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ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 24 – N o 98 – Maio de 2015 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical As pessoas apoiaram as críticas feitas pelos sindicalistas ao governo, taxado de tolerante com a corrupção e o desemprego, e de tratar os trabalhadores com descaso > Págs. 8 a 13 Caso seja sancionada, a fórmula de aposentadoria 85/95 vai melhorar a vida do povo> Pág. 3 APOSENTADORIA Taxar as grandes fortunas seria suficiente para fazer o ajuste fiscal> Pág. 4/5 Força Sindical vai atuar no Senado para impedir a terceirização da atividade-fim> Pág. 15 IMPOSTO DE RENDA PLENÁRIAS ESTADUAIS FOTO: PAULO SEGURA Mais de 1 milhão exigem um País melhor com empregos e direitos

Jornal da Força Sindical n°98 - maio de 2015

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Page 1: Jornal da Força Sindical n°98  -  maio de 2015

FORÇA SINDICALFORÇA SINDICALFORÇA SINDICALFORÇA SINDICALFORÇA SINDICALFORÇA SINDICALFORÇA SINDICALFORÇA SINDICALÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 24 – No 98 – Maio de 2015 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical

As pessoas apoiaram as críticas feitas pelos sindicalistas ao governo, taxado de tolerante com a corrupção e o desemprego, e de tratar os trabalhadores com descaso > Págs. 8 a 13

Caso seja sancionada, a fórmula de aposentadoria 85/95 vai melhorar a vida do povo> Pág. 3

APOSENTADORIA

Taxar as grandes fortunas seria sufi ciente para fazer o ajuste fi scal> Pág. 4/5

Força Sindical vai atuar no Senado para impedir a terceirização da atividade-fi m> Pág. 15

IMPOSTO DE RENDA PLENÁRIAS ESTADUAIS

FOTO: PAULO SEGURA

Mais de 1 milhão exigem um País melhor com empregos e direitos

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 98 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 98

Lutar também contra a recessão e desemprego

Decidimos ampliar a nossa pauta de rei-vindicações por causa da recessão e do desemprego em alta, consequência de

uma política econômica baseada na expansão dos juros para evitar a aceleração da infl ação e na redução do investimento no social.

Estas ações já promovem uma piora da eco-nomia e são responsáveis pelos cortes de pos-tos de trabalho, principalmente na indústria. As montadoras de veículos, por exemplo, estão di-minuindo pessoal, pondo gente de férias e sus-pendendo contratos de trabalho.

O IBGE divulgou recentemente que a taxa de desemprego atingiu 7,4% no trimestre encerrado em fevereiro passado, contabilizando 7,4 milhões de pessoas desempregadas no País. No trimestre anterior, 6,5 milhões de trabalhadores estavam desempregados.

Este cenário levou a diretoria executiva da For-ça Sindical a ampliar a pauta de reivindicações. Nossas ações não podem fi car restritas à derru-bada das medidas provisórias 664 e 664, que di-fi cultam o acesso de pessoas a benefícios traba-lhistas e previdenciários.

É que, além disso, para fazer o ajuste fi scal e jogar o custo na crise sobre os ombros dos traba-lhadores, o governo lançou as MPs, mas vai tam-bém cortar investimentos previstos no Orçamen-

to, revisar o programa de desoneração da folha de pagamento e aumentar tributos.

Diante de um cenário de economia em baixa, a diretoria executiva da nossa Central decidiu orientar os sindicatos fi liados para cobrar mu-danças radicais nos rumos da política econômica, a fi m de combater o aumento do desemprego e a aceleração da infl ação.

Em seguida, a Central pretende realizar uma grande manifestação nacional, em data a ser marcada, com uma pauta de reivindicações for-mada por propostas de desenvolvimento, contra o desemprego, infl ação alta, aumento dos juros e pela derrubada das medidas provisórias. E não vai participar do ato marcado para o dia 29 pelas outras Centrais Sindicais.

Foi uma vitória do movimento sindical, em es-pecial da Força Sindical, a aprovação pela Câma-ra dos Deputados, da fórmula 85/95 para a apo-sentadoria, o que corresponde a uma opção ao famigerado Fator Previdenciário.

Pela nova fórmula, a aposentadoria será calcu-lada com base na soma do tempo de contribui-ção com a idade e permite receber aposentado-ria integral em relação ao salário de contribuição. Assim, homens e mulheres trabalharão menos tempo e poderão ter seus proventos majorados.

EDITORIAL Miguel Torres, Presidente da Força Sindical

ARTIGO

A economia e o clima

Herbert Passos Filho, presidente do Sindicato dos Químicos da Baixada Santista

A Força Sindical sempre esteve pre-sente nas discussões sobre os impactos do meio ambiente e do

clima, seja no Brasil ou no mundo. Enten-demos que é responsabilidade de todos de-cidirmos o futuro que queremos para nossos fi lhos. Todos sabemos que a conversa sobre o clima não passa de uma grande negociação econômi-ca, e que da economia vem o poder das nações.

A grande briga, hoje, é que os países ricos não querem pagar a conta do estrago que fizeram para se desenvolver. Esta conta nem é em dinheiro, po-deria ser feita com a participação da tecnologia desenvolvida. Mas eles fazem questão de que os países como o nosso que estão em desenvolvi-mento, continuem sendo fornecedores de matérias primas e de alimentos, sempre produtos sem valor

agregado.Como pode um mero celular custar mais do que 4 ou 5 toneladas de fer-ro (200 dólares)? Quanto de energia e de água custa extrair este ferro, e que impacto causa ao meio am-

biente? Toda esta conta fica nos pa-íses que já tem a população mais po-

bre e exposta ao clima e meio ambiente danificado. Os cidadãos (eleitores) do norte

do mundo não abrem mão de consumir mais do que produzem, obrigando aos do sul do mundo a arcar com os prejuízos, só que esta conta não fecha mais.

Moramos no mesmo planeta, comemos do mesmo pão e bebemos da mesma água. E este planeta está doente, precisando que a sanha do lucro dê lugar à razão e à remediação dos erros cometidos. Não adiantarão exércitos e armas quando não tivermos onde buscar a água e alimentos.

Melquíades de Araújo, Antonio de Sousa Ramalho, Eunice Cabral, Levi Fernandes Pinto, Almir Munhoz, João Batista Inocentini,Paulo Roberto Ferrari, Carlos Alberto dos Reis, José Lião,Wilmar Gomes dos Santos, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz,Antonio Silvan Oliveira, Carlos Antonio Figueiredo Souza, Terezinho Martins da Rocha, Valdir de Souza Pestana, Maria Augusta C. Marques, Fernando Destito Francischini,Francisco Soares de Souza, Gidalvo Gonçalves Silva, Luiz Carlos Gomes Pedreira, Rubens Romão Fagundes, Nilton Rodrigues da Paixão Jr., Nilton Souza da Silva (Neco),Geraldino dos Santos Silva, Anderson Teixeira, Arnaldo Gonçalves, José Pereira dos Santos, Paulo José Zanetti, Maria Auxiliadora dos Santos, Jefferson Tiego da Silva, Aparecido de Jesus Bruzarrosco, Adalberto Souza Galvão,Ruth Coelho Monteiro, Helena R. da Silva, Luiz Carlos Anastácio,Hebert Passos Filho, Carlos C. Lacerda, Elmo Silveira Léscio,Walzenir Oliveira Falcão, Valdir Pereira da Silva,Milton B. de Souza Filho, Jamil Dávila e Eliana Aparecida C. Santos

FORÇA SINDICAL NOS ESTADOS (presidentes)

AC – Luiz Anute dos Santos; AL – Albegemar Casimiro Costa;AM – Vicente de Lima Filizzola; AP – Moisés Rivaldo Pereira;BA – Nair Goulart; CE – Raimundo Nonato Gomes; DF – Carlos Alves dos Santos (Carlinhos); ES – Alexandro Martins Costa; GO – Rodrigo Alves Carvelo (Rodrigão); MA – José Ribamar Frazão Oliveira; MG – Vandeir Messias Alves; MS – Idelmar da Mota Lima; MT – Manoel de Souza; PA – Ivo Borges de Freitas; PB – Evanilton Almeida de Araújo; PE – Reinaldo Alves de Lima Jr.; PI – Vanderley Cardoso Bento; PR – Nelson Silva Souza (Nelsão); RJ – Francisco Dal Prá; RN – José Antonio de Souza; RO – Francisco de Assis Pinto Rodrigues;RR – José Nilton Pereira da Silva; RS – Marcelo Avencurt Furtado;SP – Danilo Pereira da Silva; SC – Osvaldo Olavo Mafra;SE – Willian Roberto C. Arditti; TO – Carlos Augusto M. de Oliveira

ESCRITÓRIO NACIONAL DA FORÇA SINDICAL EM BRASÍLIA:SCS (Setor Comercial Sul) – Qd 02 – Edifício Jamel Cecílio – 3o andarSala 303 – ASA Sul – 70302-905 – Fax: (61) 3037-4349 – Fone: (61) 3202-0074

DIRETORIA EXECUTIVA:

DIRETOR RESPONSÁVEL: João C. Gonçalves (Juruna)

JORNALISTA RESPONSÁVEL: Antônio Diniz (MTb: 12967/SP)

EDITOR DE ARTE: Eraldo Cavalcante

REDAÇÃO: Dalva Ueharo e Val Gomes

REVISÃO: Edson Baptista Colete (MTb: 17898/SP)

ASSISTENTES: Fábio Casseb e Rodrigo Lico

é uma publicação mensal da central de trabalhadores FORÇA SINDICAL

Rua Rocha Pombo, 94 – Liberdade – CEP 01525-010

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E X P E D I E N T E

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ASSESSORIA POLÍTICA: Antonio Rogério Magri, Hugo Martinez Perez, João Guilherme

Vargas, Marcos Perioto

FUNDADOR:

Luiz Antonio de Medeiros

PRESIDENTE: Miguel Eduardo Torres

SECRETÁRIO GERAL: João Carlos Gonçalves (Juruna)

TESOUREIRO: Ademir Lauriberto Ferreira

to, revisar o programa de

2

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MAIO DE 2015MAIO DE 2015

Fórmula 85/95 melhora a vida do trabalhador

A possibilidade de o trabalhador poder optar, no momento da aposentado-ria, pela fórmula 85/95, em vez do

Fator Previdenciário, vai reduzir o tempo para ele se aposentar e aumentar o valor dos pro-ventos. Pela nova fórmula, as pessoas terão de somar o tempo de contribuição à Previdên-cia com a idade.

A mulher trinta anos de contribuição mais 55 anos de idade, totalizando 85; o homem 35 anos mais sessenta anos de idade, somando 95. Com a proposta aprovada na Câmara dos Deputados, é possível receber aposentadoria integral em relação ao salário de contribuição.

A fórmula, resultado de emenda de autoria do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), aprovada pela Câmara Federal, no dia 13, é re-sultado da luta da Força Sindical para acabar

com o Fator Previdenciário, que achata as apo-sentadorias dos trabalhadores em até 40%.

“Durante anos, o redutor se tornou priorida-de de nossa Pauta Trabalhista. Fomos às ruas protestar, negociamos com o governo e sensi-bilizamos parlamentares para mudar a medida, que prejudicou milhares de vidas”, indignou-se o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.

SenadoO projeto agora será apreciado pelo Senado

e tem grandes chances de passar, seguindo, ato contínuo, para a sanção da presiden-ta Dilma Rousseff. “Acabar com o Fator é o sonho dos trabalhadores, porque a medida, criada em 1999, durante o governo FHC, foi mantida nos governos Lula e Dilma e há anos vem prejudicando a aposentadoria daqueles

que trabalharam a vida inteira pelo desen-volvimento do País”, criticou o presidente da Central.

No caso de a presidenta sancionar o pro-jeto, as pessoas poderão optar pela fórmula 85/95 para ter o benefício integral ou pelo critério do Fator, se este for mais vantajoso. Para o sindicalista, a fórmula 85/95 vai me-lhorar a vida do trabalhador.

O Fator Previdenciário foi instituído para inibir aposentadorias precoces. Quanto mais jovem o trabalhador, menor é o valor da apo-sentadoria. A medida achata as aposentado-rias entre 30% e 40% porque leva em conta a idade, o tempo de contribuição e a expectati-va de vida. “Já a grande vantagem da fórmula 85/95 é que, no cálculo da aposentadoria, não entra a expectativa de vida”, observa Miguel.

3 APOSENTADORIA

www.fsindical.org.br

Manifestação de sindicalistas da Força Sindical no Salão Verde da Câmara dos Deputados reivindica a derrubada do Fator

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 98 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 98

O governo federal poderia muito bem fazer o ajuste fi scal taxando as grandes fortunas para evitar penalizar os trabalhadores com a

redução de direitos, assim como com o corte de 70 bi-lhões do Orçamento, o que vai prejudicar basicamente os investimentos nas áreas sociais. A alternativa seria a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) e a ampliação da progressividade. Estas e outras medidas seriam sufi cientes para o governo arre-cadar cerca de R$ 112 bilhões, ou seja: R$ 12 bilhões a mais do que o Ministério da Fazenda pretende economi-zar com as Medidas Provisórias 664 e 665, com o corte no Orçamento, aumento de tributos e a desoneração da folha de pagamento.

A estimativa consta do documento ‘Proposta para uma tributação mais justa’, da Subseção Dieese da Força Sindical. “Como a política tributária é um dos principais instrumentos de distribuição de renda, defendemos um sistema tributário que tenha como princípio a progressi-vidade na forma de incidência”, informou o economista da subseção, Altair Garcia. Segundo ele, o aumento das faixas e a correção da defasagem da tabela podem au-mentar a arrecadação.

De acordo com a proposta do Dieese, o pequeno nú-mero de faixas de renda tributáveis e a manutenção da defasagem da tabela do IRPF em relação à infl ação aumenta a carga tributária e penaliza de maneira acen-tuada o contribuinte de menor renda, notadamente a classe média assalariada. De 1996 a 2013, a defasa-gem acumulada na tabela do IRPS atingiu 61,24%, pelo IPCA-IBGE.

ImpostosPara o 1º secretário da Força Sindical Sérgio Luiz Lei-

te, o Serginho, a melhor forma de encaminhar uma refor-ma tributária mais justa, alcançando maiores níveis de progressividade, é por meio de impostos diretos, como o IRPF. Impostos indiretos, como ICMS e o ISS, tendem a ser menos efi cientes em realizar o princípio da progressi-vidade porque incidem sobre o consumo.

A tributação de grandes fortunas está prevista na Constituição da República, mas ainda não foi regulamen-tada. “Há um descaso dos parlamentares porque a regu-lamentação vai atingi-los, e eles não aprovam nenhuma mudança tributária que os atinja”, criticou Serginho.

Taxar a riqueza basta para fazer o ajuste

IMPOSTO DE RENDA4

Estimativa de Tributação/Renúncia Fiscal

Valor R$ bilhõesImposto grandes fortunas

Lucros e dividendos distribuídos

Tributação sobre remessa de lucro

Aeronaves e embarcações de luxo

Combate à fuga de capitais

e fl uxos ilícitos dado 2012

DRU/FAT

Desonerações PIS/PASEP-FAT

Total estimado Fonte: Subseção Dieese da Força Sindical

“os políticos não fazem reforma tributária porque vão pagar mais imposto”direitos Sérgio Luiz Leite (Serginho)

3,5

18,1

10,7

5,7

49,0

12,2

12,2

12,7

111,9

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MAIO DE 2015MAIO DE 2015 5 www.fsindical.org.br

folha de pagamentos; e apenas 4% referem-se à tributação sobre o patrimônio.

Regime idealPara o dirigente sindical, o regime tributário

ideal deve conter a progressividade na arreca-dação de tributos. Segundo consta do documen-to, “quem teve mais renda deve pagar mais”. Na visão do economista Marcio Pochmann, a informação segundo a qual a carga tributária supera 35% do Produto Interno Bruto, é apenas um registro, “insuficiente, por si só, para per-mitir comparações com outros países”. O eco-nomista é professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp.

A razão é que o Brasil possui uma péssima divisão de renda e riqueza. Há segmentos so-ciais que praticamente não sentem o peso da tributação. É o caso dos 10% mais ricos, que concentram 3/4 de toda a riqueza do País. “Já os pobres não têm escapatória, pois estão con-denados a compartilhar suas reduzidas rendas com o financiamento do Estado brasileiro”.

País que já teve dezesseis faixas de renda tributável – de 1976 a 1978 –, o que garantia maior justiça tributária, o Brasil contabiliza, hoje, cinco faixas de renda, com alíquota má-xima de 27,5%, que tributa renda acima de R$ 4.271,59 (ano 2013), incluindo valores que su-peram dezenas de milhares de reais. Na França, a tabela tem seis alíquotas, cujo maior índice chega a 48%, enquanto a Bélgica possui cinco alíquotas, com o teto máximo de 50%.

Para o Dieese, há espaço para mais faixas de rendas mais altas, o que poderia atenuar a perda de arrecadação do imposto causada por uma correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). Por exemplo: alíquotas de 30% e 35%. Taxar as grandes fortunas, au-mentar a progressividade e corrigir a tabela do IRPF podem contribuir também para aumentar o consumo, a produção e a arrecadação total de tributos.

Mas não é somente a baixa progressividade e a defasagem da tabela de correção do IRPF que impedem uma melhora na distribuição de renda do País. “Temos uma distorção tributária

• O imposto sobre herança tem alíquo-ta em torno de 4%, enquanto nos Es-tados Unidos, Alemanha e França pode chegar a 40%;• Lanchas, iates, helicópteros e jatinhos não pagam IPVA;• A Lei 9.249, de 1995, isentou do paga-mento do Imposto de Renda os lucros e dividendos recebidos pelos sócios e acionistas das empresas.Fonte: Dieese, Ipea e Sindifi sco Nacional

Quem tem mais renda deve pagar maisIMPOSTO DE RENDA

muito grande porque taxa em excesso o consumo e subtributa o patrimônio e a renda”, destacou o 1º secretário da Força Sindical, Sérgio Luiz Leite, o Serginho.

De acordo com a cartilha ‘A progressividade na tributação brasileira’, de 2009 (Dieese, Ipea e Sin-difisco Nacional), 48% da carga tributária total foi arrecadada com impostos indiretos, aqueles que incidem sobre o consumo; 22% correspondem a impostos sobre a renda; 21% contribuição sobre a

Dados inacreditáveis

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 98 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 986 CAMPANHA SALARIAL

Diante do cenário de estagnação eco-nômica do País, queda da produção, juros altos, infl ação e desemprego, os

dirigentes sindicais intensifi cam as campanhas com muita mobilização dos trabalhadores, greves e intensas negociações para garantir bons acordos, aumento real e manutenção das conquistas ante-riores.

Os trabalhadores da Construção Civil de São Paulo conquistaram reajuste de 8,34% (para os que ganham o piso), 8% (para os que recebem até R$ 7 mil), livre negociação para quem tem salário acima de R$ 7,01 mil, e manutenção das conquistas an-teriores. “Diante da crise, do aumento do desem-prego e da infl ação, é preciso ter bom senso nas negociações para fechar o melhor acordo salarial possível”, diz Antonio de Sousa Ramalho, presi-dente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP), lembrando que se a infl ação atingir os 10%, as ne-gociações serão retomadas imediatamente. “Não podemos deixar que o bolso do trabalhador seja corroído”, alerta Ramalho.

Os trabalhadores do setor industrial de fabrica-ção do álcool/etanol no Estado de São Paulo rei-vindicam de 5% de aumento real, valorização do piso e PLR. O presidente da Federação dos Traba-lhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo (Fequimfar), Sérgio Luiz Leite, o Serginho, disse que os sindicatos fi liados rechaçam as propostas feitas pelas empresas, por estarem muito longe das reivindicações econômi-cas e sociais feitas da categoria, e vão lutar por melhorias, inclusive com greve se necessário.

O Sindicato dos Trabalhadores na Construção Ci-vil, Montagem e Manutenção Industrial (Sintraco-mos), presidido por Macaé Marcos Braz de Oliveira, conquistou reajuste de 10%, aplicado também na PLR, e 25% no vale-refeição, para empregados de empreiteiras do pólo industrial de Cubatão e baixa-da santista. Esta conquista evitou uma greve pre-vista para 6 de maio, mas paralisações ocorreram em algumas empresas.

O Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública Municipal de Guarulhos, presidido por Pe-dro Zanotti Filho, disse que a categoria, rejeitou a proposta de reajuste salarial de 6% apresentada pela Prefeitura, por estar abaixo da infl ação acumu-lada na data-base (1º de maio), que foi de 8,34%, e decidiu manter o estado de greve e mobilização na Câmara Municipal para que emendas dos vereado-res sejam aprovadas, garantindo aumento salarial.

Irton Torres, presidente da Força Sindical Regio-nal Marília, informa que os servidores municipais

de Marília entraram em greve por uma série de rei-vindicações, incluindo um reajuste salarial digno. “Pedimos que o prefeito receba uma comissão de servidores e negocie as reivindicações da catego-ria”, diz Torres, lembrando que apoia também a ma-nutenção dos empregos nas indústrias da região, principalmente em Garça, onde uma empresa deu aviso prévio a 100 trabalhadores.

O Sindicato dos Servidores Municipais de Osas-co e Região, presidido por Jessé de Castro Moraes, está na pressão para que a Prefeitura apresente uma proposta melhor de reajuste salarial para a categoria até 15 de junho, além de outras reivin-dicações.

A Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Estado de São Paulo e sindi-catos filiados negociam reajustes para os traba-lhadores dos setores de carne e derivados, frios, rações, doces e conservas, usinas de açúcar, su-cos e bebidas. Segundo o presidente Melquíades de Araújo, diante da crise, estão sendo estudadas alternativas como a estabilidade no emprego du-rante um ano, aumento da cesta básica e abono salarial. “Mas não abrimos mão do aumento real de salário”, ressalta.

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Xanxerê/SC, presidido por Mario-nice Bavaresco Machado, conquistou no frigorífi-co CooperXanxerê um reajuste de 9% e para os trabalhadores em padarias, reajuste de 10%. A entidade negocia agora para o pessoal o Frigorí-fico GTB e BRF.

Os trabalhadores dos postos de combustíveis do município do Rio de Janeiro conquistaram re-ajuste de 9,75%, retroativo a 1º de março. Com o aumento, o salário do frentista passará para R$ 1.102,10, já incluso o adicional de periculosida-de. Segundo o presidente do SINPOSPETRO-RJ, Euzébio Luís também ficou garantido na Conven-ção Coletiva a negociação anual dos salários da categoria. Outras conquistas: vale alimentação de R$ 140, PLR de R$ 380 e cláusula que permi-te aos trabalhadores, que têm carro, optarem em substituir o vale transporte pelo mesmo valor do benefício em combustível.

O Sindicato dos Empregados em Refeições Co-letivas e as trabalhadoras do setor de alimenta-ção escolar de Taboão da Serra têm feito manifes-tações em frente à Diretoria de Ensino da Região para que este órgão público exija que a empresa Moura & Moura Cozinha Industrial pague em dia os salários, vale-transporte, vale-refeição e ces-ta básica. O pessoal também reivindica plano de saúde, uniforme e recolhimento do FGTS e INSS.

Mobilizações por aumento real, emprego e benefícios

Euzébio Luís observou que

“fi cou garantida na Convenção

Coletiva a negociação anual

dos salários da categoria”

Altino: “Conquista de 10% de reajuste salarial para metalúrgicos de Desmontagem Veicular e Auto Socorro”

Page 7: Jornal da Força Sindical n°98  -  maio de 2015

MAIO DE 2015MAIO DE 2015 7 www.fsindical.org.br

• Metalúrgicos da Grande Curitiba já garantiram aumento real de 2,5% (mais INPC) nas seguintes empresas: Renault, Aker Solutions, Jhonson Controls, Faurecia, SMP, TK Presta, CNH, Cabs, Brafer, Hass do Brasil, PK Cables, JTEKT, Aethra, Mafl ow e Bosch. Este índice também será aplicado no vale mercado. Além disto, os me-talúrgicos também conquistaram PLR e abono salarial. O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, presidido por Sérgio Butka, também lidera uma greve na Volvo, que não queria melhorar a PLR nem conceder aumento real para os metalúrgicos.

• Carlos Alberto Altino, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Distrito Federal, Goiás e Tocantins, informa a conquista de rea-juste salarial de 10% (ganho real de 2,11%) para os metalúrgicos que atuam nos setores de Desmontagem Veicular e Auto Socorro. Outras conquistas: piso de R$ 1.100, auxílio alimentação de R$ 15, kit natalino, 15 minutos intervalar e adicional garantido de 30% para o empregado que for trabalhar em outra cidade por mais de 7 dias.

• O Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba tem feito intensas mobilizações, inclusive com greve, contra os atrasos dos salários e em defesa dos direitos e benefícios dos trabalhadores da Dedini, até com intermediação do Ministério do Trabalho e na justiça para buscar pagamentos das verbas rescisórias, como o FGTS, e as fé-rias que estão em atraso.

• O Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, liderado por Valcir Ascari, acordou para os trabalhadores da GM a manutenção dos três turnos de produção (o que garante 1.500 empregos) e amplia-ção do day off (o trabalhador recebe folga sem perda de remu-neração). Além disso, caso ocorra alguma dispensa, o banco de horas é zerado, sem débito desse item do trabalhador para com a empresa.

• O Sindicato dos Metalúrgicos de Brusque/SC (Vale do Itajaí) luta por aumento real igual para os sete mil trabalhadores da in-dústria e ofi cinas mecânicas. Já ocorreram duas rodadas de ne-gociações com os patrões. “Vamos levar agora o pleito para vota-ção dos trabalhadores metalúrgicos”, disse presidente José Isaias Vechi.

• O Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão/GO, presidido por Carlos Albino, reivindica para os 600 metalúrgicos da John Dee-re (fabricante de colhedora de cana de açúcar): reajuste salarial de 10%, 40 horas semanais, fi m do fator moderador, valorização do piso salarial e aumento do vale alimentação. “O acréscimo de álcool na gasolina pode colaborar para dar uma aquecida no mer-cado sucroalcooleiro, contribuindo para os bons resultados nas negociações”, diz Albino.

• Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, informa que os trabalhadores da GM aprovaram mais um lay-off para evitar demissões frente à crise econômica. Neste regime estão inseridos 1.719 empregados que, durante cinco meses, têm o compromisso de participar de cursos de atualização profi ssional. A GM garante estabilidade de seis meses após o fi m do lay-off. Caso ocorram demissões, existe a garantia de pagamento de seis salários nominais mesmo que o empregado não tenha nesse período exercido nenhuma atividade na empresa.

Ações na base metalúrgicaMobilizações por aumento real, emprego e benefícios

FOTO: FORÇA SINDICAL

FOTO: ALIMENTAÇÃO XANXERÊ

Macaé: “Reajuste de 10% nos salários e de 25% no vale-refeição evita greve prevista para 6 de maio em Cubatão”

Marionice: “Reajustes de 9% para trabalhadores

do frigorífi co CooperXanxerê e de 10% para os de padarias”

Page 8: Jornal da Força Sindical n°98  -  maio de 2015

JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 98 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 988 DIA DO TRABALHADOR

O evento reuniu mais de um milhão de jovens que se mostraram preocupados com a regressão de direitos trabalhistas e previdenciários

As pessoas que compareceram ao maior 1º de Maio do mundo se divertiram, participaram de shows e sorteios, mas também criticaram a corrupção na Petrobras e reclamaram da economia fraca, desemprego e juros em alta e redução da rendaAs pessoas que compareceram ao maior 1º de Maio do mundo se divertiram, participaram de shows e sorteios, mas também criticaram a corrupção na Petrobras e reclamaram da economia fraca, desemprego e juros em alta e redução da renda

Mais de 1 milhão de pessoas aceitam lutar para garantir emprego No décimo oitavo ano de comemo-

rações do 1º de Maio da Força Sin-dical foram destaques as críticas endereçadas ao governo federal e

a divulgação de um projeto de lei destinado a alterar a correção dos depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a par-tir de janeiro de 2016. Mais de um milhão de pessoas compareceram ao Dia do Trabalha-dor, realizado na praça Campo de Bagatelle, em São Paulo.

Elas aprovaram a proposta de intensifi car as manifestações pela derrubada das Medidas Provisórias 664 e 665, que restringem o aces-so dos trabalhadores a direitos trabalhistas e previdenciários. Para o presidente da Central, Miguel Torres, a crise é uma realidade por cau-sa dos milhões de trabalhadores desempre-gados, infl ação alta e juros subindo a níveis estratosféricos. “Infl ação e juros altos são o combustível para acender o fogo da recessão, do desemprego e do aumento da pobreza”, avaliou o presidente.

“Milhões de trabalhadores não vão receber o seguro-desemprego porque terão de trabalhar doze meses, o que no Brasil é difícil em fun-ção da rotatividade”, denunciou Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, deputado federal do So-lidariedade-SP, ao acrescentar que dirigentes da Força Sindical irão pressionar os deputados para derrubar as medidas provisórias.

Paulinho disse que a situação do País está

de dar dó. “Não aguentamos mais tanta cor-rupção deste governo, e por isto defendemos o ‘Fora Dilma’”, declarou. “Temos de lutar para garantir nossos direitos e exigir do governo medidas para o País voltar a crescer sem cor-tar direitos dos empregados”, frisou o secre-tário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

De acordo com o sindicalista, os trabalhado-res reivindicam do governo federal e do Con-gresso Nacional a negociação e a incorporação da Pauta Trabalhista do movimento sindical. O documento reúne propostas capazes de desen-volver o País, com democracia e valorização do trabalho. “Queremos o fi m do Fator Previ-denciário, redução dos juros, valorização dos ganhos dos aposentados e mais investimentos para saúde, educação, segurança e mobilida-de urbana, assim como a aprovação de lei da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres”, enumerou Miguel Torres.

Na visão do presidente da Força Sindical, a presidenta Dilma Rousseff pretende jogar o custo da crise sobre os ombros dos trabalha-dores ao propor o ajuste fi scal. Ele afi rmou que as MPs 664 e 665 restringem o acesso dos tra-balhadores ao seguro-desemprego, abono sa-larial, auxílio-doença, pensões, seguro-defeso e auxílio-reclusão. “O equilíbrio do caixa deve ser feito por meio da taxação das grandes for-tunas, do impedimento à evasão de divisas e à redução do número de Ministérios”, propôs.

“Infl ação e juros altos fomentam a recessão, desemprego e aumento da pobreza”Miguel Torres

“com as mudanças,milhões de trabalhadores não vão receber o seguro-desemprego”Paulinho

“Temos que pressionar o governo para fazer o País crescer sem cortar direitos”Juruna

Page 9: Jornal da Força Sindical n°98  -  maio de 2015

MAIO DE 2015MAIO DE 2015 9 www.fsindical.org.br

No caso de o projeto passar, a remuneração do Fundo deverá duplicar

O evento reuniu mais de um milhão de jovens que se mostraram preocupados com a regressão de direitos trabalhistas e previdenciários

O povo aprovou propostas de intensifi cação da luta para preservar direitos

As pessoas que compareceram ao maior 1º de Maio do mundo se divertiram, participaram de shows e sorteios, mas também criticaram a corrupção na Petrobras e reclamaram da economia fraca, desemprego e juros em alta e redução da renda

Mais de 1 milhão de pessoas aceitam lutar para garantir emprego

Proposto pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e pelo presiden-te do Solidariedade-SP, deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, já foi protocolado na Casa projeto de lei que muda o índice de correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). De acor-do com a matéria, que tramitará em regime de urgência, os depósitos serão reajustados pelo índice da caderneta de poupança a partir de janeiro de 2016.

“A alteração valerá somente para os novos depósitos feitos a partir de janeiro do ano que vem”, declarou o presidente da Câmara. “Com isto vamos acabar com uma grande in-justiça que atinge os trabalhadores optantes, pois propostas que tiram direitos não passam na Câmara”, garantiu. Atualmente, a correção dos depósitos do FGTS é feita com base na Taxa Referencial (TR) mais juros de 3% ao ano. Pela proposta de Cunha, o reajuste dos depósitos seria de 6,17% de juros ao ano mais TR.

Cunha anuncia mudança na correção do FGTS

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 98 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 9810 DIA DO TRABALHADOR

Repúdio à decisão do governo federal de pro-mover o ajuste fi scal, com medidas que difi -cultam o acesso das pessoas aos benefícios

trabalhistas e previdenciários, marcou o 1º de Maio da Força Sindical. Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos, José Pereira dos Santos, o movimento sindical precisa reforçar a unidade na luta para derrubar as Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665 em busca de um País melhor, com emprego, saúde, educação, segurança e mobilidade social.

“Temos que conter o projeto de lei e as MPs que precarizam os direitos trabalhistas e previdenciários”, declarou o presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, Eduardo Annunciato, o Chicão. Já o presidente do Sindifícios, Paulo Ferrari, destacou que a unidade dos empregados é importante num mo-mento em que o governo perdeu sua identidade.

“Estamos solidários com as greves dos professores do ensino público, que estão sendo tratados no chi-cote”, denunciou o presidente da Fequimfar, Sérgio Luiz Leite , o Serginho, ao insistir na necessidade de brigar para derrubar as MPs 664 e 665. “A situação nacional é muito ruim por causa do crescimento do desemprego, juros altos e aumento da carga tributá-ria”, afi rmou o presidente do Sindicato dos Trabalha-dores da Construção Civil de São Paulo, Antônio de Souza Ramalho.

“Com as MPs 664 e 665, o governo quer jogar o ônus da crise sobre os trabalhadores, aposentados e pensionistas”, indignou-se o presidente licenciado do Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas da Força Sindical, João Inocentini. “O Dia do Traba-lhador é a síntese das conquistas e das lutas”, frisou o vice-presidente do Sindicato dos Frentistas de São Paulo, José dos Santos Silva, o Zelão.

“Hoje (1º de maio) é o ‘Dia da Vergonha’, dia em que a presidenta (Dilma Rousseff) se acovardou e não quis fazer o pronunciamento em rede de rádio e televisão”, criticou o senador Aécio Neves (PMDB-MG), para quem o legado que a presidenta e o PT vão deixar é o aumento do desem-prego, infl ação em alta, corte de direitos dos trabalhadores e corrupção.

Presidente nacional do PPS, o deputado federal Roberto Freire (SP) classifi cou o governo federal como irresponsá-vel e incompetente por fazer um ajuste fi scal que vai pre-judicar os trabalhadores, assalariados e a classe média. “Vamos votar contra as MPs (Medidas Provisórias) 664 e 665, que difi cultam o acesso das pessoas aos benefícios trabalhistas e previdenciários”, discursou o deputado fe-deral do Solidariedade-BA, Artur Maia.

“Se depender do Ministério do Trabalho não haverá pre-carização das relações de trabalho”, garantiu o ministro do Trabalho, Manoel Dias.

Sindicalistas repudiam ajuste fi scal

Políticos criticam governo Dilma

“No que depender do Mi-nistério do Trabalho, não haverá precarização das relações tra-balhistas”, prometeu Manoel Dias

““Votaremos contra as MPs porque difi cultam acesso das pes-soas aos benefícios trabalhistas e previdenciários”, garantiu Maia

““Hoje é o dia da vergonha, pois a presidente Dilma se aco-vardou e não quis falar em rede de rádio e TV”, afi rmou Aécio Neves

Ramalho observou que a situação é muito ruim por causa do crescimento do desemprego

Pereira propôs reforçar a unidade do movimento sindical para derrubar as medidas provisórias

Ferrari declarou que

a unidade é importante

num momento em que o governo

perdeu sua identidade

Inocentini indignou-se com o governo por tentar jogar a crise sobre os aposentados e pensionistas

Inocentini indignou-se com o governo por tentar jogar a crise sobre os aposentados e pensionistas

Chicão“Conter o projeto de lei e as MPs que precarizam os direitos trabalhistas e previdenciários”

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MAIO DE 2015MAIO DE 2015 11 www.fsindical.org.br

DIA DO TRABALHADOR

C omo sempre ocorre no Brasil, os traba-lhadores precisam se organizar e mo-bilizar para brigar por seus direitos,

impedindo que ações do governo federal, como a edição das Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, tirem conquistas dos trabalhadores.

“Sem luta, vamos pagar, como sempre, a con-ta da crise”, alertou a presidenta da Conac-covest – Confederação Nacional dos Trabalha-dores nas Indústrias do Setor Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados, Eunice Cabral.

As medidas provisórias, que tiram direitos especialmente da juventude, correm o risco de ser aprovadas pela Câmara dos Deputados caso não haja mobilização. “Além da luta, temos que aprender a votar para colocar no Parlamento po-

líticos que defendam os nossos direitos”, decla-rou a secretária de Relações Internacionais da Fetiasp, Neuza Barbosa.

A secretária da Mulher-SP e presidenta do Sindicato dos Empregados de Agentes Autôno-mos do Comércio de Americana (Seaac), Helena Ribeiro da Silva, defendeu a postura da Força Sindical de defender a regulamentação do Pro-jeto de Lei 4.330, que amplia a terceirização para todas as atividades das empresas. “Meu Sindicato reúne uma categoria terceirizada e há vinte anos lutamos para regulamentar a ativida-de”, revelou a sindicalista.

Mobilizar para manter conquistas

As pessoas se divertiram com os shows de artistas populares e com os 19 Hyundai HB20, sorteados pela 2ª secretária da Força Sindical, Valclécia Trindade

Eunice alertou que sem luta, os

trabalhadores vão ser mais uma vez prejudicados com as ações do

governo

Neuza destacou ser necessário eleger políticos que defendam os direitos dos empregados

Helena lembrou que seu sindicato luta há 20 anos para regulamentar a atividade de agente autônomo

Page 12: Jornal da Força Sindical n°98  -  maio de 2015

JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 98 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 9812 DIA DO TRABALHADOR – INTERIOR

Nas comemorações do Dia do Trabalhador, em 1º de Maio, os sindicalistas do Interior do Estado de São Paulo centraram suas críticas no governo federal por

buscar equilibrar suas contas retirando direitos do povo brasi-leiro, em especial dos trabalhadores. A proposta do Planalto de fazer o ajuste fi scal difi cultando o acesso da população aos direitos trabalhistas e previdenciários causou revolta nas lide-ranças trabalhistas. “Não vamos admitir que o custo da crise seja jogado sobre as costas dos trabalhadores”, indignou-se o presidente da Força Sindical-SP, Danilo Pereira da Silva.

Trabalhador não vai pagar a conta da crise

Metalúrgicos Piracicaba Sertãozinho

Alimentação Piracicaba

Ribeirão Preto

Presidente Prudente

Sorocaba

Ribeirão Preto

Alimentação Piracicaba

SorocabaSorocaba

Ribeirão PretoRibeirão PretoCosmópolis

Guarulhos

Mirassol

Guaíra

Metalúrgicos Piracicaba

Guarulhos

Mairinque

Danilo:

“Não vamos admitir que o trabalhador pague a conta da crise”

Page 13: Jornal da Força Sindical n°98  -  maio de 2015

MAIO DE 2015MAIO DE 2015 13 www.fsindical.org.br

DIA DO TRABALHADOR – ESTADOS

Além de ser um dia de festa, o 1º de Maio da Força Sindi-cal nos Estados também foi de protestos e reclamações contra o governo federal. Milhares de pessoas, por todo o

País, aprovaram ir às ruas contra a política econômica do gover-no, que visa ajustar as contas públicas atacando direitos traba-lhistas e previdenciários da classe trabalhadora Segundo os dirigentes sindicais, as Centrais precisam reforçar a unidade na luta para derrubar as Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665 em busca de um País melhor, com emprego, saúde, educação, segurança e mobilidade social.As propostas incluem ações e manifestações para conter o proje-to de lei e as MPs que precarizam os direitos dos trabalhadores.

População aprova realização de protestos

Amapá

Nova Iguaçu (RJ)

AmapáAmapá

Nova Iguaçu (RJ)Nova Iguaçu (RJ)Nova Iguaçu (RJ)Nova Iguaçu (RJ)Nova Iguaçu (RJ)

Rio Grande Do Norte (RN)

Nova Iguaçu (RJ)Nova Iguaçu (RJ)Nova Iguaçu (RJ)Nova Iguaçu (RJ)Nova Iguaçu (RJ)Nova Iguaçu (RJ)Nova Iguaçu (RJ)

Rio Grande do Sul (RS)

Chapecó (SC)

AmapáAmapáAmapáHavana (CUBA)

Catalão (GO)

Mato Grosso do Sul

Ouro Branco (MG)

ParáParáParáParáPará

Sta.R.Sapucaí (MG)

São José dos Pinhais (PR)

Catalão (GO)Catalão (GO)

Uberlândia (MG) Condomínios (AM)

Rio Grande Do Norte (RN)

Havana (CUBA)

Sitercomoc (SC)

Ouro Branco (MG)Ouro Branco (MG)

Frentistas (RJ)

Rio Grande do Sul (RS)Rio Grande do Sul (RS)Rio Grande do Sul (RS)Rio Grande do Sul (RS)

Sta.R.Sapucaí (MG)Itajaí (SC)

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JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 98 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 9814 28 DE ABRIL

FOTO: FETIASP

Por quatro votos a zero, a 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) absolveu o de-putado federal Paulo Pereira da Silva, pre-sidente do Solidariedade, da acusação de ter usado irregularmente recursos do Banco da Terra.

A acusação foi feita em 2002, quando Paulinho da Força foi candidato a vice-pre-sidente na chapa encabeçada por Ciro Go-mes. Anos antes, a Central Força Sindical, presidida por Paulinho, havia desenvolvido um programa de assentamento de traba-

lhadores rurais com recursos do Banco da Terra.

“Depois de treze anos, o STF fez justiça e me absolveu por unanimidade. A acusação tinha claramente motivação política e elei-toral”, desabafou Paulinho.

O presidente da Fetiasp, Melquíades de Araújo, conclamou os sindicatos fi liados a repassarem com rapidez todas as ocorrências de acidentes no local de trabalho, para que as medidas sejam tomadas rapidamente.

Em São Paulo, foram realizados atos na Federação dos Tra-balhadores nas Indústrias da Alimentação do Estado de São Paulo (Fetiasp) e no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo com o lema “Não ao Retrocesso”. O presidente da Fetiasp, Melquíades de Araújo, conclamou os sindicatos fi liados a re-passarem com rapidez todas as ocorrências de acidentes no local de trabalho, para que as medidas sejam tomadas rapida-mente. Os dirigentes criticaram os setores conservadores que agem contra as normas regulamentadoras que benefi ciam a classe trabalhadora. Para João Donizeti Scaboli, 2º secretário de Segurança e Saúde do Trabalhador da Força Sindical, é preciso banir a expressão “ato inseguro”, muito utilizada para responsabilizar o trabalhador pelos acidentes e doenças do trabalho. “O que existe é falta de segurança”.

Números reunidos pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) dão conta que mais de 2,8

mil trabalhadores morreram, e 16 mil fi caram incapacitados para o trabalho, em 2013, por causa de acidentes nas empresas. Preocupada com este cenário, a Secretaria de Saúde e Segurança do Trabalhador da Força Sindical desenvolveu um programa de ações contra os acidentes e as doenças profi ssionais.Segundo o secretário Arnaldo Gonçalves, trabalhador com saúde e segurança produz mais para as empresas e para a nação. “São prioridades melhorar a vida da classe trabalhadora, eliminar defi nitivamente os riscos nos ambientes de trabalho e sensibilizar a sociedade brasileira para a importância social deste tema”.O programa sugere a criação de

departamentos de Saúde do Trabalhador em todas as entidades sindicais, a capacitação de dirigentes, um canal de comunicação virtual e uma maior integração entre as secretarias, além do desenvolvimento de cursos de formação em Saúde e Segurança, encontros, seminários e campanhas nacionais de prevenção. Propõe também a capacitação de cipeiros compromissados com o trabalhador e com o movimento sindical, a luta pelo banimento do amianto e do benzeno no Brasil, e a participação de dirigentes em comissões, conselhos (municipais, estaduais e nacional) e demais espaços no âmbito da Saúde e Segurança do Trabalhador.Estes planos foram intensamente divulgados nos atos que marcaram neste ano o 28 de Abril “Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho”.

Propostas e mais ações para a saúde do trabalhador

Por unanimidade, Supremo inocenta Paulinho da ForçaJUSTIÇA

Central foca a luta contra a falta de segurança

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MAIO DE 2015MAIO DE 2015 15 www.fsindical.org.br

A decisão da Força Sindical de atuar no Senado contra a terceirização da atividade-fi m, mas mantendo a po-sição de melhorar a regulamentação da matéria, foi a tônica das plenárias estaduais da entidade, realizadas em Florianópolis, Aracaju, Natal, Forta-leza e Maceió. “Além disto, este é o momento de se debater a política e a economia do País”, afi rmou o secretá-rio-geral da Central, João Carlos Gon-çalves, o Juruna.

Segundo o secretário de Relações Sindicais da Central, Geraldino dos Santos Silva, a Central sempre foi con-tra a terceirização da mão de obra da atividade-fi m. “A questão é que, na vo-tação na Câmara dos Deputados, con-seguimos chegar aonde foi possível. Então batalhamos para regulamentar a terceirização de acordo com os in-teresses dos trabalhadores”, relatou o sindicalista.

O dirigente explicou que no Senado a postura será de impedir o modelo de contratação para a principal atividade das empresas. “Mas vamos exigir que permaneça o que já foi regulamenta-do”, concluiu Geraldino dos Santos.

O presidente da Força-SC, Osvaldo

Mafra, destacou que, além da luta contra a terceirização da atividade-fi m, a Central tem de priorizar também a luta contra o pacote fi scal e contra a política econômica, que, por causa dos juros altos, começou a causar desem-prego e arrocho salarial.

“Foram relevantes os debates sobre a terceirização, taxa de juros e a eco-nomia do País”, afi rmou o presidente da Força Sindical-AL, Albegemar Cos-ta, o Gima.

PLENÁRIAS ESTADUAIS FOTO: ARQUIVO SINDICATO

Terceirização da atividade-fi m não pode vingar

Juruna: este é o momento de se debater a política e a economia do País

De maio a novembro de 2014, nossa Secretaria Nacional de Formação Sindical realizou cursos em Florianópolis, Salvador, Brasília, Recife, Vitó-ria, Vargem (SP) e Santo Aleixo (RJ), com a parti-cipação de mais de duzentos dirigentes de todas as regiões do País.

Neste ano, já foram realizados cursos em São Luís, Porto Alegre, Caldas Novas (GO), Manaus e Salvador, com a presença de mais de cem pes-soas.

“Nosso objetivo é disseminar e compartilhar saberes e conhecimentos em temas de interesse dos trabalhadores dos Sindicatos fi liados à Força Sindical”, diz José Pereira dos Santos, presiden-te do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e responsável pela Secretaria.

Investir na formação dos dirigentes sindicais é resolução aprovada pelos delegados do 7º Congresso Nacional da Força Sindical, realizado em 2013, lembrou o diretor fi nanceiro da Central, Ademir Lauriberto Ferreira.

Módulos Os cursos são realizados por módulos (1 e 2),

em quatro dias consecutivos, com informações sobre história do movimento sindical, campa-nhas salariais e sociais, negociações, mobiliza-ções, estratégias para a sindicalização, comuni-cação, oratória, liderança e cidadania.

No item formação sindical, os temas são Revo-lução Industrial, História do Sindicalismo, Função do Sindicato e Função dos Líde-res Sindicais. “Com maior conhecimento sobre a história do sindicalismo, a gente se fortalece para as lutas atuais pelos direitos da classe trabalhadora”, diz Pereira.

Representantes do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamen-tar) abordam os temas “Noções de Política e Cidadania no Brasil” e “A formação dos partidos no Brasil”. O pessoal do Dieese colabora com o tema “Conjuntura Econômica no Brasil”.

Firmeza e confi ançaO curso de oratória busca valorizar a imagem da entidade sindical e do dirigen-

te, preparando-o para se comunicar melhor nas atividades sindicais e conversar com os trabalhadores de maneira simples e objetiva. “Assim, os trabalhadores sentem fi rmeza na liderança e confi ança nas ações sindicais”, diz Francisco Dal Prá, presidente da Força Sindical-RJ, da Federação dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro e secretário de fi nanças da CNTM.

Ele destaca ainda o tema Participação nos Lucros ou Resultados, para que os participantes possam entender como desenvolver adequadamente uma nego-ciação e garantir este benefício. “A Formação Sindical também ajuda os futuros dirigentes sindicais a entenderem como administrar uma entidade sindical”, diz Dal Prá.

Cursos preparam dirigentes para as lutas sindicais

FORMAÇÃO SINDICAL

“Apostar na formação de dirigentes é resolução de congresso” Ademir Ferreira

“Firmeza na liderança e confi ança nas ações sindicais” Dal Prá:

“impedir a aprovação de um novo modelo de contratação de mão de obra”Geraldino dos Santos

Page 16: Jornal da Força Sindical n°98  -  maio de 2015

JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 98 JORNAL DA FORÇA SINDICAL — NO 9816

recht nasceu na Baviera, Ale-manha, estudou medicina e tra-balhou como enfermeiro num

hospital em Munique durante a Primeira Guerra Mundial. Depois da guerra mudou-se para Berlim, onde trabalhou com Erwin Piscator (1893-1966), um dos precursores do Teatro Épico (produto do forte desen-volvimento teatral na Rússia, após a Revo-lução Russa de 1917, e na Alemanha, du-rante o período da República de Weimar). Naquele contexto do fi nal dos anos 1920, marcado pela afi rmação do nazismo, de um lado, e pela infl uência socialista da recém-formada União Soviética, de outro, Brecht tornou-se um militante marxista e o principal expoente do teatro épico. Tanto como dramaturgo como poeta, seu traba-lho, baseado em uma contundente crítica ao sistema capitalista, tinha considerável repercussão. Antes de completar trin-ta anos ele já era reconhecido como um grande poeta.

Sua arte comumente tinha caráter edu-cativo e visava criar uma espécie de cons-ciência de classe entre os operários. Para o historiador alemão Jan Knopf, Brecht, insurgiu-se contra a representação ideo-lógica elitista da história afi rmando que só os trabalhadores podem promover as transformações necessárias para uma so-ciedade emancipada e igualitária.

Entretanto, para ele apenas ser um tra-balhador não seria uma condição “má-gica” dotada naturalmente de potencial revolucionário. O trabalhador propenso a realizar a mudança social é aquele que

se inquieta, que insiste em compreender mais criticamente o mundo que anseia por modifi car. É, enfi m, o trabalhador que lê e faz perguntas.

No poema Perguntas de um trabalhador que lê, de 1935, Brecht exprime o que seria essa representação elitista da historiogra-fi a e a “tomada de consciência” dos traba-lhadores.

Embora a poesia tenha sido escrita há oitenta anos, as “Perguntas” permanecem atuais e expressam a realidade brasileira. Isto porque a história ofi cial, que apren-demos nas escolas através de gerações, desconsidera o protagonismo das lutas sociais e dos trabalhadores.

O dramaturgo e poeta alemão Bertholt Brecht (1898-1956) foi um socialista que, em sua época, lutou contra o nazismo, que assolava a Europa, usando a arte e a literatura como armas. Ao defender a necessidade de os trabalhadores entenderem o processo histórico que determina sua condição de

vida, o poeta se tornou uma referência para os movimentos sociais.

MÉMORIA SINDICAL

por: Carolina Maria Ruy*

MAIO DE 2015

Bertolt Brecht e os 80 anos do poema

“Perguntas de um trabalhador que lê”

Leia o poemaPerguntas de um trabalhador que lêBertolt Brecht (1935)

Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas?Nos livros estão nomes de reis; Os reis carregaram as pedras?

E Babilônia, tantas vezes destruída, Quem a reconstruía sempre?

Em que casas da dourada Lima viviam aqueles que a construíram?No dia em que a Muralha da China fi cou pronta, para onde foram os pedreiros?

A grande Roma está cheia de arcos-do-triunfo:Quem os erigiu? Quem eram aqueles que foram venci-dos pelos césares? Bizâncio, tão famosa, tinha somente palácios para seus moradores? Na legendária Atlântida, quando o mar a engoliu,Os afogados continuaram a dar ordens a seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou a Índia.Sozinho?César ocupou a Gália.Não estava com ele nem mesmo um cozinheiro? Felipe da Espanha chorou quando sua armada naufra-gou. Foi o único a chorar?Frederico 2º venceu a Guerra dos Sete Anos. Quem partilhou da vitória?

A cada página uma vitória.Quem preparava os banquetes? A cada dez anos um grande homem.Quem pagava as despesas?Tantas histórias, Tantas questões

BFoto: Arquivo Memória Sindical

Como dramaturgo e como poeta, Brecht baseou seu trabalho em uma contundente crítica ao sistema capitalista

*Carolina Maria Rui é jornalista, coordenadora de projetos do Centro de Cultura e Memória Sindical

MAIO DE 2015

Bertolt Brecht