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FALA , julho 2011 Jornal do Colégio João XXIII www.joaoxxiii.com.br Heriane Ferreira Souza Um dia dedicado à memória e à verdade Em um ser humano, a amnésia é uma doença. Em um país também. A me- mória é direito de toda pessoa ou sociedade saudável. Ela é um registro his- tórico, uma enciclopédia de aprendizagens e um dos principais mecanismos de defesa e sobrevivência. Por isso o Colégio João XXIII dedicou um dia in- teiro à memória e à verdade. Primeira escola do Brasil a receber a exposição fotográfica Anistia e Democracia, que acompanha as Caravanas da Anistia por todo o País, promoveu um painel abordando o tema e exibiu dois docu- mentários sobre o período em que vigorou a Ditadura Militar (1964 a 1975): 30 Anos da Anistia e 15 filhos.

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FALA,julho 2011Jornal do Colégio João XXIII

www.joaoxxiii.com.br

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Um dia dedicadoà memória e à verdadeEm um ser humano, a amnésia é uma doença. Em um país também. A me-mória é direito de toda pessoa ou sociedade saudável. Ela é um registro his-tórico, uma enciclopédia de aprendizagens e um dos principais mecanismos de defesa e sobrevivência. Por isso o Colégio João XXIII dedicou um dia in-teiro à memória e à verdade. Primeira escola do Brasil a receber a exposição fotográfica Anistia e Democracia, que acompanha as Caravanas da Anistia por todo o País, promoveu um painel abordando o tema e exibiu dois docu-mentários sobre o período em que vigorou a Ditadura Militar (1964 a 1975): 30 Anos da Anistia e 15 filhos.

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Férias pra que te quero“A vida necessita de pausas” – escre-

veu o poeta Carlos Drummond de An-drade. As férias escolares – no inverno ou no verão – correspondem a essas tão ne-cessárias pausas. Daí por que são sempre bem-vindas: duas semanas para viajar ou permanecer na cidade, curtir a família e os amigos, ler um bom livro, assistir a fil-mes de uma lista (tantas vezes adiada), ou, simplesmente, não fazer nada.

Também são pausas importantes os vinte minutinhos de recreio, quan-do os alunos conversam no pátio, curtindo o sol.

Por que será que alguns ainda pen-sam que crianças e adolescentes de cabeças fresquinhas, cheios de saúde, cujo único compromisso é estudar, não precisam parar, porque seu cansaço não se justifica? Crescer, decifrar a vida, aprender conteúdos, desenvolver com-petências e habilidades, construir uma identidade através de um processo de autoconhecimento, enfrentar desafios, fazer escolhas para assegurar um lugar no mundo demanda um esforço es-petacular. Nesse contexto, amplia-se o sentido de “férias”: além do merecido e necessário descanso. Essa “pausa” opor-tuniza a vivência prazerosa e espontânea dos aprendizados construídos na Escola.

Entendemos que as férias, os re-creios, os fins de semana são tão edu-cativos e, portanto, necessários para o crescimento dos indivíduos quanto os períodos de aula ou de trabalho. Por isso, em qualquer atividade, buscando ou não esquecer o Colégio durante essa pausa prolongada, os alunos levam consigo os aprendizados aqui construídos.

Boas Férias a todos. Esperamos que retornem com saudades do João.

Anelori LangeDiretora Geral

EDITORIAL

Jornal do Colégio João XXIII

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL JOÃO XXIIIPresidente: Felipe Ritter

Vice-Presidente: Letícia Mostardeiro V. T. FrancheDiretor Financeiro: Lúcio Marin Martins

Diretor de Obras e Patrimônio: Arakem Petry Rodrigues Diretor Jurídico: Ivan Lazzarotto

Diretora de Comunicação: Cristina Toniolo Pozzobon

INSTITUTO EDUCACIONAL JOÃO XXIIIDiretora Geral: Anelori Lange

Vice-Diretora: Maria Tereza Coelho

Edição: Rosina Duarte Textos: Luana Dalzotto

Diagramação e editoração: Cristina Pozzobon

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Mudança do destinoTina estudou direito, mas descobriu a vocação de educadora

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Se alguém perguntar quem é Cris-tina Melo nos pátios do João XXIIII poucos saberão responder. Mas, se perguntarem por Tina, todos irão dizer que esse é o nome de coordenadora de turno ou da disciplina do Colégio. E, ao contrário do que muitas pessoas imaginam sobre essa função, Tina se relaciona bem com todos.

Além de coordenadora, há seis anos, Tina é amiga e o elo entre o Colégio, os pais e os alunos. “Não me vejo fazendo outra coisa a não ser lidar diretamente com eles, ajudando a conduzir dificul-dades e conflitos”, conta.

Mas nem sempre foi assim. Antes de entrar na área da educação, Tina cursava Direito na Unisinos porque desejava fazer di-ferença no mundo. “Queria plantar e colher alguma coi-sa e imaginava que, como advogada, faria justiça”, lembra. Porém, os estágios mostraram uma realidade diferente. E o destino se encarregou de mudar o seu rumo profissional.

Ainda estudante de Direito, Tina descobriu sua vocação para a área de

ensino quando começou a trabalhar na creche da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Um ano depois, em 2003, foi para o João XXIII, assumindo a secretaria de etapa da então vice--diretora Anelori Lange, atual diretora. Dois anos mais tarde, surgiu o convite para ser coordenadora de turno do Co-légio. “A promoção foi um divisor de águas na minha vida porque me deu a oportunidade de cursar Pedagogia”, comemora. A graduação, no entanto, foi apenas um complemento. “Minha

faculdade foi o João. Trabalhar com adolescentes é maravilhoso.

Eles me mantêm mais leve”, reflete.

A disponibilida-de, tanto para os alunos quanto para a Escola, é recompensada nas formaturas do Ensino Mé-

dio. Desde que passou a ser coor-

denadora de discipli-na, Tina é a funcionária

homenageada. O carinho pelos jovens é tão grande que, em 2009, ela deixou sua filha recém nas-cida na maternidade para receber o carinho dos formandos.

“O João é minha segunda família.

Aqui eu plantei

sementinhasque floresceram”

Tina, coordenadora de turno

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O inverno mudou a programação de junho no João XXIII. Devido ao frio e à ventania do último dia 28, a expo-sição Anistia e Democracia: Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça – programada para acontecer no pátio – precisou de um teto. Assim, os painéis fotográficos acabaram sen-do montados na Biblioteca da Escola, que também abrigou a mostra VIDHAS: Histórias de Lutas e Conquistas dos Ne-gros pelos Direitos Humanos.

Na mostra Anistia e Democracia, os estudantes tomaram contato com ce-nas e informações do período ditatorial, quando eram cometidas arbitrarieda-des, torturas e assassinatos. (veja pági-nas 4 e 5). Os posters da mostra VIDHAS – assim mesmo com DH, representando as iniciais de Direitos Humanos – retra-tam a violação dos direitos humanos, em especial a discriminação étnica.

Organizada a partir de uma parce-ria entre a Carris e o Ministério Públi-co, esta segunda mostra conta a longa história do racismo e das atrocidades praticadas contra o povo negro e nos

foi disponibilizada por iniciativa do Procurador do Estado Jorge Luís Terra da Silva, pai de uma aluna da Esco-la. Ali os estudantes encontraram, por exemplo, a história do líder pacifista

estadunidense Martin Luther King, do lendário sul africano Nelson Mande-la, do escravo libertário Zumbi dos Palmares e do Almirante Negro, João Cândido.

Biblioteca do João acolhe duas exposições sobre Direitos Humanos

A mostra VIDHAS retrata a longa história do racismo

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Foto

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“(...) O ‘racismo velado’ se esconde no mito da igualdade étnica, presente nos discur-sos, mas ausente nos dados de empre-go, renda e oportunidades. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), os negros não só estão menos presentes nas escolas, como também apresentam mé-dias de anos de estudo inferiores e taxas de analfabetismo bastante altas. As desigualdades se ampliam quanto maior o nível da formação.

No Ensino Fundamental, a taxa de escolarização líquida – que mede a proporção da população matriculada no nível de instrução adequado à sua idade – para a população branca era de 95,7% em 2006; entre os negros, era de 94,2%. Já no Ensino Médio, essas taxas eram, respectivamente, 58,4% e 37,4%.

Esses dados se refletem também no mercado de trabalho, já que menos

anos de estudo significa a ocupação de cargos sem exigência de quali-ficação. Para os negros, a entrada no mercado de trabalho ocorre mais cedo, e a saída, mais tarde, já que parte dos idosos (36%) permanece em serviço por não ter acesso à seguridade social. Quanto à assistência social, 69%

dos domicílios que recebem Bol-sa Família, 60% dos que recebem

Benefício de Prestação Continuada e 68% dos que participam do Progra-

ma de Erradicação do Trabalho Infantil são chefiados por negros. Ou seja, os negros são a

maioria dos mais pobres e têm as condições de trabalho mais precárias (...)” (Textos da Exposição VIDHAS)

Desigualdade étnica

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O João XXIII é o primeiro colégio do Brasil a receber a exposição Anistia e Democracia – para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça. A mostra, que integra a Caravana da Anistia, incentiva a instauração da Comissão Nacional da Verdade pelo Governo Federal.

Reconstruir ou, para alguns, cons-truir a memória da ditadura militar bra-sileira. Esse é o objetivo da exposição itinerante Anistia e Democracia: Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça, que esteve no colégio João XXIII nos dias 28 e 29 de junho. Um encontro com os professores Adriana Moraes e Rogério Carriconde, os pais Cristina Pozzobon e Domingos Silveira e os alunos do Ensino Médio da Escola abriu o evento, que refletiu so-bre o golpe de 1964 e a Lei da Anistia.

Organizada pela Agência Livre para Informação, Cidadania e Edu-cação (Alice), a exposição reúne 30 painéis com textos e fotos, e acom-panha a Caravana da Anistia do Mi-nistério da Justiça que, desde 2009, percorre o País relembrando os 30 anos da lei. Mas, qual o sentido de se falar de anistia, ou seja, de algo

que aconteceu há mais de 40 anos?Além de ser conteúdo quase certo

nas provas de vestibular e do ENEM, a discussão sobre a Lei da Anistia, de 1979, é importante porque estimu-la a instauração da Comissão Nacional da Verdade, que pretende esclarecer as graves violações aos direitos humanos praticadas pelo exército brasileiro

durante a ditadura. “No Brasil, ao con-trário de todos os outros países onde também aconteceram golpes militares, a anistia foi a lei do esquecimento”, cri-

tica Domingos. A professora de História e Filosofia, Adriana,

acrescenta que o de-bate é essencial para

manter os jovens informados, já que eles são os próxi-mos votantes.

Uma das personagens da exposição Anistia e Democracia: Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça é a dona Luisa Gurjão, que só após 37 anos enterrou os restos mortais do filho, torturado e assassinado pelos militares. E, assim como a mãe, dona Luiza, filhos de presos políticos emocionaram quem participou do encontro realizado na ge-lada manhã de abertura do evento.

Os filhos são os protagonistas do documentário de Maria Oliveira e Mar-ta Nehring, 15 Filhos, que contam trau-

mas nunca superados. Entre os relatos, alguns fatos são comuns, como a incerteza quanto ao nome verda-deiro dos pais e o período em que passaram presos.

Foi justamente a vontade de com-partilhar que fez a diretora Anelori Lan-ge revelar aos alunos que foi a censura instaurada pelo golpe de 1964, o even-to motivador para a criação do Colé-gio. Após ser demitida por não aceitar as imposições para a educação do

governo de Ildo Mene-ghetti, em 1963, uma das

fundadoras da Escola, Ziláh Totta, na época secretária de Educação do Estado, disse: “Por estas e outras, vou fundar a escola dos meus sonhos, onde as pessoas possam se reunir e discutir.” Muitos anos depois, diria, sorrindo: “O João foi o melhor dos fi-lhos da ditadura”. E, assim, a emoção causada pelos depoimentos dos 15 filhos fundiu-se ao orgulho de fazer parte do João.

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Para saber, mas nunca viver

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Mãe e filhos

“Eu sabia que tinha muita

coisa escondida sobre o governo, mas eu não

sabia que tinha tanta dor.”

Alessandra Cardoso, 2ªC EM

O filme 15 Filhos mostra o drama dos jovens durante a ditadura

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Na tela jovens estudantes apanha-vam da polícia clamando por direitos e liberdade. Na plateia jovens estudantes confirmavam o que já haviam aprendi-do na Escola: liberdade é um direito. Estes últimos, alunos do 2º e 3º ano do Ensino Médio do Colégio João XXIII, participavam de um dia inteiro de ati-vidades dedicadas à Memória e à Ver-dade e, naquele momento, assistiam ao documentário 30 Anos da Anistia, produzido pela Comissão de Anistia, ligada ao Ministério da Justiça.

O documentário conta a longa saga do povo brasileiro para reconquistar a democracia, decapitada pelo Golpe Mi-litar de 1964. Seguindo a linha do tem-po, relata violações dos direitos civis, repressão, banimentos, exílios, perse-guições, torturas e atrocidades de to-dos os tipos praticados pelo regime dos

generais. O declínio dessa tirania teve como marco o Movimento pela Anistia, que trouxe de volta uma legião de exi-lados, que discordavam dos ditadores.

A atividade – coordenada pela Su-pervisora Geral Míriam Zambonato – en-carrou com o depoimento dos professo-res de história Adriana Moraes e Rogério Carriconde, debateram o tema com os alunos e deram depoimentos sobre episódios vividos por ambos na época. Adriana levou uma paulada de cacete-te quando partici-pava de uma ma-nifestação em favor das eleições diretas. “Dói muito. Vocês não têm noção”. Ela precisou

ser atendida no Pronto Socorro e, quan-do tentou denunciar o fato, ouviu ape-nas: “Se tu estavas de costas, como sabes o que aconteceu?”.

Rogério relatou sua peripécia de jo-gador de futebol reserva. “Eu nem sabia direito o que estava acontecendo. A edu-cação era uma lavagem cerebral. Mas

um dia eu resolvi entrar em campo com uma faixa das

‘Diretas Já’. Me disse-ram que eu não po-

dia porque estava no banco, mas eu fui assim mesmo. Entrei com a faixa para o campo e depois fui me sen-

tar”, confessou, pro-vocando uma garga-

lhada geral da plateia.

Estudantes na tela e na platéia

“Depois de ver o filme, tenho mais noção de” tudo o que

aconteceu.”Leonardo Alves Ogliari – 2ªC EM

Três

dos

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Os alunos dos cursos de Inclusão Digital receberam diploma no último dia 21 de junho. A turma do módulo Preparação para o Mercado de Traba-lho era formada por 20 estudantes de escolas públicas com idades entre 13 e 17 anos. As 14 educadoras assisten-tes – vinculadas ao Centro de Desen-volvimento Profissional Contínuo do João XXIII e à rede pública de ensino – aprenderam a utilizar a tecnologia como ferramenta pedagógica.

Dona Marcedes trabalha há 34 anos como voluntária na Creche

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João leva calor à crecheAu

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ão X

XIII

Handebol ganha mais umaO handebol do João XXIII saiu

vitorioso na primeira fase do Cam-peonato Estadual Infantil Masculino, realizado nos dias 10 e 11 de junho, em Campo Bom. Os atletas já se pre-param para enfrentar a segunda fase do torneiro, marcada para o período de 30 de setembro a 1º de outubro, no município de Caxias do Sul.

Atletismo sobe ao pódio

Os estudantes do João XXIII subi-ram em todos os pódios do Torneio Comunidade Escolar de Atletismo, ocorrido no dia 15 de junho no Clube Sogipa. Reunindo alunos de diversas escolas de Porto Alegre, o Torneio en-volveu as modalidades de 60m rasos, 600m rasos, salto em distância e 8 x 50 revezamento misto. A equipe do João participou da categoria pré-mirim. Os resultados foram os seguintes:

60m rasos – Feminino1º lugar – Giulia Paz3º lugar - Marina Prediger 60m rasos – Masculino5º lugar – André Rezende 600m rasos – Feminino1º lugar – Marina Prediger 3º lugar – Giulia Paz 600m rasos – Masculino2º lugar – Augusto de AndradeSalto em distância – Feminino1º lugar – Marina Prediger 3º lugar – Rafaela Martines4º lugar – Giulia Paz8 x 50m revezamento misto 2º lugar

DESTAQUE

O inverno chegou quente e colo-rido na Creche Boa Esperança, da Vila Orfanotrófio. No dia 28, quando se instalava a frente fria que enregelou o Estado, a coordenadora voluntária do Serviço Comunitário do João XXIII, Mercedes Widholzer, com 88 anos, foi em pessoa distribuir os 180 agasa-lhos, tecidos com os 500 novelos de lã arrecadados na comunidade escolar por ela e pelas mulheres participantes deste projeto social. Com seu casaco e touca preta sobre os cabelos brancos, bengala na mão e um sorriso doce no rosto, dona Mercedes foi cercada pe-las crianças por onde passava.

O SECOM oferece cursos artesa-nais profissionalizantes dentro da Es-cola e também subsidia a manutenção

da creche Boa Esperança – vizinha do João – responsável pelo atendimento de 240 crianças. Todos os anos o João pro-move a Campanha do Agasalho, com a participação de alunos. Na última, por exemplo, os participantes do Dez a Dez fizeram a Campanha dos Fios, arreca-dando novelos de lã.

Capitaneando o processo há 34 anos, dona Mercedes é muito conheci-da e querida pela comunidade escolar. Seus netos foram estudantes do João XXIII e, embora hoje já tenham mais de 30 anos e não precisem mais que a vovó os conduza pela mão, ela con-tinua a frequentar a Escola. Isso acon-tece desde que ficou viúva. O João foi o seu antídoto para afastar a tristeza e a solidão.

Os cursos fazem parte dos projetos sociais da Escola e são ministrados por Michele da Rocha Souza e Nathalia Lindsey da Silva, ambas funcionárias do João.

Adolescentes e educadoras concluem curso de Inclusão Digital

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O bullying é mais complexo do que parece. Por desinformação, muitas vezes é banalizado ou superestimado. O que é bullying?É um conjunto de atitudes violentas físicas ou psicológicas praticadas de forma consciente e repetitiva por uma pessoa ou um grupo com o objetivo de intimidar ou agredir outro indiví-duo incapaz de se defender. Agressivo ou violento?Um desentendimento ou disputa entre colegas não podem ser confundidos com bullying. Agressividade é uma atitu-de vital, importante na formação da per-sonalidade. Violência é uma força mortal. Quem é quem?Os protasgonistas são: agressor(es), a vítima(s) e expectador(es). O agressor, porém, não pode ser encarado como bandido. Trata-se de um adolescente ou uma criança que, possivelmente, também está sofrendo algum tipo de agressão. Isso não significa isentá-lo da responsabilidade, inclusive legal, nos ca-sos graves. Quanto ao agredido, de for-ma inconsciente ele também pode pro-vocar ou alimentar a sua condição de vítima tendo, igualmente, motivos mais

profundos para isso. Os espectadores, por sua vez, participam indiretamente. Sinais de alertaAgredidos: insegurança; falta de vonta-de de comparecer às aulas; isolamento no recreio; desleixo das tarefas escolares; perda de pertences; ferimentos; depres-são; baixa autoestima; agressividade em casa; somatização. Agressores: falta de empatia; comportamentos desrespeito-sos; aversão às normas; baixa tolerância à frustração; atitudes de deboche; au-sência de culpa ou remorso.O que é precisoO melhor caminho é prevenir e estabe-lecer um pacto honesto entre a família e a escola. Do ponto dos estudantes en-volvidos, é indispensável que existam adultos em quem confiar, com normas claras e limites delimitados. Também é preciso pensar nos valores que estão sendo transmitidos e que predominam na sociedade de consumo: desperdício; vitória a qualquer preço; intolerância às diferenças; valor humano associado às grifes e à beleza, entre outros.

Saiba mais sobre o assunto no sitesinepecontraobullying.blogspot.com

Quando o assunto é bullying, o velho ditado se torna atual: “Prevenir é melhor do que remediar”. Por isso, o Colégio João XXIII investe na prevenção, adotando es-tratégias diferentes e criativas para cada faixa etária de seus alunos. Dentro dessa perspectiva, selecionou o assunto como pauta do seminário pedagógico semestral dos educadores. E foi além. Programou uma atividade aberta aos pais, alunos, pro-fessores e funcionários. O painel Bullying, sofrimento social: uma reflexão necessária, promovido pelo Serviço de Orientação Educacional e Psicologia (SOP), aconteceu no dia 29 de junho, às 18h30min, e lotou o auditório do prédio A da Uniritter.

Assunto do momento na mídia, nas rodas de adolescentes, nas conversas fa-miliares e nas reuniões de educadores, o bullying já é considerado problema de saúde pública. Entretanto, não represen-ta uma novidade na vida do ser humano e nem é uma particularidade das escolas. A “roupa nova” desse tipo de violência praticada entre colegas é o cyberbullying, que agrava seriamente os danos provo-cados pela prática. Tanto os pais quanto a escola podem ser responsabilizadas judicialmente e até mesmo as crianças e os adolescentes, nos casos mais graves, estão sujeitos a medidas de proteção ou socioeducativas.

O enfrentamento do tema exige uma parceria entre as instituições de ensino e os responsáveis pelos estudantes e, sobre-tudo, investimento na prevenção por meio do respeito e do diálogo. O painel ofere-ceu uma abordagem multidisciplinar do assunto, oferecida por quatro profissionais de diferentes áreas: a psicanalista Giovana Borges, a promotora de Justiça da Infância e da Adolescência Maria Regina Fay Azam-buja, a psicopedagoga Valéria de Leonço e a advogada Jose Farias Jandrey.

No auditório – decorado com traba-lhos artísticos dos alunos sobre bullying – se apresentaram também os professo-res de música da Escola Estevão Neves, Anderson Bopsin, Cláudia Marques, Ana Maestri e Marcello Soares Junior. O show encerrou com uma música sobre o tema, composto por Estevão. O refrão foi repe-tido pelo auditório em coro: “Meu amigo, meu irmão, o respeito ainda é a melhor coisa que existe”.

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Prevenção é a melhor estratégia

É preciso estabelecer um pacto entre a família e o Colégio

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Parece, mas não é

Bullying

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O debate organizado pelo GEJ teve a Bolsa de Valores como tema

Vict

ória

Jard

imO Grêmio criou o Ciclo de Debates Cabeças Pensantes no ano passado com o intuito de motivar os alunos a pensarem sobre os mais variados assuntos e também para estimular a defesa de opiniões e a argumen-tação. Um bom debate, com bons fundamentos, tem seu valor!

Foi com bastante orgulho que or-ganizamos o primeiro “bate-papo” deste ano (5/07). A sugestão do tema – Bolsa de Valores – partiu de alguns alunos do 3º ano. A palestra, foi proferida pela equipe da Argen-tum Investimentos, e precedeu um momento de perguntas. Saber como funciona a Bolsa é de suma impor-tância hoje em dia. Valeu a pena!

Espaço dos estudantes do João XXIII

Muitas cabeças pensantes

Já é velha e sabida a necessidade de o Colé-

gio ter um auditório. A sala comprida que fica

na parte baixa da Escola (o nosso “auditório”)

não comporta nem sequer os 2º e 3º anos do

Ensino Médio. Impossível imaginar um grande

contingente lá.

Um dos responsáveis por não termos esse

espaço é a cultura atual: poucos são os que

comparecem em reuniões ou em palestras não

obrigatórias. Recentemente ficou ainda mais

clara a urgência da construção de um espa-

ço adequado para abrigar várias pessoas de

forma confortável, que permita a quem está

sentado na última fileira de cadeiras ouvir o

palestrante. Uma palestra foi organizada para

as três séries do E.M., porém, pela onda de

frio, tal evento não pôde ser realizado no tol-

do em frente ao bar (como previsto) e teve de

ser transferido para o nosso “auditório”. Com

a mudança de local, pela falta de espaço, o 1º

ano foi cortado do evento.

Pela filosofia do João XXIII de ser diferente

e de formar pessoas inventivas, criativas, capa-

zes de argumentar e defender suas opiniões,

torna-se imprescindível a existência de um es-

paço onde seja possível a fala, a expressão, as

trocas de vivência, o aprendizado. É preciso

um auditório já!

Grêmio Estudantil do Colégio João XXIII

Auditorio Ja!