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Jornal da Manhã Ijuí, 31 de julho de 2012 Agricultura familiar é utilizada na merenda escolar Cultivo do caraguatá dá ênfase à produção de xaropes Livro sobre Oliveiras no Brasil tem participação de ijuiense Pag 6 Pag 7 Para produtor, preço elevado do tomate não vai prosseguir por muito tempo Pag 8 Pag 3

JM Rural 31.07.2012

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Edição do caderno JM Rural

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Jornal da Manhã Ijuí, 31 de julho de 2012

Agricultura familiar é utilizada na merenda escolar

Cultivo do caraguatá dá ênfase à produção

de xaropes

Livro sobre Oliveiras no Brasil tem participação de ijuiense

Pag 6

Pag 7

Para produtor, preço elevado do tomate não vai prosseguir

por muito tempo Pag 8

Pag 3

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Uma nova ameaça ao cultivo de videiras: Pé-preto da videira Sobre a Mão de

Obra RuralA uva é uma das frutas mais consumidas no mundo, tanto na forma in natura, quanto na forma de vinhos e sucos. O consumo brasileiro de uva tem crescido nos últimos anos, passando de 0,4 kg/hab./ano, na década de 80, para 2,5 kg/hab./ano, no ano de 1999. No Brasil, a viticultura ocupa uma área de aproximadamente de 73.917 ha, com uma produção anual de 1.189.964 toneladas.

Um dos principais problemas do setor viticultor são as doenças que podem causar perdas de até 100% na produção. No Brasil, antracnose, míldio, oídio e, a partir de 2001, a ferrugem são as principais doenças afetando a cultura que necessita de controle, este podendo atingir 30% do custo total da produção. Recentemente têm ocorrido problemas com do-enças do lenho, destacando-se o pé-preto da videira causado por Cylindrocarpon spp.

O pé-preto da videira afeta videiras jovens, com dois a oito anos de idade surgindo sintomas no sistema radicular e parte aérea. Os sintomas mais usuais causados por infecções de Cylindrocarpon spp. observam-se no porta-enxerto e incluem, nos tecidos do lenho da videira, a presença de lesões enegrecidas em forma de estrias (corte longitudinal), ou pontuações negras dispersas em forma de anel e/ou necroses (corte transversal). Na parte aérea observam-se atrasos nos estádios fenológicos, redução do vigor, entrenós mais curtos, menor número de brota-ções, aspecto clorótico evoluindo para um murchamento repentino e, consequentemente, a morte da planta. Nas raízes os sintomas são

Terra, capital, mão de obra e tecnologia são os recursos básicos de uma empresa rural. Cabe ao empresário admi-nistrar de forma eficiente e harmônica esses recursos, de modo a obter o máximo de rendimento dos mesmos. Descuidos ou omissões na condução de qualquer um des-tes recursos certamente com-prometerão os resultados. No gerenciamento da mão de obra reside uma das maiores limitações do empresário rural brasileiro. Uma pesada carga de conservadorismo, com alguns resquícios cultu-rais remanescentes do tempo da escravatura, mantém uma linha divisória muito forte entre patrões e empregados. Não há diálogo, coparticipa-ção, delegação de poderes, espírito de equipe. As con-sequências desagradáveis dessa situação se multiplicam na rotina do meio rural e são constantemente explicitadas pelos produtores através de observações ou queixas como:

- “A legislação trabalhista é muito paternalista. Protege demais o empregado dificul-tando a vida do empregador.

- Não se consegue mais bons empregados. Parece que ninguém quer trabalhar.

- Os empregados têm que ser controlados de cima, caso contrário o trabalho não anda.

- A mão de obra disponível para o meio rural é de baixís-sima qualidade.

- O empregado é um “mal necessário” para a empresa rural. Melhor seria se não precisássemos dele.”

Analisando essas observa-ções sob o prisma da situação atual, é forçoso reconhecer que há nelas um pouco de realidade mas, de nenhuma forma, trata-se de verdades dogmáticas, imutáveis, pe-renes. É necessário que nos aprofundemos mais nessa análise até identificarmos

as razões que dão sustenta-bilidade a essa situação. Ou seja, é preciso que cheguemos nos “porquês”, e a partir daí iniciar a construção de um novo cenário.

Autoridades governamen-tais vêm há anos acenando com uma profunda reforma na legislação trabalhista. Pois que venha, mas seja equilibra-da e justa na distribuição de direitos e deveres de forma a harmonizar os interesses das partes envolvidas, sem radi-calismos ou favorecimentos cartoriais. Mas, é oportuno salientar que, mesmo que essa reforma aconteça, contempla-rá apenas a primeira “queixa” acima listada, não exercendo influência nas demais. As so-luções para estas deverão ser encaminhadas pelos próprios produtores e/ou seus órgãos de representação.

Considerando que cabe ao empresário rural administrar os recursos da empresa, dele deve ser a iniciativa no sen-tido de criar um ambiente de trabalho em que o emprega-do se sinta parte integrante e importante do processo, condição indispensável para que encontre satisfação no desempenho de suas ativida-des. E, satisfação, é a mola propulsora para um bom desempenho.

Diferentemente das máqui-nas e equipamentos, objetos mecânicos frios e insensíveis, o empregado é um ser humano e, como tal, movido a emo-ções. Mesmo as pessoas mais humildes e intelectualmente pobres, têm seu próprio pro-jeto de vida, suas aspirações, expectativas, bem como ne-cessidades básicas que, se não forem atendidas, as tornarão insatisfeitas, desmotivadas, inseguras e incapazes de se entregarem plenamente ao trabalho. Ao trabalhador de hoje não basta apenas usar os braços como força de traba-lho, ele deseja e precisa que a sua mente seja desafiada e respeitada a sua capacidade de pensar. Voltaremos a este tema oportunamente.

Ricardo Feliciano dos Santos, Eng. Agr., Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia,

UFSM/CCR/ Departamento de Defesa Fitossanitária.

Orientadora: Eng. Agr. PhD. Elena Blume, Professora de Fito-

patologia, UFSM/CCR/ Departa-mento de Defesa Fitossanitária.

2 Jornal da Manhã | Ijuí, 31 de julho de 2012

Otaliz Montardo

Otaliz de Vargas Montardo Consultor Téc. em Pecuaria Leiteira.

menos evidentes. Inicialmente, ape-sar de sãs, desenvolvem-se pouco profundamente e paralelamente à superfície do solo. Mais tarde ficam necrosadas, com cor acinzentada a preta, conforme a intensidade do

ataque do patógeno.Os fungos do complexo Cylindro-

carpon spp. são habitantes do solo, onde sobrevivem durante longos períodos de tempo sob a forma de micélio hibernante, na forma de cla-midósporos, nos detritos vegetais e nos órgãos atacados da planta tendo uma gama de hospedeiros. O ataque é basicamente no porta-

enxerto, onde os esporos são disse-minados pelos salpicos de chuva e por partículas de solo. Acredita-se que o fungo penetra na base da estaca ou em feridas, e colonize os tecidos do hospedeiro provo-cando uma necrose. O material de propagação vegetativa (porta-enxertos e enxertos-prontos) tem sido amplamente citado como im-portante veículo de disseminação dos patógenos responsáveis pelo declínio das videiras jovens.

Essa doença exige adoção de práticas de controle preventivo, dada a situação que não existem outras formas de controle 100% eficientes, dentre tais práticas destaca-se o uso de materiais de propagação vegetativa (porta-en-xertos e enxertos prontos) isentos do patógeno, uso de áreas isentas do fungo, eliminação de plantas doentes e uso de equipamentos e ferramentas limpas. Em laborató-rio, estufa e campo foram obtidos resultados promissores com uso de fungicidas convencionais (be-nomil, tebuconazol e as misturas carbendazim + flusilazol e ciprodinil + fludioxonil) que aumentaram sig-nificativamente o crescimento das plantas e diminuíram a incidência da doença. Assim, cabe ao produtor evitar a entrada da doença em sua propriedade uma vez que ainda não se tem uma forma de controle eficiente para elas.

ARTIGO

Os sintomas mais usuais causados por infecções de Cylindrocarpon spp. observam-se no porta-enxerto e incluem, nos

tecidos do lenho da videira, a presença de lesões

enegrecidas em forma de estrias, ou pontuações

negras dispersas em forma de anel e/ou necroses

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Os produtos da agricultura familiar tornam-se, cada dia mais, fundamentais

especialmente para aquelas pessoas que querem manter uma alimentação saudável. Prova disso é a inserção de alimentos produzidos através da prática da agricultura familiar na alimenta-ção das crianças, da rede pública municipal de Ijuí.

Atualmente, a alimentação das crianças é contemplada com 34 alimentos produzidos pelos agricultores do município, sempre sendo respeitada a época de pro-dução. Os alimentos adquiridos atualmente são: tomate, cebola, salsa, cebolinha, pimentão, re-polho, cenoura, beterraba, couve em folha, espinafre, berinjela, brócolis, couve-flor, vagem, milho verde, abobrinha Itália, alface, ovos, batata doce, moranga, mandioca descascada, uva, ca-qui, laranja para suco, laranja do céu, bergamota, moranguinho, melancia, melão cascudo, mel, pão caseiro, bolacha caseira champagne, bolacha caseira de nata e linguicinha artesanal.

De acordo com a nutricionista da Secretaria Municipal de Edu-cação, Sandra Link, o alimento produzido no município, além

Agricultura familiar na mesa do refeitório

Agricultura famíliar é sinônimo de vida saudável na alimentação das crianças

Ijuí, 31 de julho de 2012 | Jornal da Manhã 3

ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

de favorecer a economia local, apresenta seu valor nutricional preservado, pois a logística de transporte é rápida. “O alimento chega às escolas fresco, sendo colhidos no mesmo dia ou no má-ximo no dia anterior, evitando as perdas ocorridas pelo transporte de vários dias, no qual as vitami-nas essenciais como a vitamina C são perdidas”, comenta.

O nível de agrotóxico utilizado na produção dos alimentos é baixo ou inexistente, o que evita efeitos nocivos que o excessivo consumo pode ter sobre o orga-nismo. Outro fator importante, segundo Sandra, é a utilização de alimentos locais e que fazem par-te do hábito alimentar, habituan-do as crianças para o consumo de alimentos produzidos na região.

A seleção dos alimentos é realizada através de um trabalho interdisciplinar entre a equipe de nutrição da Secretaria de Educação e técnicos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural. “A Smed elabora cardápios, a compra e as quantidades de alimentos necessárias, e a SMDR realiza o trabalho junto aos produ-tores, verificando quais alimentos estão disponíveis para aquisição e se os produtores estão aptos para

realizar a venda, intermediando todo o processo de compra e entrega”, explica.

Paladar para as crianças

Devido ao produto ser fresco, a qualidade e o sabor também são preservados, o que facilita a aceitação das crianças, segundo a

nutricionista. “Quando as crianças sabem que os alimentos vêm do próprio município, sentem-se estimuladas a provar”, ressalta.

Vida saudável no currículo escolar

O tema alimentação saudável faz parte do currículo das esco-las, sendo abordado em sala de

aula e em trabalhos de educação nutricional realizados pelas nutri-cionistas da Smed com crianças e pais, e também nas formações continuadas para merendeiras e professores. “Salientando sempre a importância de uma alimenta-ção equilibrada e a formação de hábitos alimentares saudáveis”, conclui.

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Nos últimos dias, o preço da saca de soja tem superado as expectativas, chegando a valer R$ 70. De acordo com o analista de mercado Argemiro Brum, existem quatro motivos para o surpreendente aumen-to no valor pago à saca de soja. O primeiro é a oferta. “O mercado vem de uma relativa frustração na safra dos EUA, no ano passado, e de uma frustração mais importante na última safra sul-americana. Nesse último caso, perdeu-se cerca de 30 milhões de tone-ladas entre o esperado e o realmente colhido”, comenta.

Com a nova seca que se abateu sobre as lavouras dos Estados Unidos, as projeções realizadas apontam uma re-dução na produção daquele país, entre o esperado e o que possivelmente será colhido, da ordem de 7 milhões de toneladas. “Isso influi bastante nas cotações em Chicago. Em segundo lugar, certa calmaria na crise mundial, fato que enfraqueceu parcialmente o dólar nas últimas semanas, levando a especulação finan-ceira a investir mais nas com-modities agrícolas”, esclarece.

Esses dois fatores somados fez as cotações em Chicago dispararem, com a bolsa ba-tendo dois recordes históricos em 20 dias, chegando ao auge de U$S 17,57/Bushel no último dia 20. Em terceiro lugar, e isso devido à quebra de nossa safra no verão passado, os preços em Rio Grande dispararam, pois há

Preço da soja dispara e alerta economia

Projeção para safra 2012/2013 é positiva

pouca soja disponível, chegan-do um pouco acima de US$ 2 o Buschel em alguns momentos dos últimos dois meses.

Por fim, houve a mudança cambial. Entre março e final de julho, o real se desvalorizou cerca de 20%, o que é enorme e acabou favorecendo o pre-ço dos produtos exportados, como a soja. Com isso, os preços em reais dispararam para níveis nominais próximos a R$ 70 no balcão de R$ 80 nos lotes.

Impacto na economia

Conforme Brum, no Sul do País, onde a quebra de safra foi muito grande, tais aumentos apenas aliviaram um pouco a situação de prejuízo criada pelo clima, porém, não foram suficientes para eliminar o

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ECONOMIA

Coluna Nº5

Captura de enxame híbrido em Ijuí

GELEIA REAL

Na ultima sexta-feira foi capturado um en-xame de abelhas em Ijuí cuja natureza chamou a atenção das pessoas que passavam pelo local durante o processo de sua captura pelo fato de não apresentar agressividade . Esse tipo de enxame é conhecido como Híbrido, e é resultan-te do cruzamento entre duas raças de abelhas: abelha africanizada X abelha européia (mansa). Apesar disto, mantenha distância e ligue para o Corpo de Bombeiros.

O Corpo de Bombeiros local “PRESERVA A NATUREZA” ao acompanhar a retirada dos en-xames de abelhas que entram nas residências, latas de lixo ou mesmo pendurados em galhos e que estão oferecendo perigo à população.Após identificar cada chamada com endereço e telefone, ele encaminha para um grupo de apicultores qualificados e experientes que se encarregam da retirada e que estão cadastra-dos na AAI para capturar enxames dentro da área urbana e rural e também em caixas de apicultores que não são mais adequadas.Essas abelhas capturadas são levadas até o Apiário de Estudos localizado no Irder(Instituto Regional de Desenvolvimento Rural) da Unijuí onde ficam em quarentena, sendo observado a presença de doenças e a sua linhagem para melhoramento genético e este conhecimento é oferecido a todos os apicultores interessados.

A Unijuí, em parceria com prefeitura, Corpo de Bombeiros, Jornal da Manhã, AAI e outros contribuem para preservar o meio ambiente. O serviço de captura e remoção de enxames é prestado a toda comunidade Ijuiense.

“CHAME CORPO DE BOMBEIROS 193 PARA RETIRADA DOS ENXAMES”

Captura de enxame híbrido com auxílio do Corpo de Bombeiros

prejuízo físico da safra. Além disso, por necessidade de caixa, a comercialização se acelerou antes destes auges de preços, fazendo com que boa parte da safrinha colhida recebesse preços excelentes, porém mais baixos do que os atingidos neste mês.

Em regiões como o Centro-Oeste, a safra foi normal e os grãos foram espetaculares. As-sim, a frustração de safra não foi compensada no RS pelos preços, por isso o PIB está em forte recuo e se centralizando no negativo. Já no conjunto do País, há uma quebra de pelo menos 10 milhões de toneladas na soja, fato que prejudica a economia, pois ela vem acompanhada de outras quebras, como no caso do milho, fumo, arroz e uma forte crise no setor da suinocultura.

Os preços mundiais da soja es-tão fora de propósito e, conforme o analista de mercado Argemiro Brum, deverá haver uma cor-reção para baixo, salvo, é claro, se a seca nos Estados Unidos recuar e resultar numa quebra histórica de safra. “Basta chover nas regiões produtivas dos EUA, o dólar se fortalecer novamente e a produção da América do Sul se recuperar”, comenta.

Na última semana, Chicago recuou mais de um dólar por Bushel para a soja, assim como houve recuo nas outras com-modities. “Bastou o anúncio de possível retorno das chuvas nas regiões produtivas dos EUA. Somou-se a isso a piora, mais uma vez, da crise econômica mundial através da Europa e o dólar ganhou força momenta-neamente”, esclarece.

Para longo prazo, a expectati-va do retorno do El Niño sobre a América do Sul, na próxima

primavera e verão, fato que representa chuvas normais e até acima disso, também deixam as previsões positivas. “Junto com o entusiasmo dos produtores, que já indicam um aumento de 8% na futura área de soja brasileira, fato que a elevaria acima de 27 milhões de hectares e permite projetar uma futura colheita recorde de 83 milhões de toneladas”, afirma. Tal comprometimento será visto também na Argentina e Paraguai.

Brum enfatiza que se o cli-ma deixar, a América do Sul irá recuperar largamente sua produção na próxima safra. Somente o Brasil, se confirmar as 83 milhões de toneladas, fará 17 milhões de toneladas a mais do que o colhido nesse último verão. “Nessas condições, os preços nos portos irão recuar fortemente. Chicago também vem cotando o mês de maio

de 2013, que baliza os preços para a soja gaúcha quando da colheita, três dólares a menos o Bushel nesse momento”, frisa.

Nessas condições, mesmo que o câmbio mantenha-se ao redor dos R$ 2 por dólar, os cálculos indicam preços no balcão, na média gaúcha, entre R$ 48 e R$ 51 a saca. “Excelen-tes preços considerando safra cheia e gerando uma renda muito maior que a obtida nes-se último ano. Porém, serão preços bem menores do que os atualmente praticados em nosso mercado. Além disso, os custos de produção da futura safra serão mais elevados, fato que igualmente deve ser levado em conta quando pensamos no resultado líquido que podemos ter”, diz e acrescenta que “ se o clima ajudar, teremos um resultado final muito melhor do que o deste ano, mesmo que os preços sejam mais baixos”.

No Sul, aumentos aliviaram prejuízos causados pelo clima

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Ijuí, 26 de junho de 2012 | Jornal da Manhã 5

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O livro Oliveira no Brasil surgiu com o objetivo de tornar-se um guia

de incentivo à produção da olivicultura no país. A ideia surgiu a partir de uma inicia-tiva do Dr. Adelson Franco de Oliveira, diretor do Núcleo de Olivicultura da Epamig, de Minas Gerais.

Para a criação do livro, Adelson contatou estruturas de conhecimento existentes no Brasil sobre oliveiras e convenceu alguns pesquisa-dores do segmento de fora do país, em especial alguns expoentes da Espanha, como por exemplo, o Dr. Juan M. Caballero, o Dr. Marino Uce-da Ojeda e Antonio Trapero Casas para colaborar com a obra e, enfim, suprir a neces-sidade da literatura que des-se suporte didático.

A obra teve ainda a par-ticipação de um ijuiense. Guajará de Oliveira escre-veu o capítulo 4 do livro, denominado Tecnologias de Produção. “O capítulo tra-ta do associativismo como ferramenta auxiliar para de-senvolver a olivicultura bra-sileira. Nesse capítulo, traba-lhamos a ferramenta básica para dar um norte organi-zativo para os investimentos no setor, não só no sentido financeiro como forma de resultado, mas também, no que concerne a todas as etapas que o segmento tem que percorrer para tornar-se viável e tornar-se um instru-mento de desenvolvimento agrícola com o cultivo da oliveira para que os envolvi-dos possam ter os melhores resultados em todos os sen-tidos”, comenta.

O ijuiense afirma que ter sido convidado para parti-cipar da produção do livro foi muito importante e uma forma de valorizar todo em-penho e dedicação que teve com cursos no exterior para potencializar a cultura no Rio Grande do Sul. “A cultura tem um potencial de alto valor agregado em todos os sen-tidos, não só no econômico-financeiro, mas também no desenvolvimento social. É mais uma possibilidade agrí-cola que estava dormindo e agora começa a despertar para dar àqueles que labu-tam na terra a oportunidade de diversificar suas culturas e ter mais uma possibilidade de crescer e se desenvolver”,

Ijuiense ajuda a escrever livro Oliveira no Brasil

Ijuiense escreveu o 4º capítulo do livro, que aborda as Tecnologias de Produção

No RS há todas as condições para abrigar as maiores plantações de oliveiras

A cultura tem um potencial de alto valor no sentido econômico e socialEm 2011 foram importados cerca de 65 mil toneladas de azeite e 79 mil tonela-das de azeitonas

enfatiza.

Oliveiras no Brasil

No Brasil, há inúmeras iniciativas no sentido de trazer a cultura para a ma-triz agrícola brasileira. Nes-se aspecto destacam-se a Epamig, de Minas Gerais e a Epagri, de Santa Catarina, além dos esforços feitos no Estado de São Paulo, através de um Instituto Governa-mental de Sorocaba. “Todos esses esforços são funda-mentais para que possa ha-ver uma olivicultura de re-sultados”, frisa.

Para produzir oliveiras, é necessário duas coisas fundamentais: o primeiro é cerca de 300 horas/frio ano, com temperaturas de até 10°C e o segundo é o clima sem chuvas em período de floração e polinização. Sem esses dois fatores aliados a solos que não encharquem, poderá se ter oliveiras bo-nitas, mas não produtivas. Aliado a isso, também deve haver plantações entre os paralelos 30° e 45°, onde es-tão os plantios no mundo.

Desenvolvimento da cultura no RS

No Rio Grande do Sul, em especial, há todas as condi-ções para abrigar as maiores plantações de oliveiras. “Te-mos cerca de mil variedades de oliveiras catalogadas e registradas no mundo. Te-mos possibilidades reais e concretas para atender, em termos de exigência a cul-tura. Não é à toa que o in-teresse em plantar oliveira cada vez aumenta mais e

vão surgindo plantações em várias regiões dentro do Es-tado”, afirma.

De acordo com Guajará, o clima do Rio Grande do Sul beneficia o desenvolvimento da cultura. “Isso é muito im-portante, pois agrega valor e coloca o RS no mapa da oli-

vicultura mundial”, destaca. Ele cita ainda que no Estado já está despertando interes-ses de investidores de ou-tros Estados da federação e países como Espanha e Itália que começam a se informar sobre as áreas de plantação e que certamente vão dire-cionar investimentos na oli-vicultura em solo gaúcho.

Importação

No ano passado, foram importados cerca de 65 mil toneladas de azeites e cerca de 79 mil toneladas de azei-tonas. “Fazendo uma proje-ção, para 2015, mantendo-se essa média, estaremos con-sumindo – e o que é mais importante – importando cerca de 100 mil toneladas ao ano de azeites e azeitonas ao ano”, explica.

Essa projeção oferece um panorama de oportu-nidades para a cultura ser implantada no país e, so-bretudo, no Rio Grande do Sul. Outra expectativa posi-tiva é com relação às pos-sibilidades de exportação futura, pois o que é produ-zido no mundo, em termos de azeite, não é suficiente para atender a demanda mundial do setor que cres-ce e mantém a tendência de crescimento por longos anos.

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Ijuí, 31 de julho de 2012 | Jornal da Manhã 7

Rotina da venda de feirasAcordar às 3h30. Organizar

os produtos produzidos na própria propriedade

dentro do carro com cuidado para não estragar ou danificar qualquer um. Ir para o estan-de da Aprofeira e organizar a disposição dos produtos para exposição na feira que abre ás 6h. Essa é rotina da família Raddins há aproximadamente 35 anos.

Com a produção de geleias e produtos processados de frutas, a família garante 90% da renda com a venda realizada em feiras. “Temos uma tradição nessas vendas, por isso temos uma boa demanda de pessoas que procuram por nossos produtos. Não temos do que nos queixar”, afirma Lenir Raddins.

Para Lenir, apesar das re-clamações do campo serem comuns, ela não trocaria pela vida da cidade. “Não encaro meus afazeres com dificuldade,

para mim tudo é delicioso fazer. Já tentei largar a vida do campo e me descobri uma apaixonada pelo que faço e percebi que jamais vou conseguir deixar de dar continuidade a isso”, comenta.

A agricultora conta que o que lhe dá mais prazer é o processamento da fruta, pois demanda um trabalho de real dedicação ao que se gosta. “Isso mostra que não precisamos sair do meio rural para se ter conforto. Temos tudo no meio rural. O que importa é conseguir conciliar as demandas e agregar valor ao produto. Quando se consegue fazer isso, pode se ter uma vida calma, confortá-vel e maravilhosa no campo”, enfatiza ela, orgulhando-se ao relatar que foi com os recursos adquiridos através nas vendas de feiras que conseguiu pagar a faculdade de engenharia elétrica da filha. Para Lenir Raddins, venda em feiras é extremamente prazerosa, pois é um reconhecimento do esforço e dedicação

Fruto do caraguatá pode ser usado para xaropeCom folhas longas, cor

vermelha-arroxeada das flores e fortes espinhos nas bordas, o caraguatá é um fruto comum na fabricação de xaropes.

No município, a família Ra-ddins tem por tradição, desde seus antepassados, de cultivar o fruto que é vendido para pastorais e outras pessoas que procuram a fruta para fazer xaropes. “Já experimentamos e realmente funciona”, conta Lenir Raddins, que ressalta que a procura é sempre significativa.

O que poucos sabem é que as fibras contidas no fruto dessa planta também servem para o preparo de roupas, cintos e bolsas.

Sua reprodução ocorre por

estolão, que aparecem na base da planta, rente ao solo. Uma vez produzido o fruto o vege-tal morre. As folhas podem ser colhidas após a retirada dos frutos maduros. Os frutos, que são produzidos de março a junho, também são apreciados na alimentação, podendo ser consumidos, crus, cozidos ou assados.

Crenças popularesModo de usar:

- xarope; - suco: aparelho respiratório, asma, bronquite, coqueluche, tosse, vermes; - suco diluído em água, uso externo: aftas.

Tosse: corte o fruto em 4 fatias e coloque em 1 xícara de chá de água em fervura. Deixe ferver por 5 minutos. Amasse bem em um pilão, coe e adicio-ne 2 xícaras de café de açúcar cristal. Retorne novamente ao fogo, até dissolver bem todo o açúcar. Pode acrescentar algu-mas sementes de erva-doce ou casca de canela. Tome 1 colher de sopa, 2 a 3 vezes ao dia. Para crianças, ministrar somente metade da dose.

Afecções da mucosa da boca: coloque 1 colher de sopa de folhas fatiadas em 1 xícara de chá de água em fervura. Desli-gue o fogo, espere esfriar, coe e adicione 3 gotas de própolis. Faça bochechos, 3 vezes ao dia.

Propriedade dos Raddins cultiva o fruto do Caraguatá e afirma que o xarope funciona realmente

Cuidados: Nenhuma planta deve ser consumida em excesso

e nenhum tratamento deve ser feito sem orientação médica.

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Jornal da Manhã Ijuí, 31 de julho de 2012

Faz dez anos que a Ceriluz optou por diversificar suas ações sociais. As primeiras

atividades tiveram início em 2002 com encontros entre colaboradores priorizando a qualidade de vida destes, fo-cando o bem-estar no ambiente de trabalho e na família. Em 2004, com a liderança do en-tão presidente José Barasuol, as atividades se expandiram para o público externo, atin-gindo inicialmente mulheres associadas e esposas de asso-ciados. O objetivo era desafiar as mulheres a interagir com o dia a dia da Cooperativa e, ao mesmo tempo, torná-las o elo entre com os maridos e as pro-priedades rurais. Esta iniciativa teve continuidade até o ano de 2006, quando os casais passa-ram a participar de encontros de comunidade caracterizados por dois momentos: inicialmente o quadro Ceriluz Hoje, apresen-tado pelo presidente Iloir de Pauli, que destacava relatórios de investimentos e a estrutura física e administrativa da Coo-perativa. A segunda etapa cabia à psicóloga Terezinha de Abreu, que desenvolvia palestra de motivação pessoal, enfocando a auto-estima e a importância do bom relacionamento familiar. A partir de 2007, as atividades com os associados passaram a contar com um novo parceiro. Por meio do Programa Pró-eventos do Serviço Nacional

Programas sociais completam dez anos na Ceriluz

de Aprendizagem do Coope-rativismo (Sescoop) a Ceriluz implantou o Projeto de Educa-ção e Formação Cooperativista, que acontece todos os anos, expandindo os temas, que ao longo dos últimos anos trata-ram de cooperativismo, gestão rural, agronegócio e sucessão familiar, entre outros.

Além dos encontros sociais para associados, a partir de 2006 a Ceriluz acrescentou na sua grade de ações outros benefícios voltados à preser-vação da saúde e à segurança econômica do associado: o Plano de Saúde; o Seguro Re-sidencial e o Auxílio Funeral, possibilitando a prevenção de doenças, garantias para casos de temporais ou incêndios na propriedade e o apoio finan-ceiro em caso de falecimento do associado. Somam-se ainda às ações de responsabilidade social atividades de gestão e educação ambiental realizadas com colaboradores, associados e especialmente estudantes da área de ação da Cooperativa.

Todas estas atividades ca-racterizaram o Programa Quali-dade de Vida, batizado em 2008 de Programa Além da Energia, por representar as atividades que a Ceriluz realiza e que ul-trapassam a proposta original da Cooperativa de distribuir energia elétrica. “É uma alegria muito grande para a Ceriluz, no Ano Internacional do Coope-

rativismo, comemorar os dez anos deste programa que leva conhecimento sobre diversos temas, informações sobre a Ceriluz e uma série de benefí-cios que juntos permitem aos associados meios de melhorar a sua qualidade de vida”, resume o diretor secretário da Ceriluz, Romeu Ângelo de Jesus.

No ano de 2012, além dos benefícios permanentes, foram realizados dez eventos em toda a área de ação pelo Pro-jeto de Educação e Formação Cooperativista, beneficiando 1.055 associados. Os encontros foram caracterizados por dois momentos distintos: o primeiro contava com a participação de diretores e gerentes que faziam um demonstrativo da situação

econômica/financeira e in-vestimentos realizados pelas cooperativas Ceriluz Geração e Ceriluz Distribuição; em se-guida era ministrada a palestra “Cooperativismo, Agronegócio e Desenvolvimento” pelo pales-trante Pedro Luís Bütenbender, especialista em administração e cooperativismo. A direção já estuda uma nova proposta para o próximo ano.

Saiba mais sobre os benefícios sociais da Ceriluz

Projeto de Educação e For-mação Cooperativista: É caracterizado por en-

contros de comunidade que levam palestras da direção e especialistas em diversas áreas

aos associados e conta com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperati-vismo (Sescoop).

Projeto Atitude Limpa:Internamente procura me-

lhorar o ambiente de trabalho promovendo o diálogo inter-pessoal, a redução de custos e a otimização do uso de materiais, enquanto que na comunidade atua especialmente com esco-las, trabalhando a educação ambiental entre os estudantes e familiares.

Plano de SaúdeA Cooperativa possibilita

aos associados aderirem a um Plano de Saúde que dá direito a atendimentos e exames perió-dicos em consultórios médicos e laboratórios conveniados, vi-sando à prevenção de doenças.

Seguro ResidencialO Seguro Residencial dá

mais tranqüilidade para os associados que aderirem, nos casos de danos causados por vendavais ou incêndios em sua residência, garantindo indeni-zações de até R$ 30.000,00.

Auxílio FuneralO Auxílio Funeral beneficia

a família cooperada com R$ 1.000,00 quando ocorre o fa-lecimento do associado titular, diminuindo as dificuldades neste momento.

Projeto de Educação e Formação Cooperativista

Alta no preço do tomate é momentânea, segundo produtorO amor pelo cultivo de frutas

e verduras nasceu muito cedo e perdura há mais de 30 anos na família Oba. Descendente de japoneses, Shiro Oba afirma que para trabalhar com o cultivo tem que gostar muito, pois é necessário muita atenção desde a procedência da semente até a produção e colheita.

Shiro trabalha com o plantio de tomate, que é uma planta anual. Para se ter sucesso nessa atividade, ele destaca que o tomateiro é considerado, dentre as hortaliças, uma das espécies mais exigentes em adubação. Portanto, conhecer as exigências nutricionais, os principais sinto-mas de deficiências e o modo de corrigi-las é fundamental para o

êxito da cultura. “A decisão por qual tipo plan-

tar nasce da principal demanda do consumidor. No nosso caso, plantamos o tomate gaúcho, pois nossos clientes – de Ijuí e região – têm preferência do to-mate para fazer salada”, explica.

Relação de preço entre consumidor e produtor

Atualmente, quem foi às compras nos supermercados deparou-se com um valor altíssi-mo no preço do quilo do tomate. O valor chegou a R$ 6 em alguns supermercados do município. Entretanto, fica a pergunta: o produtor recebe esse repasse de valores elevados?

Shiro comenta que a época é de plantio do tomate, por isso, pouco ou nada da região está sendo disponibilizado para os supermercados. Assim, estes têm de ser trazidos do Nordes-te, onde a produção está mais ativa. “Por isso, o preço alto. A demanda de gastos com frete e encomendas são o que elevam o valor. O produtor não ganha tanto com a negociação, mas o mercado tem outras deman-das até o tomate chegar para venda, por isso os valores são repassados para o consumidor final”, esclarece.

De acordo com o produtor, isso reflete no plantio. “Com o preço alto, muitas pessoas começam a plantar, o que não Família Oba trabalha com o plantio do tomate há mais de 35 anos

A Ceriluz comemora neste ano de 2012 uma nova marca: os dez anos do Programa Além da Energia, que iniciou discreto e aos poucos consolidou a Cooperativa como uma referência em responsabilidade social

é exatamente o ideal para pro-dutor, pois quando chegar nossa

vez de vender, o preço já vai estar desvalorizado”, comenta.

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