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MADER Pós-Graduação Latu Sensu Residência Agrária: Matrizes Produtivas da Vida no Campo: Formação em Cooperação, Agroecologia e Cultura, com ênfase na Organização Social. Eixo: Agroecologia Jardim de Cheiro Autonomia e Valorização dos Usos Etnobotânicos, estudo de caso no Acampamento do MST, Dom Tomás Balduíno, em Goiás Fabiane Prado Silveira Orientador: Vicente de Paulo Borges Virgolino da Silva Planaltina, Distrito Federal Janeiro, 2015

Jardim de Cheiro Autonomia e Valorização dos Usos ......Encontram-se acampados em mata de galeria, três mil e quinhentas famílias, numa área em torno de três quilômetros e meio

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MADER

Pós-Graduação Latu Sensu

Residência Agrária: Matrizes Produtivas da Vida no Campo: Formação em Cooperação, Agroecologia e Cultura, com ênfase na Organização Social.

Eixo: Agroecologia

Jardim de Cheiro Autonomia e Valorização dos Usos Etnobotânicos,

estudo de caso no Acampamento do MST, Dom Tomás Balduíno, em Goiás

Fabiane Prado Silveira

Orientador: Vicente de Paulo Borges Virgolino da Silva

Planaltina, Distrito Federal

Janeiro, 2015

RESUMO Este trabalho busca investigar as relações entre conhecimentos tradicionais

e científicos, com a valorização das tradições de uso etnobotânico, tendo

como referencial investigativo, moradores do Acampamento do Movimento

dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Dom Tomás Balduíno, no

município de Corumbá, em Goiás. Para isso, serão eleitas algumas

espécies vegetais nativas e exóticas para levantamento de dados científicos

e populares sobre seus usos e suas propriedades alimentícias e

terapêuticas. O trabalho discutirá elementos históricos e multidimensionais

no uso de fitoterápicos, apontando aspectos de diálogos de saberes, de

autonomia e soberania alimentar, com abordagens em bases

agroecológicas. Ao final deverão ser sistematizadas informações relevantes

acerca dos conhecimentos científicos e populares no uso das espécies

pesquisadas, buscando assim o fortalecimento da preservação da mata de

galeria onde está o acampamento, além do fortalecimento dos usos, a

transmissão de saberes populares, agregando ao processo de produção

agrícola, elementos importantes de conservação cultural e diferentes

procedimentos de manejo, com ênfase na Agroecologia. Para atingir os

objetivos se fará uso de entrevistas semiestruturadas, pesquisa-ação,

oficinas de jardim de cheiro, além de pequeno vídeo documentário, como

resultado final de registros desta proposta de pesquisa.

Palavras-Chaves: Conhecimentos Tradicionais, Agroecologia, Contra

Hegemonia.

1- Introdução

O modelo de desenvolvimento global da atualidade apresenta uma

série de contradições em si e por si refletidas em impactos de origem social,

ambiental e consequentemente econômica e cultural, para territórios e

populações. Em pequenas comunidades rurais, onde a dinâmica produtiva

baseia-se nas atividades comunitárias como o mutirão, o extrativismo de

baixo impacto, com a preservação de grandes áreas de Cerrado, produção

biodiversa.

Os modos de organização social camponesa, em especial a do

histórico das pequenas comunidades localizadas na área onde se encontra

a o complexo agropecuário da Fazenda Sant Mônica, atualmente com dois

mil hectares, com divisão produtiva monocultural de soja e gado de corte.

I Imagem I- Fazenda Santa Mônica

. As famílias, em sua maioria, saíram dos seus fazeres e territórios de

origem, muitos mais de idade, foram moram na cidade, depois de uma vida

inteira ligada à terra. Encontram-se acampados em mata de galeria, três mil

e quinhentas famílias, numa área em torno de três quilômetros e meio.

Imagem II- Acampamento Dom Tomás Balduíno

A realidade da Fazenda Santa Mônica configurou o esvaziamento do

campo, o desaparecimento de grandes áreas de vegetação nativa e

consequentemente o desalojamento de inúmeras espécies animais

silvestres. Parte desta história é apresentado no documentário de Camila

Freitas, realizado no ano de 2003, PASSARIM.

O conhecimento sobre espécies vegetais, frutíferas, condimentares,

aromáticas e medicinais, tem sua trajetória percorrida na construção

histórica das civilizações, ao longo dos últimos milhares de anos. Desta

forma, os conhecimentos existentes enquanto saber popular vem passando

de geração a geração, com a transmissão sobre cultivo e uso de diversas

plantas úteis na alimentação e saúde.

Por outro lado, o desenvolvimento agrícola adotado globalmente nos

dias de hoje e a acelerada urbanização, possuem características que

invisibilisam as peculiaridades regionais, trazendo uma ´série de perdas de

conhecimentos populares, paisagens, matrizes genéticas ancestrais, no

esvaziamento do campo e acelerado crescimento urbano. .

A relação cultural do ser humano com as plantas frutíferas,

medicinais, condimentares e aromáticas, tem se construído há milênios.

Seu universo biodiverso como elemento fortalecedor da soberania

alimentar, reconhecimento e valorização da cultura tradicional e dos jardins

de cheiro, têm inúmeros desafios em criar modos de produção familiar que

busquem caminhos em bases mais agroecológicas.

Jardins de Cheiros são espaços potencialmente úteis em diversos

aspectos. Geralmente são espaços femininos em volta da casa, com grande

diversidade de plantas, utilizadas em condimentos e remédios. Árvores

frutíferas, de porte mais elevado, convivem com arbustos, capins e plantas

rasteiras.

Espaços que colaboram para a manutenção de um microclima mais

agradável, muitos são utilizados como alimentos funcionais. Num desafio

contra hegemônico de busca por autonomia e valorização da memória,

comunidades podem ser fortalecidas na transmissão dos conhecimentos e

práticas de geração a geração, no cultivo e cuidado com o solo.

Também é de interesse desses estudos, dialogar com a importância

da prática e conceito de agrobiodiversidade. Através de práticas de

conservação da biodiversidade, proporcionando o surgimento de plantas

pioneiras, consorciando espécies alimentares, madeireiras, nativas e

exóticas, buscando criar o máximo de energia gasta na propriedade dentro

dela mesma, tornando o sistema fechado no seu modo de produção

autônoma, no fortalecimento de sua própria produção, é possível acreditar

no desenvolvimento de modos de vidas mais sustentáveis, comunitário e de

diversas formas, independentes.

Há pouca interlocução dos processos hegemônicos entre os

aspectos de conservação biológica e cultural, constituído de força financeira

poderosa, intervindo em paisagens, culturas e referenciais históricos, em

prol de um discurso desenvolvimentista, que mesmo após promessas de

fartura, não acabou com a miséria e a fome no mundo, que a cada dia

fazem mais vítimas.

. O trabalho discutirá aspectos históricos e multidimensionais no uso

de fitoterápicos, apontando em diálogos de saberes, de autonomia e

soberania alimentar, em bases agroecológicas. Para atingir os objetivos se

fará uso de entrevistas semiestruturadas e pesquisa ação no sentido de

desenvolver o objeto de pesquisa.

Os modelos de produção agrícola ligados ao agronegócio, não

agregam dimensões de qualidade ambiental, social e cultural. Por isso, é

preciso o desenvolvimento de práticas ancestrais, esquecidas nos novos

modelos de desenvolvimento e cultivo, agregados a tecnologias científicas

que podem contribuir para a validação de inúmeras propriedades das

plantas

1.1- O feminino, a estética e os princípios ativos

Sempre existiram seres sociais que cuidaram da saúde, guardando a

tradição ancestral em sua prática de plantios e usos das plantas. São essas

as identificações propostas aqui, da visibilidade dos transmissores desses

conhecimentos, os seus guardiões.

A relação do ser feminino com conhecimentos tradicionais referentes

aos jardins familiares, provedores de flora companheira de culturas

milenares, no uso de suas atribuições alimentares e terapêuticas, remota a

nossa ancestralidade enquanto ser vivente no mundo.

Dialogando com os conhecimentos dessas mulheres, com os

conhecimentos dos raizeiros, na proposta de identificação dos saberes da

comunidade do acampamento, busca-se aqui compreender a relação do

feminino, seus conhecimentos e o interesse por manter viva a prática dos

plantios e usos.

Imagem III- Distribuição de espécies medicinais

Nas visitas realizadas, diversas plantas foram reconhecidas e tinham

na memória de vida de membros da comunidade, o reconhecimento dos

seus usos populares. Algumas já foram utilizadas para tratamento de feridas

de animais e diarreia.

Dentre as diversas plantas alimentícias e funcionais, destacam-se as

aromáticas, condimentares, frutíferas e medicinais. Conhecimentos

tradicionais, os chamados de etnobotânicos são a construção cultural de

comunidades que passaram de geração a geração, trazendo ao presente a

memória e os usos do passado.

Nos tempos atuais, de cidades cada vez maiores e campos cada fez

mais sem camponeses, faz-se de suma importância a multiplicação de

espaços verdes, que podem garantir a transmissão dos conhecimentos

tradicionais e seu acervo genético, em áreas rurais, urbanas,

acampamentos, assentamentos da reforma agrária e áreas da periferia das

grandes cidades

1.2- Paisagens biodiversas e suas dimensões na cultura tradicional e indústria farmacêutica

Este espaço biodiverso, atrativo da fauna silvestre, entre espécies

nativas e exóticas, que tem como referência, o alimento, a umidade, a casa,

a própria vida e são dispersores naturais de sementes e predadores de

variados insetos, fazem de forma mais equilibrada, controles biológicos.

A degradação ambiental implica em uma série de situações, dentre

elas a radical mudança da paisagem, com pouca biodiversidade e com isso,

na pauperização de conhecimentos. A localização do acampamento é em

área ambiental extremamente frágil. É imprescindível o trabalho de

sensibilização, identificação, preservação e utilização de baixo impacto,

além do reflorestamento da mata de galeria.

Imagem IV- Mata de Galeria

A perda dos conhecimentos tradicionais, na desvalorização desses

saberes, na não transmissão desses conhecimentos, gera imensa perda

cultural que age diretamente sobre a autonomia e soberania intrínsecos a

esses conhecimentos, que se perdem.

A rápida mudança da paisagem com grande avanço da urbanidade

faz com que características de relevante interesse rural, se percam em meio

aos aglomerados urbanos.

Ao se entrar em um território tomado por uma cultura hegemônica

formulada a partir do consumo, é um grande desafio buscar formas mais

autônomas no diálogo entre passado e presente, cultura tradicional e

ciências da saúde, entre elas a farmacêutica.

Os saberes tradicionais, que tem suas referências relacionadas às

plantas de convívio, o bioma de origem e plantas adaptadas, interligados

aos hábitos alimentares e à saúde, são elementos culturais, que perdem

seus referenciais nas práticas que vão desaparecendo.

Entre os mais diversos desafios de autonomia e soberania alimentar,

está o acesso à agua, a necessidade de preservação e introdução de

espécies vegetais, o acesso a insumos como adubos, o trabalho com o

manejo. Num conjunto de organização social, o cooperativismo é uma

ferramenta de fortalecimento coletivo.

2- Impactos sociais propiciados pela intervenção social

. Estudos das propriedades das plantas originárias e adaptadas ao

Brasil tem potencial valor social, mas pouco interesse econômico. Lorenzi

(2002) cita, por exemplo, que o uso de frutos e folhas de Pitanga, a partir de

conhecimentos etnobotânicos, vem sido utilizados sem comprovação

científica, embora ensaios farmacológicos tenham analisado o extrato das

folhas e comprovado atividades antibacterianas a alguns organismos, além

da presença de minerais e vitaminas.

SANTOS et al (2011) afirmam que apesar de existirem estudos sobre

toxidade e benefícios das plantas medicinais, a literatura científica ainda é

pequena, sobre conhecimentos, propriedades terapêutica e usos.

O aumento de áreas verdes com a criação de hortos, com o objetivo

de produção de alimentos funcionais e fitoterápicos, a socialização dessas

práticas como elemento agregador, aproximando comunidades em prol de

um bem estar coletivo, buscando autonomia de conhecimentos e

sustentabilidade.

Em 2009, o Ministério da Saúde lançou o Programa Nacional de

Plantas Medicinais e Fitoterápicos, em ação à demanda criada a partir do

Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006, política pública relativa a

elementos transversais como meio ambiente, saúde, desenvolvimentos

sociais e econômicos, capazes de colaborar na melhoria da qualidade de

vida das populações do país.

Seus princípios norteadores baseiam-se na ampliação de ações

terapêuticas nas Unidades de Saúde atendidas pelo SUS, o uso de forma

sustentável da biodiversidade brasileira, o desenvolvimento tecnológico e

industrial, a inclusão e participação social.

Seus objetivos perpassam a construção e o aperfeiçoamento de

etapas da cadeia produtiva das plantas medicinais e fitoterápicos, o

reconhecimento e promoção de saberes e práticas tradicionais, na

constituição desta política que culturalmente tem seus usos históricos

dentro da cultura brasileira.

Embora estes argumentos legais sejam de extrema relevância, há

um apelo industrial que pouco dialoga com os quintais, as mulheres e a

autonomia familiar no que se refere ao uso, transmissão e práticas com

plantas no preparo caseiro, mas sim na exploração da força de trabalho

camponesa para subsidiar insumos para as indústrias farmacêuticas.

Desse ponto de vista, não há agregação de valor legítima, pois no

sistema econômico legal, um agricultor ganha em sua vida muito menos

dinheiro do que um farmacêutico, por exemplo.

Atualmente, o modelo de produção agrícola, seguindo os princípios

do modelo de produção industrial mundial, opera a partir de poucas

matrizes de produção, onde multinacionais são detentoras das sementes,

das tecnologias de maquinário e dos insumos, dos adubos e defensivos,

sendo estes, o chamado pacote tecnológico da revolução verde1.

Desta forma, o produtor rural está refém de adquirir todos os seus

insumos comprando sempre, mesmo que possa ter em sua própria

propriedade, materiais de alto interesse agrícola, não vistos desta forma.

Segundo o Programa Nacional de Fitoterápicos (2012), a soma das

informações dos conhecimentos populares com comprovações científicas,

favorecerão o entendimento da biodiversidade, na valorização de seus usos

tradicionais e manutenção dos conhecimentos ancestrais, de interesse

social. Desenvolver habilidades de plantio requer acesso aos materiais

necessários, como matrizes para multiplicação das espécies, substratos,

terras, adubos diversos e mineralizantes.

Dentre tantas plantas é possível citar algumas que têm seus usos

consagrados. Alecrim, Arruda, Poejo, Melissa, Orégano, Capim Rosário,

Hortelã, Babosa, Mastruz, Pitanga. Muitos dos princípios ativos utilizados na

farmacopeia convencional são nomes conhecidos na farmacopeia popular.

Segundo LORENZI (2008), o Alecrim é apenas uma, das diversas

plantas consagradas mundialmente e tem em seus usos, hábitos de povos

antigos que se perpetuam até hoje, sendo referência mundial como

tempero, chás e ações aceitas internacionalmente no tratamento caseiro

para hipertensão, problemas digestórios, falta de apetite, externamente nos

1 “No Brasil, a Revolução Verde se deu através do aumento da importação de produtos químicos, da instalação de indústrias produtoras e formuladoras de agrotóxicos e do estímulo do governo, através do crédito rural, para o consumo de agrotóxicos e fertilizantes” SILVA et al 2005 apud Meirelles, 1996.

sintomas de reumatismo. Em uso tópico, considerada cicatrizante,

antimicrobiana e estimulante do coro cabeludo.

O hortelã tem potencial combate a alguns vermes e a água é um

potencial transmissor, sendo ainda um grande problema em territórios sem

serviços de saneamento básico, com risco de contaminação por patógenos

de veiculação hídrica, como é a realidade de acampamentos e

assentamentos da reforma agrária.

Na comunidade estão pessoas de diversas faixas etárias, animais

domésticos e de produção. Diversas plantas podem ser aliadas na

prevenção de doenças, embora estudos

Alecrim é tempero, o chá para inapetência, indigestão, tosses,

provoca suor, depurativo do sangue, em banhos de pele, cabelos e caspas.

Problemas de pele são comuns em áreas de acampamento e as plantas

podem apresentar-se como aliadas no combate e prevenção de diversos

problemas, embora os estudos científicos sejam extremamente importantes

para comprovação formal, serão aliados nesta pesquisa.

De outro lado, o reconhecimento, preservação e utilização extrativista

de baixo impacto, podem ser alternativas para amenizar o impacto da

ocupação na mata de galeria, realizando um trabalho de base de

sensibilização, responsabilização e empoderamento da comunidade sobre

este seu bem natural.

A agricultura industrial vem cada vez mais ocupando os lugares antes

determinados pela agricultura de comunidades, que viam no chão de plantar

e preservar, a soberania alimentar e a autonomia em cuidar da saúde. O

histórico do complexo agroindustrial da fazenda Santa Mônica, de vinte mil

hectares, mostra a desocupação forçada de muitas famílias, através da

compra de um único proprietário.

A relação do ser humano com as plantas funcionais, sejam

alimentares ou medicinais, vem cada vez mais sofrendo um distanciamento,

ocupado pelo modelo de organização social e econômica mundial e através

de setores compartimentados.

A autonomia de plantio, manejo, coleta e utilização familiar,

principalmente nas cidades, mas também observadas no campo, vem se

perdendo em conhecimento tradicional, sem a valorização e transmissão

aos mais jovens de conhecimentos referentes a espaços verdes de cultivo

alimentar e medicinal.

Segundo KONDER (2009, p.113, 114), as relações do indivíduo com

seu âmbito social, são inseparáveis entre o ser humano e relações criadas

em sua construção histórica, influenciando diretamente o ser social em sua

existência, integrados em sua própria essência. Para tanto, é preciso ver os

indivíduos como sujeitos de ação, em constante transformação, em

determinado espaço real, com sua peculiar interação social.

Assim, na valorização e com o plantio de espécies aromáticas,

condimentares frutíferas e medicinais, dentro dos princípios de transição de

práticas mais sustentáveis, valorizando os usos etnobotânicos de cada

população, é possível aumentar a diversidade na paisagem e na cultura dos

conhecimentos das plantas e na interação entre as pessoas.

COSTA (2008) afirma que no mundo contemporâneo, o controle da

produção global está nas mãos de multinacionais, gigantescas corporações

transacionais. E que o avanço e domínio sobre tecnologias têm sido usadas

com finalidades lucrativas, privatizando conhecimentos, muitas vezes se

apropriando da biodiversidade e saberes tradicionais nascidos e

transmitidos ao longo da própria história da humanidade.

Para SAUER (2013), os processos agroecológicos transitam no

diálogo dentro de uma construção social, nas interações entre pessoas,

recursos, localizações e ações, em consequentes mudanças

socioambientais. É, portanto, no paradigma dessa ciência que se propõe o

desenvolvimento deste trabalho.

ALTIERI (2012) propõem como patrimônio ecológico planetário, os

modos de produção de uma agricultura familiar em pequenas propriedades

dando cinco motivos: Segurança alimentar, conservação dos recursos

naturais, diversificação de alimentos, manutenção da agrobiodiversidade

sem transgenia e a criação de microclimas.

3- Metodologia. Pesquisa-ação, onde os participantes também serão pesquisadores,

utilizando entrevistas semiestruturadas, com formação de grupo focal no

trato de jardins de cheiros e investigação de seus usos, descrevendo e

analisando as interações sociais em pesquisa qualitativa, em especial, a

equipe da saúde do Acampamento e outros moradores interessados.

4- Conclusão

A partir dessa pesquisa, pretende-se obter informações sobre o

conhecimento da comunidade a respeito dos jardins de cheiros e como

utilizar processos produtivos relacionados aos conhecimentos

etnobotânicos.

Propor formas a serem trabalhadas para a apropriação da

comunidade sobre os benefícios, domínio de técnicas e pesquisas sobre os

conhecimentos etnobotânicos e suas utilizações, em uma produção em

bases agroecológicas.

Buscamos aqui contribuir para a comunicação entre diversos atores

da sociedade, reintegrando conhecimentos a partir de práticas com

rearranjos estéticos, visando a biodiversidade como fonte de

enriquecimento cultural e ambiental.

Referencial Teórico

-ALTIERI, MIGUEL, Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável, São Paulo, AS-PTA, 2012.

- CONDER, Leandro, 1936-, Marxismo e Alienação: contribuição para um estudo do conceito marxista de alienação- São Paulo, Expressão Popular, 2009.

-COSTA, EDMILSON, A globalização e o capitalismo contemporâneo, São Paulo, Expressão Popular, 2008.

- LORENZI H. & MATOS, F. J. A.. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Editora Instituto Plantarum, Nova Odessa, São Paulo, 2002.

- SAUER, S. e BALESTRO, M. V (orgs), Agroecologia e os desafios da transição agroecológica, São Paulo, Ed. Expressão popular, 2013.

- SANTOS R.L.; GUIMARÃES, G.P.; NOBRE, M.S.C.; PORTELA, A.S. Análise sobre a fitoterapia como prática integrativa no Sistema Único de Saúde, São Paulo 2011. Pesquisado em http://www.scielo.br/., em 30-03-2014.

- SILVA F. M.; Silva, E. N.; FARIA, H. P.; PINHEIRPO, T. M. M. .Agrotóxico e trabalho: uma combinação perigosa para a saúde do trabalhador rural. Ciênc. saúde coletiva vol.10 n.4 Rio de Janeiro, 2005. Pesquisado em http://www.scielo.br/., em 30-03-2014.

Fontes pesquisadas na internet

- http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/08/1508771-mst-invade-fazenda-do-senador-eunicio-oliveira-em-goias.shtml (Matéria sobre a ocupação da fazenda Santa Mônica) pesquisada em 01 de janeiro de 2015.

- http://vimeo.com/112022804 (Filme documentário Passarim), pesquisado em 27 de dezembro de 2014.