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Janaína Martins Couto
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
EM CLASSES HOSPITALARES:
UMA ALTERNATIVA DE ATENDIMENTO
Rio de Janeiro
2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO DO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
EM PSICOPEDAGOGIA
PROJETO VEZ DO MESTRE
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA EM CLASSES
HOSPITALARES: UMA ALTERNATIVA DE
ATENDIMENTO
Por Janaína Martins Couto
Monografia de conclusão do
curso de pós-graduação em
Psicopedagogia do Projeto Vez do
Mestre da Universidade Candido do
Mendes, como requisito para
obtenção do certificado de conclusão
Rio de Janeiro
2004
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por
tudo que me deu na vida e por mais
este desafio vencido. Agradeço a
todos aqueles que me incentivaram
nos meus momentos de fraqueza,
não permitindo que desistisse.
4
“Há homens que lutam um dia, e são bons; há outros que lutam um ano e
são melhores; há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons; porém,
há os que lutam por toda a vida, estes são imprescindíveis” .
Bertold Brechet
5
RESUMO
O presente trabalho monográfico tem por finalidade propor uma intervenção
psicopedagógica em classes hospitalares com a intenção de prevenir uma possível
dificuldade de aprendizagem ou fracasso escolar o retorno a escolaridade, devido ao
afastamento do mundo escolar, ocasionado pela doença. Apesar de ser uma modalidade
nova de educação informal foram analisados alguns projetos já existentes em busca de
justificativa para esta idéia.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................08
CAPÍTULO 1 – CLASSES HOSPITALARES...........................................11
1.1 Categorização........................................................................................11
1.2 – Histórico..............................................................................................14
1.3 – Legislação ...........................................................................................16
CAPÍTULO 2 – INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA........................20
CAPÍTULO 3 – TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO EM CLASSES
HOSPITALARES........................................................................................27
CAPÍTULO 4 – ALGUMA EXPERIÊNCIAS EM CLASSES
HOSPITALARES........................................................................................34
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................44
7
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como intenção investigar a importância da intervenção
psicopedagógica em classes hospitalares. O interesse despertado para o assunto da
pesquisa surgiu com a constatação de que esta modalidade de educação especial consta
da legislação, mas pouco se discute sobre ela. E de uma forma mais segregativa menos
importância, ainda é dada a formação de profissionais, professores, pedagogos ou
psicopedagogos, para este tipo de atendimento, que acredita-se que tenha que ser
educadores acessíveis a mudanças de paradigmas e desvinculados de modelos e padrões
pré-estabelecidos e que busquem a competência para atendimento à grande diversidade
de alunos.
Vivendo-se em um país de contradições sociais, onde apesar de apresentar-se em
um momento político marcado por graves exclusões sociais, ainda existem vários
movimentos para o resgate do direito à cidadania. Um desses movimentos, ainda um
pouco incipiente, coloca em discussão os processos de humanização na área da saúde e
de inclusão na área da educação. Uma das reivindicações que relaciona essas duas
questões é o atendimento à crianças e adolescentes hospitalizados, através de uma
iniciativa pedagógica denominada classe hospitalar.
Classe hospitalar é uma modalidade de atendimento pedagógico-educacional, que
objetiva atender às necessidades do desenvolvimento psíquico e cognitivo de crianças e
adolescentes que, dadas as suas condições especiais de saúde, estejam hospitalizadas e,
conseqüentemente, impossibilitadas de partilhar as experiências socio-interativas de sua
família, sua escola e de seu grupo social.
8
Ceccim (1997) acredita que "... para todas as crianças em nossa sociedade, a
escola é um espaço social, de vida. A manutenção desse espaço é uma necessidade para
a criança”, pois quando a criança ou adolescente é afastada de seu meio por estar
hospitalizada ela fica impedida de interagir com seus pares, dificultando o seu
desenvolvimento sócio-cognitivo.
Segundo a legislação vigente no país, principalmente as que se referem às
crianças, constam menções às classes hospitalares; a Lei de Diretrizes da Educação
Nacional – LDB (Lei 9394/96) diz que todo hospital deveria ter uma classe hospitalar.
No Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA – também consta referência às crianças
hospitalizadas e coloca que estas têm o direito de continuar os estudos e a recuperação
com atendimento psicológico, médico e pedagógico; e a Resolução nº 41 de outubro de
1995, numa iniciativa da área da saúde.
Um dos principais objetivos das classes hospitalares de programas já existentes,
como o que ocorre no Hospital Jesus – RJ, o do Hospital Municipal Mario Gatti –
Campinas e o de Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, é
garantir a continuidade dos estudos, e uma aproximação do cotidiano escolar roubado
por causa da internação, que para ela é uma situação dolorosa e invasiva. Estar internado
significa para o aluno/paciente estar afastado de seus principais referenciais, estar
distante dos amigos, da escola e dos familiares, além de ser submetido, muitas vezes, a
tratamentos dolorosos, que comumente restringem a autonomia. Cabe ao profissional
que proporcione o atendimento representar o elo de ligação entre o hospital e o mundo
externo.
9
Por falta de uma política nacional específica, a maioria das classes hospitalares é
criada a partir de parcerias entre as secretarias estaduais de educação e de Saúde, e na
maioria das vezes com apoio acadêmico de Universidades, através de seus corpos
docentes e discentes. Além disso, o profissional que atende à classes hospitalares tem
que ser qualificado, porque as condições são muito diferentes da encontradas nas escolas
regulares. É muito difícil lidar com situações costumeiras em hospitais, como a dor e até
mesmo a morte.
Dessa forma, o presente trabalho encontra-se assim estruturado: o capítulo inicial
tratará da conceituação sobre a classe hospitalar, segundo órgãos oficiais, como o
Ministério de Educação e Desporto e definição de alguns autores relacionados ao
assunto, como Fonseca (1999, 2000) e Ceccim (1999), entre outros. Ainda no primeiro
capítulo faz-se um pequeno retrospecto histórico do surgimento de iniciativas
educacionais para crianças hospitalizadas, caminhando até a realidade atual. Procura-se
também, inventariar a legislação nacional que faz referência a classes hospitalares ou
mesmo assegura direitos a crianças e adolescentes hospitalizados.
No segundo capítulo enfoca-se especificamente a Psicopedagogia, a atuação do
psicopedagogo e a funcionalidade de uma intervenção psicopedagógica.
No terceiro capítulo justifica-se a intervenção psicopedagógica em
pacientes/alunos hospitalizados e as contribuições principais deste tipo de atendimento
para o desenvolvimento dos indivíduos atendidos.
E finalizando a pesquisa, no quarto capítulo serão apresentados alguns projetos
de classes hospitalares que ocorrem em hospitais do país, que proporcionam a
10
minimização dos efeitos da hospitalização, na medida em que atendem as necessidades
básicas de desenvolvimento das crianças hospitalizadas.
Além da falta de política, entre o meio acadêmico muito pouca atenção é
dispensada à teorização ou à prática de atendimento pedagógico-educacional a crianças
hospitalizadas, fato que dificultou imensamente a confecção deste trabalho monográfico.
Há muito pouco material bibliográfico disponível sobre o assunto, o que pode ocasionar
um não aprofundamento teórico desta pesquisa. Porém a intenção ao abordar este tema é
exatamente contribuir para uma melhor reflexão sobre um assunto tão premente de
atenção e estudos.
11
CAPÍTULO 1 – CLASSE HOSPITALAR
“Talvez seja melhor usar diferentes cobertores para
abrigar bem as crianças do que utilizar uma
cobertura única e esplêndida, mas onde todas fiquem
tremendo de frio”(Goffman)1.
1.1 - Categorização
O atendimento pedagógico-educacional destinado à crianças ou adolescentes durante
seu período de internação hospitalar ou que necessitem permanecer por longos períodos
em atendimento ambulatorial, denomina-se classe hospitalar, segundo terminologia do
MEC/SEESP (1994).
A classe hospitalar está inserida entre as modalidades de atendimento
educacional especializado, incluindo-se na Educação Especial. A classe hospitalar
objetiva atender as necessidades afetivas, cognitivas e psicomotoras de pessoas em
escolaridade que, dadas as suas condições especiais de saúde tenham sido impedidas de
darem continuidade ao processo de escolarização.
Segundo Silva Neto (2003) há várias maneiras de definir a Educação Especial,
dependendo da vertente escolhida. Mazzotta (1993) acrescenta que este ramo da
educação tem merecido a atenção de pesquisadores de várias áreas, por isso tem
recebido diferentes abordagens, tais como a filosófica, a política, a psicológica, a
pedagógica, a social médica, etc.
1 GOFFMAN em FERNANDEZ 1990
12
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9394/96 – em
seu capítulo 5 - entende-se por Educação Especial, “a modalidade de educação escolar,
oferecida, preferencialmente na rede regular de ensino, para portadores de necessidades
especiais”. E destina-se a todas as pessoas que precisam de métodos, recursos e
procedimentos especiais durante o seu processo de ensino/aprendizagem. Dependendo
da realidade do indivíduo portador de necessidades educacionais especiais, o
atendimento é diferenciado, ou seja, a Educação Especial deve atender à demanda, do
potencial, dos interesses e dos objetivos dos indivíduos a serem atendidos.
Segundo a Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação e
Desportos têm direito a atendimento especializado em classes hospitalares os alunos do
ensino básico internados em hospital, hospital-dia, hospital-semana, em serviços
ambulatoriais de atenção integral à saúde ou em domicílio; alunos que estejam
impossibilitados de freqüentar a escola por razões de proteção a saúde ou segurança,
abrigados em casas de apoio, casas de passagem, casas-lar e residências terapêuticas.
O atendimento à diversidade tem constituído um desafio para os educadores
comprometidos com a aprendizagem de todos e o respeito às diferenças. Mesmo prevista
na legislação como modalidade de educacional, a classe hospitalar ainda não tem a
atenção merecida nos meios acadêmicos, nos meios escolares nem mesmo nos meios
pediátricos. Fonseca (1999) atenta, também, para a inexistência de teorias ou estudos
desta natureza em território nacional, acarretando o desconhecimento desta modalidade
de ensino e a falta de oportunidade de acesso a ele, por pessoas que necessitem do
atendimento. Ceccim e Fonseca (1999) chamam a atenção que a importância dada à
classe hospitalar, também, pela pediatria surgiu com o reconhecimento das necessidades
13
especiais da criança para uma boa resposta terapêutica, entretanto ainda deve ser dado
maior ênfase a outros aspectos, como os emocionais e ao pedagógico-educacional.
Diante do paradigma da sociedade inclusiva, uma sociedade centrada nas
pessoas, que respeita a dignidade e as diferenças de todos os seres humanos, a parceria
educação/saúde se reafirma como meta indispensável, possibilitando a
multidisciplinaridade de atendimento em classes hospitalares.
Bittencourt (2003) ressalta ainda, o aspecto sócio-político da classe hospitalar,
onde vê um clara significância do trabalho, para a defesa da cidadania, já que restitui a
pacientes hospitalizados a reintegração a sua escola de origem ou o seu encaminhamento
à matrícula após a alta, contribuindo para minimizar a defasagem série/idade
Ceccim e Fonseca (1999) acreditam que sem o menosprezo da sociedade, poder-
se-ia reconhecer as necessidades educacionais especiais das crianças e adolescentes
hospitalizados e só assim, atendê-los com qualidade. E acrescenta que sem o
menosprezo do pessoal da saúde para o reconhecimento e respeito às necessidades
intelectuais e sociointerativas próprios das crianças e dos adolescentes, poder-se-ia
pensar em uma atenção hospitalar que afirme a vida e, por isso, ofereça atenção
pedagógico-educacional na enfermaria pediátrica.
Assim como, sem o menosprezo da educação especial as crianças e adolescentes
hospitalizados, atribuindo a estes uma menor gravidade ou menor risco tanto do ponto
de vista do desenvolvimento quanto do ponto de vista da exclusão, atribuir-se-ia a este
segmento educacional a tarefa de preservar o direito das crianças e adolescentes
hospitalizados à educação e ao acompanhamento do currículo escolar durante a
hospitalização.
14
Para Pinel e Colodete (2002) classe hospitalar é “um tipo de modalidade
psicopedagógica e essencialmente educacional ligada diretamente à Educação Especial,
à Pedagogia, à Terapêutica, a Psicopedagogia Clínica-institucional, à Psicologia do
Excepcional, à Psicologia da Aprendizagem e Problemas de Aprendizagem”
E assim, através de intervenções psicopedagógicas os educadores podem
contribuir na descoberta e no desenvolvimento das potencialidades dos pacientes,
oportunizando diferentes situações significativas de aprendizagem, a fim do contribuir
no processo de reabilitação do paciente e na tentativa de evitar a repetência e a evasão
escolar, alem de assegurar sua reinserção escolar após a alta e o seu sucesso na
aprendizagem regular, já que crianças e adolescentes hospitalizados têm seu
desenvolvimento ameaçado.
Ceccim e Fonseca (1999) ressaltam que, na verdade, o grande objetivo da
Educação Especial hospitalar é assegurar a manutenção dos vínculos escolares e
devolver a criança para sua escola de origem com a certeza de que ela poderá se
reintegrar ao currículo e aos colegas sem prejuízo devido ao afastamento temporário.
Outro aspecto importante na proposta das classes hospitalares é visar também a
ajuda à família do paciente a reconstruir o sentido da vida e mudar o olhar em relação à
internação.
1.2 - Histórico
Fonseca e Ceccim (1999) esclarecem que em países mais desenvolvidos, como
Inglaterra e Estados Unidos, foi observado, a partir da segunda metade do século XX,
orfanatos, asilos e instituições que prestavam assistência a crianças, violavam os
15
aspectos básicos do desenvolvimento emocional destas, por falta de atendimento
integral. E foi concluído que seqüelas apresentadas na vida adulta destas crianças podem
ter sido causadas por este descaso e que possivelmente estas seqüelas poderiam evoluir
para condições psiquiátricas sérias. A partir destas reflexões decorreram iniciativas de
implementar experiências educativas em instituições hospitalares, com o decorrer do
tempo estas iniciativas chegam ao Brasil.
Porém Jannuzzi (1985) remota-se a 1600, no período do Brasil Colônia, onde na
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, na cidade de São Paulo, foi criado o primeiro
atendimento escolar às pessoas deficientes físicos. Mazzotta (1996) em pesquisa a
arquivos da mesma instituição constatou atendimento escolar, somente a alunos
deficientes físicos datando de 1931, diferentemente do que se espera de classes
hospitalares, na atualidade, que atenda a qualquer criança ou jovem internado.
Pinel e Colodete (2002) acredita que as classes hospitalares no Brasil surgiram
na década de 50, no Hospital Municipal de Jesus, iniciando suas atividades em 14 de
agosto de 1950 e que no mundo surgiram a partir da Segunda Guerra Mundial (1945).
Entretanto, algumas atividades isoladas sempre existiram, como a desenvolvida por um
psicólogo no Hospital Dr. Dório Silva, no Espírito Santo, que atendeu individualmente
duas crianças internadas, através de uma intervenção psicopedagógica que, segundo o
autor, foi gratificante e obteve enorme sucesso.
Fonseca (2000) divulga, em julho de 2000, um levantamento da existência de
classes hospitalares por todo o território nacional e aponta o funcionamento de 74
classes hospitalares espalhadas nas cinco regiões do país, o que pode observar-se, o
16
pequeno número de iniciativas dessa natureza, levando-se em conta a dimensão
territorial do país.
1.3 - Legislação
A educação no ambiente hospitalar é um direito de toda criança ou adolescente
hospitalizado. Na legislação brasileira esse direto é reconhecido através de algumas Leis,
tais como: Lei 1044/69 – artigos 1º e 2º, Lei 6202/75, Resolução 41 de 13/10/95 –
Direito da Criinça e do Adolescente Hospitalizado, Lei ..... – Estatuto da Criança e do
Adolescente, Resolução nº2/2001 e de uma forma mais abrangente a Lei 9394/96 – Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em seus artigos 5º e 23º e a Constituição
Federal em seu artigo 214.
O início do reconhecimento legal, específico, das classes hospitalares ocorreu em
São Paulo através da Portaria Conjunta CENP/CEI/COGSP/DAE, de 24 de dezembro de
1986, que indica a possibilidade de funcionamento de classes hospitalares para
portadores de deficiência física em hospitais que abriguem crianças e adolescentes em
idade escolar. Em 1987, dando continuidade, uma publicação da CENP detalha a
organização e funcionamento do atendimento educacional, mas não mais
especificamente para os deficientes físicos, embora o documento seja destinado a este
tipo de alunado.
De acordo com a Política Nacional de Educação Especial, publicada pelo
MEC/Brasília 1994, classe hospitalar é uma modalidade da Educação Especial que visa
o atendimento pedagógico às crianças e adolescentes que, devido às condições especiais
de saúde, encontram-se hospitalizadas. É portanto, o primeiro documento que estende
17
oficialmente, o atendimento a todo o alunado que esteja em tratamento hospitalar.
Porém, ainda em documento da Secretaria de Educação Especial do MEC, publicado na
Série Diretrizes, Subsídios para Organização e Funcionamento de Serviços de Educação
Especial (MEC/SEESP, 1995) a classe hospitalar aparece como alternativa de
atendimento nas áreas de deficiência mental, da auditiva e da múltiplas deficiências, na
condição de classe hospitalar.
Embora na área educacional o atendimento, segundo a legislação, seja
restringido a alunos da Educação Especial, na área da saúde, a Sociedade Brasileira de
Pediatria na 27ª Assembléia ordinária do Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da
Criança e do Adolescente, ocorrida em 17 de outubro de 1995, elabora o documento, que
vem a ser transformado na Resolução nº 41.
Ceccin (1997) salienta o item 9 da Resolução 41 de outubro de 1995 – Estatuto
da Criança e do Adolescente hospitalizado – que assegura o atendimento em classes
hospitalares “Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação
para a saúde, acompanhamento do currículo escolar, durante a sua permanência
hospitalar.”
A resolução nº2 do Conselho Federal de Educação define como portadores de
necessidades especiais os alunos que apresentam dificuldades de acompanhamento das
atividades escolares, por limitação de saúde ou locomoção, o que ampara as crianças e
adolescentes hospitalizados. Assim como especifica em seu Artigo 13, 1º Parágrafo que:
“As classes hospitalares e o atendimento em ambientes domiciliares
devem dar continuidade ao processo de desenvolvimento e ao processo
de aprendizagem de alunos matriculados em escolas de Educação
Básica, contribuindo para seu retorno e reintegração ao grupo escolar,
18
e desenvolver currículo flexibilizado com crianças, jovens, adultos não
matriculados no sistema educacional local, facilitando seu posterior
acesso à escola regular”
Por sua vez, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9394/96 –
promulgada em 1997, orienta que cada hospital ofereça o serviço de classe hospitalar
assim como em seu Artigo 5º garante o acesso de qualquer cidadão ao ensino
fundamental, sem restrições, reforçando a Constituição Federal quando esta diz que
educação é um direito de todos. Ainda na mesma lei, em seu Artigo 23 assegura a
organização da Educação Básica para atender a qualquer peculiaridade, sempre que o
interesse for o processo de aprendizagem.
As Leis 1044/69 e 6202/75 reiteram a classe hospitalar, pois estas asseguram o
direito a educação àqueles alunos que se encontrem doentes, portanto impedidos de
freqüentar a educação formal.
Hoje deu-se um passo a frente no que se refere às políticas públicas em relação à
classe hospitalar; o que antes era apenas destinado a deficientes, atualmente entende-se
que toda criança doente tem necessidades especiais. Fonseca (2000) destaca:
“As diretrizes para implementação de classes hospitalares que o MEC
está publicando significam outro avanço, permitindo que as classes
funcionem como uma escola autônoma e tenham direito a verba
própria, por exemplo. O que acontece é que a classe hospitalar
funciona,hoje, como um anexo, como uma sala de aula da escola
regular que fica com as verbas”
A última iniciativa do MEC/SEESP que diz respeito à classes hospitalares, é a
distribuição as secretarias de Educação e da Saúde dos Estados e do Distrito Federal o
19
documento Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e
orientações, com o objetivo de incentivar o atendimento aos estudantes do Ensino
Fundamental e do Ensino Médio que, por motivo de doença, não podem freqüentar
regularmente a escola.
20
CAPÍTULO 2 - INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
“A interpretação do discurso não pode ser feita sem levar em
conta o nível da realidade, pois a realidade é a prova; sem
levar em conta a leitura inteligente dessa realidade que lhe dá
sua coerência; sem levar em conta a dimensão do desejo, que
é a sua aposta; sem levar em conta sua modalidade
simbólica, que lhe dará sua paixão (Sara Pain )2
Para uma melhor elucidação faz-se necessário algumas digressões sobre a
psicopedagogia em si. Hoje, é considerada um campo de estudos multidisciplinares, com
o objetivo de resgatar uma visão mais abrangente do processo de aprendizagem e
conseqüentemente, dos problemas decorrentes deste processo. Há vários estudiosos no
campo da psicopedagogia (Fernandez, 1990; Scoz, 1994; Bossa, 2000; Grossi,2003;
entre outros) porém elegeu-se as teorias de Visca (em Scoz, 1994) e Pain (em Scoz,
1994) , por serem estes autores preocupados, particularmente, com as relações entre
inteligência e afetividade, considerando as interferências de aspectos biológicos,
cognitivos emocionais e sociais.
Visca (op cit) acredita na aprendizagem como um processo de construção
intrapsíquica, resultantes das pré-condições energético-estruturais do sujeito e das
circunstâncias do meio. O autor classifica os obstáculos para a aprendizagem em três
grandes classes: obstáculos epistêmicos, obstáculos epistemofílicos e o obstáculo
funcional. O que mais se relaciona com a construção deste trabalho é o obstáculo
2 PAÌN, Sara em FERNANDEZ, Alicia, 1990
21
epistemofílico, pois este expressa o vinculo afetivo que o sujeito estabelece com objetos
e situações de aprendizagem,que tem seu embasamento na psicanálise. Este obstáculo
são os entraves produzidos por elementos motivacionais que dificultam a apreensão do
objeto de conhecimento, é através da identificação do sujeito com destes elementos que
ocorre o distanciamento com o processo de aprendizagem.
Barone (1999) defende a prática pedagógica baseada nas teorias psicanalíticas,
pois para a autora a prática pedagógica é o espaço para revelação do sentido
inconsciente da dificuldade de aprendizagem. Silva (sd.) acredita ser o homem, enquanto
ser em processo de construção de conhecimento – ser cognoscente – o objeto primordial
da psicopedagogia. O homem como ser pluridimensional, com uma dimensão racional,
uma dimensão afetiva/desiderativa e uma dimensão relacional, que implica um aspecto
contextual e interpessoal. Esta dimensão para a autora, considera o ser cognoscente um
ser social, um conjunto de relações sociais. As diferentes dimensões se articulam
impulsionadas por um dinamismo – o desejo – numa ação que organiza e modifica o
meio.
Para Pain (em Scoz, 1994) a aprendizagem depende da articulação de fatores
internos e externos ao sujeito, entende o desejo como motor da aprendizagem e este deve
ser trabalhado nas suas relações com o inccnsciente. A autora acredita que a
aprendizagem tem três funções: função socializadora, função repressiva e função
transformadora.
“Por apresentarem uma concepção mais completa do ser humano, estes
autores tiveram o mérito de oferecer a Psicopedagogia uma visão da
pluricausalidade de fatores que envolvem o processo de aprendizagem e
os problemas decorrentes, o que evidencia a necessidade de um
22
conhecimento multidisciplinar na ação psicopedagógica.” (Scoz, 1994,
p. 30)
Para Kiguel (1983 em Bossa 2000) fica à cargo da psicopedagogia o estudo do
processo da aprendizagem, seus processos evolutivos normais e patológicos, assim como
a influência do meio no seu desenvolvimento. Portanto, alunos hospitalizados ficam
privados do convívio com o meio, conseqüentemente não ocorre interação, o que para os
teóricos da psicologia social e seus seguidores dificulta o desenvolvimento
sociocognitivo.
A psicopedagogia por preocupar-se com a etiologia do processo de aprendizagem
deve considerar todas as variáveis que intervêm nesse processo, sejam elas sociais,
emocionais ou orgânicas.
Muller (em Bossa, 2000) acrescenta que é função do psicopedagogo investigar
quais influências afetivas e representações inconscientes vão influenciar no processo de
aprendizagem do sujeito.
Em casos de crianças hospitalizadas a psicopedagogia deverá atuar de modo
profilático ou preventivo, que intenciona evitar a dificuldade no retorno à escola de
origem do aluno/paciente ou até mesmo a evasão escolar. A sua atuação terá como
objetivo diminuir um possível problema de aprendizagem, devido aos transtornos
provocados pelo afastamento do seu mundo externo.
Este trabalho requer uma atitude de investigação e intervenção. A
psicopedagogia preventiva se baseia principalmente na observação e análise profunda de
uma situação concreta.
23
Para Bossa (2000), juntamente com Fernandez (1990) os problemas provocados
por causas externas são denominados de “problemas de aprendizagem reativos “, e os
provocados por causas internas à estrutura de personalidade ou familiar do sujeito
chama-se “inibição ou sintoma” ambos os termos oriundos da Psicanálise. A autora
justifica a denominação “problemas de aprendizagem reativos” como uma categoria
derivada da idéia de formação reativa utilizada para aqueles distúrbios nos quais o
comportamento apresentado é considerado “primariamente como uma reação a um
acontecimento, um conjunto de acontecimentos, ou uma determinada circunstância”.
Portanto, conclui-se que diante das reflexões da autora, os problemas de aprendizagem
que possam vir a ser causados por uma hospitalização, podem ser classificados como
“reativos”.
Por ser este atendimento realizado em hospitais é classificado como
Psicopedagogia Institucional. Este tipo de atendimento se caracteriza pela
intencionalidade do trabalho, que atua na construção do conhecimento do sujeito, que
neste momento é a instituição, neste caso o hospital.
Bossa (2000) acredita que a condução do trabalho psicopedagógico deve
primordialmente ter como elemento facilitador à afetividade. Ressalta, ainda, que apesar
de ser uma tarefa árdua, a prática deve ser coerente e consistente com a abordagem
psicopedagógica, que deve priorizar não apenas um manejo de técnicas de intervenção,
mas fundamentalmente um bom manejo dos afetos. Para Sole (2001) o conjunto de
tarefas realizadas pelos psicopedagogos, pode ser organizado em torno de três eixos: “á
natureza dos objetivos”, que pode oscilar entre o sujeito e o contexto; “as modalidades
de intervenção”, que podem ser eminentemente corretivas ou preventivas e
24
enriquecedoras e o “lugar preferencial de intervenção”, que estende-se da sala de aula
até a família.
A respeito dos modelos de intervenção, Alvarez e Bisquerra (1996 em Sole,
2001) propõem uma classificação, segundo uma intervenção direta ou indireta,
particulares ou em grupo, localizada na instituição (interna) ou fora dela (externa),
atendendo a à própria natureza , reativa (corretiva, remediadora) ou pró-ativa (para
prevenção e o desenvolvimento).
Cabe ao psicopedagogo selecionar um ou outro modelo de intervenção, em
função da situação que vai enfrentar, mesmo sendo a tarefa psicopedagógica de alta
complexidade e que exija um leque de estratégias e conhecimentos a seleção não pode
ser feita aleatoriamente, mas em virtude de questionamentos, e conhecimentos sobre a
prática pedagógica.
Solé (op cit) salienta que algumas teorizações não podem ser desperdiçadas,
mediante qualquer modalidade de intervenção:
“uma concepção de aprendizagem como um processo
fundamentalmente individual, que se ‘acrescenta, mas não incide no
desenvolvimento, vinculado a um conjunto de capacidades inatas do
sujeito, que delimitam seu alcance e suas limitações, leva a interpretar
as dificuldades de aprendizagem de um modo determinado –
certamente como carência ou alterações nas capacidades do indivíduo
e, conseqüentemente, a aborda-las e a trata-las sob essa ótica que,
previsivelmente, priorizará uma intervenção direta, desatinada a
avaliar tais capacidades e a propor tratamentos suscetíveis de
compensar ou de reeducar o que se percebeu como déficit da pessoa”
25
A autora chama atenção para um concepção social e interativa de aprendizagem,
que leva o profissional a uma interpretação das dificuldades radicalmente diferente da
anterior. Numa perspectiva contextual, percebe-se uma participação de outros membros
na produção da situação em questão. Esses e outros referenciais pedagógicos influem
decisivamente na leitura que se faz da realidade, no que se considera o problema, bem
como o que deve ser feito para soluciona-lo. Portanto, influem, criticamente, na maneira
como vai ocorrer a intervenção nessa realidade.
O enfoque mais apropriado para um intervenção psicopedagógica em classes
hospitalares deve ser o modelo preventivo, que segundo Solé (op cit): “tendo como
objetivo prevenir o fracasso escolar e os problemas de aprendizagem em geral”.
Na intervenção em classes hospitalares o enfoque da intervenção é assistencial ou
clínico, onde o objeto de intervenção é o sujeito, ou os problemas e as dificuldades que
sofre, o hospital – a instituição – aparece como o lugar físico, onde ocorre a intervenção.
Mas importante lembrar que os conhecimentos e estratégias necessárias à intervenção se
encontram em disciplinas relacionadas à psicologia do desenvolvimento, as teorias sobre
a personalidade, ao diagnóstico das diferenças individuais e as estratégias de reeducação
e psicoterapia.
Para qualquer dos enfoques ou modelos de intervenção psicopedagógica em
hospitais ou em qualquer outra instituição é indiscutível a relação com à identificação, à
avaliação e o tratamento dos pacientes/alunos.
A avaliação psicopedagógica é definida por diversos autores (Pain, 1985;
Fernandez, 1990; Sole, 2001), são informações relevantes, coletadas e analisadas, sobre
os diferentes elementos que possam vir a interferir no processo de ensino e
26
aprendizagem com a finalidade de fundamentar as decisões sobre a intervenção mais
adequada às necessidades de cada aluno.
Em relação às finalidades da avaliação os autores concordam que estas são um
processo onde pretende-se identificar as necessidades educacionais de alunos que
apresentem dificuldades em seu desenvolvimento pessoal ou desajustamentos em
relação currículo escolar. Porém no caso específico de classes hospitalares o que se
pretende é a prevenção, e a avaliação deve assumir uma concepção interacionista.
A concepção interacionista, para definir as necessidades educacionais de um
aluno/paciente, “estabelece que o desenvolvimento das diferentes capacidades
constitutivas do ser humano é um produto da interação entre as características pessoais e
as do contexto onde ocorre esse desenvolvimento, segundo Solé (2001).
Pain (1985) ratifica a importância do fator ambiental na avaliação do problema,
segundo a autora não basta situar o paciente no ambiente, mas elucidar o seu grau de
consciência e participação, além de considerar o sentido da aprendizagem para a
realidade do aluno.
27
CAPÍTULO 3 – TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO EM
CLASSES HOSPITALARES
“O adoecimento representa para a criança a penetração
compulsória em um estranho mundo asséptico: o hospital. Em
contrapartida, a libertação deste mundo, sinalizada pela alta
hospitalar, aciona o medo do enfretamento da condição de
normalidade.”(Bitencourt, 2003)
O trabalho em classes hospitalares atende ao paradigma educacional da educação
inclusiva. E a medida que os movimentos sociais vão crescendo, a educação como
direito social vai sendo inquirida a atender a novas demandas. Acrescido a este fato, com
o crescimento da atenção aos processos de humanização, surge a necessidade de um
atendimento especial principalmente as crianças e adolescentes hospitalizados. Devido a
fragilidade emocional, que acomete a estes pacientes/alunos surge a necessidade de um
atendimento psicopedagógico, que intencione entre outros objetivos reduzir o tempo de
internação das crianças hospitalizadas de forma a resgatar a auto-estima das mesmas,
tentando amenizar o sofrimento causado pela internação, além de fortalecer o ele
paciente/escola e escola/paciente.
O trabalho de atendimento psicopedagógico dependerá da previsão médica para o
tempo de internação. Em internações curtas (até 15 dias) as informações sobre as
dificuldades são obtidas com os pais ou responsáveis e avaliadas pelas professoras. Em
internações mais demoradas, as informações são obtidas através da equipe pedagógica
da escola de origem do paciente.
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O atendimento deve ter um enfoque lúdico de modo a amenizar o sofrimento
causado pela doença e/ou afastamento do mundo externo. O trabalho em classes
hospitalares é praticamente um trabalho individualizado, pois cada paciente está inserido
em um nível de escolaridade, tem seu ritmo de aprendizagem, portanto é um
atendimento singular.
Acreditando na interferência da realidade hospitalar, um ambiente estranho, um
tratamento muitas vezes doloroso, na vida de pacientes/alunos, Ceccim e Fonseca (1999)
crêem que este cotidiano pode afetar a saúde mental e até mesmo lesar gravemente o
curso do desenvolvimento de crianças hospitalizadas. Baseado nessas reflexões é que
hospitais passaram a dispor de serviços, que preocupam-se mais com o bem estar
emocional de seus pacientes. Em uma primeira fase, incluíram a família no
acompanhamento da criança e criaram as enfermarias pediátricas. Vendo, então o
paciente como um indivíduo com interesses, necessidades e direitos implantaram-se as
classes hospitalares. Valorizando além da demanda biológica e emocional da criança a
dimensão vivencial, priorizando o desenvolvimento.
Indo um pouco mais além reivindicou-se uma escuta pedagógica, que valoriza a
facilitação ao retorno as atividades anteriores e a continuidade dos laços com o
cotidiano.
Ceccim (1995 em Ceccim e Fonseca 1999: 34) ressalta que: (...) a inclusão da
prática pedagógica profissional na atenção hospitalar, inclusive no que se refere à
escolarização, vem interferir nessa dimensão vivencial, porque resgata os aspectos de
saúde mantidos, mesmo em face da doença” .
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Referendando-se na teoria interacionista, entende-se que a criança explora e
interage no ambiente em que vive de forma contínua e recíproca, Soares e Zamberlam
(2003) reiteram que a medida em que sejam oferecidas oportunidades pelo meio, seu
repertório comportamental, assim como o contexto em que a criança está inserida são
modificados. Estudos das autoras, em colaboração com outros autores, corroboram com
a idéia de que posições favoráveis à estimulação, organização ambiental e arranjos de
atividades como estratégia no auxílio do desenvolvimento psicológico de crianças
confinadas a instituições hospitalares são imprescindíveis a melhoria da qualidade de
vida destes pacientes alunos.
Haydu (2003) atenta que o grande desafio dos seres vivos é a adaptação as
constantes variações do meio ambiente e sobreviver. Compreender o desenvolvimento e
o mecanismo de adaptação dos indivíduos, envolve a compreensão dos sistemas de
interação, devem ser analisadas as interações determinadas geneticamente e aquelas que
são determinadas pela sociedade.
Portanto para agir com crianças e adolescentes debilitados física e
emocionalmente faz-se necessário um profissional preparado para atuar na diversidade,
numa perspectiva de uma educação como um direito social. Caiado (2003) organiza em
três categorias, temas que devem ser imprescindíveis na formação do profissional que
atenda a classes hospitalares: organização e funcionamento no hospital, sentimentos de
perda e dor e a organização do trabalho pedagógico.
Amaral (2002) acrescenta que são necessários conhecimentos sobre a rotina
hospitalar, medicamentos, diferentes tipos de enfermidades dentre outros aspectos que
não constituem práticas usuais de profissionais da educação.
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Crianças afastadas de seu meio para tratamento de saúde, situação dolorosa e
invasiva, podem ser reaproximadas por profissionais, que formariam o elo de ligação
entre o cotidiano roubado e o hospital. Na inclusão em classes hospitalares é
proporcionado a ligação com o mundo externo, a criança encontra-se com outros
colegas, forma grupos, faz trocas e pode explorar o seu potencial através de atividades
pedagógicas.
Soares e Zamberlan (2003) chamam a atenção para o fato de que “rianças
hospitalizadas pode experienciar sentimentos relacionados à perda de controle em
relação à doença, somada a perda de controle sobre seu próprio ambiente. Define que tal
perda pode ter efeitos nocivos à auto-estima e autoconfiança do indivíduo”. (p.195)
Para Fernandez (1990) é importante na intervenção do psicopedagogo à escuta, o
que vai permitir ao paciente falar e ser reconhecido, e ao profissional receber a
mensagem, não só a mensagem verbal, mas também a corporal, assim como o agir do
sujeito, procurando detectar o “esquema de ação” de Piaget.
A inteligência é parte integrante do inconsciente e a aprendizagem é o elo de
ligação entre as estruturas da inteligência e as estruturas do desejo. Uma criança que
inconscientemente esteja com sua estrutura desejante abalada, em conseqüências de
transtornos emocionais, poderá, segundo Fernandez (op cit) aprisionar sua inteligência,
ocasionando um problema na aprendizagem. E um psicopedagogo, cujo objeto de
trabalho é a problemática da aprendizagem, deve observar a relação entre a inteligência
e os desejos inconscientes.
Em relação ao fracasso escolar que em algumas vezes ocorre quando a criança ou
adolescente que passou muito tempo afastada de seu mundo por causa de internações
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hospitalares, deve-se considerar, que o fracasso tem a ver com fatores externos a criança,
Fernandez (1990) define como problema de aprendizagem reativo.
A aprendizagem como um processo vincular e lúdico, considera-se que o
trabalho com crianças hospitalizadas deve tornar a vida delas o mais normal possível,
buscando considerar aspectos emocionais e incentivando relacionamentos interpessoais.
E para isso Soares e Zamberlan (2003 b) colocam que “o brincar pode servir como
proposta por permitir tarefas cognitivas relacionadas à compreensão de um ambiente
novo e estranho”. Atividades estas que vêm minimizar os efeitos da hospitalização, onde
o paciente possa trocar a posição de sofredor passivo para agente ativo, não esquecendo
de considerar a que crianças debilitadas emocionalmente, podem não tolerar o insucesso
de um jogo.
O brincar é uma atividade inerente a vida de uma criança, a recreação, através de jogos,
desenhos, pinturas, fantoches, etc; contribui para a superação da enfermidade, pois
proporcionam vivências reestruturantes , que reciclam as emoções e a vontade de viver.
Crianças quando brincam podem demonstrar para si mesma e para os
companheiros, que têm capacidade, competência e independência para realizar
atividades. Além de que o brincar pode facilitar, mesmo no contexto hospitalar em que
muitas vezes elas apresentam dificuldades para verbalizar sentimentos, uma facilitação
para se expressarem e lidarem com os aspectos negativos da situação.
Sendo a intervenção psicopedagógica um trabalho que visa a reintegração do
aluno/paciente a sua escola de origem, não se pode desprezar a situação que este
indivíduo enfrentará no retorno. Pode ocorrer no retorno a exclusão da criança pela
comunidade escolar provocada pela estigmatização de algumas doenças ou condutas
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terapêuticas que culminam com a amputação de membros, queda de cabelos, cicatrizes,
ostomias, etc; o que justifica o acompanhamento psicopedagógico às crianças mesmo
após a alta. Oferecendo suporte para a equipe escolar em relação ao esclarecimento do
diagnóstico, orientação quanto a possíveis necessidades de adaptações além do
acompanhamento psicológico a própria criança.
A mesma atenção dispensada ao paciente/aluno na hora de iniciar o processo de
internação de vê ser dispensada na hora da alta hospitalar, pois junto com a euforia do
término de uma situação dolorosa, surge o temor do enfrentamento da vida extra-
hospitalar. A criança deve ser preparada para como será sua vida dali em diante, para o
desapego ao ambiente em que permaneceu por muito tempo, aos amigos que ainda
permanecem hospitalizados e para com os médicos e enfermeiros.
O desafio do retorno ao cotidiano escolar podem ocasionar respostas emocionais
diferenciadas como salienta Ortiz e Freitas (2003) ”uns demonstram prazer em
retornarem a vida acadêmica e entregam-se com intensidade, outros, no entanto, ficam
inseguros, tímidos, podendo desencadear problemas na aquisição da aprendizagem. O
que justifica a importância preventiva de um trabalho psicopedagógico.
A inclusão na escola regular é um dos passos mais importantes para a inserção na
normalização da vida, é a própria representação da normalidade, portanto para o aluno é
uma necessidade ser aceito pelo grupo e essa aceitação social fortalece a sua auto-
estima, que denota um status de igualdade com as demais crianças. Por isso a sensação
de bem-estar será garantida pela receptividade advinda dos colegas e professores, que
deverão ser relações carinhosas e adequadas.
33
Uma relação carinhosa e adequada não quer dizer que estes alunos devam ser
superprotegidos, para que não venha a ocasionar uma acomodação por parte destes e um
beneficiamento secundário à doença. A idéia é implementar terapias de suporte
psicopedagógico-social, através de profissionais capacitados, a esta clientela.
34
CAPÍTULO 4 – ALGUMAS EXPERIÊNCIAS EM CLASSES
HOSPITALARES3
Geralmente, nas classes hospitalares, já existentes, o horário de funcionamento é
semelhante ao das escolas, funcionam com atividades conteúdistas pela manhã ou a
tarde, podendo dar continuidade ao trabalho em outro turno, porém de uma forma mais
recreativa. Os pacientes comumente são atendidos em salas cedidas pelo hospital,
decoradas e adequadas ao trabalho pedagógico. O ambiente deve ser colorido, decorado
com desenhos, jogos e brinquedos, transformado em um local que cause uma sensação
de alegria e bem- estar.
Para os pacientes impedidos de se locomoverem o atendimento é feito nos leitos
e se, em estado muito debilitado, são proporcionadas-lhe leituras ou vídeos, quando
possível.
Mesmo não tendo a características de uma escola regular, as classes hospitalares
procuram assemelharem-se à dinâmica escolar através de atividades pedagógicas,
promovendo um espaço de interações, desafiando e estimulando o aluno a solucionar
problemas, desenvolver o raciocínio e pensar criticamente.
Para corroborar com um maior esclarecimento sobre o funcionamento e objetivos
das classes hospitalares, inventariou-se algumas iniciativas que acontecem por todo o
país.
3 As informações contidas neste capítulo foram retiradas do site: http://www.crae.ptr.usp.br/ltg/classe
35
A Rede Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor, que é constituída por seis
unidades espalhadas por diferentes cidades do país, possui atendimento pedagógico
realizado por professores hospitalares. O projeto desenvolvido nesta instituição parte do
princípio que a reabilitação é o desenvolvimento de uma pessoa até o seu mais completo
potencial físico, psicológico, social, profissional e educacional e que na reabilitação
procura-se o aumento da independência, melhora da qualidade de vida e integração
familiar e social, no que se refere à integração social está inserida a escolarização. A
Rede Sarah é uma das poucas instituições em que há a intervenção pedagógica, pois
acreditam que através da intervenção, os psicopedagogos podem contribuir na
descoberta e desenvolvimento das potencialidades dos pacientes, assim essa diferença
pode implicar em uma singularidade na sua forma de comunicação e de aprendizagem.
Outra iniciativa de intervenção psicopedagógica ocorre no Hospital Araújo Jorge,
com o projeto denominado “Projeto Hoje” que atende crianças e jovens na faixa etária
entre 05 e 18 anos. O projeto utiliza-se de uma filosofia calcada no respeito às pessoas
com necessidades educacionais especiais e no direito de cada um ter oportunidades
iguais. O objetivo primordial é garantir aos pacientes o desenvolvimento de suas
potencialidades com vistas ao exercício consciente da cidadania, contribuindo, ainda,
para minimizar a defasagem idade/série.
No Hospital Jesus, no Rio de Janeiro, uma das mais antigas iniciativas de
atendimento educacional hospitalar (1950), as aulas acontecem a tarde, com a intenção
de não atrapalhar o atendimento médico, que normalmente ocorre pela manhã. Os
professores deste projeto além de trabalharem os conteúdos normais, escolhem temas
alternativos para desenvolver com as crianças. A pedagoga Eneida Fonseca Simões, que
36
leciona no Hospital desde 1993, observa “como alguns assuntos, apesar de importantes,
podem tornar-se chatos – escovar os dentes, tomar vacina ou cortar as unhas – a gente
procura aborda-los sob a ótica de outros temas, como o meio ambiente e a cidadania”
Outra iniciativa, também não muito recente, é a do Hospital das Clínicas de
Ribeirão Preto, no Estado de São Paulo, a iniciação dos atendimentos a crianças
hospitalizadas data de 1971 com a denominação de Programa de Continuidade Escolar, a
partir de uma experiência do Serviço Social, com o objetivo de humanizar o
atendimento hospitalar.
A classe hospitalar do Hospital Municipal Dr Mario Gatti, iniciou-se em 1998,
também através de um convênio saúde/educação, além de contar com os referenciais
teóricos dos docentes do curso de Educação Especial da PUC/Campinas, através do
projeto da brinquedoteca, que utiliza o lúdico como um dos principais recursos
pedagógicos no desenvolvimento do trabalho na classe hospitalar. Este projeto enfoca
diferentes aspectos, alem do paciente/aluno, atua com os familiares e com a escola do
paciente/aluno. A metodologia envolve a organização e execução de atividades por eixos
temáticos que facilitem o desenvolvimento dos conteúdos por faixa etária, utilizando o
brincar como eixo norteador.
Como uma das primeiras experiências o Hospital Infantil Joana de Gusmão, em
Florianópolis, Santa Catarina, implantou em 1999 o Programa de Classe Hospitalar, com
o objetivo de oferecer atendimento educacional, dando continuidade a escolaridade
formal enquanto a criança permanecer hospitalizada. A classe hospitalar, neste projeto
funciona como uma escola oficial, funciona como filial da Escola Padre Anchieta, que
como matriz supervisiona o trabalho.
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Este projeto é uma iniciativa da Seção de Pedagogia da Secretaria de Educação e
Inovação do Estado e parece ser um dos mais bem estruturados. Para o desenvolvimento
do trabalho são organizadas duas salas para atender crianças da educação infantil (4 a 6
anos) no período matutino e para alunos de 1ª à 4ª série, no vespertino em uma das salas,
a outra se destina ao atendimento de alunos de 5ª à 8ª série, o atendimento é oferecido a
todas as crianças liberadas pela equipe médica, independente do tempo de internação.
Para as crianças que não podem se deslocar o atendimento é feito no próprio leito. A
equipe é formada por um coordenador pedagógico e administrativo, um professor e
estagiários de diversas licenciaturas da Universidade Federal de Santa Catarina.
Hoje, o estado de Santa Catarina, segundo a Secretaria de Estado de Educação e
Inovação, possui 12 hospitais credenciados em 11 cidades diferentes, além da capital. O
programa tem por objetivo geral oferecer as crianças e jovens hospitalizados materiais e
um ambiente adequado ao desenvolvimento das atividades escolares, para que ninguém
se atrase no calendário letivo.
No Centro Infantil Boldrini, que é o maior hospital especializado da América
Latina no tratamento onco-hematológico pediátrico, a classe hospitalar ocorre de duas
formas diferentes, para os pacientes internados as aulas são ministradas todos os dias no
período da tarde, as crianças que recebem atendimento ambulatorial, enquanto não estão
ocupadas recebendo o tratamento, são orientadas nas lições de casa ou outras atividades
pedagógicas.
Em um Hospital da cidade de São Paulo, que atende a crianças com câncer, é
desenvolvido um projeto pelos alunos da Escola de Pediatria que envolve a produção de
textos e livros. Alunos nas faixas etárias de 8 a 11 anos, que freqüentem, originalmente,
38
as séries iniciais do ensino fundamental, que estejam em tratamento quimioterápico,
comparecem periodicamente ao laboratório de informática. O projeto visa a construção
de objetos de interesse dos alunos, o que torna a aprendizagem significativa, o projeto
denomina-se “Livros, Leves e Soltos”. O objetivo principal do trabalho é o
desenvolvimento da criatividade, concomitantemente com o aprimoramento da escrita,
na produção de livros, com estórias criadas pelos pacientes/alunos.
No final de março de 2003 a Prefeitura Municipal da cidade de Brasília assina
um termo de colaboração e cria a classe hospitalar instalada na pediatria do Hospital de
Base, que atende a pacientes incapazes de forma temporária ou permanente de se
locomoverem para a escola, muitos com câncer. O trabalho realizado nesta instituição é
um trabalho praticamente individualizado, onde uma professora polivalente orienta cada
aluno de acordo com o seu nível. O internado poderá ser atendido na sala, no leito ou até
mesmo no isolamento. A professora recebe apoio técnico da Secretaria Municipal de
Educação e suas ações devem estar integradas com as propostas da equipe que trabalha
com os pacientes: médicos, enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais,
fonoaudiólogos, assistentes sociais e outros envolvidos.
Caberá a Secretaria Municipal de Educação a garantia de que cada criança
internada, que freqüente este espaço pedagógico, tenha o atendimento que precisa para
que possa ser verdadeiramente incluída e sentir-se incluída, construindo conhecimentos,
crescendo e desenvolvendo a cidadania e as competências para atuar na sociedade.
Em 30 de abril de 2003, no Rio de Janeiro a IBM Brasil e o Instituto Estadual
Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti (Hemorio) lançam oficialmente o projeto
que objetiva a utilização da tecnologia IBM como recurso educativo e de entretenimento
39
para as crianças e jovens que se encontrem internados naquela instituição. O projeto
permite que os pacientes pediátricos utilizem internet, aprendam a utilizar o computador,
brinquem e realizem atividades didáticas em software interativos. O que possibilita uma
forma alternativa de acesso à educação.
Para a efetivação do projeto a IBM doou ao hospital dois computadores, três
notebooks e um conjunto de software interativo com conteúdo de matemática,
português, geografia e ciências. Segundo avaliação dos profissionais que atendem as
crianças e jovens do Hemorio o projeto os deixou mais alegres e motivados, o que de
uma forma geral contribui para uma melhor aceitação do tratamento, “além de brincarem
eles passam a ter uma perspectiva de futuro e um sonho a alcançarem”(relato de Kátia
Villaça, chefe da seção de planejamento funcional da coordenação de pesquisa e
recursos humanos do Hemorio.
Uma das últimas iniciativas ocorreu no Hospital de Caridade da Santa Casa de
Montes Claros, em 27 de junho de 2003, como é peculiar neste tipo de iniciativa, firma-
se um convênio entre a saúde e a educação, participarão da experiência além do Hospital
o curso de Normal Superior das Faculdades Santo Agostinho. O projeto assume uma
postura diferente com estende-se aos pais que acompanham as crianças com a
possibilidade de alfabetização e trabalhos manuais.
A experiência que melhor transparece a eficácia das classes hospitalares, relatada
por Viktor (2003) foi à experimentada pelo jovem Wesley Ribeiro de 19 anos que
nasceu com má-formação congênita e enfrentou em sua vida 50 cirurgias corretivas, o
que o fez permanecer por longos períodos hospitalizado. Durante toda sua infância e boa
parte da sua adolescência, o acarretou uma grande dificuldade em prosseguir seus
40
estudos. Porém com o apoio da classe hospitalar, hoje Wesley está concluindo o curso
de técnico em enfermagem e pretende cursar medicina, já foi professor de lambaeróbica
numa academia carioca e atualmente trabalha como grafiteiro, o que comprova uma
auto-estima bem trabalhada. O próprio aluno faz questão de relatar sua experiência:
“Se não fosse o apoio da classe hospitalar, eu teria perdido muitos anos
de escola e nem sei o que seria de mim. Viver num ambiente de
cirurgias, dores, medicamentos é um horror. Graças à ajuda das
professoras, a gente voltava a ser criança para estudar, aprender e
brincar. Isto é tudo para quem está internado num hospital e não tem
contato com o mundo exterior. Virá uma família
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme foi visto em capítulos anteriores, o atendimento no ambiente hospitalar
é um direito de toda criança ou adolescente que devido a condições especiais de saúde
esteja hospitalizado, é amparado legalmente, além de atualmente ser incentivado e
direcionado em documentos4 produzidos pelo Ministério da Educação e Desportos.
Apesar do reconhecimento oficial e da expansão verificada nos últimos anos, o
atendimento pedagógico a hospitais ainda é acanhado, pois ainda necessita de apoio
político e carece de critérios e estratégias para uma atuação mais adequada as
necessidades das crianças e adolescentes hospitalizados. Por falta de políticas
especializadas a maioria das iniciativas de atendimento em classes hospitalares surge de
parcerias entre a educação e a saúde, o que faz com que os métodos de atuação variem
tanto.. Outro ponto dificultoso é a falta de capacitação de profissionais.
Atualmente, numa tentativa de humanização da assistência a indivíduos
hospitalizados, tem havido um esforço em evitar a dissociação entre o somático e o
psíquico em instituições hospitalares, onde fica evidente, que principalmente em
crianças hospitalizadas, existem necessidades além das clínicas e que estas devem ser
vistas de uma forma mais ampla e abrangente, buscando a compreensão do seu
comportamento.
Esta nova visão deve ser traduzida em um ambiente e um tratamento que atenda
mais adequadamente as suas necessidades
4 Cf página 22 deste trabalho
42
Em Seminário realizado na Universidade Federal Fluminense, em 1996, a
apresentação de estudo provou que a convivência com outras crianças com experiências
semelhantes, assim como a chance de deixar o leito para outros tipos de atividades
diferentes do tratamento, proporcionadas pelo atendimento pedagógico em classes
hospitalares, influi positivamente na recuperação dessas crianças.
Para reiterar Viktor (2003) relata um estudo publicado nos EUA pelo Journal of
Developmental and Behavioral Pediatrics (Jornal de Pediatria Desenvolvimentista e
Comportamental) que demonstra que a internação hospitalar pode traumatizar a criança
por vários meses. E comprova, através de estudo realizado com 90 crianças entre 7 e 13
anos hospitalizadas, que 20% depois de 36 horas de internação apresentam algum tipo
de sofrimento psíquico e 11% apresentam sintomas de depressão. Belizário (em Viktor,
2003), que coordenou o trabalho, diz que “muitas crianças sentem-se culpadas por
ficarem doentes e acreditam que seu problema é mais grave do que o médico diz”. Por
isso é importante que tenham um atendimento psicopedagógico, que torne a sua vivência
o máximo possível integradas a uma rotina normal. E acrescenta que a própria família
afirma que a criança ganha confiança e se entusiasma com este tipo de atendimento.
E para finalizar referenda-se com Ceccim e Fonseca (1999) que:
O fato de que a criança ou jovem, mesmo hospitalizado, tenha sua
escolaridade continuada torna-se importante para a visão que ela ou ele
tem de si, de sua doença, de seu desempenho escolar e de seu papel
social. A classe hospitalar ratifica seu direito à cidadania. A educação
em hospital pauta-se pelo respeito aos direitos fundamentais da pessoa
humana e no especial direito das crianças e adolescentes à proteção
integral.
43
Espera-se que este trabalho venha a contribuir e possibilitar um novo “fazer
pedagógico” diante da realidade de crianças e adolescentes hospitalizados.
44
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