cujo numero aumenta a cada dia. As lavanderias, em sua maioria, são

abastecidas por carros pipas. Há muitas ligações clandestinas na zona rural e na

periferia urbana, o que segundo a COMPESA afeta diretamente o fornecimento para

as casas e comércios regulares.

Em dezembro de 2005, foi divulgado pela CPRH o Diagnóstico Ambiental das

Lavanderias de Toritama/PE8, por meio do qual se constatou que a maior fonte de

abastecimento de água nas lavanderias de jeans são os carros-pipas. Veja-se o

gráfico 1:

Gráfico 2 - Fontes de abastecimento de água das lavanderias

Fonte: CPRH

8 O relatório teve como objetivo levantar os dados básicos, em campo, que representassem a

situação ambiental das lavanderias de jeans de Toritama, de forma a subsidiar as ações de controle ambiental a serem implementadas pela CPRH, em parceria com o Ministério Público.

27%

67%

6%

Fonte de abastecimento de água

Poço

Carro Pipa

Rio capibaribe

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O Censo 2010 do IBGE – características da população e dos domicílios –

revela, conforme quadro 4, os seguintes dados sobre o abastecimento de água nos

domicílios em Toritama:

Quadro 3 – Fonte de abastecimento de água nos domicílios de Toritama-PE

DESCRIÇÃO NÚMERO DE DOMICÍLIOS

Domicílios particulares permanentes – abastecimento de água – Rede geral

7.994

Domicílios particulares permanentes – abastecimento de água – Poço ou nascente na propriedade

172

Domicílios particulares permanentes – abastecimento de água – Poço ou nascente fora da propriedade

217

Domicílios particulares permanentes – abastecimento de água – Carro-pipa

1.384

Domicílios particulares permanentes – abastecimento de água – Água da chuva armazenada em cisterna

34

Domicílios particulares permanentes – abastecimento de água – Água da chuva armazenada de outra forma

7

Domicílios particulares permanentes – abastecimento de água – Rio, açude, lago ou igarapé

191

Domicílios particulares permanentes – abastecimento de água – Outra

186

Fonte: IBGE (CENSO-2010)

A oferta irregular de água potável à população está sendo revista pela

COMPESA através do complemento no abastecimento provido pelas obras da

Adutora do Agreste, que, por meio do projeto de Integração das Bacias do Nordeste,

beneficiará os municípios da região.

No encontro regional promovido pela COMPESA para os municípios que

serão contemplados pelas obras da Adutora, em junho/julho de 2011, para a

formulação do Plano Socioambiental da Etapa 4 (quatro) do projeto, os

representantes do município de Toritama apontaram como principais problemas

enfrentados:

não há abastecimento de água regular no município;

nos bairros periféricos da cidade não há rede de esgoto e de

abastecimento de água tratada;

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a coleta de lixo não é realizada de forma regular;

o lixão do município fica às margens da BR 104, próximo ao Rio

Capibaribe;

o lixo hospitalar é jogado junto com o lixo comum;

há contaminação das águas do Capibaribe por lavanderias de jeans

que jogam seus resíduos in natura no rio;

uso de agrotóxicos em lavouras na zona rural.

Após discussões com o grande grupo, fizeram parte do quadro de sugestões

para ações que irão compor o Plano Socioambiental supracitado:

efetivar um maior controle e fiscalização das lavanderias e agricultores;

regularizar a coleta de lixo;

construir o aterro sanitário;

realizar campanhas educativas junto à população para preservação

dos recursos naturais e do meio ambiente em geral.

Paralelos aos trabalhos da COMPESA, várias ações foram realizadas pela

CPRH no município, como a autuação das lavanderias que não tratam seus

resíduos, descartando-os in natura nas águas do Capibaribe. O Ministério Público,

por sua vez, determinou, através de um Termo de Ajustamento de Conduta, que o

poder público e os empresários locais se adequassem à legislação ambiental em

vigor. Para os empresários que descumpriram o termo assinado, por exemplo, no

mês de março de 2012, numa ação entre o Ministério Público, CPRH, Ministério do

Trabalho, Polícia Federal e Corpo de Bombeiros, foram presos em flagrante 3 (três)

empresários, donos de lavanderias, por descartarem resíduos contaminados no Rio

Capibaribe (LAVANDERIAS, 2012).

Até que as obras da adutora sejam concluídas, o Governo de Pernambuco

trabalha, por meio da Secretaria Estadual Recursos Hídricos e Energéticos e o

Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe, junto aos municípios para controlar

os índices de contaminação das águas do rio Capibaribe nos trechos entre as

cidades de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, uma vez que após a passagem

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por essas cidades o rio deságua na Barragem do Sistema Jucazinho, que abastece

15 cidades da região. O alto índice de resíduos industriais compromete a qualidade

da água que chega às torneiras de milhares de pessoas e, mesmo tratada, afeta a

saúde da população, já que são destinadas ao uso doméstico e consumo humano e

animal.

Também, um trabalho de conscientização vem sendo difundido entre os

munícipes por meio da COMPESA e o Poder Público no município para o uso

correto e o consumo consciente nas residências e indústrias, uma vez que Toritama

tem um dos mais baixos índices pluviométricos da região do agreste, e sofre com a

estiagem e o racionamento.

7.3.2 Esgotamento sanitário

O esgotamento sanitário, ou seja, o sistema de coleta, tratamento e destino

dos dejetos gerados pelas atividades humanas, comerciais e industriais necessita

ser operado de forma eficiente, de modo que esses resíduos não gerem ameaça à

saúde e ao meio ambiente, uma vez que degradam a qualidade das águas

subterrâneas e superficiais.

Quanto à rede de esgoto, comprometida pelos produtos químicos das

lavanderias de jeans despejados diretamente no rio Capibaribe na cidade de

Toritama/PE, a CPRH (Agência Estadual de Meio Ambiente) e o Ministério Público

Estadual vêm atuando para reverter o quadro existente por meio de ações que

penalizam os poluidores.

A migração motivada pelo alto índice de empregabilidade fez com que uma

massa de pessoas se aglomerassem perifericamente na cidade, numa velocidade

jamais alcançada pela implantação dos serviços e da infraestrutura fornecidos pelo

governo local. Dessa forma,

os dados disponíveis no Sistema de Informação de Atenção Básica do Ministério da Saúde (Datasus – Dezembro/2003), fornecem para a área urbana do Município de Toritama os seguintes indicadores com relação ao destino das fezes e urinas das residências: do total de 5.288 famílias, 4.906

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lançam seus dejetos no “esgoto”, o que equivale a 92,8%, as restantes 276, em fossas e 106, em valas a céu aberto (ERICSON, 2005, p.3)

Segundo a CPRH, grande parte dos efluentes industriais e sanitários é

descartada na rede coletora existente, tendo destino final os córregos e o rio

Capibaribe.

Gráfico 3 - Destino final dos efluentes industriais em Toritama/PE

Fonte: CPRH

70%

16%

3% 3%

3% 5%

Destino final dos efluentes industriais

rede pluvial céu aberto terreno de terceiro riacho via pública outros

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Gráfico 4 - Destino final de efluentes sanitários

Fonte: CPRH

A Prefeitura aponta, como solução viável à problemática local, a criação de

um distrito industrial para o município, onde fossem relocadas todas as lavanderias e

indústrias de confecções da cidade, para que a partir de então fossem feitas de

forma distinta o tratamento do esgoto doméstico e industrial numa estação de

tratamento, diminuindo os impactos ambientais da atividade econômica local.

São dados do Censo IBGE 2010:

Quadro 4 – Características da população e domicílios – esgotamento sanitário em Toritama/PE

DESCRIÇÃO

NÚMERO DE DOMICÍLIOS

Domicílios particulares permanentes - tinham banheiro - de uso exclusivo do domicílio

9.617

Domicílios particulares permanentes - tinham banheiro - de uso exclusivo do domicílio -esgotamento sanitário - rede geral de esgoto ou pluvial

7.606

Domicílios particulares permanentes - tinham banheiro - de uso exclusivo do domicílio -esgotamento sanitário - fossa séptica

243

Domicílios particulares permanentes - tinham banheiro - de uso exclusivo do domicílio -esgotamento sanitário - fossa rudimentar

1.330

22%

2%

4%

2%

70%

Destino final de efluentes sanitários Rio Capibaribe Via Pública

Fossa Negra Reutilização após tratamento

Rede Pluvial

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68

Domicílios particulares permanentes - tinham banheiro - de uso exclusivo do domicílio -esgotamento sanitário - vala

246

Domicílios particulares permanentes - tinham banheiro - de uso exclusivo do domicílio -esgotamento sanitário - rio, lago ou mar

175

Domicílios particulares permanentes - tinham banheiro - de uso exclusivo do domicílio -esgotamento sanitário - outro

17

Domicílios particulares permanentes - tinham sanitário

514

Domicílios particulares permanentes - tinham sanitário - esgotamento sanitário - rede geral de esgoto ou pluvial

266

Domicílios particulares permanentes - tinham sanitário - esgotamento sanitário - fossa séptica

25

Domicílios particulares permanentes - tinham sanitário - esgotamento sanitário - fossa rudimentar

152

Domicílios particulares permanentes - tinham sanitário - esgotamento sanitário - vala

54

Domicílios particulares permanentes - tinham sanitário - esgotamento sanitário - rio, lago ou mar

9

Domicílios particulares permanentes - tinham sanitário - esgotamento sanitário - outro

8

Domicílios particulares permanentes - Não tinham banheiro nem sanitário

54

Fonte IBGE (Censo-2010)

Toritama já dispõe de um projeto de sistema de esgotamento sanitário

elaborado para a COMPESA em 2000, pelo consórcio formado pelas empresas

ECOPLAN, MAIA MELO E ENGECONSULT. O referido projeto previa a implantação

das unidades necessárias à coleta e ao tratamento de 100% dos esgotos

domésticos de Toritama, não prevendo, contudo o atendimento às economias do

tipo industrial.

Em 2005, considerando a realidade industrial já existente, o projeto foi revisto

pela academia, precisamente pelos alunos da UFPE, do curso de especialização em

Saneamento e Gestão Ambiental, em parceria com o Sinaenco – BFZ, tendo sido

apresentada uma solução para o sistema de esgotamento sanitário (esgotos

domésticos e industriais) da sede do município de Toritama-PE. Os estudos

compõem a “Proposta para o Gerenciamento Integrado dos Recursos Ambientais da

Sede do Município de Toritama”, envolvendo soluções para abastecimento de água,

esgotamento sanitário, resíduos sólidos e gestão ambiental. Contudo, as discussões

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continuam acontecendo para melhor adequação do projeto à realidade existente,

visto que o município vive em plena expansão econômica e populacional.

Nenhuma parcela da cidade conta com sistema próprio para transporte e tratamento de esgotos, em funcionamento. Ocorre que a rede de drenagem pluvial, tubulações e canais, além dos corpos d’água que cortam o perímetro urbano, é que recebem os dejetos "in natura", transportando-os para o leito do Rio Capibaribe (CONDEPE/FIDEM, 2006, p. 82).

Em 2012, o município foi contemplado através da FUNASA (Fundação

Nacional de Saúde) com recursos para a construção da rede completa de esgoto

sanitário das áreas urbana e rural, já prevendo sua particularidade referente ao

esgoto proveniente das indústrias. O projeto prevê a cobertura de 100% da

população local pela rede de distribuição.

Uma importante iniciativa está em execução no município que norteará os

trabalhos do poder público e sociedade neste sentido, a construção do Plano Urbano

Ambiental do Município, previsto no Plano Diretor Municipal. Estão envolvidas na

proposta a Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos do Estado de

Pernambuco – SRHE/PE, a Agência Pernambucana de Águas e Clima - APAC/PE e

a Prefeitura de Toritama. O Plano abordará a sustentabilidade ambiental, apoiando o

aprimoramento do sistema de gestão das águas e a sua consolidação com as

atividades econômicas, detalhando assim as ações previstas no Plano

Hidroambiental do Capibaribe.

A coordenação dos trabalhos para elaboração do Termo de Referência para o

plano acima citado ficou sob a responsabilidade do Comitê de Bacia do Rio

Capibaribe que o executará juntamente com a Secretaria Municipal de Obras em

parcerias com os demais órgãos do Estado.

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7.3.3 Serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos

Quanto à coleta e destinação dos resíduos sólidos locais, atualmente é feita

de forma irregular e direcionada a um lixão municipal, em plena atividade, às

margens da rodovia BR 104, entre as cidades de Toritama e Santa Cruz do

Capibaribe.

O sistema de coleta de lixo não conta com equipamentos e pessoal adequado às necessidades locais. O resultado é visível na área em consolidação urbana e nos córregos que cortam a cidade, verdadeiros depósitos de resíduos sólidos, restos de borrachas e principalmente restos de origem plástica (sacos e recipientes). O material recolhido não recebe qualquer tratamento, muito menos é alvo de processo de reciclagem. (CONDEPE/FIDEM, 2006, p.82).

Um dado relevante a ser observado sobre a localização do lixão é o fato de

que o mesmo fica a poucos quilometros do “Parque das Feiras de Toritama”, um dos

maiores centros de compras do Polo de Confecções do Agreste do Estado, onde

circulam milhares de pessoas diariamente. O lixo depositado no lugar não sofre

nenhum tipo de tratamento. Encontra-se lixo hospitalar misturado ao lixo comum; e

ainda os resíduos de malha e outros tecidos, que são altamente inflamáveis. No

local, sem nenhuma proteção, catadores manejam o lixo contaminado.

Fotografia 3 - Lixão Municipal situado às margens da BR104

Imagem cedida pelo Prof. Ivo Pedrosa

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Com a Lei Federal 12.305/10 (que institui a Política Nacional de Resíduos

Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências),

os municípios estão obrigados a protagonizar um relevante papel na gestão dos

resíduos

Art. 10. Incumbe ao Distrito Federal e aos Municípios a gestão integrada dos resíduos sólidos gerados nos respectivos territórios, sem prejuízo das competências de controle e fiscalização dos órgãos federais e estaduais do Sisnama, do SNVS e do Suasa, bem como da responsabilidade do gerador pelo gerenciamento de resíduos, consoante o estabelecido nesta Lei (BRASIL, 2010).

A Lei mencionada, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos,

ainda acrescentou:

Art. 18. A elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, nos termos previstos por esta Lei, é condição para o Distrito Federal e os Municípios terem acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade. § 1

o Serão priorizados no acesso aos recursos da União referidos no caput

os Municípios que: I - optarem por soluções consorciadas intermunicipais para a gestão dos resíduos sólidos, incluída a elaboração e implementação de plano intermunicipal, ou que se inserirem de forma voluntária nos planos microrregionais de resíduos sólidos referidos no § 1

o do art. 16;

II - implantarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda. (BRASIL, 2010)

Seguindo essa orientação, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade

de Pernambuco (SEMAS) realizou um estudo diagnóstico por meio do Instituto

Tecnológico de Pernambuco (ITEP) em fevereiro de 2011, a partir do qual, seguindo

a orientação da legislação Estadual, propôs o agrupamento dos municípios de forma

microrregionalizada, por meio de consórcios intermunicipais para a gestão dos

aterros sanitários. Toritama e Taquaritinga do Norte ficariam com a vizinha cidade de

Santa Cruz do Capibaribe, que já possui seu aterro sanitário, tendo apenas que

aumentar sua capacidade de operacionalização para receber os resíduos desses

dois entes. Os planos de gerenciamento deveriam estar prontos até dois anos após

a edição da Lei (publicada em 02 de agosto de 2010). A eliminação dos lixões deve

ocorrer até 2014 e, para isto, é fundamental o andamento rápido das providências

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de criação e início do funcionamento dos consórcios. Contudo, a formatação do

consórcio entre os entes federativos precisa ser aprovada pelas suas Câmaras

Municipais para serem instrumentalizadas legalmente entre os mesmos, o que exige

maior celeridade nas medidas.

A realidade dos resíduos sólidos de Toritama, conforme o Censo 2010, se

apresenta como resumida no quadro 5

Quadro 5 – Destinação dos resíduos sólidos dos domicílios em Toritama/PE

DESCRIÇÃO NÚMERO DE DOMICÍLIOS

Domicílios particulares permanentes - destino do lixo – Coletado

9.861

Domicílios particulares permanentes - destino do lixo -Coletado por serviço de limpeza

9.518

Domicílios particulares permanentes - destino do lixo - Coletado em caçamba de serviço de limpeza

343

Domicílios particulares permanentes - destino do lixo - Queimado (na propriedade)

214

Domicílios particulares permanentes - destino do lixo -Enterrado (na propriedade)

1

Domicílios particulares permanentes - destino do lixo -Jogado em terreno baldio ou logradouro

106

Domicílios particulares permanentes - destino do lixo – outro destino

3

Fonte: IBGE (Censo-2010)

A Secretaria de Obras, responsável pela coleta de resíduos, aguarda as

negociações para a operacionalização do aterro microrregionalizado para desativar

seu lixão dentro do prazo estabelecido pela Lei, ou seja, o ano de 2014.

Paralelamente, vem cadastrando os catadores para a coleta seletiva e

sensibilizando as indústrias locais para um descarte consciente de seus resíduos,

aplicando a lei, dentro de sua legitimidade fundada no poder de polícia, quando

necessário, juntamente com o Ministério público e a CPRH.

7.3.4 O Plano Urbano Ambiental

O alinhamento do progresso econômico à promoção da qualidade de vida da

população é tarefa árdua, que exige dos governos local, estadual e federal um

esforço financeiro e técnico, que de nada adiantará sem a adesão do setor produtivo

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e da sociedade em Toritama. As políticas públicas para serem efetivas precisam que

seus atores convirjam e estejam sensibilizados de seus propósitos. No caso

específico da elaboração do Plano Urbano Ambiental, necessariamente, terá que

mobilizar pessoas para a sensibilização de pertencimento ao seu local, numa

diversidade de culturas e tradições advindas de todos os recantos do país.

É com o objetivo “de orientar o desenvolvimento de forma sustentável” que a

cidade deverá ganhar seu plano urbano ambiental, dizem os técnicos da SRHE. A

elaboração do Plano está prevista para acontecer ainda no ano de 2012 devendo

ser contratada com recursos do Projeto de Sustentabilidade Hídrica de Pernambuco

(PSHPE), em execução pela SRHE em parceria com outras instituições estaduais,

com recursos de empréstimo junto ao Banco Mundial (BIRD – Banco Internacional

de Reconstrução e Desenvolvimento) e contrapartida estadual. O Plano deverá

articular as diretrizes contidas no Plano Diretor Municipal (PDM) com o Plano

Hidroambiental (PHA) da Bacia do Capibaribe, na qual o município está inserido.

O plano contemplará as seguintes etapas:

abordagem, sob o ponto de vista da segurança hídrica, do processo

acelerado e desordenado de crescimento urbano e populacional do

município, decorrente principalmente da implantação e consolidação do

Arranjo Produtivo Local (APL) do setor de confecções;

avaliação das condições de infraestrutura do setor de confecções e a

contaminação ambiental decorrente das atividades industriais;

complementação e detalhamento das ações previstas no Plano

Hidroambiental da Bacia e no Plano Diretor Municipal;

proposição de diretrizes e ações para melhoria da qualidade ambiental

do município de Toritama-PE.

Para legitimar as ações do governo estadual no município, as atividades

estão sendo articuladas, em Toritama, pela Secretaria Municipal de Obras, diante da

competência do município na execução da política urbana local.

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7.4 Mobilidade Urbana

Por ser uma norma recente no ordenamento jurídico pátrio, a política que

norteia a mobilidade urbana carece ser regulamentada pelo município para ser uma

realidade no cotidiano toritamense.

Toritama é cortada por duas importantes rodovias a PE 90 e a BR 104. Dessa

forma, um grande número de veículos trafegam diariamente pela cidade, causando

um grande transtorno para quem se dirige ao Centro e ao Parque das Feiras pela

falta de sinalização apropriada ao perímetro urbano contemplado pelas duas

rodovias. A Prefeitura não dispõe de um órgão especializado para a organização do

trânsito local, sendo suprida subsidiariamente pelos órgãos estaduais. Nos dias de

feira a cidade fica caótica, revela o Secretário de Obras municipal.

O transporte coletivo de passageiros é realizado de forma irregular por

veículos impróprios, chamados no local de “toyotas”, uma espécie de Jeep da marca

de automóveis Toyota, adulterado artesanalmente em oficinas mecânicas da região

para transportar passageiros. Originalmente, o veículo é direcionado ao transporte

de cargas, até o momento, não regularizado pela legislação.

Diante do acentuado desnível do relevo da cidade, como discorrido

anteriormente, a mobilidade urbana na zona periférica torna-se prejudicada. O

terreno pedregoso deixa impraticável o uso de bicicletas, por exemplo. E, até mesmo

de transportes coletivos regulares. As ruas são estreitas e desniveladas, algumas

sem acesso para veículos.

Para o transporte intermunicipal a população dispõe de poucas linhas

regulares de ônibus. As mesmas não contemplam a realidade vivenciada na região,

diante do grande número de pessoas que se deslocam diariamente para o Polo de

Confecções, sendo obrigadas a se servirem do transporte irregular.

Mister se faz ressaltar que é dever do município elaborar um plano de

mobilidade, como afirmado anteriormente, que permita a melhoria de todas as

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formas de deslocamento, conforme reza a legislação. E, tal iniciativa perpassa por

uma das dimensões da sustentabilidade, a sustentabilidade social. Ao passo que é

um serviço público que contempla as ações de inclusão, promovendo a igualdade

social a partir da inserção democrática à cidade.

Desse modo, priorizar projetos de transporte público coletivo estruturadores

do território e indutores do desenvolvimento urbano integrado não só nos limites da

cidade, mas que vá além de suas fronteiras é planejar um futuro sustentável para

Toritama e região.

7.5 Serviços Públicos, Trabalho e Lazer

Considerando as dimensões sociais e econômicas da sustentabilidade, em

Toritama observa-se a polarização entre os dois grupos sociais distintos: os

empregadores (moradores do centro da cidade e de condomínios afastados) e uma

massa de assalariados (que se aglomeram na periferia urbana).

A população local tem como uma das principais atividades produtivas a

indústria de confecções, que segundo os dados do Censo 2000/ IBGE, apresenta os

seguintes índices de ocupação no setor:

Quadro 6 - Distribuição da população ocupada na atividade de confecção em Toritama (Ano 2000)

Faixa etária da população %

10 a 14 4,2

15 a 19 19,4

20 a 24 27,6

25 a 29 19,0

30 a 34 12,1

35 a 39 8,1

40 a 44 4,0

45 a 49 3,1

50 a 54 1,5

55 a 59 0,3

60 a 64 0,6 Fonte: IBGE

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O alto índice de empregabilidade se contrapõe à informalidade da produção e

à baixa oferta de serviços decorrentes da cobertura social para a atividade. A baixa

escolaridade no município deixa um número relevante de postos de trabalho

permanentemente abertos, diante da mão de obra não qualificada. Em 2010, 18,9%

das crianças de 7 a 14 anos não estavam cursando o ensino fundamental. A taxa de

conclusão, entre jovens de 15 a 17 anos, era de 29,2% (IBGE). A distorção idade-

série eleva-se à medida que se avança nos níveis de ensino. Entre alunos do ensino

fundamental, 36,0% estão com idade superior à recomendada chegando a 47,6% de

defasagem entre os que alcançam o ensino médio (IDEB, 2010).

Segundo o Secretário Municipal de Educação, os prédios onde funcionam as

escolas municipais são impróprios para o número de alunos da rede. E mesmo com

a liberação de recursos por parte do Ministério da Educação não há terrenos

disponíveis na cidade para a construção de novas escolas ou ampliação das

existentes. Para uma população de 35.631 habitantes, a Prefeitura afirma que na

rede de saúde municipal conta apenas com 5 (cinco) Postos de Atendimento do

Programa de Saúde da Família - PSF, (1) um Hospital Municipal, 1 (uma) Policlínica,

1 (um) unidade móvel de nível pré-hospitalar na área de urgência – SAMU, para o

atendimento geral.

Por sua vez, a oferta de espaços de lazer em Toritama não existe. Não há

espaços públicos de convivência coletiva para população e as poucas praças

existentes não oferecem segurança. Contudo, por iniciativa da Secretaria de

Recursos Hídricos e Energéticos Estadual, através do projeto “Janela para o Rio”,

está prevista a construção de um Parque Ambiental às margens do Rio Capibaribe

para recuperação do rio no perímetro urbano, proporcionando um espaço de

convivência coletivo e de interação entre a população e o Rio Capibaribe. Com essa

ação se pretende contribuir para a reconciliação do crescimento econômico com a

necessidade de se preservar o meio ambiente, estimulando nas pessoas a sensação

de pertencimento ao seu local.

Adiante, encontrar-se-ão as conclusões da pesquisa, num diálogo entre a

fundamentação teórica e os resultados da mesma.

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8 CONCLUSÕES

Este estudo fez uma análise da política urbana em execução no município de

Toritama-PE diante da concepção do desenvolvimento local sustentável, partindo

dos preceitos legais do Estatuto das Cidades, que estabelece normas de ordem

pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem

coletivo, da segurança, do bem-estar dos cidadãos e do equilíbrio ambiental. Foram

consideradas, para este fim, as cinco dimensões da sustentabilidade, segundo

Sachs, ou seja: a sustentabilidade social, econômica, ambiental, espacial e cultural.

Toritama/PE é um caso de uma sociedade que viveu às margens do Estado e

que vive uma ascenção econômica que camufla a contrapartida social e ambiental

que o território sofre com a falta de planejamento público na condução das

atividades produtivas e na organização da cidade.

Percebe-se, hoje, um maior envolvimento do poder público para garantir a

efetividade às políticas públicas no território. Contudo, ainda muito longe do ideal, já

que as políticas ainda estão em grande parte no papel, não estando presentes, por

enquanto, no cotidiano das pessoas do lugar.

Mas, necessário se faz reconhecer que mesmo na forma de planos,

programas e projetos está se vivendo um novo momento na cidade. Como se

constatou, as soluções estão sendo adotadas para gerar qualidade de vida aos

toritamenses. A oferta de água tratada está sendo providenciada pela COMPESA,

através da Adutora do Agreste que, por meio da integração das Bacias do Nordeste,

beneficiará os municípios da região.

Toritama será beneficiada com 100% da oferta de rede de distribuição e

tratamento de esgoto doméstico e industrial das zonas rural e urbana através de

recursos da FUNASA. E, por ser município integrante da Bacia do Rio Capibaribe,

terá seu Plano Urbano Ambiental, como previsto no Plano Diretor, com o objetivo de

desenvolver estudos e proposição de soluções para a problemática ambiental do

município, especialmente no trecho do Rio Capibaribe sob a influência da cidade.

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Quanto à gestão de resíduos sólidos, o Governo de Pernambuco, tomando

para si a missão, apresentou o Plano Estadual de Resíduos Sólidos que prevê o

consorciamento público dos municípios com o Estado e União para gestão integrada

através de aterros sanitários microrregionalizados. Toritama, segundo sugerido pela

SEMAS, juntar-se-á às vizinhas cidades de Santa Cruz do Capibaribe e Taquaritinga

do Norte nesse mister. Até 2014, estima-se, como determinado por lei, que o lixão

municipal seja desativado e um novo sistema de coleta e destinação adequada de

resíduos sólidos tenha sido implantado na cidade.

A “organização da cidade” foi contemplada através do Plano Diretor no que se

refere ao zoneamento urbano, habitação, mobilidade e infraestrutura. É certo que

entre as políticas abordadas essas serão de maneira mais gradativa e a longo prazo

solucionadas. Uma vez que a ocupação desordenada, a valorização imobiliária e a

migração são sérios problemas enfrentados no lugar.

Entende-se que passos importantes seriam: a própria reestruturação do

quadro funcional da Prefeitura, a redistribuição das diretorias vinculadas à Secretaria

de Educação em pelo menos três novas Secretarias; a implantação da gestão por

resultados, para dinamizar as atividades do serviço público local; tornar mais

efetivas as unidades de controle interno, orientando-se pelas Resoluções 001, 002 e

003/2009, do Tribunal de Contas de Pernambuco; a criação dos marcos regulatórios

para as políticas públicas urbanas locais; o investimento em tecnologia para tornar

eficiente a arrecadação municipal; e a execução de projetos e ações para efetivar os

programas propostos pelos governos estadual e federal no território, para promoção

da sustentabilidade de forma contínua.

A construção da nova cidade se reflete na busca de um espaço onde a vida

cotidiana e moderna se manifeste, mas ao mesmo tempo se disponha de suas

funções sociais ao fornecer as pessoas moradia, trabalho, cultura, lazer, transporte,

saneamento ambiental, serviços e infraestrutura urbana.

Resgatar nas pessoas o sentido de pertencimento ao seu território, conservar

as tradições que compõem sua identidade cultural são condições determinantes

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para provocar a mudança necessária para o desenvolvimento em Toritama, uma vez

que o sentimento de pertencimento a um determinado lugar constrói uma

introspecção de valores que condiciona o modo de vida dos indivíduos.

O estudo encontrou limites na falta de dados precisos por parte da Prefeitura

local e dos órgãos públicos sobre a temática proposta. Também representou limite à

pesquisa a não disponibilidade atualizada de dados referentes às políticas públicas

locais.

Diante dos estágios de formulação e de início de implementação das políticas

urbanas no município, sugere-se que novos estudos acadêmicos sejam realizados

após a execução das ações previstas para a efetividade das mesmas, uma vez que

ainda estão sujeitas a muitos ajustes, até se fazerem presentes na vida dos

cidadãos toritamenses. Com este estudo acredita-se ter contribuído com os novos

gestores locais, reunindo informações relevantes sobre o panorama atual da política

urbana municipal.

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9 REFERÊNCIAS

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_______. Lei 9.433, 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

_______. Lei nº. 10.257 de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências.

_______. Lei Federal nº. 11.124, de 16 de junho de 2005. Dispõe sobre o Sistema nacional de habitação de Interesse Social – SNHIS, cria o Fundo nacional de habitação de interesse Social – FNHIS e institui o Conselho gestor do FNHIS.

_______. Lei Nº 11.445 de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as leis nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a lei nº 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. _______. Lei Federal nº. 11.977, de 7 de julho de 2009. Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos

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localizados em áreas urbanas; altera o Decreto-Lei no 3.365, de 21 de junho de 1941, as Leis nos 4.380, de 21 de agosto de 1964, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 10.257, de 10 de julho de 2001, e a Medida Provisória no 2.197-43, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. _______. Lei 12.30 de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.

_______. Lei Federal nº 12.587/2012. Institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana; revoga dispositivos dos Decretos-Leis nos 3.326, de 3 de junho de 1941, e 5.405, de 13 de abril de 1943, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e das Leis nos 5.917, de 10 de setembro de 1973, e 6.261, de 14 de novembro de 1975; e dá outras providências BUARQUE, Sergio C. Metodologia de planejamento do desenvolvimento local e municipal Sustentável Material para orientação técnica e treinamento de multiplicadores e técnicos em planejamento local e municipal. Projeto de Cooperação Técnica INCRA/IICA. Brasília, junho de 1999. CANO, Wilson. Desequilíbrios regionais e concentração de renda no Brasil: 1930-1970. São Paulo: Global e Ed. Unicamp, 1985.In: OLIVEIRA, Gilson Batista de. Uma discussão sobre o conceito de desenvolvimento. Revista FAE, Curitiba, v.5, n.2, p.37-48, maio/ago. 2002. CARTILHA ESTATUTO DAS CIDADES. Trabalho realizado pela Área de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Instituto Brasileiro de Administração Municipal para a Caixa Econômica Federal. Oliveira, Isabel Cristina Eiras de. Estatuto da cidade, para compreender... Rio de Janeiro: IBAM/DUMA, 2001. CASTELLS, Manuel; BORJA, Jordi. "As cidades como atores políticos". In. Novos Estudos CEBRAP, n. 45, julho/1996, p. 152-166. CAVALCANTI, Clóvis. Meio ambiente, Celso Furtado e o desenvolvimento como falácia. Documento extraído de: Ambiente & sociedade Ambient. soc. vol.5 n.2 / vol.6 n.1 Campinas 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414 53X2003000200005&script=sci_arttext&tlng=pt. CAVALCANTI, Monica Maria de A. Avaliação de Políticas Públicas e programas Governamentais: uma abordagem conceitual. Disponível em: http://www.socialiris.org/Imagem/boletim/arq48975df171def.pdf. COSTA, Frederido L. da; CASTANHAR, José C. Avaliação de programas públicos: desafios conceituais e metodológicos. RAP. Rio de Janeiro 37(5): 969-92, Set./Out. 2003. CPRH. Diagnóstico ambiental das lavanderias de Toritama-PE. Recife, 2005.

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APÊNDICES

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE

Roteiro de entrevista realizado com os Secretários Municipais de Obras e Educação

Identificação

Nome do entrevistado:

Secretaria municipal:

1. Como V. Sa. vê o crescimento econômico em Toritama na última década?

2. V. Sa. acha que o progresso econômico trouxe desenvolvimento? ( ) SIM ()

NÃO. Justificativa:

3. Que programas, projetos e ações estão sendo executadas pela Secretaria?

4. Que problemas são encontrados para execução dos serviços de competência

da Secretaria?

5. Que perfil de usuários é atingido hoje pelos serviços executados pela

Secretaria?

6. Na sua opinião, que mudanças seriam necessárias para promoção do

desenvolvimento local sustentável no Município no âmbito da Secretaria?

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE

Roteiro de entrevista realizado com Presidente da Câmara de Vereadores de Toritama

Identificação

Nome do Entrevistado:

1. Como V. Excia. vê o crescimento econômico em Toritama na última década?

2. V. Excia. acha que o progresso econômico trouxe desenvolvimento? ( ) Sim

( ) Não

Justificativa:__________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3. Que projetos de lei em tramitação ou já aprovados na Câmara de Vereadores

podemos destacar pela contribuição à promoção do desenvolvimento local

sustentável em Toritama?

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ANEXOS

Diretrizes, recomendações e parâmetros do zoneamento propostos pelo Plano

Diretor do Município de Toritama-PE9

Macrozona 1: GESTÃO URBANA E

AMBIENTAL

/ ORGANIZAÇÃO

SOCIAL E

CIDADANIA

DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO E

DISTRIBUIÇÃO

SOCIAL

INFRA-ESTRUTURA

E SERVIÇOS

URBANOS

RECUPERAÇÃO E

PROTEÇÃO DO

PATRIMÔNIO

AMBIENTAL

Estratégicas específicas

Fortalecer a Sociedade

Civil Organizada local;

Organizar as políticas

públicas em Fóruns e

Conselhos participativos;

Apoiar a elaboração

participativa de medidas

visando a revitalização

econômica do município;

Estimular a capacidade

empreendedora local,

fomentando o

associativismo produtivo;

Promover a articulação

dos setores produtivos;

Promover o controle

urbano e ambiental;

Promover a restauração

de elementos integrantes

do Patrimônio

Ambiental;

Construir e implementar

política habitacional

direcionada ao

atendimento à população

de baixa renda;

Criar uma política

habitacional municipal.

Promover ações que

resultem na

melhoria de condições de

comercialização, com o

intuito de alcançar

condições favoráveis para

adicionar maior valor

agregado à produção

municipal;

Requalificar as feiras

públicas, áreas comercias

e pólos de comércio e

serviços, além de

promover a formação de

novos centros de bairro;

Estimular o crescimento

de atividades

econômicas;

Incentivar medidas que

orientam a prática do

desenvolvimento

sustentável nas empresas;

Promover a

diversificação da

economia local;

Fomentar ações que

visem a proteção do

patrimônio ambiental;

Promover o

desenvolvimento de

atividades de lazer e

turismo.

Estimular o crescimento

das cidades nas áreas já

urbanizadas e com

disponibilidade de infra-

estrutura básica;

Promover a ocupação e

uso do solo urbano de

forma equilibrada em

relação às funções sociais

da cidade, à infra-

estrutura e ao meio

ambiente urbano;

Otimizar o

aproveitamento dos

investimentos urbanos

realizados e promover

geração de novos

recursos, a fim de reduzir

o déficit

social.

Coibir as atividades

poluidoras que

comprometem a

sustentabilidade dos

recursos do meio

ambiente;

Controlar a poluição da

água,

do ar, do solo, e da

vegetação natural;

Promover o manejo

adequado dos recursos

hídricos municipais;

Implantar parques e áreas

verdes de proteção

ambiental e preservação

permanente;

Promover ações que

recuperem áreas verdes

degradadas e garantam

tratamento adequado da

vegetação;

Fomentar ações que

garantam a gestão

compartilhada das áreas

de proteção ambiental e

das áreas públicas de

lazer.

LINHAS,

DIRETRIZES E

PLANOS DE AÇÃO

Criar normas locais de

parcelamento, uso e

ocupação, controle e

gestão urbana;

Promover, em conjunto

com os órgãos federais e

estaduais de apoio à

pequena empresa e ao

Criar normas locais de

parcelamento, uso e

ocupação, controle e

gestão urbana;

Estruturar o órgão gestor

a fim de enquadrar, de

acordo com a legislação

ambiental, o

9 Quadro de diretrizes, recomendações e parâmetros do zoneamento – PLANO DIRETOR

MUNICIPAL DE TORITAMA/PE (FONTE: CONDEPE/FIDEM).

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Instituir órgão colegiado

de gestão urbana,

instância superior,

consultiva e deliberativa,

prevendo o seu

funcionamento periódico

com a

participação social;

Criar canais de

participação das

entidades locais no

âmbito do governo

municipal;

Estruturar órgão gestor

do controle urbano

municipal a fim de dar

condições de análise,

aprovação de projetos,

fiscalização urbana e

controle

urbanístico, definindo os

processos,

prazos e procedimentos

internos;

Estruturar órgão local de

planejamento articulado-

o com as concessionárias

de serviços públicos e

demais órgãos públicos

co-responsáveis pela

infraestrutura, serviços

urbanos e pelo controle

urbano e ambiental;

Promover e apoiar

processos de

regularização fundiária e

urbanística;

Fomentar e apoiar a

discussão pública e a

criação de legislação

específica relativa às

Operações Urbanas,

através da gestão de

órgão colegiado;

Promover e apoiar a

discussão pública sobre a

reestruturação da Feira

Pública de Confecções,

com o objetivo de dar

melhores condições de

atendimento aos

clientes e feirantes, além

de integrar os

empreendimentos

comerciais locais;

Estruturar o processo

fiscal do imposto

territorial na Secretaria de

Finanças Municipais a

fim de permitir o

Pólo de Confecções,

ações de estímulo à

capacidade

empreendedora local, de

promoção de

oportunidades

empresariais e

comunitárias, e de

diversificação da

economia local;

Promover ações que

contribuam com a

formalização das

organizações produtivas

municipais;

Implantar ações de

revitalização econômica e

do setor produtivo e

comercial do município,

promovendo o

reaquecimento do

comércio local;

Promover medidas

visando as melhorias das

condições de

comercialização da Feira

Pública de Confecções,

integrando-a aos

empreendimentos

comerciais locais,

possibilitando a geração

de melhores condições de

atendimento aos clientes,

e de maior valor

agregado à produção

municipal;

Promover o equilíbrio

entre o uso de recursos

ambientais e a produção

local, através de ações de

regulamentação e

fiscalização dos

empreendimentos

produtivos;

Estruturar o órgão local

de fiscalização, a fim

implementar processos de

controle urbano e

ambiental, reduzindo os

impactos da implantação

e operação dos

empreendimentos locais.

Promover a aplicação de

instrumentos que

impeçam a prática da

especulação imobiliária

sobretudo em imóveis

localizados em áreas

centrais ou em suas

proximidades;

Implantar sistema de

esgotamento sanitário,

abastecimento e

tratamento de água, e

estruturar o processo de

limpeza urbana

municipal;

Promover a criação de

novos equipamentos de

educação e

creche, além da reforma

dos equipamentos já

existentes, a fim de suprir

a demanda nas áreas mais

populosas da cidade e a

carências nas áreas

periféricas;

Promover a criação de

espaços públicos de lazer

e parques

municipais nas áreas

resultantes do processo

de reurbanização

previsto para a cidade nas

áreas de proteção

ambiental previstas

e nas áreas de

preservação permanente

instituídas por lei;

Promover a progressiva

instalação e estruturação

dos núcleos secundários

de comércio e serviços

em todo a área urbana

municipal, a fim de

descentralizar as áreas

comerciais;

Requalificar e revitalizar

o assentamento da Orla

Fluvial do

Capibaribe;

Promover a canalização

dos riachos e corpos

d’água dentro do núcleo

urbano de Toritama,

assim como a

pavimentação das vias

marginais a estes, com o

objetivo de conter as

inundações nos períodos

de abundância das

chuvas;

funcionamento dos

empreendimentos

comerciais e industriais

locais;

Promover o planejamento

e a implantação da Zona

Industrial;

Promover a implantação

de espaços destinados a

abrigar manifestações

culturais;

Promover programas

municipais de

conservação das áreas

verdes e de proteção

ambiental;

Proteger e recuperar a

vegetação natural das

áreas de preservação

ambiental, das áreas

públicas e verdes e dos

vazios urbanos;

Regulamentar a nível

municipal a Lei de

Crimes ambientais.

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aumento da arrecadação

própria e aplicação do

instrumento de IPTU

progressivo, inclusive

criando e mantendo

atualizado um cadastro

multifinalitário

municipal.

Estruturar órgão gestor

local, a fim de promover

a fiscalização

ambiental, sobretudo

quanto aos

empreendimentos

comerciais e

industriais locais;

Apoiar a discussão

pública sobre a

implantação da Operação

Urbana dos Campos, para

a criação de uma

policlínica, de

equipamentos de lazer, de

educação e de saúde

pública, com o objetivo

de atender à demanda e

suprir a carência da

população;

Promover e apoiar a

discussão pública sobre a

implantação da

Operação Urbana para a

criação do Novo

Cemitério Municipal;

Promover intervenções

no sistema viário atual,

visando

revitalização e

descongestionamento da

área central e a

macroreestruturação

do sistema; dotando-o de

melhores condições de

conservação e drenagem;

Promover a adequação

viária do complexo

formado pela BR-104

e PE-15, objetivando o

fim de transtornos e

interrupções ao

tráfego local, sem que

haja prejuízo à função de

promoção

comercial que exercem as

rodovias locais.

PARÂMENTROS AMBIENTAIS PARÂMENTROS INSTITUCIONAIS

- Obedecer às definições normativas das áreas de

preservação permanente, objeto da Lei Federal nº

4.771, de 15/09/1965, Código Florestal;

- A instalação de usos e atividades considerados

potencialmente geradores de impacto ambiental

dependerá de licenciamento ambiental, nos termos das

Resoluções do CONAMA e da CPRH, e somente

serão implantados após estudo de viabilidade técnica,

EIA / RIMA;

- Os Bens Integrantes do Patrim6onio Ambiental e

Cultural de Toritama não poderão sofrer ação danosa.

MUNICIPAL

- É vedado o parcelamento do solo em terrenos onde

sejam observados afloramentos rochosos;

- Os condomínios deverão destinar no mínimo 15%

para área verde e de lazer, 25% para sistema viário, e

5% para equipamentos urbanos e comunitários;

- As diretrizes de ocupação de imóveis em forma de

condomínio, serão elaboradas pelo órgão municipal

competente em articulação com os órgãos estaduais,

federais e CDUMA;

- São vedados os usos definidos como inconvenientes,

em lotes ou glebas situadas nas faixas de domínio da

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rodovia BR 104 e PE 90;

- Os parâmetros de Uso, Ocupação e Parcelamento do

solo nas áreas de Operações Urbanas serão

determinados por legislação municipal específica.

− A partir da aprovação da legislação específica são

nulas as licenças e autorizações em desacordo com o

Plano de Operação;

− Até a aprovação da legislação específica é proibido

novas licenças e autorizações de construção;

- Deverão ser obedecidos os parâmetros de uso,

ocupação e parcelamento do solo, os índices

urbanísticos e os padrões hierarquizados das seções

viárias, de cada zona da MZ1;

− Na ZEIS os parâmetros deverão ser definidos por

Plano Urbanístico específico.

- A instalação dos usos e atividades que acarretem

impacto a vizinhança dependerá do Estudo de Impacto

de Vizinhança - EIV;

- A instalação do Empreendimento de Impacto (EI) no

Município é condicionada à análise, pelo Poder

Executivo, e aprovação pelo CDUMA, de Memorial

Justificativo para Empreendimentos de Impacto.

ESTADUAL

- Os parâmetros quanto à infra-estrutura nos projetos

de urbanização deverão seguir os critérios das

concessionárias e normas vigentes;

FEDERAL

- O parcelamento para fins urbanos obedecerá às

disposições da Lei Federal nº 6.766, de 19/12/1979,

com suas alterações;

- São passíveis de Parcelamento, Edificação ou

Utilização Compulsórios, IPTU Progressivo no

Tempo, e da Desapropriação com Pagamento em

Títulos, os imóveis não edificados, subtilizados ou não

utilizados localizados nas áreas urbanas do município

de Toritama.

Macrozona 2

GESTÃO URBANA E

AMBIENTAL /

ORGANIZAÇÃO

SOCIAL E

CIDADANIA

DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO

E DISTRIBUIÇÃO

SOCIAL

INFRA-ESTRUTURA

E SERVIÇOS

URBANOS

RECUPERAÇÃO E

PROTEÇÃO DO

PATRIMÔNIO

AMBIENTAL

ESTRATÉGIAS

ESPECIFICAS

Promover a recuperação e

a preservação dos

elementos integrantes do

Patrimônio Ambiental;

Promover o

fortalecimento da

Sociedade Civil

Organizada e a

articulação dos setores

Incentivar medidas que

orientam a prática do

desenvolvimento

sustentável;

Promover a

diversificação das

atividades econômicas;

Estimular o crescimento

de atividades

Promover a realização de

obras de infraestruturas

turísticas adequadas ao

meio ambiente

Coibir as atividades

poluidoras que

comprometem a

sustentabilidade dos

recursos do meio

ambiente;

Controlar o manejo dos

recursos ambientais, a

poluição da água, do ar e

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92

produtivos no processo

de gestão ambiental.

econômicas;

Fomentar ações que

visem a proteção do

patrimônio natural e

cultural permitindo do

desenvolvimento de

atividades de lazer e

turismo;

Promover a gestão e o

controle ambiental.

do solo, bem como as

atividades que poluem os

cursos d'água e sua

vegetação marginal;

Implantar parques e áreas

verdes;

Promover ações que

recuperem áreas verdes

degradadas e garantindo a

sua preservação;

Fomentar a gestão

compartilhada das áreas

de proteção ambiental e

das áreas públicas de

lazer;

LINHAS DIRETRIZES

E PLANOS DE

AÇÃO

Criar órgão colegiado de

gestão ambiental,

instância superior,

consultivo e deliberativo,

prevendo o seu

funcionamento periódico

e a participação social;

Reprimir a prática de

ações que acarretem

danos ao meio ambiente,

de acordo com a

legislação federal;

Promover ações que

visem restaurar a

cobertura vegetal das

serras, a fim de conter o

assoreamento progressivo

dos

riachos e corpos d’água, e

as inundações

características da época

de chuvas;

Fomentar ações de

manejo dos recursos

ambientais, sobretudo nas

atividades produção de

carvão de e extração de

lenha, mineração de

piçarra, criação de

gado e plantio de

subsistência.

Promoção de ações que

impulsionem o potencial

turístico da área da MZ2.

Promoção de infra-

estrutura impulsionadora

do potencial turístico da

área integrando-o

ao circuito turístico

regional (Vias

panorâmicas, mirantes,

áreas de lazer etc.).

Promoção de ações e

programas de

recuperação e

conservação ambiental

nas Serras.

PARAMETROS AMBIENTAIS PARAMETROS INSTITUCIONAIS

Obedecer às definições normativas das áreas de

preservação permanente, objeto da Lei Federal nº

4.771, de 15/09/1965, Código Florestal;

- A instalação de usos e atividades considerados

potencialmente geradores de impacto ambiental

dependerá de licenciamento ambiental, nos termos das

Resoluções do CONAMA e da CPRH, e somente

MUNICIPAL

- É vedado o parcelamento, uso e ocupação do solo

para fins urbanos;

ESTADUAL

- Os parâmetros quanto a infraestrutura nos projetos

de urbanização deverão seguir os critérios das

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93

serão implantados após estudo de viabilidade técnica,

EIA / RIMA;

- Os Bens Integrantes do Patrimônio Ambiental e

Cultural de Toritama não poderão sofrer ação danosa.

concessionárias e normas vigentes;

FEDERAL

- O parcelamento, uso e ocupação do solo são

permitidos somente para fins rurais, e deverão

obedecer parâmetros do INCRA e às disposições da

Legislação Federal.

Macrozona 3

GESTÃO URBANA E

AMBIENTAL /

ORGANIZAÇÃO

SOCIAL E

CIDADANIA

DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO E

DISTRIBUIÇÃO

SOCIAL

INFRA-ESTRUTURA RECUPERAÇÃO E

PROTEÇÃO DO

PATRIMÔNIO

AMBIENTAL

ESTRATÉGIAS

ESPECÍFICAS

Civil Organizada local e

a organização das

políticas públicas em

Fóruns e Conselhos

participativos;

Promover a restauração

de elementos integrantes

do Patrimônio

Ambiental;

Promover o uso e a

ocupação do solo de

forma equilibrada em

relação à infraestrutura

disponível e ao meio

ambiente;

Promover ações que

visem recuperar e

conservar expressões

pictóricas sobre base de

pedra;

Fomentar ações que

garantam a gestão

compartilhada das áreas

de proteção ambiental e

das áreas públicas de

lazer;

Coibir as atividades

poluidoras que

comprometem a

sustentabilidade dos

recursos do meio

ambiente;

Controlar o manejo dos

recursos ambientais, a

poluição da água, do ar e

do solo, bem como as

atividades que poluem os

cursos d'água e sua

vegetação marginal;

Promover ações que

recuperem áreas verdes

degradadas e garantindo a

sua preservação;

Implantar parques e áreas

verdes.

LINHAS DIRETRIZES

E PLANOS

DE AÇÃO

Promover ações que

contenham a expansão de

novos loteamentos

urbanos para a MZ3;

Criar normas locais de

parcelamento, uso e

Promover melhorias da

infra-estrutura na área,

sobretudo no tocante a

distribuição e tratamento

de água, esgotamento

sanitário, e transporte

Promover ações que

coíbam a ocupação da

área para fins

urbanos;

Promover e apoiar a

discussão pública sobre a

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94

ocupação, controle e

gestão urbana e

ambiental;

Promover e apoiar

processos de

regularização fundiária e

urbanística;

público.

Promover ações de

melhoria do acesso à Vila

de Cacimbas, executando

obras de drenagem a

curto prazo e

pavimentando a

via já existente;

Promover obras de

melhoria da via de

ligação de Cacimbas à

PE-90.

implantação

de um Parque Natural e

Cultural na área;

Criar e estruturar órgão

local de fiscalização

ambiental e cultural, a

fim de preservar e

restaurar a vegetação nas

áreas de proteção

ambiental e as expressões

pictóricas sobre base

rupestre presentes na

área, com base na

legislação federal;

Fomentar ações que

promovam o manejo do

solo, sobretudo

na atividade de

mineração.

PARAMETROS AMBIENTAIS PARAMETROS INSTITUCIONAIS

- Obedecer às definições normativas das áreas de

preservação

permanente, objeto da Lei Federal nº 4.771, de

15/09/1965, Código

Florestal;

- A instalação de usos e atividades considerados

potencialmente

geradores de impacto ambiental dependerá de

licenciamento

ambiental, nos termos das Resoluções do CONAMA e

da CPRH, e

somente serão implantados após estudo de viabilidade

técnica, EIA

/ RIMA;

- Os Bens Integrantes do Patrimônio Ambiental e

Cultural de

Toritama não poderão sofrer ação danosa.

MUNICIPAL

- Não será permitida a ocupação urbana para fins

urbanos fora da Zona da Vila de Cacimbas, em função

da grande densidade de afloramentos rochosos da

MZ3;

− É vedado o parcelamento, uso e ocupação do solo

em terrenos onde sejam observados afloramentos

rochosos;

- Caso haja condomínios, estes deverão destinar de

suas áreas totais, cumulativamente, no mínimo, 15%

para área verde e de lazer, 25% para sistema viário, e

5% para equipamentos públicos urbanos e

comunitários;

− As diretrizes de ocupação de imóveis em forma de

condomínio, serão elaboradas pelo órgão municipal

competente em articulação com os órgãos estaduais,

federais e o CDUMA;

- Deverão ser obedecidos os parâmetros de uso,

ocupação e parcelamento do solo, os índices

urbanísticos e os padrões hierarquizados das seções

viárias;

- A instalação dos usos e atividades que acarretem

impacto a vizinhança dependerá do Estudo de Impacto

de Vizinhança - EIV;

- A instalação do Empreendimento de Impacto (EI) no

Município é condicionada à análise, pelo Poder

Executivo, e aprovação pelo CDUMA, de Memorial

Justificativo para Empreendimentos de Impacto.

ESTADUAL

- Os parâmetros quanto a infraestrutura nos projetos

de urbanização deverão seguir os critérios das

concessionárias e as normas vigentes;

FEDERAL

- O parcelamento, uso e ocupação do solo, fora da

Zona da Vila de Cacimbas, são permitidos somente

para fins rurais, e deverão obedecer aos parâmetros do

INCRA e às disposições da Legislação

Federal;

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95

- O parcelamento para fins urbanos obedecerá às

disposições da Lei Federal nº 6.766, de 19/12/1979,

com suas alterações.

Macrozona 4

GESTÃO URBANA E

AMBIENTAL /

ORGANIZAÇÃO

SOCIAL E

CIDADANIA

DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO E

DISTRIBUIÇÃO

SOCIAL

INFRA-ESTRUTURA

E

SERVIÇOS URBANOS

RECUPERAÇÃO E

PROTEÇÃO DO

PATRIMÔNIO

AMBIENTAL

ESTRATÉGIAS

ESPECÍFICAS

Fomentar a criação de

consórcio municipal entre

Toritama e os municípios

vizinhos, para

recolhimento, reciclagem

e destinação do lixo;

Promover a recuperação e

infra-estrutura do

equipamento municipal

de destinação de resíduos

sólidos;

Promover a gestão

participativa e o

fortalecimento da

Sociedade Civil

Organizada local.

Coibir as atividades

poluidoras que

comprometem a

sustentabilidade dos

recursos do meio

ambiente;

Controlar o manejo dos

recursos ambientais, a

poluição da água, do ar e

do solo, bem como as

atividades que poluem os

cursos d'água e sua

vegetação marginal;

Promover ações que

recuperem áreas verdes

degradadas;

Fomentar ações que

garantam a gestão

compartilhada dos

equipamentos de

saneamento

ambiental;

Promover a restauração e

preservação dos

elementos integrantes do

Patrimônio Ambiental.

LINHAS,

DIRETRIZES E

PLANOS DE

AÇÃO

Apoiar a discussão

pública sobre a criação de

consórcio municipal entre

Toritama e os

municípios vizinhos, para

recolhimento, reciclagem

e destinação do lixo, a

médio e

longo prazo;

Apoiar a discussão

pública sobre a instalação

de Aterro Sanitário

Planejar e implantar o

Aterro Sanitário

Municipal,

com estruturas de

reciclagem e tratamento

dos efluentes.

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96

contando com uma

pequena usina de

reciclagem de

lixo e sistema de

tratamento de efluentes;

Incluir os catadores de

lixo num futuro processo

de gestão e reciclagem do

planejado Aterro

Sanitário Municipal;

Promover ações que

dotem de melhores

condições de vida a

pequena população

residente na área.

PARAMETROS AMBIENTAIS PARAMETROS INSTITUCIONAIS

- Obedecer às definições normativas das áreas de

preservação permanente, objeto da Lei Federal nº

4.771, de 15/09/1965, Código Florestal;

- A instalação de usos e atividades considerados

potencialmente geradores de impacto ambiental

dependerá de licenciamento ambiental, nos termos das

Resoluções do CONAMA e da CPRH, e somente

serão implantados após estudo de viabilidade técnica,

EIA / RIMA.

MUNICIPAL

- Área destinada à instalação do futuro Aterro

Sanitário da cidade, portanto, restrita à ocupação para

qualquer outro fim;

ESTADUAL

- Os parâmetros quanto a infraestrutura nos projetos

de urbanização deverão seguir os critérios das

concessionárias e as normas vigentes;

FEDERAL

- O parcelamento, uso e ocupação do solo deverão

obedecer aos parâmetros do INCRA e às disposições

da Legislação Federal, somente para uso rural.

Macrozona 5

GESTÃO URBANA E

AMBIENTAL /

ORGANIZAÇÃO

SOCIAL E

CIDADANIA

DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO E

DISTRIBUIÇÃO

SOCIAL

INFRA-ESTRUTURA

E SERVIÇOS

URBANOS

RECUPERAÇÃO E

PROTEÇÃO

DO PATRIMÔNIO

AMBIENTAL

ESTRATÉGIAS

ESPECÍFICAS

Promover o

fortalecimento da

Sociedade Civil

Organizada local;

Promover a organização

das políticas públicas em

Fóruns e Conselhos

participativos;

Promover o controle

urbano e ambiental;

Promover a restauração

de elementos integrantes

do Patrimônio

Ambiental;

Limitar o crescimento das

vilas rurais às áreas já

urbanizadas e com

disponibilidade de infra-

estrutura básica;

Promover a ocupação e o

uso adequados às

características de solo, de

forma equilibrada em

relação à infra-estrutura

disponível e ao meio

ambiente.

Coibir as atividades

poluidoras que

comprometem a

sustentabilidade dos

recursos do meio

ambiente;

Controlar o manejo dos

recursos

ambientais, a poluição da

água, do ar e do solo,

bem como as atividades

que poluem os cursos

d'água e sua vegetação

marginal;

Implantar parques e áreas

verdes de proteção

ambiental e preservação

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97

permanente;

Promover ações que

recuperem

áreas verdes degradadas e

garantam tratamento

adequado da vegetação.

Controlar a expansão

urbana na área urbana de

Toritama, a fim de

impedir ocupações

desnecessárias

considerandose

a demanda atual e o

estoque de terras na MZ1,

núcleo urbano principal

de Toritama;

Estruturar o órgão gestor

municipal, a fim de fazer

cumprir as determinações

legais

de não ocupação das

faixas de domínio das

rodovias, adutoras, linhas

de transmissão, e futuras

instalações de

distribuição de gás, além

das questões quanto a

regulamentação dos

parcelamentos de terra;

Fomentar ações que

garantam a gestão

compartilhada das áreas

de proteção ambiental e

das áreas públicas de

lazer

Promover melhorias de

infra-estrutura da área,

sobretudo no tocante ao

tratamento de água,

esgotamento sanitário e

transporte público;

Promover ações de

melhorias do acesso às

vilas rurais, executando

obras de drenagem a

curto prazo e

pavimentando a via já

existente, posteriormente;

Implantação de serviço

de transporte público que

sirva aos núcleos urbanos

da área.

Promover recuperação e

preservação do meio

ambiente local,

principalmente a

vegetação natural das

áreas de proteção

permanente, além do

controle do lançamento

de dejetos no Rio

Capibaribe.

PARAMETROS AMBIENTAIS PARAMETROS INSTITUCIONAIS

- Obedecer às definições normativas das áreas de

preservação permanente, objeto da Lei Federal nº

4.771, de 15/09/1965, Código Florestal;

- A instalação de usos e atividades considerados

potencialmente geradores de impacto ambiental

dependerá de licenciamento ambiental, nos termos das

Resoluções do CONAMA e da CPRH, e somente

serão implantados após estudo de viabilidade técnica,

EIA / RIMA;

- Os Bens Integrantes do Patrimônio Ambiental e

Cultural de Toritama não poderão sofrer ação danosa.

MUNICIPAL

- Não será permitida a ocupação urbana para fins

urbanos fora das Zonas das Vilas Rurais;

- − É vedado o parcelamento, uso e ocupação do solo

em terrenos onde sejam observados afloramentos

rochosos;

- Caso haja condomínios, estes deverão destinar de

suas áreas totais, cumulativamente, no mínimo, 15%

para área verde e de lazer, 25% para sistema viário, e

5% para equipamentos urbanos e comunitários;

- − As diretrizes de ocupação de imóveis em forma de

condomínio, serão elaboradas pelo órgão municipal

competente em articulação com os órgãos estaduais,

federais e CDUMA;

- São vedados os usos definidos como inconvenientes,

em lotes ou glebas situadas nas faixas de domínio da

rodovia BR 104 e PE 90;

- Deverão ser obedecidos os parâmetros de uso,

ocupação e parcelamento do solo, os índices

urbanísticos e os padrões hierarquizados das seções

viárias;

- A instalação dos usos e atividades que acarretem

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impacto a vizinhança dependerá do Estudo de Impacto

de Vizinhança - EIV;

- A instalação do Empreendimento de Impacto (EI) no

Município é condicionada à análise, pelo Poder

Executivo, e aprovação pelo CDUMA, de Memorial

Justificativo para Empreendimentos de Impacto;

ESTADUAL

- Os parâmetros quanto a infraestrutura nos projetos de

urbanização deverão seguir os critérios das

concessionárias e as normas vigentes;

FEDERAL

- O parcelamento para fins urbanos obedecerá às

disposições da Lei Federal nº 6.766, de 19/12/1979,

com suas alterações;

- O parcelamento, uso e ocupação do solo, fora das

Zonas das Vilas Rurais, são permitidos somente para

fins rurais, e deverão obedecer os parâmetros do

INCRA e às disposições da Legislação Federal.