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8/20/2019 Jogos e Dinâmica de Grupo--módulo 4
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MATERIAL DIDÁTICO
PRÁTICAS DE GESTÃO EMSERVIÇOS SOCIAIS
U N I V E R S I D A D E
CANDIDO MENDES
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELAPORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010
Impressão
e
Editoração
0800 283 8380
www.ucamprominas.com.br
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SUMÁRIO
UNIDADE 1 - NOÇÕES BÁSICAS DE SERVIÇO SOCIAL: DEFINIÇÃO, OBJETO, OBJETIVOS,LOAS, PNAS, SUAS E CRAS .................................................................................................................6
UNIDADE 2 - A FORMAÇÃO PROFISSIONAL NA CONTEMPORANEIDADE: A CONSTRUÇÃO DO
PROJETO ÉTICO-POLÍTICO DA CATEGORIA, O MERCADO E AS CONDIÇÕES DE TRABALHO
............................................................................................................................................................... 20
UNIDADE 3 - A METODOLOGIA E A PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL ........................................ 28
UNIDADE 4 - A GESTÃO NO SERVIÇO SOCIAL: HABILIDADES E COMPETÊNCIAS .................. 35
UNIDADE 5 - CAMPOS DE ATUAÇÃO NO SERVIÇO SOCIAL ........................................................ 44
UNIDADE 6 - O CÓDIGO DE ÉTICA DO ASSISTENTE SOCIAL ....................................................... 51
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INTRODUÇÃO
O Serviço Social tem na questão social a base de sua fundação comoespecialização do trabalho. Podemos dizer que questão social é o conjunto das
expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura que tem uma raiz
comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais
amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada,
monopolizada por uma parte da sociedade.
Nesse ponto, há que se concordar com Iamamoto (2008) quando diz que a
globalização da produção e dos mercados não deixa dúvidas sobre esse aspecto:hoje é possível ter acesso a produtos de várias partes do mundo, cujos
componentes são fabricados em países distintos, o que patenteia ser a produção
fruto de um trabalho cada vez mais coletivo, contrastando com a desigual
distribuição da riqueza entre grupos e classes sociais nos vários países, o que sofre
a decisiva interferência da ação do Estado e dos governos.
Esse é o nosso conceito para introduzir a apostila de Práticas de Gestão em
Serviço Social , ou seja, para garantir uma sintonia do Serviço Social com os tempos
atuais, é necessário romper com uma visão endógena1, alargar os horizontes, olhar
mais para longe, para o movimento das classes sociais e do Estado em suas
relações com a sociedade, com um objetivo essencial: levar o Assistente Social a
desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de
trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas
emergentes no cotidiano. Nas palavras de Iamamoto (2004) “ser um profissional
propositivo e não só executivo”, isto porque o mercado demanda, hoje, além de um
trabalho na esfera da execução, a formulação de políticas públicas e a gestão de
políticas públicas.
Alguns dados interessantes sobre a profissão:
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Originária do interior, que vem de fatores internos.
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Dados do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS, 2008) apresentam, no
Brasil, aproximadamente 80.000 profissionais que atuam predominantemente na
formulação, planejamento e execução de políticas públicas como educação, saúde,
previdência, assistência social, habitação, transporte, entre outras, movidos pela
perspectiva de defesa e ampliação dos direitos da população brasileira. Trabalham
também na esfera privada, principalmente, no âmbito do repasse de serviços,
benefícios e na organização de atividades vinculadas à produção material, e atuam
em processos de organização e formação política de segmentos da classe
trabalhadora.
Em recente pesquisa (2005) sobre os “Assistentes Sociais no Brasil”,
realizada pelo CFESS, traçou-se o seguinte perfil desta categoria: a profissão é
composta majoritariamente por mulheres, com idade entre 35 a 44 anos, católica
praticante, que se autodeclara branca, heterossexual e casada e,
predominantemente, sem filhos ou com uma prole de dois. A pesquisa confirma a
tendência histórica de inserção do Serviço Social em instituições de natureza pública
estatal. Com relação ao trabalho, prevalece a carga horária de 40 horas semanais,
seguida pela de 30 horas. Quanto à remuneração, há uma grande variação, na
seguinte ordem de prevalência: 4 a 6 salários mínimos (SM), 7 a 9 SM, mais de 9
SM e até 3 SM. Cabe ressaltar que, apesar da importância da pesquisa, a
metodologia utilizada focou as entrevistas em assistentes sociais participantes do
evento comemorativo ao dia do assistente social, em maio de 2004, o que já
proporciona uma seleção em relação ao público entrevistado, mas aponta-se a
necessidade de uma pesquisa em nível nacional, o que traçará um perfil mais
fidedigno da profissão (PEREIRA, 2008).
O tempo presente é marcado pela reestruturação produtiva precária das
condições de trabalho, por contrarreformas que empreendem a redução dos direitos
sociais, por uma política econômica de juros altos que favorece o capital financeiro
em detrimento do capital produtivo (há quem diga o contrário, mas os juros
continuam altos comparando-se a muitos países). A lógica destrutiva do capital
aprofunda a concentração de renda, acirra as desigualdades, intensifica a pobreza e
o desemprego, deixando em situação precária as condições de vida e de trabalho.
As políticas sociais se reconfiguram com tendências focalizadoras, compensatórias e
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regressivas. Institucionalizam-se a precariedade da formação profissional e das
relações de trabalho, sendo frequentes os ataques aos direitos da pessoa idosa, da
infância, da adolescência e da juventude, das pessoas com deficiência, dos
trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, além da reprodução cotidiana
da violência contra a mulher, lésbicas, gays, travestis e transexuais (CFESS, 2009).
É também devido a essa conjuntura que a apostila seguirá por um caminho
em busca da reflexão e pretende mostrar os limites e possibilidades do trabalho da
Assistência Social em prol da diversidade, dos menos favorecidos, em defesa dos
direitos sociais de cidadania.
Trataremos aqui do objeto e objetivo do Serviço Social, da formação do
profissional na contemporaneidade, seus desafios, os dilemas, as conquistas, o
mercado e as condições de trabalho. Evidentemente que as habilidades e
competências necessárias ao Assistente Social não ficaram de fora, nem a
importância da pesquisa no Serviço Social, pois todos esses detalhes compõem o
profissional para que efetivamente seja um gestor.
Os objetivos que pretendemos atingir são exatamente estes:
Definir Serviço Social e Assistência Social;
Apresentar o objeto de estudo, os objetivos do Serviço Social, a
importância da LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social, do SUAS – Sistema
Único de Assistência Social e os CRAS – Centros de Referência de Assistência
Social;
Identificar a formação do profissional na contemporaneidade: seus
desafios, conquistas, dilemas e as condições de trabalho, as habilidades e
competências necessárias ao desempenho da profissão;
Discorrer sobre a metodologia, a pesquisa e os campos de atuação em
Serviço Social.
Ressaltamos que não se trata de uma obra inédita, mas sim uma compilação
do que se apresenta mais importante em termos de Serviço Social e salientamos
que ao final, as referências bibliográficas disponibilizadas serão úteis para preencher
lacunas que por ventura surjam ao longo da apostila.
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UNIDADE 1 - NOÇÕES BÁSICAS DE SERVIÇO SOCIAL:
Definição, Objeto, Objetivos, LOAS, PNAS, SUAS E CRAS
O Serviço Social é uma profissão de nível superior e pode ser exercida
somente por profissionais diplomados em instituições de ensino reconhecidas pelo
Ministério da Educação (MEC) e devidamente registrados no Conselho Regional de
Serviço Social (CRESS). A pessoa que se forma no curso de Serviço Social é
denominada Assistente social.
O Serviço Social surgiu a partir de 1930, quando se iniciou o processo de
industrialização e urbanização no país. A emergência da profissão encontra-se
relacionada à articulação dos poderes dominantes (burguesia industrial, oligarquias
cafeeiras, Igreja Católica e Estado Varguista) à época, com o objetivo de controlar as
insatisfações populares e frear qualquer possibilidade de avanço do comunismo no
país. O ensino de Serviço Social foi reconhecido em 1953 e a profissão foi
regulamentada em 1957 com a lei nº 3.252.
A profissão manteve um viés conservador, de controle da classe trabalhadora,desde seu surgimento até a década de 1970. Com as lutas contra a ditadura e pelo
acesso a melhores condições de vida da classe trabalhadora, no final dos anos 1970
e ao longo dos anos de 1980, o Serviço Social também experimentou novas
influências. A partir de então, a profissão vem negando seu histórico de
conservadorismo e afirma um projeto profissional comprometido com a democracia e
com o acesso universal aos direitos sociais, civis e políticos (Iamamoto e Carvalho,
1995; Netto, 1992; Pereira, 2008 e outros).
Por sua vez, Assistência Social é uma política pública regulamentada pela Lei
Orgânica da Assistência Social – LOAS, assim definida na forma da lei:
Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de
Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através
de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade para garantir
o atendimento às necessidades básicas.
Dessa maneira, temos:
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Serviço Social – é uma profissão regulamentada pela Lei Federal nº
8.662/93, que exige a graduação em Serviço Social em Unidade de Ensino Superior
reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC);
Assistente Social – é o profissional formado em Serviço Social, trabalha
no campo da Assistência Social prestando serviços sociais e participa no combate
ao assistencialismo, através do fortalecimento dos direitos sociais na sociedade
brasileira;
Serviços Sociais – são serviços de atenção direta à população,
públicos ou privados, com a finalidade de satisfazer necessidades sociais nas áreas
de saúde, educação, reabilitação, assistência social, habilitação e saneamento,atenção especial à crianças e adolescentes, aos idosos, às pessoas portadoras de
deficiências, entre outras.
Assistencialismo – é o oposto da política pública de Assistência Social.
A política de Assistência Social é um DIREITO, isto é, todos que um dia dela
necessitarem, poderão dela usufruir. Já as ações assistencialistas configuram-se
como “doações”, que, não raro, exigem algo em troca, um exemplo são as famosas
“doações” de cestas básicas, ligaduras em mulheres, os conhecidos “centros
sociais” de parlamentares ou candidatos em troca de favores eleitorais.
Não há como tratar do objeto, objetivos, enfim, da gestão do Serviço social
sem refletir um pouco sobre sua história, a qual está ligada aos fatos históricos,
ideologias, desejos, entre outros.
Segundo Silva (1995, p. 35), a história do Serviço Social “(...) não deve ser
entendida como uma cronologia de fatos, mas na sua ligação com o contexto geral
da sociedade (...), isto é, a história dos processos econômicos, das classes e das
próprias ciências sociais”.
Inicialmente, o Serviço Social se apresenta envolvido com os interesses da
classe dominante, mas, antagonicamente, também está sujeito à classe subalterna,
sendo o mediador entre ambas as classes. A contradição é uma característica
presente em países industrializados, assim como os altos índices de pauperismo na
zona urbana.
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Por volta da década de 1930, começa haver no Brasil uma urbanização
crescente e as contradições da industrialização fazem surgir as lutas reivindicativas,
a classe trabalhadora passa a se organizar resultando na hostilidade do outro grupo.
Nasce, neste momento, através do papel pacificador por parte do Estado, a
institucionalização do Serviço Social que, movido pelas profundas alterações sociais
através do processo de transição do modelo agrário-comercial para o modelo
industrial, atua frente à “questão social” que é apresentada diante de todos, e,
segundo Iamamoto (2004, p. 18) “o debate sobre a 'questão social' atravessa toda a
sociedade e obriga o Estado, as frações dominantes e a Igreja a se posicionarem
diante dela”.
A Igreja Católica torna-se fundamental na abertura das duas primeiras
escolas de Serviço Social: a Escola de Serviço Social de São Paulo, em 1936 e a
Escola de Serviço Social do Rio de Janeiro, em 1937, sendo essas duas escolas as
pioneiras do Serviço Social no Brasil.
Silva (1995) afirma que desde o ano da criação das primeiras escolas de
Serviço Social até 1945 são definidos três eixos para a formação profissional do
assistente social:
1. Formação científica, na qual era necessário o conhecimento das disciplinas
como Sociologia, Psicologia, Biologia, Filosofia, favorecendo ao educando
uma visão holística do homem, ajudando-o a criar o hábito da objetividade;
2. Formação técnica, cujo objetivo era preparar o educando quanto sua ação no
combate aos males sociais; e a
3. Formação moral e doutrinária, fazendo com que os princípios inerentes à
profissão sejam absorvidos pelos alunos.
A expansão da economia norte-americana na América Latina resultou na
adoção do Brasil pelo desenvolvimentismo que monopolizava a economia e a
política, havendo influência norte-americana também no Serviço Social.
Foi no âmbito da influência norte-americana que importamos,
progressivamente, os métodos de Serviço Social de Caso, Serviço Social de Grupo,
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Organização de Comunidade e, posteriormente, Desenvolvimento de Comunidade
(SILVA, 1995, p. 41)
No decorrer das décadas de 1950 e 1960, o assistente social foi preparado
como mão-de-obra capaz de colocar em prática os programas sociais, com grande
importância na realização do modelo desenvolvimentista assumido pelo país. Em
meados da década de 60, na América Latina, nota-se a ineficácia da proposta
desenvolvimentista e nasce a proposta de transformação da sociedade, onde são
questionados a metodologia, os objetivos e os conteúdos necessários para a
formação profissional, como resultado, muitas escolas entraram em crise ideológica.
Surge assim, o movimento de reconceituação, cujo objetivo da ação profissional do
Serviço Social seriam os problemas estruturais da sociedade, não apenas
relacionados aos problemas individuais, grupais e comunitários. (COLMÁN, 1994)
O objeto do Serviço Social é a questão social e como diz Machado (1999),
sem dúvida alguma “um desafio”!
Historicamente e em termos de Brasil, quando o Serviço Social aqui teve seu
início, seu objeto era o homem, aquele morador das favelas, pobre, analfabeto,
desempregado. Como ele era incapaz, por sua própria natureza, de ascendersocialmente, o Serviço Social tinha por objetivo moldá-lo, integrá-lo aos valores
moral e costumes defendidos pela filosofia neotomista2.
Machado nos mostra que posteriormente, por volta de 1965, o Serviço Social
ultrapassou a ideia do homem como objeto profissional. Passou-se a compreender
que a situação deste homem era fruto, não só de uma incapacidade individual, mas,
também, de um conjunto de situações que mereciam a intervenção profissional. O
objeto do Serviço Social se coloca, então, como a situação social problema:
2 É a corrente filosófica que resgata o Tomismo, a filosofia de São Tomás de Aquino (enquantopensador) com o objetivo de resolver problemas contemporâneos. Para o Neotomismo, toda afilosofia moderna, a partir de Descartes constituir-se-ia em erros e equívocos, responsáveis pela crisedo mundo moderno. Assim, na visão neotomista, é inaceitável privilegiar interesses de ideologiascomo o neoliberalismo ou comunismo, por exemplo, ou instituições como empresas e o governo, emdetrimento do direito do ser humano a uma vida digna e tudo que ela acarreta: a liberdade, a saúde, oemprego e a habitação.
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[...] o Serviço Social atua na base das inter-relações do binômio indivíduo-sociedade. [...] Como prática institucionalizada, o Serviço Social secaracteriza pela atuação junto a indivíduos com desajustamentos familiarese sociais. Tais desajustamentos muitas vezes decorrem de estruturassociais inadequadas (DOCUMENTO DE ARAXÁ, 1965, p.11 apudMACHADO, 1999).
Na década de 1970, com a mobilização popular contra a ditadura militar, o
Serviço Social revê seu objeto e o define como a transformação social. Apesar do
objeto equivocado, afinal, a transformação social não se constitui em tarefa de
nenhum profissional – é uma função de partidos políticos; o que esse objeto
efetivamente representou foi a busca pelas assistentes sociais de um vínculoorgânico com as classes subalternizadas e exploradas pelo capital.
Falamos que o objeto do Serviço Social é a questão social. Mas qual é a sua
definição?
Essa questão representa uma perspectiva de análise da sociedade. Isto
porque não há consenso de pensamento no fundamento básico que constitui a
questão social. Em outros termos, nem todos analisam que existe uma contradição
entre capital e trabalho. Ao utilizarmos, na análise da sociedade, a categoria questão
social, estamos realizando uma análise na perspectiva da situação em que se
encontra a maioria da população – aquela que só tem na venda de sua força de
trabalho os meios para garantir sua sobrevivência. Assim, é ressaltar as diferenças
entre trabalhadores e capitalistas no acesso a direitos, nas condições de vida; é
analisar as desigualdades e buscar uma forma de superá-las; é entender as causas
das desigualdades e o que essas desigualdades produzem na sociedade e na
subjetividade dos homens (MACHADO, 1999).
Para Iamamoto (2008, p. 27) “é o conjunto das expressões das desigualdades
da sociedade capitalista madura”.
Segundo Faleiros, (2008, p. 37):
[...] a expressão questão social é tomada de forma muito genérica, emboraseja usada para definir uma particularidade profissional. Se for entendidacomo sendo as contradições do processo de acumulação capitalista, seria,por sua vez, contraditório colocá-la como objeto particular de uma profissão
determinada, já que se refere a relações impossíveis de serem tratadas
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profissionalmente, através de estratégias institucionais/relacionais própriasdo próprio desenvolvimento das práticas do Serviço Social. Se for asmanifestações dessas contradições o objeto profissional, é preciso tambémqualificá-las para não colocar em pauta toda a heterogeneidade desituações que, segundo Netto, caracteriza, justamente, o Serviço Social.
Portanto, definir como objeto profissional a questão social, não estabelece a
especificidade profissional. Podemos entender, na sugestão de Faleiros, que
qualificar a questão social significa apreender o que compete ao Serviço Social no
âmbito da questão social. Se falarmos, por exemplo, nas expressões sociais da
questão social, estaremos, minimamente, definindo um espaço de atuação
profissional. Discutiremos mais adiante essas questões sobre atuação.
Em um trabalho publicado por Herrera, em 1976, o qual analisava o serviço
social em unidades de saúde, ela relembra que o Serviço social era uma disciplina
profissional e que deveria fazer parte da equipe multiprofissional.
Uma Unidade Sanitária, desenvolvendo atividades de saúde pública quepermitam elevar o nível de saúde da população, através da assistênciamédico-sanitária de caráter preventivo, promocional e curativo, visa umconhecimento da população, acompanhando a evolução e dirigindo sua
atenção para o controle dos fenômenos biológicos, mentais e sociais quenela ocorram. Nesta perspectiva, os programas de saúde pública implicam,conseqüentemente, em se adotar um trabalho em equipe multiprofissional,pelo qual os elementos profissionais, atuando em grupo, realizaram tarefasespecíficas com um objetivo comum (HERRERA, 1976, p. 1).
Assim, os objetivos do Serviço Social nessa perspectiva eram:
- identificar e tratar problemas ou distorções residuais que impedemindivíduos, famílias, grupos, comunidades e populações de alcançarempadrões econômico-sociais, compatíveis com a dignidade humana eestimular a contínua elevação desses padrões;
– criar condições para tornar efetiva a participação consciente de indivíduos,grupos, comunidades e populações, seja promovendo sua integração nascondições decorrentes de mudança, seja provocando as mudançasnecessárias;
– intervir em nível preventivo, antepondo-se às conseqüências de umdeterminado fenômeno, evitando assim as causas de desajuste emindivíduos, grupos, comunidades e populações (HERRERA, 1976, p. 1).
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Enfim, o Serviço Social ocupa-se das implicações sociais, emocionais,
culturais e econômicas que influenciam diretamente na situação saúde ou que
possam desencadear, agravar ou estagnar a enfermidade. Lidando com os
fenômenos referentes ao ser humano em seu processo de interação com sua
realidade social, objetiva a mobilização e desenvolvimento das potencialidades
humanas e sociais, através de métodos e técnicas que lhe são específicas.
Os profissionais que atuam no Serviço Social têm, entre outros objetivos,
produzir conhecimentos sobre a realidade social, formular, implementar, gerir e
avaliar políticas sociais (o que envolve planos, programas e projetos) que podem ser
desenvolvidos não somente pela administração pública, mas também por entidades
particulares ou do terceiro setor. Essas políticas buscam sempre o resgate ou a
manutenção da cidadania.
Se pensarmos no profissional que vai atuar na academia, ou seja, num centro
produtor de conhecimentos, ou ainda, de maneira mais simples, em universidades,
teríamos como objetivos do Serviço Social, implementar linhas de pesquisa que
possibilitem acompanhar uma realidade regional que subsidiem ações normativas e
corretivas para aquela realidade e, ainda, assessorar programas e treinamentos que
propiciem o crescimento e fortalecimento de ações voluntárias que focalizam as
garantias dos direitos civis, políticos e sociais das comunidades envolvidas.
No último tópico veremos diversos campos de atuação do profissional que
atua no Serviço Social.
Falar de serviço social e de assistência social requer necessariamente falar
na participação do Estado. Evidentemente, a rede pública que envolve a assistência
social é muito mais complexa do que apresentaremos aqui, mas por questão defoco, elencaremos os quatro, digamos, instrumentos públicos que tratam da
assistência social: A Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), A Política Nacional
de Assistência Social (PNAS), O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e os
Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e sua história que está bem
sintetizada em trabalho realizado por Constantino, Santos e Queiroz (2007), como
veremos adiante.
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Desde 1988, a Constituição Federal colocou a assistência social, ao lado da
saúde e da previdência social, como política integrante do sistema brasileiro de
seguridade social. Em 1993, com a promulgação da LOAS, a assistência social foi
ordenada política pública garantidora de direitos da cidadania (RUSSO, 2006).
Do tripé da seguridade social (saúde, previdência e assistência social), a
assistência foi a última política a ser regulamentada, sendo aprovada somente cinco
anos depois da promulgação da Constituição de 1988. Isso pode ser explicado a
partir de dois vetores. O primeiro está relacionado com o desenvolvimento histórico
da assistência, como campo de práticas compensatórias e residuais, acarretando na
falta de uma articulação política e teórica em torno da mesma. O segundo vetor tem
a ver com o avanço do neoliberalismo no Brasil e, consequentemente, a redução do
Estado no campo social (BOSCHETI, 2006 apud CONSTANTINO, SANTOS,
QUEIROZ, 2007).
A primeira Lei Orgânica da Assistência Social foi inteiramente vetada por
Collor, em 1990, e há que se lembrar que nesse momento não existiu nenhuma
grande mobilização contra o ato do então presidente da República (BOSCHETI,
2006 apud CONSTANTINO, SANTOS, QUEIROZ, 2007).
Entretanto, esse cenário mudou a partir do posicionamento assumido pelo
Conselho Federal de Serviço Social – CFESS, que juntamente com os Conselhos
Regionais de Serviço Social – CRESS fomentaram o debate para a elaboração de
um novo projeto de lei.
O processo de elaboração do novo projeto de lei contou com a participação
dos trabalhadores representados pela Central Única dos Trabalhadores – CUT, além
dos funcionários da Legião Brasileira de Assistência Social – LBA.
Com o impeachment do presidente Collor, houve uma abertura política que
possibilitou o diálogo entre sociedade civil e governo, foi nesse contexto e devido à
pressão dos sujeitos políticos já citados que a LOAS foi aprovada em 1993.
A LOAS significou uma evolução para o campo assistencial, com a divisão de
responsabilidade entre as três esferas federativas, com a definição de programas,
projetos e serviços que tem a proposta de romper com ações pulverizadas e
fragmentadas.
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Esses avanços tiveram continuidade com a Política Nacional de Assistência
Social – PNAS/2004, aprovada na IV Conferência Nacional de Assistência Social,
realizada em dezembro de 2003, em Brasília, que teve como deliberação a
construção e implementação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS
(CONSTANTINO, SANTOS, QUEIROZ, 2007).
A LEI ORGÂNICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS
A Lei nº 8.742 de 07 de dezembro de 1993, mais conhecida como Lei
Orgânica da Assistência Social, dispõe sobre a organização da assistência social no
Brasil.
A IV Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em
dezembro/2003, em Brasília/DF, apontou como principal deliberação a construção e
implementação do Sistema Único da Assistência Social – SUAS, requisito essencial
da LOAS para dar efetividade à assistência social como política pública.
A LOAS e o CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social) foramaprovados após longos debates com a participação de representantes do governo,
igreja, empresariados e representantes de movimentos sociais. Atualmente, o
Conselho conta com 18 membros, sendo que 9 representam a sociedade civil. Uma
das medidas do Conselho foi submeter todas as organizações a um novo registro,
sob critérios mais rigorosos.
Segundo Okabayashi (1994), com a promulgação da LOAS, em 07/12/1993, a
assistência adquire uma nova visibilidade, saindo das esferas acadêmicas eganhando espaço nas esferas federais, estaduais e municipais, bem como, junto aos
segmentos da sociedade civil interessados na descentralização e implementação da
política de assistência social no país.
A descentralização da assistência e a participação da população na
formulação das políticas sociais são diretrizes privilegiadas na LOAS, assim como a
universalização dos direitos sociais e a igualdade no acesso aos serviços, figurando-
os como questões basilares. A descentralização é aqui entendida não apenas no
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sentido de remanejamento de competências decisórias e executivas, mas também
de recursos financeiros e, introduzindo em contrapartida, a participação da
sociedade civil. Nesse enfoque, a LOAS estabelece como diretriz a descentralização
político-administrativa, transferindo para os Estados, Municípios e Distrito Federal, o
comando das ações de assistência social (cap. II, seção II).
Da mesma forma, a universalização dos direitos sociais da população está
presente enquanto princípio da LOAS (cap. II, seção I), e em todos os seus
desdobramentos, porém ela mascara várias contradições contidas na própria. A lei
prevê a garantia dos benefícios de prestação continuada (BPC), no valor de um
salário mínimo, pago à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com setenta anos
ou mais, que comprovem não ter condições de prover a sua manutenção e nem de
tê-la provida pela família. Inclui ainda enquanto benefícios eventuais, o auxílio por
natalidade ou morte, pago às famílias com renda mensal per capta inferior a um
quarto do salário mínimo. Prevê também, cobertura prioritária à criança, à família, à
gestante, à nutriz, em situações de riscos e nos casos de calamidade pública.
Todavia, na mesma definição onde a assistência é “um direito do cidadão”, a lei
expressa um caráter altamente seletivo, ao classificar enquanto seus beneficiários,
uma população que mais se aproxima da miserabilidade. (OKABAYASHI, 1994).
Ao selecionar a população pobre, na verdade, a exclui. E ao excluir, deixa de
assegurar os direitos à assistência social de forma ampla e irrestrita. Não basta ser
um idoso ou deficiente, é preciso que se comprove a sua condição de
miserabilidade, sendo esta, objeto de avaliações iniciais (renda, idade, capacidade
para o trabalho) e periódicas (de dois em dois anos). Mesmo quando o próprio
Estado não afere os instrumentos necessários para constatar a inclusão ou exclusão
do beneficiário, a lei mantém o critério da seletividade, como é o caso de quando o
município não dispõe da equipe multiprofissional para avaliar se o portador de
deficiência é realmente considerado incapaz para a vida independente e para o
trabalho. Nesse caso, o mesmo é encaminhado ao município mais próximo que
conte com aquela estrutura. Assim, a legislação expressa mecanismos altamente
seletivos, critérios e normas que, na prática, inviabilizam o reconhecimento dos
direitos de cidadania (OKABAYASHI, 1994).
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Um dos primeiros passos para a estruturação política e organizacional de
implementação da LOAS consiste em contratar assistentes sociais nas prefeituras e
criar os setores específicos que acabam por exercer as mais diversas funções,
dentre elas:
Mobilizar entidades e realizar conferências;
Implementar ações de atendimento assistencial direto à população que
demanda este tipo de serviço;
Decodificar ao gestor municipal, o arcabouço político-jurídico existente no
campo da assistência social.
A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – PNAS
A Política Nacional de Assistência Social (PNAS), aprovada em 2004, por
resolução do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), possibilita a
transição entre a tradição de favores políticos e caridade, que historicamente marcou
essa área, para um novo estágio em que as ações de assistência estejam
sintonizadas com o direito social. Entre outras prioridades, a política estimula a
articulação entre distribuição de renda, trabalho social e projetos de geração de
renda protagonizados pelas famílias.
A Política Nacional de Assistência Social, na perspectiva do Sistema Único de
Assistência Social, ressalta o campo da informação, monitoramento e avaliação,
salientando que as novas tecnologias da informação e a ampliação das
possibilidades de comunicação contemporânea têm um significado, um sentido
técnico e político, podendo e devendo ser consideradas como meios estratégicos
para uma melhor atuação no tocante às políticas sociais e a nova concepção do uso
da informação, do monitoramento e da avaliação no campo da política de
assistência social.
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O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS
O Sistema Único de Assistência Social – SUAS – implantado a partir de 2005,em todo o território nacional, efetiva na prática a assistência social como política
pública de Estado, fazendo a necessária ruptura com o clientelismo e as políticas de
favor e de ocasião. O SUAS altera radicalmente o modelo de gestão e a forma de
financiamento da assistência social. Estabelece um novo pacto federativo entre
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, garantindo autonomias legais em
regime de mútua colaboração institucional (RUSSO, 2006).
Segundo Constantino, Santos e Queiroz (2007), o SUAS consiste naorganização em todo território nacional das ações socioassistenciais, e a
hierarquização dos serviços por níveis de complexidade e porte dos municípios. Tem
como eixos estruturantes: a matricialidade sociofamiliar; descentralização político-
administrativa e territorialização; novas bases para a relação entre Estado e
sociedade civil; financiamento; controle social; o desafio da participação popular; a
política de recursos humanos; a informação; o monitoramento e a avaliação.
Essa nova sistemática espalha-se pelo território brasileiro – de norte a sul, de
leste a oeste – traduzindo a nova política de assistência social numa só linguagem
social em todo o País. Um tipo de integração que olha as necessidades humanas de
uma forma ao mesmo tempo global e particular – uma maneira singular, radical,
profissional e generosa – de atender integralmente as pessoas dentro do seu
contexto familiar e comunitário, sem coletivizá-las ou fragmentá-las, sem estatizá-las
ou privatizá-las, respeitando-as na sua integralidade (RUSSO, 2006).
Por isso, o SUAS estabelece dois níveis de proteção social: básica (de caráter
preventivo) e especial (quando ocorre violação de direitos). Essa subdivisão é
meramente formal, já que há interação permanente entre elas. Enquanto a proteção
especial exige atenção em serviços ou centros especializados, a proteção básica
tem no Centro de Referência da Assistência Social – o CRAS, também conhecido
como Casa das Famílias, equipamento social público capaz de garantir a atenção
integral às famílias em determinado território (RUSSO, 2006).
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O CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CRAS
O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é uma unidade pública
da política de assistência social, de base municipal, integrante do SUAS, localizado
em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social, destinado à
prestação de serviços e programas socioassistenciais de proteção social básica às
famílias e indivíduos e à articulação desses serviços no seu território de
abrangência, e uma atuação intersetorial na perspectiva de potencializar a proteção
social (CONSTANTINO, SANTOS E QUEIROZ, 2007).
Segundo Russo (2006), a implantação do CRAS teve início em 2003,
atingindo, em 2006, 1600 municípios brasileiros, e os recursos para sua manutenção
são aplicados a partir da adoção de critérios técnicos e republicanos, como
indicadores de pobreza, capacidade e grau de investimento em assistência social e
recursos federais transferidos aos municípios. A metodologia foi pactuada
democraticamente entre os entes da Federação e os organismos da sociedade civil,
representados na Comissão Intergestores Tripartite e no Conselho Nacional de
Assistência Social. Aos municípios da Região Nordeste, a mais pobre do País e com
menor capacidade de investimento, foram destinados mais de 50% dos recursos
para expansão das respectivas metas em 2005 e 2006.
Nos Centros de Referência da Assistência Social, o principal capital é o
humano, sejam assistentes sociais, psicólogos, educadores e outros profissionais,
sendo necessário capacitá-los continuamente e mantê-los integrados numa rede
nacional de proteção social, mas para tanto, Russo afirma ser preciso que o co-
financiamento dos serviços se efetive, conforme pactuado entre os entes da
Federação. Ampliar os CRAS é fundamental, mas, para isso, é preciso que cada um
faça a sua parte. Só assim teremos uma nova assistência social verdadeiramente
pública e de qualidade (RUSSO, 2006).
Algumas ações da proteção social básica devem ser desenvolvidas
necessariamente nos CRAS, como o Programa de Atenção Integral as Famílias
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(PAIF) e outras, mesmo ocorrendo na área de abrangência desses centros, podem
ser desenvolvidas fora de seu espaço físico, desde que a ele referenciadas.
O CRAS também deve ser organizado para a vigilância da exclusão social de
sua área de abrangência, em conexão com outros territórios.
O Programa de Atenção Integral à Família (PAIF) expressa um conjunto de
ações relativas à acolhida, informação e orientação, inserção em serviços da
assistência social, tais como socioeducativos e de convivência, encaminhamentos a
outras políticas, promoção de acesso à renda e, especialmente, acompanhamento
sociofamiliar.
Dentre os objetivos do PAIF, temos:
Contribuir para a prevenção e o enfrentamento de situações de
vulnerabilidade e risco social;
Fortalecer os vínculos familiares e comunitários;
Promover aquisições sociais e materiais às famílias, com o objetivo de
fortalecer o protagonismo e a autonomia das famílias e comunidades.
O público do PAIF e CRAS se constitui em uma população com situação de
vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação ou ausência de renda,
acesso precário ou nulo aos serviços públicos, com vínculos familiares, comunitários
e de pertencimento fragilizados e que vivenciam situações de discriminação etária,
étnica, de gênero ou por deficiências, entre outros.
A implantação do CRAS significa um avanço para a política de Assistência
Social e o seu reconhecimento enquanto um direito, contudo, esse processo é
contraditório. Primeiramente porque o CRAS é um órgão público, assim como existe
a escola e o posto de saúde, e esses equipamentos sociais são reconhecidos pelos
usuários como um direito. Compreendemos que um espaço público onde são
ofertados serviços assistenciais pode contribuir na construção da identidade da
Assistência Social como um direito. Ainda sobre esse aspecto, o CRAS, como um
espaço estatal, tem a potencialidade de romper com a vinculação da Assistência
Social como prática filantrópica.
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Outro fato que merece destaque é que o CRAS deve ser um serviço contínuo,
ele não é um programa ou um projeto que tem prazo determinado para acabar, com
isso o CRAS torna-se uma referência para a população residente na sua área de
abrangência.
O terceiro elemento que consideramos importante para a efetivação da
política de Assistência Social é a definição dos profissionais que devem compor a
equipe do CRAS. A afirmação da Assistência Social como uma política pública exige
o estabelecimento de padrões e critérios de atendimento e execução das ações.
Nesse sentido, a definição de uma política de Recursos Humanos, como um dos
eixos norteadores da PNAS/2004, reflete a mudança conceitual que vem passando a
Assistência Social nesses últimos vinte anos.
Outro dado não menos relevante na discussão sobre o CRAS é que o
processo de implantação desse equipamento se pauta no princípio da
descentralização previsto na LOAS, sendo esse fato imprescindível para a
organização e planejamento das ações, procurando assim, romper com os
programas feitos de cima para baixo, que na maioria das vezes não atende a
necessidade dos usuários (CONSTANTINO, SANTOS E QUEIROZ, 2007).
Há que se ressaltar que essa rede de instrumentos ou equipamentos precisa
ser muito bem conhecida pelos profissionais que pretendem atuar como gestores no
Serviço social, principalmente quando se tratar de órgãos e programas públicos, pois
é através desses mecanismos que o profissional irá formular e implementar seus
projetos voltados para o social.
UNIDADE 2 - A FORMAÇÃO PROFISSIONAL NA
CONTEMPORANEIDADE: A Construção Do Projeto Ético-
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Político Da Categoria, O Mercado E As Condições De
Trabalho
Vamos começar nossas reflexões acerca da formação profissional falando da
construção do projeto ético-político que vem suscitando debates há tempos.
Embora o Serviço Social tenha uma história não tão recente, iniciada na
transição da década de 1970 para 1980, as discussões sobre o projeto ético-político
é algo muito recente – datando da segunda metade dos anos noventa do século XX.
Este período marca um momento importante no desenvolvimento do Serviço Social
no Brasil, vincado especialmente pelo enfrentamento e pela denúncia do
conservadorismo profissional. É nesse processo de recusa e crítica do
conservadorismo que se encontram as raízes de um projeto profissional novo,
precisamente as bases do que se está denominando projeto ético-político (NETTO,
2003).
Trata-se de um projeto que também é um processo, em contínuo
desdobramento. Um exemplo do seu caráter aberto, com a manutenção dos seuseixos fundamentais, pode ser encontrado nas discussões acerca da formação
profissional, produzidas com as modificações advindas da vigência da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional/LDBEN (Lei nº 9394, de 20 de dezembro
de 1996): as orientações propostas por representantes do corpo profissional
ratificam a direção da formação nos termos do projeto ético-político.
Esquematicamente, esse projeto tem em seu núcleo o reconhecimento da
liberdade como valor central – a liberdade concebida historicamente, comopossibilidade de escolha entre alternativas concretas; daí um compromisso com a
autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais.
Consequentemente, esse projeto profissional se vincula a um projeto societário que
propõe a construção de uma nova ordem social, sem exploração/dominação de
classe, etnia e gênero. A partir dessas opções que o fundamentam, tal projeto afirma
a defesa intransigente dos direitos humanos e o repúdio do arbítrio e dos
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preconceitos, contemplando positivamente o pluralismo, tanto na sociedade como no
exercício profissional (NETTO, 2003).
A dimensão política do projeto é claramente enunciada: ele se posiciona a
favor da equidade e da justiça social, na perspectiva da universalização do acesso a
bens e a serviços relativos às políticas e programas sociais; a ampliação e a
consolidação da cidadania são explicitamente postas como garantia dos direitos
civis, políticos e sociais das classes trabalhadoras. Correspondentemente, o projeto
se declara radicalmente democrático – considerada a democratização como
socialização da participação política e socialização da riqueza socialmente produzida
(NETTO, 2003).
Do ponto de vista estritamente profissional, o projeto implica o compromisso
com a competência, que só pode ter como base o aperfeiçoamento intelectual do
assistente social. Daí a ênfase numa formação acadêmica qualificada, fundada em
concepções teórico-metodológicas críticas e sólidas, capazes de viabilizar uma
análise concreta da realidade social – formação que deve abrir a via à preocupação
com a (auto)formação permanente e estimular uma constante preocupação
investigativa por parte do profissional (NETTO, 2003).
Em especial, o projeto prioriza uma nova relação com os usuários dos
serviços oferecidos pelos assistentes sociais: é seu componente elementar o
compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população, aí incluída a
publicidade dos recursos institucionais, instrumento indispensável para a sua
democratização e universalização e, sobretudo, para abrir as decisões institucionais
à participação dos usuários (NETTO, 2003).
Enfim, o projeto assinala claramente que o desempenho ético-político dosassistentes sociais só se potencializará se o corpo profissional articular-se com os
segmentos de outras categorias profissionais que compartilham de propostas
similares e, notadamente, com os movimentos que se solidarizam com a luta geral
dos trabalhadores3 (NETTO, 2003).
3 Sugerimos como leitura complementar para melhor entendimento das origens do Serviço Social e
sua postura nesse início de século XXI, o texto intitulado: REFLEXÕES SOBRE OS FUNDAMENTOSDO SERVIÇO SOCIAL: TRABALHO, SER SOCIAL, RELAÇÕES DE (RE)PRODUÇÃO E DESAFIOS
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Ainda refletindo sobre o projeto, é preciso ter clareza da noção de projeto
coletivo na medida em que o referido projeto ético-político existe como tal. Os
projetos coletivos se relacionam com as diversas particularidades que envolvem os
vários interesses sociais presentes numa determinada sociedade. Remetem-se ao
gênero humano uma vez que, como projeções sócio-históricas particulares,
vinculam-se aos interesses universais presentes no movimento da sociedade. Em
outras palavras, os interesses particulares de determinados grupos sociais, como o
dos assistentes sociais, não existem independentemente dos interesses mais gerais
que movem a sociedade. Questões culturais, políticas e, fundamentalmente
econômicas, articulam e constituem os projetos coletivos. Eles são impensáveis sem
estes pressupostos, são infundados se não os remetemos aos projetos coletivos demaior abrangência: os projetos societários (ou projetos de sociedade), ou seja, os
projetos societários estão presentes na dinâmica de qualquer projeto coletivo,
inclusive no projeto ético-político do Serviço Social (REIS, 2004).
Lembremos que os projetos societários podem ser, em linhas gerais,
transformadores ou conservadores. Entre os transformadores há várias posições
que têm a ver com as formas (as táticas e as estratégias) de transformação social.
O mercado de trabalho
O assistente social tem um mercado de trabalho bastante diversificado,
atuando em órgãos públicos, hospitais, centros de saúde, varas da infância e da
juventude, sindicatos, entidades filantrópicas, organizações não-governamentais,
abrigos, creches, associação de moradores, empresas, consultorias.
O assistente social tem sido solicitado para trabalhar em equipes
multiprofissionais em diferentes contextos na medida em que o olhar desse
profissional aprofunda o conhecimento do social em outras áreas.
CONTEMPORÂNEOS de Maria Angelina Baía de Carvalho - Assistente Social Graduada pelaUniversidade da Amazônia (UNAMA). Mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católicade São Paulo (PUC/SP), artigo disponível no site:
http://www.revistas2.uepg.br/index.php/emancipacao/article/viewArticle/97.
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A categoria
O profissional de Serviço Social pode atuar em instituições públicas federais,
estaduais e municipais. Geralmente, a contratação ocorre de acordo com preceitos
constitucionais, através de concurso público. Contudo, nos anos de 1990, com as
inúmeras terceirizações no serviço público – como forma de precarizar o trabalho e
reduzir custos – assistimos a formas diversas de contratação dos profissionais,
através de cooperativas, “bolsas”, entre outras.
Outro espaço ocupacional é o setor privado em empresas e Organizações Não-
Governamentais (ONG’s). Nesses, a contratação ocorre através de seleções.
O maior campo de atuação do Serviço Social é a Saúde. Outros campos
também são bastante expressivos, como o campo Sócio-Jurídico e a Assistência
Social. Temos ainda o campo da Educação, Habitação e Empresarial. O Meio
Ambiente ainda é um campo pouco explorado na área.
O assistente social deve orientar-se pela lei que regulamenta a profissão deServiço Social (Lei nº 8.662, de 7 de Junho de 1993, que dispõe sobre a profissão e
dá outras providências) e pelo Código de Ética Profissional.
É imprescindível ainda o conhecimento da legislação social em vigor, de
acordo com o campo de atuação do profissional (Saúde, Assistência Social,
Previdência, Habitação, Educação, etc). Contudo, o estudo dos direitos sociais
afirmados pela Constituição Federal de 1988 é um requisito básico, bem como as
leis orgânicas que regulamentam a Carta Constitucional.O Portal do Serviço Social disponibiliza os links para a legislação social
largamente utilizada pelos profissionais de Serviço Social, podendo ser acessado
pelo site www.assistentesocial.com.br/perguntas.
O Serviço Social já teve diversos Códigos de Ética (1947, 1965, 1975 e 1993)
que expressam os diferentes momentos vivenciados pela profissão. O Código de
Ética atual afirma os princípios fundamentais da profissão e dispõe sobre direitos e
deveres do profissional, bem como dos parâmetros éticos nas relações com
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usuários, outros profissionais, com a Justiça, com Empregadores, dentre outros. O
Código de Ética deve ser conhecido e respeitado por todo profissional em exercício,
bem como pelos estudantes de Serviço Social. A fiscalização quanto ao
cumprimento dos deveres profissionais cabe aos CRESS.
A categoria dos assistentes sociais conta com três entidades representativas:
a) Conjunto formado pelo Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e pelos
Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS) – regulamentado pela Lei nº
8.662/93 e objetiva disciplinar e defender o exercício da profissão de assistente
social em todo o território nacional. Os CRESS são responsáveis pela fiscalização
quanto ao cumprimento dos deveres dos profissionais registrados e obedecem à
Política Nacional de Fiscalização do conjunto.
Anualmente há uma reunião do conjunto para a tomada de diversas deliberações
relativas a ações da categoria profissional. As decisões podem ser acessadas nos
relatórios dos Encontros Nacionais. Para saber mais sobre o histórico do conjunto
CFESS/CRESS, acesse: http://www.cfess.org.br/cfess_historico.php
b) Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) – criada
em 1946, denominada então de Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social(ABESS) e formada por três unidades de ensino preocupadas com a formação
profissional em Serviço Social, que ainda engatinhava. Em 1998 passou a
denominar-se ABEPSS, incorporando a dimensão de pesquisa (e não somente de
ensino) em suas preocupações.
A ABEPSS é uma entidade civil de âmbito nacional sem fins lucrativos, com foro
jurídico em Brasília, mas sua sede é itinerante, a cada dois anos, conforme mudança
da Diretoria. É constituída pelas Unidades de Ensino de Serviço Social, por sócios
institucionais colaboradores e por sócios individuais. Cabe ressaltar que nem todas
as Unidades de Ensino de Serviço Social são filiadas à ABEPSS, portanto, a filiação
depende de uma opção acadêmico-política, isto é, de identificação com as
finalidades da ABEPSS.
O seu principal objetivo tem sido o de assegurar a direção político-pedagógica
impressa nas Diretrizes Curriculares de 1996, essencial para possibilitar a formação
de profissionais críticos e competentes.
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A ABEPSS realiza, a cada dois anos, o Encontro Nacional de Pesquisadores em
Serviço Social (ENPESS). O último ocorreu em dezembro de 2008, em São Luis do
Maranhão, e o próximo está previsto para 2010.
c) Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social (ENESSO) – É a instância
representativa dos estudantes de Serviço Social em âmbito nacional e concentra-se
em questões como a qualidade da formação profissional, os rumos da universidade
brasileira, dentre outras. A ENESSO, além dos representantes nacionais, possui
coordenações regionais. Realiza, anualmente, o Encontro Nacional dos Estudantes
de Serviço Social, quando elege sua Diretoria (nacional e regional) e estabelece as
diretrizes de trabalho para o ano seguinte.
O Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS) é organizado pelas três
entidades e ocorre a cada três anos. O último CBAS – o XII – foi realizado em 2007,
em Foz do Iguaçu (PR) e o próximo está previsto para 2010.
Suas atividades principais seriam:
Promoção da prevenção, integração social e ampliação da cidadania;
Atenção, em especial, às camadas pauperizadas da população, garantindo a
realização de direitos sociais e os acessos aos serviços básicos de Saúde;
Educação, Previdência Social, Habitação;
Elaboração e execução de projetos sociais nas áreas públicas e privadas;
Consultoria em trabalhos e ações sociais;
Atendimento à população em ações de assistência social não-paternalista.
Relembrando alguns pontos importantes...
Em linhas gerais temos que o profissional do Serviço Social atua no
atendimento individual ou coletivo, buscando nos próprios participantes a solução ou
minimização da problemática social, a fim de promover a capacidade de gerar
habilidades e atitudes.
Ele atua:
Elaborando e implementando programas e projetos;
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Atendendo através de palestras, terapias, oficinas, treinamentos;
Participando de campanhas preventivas e educativas;
Apoiando projetos sociais da comunidade.
Dentre os desafios que enfrenta:
Redescobrir alternativas e possibilidades para o trabalho no cenário
atual;
Traçar horizontes para a formulação de propostas que façam frente à
questão social;
Visualizar o usuário como sujeito e não como vítima;
Apontar perspectivas decifrando o movimento societário;
Aproximar-se dos usuários e de suas condições de vida;
Romper com a relação tutelar, captando os reais interesses e
necessidades;
Materializar os princípios éticos no cotidiano do trabalho;
Efetivar o projeto ético-político da profissão que é colocar os direitos
sociais como foco do trabalho profissional, defendê-los tanto na sua
normatividade legal, quanto traduzi-los praticamente, viabilizando a sua
efetivação.
E um ponto que é preciso deixar de fora do grupo acima, mas de extrema
importância: esse profissional é um assalariado e esta condição o coloca emsituação delicada, constituindo-se em um grande desafio a ser enfrentado,
principalmente se pensarmos no objetivo do Estado Neoliberal, que leva o Brasil a
reduzir tamanho e gastos para se inserir no circuito internacional. Isto quer dizer
“levar os trabalhadores, entre eles os assistentes sociais, gerirem seus próprios
destinos, ainda que em condições totalmente adversas e desiguais”.
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UNIDADE 3 - A METODOLOGIA E A PESQUISA EM
SERVIÇO SOCIAL
Método é um caminho pelo qual se atinge um objetivo ou ainda, um programa
que regula previamente uma série de operações que se devem realizar, apontando
erros evitáveis, em vista de um resultado determinado (FERREIRA, 2004).
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Metodologia filosoficamente falando, é o estudo dos métodos, especialmente,
dos métodos das ciências e/ou um conjunto de técnicas e processos utilizados para
ultrapassar a subjetividade do professor e atingir o objetivo da aula.
Sendo um caminho para se atingir um objetivo, obviamente podem existir
inúmeros caminhos à nossa disposição, sua escolha dependerá da característica do
professor, do aluno, dos objetivos da aula ou dos conteúdos da disciplina.
De toda maneira, o método tende a proporcionar certa segurança e confiança
a quem o está aplicando, quando se percebe que ele funciona pela observação,
discussão, pesquisa, interpretação, resolução de problemas, operações que
envolvem análise e síntese ou outros aspectos fundamentais do processo de
investigação.
O exercício da pesquisa é uma qualidade eminentemente humana,
desenvolvida na cultura e na história humanas. Através dela o ser humano criou
instrumentos práticos e teóricos que lhe permitem agir e pensar de certa forma sobre
a natureza e obter as respostas desejadas. Com o exercício da pesquisa mudaram
as relações dos homens com a natureza, mudou o homem e mudaram as relações
entre os homens. Porém, como prática cultural e histórica, a pesquisa não é umaherança biológica, assim como não são os conceitos científicos e toda a prática
científica e tecnológica. Elas devem ser construídas e reconstruídas junto a cada
indivíduo nos processos educacionais. Ao compreendermos isso, muda a nossa
concepção de pesquisa, de ciência, de tecnologia e, como consequência, renova-se
a nossa prática pedagógica (MALDANER, 1999).
Segundo Faleiros (2008), o tema da metodologia no Serviço Social é bastante
complexo, objeto de um amplo debate que envolve uma série de pressupostos de
diferentes abordagens.
Em Serviço Social, como vimos, o objeto de estudo são as questões sociais,
assim, o profissional qualificado, privilegiando uma intervenção investigativa, através
da pesquisa e análise da realidade social, atua na formulação, execução e avaliação
de serviços, programas e políticas sociais que visam a preservação, defesa e
ampliação dos direitos humanos e a justiça social.
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Portanto, em Serviço Social, “a questão da metodologia está imbricada na
discussão teórica da articulação ente o fazer e o poder fazer, entre o poder e o fazer
poder no processo de estruturação das relações sociais” (FALEIROS, 2008). Ou
seja, não é simplesmente repetir uma série de recomendações, ao contrário, é
preciso analisar as condições, as forças presentes para empreender uma ação,
tendo em mente as possíveis consequência previsíveis teórica e praticamente, em
decorrência da disposição estratégica e tática dos meios e recursos para produzir
efeitos.
Retrospectivamente, tratando-se de América Latina, nos anos de 1960 e
1970, tentou-se abordar a questão da pesquisa em Serviço Social recusando a
divisão tripla (caso, grupo e comunidade) buscando um procedimento geral e comum
da intervenção que desembocou em dois esquemas gerais: um que considera as
etapas de estudo, diagnóstico e tratamento, e outro que retoma os passos do
planejamento, ou seja, estudo, diagnóstico, plano, programa, execução e avaliação.
O primeiro modelo é clínico, ou seja, corrige problemas ou desvios
diagnosticados por um profissional que aplica a medida que julgar conveniente, de
acordo com seus valores, seus recursos, seu saber, seu poder. Há, então, um
julgamento de alguém que está de fora da situação. O segundo caso supõe-se uma
racionalidade tecnocrata formal, sem conteúdo e sujeito, confundindo-se a tarefa de
coordenação de atividades e disposição de recursos e ações no tempo com
metodologia, com um processo de relações sociais que é diferente de ordenamento
de operações na busca de aplicar determinados recursos para determinados
problemas.
Pensando em nível mais local, micro, ou seja, dentro do país, Rigo (2008)
pondera que o Serviço Social organizou sua metodologia atuando por meio de três
técnicas:
1) O Serviço Social de Caso – Utiliza-se a abordagem individual, tendo como
unidade a família, com o objetivo de atuar nos fatores causais ou problemas em
potencial interligados à situação saúde, no contexto sócio-econômico-cultural e
emocional. Utiliza a abordagem individual como instrumento de identificação de
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situações sociais problemas comuns à população para planejamento posterior de
atividades grupais e programas específicos;
2) O Serviço Social de Grupo – Utiliza-se da abordagem grupal nas situações
sociais problemas identificados em um número significativo de clientes. Participa e
organiza grupos para a participação no processo social;
3) O Serviço Social de Comunidade – Mantém o entrosamento das
instituições da área, visando o conhecimento das necessidades comunitárias e
estabelecendo-se atividades conjuntas para o aproveitamento total e dinâmico dos
recursos existentes.
Iamamoto (2008) diz que para compreender a metodologia do Serviço Socialnão se deve percebê-la de modo separada da sociedade, pois ela diz respeito ao
modo de ler, de interpretar, de se relacionar com a realidade Social. Isso explica a
atenção que o Serviço Social deu ao fazer e a formação profissional para atuar nas
instituições remodeladas do regime militar.
A preocupação em entender a realidade social está presente na Educação e
nas diversas maneiras de adquirir conhecimento. Então, a formação profissional do
Serviço Social tem como referência básica o homem como ser histórico de umarealidade. Daí a necessidade de conhecer o contexto social, a dinâmica das
instituições vinculadas à sociedade civil ou à sociedade política e suas articulações,
bem como os conhecimentos e as relações das distintas camadas da sociedade.
Pressupõe-se que a formação acadêmica adquirida no curso de Serviço Social é um
conhecimento básico que dá ênfase a ciência do homem e da sociedade e também
um conhecimento profissional dos fundamentos teóricos do Serviço Social e suas
relações com esses sistemas. A Assistência Social é uma profissão de caráterinterventivo, que se utiliza do instrumental científico multidisciplinar das Ciências
Humanas e Sociais para análise e intervenção em situações da realidade social em
que estão presentes os reflexos das questões sociais.
Rigo (2008) cita dois pontos que levam a perceber a influência européia e
norte-americana no Serviço Social brasileiro:
1. Um deles se refere ao curso de formação social (1932) ministrado por Mlle.
Adèle Loneaux, ao trabalho do padre belga Valère Fallon, fundador do GAS e
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da religiosa francesa Mlle. Germaine Marsaud (que dirigiu a primeira escola
do Rio de Janeiro).
2. O outro diz respeito à própria postura dos assistentes sociais pioneiros. Para
Iamamoto e Carvalho (1995, p. 215), o autoritarismo, o paternalismo, o
doutrinarismo e a ausência de uma base técnica, assumidos pelo Serviço
Social pioneiro, eram de influência européia.
A origem social das pioneiras também induziu à posição autoritária e
paternalista do Serviço Social Brasileiro de 1930 a 1945 ou 1930 a 1941. O
intercâmbio do Serviço Social norte-americano com o Serviço Social brasileiro teve
início a partir do Congresso de Atlantic City (1941) com as bolsas de estudo para
aperfeiçoamento e especialização em escolas norte-americanas (RIGO, 2008).
Sobre pesquisas, temos como exemplo um estudo do tipo exploratório,
realizado em 2004 por Jesus, Rosa e Prazeres em relação ao atendimento às
famílias realizado por assistentes sociais no município de Florianópolis (SC), é
importante saber:
Sobre a finalidade dos serviços, a assistência configura-se como o eixo
norteador da maioria dos serviços, seguida da educação e da pesquisa. Nessadireção, a prática dos assistentes sociais está pautada sob duas perspectivas: a
prestação de serviços (concessões de benefícios e auxílios) e as ações
socioeducativas (orientação, prevenção, fortalecimento do grupo familiar). A
pesquisa nos serviços é interpretada de diferentes formas pelos profissionais, para
alguns, a pesquisa é entendida como levantamento de dados, em que esses
buscam informações sobre as necessidades e as expectativas das famílias
atendidas, ou como conhecimento da realidade na qual elas se inserem. Paraoutros, a prática investigativa é vista como uma necessidade para o aprofundamento
dos estudos na área em que esses profissionais atuam. Os profissionais defendem o
desenvolvimento e a articulação das ações nas áreas da assistência, pesquisa e
educação a fim de apresentar respostas mais efetivas aos usuários Em relação ao
referencial teórico adotado pelos profissionais, as linhas apresentadas evidenciaram
que a prática era orientada por uma perspectiva crítica e outra funcionalista.
Perceberam ainda que, apesar dessas correntes teóricas terem sido citadas, na
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prática, alguns profissionais não tinham clareza sobre o referencial que guia seu
trabalho.
As autoras verificaram também certo ecletismo por parte dos profissionais na
condução de suas ações. Elas evidenciaram que muitas vezes os profissionais têm
dificuldade em explicitar o referencial que guia suas ações, o que indica um desafio
para o Serviço Social na medida em que o conhecimento, elemento constitutivo do
trabalho profissional, é necessário para que o assistente social decifre a realidade e
indique as possibilidades nela contidas. Elas entendem que o assistente social
precisa estar munido de um referencial teórico-metodológico cuja direção aponte
para o compromisso de transformação da atual ordem societária, da luta por direitos,
pela qualidade dos serviços prestados e para o fortalecimento das famílias.
No que concerne ao instrumental técnico-operativo, observaram que o
assistente social lança mão de diferentes instrumentos e técnicas que o auxiliam no
trabalho com famílias e nas situações que exigem a sua intervenção. Alguns
instrumentos não são específicos da profissão, como a entrevista, a reunião de
grupo, o prontuário, entre outros, porém, são adaptados dentro dos objetivos do
Serviço Social. Já o parecer social e o estudo social constituem o instrumental
próprio do assistente social e enfatizam que este parecer deve ser elaborado com
base num referencial teórico e não nos juízos de valores do profissional.
No que se refere às formas de atuação no processo interventivo do assistente
social, identificaram que alguns profissionais trabalham com um enfoque
multidisciplinar, em que a troca limita-se às informações sobre a família,
prejudicando assim a construção de saberes com as outras áreas do conhecimento
envolvidas e proporcionando um atendimento fragmentado. No entanto, a postura
interdisciplinar é vista por aqueles profissionais que atuam, disciplinar ou
multidisciplinarmente, como um desafio e um objetivo a ser alcançado e que precisa
ser muito trabalhada entre as equipes que atendem às famílias.
Quanto à metodologia adotada pelos serviços, verificaram quatro etapas no
atendimento às famílias: entrada, identificação, acompanhamento e desligamento do
grupo familiar. Nesse contexto, os assistentes sociais têm uma importante atuação e
fazem uso de vários instrumentos os quais são empregados de acordo com o
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propósito de cada fase do atendimento. Entenderam a relevância de aprofundar os
estudos sobre essas e outras etapas que envolvem o atendimento às famílias, assim
como o referencial teórico-metodológico que guia o profissional nesse processo.
Observaram ainda que, apesar das dificuldades citadas – principalmente as
de ordem institucional (burocracia, falta de recursos) e das famílias envolvidas (não-
adesão ao acompanhamento, falta de clareza do papel dos serviços) – os
assistentes sociais visualizam o alcance de vários resultados como: a valorização
pessoal e a busca de garantia de direitos pela família; a satisfação dos profissionais
envolvidos; e o reconhecimento do Serviço Social pelos serviços.
Em suma, as autoras constataram que os assistentes sociais possuem uma
compreensão sobre a importância de se trabalhar as famílias em sua totalidade,
tanto no contexto interno como no meio social no qual estão inseridas. Entretanto, foi
possível verificar que, nos processos de análise e de intervenção dos profissionais, a
família tem sido tomada ora como auxiliar no diagnóstico e na resolução de
problemas individuais, ora como problema e objeto terapêutico (MIOTO, 2001 apud
JESUS, ROSA E PRAZERES, 2004).
Para finalizar, concordamos com Mioto (2001) quando infere que os serviçostambém desenvolvem suas ações sob a lógica da incapacidade e da falência das
famílias em seus papéis sociais, atendendo às situações limites e às solicitações
mais emergentes trazidas pelas mesmas, ao invés de atuar no sentido de prevenir
os conflitos e as crises. Essa forma de atendimento é fruto do contexto político-
econômico vigente, no qual as políticas públicas sociais são pontuais e visam,
prioritariamente, à resolução do problema aparente e não das questões que o
motivaram.
Parece que o resultado do trabalho dessas três autoras não se relaciona com
a questão da pesquisa e metodologia proposta a ser discutida neste capítulo, mas o
que queríamos mostrar é que o modo como se encaminha uma situação pode ser
determinante para atingir seus objetivos ou fugir completamente da meta inicial e
que o modo como empregam os instrumentos que possuem podem influenciar
sobremaneira nos resultados e no que se espera da pesquisa.
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UNIDADE 4 - A GESTÃO NO SERVIÇO SOCIAL:
HABILIDADES E COMPETÊNCIAS
Para ser um especialista em Gestão de Serviço Social, não basta apenas ter
graduado em Serviço Social, cursar uma pós-graduação com este título e achar que
está pronto. É preciso muito mais!
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Primeiro porque podem participar desta especialização, profissionais
graduados em muitas outras áreas além do Serviço Social como, por exemplo,
Psicólogo, Administrador, Economista, Advogado, Enfermeiro ou Pedagogo.
Segundo porque é preciso desenvolver, além das competências inerentes ao
Assistente Social que envolvem habilidades técnicas de análise, planejamento,
operacionalização, monitoramento, avaliação e controle de políticas, programas e
serviços sociais, muitas outras habilidades e competências.
Vamos discorrer um pouco sobre “Gestão”?
Poderíamos dizer que gestão é arte e ciência ao mesmo tempo. Arte porque
levar as pessoas a serem mais eficazes não é fácil e ciência porque exige um
conhecimento pessoal ou prática sistemática.
Existem quatro pilares básicos para quem vai assumir um cargo de gestor:
saber planejar, saber organizar, saber dirigir e saber controlar. É preciso ter
conhecimento da área que vai gerenciar e é muito importante saber lidar com
pessoas, transmitir a elas conhecimentos de forma eficaz, além, é claro, de valorizá-
las, pois este é um dos caminhos para mantê-las satisfeitas, trabalhando em
consonância com os objetivos da empresa ou da organização, seja ela privada oupública, pois, independente da organização, ela é feita de pessoas e para pessoas.
Portanto, é preciso sempre ter a pessoa como foco e o seu bem mais valioso.
Ser um gestor requer conhecimento de inúmeras ferramentas que levam ao
sucesso do seu negócio. No terceiro setor, por exemplo, aplicar uma ferramenta
chamada Balanced Scorecard (BSC) proporciona diferencial considerável, pois até
alguns anos atrás, as organizações pertencentes a este setor limitavam a gerir suas
operações no dia-a-dia, centradas em cumprir sua nobre missão: solidariedade eintervenção social. Em tempos de globalização, é preciso ter estratégias definidas
para que a gestão tenha sucesso e alcance seus objetivos. É preciso ter estratégias,
saber comunicá-las, alinhar as operações da organização com essas estratégias e,
nesse contexto, o BSC tem sido utilizado.
Explicando sucintamente, o BSC nada mais é do que conhecer os pontos
fortes e fracos, as oportunidades e ameaças, respectivamente, dos ambientes
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internos e externos para formular as estratégias e atuar. Para tanto, o gestor precisa
de uma equipe sintonizada.
Poderíamos dizer que o Assistente Social sai na frente, não porque sua
formação generalista seja baseada no tripé: ensino, pesquisa e extensão (esse tripé
faz parte das instituições de ensino de qualidade), nem porque ele faz conexões
entre teoria e prática ao longo de sua formação acadêmica, mas porque seu contato
com as ciências gerais (antropologia, sociologia, filosofia) e as ciências sociais,
acredita-se que seja aprofundado na formação inicial e, como vimos até o momento,
as questões sociais se mesclam com a política, com a ética, com a capacidade de
perceber o ser humano como um sujeito de direitos.
De acordo com a Lei nº 8.662/93, que regulamenta a profissão de Serviço
Social, em seu artigo 4º, constituem competências do assistente social:
I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da
administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações
populares;
II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que
sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil;
III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos
e à população;
IV - (Vetado);
V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de
identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus
direitos;VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais;
VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a
análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais;
VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta
e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias
relacionadas no inciso II deste artigo;
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IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria
relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos
e sociais da coletividade;
X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de
Unidade de Serviço Social;
XI - realizar estudos sócio-econômicos com os usuários para fins de
benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e
indireta, empresas privadas e outras entidades.
Já o art. 5º da referida lei aponta as atribuições privativas do assistente social.
Ou seja, somente o profissional de Serviço Social pode executar tais atribuições.São elas:
I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas,
planos, programas e projetos na área de Serviço Social;
II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de
Serviço Social;
III - assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública direta e
indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social;
IV - realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e
pareceres sobre a matéria de Serviço Social;
V - assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de graduação como
pós-graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e
adquiridos em curso de formação regular;
VI - treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço
Social;
VII - dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social, de
graduação e pós-graduação;
VIII - dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de
pesquisa em Serviço Social;
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IX - elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões
julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes Sociais, ou
onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço Social;
X - coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados
sobre assuntos de Serviço Social;
XI - fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal e
Regionais;
XII - dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou
privadas;
XIII - ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira
em órgãos e entidades representativas da categoria profissional.
Segundo as Diretrizes Curriculares do Ministério da Educação para o curso de
Serviço Social (BRASIL, 1999), a formação profissional deve viabilizar uma
capacitação teórico-metodológica e ético-política como requisito fundamental para o
exercício de atividades técnico-operativas, com vistas à:
Apreensão crítica dos processos sociais numa perspectiva de totalidade;
Análise do movimento histórico da sociedade brasileira, apreendendo as
particularidades do desenvolvimento do capitalismo no país;
Compreensão do significado social da profissão e de seu desenvolvimento
sócio-histórico, nos cenários internacional e nacional, desvelando as
possibilidades de ação contidas na realidade;
Identificação das demandas presentes na sociedade, visando formular
respostas profissionais para o enfrentamento da questão social, considerando
as novas articulações entre o público e o privado.
Esses elementos estão em consonância com as determinações da Lei nº
8.662, de 7 de junho de 1993, que regulamenta a profissão de assistente social e
estabelece as competências e habilidades técnico-operativas citadas anteriormente.
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É importante ressaltar os princípios da formação profissional do Serviço
Social:
Flexibilidade e dinamicidade dos currículos plenos expressa na organização
de disciplinas e outros componentes curriculares, tais como: oficinas,
seminários temáticos, estágio, atividades complementares;
Rigoroso trato teórico, histórico e metodológico da realidade social e do
Serviço Social, que possibilite a compreensão dos problemas e desafios com
os quais o profissional se defronta no universo da produção e reprodução da
vida social;
Adoção de uma teoria social crítica que possibilite a apreensão da totalidadesocial em suas dimensões de universalidade, particularidade e singularidade;
Estabelecimento das dimensões investigativa e interpretativa como princípios
formativos e condição central da formação profissional, e da relação teoria e
realidade;
Presença da interdisciplinaridade no projeto de formação profissional;
indissociabilidade das dimensões de ensino, pesquisa e extensão;
Exercício do pluralismo como elemento próprio da vida acadêmica e
profissional, impondo-se o necessário debate sobre as várias tendências
teóricas que compõem a produção das ciências humanas e sociais;
Compreensão da ética como princípio que perpassa toda a formação
profissional;
Necessária indissociabilidade entre a supervisão acadêmica e profissional na
atividade de estágio.
Segundo Queiroz (2004), as empresas estão cada vez mais interessadas em
pessoas que saibam usar sua habilidade e toda sua competência em prol do
crescimento das mesmas. Não adianta ter carisma, conhecimento, diplomas e mais
diplomas se o indivíduo não tem a capacidade de colocar em prática tudo aquilo que
aprendeu durante toda sua vida, pois hoje em dia o dito popular "quem não tem
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competência não se estabelece" está bastante atualizado em toda empresa que se
preza.
Essas duas características "habilidade e competência" têm uma conotação
muito abrangente do que tinham em tempos passados. Com a chegada da
informática e com o crescimento assustador da concorrência, essas duas
características precisam ser mais do que nunca aprimoradas por todo aquele
profissional que deseja progredir e obter sucesso.
Faz-se necessário, então, que todo profissional descubra realmente suas
habilidades e suas competências e as coloque em prática. Nos tempos atuais, é de
extrema importância que o profissional que almeja sucesso coloque em ação o seu
conhecimento e todo seu poder de ação, agindo sempre com o intuito de vencer os
desafios e conquistar cada vez mais um lugar ao sol (QUEIROZ, 2004).
Outro fator importante para que a capacidade alcance seus objetivos é a
determinação do profissional de observar as mudanças que acontecem no seu
próprio interior, ou seja, coisas que antes tinham um valor importante e hoje não tem
mais. Entender este processo é importante a fim de que este indivíduo cada vez
mais possa progredir rumo ao sucesso profissional. É preciso compreender tambémque as empresas, hoje em dia elas estão interessadas em pessoas que estejam
dispostas a usar suas habilidades em setores diferentes da empresa, pois o
profissional competente é aquele que não recusa desafios e sabe encarar as
mudanças necessárias para sua vida profissional (QUEIROZ, 2004).
Em um futuro muito próximo, as empresas pagarão aos seus funcionários não
mais salários fixos ou comissões, pagarão sim, por seu desempenho e pela sua
habilidade em lidar com os mais variados obstáculos. Este é mais um motivo paraque todo profissional que deseja aprender e a crescer cada dia mais, não pare no
tempo e ponha em prática todo a sua habilidade e toda sua competência, a fim de
que seu trabalho seja sempre notado e valorizado, mesmo em se tratando de
setores públicos, pois se percebermos as avaliações de desempenho estão
mostrando às pessoas que elas precisam capacitar, reciclar, abrir seus horizontes.
Entender as profundas mudanças pelas quais o mercado de trabalho está
passando, é fundamental para toda pessoa que está em busca de sucesso e de
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projeção dentro do seu âmbito profissional. Porém, as mudanças devem ocorrer em
seu interior e essas mudanças devem fazer parte da sua vida constantemente e não
apenas em alguns períodos (QUEIROZ, 2004).
Crescer profissionalmente exige do profissional uma dosagem de coragem,
determinação e força de vontade; agindo dessa maneira, o seu futuro, com certeza
mostrar-lhe-á que todo seu trabalho, aliado à sua habilidade e competência, foi
essencial para o seu sucesso (QUEIROZ, 2004).
Não podemos nos esquecer da competência relacional, bem explorada por
Turck (2009), ela infere que ser Assistente social não é só se apropriar de
habilidades técnicas desprovidas do sentido humano. Por isso a competência
relacional adquire extrema importância para o Assistente Social. Abandoná-la
significa, segundo Roca (2001, p.15), deixar para trás o compromisso com o novo,
com a criatividade e com a práxis. É apropriar-se de planos, equipamentos e guias
de recursos, enfraquecendo o “sentir com as entranhas”, permitindo que a ditadura
dos protocolos possibilite confundir o Serviço Social com a gestão de um
departamento administrativo. Assumir somente habilidades técnicas, sem o sentido
do relacional é transformar-se em um executor de tarefas, cujo processo discursivo
nunca chegará a ação. Este é o desafio que os profissionais Assistentes Sociais se
deparam e que enfrentam nos espaços institucionais. É a dicotomia entre a teoria e
a prática que não encontra um ponto de conexão, porque também se distancia da
competência relacional que flexibiliza o olhar, que cria estratégias, que permite
ousadias, que desconhece o medo.
Lidar com a humanidade das pessoas com competência é saber que o
conhecimento e a sensibilidade devem estar sempre em relação.
Segundo Roca (2001, p.15 apud Turck, 2009), uma profissão, como conjunto
de saberes socialmente instituídos, não substitui nunca os profissionais de carne e
osso: por trás deles tem sempre uma personalidade autônoma, capacidades e
aptidões que modulam uma determinada competência técnica. Segundo este autor,
nasce sim, a convicção de que é necessário liberar o potencial de conhecimento e a
criatividade dos homens e mulheres que escolhem as profissões sociais. A
excelência não recai tanto sobre a profissão em si mesma, quanto nos profissionais,
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nas suas motivações e na sua identificação com seu processo de trabalho, sobre
seu talento cooperativo e sua confiança, sobre o apoio mútuo e a capacidade de
tomar decisões conjuntas.
Portanto, aliar a competência relacional com o conhecimento é construir
caminhos profissionais qualificados. Porque olhar para si é antes de tudo, qualificar o
olhar para o outro e possibilitar a qualidade de vida e a garantia de direitos.
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UNIDADE 5 - CAMPOS DE ATUAÇÃO NO SERVIÇO SOCIAL
Serviço Social se emerge como profissão em decorrência de um conjunto de
processos econômicos, sociais, políticos e teóricos culturais, por isso, para entender
a emergência do Serviço Social como profissão é necessário entender a dinâmica
das classes sociais e o desenvolvimento do capitalismo.
Antes, o Serviço Social era visto como uma forma de caridade, filantropia, que
eram realizadas pela Igreja Católica no sentido de fazer a recristianização da nação,
pois estava perdendo a sua supremacia, com isso, ela tentava moralizar a classe
trabalhadora, trabalhando a questão da família e resgatando os fiéis.
Devido ao desenvolvimento do capitalismo, a questão social se agrava, e os
trabalhadores começam a fazer reivindicações por melhores condições de vida e de
trabalho, assim, aparece um novo mediador para a questão social, o Estado (REIS,
2009).
O Estado atuava de maneira a doutrinar a vida do trabalhador para se
enquadrar no viés capitalista, ou seja, o Serviço Social tem suas atividades
interventivas, sua organização, seus objetivos e recursos determinados pela classe
dominante para atender os seus interesses. O Serviço Social se desprende das
bases confessionais e/ou particulares.
Na realidade, o Serviço Social se constitui como profissão quando se insere
no mercado de trabalho, quando passa a ser um trabalhador assalariado. A
dinâmica do Serviço Social está relacionada à dinâmica da ordem monopólica, é ela
quem vai criar e fundar a profissionalidade do Serviço Social.
Segundo Reis (2009), o Estado burguês enfrentava a questão social através
de políticas sociais, nas quais os agentes técnicos exerciam uma ação executiva. O
mercado de trabalho para o assistente social era constituído através das políticas
públicas, o assistente social repunha o patamar das políticas públicas, introduzindo
um diferente sentido, com novas estratégias para preservar a força de trabalho e
recuperando as formas cristalizadas de manipulação dos vulneráveis pelas questões
sociais. O Serviço Social se insere em atividades que vão contribuir para o processo
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de reprodução, acumulação e valorização do capital, não desempenhando funções
produtivas, mas sim funções que são impostas pela classe dominante.
De acordo com a implementação de políticas sociais que necessitam de uma
alteração prático-imediata de situações determinadas, a intervenção profissional se
faz presente, como uma dimensão de resposta às políticas sociais (REIS, 2009).
Portanto, podemos perceber que o processo de profissionalização do Serviço
Social surge de uma articulação entre a ideologia da Igreja Católica com o Estado,
não escapando assim do jogo de forças ideo-políticas. Os agentes técnicos exercem
funções executivas na implementação de políticas sociais-setoriais, e também
devem ser especializados para que possam fazer uma intervenção, a fim de
neutralizar as expressões da questão social. Os assistentes sociais vão se tornando
permeáveis a outros projetos sociopolíticos, à medida que sua profissionalização se
afirma. É nesse contexto de jogo de forças que o Serviço Social se emerge como
profissão, inserida na divisão sócio-técnica do trabalho, a fim de amenizar as
expressões da questão social (REIS, 2009).
Eis então alguns campos que podemos e devemos encontrar uma gestão
tendo à frente o Assistente Social que deve ir além de suprir as necessidadesbásicas da população menos favorecida no tocante à alimentação, saúde,
segurança, condições de lazer.
Consultoria:
É um terreno de largas possibilidades tanto para exercer a profissão quando
para a prática investigativa, não esquecendo que como em toda profissão existem
dificuldades as quais acabam por se tornarem um desafio ao profissional.
O novo cenário imposto pela globalização, com disputas acirradas entre as
organizações, busca da eficiência e maximização dos lucros ao menor custo, enfim,
a valorização do capital intelectual nos mostra a importância e o requerimento do
Serviço Social.
Abreo e Fávaro (2001) ressaltam esse novo cenário quando confirmam que a
sociedade contemporânea, há algum tempo, vem sofrendo profundas mudanças,
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trazendo significativas repercussões nas relações de trabalho e de produção. Na era
da globalização da economia, das inovações tecnológicas (robótica, automação,
microeletrônica), tem sido preponderante a flexibilização dos processos de trabalho,
determinando novas modalidades de produção, gestão e consumo da força de
trabalho.
A consultoria pode acontecer por meio da implementação de estratégias para
investimentos de recursos em Gestão de Pessoas adequados aos interesses e
valores de negócios de clientes e parceiros em seu compromisso social corporativo,
através da realização de cursos, treinamentos, palestras, workshop e seminários, o
que tem feito parte do cotidiano de trabalho do serviço social que pode direcionar
seus esforços tanto para instituições públicas como para empresas privadas e
organizações do terceiro setor.
Segundo Ortiz e Lima (2005), a consultoria expressa um espaço qualificado
de reflexão e intervenção do Serviço Social, uma vez que permite a interlocução
entre os profissionais (como no caso, docentes e não-docentes) acerca de seus
problemas e aflições cotidianas em busca de encaminhamentos interventivos
alternativos, bem como exige daquele que se propõe a ser consultor um profundo
conhecimento técnico e institucional. Neste capital de conhecimento a ser
acumulado para a consultoria, o destaque deve ser dado à direção teórica-
metodológica e ético-política do projeto pedagógico. Um projeto de natureza
emancipatória exige do consultor uma posição recorrente de construção coletiva na
produção e reprodução crítica do conhecimento, pelo qual o educando e educador
saiam transformados da prática de consultoria.
Organização privada que presta serviço público de saúde:
Nogueira (2006 apud Correia et al, 2008) aponta que as conquistas
constitucionais na área de saúde convergem com a aprovação do Código de Ética
Profissional do Serviço Social, apresentando como pontos em comum o direito de
cidadania, a preocupação com a universalidade, com a equidade e a justiça social e
com o papel do Estado como responsável pelas políticas sociais.
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Neste sentido, podemos dizer que o papel do profissional do Serviço Social
em uma organização privada que presta serviço público de saúde é extremamente
estratégico, pois ele tem competência teórico-metodológica, técnico-operativo e
ético-política para se articular com usuários e instituição a fim de que o direito à
saúde seja efetivado, bem como intervir com propósitos de avanços positivos em
relação aos aspectos institucionais. Neste campo cabe tecer algumas considerações
acerca da intervenção profissional, ou seja, como e quais pontos poderiam ser
articulados e construídos a partir do espaço organizacional:
Articulação com usuários e instituição para que o atendimento à saúde seja
realizado como direito do cidadão, ou seja, dar visibilidade da presença do
Estado na organização e do direito que todas as pessoas têm de ser
plenamente atendidos nas suas necessidades;
Articulação com o Ministério Público, sociedade civil organizada e
comunidade como um todo da importância de problematizar as questões de
saúde, principalmente com relação aos recursos repassados, demanda
reprimida e precariedade dos serviços prestados;
Planejar criativamente ações estratégicas para humanização do atendimentoà saúde;
Propor ações interdisciplinares para atenuar as relações de poder na
instituição e igualar os diversos saberes presentes na organização,
construindo respostas profissionais sustentáveis;
Articulação com as organizações da rede social, buscando a atenção integral
a saúde;
Incentivar a participação dos usuários e comunidade em geral nos conselhos
municipais de saúde, conferências, fóruns e outros espaços de discussão e
busca de soluções, alargando os horizontes da coletividade para o problema
e o controle das ações da política de saúde.
Dessa forma, como podemos observar os esforços para melhorar as
condições do atendimento à saúde nessas organizações, nota-se que essa
categoria pode e tem competência para intervir com propósitos de mudança da
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realidade atual e construir juntamente com a instituição e usuários respostas
profissionais sustentáveis (CORREIA ET AL, 2008).
Trabalhar com a intersetorialidade:
No entendimento de Junqueira (2004) trabalhar com a intersetorialidade é
outro campo fértil para o Serviço Social. Tratar os cidadãos, situados num mesmo
território, e seus problemas, de maneira integrada, exige um planejamento articulado
das ações e serviços. Mas isso só não basta. Esse novo fazer envolve mudanças de
valores, de cultura, que são percebidos nas normas sociais e regras que pautam o
agir de grupos e organizações sociais. Essa mudança exige a apreensão da culturabaseada em aspectos rotineiros das práticas cotidianas que “definem o estágio
socialmente construído em relação ao qual a geração de atores dá vida à sua
cultura”. Essa construção não passa apenas no interior das organizações, pelos
relacionamentos diários que estabelecem as pessoas entre si, mas também pelo
funcionamento de grupo ou grupos exteriores às organizações e das lideranças que
emergem desse processo.
Nesse sentido, o planejamento constitui um importante instrumento paraconcretizar essa nova ação: o planejamento e a descentralização das decisões no
âmbito da cidade. O processo de planejamento não esgota a ação intersetorial, que
deve incorporar nesse processo a avaliação e o monitoramento das ações, tendo
como perspectiva os resultados que devem mudar a qualidade de vida do cidadão.
De nada adianta uma visão de futuro dada pelo planejamento se não há
monitoramento e avaliação de resultados, pois trabalhamos numa perspectiva de
processos e não de resultados. É necessário mudar essa lógica e buscar resultadosque revertam em mudanças para a qualidade de vida dos cidadãos.
Assim, a concretização da ação intersetorial incorpora não apenas a
compreensão compartilhada sobre finalidades, objetivos, ações e indicadores de
cada programa ou projeto, mas práticas sociais articuladas que acarretem um
impacto na qualidade de vida da população. Portanto, a viabilização dessa ação
intersetorial depende da habilidade de criar grupos que possuam um senso
compartilhado de realidade com coesão, em torno de entendimentos comuns, que
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determinam seu crescimento, que passa necessariamente pela presença do
assistente social (JUNQUEIRA, 2004).
Em organizações privadas de maneira geral:
Em uma organização privada, a missão do Serviço Social seria a de planejar
e desenvolver ações de qualidade de vida no trabalho e de cidadania, visando
contribuir para a excelência dos resultados da companhia.
Caberia ao profissional elaborar e executar políticas de bem-estar social.
Cabe, então, ao Assistente Social promover a inserção socioeconômica de
indivíduos, famílias e grupos na sociedade em que vivem, auxiliando-os na solução
de sua problemática.
Quanto ao papel do Serviço social, seria de atuar no atendimento individual
ou coletivo, buscando nos próprios participantes a solução ou minimização da
problemática social, a fim de promover a capacidade de gerar habilidades e
atitudes.
O profissional está apto a desenvolver trabalhos com equipes
multidisciplinares, buscando o bem-estar dos colaboradores com a sua técnica de
mediador entre colaboradores e organização. Com seus conhecimentos técnicos, o
Assistente Social consegue mapear a realidade da empresa, contribuindo com a
visão estratégica organizacional e participando do processo de desenvolvimento do
RH.
O Assistente Social pode, ainda:
Assessorar treinamentos organizacionais e equipes de segurança e medicinado trabalho, realizando trabalhos educativos;
Propiciar aos colaboradores melhor qualidade de vida no ambiente de
trabalho e familiar;
Prestar assistência integral aos colaboradores buscando alternativas para
possibilitar a intervenção das demandas identificadas;
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Fomentar o desenvolvimento humano propiciando aos colaboradores o
aumento de suas atividades intelectuais, para que possam buscar e efetivar a
sua cidadania;
Beneficiar crianças e adolescentes carentes de oportunidades ou em situação
de risco social da comunidade, através de projetos apoiados pela
organização.
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UNIDADE 6 - O CÓDIGO DE ÉTICA DO ASSISTENTE
SOCIAL
Em linhas gerais, qualquer profissão caminha sob um código, conhecido
como Código de Ética. Esse documento geralmente enuncia os fundamentos éticos
e as condutas necessárias à boa e honesta prática das profissões, relacionando os
direitos e deveres correlatos de seus profissionais, devendo alcançar todos os
profissionais, quaisquer que sejam seus níveis de formação, modalidade ou
especializações.
No caso do Serviço Social, o Código de Ética que permeia a profissão do
Assistente Social foi aprovado em 15 de março de 1993, contendo algumas
alterações introduzidas pelas resoluções do CFESS, nº 290 e 293/94.
[...] Considerando a posição amplamento assumida pela categoria de queas conquistas políticas expressas no Código de 1986 devem serpreservadas;Considerando os avanços nos últimos anos ocorridos nos debates eproduções sobre a questão ética, bem como o acúmulo de reflexõesexistentes sobre a matéria;
Considerando a necessidade de criação de novos valores éticos,fundamentados na definição mais abrangente, de compromisso com osusuários, com base na liberdade, democracia, cidadania, justiça e igualdadesocial;Considerando que o XXI Encontro Nacional CFESS/CRESS referendou aproposta de reformulação apresentada pelo Conselho Federal de ServiçoSocial (...) (CFAS, 1994).
Sua estrutura é a seguinte:
Introdução
Princípios Fundamentais
Título I - Disposições GeraisTítulo II - Dos Direitos e Das Responsabilidades Gerais do Assistente Social
Título III - Das Relações Profissionais
Capítulo I - Das Relações com os Usuários
Capítulo II - Das Relações com as Instituições Empregadoras e Outras
Capítulo III - Das Relações com Assistentes Sociais e Outros Profissionais
Capítulo IV - Das Relações com Entidades da Categoria e Demais Organizações
da Sociedade Civil
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Capítulo V - Do Sigilo Profissional
Capítulo VI - Da Observância, Penalidades, Aplicação e Cumprimento
Título IV - Da Observância, Penalidades, Aplicação e Cumprimento
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas
políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos
indivíduos sociais;
Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do
autoritarismo;
Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda
sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das
classes trabalhadoras;
Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da
participação política e da riqueza socialmente produzida;
Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure
universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e
políticas sociais, bem como sua gestão democrática;
Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o
respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e
à discussão das diferenças;
Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais
democráticas existentes e suas expressões teóricas, e compromisso com oconstante aprimoramento intelectual;
Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de
uma nova ordem societária, sem dominação/exploração de classe, etnia e
gênero;
Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que
partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos trabalhadores;
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Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o
aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional;
Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, nem discriminar, por
questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade,
opção sexual, idade e condição física (CFAS 2009).
Não há dúvidas de que se espera do assistente social um profissional:
Atualizado;
Informado;
Culto;
Crítico;
Competente (propositivo);
Capaz de formular, avaliar e recriar propostas;
Conhecedor do instrumental técnico-operativo;
Capaz de realizar ações de assessoria, planejamento, negociação,
pesquisa;
Capaz de não abandonar os ideais, nem renunciar aos seus valores.
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SIGLAS E ABREVIATURAS IMPORTANTES
ABEPSS Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social ABESS Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social
BPC Benefício de Prestação Continuada
BSC Balanced Scorecard
CBAS Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais
CFAS Conselho Federal de Assistência Social
CFESS Conselho Federal de Serviço Social
CRAS Centros de Referência de Assistência SocialCRESS Conselho Regional de Serviço Social
CUT Central Única dos Trabalhadores
ENESSO Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social
ENPESS Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social
LBA Legião Brasileira de Assistência Social
LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LOAS Lei Orgânica da Assistência Social
MEC Ministério da Educação
ONG Organizações não-governamentais
PAIF Programa de Atenção Integral as Famílias
PNAS Política Nacional de Assistência Social
SUAS Sistema Único de Assistência Social
SUS Sistema Único de Saúde
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REFERÊNCIAS
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CFAS 2009 RESOLUÇÃO CFESS N.º 273/93. Disponível em:<http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_1993.pdf > Acesso em: 10 out. 2009.
CFAS 2009. RESOLUÇÃO CFESS N.º 290/94. Disponível em:<http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_1994.pdf > Acesso em: 10 out. 2009.
CFESS – Conselho Federal de Serviço Social. História do Serviço Social.
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