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JEA Mai/Jun 2009 - Edição 249

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Jornal do Engenheiro Agrônomo

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Page 1: JEA Mai/Jun 2009 - Edição 249

ANO 35, Maio/Junho de 2009, nº 249

Código Florestal:Produtor rural não é criminoso; conciliar

produção e preservação é possível

Especialistas discutem os Impactos da crise Internacional no Agronegócio Brasileiro, em Seminário realizado pela AEASP e SEESP

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Associação de EngenheirosAgrônomos do Estadode São Paulo

Filiada a Confederação das Federações de Eng. Agrônomos do Brasil (Confaeab)

Presidente: Arlei Arnaldo [email protected]ºVice-Presidente: Ricardo Antônio de Arruda Veiga - [email protected]ºVice-Presidente: Henrique [email protected]ºSecretário: Ana Meire Coelho Figueiredo Natividade - [email protected]ºSecretário: Lauro Pedro Jacinto [email protected]ºTesoureiro: Arildo Lopes de [email protected]º Tesoureiro: Nelson de Oliveira MatheusJúnior - [email protected]: Ângelo Petto Neto [email protected]: Arnaldo André Massariol [email protected]: Celso Roberto Panzani [email protected]: Cláudio Aparecido Spadotto [email protected]: Nelson Matheus [email protected]: Zuleica Maria de Lisboa Perez [email protected]

CONSELHO DELIBERATIVO Anthero da Costa Santiago, Antônio Roque Dechen,Carlos Antônio Gamero, Carlos Gomes dos Santo Côrtes, Cristiano Walter Simon, Genésio Abadio de Paula e Silva, João Jacob Hoelz,José Cassiano Gomes dos Reis Jr., José Levi Pereira Montebelo, José Luis Susumu Sasaki, José Otavio Machado Meten, Luiz Ricardo Viegas de Carvalho, Nel-son Schreiner Junior, René de Paula Posso, Tulio Teixeira de Oliveira. CONSELHO FISCALJosé Antônio Piedade, Paul Frans Bemelmans, Paulo Torres Fenner.Suplentes: André Luís Sanches, Francisco Alberto Pino, José Eduardo Abramides Testa.

Órgão de divulgação da Associação de Engenheiros

Agrônomos do Estado de São PauloConselho Editorial

Ana Meire Coelho F. NatividadeÂngelo Petto

Sebastião JunqueiraDiretor Responsável

Nelson de Oliveira MatheusJornalista Responsável

Adriana Ferreira (mtb 42376)Colaboradora: Sandra Mastrogiacomo

Secretária: Alessandra CopqueTiragem: 10.000 exemplares

Produção: Acerta ComunicaçãoDiagramação: Sígride Gomes

RedaçãoRua 24 de Maio, 104 - 10º andarCEP 01041-000 - São Paulo - SP

Tel. (11) 3221-6322Fax (11) 3221-6930

[email protected]/[email protected]

Os artigos assinados não refletem a opinião da AEASP.

Permitidaa reprodução com citação da fonte.Rua 24 de Maio, 104 - 10º andar CEP 01041-000 São Paulo - SP Tel. (11) 3221-6322 Fax (11) 3221-6930 [email protected]/[email protected]

Menos emoção e mais razão

Nos últimos meses o debate acerca do código

florestal tem acirrado os ânimos de produtores rurais

e ambientalistas. De um lado, os ruralistas sentem-se

pressionados a assumir sozinhos o ônus pela preser-

vação de áreas não produtivas, de outro, os ambien-

talistas temem retrocesso na legislação que resulte em

aumento do desmatamento.

O recrudescimento de posições dificulta o enten-

dimento da questão e dá margem a distorções. Fica

a impressão de que o setor agropecuário é o grande

vilão do meio ambiente. E sabemos que não é.

O fato é que os profissionais da agronomia estão

diante de uma grande oportunidade, de mostrar a toda

a sociedade que a produção agrícola pode ser susten-

tável e o caminho é o trabalho sério e o uso da racio-

nalidade para pautar as discussões. Nesta edição do

JEA trazemos na matéria de capa três respeitados pro-

fissionais das ciências agrárias que expõem seu ponto

de vista a respeito deste importante tema, e dão sua

contribuição no intuito de avançarmos na discussão.

A crise e seus efeitos foram tratados em um seminá-

rio organizado pela AEASP em conjunto com o Sindi-

cato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (SEESP).

Para quem não pôde comparecer, mostraremos os prin-

cipais pontos discutidos e as conclusões.

Em junho realizamos a 37ª edição da Noite da

Deusa Ceres e mais uma vez foi um sucesso. Figuras de

grande relevo estiveram presentes no evento que pres-

tigia aqueles que deram grandes contribuições a agro-

nomia paulista. Agradecemos a todos que abrilhan-

taram o evento e aos nossos patrocinadores, Banco

Bradesco, Andef e Faesp que nos ajudaram a tornar

possível este acontecimento.

Ressaltamos que por falta de espaço, nesta edição

do JEA não pudemos publicar as fotos de todos os par-

ticipantes da Noite da Deusa Ceres, no entanto elas

serão publicadas na íntegra na próxima edição.

Boa leitura!

Um abraço a todos.

Arlei Arnaldo Madeira

editorial

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�JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO tunel do tempo • agrônomo é notícia

Você é parte interessada

As várias faces de um Agrônomo

O Sócio de número 01173 da AEASP, além de engenheiro agrônomo é também político, sociólogo, professor e escritor. Antônio Guaçu Dinaer Piteri foi duas vezes prefeito de Osasco (1967-70 e 1977-82), deputado federal (1975-79) e um dos fundado-res do antigo MDB, atual PMDB. Hoje, afastado da política, leciona Sociologia numa universidade.

As experiências de uma vida intensa ele decidiu narrar em seu livro “Sonhar é preciso: comunidade e política nos tempos da ditadura” que conta sua trajetória tendo como pano de fundo as transformações sociais e estruturais de Osasco nos últimos cinqüenta anos. O prefácio da obra é assinado pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, a quarta capa, pelo governador José Serra e as orelhas contém comentários de Plínio de Arruda Sampaio. Lançado durante a 20ª Bienal do Livro, em São Paulo, e é uma ótima opção para quem se interessa pela história recente do país.

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Última Homenagem

Prof. Ernesto Paterniani

Essa nota é para ressaltar o esforço da atual Diretoria da AE-ASP, em particular do Conselho Editorial desse veículo de informa-ção, nosso Jornal do Engenheiro Agrônomo, o JEA, como é mais conhecido, em renová-lo e com isso torná-lo mais dinâmico.

A busca por melhorias desse nosso instrumento de traba-lho, assim encarado, vem no sentido de divulgar as atividades dos que lidam com a Agricultura e a Agronomia, promover e opinar sobre temas da atualidade, relacionados ao Agro-negócio, além de enaltecer o profissional e a profissão de engenheiro agrônomo.

Uma curiosidade: parte de nossa história, que você pode reviver por meio desse “fac símile”, de uma edição de 1970 do JEA, quando Paulo da Rocha Camargo deixa a presidência da AEASP para ocupar cargo na Secretaria da Agricultura e Abastecimento em lugar de José Rodrigues Filho, (pai de Rober-to Rodrigues) que se candidatara à vice governança do Estado, na chapa de Laudo Natel.

Colabore, ajude-nos a tornar o JEA cada vez mais vivo e atuante. Contribua com suas sugestões e críticas. Escreva para [email protected].

Diretores e membros do Conselho Editorial: Nelson Matheus, Ana Meire, Ângelo Petto e Sebastião Junqueira

A AEASP presta sua homenagem ao nobre colega, engº agrº Luiz Manuel Martins de Freitas, falecido em maio último, na cidade de Matão. O agrônomo participou da equipe que produziu a primeira pesquisa sobre os cerra-dos brasileiros, em 1957. O pioneirismo rendeu-lhe o título de “Fundadores dos Cerrados”, outor-gado no V Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha, ocorrido em Goiânia, em 1966.

Faleceu no dia 18 de junho, o prof. Er-nesto Paterniani, docente aposentado do departamento de Genética (LGN) da Escola Su-perior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’, Esalq. Com rica e extensa experiência em pesquisas na área de Seleção e Melhoramento Genético em milho, foi presidente da Comissão de Pós-graduação, chefe do LGN, diretor do Instituto de Genética, coordenador do Curso de Pós-gra-duação em Genética e Melhoramento de Plan-tas e ouvidor do Campus ‘Luiz de Queiroz’. A AEASP, em nome de seus associados, presta sua

homenagem e oferece condolências à família do ilustre colega.

agrô

nom

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cia

Diálogo democrático na AEASPRoberto Freire esteve

na sede da instituição

No dia 24 de junho, a AEASP recebeu em sua sede o ex-senador e pre-sidente nacional do Partido Popular Socialista (PPS), Roberto Freire. A visita teve como objetivo ouvir de colegas, engenheiros agrônomos, o que é hoje, a “Agricultura Paulista”.

Após a recepção, por parte do presidente da AEASP, Arlei Madeira, o diretor Nelson Matheus conduziu os trabalhos com a colaboração dos en-genheiros agrônomos José Sidnei e Celso Vegro, do Instituto de Economia Agrícola (IEA/APTA/SAA) e de Levi Montebelo, presidente da Cooperativa de Trabalho dos Engenheiros Agrônomos e demais Profissionais de Ciências Agrárias do Estado de São Paulo (Coota).

Com esse encontro a AEASP reitera seu compromisso de promover e di-vulgar a Agricultura e a Agronomia. “Nossa “casa” está aberta a quem se interessar pela temática”, assinala o presidente da entidade.

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matéria JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO4

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Evento discute impactos da crise global na gestão do agronegócio brasileiro

Numa situação mais vantajosa em relação a países centrais, o Brasil pode sair dessa crise muito mais fortalecido. No agronegó-cio, responsável por 1/4 do PIB (Produto Interno Bruto) e por 1/3 dos empregos nacionais, pode assumir importante protagonismo mundial, a depender das estratégias que adote. A conclusão foi apresentada por Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, que preside atualmente o Conselho Superior do Agronegócio Fe-deração das Indústrias do Estado de São Paulo, (Cosag-Fiesp), durante o seminário “A crise internacional e seu impacto na agro-pecuária e no agronegócio brasileiro”.

Promovida pela Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo (AEASP), com o apoio da Federação Na-cional dos Engenheiros (FNE) e do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (SEESP), a iniciativa foi realizada na sede do sindicato.

Com o bom humor costumeiro, Rodrigues disse que, em fun-ção da situação favorável do País, está otimista em relação ao momento. Menos vulnerável às turbulências externas, em setembro de 2008, quando a crise começou a ser sentida aqui, o Brasil mantinha reservas internacionais altas – em torno de US$ 200 bilhões. As vantagens comparativas, enfatizou ele, são excepcio-nais frente a outros países. Quanto à elevada taxa de juros, como complementou Rodrigues, “temos a chance de diminuí-la e, com isso, ajudar no combate à crise”. E acrescentou: “A condição é interessante, inclusive ao agronegócio.”

Não significa que o segmento não tenha sentido o abalo.

Tendo abarcado praticamente 30% do total de investimentos es-trangeiros diretos em 2008, enfrentou dificuldades quando os recursos escassearam. “Em especial o setor sucroalcooleiro, que recebeu injeção de recursos, foi perturbado pela crise”, ponderou o presidente do Cosag.

Diretor executivo da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), Eduardo Leão Sousa ressaltou: “Seguramente essa foi uma das atividades que mais vinha investindo no País, principalmente nos últimos quatro anos.” No período, conforme expôs, foram apli-cados cerca de US$ 20 bilhões em novas unidades produtivas, por fontes bastante heterogêneas. “A janela de oportunidades ge-rou um ganho de competitividade que não deve ocorrer neste ano. O setor foi pego por falta de liquidez.” Como ressaltou Rodrigues, a ausência de crédito foi um problema central; afetou as empresas que trabalham com exportação e, na ponta da cadeia, o agricul-tor, a quem foi repassado o prejuízo.

Diretor-geral do Icone (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais), André Nassar apontou que a de-saceleração global propiciada pela crise comprometeu a venda de produtos agrícolas aos destinos internacionais. “Pela primeira vez desde 1980, o PIB (Produto Interno Bruto) mundial deve ficar negativo.” O salto na exportação à Europa, por exemplo, não deve se repetir neste ano. “A crise mundial deve segurar a traje-tória de expansão.”

Volatilidade

A queda nas bolsas de valores – de mais de 50% no valor das ações, segundo Rodrigues – também teve impacto sobre o agronegócio, uma vez que as commodities agrícolas são nego-

Soraya Misleh, Jornal do Engenheiro/SEESP

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�JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO matéria

mat

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ciadas nesses espaços. Sobre a ação dos chamados fundos de hedges, Ivan Wedekin, diretor de commodities da BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuras), salientou: “A volatilidade está ligada aos fundamentos do mercado em que atuam os especuladores, que através de operações nos mercados futuros reforçam tendên-cias.” Conseqüentemente, segmentos em que a influência dessas movimentações na composição de preços é elevada, como o de grãos, foram afetados de forma mais intensa pela turbulência. “O Banco Central estima a perda de US$ 30 bilhões em operações chamadas derivativos de balcão.” Entre os derivativos agropecuá-rios estariam café, boi, soja e milho.

Os bancos fecharam as torneiras aos investimentos, o que comprometeu seriamente o agronegócio brasileiro, dado o custo elevado da produção. “Plantamos uma safra de grãos no ano pas-sado muito mais cara do que o normal, porque os insumos dobra-ram de valor. Tivemos que usar mais recursos próprios ou pouca tecnologia, o que levou a nova dificuldade. Esse era o cenário em outubro e novembro de 2008”, explicitou Rodrigues. Como resultado, disse ele, a produtividade caiu. “Estamos colhendo uma safra um pouco menor e a área plantada também diminuiu.” A sal-vação tem sido, ainda de acordo com o expositor, a valorização do dólar, “que nos deu uma chance positiva”. Passados mais de seis meses do início da crise, a possibilidade de que volte a haver crédito abre oportunidade ao agronegócio brasileiro. “O sistema financeiro já começa a apostar no setor, uma absoluta diferença em relação aos países desenvolvidos.”

Vantagens competitivasIsso não bastaria caso a Nação não tivesse condições com-

petitivas. Enquanto nos destinos eminentemente agrícolas a par-ticipação maior é dentro da porteira (do plantio à colheita), o Brasil encontra-se numa situação mais avançada. Na composição do PIB (Produto Interno Bruto) do setor, o processo final (depois da porteira) representa 65%, ante 29% do intermediário (dentro) e 6% do inicial (antes da porteira, que seriam insumos e serviços). O que mais pesa é a armazenagem, industrialização, embala-gem e distribuição interna e externa. Portanto, conclui Rodrigues, o agronegócio brasileiro já se situa no patamar de país desenvol-vido. Responde por 36% do que o País comercializa no mercado externo – o que totalizou US$ 71 bilhões em 2008.

A redução da área plantada em função da crise não é dramá-tica. Conforme sua preleção, esta cresceu, nos últimos 20 anos, 26% e a produção aumentou 136%. “Nenhum país fez essa re-volução, é um espetáculo. Mostra que a tecnologia levou a pro-

dutividade agrícola por hectare extraordinária. Isso do ponto de vista da sustentabilidade é muito interessante. Se não tivéssemos investido em tecnologia, precisaríamos ter 2,5 vezes a área plan-tada atual”, destaca o ex-ministro.

Outra vantagem do Brasil é a capacidade de produzir com-bustível a partir do álcool da cana-de-açúcar – setor que, como elucidou o diretor-geral da Unica, não passou ileso pela crise, mas mantém seus fundamentos sólidos e tem perspectivas pro-missoras. “No futuro, o petróleo não terá condição de atender a demanda mundial por energia, pelo menos a preços compatíveis com a renda dos países em desenvolvimento”, destacou Rodri-gues. Assim, surge no globo uma grande área de pesquisa em termos de energia renovável. E o País está de alguma forma à frente esse processo, observou o ex-ministro. Com espaço para ampliar a produção, pode conquistar papel destacado na geopo-lítica mundial. “Tem 72 milhões de hectares cultivados, dos quais pouco menos de 8 milhões com cana, ou seja, 11% da área agricultável, metade para produção de açúcar.” Além disso, tem cerca de 200 milhões para pastagens, 172 milhões cultivados e o restante passível de ser transformado em agricultura, sendo que 21 milhões podem ser usados para plantar cana. “Temos sol, terra e água, o que nos dá condição de liderar um programa mundial de energia. Nossa competitividade é excepcional e se o Brasil investir, poderá ocupar mercados definitivos.”

Mas não basta a natureza ser pródiga. É preciso que o agri-cultor faça sua parte. “Tem que ser um bom gestor e se organizar.” É crucial ainda articulação política, propaganda das potencialida-des nacionais e a busca de acordo com os ambientalistas, ponde-rou Rodrigues. Além disso, mão de obra qualificada e inversão em ciência e tecnologia são importantes no processo. Inserido nesse contexto, “o engenheiro agrônomo pode contribuir sobremaneira para a superação da crise”, como concluiu Arlei Arnaldo Madei-ra, presidente da AEASP.

Para o SEESP, sair fortalecido da turbulência passa pela con-tinuidade dos investimentos em prol do desenvolvimento nacional sustentável e com inclusão social, como propugna o projeto “Cres-ce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” – lançado pela FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) em 2006 e que conta com a adesão das entidades a ela filiadas, entre as quais o sindicato da categoria no Estado de São Paulo.

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“O Governo Lula, é a casa da mãe Joana”, a declaração dada pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, é um bom termômetro para medir os ânimos dentro e fora do Congresso. O recrudescimento do clássico embate entre ambientalistas e ruralis-tas gira novamente em torno do Código Ambiental.

Seria uma única lei capaz de regular com eficiência todos os aspectos ligados ao uso da terra, em se tratando de um país com uma extensão territorial de 8.511.965 km2? Biomas diversos, pequenos e grandes produtores rurais, peculiaridades regionais e diferentes estágios de desenvolvimento socioeconômicos, encon-trados nos 26 Estados brasileiros, podem ser abrangidos por um único texto jurídico?

Esse questionamento está na base das modificações propostas pela bancada ruralista à Lei 4.771/1965 do Código Florestal (CF). O projeto de lei descentraliza atribuições, cria um fundo de compensações, extingue penas de prisão para crimes ambientais, garante áreas de produção rural já consolidadas e inclui questões urbanas no texto, com o intuito de distribuir responsabilidades pela preservação do meio ambiente, hoje restritas aos agropecuaristas, para empresários de todos os setores da economia.

Líder da bancada ruralista e principal articuladora do pro-jeto de lei, a senadora Kátia Abreu baseia-se no artigo 24 da constituição federal, que atribui à União a definição das linhas gerais no que tange a lesgilação ambiental e delega aos estados e municípios a responsabilidade pela elaboração e fiscalização das normas específicas, que levam em conta as peculiaridades de cada região. “Devemos respeitar o pacto federativo e passar estas atribuições aos governadores, as assembléias legislativas, ouvindo os órgãos de pesquisa dos estados, para que a ciência paute as discussões”, argumenta a senadora.

Longe de um consenso, a lei federal que tenta abarcar todas as questões relativas ao uso do solo brasileiro sofreu inúmeras emendas ao longo de seus 44 anos de existência, o que certamente contribuiu para torná-la cada vez mais controversa.

O engº agº e consultor ambiental Paulo de Mello Schwenck JR acha difícil imaginar um cenário em que se possa estabelecer uma única regra para atender a todos os tipos de situações que ocorrem no Brasil. “Os problemas afetos ao bioma amazônico não são os mesmos do bioma Mata Atlântica ou Pantanal. Logo, entendo oportu-

Questionar para melhorarOs obstáculos e oportunidades da Legislação

Ambiental para a agropecuária

Adriana Ferreira

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no que a nova norma legal dê autonomia para os estados, desde que sejam ressalvados parâmetros mínimos para garantir que os objetivos da lei estejam em primeiro plano”. E emenda “há muitas situações consolidadas de uso inadequado do solo que precisam ser revistas, mesmo que seja necessário estabelecer prazos para adequação. Há também várias restrições de uso hoje praticadas que muito pouco contribuem para proteger ou melhorar o ambiente. Nos dois casos opostos as mudanças devem ser balizadas pela lei federal”.

Schwenck diz concordar em parte com as alterações propos-tas pela bancada ruralista. “Quero crer que as mudanças não podem ser feitas apenas sob a ótica do setor ruralista. Lembro que parte dos conflitos existentes foram gerados porque a agricultura avançou sobre áreas sensíveis do ponto de vista ambiental, como as beiras de córregos e rios, áreas com declividade acentuada, sem falar em uso inadequado das águas para irrigação e falta de tratamento e/ou disposição adequada de resíduos (pocilgas, unidades de beneficiamento)” salienta o agrônomo.

A coordenadora de Biodiversidade e Recursos Naturais da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Helena Carrascosa von Glehn, faz ressalvas às propostas de alteração da Lei 4.771/1965. “Não concordo com as mudanças propostas, tal como elas estão colocadas. O Código Florestal tem problemas, precisa de uma mo-dernização, de eliminar contradições, às vezes ele é meio esquizo-frênico, mas não é obsoleto, nem inútil para a proteção do meio ambiente. Ele tem de ser melhorado e não piorado”.

Por outro lado ela admite que “do jeito que está redigida a lei é mesmo difícil de ser aplicada”. Helena que se formou pela ESALQ, em 1980, conta que no período da graduação nunca foi mencionado o Código Ambiental em sala de aula, e a essa altura o CF já tinha 15 anos. “Nesse período, muitos de meus colegas que foram para assistência técnica deixaram de orientar os produ-tores. “Se nem a ESALQ em meados da década de 1980 orientou os granduandos a respeito desta questão, como podemos supor que os produtores teriam essa informação?”

Na opinião da coordenadora da Secretaria do Meio Ambiente, a pergunta a ser feita é “como fazer a adequação das áreas que hoje estão em produtividade”?. “Ninguém quer ter uma fazenda degrada-da, precisamos buscar um equilíbrio e o equilíbrio está exatamente na valorização da função ambiental dessas áreas”, sintetiza. Helena, no entanto, concorda com a bancada ruralista sobre os dispositi-vos gerais da Lei serem feitos por biomas.

Código assusta São exatamente os pontos esquizofrênicos do CF, citados

pela engª agrª Helena Carrascosa, que fazem com que milhares de agropecuaristas, país afora, tenham uma visão fantasmagórica desta lei, especialmente depois da aprovação do Decreto 6.514, em 22 de julho de 2008, que regulamenta a Lei de Crimes Am-bientais (Lei 9.605/1998) e trata da obrigatoriedade da averba-ção da Reserva Legal (RL) – Art. 55. Após o dia 11 de dezembro de 2009, data da entrada em vigor deste decreto, quem não averbar a RL estará cometendo uma infração ambiental e pagará multa de 500 reais a 100 mil reais. A criminalização dos produto-res, claro, foi recebida com indignação pelo setor.

Embora a obrigatoriedade da averbação da RL exista desde 1965, quando a Lei 4.771 entrou em vigor, a maior parte dos produtores não cumpriu a norma e aí entra outro ponto nevrálgico, também mencionado por Helena, a distância entre a determina-ção legal e a real possibilidade de cumprimento.

Mas a engª agrª ressalta que é possível enxergar a questão da Reserva Legal como uma oportunidade de diversificar a produ-ção, que se bem manejada pode gerar renda. “Tem muita gente plantando seringueira junto com espécies nativas. Se as pessoas parassem de brigar, perceberiam que o CF pode gerar lucro”.

Posição comum entre os especialistas é a de que o agrope-

cuarista deve ser remunerado pela preservação e pelos serviços ambientais. “É preciso entender que além de produzir produtos agropecuários, as áreas também têm vocação para produzir ser-viços ambientais, como água e paisagem. O turismo rural é muito interessante nesse sentido, tem bons exemplos de hotéis na Bahia que pagam para os produtores rurais protegerem a paisagem”, comenta a coordenadora.

Os principais pontos a serem revistos na legislação ambiental, de acordo com Schwenck são: separação do ambiente urbano do rural, “pois o tipo de intervenção sobre as áreas naturais são bastante distintas nos dois casos”. Ele explica que é necessário adequar os parâmetros técnicos que regem o uso do solo rural e urbano para privilegiar o uso sustentado e minimizar impactos negativos. “Nesse sentido, os zoneamentos agroecológicos e ur-banos podem vir a ser um importante parâmetro para balizar o esforço que pode ser feito sobre os recursos naturais, exercendo-o de acordo com a capacidade de suporte do ambiente”.

No que tange à transferência da responsabilidade pela fisca-lização e do uso de solo para Estados e municípios, os opositores acreditam que essas unidades não teriam estrutura e imparcialida-de o suficiente para desenvolver este trabalho. Schwenck diz que se as unidades não tem essa estrutura, devem se preparar para tê-la. E pondera: “não tenho certeza de que a divisão por território seja a melhor, quero crer que a divisão por bacias hidrográficas e biomas seja mais efetiva para planejar e gerir as interferências no ambiente causadas pelos processos produtivos”.

Os especialistas criticam a judicialização do processo de li-cenciamento ambiental e defendem um debate pautado por aná-lises técno-científicas. “Nesse contexto, a engenharia agronômica deve mobilizar-se para propor parâmetros de uso e proteção que

José Sidnei Gonçalves: “É preciso diferenciar cada tempo histórico e peculiaridades region-

ais, caso contrário penaliza-se a estrutura do Centro-Sul que tem

uma colonização mais antiga”

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO capa

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atendam aos interesses nacionais e não apenas aos produtores rurais ou de áreas para expansão urbano”, ressalta o consultor.

Helena conclama os colegas: “o agrônomo é um profissional bom para esse momento, se a gente não trouxer uma visão mais técnica a gente perde a oportunidade de fazer diferença e a so-ciedade precisa que façamos isso”. Quanto ao recrudescimento do debate entre ambientalistas e ruralistas, a coordenadora da Secretaria de Estado do Meio Ambiente acredita que em algum momento haverá entendimento. E ressalta: “revogar o código am-biental não vai dar certo, haverá uma repercussão internacional muito grande, além de questionamento judicial e, claro, proble-mas ambientais”.

A Situação paulistaO Estado de São Paulo vive uma situação curiosa, embora te-

nha esgotado suas fronteiras agrícolas em 1970, seus produtores precisam responder às regulamentações da Legislação Ambiental ocorridas depois deste período. “Se fossemos cumprir a legislação de 2001, teríamos de transformar em mata nativa 3,7 milhões de hectares de forma compulsória”, explica o engº agrº e pesquisa-dor do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo, (IEA), José Sidnei Gonçalves. “Se você tirar o Vale do Ribeira e o Vale do Paraíba, sobra o Planalto onde está a grande agricultura paullista, e de acordo com a norma de 2001, é preciso reconverter 3, 6 milhões de hectares no Planalto para proteção ambiental, o que torna a lei inexeqüível”, afirma.

O erro na legislação de 2001, na opinião do pesquisador do IEA, “foi criar a Unidade de Conservação, que é publica, e assim chega-se à desapropriação indireta”. “Para se ter uma idéia, se todas as reivindicações do MST no Estado de São Paulo fossem

atendidas seria preciso dispor de 1, 2 milhões de hectares, ou seja, o que a lei exige corresponde a três vezes a quantidade requerida pelo Movimento”, compara.

José Sidnei elaborou proposta de projeto de lei ao deputado Duarte Nogueira, que está em estudo e deve ser apresentada ao Congresso Nacional. A tese defende que para o Estado de São Paulo o produtor seja submetido ao texto original da Legislação Ambiental (LA), de 1965, e somente responda às normas lá con-tidas, sendo desobrigado a atender as modificações posteriores a esse período.

O consultor ambiental Paulo Schwenck comenta que se forem levados em conta os termos frios das normas legais, “hoje não se poderia pisar na beira de um lago ou riacho, pois a área é considerada de preservação permanente, sendo o infrator tratado como criminoso, o que não pode ser admitido como correto”. E continua. “Quando uma restrição é técnica, os objetivos da mesma devem ser explicitados e justificados com base no conhecimento acumulado, de preferência publicado. Se este conhecimento ain-da não está consolidado, a norma deve estabelecer um parâmetro seguro até que o conhecimento preencha esta lacuna e proponha parâmetros melhores”.

O pesquisador do IEA defende um novo pacto federativo que defina de forma objetiva as competências e a capacidade das unidades da federação de atuar na questão ambiental. “Acho fundamental recompor as matas nativas e ciliares e todas as áreas de proteção para o Sul e Sudeste. Considero que o engenheiro agrônomo tem de ser o interprete e o equilíbrio nessa discussão, não deve estar nem do lado do ruralista e nem do lado do am-bientalista, deve ser o engenheiro da produção sustentável com cumprimento de normas ambientais factíveis”.

Paulo de Mello Schwenck Jr: “As regiões impróprias às práticas agrícolas convencionais quase sempre guardam excelente potencial turístico”

Helena Carrascosa von Glehn: “O que falta nesse debate é uma

visão mais técnica e menos jurídi-ca. É por causa da proteção ambi-

ental, definida de maneira técnica, que surge a proteção legal”

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Fernando Penteado Cardoso**Eng.Agr.Sênior-ESALQ-USP,1936

Agora o negócio é fazer negócio: país rico de um lado, po-bre do outro, trocando carbono por dólar ou, pelo menos, dese-jando que aconteça. Enquanto isso, uns e outros se orgulham de produzir mais veículos e mais petróleo para acioná-los, ainda que de alto custo, seja das areias betuminosas no Canadá, seja nas profundezas do pré-sal no Brasil.

Mais queima de fósseis é mais carbono adicional na atmosfera. Os outros carbonos, tão discutidos, não passam de reciclagens, ora mais, ora menos demoradas. Caso o carbono seja o principal responsável pelo aquecimento, - o que é discutível, - há que queimar menos fóssil. A queima de fóssil dá carbono novo, suplementar, provindo do subsolo onde está retido há milhões de anos.

No caso das queimadas de mata nova, grande parte do C liberado é re-absorvido pela vegetação subseqüente, seja capo-eira, pasto ou cultura. A parte não re-absorvida representa um vo-lume irrisório, uma ninharia, quando comparada às gigantescas emissões oriundas da queima de óleo, gasolina, gás natural e de carvão mineral por esse mundo afora.

Mas o que dá manchetes são as queimadas, embora prenun-cie riqueza adicional agropecuária pelas novas áreas abertas à fotossíntese, processo químico natural e maravilhoso, causa bási-ca de toda produção vegetal, que não ocorre à sombra do dossel arbóreo. Seria a grande ênfase dada ao fogo um sinal de temor do inferno tido como ardente?

A atmosfera contêm cerca de 0,032% de gás carbônico-CO2, enquanto tem 100 vezes mais água (3 a 4% como vapor e nuvens de gotículas suspensas) que é de longe o principal agente do efeito estufa. Porque que não se menciona a contribuição da umidade na atmosfera para o aquecimento global?

Estariam os produtores de combustíveis fósseis desviando o

Efeito estufa da umidade no ar (Trechos de carta a um neto)

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foco da opinião pública de todo o mundo para que se esqueçam da gasolina e do carvão, ao inventar bodes expiatórios como as queimadas e os focos de calor detectados pelos sensores dos sa-télites? Ou ainda, estariam os consumidores dispostos a abrir mão do conforto que os combustíveis fósseis lhes proporcionam?

Levando em conta o efeito estufa da água da atmosfera, então, o Brasil estaria muito mal situado por ser um país de muita chuva, muita nuvem e alta umidade no ar que cerceia a irradiação infravermelha. Os grandes dissipadores do calor seriam a Austrália, o Norte da África, a Arábia e outros países secos, sem a camada úmida que age como um cobertor, retendo o calor da irradiação térmica.

As florestas, ora tidas como grandes recicladoras de umi-dade e chuva, seriam na verdade co-responsáveis pelo cobertor úmido que retêm o calor e contribui para o aquecimento global. Uma retenção em muito maior escala que a atribuída ao modesto volume de gás carbônico, excedente da quantidade retida pela vegetação, que sucede às queimadas.

Em compensação, tanta umidade na atmosfera torna nosso céu o mais azul de todo o planeta.

Principais gases-estufa da atmosfera (Pesquisa Google)

Vapor d’águaO vapor d’água é considerado o mais importante gás-estufa,

além disso, com a ação do efeito estufa a atmosfera se tornará mais quente contendo uma quantidade maior de vapor d’água em decorrência de índices mais altos de evaporação. Segundo OMETTO (1981), o vapor d’água é um dos constituintes variáveis do ar atmosférico, chegando a ter até 4% em volume.

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Produção Agrícola e Meio Ambiente

A princípio, o incremento da produção agrícola pode ser obtido com expansão de área e com aumento da produtividade nas áreas já ocupadas. Ambos caminhos trazem questionamentos de motivação ambiental. A expansão territorial pela possível ocupação de áreas inaptas, frágeis e protegidas; o aumento de produtividade pela intensi-ficação do uso de fatores de produção e de seus possíveis impactos.

Segundo o Código Florestal, um percentual de cada proprieda-de rural deve ser de reserva legal, sendo: 80% no bioma Amazô-nia, 35% no bioma Cerrado na Amazônia Legal e 20% nos demais biomas do país (Caatinga, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Cer-rado fora da Amazônia Legal). Além das reservas legais, segundo estimativas realizadas pela Embrapa Monitoramento por Satélite, de acordo com a legislação ambiental, as áreas de preservação permanente somariam cerca de: 19% no bioma Amazônia, 12% no Cerrado, 7% na Caatinga, 16% na Mata Atlântica, 12% no Pampa e 96% no Pantanal. Assim, temos uma limitação de área, que não era evidente. Por conseqüência, se a legislação ambiental perma-necer como está, teremos um milhão de produtores em metade das propriedades rurais do país na ilegalidade, representando cerca de 20% da nossa produção rural.

A partir de dados médios que constam de levantamento da CONAB (safra 2008/2009), estimativas recentes mostram que, para atender integralmente à legislação ambiental quanto às re-servas legais e áreas de preservação permanente, os aumentos de produtividade nas lavouras teriam que ser entre 43% e 76% nas propriedades rurais nos diferentes biomas brasileiros. Por exemplo, para manter o mesmo nível de produção, com a restrição de área,

Claudio A. SpadottoEngenheiro agrônomo, pesquisador e chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente

os produtores de soja do Centro-Oeste, que estiverem produzindo na média da região (2.940 kg/ha), teriam que passar para 4.023 kg/ha (67 sacas) no Cerrado fora da Amazônia Legal.

Nesse contexto, a irrigação das lavouras, que hoje no Brasil ocorre em cerca de quatro milhões de hectares, com potencial de 30 milhões de hectares, pode ter papel fundamental na busca pela elevação da produtividade. Sabe-se que esse incremento pode ser de 492%, 177% e 62%, respectivamente, nas culturas de feijão, milho e soja irrigadas. Por outro lado, é importante notar que al-guns impactos ambientais têm sido associados à irrigação, como consumo exagerado de água, salinização do solo, contaminação dos recursos hídricos, consumo elevado de energia e problemas de saúde pública. O que nos leva a destacar a necessidade da adoção de boas práticas nos sistemas produtivos, minimizando os danos ao meio ambiente, com acompanhamento de profissionais habilitados e competentes.

Há a necessidade que as demandas das atividades produtivas agrícolas, pecuárias, florestais e agroindustriais, que atendem a di-ferentes mercados consumidores e aos interesses do país, sejam conciliadas com as necessidades de conservação dos recursos na-turais mobilizados para a produção, juntamente com as exigências de preservação dos ecossistemas e da qualidade ambiental.

Essa é a boa agricultura, com base técnico-científica, que já tem sido praticada em muitas propriedades rurais e que queremos seja cada vez mais disseminada. Desejamos também que a legislação ambiental seja realista e não inviabilize as propriedades rurais e a agricultura brasileira.

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O mundo precisa cada vez mais de alimentos baratos. É um crime contra a humanidade aumentar o custo da grade de produtos aplicados nas culturas agrícolas.

O Brasil está promovendo reavaliação toxicológica em uma sé-rie de ingredientes ativos pesticidas, entre eles produtos que ajudam a manter mais baixos os custos para a agricultura. Agora, o Ministro da Saúde José Gomes Temporão, ombreado por seu colega do Meio Ambiente, Ministro Carlos Minc, anunciam na mídia que os produtos serão banidos.

Produtos que por décadas foram usados na defesa fitossanitá-ria, de repente se transfiguraram e passam a inimigos públicos, a dar trela àquelas descabidas declarações e a matérias difundidas na mídia pela ANVISA. Devemos lembrar a estes Ministros e a essa Agência que água afoga e solo soterra, e nem por isso são ele-mentos odiados ou perniciosos ao povo. O mau uso e a falta de precauções são fatores primordiais que levam ao infortúnio.

Se os produtos não mudaram, para quê medida tão drástica? Não seria mais sensato ampliar as medidas mitigadoras dos riscos face aos conhecimentos acumulados? É evidente que o instrumento da reavaliação deve ser revestido do rigor científico no âmbito das ciências da toxicologia, ecologia, agronomia e economia.

Ou será que querem acelerar as forças mercadológicas? Sim, pois todos sabem que são introduzidos no mercado novos ingre-dientes ativos, que por pressão dos mais fortes acaba por afastar os produtos mais antigos, também criação daqueles. Estes mais antigos, agora em boa parte na mão do mais fraco, ficaram bara-tos (a patente de exclusividade prescreveu e, em domínio público, a concorrência surgiu) e não atendem mais às exigências dos mega-acionistas. Como na maioria dos casos as características de eficácia entre os novos e os antigos não se diferenciam a ponto de encantar os agricultores, e, como os novos são mais onerosos, a substituição se processa lentamente, mercê de muita propagan-da, assistência técnica, festividades, premiações e ação de “Mr. Lobby”. Aliás, ações legitimadas pela liberdade democrática sob o regime capitalista.

Convenhamos, não é comum Ministros virem a público e ante-ciparem veredicto de banimento de substâncias, antes mesmo do processo de reavaliação terminar. Será que foram confundidos pelo tiroteio midiático do pessoal da GGTOX / ANVISA? Ou será que desta feita “Mr. Lobby” foi pleno em sua persuasão?

Caro leitor, “Mr. Lobby” é um personagem que dissemina os “novos defeitos” dos produtos genéricos em Congressos, Fóruns in-ternacionais, Mídia científica e Autoridades reguladoras, para pavi-mentar o caminho de uma nova molécula que surge promissora con-tra os mesmos alvos biológicos. O objetivo é abreviar o tempo útil de um determinado produto genérico que atrapalha a entrada da

Túlio Teixeira de Oliveira – Diretor Executivo da AENDA www.aenda.org.br / [email protected]

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nova substância. Vale pressionar seus Limites Máximos de Resíduos para próximo de zero, de forma que alguns usos tenham de ser cor-tados; vale apontar possíveis efeitos deletérios à saúde e ao meio ambiente, antes não observados, para que mais medidas proteto-ras asfixiem o genérico-vítima. “Mr. Lobby” tem liberdade até para comprar empresas regionais bem atuantes com aquele determinado genérico, adquirir fábricas de matérias-primas básicas para cercear o fornecimento. É um personagem poderoso e um tanto feérico.

Senhores, não percebem que estão sendo manipulados? Ino-centes úteis! Úteis a interesses mercantilistas, ávidos por maior lucratividade e insensíveis ao custo agrícola e do alimento em nossas mesas.

Todavia, se tiverem absoluta certeza cientifica que esses pro-dutos foram tão lesivos que merecem banimento, vamos calcular tais prejuízos (gastos do governo com hospitalização ou tratamento de pessoas contaminadas e valor dos danos ao meio ambiente) e cobrar das empresas introdutoras desses produtos, que à população foram apresentados como benfazejos. A propósito, que tal aplicar aqui também o princípio da precaução: se características dos pro-dutos não foram relatadas no passado, não poderiam estar sendo omitidas novamente nos dossiês das novas substâncias substitutivas? O que não é justo é penalizar apenas as indústrias de genéricos, ceifando os produtos que são a fonte de boa parte de suas receitas; além de impor produtos mais caros aos agricultores.

Se não fizerem isso, então, por favor, deixem em paz os pro-dutos, eles não ficaram mais tóxicos ou agressivos, ficaram apenas mais baratos.

FAÇAM REAVALIAÇÃO, DO BANIMENTO O MERCADO SE ENCARREGA.

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AGENDA

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Feira da agricultura familiar

A AGRIFAM 2009 acontece de 31 de julho a 2 de Agosto, na sede da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp), Km 322 da Rodovia Marechal Rondon, em Agudos, São Paulo, sendo organizada e realizada pela Fetaesp e Sindicatos Filiados. O acesso é facilitado devido a sua localização, na região central do Estado. A AGRIFAM é a maior feira da agricultura familiar e do trabalho rural.Com entrada franca, a expectativa dos organizadores é que a AGRI-FAM 2009 receba 45 mil visitantes. O público terá a sua disposição oportunidades de tecnologia de ponta e orientação especializada.Mais informações: www.fetaesp.org.br - www.agrifam.com.br

XXVI Congresso Brasileiro de AgronomiaGramado sediará o XXVI Congresso Brasileiro de Agronomia - CBA 2009, que acontecerá de 20 a 23 de outubro, no Serrano Resort Con-venções. Realizado pela Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab) e pela Sociedade de Agronomia do RS (Sargs). A conferência de abertura terá o tema “Agricultura Forte: Alimento, En-ergia e Meio Ambiente”, que será ministrada pelo patrono do evento, engenheiro agrônomo Luiz Fernando Cirne Lima, ex-ministro da Agricultura. As outras três conferências são: “A produção de alimen-tos e energia pode ser sustentável econômica, social, ambiental e cul-turalmente?”; “O uso da terra frente às atuais e futuras necessidades mundiais: sinalizações e concepções dos países desenvolvidos e as necessidades dos países em desenvolvimento” e “O rural e o urbano como protagonistas do desenvolvimento sustentável”.Mais informações: http://www.cba2009.com/

Os 75 anos do CREA-SP Em comemoração ao Jubileu de Diamante do Conselho Regio-

nal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Pau-lo (Crea/SP), completado em maio, realizou-se no plenário Jusceli-no Kubitschek, da Assembléia Legislativa, sessão solene, presidida pelo deputado João Caramez (PSDB).

Compareceram ao evento o presidente do Crea, José Tadeu da Silva, o presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), Marco Túlio de Melo, além dos presidente da AEASP e diretor, respectivamente, Arlei Arnaldo Madeira e Nel-son Matheus. Dentre os políticos presentes, estavam os deputados federais Mendes Thame (PSDB) e Jorge Maluly (DEM), além de ou-tras autoridades e representantes de entidades ligadas ao setor.

O CREA-SP também lançou o carimbo comemorativo e o selo per-sonalizado pela passagem dos seus 75 anos de criação. As peças reforçam o conceito de patriotismo e a importância das profissões da área tecnológica para a construção do Estado e da Nação. A direto-ra da AEASP, Ana Meire Natividade, é coordenadora da Comissão organizadora dos eventos do CREA-SP e teve papel de destaque na preparação de todas as festividades do aniversário da entidade.

Agronomia paulista no pódio

A AEASP realizou no dia 22 de junho, em São Paulo, a tradicio-nal entrega do troféu “Deusa Ceres” e do “Prêmio do Mérito Agronô-mico” com as medalhas “Fernando Costa”. O galardão principal, o troféu “Deusa Ceres”, foi entregue ao engenheiro agrônomo do ano, Shiro Nishimura, atuante empresário da Jacto Máquinas Agrícolas.

Já as medalhas “Fernando Costa” contemplaram os engenheiros agrônomos Agostinho Mario Boggio, Extensão Rural e Assistência Técnica; Cláudia Vieira Godoy, Pesquisa; Guilherme Luiz Guima-rães, Iniciativa Privada; Laércio Valentin Giampani, Iniciativa Priva-da; Santin Gravena, Iniciativa Privada; Natal Antônio Vello, Ensino; Nelson Rentero (Revista Balde Branco), Comunicação Rural; Túlio Teixeira de Oliveira, Liderança do Agronegócio; empresa Tatu Mar-chesan Implementos e Máquinas Agrícolas, Empresa de Agronegó-cio e Carlos Henrique Augusto, Estudante Associativista.

O presidente da AEASP, Arlei Arnaldo Madeira, em seu discurso de abertura, ressaltou a importância da ciência e da tecnologia para pautar as grandes discussões do agronegócio brasileiro. O trabalho de valori-zação do engenheiro agrônomo desenvolvido pela AEASP também foi lembrado por seu dirigente, que fez questão de reforçar a posição da entidade, contrária ao projeto de Lei n.º 2824, de 2008, que pretende eliminar a atribuição do engenheiro agrônomo na área da zootecnia.

Em sua 37ª edição, o evento reuniu cerca de 300 pessoas e con-tou com nomes de expressão no meio político, tais como o secretário do Meio Ambiente, Chico Graziano, o deputado federal Guilherme Campos, o presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, Barros Munhoz, o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues e o Secretário de Relações Governamentais do Município de São Paulo, Antonio Carlos Rizeque Malufe. Além do gerente de emprés-timos e financiamentos do Banco Bradesco, um dos patrocinadores, Rui Pereira Rosa e empresários e representantes de entidades de peso do setor agropecuário.

Shiro Nishimura declarou sentir-se honrado em receber o título de Engenheiro Agrônomo do Ano. Em sua fala de agradecimento fez questão de dedicar a homenagem recebida a toda a colônia japo-nesa, “que tanto contribuiu pela agricultura brasileira”. Emocionado, agradeceu à família, aos funcionários e amigos. Roberto Rodrigues, incumbido de falar sobre o premiado, destacou o empenho de Shiro para valorizar o agronegócio brasileiro e também ressaltou seu espírito associativista. “Na vida muitas coisas podem ser relativizadas, mas o valor de homens como o Shiro não se contesta”, definiu Rodrigues.

Arlei Arnaldo Madeira, Xico Graziano, Barros Munhoz, sobem ao palco para homenagear Shiro Nishimura

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Parabéns CALQ!!! O Centro Acadêmico Luiz de Queiroz (CALQ), um dos mais

antigos centros acadêmicos do País, completou 100 anos no dia 23 de maio. Criado para defender os direitos e interesses dos alunos de Engenharia Agronômica da ESALQ-USP, os alunos que passaram pela entidade

tornaram-se expoentes no cenário acadêmico, empresarial e político. Esses engenheiros agrônomos também contribuíram para o fortalecimento do espaço destinado ao exercício da democracia e da cidadania, estabelecendo uma relação profícua com a comu-nidade esalqueana e a cidade de Piracicaba.

longo do mês, para comemorar a ocasião. Em um dos even-tos, foi descerrado o Memorial do Centenário, placa comemorati-va com os nomes de todos os presidentes do CALQ.

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Patrimônio verde da cidade de São Paulo faz aniversárioO belo Parque Dr. Fernando Costa, popularmente conhecido como

Parque da Água Branca, completou no dia 2 de junho, 80 anos.A cerimônia comemorativa contou com representantes do setor

agrícola e de diversas entidades, além de autoridades do governo, o diretor da AEASP, Nelson Matheus, também prestigiou o evento. Como parte das comemorações, ocorreu uma variada exposição dos diversos órgãos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Com destaque para a exibição de filme em branco e preto, recu-perado, que mostra o dia da inauguração do Parque. Na película, pode-se ver o eminente Dr. Fernando Costa, que marcou sua gestão com significativas realizações no setor da agropecuária paulista.

Dentre os homenageados, estão os colegas, engº agrônomos, Cláudio Braga ex-secretário de Agricultura e ex-presidente da AE-ASP e o colega Antonio Santiago *(Santiaguinho) primeiro diretor do Parque. Curiosamente, foi logo após acompanhar seu pai na inauguração das instalações do Parque da Água Branca, que aos 13 anos Santiaguinho decidiu estudar Agronomia

Da esquerda para a direita: Roberto Rodrigues, Aristeu Mendes Peixoto, Fernando Penteado Cardoso, Samuel Balieiro e Antonio Roque Dechen

Coisa de “Gente Grande”Dois grandes eventos marcaram a capital de São Paulo

No último 25/05/2009 foi realizado nas dependências do hotel Maksoud Plaza o 3o Coffee Dinner, um dos mais prestigiados eventos do agronegócio café no Brasil organizado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, entidade que na oportunidade comemorou seus 10 anos de fundação.Para essa terceira edição do evento foram reunidos diversos especialistas no agronegócio café brasileiro e mundial sendo oferecidas palestras sobre as perspectivas da safra de café colombiana e vietnamita, principais competidores do Brasil no mercado global da commodity. A continuidade do even-to ocorreu na Sala São Paulo com a premiação do cafeicultor cuja propriedade e produção foi considerada de maior sustentabilidade.Também, personalidades do segmento receberam homenagens como o Ministro da Agricultura e o Governador do Estado de Minas Ge-rais. A noite foi encerrada com um magnífico jantar oferecido pelo

CECAFE no qual todos os participantes puderam trocar suas impres-sões sobre as perspectivas para o negócio café.A AEASP a convite do Ivan Wedekin prestigiou o evento com a presença dos colegas Celso Vegro do IEA e Conselheiro e o diretor Nelson Matheus.

“Ethanol Summit 2009”Organizado pela Única (União da Indústria de Cana de

Açúcar)é uma referência no setor sucroalcooleiro.’’O mesmo serve de referência e debates sobre as perspectivas desse setor econô-mico”, assim se expressou o diretor e colega,engºagrº Marcos Janck. A grande estrela do evento foi o ex-presidente Bill Clinton.

Vale destacar que um dos nossos diretores esteve presente, Ricardo Viegas, que é o responsável pelo “Etanol Verde ” da Se-cretaria do Meio Ambiente.

Da esquerda para a direita: Claudio Braga Ribeiro, Antônio Santiago, Nelson Matheus

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Longevidade para a SRB!

A Sociedade Rural Brasileira (SRB) foi homenageada pela Assembléia Legislativa de São Paulo em sessão solene pelos o seu aniver-sário de 90 anos. O deputado estadual Davi Zaia (PPS), autor da iniciativa, creditou o atual estágio de industrialização do Estado de São Paulo ao desenvolvimento da agricultura paulista, que lançou as bases para o progresso do Brasil.

3o Coffee Dinner: a grande confraternização do agronegócio café

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O Instituto de Pesca (I.P), que completou 40 anos no dia 08 de abril de 2009, desenvolve projetos nas áreas de pesca e aquicultu-ra, com foco em novas tecnologias e estratégias para a melhoria no agronegócio do pescado e na sua sustentabilidade O objetivo é o aperfeiçoamento da cadeia produtiva pesqueira.

“O Instituto de Pesca é a única organização no Estado de São Paulo que trabalha na área de pesca e aquicultura tanto em âmbi-to marinho quanto de águas doces.”, afirma Edison Kubo, diretor do Instituto desde 2002.

O IP é um órgão vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abasteci-mento do Estado de São Paulo.

Dentro do âmbito cientifico, as atividades do Instituto envolvem áreas como meio- ambiente, ecologia, biologia, biotecnologia, entre outras. Também atua no controle dos dados estatísticos da pesca continental e marítima, análise de água, difusão de conhe-cimentos e tecnologia em pesca e aquicultura, além de outras atividades complementares.

“A aquicultura é um sistema de produção, uma atividade pro-dutiva similar a bovinos.”, explica Kubo. “Você extrai do meio ambiente e transforma em produto comercial. Envolve todo o setor desde as embarcações e equipamento de pescas até o posto de colheita, distribuição e processamento, além da parte de logística, produção e utilização dos recursos naturais dentro dessa cadeia produtiva. Este é o conceito da atividade pesqueira.”, completa.

Centros Avançados de PesquisasO Instituto de Pesca possui quatro centros especializados: Cen-

tro Avançado de Pesca Continental, em São José do Rio Preto (SP); Centro Avançado de Pesquisa em Pescado Marinho, em Santos (SP); Centro Avançado de Recursos Hídricos e o Centro Avançado de Aqüicultura, ambos na Capital.“Este é o formato atual, mas algu-mas mudanças ainda estão sendo discutidas.”, revela Kubo.

A instituição tem importantes trabalhos científicos na área de re-produção: “A gente tem todo um trabalho em reprodução induzida e desenvolvimento de alguns organismos na parte de criação de peixes

Edson Kubo, diretor do Instituto de Pesca

Instituto de Pesca 40 anos de dedicação à pesquisa cientifica e tecnológica

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marinhos, como é o caso do robalo. Também temos um trabalho no desenvolvimento de pesquisa e criação de mariscos e ostras. Tudo nasce aqui no Instituto e não existe em nenhum outro lugar no Brasil técnica similar a nossa“, conta, orgulhoso, o diretor.

O Centro Avançado de Pesquisa em Pescado Marinho, por exemplo, possui 26 projetos nas áreas de pesca, maricultura, tec-nologia e qualidade do pescado. Além disso, seus pesquisadores atuam na orientação de políticas públicas para o setor pesquei-ro, integrando comitês interinstitucionais como o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais) e o MMA (Ministério do Meio Ambiente).

Em um trabalho conjunto realizado entre os Núcleos de Pesquisa dos Litorais Norte e Sul, vinculados ao Pescado Marinho, o Instituto ainda avalia o impacto sobre a pesca da atividade petrolífera. No litoral norte, o destaque é o cultivo de espécies em tanques-rede e de macroalga; já no litoral sul, o foco está no cultivo de ostras e mexi-lhões, além da reprodução em cativeiro de robalo e tainha.

O IP conta com 70 pesquisadores, entre biólogos, zootécni-cos, veterinários, oceanógrafos, engenheiros de pesca e enge-nheiros agrônomos.

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A Andef, associação que reúne as indústrias de defensivos agrícolas no Brasil, acaba de lançar uma publicação com as ações de educação no campo e os projetos de responsabilidade socioambiental desenvolvidos pela entidade e por suas empresas associadas. Os trabalhos são relatados no livro Agricultura Sus-tentável � Projetos de Educação, Treinamento e Responsabilidade Socioambiental das indústrias de defensivos agrícolas.

Todos os anos, as empresas que pesquisam e desenvolvem agroquímicos no país despendem recursos e enormes esforços logísticos para mobilizar seus especialistas em programas de ex-tensão do conhecimento no meio rural, treinamento para as boas práticas agrícolas e preservação ambiental.

A obra tem sete capítulos, divididos em seis temas-chave: Boas Práticas Agrícolas, Comunidade, Educação, Emprego e Renda, Meio Ambiente e Pessoas. São cerca de 60 ações, relatadas com uma centena de imagens marcantes que denotam lições práticas de sustentabilidade.

�A Andef orgulha-se em apresentar as iniciativas de suas as-sociadas, reunidas pela primeira vez nesse livro e que, levadas ao cotidiano de milhares de famílias, estão construindo a tão ne-cessária sustentabilidade�, relata Peter Ahlgrimm, presidente do Conselho Diretor da Associação.

Para José Otavio Menten, diretor-executivo da Andef, a con-tribuição da iniciativa privada tem sido decisiva para a melhoria da realidade brasileira. �As empresas associadas à Andef têm cumprido sua parte, demonstrando cada vez mais preocupação em produzir alimentos saudáveis para a população.

Indústria de defensivos agrícolas lança o livro Agricultura SustentávelDividida em seis temas-chave, a publicação descreve projetos de educação no campo e de responsabilidade socioambiental desenvolvidos pelas empresas associadas à Andef

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Para anunciar no JEA ou recebê-lo, entre em contato:

Rua 24 de Maio, 104 - 10º andarCEP 01041-000 - São Paulo - SP

Tel. (11) 3221-6322Fax (11) 3221-6930

[email protected]/[email protected]

É fácil contribuir!Os engenheiros agrônomos e profissionais da área tecnológica que preenchem a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) podem estar deixando de preencher o campo 31 do formulário, no qual o responsável tem o direito de destinar 10% do valor à entidade de classe de sua preferência.Ao preencher o campo com o número 058, da AEASP, o profissional estará automaticamente fazendo sua contribuição à associação, ajudando assim a manter o trabalho da Entidade de defesa e desenvolvimento da agronomia brasileira.Se o emissor deixar o campo 31 em branco a alíquota não é repassada para nossa entidade e vai direto para o Confea.Os tipos de ARTs específicas para o engenheiro agrônomo são as de Obras, Serviços, Receituário Agronômico, Desempenho de Cargo/Função e Crédito Rural.

DETALHES IMPORTANTES: Será considerada nula a Anotação de Responsabilidade

Técnica, quando:1. a qualquer tempo, verificar-se a inexatidão

de quaisquer dados nela constantes;2. o Conselho Regional verificar a incompatibilidade

entre as atividades técnicas desenvolvidas e as atribuições

profissionais dos responsáveis técnicos respectivos;

3. for caracterizado o exercício ilegal da profissão,

em qualquer outra de suas formas. (artigo 9º - Resolução nº 425/98 do Confea).

Tradição e Informação O Jornal do Engenheiro Agrônomo é uma publicação que completa 40 anos de existência em 2010. Ao longo dessas quase quatro décadas de atuação, este veículo tem atuado como uma tribuna para os profissionais da agronomia e para o setor agronômico, de modo geral. Seu público leitor é formado por engenheiros agrônomos, sócios da Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo, autoridades, políticos e demais profissionais ligados à agropecuária. Se você precisa levar sua mensagem, seu produto ou serviço para esse público, anuncie no JEA.