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ESTRADA DE S. MAMEDE, 7 — 2705-637 S. JOÃO DAS LAMPAS • PUBLICAÇÃO PERIÓDICA BIMENSAL • ANO I • JANEIRO DE 2006 • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 02 (ler nas págs. centrais) Editorial 2006 adivinha-se um ano... bom! Dizemos nós, que sem razão aparente, decidimos que este ano haveria de correr bem. E porque não? Janeiro de eleições, Fevereiro de Carnaval, Março de Prima- vera e Abril... de 25. As perspectivas não poderiam ser melho- res. E não são, de todo, iguais às do início do ano anterior, não! Porque existe uma continuidade e simultaneamente ideias que se renovam, que se aperfeiçoam e dão origem a novos projec- tos. Como é que uma data representa tanta predisposição? Não representa, é outra vontade mas o facto de podermos e querer- mos acreditar leva-nos a uma simpática sensação de conforto e confiança, desprendidos de qualquer pressão. E tu que dizes? Porque não deixar a tua opinião na próxima edição do Con- trapontos? Poder-se-ia começar por aí. O sentido crítico é sem dúvida um indicador do carácter de cada um e um impor- tante factor de comunicação e da vida em sociedade. Uma opinião, um pensamento, uma ideia, uma informação ou não seria este um jornal feito por ti e para ti. Ainda em estado embrionário, talvez uma exposição em Abril sobre a revolução, talvez uma actividade na Páscoa em fotografia, talvez um qualquer espectáculo de teatro... E a Feira do 31 que começa a convidar os dias de Sol da Prima- vera. Que bom será podermos assitir a uma feira em Fontane- las e senti-la como um evento! A 3pontos deixa aqui o convite à atitude! Oferecendo e agradecendo a sua disponibilidade. FEIRA DO 31 Realizou-se no passado mês de Dezembro a I. a Feira do 31, organizada pela 3pontos, em Fontanelas. Artesanato, produtos biológicos, produtos locais e muita animação. A feira realiza-se todos os primeiros sábados dos meses com 31 dias. As próximas datas apontam para os dias 4 de Março, 6 de Maio e por aí adiante... Todos os interessados a participar deverão entrar em con- tacto com a 3pontos. Entrevista com Vasco Castro Conversar com Vasco é como abrir um enorme livro de histórias, cujo desfecho é imprevisível. Os enredos das vivências multifacetadas do mais conceituado cartoonista português, que também é escritor (ou vice-versa), sucedem-se em cadeia. O que não é de estranhar... Desde a infância em Vila Real, até ao actual retiro em Fontanelas, que já dura há 22 anos, sem nunca esquecer as aventuras da juventude em solo parisiense, este é um homem que conhece o prazer de estar vivo. Aos setenta anos, guarda na memória as linhas que ditaram o seu rumo artístico e o lançaram para as páginas dos principais títulos da imprensa nacional e estrangeira, mas também, as peripécias por detrás de uma militância política activa que marcou uma época, sobretudo com a sua participação na revolta estudantil de Maio de 68.

Jornal Contrapontos

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Jornal de expressão livre e criativa, tem como temas dominantes a Arte, o Ambiente e a Cultura. Visa dar voz à sociedade civil sintrense e não só, através de textos, fotografias, desenhos, etc. Este projecto corresponde a um núcleo de trabalho da Associação 3pontos

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Page 1: Jornal Contrapontos

ESTRADA DE S. MAMEDE, 7 — 2705-637 S. JOÃO DAS LAMPAS • PUBLICAÇÃO PERIÓDICA BIMENSAL • ANO I • JANEIRO DE 2006 • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

02

(ler nas págs. centrais)

Editorial2006 adivinha-se um ano... bom! Dizemos nós, que sem

razão aparente, decidimos que este ano haveria de correr bem.E porque não?

Janeiro de eleições, Fevereiro de Carnaval, Março de Prima-vera e Abril... de 25. As perspectivas não poderiam ser melho-res. E não são, de todo, iguais às do início do ano anterior, não!Porque existe uma continuidade e simultaneamente ideias quese renovam, que se aperfeiçoam e dão origem a novos projec-tos. Como é que uma data representa tanta predisposição? Nãorepresenta, é outra vontade mas o facto de podermos e querer-mos acreditar leva-nos a uma simpática sensação de conforto econfiança, desprendidos de qualquer pressão. E tu que dizes?

Porque não deixar a tua opinião na próxima edição do Con-trapontos? Poder-se-ia começar por aí. O sentido crítico ésem dúvida um indicador do carácter de cada um e um impor-tante factor de comunicação e da vida em sociedade. Umaopinião, um pensamento, uma ideia, uma informação ou nãoseria este um jornal feito por ti e para ti.

Ainda em estado embrionário, talvez uma exposição emAbril sobre a revolução, talvez uma actividade na Páscoa emfotografia, talvez um qualquer espectáculo de teatro... E aFeira do 31 que começa a convidar os dias de Sol da Prima-vera. Que bom será podermos assitir a uma feira em Fontane-las e senti-la como um evento!

A 3pontos deixa aqui o convite à atitude! Oferecendo eagradecendo a sua disponibilidade.

FEIRA DO 31

Realizou-se no passado mês de Dezembro a I.a Feira do 31,organizada pela 3pontos, em Fontanelas.

Artesanato, produtos biológicos, produtos locais e muitaanimação. A feira realiza-se todos os primeiros sábados dosmeses com 31 dias. As próximas datas apontam para os dias4 de Março, 6 de Maio e por aí adiante...

Todos os interessados a participar deverão entrar em con-tacto com a 3pontos.

Entrevista com Vasco CastroConversar com Vasco é como abrir um enormelivro de histórias, cujo desfecho é imprevisível.Os enredos das vivências multifacetadas do maisconceituado cartoonista português, que tambémé escritor (ou vice-versa), sucedem-se em cadeia.O que não é de estranhar... Desde a infância emVila Real, até ao actual retiro em Fontanelas,que já dura há 22 anos, sem nunca esquecer asaventuras da juventude em solo parisiense, esteé um homem que conhece o prazer de estar vivo.Aos setenta anos, guarda na memória as linhasque ditaram o seu rumo artístico e o lançarampara as páginas dos principais títulos da imprensanacional e estrangeira, mas também, as peripéciaspor detrás de uma militância política activaque marcou uma época, sobretudocom a sua participação na revolta estudantilde Maio de 68.

Page 2: Jornal Contrapontos

Centro Cultural Olga CadavalPç. Dr. Francisco Sá Carneiro — SintraTelef.: 21 910 71 10Ciclo de cinema Juventude Inquieta

A relação entre os jovens e o cinema é omote do ciclo «Juventude Inquieta», quedurante o mês de Janeiro exibe no CentroCultural Olga Cadaval, em Sintra, filmesprotagonizados por rebeldes com e semcausa.A partir do título português do filme 1983de Francis Ford Coppola, «Rumble Fish»(«Juventude Inquieta»), a Associação Zeroem Comportamento e o Centro OlgaCadaval organizaram um ciclo de cinemaque arranca no próximo dia 20 com«A Rapariga Santa», escrito e realizadopela argentina Lucrécia Martel, com MariaAlche e Carlos Belloso.Em «A Esquiva», exibido dia 21, a lente dorealizador Abdel Kechiche capta a realidadedos bairros sociais franceses e a educaçãosentimental de um grupo de jovens queensaiam uma peça de Marivaux.A viagem de mota pela América Latina deErnesto Guevara, antes de ser «Che», retra-tada pelo realizador brasileiro WalterSalles, com Gael Garcia Bernal, em «Diá-rios de Che Guevara» é a proposta para dia22 de Janeiro.A produção colombiana e norte-americana«Maria Cheia de Graça», que valeu anomeação para o Óscar de melhor actriz àjovem Catalina Sandino Moreno, no papelde um correio de droga à procura do«sonho americano», é exibida dia 27 deJunho.O ciclo termina dia 28 com «Nói oAlbino», a primeira longa-metragem dorealizador islandês Dagur Kári, que tam-bém compôs a banda sonora para a históriade um adolescente inconformado com oquotidiano de uma pequena cidade.

Casa de Teatro de SintraRua Veiga da Cunha, n.o 20, SintraEstreia dia 16 de Fevereiro

POLICIAL

Espias e espiões, inspectores e detectives,aristocratas excêntricos e actrizes daBroadway reúnem-se em Sintra para des-cobrir o mistério que se esconde na pró-xima produção da Utopia Teatro: Policial.Apresentações:De 16 de Fevereiro a 5 de Março; quintas,sextas, sábados e domingos às 22:00 h.Bilhetes:• Bilhete individual — 10B;• bilhete de grupo (a partir de cinco pes-

soas) — 8B;• bilhetes disponíveis no local de espec-

táculo uma hora antes do início dasessão e, brevemente, online emhttp://www.utopiateatro.com

Feira do 31 (organização 3pontos)Periodicidade: Todos os primeiros sábadosde cada mês de 31 dias, a partir das 9:00 hno Largo do Coreto — Fontanelas

Feira de S. Pedro de PenaferrimPeriodicidade: 2.o e 4.o domingos de cadamês, das 9:00 h às 18:00 hLocal: Largo D. Fernando II — S. Pedrode Penaferrim

Feira de S. João das LampasPeriodicidade: 1.o domingo de cada mêsLocal: Largo de S. João das Lampas, das8:00 h às 19:00 h

Feira de AlmoçagemePeriodicidade: 3.o domingo de cada mêsLocal: Largo Comendador Gomes daSilva, das 8:00 h às 13:00 h

Museu-Atelier de Anjos TeixeiraAzinhaga da Sardinha — Rio do PortoVolta do Duche2710-631 SintraTelef. e Fax: 21 923 88 27

Casa-Museu de Leal da CâmaraCalçada da Rinchoa, 67 — Rinchoa2635-312 Rio de MouroTelef.: 21 916 43 03; Fax: 21 923 61 50

Museu Ferreira de CastroRua Consigleri Pedroso, nº 34Vila Velha — 2710-550 SintraTelef. e Fax: 21 923 88 28

Museu Renato L. GarciaPossui uma colecção de materiais antigosligados à actividade dos bombeiros, entreos quais fotografias, livros e objectos.Av. Dr. Brandão Vasconcelos, 82 —Almoçageme — 2705-018 ColaresTelef.: 21 928 81 71; Fax: 21 929 19 73

Museu de Arte ModernaAvenida Heliodoro Salgado2710-575 Sintra

Museu do BrinquedoRua Visconde Monserrate2710-591 SintraTelef.: 21 924 21 71; Fax: 21 923 00 59

Museu Arqueológico de São Miguel deOdrinhasAv.a Professor Dr. D. Fernando d’Almeida,Odrinhas2705-739 São João das Lampas

Biblioteca Municipal de Sintra — CasaManteroRua Gomes de Amorim, n.o 12/14Alameda dos Combatentes da GrandeGuerra, n.o 14/16 — 2710-569 SintraTel. 21 923 61 70/8Horário: de terça a sexta-feira das 10:00 hàs 19:30 h, segundas-feiras das 14:00 h às19:30 h e sábados das 14:30 h às 19:30 h

Arquivo Municipal/HistóricoPalácio ValençasRua Visconde de Monserrate, n.o 12710-591 Sintra — Telef.: 21 923 88 21Horário: segunda a sexta-feira das 9:00 hàs 12:30 h e das 14:00 h às 17:30 h

Agenda

Estrada de S. Mamede, 7 — 2705-637 S. João das LampasTelefone: 96 805 79 85; e-mail: [email protected]

Publicação periódica bimensal • Ano I • Janeiro de 2006 • N.o 2 • Distribuição gratuitaColaboram neste número: Ana Miguel, Ana Valentim, Ângela Antunes, Carlos Zoio,Fernanda Botelho, Fernando Cerqueira, Luisa Barreto, Minerva de Carvalho, Rita BichoGrafismo: Luís BordaloComposição e paginação: Alfanumérico, Lda.Impressão e acabamento: Gráfica Manuel Barbosa & Filhos, Lda.Tiragem: 1000 exemplaresDepósito legal n.o 233 880/05

Contrapontos destina-se a dar eco das opiniões dos sócios e não sócios, da Associação3pontos — ambiente, arte, cultura, sendo uma tribuna de livre opinião e um espaço abertoa todos. Os artigos publicados responsabilizam unicamente o seu autor.

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Page 3: Jornal Contrapontos

Olá leitores!!Mais uma vez cá estou eu com o meu

pequeno contributo para o Contrapontos.Desta vez pensei em escrever algo parapais, encarregados de educação, tios, pri-mos, professores... enfim até para ti se nãote incluis na minha lista e quiseres experi-mentar.

Junto escrevo algumas receitas para fazer(brincar) em casa com as crianças, agora queo tempo começa a ficar frio e a chuvacomeça a cair. Não é preciso ir para centroscomerciais nem gastar dinheiro, é só procuraralguns materiais na dispensa e mãos à obra.

DIGITINTA

Material:• 1 kg de farinha;• tinta ou corante alimentar (aproxi-

madamente 3 colheres de sopa);

• detergente líquido (o necessáriopara não pegar às mãos);

• água;• alguidar;• colher de pau.

Procedimento

Coloca-se num alguidar o material,vai-se juntando água em pequena porçõese mexendo. Quando tiver adquirido umaconsistência semelhante a um iogurte,com a ajuda de uma colher retire umpouco da «massa» e coloque em cima damesa.

A digitinta está pronta. Pode mexercom as mãos e fazer os desenhos quedesejar!

MASSA DE CORES

Material:• 1 kg de farinha;• tinta ou corante alimentar (aproxi-

madamente 3 colheres de sopa);• detergente líquido (aproximada-

mente um cálice);• água;• sal (aproximadamente 2 colheres de

sopa);• alguidar.

ACTIVIDADESEDUCAÇÃO Procedimento

Junta-se a farinha e a tinta. De seguidadeite o detergente (para sair bem das mãos),o sal (conservar) e um pouco de água.Amasse tudo muito bem até ficar como sefosse plasticina). Esta massa dura cerca deuma semana se for conservada no frigorí-fico e dentro de um saco de plástico. Depoisde moldada seca ao ar e dá para pintar.

MASSA MÁGICA

Material:• 1 pacote de farinha maizena;• recepiente fundo;• água;• colher.

Procedimento

Coloca-se duas ou três colheres de fari-nha no recepiente e junta-se um pouco deágua. Pode mecher com as mãos e des-cobrir a magia que esta massa trás.

ANA MIGUEL

Intercâmbio leva jovensde Sintra ao JapãoOito jovens do concelho vão visitar oJapão, de 3 a 10 de Abril, para um inter-câmbio cultural que anualmente se realizaentre Sintra e Omura.Oito jovens de idades compreendidas entreos 15 e os 18, matriculados num dos esta-belecimentos de ensino secundário do con-celho, vão ter a oportunidade de conhecera cidade de Omura, na província deNagasaki, de 3 a 10 de Abril, para umintercâmbio cultural que anualmente serealiza entre Sintra e esta cidade.Os interessados deverão inscrever-se atédia 3 de Fevereiro de 2006, período a par-tir do qual se desenrola o processo deselecção.

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Os formulários de inscrição e mais infor-mações acerca do requisitos de selecçãoencontram-se em http://www.cm-sintra.pt/NoticiaDisplay.aspx?ID=3948

Venha correr até ao «Fim da Europa»Porque o desporto dá saúde, nada melhorque participar no 17.o Grande Prémio «Fimda Europa», promovido pela Câmara deSintra. Este grande prémio contempla duasprovas — uma prova principal com cercade 17 km, com carácter competitivo, e umaoutra com cerca de 3 km, designada deMini «Cabo da Roca», com carácter parti-cipativo. Ambas as provas são abertas atodas os interessados.A prova principal tem como local de con-centração o Largo do Palácio da Vila, em

Sintra. O percurso segue pela Rampa daPena, Zona Florestal da Peninha, Azóia,com a meta instalada no Cabo da Roca(logo após o farol). A extensão total dopercurso é de 16,945 m. O local de con-centração para a prova Mini «Cabo daRoca» é junto ao desvio para o restaurante«Aldeia da Roca». O percurso seguirá emdirecção ao Cabo da Roca. Ambas as pro-vas realizam-se no dia 29 de Janeiro, pelas10:00 h, nos respectivos locais de concen-tração.As inscrições, gratuitas, devem ser efectua-das até 26 de Janeiro, por correio, telefoneou fax.Câmara Municipal de SintraDivisão de DesportoRua do Roseiral, 20São Pedro de Penaferrim2710-501 SintraTelef.: 21 923 61 42; Fax: 21 923 61 40

Page 4: Jornal Contrapontos

SA 8000

A SA 8000 é uma Norma Internacionalque se baseia nos princípios das onze con-venções da Organização Internacional doTrabalho (OIT), na Convenção das NaçõesUnidas sobre os Direitos das Crianças e naDeclaração Universal dos Direitos Huma-nos. Foi elaborada por uma organização nãogovernamental americana, Social Accounta-bility International (SAI) e tem como objec-tivo promover a melhoria contínua das con-dições de trabalho nas organizações.

A SA 8000 conduz uma empresa à ges-tão da sua responsabilidade social noambiente de trabalho, através de políticas eprocedimentos, contribuindo voluntaria-mente para uma sociedade mais justa e umambiente mais limpo.

Esta norma define requisitos que umaempresa deve adoptar com o objectivo demelhorar as condições de trabalho atravésde uma pratica de responsabilidade social.

É a primeira norma internacional querealiza auditorias que digam respeito aosdireitos dos trabalhadores, proporcionandoparâmetros e definições.

Para obter a certificação SA 8000, asempresas devem:

• Não se envolver com ou apoiar otrabalho infantil na sua cadeia pro-dutiva:

• Não se envolver com ou apoiar otrabalho forçado:

• Proporcionar um ambiente de tra-balho seguro e saudável (saúde esegurança);

• Respeitar o direito de todos os fun-cionários à liberdade de associaçãoe ao direito à negociação colec-tiva;

• Não se envolver com ou apoiar adiscriminação;

• Não se envolver com ou apoiar autilização de punição corporal,mental ou coerção física e abusoverbal (práticas disciplinares);

• Assegurar uma remuneração justa eque atenda as necessidades básicasdos trabalhadores;

• Respeitar a legislação sobre o horá-rio de trabalho;

DIREITOS DO HOMEM

• Definir uma política de responsabi-lidade social e implementar umsistema de gestão, incluindo ocontrole dos seus fornecedores,garantindo o tratamento das preo-cupações do seus trabalhadores,estabelecendo um canal de comuni-cação externa com todas as partesinteressadas, entre outros. (Fonte:www.cte.com.br)

A nível interno é possível verificar amelhorias das condições de trabalho,aumento da satisfação dos colaboradores,aumento da produtividade, redução dosacidentes de trabalho e melhoria dos servi-ços prestados. A nível externo as melho-rias apontam para uma imagem pública daorganização e melhoria da relação com osfornecedores resultante do reconhecimentopúblico.

Casos de boa conduta:

• Rio Tinto;• Motorola;• Texas Instruments;• Sony;• Shell / Royal Dutch;• Pfizer Inc.• Johnson & Johnson• Chiquita Brands International, Inc.

[Fonte: www.icep.pt]

Links: www.apcer.pt; www.aip.ptg;www.rse.pt.

RITA BICHO

Certificados SA 8000 no mundo: 285 empresas no total

América Central0%

África1%

Ásia54%

América do Sul14%

América do Norte1%

Europa30%

Fonte: www.sa8000.info/sa8000doc/sa8000_aziende.htm

Certificados SA 8000 na Europa: 86 empresas no total

Holanda2%

Polónia6%

Portugal1%

Reino Unido3%

República Checa1%

Roménia1%

Eslovénia1%

Espanha6%

Suíça3%

Bélgica1% Dinamarca

1% Finlândia1%

França7%

Grécia5%

Itália61%

Page 5: Jornal Contrapontos

Em 1867 Portugal viria a aprovar umalei que aboliu a pena de morte para todosos crimes, exceptuando os militares — Leide 1 de Julho de 1867.

Mais tarde o decreto com força de leide 16 de Março de 1911 aboliu esta sen-tença também para os militares, vindo aConstituição de 1911 a prever que emnenhum caso poderia ser estabelecida talpena.

Uns anos mais tarde, a participação dePortugal na guerra leva-ria, pela lei n.o 635, de 28de Setembro de 1916, arestabelecer a pena demorte para «caso deguerra com país estran-geiro, em tanto quanto aaplicação dessa pena sejaindispensável, e apenasno teatro de guerra».

Com redacção ligeira-mente diferente, esteregime vigorou até àConstituição de 1976.

O texto que se segueé da Amnistia Internacio-nal e pode ser consultadoem http://www.amnistia-i n t e r n a c i o n a l . p t /c o n t e u d o s /P e n a _ M o r t e _ 2 0 0 5 /dossierpmorte.php

«A pena de morte é apunição mais cruel, desu-mana e degradante.

Viola o direito à vida.É irreversível e pode

ser infligida a inocentes.Nunca se provou quefosse capaz de diminuir ocrime mais eficazmentedo que outras formas depunição.

Na última décadamais de três países porano, em média, têm abo-

ARTIGO 25.O

(Direito à vida)1. A vida humana é inviolável.2. Em caso algum haverá pena de morte.In Constituição da República Portuguesa

lido a pena de morte para todos os crimes.Uma vez abolida, a pena de morte rara-mente é reintroduzida. Desde 1990, maisde 35 países aboliram a pena de morte ofi-cialmente ou, tendo-a anteriormente abo-lido para a maior parte dos crimes, decidi-ram aboli-la para todos os crimes.

Até Abril de 2003, 76 países e territó-rios aboliram a pena de morte para todosos crimes. Além destes, mais 15 paísesaboliram-na em relação a todos os crimes

excepto no caso de situações excepcionaiscomo os crimes em tempo de guerra. Vintee um países eram abolicionistas na prática,isto é, não tinham realizado nenhuma exe-cução durante os últimos 10 anos conside-rando-se que têm uma política ou uma prá-tica bem estabelecida de não realizaremexecuções. Actualmente existem 112 paí-ses que são abolicionistas oficialmente ouna prática, havendo 83 países que retêm eusam a pena de morte.

Em 2002 pelomenos 1526 pessoasforam executadas em 31países. Pelo menos 3248pessoas foram sentencia-das à morte em 67 paí-ses. Estes númerosincluem apenas os casosque a Amnistia Interna-cional conhece; osnúmeros reais serão cer-tamente mais elevados.A grande maioria dasexecuções são realizadasnum pequeno grupo depaíses. Em 2002, 81 porcento de todas as exe-cuções conhecidas tive-ram lugar na China, Irãoe nos EUA.

Na China, os regis-tos limitados e incom-pletos acessíveis àAmnistia Internacionalindicavam que pelomenos 1060 pessoasforam executadas,embora se pense que overdadeiro número émuito mais elevado.Pelo menos 113 exe-cuções foram concreti-zadas no Irão. Setenta euma pessoas foram exe-cutadas nos EUA.»

FERNANDO CERQUEIRA

DIREITOS DO HOMEM

«EM CASO ALGUM HAVERÁPENA DE MORTE»In

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3pontos: Quando é que descobriu asua vocação artística?

Vasco Castro: Frequentava a escolaprimária quando comecei a brincar aos jor-nais. Pegava em folhas de papel e escreviaa lápis as notícias e os títulos. Por isso,mesmo sem na altura saber, deve ter sidodeterminada por uma misteriosa herançagenética. Um dos meus bisavôs foi directorde vários jornais e um deles, O Nacional,foi muito importante no Porto do séculoXIX. Era um grande jornalista, mas tam-bém, político, deputado e senador. É deleque tenho o nome. Chamava-se Agostinhode Rocha e Castro e eu chamo-me Agosti-nho Vasco da Rocha e Castro. Só tenhoVasco porque era o nome do meu avô e omeu pai achou por bem juntar o nome doseu pai e avô.

3...: No seu núcleo familiar vivia-seuma apetência para as letras?

Sim, há uma tradição literária e intelec-tual na família. O meu pai era funcionáriopúblico mas também poeta, com livrospublicados, e muito amigo de José GomesFerreira, de Ferreira de Castro, de CarlosQueiroz, outro grande poeta, e, emboranão tivesse muita intimidade, conheceurazoavelmente bem Fernando Pessoa.

3...: Acredita que oambiente onde se cresce écrucial?

VC: Com certeza.Como já disse um filósofoconhecido, «alguém é a suacircunstância» e eu crescinum culto pela literatura epelas luzes, na exaltação dainteligência pela leitura,livros e autores. Vivi sem-pre numa espécie de igreja,onde os santos eram escrito-res e essas foram as minhasreferências. Acabei por des-cobrir a escrita muito antesdo que a pintura.

3...: Em que fase da vida começou adesenhar e a pintar?

VC: Comecei a pintar quando já fre-quentava a Faculdade de Direito, logo nofinal do primeiro ano, ao interessar-me porPicasso. Fiquei fascinado com os seus qua-dros, que eram uma galáxia soberba deexpressão, e acabei por deixar a faculdadede direito para ser pintor.

3...: Quando começou a pintar, notouque lhe era algo intrínseco ou sentiu difi-culdades?

VC: Percebi que era um modo deexpressão intenso e onde eu me reconheciaabsolutamente, no entanto, nada é fácil.Para se escrever ou pintar alguma coisa énecessário suar muito.

3...: Percebeu, no entanto, que pintarlhe era mais fácil do que escrever?

VC: Aí não há facilidades, pode éhaver espontaneidade. Algo que está noprolongamento dos desejos. Tenho umprofundo prazer em me exprimir, seja emescrever ou pintar, em termos idênticos.

3...: Nesse prazer pela expressão,quando descobriu o caminho do desenhosatírico?

VC: Isso foi uma armadilha que a exis-tência me colocou. Gostava de desenhar egostava da imprensa, por isso, ainda naFaculdade de Direito, comecei a colaborarem vários jornais com os desenhos satíri-cos. Na altura, essa actividade permitia-mecomprar tabaco mas, quando comecei apensar exilar-me, encontrei aí a chave paraa solução. Achava formidável a ideia deestar em Paris a viver dos desenhos deimprensa e isso acabou por acontecer.O primeiro ano foi difícil, mas depois, tra-balhava dois dias e ganhava o suficientepara viver bem o resto da semana, além deficar com tempo para viver o dia-a-dia.

3...: No entanto, a capacidade de criarum desenho satírico, também tem muito aver com a própria personalidade, não con-corda?

VC: Com certeza. Nada é por acaso.Se por um lado gostava da imprensa e dedesenhar, por outro, sempre tive um certosangue a ferver que me corria nas veias... eessa forma de expressão conjugava-se comas minhas posições políticas. Participei na

campanha de Delgado, eracontra o regime de Salazar ebastante inconformista erebelde. O desenho satíricocolava-se bem à minhapele. Satirizar a actualidadeservia exactamente esseaspecto de rebeldia.

3...: A necessidade de seexilar esteve directamenterelacionada com o ambienteque se vivia em Portugal noinício dos anos 60. Comoencarava o país?

VC: Pensava o pior pos-sível. A minha única von-tade era atirar petróleo, ris-

HOMEM. EUROPEU.PORTUGUÊS. ARTISTA.HETEROSSEXUAL.INCONFORMISTA

ENTREVISTA

Page 7: Jornal Contrapontos

car um fósforo eincendiar Portugal.

Pode dizer-se que era umterrorista teórico e isso acompanhou-

me durante todo o tempo em Paris, ondetive uma militância bastante acesa. Estivetrês dias na tropa e devo ter sido o pri-meiro desertor do infame exército colonialportuguês, porque achava a guerra deocupação um horror. Servia para, pura esimplesmente, massacrar os negros. Essaaventura africana, guerreira e de massacreé uma história horrenda de merda, sanguee fedor, num tempo do regime bastardo efascista do Salazar, que me metia nojo.Tinha a sensação que estávamos como unspeixinhos no lodo, no fundo do mar, a su-focar.

3...: Regressa logo a seguir ao 25 deAbril, depois de treze anos de exílio emParis. Que Portugal encontrou?

VC: Na altura, vinha patetamentecheio de ilusões. Julgava que se podiareconstruir o país e retirar-lhe toda a suaherança obscena. Rapidamente, percebique os derrotados do 25 de Abril vieram demãos dadas com alguns novos chegadospara ocupar todo o poder.

3...: Nesse aspecto, considera que aRevolução de Abril foi uma batalha per-dida?

VC: Não, não é isso. As batalhasganham-se mas depois perdem-se no seuprolongamento. Quando parti de Portugal,em 1961, sabia que aquele regime não iaaguentar muito mais. O golpe de estado do25 de Abril era fatal como o destino, por-que estava inscrito na lógica da história.Acabou com um regime obsoleto, derepressão, libertou uma série de energiassociais e aproximou-nos da Europaquando, até então, Portugal era uma ilhafechada. Hoje, a existência não tem para-lelo à dos anos anteriores ao 25 Abril,onde um terço de Portugal vivia em plenaIdade Média — 90% das aldeias nãotinham electricidade, telefone ou médico.Continuamos, claro está, num nível abaixoao da Europa, exactamente, pela incapaci-dade, analfabetismo, corrupção e rapinadas classes dirigentes políticas e econó-mico-financeiras, que apenas estão a tentaro lucro próprio.

3...: Ao ver as suas expectativas defrau-dadas, nunca se arrependeu de ter regres-sado?

VC: Arrependi-me mas era incorrigí-vel... Passei tantos anos em Paris, a fazermilitância política para que o regime e aguerra colonial aqui acabassem, que não

podia ficar. Vim e, durante muitos anos,ainda fiz militância política activa a váriosníveis. Depois percebi que era inútil, queestava a bater com a cabeça contra umaparede.

3...: Actualmente, parece ter-se retiradototalmente da cena política…

VC: A certa altura dei conta que estavaa despender as minhas energias numamilitância política que já estava esgotada eque a minha parte da criação artística tinhasido desprezada. Vim para Fontanelas coma intenção precisa de me distanciar e poderter tempo e energias para a criação artís-tica. Conclui que esse investimento eramais importante do que aquilo que poderiafazer ao nível político, até porque a polí-tica de tipo gestatório, que se implantouneste país, a mim não me interessa. Nuncaquis estar do lado do poder.

3...: E como é que, daqui de Fontane-las, encara o panorama político nacional?

VC: À gargalhada. Digamos que avelha estrutura social tende a recuperar oque perdeu com o 25 de Abril, a níveleconómico, político e de influência social.Na generalidade, a classe económica e polí-tica mereciam um julgamento, porque sãomafiosos, por definição. Haverá excepções,uns mais culpados do que outros — nãoquero meter todos no mesmo saco —, masé uma classe de vampiros, como sempre.

3...: Na sua opinião, o que fazia faltana política em Portugal?

VC: Mandá-los todos para Angola ever se aparecia uma nova classe,que não fosse tão corrupta.

3...: Com uma vida artística epolítica tão activa, como viveu oamor?

VC: Há tempos de descobertae de paixões delirantes e outros demaior acalmia. E depois, tambémcheguei a uma conclusão: Achoque se gastam demasiadas ener-gias e tempo com aquilo que tal-vez não mereça tanto tempo eenergia... Acredito que há umaexacerbação excessiva do prazeramoroso.

3...: O que sentiu quando foipai?

É uma descoberta. Liga-nosa uma certa humanidade que,às vezes, há tendência a estar--se um pouco distante. É umreconhecimento de si próprio eda vida.

3...: Pode dizer-se que a liberdade indi-vidual é o valor que mais preza?

VC: A justificação para a existência doser humano, aliás, a base do desenvolvi-mento do ser humano e das civilizações é aliberdade em todos os seus aspectos, naexpressão dos seus desejos e de imaginaçãocriadora. Um homem que seja escravizado éapenas um animal de carga. Faz os seus tra-balhos mas não desenvolve coisa nenhuma.

3...: As suas obras ajudam-no a ummaior auto-reconhecimento?

VC: Sim. Quando algo é feito com sin-ceridade, a pessoa descobre-se naquilo quefaz, porque é um reflexo, um prolonga-mento de si.

3...: Como define a sua arte?VC: Os desenhos enquadram-se dentro

do expressionismo contemporâneo e a pin-tura tem uma certa carga trágico-erótica,dentro do realismo.

3...: E a arte em geral?VC: Há uma ideia idiota que diz que a

arte é inútil. Não é nada. A obra de arte éaquilo que nos faz respirar melhor, que nosabre os olhos para compreender o mundo.Vemos mais intensamente, libertos e maispróximo dos nossos desejos graças aoritmo de respiração da arte, por isso, é tãoimportante para a vida humana como opão. A vida merece ser vivida pelas emo-ções. Sem elas, não haveria artes que, porsua vez, dão sentido à existência, aomundo, àquilo a que se pode chamar de

å å å

Page 8: Jornal Contrapontos

Foi no pinhalde Janas e Fontanelasque eu afinalsem ver fadasdei por elasPois descobrique há alisensações levestão fugidiascomo esguiasfadas brevesQuando os olhamosos ramosdançam tão bem!E balançamose dançamosnós tambémDanças na aragemsão a linguagemde quem?De fadas belas

Vivo nelasem vaivém— «Vamos na brisa!

Vem!Deslizamais além!Entre os pinheirose os cheirosque o pinhal tem!»

E as fadas passamSe entrelaçamna verduraDou leves passosentre espaçosà procuraAs fadas sigoE até consigodançarQue linda valsa!Vou descalçae a cantar

NO PINHAL DE JANASE FONTANELAS

«Janas» são fadasum dianum livro o lie estão ligadaspor magiaa isto aqui«Janas» são fadasaqui leioos seus sinaisficam ligadasa quem veioaos seus pinhaisE «Fontanelas»são talvezfontes de luzAtravés delasPassa aquiloque conduzo Ser Humanopara a suaLuz Divina

Não é enganosei istode pequeninaO que são fadas?Não sei bemTenho a impressãoque andam ligadasao que vemdo coração

LUISA BARRETO

Agosto de 2001

destino. A arte é emoção feita objecto. Nasua expressão última a arte é a dedada decada um. O que o homem tem de único emsi mesmo é a impressão digital, porque éparecida com todos mas é sempre dife-rente.

3...: Nesse sentido, não considera a arteimpossível de definir?

VC: Sim. A arte é emoção pura, quedepois é trabalhada, organizada, conforme ascircunstâncias e cada cultura. Cada um temde procurar a sua originalidade matricial.

3...: Quais têm sido as suas referênciasartísticas?

VC: A fonte, a génese de toda a artemoderna é o quadro de Picasso «LesDemoiselles d’Avignon», com reper-cussões em todas as manifestações artís-ticas contemporâneas. Ele dizia: «Eu souum ladrão. Estou a sempre a roubar aosoutros aquilo que me interessa mas,depois, cá faço o meu prato.» Eu podiadizer outra coisa: mestres, todos têmque ter, o problema está em escolher osmestres e saber o que se pode tirar e

desenvolver a partirdaí. O meu primeiroe soberano entu-siasmo, ao nível dasartes plásticas, foiPicasso e, cinquentaanos depois, FrancisBacon.

3...: Quando fazuma retrospectiva doseu percurso artís-tico, em que medidaconsidera que a suaarte influenciou aspessoas?

VC: Alguém que se tome como artistae faça obra artística não está preocupadocom as consequências. Faz por um desejoirreprimível. A única regra é caminhar.Eu caminhei mas não faço balanços.

3...: Esse caminho tem sido semprepercorrido em sintonia com os seus dese-jos?

VC: Sempre, mas sem regra preestabe-lecida, porque a vida não se programa.Deve ser bebida ao máximo, dia-a-dia, acada minuto. Sempre me horrorizaram asestratégias, as carreiras. Fazer tácticas, nãofaz sentido, porque as surpresas são exac-tamente o factor mais mirabolante da vida.Tentei viver os meus desejos da forma quepude e com as capacidades que tinha.A vida é sobretudo emoções e é assim queela deve ser vivida, mesmo no erro ou comenganos.

3...: Como é que se caracteriza?VC: Homem. Europeu. Português.

Artista. Heterossexual. Inconformista. Deresto, quem me veja, que me julgue.

Entrevista conduzidapor ÂNGELA ANTUNES

LITERATURA • LIVROS • LEITURAS

Page 9: Jornal Contrapontos

Estamos em Janeiro e o nosso fígadoconvalescente dos excessos natalícios(álcool, açúcar, chocolate, etc.) estará con-certeza necessitado de uma planta que lherestitua o seu funcionamento normal e sau-dável que o tonifique e lhe devolva o seupapel desintoxicante do organismo. Porisso mesmo, escolhi a chicória, tambémconhecida entre nós por almeirão, chicória--do-café ou chicória-brava, e com proprie-dades muito semelhantes ao dente-de-leão.

HISTÓRIA

A chicória (Cichorium intybus L.) erajá conhecida dos egípcios no ano 4000 a. C.e por eles utilizada para combater proble-mas de fígado, usavam-na também emsaladas; no tempo dos faraós, bebia-se umsumo de chicória misturado com óleo derosas e vinagre para combater as dores decabeça; ou misturada com o vinho paracombater doenças de fígado e bexiga.

Era conhecida de Dioscórides e de Plí-nio. A partir do século XVII começou a sercultivada nas hortas, surgindo algumasvariedades menos amargas como asescalotas, endívias, etc., que por seremmenos amargas, são também menos efica-zes como tónico do fígado.

HABITAT

Existe em quase todas as zonas declima temperado e mediterrânico, Europa,norte de África e Ásia ocidental. Cresce

nas bermas dos caminhos, cam-pos cultivados e incultos, prefereterrenos calcários e ricos emhúmus.

CARACTERÍSTICAS

A chicória é da família dascompostas, vivaz de caule rígidopodendo atingir 1,5 m de altura,as flores de um azul vivo for-mam-se em grandes capítulos,existindo também uma varie-dade mais rara de cor branca.Ambas segregam um látexbranco de sabor muito amargo.As folhas comestíveis devem sercolhidas entre Junho e Setem-

bro, sempre antes da floração para que nãosejam tão amargas. Partes utilizadas: raiz,folhas e flores.

CONSTITUINTES

A raiz é muito rixa em inulina, açúca-res (fructose) e um princípio amargo, tani-nos, pictina, e uma pequena quantidade dealcalóides. As folhas possuem tambéminulina e açúcares, prótidos e muitos saisminerais, entre eles o potássio, ferro, etc.Vitamina B, C, P e K, aminoácidos,heterócido amargo. As flores possuemcicoridina em forma de glicóside de sabormuito amargo.

PROPRIEDADES

As raiz da chicória é parte que maisatua sobre o fígado, ralada e torrada é umbom substituto do café; em decocção podetomar-se uma chávena três ou quatro vezesao dia entre refeições para estimularo fluxo da bílis e melhorar o funcio-namento do fígado; é também muitoútil no combate às pedras da vesí-cula. As folhas têm propriedademuito diuréticas, ajudando assim aexpelir o ácido úrico do organismo,sendo portanto útil no tratamento doreumatismo, arterite, gota, etc. Porser rica em beta-caroteno, ajuda aprevenir alguns tipos de cancro.Toda a planta é um tónico do fígadoe do aparelho digestivo, ajuda a lim-

par o aparelho urinário e é um laxantesuave muito adequado em crianças. É tam-bém utilizado para curar certas anemias,icterícia.

UTILIZAÇÃO

As folhas consumidas cruas em saladassão mais saborosas e tenras quando jovens;as mais velhas podem ser cozinhas comoos espinafres. A raiz jovem, cozinhada éutilizada como o nabo. Uma solução feitaa partir das flores pode ser utilizada paraaliviar dores nos olhos, vista cansada einflamada.

Fervendo as folhas e flores obtém-seum líquido que aplicado em compressas depano duas a três vezes ao dia constitui umremédio eficaz contra inflamações e cóli-cas do estômago.

CURIOSIDADES

Na Europa pré-industrial era costumeas mulheres deitarem-se sobre a variedadede flor branca, mais rara, na altura doparto, e utilizavam o seu suco leitoso eamargo para tratar os mamilos durante operíodo de aleitação.

Uma infusão de flores e folhas aplica-das no rosto durante a noite, elimina man-chas na pele e os efeitos nocivos da expo-sição ao Sol.

As folhas podem ser utilizadas na tin-turaria extraindo-se delas a cor azul.

As flores da chicória são o espelhodo céu, por isso se diz que contemplandoo azul das suas flores, o olhar se acalmae o espírito se eleva.

FERNANDA BOTELHO

A CHICÓRIA COR DE CÉUAMBIENTE

Page 10: Jornal Contrapontos

D. FERNANDO II, O REI-ARTISTA

nando avistou as ruínas de umantigo convento medie-val, originalmenteconstruído noreinado deD. João II esubstancial-mente trans-formado comD. Manuel Ique, no cum-primento deuma promessa, omandou reconstruir,em pedra, em louvor deNossa Senhora da Pena,doando-o de novo à ordem dosmonges de S. Jerónimo.

Situado num lugar privilegiado, notopo da serra, com uma enorme extensãode bosque, que se encontrava desflorestadodevido ao abate intensivo de árvores, oMosteiro tinha sido construído no lugar deonde a frota de Vasco de Gama fora avis-tada pela primeira vez no regresso da suaviagem à Índia.

Em 1839, D. Fernando adquiriu emhasta pública o mosteiro de Nossa Senhorada Pena. Abandonado e quase em ruínas,após o terramoto de 1755, apenas a Capela,na zona do altar-mor, com o magnífico retá-bulo em mármore e alabastro atribuído aNicolau de Chanterenne, permaneceu de pé.

Fernando II nomeia como arquitecto--geral de todo o conjunto, Castelo-Palácioe Jardim-Bosque, o barão Eschwege, aoqual manda erigir uma escultura vestidacom armadura medieval e espada, nummontículo de pedras no meio do bosque.

Próximo do Palácio da Pena D. Fer-nando II manda também restaurar o Cas-telo dos Mouros e por último um extraor-dinário mosteiro capuchinho situado nomeio do bosque.

D. Fernando II viveu muito tempo noPalácio da Pena, tendo-o tornado na suacasa habitual, após a morte da sua esposa,Maria II, e o começo do reinado do seufilho.

A Rainha D. Maria II faleceu em 1853,aos 34 anos, durante os trabalhos de partodo seu undécimo filho. O príncipe real

D. Pedro era ainda menor de idade,pelo que D. Fernando

assume a regên-cia do Reino.

Dois anos de-pois confiouo trono aofilho, pro-c u r a n d oafastar-se daac t iv idadepolítica. No

entanto, vol-taria ainda ao

poder por umbreve período, após a

morte prematura do seu filhoD. Pedro V (1861). No ano seguinte foiconvidado para ocupar o trono da Grécia,proposta que recusou.

Durante a sua regência, procurou asse-gurar a total liberdade de opiniões e o ver-dadeiro exercício dos direitos por parte doscidadãos. Dotado de grande cultura artís-tica e literária, dedicou grande tempo àsartes nacionais. Foi coleccionador de peçasde arte, hoje pertencentes a museus nacio-nais, e mecenas de muitos artistas como foio caso de Columbano Bordalo Pinheiro eAlexandre Herculano. Para além dos monu-mentos de Sintra, a ele se deve a conser-vação de outras importantes obras dopatrimónio nacional como é o caso dosmosteiros dos Jerónimos e da Batalha,assim como os conventos de Mafra e deTomar.

O Rei D. Fernando, cuja bela figuraatraía o olhar das damas, estava entãoviúvo desde 1853. Passado o luto, tornou--se numa visita assídua do Teatro deSão Carlos, onde D. Fernando assistia àsóperas no camarote real. Foram-lhe atribuí-das várias aventuras ligeiras de bastidores,com bailarinas e cantoras, até que conhecea cantora lírica Elise Hensler.

Elise Hensler chegou a Portugal vindada Áustria, integrada como cantora deópera, numa companhia que, em 1860, seapresentou pela primeira vez em Lisboa,no São Carlos. A crítica da capital foi-lhefavorável, elogiando-lhe a voz tanto quantoos dotes físicos. Também a D. Fernando, a

Fernando Augusto Francisco Antónionasce em Coburgo a 29 de Outubro de1816. Oriundo da família Saxe-Coburg--Gotha, da mais antiga nobreza alemã, erafilho do príncipe Fernando Jorge Augusto,o duque de Saxe-Coburgo-Gotha, herói dasguerras napoleónicas, veterano deWagram, e de sua mulher, a princesa deKohary, D. Maria Antónia Gabriela, filha eherdeira de Francisco José, príncipe deKoharv, senhor de Casabrag e de outrasterras da Hungria.

Maria da Glória nasce a 4 de Abril de1819. Filha de D. Pedro IV e da arquidu-quesa D. Leopoldina de Áustria, D. Marianasce no Rio de Janeiro, onde a famíliareal portuguesa se encontrava a residirdesde as invasões napoleónicas.

Em 1836, com 16 anos, D. Maria IIfica viúva do seu primeiro marido, o prín-cipe Augusto de Leuchtemberg. Necessitade se casar e ter descendência. Naquelaaltura Portugal estava sob estreita influên-cia da Inglaterra, sendo D. Maria II amigaíntima da rainha Vitória, estando assimfora de questão um marido vindo deFrança ou de Espanha, países não aceitespor Inglaterra. A nobreza alemã aparececomo uma solução.

O eleito, Fernando de Saxe-Coburgo--Gotha, casou-se em 1836, por procuração,com D. Maria II. Acontece assim ummatrimónio de origem política, mas nãoimpeditivo de felicidade na união. Maria IIimediatamente se apaixona pelo carácterartístico, romântico e senhorial de Fer-nando. A tão desejada sucessão ao tronoportuguês viria a concretizar-se com onascimento do filho primogénito, o futuroD. Pedro V.

Assim que chegou a Lisboa, D. Fer-nando foi nomeado marechal-general doexército português e, no ano seguinte, como nascimento de D. Pedro, foi proclamdorei-consorte, com o título de Fernando II.D. Fernando colaborou activamente naconsolidação do regime constitucional e,por diversas vezes, assumiu o comando doExército português.

Apaixonado por Sintra, foi aqui queD. Fernando executa a sua grande obra. Aosubir à serra pela primeira vez, D. Fer-

ESTÓRIA DA HISTÓRIA

Page 11: Jornal Contrapontos

Chalet da condessa, no Parque da Pena

cantora lírica não tinha passado desperce-bida.

D. Fernando manteve uma relação dis-creta com Elise até ao reinado do seusegundo filho, D. Luís. Em 1863 partiramem viagem pela Europa, decentementeacompanhados por uma pequena corte epelo infante D. Augusto. Os jornais portu-gueses fizeram pesadas críticas ao passeioe ao romance. Elise terá tido uma relaçãocom um músico portuense, da qual resulta-ram dois filhos. Essa ligação terá sidosobejamente usada para azedar as críticas eaumentar o eco em torno da relação comD. Fernando.

Perante o desconforto da opiniãopública, o rei D. Luís ponderou seriamenteem normalizar a relação de seu pai. Constaque consultou o bispo de Viseu sobre ahipótese de conceder o título de condessade Sintra à cantora e assim evitar um casa-mento escandaloso. O bispo acabou porsugerir que o título viesse de fora para nãocolocar em risco o equilíbrio político por-tuguês.

Enquanto recusava mais um trono daEuropa (1968), desta vez o de Espanha, ascríticas na imprensa intensificavam-se emredor da sua relação com Elise. D. Fer-nando redobra assim as suas influênciaspara conceder a Elise um título. Final-mente, foi-lhe atribuído o título de con-dessa de Edla e, em 1869, casa-se comD. Fernando, discretamente, na capela doPalácio Devisme em Benfica. D. Fernandoestava com 53 anos, a condessa de Edlacom menos vinte. Os jornais fizeramgrande alarido, condenando por se ter lega-lizado o que acusavam de ser imoral.O casal seguia um estilo de vida discreto,quase reservado, dedicado à arte e à cul-

tura. O chalet da Con-

dessa, no Parque da Pena, passou a ser oretiro favorito e íntimo de D. Fernando ede Elise.

D. Fernando dedicava-se à cerâmica,pintura e gravura que praticava com mes-tria e a própria condessa revelou umenorme talento para a escultura. Entre asobras que nos deixou, consta um belo per-fil de D. Fernando esculpido em mármoree que ainda se conserva no Palácio daPena. Afastado da vida política e pública,D. Fernando passou a dedicar-se comempenho à sua actividade de mecenas dasartes. Protegia músicos, artistas plásticos epromovia importantes exposições.

Contudo a corte continuava a deixar departe o casal. Com amargura, D. Fernandorecusa convites, deixando claro o motivo.A condessa lidava com a situação commais subtileza e diplomacia, enviando flo-res à rainha D. Maria Pia (mulher do seuenteado, o rei D. Luís) e agradecendo, comdelicadeza, os raros convites que lhe eramfeitos.

A grande paixão de D. Fernando pelamúsica leva-o ao São Carlos até à morte.Devido às constantes disfunções visuaisque sofria, derivado a um cancro na face,D. Fernando tropeça nos degraus doSão Carlos e cai desamparado, entrandorapidamente em coma. Morre a 15 deDezembro de 1885, aos 69 anos.

No seu testamento, D. Fernandonomeia a condessa de Edla como herdeirada maioria dos seus bens, incluindo oPalácio e o Parque da Pena, que já eramentendidos pela generalidade das pes-soas como monumentos nacionais.O escândalo é total e aimprensa abre uma campa-nha de ataques semprecedentes.

Já no reinado de seu neto, D. Carlos I,é elaborada uma lei que autoriza a aquisi-ção a favor do Estado dos bens imóveis daherança de D. Fernando. A condessa deEdla aceitou e facilitou a transmissão debens e guardou apenas o usufruto de algu-mas propriedades, como é o caso do chaletda condessa do Parque da Pena, ondeD. Fernando tinha feito plantar e crescer,árvore a árvore.

A condessa de Edla viveu mais44 anos, até 1929, morrendo em Lisboacom 93 anos. O seu discreto jazigo foirodeado de rochas e arbustos da serra deSintra, a lembrar aqueles que ela dese-nhava com D. Fernando nas tardes denévoa, tomando chá, ao abrigo do chaletdo Parque da Pena.

D. Fernando, cuja vida pessoal fora tãoapontada e condicionada por alegadasrazões de estado, deixou um grande legadoao património e à cultura nacional. D. Fer-nando foi mecenas e promotor da maiorrenovação artística que alguma vez passoupelo país, representando a entrada oficialdo romantismo em Portugal.

Homem de grandes paixões, sofreupor isso duras críticas, mas foi segura-mente graças a esse estado de alma quenos deixou, coberto de fantasia, o tão beloPalácio da Pena, suspenso sobre aquelafloresta encantada que é o Parque daPena.

ANA VALENTIM

Page 12: Jornal Contrapontos

Em Fevereiro do próximo ano vai abrir no concelho de Sintra,mais concretamente em Mem Martins, o primeiro Ginásio de Mate-mática — o MATHNASIUM.

Mas afinal o que é um ginásio de matemática? Tal como numginásio se exercita o corpo, no Mathnasium exercita-se o raciocíniomatemático, tão importante para o futuro dos jovens e das crianças.

O Mathnasium é um método inovador em Portugal, quecontempla milhares de exercícios testados ao longo dos últimos30 anos nos EUA. Através de um diagnóstico inicial, a cada estu-dante é atribuído um plano de treinos personalizado.

No Mathnasium, o ensino baseia-se na utilização de uma lin-guagem acessível e pressupõe uma evolução em espiral — gradual

e contínua — ajustada a cadaestudante.

O objectivo é, em pri-meiro lugar, consolidar asbases. Dotar os estudantesde uma agilidade de raciocí-nio e, com isso, fazer comque ganhem gosto pela mate-mática. Através da percepçãodos números, os estudantes,familiarizam--se com a mate-mática, criando progressiva-

mente competências de raciocínio. Desta forma, facilmente derru-bam barreiras e constroem uma autoconfiança que os conduz àexcelência na Matemática.

ANA VALENTIM

Para ser grande, sê inteiro:

nada teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes.

Assim em cada lago a Lua toda brilha porque alta vive.

Foi NatalNatal... que época bonita, toda a família junta, os sorrisos, a

mesa farta, a troca de presentes... enfim, o chamado quadro per-feito... mas como a vida não é um mar de rosas, era pois legítimoda minha parte começar o texto da seguinte maneira:

Natal... uma época sem significado para tanta gente, pelas maisdiferentes razões... uns, sozinhos sem terem oportunidade de estarcom os que mais amam, outros afectados por uma qualquer doença,outros talvez nem tenham um tecto para se abrigarem, quanto maistempo para pensar em presentes... esperem, esperem... não queroque pensem que sou sensacionalista, e por isso posso começarnovamente o texto, e ficaria assim:

Natal... que raio de época é esta?! Afinal trata-se de uma épocasentimental, ou, é apenas o auge do ano em termos materialistas?

É impressionante ver como todos esquecem «o monstro» (leia--se crise) que toma conta do nosso país... Será que nós portugueses,nos podemos dar ao luxo de, por exemplo, transformar dez dias úteisde trabalho, em apenas seis... (isto aconteceu no mês de Dezembro).

Será que ninguém se lembra, que um simples feriado, custa aopaís milhões de euros, e que aquelas pontes sistematicamente «cons-truídas» por nós reflectem-se na quebra de produção, nos mais dife-rentes sectores... Ou será que estamos todos, lentamente, a desistir donosso país?! Espero bem que não, mas pessoalmente, e sou um leigona matéria, já se torna difícil adjectivar esta situação que estamos aviver. Desde canais de televisão a serem vendidos (TVI), a outrospaíses, passando pela invasão oriental que vai comprando todos ospequenos comércios, e que nos vai matando a produção de têxteis,sem nunca esquecer que ainda temos que assistir de braços cruzadosà saída dos investidores, do nosso país, para outras paragens,enquanto vemos chegar a chamada mão-de-obra barata...

E por isto tudo tenho uma boa, e uma má notícia... a boa notíciaé que não estou doido e sei que esta época natalícia também servepara esquecer esses problemas, que nos afectam durante o resto doano... a má... bem... a má é que não estamos em posição que pos-samos esquecer esses mesmos problemas, pois daqui a uns tempos,corremos o risco, de termos de desejar um Bom Natal, numa qual-quer outra língua...

Para todos os leitores do Contrapontos... Um feliz 2006.

CARLOS ZOIO