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Jornal da FACOM (UFBA) - EdiçÞao de março de 2012. Turma 2012.1
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RECEPÇÃO CALOUROSA?!
JFJFJornal da FACOMJornal da FACOM RECEPÇÃO
CALOUROSA?!
UFBA
meninas brilham no futebol de salãoMeninas brilham no futebol de salão
Entrevista com Nadja Vladi
ESPORTE
Entrevista com Nadja VladiDESOCUPA, SALVADOR
UFBA, Salvador, março de 2012
Três anos após o trágico incêndio que
destruiu a ala laboratorial do quinto
pavimento do prédio do Instituto de
Química, da Universidade Federal da Bahia
(UFBA), alunos e professores ainda sofrem
as consequências do acidente. Os atrasos nas
obras fazem com que o ambiente de trabalho
e de estudos continue precário, o que é um
empecilho para dar seguimento às pesquisas
na área. Nas palavras de Maria de Lourdes
Botelho, diretora do Instituto, “uma pesquisa
experimental pede exigências significativas
na instalação dos laboratórios”.
A falha estrutural do prédio,
construído em 1971, e sem adaptações para
abranger o aumento da quantidade de alunos,
pesquisas e equipamentos, agravou o efeito
do incêndio. O fogo destruiu todo o
Departamento de Físico-Química e
prejudicou também todo o quarto
pavimento, dedicado à Química Analítica,
informação não divulgada na época.
Com todos os danos, tanto os
professores de Físico-Química quanto os de
Química Analítica não puderam continuar
com suas pesquisas e aulas de forma
adequada. Marcos Malta, professor de
Físico-Química, cujo gabinete ficou pronto
na semana em que ocorreu o incêndio e foi
completamente queimado, diz que, junto
com o gabinete, perdeu “a oportunidade de
desenvolver o trabalho da maneira que
gostaria, orientando alunos e fazendo
ciência”. Ele ainda criticou a situação atual.
Expediente
2
EDITORIAL
Jornal Laboratório | FACOM/UFBA
Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação
- Universidade Federal da Bahia -
Rua Barão de Geremoabo, s/n,Campus Ondina
CEP: 40.170-115 - Salvador/Bahia
Reitora da UFBA:Prof. Dora Leal Rosa
Diretor da Facom:Prof. Giovandro Ferreira
Coordenação Editorial:Profª. Graciela Natansohn
(DRT/BA 2702)
Chefe de Redação e Revisão: Carlene Fontoura
Edição de Fotografia:Labfoto - Prof. Rodrigo Rossoni
Projeto Gráfico e Diagramação:Víctor Pinto
Repórteres | Turma 2012.1: Adriele de Jesus Souza, Agnes Cajaiba, Alles Alves, Alexandre Wanderley, Carol Prado,
Daniel Silveira, Dudu Assunção, Edvan Lessa, Fábio Arcanjo Mendes, Fabrina Macedo,
Gislene Ramos, Guilherme Alves, José Calasans de Sousa Jr., Júlia Belas, Lara Bastos, Lara
Maiato, Lara Perl, Luana Silva de Amaral, Luiz Fernando Teixeira, Marília de Mattos Cairo, Rafael França, Tais Bichara, Thais Motta,
Thamires Tavares, Tiago do Nascimento, Val Benvindo
Contato: [email protected]
Tiragem: 1.000 exemplares Distribuição Gratuita
UFBA, Salvador, março de 2012
Uma nova edição do Jornal Laboratório da do porte da UFBA precisa mostrar sem pudores suas Faculdade de Comunicação, o JF, finalmente chega às conquistas mas também seus problemas. Os alunos-mãos dos leitores. Em pleno processo de renovação, repórteres foram atrás das notícias, das boas e das não nosso jornal quer demonstrar que tamanho não é tão boas, que falam da vida social, acadêmica, documento e por isso, está mais enxuto, porém, mais científica e cultural da nossa universidade. Questões intenso. Produzido pelos alunos do terceiro semestre como a inclusão dos estudantes indígenas, as mudanças do curso de Jornalismo da FACOM, o JF deste ano nas formas de recepção dos calouros, as empresas pretende olhar para a nossa Universidade e, para isso, júnior e os problemas e soluções para o transporte mudamos o foco, sem perder de vista os personagens e dentro dos campi, são alguns dos temas desta edição. acontecimentos da cidade de Salvador. Uma instituição Boa leitura e até a próxima edição.
UFBA Atraso nas obras torna mais difícil a situação do Insituto de Química
Pedido de socorroLUIZ FERNANDO TEIXEIRA JÚLIA BELAS
Fotos: Sara Régis
Foto da capa: Renato Alban Materiais estão espalhados pelos corredoresMateriais estão espalhados pelos corredores
Brasil, onde existem 169 EJs. Elas são doação de alimentos em todo processo
voltadas para a prestação de serviços à seletivo (para novos membros), e
sociedade, principalmente às micro e também somos organizadores do trote
pequenas empresas. Dessa forma, os solidário, evento realizado todo
empresários juniores colocam em semestre em que os alunos desenvolvem “Designativo dos que pertencem à prática o seu aprendizado, sempre com o atividades em instituições de caridade”.turma dos concorrentes mais moços”. respaldo e auxílio dos professores que os No âmbito cultural os juniores Esse é o significado da palavra júnior, de orientam ao longo dos projetos. Só na também realizam grandes projetos, acordo com o dicionário Michaelis. Universidade Federal da Bahia (UFBA) como o FacomSom da Produtora Júnior - Definição bastante apropriada para existem 14 empresas pertencentes ao EJ da Faculdade de Comunicação –, qualificar quem faz parte do Movimento Núcleo de Empresas Juniores (NEJ), evento que valoriza grupos musicais Empresa Júnior (MEJ). O MEJ é instância que representa as empresas pouco conhecidos no meio baiano. Para composto pelas Empresas Juniores (EJs), frente à Universidade. o diretor Presidente da EJ, Fábio associações civis sem fins lucrativos
Arcanjo, “O FacomSom é, sem
dúvidas, um dos grandes
momentos do ano. É um de
nossos maiores projetos, pois nos
capacita para atuar em diferentes
áreas e ainda proporciona um
ambiente único de interação
cultural para os alunos”.
DE MÃOS DADAS
As EJs buscam autonomia
assim como as empresas de
mercado. Atualmente muitas
empresas estão em processo de
emissão do alvará na UFBA,
documento que formaliza a
existência dessas associações
enquanto prestadoras de serviços.
Para Murilo Vilpert, presidente
da Empresa Júnior ADM UFBA,
da Escola de Administração, “a
relação entre as duas (faculdade e
EJ) deve ser a melhor possível,
visto que a empresa júnior
permite que os estudantes, ao sair
da facu ldade , se to rnem
verdadeiros profissionais”.
Pedro Magalhães, diretor
presidente da Empresa Júnior de
Engenharia Civil – ENGETOP,
completa: “Temos um bom
relacionamento com a Escola
P o l i t é c n i c a d a U F B A e
costumamos apoiar eventos
realizados internamente quanto
os projetos da nossa carta de
serviços para a Faculdade. Neste formadas por estudantes de graduação, Essas associações também ano, colaboramos com os festejos para o que têm a chance de desenvolver seu firmam parcerias e desenvolvem a n i v e r s á r i o d a P o l i , e m q u e potencial empreendedor, aliando a teoria projetos no âmbito interno e social, tal desenvolvemos um trabalho de com a prática de mercado. como afirma Mateus Batista, gerente de revitalização da entrada da faculdade e Com origem na França em 1967, o Relações Institucionais da ADV Jr, estamos construindo um projeto para a conceito de empresa júnior se difundiu e empresa da Faculdade de Direito da reforma dos elevadores”.hoje é muito presente pela Europa e UFBA. “Nós fazemos campanha de
3Jornal Laboratório | FACOM/UFBA
Nem tão juniores assimEMPREENDEDORISMO Estudantes da UFBA se destacam com ações dentro de empresas juniores
EDVAN LESSA GUILHERME ALVES
“Hoje a gente faz isso de uma maneira
artesanal. Eu mesmo não tenho um laboratório
de trabalho. Então, faço minhas pesquisas
com professores de outros departamentos”.
A cooperação entre os demais docentes
do Instituto e de outras faculdades, como
Física, Farmácia e Biologia, tem sido
fundamental para que as pesquisas do curso de
Química não sejam interrompidas. O chefe do
Departamento de Físico-Química, Jaime
Boaventura, destacou a boa vontade dos
professores ao ceder o pouco espaço que têm
aos colegas prejudicados. “Temos um
conjunto de dados acumulados que mesmo
com o incêndio puderam ser aproveitados e
permitiram o desenvolvimento de teses e
dissertações. Inclusive os dois primeiros
trabalhos de doutorado em Engenharia
Química”. Jaime ainda desabafa: ”Estamos
'nos virando' para conseguir trabalhar,
principalmente na forma de parceria”.
PREJUÍZOS E PRAZOS
O prejuízo calculado foi cerca de R$ 13
milhões em equipamentos e os investimentos
relacionados a esse setor seriam feitos pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia, no valor
de R$ 8 milhões. Três anos depois, ainda não
se tem previsão para o repasse da verba. Já a
reforma do prédio ficaria a cargo do
Ministério da Educação. Em um acordo entre
os Institutos de Química e Física, foi decidida
a construção do Complexo de Física e
Química, que consistirá na reestruturação dos
dois prédios já existentes, além da construção
de dois anexos. O anexo de Química abrigará
os laboratórios de graduação e deverá ficar
pronto até o fim do ano, deixando o prédio
antigo unicamente para pesquisas científicas e
pós-graduação.
PALIATIVOS
Para que as pesquisas não fossem
interrompidas, a Reitoria da UFBA e a direção
do Instituto de Química se mobilizaram para
conseguir laboratórios provisórios que
pudessem abrigar os pesquisadores e seus
grupos durante a reforma. O Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia
cedeu três laboratórios no antigo Colégio
Marista de Salvador. Em meados de março, a
diretoria do Instituto de Química recebeu a
notícia de que um dos três laboratórios estava
concluído e outro estava sendo finalizado. As
obras no terceiro laboratório começaram em
janeiro deste ano. Além disso, três
laboratórios de graduação serão implantados
no prédio do antigo Serviço Médico
Universi tário, dividindo o edifício
provisoriamente com a Faculdade de
Arquitetura.
Murilo Vilpert, presidente da Empresa Júnior da Escola de Administração da UFBA
<< A relação entre as duas (faculdade e EJ) deve
ser a melhor possível, visto que a empresa júnior permite que
os estudantes, ao sair da faculdade, se tornem verdadeiros
profissionais no mercado >>
Agnes Cajaiba
edição do evento. Segundo a organizadora Fabiana, não passantes ou errantes, que reinventam os espaços no
foram inscritos trabalhos, teses ou comunicações, e sim cotidiano”, completa Paola.
provocações. “A gente quer um evento que seja um lugar Com base no conceito da errância, um destaque do
de construção de ideias, e não de exposição”, pontua. projeto Corpocidade são as oficinas oferecidas durante o Diante de uma rotina cada vez mais acelerada e Dessa forma, as duas etapas do evento – que em 2010 evento. Esse ano, dentre as propostas disponíveis - dispersa, a percepção do ambiente e do que acontece ao aconteceu nas cidades de Salvador e Rio de Janeiro –, fotografia, caminhada, dança -, a pesquisadora Aline redor não tem sido um hábito presente no cotidiano dos contaram com longos processos de discussões. Couri Fabião propõe o workshop Os ouvidos das ruas. cidadãos urbanos. Pensando nisso e nas inúmeras
Através do que chama de “derivas”, a ideia é que os possibilidades de apreensão e compreensão desse espaço, APREENDER O ESPAÇO ATRAVÉS DA participantes busquem a percepção dos sons no ambiente surgiu o projeto Corpocidade, idealizado pelas ERRÂNCIA urbano. “Os sons podem dar pistas sobre quem utiliza professoras da Universidade Federal da Bahia (UFBA)
O simples exercício de se permitir perceber o certo espaço, quem o constrói, sobre práticas Fabiana Dultra Brito, da Escola de Dança, e Paola caminho que está fazendo entre as ruas até chegar ao desenvolvidas nele e sobre aqueles que se sentem parte Berenstein, da Faculdade de Arquitetura. O projeto teve trabalho é inconsciente ou conscientemente descartado dele. Ou pelo contrário, sentem-se marginalizados por início em 2008 com a realização do evento Debates em por vários motivos. Os cidadãos urbanos não estão um desenvolvimento padronizado”, justifica Aline.Estética Urbana na cidade de Salvador. “A proposta é habituados a se apropriar do espaço que ocupam, onde discutir o espaço urbano não como um lugar para a arte transitam. Segundo Paola, uma das melhores formas de acontecer, mas como uma condição para isso”, explica conhecer a cidade em que estamos é justamente Fabiana. A cidade não poderia se resumir a um palco ou desconhecendo aquilo que se está acostumado a fazer, a um cenário inalterável e despercebido. E, dentro dessa rua em que está acostumado a andar. Trata-se de uma perspectiva, o evento, que chega à sua terceira edição, e proposta chamada de “errância urbana”: a possibilidade todas as atividades que fazem parte do projeto de tomar caminhos desconhecidos e experimentar a Corpocidade tratam da apreensão e diálogo com o espaço cidade de uma forma nova, diferente da rotina. “São as urbano, provocadas pela necessidade de se inserir nesse diferentes ações, apropriações ou improvisações dos meio e compreender-se a partir dele.espaços que legitimam ou não aquilo que foi projetado. A palavra “provocar” traz uma característica São essas experiências vividas pelos habitantes, curiosa na metodologia utilizada durante a segunda
Projeto Corpocidade busca estimular a relação do corpo com o ambiente urbano
Projeto Corpocidade busca estimular a relação do corpo com o ambiente urbano
COMPORTAMENTO Proposta articula artes performáticas, discussão científica e manifestações artísticas
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AGNES CAJAIBA TAIS BICHARA
Como participar?A terceira edição do Corpocidade acontecerá entre os dias 23 e 27 de abril, em Salvador (BA). As inscrições para participar das oficinas e dos debates – eventos gratuitos - podem ser feitas até dia 15 de abril pelo site www.corpocidade.dan.ufba.br
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Quem tem aula em diferentes unidades da
Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador,
sabe o quanto é difícil se deslocar rapidamente entre os
campi para não chegar com atraso às aulas. Subir e
descer a escadaria da Escola Politécnica, que liga o
campus de São Lázaro ao de Ondina/Federação,
representa um desafio diário para muitos estudantes e
funcionários. Para resolver essa situação, é necessário
desenvolver um meio de transporte que integre os
campi. E parece que esse sonho antigo não vai demorar
para se tornar real. composta por 12 pessoas, dentre elas arquitetos,
Pessoas com dificuldades de locomoção, como docentes e estudantes da Escola Politécnica. Tem a
idosos e cadeirantes, não têm condições de transitarem responsabilidade de desenvolver todo o projeto, desde
pelos campi da Universidade sem utilizar um meio de os estudos técnicos de viabilidade do terreno, do
transporte urbano. Utilizar as escadas como via de detalhamento topográfico até o desenho das cabines.
acesso se torna mais crítico em dias chuvosos e perigoso Após a construção do bondinho, o fluxo de pessoas
em horários de menor movimento. Para Fernanda circulando pelos campi da UFBA deve aumentar, pois
Barreto, estudante do 4º semestre de Biologia, “a escada não somente a comunidade acadêmica, mas também os
da Poli é uma das coisas que jamais terei saudades moradores do entorno serão beneficiados.
quando sair da UFBA”. Na falta de opção, a escadaria O bondinho será gratuito e a cabine projetada
representa o caminho mais curto para muitas pessoas com gradil de vidro, para dar segurança visual aos
que transitam por ali. passageiros, suporta até 30 pessoas por viagem com
A fim de tornar possível o tripé integração- menos de um minuto. O projeto, de acordo com a existe grande possibilidade das obras começarem ainda mobilidade-acessibilidade foi criada uma comissão comissão, tem baixo impacto ambiental e prevê a em 2012. executiva em dezembro do ano passado, por iniciativa existência de duas estações de transbordo, uma superior
As Fernandas, os Josés e as Marias que sonham da Administração Central da UFBA, para elaborar o e outra inferior. Nesta última, haverá uma área de em chegar às aulas sem passar tanto sufoco, vão ter que projeto do plano inclinado. “O nosso desejo é tornar a convivência com fotocopiadora, lanchonete e anfiteatro aguardar mais um pouco, pois o projeto será entregue universidade mais integrada, interagindo de maneira para evitar que o local de transbordo se torne uma região no final do mês de maio à gestão central da UFBA para plena”, declara o vice-reitor da UFBA, Luís Rogério isolada. “A proposta arquitetônica é diferente, tem um ser analisado pelo Conselho Universitário e pela Leal. designer específico”, avalia o professor Robson. Como Comissão de Patrimônio, Espaço Físico e Meio Coordenada pelo professor de Engenharia o projeto ainda está em fase de andamento, o orçamento Ambiente da Universidade. Química, Robson Silva Magalhães, a comissão é não foi decidido. Entretanto, segundo o vice-reitor,
5Jornal Laboratório | FACOM/UFBA
O bondinho da UBFA
ACESSIBILIDADE As obras do plano inclinado poderão ser iniciadas em 2012
ADRIELE SOUSA
O bondinho da UFBA
Modelo do plano inclinadoda UFBA retirado
do projeto da obra
Fernanda Barreto, estudante do 4º semestre de Biologia
<< A escada da Poli é uma das coisas que jamais terei saudades quando
sair da UFBA>>
Economia quando decidiu migrar para o curso de calouro porque chegamos aqui totalmente perdidos”, Produção Cultural, na Faculdade de Comunicação pontua Luisa Novaes, 18, aluna de Engenharia Elétrica. (Facom). “Vim de uma faculdade que não tem Semana do Ela conta que, diferente dos amigos de outros cursos, já
Ser novo é sempre um desafio. Todos já chegaram Calouro. A gente vai conhecendo as coisas aos poucos, teve aula desde o primeiro dia e nem reconhece quem são em algum lugar como marinheiros de primeira viagem, mas não foi como na Facom, em que conhecemos tudo os veteranos ou funcionários da sua faculdade, sempre curiosos para conhecer um novo mundo, com infinitas nos primeiros dias”, compara. Outro ponto que lhe recorrendo a qualquer pessoa para pedir informações possibilidades de aprendizado e dificuldades a serem chamou a atenção foi o contato com os veteranos. “É a úteis, como trancamento de matérias, orientações sobre o enfrentadas. Essa é a sensação de alguns dos 8000 integração entre alunos novos e antigos, entre colegas e campus e corpo docente. Para Maria Emilia Melo, 17, calouros que a Universidade Federal da Bahia (UFBA) corpo docente que faz a faculdade. Essa prática deve caloura de Design, “o primeiro dia foi uma confusão, mas recebe em 2012. Aquela velha história de que “na Federal permanecer”, conclui o estudante. tudo ficou mais claro na semana do calouro, quando você vai ter que se virar” se apresenta de diferentes A experiência incentiva os atuais calouros a se houve uma palestra do diretor, em que funcionários e maneiras para cada um e as faculdades proporcionam tornarem veteranos receptivos, consolidando uma professores se apresentaram”. recepções nem sempre tão “calourosas”. verdadeira tradição em algumas faculdades, como a Nessa mistura de expectativas e frustrações, o
Segundo Dulce Aqino, Pró-reitora de Extensão, a Escola de Administração. Gabriela Regis, 18, afirma que desafio de estar em um ambiente não explorado fortalece importância da recepção é entrar com o pé direito no ano “a semana do calouro foi muito esclarecedora. Quase amizades e relações, mas exige dos estudantes que letivo. “É essencial essa sensação de pertencimento e a todos os dias tiveram palestras e apresentações das propunham e exijam da instituição e dos DA's formas festa Calourosa é justamente para mostrar ao aluno que a instâncias, projetos e diretoria da faculdade”. legítimas de dar boas vindas aos novos alunos, como universidade é parte dele e ele é parte da universidade”, palestras introdutórias. Júlia Rocha, caloura de destaca. Mas, ela também lembra que as faculdades FALTA INFORMAÇÃO Arquitetura e Urbanismo, tem boas expectativas para os devem promover a sua Semana do Calouro nos primeiros Na famosa cultura do boca-a-boca, em que os próximos anos. “Eu espero poder conhecer mais todo o dias do semestre, geralmente organizada pelos alunos antigos passam informações para os mais novos, sistema porque acho que a faculdade tem muito a estudantes e Diretórios Acadêmicos (DA's). os cursos mais dispersos muitas vezes deixam lacunas oferecer e quero usufruir de tudo”.
Pablo Santana, 19, já cursava o terceiro período de para esses estudantes. “Acho que falta orientar melhor o
6 Jornal Laboratório | FACOM/UFBA
Pichações no restaurante universitário foram feitas por estudantes que reivindicam a diminuição do preço do p.f. para um real
Calourosa se consolida como principal recepção dos novos estudantes da Ufba
SEMANA DO CALOURO UFBA recebe 8000 calouros
LARA PERL
Teatro, música e dança no Campus de OndinaTeatro, música e dança no Campus de Ondina
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7Jornal Laboratório | FACOM/UFBA
+fotos
Recebendo a diversidadeO evento deste ano contou, pela primeira vez, com
apresentações artísticas de grupos da UFBA, tal como a
Filarmônica da Escola de Música, grupos de dança e percussão,
dentre muitos outros, além da já tradicional Feira do
Conhecimento, onde as instâncias e projetos de extensão de
todas as faculdades são representados pelos próprios alunos, em
stands. Para Viviane Costa, caloura do curso de Arquitetura e
Urbanismo “é uma forma de um conhecer um pouco o que o
outro faz”. A Pró-Reitora de Extensão, Dulce Aquino,
acrescenta ainda que este tipo de evento “é importante para o
aluno ter um panorama e entender a diversidade das áreas de
conhecimento em uma universidade como a nossa, grande e
diversa”.
No centro da Praça das Artes, o PET Indígena montou
uma Xoça, justamente para demarcar a diversidade da
universidade. “É importante abrir esse espaço porque a
composição do nosso país deve estar aqui representada
também”, afirma Ariádila Santos, estudante de música da
UFBA, da etnia Pataxó. “Acho importante estarmos aqui
presentes. É um momento propício, pela aproximação das
pessoas e porque é uma grande concentração, onde podemos
divulgar muito mais o nosso trabalho”, acrescenta.
Taquary, estudante indígena, monta xoça na Calourosa
Reitora Dora Leal e Pró-Reitora de Extensão, Dulce AquinoReitora Dora Leal e Pró-Reitora de Extensão, Dulce Aquino
Professor da Escola de Belas Artes vira escultura viva e atrai calourosProfessor da Escola de Belas Artes vira escultura viva e atrai calouros
Grupo Odundê (Escola de Dança da UFBA)Grupo Odundê (Escola de Dança da UFBA)
Renato Alban
Amana Dultra
Renato Alban
Renato Alban
Igor Souto, que ministrou oficina de montagem. Cecília com a presença de Luís Otávio Ribeiro, um dos Homem de Mello, atriz e diretora de elenco da O2 Filmes, idealizadores do Catarse.me; Daniel Lisboa, um dos ministrou oficina de produção de elenco, e Cecília fundadores da Cavalo do Cão Filmes e André D`Elia, A segunda edição do Festival de Cinema Amado, diretora de Capitães de Areia (2011) organizou a diretor do documentário “Belo Monte – O Anúncio de Universitário da Bahia, que aconteceu entre os dias 15 e oficina de assistência de direção. O festival proporcionou uma Guerra”. Outra oficina foi a de Produção 18 de março, reuniu novos realizadores e cinéfilos de dois importantes debates: Crowdfunding, que contou Audiovisual para Internet, que teve a participação do todo o Brasil e importantes nomes do cinema brasileiro.
coletivo Mê de Música.Além das mostras de curtas universitários do país, que Paralelo às oficinas e debates, 50 curtas-metragens aconteceram simultaneamente na Sala de Arte do Museu
universitários foram exibidos. Dentre os curtas e no Cine Cena Unijorge, o evento também contou com selecionados, dois representaram a Bahia: “Fake-me”, de oficinas e debates sobre cinema, que se revezaram entre a Marcus Curvelo, do Bacharelado Interdisciplinar (BI) Universidade Jorge Amado e a Aliança Francesa.em Artes com ênfase em Cinema e Audiovisual, e “Filme A abertura do evento, na noite do dia 15, iniciou-se de Personagem”, de Álvaro Andrade, formado em com a exibição de dois curtas-metragens do cineasta Jornalismo, ambos pela UFBA. baiano Sérgio Machado, o homenageado do festival deste
O encerramento do evento, dia 18 de março, foi ano. O primeiro curta apresentado foi “Troca de marcado pela premiação dos curtas. O primeiro prêmio, Cabeças” (2003), primeiro trabalho do diretor, realizado de melhor curta baiano, foi para “Fake-me”. O terceiro e quando ainda cursava Jornalismo na Universidade o segundo lugares do júri técnico foram, Federal da Bahia (UFBA). Foi exibido também “Príncipe respectivamente, para os curtas “Dar Luz”, de Leandro Encantado”, de 2009. Goddinho, e “Pétala”, de Vitor Dourado, ambos da Para fechar a noite, Machado, que dirigiu Quincas Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. Já os Berro D`água (2010) e está dirigindo Heliopólis, prêmios de melhor curta pelo júri popular e pelo júri participou de um debate com o crítico de cinema João técnico foram dados a “Irene”, dirigido por Patrícia Carlos Sampaio. O realizador aproveitou a ocasião para Galucci e Victor Nascimento da Academia Internacional ressaltar a importância de festivais como esse, que não de Cinema (AIC). existiam durante sua adolescência, o que contribuiu para
Além de debates e oficinas interessantíssimos para que sua formação como cineasta se desse, segundo ele, quem gosta de cinema, o festival também proporcionou “de maneira solitária, lendo e assistindo a filmes reflexões e discussões de grande importância para a sozinho”.construção de um novo olhar sobre o tema, O festival não parou ao longo dos outros dias. Na possibilitando, principalmente, a troca de experiências sexta, 16, foram ministradas oficinas com José Augusto entre os novos realizadores, e a divulgação dos seus de Blasiis, que trabalhou em grandes longas-metragens, trabalhos, e reconhecidos profissionais do cinema como Cidade de Deus (2002), Carandiru (2003) e Última brasileiro.Parada – 174 (2008), Francis Vogner, crítico e roteirista, e
8 Jornal Laboratório | FACOM/UFBA
Rita de Cássia Martins
Novidades cinematográficas
CULTURA Festival de cinema universitário reúnes novos cineastas, cinéfilos e grandes nomes do cinema brasileiro
LARA MAIATO
Francis Vogner (acima) e Cecília Homem de Melo (abaixo) nas oficinas
Renato Alban
Daniele Rodrigues
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recebe muito apoio e é bem acolhido na universidade do exterior”, completa Mayara.
Fazer intercâmbio é o Em muitos momentos, até sonho de muitos estudantes de mesmo as próprias faculdades da graduação, mas acaba se UFBA se tornam obstáculos. Camila tornando um pesadelo quando as Gonçalves, estudante do 6° semestre universidades, que deveriam de Direito, que passou seis meses na intermediar e facilitar o processo, Universidade de Coimbra, em passam a ser mais um obstáculo Portugal, conta que não foi orientada nesse caminho. É o caso vivido quanto ao aproveitamento dos por muitos estudantes da c r é d i t o s o b t i d o s d u r a n t e o Universidade Federal da Bahia intercâmbio.( U F B A ) , q u e e n c o n t r a m Já Kristian Cabezas, da dificuldades antes, durante e após Dinamarca e que cursa Estudos o intercâmbio. Essa é também a Brasileiros na Aarhus University, situação dos estudantes vindos de conta que veio para o Brasil para outros países, que se deparam entender a cultura e a política com a falta de informação e de brasileiras, visto que o País tem tido organização da Universidade, destaque no cenário mundial. que não apresenta os suportes Christian teve problemas quanto à necessários para recebê-los. falta de informações da Universidade.
Adriana Mattos, aluna do “Quando cheguei, precisava de um 7° semestre de Direito, que acaba lugar pra morar e ainda não sabia de retornar ao país depois de seis quando começariam as aulas”, meses em Roma, afirma que o reforça. apoio da UFBA ainda não é A equipe de reportagem foi até a s u f i c i e n t e . “ A l g u m a s AAI, onde conversou com Jefferson informações são desencontradas. Assis, técnico de intercâmbio. Ele Não há nenhuma explicação comentou sobre os destinos mais sobre a universidade escolhida e procurados - Espanha, Portugal, a Assessoria de Assuntos Alemanha e França – e sobre a média Internacionais da UFBA (AAI) de estudantes que fazem intercâmbio não dá quase nenhum auxílio no por ano, cerca de 350. Quando processo de elaboração e questionado sobre a falta de apoio e tradução de documentos”. dificuldades, preferiu não se
Outra estudante que manifestar sobre o assunto, alegando a c a b o u d e r e t o r n a r d o que o papel da Assessoria é realizar intercâmbio, Mayara Oliveira, do s o m e n t e a o rg a n i z a ç ã o d o s 6° semestre de Jornalismo, documentos.também não tem muito a elogiar. Apesar de todos os problemas, “Eu pretendia passar um ano na a i n d a a s s i m o s e s t u d a n t e s Espanha e descobri lá que para recomendam a experiência de isso precisaria pagar uma taxa de, intercâmbio. Eles comentam que é aproximadamente, R$ 900”. A uma oportunidade única para se estudante conta ainda que o apoio desenvolver, tendo que morar oferecido pelas universidades sozinho, e para aprender um novo estrangeiras é incomparável. idioma e vivenciar culturas diferentes.“Você vai como visitante, mas
da universidade. “Difícil é encontrar duas
meninas do mesmo curso. E isso é maravilhoso
porque gera uma integração bacana entre pessoas Todo mundo sabe que, há algum tempo, o diferentes, mas que são unidas pelo esporte”. Ela
futebol não é mais um esporte restrito ao também explica que não há um número fixo de universo masculino. Não só Marta, a famosa atletas no time. “Depende muito do campeonato. “Pelé de saia”, como muitas outras atletas que Há torneios, por exemplo, que exigem 15 meninas hoje brilham pelo Brasil em campeonatos no por equipe. Então, nos treinos, fazemos a seleção mundo inteiro, estão aí para provar isso. O que de quem irá participar”.muita gente não sabe é que a Universidade Sobre os treinos, infelizmente não há lugar Federal da Bahia (UFBA) também tem suas fixo para realizá-los. “Treinamos no Centro de representantes quando o assunto é bola no pé. As Educação Física e Esportes da UFBA , mas, na meninas do 1000 Grau F.C. compõem o time maioria das vezes, temos que nos virar utilizando oficial de futsal da UFBA que, no ano passado, as quadras dos prédios de algumas colegas”, diz conquistou o 2° lugar nos Jogos Universitários Manu. A atleta ainda reforça a importância do da Bahia, campeonato que reúne, anualmente, apoio da universidade a práticas esportivas. equipes de todo o Estado. “Hoje, temos o apoio da Pró-reitora de Ações
O time surgiu em 2008 pela iniciativa de Afirmativas e Assistência Estudantil. Essa foi três estudantes apaixonadas pelo esporte. uma conquista difícil, pois lutamos por isso desde Decidiram, então, em uma comunidade na rede 2008. No primeiro campeonato que participamos, social Orkut, convocar outras meninas que se foi necessário realizar uma rifa para pagar a interessavam em formar uma equipe de futsal na inscrição”.universidade. No mesmo ano, participaram do E para as meninas que se interessaram uma 1° Campeonato de Futsal da UFBA, realizado boa notícia: qualquer garota é bem vinda no time, pela Comissão de Esportes Universitários, que desde que mostre compromisso com a prática contou com a presença de outros oito pequenos esportiva e com o grupo. Carol Almeida, times de futsal de diversos cursos. A partir daí, estudante de Administração e uma das fundadoras formou-se a seleção com garotas de diferentes do 1000 Grau F.C., recomenda: “Além de todos os equipes, que hoje disputam os campeonatos incontáveis benefícios físicos e mentais, a prática universitários, além de outros, como a Taça esportiva é uma das melhores formas de Salvador de Futsal Feminino. integração. As universidades que possuem campi
Segundo Manú Gomes, estudante da separados não permitem que os cursos dialoguem Faculdade de Educação, o 1000 Grau F.C. é entre si. O esporte, então, proporciona aos composto por meninas dos mais variados cursos estudantes maior aproximação”.
4 Jornal Laboratório | FACOM/UFBA
Salão? De preferência, que seja com a bola no pé
ESPORTE As jogadoras que fazem bonito e representam a UFBA nos campeonatos universitários de futsal
CAROL PRADO
Intercâmbio pela UFBA é cercado por dificuldades
MUNDO Estudantes reclamam da falta de apoio edesorganização da Universidade para realizar a atividade
FÁBIO ARCANJOFABRINA MACEDO
Elas nos aquecimentoElas nos aquecimento
10 Jornal Laboratório | FACOM/UFBA
Salvador vive um significativo momento de
descrença em relação à atual situação da cidade. E qual seria, então, o papel das redes sociais
É possível atestar estes sintomas de inquietação nesta 'conversa sobre a cidade'?
em forma de protesto? As redes sociais ajudam a mobilização. Você
Há um cansaço por parte dos moradores sobre puxa um assunto, outras pessoas vêm e discutem.
como a cidade está sendo tratada. As pessoas se Com isso, se articula uma rede que envolve diversas
sentem numa cidade interessante, mas que, ao questões sobre a cidade. Existem alguns movimentos
mesmo tempo, não parece ser tratada de forma na Europa que ilustram bem isso, como “Reclame às
interessante. Com isso, elas começam a se ruas” (na Espanha). Existe também um movimento
movimentar. As redes sociais, de certa forma, crescente sobre a recuperação da cidadania, que
impulsionam o exercício da cidadania, a sugere que você reclame a cidade para você. Uma
participação coletiva, algo que estava meio perdido. cidade como Salvador tem muito a evoluir. E
Desde que o PT assumiu a Presidência da República, precisamos evoluir nas redes também. Você vê
os movimentos sociais ficaram meio assentados, movimentações no Facebook, com quase 3 mil
ficaram muito concordatos com tudo. Eu percebo pessoas, mas na prática, você conta 500, 600 pessoas,
que há uma insatisfação muito grande com várias no máximo.
coisas da nossa cidade. Com o metrô, com a
privatização do espaço público, com a forma como Então, você acha que as redes sociais,
as decisões são tomadas pelos vereadores e pela embora potencializem as manifestações, dão uma
prefeitura. Então, existe uma necessidade das impressão enganosa sobre a dimensão dos
pessoas participarem mais das gerências sobre a protestos?
cidade, que é delas. Elas têm o direito de falar e de Não é um engano propriamente dito porque
conversar sobre a cidade.
Nadja Vladi abre o jogo sobre o movimento e comenta sobre os rumos de Salvador
DESOCUPA, SALVADOR
ALEXANDRE WANDERLEY RAFAEL FRANÇA
Baiana de Caetité, Nadja Vladi vive em Salvador desde seus 15 anos. Ao longo desse tempo, formou-se na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde fez mestrado e doutorado. Trabalhou no Jornal da Bahia e capitaneou a edição estadual da Revista VEJA. Passou também pela redação do jornal Bahia Hoje e foi uma das responsáveis pelo projeto jornalístico do portal IG na Bahia. Atualmente, responde pela edição da revista Muito, produto veiculado junto com as edições dominicais do jornal A Tarde.
Foi para falar sobre a cidade de Salvador e alguns dos seus problemas que, entre uma edição e outra, no meio do expediente agitado, Nadja nos recebeu. Durante o bate-papo, a jornalista por excelência e cidadã por convicção esclareceu sua participação no Desocupa, movimento popular que contestou a construção de um camarote em praça pública no bairro de Ondina. Falou do processo judicial que vem respondendo, da importância das redes sociais nos protestos populares e de outros pontos que nos levam a pensar de forma crítica sobre a atual situação da capital baiana.
Léo Pastor
11Jornal Laboratório | FACOM/UFBA
acho muito válida a discussão naquele espaço. Mas isso vereadores, na prefeitura, na assembleia legislativa, somente.
melhor. São estes cidadãos que discutem as leis da não significa que, quantitativamente, as mesmas pessoas
cidade, decidem se vamos ter metrô, por onde ele vai Mas, na prática, a bomba acabou estourando que discutem no meio virtual irão realizar mudanças na passar, se vai aprovar ou não a lei de ordenamento do na sua mão? vida prática. O debate virtual é muito mais simples e solo urbano, etc. Ah, sim. A empresa responsável pelo camarote reúne maior número de pessoas com mais facilidade. De
moveu um processo judicial. Nele, apareço como qualquer jeito, é um bom espaço para o debate político, E quem decide os rumos de um movimento representante do movimento, uma espécie de ente independente disso parar nas ruas. Mas, talvez isso
popular? Existe, de fato, uma liderança constituída? promovedor das ações do Desocupa. É um equívoco mude!Não, e isso é muito interessante! Basta tomarmos completo e absurdo, que está trazendo consequências
o Desocupa como exemplo para entendermos que essa judiciais exclusivas, já que eu sou a única processada. Em ano de eleições municipais, estes recentes noção de liderança está atrelada à concepção mais antiga Como eles colocaram como se apenas eu tivesse causado
movimentos populares poderão influenciar na de movimento social. A internet mudou tudo. Saímos da tudo isso, tenho de responder a acusação.
escolha dos candidatos?perspectiva do “um para todos” e abraçamos a
Sem dúvidas. Percebe-se que os políticos estão concepção do “todos para todos”. A capacidade de E qual é a acusação, afinal?
mais preocupados com estes movimentos. Se estas movimentação se dá de outra forma. Todo mundo Sinceramente, não consigo compreender. A
discussões e debates fossem acontecer apenas no ano que produz, todo mundo recebe, todo mundo se movimenta. acusação geral é, simplesmente, de ser a representante do
vem, talvez não tivessem tanta importância. A eleição vai movimento Desocupa. Juridicamente, eu não sei
definir quem será o próximo prefeito e quem serão os Isso parece contraditório no caso do especificar a acusação. Sei que houve decisão liminar
novos vereadores. Todo mundo sabe, hoje em dia, a movimento Desocupa Salvador... restringindo a manifestação, mas como não participei de capacidade que as redes sociais têm para difundir ideias, Veja bem: há uma praça ali na região de Ondina, nenhuma ação presencial, não dá pra entender. O que eu chegando mesmo a pautar os meios de comunicação que é o bairro onde eu moro. Eu frequento a praça, assim sei é que toda a movimentação foi absolutamente tradicionais. como todos os moradores das redondezas. Leciono em pacífica. Para mim, foi um equívoco.
uma faculdade próxima, compro na banca de revistas da Estes movimentos populares podem praça e tomo água de coco por ali também. Um dia, de E agora, como ficam as coisas para você, para o
influenciar algumas pessoas a se envolverem com repente, a praça apareceu fechada. Chateada, fiz uma movimento e para a cidade?partidos políticos. Isso compromete a natureza dos postagem no Facebook e a coisa repercutiu Eu estou tranquila. Não posso ser colocada em um protestos? espontaneamente. A própria ideia da manifestação não lugar que não é meu. Existem centenas de pessoas que
Às vezes, as pessoas vêem a questão partidária foi minha. As pessoas estavam tão cansadas de tudo o foram mais ativas nesse movimento do que eu. O ideal com um olhar muito maléfico. Mas, nossa democracia é que estava e está, ainda, acontecendo na cidade que o seria que as pessoas continuassem mobilizadas em prol assim. Temos vereadores, prefeitos, um sistema político meu post foi um estopim, uma catarse. Mas, o da cidade que querem, agindo de forma democrática e organizado e partidário. Existem partidos para eleger movimento não se torna meu por isso, nem posso ser pacífica. Acho que as pessoas têm que se posicionar essas pessoas. Particularmente, não faço parte de apontada como líder de um movimento que não tem sempre. Estive no Rio de Janeiro e notei que a cidade tem nenhum partido político. Mas, nada impede que pessoas chefia. A cidade é nossa e pronto. A gente está mudado muito por conta da mobilização das pessoas. ligadas a partidos políticos participem dos movimentos preocupada com Salvador e com o que acontece por aqui. Com muita discussão e participação, talvez as coisas sociais. Isso não deve ser visto como algo ruim. Quanto Se ocuparem uma praça pública, claro que vamos possam mudar por aqui também.mais pessoas preocupadas com a cidade estiverem discutir sobre como isso deve ser feito, por quais razões, atuando, direta ou indiretamente, na câmara dos etc. Mas as decisões são do coletivo, nunca minhas
<<Há um cansaço por parte dos moradores sobre como a cidade está sendo tratada. As pessoas se sentem numa cidade interessante, mas que, ao mesmo tempo, não parece ser tratada de forma interessante
>>
Estudantes Indígenas PATAXÓ, PANKARARU E XUCURU-KARIRI. PET-COMUNIDADES INDÍGENAS.
Mas, segundo a estudante de
enfermagem Sirlene Lopes, que
ingressou pelo sistema de cotas,
atualmente não existe nenhuma forma
de interação entre a academia e a
comunidade, além de não serem
fomentadas discussões sobre as Implantado a partir do questões indígenas. “Alguns grupos processo seletivo de 2005, o tentam manter suas origens culturais sistema de cotas que reserva 2% através de atividades festivas e d a s v a g a s p a r a í n d i o -mobilização política”. Como é o descendentes na Universidade exemplo da Xoça - moradia Federal da Bahia (UFBA), vem t emporá r i a que s imbo l i za a ajudando a democratizar o acesso demarcação e a ocupação de um desse grupo minoritário ao território - realizada todo ano pelos ensino superior. No entanto, as estudantes que compõem o PET condições de permanência do Comunidades Indígenas.estudante indígena no ambiente
acadêmico são alvos de crítica RESULTADOSpor parte dos beneficiados. A
Observa-se que o sistema de falta de assistência estudantil e a cotas raciais tem colaborado para o a u s ê n c i a d e a t i v i d a d e s processo de inclusão de grupos relacionadas à temática indígena minoritários na universidade. De são apontadas como os principais acordo com o Serviço de Seleção, problemas.Orientação e Avaliação (SSOA), entre Para Júnior Pa taxó , 2004 e 2005, houve aumento de 100% graduado em Educação Física na participação de alunos indígenas no pela UFBA, a universidade curso de Medicina. Já no curso de deveria fazer parte do grupo que Direito, a situação foi ainda mais atende à lei 11.645/08, que obriga satisfatória, ocorrendo um aumento de as escolas de ensino médio e 700% para o mesmo período. Porém, fundamental a trabalharem em se fazem necessárias outras políticas sala de aula a história e cultura afirmativas para a permanência desses dos povos indígenas. “Apenas alunos. De acordo com a Constituição u m a p e q u e n a p a r t e d o s Brasileira de 1988, a respeito da professores dão importância à regulamentação das relações do causa . Na Facu ldade de Estado com as sociedades indígenas, Educação existe apenas uma contém um capítulo denominado “Dos disciplina que trata desta Índios”, no qual se diz que “são temática, mas só é obrigatória reconhecidos aos índios a sua para os alunos de pedagogia”, organização social, costumes, línguas, afirma Pataxó. Dentre as crenças e tradições, e os direitos propostas exigidas para atender originários sobre as terras que a o s e s t u d a n t e s í n d i o -t r a d i c i o n a l m e n t e o c u p a m , descendentes, a implantação de competindo à União demarcá-las, d i s c i p l i n a s e p r á t i c a s proteger e fazer respeitar todos os seus pedagógicas que valorizem a bens”. E que isso se torne realidade. diversidade cultural é uma delas.
Estudantes indígenasem busca de maisassistência
INCLUSÃO Nas faculdades, não há discussões nem são realizadas atividades ligadas às questões indígenas
PAULO EDUARDO GISLENE RAMOS VAL BENVINDO
Você sabe que tem índios e índias Pataxó, Pankararu e xucuru-kariri na UFBA?
Pois fique sabendo que sim!! E todos prepará-la. Não queremos ser apenas “objeto de estão espalhados por diversas áreas do pesquisa” de uma ciência que nos exclui enquanto conhecimento: artes, saúde, ciências sujeitos históricos e produtores de conhecimento”.humanas e educação, mesmo depois de mais de cinco séculos de exploração, assassinatos e O PET INDÍGENAtentativas de extinção. É o que afirma o grupo O grupo Pet- Indígena,, tutoriado pela indígena do Programa de Educação Tutorial professora Suzana de Lima Costa, é enfático ao (PET-Comunidades Indígenas) que, junto ao afirmar que “não queremos ser considerados apenas grupo PET Comunicação, levantou uma xoça pelo que fomos, por nossas perdas. Nós queremos na área central do campus de Ondina, durante ser entendidos e respeitados como parte de um a Calourosa 2012 da Universidade Federal da processo mais amplo de reelaboração sócio-cultural Bahia. que nos faz ser o que somos hoje: povos que se
diferenciam em vários aspectos, mas que se unem XOÇA MANIFESTO na luta pela manutenção de nossas identidades
O objetivo da construção é acolher indígenas, pelo respeito à diversidade étnica, e conversas, compartilhar experiências e dar mesmo pelo direito a existir”. visibilidade aos grupos de educação tutorial e, “Queremos mostrar quem somos e o que claro, provocar discussões sobre as questões queremos dentro desta universidade – destaca o indígenas no espaço da universidade. Na manifesto. “Queremos fazer história, engenharia, oportunidade, foi distribuído o “xoça química, psicologia, economia..., queremos uma manifesto” onde os índios afirmam que “não ciência que não nos oprima, mas que nos respeite e estamos fadados a desaparecer” se não que valorize; queremos manter um dialogo horizontal “estamos dispostos a lutar pela nossa com a universidade. Queremos abrir a universidade sobrevivência física e cultural. Por isso, para as comunidades indígenas. Queremos acreditamos que o protagonismo indígena assistência estudantil que garanta a permanência deve ser adotado enquanto ideologia e prática dos estudantes que vêem das aldeias, assegurando na tomada de decisões que nos afetam, direta moradia, transporte, alimentação, material didático. ou indiretamente. Desse modo, a participação Queremos pesquisa e extensão diferenciada e ampliada dos índios nas esferas de exercício voltada para as nossas comunidades, pois não do poder é fundamental”. queremos perder o vínculo com nossos povos, nem
O grupo destaca a importância de com a luta geral do movimento indígena. Queremos inserir o debate político sobre as questões a reversão da língua limitada dos que falam do ind ígenas den t ro dos espaços da indígena como bicho, animal sem alma, coisa Universidade por que “a comunidade medíocre, preguiçoso, sem entender que o índio tem universitária ignora a realidade e luta dos muito a dizer e a ensinar. Ser índio é ser guerreiro, povos indígenas”. “Não saímos das nossas persistente e nunca desistir, é lutar sempre, e a cada aldeias para enfrentar esse mundo acadêmico dia descobr i r uma nova es t ra tégia de em vão!!! Se a universidade não está sobrevivência”. Wekanã!preparada para nos receber, nós vamos
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Fotos: Labfoto e Agência Brasil