Isis Sem Véu - Volume 1 (Helena Petrovna Blavatsky)

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  • VOLUME 1

    CINCIA I

    CAPTULO I

    A "INFALIBILIDADE" DA CINCIA MODERNA COISAS NOVAS COM NOMES VELHOS.

    A CABALA ORIENTAL. (L.1. pg. 101).

    Existem em algum lugar, neste vasto mundo, um livro antigo - to antigo que os nossos modernos arquelogos poderiam examinar-lhe as pginas durante um tempo infinito sem contudo chegarem a um acordo quanto natureza do tecido sobre o qual ele foi escrito. a nica cpia original que existe atualmente. O mais antigo documento hebraico sobre a cincia secreta - a Siphra Dzeniouta foi compilado a partir desse livro, e isso numa poca em que j o consideravam uma relquia literria. Uma de suas ilustraes representa a Essncia Divina emanada de Ado como um arco luminoso que tende a formar um circulo; depois de atingir o ponto mais alto dessa circunferncia. a glria inefvel endireita-se novamente, e volta Terra, trazendo no vrtice um tipo superior de Humanidade. Quanto mais se aproxima de nosso planeta, mais a Emanao se torna sombria, at que, ao tocar o solo, ela to negra como a noite. Os filsofos hermticos de todos os tempos tm sustentado a convico, baseada, como alegam, em setenta mil anos de experincia, de que a matria, devido ao pecado, torna-se, como o passar do tempo, mais grosseira e mais densa do que era quando da primitiva formao do homem; de que, no princpio, o corpo humano era de natureza semi-area; e de que, antes da queda, a humanidade comunicava-se livremente com os universos invisveis. Mas, depois, a matria tornou-se uma formidvel barreira entre ns e o mundo dos espritos. As mais antigas tradies esotricas tambm ensinavam que, antes do Ado mstico, muitas raas de seres humanos viveram e morreram, cada uma dando por sua vez lugar a outra. Teriam sido os tipos precedentes mais perfeito? Teriam alguns deles pertencido raa alada de homens mencionada por Plato no Fedro? medida que o ciclo prosseguia, os olhos dos homens foram mais e mais se abrindo, at o momento em que ele veio, tanto quanto os prprios Elohim (Elohim Deuses ou Senhores) so idnticos aos Devas, Dhyni-Buddhas ou Homens celestes.-, a conhecer "o bem e o mal". Depois de alcanar o seu apogeu, o ciclo comea a retroceder. Quando o arco atingiu um certo ponto que o colocou em paralelo com a linha fixa de nosso plano terrestre, a Natureza forneceu ao homem "vestes de pele", e o Senhor Deus "os vestiu". Essa crena na preexistncia de uma raa mais espiritual do que aquela a que pertencemos atualmente pode ser reconstituda desde as mais antigas tradies de quase todos os povos. No antigo manuscrito quxua, publicado por Brasseur de Bourbourg - o Popol Vuh - , os primeiros homens figuravam como uma raa dotada de razo e de fala, que possua uma viso ilimitada e que conhecia de imediato todas as coisas. De acordo com Filon, o Judeu, o ar est repleto de uma hoste de espritos invisveis, alguns dos quais so livres do mal e imortais, e outros so perniciosos e mortais. "Dos filhos de EL ns descendemos, e filhos de EL voltaremos a ser." E a declarao inequvoca do gnstico annimo que escreveu O evangelho segundo So Joo, de acordo com a qual "todos os que O receberam", isto todos os que seguiram praticamente a doutrina de Jesus, tornar-se-iam "filhos de Deus", aponta para a mesma crena. "No sabeis que sois deuses?, exclamou o Mestre. Plato descreve admiravelmente no Fedro o estado anterior do homem, e aquele ao qual ele h de retornar: antes e depois da "perda das asas"; quando "ele vivia entre os deuses, e ele prprio era um deus no mundo areo". Desde a mais remota Antigidade, as filosofias religiosas ensinaram que todo o universo estava repleto de seres divinos e espirituais de diversas raas. De uma delas, no correr do tempo, proveio ADO, o homem primitivo.

    O PROGRESSO DA HUMANIDADE CARACTERIZADOS POR CICLOS. (L.1.pg.104). Para um homem de Cincia, recusar a oportunidade de investigar um novo fenmeno, venha este na forma de um homem da Lua, ou na de um fantasma da quinta de Eddy, igualmente repreensvel. Provenha este resultado do mtodo de Aristteles ou do mtodo de Plato, no devemos nos demorar para investig-lo; mas um fato que as naturezas internas e externa do homem eram perfeitamente conhecidas

  • pelos antigos andrlogos (que estudavam as cincias do homem). Sem embargo das hipteses superficiais dos gelogos, estamos comeando a recolher quase diariamente as provas que corroboram as asseres desses filsofos. Eles dividiam os interminveis perodos da existncia humana sobre este planeta em ciclos, durante um dos quais a Humanidade gradualmente atingiu o ponto culminante da mais alta civilizao e gradualmente recaiu no mais abjeto barbarismo. A altura qual a raa, em sua fase progressiva, muitas vezes chegou, pode ser francamente presumida pelo maravilhoso monumento da Antigidade, ainda visveis, e pelas descries dadas por Herdoto de outras maravilhas de que no restou nenhum trao. Mesmo em sua poca as gigantescas estruturas de muitas pirmides e de templos mundialmente famosos eram apenas montes de runas. Dispersados pela infatigvel mo do tempo, eles foram descritos pelo Pai da Histria como "as testemunhas venerveis da glria antigussima de ancestrais mortos". Ele "evita falar das coisas divinas" e d posteridade apenas uma descrio imperfeita de oitava de algumas extraordinrias cmaras subterrneas do Labirinto, onde jaziam - e ainda jazem - ocultos os restos sagrados dos Reis Iniciados. Podemos ainda fazer uma idia da alta civilizao atingida em alguns perodos da Antigidade pelas descries histricas da poca dos ptolomeus, embora nesse tempo se considerasse que as artes e as cincias estavam em decadncia, e que muitos dos seus segredos j perdidos. Nas recentes escavaes de Mariette-bey, aos ps das pirmides, esttuas de madeira e outras relquias foram exumadas, mostrando que muito tempo antes das primeiras dinastias os egpcios tinham atingido uma perfeio e um refinamento artstico capazes de excitar a admirao dos mais ardentes apreciadores da arte grega. Bayard Taylor descreve tais esttuas numa de suas conferncia, e conta-nos que a beleza das cabeas, ornamentadas com olhos de pedras preciosas e sobrancelhas de cobre, insupervel. Bem abaixo da camada de areia na qual repousavam os restos que figuram nas colees de Lepsius, de Abbott e do Museu Britnico, encontram-se ocultas as provas tangveis da doutrina hermtica dos ciclos de que j falamos. Todo verdadeiro savante admite que em muitos aspetos o conhecimento humano ainda est em sua infncia. Ser porque nosso ciclo comeou numa poca relativamente recente? Estes ciclos, segundo a filosofia caldaica, no abrangem toda a humanidade num nico e mesmo tempo. O Prof. Draper confirma parcialmente esta teoria ao dizer que os perodos em que a Geologia "julgou conveniente dividir o progresso do homem na civilizao no so pocas abruptas (intransponveis) que se mantm simultaneamente para toda a raa humana"; ele d como exemplo os "ndios nmades da Amrica", que "s esto emergindo da idade da pedra". Assim, mais de uma vez os homens de Cincia confirmaram involuntariamente o testemunho dos antigos. Qualquer cabalista que esteja a par do sistema pitagrico dos nmeros e da Geometria pode demonstrar que as idias metafsicas de Plato se basearam em princpios estritamente matemticos. "As verdadeiras matemticas", "so algo com que as cincias superiores tm estreita relao; as matemticas ordinrias no passam de uma fantasmagoria ilusria, cuja to louvada infalibilidade provm apenas disso - dos materiais, das condies e das referncias em que elas se fundamentaram". Cientista que acreditam adotaram o mtodo aristotlico apenas porque se esquivam, quando no fogem, dos particulares demonstrados nos universais, glorificam o mtodo da filosofia indutiva, e rejeitam o de Plato, que consideram insubstancial. O Prof. Draper lamenta que alguns msticos especulativos como Amnio Saca e Plotino tenham tomado o lugar "de muitos gemetras do antigo museu". Ele esquece que a Geometria, a nica dentre todas as cincias a proceder dos universais para os particulares, foi precisamente o mtodo empregado por Plato em sua filosofia. Desde que a cincia exata confirme as suas observaes s condies fsicas e proceda como Aristteles, ela certamente no poder errar. Mas embora o mundo da matria seja iluminado para ns, ele ainda finito; e assim o materialismo girar para sempre num crculo vicioso, incapaz de elevar-se acima do que a circunferncia permitir. A teoria cosmologia dos nmeros que Pitgoras aprendeu dos Hierofante egpcios a nica capaz de reconciliar as duas unidades, matria e esprito, e de fazer com que uma demonstre matematicamente a outra. Os nmeros sagrados do universo em sua combinao esotrica resolveram os grandes problemas e explicam a teoria da radiao e o ciclo de emanaes. As ordens inferiores, antes de se transformarem nas ordens superiores, devem emanar das ordens espirituais superiores, e, ao chegarem ao ponto de retorno, devem reabsorver-se novamente no infinito. A Filosofia, como tudo neste mundo de constante evoluo, est sujeita revoluo cclica. Como ela parece atualmente emergir com dificuldades das sombras do arco inferior, um dia poder ser demonstrando que ela atingiu o ponto mais alto da circunferncia muito tempo antes da poca de Pitgoras.

  • CINCIA SECRETA ANTIGA. (L.1.pg.106). Mochus, o Sidnio, fisilogo e professor da cincia anatmica, floresceu muito antes do Sbio de Samos - antes da poca de Tria -; e este recebeu as instrues sagradas dos discpulos e descendentes daqueles. Pitgoras, o filsofo puro, versado profundamente nos maiores fenmenos da Natureza, nobre herdeiro das tradies antigas, cuja grande contribuio foi libertar a lama dos grilhes dos sentidos e fora-la a realizar os seus podres, dever viver eternamente na memria humana. A doutrina de Metempsicose - a passagem da alma de um estado de existncia para outro.- foi amplamente ridicularizada pelos homens da Cincia e rejeitada pelos telogos; entretanto, se ela fosse convenientemente compreendida em sua aplicao indestrutibilidade da matria e imortalidade do esprito, ter-se-ia reconhecido que ela uma concepo sublime. No deveramos estudar a questo colocando-nos no ponto de vista dos antigos, antes de nos aventurarmos a desacreditar os seus mestres? A soluo do grande problema da eternidade no diz respeito nem superstio religiosa nem ao materialismo grosseiro. A harmonia e a uniformidade matemtica da dupla evoluo - espiritual e fsica - foram elucidadas exclusivamente nos nmeros universais de Pitgoras, que construiu seu sistema inteiramente com base na chamada "fala mtrica" dos Vedas hindus. Foi s recentemente que um dos mais zelosos eruditos sanscritistas, Martin Haug, empreendeu a traduo do Aitareya-Brhmana do Rig-Veda, que era at ento completamente desconhecido; estas explicaes estabelecem, incontestavelmente, a identidade entre os sistemas pitagrico e bramnico. Em ambos, a significao esotrica deriva do nmero: no primeiro, da relao mstica de cada nmero com tudo que inteligvel para a mente do homem; no segundo, do nmero de slabas com que cada verso dos Mantras formado. Plato, ardente discpulo de Pitgoras, adotou to completamente este sistema a ponto de sustentar que o dodecaedro foi a figura geomtrica empregada pelo Demiurgo - ou Artfice; o supremo Poder que construiu o Universo.- para edificar o universo. Algumas dessas figuras tinham uma significao particularmente solene. Por exemplo, o nmero quatro, de que o dodecaedro triplo, era tido como sagrado pelos pitagricos. o quadrado perfeito e nenhuma das linhas que o limitavam cruza outra em qualquer ponto. o problema da justia moral e da eqidade divina geometricamente expressas. Todos os poderes e todas as grandes harmonias da natureza fsica e espiritual repousam no quadrado perfeito, e o nome inefvel daquele que, de outro modo, permaneceria indizvel era substitudo pelo nmero sagrado "4", o mais inviolvel e solene juramento entre os antigos msticos - a Tetraktys. Se a metempsicose pitagrica pudesse ser completamente explicada e comparada com a moderna teoria da evoluo, seria possvel suprir todos os "elos perdidos" da corrente desta ltima.

    O VALOR INESTIMVEL DOS VEDAS. (L.1.pg.108). Nos vedas, por exemplo, encontramos prova positiva de que j em 2000 a.C. os sbios hindus e os eruditos devem ter tido conhecimento da rotundidade de nosso globo e do sistema heliocntrico. Eis por que Pitgoras e Plato to bem conheceram esta verdade astronmica; pois Pitgoras obteve seu conhecimento na ndia, ou de homens que l estiveram, e Plato repetia fielmente os seus ensinamentos. H fatos que provam que certos clculos astronmicos eram to corretos entre os caldeus da poca de Jlio Csar como o so hoje. Quando o calendrio foi reformado pelo Conquistador, descobriu-se que o ano civil se coadunava to pouco com as estaes, que o vero adentrava pelos meses de outono e os meses de outono por todo o inverno. Foi Sosgenes, o astrnomo caldeu, quem restabeleceu a ordem na confuso, recuando em noventa dias o dia 25 de Maro, e assim fazendo este dia corresponder ao equincio da primavera; e foi Sosgenes ainda que fixou a durao dos meses tal como ela existe ainda hoje. Na Amrica, o exrcito de Montezuma descobriu que o calendrio dos astecas concedia um nmero igual de dias e de semanas a cada ms. A extrema correo de seus clculos astronmicos era to grande, que nenhum erro foi neles descoberto durante as verificaes posteriores, ao passo que os europeus que desembarcaram no Mxico em 1519 estavam, graas ao calendrio juliano, aproximadamente dez dias adiantados em relao ao tempo correto. s tradues escrupulosas e inestimveis dos livros vdicos e s pesquisas pessoais do Dr. Haug, que devemos a corroborao das pretenses dos filsofos hermticos. Pode-se facilmente provar a poca de Zaratusta Spitama (Zoroastro) de uma antigidade incalculvel. Os brmanas, aos quais Haug atribui quatro mil anos, descrevem a disputa religiosa entre os antigos hindus que viveram no perodo pr-vdico e os iranianos. Os combates entre os devas e os asuras - os primeiros representado os hindus e os ltimos os iranianos - so minuciosamente descritos nos livro sagrados.

    A DOUTIRNA DA MENTEMPSICOSE. (L. 1. pg. 109).

    No houve um s filsofo de alguma notoriedade que no tenha sustentado a doutrina da metempsicose - tal como foi ensinada pelos brmanes, pelos budistas e mais tarde pelos pitagricos, em seu sentido esotrico -, quer ele a tenha ou no expresso de maneira inteligvel. Orgenes e Clemente de Alexandria, Sinsio e Calcdio, todos acreditavam nela; e os gnsticos, reconhecidos incontestavelmente pela

  • Histria como um grupo de muito refinados, eruditos e esclarecidos homens, todos professavam a crena na metempsicose. Scrates comungava doutrinas idnticas s de Pitgoras; e ambos, para expiar a sua filosofia divina, morreram de morte violenta. O vulgo sempre foi o mesmo em todos os tempos. O materialismo foi e ser sempre cego s verdades espirituais. Esses filsofos sustentavam, com os hindus, que Deus infundiu na matria uma poro de seu prprio Esprito Divino, que anima e move cada uma das partculas. Eles ensinavam que o homem tem duas almas, de natureza diversa e totalmente distinta: uma perecvel - a Alma Astral, ou o corpo fludico interno - e outra incorruptvel e imortal - a Augoeides, ou poro do Esprito Divino; que a alma astral ou mortal morre a cada mudana gradual no limite de toda nova esfera, tornando-se com cada transmigrao mais purificada. O homem astral, por mais intangvel e invisvel que possa ser aos nossos sentidos mortais e terrestres, ainda constitudo de matria, embora sublimada. Aristteles acreditava que as almas humanas so emanaes de Deus e que elas so finalmente reabsorvidas na Divindade. Zeno, o fundador do Estoismo, ensina que existem "duas qualidades eternas em toda a natureza; uma, ativa, ou masculina, e outra, passiva, ou feminina: a primeira ter puro e sutil, ou Esprito Divino; a outra em si mesma totalmente inerte at a sua unio com o princpio ativo. O Esprito Divino, ao agir sobre a matria, produz o fogo, a gua, a terra e o ar; e o nico princpio motor de toda a natureza. Os esticos, como os sbios hindus, acreditavam na absoro final. So Justino acreditava que as almas emanam do seio da divindade, e Tatiano, o Assrio, seu discpulo, declarava que "o homem to imortal quanto o prprio Deus".

    MUTILAES DOS LIVROS SAGRADOS JUDAICOS TRADUZIDOS. (L.1.pg.110). O versculo profundamente significativo do Gnese: "E a todos os animais da terra e a todas as aves dos cus e a todos os rpteis da terra eu dei uma Alma Viva (...)" deveria chamar a ateno de todos os eruditos hebreus capazes de ler a Escritura no original, e demov-los de seguir a traduo errada, na qual se l: "em que h vida" (Gnese, I, 30.) Desde o primeiro captulo at o ltimo, os tradutores dos Livros Sagrados judaicos interpretaram mal este significado. Eles mudaram a ortografia do nome de Deus, como prova Sir W. Drummond. Assim, El se corretamente escrito, deveria ler-se Al, e, segundo Higgins, esta palavra significa o deus Mitra, o Sol, o conservador e o salvador. Sir W. Drummond mostra que Beth-El significa a Casa do Sol. " Foi assim que a Teologia desfigurou a antiga Teosofia e a Cincia, a antiga Filosofia. Por no compreendermos este grande princpio filosfico, os mtodos da Cincia moderna, embora exatos, a nada levaro. No h um s de seus ramos que possa demonstrar a origem e o fim das coisas. Em vez de investigar o efeito a partir de sua fonte primeiro, o seus progresso se d ao inverso. Os tipos superiores, como ele ensina, resultam da evoluo dos tipos inferiores. Ela parte do fundo do ciclo, conduzida passo a passo no grande labirinto da natureza por um fio de matria. Assim que este se rompe e a pista se perde, ela recua, assustada, diante do Incompreensvel, e confessa a sua impotncia. No procediam assim Plato e seus discpulos. Para eles, os tipos inferiores so simplesmente as imagens concretas dos tipos abstratos superiores. A alma, que imortal, tem uma origem aritmtica, assim como o corpo tem uma origem geomtrica. Esta origem, enquanto reflexo do grande ARCHAEUS universal, dotada de movimento prprio e difunde-se a partir do centro sobre cada corpo do microcosmos. A figura geomtrica fundamental da Cabala - essa figura que a tradio e as doutrinas esotricas nos dizem ter sido dada pela prpria Divindade a Moiss no Monte Sinais (xodo, xxv, 40 - Cuida para que se execute este trabalho segundo o modelo que te mostrei no monte) - contm em sua grandiosa, porque simples, combinao a chave do problema universal. Essa figura contem em si todas as outras. Para aqueles que so capazes de domin-la, no h necessidade de exercitar a imaginao. Nenhum microscpio pode ser comparado intensidade de percepo espiritual.

    DAS DOUTRINAS DO ESPIRITUALISMO. (L.1.pg.111). As doutrinas fundamentais do Espiritualismo, diz Huxley, "esto fora dos limites da investigao filosfica". Seremos bastantes audazes para contradizer tal assero, e dizemos que elas esto muito mais dentro desses limites do que o protoplasma de Huxley. Ainda mais que elas oferecem fatos palpveis e evidentes da existncia do esprito, e as clulas protoplasmticas, uma vez mortas, no apresentam absolutamente nada das origens ou das bases da vida, como este autor, um dos poucos "pensadores de proa do presente", nos quer fazer acreditar. Os antigos cabalistas no se demoravam numa hiptese, se a base desta no estivesse estabelecida sobre a rocha slida das experincias comprovadas. Mas a exagerada subordinao aos fatos fsicos ocasiona a pujana do materialismo e a decadncia da espiritualidade e da f. Ao tempo de Aristteles, era essa a tendncia de pensamento dominante. E embora

  • o preceito dlfico ainda no tivesse sido completamente eliminado do pensamento grego, e alguns filsofos ainda sustentassem que "para saber o que o homem , devemos saber o que o homem foi, o materialismo j tinha comeado a corroer a f pela raiz. Os prprios mistrios haviam se degenerado ao extremo em meras especulaes sacerdotais e fraudes religiosas. Poucos eram os verdadeiros adeptos e iniciados, os herdeiros e os descendentes daqueles que foram dispersados pelas espadas conquistadoras de vrios invasores do Antigo Egito. O tempo predito pelo Hermes em seu dilogo com Esculpio tinha deveras chegado; o tempo em que estrangeiros mpios iriam acusar o Egito de adorar monstros, em que nada iria sobreviver de suas instituies, a no ser as inscries gravadas na pedra sobre os monumentos - enigmas incrveis para a posteridade. Seus escribas e seus hierofantes erravam sobre a Terra. Obrigados pelo medo da profanao dos santos mistrios a procurar refgio entre as confrarias hermticas - conhecidas mais tarde sob o nome de essnios, seus conhecimentos esotricos foram ento mais do que nunca sepultados profundamente. A espada triunfante do discpulo de Aristteles removera de sua trilha de conquista todo vestgio de uma outrora pura religio, e o prprio Aristteles, tipo e prottipo de sua poca, embora instrudo na cincia secreta dos egpcios, pouco conheceu desses soberano redundados de milnios esotricos. Nossa cincia moderna reconhece um Poder Supremo, de um Deus pessoal. Logicamente, pode-se contestar que existe uma diferena entre as duas idias, pois, no presente caso, o Poder e o Ser so idnticos. A razo humana imagina com dificuldade um Poder Supremo inteligente, se no o associa idia de um Ser Inteligente. No esperamos que as massas ignorantes tenham uma clara concepo da onipotncia e da onipresena de um Deus Supremo sem dotar tais atributos de uma gigantesca projeo de sua prpria personalidade. Mas os cabalistas jamais consideraram o invisvel UNSOPH EN-SOPH, O infinito ou ilimitado. seno como um Poder.

    A MAGIA VISTA SEMPRE COMO UMA CINCIA DIVINA. (L.1.pg.113). Maimnides, o grande telogo e historiador judeu que, numa certa poca, foi quase deificado por seus concidados e, mais tarde, tratado como hertico assinala que quanto mais o Talmud parece absurdo e vazio de sentido, mais sublime o seu significado secreto. Este homem sbio demonstrou vitoriosamente que a Magia Caldaica, a cincia de Moiss e de outros sbios taumaturgos, baseava-se totalmente num extenso conhecimento dos diversos e hoje esquecidos ramos da cincia natural. Perfeitamente a par dos recursos dos reinos vegetal, animal e mineral, versados na Qumica e na Fsica ocultas, psiclogos e fisilogos, por que ficarmos espantados se os iniciados e os adeptos instrudos nos santurios misteriosos dos templos podiam operar maravilhas que, mesmo em nossos dias esclarecidos, parecem sobrenaturais? um insulto natureza humana difamar a Magia e as cincias ocultas tratando-as como imposturas. Acreditar que durante tantos milhares de anos uma metade do gnero humano praticou o embuste e a fraude com a outra metade equivalente a dizer que a raa humana composta quase exclusivamente de malfeitores e de idiotas incurveis. Nos mais antigos documentos que hoje possumos - os Vedas e as Leis de Manu, mais antigas ainda -, encontramos muitos ritos mgicos praticados e permitidos pelos brmanes. O Tibete, o Japo e China ensinam at hoje o que ensinavam os antigos caldeus. O clero desses respectivos pases prova, alm disso, o que eles ensinam, ou seja: que a prtica da pureza moral e fsica, e de algumas austeridade, desenvolve o poder total da alma para a auto-iluminao. Concedendo ao homem o controle sobre o seu prprio esprito mortal, tais prticas lhe do verdadeiro poder sobre os espritos elementares que lhe so inferiores. No Ocidente, descobriremos que a Magia remonta a uma poca to recuada como a do Oriente. Os druidas da Gr-Bretanha a praticavam nas criptas silenciosas de suas grutas profundas; e Plnio consagrava mais de um captulo "sabedoria" dos lderes celtas. Os semoteus - os druidas glicos - professavam tanto as cincias espirituais como as cincias fsicas. Eles ensinavam os segredos do universos, a marcha harmoniosa dos corpos celestes, a formao da Terra e, sobretudo, a imortalidade da alma. Em seus bosques sagrados - academias naturais construdas pela mo do Arquiteto Invisvel - os iniciados se reuniam, na hora tranqila da meia-noite, para aprender o que o homem foi e o que ser. No precisavam de iluminao artificial, nem de gs malso, para alumiar os seus templos, pois a casta deusa da noite projetava os raios mais prateados sobre as suas cabeas coroadas de folhas de carvalho; e os bardos sagrados vestidos de branco sabiam como conversar com a rainha solitria da voluta estrelada. A Magia to antiga quanto a Humanidade. to impossvel indicar a poca de seus incio como fixar o dia em que o primeiro homem nasceu. Consideraram alguns que Odin, o sacerdote e monarca escandinavo, teria dado incio pratica da Magia por volta de setenta anos antes da era crist. Mas demostrou-se facilmente que os ritos misteriosos das

  • sacerdotisa chamadas voilers, valas, eram muito anteriores a essa poca. Alguns autores modernos procuraram provar que Zoroastro foi o fundador da Magia, porquanto foi ele o fundador da religio dos magos. Amiano Marcelino, Arnbio, Plnio e outros historiadores antigos demonstraram conclusivamente que ele foi apenas um reformador da arte mgica tal como era praticada pelos caldeus e pelos egpcios.

    A LINHAGEM SIMBLICA USADA NOS LIVROS ANTIGOS. OS FENMENOS MEDINICOS. (L. 1. pg.114). Os maiores professores de Teologia concordam em reconhecer que todos os livros antigos foram escritos simbolicamente e numa linguagem inteligvel apenas aos iniciados. O esboo biogrfico de Apolnio de Tiana um exemplo disso. Como qualquer cabalista o sabe, tal esboo enfeixa toda a Filosofia Hermtica e forma, em muitos aspectos, a contrapartida das tradies que nos foram deixadas pelo rei Salomo. Ele se assemelha a um conto de fadas, mas, como no caso deste, s vezes os fatos e os acontecimentos histricos so apresentado ao mundo sob as cores da fico. A viagem ndia representa alegoricamente as provas de um nefito. Seus longos dilogos com os brmanes, os sbios conselhos destes e os dilogos com o corinto Menipo, se interpretados, reproduziriam o catecismo esotrico. Sua visita ao imprio dos sbios, sua entrevista com o rei Hiarchas, o orculo de Anfiarau, explicam de maneira simblica muitos dos dogmas secretos de Hermes. Bem compreendidos, eles nos abririam alguns dos segredos mais importantes da natureza. liphas Lvi assinala a grande semelhana que existe entre o rei Hiarchas e o fabuloso Hiram, de quem Salomo obteve os cedros do Lbano e o ouro de Ofir. Assim, os babilnios determinaram a durao do ano tropical com um erro de 25 segundos; seu clculo do ano sideral acusa a diferena de apenas dois segundos a mais. Eles descobriram a precesso dos equincios. Conheciam as causas dos eclipses e, com a ajuda de seu ciclo, chamado saros, podiam prediz-los. Seus clculos do valor desse ciclo, que compreendia mais de 6.585 dias, tinha um erro de dezenove minutos e trinta segundos". "Tais fatos fornecem a prova irrefutvel da pacincia e da habilidade com as quais a Astronomia foi cultivada na mesopotmia e de que, apesar dos instrumentos inadequados, esta cincia atingiu um perfeio que no se deve desprezar. Esses antigos observadores fizeram um catlogo das estrelas, dividiram o zodaco em doze signos; separaram o dia e a noite em doze horas. Devotaram-se, por longo tempo, como diz Aristteles, observao das ocultaes das estrelas pela Lua. Corrigiram as idias a respeito da estrutura do sistema solar, e conheceram a ordem de localizao dos planetas. Construram relgios solares, clepsidras, astrolbios, gnomos." Falando do mundo das verdades eternas que se ocultam "no mundo das iluses transitrias e das no-realidades", diz o Prof. Draper: "Esse mundo no ser descoberto graas s vs tradies que nos transmitiram a opinio dos homens que viveram nos albores da civilizao, nem no sonhos dos msticos que se acreditavam inspirados. Ele ser descoberto atravs das investigaes da Geometria, e das interrogaes prticas Natureza. Exatamente. A concluso no poderia estar mais bem expressa. Esse eloqente escritor fala-nos uma verdade profunda. Contudo, ele no nos fala toda a verdade, pois no a conhece. Ele no descreveu a natureza e a extenso dos conhecimentos ensinados nos mistrios. Nenhum povo posterior foi to proficiente na Geometria quanto os construtores das pirmides e de outros monumentos gigantescos antediluvianos e ps-diluvianos. Por outro lado, ningum jamais os igualou na interrogao prtica Natureza. Uma prova inegvel disso o significado de seus incontveis smbolos. Cada um desses smbolos uma idia concretizada - que combina a concepo do Divino Invisvel com o terreno e o visvel. Um deriva do outro, por analogia, de acordo com a frmula hermtica - "como embaixo, assim em cima". Seus smbolos mostram grande conhecimento das cincias naturais e um estudo prtico do poder csmico. Schweigger prova que os smbolos de todas as mitologias tm base e essncia cientificas. Foi apenas atravs das recentes descobertas das foras fsicas eletromagnticas da Natureza que alguns entendidos em Mesmerismo, como Ennemoser, Schweigger e Bart, na Alemanha, o Baro Du Potet e Regazzoni, na Frana e na Itlia, conseguiram estabelecer, com rigorosa preciso, a verdadeira correlao que existe entre cada Theomythos e uma dessas foras. O dedo idico, que tant importncia teve na arte mgica de curar, consiste num dedo de ferro que alternativamente atrado e repelido por foras magnticas naturais. Na Samotrcia, ele produziu prodgios de cura, devolvendo os rgo afetados ao seu estado normal Bart vai mais longe do que Schweigger, ele trata extensamente dos dctilos frgios, esses "mgicos e exorcistas das doenas", e dos teurgistas cabrios. E diz: "Enquanto tratamos da ntima unio dos dctilos com as foras magnticas, no nos limitamos necessariamente pedra magntica e nossas idias a respeito da Natureza no fazem mais do que uma vista d'olhos sobre o magnetismo em conjunto. Assim se

  • compreende, ento, como os iniciados, que a si prprios se chamavam dctilo, despertam o assombro das gestantes com as suas artes mgicas, operando, como fizeram, milagres de natureza curativa. A isto eles prprios acrescentaram muitos outros conhecimentos que o clero da Antigidade tinha o hbito de praticar: o cultivo da terra e da moralidade, o progresso da arte e da cincia, os mistrios e as consagraes secretas. Tudo isso foi feito pelos sacerdotes cabros, " e por que no guiados e ajudados pelos misteriosos espritos da Natureza?" Schweigger da mesma opinio, e demonstra que os fenmenos da antiga teurgia eram produzidos por poderes magnticos "sob a orientao dos espritos". Apesar do seu aparente politesmo, os antigos - pelo menos os das classes esclarecidas - eram totalmente monotestas; e isso, sculos e sculos antes dos dias de Moiss. Nos Papiros de Ebers esse fato mostrado de maneira definitiva nas seguintes palavras, traduzidas das primeiras quatro linhas da Lmina I: "Eu vim de Helipolis com os grandes seres de Het-aat, os Senhores da Proteo, os mestres da eternidade e da salvao. Eu vim de Sais com as Deusas-Mes, que me protegeram. O Senhor do Universo disse-me como libertar os deuses de todas as doenas mortais". Os homens eminentes eram chamados de deuses pelos antigos. Ningum contesta o mrito de Champollion como egiptlogo. Ele declara que tudo faz crer que os antigos egpcios eram profundamente monotestas. E confirma em seus mnimos detalhes a exatido das obras do misterioso Hermes Trimegistro, cuja antigidade se perde na noite dos tempos. Ennemoser diz tambm: "Herdoto, Tales, Parmnides, Empdocres, Orfeu e Pitgoras foram ao Egito e ao Oriente a fim de se instrurem na Filosofia Natural e na Teologia". Foi l tambm que Moiss adquiriu seus conhecimentos, e Jesus passou os primeiros anos de sua vida. L se reuniam os estudantes de todas as naes antes da fundao de Alexandria. "Por que razo", acrescenta Ennemoser, "se veio o conhecer to pouco dos mistrios? A resposta est no silncio universalmente rigoroso do iniciado. Outra causa se acha na destruio e perda completa de todos os relatos escritos do conhecimento secreto da mais remota Antigidade." Os livros de Numa, descritos por Tito Lvio, que consistiam de tratados sobre a Filosofia Natural, foram encontrados em seu tmulo; no se permitiu divulg-los, por receio de que revelassem os mais secretos mistrios da religio do Estado. O senado e os tribunos do povo determinaram que esses livros fossem queimados e tal deciso foi publicamente executada. A Magia era considerada uma cincia divina que permitia a participao nos atributos da prpria Divindade. "Ela desvenda as operaes da Natureza", diz Flon, o Judeu, :e conduz contemplao dos poderes celestiais. Mais tarde, o abuso e a sua degenerao em feitiaria a transformaram num objeto de abominao geral. Devemos, por isso, consider-la apenas como era no passado remoto, quando toda religio verdadeira se baseava no conhecimento das foras ocultas da Natureza. No foi a classe sacerdotal da Prsia antiga que institui a Magia, como se acreditava comumente, mas sim os magi, que dela derivam o nome. Os mobeds, sacerdotes dos prsis - os antigos ghebers -, chamam-se, ainda hoje, mago, no dialeto dos pehlvis. A Magia surgiu no mundo com as primeiras raas de homens. Cassino menciona um tratado, muito conhecido nos sculos IV e V, que se atribua a Cam, o filho de No, que por sua vez o teria recebido de Jared, a quarta gerao aps Seth, o filho de Ado. Moiss devia seus conhecimentos me da princesa egpcia Termutis, que o salvou das guas do Nilo. A mulher do Fara, Batria, era ela prpria uma iniciada e os judeus lhe deram a guarda de seu profeta, "educado em toda a cincia dos egpcios e poderoso em palavras e aes". Justino, o Mrtire, baseando-se na autoridade de Trogo Pompeu, apresenta Jos como algum que adquiriu um grande conhecimento das artes mgicas entre os sacerdotes do Egito. Origines, que pertenceu escola platnica de Alexandria, declara que Moiss, alm dos ensinamentos da aliana, divulgou alguns importantssimos segredos "provindos das profundezas mais ocultas da lei" aos setenta ancios. Ele lhes ordenou que transmitissem tais segredos apenas queles que julgassem dignos. O clero das trs principais igrejas crist, a grega, a romana e a protestante, confunde-se com todos os fenmenos espirituais que se manifestam atravs dos chamados "mdiuns". E de fato h no muito tempo as duas ltimas igrejas queimaram, enforcaram e de muitas maneiras assassinaram todas as vtimas indefesas atravs de cujos corpos os espritos - e s vezes as foras cegas ainda inexplicadas da Natureza - se manifestavam. testa das trs igrejas, sobressai a Igreja de Roma. Ela est pronta e ansiosa para recomear. Mas os seus ps e mos esto atados pelo esprito de progresso e de liberdade religiosa do sculo XIX que ela condena e amaldioa diariamente. A Igreja grego-russa a mais doce e a mais crist em sua simples e primitiva, ainda que cega, f.

  • Os fenmenos medinicos ocorreram em todos os tempos, na Rssia como em outros pases. Essa fora ignora diferenas religiosas, ri-se das nacionalidades e invade, sem convite, qualquer individualidade, seja esta a de uma cabea coroada ou a de um pobre mendigo.

    O Prncipe de Holenlohe, to clebre durante o primeiro quarto deste sculo por seus poderes de cura, era um grande mdium. De fato, esses fenmenos e poderes no pertencem a nenhum pas em particular. Fazem parte dos atributos psicolgicos do homem - o microcosmo.

    A DIVISO DA HISTRIA DA HUMANIDADE EM CICLOS. (L. 1. pg. 122).

    Para demonstrar que as naes sustentadas pelos antigos a respeito da diviso da Histria humana em ciclos no careciam inteiramente de bases filosficas, apresentaremos ao leitor uma das mais antigas tradies da Antigidade concernentes evoluo de nosso planeta. Ao trmino de cada "grande ano", que Aristletes - de acordo com Densorino - chamava o maior, e que consiste de seus sars (BERROSO, Astrlogo CALDEU, FIXA A DURAO DE UM SAR, EM 3.600 ANOS.), nosso planeta est sujeito a uma completa revoluo fsica. Os climas polares e equatoriais mudam gradualmente de lugar. Os primeiros avanam lentamente para a linho equatorial, e a zona equatorial (com sua vegetao exuberante e seus enxames de vida animal) toma o lugar dos desertos gelados dos plos. Essa mudana de clima necessariamente acompanhada por cataclismos, tremores de terra e outras convulses csmicas. (Antes de rejeitarem essa teoria por mais tradicional que seja -, os Cientistas deveriam explicar por que, ao fim do Perodo Tercirio, o hemisfrio norte sofreou uma reduo de temperatura de tal ordem que transformou completamente a zona trrida num clima siberiano. Tenhamos em mente que o sistema Heliocntrico nos vem da ndia setentrional; e que os germes de todas as grandes verdades astronmicas foram trazidos de l por Pitgoras. Como no temos uma demonstrao matemtica correta , uma Hiptese to boa quanto a outra.) Visto que os leitos dos oceanos se deslocam, ao final de cada decamilnio e por volta de um Neros, ocorre um dilvio semi-universal como o dilvio legendrio de No. Os gregos chamavam esse ano de helaco, mas ningum, fora do santurio, tinha com detalhes uma idia exata de sua durao. O inverno desse ano chamava-se cataclismo ou dilvio - o vero, ecpyrosus. As tradies populares ensinam que durante essas estaes o mundo alternativamente queimado e depois inundado. Isso pelo menos o que ensinam os Fragmentos astronmicos de Censorino e Sneca. A incerteza dos comentadores a respeito da durao desse ano era tant que nenhum deles exceto Herclito e Lino, que lhe atriburam, o primeiro 10.800 anos e o segundo 13.984 anos, se aproximou da verdade. De acordo com a opinio dos sacerdotes babilnicos, corroborada por Eupolemo, "a cidade de Babilnia foi fundada pelos que se salvaram da catstrofe do dilvio; eram os gigante, e construram a torre de que se fala na Histria". Esses girantes, que eram grandes astrlogos e receberam de seus pais, "os filhos de Deus", uma completa instruo nas coisas secretas, instruram por sua vez, os sacerdotes a deixaram nos templos todos os registros do cataclismo peridico de que eles prprios eram testemunhas. Foi assim que os altos sacerdotes chegaram ao conhecimento dos grandes anos. Quando lembramos, alm disso, que Plato no Timeu fala de um velho sacerdote egpcio que representa a Slon por ignorar o fato de que houve vrios desses dilvios, como o grande dilvio de Ogyges, podemos facilmente compreender que essa f no heliakos era uma doutrina sustentada pelos sacerdotes iniciados de todo o mundo. Os Neros, o Brihaspati ou os perodos chamados yugas (A milsima parte de um Kalpa. Uma das quatro idades do Mundo e cuja srie continua em sucesso durante o ciclo o ciclo Manvantrico. [Ou kalpasNoite de perodo de uma revoluo do mundo, geralmente um ciclo de tempo, porm comumente representa um Dia e uma Noite de Brahm, um Perodo de 4.320 milhes de anos.), so problemas vitais a resolver. O Satya-yuga e os ciclos budistas de cronologia se traduzem por nmeros que fariam arrepiar um matemtico. O Mah-kalpa ("Grande era". "Ou "GRANDE CICLO".) abarca um nmero incontvel de perodo que remontam a muito antes das eras antediluvianas. Como nosso planeta gira todos os anos uma vez em redor do Sol e ao mesmo tempo uma vez a cada vinte e quatro horas sobre o seu prprio eixo, atravessando assim crculos menores dentro de outro maior, a obra dos perodos cclicos menores se cumpre e se reinicia nos limites do Grande Saros (GRANDE CICLO). A revoluo do mundo fsico, segundo a antiga doutrina, acompanhada de uma revoluo anloga no mundo do intelecto - uma vez que tanto o mundo espiritual como o fsico caminham por ciclos. Vemos, dessarte, na Histria, uma sucesso alternada de fluxos e de refluxo na mar do progresso humano. Os grandes reinos e imprios do mundo, depois de atingirem o ponto culminante de sua grandeza, declinam, de acordo com a mesma lei que os faz acenderem; at que, ao atingir o ponto mais baixo, a Humanidade se reafirma e sobe novamente, e a altura de seu esforo, devido a essa lei de progresso ascendente por ciclos, um pouco mais elevada do que o ponto do qual ela tinha antes descido.

  • A diviso da Histria da Humanidade em Idades do Ouro, da Prata, do Cobre e do Ferro no uma fico. Vemos o mesmo fenmeno reproduzir-se na literatura dos povos. Uma idade de grande inspirao e de produo inconsciente invariavelmente seguida de uma idade de crtica e de conscincia. Uma fornece os materiais para o intelecto analtico e crtico da outra. Assim, todas as grandes personalidades que se erguem como gigantes na histria do gnero humano, como Buddha-Siddharta, e Jesus, no reino das conquistas espirituais, bom como Alexandre, o Macednio, e Napoleo, o Grande, no reino das conquistas fsicas, so apenas imagens refletidas de tipos humanos que viveram h dez mil anos, no decemilnio precedente, reproduzidas pelos misteriosos poderes que controlam os destinos de nosso mundo. No existe uma nica personalidade proeminente nos anais da histria sagrada ou profana cujo prottipo no se possa encontrar nas tradies, metade fictcias, metade reais, das religies e das mitologias de outrora. Tal como a estrela que, brilhando a uma distncia incomensurvel acima de nossas cabeas, na imensidade sem limites do cu, se reflete nas guas lmpidas de um lago, assim a imagem dos homens antediluvianos se reflete nos perodos que podemos enfeixar num retrospecto histrico. " Como em cima, assim embaixo. O que foi retornar novamente. Como no cu, assim na terra." pois, sem dvida, apenas Antigidade que devemos nos dirigir para conhecer a origem de todas as coisas.

    O ANSEIO DO HOMEM PELA IMORTALIDADE.(L. 1. pg. 127). A natureza humana como a Natureza universal em seu horror ao vcuo. Ela sente uma aspirao intuitiva pelo Poder Supremo. Sem um Deus, o cosmo lhe pareceria semelhante a um mero cadver sem alma. Proibido de busc-lo onde apenas os Seus vestgios seriam encontrados, o homem preencheu o penoso vazio com o Deus pessoal que os seus mestres lhe edificaram com as runas esparsas dos mitos pagos e com as filosofias encanecidas da Antigidade. A Humanidade tem uma necessidade inata e irrefrevel que deve ser satisfeita em qualquer religio que suplante a teologia dogmtica indemonstrada e indemostrvel de nossos sculos cristos. Trata-se do anseio pelas provas da imortalidade. Muitos sacerdotes cristo foram forados a reconhecer que no existe uma fonte autntica da qual a certeza numa existncia futura possa ser extrada pelo homem. Como poderia, ento, ter-se mantido essa crena, durante sculos incontveis, seno porque, entre todas as naes, civilizadas ou brbaras, homens forneceram as provas demonstrativas? Os maiores pensadores da Grcia e de Roma consideravam tais "aparies espectrais" como fatos demonstrados. Eles distinguiam as aparies pelos nomes de manes, anima e umbra: os manes descem, aps a morte do indivduo, ao mundo inferior; a anima, ou esprito puro, sobe ao cu; e a umbra (o esprito ligado a Terra), sem repouso, vaga ao redor de seu tmulo, j que a atrao da matria e a afeio pelo seu corpo nele predominam e lhe impedem a ascenso s regies superiores. Mas todas essas definies devem ser submetidas cuidadosa anlise da Filosofia. Muitos de nossos pensadores no consideram que as numerosas modificaes na linguagem, a fraseologia alegrica e a evidente discrio dos antigos escritores msticos, que eram obrigados a jamais divulgar os segredos solenes do santurio, puderam infelizmente iludir os tradutores e comentadores. O esquecimento e a recusa dessas provas conduziram algumas mentes elevadas como Hare e Wallace, e outros homens de poder, para o rebanho do moderno espiritualismo. Ao mesmo tempo, compeliram outros, congenitamente desprovidos de intuies espirituais, para um materialismo grosseiro que figura sob vrios nomes. O momento mais oportuno do que nunca para revisar as filosofias antigas. Arquelogos, filsofos, astrnomos, qumicos e fsicos esto cada vez mais se aproximando do ponto em que sero forados a lev-las em considerao. A cincia fsica j atingiu os seus limites de explorao; a teologia dogmtica v secaram as suas fontes de inspirao. A menos que os sinais nos enganem, aproxima-se o dia em que o mundo receber as provas de que apenas as religies antigas estavam em harmonia com a Natureza, e de que a cincia abarcava tudo o que pode ser conhecido. Segredos longamente mantidos podero ser revelados, livros longamente esquecidos e artes, durante muito tempo perdidas, podero ser novamente trazidos luz; papiros e pergaminhos de importncia inestimvel surgiro nas mos de homens que pretendero t-los desenrolado das mmias, ou t-los encontrado nas criptas soterradas; tbuas e colunas, cujas revelaes esculpidas desconcertaro os telogos e confundiro os cientistas, podero ser desterradas e interpretadas. Quem conhece as possibilidades do futuro? Uma era de desiluso e de reconstruo vai comear - no, j comeou. O ciclo quase cumpriu o seu curso; um novo ciclo est prestes a comear, e as futuras pginas da histria do homem no s contero a plena evidncia, como tambm conduziro plena prova de que:

    Se devemos acreditar em algo dos ancestrais que os espritos desceram para conversar com o homem, E lhes revelaram segredos do mundo desconhecido.

  • CAPTULO II

    FENMENOS E FORAS

    O HOMEM E AS INFLUNCIAS DOMINANTES (L.1 pg.133).

    Basta ao homem saber que ele existe? Basta que se forme um ser humano para que merea o nome de HOMEM? nossa firme opinio e convico de que para ser uma genuna entidade espiritual, na verdadeira acepo da palavra, o homem deve inicialmente, por assim dizer, criar-se de novo - isto , eliminar por completo de sua mente e de seu esprito no s a influncia dominante do egosmo e de outras impurezas, mas tambm a infeco da superstio e do preconceito. O preconceito difere bastante do que comumente chamamos antipatia. No princpio, somo irresistvel e energicamente arrastados sua roda negra pela influncia peculiar, pela poderosa corrente de magnetismo que emana tanto das idias como dos corpos fsicos. Somos cercados per ela, e finalmente impedidos pela covardia moral - pelo medo da opinio pblica - de escapar-lhe. raro os homens considerarem uma coisa sob o seu verdadeiro ou falso aspecto, aceitando a concluso por um ato livre do seu prprio julgamento. Muito ao contrrio. Por via de regra, a concluso procede da cega adoo do modo de ver que predomina momentaneamente entre aqueles com quem se associam. A cincia est diria e rapidamente avanando rumo s grandes descobertas na Qumica e na Fsica, na Organologia e na Antropologia. Os homens esclarecidos deveriam estar livres de preconceitos e supersties de toda espcie; entretanto, embora o pensamento e a opinio sejam agora livres, os cientistas ainda so os mesmos homens de outrora.

    O MODERNO ESPIRITISMO. (L.1.pg.134). Durante muitos anos, vigiamos o desenvolvimento e o crescimento desse pomo de discrdia - O MODERNO ESPIRITISMO. Familiarizados com a sua literatura na Europa e na Amrica, testemunhas estreitas e ansiosamente as suas interminveis controvrsias comparamos as suas hipteses contraditrias. Muitos homens e mulheres instrudos - espiritualmente heterodoxos, naturalmente - tentaram compreender o fenmeno proftico. Como nico, resultado, eles chegaram seguinte concluso: qualquer que seja a razo desses fracassos constantes - atribuam-nos quer inexperincia dos prprios investigadores, quer Fora secreta em ao -, ficou ao final provado que, medida que as manifestaes psicolgicas crescem em freqncia e em variedades, a escurido que cerca a sua origem torna-se mais e mais impenetrvel. Que os fenmenos so efetivamente testemunhados, misteriosos em sua natureza - geralmente e talvez erradamente chamados de espiritistas - intil agora negar. Concedendo um grande desconto fraude inteligente, o que resta muito srio para exigir o cuidadoso exame da cincia. Precisamos agora da coragem de Galileu para lan-la ao rosto da Academia. Os fenmenos psicolgicos j esto na ofensiva. A posio assumida pelo cientistas modernos a de que, sendo embora um fato a ocorrncia de fenmenos misteriosos na presena de mdiuns, no h provas de que eles no so devidos a algum estado nervoso anormal desses indivduos. A possibilidade de que eles sejam produzidos por espritos humanos que retornam no deve ser considerada antes de se dedicar a outra questo. Uma outra exceo se pode registrar quanto a esse posicionamento. Inquestionavelmente, o nus da prova incumbe queles que afirmam a interveno dos espritos. Na verdade, a grande maioria das comunicaes "espirituais" de natureza a indignar at mesmo os investigadores de inteligncia mdia. Mesmo quando autnticas, elas so triviais, convencionais e amide vulgares. Durante os ltimos vinte anos recebemos por intermdio de vrios mdiuns mensagens diversas que passam por ser de Shakespeare, Byron, Benjamim Franklin, Pedro, o Grande, Napoleo e Josefina, e at de Voltarie. A impresso geral que nos fica a de que o conquistador francs e a sua consorte parecem ter esquecido a maneira de grafar corretamente as palavras; que Shakespeare e Byron se tornaram bbados contumazes; e Voltaire se tornou um imbecil. O trfico de nomes clebres vinculados a comunicaes idiotas causou no estmago dos cientistas uma tal indigesto que este no pode assimilar nem mesmo a grande verdade que repousa nos plateaux telegrficos desde oceano de fenmenos psicolgicos. Mas poderiam, com igual propriedade, negar que existe uma gua clara nas profundezas do mar quando o limo do leo flutua na superfcie. Por conseguinte, se por um lado no podemos em verdade censur-los por recuarem ao primeiro sinal do que parece realmente repulsivo, ns o fazemos, e temos direito de censur-los por sua m vontade em explorar mais fundo.

  • Numa recente obra filosfica, The Unseen World, ao mostrar que a partir da definio mesma dos termos matria e esprito a existncia do esprito no pode ser demonstrada aos sentidos, e que por isso nenhuma teoria est sujeita aos testes cientficos, ele desfere, nas seguintes linhas, um severo golpe em seus colegas: "A prova num caso assim", diz ele, "ser, de acordo com as condies da presente vida, para sempre inacessveis. Ela est completamente fora do mbito da experincia. Por abundante que seja, no podemos esperar encontr-la. E, por conseguinte, nosso fracasso em produzi-la no deve suscitar a menor presuno contra a nossa teoria. Assim concebida, a crena na vida futura no tem base cientfica, mas ao mesmo tempo ela est situada alm da necessidade da base cientfica e do mbito da critica cientfica. Nenhuma exigncia proposta para uma audio das opinies contidas na presente obra, a no ser a de que elas se baseiam no estudo de muitos anos da antiga Magia e da sua forma moderna, o Espiritismo. A primeira, mesmo agora, quando os fenmenos da mesma natureza se tornaram to familiares a todos, comumente descrita como uma hbil prestidigitao. A ltima, quando a evidncia esmagadora exclui a possibilidade de sinceramente declar-la charlatanesca, designada como uma alucinao universal. Anos e anos de peregrinao entre mgicos, ocultistas, mesmerizadores "pags" e "cristos" e o tutti quanti das artes brancas e negra, foram suficientes, acreditamos, para autorizar-nos a praticamente considerar esta questo duvidosa e muitos complicada. Ns nos juntamos aos faquires, os homens santos da ndia, e os vimos quando em comunicao com os Pitris (Antepassados). Vigiamos os procedimentos e modus operandi dos dervixes rodopiantes e danantes; entretivemos relaes amistosas com os marabuts da Turquia europia e asitica; e os encantadores de serpente de Damasco e Benares tm pouqussimos segredos que no tivemos a sorte de estudar. Por isso, quando os cientistas que jamais tiveram uma oportunidade de viver entre prestidigitadores orientais que jamais tiveram um oportunidade de viver entre estes prestidigitadores orientais e que, alm disso, s podem julgar superficialmente nos dizem que nada h em suas aes a no ser meros truques de prestidigitao, no podemos deixar de sentir uma profunda tristeza por tais concluses apressadas. Exigir pretensiosamente uma anlise profunda dos poderes da Natureza, e ao mesmo tempo exibir uma negligncia imperdvel para com as questes de carter puramente fisiolgico e psicolgico, e rejeitar sem exame ou apelao fenmenos surpreendentes fazer mostra de inconseqncia, fortemente tingida de timidez, se no obliqidade moral. TEORIA DO SR. CROOKES SOBRE OS FENMENOS OBSERVADOS. (L 1 pg. 139) Os Cientistas deveriam ter aprendido, por sua vez, na escola da amarga experincia, que podem confiar na auto-suficincia das cincias positivas apenas at um certo ponto; e que, enquanto um nico mistrios inexplicado existir na Natureza, lhes perigoso pronunciar a palavra impossvel. Nas Researches on the Phenomena of spiritualism, o Sr. Crookes submete opinio do leitor oito teorias "para explicar os fenmenos observados". So as seguintes: " Primeira teoria. - Todos os fenmenos so o resultado de truques, hbeis arranjos mecnicos ou prestidigitao; os mdiuns so impostores, e os demais observadores, tolos (...) " Segunda Teoria. - As pessoas numa sesso so vtimas de uma espcie de obsesso ou iluso, e imaginam que ocorrem fenmenos que no tm qualquer existncia objetiva. " Terceira Teoria. - Tudo o resultado de uma ao cerebral consciente ou inconsciente. " Quarta Teoria. - O resultado do esprito do mdium, talvez em associao com os espritos de alguns ou de todas as pessoal presentes. " Quinta Teoria. - As aes de espritos maus, ou de demnios, que personificam as pessoas ou as coisas que lhes agradam, a fim de minar a cristandade, e de perder as almas dos homens. [Teoria de nossos telogos.] " Sexta Teoria. - As aes de uma ordem distinta de seres que vivem nesta Terra mas so invisveis e imateriais para ns. Capazes, contudo, ocasionalmente, de manifestar a sua presena. Conhecidos em quase todos os pases e pocas como demnios (no necessariamente maus), gnomos, fadas, kobolds, elfos, duendes, Puch, etc. [Uma das opinies dos cabalistas.] " Stima Teoria. - As aes de seres humanos mortos - a teoria espiritual par excellence. " Oitava Teoria. - (A Teoria da Fora Psquica)... um auxiliar da quarta, quinta, sexta e stima teorias. Como a primeira dessas teorias s se mostrou vlida em casos excepcionais, embora infelizmente muito freqentes, ela deve ser rejeitada por no ter nenhuma influencia material sobre os fenmenos em si. A segunda e a terceira teorias so as ltimas esboroantes trincheiras da guerrilha dos cpticos e materialistas, e

  • permanecem, como dizem os advogados, adhuc sub judice lis est. Portanto, podemos nos ocupar nesta obra apenas com as quatro teorias restantes, j que a ltima, a oitava, , segundo a opinio do Sr. Crookes, apenas "um auxiliar necessrio" das outras. Podemos ver quo sujeita est a erros mesmo um opinio cientifica, apenas se compararmos os vrios artigos sobre os fenmenos espirituais, oriundos da hbeis pena de certo cavalheiro, que apareceram de 1870 a 1875. Lemos um dos primeiros: "(...) o emprego continuo de mtodos cientficos promover observaes exatas e um respeito maior pela Verdade entre os pesquisadores, e produzir uma raa de observadores que lanaro desprezvel resduo do espiritismo no limbo desconhecido da Magia e da necromancia". E em 1875, ns lemos, acima de sua prpria assinatura, mincias e muito interessantes descries de um esprito materializado - Katie King! difcil imaginar que o Sr. Crookes tenha estado sob influncia eletrobiolgica ou sob alucinao durante dois ou trs anos consecutivos. O "esprito" apareceu em sua prpria casa, em sua biblioteca, sob os mais severos testes, e foi visto, apalpado e ouvido por centenas de pessoas. Mas o Sr. Crookes nega jamais ter tomado Katie King por um esprito desencarnado. O que era ela ento? Se no era a Srta. Florence Cook, e a sua palavra uma garantia suficiente para ns - ento era o esprito de algum que viveu na Terra ou de um daqueles que se classificam diretamente na sexta teoria das oito que o eminente cientista oferece escola do pblico. Seria um dos seres classificados sob os nomes de: fadas, kobolds, gnomos, duendes, ou um puck. FENMENO PSQUICO PROVOCADO PELO SR. CROOKES. Sim; Keite King deve ter sido um fada - uma titnia. Pois s a uma fada poderia aplicar-se com propriedade a seguinte efuso potica que o Sr. Crookes cita para descrever este maravilhoso esprito:

    "Ao seu redor ela criou uma atmosfera de vida; O prprio ar parecia mais brilhante nos seus olhos, Eles eram doces, belos e cheios De tudo que podemos imaginar dos cus; Sua presena irresistvel nos faz sentir; Que no seria idolatria ficar de joelhos !"

    Assim, aps ter escrito, em 1870, a sua severa sentena contra o Espiritismo e a Magia, aps ter mesmo dito ento que ele acreditava "que tudo no passa de superstio, ou, pelo menos, de um truque inexplicado - uma iluso dos sentidos", o Sr. Crookes, em 1875, fecha sua carta com as seguintes memorveis palavras: - "Imaginar, digo, que a Katie King dos trs ltimos anos possa ser o resultado de uma impostura constitui uma violncia maior para a razo e o senso comum do que acreditar que ela o que pretende ser". Esta ltima observao, por outro lado, prova conclusivamente que:1) Apesar da firme convico do Sr. Crookes de que o algum que se chamava Katie King no era nem um mdium nem algum cmplice, mas, ao contrrio, uma fora desconhecida da Natureza, que - como o amor - "ri-se dos obstculos"; 2) Que era uma espcie de Fora ainda no identificada, embora para ele se tenha tornado "no uma questo de opinio, mas de conhecimento absoluto". O eminente investigador no abandonou at o fim a sua atitude cptica a respeito da questo. Em suma, ele acreditava firmemente no fenmeno, mas no podia aceitar a idia de que se tratava do esprito humano de algum morto. Parece-nos que, at onde vai o preconceito pblico, o Sr. Crookes soluciona um Mistrio para citar um outro ainda mais profundo: o obscurum per obscurius. Em outras palavras, rejeitando " o indigno resduo do Espiritismo", o corajoso cientista arroja-se intrepidamente no seu prprio "limbo desconhecido da Magia e da necromancia!".

    AS ARTES PERDIDAS. (L. 1. pg. 141). As leis reconhecidas da cincia fsica explicam apenas alguns dos mais objetivos dos chamados fenmenos espiritistas. Embora provem a realidade de alguns efeitos visveis de uma fora desconhecida, elas no permitem aos cientistas controlarem livremente sequer esta parte dos fenmenos. A verdade que os professores ainda no descobriram as condies necessrias para a sua ocorrncia. Cumpre-lhes estudar profundamente a natureza tripla do homem - fisilogos, psiclogos e divina - como o fizeram os seus predecessores, os magos, os teurgistas e os taumaturgos da Antigidade. At o presente, mesmo aqueles que investigaram os fenmenos completa e imparcialmente, como o Sr. Crookes, deixaram de lado a causa, como se nada houvesse para ser descoberto agora, ou sempre. Eles se incomodam tanto com isso quanto com a

  • causa primeira dos fenmenos csmicos da correlao de foras, a observao e classificao de cujos efeitos lhes custam tanto esforo. Se os cientistas estudassem os chamados "milagres" em lugar de neg-los, muitas leis secretas da Natureza - que os antigos compreendiam - seriam novamente descobertos. "A certeza", diz Bacon, "no provm dos argumentos, mas das experincias". A fabricao de uma taa de vidro que foi trazida a Roma por um exilado no reino de Tibrio - uma taa "que ele atirou no passeio de mrmore e no trincou nem quebrou com a queda", e que, por ter ficado "um pouco amolgada", foi facilmente restaurada com um martelo - um fato histrico. Paracelso e Van Helmont sustentam ser este agente algum fludo da Natureza, "capaz de reduzir todos os corpos sublunares, homogneos ou mistos, ao se ens primun, ou matria original de que so compostos; ou ao seu licor uniforme, estvel e potvel, que unir com a gua, e os sucos de todos os corpos, sem perder as suas virtudes radicais; e, se misturando novamente com ele mesmo, ser assim convertido em gua elementar". Mas pode-se facilmente conceber, sem qualquer grande esforo de imaginao, que todos os corpos devem ter sido originalmente formados de alguma matria primeira, e que esta matria, segundo as lies da Astronomia, da Geologia e da Fsica, deve ter sido um fludo. Por que o ouro - cujo gnese os nossos cientistas conhecem to pouco - no teria sido originalmente uma matria de ouro primitiva ou bsica, um fludo ponderoso que, como diz Van Helmont, "devido sua prpria natureza, ou a uma forte coeso entre as suas partculas, adquiriu mais tarde uma forma slida?" Van Helmont chama-o "o maior e o mais eficaz de todos os sais, o qual, tendo obtido o grau supremo de simplicidade, pureza e sutileza, goza sozinho da faculdade de permanecer inalterado e ileso no contato com as substncias sobre as quais age, e de dissolver os corpos mais duros e mais refratrios, como pedras, gemas, vidros, terra, enxofre, metais, etc., num sal vermelho, de peso igual ao da matria dissolvida; e isso to facilmente como a gua quente derrete a neve". nesse fludo que os fabricantes do vidro malevel pretenderam, e ainda hoje pretendem, ter emergido o vidro comum durante horas, para adquirir a propriedade da maleabilidade. Esta "terra admica" vizinha prxima do alkahest, e um dos segredos mais importantes dos alquimistas. Nenhum cabalista revela-lo- ao mundo, pois, como ele o diz no bem-conhecido adgio: "seria explicar as guias dos alquimistas, e como as asas das guias so aparadas", um segredo que Thomas Vaughan (Eugnio Filaletes) levou vinte anos para aprender. O mundo caminha em crculos. As raas vindouras sero apenas a reproduo de raas h muito tempo desaparecidas; como ns, talvez, somos as imagens que viveram h sculos. Tempo vir em que aqueles que agora caluniam publicamente os hermetistas, mas estudam em segredo os seus volumes cobertos d p; que plagiam suas idias, assimilando-as e dando-as como suas prprias - recebero a sua paga. Paracelso foi o intrpido criador dos remdios qumicos; o fundador de grupos corajosos; controversista vitorioso, que pertence queles espritos que criaram entre ns um novo modo de pensar na existncia natural das coisas. O que dissemos atravs de seus escritos sobre a pedra filosofal, sobre os pigmeus e os espritos das minas, sobre os smbolos, sobre os homnculos, e sobre o elixir da vida, que so empregados por muitos para baixar sua estima, no pode extinguir a nossa recordao agraciada de suas obras gerais, nem a nossa admirao por seus intrpidos e livres esforos, e sua vida nobre e intelectual." Mas nossas modernas luzes pretendem saber mais, e as idias dos Rosa-cruzes sobre os espritos elementares, os duendes e os elfos, afundaram no "limbo da Magia" e dos contos de fada para a infncia. Concedemos de bom grado aos cpticos que metade, ou talvez mais, desses supostos fenmenos no passam de fraudes mais ou menos hbeis. As recentes revelaes, especialmente dos mdiuns "materializados", apenas comprovam este fato. O que pensariam os espiritistas sensveis do carter dos guias anglicos, que, depois de monopolizar, s vezes por anos, o tempo, a sade e os recursos de um pobre mdium, o abandonam de repente quando ele mais precisa de sua ajuda? Somente as criaturas sem alma ou conscincia poderiam ser culpadas de tamanha injustia. As condies? - Mero sofisma. Que espritos so esses que no convocariam, se necessrio, um exrcito de espritos amigos (se que existem) para arrancar o inocente mdium do abismo aberto aos seus ps? Tais coisas aconteceram nos tempos antigos, e podem acontecer agora. Houve aparies antes do Espiritismo moderno e fenmenos como os nossos em todos os sculos passados. Se as manifestaes modernas so uma realidade e fatos palpveis, ento tambm devem t-lo sido os pretensos "milagres" e as faanhas palpveis de outrora; e se estas no passam de fices supersticiosas, ento tambm o so aquelas, pois no repousam sobre provas melhores. Mas, nesta torrente diariamente crescente dos fenmenos ocultos que se precipitam de um lado a outro do globo, embora dois teros das manifestaes se tenham revelado esprios, o que dizer daqueles que so comprovadamente autnticos, acima de dvidas ou de sofismas? Entre estes possvel encontrar

  • comunicaes que chegam atravs de mdiuns profissionais ou no, as quais so sublimes e divinamente elevadas. s vezes, atravs de crianas e de indivduos ignorantes e simples, recebemos ensinamentos filosficos e preceitos, oraes poticas e inspiradas, msicas e pinturas que so totalmente dignas das reputaes de seus alegados autores. As suas profecias realizam-se com freqncia e as suas explicaes morais so benfazejas, embora estas ltimas ocorram mais raramente. Quem so esses espritos, o que so esses poderes ou inteligncias que so evidentemente exteriores ao prprio mdium e que so entidades per se? Essas inteligncias merecem o nome; e diferem to completamente da generalidade de fantasmas e duendes que erram em redor dos gabinetes das manifestaes fsicas como o dia da noite. Devemos confessar que a situao parece ser muito sria. O controle de mdiuns por tais "espritos" inescrupulosos e falazes est se generalizando cada vez mais; e os efeitos perniciosos de semelhante diabolismo multiplica-se constantemente. Alguns dos melhores mdiuns esto abandonando as sesses pblicas e se afastando dessa influncia; e o movimento esprita tem cariz de igreja. Arriscamo-nos a predizer que a menos que os espritas se disponham ao estudo da filosofia antiga de modo a aprender a discernir os espritos e a proteger-se dos da mais baixa espcie, dentro de vinte e cinco anos eles tero que voar para a comunidade romana a fim de escapar a esses "guias" e "diretores" que animaram durante tanto tempo. Diz Henry More, o respeito platnico ingls, em sua resposta a um ataque contra os que acreditam nos fenmenos espritas e mgicos feito por um cptico dessa poca, chamado Webster. "Quando quela outra opinio, segundo a qual a maior parte dos Ministros reformistas sustenta que foi o demnio que apareceu sob a forma de Samuel, [ela est abaixo da crtica]; pois embora eu no duvide que em muitas dessas aparies necromnticas sejam os espritos burlescos, no as almas dos mortos, que aparecem, no obstante estou convencido da apario da alma de Samuel, como estou convencido de que em outras necromancias devem ser o demnio ou tais espcies de espritos, como acima descreve Porfrio, que se transformam em formas e figuras oniformes, desempenhando uma a parte dos demnios, outro a dos anjos ou desses, e outro ainda a das almas dos mortos: E eu reconheo que um desses espritos poderia nesse caso personificar Samuel, pois Webster nada alegou em contrrio. Pois seus argumentos so deveras extraordinariamente frgeis e canhestros..." Quando um metafsico e filsofo como Henry More d um testemunho como este, podemos dizer que a nossa opinio est bem fundamentada. O UNIVERSO CRIADO PELA VONTADE ETERNA. (L 1 pg. 145) Anos atrs o velho filsofo alemo Schopenhauer tratou simultaneamente dessa fora e dessa matria; e desde a converso do Sr, Wallace o grande antroplogo adotou evidentemente as duas idias. A doutrina de Schopenhauer a de que o universo apenas a manifestao da vontade. Toda fora da Natureza tambm um efeito da vontade, que representa um grau maior ou menor de sua objetividade. o que ensinava Plato, que afirmou claramente que tudo que visvel foi criado ou desenvolvido pela VONTADE invisvel e eterna, e sua maneira. Nosso Cu - diz ele - foi produzido de acordo com o padro eterno do "Mundo Ideal", contido, como tudo o mais, no dodecaedro, o modelo geomtrico utilizado pela Divindade. Para Plato, o Ser Primordial uma emanao do Esprito Demirgico (Nous), que contm em si, desde a eternidade, a "idia" do "mundo a criar", a qual idia ele retira de si mesmo. As leis da Natureza so as relaes estabelecidas desta idia com as formas de suas manifestaes; "estas formas", diz Schopenhauer, "so o tempo, o espao e a causalidade. Atravs do tempo e do espao, a idia varia em suas inumerveis manifestaes". Esta idias esto longe de ser novas, e mesmo para Plato elas no eram originais. Eis o que lemos nos Orculos Caldeus: "As obras da Natureza coexistem com a Luz espiritual e intelectual do Pai. Pois ela a alma que adornou o grande cu e que o adorna depois do Pai". "O mundo incorpreo, portanto, j estava terminado, tendo sua sede na Razo Divina", diz Flon, que erradamente acusado de derivar sua filosofia da de Plato. Na Teogonia de Mochus temos em primeiro lugar o ter, e depois o ar; os dois primeiros dos quais Olam, o Deus intangvel (o universo visvel da matria), nasceu. Nos hinos rficos, o Eros-Phanes origina-se do Ovo Espiritual, que os ventos etreos fecundam, o Vento sendo "o esprito de Deus", que, segundo se diz se move no ter, "planando sobre o caos" - a "Idia" Divina. "Na Kathakopanishad hindu, Purusha, O Esprito Divino, precede a matria original, de cuja unio brota a grande alma do mundo Mahan-tma, o Esprito da Vida"; estas ltimas denominaes so idnticas s da alma universal, ou anima mundi, e da luz astral dos teurgistas e cabalistas. Pitgoras tomou as suas doutrinas dos santurios orientais, e Plato as reproduziu numa forma mais inteligvel que a dos nmeros misteriosos do sbio - cujas doutrinas ele adotou integralmente - para os

  • espritos no iniciados. Assim, para Plato, o Cosmos "o Filho" tendo como pai e me o Pensamento Divino e a Matria. "Os egpcios", diz Dunlap, "fazem uma distino entre um velho e um jovem Horus, o primeiro sendo o irmo de Osris e o segundo o filho de sis e de Osris," O primeiro a Idia do mundo que permanece no Esprito Demiurgo, "nascido nas trevas antes da criao do mundo". O segundo Horus esta "Idia" que emana do Logos, revestindo-se de matria e assumindo uma existncia real. "O Deus mundano, eterno, ilimitado, jovem e velho, de forma sinuosa", dizem os Orculos caldeus.

    O PODER DA VONTADE. (L.1.pg.146). A "Forma sinuosa" uma figura para expressar o movimento vibratrio da luz astral, que os antigos sacerdotes conheciam perfeitamente bem, embora elas tenham divergido dos modernos cientistas na sua concepo do ter; pois no ter colocaram a Idia Eterna que impregna o universo, ou o desejo que se torna fora e cria ou organiza a matria. "A vontade", diz Van Helmont, " o primeiro de todos os poderes. Pois, atravs da vontade do Criador, todas as coisas foram feitas e postas em movimento (...). A vontade a propriedade de todos os seres espirituais, e revela-se neles tanto mais ativamente quanto mais eles se libertam da matria". E Paracelso, "o divino", como era chamado, acrescenta no mesmo tom: "A f deve confirmar a imaginao, pois pela f estabelece-se a vontade. (...) Determinada imaginao um comeo de todas as operaes mgicas (...). Porque os homens no imaginam perfeitamente, nem crem, o resultado que as artes so inexatas, ao passo que poderiam ser perfeitamente exatas". Somente o poder oposto da incredulidade e do ceticismo, se projetando numa corrente de fora igual, pode refrear o outro, e s vezes neutraliz-lo completamente. Por que se espantariam os espiritistas com o fato de a presena de alguns cpticos enrgicos, ou daqueles que, mostrando-se asperamente contrrios ao fenmeno, exercem inconscientemente a sua fora de vontade em sentido inverso, impedir e amide deter por completo as manifestaes? Se no existe nenhum poder consciente na Terra que no encontre s vezes um outro para nele interferir ou mesmo para contrabalana-lo, o que h de surpreendente quanto o poder inconsciente, passivo de um mdium de repente paralisado em seus efeitos por um outro inverso, embora tambm exercido inconscientemente? Os Profs. Faraday e Tyndall orgulham-se de que a sua presena num crculo impediria imediatamente qualquer manifestao. Somente este fato bastaria para provar os eminentes cientistas que havia alguma fora neste fenmeno capaz de prender a sua ateno. Como cientista, o Prof. Tyndall era talvez a pessoa mais importante no crculo daqueles que estavam presente sance; como observador arguto, algum no facilmente iludido por um mdium ardiloso, ele talvez no foi melhor, ou ento mais sagaz, do que os outros na sala, e se as manifestaes foram apenas uma fraude to engenhosa para enganar os outros, elas no teriam parado, mesmo com a sua importncia. Que mdium pode vangloriar-se de fenmenos como os que foram produzidos por Jesus e depois dele pelo apstolo Paulo? No entanto, mesmo Jesus se deparou com casos em que a fora inconsciente da resistncia sobrepujou at mesmo a sua to bem dirigida corrente de vontade. "E no fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles." Existe um reflexo de cada uma destas idias na filosofia de Schopenhauer. Nossos cientistas "investigadores" poderiam consultar suas obras com proveito. Eles encontrariam nelas muitas hipteses baseadas em idias antigas, especulaes sobre os "novos" fenmenos, que podem revelar-se to razoveis como qualquer outra, e poupar o intil trabalho de investigar novas teorias. As foras psquicas e ectnicas, o "ideomotor" e os "poderes eletrobiolgicos"; as teorias do "pensamento latente" e mesmo a da "celebrao inconsciente" podem ser condensadas em duas palavras: a LUZ ASTRAL cabalista. As corajosas teorias e opinies expressas nas obras de Schopenhauer diferem completamente das da maioria de nossos ortodoxos. "Na realidade", assinala este audacioso especulador, "no existe nem matria nem esprito. A tendncia para a gravitao numa pedra to inexplicvel quanto o pensamento num crebro humano. (...) Se a matria pode - ningum sabe por qu - cair no cho, ento ela pode tambm - ningum sabe por qu - pensar. (...) Assim que, mesmo na mecnica, ultrapassamos o que puramente mecnico, assim que atingimos o inescrutvel, a adeso, a gravitao, etc., estaremos em presena de fenmenos que so to misteriosos para os nossos sentidos quanto a VONTADE e o PENSAMENTO no homem - ns nos veremos defrontando o incompreensvel, pois assim toda a Natureza. Onde est portanto essa matria que todos vs pretendeis conhecer to bem; da qual - estando to familiarizados com ela - retirais todas as vossas concluses e explicaes, e qual atribus todas as coisas? (...) Isso, que pode ser totalmente compreendido por nossa razo e pelos sentidos, apenas o superficial: eles jamais podem atingir a verdadeira substncia interior das coisas. Tal era a opinio de Kant. Se considerais que existe, numa cabea humana, alguma espcie de esprito, ento sereis obrigado a conceder o mesmo para uma pedra. Se a

  • vossa matria morta e completamente passiva pode manifestar uma tendncia para a gravitao, ou, como a eletricidade, atrair e repelir, e lanar chispas - ento, como o crebro, ela tambm pode pensar. Em suma, toda partcula do chamado esprito pode ser substituda por um equivalente de matria, e toda partcula de matria pode ser substituda pelo esprito. (...) Portanto, no a diviso cartesiana de todos os seres em matria e esprito que se deve considerar filosoficamente exata; mas apenas se os dividirmos em vontade e manifestao, uma forma de diviso que nada tem a ver com a primeira, pois ela espiritualiza todas as coisas: tudo aquilo que no primeiro caso real e objetivo - corpo e matria -, ela transforma numa representao, e toda manifestao em vontade". Essas idias corroboram o que dissemos a respeito dos vrios nomes dados mesma coisa. Os adversrios batem-se apenas por palavras. Chamai o fenmeno de fora, energia, eletricidade ou magnetismo, vontade, ou poder do esprito, ele ser sempre a manifestao parcial da alma, desencarnada ou aprisionada por um tempo em seu corpo - de uma poro daquela VONTADE inteligente, onipotente e individual que penetra toda a natureza, e conhecida, devido insuficincia da linguagem humana para expressar corretamente imagens psicolgicas, como - DEUS. As idias de alguns de nossos sbios a respeito da matria so, do ponto de vista cabalstico, de muitas maneiras errneas

    FENMENOS MEDINICOS A QUE ATRIBUI-LOS. (L.1.pg.148). Ningum pode tratar este assunto com mais competncia do que o fez Schopenhauer no seu Parerga. Nesta obra, ele discute extensamente o Magnetismo animal, a clarividncia, a teraputica simpattica, a profecia, a Magia, os pressgios, as vises de fantasmas e outros fenmenos psquicos. "Todas essas manifestaes", diz ele, "so ramos de uma mesma rvore", e fornecem-nos as provas irrefutveis de existncia de uma cadeia de seres pertencentes a uma ordem de natureza muito distinta daquela que se baseia nas leis de espao, tempo e adaptabilidade. Esta outra ordem de coisa muito mais profunda, pois a ordem original e direta; na sua presena, as leis comuns da Natureza, que so meramente formais, so inteis; por conseguinte, sob a sua ao imediata, nem o tempo nem o espao podem separa os indivduos, e a separao determinada por aquelas formas no apresenta quaisquer barreiras intransponveis para a relao entre os pensamentos e a ao imediata da vontade. Dessa maneira, as mudanas podem ser produzidas por um procedimento completamente diferente da causalidade fsica, isto , atravs de uma ao da manifestao da vontade exibida num caminho peculiar e externo ao prprio indivduo. Portanto, o carter peculiar de todas as manifestaes mencionadas a visio in distais et acotio in distais (viso e ao distncia), tanto em sua relao com o tempo como em sua relao com o espao. Uma tal ao distncia justamente o que constitui o carter fundamental do que se chama mgico; pois tal a ao imediata de nossa vontade, uma ao liberada das condies causais da ao fsica, ou seja, do contato material". "Alm disso", continua Schopenhauer, "tais manifestaes nos apresentam uma oposio substancial e perfeitamente lgica ao materialismo, e mesmo ao naturalismo (...) porque luz de tais manifestaes aquela ordem de coisas da Natureza que estas duas filosofias procuram apresentar como absoluta e como a nica genuna surge diante de ns ao contrrio como simplesmente fenomnica e superficial, contendo, no fundo, um conjunto de coisas parte e perfeitamente independente de suas prprias leis. Eis por que aquelas manifestaes - pelo menos de um ponto de vista puramente filosfico -, entre todos os fatos que nos so apresentados do domnio da experincia, so, sem qualquer comparao, as mais importantes. Portanto, dever de todo cientista familiarizar-se com elas". Sabemos que toda aplicao da vontade resulta em fora, e, as manifestaes das foras atmicas so aes individuais da vontade, que tm como resultado a aglomerao inconsciente de tomos numa imagem concreta j criada subjetivamente pela vontade. Demcrito ensinou, seguindo seu mestre Leucipo, que os primeiros princpios de todas as coisas no universo so os tomos e um vcuo. No seu sentido cabalstico, o vcuo significa neste caso a Divindade latente, ou fora latente, que em sua primeira manifestao se tornou VONTADE, e assim comunicou o primeiro impulso queles tomos - cuja aglomerao a matria. Este vcuo apenas um outro nome para o caos, e pouco satisfatrio, pois, de acordo com os peripatticos, "a natureza tem horror ao vcuo". Que antes de Demcrito os antigos estavam familiarizados com a idia da indestrutibilidade da matria prova-se por suas alegorias outros fatos. Movers d uma definio da idia fencia da luz solar ideal como uma influncia espiritual provinda do DEUS superior, IA, "a luz que s o intelecto pode conceber - o Princpio fsico e espiritual de todas as coisas; do qual a alma emana". Era a Essncia masculina, ou Sabedoria, ao passo que a matria primitiva ou Caos era a feminina. Assim, os dois primeiros - coeternos e infinitos - eram, j para os fencios primitivos, esprito e matria. conseqentemente, a teoria to velha

  • quanto o mundo; pois Demcrito no foi o primeiro filsofo a profess-la; e a intuio existiu no homem antes do desenvolvimento final de sua razo. Mas na negao da Entidade infinita e eterna, possuidora da Vontade invisvel, que ns por falta de um termo melhor chamamos DEUS, que reside a impotncia de toda cincia materialista para explicar os fenmenos ocultos. na sua rejeio a priori de tudo que poderia forc-los a cruzar a fronteira da cincia exata e entrar no domnio da fisiologia psicolgica, ou, se preferirmos, metafsica, que encontramos a causa secreta de sua confuso em face das manifestaes, e das suas teorias absurdas para explic-las. A filosofia antiga afirmou que em conseqncia da manifestao daquela Vontade - designada por Plato como a Idia Divina - que todas as coisas visveis e invisveis vieram existncia. Da mesma maneira que essa Idia Inteligente, que, dirigindo apenas a sua fora de vontade para o centro das foras concentradas, chamou as foras objetivas existncia, assim pode o homem, o microcosmo do grande macrocosmo, fazer o mesmo na proporo do desenvolvimento da sua fora de vontade. Os tomos imaginrios - uma figura de linguagem empregada por Demcrito, e que os materialistas adotaram reconhecidamente - so como operrios automticos movidos interiormente pelo influxo daquela Vontade Universal dirigida sobre eles, e que, por se manifestar como fora, os coloca em movimento. O plano da estrutura a ser erigida est no crebro do Arquiteto, e reflete a sua vontade; ainda abstrato, desde o instante da concepo ele se torna concreto graas queles tomos que seguem fielmente toda linha, ponto e figura traados na imaginao do Gemetro Divino.

    O PODER DE CRIAO DO HOMEM. A MAGIA E SUAS MANIFESTAES (L. 1. pg. 150). Assim como Deus cria, tambm o homem pode criar. Dando-se uma certa intensidade de vontade, as formas criadas pela mente tornam-se subjetivas. Alucinaes, elas so chamadas, embora para o seu criador elas sejam to reais como qualquer outro objeto visvel o para os demais. Dando-se uma concentrao mais intensa e mais inteligente dessa vontade, a forma se torna concreta, visvel, objetiva; o homem aprendeu o segredo dos segredos; ele um mago. Uma fora, cujos poderes secretos eram totalmente familiares aos antigos teurgistas, negada pelos cpticos modernos. As crianas antediluvianas - que talvez brincaram com ela, utilizando-a como os meninos do The Coming Race de Bulwer-Lytton, utilizam o terrvel "vril" - chamavam-na "gua de Ptah"; seus descendentes designaram-na como anima mundi, a alma do universo; e mais tarde os hermestistas medievais denominaram-na luz sideral, ou leite da Virgem Celeste, ou magns, e muitos outros nomes. Mas os nossos modernos homens eruditos no aceitaro nem a reconhecero sob tais designaes; pois ela pertence Magia, e a Magia , na sua concepo, uma vergonhosa superstio. Apolnio e Jmblico sustentaram que no "no conhecimento das coisas exteriores, mas na perfeio da alma interior, que repousa o imprio do homem que aspira a ser mais do que homem". Eles chegaram assim ao perfeito conhecimento de suas almas divinas, cujo poder utilizaram com sabedoria, fruto de estudo esotrico da tradio hermtica, herdada por eles de seus ancestrais. Mas nosso filsofos, fechando-se compactamente em suas conchas de carne, no podem ou no ousam dirigir seus tmidos olhares alm do compreensvel. Diz um provrbio persa: "Quanto mais escuro estiver o cu, mais as estrelas brilharo". Assim, no negro firmamento da poca medieval comearam a surgir os misteriosos Irmos da Rosa-cruz. Eles no formaram associaes, nem construram colgios; pois, caados e encurralados como feras selvagens, quando a Igreja Catlica os apanhou, eles foram queimados sem cerimnia. Muitos desses msticos, seguindo os ensinamentos de alguns tratados, preservados secretamente de uma gerao a outra, fizeram descobertas que no seriam desprezveis mesmo em nossos dias das cincias exatas. Roger Bacon, o monge, foi ridicularizado como um charlato, e hoje includo entre os "pretendentes" arte mgica; mas suas descobertas foram no obstante aceitas, e so hoje utilizadas por aqueles que mais o ridicularizaram. Roger Bacon pertencia, de fato seno de direito, quela Irmandade que inclui todos os que estudam as cincias ocultas. Vivendo no sculo XIII, quase como um contemporneo, portanto, de Alberto Magno e Tamz de Aquino, suas descobertas - como a plvora de canho e os vidros pticos, e seus trabalhos mecnicos - forma considerados por todos como milagres. Ele foi acusado de ter feito um pacto com o diabo. Na histria legendria do monge Bacon, conta-se que, convocado pelo rei, o monge foi convidado a mostrar algumas de suas habilidades diante de sua majestade, a rainha. Ele ento agitou sua mo (seu basto, diz o texto), e "rapidamente ouviu-se uma belssima msica, que eles afirmaram jamais ter ouvido igual". Ouviu-se em seguida uma msica ainda mais alta e quatro aparies de repente apresentaram e danaram at se dissiparem e desaparecerem no ar. Ento ele agitou novamente o basto, e de repente um odor "como se todos os ricos perfumes do mundo tivessem sido preparados no local da melhor maneira que a arte pudesse

  • faz-lo". Ento Roges Bacon, aps ter prometido mostrar a um dos cortesos a sua amada, apanhou um enfeite do apartamento real vizinho e todos na sala viram "uma criada da cozinha com uma concha nas mos". O orgulhoso cavalheiro, embora reconhecesse a criada que desapareceu to rapidamente quanto surgiu, irritou-se com o espetculo humilhante, e ameaou o monge com a sua vingana. Que fez o mgico? Ele simplesmente respondeu: "No me ameaceis, para que eu no vos envergonhe mais; e guardai-vos de desmentir novamente os eruditos!". Como um comentrio a esse respeito, um historiador moderno assinala: "Isto deve ser visto como uma espcie de exemplificao do gnero de exibies que eram provavelmente o resultado de um conhecimento superior das cincias naturais". Ningum jamais duvidou de que isto foi o resultado de um tal conhecimento, e os hermetistas, os mgicos, os astrlogos e os alquimistas jamais pretenderam outra coisa. Os seus prprios escritos provam que eles sustentavam passivos, por meio da qual muitos efeitos extraordinariamente surpreendentes, mas no entanto naturais, foram produzidos". Os fenmenos dos odores msticos e da msica, exibidos por Roger Bacon, foram freqentemente observados em nossa prpria poca. Para no falar de nossa experincia pessoal, fomos informados por correspondentes ingleses da Sociedade Teosfica que eles ouviram acordes da msica mais extasiante no originados de qualquer instrumento visvel, e inalaram uma sucesso de odores deliciosos produzidos, como acreditam, pela interveno dos espritos. Um correspondente relata-nos que um desses odores familiares - o de sndalo - era to poderoso que a casa teria sido impregnada com ele por semanas aps a sesso. O mdium neste caso era membro de uma famlia fechada, e as experincias foram todas feitas com o crculo domstico. Outro descreve o que ele chama de uma "pancada musical". As potncias que so agora capazes de produzir estes fenmenos devem ter existido e ter sido igualmente eficazes nos dias de Roger Bacon. Quando s aparies, basta dizer que elas so agora evocadas nos crculos espiritistas, e abonadas por cientistas, e a sua evocao por Roger Bacon se torna, portanto, mais provvel do que nunca. Baptista Porta, no seu tratado sobre Magia Natural, enumera todo um catlogo de frmulas secretas para produzir efeitos extraordinrios mediante o emprego dos poderes da Natureza. Embora os "magos" acreditassem to firmemente quanto os nossos espiritistas num mundo de espritos invisveis, nenhum deles pretendeu produzir seus efeitos sob o controle deles ou apenas com o seu concurso. Sabiam muito bem quo difcil manter distncia as criaturas elementares assim que elas descobrem uma porta aberta. Mesmo a magia dos antigos caldeus era apenas um profundo conhecimentos dos poderes das plantas medicinais e dos minerais. Foi apenas quando o teurgista desejou a ajuda divina nos assuntos espirituais e terrestres que ele procurou a comunicao direta, atravs dos ritos religiosos, com os seres espirituais. Mesmo para eles, aqueles espritos que permanecem invisveis e se comunicam com os mortais atravs dos seus sentidos internos despertados, como na clarividncia, na clariaudincia e no transe, s podiam ser evocados subjetivamente e como resultado da pureza de vida e da orao. Mas todos os fenmenos fsicos foram produzidos simplesmente pela aplicao de um conhecimento das foras naturais, embora certamente no pelo mtodo da prestidigitao, praticado em nossos dias pelos ilusionistas. Se os espiritistas esto ansiosos por se manter rigorosamente dogmticos em suas noes do "mundo dos espritos", eles no devem convidar os cientistas a investigar os seus fenmenos como verdadeiro esprito experimental. A tentativa conduziria seguramente a uma redescoberta parcial da Magia antiga - a de Moiss e de Paracelso. Sob a decepcionante beleza de algumas dessas aparies, eles poderiam encontrar, um dia, os silfos e as belas ondinas dos Rosa-cruzes brincando nas correntes da fora psquica e dica.

    OS ELEMENTAIS E OS ELEMENTARES. (L.1.pg.154). Estamos longe de acreditar que todos os espritos que se comunicam nas sesses so das classes "Elementais" e "Elementares". Muitos especialmente entre aqueles que controlam o mdium subjetivamente para falar, escrever e agir de diferente maneiras - so espritos humanos desencarnados. Se a maioria de tais espritos boa ou m, depende largamente da moralid