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Jornal da SETO Seara Espírita Três Oguns Dezembro 2014 Feliz Natal na Luz de Pai Oxalá! Por Erica Camarotto stamos chegando ao final de mais um ano de trabalho e de conquistas. Para a SETO, 2014 foi um ano muito especial, com ampliação do nosso espaço e com a abertura dos cursos de Sacerdócio, Pedras na Umbanda, Teologia, além da criação de Grupos de Estudos específicos da nossa religião. Com nossas bases bem definidas tivemos a missão de ampliar um pouco nossos horizontes em busca de uma divulgação mais ampla da Umbanda, e essa missão foi abraçada por cada filho do Terreiro, que com responsabilidade e amor se dedicou ao máximo, o que resultou num ano de Casa cheia e de muita gente sendo ajudada. E é impossível fazer um apanhado do ano sem considerarmos o grande número de amigos e irmãos que vêm acompanhando desde o início a nossa jornada, além das novas e revigorantes amizades que fizemos com gente do bem, que têm abraçado a SETO como a sua própria casa. Que todos vocês sintam-se sempre como membros de nossa Família! E dezembro é mês de comemorar com a família e com os amigos, pois é o mês do Natal. E como fica o Natal para nós umbandistas? E Nesta Edição 1 3 4 7 9 11 12 13 14 16 Feliz Natal na Luz de Pai Oxalá Oxalá, nosso Divino Pai Obrigação Omulu / Obaluayê Umbanda e Psicologia: Evolução na Umbanda, individual ou coletiva? Umbanda e Sustentabilidade: Entrevista: Pai Claudio Ricomini 04 de dezembro: Dia de Iansã Pontos cantados Ervas na Umbanda Sugestão de banhos Calendário dezembro Expediente: Erica Camarotto, Fabiana Matos, Michele Kreski e Rita Ramos

Jornal SETO - dezembro/2014

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Page 1: Jornal SETO - dezembro/2014

Jornal da SETO

Seara Espírita Três Oguns Dezembro 2014

Feliz Natal na Luz de Pai Oxalá! Por Erica Camarotto

stamos chegando ao final de mais um ano

de trabalho e de conquistas. Para a SETO,

2014 foi um ano muito especial, com

ampliação do nosso espaço e com a abertura dos

cursos de Sacerdócio, Pedras na Umbanda,

Teologia, além da criação de Grupos de Estudos

específicos da nossa religião. Com nossas bases

bem definidas tivemos a missão de ampliar um

pouco nossos horizontes em busca de uma

divulgação mais ampla da Umbanda, e essa

missão foi abraçada por cada filho do Terreiro,

que com responsabilidade e amor se dedicou ao

máximo, o que resultou num ano de Casa cheia e

de muita gente sendo ajudada.

E é impossível fazer um apanhado do ano sem

considerarmos o grande número de amigos e irmãos

que vêm acompanhando desde o início a nossa

jornada, além das novas e revigorantes amizades que

fizemos com gente do bem, que têm abraçado a SETO

como a sua própria casa. Que todos vocês sintam-se

sempre como membros de nossa Família!

E dezembro é mês de comemorar com a família e com

os amigos, pois é o mês do Natal. E como fica o Natal

para nós umbandistas?

E

Nesta Edição

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14

16

Feliz Natal na Luz de Pai Oxalá

Oxalá, nosso Divino Pai

Obrigação Omulu / Obaluayê

Umbanda e Psicologia: Evolução na

Umbanda, individual ou coletiva?

Umbanda e Sustentabilidade:

Entrevista: Pai Claudio Ricomini

04 de dezembro: Dia de Iansã

Pontos cantados

Ervas na Umbanda

Sugestão de banhos

Calendário dezembro

Expediente:

Erica Camarotto, Fabiana Matos, Michele Kreski e

Rita Ramos

Page 2: Jornal SETO - dezembro/2014

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2 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014

A Umbanda é paz e amor. Só com base nisso já

poderíamos justificar esta festividade em nossa

vida. Mas não esqueçamos que o fato de sermos

umbandistas não nos afasta dos valores cristãos.

Muito pelo contrário. Considerando não só o

sincretismo de Oxalá com Jesus, mas pensando em

Cristo como um Oxalá intermediário, devemos

todos seguir seus ensinamentos de amor ao

próximo, caridade e fé. Isso é a base do trabalho

na Umbanda.

Grande parte dos Terreiros tem no alto de seu Congar a imagem de Cristo de braços abertos, o que pra

nós representa o Pai Oxalá, o maior dos Orixás,

recebendo a todos e irradiando a fé a quem se

sintonizar com esse sentido da vida. E com isso, mesmo

os que não são da Umbanda conseguem se sentir

acolhidos ao adentrar nossos Terreiros. Oxalá, na

Umbanda, é o Orixá que magnetiza todos os

sentimentos bons que nos conduzem ao caminho da

religiosidade, além de magnetizar em nós a fé em

todos os sentidos: a fé em Deus, a fé em nós mesmos,

a fé em nossos irmãos, a fé na própria vida.

Que aproveitemos o final deste ano, então, pra

reavaliarmos quaisquer sentimentos e atitudes que

possam nos afastar dos princípios da fé, do amor e do perdão irradiados por Pai Oxalá.

E que tenhamos todos um 2015 maravilhoso sob a graça de Pai Olorum e a bênção de todos os Orixás.

Feliz Natal e Saravá a todos!

Saudações a Oxalá: Oxalá, Meu Pai! / Epa, Babá!

Dia da semana: Domingo

Cor: Branca

Pedra: cristal de quartzo branco

Instrumento: Opaxorô

Erva: boldo

Oferendas: coco verde, mel, flores brancas e velas

brancas

Campo de força: campo aberto

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3 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014

Oxalá, nosso Divino Pai

Oxalá é o orixá que rege o Trono Natural da Fé e seu campo de atuação

preferencial é a religiosidade dos seres, aos quais ele envia o tempo todo suas

vibrações estimuladoras de fé, geradoras de sentimentos de religiosidade.

Os atributos de Oxalá são cristalinos, pois é por meio da essência cristalina que

suas irradiações nos chegam, imantando-nos e despertando em nosso íntimo

os virtuosos sentimentos de fé.

“[...] A Fé é o atributo principal do nosso amado Pai Oxalá. A Fé não se ensina, ela é buscada ou fortalecida no íntimo de cada um. Não é o fanatismo e não é apenas um sentimento; é um estado mental consciente e racional; é o reconhecimento do ser como criatura divina; é o elo do ser com o Divino Criador. Nosso amado Pai Oxalá é, em si mesmo, essa qualidade Divina da Fé. A Fé, na Umbanda, é um estado de espírito, pelo qual são realizadas as sessões de atendimento às pessoas necessitadas de auxílio espiritual e de orientação religiosa e doutrinária. É sinônimo de trabalho em prol do próximo. A Fé é a consciência das faculdades que trazemos adormecidas em nosso íntimo, que precisam germinar e crescer. Ela é a principal via evolutiva, pela qual trazemos o Céu para a Terra, se, precisar aguardar a morte do corpo físico, para chegarmos até Deus. Temos Ele vivo, vibrante, atuante e gratificante em nós mesmos. A Fé se fundamenta em três pilares essenciais, que fortalecem o ser para que tenha bom êxito naquilo que quer, precisa ou pelo qual luta: crença, confiança e certeza. Na Fé não existem dúvidas; ou se crê ou não se crê. A crença é de foro íntimo de quem a tem e, se a temos ela assegura o bom êxito dos nossos empreendimentos, Se confiamos e Deus, positivamente e com otimismo, atraímos as forças criadoras do Universo [...]”. (extraído do livro Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista).

Oxalá Por Rita Ramos

Meu Pai Oxalá, ampara-me nos momentos difíceis, irradia o sentido da fé sobre mim, cristaliza minha

alma, purifica meus sentidos.

Meu Pai Oxalá, socorra-me nos momentos de dor, valha-me de sua benevolência divina e joga sobre mim

teu manto sagrado.

Meu Pai Oxalá, orienta meus pensamentos, livrando-me dos devaneios da vida terrena.

Meu Pai Oxalá, que eu ande junto a ti e mesmo que em algum momento me sinta só, que eu tenha certeza

que tu estás ao meu lado.

Meu Pai Oxalá, aflora em mim a calma e a paciência e não me deixe esmorecer nas dificuldades do

caminho.

Meu Pai Oxalá, desvenda-me os mistérios benditos de tua coroa e que eu possa ser humilde o suficiente

para entender teus desígnios sagrados.

Meu Pai Oxalá, tu que és luz, tu que és o principio da criação, olha por mim, espírito em evolução para

que eu tenha a confiança necessária ao dar meus passos nesta longa estrada.

E por fim, que eu ande em linha reta, na certeza de que sou parte de tua criação, que eu jamais duvide

de tua magnitude divina e sabedoria eterna.

Saravá Oxalá. Epa Bàbá!

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4 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014

Obrigação a Omulu / Obaluayê

o dia 08 de novembro os alunos da turma de Sacerdócio da SETO deram suas obrigações a Omulu/

Obaluayê. Apesar do nome “obrigação”, na Umbanda este termo refere-se a um ritual devocional

que tem como propósito abrir e/ou ampliar a conectividade do iniciando com o Orixá.

Omulu e Obaluayê são, na verdade, dois aspectos distintos de uma mesma divindade. Enquanto Obaluayê

representa o aspecto universal do Trono da Evolução, ou seja, a irradiação constante da energia evolutiva,

aquela necessária para nos deixar aptos a subir os degraus de nossa espiritualidade, Omulu representa o

polo cósmico do Trono da Geração. Ele é quem paralisa o que estiver atrapalhando a nossa caminhada.

Na SETO temos uma afinidade indescritível com esses Orixás. Enquanto muitos temem os trabalhos com

os senhores do Cemitério e das

Almas, nós nos aconchegamos

em seus braços, pois temos a

consciência de que eles são os

grandes amparadores do

espírito humano. Se estarão

presentes no momento do

nosso desencarne, então nada

mais lógico do que nutrirmos

respeito, amor e afinidade por

quem certamente abrirá um

dia seus braços a nós e

descortinará toda uma

realidade que temos hoje

ainda adormecida em nossa

alma, mas que no momento da

nossa passagem nos será

(novamente) revelada. Lidar

com tais energias, portanto,

pra nós é uma honra.

E com todo esse sentimento na alma, a obrigação a Omulu / Obaluayê foi extremamente especial.

Que esse poder divino tenha se instaurado no mental de cada um dos filhos em obrigação, e que tenha

sido um efetivo passo em direção às suas caminhadas evolutivas.

Saravá Omulu! Atotô, Obaluayê!!!

Confira os vídeos no no nosso canal do YouTube:

Abertura: https://www.youtube.com/watch?v=2ZHk2k3DNgg

Saudação ao Exú Guardião da SETO, Sr. Tata Caveira, https://www.youtube.com/watch?v=o7cJhb5yv-I.

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5 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014

Vejam algumas fotos da obrigação a Omulu / Obaluayê da SETO

Luciana Palomares Thais Pacheco

Alexandre Campello Tatiana Vieira

Ana Bueno Maria Ap. Santos

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6 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014

Michele Kreski Rita Ramos Fabiana Matos

Irailde Humberto Elaine Ramos

Luiza Afonso Gilda Maria

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7 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014

Umbanda e Psicologia

Evolução na Umbanda: Individual ou Coletiva?

Por Luis Fernando Farcetta

Psicólogo

a época em que estava trabalhando em um

equipamento da Assistência Social e atendia pessoas

que residiam em locais de alta vulnerabilidade social,

percebi que diariamente as pessoas que buscavam esse

serviço traziam em seu discurso trechos bíblicos ou

mencionavam suas religiões quando relatavam suas vidas ou

dificuldades. Esse era um assunto recorrente que eu e os

demais profissionais do serviço debatíamos (assistentes

sociais, psicólogos, pedagogos, gerente, orientadores

Socioeducativos). Nos perguntávamos: Qual a relação da

religião com as dificuldades que passamos em nossas vidas? Estariam essas pessoas aceitando apenas as

suas dificuldades como uma vontade Divina?

Uma curiosidade é que tínhamos opiniões diversas, mas percebíamos que a religião em alguns casos

imobilizava os sujeitos, aceitando as suas condições. Entretanto todos nós tínhamos alguma religião,

éramos budistas, kardecistas, evangélicos, umbandistas, católicos, batistas, entre outras e tínhamos

dificuldade de pensar na relação delas com as desigualdades sociais.

Percebi também que na periferia que trabalhava várias pessoas haviam sido diagnosticadas com

depressão e muitas vezes eram medicadas com antidepressivos e calmantes. Em minha visão, o paciente

que sofre a depressão deve compreender através da metodologia que o psicólogo adotar a raiz de sua

dor. Essa doença que se manifesta pela da dor, tristeza, falta de vontade ou medo, muitas vezes esconde

o verdadeiro problema do paciente; esses sintomas são a forma que ele conseguiu manifestar sua dor,

ou seja, como foi traduzida pelo seu corpo e pela sua mente, mas há algo que deve ser acessado para que

ela seja compreendida e curada.

Atualmente, um dos problemas psíquicos que afetam

uma grande parcela da população é a depressão (não

pretendo abordar o tema da depressão e umbanda

hoje), mas existem diferentes abordagens que

compreendem esse fenômeno como doença e isso

gera diferentes formas de tratamento. Alguns

psiquiatras remediam a depressão com um

comprimido e esperam que ele atue quimicamente

buscando a melhora desse sujeito, entretanto a

psicanálise muitas vezes entende que o medicamento

acaba tamponando a dor, esconde ela atrás de uma

química. A dor desse sujeito é apenas um sintoma de

algo que ainda não pode ser verbalizado,

compreendido, sentido, ela em si não é o problema

gerador, mas a relação de algo que está inacessível.

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8 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014

Rodrigo Queiroz em seu artigo “Angústia Existencial”, escrito no Jornal de Umbanda Sagrada de Julho de

2013, aponta que a angústia existencial faz com que questionemos os sentidos da existência e algumas

vezes nos também faz duvidar de nossa própria religião. Ele coloca que devemos utilizar essa angústia,

para ampliar e clarear nossa visão e buscarmos sentidos para a vida. Por fim, menciona que devemos

buscar “uma causa” que dê esse sentido para as nossas vidas.

Se pensarmos que tanto nas injustiças sociais e na depressão muitas vezes não enxergamos o motivo que

gerou todos os problemas, apenas vemos os sintomas. Como podemos relacionar isso tudo com a

religião? Qual o nosso papel como Umbandistas?

Ao buscarmos alguma “causa” que nos coloque movimento em nossas vidas e buscarmos a

transformação, estamos também colocando forma em nossas dores, visto que essas dores são as

dificuldades acessíveis a esse plano em que estamos encarnados. Se buscamos o esclarecimento dos

preconceitos, o fim de alguma injustiça social, estamos trabalhando para que possamos compreender as

limitações que essa dor gera no indivíduo.

Se o psicólogo aceita a depressão como parte do paciente, aceita que os sintomas são parte das

características do sujeito, isso o paralisa para que as mudanças aconteçam. As dores são uma forma de

aprendizado para as nossas vidas, ou seja, se nascermos pobres, mulheres, negras, gays, se nossas

dificuldades são parte de um plano maior Divino para evoluirmos, faz parte também entendermos que

as nossas dores são parte de um sintoma que deve ser mudado e trabalhado para a evolução, esse

sintoma social, também deve ser acessado para a mudança.

A religião ao ser compreendida como algo que explica o sintoma e o aceita, acolhe e entende como um

plano Divino, reproduz em parte o que a Umbanda retrata. Nossa religião

nos coloca em movimento para que constantemente as mudanças em nossa

vida sejam feitas, individualmente faz com que as nossas lições sejam

compreendidas e acessadas, também nos conduz para que mudanças sejam

feitas na própria sociedade, as mudanças acabam sendo individuais e

coletivas.

Wilhelm Reich, médico psiquiatra que teve sua incursão na psicanálise,

apontava em sua teoria que ao tratar o sujeito o levava ao seu

entendimento da sociedade como um todo e o fazia a buscar uma maior

relação com o social, esse sujeito passava a atuar buscando o fim das

repressões impostas socialmente.

Nós que fazemos parte de uma religião que compreende a dor como instrumento de nossas lições e parte

da nossa evolução, também temos que utilizar as nossas lições para a compreensão coletiva e buscar

uma mudança que ultrapasse a barreira do individual e também se formalize coletivamente.

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9 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014

Umbanda e Sustentabilidade

Dentro do projeto de estudo sobre Umbanda e o meio ambiente, Mariana Farcetta e Michel Silva do

grupo “Umbanda e Sustentabilidade” do desenvolvimento mediúnico da SETO entrevistaram Claudio

Ricomini, Sacerdote de Umbanda e dirigente da “Casa do Pai Benedito”, Terreiro de Umbanda localizado

na Rua Macurapé nº 38, no Itaim Bibi, em São Paulo.

Grupo Umbanda e Sustentabilidade - Quando você começou na Umbanda, como era vista a questão da

preocupação com a natureza dentro da religião?

Claudio Ricomini – Quando comecei a estudar Umbanda, década de 90, pouco se falava sobre ecologia.

Esses assuntos vêm surgindo com mais força agora. Não faz sentido sujar um ponto de força de um orixá,

que depois que a oferenda é ativada (por exemplo) e o umbandista vira as costas, já é lixo. Isso

compromete a imagem da nossa religião. Hoje nós temos o Santuário de Umbanda que favorece os

trabalhos na natureza, deveríamos ter mais espaços assim, que são referência de cuidado com o meio

ambiente e que trazem segurança para os que precisavam fazer trabalhos externos.

G.U.S. - Adequação dos guias espirituais sobre trabalhos na natureza.

C.R. - Hoje com a dificuldade de você encontrar um local na natureza, cachoeira, mata, mesmo um

cemitério, praia é longe para nós que moramos na capital, a gente percebe há alguns anos, não só aqui

na nossa Casa mas nas casas dos nosso irmãos de fé, que os guias espirituais tentam ao máximo resolver

a situação do consulente dentro do terreiro, evitando ao máximo receitar algum tipo de oferenda para

esse consulente, por que os guias sabem da dificuldade de se achar um local apropriado o seguro para

realizar uma oferenda a Exu ou uma oferenda a Ogum, que é perigoso você parar em uma estrada para

fazer uma oferenda, você não tem mata, onde você vai achar uma mata para fazer uma oferenda. Então

hoje, dizendo já há um bom tempo, a gente percebe que os guias de todas as linhas, eles tentam ao

máximo com aquilo que eles trazem, com os mistérios que eles trazem, com os poderes que eles trazem,

resolver o problema do consulente no terreiro ou com trabalhos que não precisa esse consulente ir à

natureza, pois se para o umbandista é difícil, imagina para quem não é.

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10 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014

G.U.S. – O que precisa mudar na relação Umbanda e Meio Ambiente hoje?

C.R. - Acredito que precisam olhar para nossa realidade, não realidade religiosa, realidade da nossa

humanidade. A gente não tem mais a natureza como a gente tinha, então o pouquinho que tem é de

todo mundo. A natureza não é do umbandista, nós cultuamos o Orixá lá, mas nós não podemos ir ao final

de semana consagrar a Mãe Iemanjá e constranger aquelas pessoas que não são umbandistas com o lixo,

por que a nossa oferenda quando a gente vira as costas é lixo, por que em 30 minutos o Orixá faz e isso

é provado pelos guias espirituais, em 30 minutos você “arreia” sua oferenda, fica lá, depois disso você

recolhe, você não precisa jogar no mar, não precisa deixar o vidro de perfume lá, para no outro dia uma

criança cortar o pé, pode ser seu filho! Então quem tiver me ouvindo, não deixe sua oferenda lá, não

jogue rosas com espinhos, que vai machucar o pé das pessoas!

Confira a entrevista em vídeo no canal da SETO no youtube:

https://www.youtube.com/watch?v=q5o6ZaVF0kA.

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11 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014

04 de dezembro Dia de Iansã

Iansã, Senhora dos Ventos e das Tempestades

Iansã pertence ao Trono da Lei ao lado de Ogum e atua no fator movimentador e direcionador. Ela tem

como função dar movimento aos seres e direcioná-los em suas evoluções.

Sua atuação é cósmica, ativa, negativa, mobilizadora e emocional, mas não inconsequente ou emotiva,

porque ela é o sentido da Lei, que não é apenas punidora, mas também direcionadora.

“[...] Mãe Iansã é Divindade da Lei cuja natureza é eólica, daí ser chamada de Senhora dos Ventos e das Tempestades. Ela é o vendaval que desaba e a ventania que faz tudo balançar. Ela é o próprio sentido de direção da Lei, que só entra na vida de um ser, caso a direção que este esteja dando à sua evolução e à sua religiosidade não siga a linha reta traçada pela Lei Maior. Ela é o ar que areja nosso emocional e nos proporciona um novo sentido da vida e uma nova direção ou meio de vida, renovando a Fé na mente e no coração dos seres [...]”. (extraído do livro Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental

Umbandista).

Iansã

Eu sou vendaval, sou chuva, sou raio e trovão

Eu sou bondade, sou lei, sou força, tempestade e coração

Meus raios cortam o céu, a maldade e a injúria

Meus ventos rasgam a falsidade com imensa fúria

Eu sou do ar, sou da terra e do fogo, sou deusa do sol e da lua

Senhora que acolhe as almas, senhora dos espíritos perdidos

Senhora dos aflitos

Eu posso ser brisa, suave e que conforta

Mas não aceito mentiras e nem a derrota

Eu sou audaciosa, autoritária, impetuosa

Eu sou de Iansã em verso e prosa

Saravá minha mãe, Eparrei Iansã! Santa Guerreira!

(Por Rita Ramos)

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12 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014

Pontos cantados Por Thaís Dourado

“Sou filho de Umbanda, to chegando agora...”.

Os pontos cantados foram introduzidos em nossa religião em meados da década de 20 a partir do

sincretismo religioso com os cultos de matriz africana, e a pedido das entidades que trabalhavam nos

Terreiros. No início, os pontos eram entoados e utilizavam-se palmas e o bater dos pés para dar ritmo

aos cantos. Com o passar do tempo e a ida da nossa religião para o Rio Grande do Sul onde havia o ritual

de Tambores de Mina, é que foram inseridos os atabaques dentro dos terreiros de Umbanda, e

posteriormente outros instrumentos, como o shekerê, o agogô, o pandeiro e a maracá.

A Umbanda é uma religião brasileira. Assim, apesar da influência africana, é importante que os pontos

sejam todos cantados em português, por ser fundamental que todos tenham noção e consciência de cada

ponto, inclusive o curimbeiro atabaqueiro, para que tudo faça sentido e que a magística cumpra com seu

objetivo.

Existem diversos tipos de pontos em nossa religião, a saber:

defumação, bate cabeça, abertura, visitas, chamada,

sustentação, firmeza, agradecimento, louvação, subida,

demanda e encerramento e coroação ou amaci. Todos os

Pontos cumprem um papel importante no decorrer da gira

e é por isso que a curimba (conjunto de pessoas que

cantam e tocam durante a gira) precisa estar atenta a tudo

que está acontecendo no decorrer do ritual e também ter

noção de tudo que acontece na Casa, entendendo cada

ponto de força, cada oferenda, ou seja, cada momento da

gira, para que assim o ponto seja cantado com todo o seu

fundamento. Algumas pessoas dizem que uma boa

curimba é aquela que leva a gira do começo ao fim, entendendo todo o seu funcionamento, e

principalmente tendo uma conexão com as entidades chefes e com os dirigentes do Terreiro.

Muitas vezes artistas famosos e grandes compositores utilizaram os pontos cantados em suas gravações

e shows, levando para o Brasil e para o mundo a beleza e a louvação dos nossos Orixás. Podemos observar

isso nas belíssimas vozes de Clara Nunes, Mariene de Castro, Martinho da Vila, entre tantos outros. A

grande maioria fez isso pedindo licença para a espiritualidade em um momento que as religiões de

matrizes africanas estavam em evidência, tanto na tentativa de acabar com o preconceito religioso, como

numa maneira de firmar uma identidade brasileira para a nossa cultura, no que diz respeito à história de

nosso país, profundamente relacionada com a escravidão de negros e índios, muitos hoje entidades

importantes dentro dos Terreiros.

Encerro dizendo que em todas as religiões se reza em determinados momentos de seu ritual, na Umbanda

se reza do início ao fim, porque todos os Pontos Cantados são uma forma de oração e de gratidão a tudo

que nos cerca e que orienta nossos trabalhos.

Axé!

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13 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014

Ervas na Umbanda

nstrumento de trabalho praticamente indispensável dentro de um terreiro de Umbanda, as ervas

tiveram uma maior atenção em nossa Casa no dia

12 de novembro. Nessa data, a família SETO

recebeu para palestrar gratuitamente sobre o tema

“Ervas e seu uso na Umbanda”, o amigo Edson Ramos.

Atuando com manipulação e venda de ervas há mais

de 13 anos em frente ao Colégio de Umbanda Sagrada

Pai Benedito de Aruanda, na R. Serra da Bocaina, 427 -

Belém, o “erveiro”, como também é chamado devido

a atividade que exerce, foi convidado pelos membros

do Grupo de desenvolvimento mediúnico “Ervas na

Umbanda”, e compartilhou seus conhecimentos com

uma plateia de aproximadamente 60 pessoas.

Com simplicidade e simpatia, Edson ensinou sobre: propriedades das ervas, a melhor maneira de prepará-

las para o banho e a relação ervas e Orixás. Interagindo plenamente com o público, tirou dúvidas e sugeriu

banhos e defumações para situações específicas.

I

Dicas do erveiro Está com dificuldade de perdoar alguém?

Tome um banho de rosa vermelha! Mentalize o perdão à essa pessoa enquanto despeja

o banho sobre sua cabeça.

Sente o ambiente carregado? Defumação com sementes de aroeira…limpa tudo!

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14 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014

Sugestão de banho

E na última edição do ano de 2014, que tal um banho para atrair prosperidade, já pensando em 2015?

Mais uma sugestão do erveiro Edson Ramos:

Ervas do mês

Dezembro mês de Iansã e Oxalá, separamos 2 ervas que atuam na vibração de cada um desses Orixás:

Iansã

Espada de Iansã, erva quente

Verbos: Cortar, despedaçar, direcionar, proteger

Usada como um material bélico, tem como função energética cortar e combater

energias negativas. De forma ornamental descarrega e protege ambientes. Nos

banhos e defumações tem a mesma função.

Picão branco, erva morna

Verbos: Agir, direcionar

Combate e quebra a demanda e feitiço, devolvendo os mesmos para sua origem.

Seu banho limpa e cria uma proteção contra ataques de feitiçaria. A defumação é

recomendada para limpeza de ambientes, auxilia no afastamento de eguns.

Oxalá Boldo (tapete de Oxalá), erva morna

Verbos: Acessar, cristalizar, desobstruir, preparar.

Magnetizador e fortalecedor do chakra coronário. Anima, aquece o espírito e traz

confiança para as prática religiosas mediúnicas. Seu sumo pode ser utilizado direto no

chakra coronário para desobstruí-lo de acúmulos energéticos negativos.

Incenso (resina), morna

Verbos: Estabilizar, imantar, preparar, purificar

Associado às outras ervas secas, proporciona leveza ao ambiente e às pessoas que se

defumam com ele. Estabelece no ambiente uma aura de tranquilidade e paz de

espírito, ânimo e incentivo ao bem comum. Sua capacidade principal é criar

magnetismo espiritual adequado.

Folhas de café, folhas de pitanga e louro!

Preparar o banho de abafo e despejar da cabeça aos pés após o banho de higiene.

Lembre-se de ativar as ervas durante o prepare e no momento em que for tomá-lo!!!

Page 15: Jornal SETO - dezembro/2014

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15 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014

Grupo de desenvolvimento mediúnico “Ervas na Umbanda”

entro do projeto de estudos da turma 1 do desenvolvimento mediúnico da SETO o grupo “Ervas

na Umbanda” teve a missão de criar um compêndio contendo informações sobre as ervas mais

utilizadas na nossa religião.

E como missão dada, é missão cumprida, o grupo composto por Alexandre, Bruno, Larissa, Luciana, Luis

Fernando e Michele, finalizou o trabalho que pode ser consultado por meio do link

http://issuu.com/searaseto/docs/ervas_na_umbanda.

Além das informações sobre as ervas, o material contém também um pouquinho da importância dos

chakras, dos tipos de água e como preparar banhos e defumações, assim como a ativação das ervas para

esses rituais, além disso, apresentou-se algumas sugestões de banhos e defumações específicos para

desenvolvimento mediúnico, energização, limpeza, entre outros.

Parabéns ao grupo!

“Durante a formatação das informações pesquisadas sobre ervas, houve a necessidade de uma revisão e ajuste do conteúdo para inclusão no "layout" de apresentação elaborado. A revisão, somada ao conteúdo pesquisado em conjunto com as informações adquiridas anteriormente serviram de grande valia para enriquecimento do conhecimento de cada componente do grupo e de nossa Seara Espírita Três Oguns. Esse conhecimento complementará a "caixa de ferramenta" dos médiuns, ajudará a compreensão dos cambones perante indicações de banhos e defumações recebidas pelas entidades, auxiliará aos componentes da casa, membros internos e consulentes, na sua manutenção do equilíbrio espiritual e no conhecimento pessoal independente da religião” (Alexandre).

“Realizar essa pesquisa foi extremamente esclarecedor. Por meio dela percebi o quão podemos nos energizar, equilibrar e limpar, sem necessidade de dispersar grandes valores ou mesmo tempo. Ao sugerir alguns banhos, fiz o “teste” para perceber a reação e fiquei impressionada de como uma combinação de um punhado de “verdinhos” pode nos trazer muitas sensações gratificantes”. (Michele)

“Umbanda tem fundamento, é preciso preparar!”

Parabéns ao grupo!

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16 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014

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