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Toda quarta-feira, desde o primeiro mês do primeiro mandato de Maria Cecília Marchi Borges é assim. As portas estão abertas para uma conversa com a população. Cada atendimento dura cerca de cinco minutos, tempo suficiente para desabafos, críticas e pedidos à prefeita. página 6 e 7 360 PG. 9 Nossa cultura Desde 1965, grupos de norte a sul do país des- locam-se até Olímpia, trazendo a cultura do seu lugar de origem através de danças e inter- pretações para a Capital Nacional do Folclore. PG. 11 Na metrópole A primeira, segunda e terceira vistas São Pau- lo é uma cidade assustadoramente grande, especialmente para uma pessoa que sempre morou em cidades pequenas e longe de ca- pitais. PG. 4 Bravo, bravo! Criado em 2010, o Coral da UEMG promove o canto coral, a integração e o aprimoramen- to artístico-cultural da comunidade interna e externa da UEMG, no Campus de Frutal. Foto/Eduardo Uliana Frutal # Edição 6 - Agosto/2011 Foto/Eduardo Uliana De portas abertas Foto/Eduardo Uliana Narcio Rodrigues Todo mundo tem a impressão de que o tempo passa rápido. O tem- po corre. O tempo voa. A sensação é de velocidade no relógio. Há dias que, quando vemos, já estamos de noite. página 2 Foto/Priscila Minani Foto/Eduardo Uliana Foto/Divulgação Gigante Léo Entrevistamos o comediante Gigante Léo, que fará show de stand up em Frutal, dia 11 de setembro. página 3 15 vereadores. O 360 é CONTRA. A educação brasileira vai muito mal e sem ela não será possível ao Brasil ter um processo de de- senvolvimento sustentado que nos permita chegar ao clube dos países desenvolvidos, com maior igualdade social e qualidade de vida. O surpreendente é que a maioria das pessoas acha que esse problema só afeta o outro, e que a escola do seu filho é muito boa. página 10 Ponto Crítico Na coluna www.360frutal.blogspot.com Acesse @trezentose60 www.facebook/360frutal Siga Curta

Jornal 360 - 6ª edição

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6ª edição do Jornal mensal produzido pela 360 Agência de Comunicação de Frutal/MG

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Page 1: Jornal 360 - 6ª edição

Toda quarta-feira, desde o primeiro mês do primeiro mandato de Maria Cecília Marchi Borges é assim. As portas estão abertas para uma conversa com a população. Cada atendimento dura cerca de cinco minutos, tempo suficiente para desabafos, críticas e pedidos à prefeita. página 6 e 7

360PG. 9Nossa cultura

Desde 1965, grupos de norte a sul do país des-locam-se até Olímpia, trazendo a cultura do seu lugar de origem através de danças e inter-pretações para a Capital Nacional do Folclore.

PG. 11Na metrópole

A primeira, segunda e terceira vistas São Pau-lo é uma cidade assustadoramente grande, especialmente para uma pessoa que sempre morou em cidades pequenas e longe de ca-pitais.

PG. 4Bravo, bravo!

Criado em 2010, o Coral da UEMG promove o canto coral, a integração e o aprimoramen-to artístico-cultural da comunidade interna e externa da UEMG, no Campus de Frutal.

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Narcio RodriguesTodo mundo tem a impressão de que o tempo passa rápido. O tem-po corre. O tempo voa. A sensação é de velocidade no relógio. Há dias que, quando vemos, já estamos de noite.

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Entrevistamos o comediante Gigante Léo, que fará show de stand up em Frutal, dia 11 de setembro.

página 3

15 vereadores.

O 360 é

CONTRA.

A educação brasileira vai muito mal e sem ela não será possível ao Brasil ter um processo de de-senvolvimento sustentado que nos permita chegar ao clube dos países desenvolvidos, com maior igualdade social e qualidade de vida. O surpreendente é que a maioria das pessoas acha que esse problema só afeta o outro, e que a escola do seu filho é muito boa.

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Ponto Crítico

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Precisa-se de mais vereadores?

Editorial

Segundo informações obtidas, já há a definição de que, a partir de janeiro de 2013, Frutal voltará a ter 15 vereadores, o que foi decidido na legislatura anterior.

É o caso de se perguntar se esta mudança é mesmo necessária. Ao fixar apenas o número máximo de vereadores que cada câmara muni-cipal pode ter, a emenda constitu-cional 58 respeita a autonomia dos municípios e coloca para a população de cada cidade a responsabilidade para definir quantos vereadores são necessários para que o poder legis-lativo possa atuar com a força e a independência que necessita.

Esta discussão precisa ser fei-ta por todo cidadão, que terá sua vontade materializada na votação de seus representantes. Não é as-sunto pra se resolver em surdina, às portas fechadas. As pessoas têm o direito de expressar sua opinião e também de conhecerem a opinião de seu vereador sobre o assunto.

Em Frutal fica evidente a não ne-cessidade deste aumento. Na atual legislatura, 10 vereadores com-põem a Câmara. E o trabalho se desenvolve naturalmente. Não se tem notícia de que os vereadores estejam assoberbados de tarefas, com mesas empilhadas de projetos a serem aprovados. Os 10 verea-dores dão conta de suas funções

normalmente.O aumento, de 10 para 15, re-

presenta uma despesa de aproxi-madamente um milhão de reais apenas para o pagamento destes vereadores em quatro anos. Além de outras despesas que certamen-te crescerão: assessores, telefones, materiais de papelaria, etc.

Pode-se argumentar que não haverá prejuízo para o município, já que o valor que pode ser gasto com o legislativo é o mesmo com 10 ou 15 vereadores. Este argu-mento é um pouco cínico. Se a Câ-mara tem condições de arcar com este aumento de custo, há dinheiro sobrando. Não se pode gastar com 10 o mesmo que se gastaria com 15. Cabe a população acompanhar de perto a gestão do legislativo para que este dinheiro excedente possa voltar aos cofres municipais para ser aplicado em serviços es-senciais dos quais a cidade é extre-mamente carente. É verba pública. Se há sobras, devem ser revertidas para toda a população.

A Câmara atual precisa colocar este debate na rua. O frutalense deseja 10 ou 15 vereadores? Ou-vida a sociedade, e ela decidindo pela permanência dos atuais 10, mude-se a lei orgânica municipal. Há tempo para isso. Com a pala-vra, os nobres vereadores.

2 AGO/2011

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te O Jornal 360 é um produto da 360 Agência de Comunicação

CNPJ - 10.690.919/0001-08Praça 7 de Setembro, 200,

4º andar, Sala 407CEP 38200-000 Frutal/MGTelefone: (34) [email protected]

Editor ChefeLausamar Humberto

[email protected]

Jornalista ResponsávelSamir Alouan Bernardes

MTB - 13.890

Designer GráficoEduardo Uliana

PublicitárioIgor Caldeira

ColaboraçãoGiovanna MesquitaMariana NogueiraNatália Coquemala

Priscila MinaniRafael Del Giudice

Rafael FerreiraSamuel Rocha

Vagner Delvecchio

ArticulistasAna Carolina Araújo

Aluízio UmbertoNarcio Rodrigues

ImpressãoEditora Ferjal

(17) 3442-6644Fernandópolis-SP

Charge

Segundos que parecem horas

Todo mundo tem a impressão de que o tempo passa rápido. O tempo corre. O tempo voa. A sensação é de velocidade no relógio. Há dias que, quando vemos, já estamos de noite. Há momentos em que olhamos na fo-lhinha e vemos que o fim do ano já está chegando e que nem vimos os dias, semanas, meses passarem...

A vida é isso mesmo. Somos presas do relógio, a armadilha do tempo está sempre pronta para nos pegar e os ponteiros sempre andam mais rápido do que nossa vontade e nosso desejo. Veja só: já estamos em agosto e lá se foram sete meses de 2011 e parece que estávamos comemorando o Natal ainda anteontem.

Mas há também o inverso. Há mo-mentos que parecem não passar nun-ca. Parecem ficar congelados no tem-po. Parecem se eternizar em segundos que nunca passam...

Eu vivi uma situação assim. Sai da-qui, do Brasil, para um encontro sobre Hidroex em Moscou, com o grande Mi-khail Gorbachev, na sede da Fundação Gorbachev na capital russa. Viagem longa. Longuíssima. Passei primeiro em Paris, acertei pontos com a Unesco. Depois, estive em Delft, na Holanda e, de lá, fui a Genebra, onde me sentei com o presidente executivo da Gre-en Cross Internacional (que tem em Gorbachev seu presidente de honra) para discutir um acordo de cooperação para realização dos Diálogos da Terra em Minas Gerais e para apoio junto a Unesco para os avanços do Hidroex.

Sai de Genebra com um documento assinado pelo sr. Alexander Likotal e o espaço aberto para as assinaturas do Governador Aécio Neves e de Makhail Gobarchev. Cheguei em Moscou. Agenda pesada. Do hotel até a Funda-ção Gorbachev, duas horas batidas de carro. Longe mesmo. Era a segunda vez que iria ser recebido por ele.

Cinco minutos depois do horário marcado para a audiência, entra o presidente Gorbachev, com cara de poucos amigos. Ele não fala inglês, eu muito menos. E lá estávamos eu e ele diante um do outro, a mercê dos intér-pretes tentando passar sentimentos

do português para o russo (intermiado pelo inglês) e do russo para o portu-guês. Audiência difícil. Poucos sorri-sos, nenhuma brincadeira e eu tenso como o cão...

Falei da minha honra em que estar na sua presença, do quanto me ins-pirei na sua luta pelo meio ambiente para buscar a criação do Hidroex e o quanto devia a ele por ter me apre-sentado para a direção de Hidrologia da Unesco, o que acabou por resultar na criação do nosso instituto mais tar-de. Entreguei a Medalha do Mérito le-gislativo da Câmara dos Deputados e lhe estendi, com as mãos, o documen-to em que esperava ver aposta a sua assinatura (para documentar perante a História aquele momento).

Gorbachev franziu a testa, olhou sé-rio para o meu lado e disse em tom muito seco (que eu não entendi, por que era em russo) a frase que conge-lou o tempo:

- Eu não posso assinar esse docu-mento.

Quando me foi traduzida sua frase, o tempo parou. Em vinte segundos ou pouco mais de meio minuto, eu vivi um século. Passei a me lembrar de todo esforço, de toda empreitada, da correria, da agenda apertada, dos ris-cos - de tudo que representava aquele esforço, agora inútil, de ir buscar uma assinatura. E lamentei a perda de tem-po... Pensei: tô no sal (para não di-zer uma palavra mais chula). Foi uma eternidade de sofrimento.

De repente, ele se volta para o meu lado, aponta o bolso do meu paletó e completa a sua frase, agora risonho e como quem acaba de fisgar uma presa na sua armadilha:

Repete a frase e a conclui:

- Eu não posso assinar esse docu-mento... a menos que o senhor me empreste a sua caneta...

(Seu sorriso aberto descongelou o tempo. Tempo, essa máquina de tor-tura de qualquer ser humano)

Quem Matou Norma?Preciso dar sentido para um pouco mais

de dois mil caracteres (dois por extenso, claro, porque são quatro caracteres ao invés de 1). Isto significa, contando cor-reções, que meus dedos vão bolinar o te-clado cerca de três mil vezes. Digitar vai ser moleza, o duro é escolher o assunto. Ou melhor, descobrir um assunto (porque escolher significaria ter vários – e já se fo-ram mais alguns caracteres...).

As revoltas no oriente contra ditadores que pareciam eternos, com o agravante de ninguém saber se quem entra será ain-da pior, podia ser um assunto, mas ouço sempre alguém dizendo que esse povo vive brigando e que será sempre assim. Pouca importância.

Melhor ficar no Brasil. Manobras fede-rais para “flexibilizar” a fiscalização das obras da Copa 2014, incentivos fiscais de centenas de milhões para obras que po-dem virar coisa nenhuma, o chefe do co-mitê – Sr Ricardo Teixeira – afundado em denúncias que, em país sério, acabariam com a vida pública de qualquer pessoa. Hum... Acho que esse assunto também não dá jogo. Estamos lembrando apenas da festa que vamos fazer, nas “brejas” que vamos tomar e, no máximo, com medinho de passar vergonha (com o mundo inteiro descobrindo o que a gente está triste de saber: que aqui a administração pública é mais desorganizada e incompetente que time de várzea).

Violência talvez interesse à nossa sádi-ca estupidez. O caso da juíza Patrícia, as-sassinada pelo crime organizado (com o salutar respaldo da desorganização públi-

ca) e, segundo admite o comandante da PM Fluminense, com participação de poli-ciais, dava uma boa reflexão. Nesse caso o problema seria o meu enfoque. Nada contra a comoção gerada pela morte da magistrada, mas sou meio infantil, ainda acredito na balela do “todos iguais” e fico bronqueado com o “descaso de outros casos”. Enquanto toda e qualquer violên-cia contra um cidadão não for entendida como um ataque ao Estado, a juíza e o Zé Ninguém continuarão sendo ameaçados e executados. Mas acham isso cansatiiiiivo. Deixa pra lá.

Já sei. Vamos cuidar do nosso quintal. Encrenca brava em Fronteira (com cadeia e cassação para vereadores que, diz o senso geral, fizeram o que muitos fazem, mas foram com muita sede ao pote). Pen-so eu que, se mais pessoas denuncias-sem – mesmo que anonimamente –, mais corruptos estariam atrás das grades e um bom tanto teria medo. Esses que sabem e se calam condenam um povo inteiro – in-clusive seus familiares e amigos – a serem eternamente abusados. E Frutal, heim... Vai ter investigação da Prefeitura pela Câ-mara. Uau! Mas não era esse que devia ser o principal papel do vereador (legislar e fiscalizar)? E o gozado é que percebem na hora dos interesses eleitorais aqui-lo que muita gente apontava havia bom tempo... Ah, mas política é um assunto que a gente não entende, porque acha sem importância.

Oba. Quase três mil caracteres. Posso acabar. Tenho coisa mais interessante pra fazer. Vou ver quem matou Norma.

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Por Narcio rodrigues @DepNarcioJornalista, DeputaDo FeDeral e secretario De estaDo De ciência, tecnologia e ensino superior De Minas gerais

Por aluízio umberto @aluizio1bertoraDialista

Page 3: Jornal 360 - 6ª edição

3AGO/2011

Dia 11 de setembro acontecerá em Frutal o show de stand up com o Gigante Léo. Com pouco mais de um metro de altura, em seu show ele aborda o universo de quem vê tudo por outro ângulo. E conta como anda de ônibus, usa o chuveiro e reage quando as pessoas perguntam se é anão.

360 - Com 9 anos você fez sua primeira peça de teatro mas sua carreira no Stand-up Comedy começou ativamente neste ano. Por que a opção pelo stand-up?

Na verdade o Stand-up Comedy começou ativamente em meados do ano passado. Sempre fui e serei um eterno apaixonado pelo teatro. No teatro, embora já tenha feito alguns personagens sérios (Prof. Henrique da peça “Pigmaleão” de George Bernard Shaw) e vilões (Bruxo Belze-bu III da peça infantil “A Bruxinha que Era Boa” de Maria Clara Machado), a maioria dos meus personagens no teatro sempre teve uma veia cômica. Não uma comédia pastelão, mas personagens cômicos relevantes para drama. Não explorava o fato de ser anão nas peças. Os personagens não faziam menção que eu era anão, eles tinham sua gra-ça por si só, o fato de eu ser anão era apenas um detalhe, não relevante para a peça. Com esta bagagem teatral e de humor, o stand-up foi quase que uma consequência natural. Eu arriscaria dizer, da forma como as coisas aconteceram tão naturalmen-te, que o stand-up foi que me escolheu.

360 - O fato de ser anão o ajuda a ver o lado cômico de situações que pessoas de tamanho comum não vêem?

Creio que não. Ser anão ajuda sim, a surgirem situações inusitadas que, pelo modo de eu viver e encarar a vida, transformo-as em uma grande comédia. Mas o humor é um estado de espírito de cada um. É uma maneira diferente que algumas pessoas têm para su-perar os obstáculos da vida. Desta forma, ser anão não contribui para que eu veja o lado cômico, mas sim, a maneira como eu costumo viver o dia a dia.

360 - Em uma entrevista recente você disse que está trabalhando em um livro. Qual vai ser o tema principal?

Estou finalizando um livro, que irá tratar do universo do anão sob a ótica do humor. Ele conterá desde piadas conhecidas de internet sobre anão até diversas situações engraçadas e curiosidades que as pessoas têm sobre nós, os baixinhos.

360 - Em suas entrevistas, você destaca que o público do interior é diferente. Quais as suas pers-pectivas para Frutal? E em relação aos mineiros, preparou algo especial para o show na cidade?

Adoro plateias de interior. Geralmente são plateias mais leves, mas de bem com a vida e disposta a se divertir junto com você. Diferente de plateias de grandes centros, onde as pes-soas não conseguem se livrar do estresse nem na hora do lazer. Com isso, tenho grande alegria e expectativas para esse show em Frutal. E preparei coisas novas especialmente para o povo mineiro. Mas para as mineirinhas que quiserem ganhar meu coração, fica a dica: adoro pão de queijo (não custa nada tentar, já que estou solteiro mes-mo).

360 - Você acredita que o preconceito tenha sido um incentivo para praticar o humor?Sempre digo que o preconceito está muito mais dentro da própria pessoa, do

que no ambiente ou nas pessoas que a cerca. Por este ponto de vista, creio que a maneira de encarar as coisas com mais leveza, mais alegria e humor, ajudaram-me a vencer esse preconceito mais difícil, que é o preconceito que temos conosco mesmo. Esse auto-preconceito que nos dificulta a superar e aceitar nossas pró-prias limitações.

360 - Pelo fato de você ironizar as situações do cotidiano, acha que encoraja outras pessoas como você ou com outras deficiências a ver suas vidas de uma forma mais feliz?

Sim, como já diz o ditado popular: “rir é o melhor remédio”. E o retorno de pessoas que vêm me agradecer ao final do show, por eu ter transmitido algo de bom, algo que ela precisava ouvir, é uma grata surpresa que o stand-up pode me proporcionar. Hoje em dia é muito difícil as pessoas aceitarem suas limitações, suas imperfeições. Quantas pessoas não morrem fazendo cirurgias plásticas para perder de milímetros de barriguinha. Creio que meu stand-up contribua para as pessoas caírem em si e perceberem que o hoje é um grande presente que Deus lhe deu, e não vale a pena jogá-lo fora por causa de alguns obstáculos.

Stand... O quê?“Nunca faça graça de graça. Você é humorista, não político”. Jô Soares

Entrevista mariaNa Nogueira @maricotanog

Stand Up Comedy. Este é o nome do es-tilo humorístico que vem ganhando o pú-blico. Geralmente é apresentado por uma pessoa só em pé (daí o nome Stand Up, que vem do inglês), mas pode ser apresentado por um grupo de comediantes.

Diferente dos shows de piada, neste tipo de espetáculo o humorista cria um texto en-volvendo assuntos atuais, o que torna o show bastante variado. Para quem assiste, parece tudo um mero improviso, mas o texto é en-saiado e lapidado ao longo das apresenta-ções. Diante de perguntas e provocações da plateia o intérprete precisa estar afiado para responder com inteligência e acidez, em muitos casos.

Os precursores A comédia stand up surgiu no final do sé-

culo 19 nos Estados Unidos com Jack Benny, Fred Allen e Bob Hope. Considerados os pais deste gênero, os três vieram do teatro de revis-ta (vaudeville) e da época de ouro do rádio.

José Eugênio Soares, José Thomaz da Cunha Vasconcelos Neto e Francisco Anysio

de Oliveira Paula Filho, possivelmente mais conhecidos por Jô Soares, José Vasconcellos e Chico Anysio são os precursores deste tipo de humor no Brasil.

Nos anos 60, José Vasconcellos introduziu o gênero One Man Show em terras tupini-quins. O estilo é o que mais se aproxima do Stand Up que conhecemos. A grande dife-rença fica por conta da inclusão de canções, cenas e interpretação de alguns personagens durante o show. Chico e Jô difundiram este estilo humorístico em programas mostrados ao vivo para todo o Brasil.

A nova geraçãoUm palco, um microfone e uma platéia.

É o suficiente para os comediantes que se apresentam nos shows de Stand Up pelo Brasil. São muitos nomes conhecidos: Bru-no Motta, Dani Calabresa, Danilo Gentili, Diogo Portugal, Fábio Porchat, Fábio Rabin, Fernando Caruso, Geraldo Magela, Gigante Léo, Luiz França, Marcela Leal, Marcelo Adnet, Nany People, Rafinha Bastos e Tatá Werneck.

A maioria dos humoristas explodiu na mídia como fenôme-nos da internet, com vídeos de seus shows postados na rede, rendendo milhares de visualizações. Outros foram campeões de concursos de Stand Up, promovidos por grupos de come-diantes como o Clube da Comédia. Todos são caras de pau e talentosos o suficiente para sair Brasil afora divertindo as pes-soas e apimentando as ideias que o povo tem sobre política, futebol, etc.

Comédia X PolêmicaAo lidar com temas tabus o stand up pode gerar polêmica.

A comédia que aborda temas banais do cotidiano provoca algu-mas vezes reações de mau humor.

Recentemente, o humorista Bem Ludmer, ao fazer piada so-bre gordos, recebeu um soco nada engraçado de um integran-te da platéia. O curioso é que o próprio Ludmer está acima do peso e não se envergonha de fazer piadas de si mesmo e sua forma física.

Danilo Gentili é o humorista stand up que mais se envol-ve em discussões. As mais conhecidas são sempre relacionan-do pessoas com estereótipos racistas. Em 2009 ele disse em seu Twitter, rede social em forma de microblog: “King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?”. A declaração rendeu uma representação do Ministério Pú-blico.

O Stand Up polemiza e abre a mente do público. Os as-suntos sério que são tratados com humor entram mais facil-mente no cotidiano dos cidadãos. Muitos, quando saem do espetáculo, levam consigo uma motivadora pulga atrás da orelha capaz de induzir as pessoas a se informarem e se atu-alizarem a respeito dos assuntos do Brasil e do mundo.

Page 4: Jornal 360 - 6ª edição

Som, luz, câmera... VozCoral da UEMG: nas trilhas do canto em Minas Gerais

Fechando a série de reportagens sobre os proje-tos culturais desenvolvidos no Campus de Frutal da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais), apresentamos, nesta edição, o Coral da UEMG.

Criado em agosto de 2010 a partir de um proje-to de extensão da professora Ana Maria Zanoni da Silva, o Coral da UEMG tem como objetivo promo-ver o canto coral, a integração e o aprimoramento artístico-cultural da comunidade interna e externa da UEMG, no Campus de Frutal, bem como deli-near um panorama do desenvolvimento da referida modalidade de canto no Brasil, por meio da pesqui-sa e extensão dos resultados obtidos tanto na forma de artigos científicos como em apresentações para a sociedade local.

De acordo com a coordenadora do projeto, a implantação de um grupo musical, sob a forma de coral, traz inúmeros benefícios para a comunidade acadêmica, pois o coral pode ser utilizado não ape-nas em eventos específicos da Universidade, mas também no calendário oficial do município.

“As atividades desenvolvidas pelo coral estimu-lam o desenvolvimento de habilidades e talentos que estão além das atividades cotidianas em sala de aula e da vivência diária no ambiente de trabalho. A participação em um Coral proporciona o desenvol-vimento das competências necessárias ao trabalho em equipe tais como: ajuda mútua, respeito às re-gras, aos limites e, principalmente, a consciência de que o resultado do todo é mais importante do que trabalhos isolados”, destaca Zanoni.

Direcionado para todos os segmentos da comuni-dade universitária – docentes, alunos, funcionários

e comunidade externa – a abrangência do projeto pode ser ampliada com a

adesão de grupos específicos da comunida-

eduardo uliaNa @eduardoulliana

de frutalense, como alunos do Ensino Fundamental e Mé-dio e demais pessoas que tenham interesse em aprender ou aprimorar o canto. Atualmente, o Coral é formado por 20 alunos, três professores da UEMG, além de alunos do Conservatório Municipal e membros da comunidade.

No currículo, o Coral já conta com três apresentações: a primeira no Fest UEMG 2010, a segunda na abertura do Seminário de Pesquisa e Extensão, realizado no ano passa-do no Centro de Eventos Iara Lins e a terceira na Semana da UEMG, que aconteceu entre os dias 27 e 30 de junho deste ano.

“Por enquanto, temos feito apresentações somente na Universidade, mas ainda este ano cantaremos novamente na inauguração do HIDROEX. Se algum coordenador qui-ser que o Coral faça a abertura das Semanas dos cursos, esta-mos a disposição. No futuro, pretendemos cantar em outros locais e levar a música tanto para a comunidade frutalense, como para demais comunidades”, comenta Zanoni.

Depois de exato um ano da criação do Coral, a co-ordenadora relembra as dificuldades e a persistência do grupo: “Foi tudo muito rápido. Não tínhamos maestro, repertório, nem o órgão. Falei com o professor de mú-sica Pablo Henrique e pedi se ele ensaiaria conosco. Só um detalhe: seria de graça. Ele aceitou. Faltava o órgão ou teclado. O aluno João Roberto Segovia Barbosa, do 6º período de Comunicação Social, emprestou o dele. Aí começamos a ensaiar e, em três semanas (três ensaios) estávamos, pela primeira vez, no palco, cantando Planeta Água e Andança. Com o auxílio da direção do Campus, pudemos adquirir um teclado para o Coral. A aquisição motivou ainda mais os integrantes do Coral”.

Em 2011, o projeto foi contemplado com uma bolsa de Extensão do edital PAEX. A alu-na Natália Coquemala, do 4º perío-do de Comunicação Social, é a bolsista do projeto. Além de ficar responsável pela agen-

da de ensaios, escolha de repertório e aplicar exercícios para aquecimento de voz e correção de postura, Natália participará do Seminário de Pesquisa e Extensão da UEMG, apresentando os resultados parciais obtidos com o projeto.

Ana Maria Zanoni diz que o repertório é escolhido pelos membros do Coral e pelo maestro. “Estamos numa fase ex-perimental, para compor o repertório. Então, sempre pro-curamos acatar a opinião dos integrantes.”

Os ensaios são realizados uma vez por semana, das 18h às 19h, na pré-aula, no Campus da UEMG. Nas semanas próximas às apresentações, os ensaios acontecem duas ou mais vezes na semana.

A coordenadora do projeto convida alunos, professo-res, funcionários da UEMG e a comunidade frutalense para participar do Coral. “Todos que gostem de viver, cantar e fazer o pú-blico sonhar, ainda que por segun-dos, com um mundo melhor, no qual o respeito, o auxílio mútuo e alegria de viver possam ser o repertório do cotidiano, es-tão convidados para fazer parte do Coral da UEMG”, finali-za Zanoni.

Page 5: Jornal 360 - 6ª edição

4 e 5 AGO/2011

3423-8360

assine

A origemA origem da palavra coro provém do grego choros e, segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, significa o conjunto de

cantores, em número mais ou menos considerável, que executa peças em uníssono ou várias vozes, com acompanhamento ou sem ele, sendo constituído por vozes mistas de soprano, contralto, tenor e baixo.

O canto em coro constitui uma das formas de interação social e de expressão artística que acompanha a humanidade desde os tempos mais remotos. No antigo Egito e Mesopotâmia, essa modalidade de canto vinculava-se aos cultos religiosos e às danças sagradas. Ao longo dos tempos, o termo Chóros foi usado para designar manifestações artísticas com diferentes sentidos. No Brasil, essa modalidade de canto surgiu no período colonial e foi influenciada pelos costumes e ideais da corte européia. Naquele período, os cânticos apresentados nas missas já eram elaborados para serem apresentados por grupos vocais.

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O Coral é formado por alunos, professores da UEMG, além de alunos do Conservatório Municipal e membros da comunidade.

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Fotos/Eduardo Uliana

De portas abertas

“Na campanha, você vai até a casa das pessoas e elas te recebem. Depois essas pessoas te procuram e você não está lá?”

Esta foi a frase da prefeita Ciça ao receber a equi-pe do 360 em seu gabinete e justificar o atendimen-to semanal ao público. Exceto pela presença dos re-pórteres, toda quarta-feira, desde o primeiro mês do primeiro mandato de Maria Cecília Marchi Borges é assim. As portas estão abertas para uma conversa com a população.

A atitude pode gerar pontos de vistas opostos. Al-guns dirão: ora, é uma perda de tempo a prefeita fi-

car uma manhã toda tratando diretamente com as pessoas, enquanto esse serviço poderia ser feito pelos seus assessores. Mas outro grande número de pessoas pensará: atitude bacana, sinal que ela se preocupa com cada cidadão, que não há uma banalização dos problemas.

Certa ou errada, a atitude é um risco. Ouvir um não diretamente da prefeita pode ser a pior coisa de quem necessita de soluções praticamente imediatas. Pode custar um voto. “Prefiro receber, dizer um não e assumir a responsabilidade, do que tratar os fruta-lenses com descaso” diz Ciça sobre as quartas-feiras.

A população chega cedo ao prédio da Prefei-tura. O relógio marca 7 horas da manhã, horá-rio em que cidade ainda boceja de sono, e uma pequena quantidade de pessoas já aguarda pela conversa com a prefeita.

As mãos que se esfregam uma na outra trans-mitem ansiedade, os olhos despertos caçam os detalhes do ambiente como forma de distração. Uns conversam entre si assuntos que vão desde problemas pessoais até banalidades sobre o tem-po, outros permanecem calados e esperam. Gente simples, que tenta se esquentar um pouco do frio-zinho nada comum que faz nesta quarta-feira.

Enquanto estava distraída em suas observa-ções a repórter é surpreendida. Uma cutucada no ombro. Uma mulher, que aparenta ter uns 43 anos, pede-lhe para que preencha um cupom. Inicialmente seu pedido é associado ao fato da repórter ter uma caneta em mãos, no entanto, mais tarde, constata-se que tem dificuldades com a escrita. Maria de Fátima Alves da Silva, como se chama, está ali em busca de um emprego. Ela prestou o concurso para gari, mas não alcançou boa colocação e por isso ainda não tinha sido chamada. “Não é a primeira vez que venho aqui, mas preciso tentar de novo”.

Quando os ponteiros completam o 38º mi-nuto depois das sete, Ciça chega. Traz consigo numa sacola algo parecido com pães, requeijão e outros alimentos que combinam com o café da manhã.

Alguns minutos depois, a secretária anuncia os nomes do primeiro grupo de pessoas que vai

entrar para falar com a prefeita. O caminho da-quela que pode ser tratada como sala de espera até o gabinete é pequeno, e antes de entrarem para a conversa, todas as pessoas são recebidas com um “bom dia” por Ciça.

No gabinete, todos sentam ao redor da mesma mesa. Acomodadas em vistosas poltronas alaran-jadas, a maioria estampa certo conforto em estar diante de quem elegeram. Não há hierarquia ou posição que destaque Ciça das outras pessoas. Não há seguranças. É um local organizado. Qua-dros de congratulações, retratos do governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia e do ex-pre-sidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda não cedeu seu lugar à presidente Dilma, fazem parte da decoração. As cores neutras, alguns quadros de pintura figurativa, as moções de aplauso, de agradecimento e de congratulação penduradas lado a lado são outros itens da decoração do lu-gar. Há também um pequeno altar, com vários santos, indicativo da devoção católica da prefeita, e orquídeas artificiais.

Quase sempre os atendimentos são feitos em conjunto, entretanto, há aqueles que preferem atenção exclusiva. Neste caso a prefeita se reti-ra para a parte externa do gabinete e atende ali mesmo.

Um a um, a prefeita ouve todos os presentes. Quando possível, faz ligações. Todos os seus as-sessores estão à disposição. Segundo ela, isso já é de praxe. Nas ligações, busca alternativas, mas nem sempre as pessoas saem com o problema to-talmente resolvido.

Cara a cara com o eleitor

Quarta-feira

O dia das reivindicações dos eleitores

07:30

10:10

Esse atendimento é mesmo necessário? A prefeita expli-ca: “Incomodava quando meu marido era prefeito e havia pessoas na frente da minha casa para pedir ou reclamar de alguma coisa. O lugar disso é aqui, na prefeitura.”Ciça afirma que é uma cidadã qualquer e quer ter liber-dade para suas atividades comuns. Gosta de andar de bicicleta todos os dias e de poder ir ao mercado sem que haja uma abordagem que cause algum transtorno: “É cla-ro que uma ou outra pessoa acena pra gente na rua ou no mercado. Eu converso, mas elas já sabem: toda quarta-feira o gabinete está aberto para exatamente isso. É uma diferenciação do profissional e do pessoal. Isso contribui na qualidade de vida.”E desde seu primeiro mandato o projeto foi estabelecido. Assim, por quarta-feira passam pelo gabinete, em média, 45 diferentes histórias.

A decisão de abrir as portas

Page 7: Jornal 360 - 6ª edição

7 AGO/2011

360

07:58 08:23

mariaNa Nogueira @maricotanog

rafael del giudice NoroNha @rafael_giudice

Priscila miNaNi @priiminani

09:41

Quase todos satisfeitos

As expressões que antes representavam ansiedade agora demonstram confiança. O ambiente criado é favorável para que ninguém sinta receio ou vergonha. A rotina é essa: a pessoa se senta ao lado da prefeita, fala sobre o que a trouxe ali e ouve algo, que pode até ser um não, mas que não signi-fica a desistência. Pelo contrário.

“Não é a primeira vez que eu venho, sempre fui muito bem recebida e saio sempre esperançosa. Sou cidadã antes de tudo e por isso acho justo vir até aqui” é o que diz a fun-cionária pública Joilma Nabor Gomes. O assunto tratado era relacionado ao seu trabalho.

Cada atendimento dura cerca de cinco minutos, tempo suficiente para desabafos, críticas e pedidos. Após o término de cada um, Ciça se levanta, dá um abraço ou um aperto de mão, deseja bom-dia e diz ao cidadão que vá com Deus. Este gesto se repetirá mais de quarenta vezes nesta manhã. Um gesto que talvez não resolva o problema, mas pelo menos conforta. Isso é notável nos olhos que brilham “à espera de um milagre”. Uns saem confiantes, outros angustiados. Não que tenham sido mal atendidos, mas não é possível agradar a todos.

Chega à vez de Dona Maria de Fátima. Ela diz que faz tempo que está desempregada. A prefeita explica: “a se-nhora precisa aguardar ser chamada, pois as vagas já estão preenchidas”. A conversa termina. Dona Maria sai da sala sem uma solução, mas ainda assim com um sorriso no rosto. Questionada, diz: “faltam coisas na minha casa e o sustento é difícil, mas eu não posso perder a esperança”.

Lá dentro, as visitas continuam até que um telefonema interrompe. É uma funcionária da prefeitura dando a in-

formação de que há 20 pessoas à frente de Dona Maria. Ou seja, não há muito que fazer por ela.

Nem tudo são flores neste dia de audiências entre a po-pulação e a primeira prefeita frutalense. Dionéia Sousa é o nome da exceção encontrada nesta manhã. A mulher, que diz ser trabalhadora e não ter um local para morar, preten-de invadir um terreno, pois não é a primeira vez que recor-re às quartas-feiras para tentar resolver seus problemas, mas “há uma enrolação e nada acontece”.

Ciça se defende: “Eu não vou conseguir sanar 100% da questão habitacional, mas ela não saiu aqui sem alguma al-ternativa. A Dionéia nos pediu alguns materiais de constru-ção. Agora, iremos analisar a situação para ver se é possível. Não é questão de enrolar, existe toda uma filtragem que é feita por uma assistente social.” A prefeita ainda alerta para a possível invasão: “Se isso acontecer, tem a fiscalização. A pessoa acaba se complicando ainda mais, pois há uma série de argumentos judiciais.”

Muitos vão até o gabinete pedir um emprego e é o que Maria Conceição Pereira faz pela segunda vez. Há três anos Pereira foi até a prefeitura e fez o pedido, mas não foi aten-dida, agora ela volta até o local na perspectiva de que, dessa vez, consiga uma colocação no mercado de trabalho.

Além da busca por trabalho há outras questões, algu-mas bem sérias. Na manhã desta quarta-feira nublada uma jovem de dezoito anos acompanhada de sua mãe faz um apelo: após sofrer agressões do marido, saiu da casa onde morava com o parceiro e precisa de um emprego para sus-tentar os dois filhos pequenos que tem, apesar da pouca idade.

Quando deixar o cargoA prefeita está em seu segundo man-dato, portanto, em pouco menos de dois anos, deixará o cargo. E virá mais política ou deixará de lado essa vida? Ciça analisa as ideias ainda e finaliza completando sobre as próximas elei-ções: “Eu tenho uma sobrinha que é formada em moda. Ela desenha muito bem. A gente pensa em abrir algo aqui para explorar esse talento dela, mas ainda não sei. Acredito que vão existir algumas vagas na política, mas temos que esperar acontecer” conclui.

Page 8: Jornal 360 - 6ª edição

8 AGO/201136

0Cai pra dentro!

UFC: o esporte que surgiu ao acaso e nocauteou o boxe

rafael del giudice NoroNha @rafael_giudice

Qual a melhor maneira de definir se alguma coi-sa é melhor que a outra sem as comparar, através dos fatos? Não é possível, a comparação é inevitá-vel. Desse modo, uma família brasileira, que pode ser intitulada um pouco fora do normal, abriu as portas da sua academia de lutas e disse: “Podem vir, lutamos com qualquer um!”

Ok. É verdade que não foi exatamente desta maneira que aconteceu, mas o UFC nasceu a par-tir desta ideia de Rorion Gracie. A de saber qual luta era a melhor de todas. Especialistas em jiu-jitsu brasileiro, os membros da família Gracie lançaram no ano de 1993 o “Desafio Gracie”. Todo e qual-quer lutador que se julgasse especialista no seu es-tilo de luta poderia desafiar um membro da família ou algum atleta da academia. Haveria a luta, com algumas regras, mas cada um ao seu estilo.

Por mais estranha que pudesse parecer, a idéia dos Gracie despertou interesse em um grupo de entretenimento que acabou por realizar o torneio, que mais tarde ficaria conhecido como o UFC 1. Não havia diferença de peso. Um tailandês que pesasse 70kg e lutasse kickboxing, poderia enfren-tar um japonês especialista em sumô, com mais de 100kg.

Ao final do torneio, o campeão: o brasileiro Royce Gracie, utilizando as técnicas do jiu-jitsu, venceu seus adversários. Royce acabou conquis-tando três dos quatro primeiros torneios. E o prin-cipal motivo deste resulltado é porque os outros lutadores não davam valor à luta de solo. Assim, o brasileiro os derrubava para depois os finalizar. Es-sas vitórias acenderam o alerta: o essencial não era ser faixa preta em uma categoria, e sim saber lutar tanto em pé, quanto no chão.

Os eventos, que eram realizados nos Estados Unidos, vinham crescendo de maneira inesperada e aleatória. Era para ter acontecido apenas o UFC 1, mas o negócio se tornou rentável e as assinaturas em pay-per-view para assistir às lutas eram uma ma-neira de lucrar com o surgimento do novo esporte, que ia sendo lapidado, com regras, juízes e outras coisas mais, para que os opositores – que eram mui-tos – deixassem de pressionar os organizadores.

O sucesso dos eventos começou a mostrar efeitos, tanto positivos, quanto negativos. Se por um lado os produtores do evento, de ma-neira até desnecessária, faziam questão de di-vulgar que não havia restrições nas lutas, o que impressionava e atraía as pessoas, por outro, o evento era visto como algo ruim. John McCain, senador americano e futuro candidato à presi-dência, chegou a classificar a luta como briga de galo.

Os olhares negativos dificultavam os negócios para a venda de pay-per-view e até mesmo para a realização das lutas. As dificuldades aumenta-ram até que o UFC decidiu acatar e submeter-se às ordens e às regras impostas pela junta direti-va de atletismo de New Jersey.

Após este período turbulento, o UFC se des-ligou da primeira empresa de entretenimento a investir no esporte, – a SEG, que passava por dificuldades financeiras – e foi comprado pela Zuffa, que tinha como presidente o ex-lutador de boxe amador, Dana White.

O primeiro evento promovido pela Zuffa foi o UFC 30, no ano de 2001. O acontecimento marcou a volta ainda mais forte do esporte para a mídia, tanto no pay-per-view quanto na produ-ção de vídeos caseiros.

Os opositores e a mídia

A popularização do UFC e o nocaute no boxe

Dana White, presidente do UFC, tinha uma mis-são: popularizar o esporte e diminuir a imagem de lu-tas brutais, cheias de sangue. Parafraseando o filme de José Padilha, missão dada é missão cumprida.

Ao longo dos anos, mesmo com as turbulências vi-vidas, o UFC foi se estruturando. Criou regras, deter-minou o espaço e a duração das lutas, e tomou o lugar do boxe na preferência do telespectador. Hoje, já não se fica mais à frente da TV nas madrugadas para assistir a um combate de boxe. Assiste-se ao UFC.

Éder Jofre, lendário bicampeão mundial de boxe, re-conheceu o declínio do pugilismo, em entrevista conce-dida ao SporTV no dia 2 de fevereiro de 2011: “do jeito que eu estou vendo, o boxe não tem muito futuro não.”

Nesta mesma data, o idealizador de “O Desafio Gra-cie”, Rorion Gracie, polemizou: “Quando criei o UFC sabia que acabaria com o boxe. Quem vê uma luta de UFC não se impressiona mais com o boxe.”

Cabe aqui citar as diferenças entre as categorias. No boxe, a luta acontece no ringue, enquanto que no UFC os combates são no octógono. Os pugilistas po-dem atacar uns aos outros apenas com os punhos e na linha acima da cintura. No UFC são permitidos socos, chutes, cotoveladas e até a finalização do oponente no chão. Os rounds também são diferentes. No boxe, o número chega a 12. No UFC, são disputados no máxi-mo 5 rounds.

UFC Rio

As lutas, principalmente as que contam com grandes nomes do esporte, se tornaram um grande espetáculo. O montante de dinheiro que gira em torno de um evento é gigante.

O Brasil, que agora é o país da moda em sediar eventos esportivos, receberá os melhores lutadores do mundo no próximo dia 27. A principal atração do evento é Anderson “Spider” Silva. O brasileiro enfrentará o japonês Yushin Okami, que foi o último lutador a derrotar An-derson, mesmo que esta vitória tenha sido após um golpe ilegal do brasileiro.

Além de Anderson, o evento terá a participação de outras feras brasileiras, como Mauricio Shogun e Minotauro. As lutas serão transmitidas ao vivo pela RedeTV!

Se você ainda tem dúvidas se vai assistir ou não, aqui está a palavra do presidente, Dana White: “Eu estive em todas. Eu estive nas finais da NBA, estive no Super Bowl, a decisão do campeonato de futebol americano. Assisti aos jogos da segunda fase e às grandes lutas. Não acho que esporte algum possa se comparar a uma final do Ultimate Fighting Championship.”

Page 9: Jornal 360 - 6ª edição

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AGO/2011

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Cultura do Oiapoque ao Chuí em um só lugar

Século XXI, era da tecnologia. Tudo gira em torno da internet, dos robôs, dos videogames, dos carros modernos, da interatividade. Esse chamado mundo civilizado nos remete aos grandes centros, com destaque para a industrialização do estado de São Paulo. Os paulistanos de “r” sutil, nem pare-cem morar no mesmo estado que os interioranos de “r” marcado. No sul, a Idade também é Con-temporânea, mas os gaúchos são conservadores. Os donos dos invejáveis olhos claros apreciam o

bom e velho chimarrão, além do churrasco. Em seu vestuário charmoso à européia há a presença do traje conhecido como Bombacha, que dá um ar mais campestre a região. É o “Tchê” do Brasil.

Do outro lado do território nacional, tem-se como representativo do Norte a castanha-do-pará. Envolta por uma casca grossa e um de sabor terro-so, caracteriza a personalidade do povo daquela re-gião, que tem os pés no chão e trabalha duro, mas que esbanja alegria e sensualidade. Por falar em

trabalho duro e alegria, isso lembra nordestino. Ô povo arretado! Um sotaque chiado na pronúncia do “ch”, “x” que engraça a quem ouve. Por fim, o centro-oeste do país. Cenário do Complexo do Pantanal, abriga uma diversidade de fauna, flora e cultura com características muito próprias.

Já se pode perceber que o Brasil é legítimo re-presentante da variedade cultural, mas que tal jun-tar um pouquinho de cada canto do país num só lugar?

3423-8360

assine

Festival do Folclore de OlímpiaPriscila miNaNi @priiminani

Fotos/Priscila Minani

O FestivalAno de 1965. Olímpia, município do in-

terior do estado de São Paulo. Aos 28 anos de idade, o Professor José Sant’anna no-tou durante o desenvolvimento de sua ati-vidade pedagógica um interesse pelo cam-po do folclore. Pesquisou, empenhou-se e promoveu o primeiro Festival do Folclore. No início, tratava-se de um evento peque-no e simples. Mas não demorou muito para tomar dimensões nacionais e ganhar prestígio até mesmo internacional, trans-formando Olímpia na Capital Nacional do Folclore. Grupos de norte a sul do país deslocam-se até o município interiorano, trazendo a cultura do seu lugar de origem através de danças e interpretações.

Desde 1999 o festival não conta mais com o seu idealizador, mas a importância de conservar essa manifestação de cultura fez com que a comissão organizadora o le-vasse adiante. Hoje o comando do evento é feito pela Coordenadora Cidinha Man-zolli, que sempre esteve ao lado do Profes-sor José Sant’anna.

O Festival acontece durante sete dias, no Recinto de Atividades Folclóricas e ho-menageia um estado por ano. Esse ano foi a 47ª edição, tendo como estado tema o Rio Grande do Norte, com destaque para a simbologia do Galo da Madrugada e para o Grupo Pastoril Dona Joaquina de São Gonçalo do Amarante. Além de o grupo estampar o cartaz oficial do Festival, o es-tado homenageado prepara um pavilhão

com artesanato, culinária típica e apresen-tações de artistas que representam a cultu-ra do lugar.

“O Festival do Folclore de Olímpia é uma oficina de conhecimento e aprendi-zado”. As palavras de Daiane Strabelli, do Grupo Universitário de Danças Parafolcló-ricas “Fogança” de Maringá – PR, demons-tram a importância que tem essa festa. O contato com os grupos, a oportunidade de aprender sobre os costumes do Brasil todo é o mais gratificante para Priscilla Santos, também do “Fogança”.

E quando se diz Brasil todo, não é à toa. Ana Regina Goulart faz parte do Gru-po de Manifestações Culturais Mayaná, do estado do Pará e viajou três dias para se apresentar no Festival: “acho muito orga-nizado, nos traz novas experiências e vale muito à pena vir de tão longe”.

Durante a semana, há 320 apresenta-ções que encantam um público de apro-ximadamente 120 mil pessoas, entre olim-pienses e turistas. É mais que o dobro da população da cidade. O festival reflete também na economia local, até porque o evento não se limita aos 96. 00 m² de área do Parque de Atividades Folclóricas. Há apresentações na Praça da Igreja Matriz de São João Batista e no último dia de festa, um desfile de encerramento na principal avenida da cidade. Assim, no decorrer dos sete dias, Olímpia se torna o foco da cultu-ra folclórica nacional.

O folcloreE agora, aquele momento “você sabia”...A palavra FOLCLORE vem do inglês e se desmembra em

Folk (povo) mais Lore (saber), significando assim, “Sabedoria do Povo”.

A expressão engloba a tradição, os costumes, as crenças, os mi-tos, as lendas. Folclore representa as histórias e acontecimentos que caracterizam um povo, pois cada grupo é singular e tem muito a aprender e ensinar.

Quem nunca ouviu falar do Curupira, o menino do cabelo de fogo que tinha os pés para trás?

E da Mula sem Cabeça, do Boitatá, da Iara, do Boto cor-de-rosa, Lobisomem?

E o Saci-Pererê? Ah... Esse não tem como esquecer!O folclore fez parte, principalmente, da infância das gerações

passadas. Sem muitas opções de lazer e com a contribuição da vida no campo, as famílias se reuniam para ouvir e contar histórias, e deixar florescer a imaginação o que permitiu que elas perduras-sem até hoje. Assim, o que o Festival do Folclore tenta fazer é man-ter viva essa tradição a fim de que as próximas gerações possam compartilhar a cultura de cada povo.

Page 10: Jornal 360 - 6ª edição

10 AGO/201136

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Por lausamar humberto

Ponto Crítico

Todo mundo sabe que a educação brasileira vai muito mal, e que sem ela não será possível ao Brasil ter um processo de desenvolvimento susten-tado que nos permita chegar ao clube dos países desenvolvidos, com maior igualdade social e qualidade de vida. O surpreendente é que a maioria das pessoas acha que esse problema só afe-ta o outro, e que a escola do seu filho é muito boa. Assim, vemos a seguinte aberração: em pesquisa do Inep, ór-gão ligado ao Ministério da Educação, a nota média que os pais dos alunos das escolas públicas brasileiras deram à qualidade do ensino de seus filhos foi de 8,6. Mas a nota média real das escolas brasileiras, no último ano do Ensino Fundamental, é 4,0 – ou me-nos da metade da qualidade percebi-da pelos pais.

Essa nota se chama IDEB. É um ín-dice idealizado por este articulista em livro de 2004 e adotada pelo MEC em 2007. Cruza o aprendizado das crian-ças, medido através de uma prova de

conhecimentos, chamada Prova Bra-sil, com a taxa de aprovação da escola. Toda escola pública brasileira tem um IDEB, em escala que vai de 0 a 10. Mas o índice é quase que totalmente desco-nhecido pela sociedade. Até dentro das escolas, 47% dos coordenadores peda-gógicos não conhecem o IDEB, segun-do pesquisa recente.

Esse desconhecimento gera uma satisfação ilusória: achamos que nossa Educação está muito melhor do que realmente está. E essa satisfação gera imobilismo, inércia. Essa apatia, por sua vez, tem conseqüências nefastas. No nível micro, faz com que os pais se envolvam menos do que deveriam com a vida escolar de seus filhos, e não gera, dentro da escola, nenhuma pres-são por melhorias, e nem o diagnóstico de onde as coisas não vão bem e devem melhorar. No nível macro, a apatia da população faz com que nossas lide-ranças não se interessem pela geração de políticas públicas que garantam o essencial: educação de qualidade. Os

mal-intencionados se utilizam desse desconhecimento para usar a Educa-ção para outros fins. E mesmo os bem intencionados se sentem tolhidos pela indiferença: é difícil propor reformas radicais no setor quando a população não a demanda, e o diálogo sobre a Educação acaba sendo dominado pela corporação do setor.

Para começar a romper esse qua-dro de inércia, venho propondo o que chamo de “IDEB na Escola”: fazer com que toda escola exiba, ao lado de sua porta principal, uma placa de grandes dimensões com o IDEB daquela esco-la. Só isso: dar aos pais e à comunidade escolar o direito de saber, de manei-ra objetiva, como anda aquela escola. Para que os profissionais exitosos – e há muitos grandes professores e diretores por esse Brasil afora – sejam reconheci-dos e para que as escolas em dificulda-de possam ser ajudadas e demandadas. As placas foram criadas pela equipe de Nizan Guanaes e estão à disposição para download no site www.idebnaesco-

la.org.br. O IDEB na Escola já foi adotado

em vários estados e municípios bra-sileiros, apesar de ter sido divulgado há apenas dois meses em minha co-luna na revista Veja, e um projeto de lei já tramita no Congresso Nacional. Em Minas, já tramita como projeto de lei estadual do deputado Marques Abreu. Apesar de a colocação das placas poder ser realizada por decre-to do Poder Executivo, é importante que ela seja fruto de aprovação do Legislativo, para que tenha maior representatividade e também estabi-lidade, para que o decreto de um go-vernante não seja cancelado por seu sucessor.

Se você é a favor da transparência e do aprendizado, não delegue essa responsabilidade a terceiros: não custa mais do que cinco minutos li-gar pro seu deputado e vereador e defender que essa medida seja im-plementada aqui. Seus filhos e netos agradecerão.

IDEB na entrada da escola: por quê?:

Gustavo Ioschpe – economista, especialista em educação e colaborador da revista Veja.

gustavo ioschPe @gioschpe

Page 11: Jornal 360 - 6ª edição

11AGO/2011

360

A primeira, segunda e terceira vistas São Paulo é uma cidade assustadora-mente grande, especial-mente para uma pessoa que sempre morou em cidades pequenas e longe de capi-tais. Estar em São Paulo é presenciar ao vivo, e não em fotos de jornais ou cenas de telejornais, a violência ur-bana explícita: pessoas mo-rando embaixo de viadutos, usuários de crack, trânsito caótico. E ver gente, muita gente. Pessoas de todos os cantos do mundo.

São Paulo é terra das di-versidades e quantidades. De acordo com o Censo 2010 realizado pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – a população da cidade é de onze milhões de habitantes. Fazendo uma comparação desleal, São Paulo tem 210 vezes a população de Frutal. Dá pra imaginar o que isso significa? Como diz a mú-sica da banda Engenheiros do Hawaii “esta São Paulo são tantas cidades”.

Na primeira impressão,

Todo

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“Alguma coisa aconteceu no meu coração...”“E na medida do impossível / Tá dando pra se viver / Na cidade de São Paulo... “ Rita Lee

mariaNa Nogueira @maricotanog

Uma caipira na capital econômica do Brasil.

a terra da garoa amedronta. Mas com o tempo, seduz a todos. É praticamente im-possível andar por ‘Sampa’ sem ver algo que apaixone. Pode ser o Mercadão Muni-cipal e as frutas e legumes mais bonitos e vistosos do que todos que já vi, e com o sanduíche de pão e morta-dela do Hocca Bar, primeiro bar do Mercadão, que é uma verdadeira falta de educa-ção, pelo tamanho e sabor; a Avenida Paulista com seus portentosos e intimidantes arranha-céus; os museus como o MASP – Museu Arte de São Paulo Assis Chateau-briand –, o Museu Paulista da USP, conhecido como Museu do Ipiranga por tra-zer em seu acervo peças do período Imperial; as igrejas históricas, como a Catedral Metropolitana de São Pau-lo - a conhecida Catedral da Sé - e o Mosteiro de São Bento com sua construção de mais de 400; a Estação da Luz, que antigamente era a principal entrada na cidade e hoje abriga uma estação ferroviária que liga São Pau-

lo a outras cidades como Jundiaí e Indaiatuba e que tem, próximos, o Museu da Língua Portuguesa e a Sala São Paulo.

Há pontos inescapáveis em uma visita à São Paulo. O bairro da Liberdade é encantador com suas carac-terísticas orientais e conta com diversos restaurantes japoneses, chineses e corea-nos. O Bom Retiro é o canti-nho das compras. Centenas de lojas espalhadas na famo-sa Rua José Paulino trazem para a cidade lojistas e pes-soas interessadas em com-prar muito gastando pouco. Destas ruas de compras a 25 de março é a mais famosa, com seus camelôs e as va-riações de réplicas de todas as marcas existentes. Na 25, tudo que se pode imaginar existe para vender. A Gale-ria do Rock concentra os ro-queiros e apaixonados por música. Ali é possível com-prar discos de vinis raros, encontrar artigos de bandas e ainda fazer uma tatuagem, para surpreender a família na volta pra casa.

São Paulo tem todos os encantos dos quatro cantos do mundo. E essa fórmula secreta de motivar paixões arrebatadoras pela cidade está na diversidade cultural de seu povo. Em todos os lugares que fre-quentei vi pessoas diferentes que adotaram a cidade como lar. São orientais, latinos, europeus, africanos. Em São Paulo todos os povos se encontram enriquecendo a ci-dade com as mais variadas tradições.

A maior variedade, óbvio, é de brasilei-ros. Que vêm de todos os lados. Pessoas que saem de suas cidades em busca de um sonho chamado “São Paulo”. Melhores em-pregos, universidades de qualidade e opor-tunidades de crescimento são os principais motivos pelos quais muitos deixam casa e família para trás. Muitos vêm pra não mais voltar, constroem suas vidas aqui. Outros se perdem pelos caminhos e acabam vi-vendo à margem da sociedade.

Uma cidade gigantesca com problemas gigantescos. A cidade enfrenta questões como o desemprego, a falta de moradia, a deficiência na saúde e na educação, trans-porte público insuficiente, assim como mi-lhares de outras cidades Brasil afora, só que aqui em proporções colossais.

Mas mesmo com todos os prós e con-tras, São Paulo é um oásis pulsante de vida. Há vida 24 horas por dia, sete dias por semana, nos 365 dias do ano. São mi-lhões de pessoas que dividem o título de paulistanos sem ao menos se conhecer ou se cumprimentar e que tornam esta cidade única. Não há motivos para temer a gran-diosidade de São Paulo. A cidade que não dorme nunca cativa e conquista.

Água Rasa, Altos de Pinheiros, Anhanguera, Jardim Angela, Mandaqui,Belém, José Bonifácio, Bom Retiro, Lapa, Brás, Aricanduva, Cabumci,Liberdade, Limão, Butantã, Cachoeirinha, Jardim São Luís, Brasilândia, Jaraguá,

Jardim Helena, Jardim Paulista, Barra Funda, Artur Alvim, Vila Curuçá,

Marsilac, Mooca, Campo Belo, Campo Grande, Parelheiros, Morumbi,Campo Limpo, Cangaiba, Parque do Carmo, Capão Redondo, Pedreira, Pari,

Carrão, Cidade Ademar, Penha, Casa Verde, Perdizes, Perus, Sacomã,Cidade Tiradentes, Cidade Dutra, Cidade Lider, Pinheiros, Pirituba, Jaçanã,

Cursino, República Ermelino, Ponte Rasa, Consolação, Raposo Tavares, Iguatemi,Guaianases, Santana, Moema, Santo Amaro, São Lucas, Itaim Bibi,Matarazzo, Rio Pequeno, Freguesia do Ó, Grajaú, Santa Cecília, Tatuapé,Itaim Paulista, Ipiranga, São Rafael, São Mateus, São Miguel, Tremembé,

Itaquera, Sapopemba, Saúde, Socorro, Vila Maria, Tucuruvi, Vila Sônia, Vila Guilherme, São Domingos, Vila Prudente, Jacuí,Vila Medeiros, Vila Andrade, Vila Formosa, Lajeado, Jaguara,Sé, Vila Leopoldina, Vila Mariana, Vila Matilde, Jabaquara.Sã

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Avenida Paulista, coração financeiro de São Paulo

Estação da Luz

Mercado Municipal

Na rua 25, você encontra de tudo, até Najas gigantes

Estátua Viva

Page 12: Jornal 360 - 6ª edição

@ogalber A filha para o pai, depois do vestibular: Sabe da última? Sou eu.

@revistabula “Jornalismo é a arte de escrever em vol-ta de anúncios”.

@microcontoscos Comi um McArgentina. A sensação é de estar com o rei na barriga.

@os_vigaristas Se somos o que comemos, o que será que servem no Senado?

@inteligentevida Quem quer, arruma um jeito. Quem não quer arruma uma desculpa.

@OCriador Maria Madalena sempre dizia: andar sobre as águas é moleza, quero ver Jesus caminhar com um salto de 15cm.

@Os_Vigaristas Não basta ser pobre, tem que deixar o controle da TV, o sofá e o banco do carro com o plás-tico.

@cacarosset O Twitter está para a literatura, assim como o Miojo está para a gastronomia.

@tiodino Fígado é resgatado d avião em chamas e transplantado em paciente. Se aguenta até fogo, imagina o que não faz com 1L de Velho Barreiro!

@IroniaSA “A felicidade não bate a minha porta. No máximo ela aperta a campainha e sai correndo.”

@AnonimoFamoso “4 palavras mais importantes em um relacionamento: eu lavo os pratos.”

@SabioBrasileiro Se tempo fosse mesmo dinheiro, reló-gio seria caixa-eletrônico.

@nao_sabemos Uma sociedade atinge seu nível mais baixo e rasteiro quando aceita passivamente a trocar heróis por “famosos”.

@Carpinejar Gordo - aquele que repete quando não gosta, para dar uma segunda chance.

@rafew_vilela Fortes emoções em Malhação. Preciso de um marca-passo agora.

@siaht chances de um ateu acreditar em Deus: numa discussão com crente 0%, atrasado pro trabalho 20%, qd não estudou pra prova 60%, vendo futebol 100%.

@pedreiro_online GATA, VOCÊ NÃO É O CICLOPE DO X-MEN MAS TEU OLHAR ME DERRETEU, SUA LINDA.

@porracaio minha mae chega e grita: KD MEU BB LINDO DA MAMAE????? ai eu falo TO AQUI MAE LAVEI A LOUÇA ARRUMEI A.. Aí ela diz: TO FALANO COM O CACHORRO OK.

@gduvivier Dia útil é uma coisa muito subjetiva.

@aperteoalt Dinheiro pode não ser a resposta pra tudo, mas pelo menos evita um monte de perguntas.

@Deeercy A vida é muito curta pra reiniciar o compu-tador só pq o antivírus pediu.

@sensacionalista Dilma será garota-propaganda de Veja Limpeza Pesada.

@FabioGuere O que faz um homem ser romântico não é um bouquet de rosas colombianas, e sim os R$600 que elas custam.

@rodflores Dica do dia: só use ‘caos’ e ‘caótico’ quando realmente for o caso. E quase nunca é.

@FilhoDoOCriador Não tweet alto a sua felicidade, os invejosos também te seguem no twitter. #Amem.

@pollyanaferrari “Em outras palavras, imaginação é a capacidade de distanciamento do mundo dos objetos e de recuo para a subjetividade própria” (Flusser)

@RenataLocutora O Bom das redes sociais é que es-tamos todos sozinhos, mas pelo menos somos sozi-nhos juntos.

@nayaragonzalez Eu achando que minha vida tá di-fícil, mas e o Toquinho, que tá fazendo parceria com Paulo Ricardo?

TwittadasInteligência, humor, mau-humor, lirismo,

cinismo e acidez em 140 caracteres

AGO/2011

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Os intelectuais sempre esnobam os meios de massa, a mídia, e depois ficam chorando miséria. Eu, não. Um dia desses vou me sentar aqui neste computa-dor e escrever um livro de horário nobre.

Já já a televisão brasileira enfrentará terríveis dificul-dades – como já esgotou o estoque de tolices, vai ter que apelar para a inteligência.

TVMillôr por Millôr

Só no dia em que começaram a pagar bem pelo que eu escrevia comecei a aceitar que era rico de ideias. Bem, rico não, remediado de ideias.

De uma coisa estou certo: sou bem pior do que os melhores – mas um pouquinho melhor do que os piores.

360

Brasília

Brasília é o desnecessário tornado irreversível.Em Brasília o vento que passa, / os perfumes que chegam com a primavera, / a própria prima Vera, / tudo que se vê, se sente e se respira, / conspira.

Millôr FernandesMillôr Fernandes é o maior escri-tor brasileiro vivo. E que se diga isso rápido, afinal ele completou 88 anos dia 16 e anda meio adoentado. Calma, a frase não é de mau-gosto ou de mau agouro. Millôr a assinaria, sem problema. O grande humorista não se leva a sério.Escrevesse numa língua civilizada, Millôr seria dos maiores escrito-res do mundo. A opinião é de Paulo Francis. Para o crítico Fausto Cunha é “um dos poucos escrito-res universais que possuímos”.Nesta edição o Galhofa faz uma homenagem a este mestre. Todos os textos são do guru do Meyer.

Imprensa

Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos & molhados.

Imprensa falada – que besteira! Quer dizer que eu sou o rádio escrito?

Opinião pública é a que se publica.