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Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 5 - nº 48 - Dezembro/2004 Distribuição Gratuita Jesus e o Evangelho Página 03 famÍlia Natal Cantinho dO Verso em Prosa Página 13 Natal de Amor Página 12

Jesus e o Evangelho famÍlia Natal - espiritismoeluz.org.br · no Natal, pois é quando estaremos atendendo à vontade do Pai Celestial, buscando o melhor entendimento de que devemos

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Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 5 - nº 48 - Dezembro/2004 Distribuição Gratuita

Jesus e o EvangelhoPágina 03

famÍliaNatal

Cantinho dO Verso em Prosa

Página 13 Natal de AmorPágina 12

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O Evangelho do Cristo tem buscado inspirar os nossos corações há sécu-los.Temos nos equivocado sempre em sua interpretação, diante dos arrasta-mentos os quais nos deixamos envolver, o que sempre nos impediu de entender a verdadeira mensagem do Mestre.Na sua passagem pela Terra, o Cristo nos exemplificou tudo o que todos nós estávamos sendo convidados a exercitar em nossas vidas, servindo ao nosso semelhante, até alcançarmos o entendimento do “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”.Em nossa caminhada, portanto, muito pouco temos feito no sentido de seguir as pegadas do Mestre, quando nos referimos à tarefa de servir.Nesta época do Natal é quando muito de nós, sensibilizados pela data que se convencionou comemorar o nascimento do Cristo, temos espas-mos de bondade e acabamos por atender a alguma proposição de levar aos corações em dor, principalmente alguma doação material que possa auxiliá-lo.Será que agindo assim estaremos efetivamente seguindo o Cristo?Naturalmente que não!O convite que nos é feito por Jesus, em seu Evangelho, é para que tenhamos em nosso coração a vontade e a disposição de trabalharmos incessantemente, no sentido de aliviar a dor alheia e levar o esclareci-mento às criaturas que ainda estão ignorantes à Lei do Amor, a única que rege o Universo.Não é esperarmos datas ou momentos que nos são propícios a realizar tais atos, por comodidade ou para que atendamos às conveniências hu-manas, mas cumprirmos com os nossos deveres de cristão que muito recebeu, e muito tem a fazer em benefício daqueles a quem ontem preju-dicamos.A oportunidade que se nos apresenta de sermos verdadeiramente úteis às criaturas, é a grande prova da Misericórdia Divina a nosso favor, mas ante à oportunidade, o trabalhador displicente tende a adiar a execução dos bons propósitos, e se comprometer com a omissão, diante do Pai que lhe confiou a tarefa.Devemos sempre nos lembrar de que a dor está constantemente visitan-do as criaturas, e que devemos a todos os momentos, estarmos prontos para auxiliá-las, com o Cristo.O Natal será todos os dias que nos propusermos a atender àqueles que sofrem, levando até eles o Evangelho de Jesus, mas não só a obra escrita, mas também a exemplificação em nossos atos em favor destas. Levando o Cristo pelas palavras e, principalmente pelos atos, estaremos permitin-do que se nasça o Cristo nos corações em dor, onde poderão cultivar a si mesmos a fé, a esperança, a paz, o entendimento e o esclarecimento, brotando, portanto, o Amor que o Cristo quer que tenhamos uns para com os outros.Portanto, não sejamos como a figueira estéril, da Parábola da Figueira do Evangelho, que não dá frutos em razão da inércia. Busquemos no Mais Alto, todo o amparo necessário para estarmos permanentemente com as mãos e o coração no estudo e no trabalho cristão, e não apenas no Natal, pois é quando estaremos atendendo à vontade do Pai Celestial, buscando o melhor entendimento de que devemos fazer à vontade Dele, e não a nossa.O Natal é hoje! Cumpramos os nossos desígnios e teremos a Paz!

Publicação mensaldoutrinária-espírita

Ano V – nº 48 – Dezembro/2004Órgão divulgador do Núcleo de

Estudos Espíritas Amor e EsperançaCNPJ: 03.880.975/0001-40

CCM: 39.737

Seareiro é uma publicação mensal, desti-nada a expandir a divulgação da doutrinaespírita e manter o intercâmbio entre osinteressados em âmbito mundial. Ninguémestá autorizado a arrecadar materiais emnosso nome a qualquer título. Conceitosemitidos nos artigos assinados refletem aopinião de seu respectivo autor. Todasas matérias podem ser reproduzidas desdeque citada a fonte.

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com EloísaE-mail: [email protected]

Conselho EditorialRoberto de Menezes Patrício

Wilson AdolphoVanda Novickas

Ruth Correia Souza SoaresReinaldo Salles Licatti

Fátima Maria GambaroniRosângela Neves de Araújo

Geni Maria da Silva

Jornalista ResponsávelEliana Baptista do Norte

MTb 27.433

DiagramaçãoMarcos GalhardiTel: 4067-3378

Arte e ImpressãoVan Moorsel, Andrade & Cia Ltda

Rua Souza Caldas, 343 – BrásSão Paulo – SP

CNPJ: 61.089.868/0001-02Tel.: (11) 6097-5700

Tiragem12.000 exemplares

Distribuição Gratuita

editorialEditorial

3Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

Tendo em mãos uns dos mais belos livros sobre a vida de Jesus, “Boa Nova”, obra mediúnica do nosso Humberto de Campos, detemo-nos na descrição feita por ele, da cidade de Nazaré. Local onde a “nova era” estava prescrita por Deus, que enviaria seu filho, para que novos rumos surgissem para a humanidade terrena:

“ N a z a r é , c o m a s u a p a i s a g e m , d a mais be las de toda a Galiléia, é talvez o mais formoso recanto da Palestina. Suas r uas humi ldes e pedreg osa s, s u a s c a s a s pequeninas, suas lojas singulares s e a g r u p a m n u m a a m p l a c o n c a v i d a d e e m c i m a d a s montanhas, ao norte do Esdrelon. Seus horizontes são estreitos e sem interesse: contudo, os que subam um pouco além, até onde se localizam as casinholas mais elevadas, encontrarão para o olhar assombrado as mais formosas perspectivas. O céu parece alongar-se cobrindo o conjunto maravilhoso, numa dilatação infinita”. E foi nesse local que a humanidade iria conhecer a verdadeira “Luz do Amor”.

José e Maria recebiam do Alto a revelação do Pai, que nessa pequenina casa pobre materialmente, iria enriquecer-se pela vinda do Messias Prometido.

Jesus vem ao mundo terrestre, já demonstrando a humildade em seu nascimento. Nada de berços rendados e quarto decorado por bens materiais. Apenas uma manjedoura, coberta por palhas, que eram aquecidas pela respiração dos animais, habitantes desse local que se iluminou de luzes pelas bênçãos vindas do Pai Eterno.

Maria e José deixam rolar lágrimas de agradecimento a Deus, por ter-lhes confiado o Bem mais precioso para o mundo, pois seu grande tesouro seria repartido com a humanidade inteira.

É por aí que a História remonta desde essa época, o livro do amor e da alegria, com a gloriosa Noite de Natal, e o surgimento do Evangelho de Jesus, pelos olhos de seus seguidores, os Apóstolos. Convém lembrarmos aqui, a passagem contida em Mateus, 1:21, quando diz: “Ele salvará seu povo dos pecados deles”.

No ano 30, logo nos primeiros dias, Jesus avistou-se com João Batista, no deserto da Judéia. Região triste, pouco distante das areias da Arábia. Passaram alguns dias juntos, tecendo planos para a caminhada árdua de cada um. Batista abrindo caminhos, Jesus à procura de novos seguidores. Batista foi o grande precursor.

E descendo de Jericó, dirigiu-se Ele para Jerusalém, precisava repousar, pois o dia fizera-se noite.

Já ao amanhecer, continuando sua peregrinação, Jesus sentou-se sobre uma pedra, próximo ao Templo de Jerusalém. Sendo notado por um grupo de sacerdotes ociosos e orgulhosos pensadores, notaram a presença bela e marcante daquele jovem. Alguns passaram sem nada dizer, mas Hanã, que mais tarde seria um terrível perseguidor da causa de Jesus, dirigiu-lhe a palavra:

— Galileu, que pretendes ou o que fazes aqui?— Busco a fundação do Reino de Deus, por esta

minha passagem por Jerusalém — respondeu o Cristo com brandura.

— O que vem a ser isso... Reino de Deus — disse com ironia.

— É o Reino, cuja a obra divina, deve estar no coração do homem!

E com uma sonora gargalhada Hanã, retruca:— Como obra divina, em tuas mãos? Por acaso tens

o apoio de algum “grande” do Império, para ajudá-lo nesse teu louco plano?

Responde o Cristo com humildade:— Conto apenas com companheiros que chegarão de

todos os lugares, na hora exata.— Sim — disse Hanã —, por certo os tolos, os ignorantes,

que se deixarão levar por suas palavras enganosas.E com energia, mas sereno, Jesus replicou:— Sacerdote, o mais formoso e puro sentimento, é a

boa vontade de cada um.— Ora, ora, bem se vê que não conheces Roma, nem

Atenas. Disse Jesus:— Conheço o Amor e a Verdade. Estes são os caminhos

do meu Pai.— Por acaso, conheces os Códigos da Corte Providencial

e as Leis do Templo? — perguntou Hanã, e ouviu do Cristo:

— Sei, como já disse, qual é a vontade de meu Pai que está nos céus.

Este diálogo termina com o sacerdote saindo irritadíssimo, e foi para seu destino, que era a Torre Antônia, enquanto Jesus serenamente seguia pela estrada a caminho da Galiléia.

Lembramos que Emmanuel, na lição “Edificação do Reino”, contida no livro Vinha de Luz, nos traz o seguinte trecho:

Jesus e o Evangelhograndes pioneiros

Grandes Pioneiros

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“A edificação do Reino Divino é obra de aprimoramento, de ordem, esforço e aplicação aos desígnios do Mestre, com bases no trabalho metódico e na harmonia necessária.”

Jesus seguia em direção ao lago de Genesaré. Era um caminho rodeado de flores silvestres, onde se podia sentir e respirar o perfume doce e suave do meio ambiente, a quem por ali passasse. Imaginemos o Cristo por esse trajeto, iluminando a tudo com sua luz. Reflexos dirigiam-se para o lago, tornando-o mais belo.

Aos poucos, algumas casas começaram a aparecer. Jesus aproximava-se de Caná. Parou pensativo, olhando seus habitantes, poucos, pois eram famílias simples, que viviam da terra e da pesca.

Foi aí que se deu, tempos depois, as “Bodas de Caná”, que vieram simbolizar a união do Cristo para com a Terra.

A transformação da água para o vinho, fora o prenúncio da alegria de Jesus, selar a existência do Reino de Deus, nos corações de cada criatura. A festa não representava desregramentos m o r a i s , m a s s i m , a s afetividades familiares e amigas que deveriam perpetuar-se sobre toda a Humanidade.

Continuando sua caminhada, Jesus margeava o Tiberíádes. Viu um grupo de pescadores que trabalhavam alegremente, com suas redes em busca dos peixes, alimento principal dessas famílias.

Jesus aproximou-se, de dois deles, que nesse instante saiam de suas barcas. Levantando as redes com o pesado fardo, repleto de seus peixes. Chamando-os pelos nomes:

— Simão, André, sei que são filhos de Jonas. Em nome de Deus, venho convidá-los a trabalhar. Sabemos que juntos fundaremos na Terra, o Reino de Deus. Que dizem?

Ambos ficaram curiosos. Quem lhe havia dito seus nomes? Sabiam ser a região fácil de conhecerem-se, mas convidá-los para um trabalho tão estranho!

Já haviam escutado algo a respeito desse homem, nas cercanias de Betsaida. Realmente, como diziam, havia alguma coisa diferente nele. De belo porte, olhos claros e profundos, irradiava tanta sinceridade em seu semblante, que os dois disseram ao mesmo tempo:

— Sede bem vindo, senhor!...Logo, muitos dos pescadores juntaram-se a eles. Jesus

ficou no meio.Todos estavam curiosos. Pedro, outro dos pescadores,

chegando passou a ouvir a pregação de Jesus sobre o Reino de Deus na Terra.

Disseram a Jesus que Cafarnaum era muito pequena para ter um rei. Pedro ainda pensando, lembrou que o lago era muito grande, e que havia muitas aldeias ao redor, que poderiam juntar-se e formar um grande império.

Jesus sorriu, olhando a todos como se fossem crianças diante de uma grande festa, prestes a acontecer. E serenamente propôs:

— Querem ser meus discípulos?Atônitos, não sabiam realmente porque confiavam

naquele homem! Quem seria? Na verdade, suas palavras

calavam fundo em suas almas de simples pescadores. Era como belas recordações que faziam-nos confiar naquela bela figura, cheia de Amor. E todos falaram ao mesmo tempo:

— Seguiremos teus passos, Senhor, seja como e onde for.

Erguendo os braços, Jesus os abençoou e todos O seguiram para o centro de Cafarnaum, onde ficava a Intendência de Ântipas.

Entrou calmamente na coletoria, e perguntou a um funcionário:

— Levi, que fazes neste local?

Responde este, ante os olhares de todos que acompanhavam Jesus:

— Senhor, meu dever é o de recolher os impostos do povo, que são devidos a Herodes.

— Queres, então, vir conosco e recolher os bens do céu, que pertencem a Deus, nosso Pai? Deveremos dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.

Como que magnetizado, pelo doce olhar de Jesus e

sem saber definir seu espanto, respondeu:— Sim, Senhor, creio que estou à sua disposição!Jesus o abraçou e juntaram-se aos outros.Levi, seria mais tarde o apóstolo Mateus.Dirigiram-se após à casa de Simão Pedro, onde nessa

humilde morada, Jesus fez a sua primeira pregação, em torno do grande ideal da união dos corações, para que suas palavras fixassem o consolo do seu verdadeiro Reino de Paz e Luz, entre toda a humanidade.

Cada vez mais as pregações de Cristo se propalavam, e grande era o número de pessoas que queriam ouvi-lo.

A multidão queria ver Jesus, tocá-lo, pois as curas já estavam acontecendo. Eram doentes de todas as procedências. Doentes físicos, e aqueles que diziam estar endemoniados. Todos eram curados por Jesus, mas o cuidado com que o Cristo lhes dizia: “A tua fé te curou”.

Havia uma mulher que sofria de hemorragias constantes, durante muitos anos. Já havia gastado todos os seus haveres, com médicos e remédios.

Ouvira falar de Jesus, e procurou saber onde encontrá-lo. Não lhe foi difícil, pois a qualquer um que indagasse, saberiam dizê-lo, pois era só acompanhar a multidão que estava pelos arredores de Betsaida.

Ela esperou a passagem do Cristo, pois não conseguiria falar-lhe. Porém, ela conseguiu tocá-lo. Alegrando-se disse consigo mesma:

— Consegui tocá-lo, estou curada!No mesmo instante, o fluxo sangüíneo cessou! Jesus

sentiu a troca fluídica que saíra dele, e encontrando outra formação radiosa de prece em fé, perguntou à multidão:

— Quem me tocou as vestes?Os discípulos olharam-se espantados e um deles

falou:— Mestre, em meio a esta multidão, como sabes quem

o tocou?Jesus olhava firmemente a todos, para encontrar quem o

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tocara, mas a mulher que sabia ser ela a quem Jesus procurava, lança-se aos seus pés cheia de medo, e nervosamente conta-lhe o sucedido. Jesus, erguendo-a com brandura, diz-lhe docemente:

— Minha filha, tua fé te salvou, vai em paz e fica curada da tua enfermidade.

Nunca houveram milagres, nas curas de Jesus. Eram fluídos que o Cristo operava, em reações de fé dos enfermos. Estas manipulações fluídicas estão bem explanadas no livro “A Gênese”, de Allan Kardec, capítulo XV, itens 10 e 11. E também no livro “Obras Póstumas”, também de Allan Kardec, na 1ª parte sobre “Estudo sobre a Natureza do Cristo” e no item II, em “Os Milagres provam a Divindade do Cristo?”

Zebedeu era um velho pescador, casado com Salomé. Tinham dois filhos. Ouviram falar do Cristo, e Salomé ficou curiosa, pois ouvira falar também, que o Cristo substituiria aos Ântipas, porque o povo clamava há tempos, uma revolução contra os romanos. Portanto, o novo reinado estaria próximo. Ela e Zebedeu sonhavam em ver os filhos ao lado do futuro rei. E se este fosse realmente o Cristo? Pois ele não falava em novo Reino? Diziam, Zebedeu e esposa, que era preciso ouvir Jesus.

Ao entardecer, Zebedeu acompanhado pelos filhos, procuram o Messias. Este recebe-os alegremente, pois encontrava-se na casa de Simão Pedro, pregando suas palavras aos que ali vieram procurá-lo.

Ouvindo Zebedeu, em seu equívoco, Jesus falou:— Zebedeu, conheces a lei. Sabes porventura, se algum

profeta de Deus, que no seu tempo fosse amado pelos homens do mundo?

— Não, senhor!...— Todos que foram os emissários da Verdade Divina,

como Moisés, Jeremias e Jonas, foram trucidados ou expulsos da terra em que nasceram.

Vejam que na Terra ainda não houve compreensão para o Amor e a Verdade. Isto tem por ora, o preço do martírio e da morte.

— Portanto Zebedeu, será que seus filhos estão prontos para beberem junto a mim, o cálice desse amargo líquido para o “Bem”?

Zebedeu, junto a outros seguidores ouviam emocionados as palavras do Cristo. Em um momento Zebedeu pergunta:

— Não entendo, Senhor, porque tanta rejeição diante do caminho da paz e da resignação?

— Porque esse é o Reino do Pai. É preciso que o homem tenha a consciência pura, sempre voltada para o próximo. Mas o homem é ocioso. Tudo isto para ser alcançado, dá trabalho. É preciso modificar todos os impulsos, para sublimar os sentimentos. Mas, ainda é cedo. A humanidade tem necessidade de experiências mais dolorosas, pois só assim chegará a entender porque Deus enviou seu filho, para ensinar a Lei do Amor, a única que libertará o homem dos vícios adquiridos, pelos erros cometidos, a si e aos seus semelhantes.

Todos contemplavam o Cristo, embevecidos. As lições de Jesus penetravam no interior de cada um.

Zebedeu adiantou-se, e no entusiasmo atalhou:— Senhor! Senhor! Trabalharemos convosco.

Pregaremos vosso Evangelho, e temos certeza de que o número de seus seguidores se multiplicará.

— Calma, meu amigo. Nossa causa não depende de

número, e sim do “Caminho da Verdade e do Bem”, para que a vida seja profícua. “Para isso é preciso esmagar a serpente do mal sob os nossos pés” (Livro Boa Nova – Humberto de Campos).

Teremos que extirpar da Terra a mentira, a ganância, a tirania, o domínio dos chamados “grandes”, sobre os menores. Tudo isto terá que ser substituído pelo Amor, em sua essência e não por palavra.

Quem poderá ser maior que Deus? Uma multidão repleta de erros ou incertezas, ou um homem só, porém, bem intencionado, que salva a todos, com um simples ato de Amor?!

Pensemos que o Evangelho é a renovação. Energias que trazem a compensação, para um ideal verdadeiro de paz. Saberemos sentir a alegria, nos momentos sofridos da vida, porque Deus nos nutrirá dizendo aos corações: “Vem, filhos, estou junto às suas dores, pois seus corações estão iluminados com os meus ensinamentos”.

A obra de Deus no mundo é esta enorme Natureza! Saibamos orná-la com respeito, honorificando as vidas que também pertencem ao Pai de infinita sabedoria.

No livro “A Gênese” de Allan Kardec, temos uma seria afirmação do Cristo: “Toda planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada”. Está no capítulo XVII, item 26.

E Jesus, olhando com toda brandura de seu coração, e sentindo as lágrimas sinceras rolarem pelos olhos dos que ali o ouviam, diz lhes:

— Chorem, porque estas são lágrimas formosas e benditas! Vocês temiam a Deus, mas agora O Amam. Estavam incertos e raciocinavam somente sobre a lei dos humanos, mas aprenderam que está no coração, a verdadeira fonte da fé viva!

“Portanto, todo aquele que pregar o Evangelho do Amor ao próximo, e confessar-se diante dos homens sua fé, Eu, igualmente o confessarei diante do meu Pai, que está nos céus”. O Evangelho Segundo o Espiritismo.

A multidão emocionava-se e todos se rejubilavam com novas esperanças nos corações.

Judas Iscariotes que também ali se encontrava, aproximou-se do Cristo e respeitosamente se pronunciou:

— Mas, Senhor, vossos planos são preciosíssimos. Porém, como edificar um novo Reino, sem contribuição alguma? Cremos necessitar de algum recurso em dinheiro!

— Será, Judas, que Deus precisou, algum dia, de riquezas materiais para construir as belezas que existem no mundo?

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Claro que o dinheiro em mãos que saibam administrá-lo, é de grande valia, mas não será ele o instrumento do Amor!

Você deverá colocar em prática os seus planos, organizando a bolsa de cooperação, mas tome cuidado, para que a tentação da posse material, não perturbe seu coração e seu raciocínio. Creia-me que você deverá procurar ter só o necessário, pois o Pai providencia sempre o que poderá faltar.

Diante desse ensinamento, Judas, fez a primeira coleta entre os discípulos, entre aqueles que quiseram e puderam auxiliar. Pouco foram os donativos prestados, mas Jesus observava a tudo com apreensão. Via que Judas guardava cuidadosamente a modesta quantia material, numa pequena bolsa retida nas dobras de sua túnica.

Após, satisfeito mostra a Jesus o fruto de seu trabalho, dizendo:

— Senhor, a bolsa é pequena, mas é o começo para realizarmos alguma coisa de concreto.

Jesus olhando-o, e já prevendo seu futuro equívoco, diz:

— Sim, Judas, a bolsa é pequena, mas permita Deus, que você não venha a cair sob o seu peso.

Não longe dos caminhos pelos quais Jesus passava e pregava o Evangelho, para a multidão que o seguia, encontrava-se Maria de Magdala. Moça, conhecida pela sua beleza e pelos prazeres mundanos, ouvira falar de Jesus e de seu carisma. Ouvia falar também de suas curas milagrosas, que levantavam paralíticos, doentes de todas as formas e, principalmente, sarando os endemoniados.

Surgira em seu íntimo, a vontade de conhecê-lo e, se fosse possível, dirigir-lhe a palavra. Queria saber que amor era aquele que Jesus apregoava, e que Reino de Paz era esse!

Precisava conhecer esses princípios. Ela tinha tudo o que o mundo material lhe oferecia. Beleza, dinheiro, até os homens mais poderosos, que rendiam-se diante de seus caprichos, por tê-la em seus braços por algumas horas. Mas, ela queria ser realmente amada. Tinha fome em ser compreendida. Tinha carência do Amor feito de paz e sem exigências. Isto ela queria saber de Jesus.

Encontrando o Mestre, Maria de Magdala atirou-se aos seus pés, pois seu semblante calmo e seu olhar, penetraram profundamente em sua alma. Sem entender, chorou convulsivamente. Jesus ergueu-a, e serenamente lhe diz:

— Levante-se, minha filha. Olhe o céu e caminhe ao encontro da Boa Nova, que é o Reino de Deus. Ninguém está condenado ao pecado eterno. Deus é o Amor, é o perdão. Nenhuma vida está perdida para o Pai. Lembre-se que a primavera lança sempre flores, aromatizando o ar, renovando a Natureza. Elas significam as esperanças que Deus projeta sobre a a tmos f e r a pe s ada , transformando as falências humanas e as desventuras, em bênçãos de um novo Sol. O Sol do perdão, que iluminará a multidão de pecados.

Magdala bebia-lhe as palavras. Nunca ouvira de lábio algum, tão profundo conhecimento humano. Ela nada dissera e Jesus respondera suas dúvidas. Aquele Homem compreendeu sua alma, pois a ensinara a aplacar sua sede de paz. Precisaria mudar sua vida. Pelas poucas palavras que ouvira, sentiu que para ter acesso a esse Reino, ela deveria olvidar o passado, e renascer para uma nova existência.

Jesus, acompanhando os pensamentos de Magdala continua:

— O amor verdadeiro, minha filha, é feito de renúncia e de sacrifícios. Para bem viver, é preciso compreender o sofrimento, advindo das ofensas que fazem revidar com outras ofensas aos agressores. Isto porque, o orgulho estimula a vingança e o ódio. Veja, Magdala, o que seria do mundo sem as mães compreensivas e prontas a se sacrificarem por Amor aos filhos? Não são elas que cultivam o jardim, por onde os homens travam batalhas, cobrindo-os de lama e sangue? Mas, silenciosamente, sem desespero, reedificam o jardim da vida, pedindo à Providência Divina, bênçãos que cubram de lírios perfumados pelo seu Amor, os filhos rebeldes que se perdem pela transitória fantasia de se tornarem heróis, de guerras vãs.

Magdala, em soluços, ouvindo ao Cristo, reclama:— Que desgraça pesa sobre mim, Senhor, que nunca

serei mãe!— Lembre-se, filha, nenhuma mãe será maior aos

olhos do Pai. Pensa você que é maior aquela que se devota apenas aos seus filhos advindo de sua carne, ou aquela que se consagrou, pelo espírito, aos outros filhos de outras mães?

Magdala sentiu a profundeza das palavras de Jesus. Enxugando as lágrimas, olhou firmemente Jesus e acrescentou:

— Senhor, procurarei doravante, renunciar aos prazeres mundanos. Acolherei em meus braços as tantas filhas perdidas, que percorrem os caminhos que eu palmilhei. Estarei sanando as feridas do coração, e as dos leprosos e aleijados, onde estiverem. Mas, Jesus quando o Senhor partir deste mundo, como ficaremos, sem a sua presença?

— Não aflija seu coração, estaremos juntos eternamente. Certo que partirei, mas é preciso que cada um tome sua cruz, e procure o caminho da redenção, sendo fiéis a Deus. Portanto, minha filha, vai seguindo a sua resolução em amar e servir ao semelhante. O caminho é longo, difícil, mas sua fé removerá as montanhas de obstáculos que surgirão à sua frente. Não

peques mais e nada temas, apenas creia e trabalhe em meu nome!

Je s u s c o s t u m ava reunir-se à noite, em casa de Simão Pedro, para junto aos familiares deste e dos discípulos, fazer o Evangelho no Lar, após suas pregações durante o dia. Com isto, Jesus reverenciava a Deus pelos esclarecimentos e curas dadas ao povo.

N u m a d e s s a s noites, Jesus observou os semblantes de preocupações g ravados em Tadeu e André. Estavam irritados e

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atormentados. O Messias, começou a falar acerca do bem que todas as criaturas poderiam fazer, através de atos bons e dignos para com os semelhantes. Ambos entreolharam-se, e lágrimas rolaram de seus olhos, deixando transparecer a amargura vinda de suas almas.

Tadeu dirigiu-se ao Cristo:— Aspiro, Senhor, ser bom e digno como nos ensina

a Boa Nova, mas reconheço ser indisciplinado, ingrato e impulsivo com meu semelhante, impaciente em certas horas. Não consigo colocar as lições do Evangelho na prática. O mundo, fora destas nossas reuniões, lá fora é mal, difícil de ser controlado. Como, Jesus, trabalhar pela humanidade nestas condições?

André, aproveitando o momento falou:— E eu, Senhor, que será de mim? Há poucas horas,

quando rumávamos para este encontro, fomos atacados por malfeitores, que nos roubaram o pouco que tínhamos, após ganhar algumas moedas num trabalho árduo, durante um dia inteiro. Revidei os insultos, os socos e as pedradas. E agora, Senhor? Como pregar o bem, se me reconheço mau e incapaz de engolir meu orgulho?

Os outros discípulos ouviam os desabafos dos amigos, e cada um deles fazia suas colocações diante das dificuldades encontradas, para a realização do Bem e mostrarem-se bons, diante dos princípios evangélicos.

Jesus ouvia pacientemente os comentários desanimados de seus seguidores. Sorrindo, e de bom humor, falou:

— Em verdade, o paraíso está muito distante. Aqui não há nenhum anjo, e lá fora também. Somos ainda aprendizes do Bem, procurando o melhor caminho para chegar ao Pai. Nunca deveremos deixar que o desânimo e o comodismo nos distanciem do crescimento espiritual. São experiências que devem ser repetidas e estimuladas pela persistência no Bem, aprendendo a ser bom entre os maus. O remédio deve ser ministrado ao doente, e o ensino ao ignorante. Se assim não fora, a Boa Nova de salvação, seria inadequada e sem utilidade alguma.

Todos os presentes ponderaram na lição que Jesus ensinara. Envolveram-se em pensamentos mais elevados, e uma divina luz irradiava-se sobre todos, quando uma oração partiu dos lábios de Jesus, encerrando aquele encontro de refazimento e união, em nome do Pai Celestial.

Acompanhando o Cristo em suas pregações, Simão Pedro apresentava-se impaciente. Trazia no rosto marcas de irritação. Jesus, após o término de suas palavras dirigidas ao povo, saiu em companhia dos apóstolos, andando vagarosamente. Olhando para Simão Pedro, perguntou:

— Pedro, qual o motivo de seu agastamento? Por quê esse ar intranqüilo?

— Sei que não poderei esconder do Senhor, o que me vai na alma. São meus familiares, Jesus. Eles são intoleráveis na maneira de ser. Por motivos de acertos financeiros, a discussão chegou ao auge de provocações verbais. Fui obrigado a dizer-lhes umas verdades. Meus parentes são sovinas, hipócritas e traidores. E, por final, fiquei prejudicado materialmente. Pois éramos sócios. Agora, não sei como reverter essa situação, pois estamos muito feridos interiormente. Eles também não saberão o que fazer, tenho plena consciência disso.

— Pois bem, Pedro — atalhou Jesus —, se você sabe que todos estão magoados, qual deverá ser sua atitude?

Pedro um tanto constrangido, respondeu a indagação de Jesus:

— Sei que reagi mal, Senhor, mas o meu orgulho fez-se superior e não consegui calar a esse impulso. Por isso sinto-me inquieto, principalmente diante do Senhor, Mestre.

— Se a sua inquietude lhe traz esse mal-estar, Pedro, é porque você reconhece que errou. Isto já é um bom começo. Não é a minha presença que o constrange, são os ensinamentos do Pai que já estão calando em seu espírito. Você já está percebendo que as criaturas que convivem conosco, pelos laços sangüíneos, são os elos mais importantes que Deus nos concede, para começarmos a edificar o Reino da Paz em nós mesmos. Pois se assim não fosse, como aprimorar os sentimentos? Como transformar as antipatias em simpatias? Se não reconhecermos as falhas com esses que são nossos semelhantes mais próximos, como entender aqueles mais distantes? Acalme-se, meu filho. Procure asserenar seu coração, e volte para seus familiares. Agora que você já refletiu melhor, vá até eles e retome o afeto superior, como se nada tivesse acontecido. Deverá partir de você esse passo, pois Deus confiou na sua capacidade de entendimento, você que já sabe discernir entre o bem e o mal.

Prosseguiram na caminhada, e Pedro ficou refletindo, como sempre, nos ensinamentos de Jesus.

Preparando os apóstolos para os acontecimentos que viriam, Jesus esclareceu:

— Meus bem amados, horas de muita dor se aproximam. Está na hora do testemunho que darei conta a meu Pai, e do qual não fugirei. Breve, embora as aparentes vitórias aí se encontrem, entrarei em Jerusalém para sofrer grandes humilhações. Irão coroar-me com espinhos e muita ironia. Serei condenado como simples ladrão. Cuspirão em minhas faces, e me darão fel e vinagre para beber, quando sentir sede. Mas, apesar das Escrituras se cumprirem, meu Pai de eterna bondade me amparará. Nos últimos e difíceis testemunhos, meu espírito terá conquistado a vitória sagrada, porque aqueles menos fortes, sentirão que a porta estreita, é aquela que conduz ao caminho da redenção.

Todos foram tomados de surpresa. Pedro, tentando mentalizar as palavras de Jesus, resolveu indagar do Mestre:

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— Senhor, por quê tanto exagero em suas palavras? Não acreditaremos que o Senhor venha sofrer a todo esse martírio. Onde estaria Deus e sua justiça?

— Retire, Pedro, essas suas palavras impensadas — disse-lhe o Cristo severamente. Você também quer confundir-me, como os adversários do Evangelho? Você também não compreendeu as Leis Divinas, e ainda está tão apegado às coisas materiais dos homens que permanecem distantes das revelações de Deus, que tento testemunhar a todo o momento? Creio que você fala pelo espírito do mal!

Pedro retoma sua atitude. As palavras de Jesus calaram no fundo do seu coração. Olha o Senhor, beija-lhe as mãos, e pede que o perdoe.

Jesus, com seu g es to carinhoso, afagando a cabeça de Pedro, e dirigindo-se aos outros, fala:

— “Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Boa Nova).

Je s u s , e m s u a p l e n a serenidade, estava em companhia de seus apóstolos na chamada última ceia. Repartia o pão e o peixe entre todos. Em determinado momento anuncia:

— Meus amados, a hora é chegada. Sei que algum entre vocês irá me trair. Porém, não se perturbem, estou pronto para cumprir os desígnios de meu Pai.

A pequena assembléia silencia. Todos estão lívidos. Tremendamente chocados, perguntam a Jesus:

— Quem Senhor, quem terá coragem de traí-lo?

Apenas Judas procurava disfarçar suas impressões. Ele já havia confabulado com os doutores do Templo. Faltava apenas o ato do beijo, para que tudo se consumasse.

Sentindo a incerteza no rosto de cada um de seus discípulos, Jesus continuou:

— Não me será possível falar tudo neste momento, mas creiam que mais tarde enviarei o Consolador. Ele esclarecerá em meu nome, que falo em nome de meu Pai, cujos desígnios são sábios e justos. O escândalo acontecerá em nosso próprio meio, mas será a lição para todos aqueles que vierem após nossos passos, no serviço divino do Evangelho. Compreenderão que para passar-se pela porta estreita, é necessário a renúncia, porque muitas vezes encontrar-se-á o abandono, a ingratidão e o desentendimento entre criaturas, caras ao nosso coração. Mas esse é o caminho da redenção, que conduzirá ao meu Pai, por mais triste que seja.

Após, Jesus ter lavado os pés dos discípulos, mostrando com isto o ato de extrema humildade, voltou-se para o lugar que ocupava à mesa, e após singela prece, abençoou o pão,

o peixe e o vinho, repartindo-os entre todos.Seguiu, o Cristo, em companhia de Simão Pedro e dos

dois filhos de Zebedeu para o Monte das Oliveiras, onde costumava ir para meditar.

Os outros se dispersaram. Judas, completamente perturbado, encontrava-se vacilante. Seus pensamentos turbilhonavam em seu cérebro. Seu coração descompassado, pesava-lhe devastadora tempestade de sentimentos.

Jesus, dirigindo-se aos acompanhantes, diz-lhes:— Esta é minha derradeira hora com vocês. “Orai e vigiai

comigo, para que eu tenha a glorificação de Deus no supremo testemunho.”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo).

P o r é m , e m b o r a a observação do Cristo, enquanto orava, os discípulos adormeceram. O Cristo os chama clamando:

— D e s p e r t e m ! N ã o recomendei que orassem! Não velaram comigo um só minuto? E não vigiaram!

Esta passagem nos traz um grande e profundo ensinamento de Jesus. Alerta-nos Ele, que a retirada para o Horto, significa a solidão em que as criaturas que se entregam no trabalho do Evangelho têm que caminhar, sozinhas, no calvário de sua redenção. Despreocupar-se dos entes mais amados do mundo, porque a maior par te dos que reencarnam no ambiente doméstico, são indiferentes aos propósitos cristãos. E sem compartilharem com esses ideais mais elevados, se entregam ao sono do indiferentismo. Sabedores, portanto, dessas experiências de cada um, aquele que tiver e querer dar o seu testemunho de fé e trabalho no campo do Amor, nunca deixe de orar e vigiar, como sempre recomendou o Messias.

Jesus foi levado ao Calvário. Preso na cruz por Amor às criaturas, deu seu testemunho de resignação à humanidade.

Judas, representando o desequilíbrio pela ambição e equivocado, enforcou-se. Mas o Cristo, continuando seu ato de Amor, acolhe-o em seu regaço, reconfortando-o e ensinando o perdão.

Sua primeira aparição foi para Madalena, pedindo-lhe que contasse a todos a sua Ressurreição. Afaga Tomé, por vê-lo atormentado, querendo ver para crer. E, eis que lhe se identificando, diz:

— Vê, Tomé? Ninguém compreendeu a minha vinda sobre a Terra. Nem os próprios discípulos que conviveram comigo. Mas encontrei a confiança leal naquele condenado, chamado de ladrão.

Após o Calvário, em Jerusalém, a saudade do Mestre era presente em cada coração dos discípulos. Tudo lembrava o convívio com Jesus. As pessoas, aquelas que O seguiam,

9Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

procuravam os amigos do Cristo, para poderem continuar a lembrar das pregações evangélicas. Simão Pedro, porém, achava que era necessário voltar a Cafarnaum. A vida continuava, e era imprescindível que as redes mergulhassem novamente, no velho Tiberíades, como antigamente, sob cantigas que os pescadores entoavam ao sabor da pesca.

Assim foi feito, mas as recordações faziam-se mais presentes. Eram as refeições ao ar livre, quando o Mestre, rendendo graças ao Pai, abençoava e repartia o pão. Eram as palavras do Cristo reanimando a pescaria, e à noite, quando Jesus pregava o Evangelho na cada de Pedro ou sob o céu recamado de estrelas.

E foi num final desses dias de profunda saudade e preces, entre os que pregavam a continuidade do Evangelho de Jesus, que O viram, iluminado pelos derradeiros raios de sol.

Sua figura agigantou-se e todos se ajoelharam.O sorriso do Cristo preencheu os olhos marejados de

lágrimas de todos que ali se encontravam. As mãos do Cristo levantadas, abençoava a cada um ao seu redor. O júbilo era infinito, e sua palavra fez-se ouvir:

— Amados, eis-me a regressar à luz do meu Reino. Falo às ovelhas do rebanho, em nome do Pai. Sejam os semeadores que trabalham campos férteis ou ressequidos, mas sem desânimo na tarefa sublime da redenção. Estarei com todos, até que a luz se faça sobre a Terra. Serão séculos de árdua luta, pois o batalhão do mau, nas figuras do egoísmo, da vaidade e do orgulho se erguerão, mas é preciso imunizarem-se contra todos esses enganos da vida transitória, para que a beleza da Vida Eterna, seja soberana. Fujam dos interesses fáceis, representados pelos bens materiais. O amparo do Alto não faltará aos que forem fiéis a Deus.

E foi aquele marco de perenes bênçãos, que foram confiados aos quinhentos da Galiléia, o serviço glorioso da Evangelização das coletividades terrenas, sob a inspiração de Jesus. Representaram eles o fermento renovador da humanidade. Reencarnaram em todos os tempos e em todos os meios, religiosos, políticos, onde procuraram abrir novos caminhos de luz. Transmitiram coragem e confiança aos que foram martirizados, supliciados nas fogueiras inquisidoras, colocando a fé renovada em cada coração heróico, em nome de Jesus.

Apareceram nas Artes e nas Ciências, trazendo mais

compreensão e Amor entre os povos. Nas mais variadas religiões, continuam ainda a fazer luz nas trevas, a lutar pela união e fraternidade entre todos. Em silêncio, procuram no presente, converter os espíritos endurecidos a aceitar a reencarnação, como o princípio da redenção para o “Bem”, para a unificação do ambiente familiar, célula-mãe dos beneficiados do Cristo. São eles, enfim, que formam a caravana sublime que nunca se dissolverá.

Os Quinhentos da Galiléia, reverenciando o mundo com o aparecimento do Codificador sobre a Terra.

Maria procurava relembrar Jesus, desde a sua infância. Suas lágrimas corriam abundantes pelas faces. Sabia que seu filho viria para o mundo e não para seu lar. Porém, como todas as mães, sofria a dor da separação física, pois já concebera a idéia da volta do Messias ao abrigo do Pai Eterno, na continuidade do seu Reino.

João viera buscá-la. Maria aceitou o convite de João, e ambos passaram a residir em Éfeso. Ali, junto à natureza, passaram ao atendimento fraterno. João pregava o Evangelho do Cristo, e Maria recebia a todos que buscavam consolo físico e espiritual.

Numa doce choupana, passou a ser conhecida como a “Casa da Santíssima”, isto porque um leproso chegando até Maria, e sendo balsamizadas suas chagas, beijando-lhe as mãos disse:

— Senhora, além de ser a mãe do nosso inesquecível Mestre, é nossa Mãe Santíssima também.

E dessa forma Maria ficou sendo chamada, por todos que a procuravam.

As notícias que chegavam de Roma, entristeciam o coração de Maria. A perseguição aos cristãos estava cada vez mais acirrada. Destruíam seus lares, prendiam a todos e nos festejos públicos, serviam de alimentos às feras, nos círculos romanos. Eram espetáculos de puro terror.

Maria recolhia-se em preces. Rogava a Deus, o amparo para todos que continuavam a ser fiéis a Jesus, dando o testemunho de fé pura. Recolhida dessa forma, num precioso reflexo de Amor, sentiu que alguém se aproximava, e que lhe dirigiu a palavra:

— Minha mãe — dissera-lhe como tantos que ali chegavam —, estou aqui para fazer-lhe companhia e se possível receber sua bênção.

Maria, ouvindo aquela doce voz, ergueu os olhos e sendo amparada, seguiram ambos para sentarem-se num tosco banco ao ar livre. O peregrino falou ao coração de Maria. Ele fez com que ela entendesse que todas as mães, em afetos profundos pela maternidade, tem saudades dos filhos que partiram. Esse peregrino, doce no falar e gestos consoladores penetrava no âmago de Maria. Que mendigo era esse? Todos vinham até ela para pedir, principalmente, o consolo. Mas este fazia seu coração pulsar. Diante dessa emotividade, Maria viu quando o estranho hóspede lhe estendeu as mãos e pronunciou-se:

— Vem minha mãe, vem aos braços de seu amado filho, para amenizar as saudades que se faz presente em nossa alma!

Maria fitou então as mãos da terna criatura, e pôde identificar as duas chagas nelas, que revelavam a pregação na cruz, e voltando-se rapidamente para os pés, viu também calcado neles, as chagas produzidas pelos cravos do suplício. Nesse momento, Maria não teve dúvidas, e numa alegria incontida bradou:

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— Meu filho! Meu filho! Louvado seja Deus. Queria abraçar seus pés, mas Jesus levantou-a, e cercado

por um halo de luz vindo do Alto, abraçou-a ternamente dizendo:

— Sim, minha mãe, sou eu... Venho buscá-la. Meu Pai quer vê-la em seu Reino, como a Rainha dos Espíritos, e Mãe entre todas as Mães da Terra e do mundo espiritual.

Maria sentiu-se cambalear. Queria dizer da sua felicidade, e agradecer a Deus, mas seu corpo paralisou-se. Aos seus ouvidos chegavam vozes que entoavam bela canção que a harmonizavam ao Céu.

Desfeitos os laços que a prendiam à Terra, Maria partiu nos braços de Jesus, para voltar após em espírito, para continuar, junto ao filho amado a dar assistência àqueles fervorosos cristãos, que feneciam nos círculos romanos, dando o testemunho de fé, àquele Modelo Maior de Amor, chamado Jesus.

No “O Livro dos Espíritos”, na questão 625, Allan Kardec indaga:

Qual o Espírito mais perfeito que Deus concedeu ao

mundo para servir de modelo aos homens?E os Mensag e i ro s D iv inos, r e sponderam

afirmativamente:“Jesus”

Feliz Natal Eloisa

Bibliografia:

• O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, FEB, 68ª edição, 1987

• Religião dos Espíritos, Francisco Cândido Xavier, Emmanuel, FEB, 2ª edição, 1960

• Boa Nova, Francisco Cândido Xavier, Humberto de Campos, FEB, 10ª edição, 1940

• Celeiro de Luz, Roque Jacintho, Editora Luz no Lar, 2ª edição, 1994

• Vinha de Luz, Francisco Cândido Xavier, Emmanuel, FEB, 3ª edição, 1972

• A Gênese, Allan Kardec, FEB, 16ª edição, 1973

• Obras Póstumas, Allan Kardec, FEB, 12ª edição, 1964

• O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec, Editora Luz no Lar, 4ª edição, 2002.

Ilustrações

• Capa e seção Grandes Pioneiros: Rodval Matias (extraída das obras da série Relatos do Evangelho Editora Luz no Lar).

Cinira e o esposo trabalhavam intensamente para manter o lar saudável, num ambiente de muito carinho.Tinham três filhos, alegria sem limites para o casal. Eram crianças sadias, normais, e como toda criança, arteiras.Juvenal, o esposo de Cinira era pedreiro e ela, para ajudar no orçamento da casa, fazia salgadinhos por encomenda.A vida era difícil, mas procuravam ir vencendo as dificuldades vagarosamente.A família era espírita, e freqüentavam um grupo de Estudos, no bairro em que habitavam. As crianças eram um pouco aves-sas à ida ao Grupo, mas por imposição dos pais e pela pouca idade, tinham que obedecer, e todos compareciam as-siduamente três vezes por semana às reuniões.Tudo corria normalmente quando a família recebe a visita de uma prima do interior, que estava adoentada, e precisava de tratamento. A cidadezinha em que morava não oferecia recur-sos para exames e mesmo para consultas médicas.

contosContos

A chegada da prima Marilú causou surpresa ao casal, mas de-ram-lhe as boas vindas.Com o passar dos dias, Cinira foi se familiarizando com a doença de Marilú. Observava seus gestos e seus atos. Eram es-tranhos, pois ora ela quase não falava, ora falava sozinha e em outras ocasiões, sem motivos justos, irritava-se por qualquer motivo, chegando mesmo a criar problemas com as crianças, porque falavam alto ou brigavam, como é natural a qualquer irmão.Marilú fazia exames, ia ao médico, tomava remédios e nada. Para Cinira, os dias passavam e nada de melhora, pelo con-trário, pois com o tempo e a intimidade aumentando, Marilú passou a implicar com os afazeres de Cinira, e a ida deles às reuniões espíritas, chegando mesmo a afirmar que não melho-rava, porque o casal vivia mexendo com os “mortos”.Juvenal começara a não querer mais a companhia da Marilú, porque dizia ele, que ela estaria interferindo na vida deles. As

Culto Cristão no Lar

11Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

crianças estavam rebeldes. Cinira mostrava-se sempre cansada e nervosa, e até mesmo as encomendas dos salgadinhos estavam diminuindo.Numa tarde, as crianças que brincavam no quintal, entram cor-rendo e aos gritos, chamam pela mãe:— Mamãe, mamãe, corra o papai está chegando num carro e está todo machucado, corra mamãe...!Cinira e a prima correm e ajudam a trazer Juvenal para dentro, que estava com o braço e a perna direita engessados. Diziam os acompanhantes que ele caíra da escada, perdendo o equilíbrio ao rebocar a parede da construção em que trabalhava.O susto fora grande. Já deitado em posição adequada, Juvenal estava aborrecido e zangado, e diz à esposa:— Algo está errado. Ultimamente, após a vinda de sua prima para esta casa, tudo começou a se modificar. Que estará acon-tecendo?— Não sei, — diz Cinira — talvez estejamos dando muita im-portância para a presença dela. Você notou que vamos às reuniões do Grupo nervosos, e já há algum tempo não realiza-mos o Culto do Evangelho, porque ela não gosta? Acho melhor Juvenal tirarmos nossas dúvidas com o nosso orientador no Grupo Espírita, que acha?Juvenal concorda de imediato, mas tiveram que aguardar a melhora dele. Quando isto aconteceu foram conversam com o orientador do Grupo, um senhor de profundo conhecimento so-bre a Doutrina Espírita.Colocado o problema, seu Rafael, o diretor dos trabalhos, fa-lou:— Cinira você tem razão quando salienta que suspendeu o Evangelho no Lar, para atender ao capricho de sua prima. Tenho notado o estado de ansiedade de ambos. Sugiro até que tragam dona Marilú para cá. Ela precisa tomar passes, fazer um trata-mento espiritual e acima de tudo, retornem com o Evangelho no Lar. Vocês sabem que esse é o melhor remédio, pois atende a todos os males físicos e espirituais, e o que é mais sublime: traz a paz ao Lar.Assim foi feito. A muito contragosto, Marilú aceitou ir ao Grupo. Ouviu a prece e o Evangelho propunha para o estudo da noite o Capítulo VIII – Bem-Aventurado os Puros de Coração, e o item proposto pelo plano espiritual foi Pecado por Pensamentos – Adultério: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério – Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela”. (Mateus, Capítulo 5, versículos 27-28).As palavras saíam dos lábios do senhor Rafael, comentando o trecho lido, que penetrava na alma dos que o escutavam. Falava com calma e expunha o assunto como se conhecesse os dramas íntimos dos que estavam ali presente.Marilú, não podendo se conter mais, desatou-se em lágrimas e começou a falar. Cinira e Juvenal pediram a ela que procurasse aquietar-se, porém, seu Rafael dirigiu-se a ela e disse:— Fale minha filha, abra seu coração, seu testemunho, temos certeza, elucidará a muitos que aqui se encontram.Marilú, contou seu drama interior. O remorso remoía seu cora-ção, pois em momentos desequilíbrio, traíra seu marido. Durante sua doença, pois ficara acamado por dois anos, fora levada pela tentação sexual. Enquanto o companheiro definhava em cima de uma cama, ela pedia ajuda à vizinha e saía para o encontro oculto, dizendo ir à busca de recursos para o marido.Após a morte deste e a separação do fruto de seus pecados, pela pessoa com que se envolvera, não querendo esta assumir com-promissos mais sérios, afastou-se, deixando-a entregue ao seu remorso e destruição moral. Cinira e o esposo estavam espan-tados. Sabiam do desenlace do marido de Marilú, mas nunca tiveram uma aproximação mais íntima, a não ser agora, pela doença de Marilú.Ainda chorando convulsivamente, o que transmitia a todos que

a ouviam, no mesmo estado de emoção, notaram o estado de seriedade do senhor Rafael, que após pequena pausa, contrito e com calma na voz, falou:— Minha filha, que hora abençoada esta em que você através da lição do Evangelho, conseguiu desabafar o seu drama, dando oportunidade, para que seu marido que aqui está em espírito, vieste lhe acalmar o ânimo. Diz ele que não a culpa, pois o seu sofrimento já é bastante e ele não quer aumentá-lo. Pede-lhe para que se recomponha e passe a viver pensando um pouco mais naquelas criaturas que já erraram e erram, como você. Para que mude o rumo de seus atos. Volte para sua casa, diz ele, e procure estudar o Evangelho e praticá-lo, dando as-sistência aos necessitados de toda sorte.Terminada a reunião, com todos acalmados pela prece e aten-dimento final, saíram meditando no que viram e ouviram. Marilú e os primos foram despedir-se do senhor Rafael e este completou, pegando carinhosamente as mãos de Marilú:— Ore muito minha filha, e agradeça a Deus a oportunidade de vir até aqui. Seu marido lutou muito espiritualmente, para que você viesse buscar este recurso. Ele é um espírito, muito esclarecido, reencarnou para ajudá-la a manter seu equilíbrio, pois você é uma criatura muito insatisfeita interiormente e com isto sempre atraiu e atrai entidades inferiores, a quem você passa a obedecer intencionalmente, achando que é o melhor para seus desejos incontroláveis, e esses assédios só poderão ir desaparecendo à medida que você mudar seu com-portamento. Agradecidos, os três saíram ainda atônitos com os acon-tecimentos.Cinira e Juvenal, agora sabedores dos dramas da prima, pas-saram a tratá-la de modo diferente. Marilú, foi convocada por eles a fazer o Evangelho todos os dias, pois este era o melhor remédio para os seus males.Daí para frente a melhora se evidenciava a cada passar dos dias. Marilú já se mostrava mais calma e até passou a sim-patizar com as crianças, e estas com ela. Começou a auxiliar no preparo da sala do passe no agrupamento, e dizia que seus pesadelos já não eram mais constantes.E numa das noites de estudos no Grupo, ao final da reunião, o senhor Rafael, mediunizado, transmite a mensagem de agra-decimento, do marido de Marilú, dizendo:— Abençoadas sejam as casas que falam em nome de Deus. Abençoadas sejam as criaturas, que passam a substituir seus impulsos impuros, por praticar suas energias em favor do semelhante em sofrimento iguais ou piores. Deus em sua Mi-sericórdia Infinita, dá a todos o direito de renovação. O impor-tante é ter força de vontade e trabalhar, servindo a Jesus, prin-cipalmente tolerando ao seu próximo, mais próximo. Ele nos ensinou o Verdadeiro Amor, que cobre a multidão de pecados. E aos que condenavam uns aos outros, dirigindo-se principal-mente à mulher adúltera, Madalena falou: “Atire a primeira pedra aquele que estiver livre de pecado.”E o espírito voltando-se a Marilú:— Continue, companheira, ontem fomos marido e mulher e no futuro, quem sabe, por permissão de Deus, seremos tare-feiros unidos, para resgatarmos os espíritos que se deixaram arrastar pelas influências maléficas do sexo, transformando-se em grande destruidor de lares na Terra. Continue, pois, firme nos propósitos mais elevados. Que Deus abençoe a todos!Ao término da reunião, todos sentiram a fluidificação vinda do Alto, transparecendo num suave aroma de rosas.Marilú, abraça e agradece ao senhor Rafael, e todos voltaram ao lar, repletos de novas energias e ouvindo a voz do orienta-dor:“Que Deus seja louvado, e abençoado para sempre sejam aqueles que se reúnem para o Culto do Evangelho no Lar.”

Elielce

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cantinho do verso em prosaCantinho do Verso em Prosa

Natal de Amor Os Dois Maiores AmoresMaria DoloresFrancisco Cândido XavierGEEM, 1983, 1ª Edição

Se vieres, Jesus, de novo, agoraPara a celebração do teu Natal,Não nos deixes falar de cousas tristes,Queremos recordar tão-somente que existesPara o amor imortal. Desejamos contar-te, Amado Amigo, Ao clarão que teu nome nos descerra, Que o teu aniversário é cada vez mais lindo E que há muitos irmãos sonhando e construindo O teu reino na Terra.

Hoje, os barcos singelos que aceitaste,A fim de entretecer a fé que nos conduz,São templos relembrando em toda parteNosso dever de honrar-teEm lições de bondade e cânticos de luz.

Os vales para enfermos de outros tempos, Na imensa provação que nos dói na lembrança, Aos teus ensinos regeneradores, Hoje, são hospitais plantados entre flores, Refúgios de conforto e lares de esperança.

Toda a desolação que viste, de altos montes,Por sombras de doença, pranto e dor,Vai desaparecendo dia-a-dia,Ao sol do teu amparo que irradiaAlvoradas de amor.

O progresso caminha, povo a povo, A ciência do mundo alteia a voz, Erros, temos ainda... Mas sabemos Que precisamos de teus dons supremos Para que a paz esteja sobre nós.

Ouve Jesus!... Na exaltação da vida,Cantamos nos louvores sempre teus:— “Glória a Deus nas Alturas,E paz na Terra a todas as criaturas,Ante a bênção de Deus.”

Natal!Jesus está presente em cada coração.Olvidaremos, Senhor, as tristezas, os conflitos, as guer-ras, o submundo atacado pelas drogas.Como gostaríamos de chegar bem perto de seu cora-ção e dizer:— Senhor, hoje é dia de seu aniversário! Veja, a Terra está em Paz. A Humanidade, Senhor, aprendeu a construir o seu Reino de Amor!Quereríamos, Mestre, mostrar-lhe muito mais. Diría-mos em nosso entusiasmo, que os barcos simples que o Senhor usava para suas pregações evangélicas, junto dos pescadores, hoje estão transformadas em templos, que espalham luzes de Amor e Fé, e falam com simpli-cidade, sem apego aos bens terrenos, procurando unir as criaturas sob bênçãos de igualdade, sem privilé-gios, sem críticas, procurando doar a compreensão e a tolerância, saciando a sede e a fome, com o Vinho da Esperança e o Pão do Saber.E aqueles vales, Mestre, aqueles onde os chagados eram isolados e sofriam solitários suas provações, hoje são os hospitais, onde a afabilidade e a doçura do seu Evangelho, transformaram em Lares de Consolo e Esperança, para o dia do “amanhã”.Continuamos, Jesus, a falar aos seus ouvidos, o que o Senhor gostaria mesmo que fosse realidade. Para os nossos sonhos, estamos a lembrá-lo, olhando do Alto a humanidade antes sofrida, agora unida, repleta do Sol que ilumina a Terra, anunciando a Alvorada do Amor!E o progresso segue de povo a povo, pois o Saber se expande. Ainda há erros a corrigir, porém, a Mi-sericórdia do Pai, que o Senhor nos ensinou a res-peitar, dá-nos chances de continuar a caminhada sob seus passos.Se pudéssemos enfim dizer:— Jesus, o Natal é o Espírito de Comunhão com o Alto.E bradarmos numa só voz:— Glória a Deus nas Alturas, pois a Dor desapareceu e a Humanidade feliz continuará a espalhar o tra-balho na Seara do Bem, sob as bênçãos de Deus.Que assim seja, algum dia!

Eloísa

13Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

familiaFamília

Banca de Livros Espíritas “Joaquim Alves (Jô)”Livros básicos da doutrina espírita, os psicografados por Chico Xavier, romances de diversos

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NatalO nascimento de Jesus, da forma que ocorreu, nos

transmite vários ensinamentos importantes, principalmente no tocante à família.

Começou da condição econômica de José e Maria. Não tinham um lugar para dormir.

A seguir, instalam-se em um estrebaria, junto aos animais.

Depois de dar a luz àquele que era o nosso Salvador, colocam-no em um cocho ou manjedoura.

Neste momento, os animais e as pessoas mais simples são atraídas pela Luz que vinha daquele abençoado local.

As mensagens daquele primeiro Natal são hoje extremamente importantes para a família moderna.

Não se deve dar grande importância se temos ou não uma condição econômica boa.

Se temos um local para reunir a família, por mais humilde que seja, devemos abençoá-lo com a nossa boa vontade e nosso esforço de entendimento para com os nossos familiares.

Jesus foi colocado na manjedoura, pois era lá que os animais comiam, significando que Ele vinha trazer o alimento espiritual para nós que somos seres em estágio evolutivo atrasado.

Vejam que a simplicidade da família não afetou a mensagem de Jesus, muito pelo contrário, solidificou o ensinamento da humildade.

No Natal, bem como no resto do ano que virá, criemos em nosso lar um clima de entendimento para que os ensinamentos de Jesus possam reinar.

Tudo o que fazemos para comemorar o Natal (carnes, bolos e bebidas) não se comparam ao Evangelho que pode ser lido para todos os familiares e pela prece de agradecimento a Deus.

Este é o verdadeiro sentido do Natal. Uma comemoração cristã e não um desespero de compra de presentes e preparação de ceias.

A Espiritualidade Superior diz que “os vinhos e as comidas fartas podem muito bem serem substituídas pelo pão e pela água fluidificada. Que possam abraçar todos aqueles que são difíceis no caminho, o companheiro problemático, o companheiro rebelde, filhos que ainda não sabem entender, mesmo que seja pouca a alimentação, mas

que saiam daqui repletos de vontade de vencer a todo o mal e chegar para o companheiro e dizer: Deus te colocou ao meu lado, vamos seguir adiante e vamos poder um dia, não se sabe quando, poder nos abraçar. Por hora vamos ter a simpatia, neste momento da Terra tão sagrado. E se for o filho, aconchegue-o muito contra si, por tudo o quanto ele possa representar de problema, mas lhe abençoe e diga: Filho, você saiu de mim. Deus me permitiu que eu lhe desse abrigo para que você pudesse voltar à Terra, por isso eu te abençôo e lhe peço, vamos nos amar, vamos nos compreender, fique dentro do seu lar e me ajude a suportar tudo o que tem dentro dessa casa, porque Deus assim o quer.”

Vejam que a Espiritualidade Superior tem uma visão totalmente diferente da festa do Natal.

Para eles é uma festa espiritual aonde não pode faltar o Evangelho.

Emmanuel nos diz em uma mensagem sobre o Natal, que o Mestre veio até nós para que nos amemos uns aos outros. Deveríamos estender a simpatia a todos e começarmos a viver realmente com Jesus, sob os esplendores de um novo dia.

Comemoremos verdadeiramente o Natal com a nossa família, lendo uma página do Evangelho e fazendo uma prece dirigida ao aniversariante, em agradecimento por todo o amparo que Ele nos oferece.

Que a Paz possa estar presente em todas as famílias, não só no Natal, mas durante todo o ano que vai surgir.

Wilson

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kardec em estudoKardec em Estudo

Núcleo de E s t u d o s Espír i tas

AMOR eESPERANÇA

Rua Turmalinas, 56 - Jardim Donini Diadema - SP

Reuniões: 2ª, 4ª e 5ª às 20:00 h 3ª e 6ª às 15:00 h

Tratamento Espiritual: 2ª às 19:45 h 4ª às 19:45 h

6ª às 14:45 h

A Fé e a Caridade

Se procurarmos no dicionário “Fé” e “Caridade”, notaremos que os significados destas palavras nos levam a sinônimos de crença, bondade e benevolência. Porém, necessitamos ir além e observarmos os ensinamentos de Jesus contidos no Evangelho e colocá-los em prática.Se não atentarmos para o detalhe de que nossa vida terrena é apenas para nosso aperfeiçoamento moral, e aprender a amar e servir nosso próximo, estaremos desperdiçando mais uma de nossas sagradas reencarnações, e contraindo dívidas ainda maiores consigo mesmo. Somente com o sacrifício de nossos desejos carnais e fúteis, poderemos alcançar a vida eterna ao lado de nosso Pai Celestial. E para isso precisamos sacrificar nosso orgulho e nosso egoísmo.Não nos iludamos e nem criemos dentro de nós uma fé capaz de acreditar apenas nos bens terrenos. Precisamos ampliar esta visão curta e míope, onde enxergamos apenas a vida terrena de modo único, como se nossos espíritos não continuassem para a vida eterna.Como Emmanuel nos explica claramente em uma de suas mensagens: “Fé sem caridade é lâmpada sem reservatório de força. Caridade sem fé representa a usina sem lâmpada”. Não pode existir uma sem haver a outra. Elas andam juntas e explicamos porque:A Fé faz com que sejamos capazes de acreditar na Vida Maior. Com a Fé, acreditamos que nosso trabalho de ajuda ao próximo deve ser intenso e ininterrupto, não tornando este trabalho apenas em impulsos generosos. Com ela nos tornamos mais firmes em nossos propósitos de ajuda ao nosso semelhante.A Caridade por sua vez, é o único caminho capaz de nos aperfeiçoarmos moralmente, visto que para praticá-la é necessário que sacrifiquemos nossos desejos e caprichos, única e exclusivamente para o bem de nosso semelhante, sem qualquer tipo de interesse.Procuremos analisar desde os nossos pequenos atos. Quantos de nós somos capazes de realizar um bem, para beneficiar alguém, sem visar qualquer tipo de vantagem por menor que seja? Interroguemos nossa consciência e sempre que houver qualquer tipo de interesse nesses atos,

“Há pouco, eu lhes disse, meus queridos filhos, que a caridade sem a fé não será suficiente para manter entre os homens uma ordem social capaz de torná-los felizes. Eu deveria ter dito que a caridade é impos-

sível sem a fé.”O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. XI – item 13

estaremos, sem dúvida alguma, praticando um trabalho sem fé e sem caridade.Caridade significa desprendimento. Significa praticar o bem sem esperar algo em troca, seja material ou espiritualmente, visto que o verdadeiro espírita não espera qualquer tipo de recompensa, pois sabe que sua recompensa é a vida eterna, onde está a real felicidade.Quando Jesus disse há dois mil anos, “Amai-vos uns aos outros”, Ele quis dizer que o Amor se inicia nos pequenos atos. Atos de carinho, de benevolência e principalmente nas boas vibrações que deveríamos emanar, principalmente para aqueles que tenhamos qualquer tipo de desafeto, perdoando sempre não importando o tamanho do mal que nos tenha sido causado. É nos pequenos atos que fazemos germinar a semente de caridade.Hoje, talvez pela nossa falta de compreensão e oração, não deixamos que máxima como esta penetre em nossos corações e, assim, abandonamos por completo o sentimento de fraternidade como princípio de ajuda ao nosso semelhante.Muito fácil e cômodo ficarmos apenas em belas palavras, mas a participação que Deus espera de cada um de nós é muito simples: Ajudem-se uns aos outros. Ajude, mas sem visar obter algo em troca. Ajude, mas desligado de qualquer interesse que possa prejudicar um ser vivo sequer, na face de nosso planeta. Ajude, sacrificando seu orgulho, seu egoísmo e sua vaidade. Ajude, mas com Fé e Amor, praticando sempre, e indistintamente, a Caridade, para que não aprendamos apenas mais algumas palavras que entrarão em nosso vocabulário, mas sem efeito algum em nosso dia-a-dia.Quando realmente enxergarmos e ajudarmos incessantemente aqueles que hoje nos referimos como inimigos, como nossos verdadeiros irmãos, aí sim conseguiremos nos transformar em exemplos de Caridade, e para isso necessitamos de Fé, Sentimentos, Ação, Disciplina e Paciência, rememorando os ensinamentos de Jesus.

Reinaldo

15Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

livro em focoLivro em Foco

A Eterna Mensagem do MonteCélia Xavier de Camargo (autor)Léon Tolstoi (espírito)232 páginasEditora O Clarim

Léon Tolstói, agora vivendo na Espiritualidade, recorda lances signifi cativos de sua última reencarnação na Terra, na então pequena Iásnaia Poliana, na Rússia. Recorda: “...perdia-me em divagações tendo a excelsa imagem de Jesus de Nazaré como foco central dos meus devaneios”.

Daí a razão de estar registrado em sua rica biografi a que, em 1882, ao visitar cortiços de Moscou tomou contato com a miséria das grandes cidades.Nesta obra, recordando sua vivência à época de Jesus, Léon Tolstoi nos relata uma série de contos com algumas criaturas que conviveram com o Mestre e por Ele foram transformados à luz do Evangelho Redentor.

Roberto Patrício

Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)”Receba mensalmente obras selecionadas de conformidade com os ensinamentos espíritas. Informe-se

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A tristeza só atrapalha nosso crescimento.Vamos colocar amor e alegria em nossos corações.Jesus está aqui para nos fortalecer.Tenhamos fé em nossos corações.A fé nos ilumina e nos faz enfrentar as vicissitudes da vida com mais coragem.Sejamos fraternos com todos e assim estaremos trabalhando no campo do bem, tão ensinado por Jesus.A fé nos eleva até Deus, nosso Pai Misericordioso que tanto espera de nós, afi nal não estamos aqui a pas-seio.Sejamos fortes e amigos de todos, amando a todos indistintamente.Que Jesus nos ajude a vencermos a nós mesmos, fazendo a nossa reforma íntima para um mundo melhor.Que Jesus nos abençoe e nos proteja a seguir o caminho do bem e que a caridade cresça cada vez mais em nossos corações.Assim seja!Jesus nos ama e espera o melhor de nós.Sejamos fi éis a esse amor que vem de milênios.

Um Espírito Amigo(mensagem psicografada por Andrelina)

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