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Jornal da SETO
Seara Espírita Três Oguns Dezembro 2014
Feliz Natal na Luz de Pai Oxalá! Por Erica Camarotto
stamos chegando ao final de mais um ano
de trabalho e de conquistas. Para a SETO,
2014 foi um ano muito especial, com
ampliação do nosso espaço e com a abertura dos
cursos de Sacerdócio, Pedras na Umbanda,
Teologia, além da criação de Grupos de Estudos
específicos da nossa religião. Com nossas bases
bem definidas tivemos a missão de ampliar um
pouco nossos horizontes em busca de uma
divulgação mais ampla da Umbanda, e essa
missão foi abraçada por cada filho do Terreiro,
que com responsabilidade e amor se dedicou ao
máximo, o que resultou num ano de Casa cheia e
de muita gente sendo ajudada.
E é impossível fazer um apanhado do ano sem
considerarmos o grande número de amigos e irmãos
que vêm acompanhando desde o início a nossa
jornada, além das novas e revigorantes amizades que
fizemos com gente do bem, que têm abraçado a SETO
como a sua própria casa. Que todos vocês sintam-se
sempre como membros de nossa Família!
E dezembro é mês de comemorar com a família e com
os amigos, pois é o mês do Natal. E como fica o Natal
para nós umbandistas?
E
Nesta Edição
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Feliz Natal na Luz de Pai Oxalá
Oxalá, nosso Divino Pai
Obrigação Omulu / Obaluayê
Umbanda e Psicologia: Evolução na
Umbanda, individual ou coletiva?
Umbanda e Sustentabilidade:
Entrevista: Pai Claudio Ricomini
04 de dezembro: Dia de Iansã
Pontos cantados
Ervas na Umbanda
Sugestão de banhos
Calendário dezembro
Expediente:
Erica Camarotto, Fabiana Matos, Michele Kreski e
Rita Ramos
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2 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014
A Umbanda é paz e amor. Só com base nisso já
poderíamos justificar esta festividade em nossa
vida. Mas não esqueçamos que o fato de sermos
umbandistas não nos afasta dos valores cristãos.
Muito pelo contrário. Considerando não só o
sincretismo de Oxalá com Jesus, mas pensando em
Cristo como um Oxalá intermediário, devemos
todos seguir seus ensinamentos de amor ao
próximo, caridade e fé. Isso é a base do trabalho
na Umbanda.
Grande parte dos Terreiros tem no alto de seu Congar a imagem de Cristo de braços abertos, o que pra
nós representa o Pai Oxalá, o maior dos Orixás,
recebendo a todos e irradiando a fé a quem se
sintonizar com esse sentido da vida. E com isso, mesmo
os que não são da Umbanda conseguem se sentir
acolhidos ao adentrar nossos Terreiros. Oxalá, na
Umbanda, é o Orixá que magnetiza todos os
sentimentos bons que nos conduzem ao caminho da
religiosidade, além de magnetizar em nós a fé em
todos os sentidos: a fé em Deus, a fé em nós mesmos,
a fé em nossos irmãos, a fé na própria vida.
Que aproveitemos o final deste ano, então, pra
reavaliarmos quaisquer sentimentos e atitudes que
possam nos afastar dos princípios da fé, do amor e do perdão irradiados por Pai Oxalá.
E que tenhamos todos um 2015 maravilhoso sob a graça de Pai Olorum e a bênção de todos os Orixás.
Feliz Natal e Saravá a todos!
Saudações a Oxalá: Oxalá, Meu Pai! / Epa, Babá!
Dia da semana: Domingo
Cor: Branca
Pedra: cristal de quartzo branco
Instrumento: Opaxorô
Erva: boldo
Oferendas: coco verde, mel, flores brancas e velas
brancas
Campo de força: campo aberto
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3 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014
Oxalá, nosso Divino Pai
Oxalá é o orixá que rege o Trono Natural da Fé e seu campo de atuação
preferencial é a religiosidade dos seres, aos quais ele envia o tempo todo suas
vibrações estimuladoras de fé, geradoras de sentimentos de religiosidade.
Os atributos de Oxalá são cristalinos, pois é por meio da essência cristalina que
suas irradiações nos chegam, imantando-nos e despertando em nosso íntimo
os virtuosos sentimentos de fé.
“[...] A Fé é o atributo principal do nosso amado Pai Oxalá. A Fé não se ensina, ela é buscada ou fortalecida no íntimo de cada um. Não é o fanatismo e não é apenas um sentimento; é um estado mental consciente e racional; é o reconhecimento do ser como criatura divina; é o elo do ser com o Divino Criador. Nosso amado Pai Oxalá é, em si mesmo, essa qualidade Divina da Fé. A Fé, na Umbanda, é um estado de espírito, pelo qual são realizadas as sessões de atendimento às pessoas necessitadas de auxílio espiritual e de orientação religiosa e doutrinária. É sinônimo de trabalho em prol do próximo. A Fé é a consciência das faculdades que trazemos adormecidas em nosso íntimo, que precisam germinar e crescer. Ela é a principal via evolutiva, pela qual trazemos o Céu para a Terra, se, precisar aguardar a morte do corpo físico, para chegarmos até Deus. Temos Ele vivo, vibrante, atuante e gratificante em nós mesmos. A Fé se fundamenta em três pilares essenciais, que fortalecem o ser para que tenha bom êxito naquilo que quer, precisa ou pelo qual luta: crença, confiança e certeza. Na Fé não existem dúvidas; ou se crê ou não se crê. A crença é de foro íntimo de quem a tem e, se a temos ela assegura o bom êxito dos nossos empreendimentos, Se confiamos e Deus, positivamente e com otimismo, atraímos as forças criadoras do Universo [...]”. (extraído do livro Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista).
Oxalá Por Rita Ramos
Meu Pai Oxalá, ampara-me nos momentos difíceis, irradia o sentido da fé sobre mim, cristaliza minha
alma, purifica meus sentidos.
Meu Pai Oxalá, socorra-me nos momentos de dor, valha-me de sua benevolência divina e joga sobre mim
teu manto sagrado.
Meu Pai Oxalá, orienta meus pensamentos, livrando-me dos devaneios da vida terrena.
Meu Pai Oxalá, que eu ande junto a ti e mesmo que em algum momento me sinta só, que eu tenha certeza
que tu estás ao meu lado.
Meu Pai Oxalá, aflora em mim a calma e a paciência e não me deixe esmorecer nas dificuldades do
caminho.
Meu Pai Oxalá, desvenda-me os mistérios benditos de tua coroa e que eu possa ser humilde o suficiente
para entender teus desígnios sagrados.
Meu Pai Oxalá, tu que és luz, tu que és o principio da criação, olha por mim, espírito em evolução para
que eu tenha a confiança necessária ao dar meus passos nesta longa estrada.
E por fim, que eu ande em linha reta, na certeza de que sou parte de tua criação, que eu jamais duvide
de tua magnitude divina e sabedoria eterna.
Saravá Oxalá. Epa Bàbá!
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4 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014
Obrigação a Omulu / Obaluayê
o dia 08 de novembro os alunos da turma de Sacerdócio da SETO deram suas obrigações a Omulu/
Obaluayê. Apesar do nome “obrigação”, na Umbanda este termo refere-se a um ritual devocional
que tem como propósito abrir e/ou ampliar a conectividade do iniciando com o Orixá.
Omulu e Obaluayê são, na verdade, dois aspectos distintos de uma mesma divindade. Enquanto Obaluayê
representa o aspecto universal do Trono da Evolução, ou seja, a irradiação constante da energia evolutiva,
aquela necessária para nos deixar aptos a subir os degraus de nossa espiritualidade, Omulu representa o
polo cósmico do Trono da Geração. Ele é quem paralisa o que estiver atrapalhando a nossa caminhada.
Na SETO temos uma afinidade indescritível com esses Orixás. Enquanto muitos temem os trabalhos com
os senhores do Cemitério e das
Almas, nós nos aconchegamos
em seus braços, pois temos a
consciência de que eles são os
grandes amparadores do
espírito humano. Se estarão
presentes no momento do
nosso desencarne, então nada
mais lógico do que nutrirmos
respeito, amor e afinidade por
quem certamente abrirá um
dia seus braços a nós e
descortinará toda uma
realidade que temos hoje
ainda adormecida em nossa
alma, mas que no momento da
nossa passagem nos será
(novamente) revelada. Lidar
com tais energias, portanto,
pra nós é uma honra.
E com todo esse sentimento na alma, a obrigação a Omulu / Obaluayê foi extremamente especial.
Que esse poder divino tenha se instaurado no mental de cada um dos filhos em obrigação, e que tenha
sido um efetivo passo em direção às suas caminhadas evolutivas.
Saravá Omulu! Atotô, Obaluayê!!!
Confira os vídeos no no nosso canal do YouTube:
Abertura: https://www.youtube.com/watch?v=2ZHk2k3DNgg
Saudação ao Exú Guardião da SETO, Sr. Tata Caveira, https://www.youtube.com/watch?v=o7cJhb5yv-I.
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5 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014
Vejam algumas fotos da obrigação a Omulu / Obaluayê da SETO
Luciana Palomares Thais Pacheco
Alexandre Campello Tatiana Vieira
Ana Bueno Maria Ap. Santos
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6 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014
Michele Kreski Rita Ramos Fabiana Matos
Irailde Humberto Elaine Ramos
Luiza Afonso Gilda Maria
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7 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014
Umbanda e Psicologia
Evolução na Umbanda: Individual ou Coletiva?
Por Luis Fernando Farcetta
Psicólogo
a época em que estava trabalhando em um
equipamento da Assistência Social e atendia pessoas
que residiam em locais de alta vulnerabilidade social,
percebi que diariamente as pessoas que buscavam esse
serviço traziam em seu discurso trechos bíblicos ou
mencionavam suas religiões quando relatavam suas vidas ou
dificuldades. Esse era um assunto recorrente que eu e os
demais profissionais do serviço debatíamos (assistentes
sociais, psicólogos, pedagogos, gerente, orientadores
Socioeducativos). Nos perguntávamos: Qual a relação da
religião com as dificuldades que passamos em nossas vidas? Estariam essas pessoas aceitando apenas as
suas dificuldades como uma vontade Divina?
Uma curiosidade é que tínhamos opiniões diversas, mas percebíamos que a religião em alguns casos
imobilizava os sujeitos, aceitando as suas condições. Entretanto todos nós tínhamos alguma religião,
éramos budistas, kardecistas, evangélicos, umbandistas, católicos, batistas, entre outras e tínhamos
dificuldade de pensar na relação delas com as desigualdades sociais.
Percebi também que na periferia que trabalhava várias pessoas haviam sido diagnosticadas com
depressão e muitas vezes eram medicadas com antidepressivos e calmantes. Em minha visão, o paciente
que sofre a depressão deve compreender através da metodologia que o psicólogo adotar a raiz de sua
dor. Essa doença que se manifesta pela da dor, tristeza, falta de vontade ou medo, muitas vezes esconde
o verdadeiro problema do paciente; esses sintomas são a forma que ele conseguiu manifestar sua dor,
ou seja, como foi traduzida pelo seu corpo e pela sua mente, mas há algo que deve ser acessado para que
ela seja compreendida e curada.
Atualmente, um dos problemas psíquicos que afetam
uma grande parcela da população é a depressão (não
pretendo abordar o tema da depressão e umbanda
hoje), mas existem diferentes abordagens que
compreendem esse fenômeno como doença e isso
gera diferentes formas de tratamento. Alguns
psiquiatras remediam a depressão com um
comprimido e esperam que ele atue quimicamente
buscando a melhora desse sujeito, entretanto a
psicanálise muitas vezes entende que o medicamento
acaba tamponando a dor, esconde ela atrás de uma
química. A dor desse sujeito é apenas um sintoma de
algo que ainda não pode ser verbalizado,
compreendido, sentido, ela em si não é o problema
gerador, mas a relação de algo que está inacessível.
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8 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014
Rodrigo Queiroz em seu artigo “Angústia Existencial”, escrito no Jornal de Umbanda Sagrada de Julho de
2013, aponta que a angústia existencial faz com que questionemos os sentidos da existência e algumas
vezes nos também faz duvidar de nossa própria religião. Ele coloca que devemos utilizar essa angústia,
para ampliar e clarear nossa visão e buscarmos sentidos para a vida. Por fim, menciona que devemos
buscar “uma causa” que dê esse sentido para as nossas vidas.
Se pensarmos que tanto nas injustiças sociais e na depressão muitas vezes não enxergamos o motivo que
gerou todos os problemas, apenas vemos os sintomas. Como podemos relacionar isso tudo com a
religião? Qual o nosso papel como Umbandistas?
Ao buscarmos alguma “causa” que nos coloque movimento em nossas vidas e buscarmos a
transformação, estamos também colocando forma em nossas dores, visto que essas dores são as
dificuldades acessíveis a esse plano em que estamos encarnados. Se buscamos o esclarecimento dos
preconceitos, o fim de alguma injustiça social, estamos trabalhando para que possamos compreender as
limitações que essa dor gera no indivíduo.
Se o psicólogo aceita a depressão como parte do paciente, aceita que os sintomas são parte das
características do sujeito, isso o paralisa para que as mudanças aconteçam. As dores são uma forma de
aprendizado para as nossas vidas, ou seja, se nascermos pobres, mulheres, negras, gays, se nossas
dificuldades são parte de um plano maior Divino para evoluirmos, faz parte também entendermos que
as nossas dores são parte de um sintoma que deve ser mudado e trabalhado para a evolução, esse
sintoma social, também deve ser acessado para a mudança.
A religião ao ser compreendida como algo que explica o sintoma e o aceita, acolhe e entende como um
plano Divino, reproduz em parte o que a Umbanda retrata. Nossa religião
nos coloca em movimento para que constantemente as mudanças em nossa
vida sejam feitas, individualmente faz com que as nossas lições sejam
compreendidas e acessadas, também nos conduz para que mudanças sejam
feitas na própria sociedade, as mudanças acabam sendo individuais e
coletivas.
Wilhelm Reich, médico psiquiatra que teve sua incursão na psicanálise,
apontava em sua teoria que ao tratar o sujeito o levava ao seu
entendimento da sociedade como um todo e o fazia a buscar uma maior
relação com o social, esse sujeito passava a atuar buscando o fim das
repressões impostas socialmente.
Nós que fazemos parte de uma religião que compreende a dor como instrumento de nossas lições e parte
da nossa evolução, também temos que utilizar as nossas lições para a compreensão coletiva e buscar
uma mudança que ultrapasse a barreira do individual e também se formalize coletivamente.
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9 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014
Umbanda e Sustentabilidade
Dentro do projeto de estudo sobre Umbanda e o meio ambiente, Mariana Farcetta e Michel Silva do
grupo “Umbanda e Sustentabilidade” do desenvolvimento mediúnico da SETO entrevistaram Claudio
Ricomini, Sacerdote de Umbanda e dirigente da “Casa do Pai Benedito”, Terreiro de Umbanda localizado
na Rua Macurapé nº 38, no Itaim Bibi, em São Paulo.
Grupo Umbanda e Sustentabilidade - Quando você começou na Umbanda, como era vista a questão da
preocupação com a natureza dentro da religião?
Claudio Ricomini – Quando comecei a estudar Umbanda, década de 90, pouco se falava sobre ecologia.
Esses assuntos vêm surgindo com mais força agora. Não faz sentido sujar um ponto de força de um orixá,
que depois que a oferenda é ativada (por exemplo) e o umbandista vira as costas, já é lixo. Isso
compromete a imagem da nossa religião. Hoje nós temos o Santuário de Umbanda que favorece os
trabalhos na natureza, deveríamos ter mais espaços assim, que são referência de cuidado com o meio
ambiente e que trazem segurança para os que precisavam fazer trabalhos externos.
G.U.S. - Adequação dos guias espirituais sobre trabalhos na natureza.
C.R. - Hoje com a dificuldade de você encontrar um local na natureza, cachoeira, mata, mesmo um
cemitério, praia é longe para nós que moramos na capital, a gente percebe há alguns anos, não só aqui
na nossa Casa mas nas casas dos nosso irmãos de fé, que os guias espirituais tentam ao máximo resolver
a situação do consulente dentro do terreiro, evitando ao máximo receitar algum tipo de oferenda para
esse consulente, por que os guias sabem da dificuldade de se achar um local apropriado o seguro para
realizar uma oferenda a Exu ou uma oferenda a Ogum, que é perigoso você parar em uma estrada para
fazer uma oferenda, você não tem mata, onde você vai achar uma mata para fazer uma oferenda. Então
hoje, dizendo já há um bom tempo, a gente percebe que os guias de todas as linhas, eles tentam ao
máximo com aquilo que eles trazem, com os mistérios que eles trazem, com os poderes que eles trazem,
resolver o problema do consulente no terreiro ou com trabalhos que não precisa esse consulente ir à
natureza, pois se para o umbandista é difícil, imagina para quem não é.
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10 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014
G.U.S. – O que precisa mudar na relação Umbanda e Meio Ambiente hoje?
C.R. - Acredito que precisam olhar para nossa realidade, não realidade religiosa, realidade da nossa
humanidade. A gente não tem mais a natureza como a gente tinha, então o pouquinho que tem é de
todo mundo. A natureza não é do umbandista, nós cultuamos o Orixá lá, mas nós não podemos ir ao final
de semana consagrar a Mãe Iemanjá e constranger aquelas pessoas que não são umbandistas com o lixo,
por que a nossa oferenda quando a gente vira as costas é lixo, por que em 30 minutos o Orixá faz e isso
é provado pelos guias espirituais, em 30 minutos você “arreia” sua oferenda, fica lá, depois disso você
recolhe, você não precisa jogar no mar, não precisa deixar o vidro de perfume lá, para no outro dia uma
criança cortar o pé, pode ser seu filho! Então quem tiver me ouvindo, não deixe sua oferenda lá, não
jogue rosas com espinhos, que vai machucar o pé das pessoas!
Confira a entrevista em vídeo no canal da SETO no youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=q5o6ZaVF0kA.
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11 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014
04 de dezembro Dia de Iansã
Iansã, Senhora dos Ventos e das Tempestades
Iansã pertence ao Trono da Lei ao lado de Ogum e atua no fator movimentador e direcionador. Ela tem
como função dar movimento aos seres e direcioná-los em suas evoluções.
Sua atuação é cósmica, ativa, negativa, mobilizadora e emocional, mas não inconsequente ou emotiva,
porque ela é o sentido da Lei, que não é apenas punidora, mas também direcionadora.
“[...] Mãe Iansã é Divindade da Lei cuja natureza é eólica, daí ser chamada de Senhora dos Ventos e das Tempestades. Ela é o vendaval que desaba e a ventania que faz tudo balançar. Ela é o próprio sentido de direção da Lei, que só entra na vida de um ser, caso a direção que este esteja dando à sua evolução e à sua religiosidade não siga a linha reta traçada pela Lei Maior. Ela é o ar que areja nosso emocional e nos proporciona um novo sentido da vida e uma nova direção ou meio de vida, renovando a Fé na mente e no coração dos seres [...]”. (extraído do livro Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental
Umbandista).
Iansã
Eu sou vendaval, sou chuva, sou raio e trovão
Eu sou bondade, sou lei, sou força, tempestade e coração
Meus raios cortam o céu, a maldade e a injúria
Meus ventos rasgam a falsidade com imensa fúria
Eu sou do ar, sou da terra e do fogo, sou deusa do sol e da lua
Senhora que acolhe as almas, senhora dos espíritos perdidos
Senhora dos aflitos
Eu posso ser brisa, suave e que conforta
Mas não aceito mentiras e nem a derrota
Eu sou audaciosa, autoritária, impetuosa
Eu sou de Iansã em verso e prosa
Saravá minha mãe, Eparrei Iansã! Santa Guerreira!
(Por Rita Ramos)
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12 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014
Pontos cantados Por Thaís Dourado
“Sou filho de Umbanda, to chegando agora...”.
Os pontos cantados foram introduzidos em nossa religião em meados da década de 20 a partir do
sincretismo religioso com os cultos de matriz africana, e a pedido das entidades que trabalhavam nos
Terreiros. No início, os pontos eram entoados e utilizavam-se palmas e o bater dos pés para dar ritmo
aos cantos. Com o passar do tempo e a ida da nossa religião para o Rio Grande do Sul onde havia o ritual
de Tambores de Mina, é que foram inseridos os atabaques dentro dos terreiros de Umbanda, e
posteriormente outros instrumentos, como o shekerê, o agogô, o pandeiro e a maracá.
A Umbanda é uma religião brasileira. Assim, apesar da influência africana, é importante que os pontos
sejam todos cantados em português, por ser fundamental que todos tenham noção e consciência de cada
ponto, inclusive o curimbeiro atabaqueiro, para que tudo faça sentido e que a magística cumpra com seu
objetivo.
Existem diversos tipos de pontos em nossa religião, a saber:
defumação, bate cabeça, abertura, visitas, chamada,
sustentação, firmeza, agradecimento, louvação, subida,
demanda e encerramento e coroação ou amaci. Todos os
Pontos cumprem um papel importante no decorrer da gira
e é por isso que a curimba (conjunto de pessoas que
cantam e tocam durante a gira) precisa estar atenta a tudo
que está acontecendo no decorrer do ritual e também ter
noção de tudo que acontece na Casa, entendendo cada
ponto de força, cada oferenda, ou seja, cada momento da
gira, para que assim o ponto seja cantado com todo o seu
fundamento. Algumas pessoas dizem que uma boa
curimba é aquela que leva a gira do começo ao fim, entendendo todo o seu funcionamento, e
principalmente tendo uma conexão com as entidades chefes e com os dirigentes do Terreiro.
Muitas vezes artistas famosos e grandes compositores utilizaram os pontos cantados em suas gravações
e shows, levando para o Brasil e para o mundo a beleza e a louvação dos nossos Orixás. Podemos observar
isso nas belíssimas vozes de Clara Nunes, Mariene de Castro, Martinho da Vila, entre tantos outros. A
grande maioria fez isso pedindo licença para a espiritualidade em um momento que as religiões de
matrizes africanas estavam em evidência, tanto na tentativa de acabar com o preconceito religioso, como
numa maneira de firmar uma identidade brasileira para a nossa cultura, no que diz respeito à história de
nosso país, profundamente relacionada com a escravidão de negros e índios, muitos hoje entidades
importantes dentro dos Terreiros.
Encerro dizendo que em todas as religiões se reza em determinados momentos de seu ritual, na Umbanda
se reza do início ao fim, porque todos os Pontos Cantados são uma forma de oração e de gratidão a tudo
que nos cerca e que orienta nossos trabalhos.
Axé!
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13 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014
Ervas na Umbanda
nstrumento de trabalho praticamente indispensável dentro de um terreiro de Umbanda, as ervas
tiveram uma maior atenção em nossa Casa no dia
12 de novembro. Nessa data, a família SETO
recebeu para palestrar gratuitamente sobre o tema
“Ervas e seu uso na Umbanda”, o amigo Edson Ramos.
Atuando com manipulação e venda de ervas há mais
de 13 anos em frente ao Colégio de Umbanda Sagrada
Pai Benedito de Aruanda, na R. Serra da Bocaina, 427 -
Belém, o “erveiro”, como também é chamado devido
a atividade que exerce, foi convidado pelos membros
do Grupo de desenvolvimento mediúnico “Ervas na
Umbanda”, e compartilhou seus conhecimentos com
uma plateia de aproximadamente 60 pessoas.
Com simplicidade e simpatia, Edson ensinou sobre: propriedades das ervas, a melhor maneira de prepará-
las para o banho e a relação ervas e Orixás. Interagindo plenamente com o público, tirou dúvidas e sugeriu
banhos e defumações para situações específicas.
I
Dicas do erveiro Está com dificuldade de perdoar alguém?
Tome um banho de rosa vermelha! Mentalize o perdão à essa pessoa enquanto despeja
o banho sobre sua cabeça.
Sente o ambiente carregado? Defumação com sementes de aroeira…limpa tudo!
14
14 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014
Sugestão de banho
E na última edição do ano de 2014, que tal um banho para atrair prosperidade, já pensando em 2015?
Mais uma sugestão do erveiro Edson Ramos:
Ervas do mês
Dezembro mês de Iansã e Oxalá, separamos 2 ervas que atuam na vibração de cada um desses Orixás:
Iansã
Espada de Iansã, erva quente
Verbos: Cortar, despedaçar, direcionar, proteger
Usada como um material bélico, tem como função energética cortar e combater
energias negativas. De forma ornamental descarrega e protege ambientes. Nos
banhos e defumações tem a mesma função.
Picão branco, erva morna
Verbos: Agir, direcionar
Combate e quebra a demanda e feitiço, devolvendo os mesmos para sua origem.
Seu banho limpa e cria uma proteção contra ataques de feitiçaria. A defumação é
recomendada para limpeza de ambientes, auxilia no afastamento de eguns.
Oxalá Boldo (tapete de Oxalá), erva morna
Verbos: Acessar, cristalizar, desobstruir, preparar.
Magnetizador e fortalecedor do chakra coronário. Anima, aquece o espírito e traz
confiança para as prática religiosas mediúnicas. Seu sumo pode ser utilizado direto no
chakra coronário para desobstruí-lo de acúmulos energéticos negativos.
Incenso (resina), morna
Verbos: Estabilizar, imantar, preparar, purificar
Associado às outras ervas secas, proporciona leveza ao ambiente e às pessoas que se
defumam com ele. Estabelece no ambiente uma aura de tranquilidade e paz de
espírito, ânimo e incentivo ao bem comum. Sua capacidade principal é criar
magnetismo espiritual adequado.
Folhas de café, folhas de pitanga e louro!
Preparar o banho de abafo e despejar da cabeça aos pés após o banho de higiene.
Lembre-se de ativar as ervas durante o prepare e no momento em que for tomá-lo!!!
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15 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014
Grupo de desenvolvimento mediúnico “Ervas na Umbanda”
entro do projeto de estudos da turma 1 do desenvolvimento mediúnico da SETO o grupo “Ervas
na Umbanda” teve a missão de criar um compêndio contendo informações sobre as ervas mais
utilizadas na nossa religião.
E como missão dada, é missão cumprida, o grupo composto por Alexandre, Bruno, Larissa, Luciana, Luis
Fernando e Michele, finalizou o trabalho que pode ser consultado por meio do link
http://issuu.com/searaseto/docs/ervas_na_umbanda.
Além das informações sobre as ervas, o material contém também um pouquinho da importância dos
chakras, dos tipos de água e como preparar banhos e defumações, assim como a ativação das ervas para
esses rituais, além disso, apresentou-se algumas sugestões de banhos e defumações específicos para
desenvolvimento mediúnico, energização, limpeza, entre outros.
Parabéns ao grupo!
“Durante a formatação das informações pesquisadas sobre ervas, houve a necessidade de uma revisão e ajuste do conteúdo para inclusão no "layout" de apresentação elaborado. A revisão, somada ao conteúdo pesquisado em conjunto com as informações adquiridas anteriormente serviram de grande valia para enriquecimento do conhecimento de cada componente do grupo e de nossa Seara Espírita Três Oguns. Esse conhecimento complementará a "caixa de ferramenta" dos médiuns, ajudará a compreensão dos cambones perante indicações de banhos e defumações recebidas pelas entidades, auxiliará aos componentes da casa, membros internos e consulentes, na sua manutenção do equilíbrio espiritual e no conhecimento pessoal independente da religião” (Alexandre).
“Realizar essa pesquisa foi extremamente esclarecedor. Por meio dela percebi o quão podemos nos energizar, equilibrar e limpar, sem necessidade de dispersar grandes valores ou mesmo tempo. Ao sugerir alguns banhos, fiz o “teste” para perceber a reação e fiquei impressionada de como uma combinação de um punhado de “verdinhos” pode nos trazer muitas sensações gratificantes”. (Michele)
“Umbanda tem fundamento, é preciso preparar!”
Parabéns ao grupo!
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16 JORNAL DA SETO – DEZEMBRO 2014
Tem alguma sugestão para o nosso jornal, algum elogio ou alguma crítica? Envie um e-mail para
[email protected]. Visite nosso site: www.tresoguns.com.br