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Um novo olhar, novas perspectivas para o Corpo Corpo, Imagem e Novas Tecnologias como mecanismos de comunicação 3 | 27 de outubro 2011 E m uma cena contemporânea, marcada pela convergência entre as novas tecnologias e aparatos midiáticos, pensar o Corpo como uma imagem que se materializa nas estruturas de seu tempo, combi- nando a cultura digital surgida do en- contro entre corpo e tecnologia com as novas possibilidades rela- cionais oriundas dessa mescla, é um desafio para a compreensão dos processos comunicacionais na contemporaneidade. Esse desafio está justamente em propor um novo olhar, no- vas perspectivas para o Corpo, considerando que enquanto nos expressamos geramos processos de comunicação dentro dele. Isso porque, quando falamos o corpo está pensando e interiorizando signi- ficações e representações, definidoras da experiência performático-corporal FOTOS: JULLY LOURENÇO O REBOCO INFORMATIVO DA SEMANA DE COMUNICAÇÃO - UFC para as relações de espaço-tempo. Segundo a pesquisadora Naira Ciotti (UFRN), palestrante convidada para a vigésima Semana de Comunicação da UFC, o Corpo é suporte da performan- ce e, nesse sentido, não deixa de ser também uma imagem, marcada pela transitoriedade da informação que se processa em todo o aparato comunica- cional que carrega em si mesmo Desta forma, embora as novas tec- nologias tenham colocado em xeque a importância do Corpo nos processos comunicacionais, ele fala e se comuni- ca com o outro em uma relação fazer- -dizer, forjando sujeitos capazes de interagir performaticamente com as imagens criadas a partir de sua re- lação direta com a tecnologia. Toda essa discussão foi aborda- da na palestra de ontem, 26, com a participação dos pesquisado- res Cesar Baio, Wellington Júnior, Walmeri Ribeiro e Naira Ciotti, na mesa-redonda Corpo, Imagem e Novas Tecnologias, que trouxe à tona o debate que gira em torna das novas tecnologias e a relação de influência direta que ela exerce sobre o corpo humano, produzin- do novas possibilidades de criação e interação das imagens nos processos comunicacionais. CESAR BAIO, WELLINGTON JÚNIOR, NAIRA CIOTTI E WALMERI RIBEIRO (DA ESQ. PARA A DIR.)

Jornal O Reboco - 3ª edição

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Informativo da Semana de Comunicação da UFC

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Page 1: Jornal O Reboco - 3ª edição

Um novo olhar, novas perspectivas para o CorpoCorpo, Imagem e Novas Tecnologias como mecanismos de comunicação

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2011

Em uma cena contemporânea, marcada pela convergência entre as novas tecnologias e

aparatos midiáticos, pensar o Corpo como uma imagem que se materializa nas estruturas de seu tempo, combi-nando a cultura digital surgida do en-contro entre corpo e tecnologia com as novas possibilidades rela-cionais oriundas dessa mescla, é um desafio para a compreensão dos processos comunicacionais na contemporaneidade.

Esse desafio está justamente em propor um novo olhar, no-vas perspectivas para o Corpo, considerando que enquanto nos expressamos geramos processos de comunicação dentro dele. Isso porque, quando falamos o corpo está pensando e interiorizando signi-ficações e representações, definidoras da experiência performático-corporal

FOTOS: JULLY LOURENÇO

O REBOCOINFORMATIVO DA SEMANA DE COMUNICAÇÃO - UFC

para as relações de espaço-tempo.Segundo a pesquisadora Naira Ciotti

(UFRN), palestrante convidada para a vigésima Semana de Comunicação da UFC, o Corpo é suporte da performan-ce e, nesse sentido, não deixa de ser também uma imagem, marcada pela

transitoriedade da informação que se processa em todo o aparato comunica-cional que carrega em si mesmo

Desta forma, embora as novas tec-nologias tenham colocado em xeque a importância do Corpo nos processos comunicacionais, ele fala e se comuni-ca com o outro em uma relação fazer--dizer, forjando sujeitos capazes de interagir performaticamente com as

imagens criadas a partir de sua re-lação direta com a tecnologia.

Toda essa discussão foi aborda-da na palestra de ontem, 26, com a participação dos pesquisado-res Cesar Baio, Wellington Júnior, Walmeri Ribeiro e Naira Ciotti, na mesa-redonda Corpo, Imagem e Novas Tecnologias, que trouxe à tona o debate que gira em torna das novas tecnologias e a relação de influência direta que ela exerce sobre o corpo humano, produzin-

do novas possibilidades de criação e interação das imagens nos processos comunicacionais.

CESAR BAIO, WELLINGTON JÚNIOR, NAIRA CIOTTI E WALMERI RIBEIRO (DA ESQ. PARA A DIR.)

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EDITORIALAs tecnologias como media-

ções para o corpo na contempo-raneidade indicam possibilida-des para a experiência das artes e da comunicação. A mesa Cor-po, Imagem e Novas Tecnologias promoveu encontros de olhares em torno da performatividade e do constituir cenas.

A questão para Naira Ciotti dá--se na tensão com paradigmas de representação e das potências da ideia de emergência como di-mensão de trabalho para o per-former e para o pesquisador. Nas reflexões conjuntas de Walmeri Ribeiro e Cesar Baio o encontro com a imagem, nas experiências de instalação interativa, como o Sophie - trabalho recente dos dois, é forma de experienciar ou-tras sensações na relação com os dispositivos. Flusser tem impor-tância para Cesar pensar o lugar dos gestos na transformação do mundo; com Walmeri, o proces-so do ator é fundamental nesse estar junto.

As aproximações das questões dos debatedores permitem for-mular formas de sentir e de des-locar concepções tradicionais sobre o corpo. O professor-per-former talvez seja o mediador--performer, Wellington Júnior.

O REBOCO | n° 3 | Fortaleza, 27 de outubro 2011

Produção

Editor-chefeEdição

Repórteres

Fotografia

ArteDiagramação

Impressão

Comissão de Comunicação - Equipe Impresso

Marcello SoaresCatherine SantosJully LourençoRenato SousaBruna Luyza, Camila Aguiar, Paulo Jefferson, Renato de Menezes, Saulo LucasCatherine SantosDiego SombraJully LourençoYohanna PinheiroJully LourençoRenato SousaYellow Cópias

O rebocoINFORMATIVO DA SEMANA DE COMUNICAÇÃO - UFC

Confira a edição online!semanadecomunicacaoufc.wordpress.com

RealizaçãoCurso de Comunicação Social da UFC

O professor na Semana

Recordo, talvez com nostalgia, quando a Semana de Comunicação era analógica. Digo, a época anterior às mudanças causadas pelas novas tecnologias, quando não se tinha um site informativo e toda a divul-gação era feita através de impresso – ou de boca em boca, processo ainda não conhecido como buzz. Talvez eu fosse o único a ter e-mail. Isso me incomodava pois ninguém do curso me enviava mensagens.

A repercussão de minha palestra acontecia ali mesmo no auditório. Minha rede social particular estava toda ali, visível, e eu podia ouvir o fórum de comentários instantanea-mente a cada palavra proferida.

Os tuits de hoje eram perguntas escritas de caneta num recorte de papel, enquanto o RT se traduzia num murmúrio generalizado ou numa salva de palmas ao final – sal-vo quando a fome apertava, os alu-nos saíam mais cedo e lá ficava eu,

passando as transparências para um pequeno número de usuários ainda conectados a meu blog presencial.

Felizmente havia, sim, convergência. De conteúdo, pelo menos. Os elemen-tos multimídia (bom, estavam mais para textos e gráficos) desenhados à mão no retroprojetor eram automati-camente traduzidos em palavras nas novas mídias de então: cadernos com pautas quadriculadas. Caríssimos!

A convergência de pensamento era instantânea: solia olhar o ar de apro-vação de nossos alunos. Sim, havia também colaboração na construção do conteúdo da palestra, bastando ou-vir, ao final, os comentários de nossos estudantes, por vezes me corrigindo ou acrescentando novos fatos. E assim progredia nossa semana de apresenta-ções, debates e mesas-redondas.

Ao término do evento, como hoje, saíamos dali mais sábios, mais felizes e mais amigos. Estamos mesmo num mundo em constante mudança?

FOTO: EVELYN ONOFRE

RIVERSON RIOS, PROFESSOR E COORDENADOR DO CURSO DE

JORNALISMO DA UFC, RELEMBRA A SECOM DE ANOS ATRÁS

"Estamos mesmo num mundo em constante mudança?"Da Semana "analógica" para a da era das convergências, das intervenções tecnológicas

Page 3: Jornal O Reboco - 3ª edição

Jogo da InclusãoOprojeto Palavras de Liber-

dade foi apresentado hoje,

27, na XX Semana de Co-

municação, durante apresentação de

trabalhos práticos. O Palavras de Liber-

dade é uma iniciativa da Liga Experi-

mental de Comunicação.

Aimêe Andrade, bolsista da LIGA e es-

tudante do 4º semestre de Publicidade e

Propaganda, apresentou cartazes com o

tema “A Diversidade é Diversa” e discor-

reu sobre a importância do projeto.

Criado em 2011, o Palavras de Li-

berdade foi desenvolvido através de

um edital do Programa de Extensão

Universitária (ProExt), que apoia finan-

ceiramente instituições de ensino su-

perior para a construção de programas

e projetos de extensão que contribu-

am para a implementação de políticas

públicas. O Palavras procura difundir a

efetivação dos Direitos Humanos por

meio de abordagens da Comunicação

nos temas juventude, diversidade se-

xual, meio ambiente, inclusão digital

Agência Experimental de Comunicação e o projeto PalavrasDesde o início do ano, o Palavras de Liberdade é desenvolvido por meio da Liga Experimental de Comunicação, projeto de extensão do curso

e violência. A prioridade da ação é, de

acordo com Aimêe, buscar o pensa-

mento, a discussão da temática.

“O nosso objetivo é promover a dis-

cussão, trazer assuntos que são rele-

vantes para a sociedade”, ressalta João

Marcelo, também membro da LIGA e es-

tudante do 3º semestre de Jornalismo.

O Palavras de Liberdade divulga

seus ciclos temáticos com palestras

ministradas por três convidados que

representam a mídia, a academia e a

sociedade civil. Apesar de o Palavras

ter sido apresentado como uma agên-

cia publicitária para mostrar as cam-

panhas desenvolvidas na ação, a LIGA

não trabalha nesses moldes, pois todos

trabalham coletivamente.

Na apresentação de trabalhos práti-

cos, coordenada pela professora Carol

Macedo, ocorreram outras apresenta-

ções, como um banner animado do Pa-

lavras de Liberdade, mostrado pela es-

tudante de Publicidade e Propaganda

e membro da Liga, Tatiana Lourenço.

O REBOCO | n° 3 | Fortaleza, 27 de outubro 2011

Quem passou ontem, 26, pelo “Ven-tão” (área de convivência do CH2 da UFC) pôde observar um jogo de tabu-leiro disposto no chão. Tratava-se de uma ação promovida pela Liga Experi-mental de Comunicação para demons-trar a interdependência entre inclusão digital e comunicação, temas que serão debatidos hoje, 27, na mesa-redonda realizada no Auditório Rachel de Quei-roz do CH2.

Aimêe Andrade, estudante do 4º semestre de Publicidade e Propagan-da da UFC e bolsista da Liga, explicou que a ação é uma extensão do cartaz de divulgação da mesa Inclusão Digital e Comunicação. “É como um tabulei-ro, onde as pessoas precisam passar pelas casas para poder ser incluído di-gitalmente. Por exemplo, se você criar um blog você avança tantas casas ou se você copiou o trabalho da internet, acaba tendo que voltar algumas ou-tras”, descreve ela.

A Liga acredita que a comunicação é peça fundamental para incluir as pes-soas. Como simula o jogo, cada etapa que se avança na trajetória rumo a inclusão representa uma conquista de acesso aos meios digitais e, deste modo, à comunicação.

IMAGEM: CARTAZ DE DIVULGAÇÃO

INTEGRANTES DA LIGA EXPERIMENTAL DE

COMUNICAÇÃO

FOTO: CATHERINE SANTOS

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O REBOCO | n° 3 | Fortaleza, 27 de outubro 2011

Programe-se!

Sexta-feira - 28/108h às 12h – Grupos de Discussão

14h às 18h – Oficinas e Grupos de Discussão18h às 20h – Mesa 4: Informação, Internet e Democracia –

Henrique Antoun, Alexandre Mourão e Alicianne Gonçalves

Sábado - 29/10Encerramento da SeCom23h – Calourada da Comunicação, no Cine Betão (Rua Pedro I, em frente à praça do Banco do Nordeste)

Transmídia é tema de oficina na SeComA oficina abordou a convergência de mídias no universo das narrativas seriadas

A oficina “Lost, Heroes, Matrix e Star Wars: a narrativa trans-mídia na ficção seriada”, rea-

lizada na manhã desta quinta-feira, 27, debateu a produção de séries e filmes que extrapolam o recurso do vídeo. João Carlos Bento Filho, aluno do 8º semestre de Jornalismo (UFC) e facilita-dor da oficina, disse ser o conceito de transmídia uma narrativa que se desen-volve em diferentes mídias.

A narrativa central, segundo João, expande-se para fragmentos de narra-tiva que ocorrem em outros suportes, como livros e jogos online. Esses frag-mentos seriam independentes e não há a obrigação de consumi-los, mas o acesso ao conjunto permitiria uma me-lhor compreensão das obras.

Em tempos de convergência, a pos-sibilidade da transmídia é, segundo a oficina, uma nova tendência do mer-cado. O espaço aberto para a criação

de novos pontos de acesso às franquias (Lost e Matrix, por exemplo) e para a geração de maiores lucros.

O interesse de João pelo após ler sobre o tema na revista Galileu. Ele, que sempre interessou-se por estudar narrativas, conheceu o termo em uma entrevista com os os autores de Heroes, que utiliza-se do conceito.

Ao final, os participantes da oficina puderam fazer um exercício de criação de narrativa.

“O exercício prático, no final, possibi-litou que interagíssemos com os outros participantes e que apreendêssemos melhor o que foi dito”, observa William Santos, estudante do 2º semestre de Jornalismo (UFC), que qualificou a ofi-cina como esclarecedora e instigante. “Abriu nossas mentes para o que é a narrativa transmídia e despertou curio-sidade para pesquisar mais sobre o as-sunto”, completa.

Sempre polêmicoGrupos de discussão debateu a tempestuosa relação entre movimentos sociais e meios de comunicação

O Grupo de discussão “Vozes Silenciadas” debateu sobre movimentos sociais e mídia

na tarde desta quinta-feira, 27. A pro-ponente foi a professora Mônica Mou-rão, que desenvolveu esse trabalho junto ao Coletivo Intervozes.

O objetivo do GD foi discutir a co-bertura da mídia sobre movimentos sociais, a partir do caso do Movimen-to dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), analisado na pesquisa “Vozes Si-lenciadas – A cobertura da mídia sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra” durante a Comissão Parla-mentar Mista de Inquérito. O Trabalho já havia tido um lançamento nacional em Brasília. O relatório apresentado no grupo foi resultado da análise de 301 matérias que mencionaram o MST de fevereiro a julho de 2010.

“O GD representa o lançamento, aqui em Fortaleza, da pesquisa que fiz através do coletivo Intervozes. Fui a pesquisadora, porém muitas pessoas do grupo também estavam envolvidas no projeto”, conta a professora Mônica Mourão. “Eu, também como professo-ra da UFC, quis apresentar a pesquisa dentro da Semana de Comunicação, justamente, pra trazer a discussão aqui pro curso”, enfatiza.

FOTO: CATHERINE SANTOS