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Biota Com pouco mais de um ano de atuação, ONG resgata animais marinhos pág. 11 PÓS-GRADUAÇÃO PARA COMUNICADORES Escassez de cursos de pós-graduação em comunicação é visível na Ufal. Des- cubra aqui quais são as poucas alterna- tivas disponibilizadas para os profis- sionais dessa área no departamento de comunicação e em outros setores da co- munidade acadêmica. pág. 3 À MEMÓRIA DO BEM AMADO O documentário Paulo Gracindo – O Bem Amado tem como cerne a vida de Paulo Gracindo. A película foi apresenta- da em Alagoas por seu neto, Pedro Gra- cindo, durante a Mostra Cine Sesi Brasil, que integrou o Congresso Acadêmico 2010 na Ufal. pág. 14 O DIPLOMA SERVE PARA QUE MESMO? Após a queda da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista, instituições de ensino alagoanas sofrem as con- seqüências desse episódio. Um panorama acerca de tal situação é evidenciado e dis- cutido em todas as suas instâncias. pág. 4 Turismo ecológico Aventura! Todos os de- talhes de uma trilha de bicicleta em Alagoas. pág. 10 pág. 12 IDOSOS Projeto incentiva ativ- idades físicas para idosos no complexo Benedito Bentes pág. 8 ÚNICAENTREVISTA: ALBERTO SALDANHA Cientista político analisa resultado do pleito deste ano a partir da perspectiva dos eleitores alagoanos. O BULLYING COMO UM SINTOMA DAS RELAÇÕES SOCIAIS Trabalho de conclusão de curso aborda o tema de uma forma diferente, fugindo da patológia como causa única do problema Pense Brasil Trabalho de ONG auxilia população carente da Barra de São Miguel com a práti- ca de cursos capacitadores. pág. 12 SOCIAL: PAIS DE AUTISTAS FUNDAM ASSOCIAÇÃO PARA MELHORAR A VIDA DOS FILHOS ESPORTE: A ESTRATÉGIA QUE LEVOU O ASA A ELEITE DO FUTEBOL ALAGOANO EDUCAÇÃO: PROJETO DO TJ LEVA AUDIÊNCIAS A FACULDADES DE DIREITO CULTURA: AS DIFICULDADE DE PRODUZIR CINEMA EM ALAGOAS ÚNICA EDIÇÃO Jornal realizado pela turma de Jornalismo 2008.1 na disciplina Edição em Mídia Impressa. UFAL. COS. DEZEMBRO DE 2010 pág. 5

Jornal Única Edição

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Jornal feito para a Disciplina edição em mídia impressa pelos alunos do curso de jornalismo da UFAL.

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BiotaCom pouco mais de um ano de atuação, ONG resgata animais marinhos

pág. 11

PÓS-GRADUAÇÃO PARA COMUNICADORES

Escassez de cursos de pós-graduação em comunicação é visível na Ufal. Des-cubra aqui quais são as poucas alterna-tivas disponibilizadas para os profis-sionais dessa área no departamento de comunicação e em outros setores da co-munidade acadêmica.

pág. 3

À MEMÓRIA DO BEM AMADO O documentário Paulo Gracindo – O Bem Amado tem como cerne a vida de Paulo Gracindo. A película foi apresenta-da em Alagoas por seu neto, Pedro Gra-cindo, durante a Mostra Cine Sesi Brasil, que integrou o Congresso Acadêmico 2010 na Ufal.

pág. 14

O DIPLOMA SERVE PARA QUE MESMO? Após a queda da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profi ssão de jornalista, instituições de ensino alagoanas sofrem as con-seqüências desse episódio. Um panorama acerca de tal situação é evidenciado e dis-cutido em todas as suas instâncias.

pág. 4

turismo ecológicoAventura! Todos os de-talhes de uma trilha de bicicleta em Alagoas.

pág. 10

pág. 12

idososProjeto incentiva ativ-idades físicas para idosos no complexo Benedito Bentes

pág. 8ÚNICAENTREVISTA: ALBERTO SALDANHACientista político analisa resultado do pleito deste ano a partir da perspectiva dos eleitores alagoanos.

o BullYing como um sintoma das relaçÕes sociaisTrabalho de conclusão de curso aborda o tema de uma forma diferente, fugindo da patológia como causa única do problema

Pense BrasilTrabalho de ONG auxilia população carente da Barra de São Miguel com a práti-ca de cursos capacitadores.

pág. 12

social: PAIS DE AUTISTAS FUNDAM ASSOCIAÇÃO PARA MELHORAR A VIDA DOS FILHOS

esPorte: A ESTRATÉGIA QUE LEVOU O ASA A ELEITE DO FUTEBOL ALAGOANO

educação: PROJETO DO TJ LEVA AUDIÊNCIAS A FACULDADES DE DIREITO

cultura: AS DIFICULDADE DE PRODUZIR CINEMA EM ALAGOAS

únicaediçãoJornal realizado pela turma de Jornalismo 2008.1 na disciplina Edição em Mídia Impressa. UFAL. COS.

DEZEMBRO DE 2010

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Sarah MendesWilliam Correa

COLOBORADORESPatrícia pacífi coRenata Gregorini

ARTE E DIAGRAMAÇÃOArthur Moura

Ben-hur BernardYzza Albuquerque

EDITORESIsaac José

Marcel Henrique LeiteJuliana dos Anjos

Nathália Honci

REPÓRTERESAnyelle Cavalcante

Alan FagnerElaine Gonzaga

Fábio José

Isabela pedrosaIsaac José

Juliana dos AnjosLaís Pita

Lívia VasconcelosMarco Fisher

Nathália HonciRaphael Vasconcelos

Roberta BatistaMarcel Henrique Leite

Mayra Costa Pires

exPediente

um titulo Bacana e descolado

Chegamos ao fi nal do 6° semestre do curso de Jornalismo e não aprendemos quase nada. Visando uma forma de ecoar os conhecimentos provenientes de algumas poucas experiências, como estágios ou projetos, construímos um jornal para a conclusão da disciplina “Edição em Mídia Impressa”, embora não tenhamos sido nenhum pouco assessorados nesse processo.

O única Edição recebe esse nome por sabermos como é problemático conseguir que nossas produções sejam impressas pela gráfi ca da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), mesmo fazendo parte de um curso que produz bastante material para esse fi m. Estamos, mais uma vez, mostrando que temos o desejo de fazer, verdadeiramente, jornalismo. É absurda a quantidade de difi culdades que encontramos para ter uma chance, uma mínima chance de produzir.

Daqui a um ano, seremos egressos do curso sem nunca ter aprendido rádio, TV, web ou fotografi a, simplesmente porque não se investe em labo-ratórios ou porque não se tem professores interessados em exercer a profi ssão, salvo poucos, muito poucos.

Um dos maiores e mais ecléticos grupos que tentou implantar um jornal laboratório no departamento de Comunicação foi oriundo de nossa turma; um dos festivais mais descontraídos e, ao mesmo tempo, acadêmicos foi idealizado por nossa turma; e o último dos atos em protesto a todas as nossas carências, episódio que uniu grande parte dos alunos do curso, foi pensado e articulado por alunos da nossa turma. Não dá para dizer que é falta de iniciativa da nossa turma. Se hoje não temos tempo para a academia, é porque tentamos buscar aprendizagem fora.

Nessa única edição, propomo-nos a falar do lugar em que vivemos. Mesmo que isso seja, para muitos, um assunto maçante e sem criatividade; para nós, falar de Alagoas é uma chance de descobrir e redescobrir coisas nossas. Atravessamos os muros da Universidade e observamos o que há de interes-sante para ser comentado na sociedade alagoana em que vivemos.

editorial

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Projeto realiza julgamento de Processos em faculdades de direito

Uma iniciativa pioneira do Tribunal de Jus-tiça de Alagoas (TJ/AL) tem levado, aos es-tudantes de direito da capital alagoana, os trabalhos realizados por um de seus órgãos julgadores, a Primeira Câmara Cível. Lança-do em agosto deste ano, o projeto Interagindo com a Comunidade Acadêmica desloca ses-sões de julgamentos de processos cíveis do TJ para faculdades da cidade, juntamente com palestras acerca do regimento interno da mais alta Corte do Judiciário alagoano.

O projeto, ao longo do ano de 2010, atendeu a diversas instituições de ensino superior, so-mando sete etapas. Alunos do Cesmac, Faci-ma, FAL, Faculdade Raimundo Marinho, FiTs e Seune já tiveram a oportunidade de acom-panhar os julgamentos. A última instituição a receber o Interagindo com a Comunidade Acadêmica, nesta edição, será a Universidade Federal de Alagoas, dia 29 de novembro.

Idealizado pelo presidente da 1ª Câmara Cível, desembargador James Magalhães de Medeiros e apoiado pelos demais componentes do órgão, desembargadores Tutmés Airan de Albuquer-que Melo e Washington Luiz Damasceno, a ini-ciativa vem facilitando o acesso dos estudantes aos trabalhos do Judiciário, mostrando, na prá-

tica, o que se vê em teoria nas salas de aula. As ações cos-tumam analisar e julgar de 15 a 20 processos de diversas natu-rezas, como in-ventário, famí-lia e tributário.

“A ação que d e s e n v o l v e -mos é uma grande opor-tunidade para que o Tribu-nal de Justiça possa interagir e se aproximar da comunida-de acadêmica, mostrando aos acadêmicos de Direito como funciona uma Câmara Cível e como se dá a apreciação e julgamento de pro-cessos como se estivéssemos na sede do TJ”, explicou o desembargador James Magalhães.

Para os estudantes, a iniciativa os aproxi-mou ainda mais das ações realizadas pelo Po-der Judiciário alagoano, além de tornar claro

o entendimento sobre o funcionamento da Corte alagoana. “É a primeira vez que acom-panho uma sessão cível. A ideia é muito inte-ressante, pois nos foi dada a oportunidade de ver os desembargadores julgando os proces-sos, aproximando a universidade do Tribunal de Justiça.”, concluiu David Monteiro Pache-co, estudante do 9ª período de Direito da fa-culdade Seune.

Tayana Moura

Nathália Honci

alternativas de Pós-graduação Para comunicadores na ufal

educação

Apesar da grande oferta de vagas para o curso de Comunicação Social, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) não proporciona pós-graduações nessa área. Durante suas três décadas de existência, o Departamento de Comunicação Social (Cos) pro-moveu poucos projetos de especialização e nenhum programa de mestrado ou doutorado. Dessa forma, a melhor saída para os recém-comunicadores da Ufal é se conformar com especializações em outras áreas relacionadas, como Letras e Educação.

Segundo a coordenadora de pós-graduação da Pró--reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Ufal (Pro-pep), Prof. Drª. Sandra Nunes, houve uma proposta de mestrado em Comunicação há alguns anos, mas essa não preencheu algumas exigências da Coorde-nação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Supe-rior (Capes), instituição que avalia pós-graduações, programas de mestrado e de doutorado, em todo país. Essa proposta recebeu conceito 2, o que, para Sandra, significa que o curso tem potencial, tendo em vista que o padrão mínimo de qualidade exigido pela Capes é de conceito 3.

Ao ser indagada sobre a apatia do corpo docente do Cos, em relação aos investimentos em pós-gra-duações, ela enfatizou que “essa carência tem mais a ver com o fato de a Capes ser rigorosa do que com qualquer falta de iniciativa de professores”.

Possíveis AlternAtivAsPara o Prof. PhD em comunicação Antônio de Frei-

tas, os profissionais da comunicação podem recorrer a medidas alternativas ao seu curso. “No Centro de Educação da Ufal (Cedu), há o curso de Mestrado em Educação Brasileira, que pode ser uma possibi-lidade, caso o graduado opte por estudar as mídias aplicadas à educação, notadamente a mídia digital”, afirma o professor.

Como opção, Freitas evidencia ainda os cursos de Mestrado e Doutorado em Línguística e Literatura, da Faculdade de Letras da Ufal (Fale). “A matéria--prima dessas áreas é a palavra, o discurso, os signos, enfim, os objetos que fundamentam também a área da Comunicação Social”.

linhA de MídiAs APlicAdAs à educAçãoSobre a linha de mídias aplicadas à educação, do

Mestrado em Educação Brasileira, o Prof. Dr. Luis Paulo Mercado, coordenador geral do Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira (PPGE), do Cedu, afirmou que ela existe desde 2005 e está bem consolidada. “Embora quase não haja procura por profissionais da comunicação, a linha tem uma con-corrência de aproximadamente quarenta propostas de dissertação para dez vagas, isso por profissionais de todas as áreas, até mesmo da saúde”.

Paulo Mercado aponta o problema da carência de recursos humanos oriundos do Cos dentro da linha. “Apenas dois professores da comunicação são cre-denciados à linha de pesquisa, a Prof. Sandra Nunes, nas áreas de rádio e TV, e o prof. Antônio de Frei-tas”. Esse último acredita que isso se deve ao fato de poucos docentes do Cos terem seus estudos voltados para a aplicação da comunicação – e das mídias em geral – ao setor educacional.

iniciAtivA lAto sensuPara quem possui interesse em pós-graduação lato

sensu, o Núcleo de Pesquisa e Estudo em Comu-nicação e Informação do Cos (Nepec), após longo período sem grande expressão, lançou, neste ano de 2010, o projeto de Especialização em Processos Midiáticos e Novas Formas de Sociabilidade. Esse projeto une quase a totalidade do corpo docente do curso e se mostra, segundo a opinião da Prof. Sandra

Nunes, uma tentativa de tornar o grupo mais coeso, mais amadurecido para o surgimento de um mestra-do. Segundo ela, “As linhas de pesquisa vêm primei-ro, assim surge o mestrado”.

De acordo com o blog do projeto, o objetivo não é apenas discutir a produção de sentido ou midiatiza-ção da sociedade contemporânea, mas também “re-alizar um projeto que provoque o potencial de pro-fessores e alunos do curso, criando condições para a reflexão conjunta dos temas”.

As inscrições para o projeto de especialização fo-ram realizadas em outubro deste ano, com quarenta vagas disponibilizadas aos profissionais da comuni-cação ou de áreas afins, professores e serventuários do Cos. O início das aulas será em março de 2011.

03

Paulo Mercado explica a linha de Mídias Aplicadas à Educação

Page 4: Jornal Única Edição

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Ben-Hur Bernard e Juliana dos AnjoscardáPio do dia: diPloma

Uma pitada de lead, uma porção de ci-tações, um título chamativo requentado, fotografias para dar cor e uma diagrama-çãozinha a gosto. Pronto, assim, como uma receita qualquer, talvez tenhamos mais um texto que possa ser classifica-do como jornalístico. No dia 17 de junho de 2009, por oito votos a um, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela de-sobrigação de diplomados nos cargos de jornalismo. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) se posicionou contra a decisão do STF, enquanto a Associação Nacional de Jornais (ANJ) saiu a favor. Só que, na prática, a queda da obrigatorieda-de do diploma foi mais sentida nas esco-las de Jornalismo.

Essa batalha é mais antiga do que se ima-gina. A primeira faculdade de Jornalismo do país, Faculdade Cásper Filho (vincula-da a PUC/SP), surgiu em meados da déca-da de 1940, já a obrigatoriedade jurídica do diploma surgiu em 1969 e teve sua legisla-ção aperfeiçoada em 1979. Segundo Almir Guilhermino - professor de Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) - advogados, médicos e professores foram os primeiros a iniciar a campanha contra a obrigatoriedade. “A luta tinha força, pois eles estavam há muito tempo no batente e, assim, tinham criado vínculos com a Justi-ça”, explica o professor.

Com o processo de redemocratização do país, o diploma voltou a ser valorizado. “Fi-cava mal para o Poder Público atender a tantos pedidos pela sua queda no Congres-so”, comenta Guilhermino. Entre o término de 1979 e início de 1980, os sindicatos de jornalismo foram um dos primeiros que, após a ditadura militar, voltaram à ativa e tiveram como principal bandeira a obriga-toriedade do diploma.

Ainda segundo o professor, esse foi um dos motivos que levou à implantação do curso de Comunicação Social na Ufal há cerca de 30 anos. Já o boom de faculdades do segmento aconteceu na década de 1990 em todo o país. Em Alagoas, esse mesmo processo se deu em meados de 2000.

os efeitos sentidos Aqui Dias após a derrubada do diploma, estu-

dantes da Faculdade Integrada Tiradentes (Fits), em parceria com alguns estudantes da Ufal e do Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac), e ainda o Sindicato dos Jornalistas do Estado de Alagoas (Sind-jornal), foram às ruas em protesto. Além de mobilizar a categoria, a manifestação tinha também o objetivo de sensibilizar a socie-dade civil e trazê-la para a discussão, o que não aconteceu, pois poucos estudantes se envolveram, em especial, os graduandos da Ufal. O Sindjornal foi criticado por muitos estudantes participantes pela falta de inicia-tiva nas manifestações.

Na Ufal, desde a decisão do STF, a concor-rência para o curso vem diminuindo. Se-gundo dados da Comissão Permanente do Vestibular (Copeve), desde o Processo Sele-tivo Seriado (PSS) de 2005, a concorrência decresceu de 9,6 por vaga, no turno diurno e na modalidade normal, para 6,3 no ano de 2009. Esses números não refletem neces-sariamente o afastamento dos interessados na Universidade Pública, já que nas insti-tuições superiores privadas a queda foi ver-tiginosa e não pareceu ser gradual.

No Cesmac, a procura pelo curso dimi-nuiu e apenas a turma noturna foi mantida. Já na Fits, apesar da redução da procura, a faculdade manteve as duas turmas de Jor-nalismo ofertadas no período matutino e noturno.

O Grupo Universitário Maurício de Nas-sau, que instalou uma de suas unidades em Maceió, abriu vestibular para Jornalismo, ofertando 60 vagas em 2009. O número de vestibulandos inscritos no processo foi de apenas 38, e menor ainda foi a quantidade de aprovados: 25. A coordenadora do cur-so, Mirtes Torres, declarou não saber se essa baixa na procura se deve à falta da obriga-ção do diploma. “Mesmo assim, foi surpre-endente o número de interessados”, declara.

“A gente não quer só diPloMA...”Tanto os alunos que acabam de ingressar

no curso, quanto os que estão se formando consideram que o diploma é um diferen-

cial, uma ferramenta necessária, bem como as especializações, mestrados e doutorados. Eles se preocupam mais com a qualidade do curso em si, do que com a não obrigatorie-dade do diploma.

Entre os acadêmicos, a afirmação de que escrever bem não faz de ninguém qualifi-cado para exercer a profissão de jornalista é constante. “O papel de uma faculdade de Jornalismo é, principalmente, nos deixar conscientes do que acontece nos casos de não nos pautarmos num jornalismo sério, exercido com ética, nem na busca por in-formações com qualidade, equilíbrio e res-ponsabilidade”, frisou Mirtes Torres.

Apesar da queda na procura pelas facul-dades, a Ufal ainda goza de certo prestígio. Bárbara Bezerra, estudante do 2º perío-do na instituição, teve dúvidas se deveria prestar vestibular para o curso, logo após a derrubada do diploma. Ela afirma que fez pesquisa entre as pessoas que já cursavam. O resultado foi considerado positivo, pois a preocupação que ela presenciou foi jus-tamente sobre a qualidade do curso. “Eu pretendo aproveitar ao máximo os recursos que uma universidade federal nos oferece. É tudo muito precário, mas o bom é que crescemos com isso”, comenta.

Victor Almeida, aluno do 8º período da Ufal, diz que os estímulos que o mo-tivam a continuar na graduação são mui-to poucos. Para ele, o que vem depois da formação básica é mais estimulante. “Eu acredito que formação é importante, in-dependente de diploma ou não”, afirma Victor.

No mercado, a opinião é praticamente a mesma. Maria Goretti, diretora de jornalis-mo da TV Gazeta, conta que, na sua época de estudante, não existiam estágios e as facul-dades não ofereciam aulas práticas, por isso ela começou a trabalhar antes de se formar e garante que essa união entre prática e teoria é importante. “Para mim, foi interessantíssi-mo, eu aliei as duas coisas simultaneamente e deu pra perceber que, sem a parte acadê-mica, eu não teria uma formação completa.”. Ela também assegura que a empresa conti-nua exigindo o diploma para contratação.

• O curso existe há 30 anos;• Turnos manhã e noite;• Concorrência caiu para 6,3, mas já vinha caindo desde 2005;• Aumentou o número de turmas, de 1 para 2 por turno

• O curso existe há 9 anos;• Oferecia 2 turnos, agora existe apenas 1, à noite;• A procura diminuiu (sem dados exatos)

• O curso existe há pouco menos de 1 ano;• Ofertou 60 vagas, 38 se inscreveram, 25 aprovados;• A 1ª turma será efetivada em fevereiro de 2011

ufal• Após a queda do diploma, manteve as duas turmas (manhã e noite) ofertando, assim, 100 vagas (50 por turno)

cesmac maurÍcio de nassau f i t s

educação

Page 5: Jornal Única Edição

Observe um grupo de crianças ou adolescentes interagindo. Não vai ser difí-cil notar a manifestação de comportamen-tos agressivos entre eles: ofensas verbais, um apelido maldoso, ou mesmo agressões físicas. Quando a violência é repetitiva contra um determinado indivíduo ou gru-po, caracterizando uma relação de poder desigual; e a motivação não se explica por meros conflitos pontuais oriundos da con-vivência diária, o fenômeno é denominado bullying. O termo em inglês, muito utilizado pela mídia recentemente, é derivado da palavra bully, que se refere ao “valentão”; aquela criança que intimida outras aparen-temente mais frágeis, ou seja, aquela que pratica o bullying. A escola tem se revelado um local muito propenso a ocorrência des-se tipo de agressão, mas ela se verifica em todos ambientes de convívio dos jovens; em casa, na rua ou mesmo na internet. O tema está em alta e o problema, além de preocupar pais e educadores, tem sido objeto de estudo recorrente dos in-telectuais da psicologia. Discute-se o que fazer para conter a agressividade desses jovens, e que parcela de responsabilidade pela situação pode-se atribuir à família e à escola. Estudantes de psicologia da Univer-sidade Federal de Alagoas (Ufal), no entan-to, propõem uma perspectiva diferenciada sobre o assunto. O Trabalho de Conclusão de Curso de David Wagner Viana e Danilo Cândido Vieira não aborda o bullying como uma es-pécie de patologia que atinge uma ou ou-tra pessoa. Para eles, o problema não nasce no individuo. É, na verdade, um sintoma das relações estabelecidas pela sociedade de uma forma geral. Assim, seria também equivocado culpabilizar uma insti-tuição social e s p e c í f i c a como a es-cola, já que ela, como as demais, natu-ralmente ten-de a reproduzir a ordem social estabelecida, não obstante seu extraordinário potencial para questioná-la. “O sistema educacional reproduz a cultura da competição, do culto ao herói, e é preciso entender que os pais foram sub-metidos a esse mesmo sistema” explica Da-nilo. São esses valores que geram, desde a infância, a angústia de querer ser o melhor, a necessidade de se sentir superior a todo o momento. De acordo com a dupla, todas as crianças sofrem as mesmas pressões, ape-

a sociedade dos valentÕes Isaac José

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sar de lidarem com isso de maneiras diver-sas. Uma das atitudes propiciadas por esse contexto social é a violência, mas “tanto o agressor, quanto a vítima sofrem da mesma angústia” afirma Danilo. Eles também enxergam uma relação análoga entre o bullying e a cultura do con-sumo. “A escola educa para o consumismo, que leva a coisificação do outro. A criança acaba tratando pessoas como objetos do quais querem extrair algum prazer imedia-to” – explica David – “e esse prazer é con-

seguido pela dominação, já que desde a educação infantil o outro é apre-sentado como um rival”. Uma influência impor-tante no trabalho dos estudantes da Ufal é a socióloga Miriam Abra-movay. Ela, aliás, prefe-re não se ater ao termo

bullying; sua preocupação é com todas as formas de violência nas escolas, que, no Brasil, vão além do que o termo abrange. A socióloga argumenta que a questão da vio-lência no país é ainda mais profunda do que em outros países, e que, por isso não adianta tentar importar uma solução pronta. “Esse conceito foi sistematizado na Noruega, que utilizou um programa antibulying de-senvolvido nas escolas norueguesas, e que serve muito bem para aquele país, pois, na Noruega, arma não entra na escola, muito

menos droga, mesmo porque também não há tráfico”; defendeu Abramovay, em entre-vista a revista científica paulista Dialogia. Para David e Danilo, o uso da pa-lavra justifica-se porque o que se nomeia bullying é um sinal da chamada “cultura da frieza”, uma expressão de Adorno que se refere à educação voltada para a severida-de e a competição irrefletida. Neste quadro, o bullying é uma expressão muito singu-lar de como os papéis de agressor e vítima surgem de uma lógica de separação entre aptos e inaptos, vencedores e perdedores, fortes e fracos; quando idealmente o papel da escola é justamente afastar a humanida-de desse estado de barbárie. Eles defendem que o bullying “é uma questão importante em qualquer sociedade onde se verifiquem opressores e oprimidos”. Com esta visão de que o bullying é uma expressão da sociedade, os dois acredi-tam que o caminho para formação de uma juventude menos violenta pode começar pela realização de mudanças significativas no sistema educacional. Mudanças que fa-voreçam um ambiente de diálogo, necessá-rio para o afloramento de uma cultura de paz. “Em vez de educar para o vestibular, para a competição, a escola precisa educar para a democracia”, afirma Danilo. O TCC, intitulado Por uma abordagem não indi-vidualizante do fenômeno bullying, será apresentado ainda este ano, na Universida-de Federal de Alagoas.

social

O caminho para formação de uma juventude menos violenta pode começar pela realização de mudanças significativas no

sistema educacional

“ “

Page 6: Jornal Única Edição

to, para Roseana, é a integração dos idosos, além de oportunidades que os estimulem a viver e exercer o papel de cidadão e a busca de novas atividades, “pois o fato de estarem na terceira idade, não implica di-

zer que a vida parou”, frisa Roseana.

MudAnçAsA mudança no perfil da população bra-

sileira vem sendo constatada nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-tica (IBGE): o Brasil, assim como outros países, vem mudando o perfil populacio-nal e deixando de ser considerado um país jovem. Os idosos representam, hoje, cerca de 8% da população total do País. Até 2025 devem representar 15% da população, isso torna o Brasil um dos países com maior número de idosos - cerca de 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos.

Diante desse panorama, é importante que o poder público, juntamente com a so-ciedade, priorize e estimule, por meio de projetos, o preparo de um envelhecimento saudável. No entanto, segundo a psicóloga Selma Lima – que desenvolve trabalhos

com idosos há 17 anos – “infelizmente vivemos em uma sociedade que pouco valoriza a terceira idade e não faz muita questão em esconder isso, mas, como a população está cada vez mais envelhecendo, muita coisa vai mudar, apesar de ainda ser num ritmo muito lento”. Ela ainda explica a importância da realização de projetos com idosos e alerta para a chave da alegria de viver na terceira idade: “os idosos devem ter saúde para aproveitar mais a vida, assim como bons rela-cionamentos, moradia própria e respeito pelos seus cabelos brancos”.

Ainda de acordo com Selma, se manter ativo na terceira idade contribui para melhorar a auto-estima, amenizar as variações de humor, além de propiciar melhores inter-relações e uma visão de vida positiva.

Social do Comércio (SESC). Por meio dele, os idosos se reúnem todas as quartas-feiras, das 15h às 17h30, no SESC Poço, para participar de palestras a ativida-des físicas.

Segundo a assistente social, Roseana Luna, coorde-nadora do programa há 20 anos, a cada quarta-feira é feita uma atividade diferente: na primeira, que é denominada como “Participa Ação”, palestrantes da área jurídica são convidados a esclarecer temas volta-dos aos Direitos da terceira idade. Na segunda, “Cul-tura e Movimento”, são apresentadas atrações cultu-rais e realizações de oficinas, como literatura, pintura e dança. Na terceira, por sua vez, os idosos praticam exercícios físicos com profissionais da área – o dia é chamado de “Corpo e Movimento”; e, para fechar o ciclo, é promovido o “Baila comigo” – baile realizado para os 810 idosos cadastrados.

Além disso, são feitos projetos extras, como se-minários e formações. A importância desse proje-

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Anyelle Cavalcante e Raphael VasconcelosAnyelle Cavalcante e Raphael Vasconcelos

socialsocial

alegria de viver a terceira idade: Projetos desenvolvem atividades Para idososalegria de viver a terceira idade: Projetos desenvolvem atividades Para idosos

As conversas no final da tarde na Praça Padre Cí-cero, localizada no Benedito Bentes, entre Francisca Santos, 59, e Fátima Barreto, 56, já viraram rotina. As duas aguardam ansiosamente a hora da aula de gi-nástica, promovida três vezes por semana pela equipe da Academia da Terceira Ida-de (ATI). Um ambiente montado na pra-ça, com aparelhos doados pela prefeitura e pela Secretaria de Esporte e Lazer.

No entanto, não são apenas elas que se interessam pelos exercícios aeróbicos e musculares ministrados por treze instru-tores voluntários desde agosto deste ano, quando a ATI foi inaugurada. Segundo o instrutor Tani Duarte, cerca de 400 pes-soas estão inscritas no projeto e frequen-tam a praça nos dias de segunda, quarta e sexta-feira, nos horários da manhã ou da tarde. Entre elas, é possível encontrar jo-vens, adultos e até mesmo crianças – que acompanham as mães na jornada de ati-vidade física – mas, a maioria é formada por idosos, interessados em manter a boa forma e, principalmente, cuidar da saúde.

“Aqui a gente não pratica apenas exer-cícios. Eles nos orientam a comer melhor e medem a pressão e o peso. Cada um faz suas atividades de acordo com seus limites”, explica dona Maria de Fá-tima, citando que a ATI dispõe também do apoio de um nutricionista, um fisioterapeuta, um enfermeiro e um médico. ”Nossa qualidade de vida melhorou bas-tante em apenas dois meses. Agradecemos a todos os voluntários do projeto por isso”, declaram Francisca e Maria de Fátima, que também reconhecem na ATI um lugar para formar novas amizades.

do outro lAdo dA cidAde...Longe do Benedito Bentes, outros idosos podem

contar com projetos como o TSI (Trabalho Social com Idosos), que há 26 anos é realizado pelo Serviço

(rifas, eventos) e das mensalidades pagadas pelos membros, mas a diretoria está buscando convênios com os setores público e privado para viabilizar um centro multidisciplinar para tratamento de crian-ças com autismo. A previsão é de que em fevereiro de 2011 uma casa seja alugada para servir de sede da AMA-AL, onde funcionará o projeto piloto do centro multidisciplinar, com atendimento de fono-audiólogos, psicólogos, pedagogos, terapeutas ocu-pacionais e professores de artes, música e educação física.

Só que tal serviço que a associação pretende ofe-recer tem um alto custo, já que é constituído em um sistema atendimento onde apenas um profissional poderá atender um único paciente por vez; assim, o serviço só poderá acontecer gratuitamente com a realização de convênios. “Caso contrário, os pais precisarão custear os atendimentos, ao menos par-te dos que as crianças necessitam, porque ninguém tem condições de arcar com todas as despesas. Por isso a ajuda do poder público é essencial”, revela Mônica.

Mônica Ximenes garante que ter um filho com condições especiais não atrapalhou em nada seus planos profissionais: “Meu filho é uma benção de Deus, uma criança linda, pura. E eu estou dispos-ta a fazer tudo por ele, inclusive a melhorar minha condição de trabalho para poder proporcionar a ele o acesso aos tratamentos, bem como a me capacitar na área de autismo”. E é com essa mesma perseve-rança que ela e os outros pais persistem com a luta.

Para elesPara elesLívia VasconcelosLívia Vasconcelos

A realidade em Alagoas é marcada pelo total des-preparo das escolas para receber essas crianças, e pior do que isso, muitas se mostram resistentes na aplicação de mudanças que farão toda a diferença. Segundo a presidente da associação, “A maior difi-culdade foi apresentar as técnicas comportamen-tais e fazer com que as escolas acreditassem que as crianças precisam delas para aprender, que elas não aprendem como os demais, que precisam de dicas, auxílios, apoios e muita repetição. Hoje, seis anos depois, posso dizer que existem escolas mais aco-lhedoras neste sentido”.

A AMA-AL tem como maior preocupação con-seguir garantir um tratamento intensivo, precoce e de qualidade às crianças com autismo. O desconhe-cimento das pessoas acerca do assunto pode acabar com as chances de crianças que poderiam ter uma vida mais independente. Embora o autismo não te-nha cura, nem haja informações precisas a respeito de suas causas, ele é perfeitamente tratável; e o diag-nóstico logo no início da vida de uma criança pode mudar o seu futuro, por isso a proposta de capacitar profissionais. “Nós queremos oferecer aos nossos filhos as melhores técnicas, aquelas que são mun-dialmente utilizadas com autismo, com resultados cientificamente comprovados. O problema é que existem pouquíssimos profissionais em Maceió que conhecem e que sabem utilizar corretamente essas técnicas. Essa é a nossa angústia e, ao mesmo tem-po, a nossa proposta”, afirma Mônica.

A associação sobrevive de doações, promoções

Foi na busca incansável de um diagnóstico e de uma possibilidade de proporcionar uma vida me-lhor para seu filho que Mônica Ximenes, presiden-te da Associação dos Amigos Autistas de Alagoas (AMA-AL), começou uma jornada a qual, hoje, possibilita um maior auxílio a pais de crianças au-tistas e profissionais de Alagoas, além de incentivar, também uma ajuda mútua entre eles, a fim de pos-suírem uma melhor qualidade de vida.

A AMA-AL passou a existir quanto associação oficialmente em 2009; mas, desde 2004, os pais vêm se conhecendo e lutando pelos progressos de seus filhos. Hoje, a instituição possui 25 sócios efetivos, sendo formada, justamente, por pais de crianças autistas, na faixa estaria de 2 a 10 anos. “Todos os pais que compõem a diretoria são vo-luntários e sócios pioneiros da AMA-AL. Hoje, contamos com a adesão de muitos pais de crian-ças bem pequenas, com 02 e 03 anos de idade, ou seja, em uma fase ótima para intervenção inten-siva e precoce, como recomenda a literatura”, diz Mônica.

O autismo é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade, caracterizando-se sem-pre por desvios qualitativos na comunicação, na in-teração social e no uso da imaginação. Justamente por essas características específicas, as crianças au-tistas precisam de uma abordagem diferenciada dos outros alunos, e a associação procura fazer o que pode para tornar isso possível.

Foto: Anyelle Cavalcante Diversão saudável

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Atualmente, não é comum encontrarmos jo-vens que se preocupam em ajudar e educar pessoas necessitadas, mas essa é uma carac-terística do estudante de administração, José Medeiros Nicolau, de 21 anos. Zezeco, como é conhecido, pensando em realizar o sonho do pai e melhorar a qualidade de vida do municí-pio da Barra de São Miguel, construiu a ONG Pense Brasil, uma empresa do terceiro setor, que trabalha com a inclusão social de crianças a idosos.Segundo Zezeco, que também preside a ONG,

para melhorar uma comunidade é preciso co-meçar educando a população, que “perdeu o instinto de determinação e de correr atrás por conta das ONGs de caráter assistencialista”. O trabalho da Pense Brasil não é voltado para doações e sim para oportunidades. “É preci-so que as pessoas deixem de ser dependentes de terceiros, para isso trabalhamos visando a educação e a cidadania. Oferecemos chances de crescimento, mas a pessoa precisa caminhar com as próprias pernas”, afirma Zezeco.

NúMEROS DA PENSE BRASILA Pense Brasil oferece 1.500 bolsas

e 30 opções de cursos bem diversi-ficados, entre eles os cursos profis-sionalizantes de Turismo e Hospi-talidade e Atendimento ao Cliente. Mas o curso que tem a maior pro-cura é o de Informática, que possui 380 bolsistas inscritos e uma grande lista de espera. Os cursos desenvol-vidos pela ONG têm duração de 6 meses e, ao final, os participantes recebem um certificado, contendo o seu nome, o curso que fez e a car-ga horária que obteve, sendo esse reconhecimento uma maneira de estimular os alunos a comparece-rem às aulas. Além disso, se o aluno faltar mais de três vez, em qualquer atividade, alguém da lista de espera é chamado.

MÉTODO FREIREANOTodos os voluntários que trabalham para a

Pense Brasil, cerca de 60 pessoas, foram trei-nados por asses-soras pedagógicas do Instituto Paulo Freire, uma asso-ciação sem fins lucrativos, que de-senvolve projetos de assessoria e con-sultoria nas áreas de educação cida-dã, popular e para adultos. “A nossa meto-

dologia é voltada para o diálogo e a inclusão. Sabe-mos que a Barra de São Miguel é

um polo turístico, então trabalha-mos, por exem-plo, no sentindo de o aluno ter seis meses para sair da aula de inglês fa-lando, pelo menos, o básico. Dessa forma saberá aten-der, seja num mer-cadinho ou num hotel, o turista que chegar”, explicou a coordenadora pe-dagógica da ONG, Carine Moreira do Nascimento. Para dar oportu-

nidade a toda co-

munidade barrense, a ONG tenta fazer com que cada pessoa só possa se inscrever em duas atividades, sendo uma lúdica (exter-na), como aula de dança e uma pedagógica (interna), como o espanhol. Apesar disso, é comum ver jovens que participam de três ou quatro oficinas, como Lindomar Ribeiro da Silva, de 15 anos, que faz aula de infor-mática, dança, jiu-jitsu e teatro. “A ONG é uma oportunidade para eu fa-

zer os cursos que eu não tenho condições de pagar. Ela tirou várias pessoas que uti-lizavam drogas da rua e elas agora estão se preparando para o futuro”, opinou o jovem Lindomar. São jovens como Lindomar que fazem o

presidente da ONG continuar com o seu projeto de educar e esclarecer pessoas. “A energia positiva e a esperança que eu vejo em todas as crianças e adultos que frequen-tam a ONG, nos faz seguir esse desafio. Vejo que quando uma coisa é verdadeira, dá cer-to”, finalizou Zezeco.

Laís Píta

jovem constroi ong e ajuda a transformar a realidade da Barra de são miguel

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Você também pode ajudar o próximo e contribuir para a manuntenção dos projetos da Pense Brasil. A ong tem um programa de voluntariado que possibilita o engajamento de pessoas com dezesseis ano ou mais. Também faz parcerias com empresas e insti-tuições que buscam promover ativi-dades educacionais, profissionali-zantes e artístico-culturais, visando o desenvolvimento local de comuni-dades em situação de vulnerabilidade. Saiba como colaborar no site:www.pensebrasil.org

Acima, oficina de corte e costura.Abaixo, aulas de informática

É preciso que as pessoas deixem de ser dependen-tes de terceiros, para isso trabalhamos visando a educação e a cidadania. Oferecemos chances de crescimento, mas a pes-soa precisa caminhar com as próprias pernas

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O que passava pela cabeça do eleitor era que se fosse para dar continuidade ao projetos em desenvolvimento, era mais vantajoso votar na candidata da situação. Mas, por outro lado, se-gundo dados no TSE, na capital, mais uma vez, o PSDB ganhou. Serra venceu em Arapiraca. Serra venceu em Coruripe e Serra venceu em Marechal Deodoro. Isso nos leva a pensar que o PSDB é realmente forte nessas localidades, mas, na verdade, não o é. Não é o partido que é forte, é o conservadorismo. Há uma grande distância entre a base e as classes média e alta da nossa sociedade. Esses dados demonstram a ideia preponderante de que o governo Lula foi bom para os pobres e não para a classe mé-dia e alta.

ue – A ascensão da chamada “Classe C” teve papel fundamental no resultado final da elei-ção, sobretudo no Nordeste?

As - Ela teve uma maior participação, de fato, nessa eleição, uma vez que se sentiu mais con-templada. Não contemplada apenas por pro-gramas de assistência do governo atual, como também pela melhora da sua qualidade de vida. Agora, não podemos afirmar, como al-guns passaram a colocar, que a Dilma venceu graças aos votos que obteve no Nordeste. O crescimento econômico que se deu, aqui na re-gião, não foi devido apenas ao Bolsa Família e coisas do tipo. Houve um aumento do crédito, um aumento do salário mínimo e de investi-mentos em obras de infra-estrutura. Não é à toa que aconteceu esse desenvolvimento. En-tão, vem à tona aquela discussão de que Ala-goas não se diversificou na mesma proporção

do resto do Nordeste. Enfim, se retirarmos todos os votos do Nordeste, Dilma ainda venceria com mais de um milhão de votos. E outro fato curioso é que ela foi a mais votada no Sudeste, vencen-do em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Então, essa classe C se sentiu com mais poder de decisão e, portanto, com mais estímulo de exercer sua função política. Mas, até que ponto aumentou a participação desse grupo de pessoas? As pes-soas menos favorecidas financeiramente sempre foram mobilizadas politicamente, nem que seja pelo ato da compra do voto. A classe C pode ter dado voto majoritariamente ao PT? É possível. Só que não podemos dizer com exatidão que ela decidiu a eleição.

ue - Alagoas foi um dos estados a ter o maior número de abstenções de voto. Podemos atribuir isso apenas ao feriadão?

As - Isso é um alerta para a Justiça Federal, para que não haja mais uma coincidência de datas des-sa maneira. Isso graças não somente ao feriado de Finados, mas também devido ao dia do servidor público. Já existe uma lei federal que exige que o feriado do dia 28, quando cai no meio da sema-

a campanha do Ronaldo Lessa era “o senador de Alagoas”, a de Collor era “o senador do povo”. E essa foi a tônica dos últimos 28 dias de campanha eleitoral em 2006. O Collor surfou na onda do Lula. Essa disputa teve essa característica, essa de agora tem outra totalmente diferente. Outra coi-sa que vale se ressaltar é que a diferença apertada ao governo só se deu devido o empenho, na reta final, de Collor e Renan Calheiros. Se eles não es-tivessem com Ronaldo Lessa, ele não conseguiria ir até onde foi.

ue – Com relação à presidência, venceu a can-didata do “carisma” – mesmo sem tê-lo – e Ala-goas foi um dos estados em que ela venceu. Isso confirma, de certo modo, a não mudança citada anteriormente?

As - Tanto Dilma Rousseff quanto José Serra não eram candidatos carismáticos. Comparando com outros presidenciáveis, como os próprios Lula e Fernando Collor, havia uma grande di-ferença. A vitória dela se dá efetivamente pela mudança ocorrida na vida das pessoas, além do discurso sempre controverso e confuso do Ser-ra, onde ele afirmava que iria ‘fazer melhor’ em relação ao Nordeste do que o governo anterior.

Única edição – Geralmente, em outras épocas, como na eleição de 2006, teríamos o carisma como particularidade primordial de um eventual candidato. Nessa última eleição, de certo modo, o postulante ao governo que teria tal característi-ca caiu ainda no primeiro turno. Houve alguma mudança do eleitor típico alagoano nessa última eleição ou foi somente uma mera coincidência? Alberto saldanha - Não podemos afirmar que houve realmente essa mudança de perfil, pode--se dizer que a rejeição em relação a esse candi-dato (Collor) aumentou. Aumentar o índice de rejeição não é mudança de perfil do eleitorado. Quanto ao carisma do Collor, ele não iria desa-parecer de uma hora para outra. Da mesma for-ma que ele possui um eleitorado cativo, ele tam-bém apresenta um índice alto de rejeição. Mais especificamente na disputa de agora, havia três pesos pesados: ele enfrentava o Ronaldo Lessa e o Teotônio Vilela. Já na disputa para o sena-do em 2006, era apenas ele contra o Ronaldo. E outro ponto, em 2006, a estratégia de Collor foi evitar aparecer logo no início na campanha, além de ser o candidato do presidente Lula na época. Isso unido ao descuido do Lessa na campanha fez com o que o resultado fosse aquele. Enquanto

Aspectos da consciência política, ou da falta dela, que caracterizaram o eleitorado alagoano são discu-tidos pelo cientista político e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Alberto Saldanha. Tendo como base o último pleito, Saldanha evidencia fatores que nos fazem refletir sobre aquilo que realmente é levado em consideração quando se trata de política em Alagoas.

a contemPoraneidade PolÍtica na terra de deodoro e floriano

entrevista

Marcel Henrique Leite

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nham membros indiciados em diver-sas operações contra a corrupção.

ue - Podemos confirmar isso eviden-ciando os representantes eleitos para o Senado, onde venceu um candidato “novo” (Benedito de Lira) e um mais calejado (Renan Calheiros), porém com aspectos semelhantes?

As - No caso do Senado, existiam ape-nas duas vagas em disputa, o que foi um aspecto favorável a esses candida-tos, principalmente, ao Benedito de Lira. Além disso, o apoio do governo Lula à candidatura dos dois foi funda-

mental. Claro que, juntamen-te com esses fatores, ambos têm plenas condições de fa-zer, como fizeram, campanhas milionárias. A outra candida-ta “mais conhecida” ao cargo (Heloísa Helena) sofreu com o pouco tempo disponibili-zado no guia eleitoral, com a falta de recursos, e principal-mente: não tinha o apoio do presidente Lula. Diante disso,

tivemos um grande crescimento do Benedito de Lira, cuja estratégia de campanha era atacar a candidata do PSOL e acertou em cheio. O isolamen-to político de Heloísa foi crucial para o resultado final. Evidente que somado também a esses outros pontos.

ue - Para finalizar, muitos analistas afirmam que houve um amadureci-mento político do eleitorado brasilei-ro, devido a todo esse tempo vivido dentro da democracia. Os alagoanos amadureceram realmente?

As - É muito difícil definirmos real-mente esse amadurecimento. Em que nos basearíamos para ter essa preci-são? Em termos continuado com um governo de continuidade? O grau do amadurecimento não se pode medir dessa maneira, visto que a ALE, como vínhamos comentando, não mudou literalmente. Ela nada mais é do que um reflexo da sociedade, um reflexo do eleitorado. E o que movimenta esse eleitorado? É o interesse privado? É a venda do voto? É o medo de quem vota dos donos dos currais eleitorais? É eleger um senador que de uma forma ou outra traz recursos para o estado? É complicado mensurar qual o grau do amadurecimento da população. O amadurecimento é, na verdade, a par-ticipação política, mas a abstenção foi alta. O que significa que um grande contingente de pessoas realmente não se interessa. Teria que ser feito um le-vantamento das bases ideológicas que levaram cada indivíduo a votar em um dado candidato. Não há como saber.

na, seja transferido para a semana seguinte, para que não se tenha um feriadão ainda maior. Ou-tro ponto que influencia essa atitude é o de que no segundo turno, quando a disputa é somente de cargos executivos, existe uma maior absten-ção. No Brasil, durante o primeiro turno, a média de abstenção foi de 18%; já agora, ela subiu para 21%. Explica-se isso pelo fato de que não há a disputa pelos cargos legislativos, que são aqueles que mobilizam o transporte de eleitores das mais diversas regiões. Então, muitas pessoas do inte-rior não foram votar. Tanto que houve apenas uma apreensão de transporte irregular em todo o estado. Isso, aliado a outros fatores, gerou esse elevado grau de abstenção. Uma ressalva: não foi essa abstenção que decidiu a eleição. Longe disso.

ue – Tratamos nas outras perguntas mais espe-cificamente de cargos executivos. Abordando um pouco os legislativos, pudemos notar que o plei-to desse ano renovou, em pouco mais de 66%, o quadro de Alagoas na Câmara Federal, sendo que apenas três deputados conseguiram renovar os seus mandatos. Já na Assembleia Legislativa do estado, a renovação atingiu a marca de 44%. Esses números podem representar uma real mu-dança da conjuntura política alagoana?

As - Mudança propriamente dita não. Em rela-ção à Assembleia Legislativa (ALE), essa reno-vação foi baixa. Esteve na margem de mudança que vinha ocorrendo nas últimas eleições. Se for-mos analisar ao pé da letra, não há de fato uma renovação. Trata-se sim de uma troca de figuras de um mesmo esquema político. A ALE tem se caracterizado por um poder altamente conser-vador em sua representação. A tendência é a es-trutura estadual se manter. O que acarretará em um modelo de gestão bastante semelhante àque-le que vem sendo implantado nos últimos anos: organização dos deputados em torno da mesa diretora com o intuito de atender às exigências do governo do estado em troca de terem seus in-teresses da mesma forma atendidos. Não existe oposição nem situação. No plano nacional, existe uma mudança maior, já que temos um universo maior de disputa, tanto em termos de partidos, quanto em termos de candidatos.

ue – Então, as características dos eleitos, como, por exemplo, a vinculação a antigas aristocracias locais muito se assemelham com as daqueles que deixarão os cargos?

As - Exatamente. O mais curioso é que as can-didaturas majoritárias ao governo de Alagoas ti-

A tendência é a estrutura esta-dual se manter. O que acarre-tará em um modelo de gestão bastante semelhante àquele que vem sendo implantado nos últi-mos anos.

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– aos mais prudentes) por um pequeno abismo; passamos por um tipo de vegetação que deixou minha perna bem irri-tada (e por isso a vontade de chegar na água, agora mais forte do que nunca) e tivemos, ainda, que pular uma cerca de arame farpado. Ao fim de tudo isso, descobrimos que exis-tia um caminho mais simples, que usamos na volta. É inútil descrever a cacho-

eira, pois o visual é lindo e pode ser visto na foto. Fica-mos lá talvez umas duas ho-ras ou mais, ninguém queria voltar. No rio, onde a cacho-eira caía, a água era muito forte e brincamos de tentar não ser levado pela corrente-za. Alguns aproveitaram pra lanchar só curtindo o visual sem cair na água. Mas, todos estavam muito satisfeitos de poder conhecer esse lugar de Alagoas tão pouco conhecido e por isso mesmo tão preser-vado. Alguém fez questão de nos

tirar do transe e dizer que precisávamos ir embora. Ain-da faltavam 20 km de pedala-da até o posto onde estavam os carros. Ah... e ainda falta-va conhecer o engenho. Bom, na verdade, ninguém quis mais conhecer o engenho; fi-camos tanto tampo na cacho-eira que o conhecer virou um pretexto para fazermos essa trilha mais uma vez.Pegamos um terreno fácil

depois da cachoeira, ainda bem, porque depois de tanto marasmo faltava energia para enfrentar uma trilha mais di-fícil. Chegamos à estrada e enfim ao posto. O dia encerrou com todos

matando a fome num chur-rasquinho anexo a um açou-gue chamado “Búfalo Bill”. Não sei se era bom, qualquer coisa é boa quando se tem fome.

São 6h da manhã e o celular que estava ao meu lado, marcado para despertar às 5h, toca: “Mayra, você não vai não?”. Em 9 minutos, eu e minha bicicleta estávamos prontas, esse passeio não dava pra perder, afinal ia ter uma cachoeira.O pedal apelidado de “Trilha do Enge-

nho” foi na cidade de São Luis do Qui-tunde. Chegando lá, como sempre, muito alongamento e preparo para encararmos 40 km de pedalada que prometia ser can-sativa. Eu, que tinha ido dormir às 2h da manhã, estava especialmente preocupada com minha condição física. Mas tudo bem, o dia não estava quente e no meu grupo, ninguém é deixado para trás. As primeiras pernadas foram bem tran-

qüilas, num terreno de barro batido, era como pedalar num asfalto. Chegamos numa igreja que datava de 1846, tiramos algumas fotos e continuamos o passeio.Então o terreno mudou, agora estáva-

mos pedalando pelo barro molhado no meio do canavial, com algumas subidas e descidas sem grande inclinação. Mas, com um terreno assim, às vezes não dava pra passar pedalando e tínhamos que empurrar nossas magrelas.A situação piorou (entende-se que quan-

to pior melhor) ao nos depararmos com uma mata fechada onde quase não havia trilha. O sol já estava abrindo e o calor começando a incomodar quando nos de-paramos com uma linda cachoeira. A per-gunta que veio da boca de todos foi: “É aqui o banho?”; ainda não era. Uma pena, pois o lugar era muito bonito, e com o sol quente, mergulhar nessa água era tenta-dor.O terreno foi ficando cada vez mais

complicado, havia trechos de completo alagamento. Não só era impossível pas-sar pedalando como tínhamos que colo-car nossas bicicletas dentro d’água para atravessar, o que compromete todo seu sistema mecânico. Ao andar no meio do canavial, com o sol

queimando nossas cabeças, é claro que não deixaríamos de parar para chupar cana. De modo geral, a trilha passava por canaviais, pastos e matas que nos brinda-vam com uma cachoeira ao final. No total foram três.Foi na última, e a maior delas, que para-

mos para descansar e curtir. Mas, antes de chegar, tivemos que pedalar (ou caminhar

Andar de bicicletas não requer grande habilidade. Depois dos primeiros passos, as crianças já podem partir para as primeiras pernadas e manter esse hábito pelo resto da vida.Esse meio de locomoção, que também é um esporte, ajuda a tonificar os músculos das pernas, a melhorar a capacidade respiratória e o vigor físico, reduz os riscos de doenças cardíacas é limpo e não polui.

Pedale!

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... o caminho era desafiador...

... e a cachoeira fizeram tudo valer a pena

O caminho era longo...

...mas as belas paisagens...

únicaedição10

vá de Bike Mayra Costa Pires

meio amBiente

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com vida. Bruno diz que a ONG poderia até conseguir uma permissão permanente para cuidar de animais vivos, mas por não dispor de infra-estrutura suficiente, o gru-po prefere não assumir uma responsabili-dade que poderia ir além de suas capacida-des físicas.

Outras dificuldades apontadas pelo grupo são a falta de parceria dos órgãos ambientais e a burocracia enfrentada pelo Instituto. A falta de informação da população com relação aos procedimen-tos necessários no caso do avistamento de um animal também preocupa o Insti-tuto. Pessoas da comunidade próxima ao Biota já encaminharam ao grupo iguanas, cobras, tartarugas de água-doce, aves e outros animais fora da área de atuação da ONG. Em contrapartida, encalhes de animais marinhos nem sempre são co-municados ao Instituto, que precisa ficar em contato com o Corpo de Bombeiros e até mesmo com a Samu, que recebem ligações avisando sobre esses incidentes. Essa falta de comunicação motivou a re-alização da campanha Encalhou?!, que orienta as pessoas para não ter contato com o animal encontrado e avisar ime-diatamente ao Biota, por meio dos núme-ros 9115 5516 e 8815 0444.

Dessa forma, o Instituto mantém sua luta para ajudar na conservação da fauna mari-nha de Alagoas, contribuindo não só para o salvamento de animais encalhados como também no desenvolvimento da consciên-cia ambiental em Alagoas.

ONG, sendo batizadas de Kuat e Pipoca pelo grupo. Infelizmente, após uma cirur-gia, descobriu-se que Kuat havia contraído uma doença no intestino devido à ingestão de pedaços de pano. Ela não resistiu e mor-reu antes de ser devolvida ao mar.

A ONG também participou do atendi-mento ao encalhe de peixes-boi e de cator-ze cetáceos, sendo quatro de grande por-te, como baleias e cachalotes. Essas ações foram realizadas não só em Maceió como no interior, junto á Comissão de Meio--Ambiente (CMA). Entre as operações com mamíferos aquáticos realizadas pelo grupo está o primeiro caso registrado no estado do encalhe de uma baleia da espécie mink. Outro caso que marcou o Instituto foi o dramático encalhe de um filhote de baleia jubarte na praia de Morro de Cama-ragibe, na cidade de Passo do Camaragibe. O pequeno mamífero resistiu por 24 horas sendo atendido por equipes da Biota e da CMA, mas como acontece com a maioria dos cetáceos, terminou não sobrevivendo ao encalhe.

O resgate de um pequeno lobo-marinho na praia de Pajuçara também foi acompa-nhado pelo Biota. Com um destino mais feliz que a maioria dos animais aquáticos, ele respondeu bem aos primeiros socorros prestados pelo grupo e foi encaminhado até acidade de Itamaracá, em Pernambuco.

O Instituto tem permissão para deslocar apenas carcaças de animais encalhados, tendo recebido permissões especiais nos casos em que os mesmos são encontrados

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Marco Fischer

instituto de conservação resgata animais marinhos em maceióinstituto de conservação resgata animais marinhos em maceió

Em uma sala arejada, no primeiro andar de um simpático sobrado no alto de uma ladeira em Riacho Doce, está sediado um projeto ambiental que luta para suprir a carência do estado no que diz respeito ao resgate de ani-mais marinhos que encalham na areia das praias de Maceió e do interior de Alagoas. O Instituto Biota de Conser-vação, uma Organização Não-Gover-namental, realiza diversas atividades científicas e sócio-ambientais, que vão desde os resgates propriamente ditos até o desenvolvimento de pesquisas e trabalhos sociais atrelados a educação ambiental, realizados principalmente em escolas ou na comunidade onde a ONG se localiza.

Fundado em 1º de junho de 2009, o Biota surgiu como um grupo de exe-cução e elaboração de projetos am-bientais. Inicialmente, ele funcionaria apenas como um apoio a outra ONG já existente. Porém, vendo que possuíam capacitação para agir de maneira in-dependente, os cinco fundadores, que atu-almente integram a diretoria do Instituto, criaram a ONG, que foi lançada durante a Semana do Meio Ambiente do mesmo ano.

Bruno Stefanis, presidente do Instituto, na época estagiário e atualmente biólogo do Projeto Peixe-Boi, percebeu que entre as carências técnicas das instituições que cui-dam do resgate de animais marinhos no es-tado – uma das principais motivações para a criação do Biota – estava a ausência de veterinários especializados no tratamento desses animais. Durante uma viagem ao Ceará, ele conheceu a veterinária Fernan-da Menezes, que atualmente é diretora de projetos do grupo. Os outros três membros da diretoria, todos biólogos como Bruno, são Silvanise Marques, diretora executiva, Erivânia Araújo, diretora financeira, e Leo-nardo Leão, secretário.

Além dos quatro biólogos e da veteriná-ria, o Instituto conta hoje com uma média de dez voluntários. A maioria são estudan-tes de biologia, mas o Biota conta também com integrantes nas áreas de Direito, Ad-ministração, Recursos Humanos e Serviço Social, entre outras. Com esse corpo téc-nico, o grupo é qualificado nas áreas de Medicina Veterinária, Biologia da Conser-vação e também Educação, Planejamento e Gestão Sócio-Ambiental.

O Instituto Biota já realizou aproxima-damente quarenta recolhimentos de tarta-rugas marinhas no estado, dos quais cinco conseguiu-se resgatar os répteis ainda vi-vos. Após um dos resgates, duas tartarugas passaram dois meses sendo cuidadas pela

meio amBientemeio amBiente

Instalações do Biota

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A partir de um encontro inusitado entre dois apaixonados por cavernas, surge a ideia da criação de um grupo de Espeleo-logia no Estado de Alagoas. Uma atividade que une a exploração de cavernas, sua pes-quisa, documentação e conservação, com as técnicas usadas para seu estudo – como rapel e mergulho. O Grupo Excursionista Alagoano (GEA), recentemente fundado pelo espe-cialista em geografia David Amorim e pelo médico veterinário Mauricio Aquino, des-tina-se à prática da Espeleologia e envolve outras ciências correlatas como a Geologia, a Geomorfologia e a Geografia, além do Turismo. Este último vem sendo pratica-do no cenário alagoano, perpassando pelo chamado Geoturismo - um segmento ain-da recente no Brasil que se trata de uma ati-vidade de base geológica e cientifica. A proposta do grupo é reunir pro-fissionais interessados na conservação da natureza e, particularmente, na pesquisa na área, destinando-se à prática de excur-sões, atividades científicas e culturais dire-ta ou indiretamente relacionadas. “O grupo foi criado em outubro deste ano, e já pos-sui professores, estudantes universitários e profissionais liberais, pessoas interessadas em fazer um turismo diferenciado”, explica David.

surge em alagoas o gruPo excursionista

meio amBiente

Elaine Gonzaga e Isabela Pedrosa

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A Espeleologia no Brasil está no mesmo nível do que se faz em termos prá-ticos em outros países mais desenvolvidos, embora seja praticada em menor quantida-de. Hoje, existem muitos grupos profissio-nais praticantes dessa ciência-esporte no Brasil, como o grupo Bambuí de Pesqui-sas Espeleológicas, em Belo Horizonte, e a União Paulista de Espeleologia, em São Paulo. Segundo David, em Alagoas, as ca-vernas que se tem conhecimento são: Furna dos Morcegos, em Delmiro Gouveia - onde houve uma descaracterização da caverna, devido à construção de um elevador e de um chamariz -, o Buraco do cão, o Buraco do Neguinho e a Toca da Raposa, esses em Murici. A preocupação com a preservação das cavernas e de seu entorno também tem merecido atenção nos últimos anos. Foram criados planos de manejo para os ambientes espeleológicos, com aprovação de normas específicas visando à defesa do patrimônio. O que permite a inclusão das cavernas como bens da União na Consti-tuição Federal, além de vários projetos em tramitação. Em 1997, foi fundado, o Centro Nacional de Proteção, Manejo e Estudos de Cavernas (CECAV), órgão voltado à prote-ção das cavernas brasileiras, e também se

criou a Sociedade Brasileira de Espeleolo-gia. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) possui requisitos que regulamentam as atividades de Espeleotu-rismo, atividade também recente no Brasil. Tais normas que foram implantadas pelo Ministério do Turismo e pela Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA). Mas, não é somente com a proteção do ambiente que se deve preocupar, pois para a prática são necessários equipamen-tos que proporcionarão segurança para o aventureiro. Para fazer a Espeleologia, é importante conhecimento e material para as técnicas verticais e para o mapeamento. Já para o Espeleoturismo, o principal é se-guir as orientações do guia e usar o capa-cete, equipamento obrigatório em todos os casos. Para aqueles que gostariam de pra-ticar a espeleologia ou entender um pouco mais sobre esta ciência-esporte, a maneira mais simples é entrar em contato com o grupo espeleológico local. O Grupo Excur-sionista Alagoano possui um blog conten-do mais informações (www.excursionista-alagoano.blogspot.com) e sede na Rua Drª Dayse Lins Brêda, Nº 34, Maceió / AL.

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Fábio José Nascimento

Passos de gigante

13esPorte

Campeão na sua primeira participação do cam-peonato alagoano, em 1953, a Agremiação Sportiva Arapiraquense, mais conhecida como ASA, só vi-ria conquistar o bicampeonato no ano 2000. Mas, a partir daí, não parou mais: os 47 anos de jejum foram recompensados com diversos títulos nesses últimos 10 anos.

A fundação do ASA se confunde com o desenvol-vimento da região agreste do nosso estado. Por vol-ta de 1951, estava sendo construída uma estrada de ferro (ferrovia) que geraria crescimento econômico para Arapiraca, cidade que já vinha se destacando no nordeste por conta de sua feira livre. A constru-ção dessa obra exigia o trabalho de muita gente; e esses mesmos trabalhadores, em seus dias de folga, buscavam um meio de diversão: o futebol. A pedi-do deles, foi construído um campo de para a prática do esporte (inverter a sentença). E assim nascia o time do Ferroviário. Mas, com o fim da construção da estrada de ferro, o Ferroviário acabou. Incon-formados com isso, empresários e autoridades da cidade se reuniram, e nomeando como presidente Antônio Pereira Rocha, decidiram criar o ASA de Arapiraca, em 1952.

Na época em que o time ganhou seu primeiro tí-tulo, em 1953, o campeonato estadual era decidido entre o campeão do interior contra o vencedor da capital. Este, ironicamente também chamado Fer-roviário, não quis participar das finais, então a Fe-deração Alagoana de Futebol resolveu dar o título ao ASA. Com o passar dos anos, apesar de montar bons times, o ASA não conseguia repetir o feito de 53. “Também tivemos uma época na qual os árbi-tros favoreciam os times da capital e por isso não conseguíamos conquistar títulos”, afirma o atual presidente, José dos Santos Oliveira.

Desde o seu bicampeonato em 2000, o clube vem se consagrando em Alagoas como um grande cam-peão. Até então já foram seis campeonatos alago-anos, o último conquistado em 2009; além de uma Alagipe, competição que reúne os times de Alagoas e Sergipe. Também em 2009, conquistou o aces-

so a Série B do Campeonato Brasileiro, graças a sua boa atuação na Série C, se sagran-do vice-campeão. Em 2010, conseguiu o vice-campeonato estadual, mesmo jogando apenas uma partida em casa, devido à reforma no Estádio Municipal Coaracy da Mata Fonseca. As obras eram neces-sárias para a disputa segunda divisão nacional.

A permanência na Série B foi um dos principais objetivos do time para essa temporada. Para isso, foi montado um grande esquema com jogado-res e comissão técnica. Um dos responsáveis pela boa atuação do ASA nesses últimos anos, é o técnico Vica. No time des-de 2008, ele vem trabalhando a fim de levar alegria para o torcedor. “O Vica é um exce-lente treinador. Muita gente aqui achava que ele não pode-ria estar no ASA e ele provou o contrário”, conta o presiden-te. Investindo nas categorias de base, o time espera reve-lar novos talentos do futebol. Esse ano, a categoria sub-15 conseguiu o vice-campeonato estadual, em sua primeira participação. Na final, perdeu nos pênaltis para o Corinthians, que é con-siderado a maior força das categorias amadoras em Alagoas.

A torcida do ASA, além de sempre apoiar o time nas competições, também participa (reais) mensais , se tornando patrocinadores. A meta é alcançar mil sócios no próximo ano. Além disso, foi montado um escritório na sede do clube, onde qualquer in-

teressado pode conferir como o dinheiro (as finan-ças) está sendo aplicado.

A cada ano, o time vem dando orgulho não só aos arapiraquenses, mas a todos os alagoanos que acompanham e acreditam no talento do nosso fu-tebol. “O mais importante para esse sucesso é que todos no ASA são fanáticos pelo time, se dedicam unicamente por vontade de ajudar o alvinegro”, conta o presidente José dos Santos Oliveira.

Acima, o ASA campeão em 1953

ASA vence o Atlético MG, em 2009

Em vários âmbitos da vida em sociedade, discute-se a influência dos meios de comunicação no indivíduo. Vê-se isso na política, na educação, em questões como incentivos à violência e em tantos outros setores. Não podemos negar que tal compor-tamento ocorra, pois, com sua potencialidade de di-fusão de conteúdo para os mais remotos lugares de um país, esses meios podem, fácil e tranquilamente, modelar os pensamentos de um povo.Isso também acontece no esporte. O que tem sido debatido ultimamente pelos amantes do futebol, no quesito “alienação”, principalmente nas redes sociais, é a intromissão da mídia na escolha do time de fute-bol para o qual o apreciador do esporte deve torcer. É imprescindível para os viventes de uma localidade prestigiar aquilo que a sua terra lhes ofe-rece cultural, religiosa, política e mesmo esportiva-mente. Entretanto, o que se vê não é exatamente isso, principalmente no Nordeste brasileiro. Por aqui é normal torcer para duas equipes, uma local e outra geralmente do Sudeste – e esses torcedores recebem, até, classificações como “Mistos” e “Paraibacas”. O que é considerado estranho é ser torcedor exclusi-vamente de um time alagoano, e, ao ser perguntado qual o seu time de coração, ouvir como resposta um

time do lugar onde nasceu e vive.Em Alagoas, nas partidas em que os times do in-terior ou da capital disputam com os “grandes” do eixo Rio-São Paulo, as arquibancadas não são pre-enchidas como deveriam, ou seja, com maioria de torcedores incentivando o “time da casa”. Em alguns casos, mais da metade dos que acompanham as par-tidas são alagoanos que torcem por times que eles sequer já viram jogar ao vivo; salvo em (poucas) ocasiões como essa em que as equipes do resto do país tem o “privilégio” de disputar um campeonato com os ditos melhores. E como a mídia entra nessa história? Quem acompanha futebol pela televisão, falando-se espe-cificamente em canais de difusão aberta, já perce-beu que os únicos campeonatos transmitidos para o Brasil inteiro são aqueles que os famosos times dos estados citados participam, ou, também, regional-mente, os campeonatos estaduais Paulista e Carioca – prioritariamente esse último. Os fanáticos torcedores dos mais popula-res times do Brasil – Flamengo (RJ) e Corinthians (SP), para não citar outros tantos – não admitem que essa influência exista e argumentam que “todos têm liberdade de escolha”. Mas será isso realmente

William Correacomo o alagoano escolhe um time Pra torcer?

liberdade? Por que não se vê grande número de torcedores de times de estados como, por exemplo, Minas Gerais? Porque os times desse e de outros es-tados não possuem tanto espaço na mídia quanto os outros. Outras justificativas usuais são a influência de pessoas mais velhas da família, que vão levando à diante o costume de torcer para tais times desde jovens; e a falta de participação dos nossos times em certames de grande porte. O que esses torcedores não percebem é que sem o incentivo por parte, tam-bém, deles, o time não vai ganhar forças para um dia chegar a tal nível. Nos últimos anos, vários times do Nordeste vêm mobilizando torcedores através de campanhas de conscientização. Por aqui, podemos citar, entre outras, a CRB, meu único time, que busca chamar os torcedores a incentivarem o clube, ajudando in-clusive financeiramente. Aos poucos, a realidade vi-gente vem sendo reformulada e os alagoanos estão enxergando a importância de apoiar os “pequenos” times do nosso futebol. O que se espera é que a mídia local também faça a sua parte, dando prioridade ao futebol que in-teressa a nós, alagoanos, e diminuindo o já tão am-plo espaço para o que nos é empurrado de fora.

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ah, a nossa falta de memória!

Há muito se atribui ao brasileiro a reputação de esquecido, a fama de cruel com sua memória cultu-ral. Que jovem responderia sem titubear quem foi Paulo Gracindo? Quem, sem pesquisar no Google, responderia qual sua ligação com Alagoas, mais precisamente, com a capital alagoana?

Por sorte, enquanto se discute sobre a falta de me-mória dos brasileiros, alguns resgatam a trajetória de artistas como Paulo Gracindo. E são capazes de produzir arte, através dessas lembranças.

A vida de Paulo Gracindo é o mote do documen-tário Paulo Gracindo – O Bem Amado, apresen-tado em Alagoas, por seu neto, Pedro Gracindo, durante a Mostra Cine Sesi Brasil, que integrou o Congresso Acadêmico 2010 na Universidade Fede-ral de Alagoas (Ufal).

A obra é composta por depoimentos de ami-gos, intercalados por imagens da vida de Paulo (1911- 1995), que interpretou Odorico Paraguaçu na novela O Bem Amado. Os retalhos da trajetó-

ria de Gracindo vão, paulatinamente, expondo sua relação com Maceió, cidade que o carioca deixou somente aos 20 anos e da qual seu pai, Demócrito Gracindo, o idealizador do Teatro Deodoro, foi pre-feito em 1920.

As imagens que entremeiam os depoimentos fo-ram resgatadas de arquivos da família, de um apai-xonado por telenovelas, das Organizações Globo, e do filme mais antigo sobre Maceió, que data de 1922. Foi o que explicou Pedro, que é músico e ator, durante o Congresso Acadêmico. Esses trechos também reconstroem os passos do apresentador e ator de teatro, televisão e rádio, que foi batizado como Pelópidas Guimarães Brandão Gracindo, mas adotou o nome Paulo, ao achar “a gota d’água ser chamado de envelope”.

A essência do maceioense de coração é desven-dada, pouco a pouco, através de depoimentos de quem conviveu com ele, como seu filho Gracindo Júnior; personalidades da televisão como Eva Wil-

ma, José Wilker e Paulo José; e do cinema, como Arnaldo Jabor e Daniel Filho, além do ícone da lite-ratura brasileira, Jorge Amado.

Revelações de figuras ilustres da música tupini-quim também compõem a obra: Paulinho da Viola, que empresta sua voz ao interpretar Nelson Gon-çalves; e Roberto Carlos, que ao lado de Paulo Gra-cindo atinge um dos pontos mais emocionantes do documentário, quando o bem amado, embalado pela voz que fez sucesso no rádio brasileiro, decla-ma a música “Não quero ver você tão triste assim”.

Na Ufal, Pedro respondeu às perguntas dos pre-sentes, numa delas, disse que a trilha sonora de Paulo Gracindo – O Bem Amado foi inspirada nos gostos de seu avô: “Elis Regina não poderia ficar de fora, ele era apaixonado por Elis Regina”. Pro-duzido pela família Gracindo, o documentário de aproximadamente 80 minutos, tem direção, roteiro e produção de Gracindo Jr. e será exibido em Ma-ceió, pelo Cine Sesi.

Roberta Batista

Sarah Mendeso mundo imaginário do cinema em alagoas

cultura

O cinema mostra-se como uma arte antropo-fágica que reúne a linguagem verbal, a sonora e a visual e traz consigo o anseio de captar ima-gens em movimento. Conhecido como a sétima arte, é produzido em Alagoas desde 1933 e é evidente o crescimento da produção no estado.

A produção que começou com nomes como Guilherme Rogato – realizador do primeiro longa-metragem alagoano intitulado Casamen-to é negócio? –, Joaquim Alves, Cacá Diegues e Celso Brandão, ganha força e fôlego com gente que não desanima frente a todas as dificuldades, sejam elas financeiras ou no que diz respeito à divulgação. São inúmeros os nomes que sur-gem todos os dias no cenário cinematográfico de Alagoas. Dentre os que produzem há mais tempo, pode-se destacar Hermano Figueiredo, e quando se fala da nova safra de produtores, é importante citar Henrique Oliveira e Larissa Lisboa.

Um dos nomes marcantes do cenário cinema-tográfico alagoano é Hermano Figueiredo. O ci-neasta criou, na década de 70, um envolvimento com a sétima arte que não parou mais. Autor do documentário Calabar, que ganhou destaque em 2007, Hermano lançou em março de 2010 o curta Um Vestido para Lia, no qual divide a direção com Regina Barbosa. Hermano é, tam-bém, o idealizador do projeto Acenda uma Vela.

Henrique Oliveira é estudante de Teatro da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e faz parte do grupo de cinema PANAM Fil-mes, que completará três anos no final de 2010. O PANAM visa à formação de públi-co produtor, considerando que, de acordo com Henrique, um público que produz com certeza consumirá na mesma proporção. Em 2009, o grupo lançou o filme 19:45h horá-rio de Brasília, do estudante Henrique. Tanto

esse, como outros trabalhos foram feitos sem a ajuda de editais.

O PANAM tem alguns projetos de filmes para 2010, que começaram a ser gravados em abril, mas não tem incentivo público nem privado na área. “Quem gosta de cinema e quer trabalhar aqui, tem que tirar dinheiro do próprio bolso e fazer ‘na cara e na coragem’”, diz a estudante de Teatro e participante do PANAN Filmes, Pâme-la Guimarães. O grupo apoia o desenvolvimen-to coletivo das artes, que consiste na união de toda classe de artistas; agrupar todas as pessoas que vivem de arte.

Larissa Lisboa, jornalista formada pela UFAL em 2008, sempre adorou ver filmes. Quando recebeu a proposta do SESC para fazer um do-cumentário em homenagem ao fotógrafo, do-cumentarista e professor Celso Brandão, firmou parceria com a arquiteta Alice Jardim – união que deu origem ao projeto Entremeios Visuais - e filmou Celso Brandão. Larissa tem algumas outras produções em seu currículo como Con-tos de Película, primeiro roteiro da jornalista, que contou com a participação do PANAM como produtor associado.

Assim como é crescente o número de pessoas que querem produzir, crescem também as ini-ciativas que visam divulgar e incentivar a pro-dução local, ainda que timidamente. Como é o caso da Mostra Sururu de Cinema Alagoano que foi realizada pela primeira vez em 2009 e contou com a participação de 28 produções ala-goanas. A mostra foi realizada pela Associação Brasileira dos Documentaristas e Curta-metra-gistas de Alagoas (ABD&C/AL) no Cine SESI, que é, para muitos, a casa que apoia e incentiva o cinema alagoano.

Outra boa iniciativa é o Acenda uma vela, idealizado por Hermano Figueiredo e realizado

pela organização cultural Ideário com o patrocí-nio do Ministério da Cultura (MinC) através da Secretaria do Audiovisual. O projeto, que sem-pre conta com filmes alagoanos, pretende levar cinema à população litorânea, passando pelas cidades de Japaratinga, Piaçabuçu, Maragogi, Jequiá da Praia, Marechal Deodoro e Maceió. Os filmes são exibidos em velas de jangadas e o público não paga nada para assistir. O evento teve sua 5ª edição realizada em março de 2010. Na ocasião, foi lançado o Manifesto por incen-tivo à cultura em Alagoas. “Desde que lançamos o manifesto, ele tem circulado por Alagoas e pelo Brasil.” diz Lis Paim, assessora de imprensa do Acenda uma Vela.

Com o objetivo de aumentar a divulgação e as produções da terra surge o Entremeios Visuais – idealizado por Larissa Lisboa e Alice Jardim, como dito acima – que acabou tendo como des-dobramentos o Entremeios Culturais (boletim semanal cultural) e o Entremeios Virtuais (per-fis do Entremeios em redes sociais). Sobre esse projeto, Larissa afirma que as principais ativi-dades desenvolvidas “são a criação de vídeos e a divulgação de eventos e atividades culturais”.

Mesmo com o crescimento da produção cine-matográfica em Alagoas, são inquestionáveis as dificuldades enfrentadas para produzir no esta-do. Não há escolas de cinema; apenas oficinas e cursos, normalmente oferecidos por quem pro-duz os filmes. Não há uma ampla divulgação, seja de editais, de oficinas e até mesmo das pro-duções. Não há uma política cultural e faltam incentivos. Mas, ainda assim, as pessoas que produzem aqui não mostram vontade de desis-tir. Não é fácil, mas de acordo com o professor de cinema Almir Guilhermino, “O cinema é o mundo do imaginário. Mesmo não vendo um futuro organizado, o cinema não vai virar pó.”

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fantasia de eQuiliBrista

o catador de fotogramas

calunga

“Fantasia de equilibrista” é o nome do primeiro Cd da Banda Eek. Com lançamento em 2010, “Fantasia” é o fi rma-mento de uma banda que povoa o cenário alagoano desde 2003. Com um som que evita rótulos e com canções próprias, a ban-da de Diogo Braz, Christophe Lima, Leo Tarja Preta e Wagner

Sampaio mostra que em Alagoas há músicas e músicos de qualidade. Para conhecer o tra-balho da banda acesse www.bandaeek.com.br

O documentário O Catador de Fotogramas, do cineasta Pedro da Rocha, lançado no início de 2010, é uma boa sugestão para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre a trajetória do professor, escritor e crítico de cinema alagoano Elinaldo Bar-ros.Com 20 minutos de duração, a obra conta com a participação de figuras importantes ao cenário do cinema alagoano, que re-forçam a relevância do trabalho de Elinaldo para a produção e promoção da sétima arte no Estado.

Calunga é uma das opções mais realistas da prosa de Jorge de Lima. Além de fugir à tendência contemplativa da obra limiana, o livro é o mais alagoano de sua produção. O autor consegue nos inserir nos costumes maceioenses da década de 30 através de uma obra fi ccional, enfatizando sempre o descaso do poder público com a miserabilidade em que viviam os catadores de sururu e outros trabalhadores da Mundaú.

rojoA obra de Frida Kahlo, a estética cinematográfi ca de Pedro Almodóvar e a

poética de Antonin Artaud são elementos de inspiração para a criação da peça Rojo. A fundamentação teórica é pautada

nas teorias pós-dramáticas propostas por Hans-Th ies Lehmann.

O espetáculo é fruto de um processo colabora-tivo do Núcleo Transdisciplinar de Pesquisa em Artes

Cênicas e Espetaculares (NACE) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Durante o mês de outubro o grupo fez três apresentações, todas no Espaço Cultural Linda Mas-carenhas. Em dezembro o grupo se apresenta, também no Espaço Cultural Linda Mascarenhas, entre os dias 07 e 10, sempre as 19h. Só é permitido a entrada de 25 pessoas por sessão, portanto chegue cedo!

A gente leu, ouviu, viu e aprovou!

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ClassifiCadosTudo que você procura, acha aqui.

Marcel Henrique leite: Graduando em Jor-nalismo, na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Amigo, honesto e sincero. Contato: [email protected]

tayana Moura: gra-duanda em jornalismo. Quer fazer sucesso na TV e substituir Patrícia Poeta no Fantástico. Msn: tay.moura.

[email protected]

Juliana dos anJos: Muitas vezes coloca o nariz onde não é chamada. Brasilei-ra de nascimento e americana por opção. Odeia a japonesa feia de Grey’s Anathomy. Contato: @judosanjoss

natHália “oti” Honci. Experiência em mandar no povo. Insiste na ideia de fazer francês a pulso. Almejo glória e poder. Em horário comer-cial, atendo no celular no av-ner ou @nahonci

alan f. ferreira: inter-essado em educomunicação e comunicação alternativa. também quer mudar o mun-do? então entre em contato pelo [email protected]

Ben-Hur Bernard: es-tudante de Jornalismo e de Design de Interiores. Ou seja, preciso de um casamento milionário. Mandem DM para @benbernard

tuku Moura: : tem ex-periência em rádio e paixão pelo design e artes gráficas. Trabalha por comida e um pouco de carinho. Contato:[email protected]

Patrícia Pacífico: Graduanda em jornalis-mo pela UFAL. Simpática, bem-humorada, detal-hista, discreta e humilde. Tem grande experiência em assessoria de imprensa. Contato: [email protected]

Marco fiscHer: Estu-dante de jornalismo e escri-tor. Ex-capitão do Holandês Voador, ainda envolvido em atividades marítimas. Con-tato em [email protected]

saraH Mendes: Estu-dante de Jornalismo, mo-nitora de fotografia. Pode me encontrar mandando um email para [email protected]

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