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Valor Local Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 26 • 19 Junho 2015 • Preço 1 cêntimo Págs. 12, 13, 14 e 15 ADASE e PS de Benavente em guerra de acusações Aterro da Zubareia em Azambuja dá que falar Pág. 2 Pág. 3 Pág. 20 Colete Encarnado à porta De cabelos em pé com as operadoras

Jornal Valor Local Edicao junho 2015

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Page 1: Jornal Valor Local Edicao junho 2015

Valor LocalJornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 26 • 19 Junho 2015 • Preço 1 cêntimo

Págs. 12, 13, 14 e 15

ADASE e PSde Benavente emguerra de acusaçõesAterro da Zubareiaem Azambujadá que falar Pág. 2

Pág. 3

Pág. 20

Colete Encarnadoà porta

De cabelos em pé com as operadoras

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2 Valor LocalAmbiente

Começaram os trabalhospara instalação de aterrona Quinta da Queijeira, AzambujaComeçaram as movimenta-

ções com levantamentos to-pográficos e abertura de valastendo em vista a instalação deum aterro de resíduos não peri-gosos na Quinta da Queijeira,Azambuja, ou pelo menos asobras que lhe vão servir deapoio como instalações, o quepoderá ser sinónimo de que embreve a empresa vai começar asua laboração. O presidente daCâmara Municipal, ao Valor Lo-cal, Luís de Sousa, garante queas obras possuem todas as li-cenças e autorizações necessá-rias.“Passei esta sexta-feira, (dia 12de junho) no local, e vi movimen-tações para a instalação dos es-gotos no local em articulaçãocom a Águas da Azambuja e Es-tradas de Portugal. Vão fazer aligação dos esgotos ao edifícioexistente no local que será recu-perado”. O autarca refere que aempresa possui todas as licen-ças da CCDR. A Câmara “ape-nas interveio no licenciamentoda obra do edifício”, assegura.Sendo que os trabalhos deverãocomeçar agora a bom ritmo. “Só contactaram a Câmara paraafirmarem que vão dar início àobra, mas nada mais nos com-pete, e isso mesmo foi dito pelosnossos advogados. Vamos espe-rar agora que cumpram todas asnormas ambientais e que sejamfiscalizados pelas entidades nes-se sentido”.A Coligação Pelo Futuro da Nos-sa Terra, na última reunião deCâmara, quis saber se a Assem-bleia Municipal fez seguir pelobom caminho as posições da

oposição sobre esta matéria, no-meadamente o facto de a insta-lação ter sido revogada em reu-nião de Câmara em 2013.

Um processo repudiadopela oposição

Recuperando as declaraçõesdos vários protagonistas políti-cos ao nosso jornal em finais de2013, e questionado acerca dosprejuízos ambientais para Azam-buja, Luís de Sousa declinavaessa possibilidade falando mes-mo em benefício. “Os lixos ao in-vés de serem despejados nos pi-nhais ou nos eucaliptais poderãoali ser depositados e reciclados”.Por outro lado, a Câmara “tempossibilidade de entrar como só-cia da empresa e receber cincopor cento dos lucros”. Para opresidente da Câmara, este po-derá ser um “negócio interessan-te”. “Os senhores vereadores doPSD dizem que não, que o ater-ro causará muita poluição, e fa-lam ainda da possibilidade deatravessamento das nossas viasde cinco camiões que, segundoas previsões, se deslocarão aolocal todos os dias. Pergunto euquantos camiões não passamnas nossas estradas diariamen-te” Em causa, estará ainda apossibilidade de criação de “15 a20 postos de trabalho”.Para além disso, o que estáidealizado “não coloca em causaa qualidade de vida de algunsmoradores limítrofes, e ao fim de15 anos de vida, o aterro seráselado e criada uma bonita zonaarborizada”. No entender do vereador Jorge

Lopes que apresentou a propos-ta de revogação, o projeto apre-senta vários efeitos prejudiciaispara o concelho, entre os quais,e conforme se pode ler na suamoção: “desqualifica o enqua-dramento ambiental e económi-co da Quinta de Vale de Fornos;põe em causa o bem-estar am-biental dos moradores da urbani-zação da Quinta da Marquesa;que está a pouco mais de 300metros do local; desqualifica odesenvolvimento urbanístico davila de Azambuja, que se trans-formará numa amálgama sem

dignidade; aumento da circula-ção, e pouco significativo arreca-dar de receitas municipais com onegócio”.Por outro lado, o vereador da co-ligação salientava que a declara-ção para aterro de resíduos in-dustriais não perigosos foi re-querida numa primeira fase pelaZubareia, em 2008, e mais tardesurge a empresa Suma, ligada àrecolha de resíduos e limpezaurbana, cujos acionistas são aMota Engil e a Urbaser, que dáentrada ao processo, sendo quea proprietária do terreno é ainda

uma terceira empresa, a Leirimo-bil. Foram concedidas autoriza-ções ambientais a uma das em-presas quando há outras envol-vidas, o que no entender do ve-reador torna o processo “perni-cioso”.Já o vereador da CDU, DavidMendes afirmava também ao Va-lor Local: “Há uma enorme faltade transparência em relação atudo isto”. “O local em causa émuito arenoso, dado a muitas in-filtrações, com possíveis enve-nenamentos de lençóis freáti-cos”. “Os resíduos industriais pe-

rigosos estão sujeitos a umaquantidade enorme de padrõesde segurança. Qualquer deposi-ção em aterro obedece a nor-mas, enquanto este tipo de resí-duos de que aqui se fala não têmessas normas, para além de quepode, eventualmente, dar-seuma mistura dos dois tipos deresíduos, se não houver uma fis-calização adequada”. Por outrolado considera frágil, o argumen-to de que não há outra unidadedeste género na zona, quandoexiste uma entre Aveiras deCima e Ota.

ASugalidal pretende ampliar assuas instalações na unidade

de Benavente tendo em vista no-meadamente a criação de umparque de estacionamento comnecessária alteração do Plano Di-retor Municipal (PDM) e liberta-ção de medidas preventivas. Oprojeto da empresa tem em linhade conta o volume de viaturas pe-sadas que se deslocam àquelasinstalações, e a necessidade deobras nesse sentido, até porqueos camiões estacionam em zonade terra batida sem condições. AQuercus levantou um processoem tribunal quanto às pretensõesda empresa por considerar queem causa está a violação da áreade Reserva Agrícola Nacional.Domingos Patacho, daquela as-

sociação ambientalista, ao ValorLocal refere que este processoresulta de uma revisão parcial doPDM, em que se abriu uma exce-ção que não deveria ter aconteci-do – “Seria mais lógico aguardar-se pela revisão do PDM na suaglobalidade para se alterar o zo-namento da Sugalidal em confor-midade com a CCDR, o queacontece é que há dois proces-sos para o mesmo território e issoé estranho”, refere, salvaguar-dando que “a Quercus nada temcontra a empresa”. “Não faz sen-tido fazer-se uma revisão à medi-da do interessado”. E refere asconsequências ambientais – “anível da impermeabilização deterrenos que deixam de estar dis-poníveis para sempre, sendo que

a explicação da empresa nãoestá devidamente fundamentadasobre o que pretende fazer”. Es-tamos a falar de uma área demais de 10 hectares, que ocupaRAN e também uma pequenaparte de Reserva Ecológica Na-cional.O presidente da Câmara Munici-pal de Benavente, Carlos Couti-nho, não entende a postura daQuercus, e realça a importância“estratégica” da Sugalidal no con-celho e na região. “Quem conhe-ce a empresa, sabe que na alturada campanha do tomate, cente-nas de camiões encontram-separqueados à volta do edifício, fi-zemos a suspensão parcial doPDM tendo por base as necessi-dades da Sugalidal na melhoria

daquele aspeto importante”. Car-los Coutinho acredita que todo oprocesso “é transparente e com-preensível”. “Quem conhece a parcela emcausa sabe que não há ali nenhu-ma área de cultivo, e que estáafeta às instalações da fábrica,quer na parte da unidade detransformação, quer na parte deparque de estacionamento, e porisso não compreendemos a posi-ção da Quercus”, adianta, e con-clui- “Até porque estamos a falarde investimentos que recorrerama fundos comunitários e que ca-recem das autorizações finaispara se implantarem no terreno”.O Valor Local tentou o contactocom a Sugalidal mas sem suces-so.

Quercus coloca Sugalidal em tribunal

Entrada da Zubareia

Empresa de transformação de tomateenfrenta oposição da Quercus

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3Valor Local Ambiente

ADASE e PSde Benaventeem guerra de acusações¢ Sílvia Agostinho

AAssociação para a DefesaAmbiental de Santo Estevão

(ADASE) escreveu uma carta àQuercus e outra ao PS de Bena-vente a manifestar a sua discor-dância face às opiniões que asduas entidades têm emitido acer-ca da inclusão do Novo Aeroportode Lisboa (NAL) no PDM de Be-navente, ao contestarem a posi-ção da Câmara de Benavente quepara já prefere não o fazer. A ADA-SE concorda com o município, efez saber isto mesmo junto do PS.Em resposta alguém alegadamen-te daquele partido enviou umasms ao presidente da associaçãoaconselhando-o a estar quietoporque também “tem telhados devidro”. Na carta enviada ao Partido So-cialista, Henrique Chaves, presi-dente da ADASE, faz eco das de-clarações recentes do presidenteda ANA, Ponce Leão, que eviden-ciou que a “melhor solução passa-rá por uma infraestrutura no Mon-tijo”. Recorde-se que ao longo dos

anos, a associação tem-se mani-festado frontalmente contra aconstrução do aeroporto no Cam-po de Tiro de Alcochete, SamoraCorreia. Na carta, o presidente daADASE, atira culpas nesta deci-são ao PS, que estava no poder,e ao que designa por “tralha so-crática”. Diz ainda que ao longo detodo o processo, a NAER escon-deu factos e mentiu “descarada-mente aos membros da ADASEsobre a localização do NAL quan-do os recebeu”. Henrique Chavesfala da deslocalização das pistasdo aeroporto em cerca de doisquilómetros para norte. “No tempodo PS no poder, emergiram inte-resses obscuros, altamente sus-peitos”. Face ao recente comunicado doPS de Benavente em que acusa aCâmara de irregularidades pornão colocar o aeroporto no PDM,a ADASE comenta que aquelaconcelhia socialista tem “uma latainfindável”. Sendo que “atacar aCâmara é neste caso colocar acereja no topo do bolo da supre-

ma lata”, até porque “os sucessi-vos presidentes de Câmara têmsido competentíssimos e hones-tíssimos na defesa dos interessesambientais e empresariais do con-celho”. Em resposta a esta carta, alega-damente, alguém do PS enviou amensagem de telemóvel queconsta da foto, que o presidenteda ADASE fez chegar ao nossojornal, “chocado com o facto deainda hoje se fazer política comeste género de mensagens, quejá não lembram a ninguém”. O Va-lor Local contactou Pedro Pereirado PS local que desvalorizou amensagem de telemóvel, não as-sumindo que a autoria seja de al-guém daquele partido, focandoantes as suas críticas no facto dealguém que já foi ministro do PSD(Henrique Chaves) andar de bra-ço dado com a Câmara CDU namatéria em causa, deixando no ara ideia de que existirão cumplici-dades que vão mais além do quemeros pontos de vista em comum.“Será que a Câmara também não

lhe fez favores?”.Para além disso, refere que aADASE é uma associação emnome próprio, e que não discutepolítica com associações. “Não te-nho qualquer comentário a fazer,a associação pode defender o quequiser, inclusivamente, a CDU,mas não estamos disponíveispara alimentar polémicas, até por-que temos posto a nu muitos pro-cessos como o da Portucale e ateia de interesses construída coma Câmara. Há uma grande cumpli-cidade entre a autarquia CDU e ossenhores do grande capital deSanto Estevão”.Quanto à Quercus, e citando o Va-lor Local numa das suas ediçõesanteriores, Henrique Chaves dizser “estranhíssimo que a Quercusande a apresentar providênciascautelares contra o município deBenavente, imiscuindo-se assimem questões de mero urbanismoalheias ao seu objeto e prejudi-cando gravemente o concelho”.Pedimos uma reação à Quercusque não nos respondeu.

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4 Valor LocalSociedade

Os pequenos empreendedores de AlenquerDurante o ano letivo, as várias

turmas do quarto ano doAgrupamento de Escolas Damiãode Goes, em Alenquer, aprende-ram uma palavra nova, que custaa pronunciar a qualquer criançacom nove ou dez anos: empreen-dedorismo. Mas na prática aplicareste conceito pareceu fácil, pelomenos a julgar pela forma diverti-da e desenvolta com que apre-sentaram os seus projetos ouideias de negócio durante a “Fei-ra Final Ateliers EmpreenderCriança”, decorrida no dia 5 de ju-nho, no Auditório Damião deGoes.Das pequenas cabecitas nasce-ram ideias tão boas como a daCasinha das Gomas; o produto

Alão Chaves (porta-chaves querecria um dos símbolos de Alen-quer); o jogo Além Vou, ou “OMeu Tesouro”, que consiste emcaixas de cartão ou de ovos va-zias decoradas com papel de fan-tasia destinadas às jóias dasmães. Mas também, e entre mui-tas outras ideias que desfilarampelo Auditório Damião de Goes,as crianças apresentaram a novasala “Party Games” da escola,onde agora podem brincar e jogarquando lá fora estiver a chover, eainda a pequena “fábrica” do cho-colate – “Alão Choc”. Todos osprodutos obedeciam aos critériosda prospeção de mercado, defini-ção de público-alvo, conceção eapresentação de protótipo, e cus-

to final ao consumidor. As ideias e os projetos apresen-tados materialmente para que to-dos os pudessem ver, receberamo aplauso dos responsáveis mu-nicipais, professores, pais e deMargarida Brito da Associação In-dustrial Portuguesa (AIP) que lan-çou o desafio ao município deAlenquer para promover o em-preendedorismo junto dos alunosdo 4º ano. Nesta “Feira Final Ateliers Em-preender Criança” cerca de se-tenta alunos do quarto ano do en-sino básico apresentaram, pois,as suas ideias de negócio e osprotótipos dos seus produtos de-senvolvidos no âmbito deste pro-jeto.

Durante a feira, foi assinado umprotocolo entre a AIP, a CâmaraMunicipal de Alenquer e o Agru-pamento de Escolas Damião deGoes que visa o aumento do nú-mero de turmas a envolver noprograma “Ateliers EmpreenderCriança”.Concebido e implementado pelaAIP desde o ano letivo2012/2013, os Ateliers Empreen-der Criança pretendem criar no-vos ambientes em sala de aula,para que os alunos possam exer-citar a sua capacidade de imagi-nar as mudanças e assim desen-volverem, desde muito cedo, acapacidade de iniciativa, criativi-dade, liderança, responsabilidadeem tudo o que empreenderem,

seja na vida académica e profis-sional como nos aspetos pes-

soais e sociais da vida quotidia-na.

Percursos Pedestres “Do Montejunto ao Tejo” Aproposta de criação de uma

rede de percursos pedestrescom o nome “Do Montejunto aoTejo” foi uma das vencedoras doOrçamento Participativo de Alen-quer de 2014, tendo sido eleitapor 333 pessoas. Tiago Pedro foium dos proponentes e relata aoValor Local que tudo começouapós algumas atividades de mon-tanhismo e de escalada. Na suaopinião, “Alenquer tem um poten-cial geográfico muito forte”, pela“heterogeneidade do seu territó-rio, pela proximidade em relaçãoà Serra de Montejunto e à capitaldo país”. Por outro lado, entende que asfreguesias têm um valor “muitoforte ao nível da sua história, edi-

ficado urbano, e tradições secula-res ou milenares”. Daí até à for-malização da proposta foi um pas-so, com a ideia de uma rede decaminhos pedestres descentrali-zada englobando todas as 11 fre-guesias atuais.O projeto orçado em 44.035 eurosprevê a criação de uma rota maiorentre a fronteira de Alenquer como concelho de Vila Franca de Xirae a fronteira de Alenquer com oCadaval – ou seja da Vala do Car-regado até às antenas do Monte-junto. Em redor desta rota gravita-rão outras rotas mais pequenas.O maior percurso tem 17 quilóme-tros e o mais pequeno 12.A totalidade dos caminhos pedes-tres já existe, e apenas se está à

espera que se volte a dar-lhesvida com sinalização adequadatendo em vista as futuras rotas vi-sitáveis. “Cerca de 65 por centoda rede prevista será feita comcaminhos já existentes”, elucidaTiago Pedro. A georreferenciação será feita emarticulação com as juntas de fre-guesia, clubes e a Câmara Muni-cipal de Alenquer. “O valor emprincípio chegará pois destina-sea essa tarefa, bem como, à deaplicar as indicações através desetas e marcos”. O projeto prevêapenas a manutenção dos cami-nhos criados há muitos anos, enão contempla quaisquer novasconstruções.“Vão ser apenas colocadas mar-

cações no terreno no início decada percurso, em madeira trata-da, e nessa zona também haveráum painel explicativo, com ummapa a explicar o percurso, assimcomo os pontos de interesse quera nível da fauna e flora, quer doponto de vista histórico, no quetoca a monumentos e quintas”, dáconta Tiago Pedro.Na sua opinião, este projeto reúneos ingredientes necessários parase tornar num sucesso, “porqueas pessoas estão mais sensibili-zadas para a questão da impor-tância do exercício físico, mastambém porque é uma atividadefamiliar. Sendo este um produtoatrativo e apenas a meia hora deLisboa pode significar uma forte

atração para pessoas de fora. Epode conseguir-se cruzar estas

atividades com outras que se de-senrolam no concelho”

Confagri arranca com campanhade prevenção do cancro da peleAConfederação Nacional das

Cooperativas Agrícolas e doCrédito Agrícola de Portugal (Con-fragri) vai associar-se a uma cam-panha de rastreio e sensibilizaçãopara a problemática do cancro dapele nos trabalhadores agrícolas.O protocolo foi assinado no dia 7de junho, em Santarém, durantemais uma Feira Nacional da Agri-cultura. Francisco João Silva, pre-sidente do conselho de adminis-tração do Crédito Agrícola, e se-cretário-geral da Confagri referiuque “nem sempre as pessoas quetrabalham ao sol são lembradasquando se fala do cancro da pele,doença quase sempre associadaaos veraneantes”. No terreno, a Confragri vai apoiara tarefa de sensibilização, sinali-zação, ordenação estatística eposterior divulgação dos resulta-dos apurados, em parceria com aAssociação Portuguesa de Can-cro Cutâneo, Sociedade Portu-guesa de Medicina no Trabalho, e

a Lelo Pharma.“Este é um projeto inovador quenunca foi desenvolvido, e para tala Confagri vai fazer uso da suaestrutura organizacional para levara cabo várias iniciativas no país,sensibilizando os nossos associa-

dos com o empenho de todospara tornar esta uma iniciativa úni-ca e relevante”, referiu FranciscoJoão Silva. António Picoto, da AssociaçãoPortuguesa de Cancro Cutâneo,deu conta da importância do ras-

treio cada vez mais cedo, pois to-dos os anos aparecem 12 mil no-vos casos, cerca de mil são mela-nomas. “Tenho um orgulho enor-me nesta iniciativa, temos emperspetiva um trabalho pioneiro eagradeço à Confagri a disponibili-

dade”. Por seu lado, José Cardo-so Dias, da Sociedade Portugue-sa de Medicina no Trabalho, refe-riu a título de exemplo que “háuma maior prevalência da taxa decancro da pele nos mexicanosque trabalham nos Estados Uni-dos quando se compara com osque trabalham no seu país natal.Por praticarem a denominadasiesta acabam por não se exporao sol nas horas mais intensas”.Sendo por isso imperioso “que sereduza as horas de trabalho nopico da exposição solar” tambémem Portugal e para isso é neces-sário que trabalhadores e empre-gadores tomem medidas. Aindaassim, o nosso país. é dos poucospaíses europeus com uma lista dedoenças profissionais mais com-pleta – “Na Alemanha, por exem-plo têm muita dificuldade em reco-nhecer a exposição aos ultraviole-tas nesta lista”.Nuno Braga, da Lelo Pharma, ou-tra das parceiras, reforçou que a

missão da empresa no terrenoserá a de “elucidar as pessoas so-bre a saúde da pele, e ir ao en-contro dos doentes”, apoiando anível financeiro e logístico a açãoem causa.Manuel Gomes, presidente daConfagri, mostrou-se “bastante or-gulhoso” com a iniciativa e referiuque só na fileira do leite, a que co-nhece melhor, “cerca de 100 milpessoas encontram-se expostasao sol todos os dias”. “Esta erauma lacuna que nos faltava cobrir,a da dermatologia, apostando emprimeiro lugar na prevenção”. Será considerada uma amostrasignificativa entre os associadosda Confagri que se submeterãoao rastreio de forma aleatória. De-pois de reunida a informação so-bre o seu estado de saúde a nívelda pele, a mesma será divulgadaatravés de publicação científica enas reuniões da Confagri. A inicia-tiva vai para o terreno nos próxi-mos tempos.Os vários parceiros envolvidos na ação

O percurso maior ligará a Serrade Montejunto à Vala do Carregado

Apresentação de um dos projetos

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5Valor Local Sociedade

“Asperger às Claras”: Tudo começou em AzambujaEm 2012, Felismina Viana e

Bruno Viana, mãe e filho, leva-ram a ação “Asperger às Claras” atodo o concelho de Azambuja,dando a conhecer nas escolas aSíndrome de Asperger através deuma dramatização levada a cabopor Bruno, portador desta síndro-me, seguida de uma explicaçãosobre a mesma. Trata-se de umamanifestação no espetro do autis-mo, que tem vindo a suscitar cadavez mais curiosidade dos pais,professores e restante comunida-de educativa dado que em quasetodas as escolas há crianças au-

tistas em que nem sempre sesabe muito bem como lidar comas mesmas. Depois de Azambuja,Felismina e o filho têm sido pre-sença mais ou menos assídua emprogramas de televisão em que seaborda este tema, e têm percorri-do todo o país, em várias escolas,com as suas apresentações.Azambuja foi pioneira neste proje-to em que fundamentalmente seprocurou quebrar tabus e tornar osportadores da síndrome aceites ecompreendidos. “Foi em Azambu-ja que o projeto ganhou consistên-cia com idas mensais às escolas

do concelho, em que apresentá-mos ‘A Flauta Mágica’ de Mozartpelo Bruno”, lembra Felismina Via-na. “Recordamos com muito cari-nho todo o envolvimento e apoiopor parte da antiga vereadora daEducação, Ana Maria Ferreira, eda sua equipa, que desde a pri-meira hora acreditaram que seriaimportante esta parceria voluntá-ria.”Muitos ficavam surpreendidoscom “a capacidade de memoriza-ção do Bruno para os textos com-plicados. É algo que é muito difícilnesta síndrome.” Outro dos factos

surpreendentes relacionava-secom a expressividade que alcan-çava quando representava. “Per-cebiam que estas pessoas têm di-ficuldade de comunicação com omundo, e que o fazem de uma for-ma particular”.Na sua opinião, “Azambuja signifi-cou sem dúvida a abertura de uma

grande porta”, tendo em contatambém que o município faz parteda Rede Territorial Portuguesa dasCidades Educadoras. No total,mãe e filho totalizaram 75 sessõesem todo o país. Passaram portodo o concelho de Azambuja, edepois Almada, Seixal, Setúbal,Bobadela, Sacavém, Alverca, Via-

longa, Ericeira Mafra, MarinhaGrande, Malveira, Lisboa, Caldasda Rainha, Peniche, Guimarães,Vila Nova de Gaia, sem esqueceras ilhas dos Açores e da Madeira.Felismina Viana refere que nãocontou com qualquer apoio institu-cional nas viagens que efetuou erespetivas apresentações. “Levá-mos a cabo este projeto apenascom a nossa boa vontade, e da-queles que carinhosamente nosreceberam, e agradeceram a nos-sa presença. Não tenho palavrassuficientes para os afetos que tive-mos.”Quanto a um regresso a Azambu-ja, confessa – “Gostamos semprede regressar ao sítio onde fomosfelizes. Os meninos já seriam ou-tros. Mas só faria sentido em ou-tros moldes, e quem sabe para ou-tro tipo de população.”

João Garcia falou a alunos, no CadavalOfamoso alpinista, de raízes

cadavalenses, João Garcia,esteve recentemente na escolado Painho (Cadaval), para umasessão explicativa da sua ativida-de a alunos do 1.º ciclo do con-celho. O conhecido escaladorportuguês foi o décimo do mundoa alcançar o topo das 14 monta-nhas mais altas do planeta.Com efeito, João Garcia tornar-se-ia o décimo alpinista do mun-do a conseguir, a 17 de abril de2010, alcançar a proeza de tersubido aos cumes das 14 monta-nhas mais altas do planeta (ouseja, com mais de oito mil me-tros), sem o auxílio de oxigénioartificial nem carregadores de al-titude. Esta façanha teve porbase o seu projeto “À Conquistados Picos do Mundo”, que demo-rou 17 anos a concretizar.Na escola do Painho, João Gar-cia apresentou a sua expedição,realizada a 22 de maio de 2006,ao pico do Kanchenjunga (Hima-laias), terceiro maciço rochosode maior altitude e sétimo cumede mais de oito mil metros do seucurrículo, uma conquista partilha-

da com o equatoriano Ivan Valle-jo. «É uma expedição que gostode mostrar, pois contou com mui-tas dificuldades. Daí que a re-compensa, no final, fosse aindamais valiosa», referiu na ocasião. «Antes de enfrentar o frio, os di-fíceis glaciares e a falta de oxigé-nio, há que passar pelos rebel-des maoistas, que só em trocade alguns milhares de rupias dãoa necessária bênção para que aexpedição prossiga», observa océlebre escalador. Considerando-a uma «excelenteexpedição», a dura prova doKanchenjunga contou, logo aoinício, com o adoecimento, porapendicite, de um seu colegaportuguês. «Decidi levá-lo para ohospital e abandonei a expedi-ção. Depois, quando regressei àmontanha, já tinha perdido aque-le tempo de adaptação à altitu-de», nota. «Tive de escalar comum outro senhor da América doSul, também muito experiente, efelizmente conseguimos chegarlá cima.» Foi no seu percurso de escuteiro,entre os 12 e os 16 anos, que

João Garcia começou a desen-volver o fascínio por subir verten-tes inclinadas. «Desde pequeni-no, comecei a tomar o gosto peloplaneamento; pela logística dasminhas aventuras. E, na altura,tinha já uma grande qualidade –a paciência», conta.

As dificuldades da altitude

O frio é apontado por João Gar-cia como uma das maiores difi-culdades da aventura, revelando

que a temperatura desce seisgraus a cada mil metros de altitu-de. «Numa montanha de oito milmetros, se cá em baixo estive-rem zero graus, lá em cima estão48 graus negativos. Se cá embaixo estiverem uns confortáveis20 graus positivos, lá em cimaestão 28 negativos», observa. «Apartir dos cerca de cinco mil me-tros, é o chamado nível das “ne-ves eternas”, porque de invernoou de verão nunca derretem.»A inexistência de água acima dos

cinco mil metros de altitude é ou-tro constrangimento para os alpi-nistas. «Uma garrafa de águatransforma-se, em duas horas,num bloco de gelo. Por isso, usa-mos um fogão para derreter aneve e o gelo, fabricando assimo líquido», adianta João Garcia,acrescentando que é preciso cer-ca de meia hora para liquefazerum litro de água.A ter em conta, numa escaladade grande altitude e sem recursoa oxigénio artificial, é o tempo de

adaptação à subida por parte doorganismo, que constitui um pro-cesso gradual entre um mês amês e meio, para um escaladorexperiente.

A «imprudente» conquistado Evereste

Na memória do destemido aven-tureiro ficará para sempre regis-tada, como a mais dolorosa doseu currículo, a emblemática su-bida, em 1999, ao topo do Eve-reste (Himalaias), montanhamais alta do mundo, onde, poralegada imprudência, viria a per-der um colega de jornada. Ainda este mês de junho, JoãoGarcia partiria, dentro de dias,para uma escalada, de 4,8 milmetros, no Monte Branco (Al-pes), perspetivando seguir paraa Índia no mês seguinte, destafeita para uma expedição de seismil metros. Enquadradas na suaatual ocupação de acompanha-mento a outros escaladores, estetipo de expedições acabam porconstituir, para si, escaladas detreino.

João Garcia junto a entidades

Mãe e filho contracenaram juntosem muitas escolas do país

Antigo Comandante da Cruz Vermelha deAveiras de Cima é agora presidente da direção

José Torres é o novo presidente da direção da Cruz Vermelha de Aveiras de Cima. José Torres que foi co-mandante daquela casa durante 8 anos, sucede agora a Humberto Gomes, que liderou durante quase 20

anos a delegação em causa.Ao Valor Local, José Torres, de 57 anos, diz já ter sido indigitado para presidente, todavia prefere não sealongar em declarações até, pelo menos, ser definido o dia da tomada de posse que deverá ser em julho.José Torres herda algumas situações complicadas do passado daquela casa. A mais difícil de todas e queestá a ser tratada pela direção nacional, está relacionada com as aplicações feitas nos fundos do antigoBanco Espirito Santo, e cujas verbas ainda estão “cativas” no “Banco Mau”.Contudo José Torres que refere não conhecer o processo a fundo, afir-ma que a Cruz Vermelha tem outros desafios pela frente. O novo pre-sidente que não quis dar a conhecer ainda quais os nomes que vãocompor a sua direção, salienta por outro lado que há questões tão oumais importantes para o funcionamento da delegação do que a situa-ção do BES.O novo responsável confirma que uma das prioridades será “encontrarsoluções para que as viaturas da Cruz Vermelha deixem de estar es-tacionadas em vários pontos da vila e à frente de estabelecimentoscomerciais”.Sobre este assunto, o novo comandante diz já ter soluções em carteirae que será esta uma das primeiras medidas que vai tomar. Também aaquisição de equipamentos individuais e a entrada de novos elemen-tos serão prioridades da nova direção. O novo presidente

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6 Valor LocalDesporto

Adireção do Sport Lisboa e Car-taxo ainda tem esperança

numa reviravolta no processo quelevará à entrega do Campo dasPratas ao seu proprietário que re-clama a infraestrutura de volta,tendo em conta um longo proces-so começado pelo antigo presi-dente da autarquia, Paulo Caldas.O autarca prometeu uma indemi-nização de 500 mil euros se até aofinal do contrato celebrado em2007 com término em 2012 nãoalterasse o Plano Diretor Municipalde acordo com os interesses des-se proprietário. Durante esses cin-co anos, a autarquia pagar-lhe-iauma renda mensal de 2500 euros,mas o pagamento foi interrompidono mandato de Paulo Varanda.Paulo Magro, do conselho fiscaldo clube, conta ao Valor Local quetem fé numa solução, e que a co-letividade optou por junto das cer-ca de 300 crianças e adolescentesinscritos no futebol do clube, bem

como, junto dos seus pais, por nãomostrar excessiva preocupaçãocom o facto. É que em risco pode-rão estar, embora a direção não oadmita abertamente, alguns esca-lões. “Há aspetos que procurámosnão empolar para tentarmos resol-ver as coisas com o advogado doproprietário”.O Sport Lisboa e Cartaxo possui14 equipas, uma de veteranos, e12 equipas de formação com fute-bol de 6; 7; 8; 9; sub -10; sub -11;três equipas de infantis; duas equi-pas de iniciados, duas de juniorese duas de juvenis, bem como umade séniores, num total de 280 pra-ticantes. Ainda este mês, o clube vai entre-gar a chave à Câmara para que amesma seja devolvida ao proprie-tário. A atual comissão diretivaconta que entrou em funções hádois anos, e nessa altura as ren-das estavam em atraso em 18 me-ses, e o processo já seguia as vias

judiciais. “O clube é alheio, não hácontrato de arrendamento, e ape-nas usamos o Campo das Pratasemprestado pela Câmara”. PauloMagro refere que tentou o diálogocom o proprietário “que aindamostrou alguma abertura, que ter-minava sempre que conversavacom o advogado”. “Tornaram-se ir-redutíveis!”, constata.Em tribunal tentou-se persuadir oproprietário com o facto de estaser uma coletividade que promovea formação e o bem-estar dos jo-vens do concelho, com a apresen-tação das equipas que estão nocampeonato nacional, entre outrosaspetos. “O senhor Manuel ficousensibilizado, tocou-se-lhe o cora-ção, mas o advogado referiu quetem de defender o cliente e queeste já há muitos anos que anda aser prejudicado com este caso”.Em princípio, Manuel Marques, eao que tudo indica, não terá umpropósito para o Campo das Pra-

tas que se encontra em boas con-dições para a prática desportiva,tendo sido levadas a cabo benfei-torias no mesmo. Na altura da as-sinatura do contrato com PauloCaldas, desejava a expropriaçãodos terrenos para urbanização,mas hoje quererá apenas, e nocurto prazo, receber o que lhe édevido das rendas, respetivos ju-ros e indeminização.Se ficar sem o Campo das Pratas,e ao seu dispor apenas o EstádioMunicipal, a formação do clube“fica comprometida, como é ób-vio”. “Às segundas, quartas, e sex-tas, os mais pequenos treinamaqui no estádio. Dispomos de umespaço alugado em Vila Nova deSão Pedro às quintas-feiras, en-quanto o Campo das Pratas estálotado todos os dias das seis datarde às dez da noite”, refere. Se aquestão não ficar resolvida “nãohaverá viabilidade”, embora recu-se a ideia para já de que grande

parte dos jovens terá de procurarum outro clube. “Sem querer abrir muito o jogo, tal-vez a solução possa passar porum aluguer a tempo inteiro docampo de Vila Nova de São Pe-dro”, concelho de Azambuja, quenão é utilizado por outras equipas,salvo raras exceções. Mas aindahá a possibilidade de um terrenoadjacente ao estádio para adapta-ção a campo pelado, “contudo aslimitações financeiras da autarquia

tornam tal ideia difícil de colocarem prática”. “Não quisemos alarmar os pais, di-zem-se por aí algumas verdades,mas também mentiras e preferi-mos ter alguma cautela. Para jávamos entregar a chave, depoistentaremos arranjar uma solu-ção!”. A Câmara do Cartaxo já requereuo estatuto de utilidade pública parao Campo das Pratas, mas aindanão obteve resposta do Governo.

¢ Nuno Filipe

Sem o mediatismo dos atletasdos grandes clubes, Mária

Santos, uma jovem de 33 anos,das Quebradas, concelho deAzambuja, vai “percorrendo” qui-lómetros por essas estradas fora.Passaram apenas quatro anos,desde o momento, em que na se-quência de um acidente de via-ção, trocou as idas ao ginásio pe-las deslocações de fim de semanaao Jamor onde começou a fazercaminhadas e jogging. O bichinho da corrida entranhou-se de tal forma nesta ex-bancáriaque passou a treinar diariamente,no início sozinha, mas mais tarde

integrando um grupo de treino.É com esse grupo, que em 2012participa numa prova de apoio àSeleção Nacional. É a sua primei-ra prova, mas a partir daí nãomais parou e provas como a Cor-rida do Tejo, a Marginal à noite, ouas corridas de Santo António e doSporting, são algumas das com-petições que fazem parte do seucurrículo, assim como, algumassão silvestres e meias maratonas.Mas o ponto alto da sua ainda cur-ta carreira, foi a vitória a nível na-cional na Wings For Life WorldRun (WFLWR) que é uma provasolidária com “uma enorme di-mensão a nível mundial” e que a

levou à Austrália para disputar aprova a nível internacional. E diz-nos que nessa aventura in-ternacional, apesar de devido a al-gumas lesões, não ter podidocumprir um programa de treinosapropriado, ficou muito satisfeitade ter conseguido concluir o seudesafio pessoal, que era chegarao fim dos 30 quilómetros da pro-va.Apesar de alguns bons resultadosque vai conseguindo, Mária San-tos diz-nos que não pensa emcompetição, não tem equipa nempatrocínios e para ela corrida éapenas um hobbie, pois corre sim-plesmente pelo prazer que lhe dá,

tanto mais que se diz um poucoindisciplinada em termos de trei-no.Num tempo em que correr pareceser uma moda, Mária Santos dizque é muito mais do que isso.“Para além de ser uma forma ba-rata de fazer desporto, trata-se deuma atividade que para além deproporcionar o convívio entre ami-gos e famílias, melhora a nossasaúde”. É assim pois, Mária Santos, umamulher que ao fim de 11 anos nabanca, resolve mudar de vida ededicar-se a um projeto pessoalna área do desporto e terapia,uma mulher que sendo amadora e

com apenas quatro anos de atle-tismo, já conseguiu chegar aos

degraus de pódio nas provas emque participa.

Falta pouco para a devolução do Campo das Pratas ao proprietário

Sport Lisboa e Cartaxo tenta salvara todo o custo a formação

As vitórias da atleta Mária Santos

Mária Santos festejando umadas suas vitórias pessoais

Direção do clube estuda a melhor soluçãopara o problema criado

A “Volta” de volta a Vila Franca de Xira¢ Miguel A. Rodrigues

AVolta a Portugal em bicicletaregressa a Vila Franca de

Xira 39 anos, depois da últimavez. O evento que terá um per-curso de 132 quilómetros passa-rá também por Arruda, Sobral eAlenquer. A cidade de Vila Francade Xira vai voltar a receber umaetapa da mais importante provavelocipédica portuguesa quase40 anos depois.A informação foi avançada em

conferência de imprensa, realiza-da nos Paços do Concelho, ondese juntaram os dirigentes da fe-deração de ciclismo, da empresaque realiza a prova, e do municí-pio de Vila Franca de Xira, quetem um passado no ciclismo na-cional e regional - Há cerca de20 anos realizava-se uma prova

no circuito do município, conside-rada bastante dura pelos atletas.Nesta apresentação, esteve tam-bém presente um antigo ciclistavilafranquense, Paulo Ferreira. Vila Franca recebe assim a novede agosto – a última etapa, a dé-cima desta prova, que ligará a ci-dade ribatejana a Lisboa. Ao todoserão percorridos 132,5 quilóme-tros no concelho de Vila Franca econcelhos limítrofes. Os derradei-ros quilómetros serão concluídosem pleno coração alfacinha comum circuito de seis voltas. Todavia, esta não será a últimavez que a “Volta” terá Vila Francade Xira como cenário de fundo. Aautarquia e a organização garan-tiram que a mesma vai passarpor esta cidade ribatejana até2017.

Para Alberto Mesquita, presiden-te da Câmara Municipal de VilaFranca de Xira, o regresso daVolta ao município é um contribu-to para o desenvolvimento eco-nómico e social da região. “A par-ceria que estabelecemos com aorganização da Volta a Portugalé de grande importância para VilaFranca, na medida em que traze-mos até ao nosso território umadas maiores manifestações des-portivas do país”.Esta etapa passará ainda por Ar-ruda dos Vinhos, Sobral de Mon-te Agraço e Alenquer, seguindopara Castanheira, e de novo VilaFranca de Xira em direção a Lis-boa, através da Nacional 10.Esta será uma prova importanteno panorama local e regional, ecom um significado importante

para o concelho, 39 anos depoisda última prova do ciclismo na-cional em Vila Franca de Xira. Aprova que teve como vencedoresdois pesos pesados do ciclismonacional era marcada por umpercurso bastante duro, o queproporcionava que muitos corre-dores ficassem para trás. Era porisso um ponto-chave em que sefazia uma espécie de seleção na-tural dos mais fortes.A etapa vilafranquense ganha porJoaquim Agostinho em 1969 e1970, e por Marco Chagas em1976, último ano em que a Voltapartiu do concelho ribatejano, eraum “marco” do ciclismo nacional,isto a par com as provas locaisque entretanto também deixaramde ser realizadas. Destaqueigualmente para o grande prémio

de ciclismo do jornal “A Capital”que por várias vezes escolheu o

concelho de Vila Franca de Xirapara uma das suas etapas.

A cidade volta a recuperar a ligaçãoà Volta 39 anos depois

Page 7: Jornal Valor Local Edicao junho 2015

7Valor Local Negócios com Valor

Afuncionar desde 1977, a “AutoEscape do Cartaxo” já faz par-

te da vida de muitos automóveis edos respetivos donos. Carlos Me-neses referencia esta como umaempresa familiar, onde labora to-dos os dias com o filho, e fazquestão de salientar que o negó-cio abriu nos anos 70 com o seusogro.À época a família procurava umavida mais longe da confusão deLisboa, já que o sogro era um dossócios da antiga empresa Auto Es-capes do Areeiro. Carlos Menesesrefere que ainda hoje, mais de 30anos passados, “temos muitosclientes que ainda são desse tem-po, e que vêm tanto de Lisboa,como do Algarve, ou de outrospontos do país. São clientes que jáestão fidelizados e que conhecemo nosso trabalho”.A empresa que aposta na qualida-de dos materiais utilizados, tentatambém colocar sempre em cimada mesa a “qualidade versus pre-ço” e isso faz toda a diferença nahora de se comprar “quer um es-cape personalizado, quer um es-cape mais tradicional”.Todavia, e como muitos outros,este é um tipo de negócio que está

a sofrer com a crise. “Embora acrise não seja o principal inimigo,também faz diferença na vida dasviaturas. A falta de manutenção epedir-se ao mecânico para ‘re-mendar’ apenas o necessário parao carro passar na inspeção, é algoque acontece com frequência”.Carlos Meneses refere, igualmen-te, a concorrência desleal por par-te das oficinas que não têm com-petência técnica para colocar es-capes. O responsável salienta quemuitas vezes, os proprietários dosautomóveis procuram a “Auto Es-cape do Cartaxo” para pequenosajustes e acertos que ficaram porfazer.Carlos Meneses lembra que a em-presa ainda se dedica ao fabricode escapes, nomeadamente, paracarros clássicos, desportivos, decompetição ou de todo o terreno.Mas há também aquela clientelaque sabe bem o que quer e procu-ra “um escape mais personaliza-do, com um trabalhar diferente, oucom um diâmetro dos tubos maislargos” enfatiza. Já quanto aoscarros com escapes normais parao dia-a-dia normalmente a empre-sa “manda vir o material paraisso”.

Com mais de 30 anos de expe-riência, a empresa passou por vá-rias “revoluções tecnológicas”. Oaparecimento dos catalisadores foium dos marcos mais importantesno que toca a este setor. Esta éuma peça cara e “mais sensível àsdesafinações dos motores”, vincaCarlos Meneses que lembra quemuitas vezes as pessoas não fa-zem as manutenções da melhorforma e nessas alturas “os catali-sadores é que sofrem”, realça.O responsável diz, igualmente,que as novas gasolinas trouxeramnovos desafios aos proprietários etambém aos mecânicos. CarlosMeneses chama a atenção para ouso das “gasolinas de má qualida-de” que, à posteriori, acabam porter consequências tanto no rendi-mento dos motores como nos ca-talisadores. “Esta peça trabalha a800 graus, e a partir do momentoem que exista excesso de gasoli-na ou gasolina de má qualidade,essa temperatura é ultrapassadae acarreta problemas que não senotam no dia-a-dia. Mas mais tar-de ou mais cedo os problemasaparecem no catalisador, a peçamais cara na exaustão do carro,algo que leva a um chumbo certo

na inspeção.”Para além dos escapes, a empre-sa dedica-se também aos “enga-tes de reboque”. Uma lacuna sen-tida “na nossa zona”. A “Auto Es-cape do Cartaxo” passou a dedi-car-se também a este segmentode forma homologada, já que as

novas regras ditam que todos oscomponentes dos engates têm deser certificados. “Já não podemser os serralheiros a fazê-los”, vin-ca, referindo o novo quadro aplica-se apenas aos automóveis fabri-cados a partir de 1998.Carlos Meneses que é um apaixo-

nado pelos clássicos, possuindovários BMW na sua garagem, étambém um homem do automobi-lismo. O pouco tempo que tempassa-o muitas vezes nas provas,local onde se abstrai “dos proble-mas do dia-a-dia”. “Nem tenhotempo para pensar neles”, refere.

Auto Escape do Cartaxouma referência na região

Carlos Meneses é um apaixonado pelos clássicos

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8 Valor LocalDossier: Águas

Oposição acusa Câmara de ser débilperante Águas da Azambuja

¢ Sílvia Agostinho

AEntidade Reguladora dos Ser-viços de Águas e Resíduos,

pela terceira vez, voltou a remeteruma série de considerações quan-to ao aditamento ao contrato entrea Águas da Azambuja e a Câmarade Azambuja, não dando ainda luzverde ao que está consignado nomesmo, pese embora os parece-res da entidade não possuíremcaráter vinculativo. Continua a tor-nar-se cada vez mais difícil paraas partes ver luz ao fundo do túnelneste processo que já se arrastadesde 2013. O último parecer daentidade foi emitido há poucas se-manas, ao qual o Valor Local teveacesso, e faz notar praticamente amesma ordem de razões dos an-teriores. Face à demora e ao es-tado de coisas, a oposição exigemais pulso forte à autarquia nasnegociações.Ouvimos os vereadores da oposi-ção sobre o arrastar desta situa-ção. David Mendes, da CDU, refe-re que “passado todo este tempoé estranho que o aditamento aocontrato continue a ser o mesmo”,pois “apenas foram introduzidasalterações por força da nova leique saiu o que é grave”. Lamentaainda que a Câmara não tenha fa-

lado com as forças de oposição. No que concerne à Taxa Internade Rentabilidade (grosso modo oslucros da empresa) que a empre-sa prevê baixar de 12,65 por cen-to para 11,57 por cento, opina queneste campo “houve uma aceita-ção moral da TIR por parte da ER-SAR”, “uma vez que já existe umenquadramento legal”, mas “issonão nos chega pois o parecer nãoaponta para uma redução signifi-cativa”, tendo em conta que “nãoé por um por cento que o quadrose altera significativamente”. Da-vid Mendes sugere que a TIR po-dia ir até aos sete por cento, da-das as dificuldades financeirasdas famílias, em última análise.Neste cômputo “também não vejoa Câmara Municipal com nenhu-ma vontade de pressionar a em-presa, e por isso vamos ter ‘guerraaberta’, por causa do Partido So-cialista, que durante dois anosnunca falou connosco”. Refereque houve algumas reuniões emque a CDU participou na presençado restante executivo PS e empre-sa mas não foram além de algunsesclarecimentos sobre a atividadeda mesma, nada de concreto so-bre as negociações do contrato.“O PS tem sido muito débil nas

negociações, até porque se aÁguas do Oeste baixar tarifascomo se prevê, a Águas da Azam-buja também terá de o fazer”, eaconselha a Câmara a falar com aoposição “caso contrário arrisca-se a um chumbo na AssembleiaMunicipal”.Também a Coligação Pelo Futuroda Nossa Terra, pela voz da ve-readora Maria João Canilho temdificuldades em perceber a atitudeda Câmara PS: “Mais uma vez oparecer da ERSAR foi desfavorá-vel às pretensões das Águas daAzambuja. Por isso, continuamossem perceber porque a CâmaraPS insiste em estar do lado daÁguas de Azambuja e desta “ne-gociata” que vai trazer aumentossignificativos para as famílias eempresas do concelho de Azam-buja, como é reconhecido no pa-recer da ERSAR.”“Vamos continuar, tal como desdeo primeiro dia do nosso mandato,a ser muito exigentes no dossierdas Águas”, refere. Sendo que“entre as Águas da Azambuja e asfamílias e empresas do concelhode Azambuja não teremos hesita-ções ou dúvidas.”O presidente da Câmara, Luís deSousa, referiu ao nosso jornal que

tendo em conta mais um parecerda ERSAR; que se está a prepa-rar para realizar uma reunião ex-traordinária preparatória para aassembleia municipal. Já pediuum parecer jurídico e que peranteum tema daquela importância é

necessário fazer ainda um com-passo de espera. Luís de Sousarejeita a ideia de que não tem co-locado os vereadores da oposiçãoao corrente de toda a problemáti-ca, e adianta que se vai reunircom os mesmos para analisar

todo o dossier em breve. Rejeitan-do posições de força nesta maté-ria, diz continuar a ser um adeptodo diálogo e da análise, sendoque a comissão de acompanha-mento vai também pronunciar-sesobre os últimos acontecimentos.

Oposição entende que a TIR da empresa devia descer ainda mais

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9Valor Local Eventos

¢ Laura Costa

Está a chegar mais uma edi-ção da Festa da Sardinha As-

sada que todos os anos a vila deBenavente acolhe. Nos dias 25,26, e 27 de junho começa a 47ªedição desta festa que todos osanos espera bastantes visitantes.Segundo Pedro Rodrigues, se-cretário da Comissão de Festas,este ano a festa terá diversas no-vidades e acredita que isso terárepercussão no número de visi-tantes. Ao longo dos três dias defesta, haverão atividades taiscomo “encierro” de toiros, larga-das de toiros, espetáculos musi-cais, tasquinhas, desfiles, provasde campinos, charanga pela rua,entre outras. Mas a festa não sefica por aqui: “As principais novi-dades que vamos ter nesta edi-

ção da Festa da Sardinha Assadaocorrem, sobretudo, ao longo desábado, dia 26 de junho, pois te-remos a presença do programa‘Aqui Portugal’ da RTP1 no inícioda tarde, a abertura da ‘FunZon’no Parque 25 de abril que constanuma zona com diversos insuflá-veis para adultos e crianças; e apresença de Herman José numespetáculo musical que vai decor-rer à noite”, diz Pedro Rodrigues. Além disso, a partir de quinta-fei-ra, dia 25 de junho, a festa con-templará espaços como as típi-cas tasquinhas, o espaço Volapié,e o espaço S5 à semelhança doano anterior. Mas a diversão es-tende-se ainda à discoteca “Clu-be do Lago” com o “Páteo doRio”.À semelhança do ano passado,

serão distribuídas cinco toneladasde sardinhas, dez mil pães e cin-co mil litros de vinho pelas princi-pais ruas da vila, ao longo da noi-te de sábado; e Pedro Rodriguesconta que “a distribuição é semdúvida uma parte da festa difícilem termos de controlo, pois a co-missão tenta adaptar a distribui-ção aos diferentes locais, e éigualmente difícil controlar o quecada pessoa leva”. Isto porquetêm surgido críticas de que sãosempre os mesmos a ficaremcom as sardinhas.Os gastos feitos nesta ediçãorondam os 40 mil euros, no en-tanto, a comissão acredita quedevido à forte aposta em termosde inovação, o número de visitan-tes vai ser superior ao dos anosanteriores.

Cinco toneladas de sardinhana Festa da Amizade em Benavente

Já foi apresentado oficialmente ofestival de Cerveja Artesanal de

Azambuja. O AZBeer que aconte-ce no Páteo do Valverde nos dias3, 4 e 5 de julho, e que juntará al-gumas dezenas de cervejas arte-sanais nacionais e estrangeiras,num certame que se realiza pelaprimeira vez e que envolve os“amantes” desta bebida, cujo mo-vimento tem crescido nos últimosanos em Portugal.Certos do sucesso desta iniciativa,os organizadores e alguns partici-pantes falaram ao Valor Local, eao vereador da Cultura da CâmaraMunicipal de Azambuja, entidadeque apoia o festival, sobre o certa-me, na Cerveteca em Lisboa, no

início do mês de junho,Valter Nascimento, um dos mem-bros da organização, destacouque o gosto pela bebida fabricadaartesanalmente tem vindo a cres-cer, e que foi num grupo de ami-gos que se juntou para fabricaressa cerveja, que nasceu a ideiadeste festival, que já tem um “pri-mo” na Sertã, e que terá corres-pondido e ultrapassado as expec-tativas dos seus organizadores.Esta é uma iniciativa com vários ti-pos de cerveja à prova. Desde cer-vejas com cheiro a “nutella”, oucom gosto a azeitonas verdes,passando por outro tipo de expe-riências sensoriais, há quase detudo e para todos os gostos neste

festival, onde os mestres cervejei-ros, na sua maioria, ainda não vi-vem só do fabrico desta.António Amaral, vereador da Câ-mara Municipal de Azambuja, refe-riu que esta iniciativa inovadora “ébem-vinda a Azambuja”, salientan-do o empenho e a ajuda da autar-quia na logística que envolve estecertame.António Amaral que lembrou aexistência da marca “Bolina”, cer-veja artesanal com sede emAzambuja, vincou que a inovaçãoe os aspetos ligados ao Turismo eà Economia estão sempre presen-tes na hora da autarquia apoiar al-gumas das iniciativas, fazendo vo-tos para que tudo corra dentro das

expectativas, e se possível que asultrapasse.Todavia este é um festival onde asbebidas alcoólicas estarão à livredisposição dos cidadãos, apelan-do, por isso, a organização, paraque as cervejas sejam consumi-das com moderação.Também nesse sentido, a organi-zação conseguiu preços especiaispara quem pretenda viajar de com-boio, na linha de Sintra, Cascais,Sado ou Azambuja. Segundo Val-ter Nascimento, a organizaçãoconseguiu que os preços fossemfixos e por isso um passageiro quecomprove que o seu destinou ouorigem seja o AZBeer, viaja porapenas por dois euros.

Cervejas para todos os gostos em Azambuja

Orlanda Lopes é a Rainhadas Vindimas do Concelho

de Azambuja 2015. A jovem de20 anos que representa a Uniãode Freguesias de Manique do In-tendente, Vila Nova de São Pe-dro e Maçussa foi a vencedoradeste certame cuja final teve lu-gar na noite do dia 12 em Azam-buja e que pela primeira vez foiorganizado pela Câmara Munici-pal.Nesta eleição, que teve a apre-sentação de Ana Bernardino eJorge Blanco, houve também lu-gar ao espetáculo. Francisco Rei

cantou o fado, enquanto BárbaraIsidro, nos apresentou o Jazz. NaDança de Salão, Miguel e Beatrizmostraram porque são bicam-peões nacionais e tudo isto com aanimação musical da Tintus BrassBand. O humor esse ficou a cargodo grupo de Teatro Contra Regra.Mas não foi apenas a rainha a serpremiada, Jessica Gaspar, deAveiras de Cima, foi eleita como aprimeira dama de honor e levoupara casa o troféu simpatia, en-quanto Beatriz Bronze de Azam-buja, completou o pódio como se-gunda dama de honor

Para o Presidente da Câmara,Luís de Sousa, “este é um eventoque faz todo o sentido existir emAzambuja, devido à importânciaque a produção vinícola do con-celho tem no panorama nacionale espera que esta tenha sida aprimeira de muitas edições.”Orlanda Lopes para além de tersido coroada rainha recebeu tam-bém o troféu fotogenia. Está as-sim escolhida a mais bela dasVindimas, que vai a representar omunicípio de Azambuja em Re-guengos de Monsaraz, na ediçãonacional da Rainha das Vindimas.

Noite de glamour na final da Rainha das Vindimas de Azambuja

Mais uma grande festa ribatejana a animar este Verão

As beldades do concelho de Azambuja

Organização do festival

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10 Valor LocalCultura

Pela segunda vez consecutivao Cruzeiro Cultural e Religio-

so do Tejo atracou no Porto daPalha, na aldeia avieira do Lezi-rão, em Azambuja. A iniciativaque se constitui como um ato defé dos pescadores do Tejo assen-tou arraiais por umas horas na-quela emblemática aldeia avieirano feriado nacional de 10 de ju-nho. A iniciativa que terminou emOeiras, no passado dia 14 de ju-nho, partiu de Vila Velha de Ró-dão e desceu o Tejo, num ritualque envolveu muitas embarca-ções e muitas cerimónias umpouco por todos os municípios ri-beirinhos.Em Azambuja, o Cruzeiro emHonra da Nossa Senhora dosAvieiros e do Tejo, contou comuma moldura humana representa-tiva nesta cerimónia religiosa. Oclima de convívio entre os partici-pantes e os fiéis que se desloca-ram àquela aldeia avieira fez-sepor isso notar.Para o novo pároco de Azambuja,Paulo Malicia, esta é uma cerimó-nia importante para as popula-ções, e por isso o sacerdote des-tacou à nossa reportagem que“qualquer iniciativa que vise man-ter a tradição de um povo, seja de

caráter cultural ou religioso, signi-fica investir no presente e no futu-ro”, reforçando que o povo “nãopode viver sem ser capaz de pre-servar as suas tradições. Quandoperdemos o fio condutor que vemdo passado, perdemos o presen-te e o futuro”.Para o pároco, esta é uma inicia-tiva de salientar. E por isso “é comalegria que a recebo, pois misturaa tradição da cultura avieira euma tradição muito própria demuitas comunidades de norte asul do país que é o seu sentimen-to religioso”.Por outro lado, o vereador com opelouro da Cultura, António Ama-ral, destaca o envolvimento domunicípio na iniciativa. Para o ve-reador, a preservação desta cul-tura é importante para a comuni-dade e daí que pela segunda vezo município volte a investir na ce-rimónia. “Este é um povo commuita fé. A procissão é muito bo-nita e por isso também temos deestar de mãos dadas com esteprojeto da cultura avieira”.De um ano para o outro, o envol-vimento do município foi melhora-do na sua opinião. António Amaraldestaca também a adesão da pa-róquia, da junta de Azambuja e

dos ranchos do concelho deAzambuja e do Cartaxo.Também Luís de Sousa, presi-dente da Câmara de Azambuja,referiu a importância desta inicia-tiva, deixando “escapar” que omunicípio tem outros projetosneste setor, nomeadamente acriação das rotas avieiras, se oVarino vier a ser recuperado.

João Lobo, um dos organizadoresdeste Cruzeiro e membro da co-munidade avieira local, destacouigualmente a importância da ini-ciativa para a fé dos mesmos.João Lobo, que ainda vive dapesca no Tejo, vinca que o apoioda Câmara de Azambuja tem sidoimportante. “Nunca nos queixá-mos do apoio da Câmara, nem da

junta de Azambuja”, fez questãode frisar.O pescador salienta que, nestemomento, são sete os avieirosque vivem exclusivamente do pei-xe que dá o Tejo. João Lobo ex-plica que as comunidades traba-lham por lanços, e nesta alturasão sete os que estão no Lezirão,no Porto da Palha.

“Há peixe para todos!” refere JoãoLobo que adianta: “Felizmente noTejo fez-se um grande trabalhopara despoluir, tivemos bastantequantidade de lampreia, sável,mas também alguma dificuldadeno escoamento, porque infeliz-mente neste pais é difícil”. Contu-do, o pescador afirma-se confian-te no futuro da pesca no Tejo.

Porto da Palha recebeu pela segundavez Cruzeiro Religioso do Tejo

A chegada da procissão ao Porto da Palha

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11Valor Local Cultura

São de Pontével, Cartaxo, etêm dado que falar. Os Bizu

Coolective venceram recente-mente o evento francês “Cirqueet Fanfares Festival” realizadoem Dole. A maior parte do grupoestá junta desde 2009, na alturanum outro projeto que acaboupor dar origem aos Bizu Coolec-tive, que existe desde o final de2012. O elementos desta banda forambeber às suas experiências maisantigas em filarmónicas/fanfarrase cavalinhos para criar a sua mú-sica. “Acabou por ser este o nos-so ponto de partida”, refere AndréQuitério ao Valor Local. O grupofaz uma abordagem em que mis-tura o funk old school, o hip hopinstrumental e o afrobeat.“O nosso estilo musical centra-semenos na parte estética do géne-ro e mais na roupagem de brassband que lhe podemos conferir,esse acaba por ser o cunho quedamos ao que fazemos, e é a for-ma pela qual somos reconheci-dos”, sintetiza. Quanto a gravardiscos, a banda refere que já gra-vou algumas maquetas, “mas so-bretudo para uso próprio e pro-

moção, e sem a intenção de ascomercializar, mas o dia em quevamos lançar um álbum estácada vez mais próximo”, acreditaAndré Quitério.Na estrada, esta banda tem atua-do em diversos locais: “Já pisá-mos vários palcos, tanto na nos-sa ‘casa’ (concelho do Cartaxo)que sempre nos recebe bemcomo fora. De entre vários con-certos que demos, podemos refe-rir os mais conhecidos, como aFesta do Avante, o torneio doBrass de Ferro (onde vencemosa primeira edição), o festival MEDem Loulé no ano passado, o fes-tival Heizetara no País Basco, eo Femuka em Segóvia, e agoraesta vitoriosa temporada em Doleem França”, enumera o músico.A banda não tem dúvidas em re-conhecer que pisar os diferentespalcos é sempre “uma experiên-cia maravilhosa”. O público destabanda é variado, pois “os Bizuenquadram-se em vários ambien-tes e palcos. Tocamos tanto paracrianças como para adultos. Te-mos sido sempre bastante bemrecebidos.” A maioria dos elementos da ban-

da conjuga a atividade musicalcom outras profissões, tendo emconta “a falta de incentivos eoportunidades no geral para aárea das artes”.Em maio deste ano arrebatarama vitória no festival internacionalem França, e recorda a bandaque: “foi uma experiência incrí-vel”. “O ano passado já tínhamostido a oportunidade de participarnum festival do género, o Haize-tara, que se realiza no País Bas-co. Mas de facto, a sensação deganhar, de ser a banda favoritado público, e de poder partilhar anossa música e energia, fruto deanos de trabalho com tanta genteé algo realmente impressionantee gratificante. Digamos que nãopoderia haver melhor desfechopara a nossa estadia em França,nem uma maior motivação paracontinuar o nosso trabalho”.Em Portugal existem algumasbandas que se aproximam do es-tilo dos Bizu Cooletive, sendo queo grupo tem dificuldades em en-quadrar-se num género estan-que: “Neste momento não pode-mos dizer que nos inserimos per-feitamente nas tradicionais fanfar-

ras de rua ou brass bands. Aca-bamos por nos autodefinir como‘Electric Brass Band’ porque jun-tamos os elementos acústicos ea sonoridade de Fanfarra com opoder dos instrumentos elétricoscomo o baixo e a guitarra”.A banda tem recebido um forteapoio das entidades da sua terranatal, nomeadamente a Socieda-de Filarmónica de Pontével quecede o seu espaço para sala deensaios. “Tem sido a base dosBizu nestes últimos anos e esta-

mos muito gratos por isso”. Sobre o facto deste género demúsica nem sempre chegar àsmassas, refere André Quitérioque a explicação “se prende como facto de os principais meios decomunicação darem mais ênfaseaos habituais artistas e génerosmusicais facilmente comercializá-veis”. “Temos noção que o nossoestilo tende a ser inovador e queprecisa, naturalmente, de algumtempo para ser aceite nessemeio. Por outro lado, existe tam-

bém alguma dificuldade da partede tipos de projetos como o nos-so em criar material de qualidadepara divulgação. É sempre umprocesso que despende bastantedinheiro e tempo, e que se tornabastante árduo sem o apoio deuma marca ou editora que finan-cie.” Para já concertos não faltam àbanda que no dia 26 de julho vaiestar a tocar no MEO Outjazz, noanfiteatro “Keil do Amaral” emMonsanto.

Foi na década de 80 que o gru-po de Vila Franca de Xira, Pi-

zolizo, deu os primeiros passos nomundo da música. O quarteto deVila Franca foi projetado para a ri-balta através do programa da Rá-dio Comercial “Grafonola Ideal” daautoria de Júlio Isidro.A banda que que semeou êxitoscomo” Bomba Nuclear, Não!” ou“Sangue No Meu Mundo”, chegoua atuar no Pavilhão Carlos Lopesem Lisboa, no Cinema Nimas, naAula Magna, tendo sido uma dasbandas na qual Júlio Isidro apos-tou também para atuar no progra-ma de televisão “Febre de Sába-do de Manhã”.Trinta anos depois, o grupo renas-ce com uma nova dinâmica, ten-tando preservar os sons do pas-sado e enchendo os coraçõesmais nostálgicos do “puro rock”dos anos 80.Da banda original, apenas o voca-

lista e baixista Mário Pimenta semantém. Alfredo Zé (baixo), CarlosPeru (bateria) e Rui Manuel (gui-tarra) não entram nesta reedição.Foi numa noite quente deste mês,que o Valor Local assistiu a um en-saio desta banda, ali para os ladosda Rondulha, Vila Franca de Xira,numa antiga cavalariça adaptadaa sala de ensaios. Estes cavaleirosdo rock que já ensaiam há doisanos, estão agora prontos para daros passos necessários no cami-nho, agora mais difícil, da músicanacional.A nova formação composta porMário Pimenta (voz e baixo), David(bateria), Diogo (guitarra), Artur(guitarra), e João (teclado) prepa-ra-se assim da para a conhecer as15 músicas originais que compu-seram para este arranque.Mário Pimenta destaca que tudocomeçou quando encontrou ArturGrácio que “não via há trinta e mui-

tos anos numa ida ao barbeiro”.Falaram e ambos decidiram reini-ciar o projeto. Artur Grácio recordaque houve uma mútua vontade devoltar “à estrada” já que tocarammuitas vezes juntos noutras “aven-turas musicais”.Depois deste encontro, entre oMário, o Artur, e o Carlos Perú, queera um dos fundadores da banda,e um outro elemento, a banda fi-cou de novo reduzida, porque es-tes dois últimos decidiram partirpara outros projetos. Num ápice, abanda ganha uma nova vida coma entrada do João, do David e doDiogo Tavares, este último músicoprofissional, e que tem dado umanova dinâmica aos “Pizolizo”.Aliás este quinteto composto porvárias gerações de músicos, comidades que vão dos 17 aos 54, as-sume-se como uma banda de ver-dadeiro rock. Sobre este assunto,Diogo Tavares enaltece as devidas

diferenças entre o Rock dos anos80 e os dias de hoje. Se antes adroga e o álcool eram sinónimo derock e música, hoje, esse é umconceito “ultrapassado”, vinca omúsico que salienta existir umanova consciência nos músicos em

relação a esse tipo de substâncias.Os Pizolizo que já têm concertosmarcados para o estrangeiro, es-peram poder apresentar-se primei-ro em Portugal.Nesta altura a banda que aindanão definiu o valor para o cachet

está a preparar um videoclip dacanção “Hora a Hora” escrita porMário Pimenta que se assumecomo um dos letristas, e onde amúsica é feita por todos e sempreem português.Entrevista completa em www.valorlocal.pt

Bizu Coolective, banda de Pontévelafirma-se em festival internacional

O regresso dos “Pizolizo” trinta anos depois

Várias gerações integram a banda

A atuação em Dole, França

Page 12: Jornal Valor Local Edicao junho 2015

12 Valor LocalDestaque

De cabelos em pé com as operadoras¢ Sílvia Agostinho

Um conjunto significativo deportugueses debate-se todos

os dias com um sem número dequeixas por parte das operadorasde telecomunicações. Durante oano de 2014, foram reportados àAutoridade Nacional de Comuni-cações (ANACOM ) 81 mil proble-mas por parte dos utilizadores,sendo que 84,4 por cento dessasreclamações diziam respeito àsoperadoras de telecomunicações,mais 13,4 por cento do que noano de 2013, com a NOS à cabe-ça. Entre as principais queixas,estão as relacionadas sobretudocom os famigerados períodos defidelização das operadoras, queprendem os consumidores a con-tratos claramente insatisfatóriospara quem paga seja pela defi-ciente qualidade dos níveis deserviço, sobretudo em zonas maisrurais, e a nossa região é pródiganeste tipo de queixas seja por al-terações no contrato ao arrepio davontade do consumidor. Ou aindaporque são deixadas promessasde ofertas que não chegam a sercumpridas.Nos casos mais extremos, as ope-radoras não hesitam em levar atribunal os cidadãos que de acor-do com as mesmas entram em in-cumprimento de contrato ou dei-xam de pagar as mensalidades do

serviço. A advogada Inês Louro,com escritório na vila de Azambu-ja, refere que a insistência por par-te da antiga TMN, grupo PT, che-gou ao ponto de colocar um clien-te seu em tribunal pela mesma or-dem de razões por duas vezes. “Aoperadora perdeu o processo daprimeira vez, e mesmo assim vol-tou a apresentar queixa contraesse cliente evocando os mesmosmotivos. Aleguei litigância por má-fé, e acabaram por desistir, perce-beram que a coisa não lhes ia cor-rer bem”.Esse cliente havia contratualizadoum pacote de 500 minutos de te-lefone com a TMN que a dada al-tura aumentou à revelia do mes-mo, o pacote para 1000 minutos,considerados desnecessáriospara o consumidor em causa. Ocliente reclamou e pediu a extin-ção da fatura, algo que não foiaceite pela operadora que decidiulevar o caso até às últimas conse-quências, continuando a emitir,ainda, durante alguns meses fatu-ração tendo em linha de conta oshipotéticos 1000 minutos.“A dada altura já pediam o paga-mento das mensalidades poraquele valor e uma espécie demulta pelo que alegavam ser o in-cumprimento contratual do cliente,normalmente um valor absurdo,algo que a lei refere ser ilegal de

cobrar por parte das operadoras,salvo uma ou outra exceção, oque não era o caso”, refere InêsLouro.A advogada explicita que os casoscom que lida e que envolvem as

operadoras nacionais, significamquase sempre “estarmos a lidarcom “entidades sem rosto”. Oscontornos rapidamente evoluempara a instauração de processosexecutivos, sem que a advogada

consiga mediar um conflito emcondições, porque as empresasnão estão interessadas nisso. “Começam a enviar cartas forma-tadas, escritas ou supostamenteescritas por advogados, onde co-

locam o número de telefone doadvogado, mas depois quando li-gamos não conseguimos falarcom esse colega, e não vamosalém do senhor que está no aten-dimento das telecomunicações”,

Novos pacotes 3 em 1 não têm significado melhorias de serviço

Page 13: Jornal Valor Local Edicao junho 2015

13Valor Local Destaquedá a conhecer e vai mais longe –“É frequente dizerem-me do outrolado da linha que a senhora dou-tora advogada que representa aoperadora não está, peço os da-dos da advogada e não mos dão”,ilustra e conclui – “Isto é de umdesrespeito enorme. Imagine queeu a acusava de alguma coisa, edepois quando quisesse justificar-se eu não lhe dava hipótese oumandava dizer que não estava”.

Este é um comportamento fre-quente, e “infelizmente há colegasmeus que não se importam deservir-se para fazer este papel àsoperadoras”.Por vezes, e segundo o que con-ta, tenta arranjar um acordo entreo seu cliente e a operadora atra-vés dos advogados da mesma,“mas o que acontece é que nãorespondem dentro dos prazos, ounão respondem de todo, totalmen-

te ao contrário do que é normacorrente com outros colegas emoutro tipo de processos”.A advogada alerta ainda para asdenominadas injunções judiciais,enviadas pelo Balcão Nacional deInjunções, interpostas pelas ope-radoras, que muitos consumidoresnão dão importância mas que sig-nificam justamente que o caso jáseguiu as vias judiciais. Nestecaso, aconselha a que os visados

não deixem de cumprir os prazospara contestar, arrolar testemu-nhas, constituir mandatário e pa-gar taxa de justiça. “Por vezes, oque acontece é que as pessoas li-mitam-se a dar uma resposta epouco mais, o que no caso é insu-ficiente pois significa que será le-vado a tribunal e tem obrigatoria-mente de levar em linha de contaos procedimentos em causa”.Para provar que os casos que lhe

vêm parar às mãos quando rela-cionados com as operadoras sãoum verdadeiro quebra-cabeças,em que nunca se sabe quando ointerlocutor vai tirar mais um coe-lho da cartola exemplifica – “Tiveo caso de uma cliente da NOSque mudou de morada e não pa-gou as duas últimas faturas, mes-mo depois de desativado o servi-ço, chegámos a acordo com aoperadora com redução dos mon-

tantes, e com a minha cliente acumprir o acordo, eis se nãoquando a minha colega advogadada NOS me refere que ainda tinhamais uma dívida da minha cliente,para além desta, fiquei doente”,recorda-se. “Deveriam ter-me ditologo de início para reajustar osacordos e os pagamentos, e comoesta situação já tinha um caráterexecutivo, imediatamente elevaem muito os montantes a pagar”.

Aveiras de Baixo: a freguesia fora da redeQuem passa ou vive na fregue-

sia de Aveiras de Baixo, con-celho de Azambuja, já se acostu-mou ao facto de ser muito difícilfazer um uso normal de um tele-móvel ou navegar sem grandesdificuldades na internet. Nem aNOS nem a MEO têm conseguidosuprimir as carências da popula-ção desta localidade. Os 1317 ha-bitantes desta freguesia não vale-rão à partida o esforço e o traba-lho das operadoras, que normal-mente tendem a desvalorizar ospequenos núcleos populacionais.Carlos Valada, presidente da juntade freguesia de Aveiras de Baixo,refere que a rede TMN/PT é umadas que funciona, ainda assim,em melhores condições no quetoca aos telefones. A Vodafone éa pior rede. Em Virtudes, as trêsoperadoras funcionam mal, “inclu-sivamente há quem tenha aderidonesta localidade aos packs três

em um da MEO e da ZON, e con-tinuam a ter muitas dificuldadesem conseguir telefonar dentro decasa”. Em Casais da Lagoa, “hámenos problemas talvez porqueas antenas situam-se relativamen-te próximas”, e porque “mora láum antigo secretário de Estadonaquela zona”, não tem dúvidasem salientar.No que toca à internet são fre-quentes as quebras de rede, in-clusivamente na sede da juntaesta não é uma vivência desco-nhecida. “Já mudámos os equipa-mentos e as redes, e mesmo as-sim ainda não conseguimos terum serviço a 100 por cento”. Ajunta tem contratualizado um ser-viço com a PT, cujas melhoriaspassaram “ por um reforço do ser-viço e a aquisição de um aparelhopara puxar o sinal”, que o deixa-ram mais satisfeito. Contudo e nocômputo geral da freguesia, para

aumento do sinal e das condiçõesem geral de acesso à internet etelefone para os fregueses, e de-pois de contactadas as três ope-radoras, só recebeu resposta daVodafone. “A NOS disse-nos quenão era do interesse deles porquehá pouca população; a MEO nãorespondeu, enquanto a Vodafonenos informou que até ao fim domês de junho seríamos contacta-dos pelo departamento de enge-nharia para virem visitar o local efazer testes”. Em Aveiras de Baixo, as conver-sas acerca do deficiente serviçodas telecomunicações consti-tuem-se como um tema recorren-te entre vizinhos, até porque “nãose consegue ter TV por cabo, maspor parabólica, ou seja não dápara conseguirmos o acesso aosvários packs em conjunto.”José Gil, morador na localidadede Aveiras de Baixo, atende-nos o

telefone e imediatamente perce-bemos as dificuldades que iría-mos ter para comunicar com estemunícipe do concelho de Azam-buja. Como já á hábito teve de sedeslocar para uma zona mais fa-vorável de sua casa, e conta quetem um contrato com a MEO quedeixa muito a desejar. “Aderi aoM4O da Meo e estou pior do queantes”. “Tenho de vir para as jane-las e para a rua falar ao telefone,o que é desagradável”. No serviçode internet como passou para oADSL não tem especiais críticas –“Melhorou bastante, só a rede mó-vel é que é terrível”. Tem 3 telemó-veis, internet e televisão engloba-dos no pacote, e paga cerca de 90euros, “para acabar por ficar malservido”. “Estamos a falar de umarede nacional paga pelos contri-buintes, e nesta localidade temosuma completa miséria.” José Gilaté dá o seguinte exemplo para

enfatizar a gravidade do caso deAveiras de Baixo – “Temos umamata dentro da freguesia que ain-da tem alguma população, ondemuitos vão praticar exercício físi-

co; imagine que alguém precisade fazer um telefonema porque seestá a sentir mal, o que pode serpossível, e não tem rede nenhu-ma. É aflitivo só de pensar”.

Carlos Valada teve de adquirir aparelhopara melhorar internet na junta

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14 Valor LocalDestaque

Cliente queixa-se de débito direto não autorizado

Um ano a pagar um serviço que não usufruíu

Teresa Ferreira, residente noPorto Alto, concelho de Bena-

vente, também sabe o que é teramargos de boca com as opera-doras. O primeiro aconteceu como seu pai, emigrado já há algunsanos, que contratualizou o servi-ço de uma pen da MEO parausar nos períodos em que per-manecia em Portugal. “Foi acor-dado um preço fixo, contudo asfaturas nunca traziam esse valor,que era sempre bastante supe-rior”, dá conta.“Telefonei muitas vezes para aoperadora para tentar averiguar,sendo que a dada altura estra-nhámos ainda mais os procedi-mentos da operadora, porquedeixaram de enviar as fatura paracasa, que começaram a ser co-bradas por débito direto, e nósnem sabíamos como, porque nãotínhamos dado autorização paraisso nem assinámos nada”.Para tornar as coisas ainda maisbizarras, a operadora não só co-

meçou a levantar por débito dire-to uma verba que não tinha o va-lor da acordada inicialmente,como ainda por cima recorria auma conta cujo titular não era opai de Teresa Ferreira, pois trata-va-se de uma conta conjunta deTeresa e da mãe, porque emtempos tinham aderido ao pro-grama E-Escolas, relativo à irmã,para pagamento de uma mensa-lidade por débito direto a essaoperadora. Fizeram um cruza-mento de dados, através da mo-rada, e não tiveram dúvidas emavançar com o débito direto. “Co-meçámos a não receber as fatu-ras, e o que indago disto tudo éque posso dar os dados de umaoutra pessoa com alguma facili-dade, e eu ficar sem pagar”,exemplifica. “Admito que façamcruzamento de dados, mas nãodeveriam fazê-lo sem consultaras pessoas, até porque apesarde podermos estar a falar de ele-mentos da mesma família; não

sabemos que vínculos é que ain-da mantêm, ou se partilham to-dos a mesma conta ou não”. Depois deste episódio, “a MEOcontinuou a enviar as faturas er-radas, o meu pai não pagou, atéque a empresa cortou o serviço.Finalmente pediram um valor quepagámos, mas só porque quise-mos sanar o caso com o máximode brevidade possível, pois nãosabíamos que mais nos pode-riam fazer, ou ameaçar”. Também com a NOS, Teresa Fer-reira teve razões de queixa no-meadamente ao pedir a portabili-dade de um número de telemóvelque teimou em chegar. “Estecaso também se passou com omeu pai, que teve quase uma se-mana sem telefone. Após muitostelefonemas, conseguimos resol-ver, mas antes os operadorescom quem falava atiravam a cul-pa para o utilizador, sacudindo aágua do capote.” Em sua casa,esta cliente da NOS diz que as

queixas são constantes, desde fi-car dias sem telefone, pagar para

ter direito a 100 megas de inter-net e não ter mais de 60, bem

como dificuldades por vezes emaceder aos menus da televisão”.

Maria reside no concelho deVila Franca de Xira e teve

uma experiência de má memóriacom a operadora MEO. Na se-quência de um processo de divór-cio, em 2012, Maria e José, o ex-marido, abandonaram a casa ondeviviam, e onde tinham um contratocom a MEO, a rondar cerca de 50euros por mês. Quando foi viversozinha para uma outra casa, de-cidiu que lhe seria mais vantajosooptar por um serviço da NOS, porser uma zona com fibra.

“Fui contactada pela Zon, por umagente, e assinei contrato tendoem vista a minha atual residência.Esse funcionário deu-me um im-presso para rescindir com a MEOque o mesmo encarregar-se ia deo direcionar para a concorrente”,conta, reforçando lhe ter sido ditoque este era um procedimentonormal entre operadoras. No seucaso como já havia ultrapassadoem muito o período de fidelizaçãocom a MEO, estava à vontade. Exatamente um ano depois, dá

conta que a operadora MEO con-tinuava a usar o débito bancáriosobre a conta do ex-marido parapagamento da mensalidade –“Como ele trabalha no estrangeiro,acabou por não tomar muita aten-ção aos papéis do banco, até por-que tem outros pagamentos a sairda conta em Portugal como segu-ros”. Maria refere que só se deuconta do que se passava porqueao fim de um ano a MEO contac-tou-a para que adquirisse uma pende internet. Achou estranho, visto

que aparentemente já não tinhacontrato. “Fiquei em estado dechoque quando descobri que con-tinuavam a debitar-me a mensali-dade. Pelo que fiquei a saber oagente da NOS entregou os pa-péis à MEO, e estes instados pormim reconheceram que apenasuma única vez me tentaram con-tactar, possivelmente de númeroanónimo, pelo que não pude de-volver a chamada. Se houvesseboa fé, isto não tinha chegado aeste ponto. Puseram os papéis de

lado, e pouco se importaram emcontinuar a cobrar o serviço”, dáconta. Por fim refere que tentou uma so-lução in extremis: “Ainda quis ne-gociar no sentido de regressar àMEO, mas só se ficasse sem pa-gar durante um ano, para ser dealguma forma recompensada, masfoi em vão”. Reclamou até ondepôde: “Argumentei que aquele di-nheiro era da minha filha, porque omeu ex-marido estava lá fora, eque não havia direito a uma coisa

daquelas, mas sem efeito, esta-mos a falar de perto de 600 eurosno total de um ano, o que já é mui-to”.A MEO respondeu-lhe que não po-dia garantir que não tivessem sidofeitos consumos na antiga casaonde Maria morou, até porque tra-tava-se de um aluguer, e possivel-mente teriam voltado a ser ocupa-da por outros inquilinos após o seudivórcio. “Uma absoluta falta dehonestidade, é só o que posso di-zer”, remata.

DECO: 7500 queixassó este ano

Nos primeiros cinco meses deste ano, a DECO recebeu 7500queixas relativamente a problemas com a imposição da fide-

lização por parte das operadoras. Ana Sofia Ferreira, jurista daDECO, confirma ao Valor Local que este setor é o que registamais reclamações. A contratação dos denominados pacotes deserviço, algo mais recente por parte das operadoras também temsuscitado uma assinalável quantidade de reclamações. Nos contratos de fidelização e a avaliar pelo que a nossa repor-tagem conseguiu apurar junto de advogados, a imposição de umaindemnização por parte das operadoras é normalmente “algo ab-surdo” porque “não conseguem provar como ficaram prejudicadasao ponto de fazerem uso da possibilidade desse aparente direito”. Por outro lado, “assiste-se a refidelizações de contrato por via dealteração de algumas condições inicialmente previstas, o que fazcom que volte tudo ao início nos dois anos de fidelização, extin-guindo-se o tempo que contou até essa altura”, dá conta para ilus-trar que reclamações quanto a estas práticas também não têmfaltado, “e normalmente o cliente não é informado destas refide-lizações”. Campanhas de descontos e ofertas de preços mais bai-xos anunciados e não cumpridos; e problemas com a portabilida-de dos telefones são outras das queixas a juntar ao rol.Apesar de todas as queixas dos consumidores, a DECO elogia apostura das operadoras, pois sempre que esta associação tentao diálogo “acabam por colaborar”. “Apesar das muitas reclama-ções de situações de desrespeito pelos direitos dos consumido-res, os operadores reúnem-se connosco regularmente, tentandoa DECO que se encontre uma solução”, e diz mesmo contra todasas previsões que “a taxa de sucesso nesta mediação é bastanteelevada”.

Mário Frota critica frontalmente a ANACOMMário Frota da Associação Portuguesa do Direito do Consumo é um dos

mais entendidos especialistas do país quando se fala em direitos dosconsumidores. As queixas quanto à postura das empresas de telecomuni-cações têm merecido um olhar mais atento por parte do mesmo, nomea-damente, com “muitas ações de esclarecimento levadas a cabo em todo opaís, porque as pessoas ainda são muito ignorantes dos seus direitos”.No que toca à ação da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM),Mário Frota é um claro crítico desta entidade “que continua a dizer que nãoanda cá para tomar conta das reclamações dos consumidores, mas a leiquadro de 2012 vem dizer que a ANACOM tem o dever de defender o con-sumidor”, e mesmo assim “temos a informação de que quando esta enti-dade recebe as queixas dos consumidores e também da nossa associação,continua a dizer que não se ocupa das reclamações privadas, individuais,encaminhando as pessoas para os tribunais”. “A ANACOM tem a obrigaçãoestrita de tudo fazer para que as pessoas e as empresas respeitem a lei, ea entidade reguladora tem a obrigação de perante os ilícitos levantar os au-tos necessários, caso contrário estão a negar justiça e a prevaricar as suasobrigações”. A ANACOM, em resposta ao nosso jornal, salienta que “verifica o cumpri-mento da lei em todas as reclamações que recebe. Quando estas contêm a descrição de factos que indiciam o incumprimento de regras que cabeà ANACOM supervisionar, são investigadas, podendo resultar na aplicação de sanções aos prestadores infratores. Esta Autoridade não tem, porém,competências de mediação ou resolução dos conflitos individuais entre os utilizadores e os prestadores de serviços”.Já no que toca às ditas más práticas levadas a cabo pelas operadoras, destaca sobretudo as que implicam ameaças relacionadas com a colocaçãodo nome do cliente “numa lista negra ou a imposição de uma caução para poder continuar a beneficiar dos serviços”. E dá a dica: “Os clientes têmhoje uma forma simples, eficaz, e a título gracioso para resolver os seus problemas recorrendo aos ´tribunais arbitrais necessários´ com taxas dejustiça menores, ou ao tribunal arbitral de conflitos de consumo que funciona em Lisboa na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa”. Sobretudo, “é necessário que a informação sobre os seus direitos chegue ao consumidor”, e neste capítulo não tem dúvidas de que se “têm fechadomuitas portas”. “A rádio pública e a televisão pública têm a obrigação de transmitir essa informação, ainda hoje fiz diligências para sermos ouvidos.”Quanto às responsabilidades dos governantes nesta matéria, acentua o tom – “Estão-se positivamente nas tintas! E vão dando a ideia de que vi-vemos no melhor dos mundos, Tudo isso não passa de uma grande aldrabice”.

Teresa Ferreira já teve mais do que uma má experiência

O especialista em direito doconsumidor arrasa vários responsáveis

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15Valor Local Destaque

Antiga operadora de call centerfala dos bastidoresRosália trabalhou durante al-

guns anos numa das opera-doras visadas nesta reportagem.Não quis dar a cara pois mesmodepois de findo o contrato assinouum acordo em que não pode re-velar dados sobre a sua experiên-cia ao serviço de uma dessasoperadoras. Trabalhou numa li-nha de retenção de clientes, e re-lata que por si passaram muitoscasos que depois eram encami-nhados para o apoio técnico masque “acabavam por morrer napraia” sem que o cliente fosseatendido. “Tinham a incumbênciade ir insistindo nas primeiras 72horas, mas isso acabava por nãoacontecer”. Por outro lado, a oferta de servi-ços nem sempre correspondia aoque o cliente esperava – “Propu-nha-se um pacote de internet emque já se sabia de antemão que alinha de telefone não conseguiriasuportar esse serviço em condi-ções, nomeadamente, isso acon-teceu muito a dada altura. Prome-tia-se velocidade de megas e ocliente não conseguia mais doque alguns kapas”. Hoje reconhe-ce que a operadora já tem maisalgum cuidado na disponibiliza-

ção do serviço, observando primei-ramente as condições dos locaisem causa. Contudo, e “para calaro cliente continuam a oferecermensalidades”.A falta de investimento nas condi-ções técnicas é na opinião destaex-operadora também um dos mo-tivos para o avolumar das reclama-ções, pois “acumulavam cabos emdemasia nas centrais, não fazendocaso de construir novas infraestru-turas, de modo a permitir a melho-ria dos serviços finais ao cliente”.Gerava-se assim “um clima degrande insatisfação, porque aspessoas sentiam que ninguém asatendia devidamente, que nãoconseguiam obter velocidade deinternet ou outras benesses que seprometia, e no fim apenas se infor-mava que havia uma sobrecarganas infraestruturas e que não sepodia fazer mais nada”.Conhecedora do mercado, e hojeafastada profissionalmente destaárea não tem dúvidas em conside-rar que ao longo dos últimos anos“apareceram autênticos serviçosde porcaria no mercado, autênti-cos embustes” e elenca em primei-ro lugar o famigerado Kanguru,pen móvel da antiga Optimus, e

que durante muito tempo lideravao ranking das dores de cabeça dosusuários de internet. “Vendiam au-tenticamente a banha da cobra!”

Casais De Baixo: Telefonarsó na rua ou à janela

Em pleno século XXI e quando so-mos bombardeados com as inova-ções das operadoras através damais sofisticada publicidade, aindahá localidades a poucos quilóme-tros da capital do país que usu-fruem de uma qualidade de redeautenticamente da Idade da Pe-dra. É também este o caso da lo-calidade de Casais de Baixo, outradas zonas críticas do concelho deAzambuja, quando se fala em tele-comunicações. Sandra SaraivaMartins também tem tido dores decabeça com a falta de rede móvel.Adquiriu um telemóvel TMN hácerca de 17 anos, tendo-lhe sidoassegurado de que teria rede nasua área de residência, “mas narealidade isso não corresponde àverdade”, diz. “Durante vários anos fiz inúmerostelefonemas para a TMN a fazer areclamação da falta de coberturana minha residência e num raio de

cerca de três quilómetros. Respon-diam que não estava previsto o re-forço do sinal para esta área”, dáconta. Mais tarde aderiu ao pacote MEO4O, tendo escrito uma carta para aMEO a expor a sua situação: “Te-nho três cartões neste serviço,com chamadas e SMS ilimitados,mas não podemos usufruir deles.O meu marido tem um telemóvelda empresa MEO, somos quatropessoas em casa e todos temosde ter um telemóvel da Vodafonepara estarmos contactáveis na

nossa habitação.”Do outro lado, a MEO ao longodos anos apenas tem vindo a re-forçar que “não está previsto o au-mento do sinal, e sugeriram queme deslocasse para uma áreaonde houvesse uma melhor cober-tura de rede.”, constata indignada.“Com esta resposta resolvi enviara reclamação e a cópia desta cartapara a ANACOM, sendo que meresponderam que as operadorascumpriam os mínimos exigidos epor isso não havia nada a fazer”.Contudo, não deixa de referir que

nos últimos meses “a MEO me-lhorou a cobertura na minha área,contudo quando quero fazer cha-madas tenho de vir para a rua etentar encontrar rede ou ir para oterraço, o que com mau temponão é nada agradável.”O Valor Local contactou as duasoperadoras, não tendo obtidoqualquer resposta da NOS, quan-to à MEO ainda nos chegou a re-ferir que responderiam às nossasquestões mas até à hora de fechodesta edição nada nos foi enviadonesse sentido.

Rede móvel em Casais de Baixo deixa a desejar

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16 Valor LocalEconomia

Azambuja com dois milhões de eurospara gastar em eficiência energéticaAzambuja vai ficar com uma fa-

tia de dois milhões e 89 mil eu-ros no que toca aos fundos estru-turais distribuídos pelo Alentejo2020 definidos no âmbito da Co-munidade Intermunicipal da Lezíriado Tejo (CIMLT) para aplicar emequipamentos destinados a me-lhorar a eficiência energética domunicípio. Ao Valor Local, o presi-dente da Câmara, Luís de Sousa,assegura que o concelho não ficouprejudicado nem mal servido nadistribuição destas verbas emcomparação com outros da mes-ma dimensão geográfica e númerode população pertencentes à co-munidade.Ficaram incluídos os seguintes in-vestimentos no que se refere àmelhoria da eficiência energéticano município: Escola Básica deAveiras de Cima com uma verbade 800 mil euros com financia-mento comunitário de 760 mil eu-ros, mais 40 mil dos cofres da au-tarquia; Piscinas de Azambujacom 400 mil euros da União Euro-peia e 20 mil euros municipais. Ailuminação pública do municípiorecebe uma verba de 730 mil eu-ros, 694 dos quais de financiamen-

to do quadro comunitário. A Câmara pretende ainda aplicarcerca de 300 mil euros de financia-mento comunitário na área do tu-rismo com a recuperação do vari-no, que Luís de Sousa reafirmaser possível, e a revitalização daRota dos Mouchões/Escaroupimcom início na Vala do Esteiro, juntoà estação da CP, com limpeza davala, requalificação, e espaço paraatracamento do barco, como pontode partida da rota para toda a Le-zíria. O presidente da Câmara estáconfiante de que esta realidadeserá possível, e que pese emborao facto de a Rota dos Mouchõesse ter revelado como deficitária noseu tempo, haverá, agora, motivospara acreditar que possa navegarem águas mais favoráveis, commais turistas e entusiastas das pai-sagens ribeirinhas do Ribatejo. Ainda sem verba adjudicada estáa criação de rotas e percursos pe-destres, nomeadamente, a doTejo, a da Lezíria e a das Aves,com a definição, por exemplo, deum percurso desde Azambuja àPraia do Tejo. A CIMLT encontra-se ainda a estudar uma candidatu-ra ao baixo carbono para todos os

municípios.

A polémica do Centro Escolarde Aveiras de Cima

Também em cima da mesa, está aconstrução de duas salas para osalunos da pré-primária em Aveirasde Cima. Neste capítulo, Luís deSousa volta a desmentir os rumo-res que davam conta de que tinhadeixado ir por água abaixo a cons-trução do centro escolar naquelalocalidade, numa troca com o mu-nicípio de Benavente, desperdi-çando dessa forma a última opor-tunidade de ouro para fazer a es-cola. O vereador da CDU, David Men-des, confrontou o presidente daCâmara numa das últimas reu-niões quanto a este tema, voltandoa lembrar que o centro escolar deAveiras foi adjudicado já no ante-rior mandato aos fundos estrutu-rais, tendo em conta que o atualnão permite a construção de no-vas escolas de raiz. Contudo e deacordo com Luís de Sousa aindahavia a possibilidade de a CIMLTcandidatar dois centros escolares,(embora sem certezas quanto à

sua aprovação), mas o autarca deAzambuja entendeu que não sejustificava. “Ainda me desloquei àCCDR para se fazer o investimen-to de 1 milhão 600 mil euros paraessa infraestrutura, mas cheguei àconclusão de que não valia apena, pois não temos crianças su-ficientes na freguesia. E o que fa-zer depois com a infraestruturaque já lá existe? Deixá-la para asmoscas? Até soube recentementepela diretora da escola que neste

momento já há uma sala vaga. Te-mos de ser racionais nas nossasescolhas ”.Benavente vai então assumir umacandidatura, “mas não se sabe sepoderá ou não ser aprovada”, dizo presidente da Câmara de Azam-buja. Quanto à polémica dos 300mil euros trocados com Benaventeé perentório – “Isto não é o negó-cio do cigano, em que toma lá istoe dá cá aquilo. Os fundos estrutu-rais foram negociados entre os

municípios de forma séria!”O presidente da Câmara refereque espera que as duas salas deaula tenham financiamento comu-nitário, mas se não for assim, aprópria Câmara garante que con-seguirá pagar as obras no valor de100 mil euros com fundos pró-prios.Para além das obras elencadasacima, a Câmara não espera vermais verbas atribuídas no âmbitodos fundos comunitários para já.

BES está a pedir fortunas pelos terrenosda Zona Industrial de Aveiras de Cima

Gabinete de Informação e Apoio à Empresae ao Empreendedor é criado em Azambuja

A totalidade dos terrenos da zonaindustrial de Aveiras de Cima pas-saram, por fim, para as mãos doBES/Novo Banco, antes proprie-dade da empresa Tiner de Antó-nio Varela que comprou a quasetotalidade daqueles terrenos, numexercício que muitos qualificamcomo de pura especulação imobi-liária quando o aeroporto e oTGV ainda estavam na linha dehorizonte. Atualmente, e de acor-do com Luís de Sousa, ao ValorLocal, o banco está a pedir quan-tias muito avultadas aos interes-sados na aquisição de terrenos.“Pessoalmente já encaminhei trêsinteressados em investir no con-celho para o BES, que depois meinformaram que o banco estava apedir preços exorbitantes, e os

mesmos acabaram por deixarcair a ideia de cá investirem”, re-lata o presidente da Câmara queconfirma que já chegou a receberseis interessados em investir noconcelho, desde o início do seumandato, mas que passado al-gum tempo acaba por não conse-guir obter feed-back das suasações, admite ainda que não che-gam sequer a ter tempo de lhepedir benesses como a diminui-ção de impostos municipais, faceao que o BES lhes pede. Nos tempos mais recentes falou-se da possibilidade de uma fábri-ca de chinelos, e outra de óleosusados na zona industrial deAveiras de Cima, e Luís de Sousaconfirma – “O BES pediu muitodinheiro a esses investidores, e

eles foram-se logo embora, umdeles estava até disposto a com-prar um lote inteiro”. Por isso de-sabafa – “O BES tem que pensarmuito bem no que anda a fazer,se continua a pedir muito, espan-ta toda a gente, a não ser que opróprio banco esteja interessadoem plantar batatas naqueles ter-renos”, ironiza.

Empresário da Lusolândiavolta a dar um ar de sua graça

Já é sabido que de vez em quan-do, o empresário António Domin-gos, que concebeu o projeto deum grande parque de diversõesentre o concelho de Alenquer e ode Azambuja, regressa a estesconcelhos para manter o seu in-

teresse que já vem desde a déca-da de 80. Luís de Sousa refereque o empresário esteve na Câ-mara de Azambuja “muito recen-

temente”. “Veio aqui durante cin-co minutos só para dizer que ain-da está em conversações comempresários estrangeiros, que a

Lusolândia ainda não morreu, eque também já tinha falado com opresidente da Câmara de Alen-quer”.

Oexecutivo municipal deAzambuja aprovou, numa

das últimas sessões, uma propos-ta de celebração de protocolo en-tre a autarquia e a Associação deComércio, Indústria e Serviços doMunicípio de Azambuja (ACISMA)com vista à criação e gestão doGabinete de Informação e Apoioà Empresa e ao Empreendedor

(GIAEE).Este gabinete terá como missãopromover o empreendedorismo, acriação de emprego e a disponibi-lização de informação qualificada,assumindo-se como “plataformade interface entre os empresáriose os agentes locais e setoriaiscom influência na atividade eco-nómica, criando condições para

um ambiente de negócios compe-titivo e para o crescimento susten-tado do emprego local com assu-mido ênfase no desenvolvimentoda economia de proximidadecomo motor de desenvolvimentoe de competitividade concelhia”,refere a autarquia em nota de im-prensa.A criação do GIAEE vai permitir a

promoção do potencial económi-co do concelho de Azambuja parao ambiente empresarial; a capta-ção de investimento económico,social e empresarial; a disponibi-lização de informação e apoio aosempresários e aos empreendedo-res – inseridos no atual ecossiste-ma empresarial concelhio ou quedemonstrem interesse em inte-

grar ou participar do mesmo – so-bre incentivos, apoios e instru-mentos de financiamento públicoou privado da sua atividade, de-signadamente os resultantes donovo Quadro Comunitário; a reco-lha e sistematização de informa-ção de suporte à atividade econó-mica do concelho; a prestação deinformações sobre os instrumen-

tos de apoio à criação, reestrutu-ração e reconversão de empre-sas em diversas áreas: indústria,agricultura, comércio, serviços eoutros; o apoio no relacionamentodos empresários e dos empreen-dedores junto das diversas enti-dades públicas e privadas, assu-mindo um papel ativo de parceironas relações interinstitucionais.

Terrenos em causa

Luís de Sousa apresenta os projetos que couberam ao concelhono Alentejo 2020

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17Valor Local Festas das Gentes do Cartaxo

Festas das Gentes do Cartaxocada vez mais com o cinto apertado

Comerciantes com pouca fé nas festasLonge parecem ir os tempos em que o comércio do Cartaxo lucrava com o calendário da feira dos Santos ou das demais festas. Ouvimos alguns comerciantes das casasmais antigas da Rua Batalhoz que não atribuem grande importância às Festas das Gentes do Cartaxo no que respeita aos seus estabelecimentos.

¢ Sílvia Agostinho¢ Miguel A. Rodrigues

Acidade do Cartaxo recebe de19 a 24 de junho mais uma

edição das “Festas das Gentes doCartaxo”. A iniciativa que está na9ª edição vai decorrer num climade austeridade local, com o muni-cípio cartaxense em contenção ecom a própria associação a fazer“das tripas coração” para levar abom porto as festas de 2015.

De acordo com Fernando Custó-dio Borges, presidente da comis-são administrativa das festas, o or-çamento deste ano ronda os 15 mileuros, um valor que não tem sofri-do alterações nos últimos anos, eque pelo andar da carruagem, pro-mete ficar por mais alguns.Fernando Custódio vinca que asreceitas da publicidade das festastêm decaído, ainda assim, vão va-lendo alguns patrocínios, como

são os casos do Crédito Agrícolado Cartaxo que patrocina um dostoiros, ou da própria junta de fre-guesia – única entidade que patro-cina financeiramente os festejos.Feitas as contas, as “Gentes doCartaxo” quase têm de pagar dopróprio bolso para que os festejosnão deem prejuízo, já que a Câ-mara do Cartaxo, apenas ajudacom mão-de-obra e a logística ine-rente ao certame.

Aliás as festas das “Gentes doCartaxo” são um certame organi-zado apenas por voluntários, con-forme explica Fernando Borges. Aassociação que passa por uma cri-se diretiva, procura agora encon-trar novos corpos dirigentes, paraconseguir formar uma direção.O atual presidente da comissãoadministrativa que era até há bempouco tempo presidente da as-sembleia geral da associação,destaca que “pegou na associa-ção” pela “paixão” às festas da ter-ra e que, à semelhança de outrascoletividades do concelho do Car-taxo, também tem dificuldades emencontrar pessoas disponíveispara a causa.Por falar em causa, as Gentes doCartaxo, procuram apoiar ques-tões relacionadas com a solidarie-dade social. Um desígnio que atéao momento não conseguiu sercumprido, já que existe dificulda-des de ordem financeira para quea associação cumpra este objetivomaior. Todavia e enquanto issonão acontece, as “Gentes do Car-taxo” estão focadas nas festas daterra, que nos últimos anos, têmgranjeado novos públicos e fomen-tado o aparecimento de várias ter-túlias à volta do recinto das espe-

ras de toiros.Essa é aliás, uma das questõesque mais cor tem trazido às festasdo Cartaxo. Fernando Borges vin-ca que essas novas tertúlias com-põem “o ramalhete” e que isso temsido um fator dinamizador do cer-tame.

As festas das “Gentes do Cartaxo”apostam como habitualmente esteano nas esperas de toiros, namesa da tortura e na música, aomesmo tempo, que algumas tas-quinhas vão fazendo petiscos vá-rios para os visitantes que passampelo Cartaxo.

Fernando Borges lamenta a falta de mais gente no associativismo

Paulo Lambéria (Casa Brincheiro) – “Penso que as festas nãotêm grande repercussão no comércio, apesar de terem um impactopositivo no Cartaxo e no concelho. Contudo, vivemos em temposde “omeletes sem ovos”, e sem dinheiro não podemos esperar mui-to das festas, que se desenrolam na parte debaixo da cidade, en-quanto a zona comercial fica no lado oposto, e quando o comércioestá fechado. O centro da cidade esteve demasiado tempo fechadoao trânsito, devido às obras do parque estacionamento, e os clien-tes desabituaram-se de vir a esta zona”.

Frederico Guedes (Drogaria Guedes) – “As festas não trazem grandesbenefícios, para além de que com as obras, esta zona do comércio tra-dicional ficou completamente desprotegida e estagnada. Temos uma lutadiária com poucos resultados. Cortaram uma estrada que dava acessodireto ao coração comercial da cidade, o que é o equivalente a aperta-rem-lhe o pescoço. Sou muito bairrista e ribatejano, e faço questão departicipar nas festas, mas sou franco: Penso que, apenas, influenciampositivamente alguma restauração. Contudo, até tenho ouvido dizer queas próprias festas podem estar em risco, ou porque as pessoas não ade-rem ou porque não há poder de compra. A nossa terra está muitíssimoestagnada, e não estou a ser pessimista.”

Maria José (Século XVII) – “O fluxo de visitantes concentra-se so-bretudo na parte debaixo da cidade. Quando a Feira dos Santospassava por aqui, saíamos mais beneficiados. Antigamente as se-nhoras vinham com os maridos ao Cartaxo, estes seguiam para astouradas e elas ficavam pela Rua Batalhoz a fazer compras. Comesta festa não tiramos quaisquer proveitos. As novas obras só pre-judicaram. Deveriam ter construído o parque de estacionamento nazona da Praça de Touros. Foi teimosia e vaidade do antigo presi-dente. Sou apreciadora das festas, pelo facto de ser cartaxeira e ri-batejana, mas já não tenho paciência para sair de casa e ver ostouros a correr.”

Opinião João Franco, de 63 anos e habitante do Cartaxo, partilhou com o Va-

lor Local a sua opinião em relação às Festas do Cartaxo que seaproximam.Esteve presente apenas na primeira edição desta festa anual pois gos-tava mais da Festa do Campino: “Os toiros vinham do campo pela es-trada, o que tornava a entrada dos animais na cidade muito mais bo-nita, e nesta Festa já não é possível observar isso”.Um dos grandes problemas da cidade prende-se sobretudo com “ques-tões financeiras mas também da própria vontade das pessoas”. Porque“sem dinheiro e vontadenão há regalias” diz-nosJoão Franco. Para alémdisso, na sua opinião,uma das mais fortes ca-racterísticas do Cartaxoprende-se com a cir-cunstância de ser consi-derada “a Las Vegas doRibatejo” o que cativavaa atenção de forasteirose, atualmente, o mesmonão se verifica.

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18 Valor LocalOpinião

Há poucos anos atrás, respon-dendo a um apelo aflitivo da

minha mãe, fui até casa dela ten-tar ligar-lhe a televisão que, se-gundo o telefonema que me fez,por mais botão que ela carregassemantinha-se com o ecrã escurocomo noite sem lua. Quando che-guei, estava ela agarrada ao tele-fone a bramar, já com aquela irri-tação sem freio que a velhice per-mite: “ Oh menina, o que têm asminhas primas a ver com a televi-são?”. Espantado, pedi-lhe o tele-fone, encostei-o ao ouvido, e ouvia voz impessoal duma gravaçãoMEO: “Para assuntos de televisão,prima 1, para questões da suaconta, prima 2 e por aí fora até aoprima 9, se quiser falar com umassistente!” Percebi então a irrita-ção da minha mãe com a inclusãodas suas primas nesta disputa, epremi 9, porque queria falar comum assistente, ou melhor, preten-dia, que, em linguagem pré-grava-da, a gente não quer, pretende oudeseja, a gente não fala nem res-ponde, só houve o que quer e oque não quer. E foi isso mesmoque aconteceu. Ouvi, enquantome davam música, outra menina adizer que a MEO era maravilhosa,que apenas por não sei quantoseuros eu podia ter acesso a umsem número de canais, que nema vida inteira me chegava para vê-los, mais internet e mais dois tele-fones portáteis. E tudo isto entre-cortado de estimado cliente para

aqui e para ali. Depois, mais musica, minutos in-findáveis de música, até que outramenina com voz de gravador veioavisar o estimado cliente que, de-vido à enorme afluência de cha-madas, era melhor desligar e ligarmais tarde.Esta situação pôs-me à evidênciavários fenómenos que caracteri-zam a vida moderna. Desde logo,a nossa dependência de audiovi-suais, traduzida no desespero que

se apodera de cada um, como seapoderou da minha mãe, quandoo televisor ou o telefone ou o com-putador entram em curto-circuito.Desespero só comparável à faltade água ou luz!Depois, evidenciam-nos como po-demos estar à boca e ouvido desemear em qualquer parte domundo. E nessa perspectiva cons-tituem um enorme avanço para oprogresso e bem- estar da Huma-nidade. Não acho que a prolifera-

ção e facilitação dos audio-visuaistenham contribuído para aumentaro isolamento das pessoas. As pes-soas, salvo em caso de doença ouprisão, apenas se isolam volunta-riamente. Pelo contrário, acho queos audio-visuais contribuíram emmuito para mitigar a solidão!Parece então que tudo é maravi-lhoso na relação das pessoas comos audio-visuais. E em teoria é. Senão aparecessem pelo meio umasempresas que gerem os telefones,

as televisões e a internet e quetêm uma óptica exclusiva de lucro,sem qualquer ligação com a sua fi-nalidade social. Escusam de vircom histórias dos apoios ao Ben-fica e ao Sporting e a mega-con-certos, que isso não tem nada aver com intervenção social. A lógi-ca do lucro dessas empresas, quejá se estendeu a outras que têmum fim social, como a EDP e ascompanhias concessionárias, ob-riga-as a actuar do lado dos cus-

tos, porque do lado das receitas aconcorrência não lhes dá margemde manobra. É por isso então que nós falamospara máquinas que nos falam. Asmáquinas não têm salário nem ho-rário de trabalho. As máquinas sóresolvem problemas para as quaisforam pré-programadas, o quecorresponde apenas a vinte outrinta por cento dos problemas quetemos com os nossos aparelhos.Por isso, na maior parte dos ca-sos, ficamos como que perdidosno deserto, com o oásis audio-vi-sual à vista, mas sem podermosalcançá-lo! Por isso que, enquantoo desenvolvimento dos audio-vi-suais contribui para melhorar a fe-licidade humana, as empresasque os gerem apostam em sentidodiferente, desumanizam o seu ser-viço e tornam- no dificilmenteacessível a uma grande parte dapopulação. Há que pôr freio nes-tas empresas. Fazer com que es-tabeleçam uma relação humaniza-da com os seus utentes e contri-buírem para mitigar a solidão afec-tiva que se apoderou da socieda-de nos nossos dias.

Audio-visuais e empresasconcessionárias

Joaquim António Ramos

Segredos da JustiçaO caso da divorciada casadaque era viúvaEm 20 anos de advocacia

enfrentei diversos desafios,mas poucos foram tão intrinca-dos como o do caso que voucontar, que ocorreu há cerca de8/9 anos,. Como é óbvio, os no-mes são fictícios. A D. Maria e o Tio António ca-saram em Portugal e depoisemigraram para França. Oamor esvaíu-se e acabaram pordivorciar-se num tribunal fran-cês e de acordo com a lei fran-cesa. Depois do divórcio, o TioAntónio regressou a Portugal,onde acabou por falecer. Porseu lado, a D. Maria reencon-trou o amor e como mulher di-vorciada que era voltou a casarem França, desta feita com umcidadão gaulês, que vamoschamar de Pierre.Um dia a D. Maria veio a Portu-gal de férias e quis aproveitarpara renovar o seu bilhete de

identidade. Quando foi à Con-servatória do Registo Civil a D.Maria descobriu que era viúva eque qualquer renovação do seudocumento de identificação teriade conter a menção do estadocivil de viuvez – a D. Maria eraviúva, viúva do seu primeiro ma-rido, aquele de quem se tinhadivorciado! A D .Maria não que-ria ser viúva (até porque estavabem casada com o francês Pier-re) e foi por isso que o casochegou às minhas mãos.Do ponto de vista jurídico, foi fá-cil identificar o problema queoriginou esta confusão de esta-dos civis: o divórcio concretiza-do em França não produziaefeitos em Portugal, porquenem a D. Maria nem o Tio Antó-nio tinham intentado uma acçãoespecial de revisão e confirma-ção de sentença estrangeira,neste caso da sentença de di-

vórcio do tribunal francês. Deste problema resultou um se-gundo: sem a confirmação por-tuguesa da sentença francesa,os serviços do Registo Civil nãopodiam averbar o divórcio quernos assentos de nascimento,quer no assento de casamentoda D. Maria e do Tio António.Nos termos da lei portuguesa,esta acção especial tem de serproposta junto do Tribunal daRelação competente e, no casoconcreto, teria de ser apresen-tado pela D. Maria contra o TioAntónio. Mas, recorde-se, o TioAntónio já tinha morrido! Comopoderia ele defender-se da ac-ção intentada pela D. Maria? Aesta pergunta todos os colegasa quem pedi opinião diziam-me:“Ponha a acção contra os her-deiros do Tio António!”. Nessaaltura, eu respondia sempre:“Só há duas herdeiras, a D. Ma-

ria e a filha. E a D. Maria nãopode ser Autora e Ré no mesmopedido processual…”. Na répli-ca, apenas me garantiam que“Isto não tem solução”…Depois de estudar várias hipóte-ses (algumas bem absurdas),pesar prós e contras, defini umaestratégia processual de risco,mas que foi a única que me pa-recia viável. Assim, avancei coma acção especial de revisão econfirmação de sentença es-trangeira, tendo como Autora aD. Maria e como Réu o falecidoTio António. Antes que o Tribu-nal da Relação fosse notificadoque o Tio António já tinha morri-do, dei conhecimento desse fac-to ao tribunal. De seguida, talcomo tinha previsto, fui notifica-do para deduzir um incidente dehabilitação de herdeiros (que éo meio processual próprio parachamar herdeiros a um proces-

so). No requerimento subse-quente identifiquei as duas her-deiras do Tio António (a sua fi-lha e a sua viúva) e “disparei”um conjunto de argumentos queprocuravam demonstrar que aD. Maria não podia ser reconhe-cida como herdeira do Tio Antó-nio, sob pena de ser Autora eRé no mesmo pedido proces-sual. A par desta linha de racio-cícinio, apresentei uma segun-da: se a acção fosse arquivadapor causa da D. Maria não po-der acumular a posição de Auto-ra e Ré no mesmo pedido pro-cessual, então a D. Maria seriaviúva em Portugal e casada emFrança, o que devirtuaria todo oespírito da lei.O Tribunal da Relação reconhe-ceu o absurdo de toda a situa-ção e julgou excepcionalmenteque a D. Maria não podia serherdeira do Tio António e que,

para efeitos deste processo,aquele apenas tinha uma her-deira – a sua filha, que nãocontestou a acção proposta.Uma vez que não existiu con-testação da outra parte proces-sual, o Tribunal da Relaçãoconfirmou a sentença francesaque decretou o divórcio da D.Maria e do Tio António. Emconformidade, os serviços doRegisto Civil atualizaram osrespetivos assentos de nasci-mento e de casamento.Foi um verdadeiro caso intrin-cado, mas hoje a D. Maria játem um documento de identifi-cação português com o estadocivil de casada.

António Jorge LopesAdvogado

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19Valor Local Opinião

Sou um amante de Gatos. Te-nho dois Gatos de raça euro-

peia em casa vindos da rua, játive mais.Como disse adoro Gatos de qua-tro patas que são excelentes com-panheiros, amigos de quem ostrata bem, sempre imprevisíveis,sempre sociáveis, sempre com asua personalidade única.Escrevi Gatos com letra grande,não foi por acaso.Detesto gatos com letra pequena,nome vulgar para erros básicosprevisíveis, evitáveis.Como disse tenho dois Gatos derua em minha casa, dos que eugosto.Detesto os incontáveis gatos daCâmara Municipal de Azambuja,nenhum deles vindo da rua, todoseles feitos em casa, ou seja, nassucessivas decisões desastrosasque o Partido Socialista tomou aolongo de muitos, muitos anos e

que nos colocaram na situação fi-nanceira gravíssima em que nosencontramos.O Partido Socialista e as maioriasabsolutas foram a génese da des-graça, são os únicos responsá-veis e temos que lhes apontar odedo e temos de os obrigar a as-sumir as suas responsabilidades.As várias histórias que têm vindo

ao de cima neste mandato nãopodem ser branqueadas.Os brutais aumentos da água pro-postos, num concelho que já pagadas contas mais caras do país, in-formação da insuspeita DECO.O descalabro da EMIA em queterrenos que valiam milhões pas-sam a valer uns meros milhares econdicionam de forma inaceitável

a capacidade de endividamentoda Câmara.Não admira por isso que as con-tas municipais de 2014 tenhamsido chumbadas na AssembleiaMunicipal de Azambuja. Final-mente este órgão autárquico defiscalização brandiu o cartão ver-melho. Finalmente a incompetência deste

executivo camarário teve a res-posta que merecia, BASTA.BASTA de incompetência, de er-ros acumulados, de deixar andarcom o argumento de que nada sepode fazer, quando há muito porfazer.BASTA que aqueles que hoje têmos destinos do concelho nasmãos só miem e se lamentem daherança que receberam, como seeles não tivessem tomado qual-quer decisão nos últimos 12 anos.BASTA da falta de pudor daquelesque erigiram o Dr. Joaquim Ra-mos como o exemplo do “presi-dente perfeito” e que “cresceram”com ele, mas que hoje se esque-cem desse passado bem recentee passam o tempo a acusar o“presidente perfeito” de tudo o quede mau tem acontecido à Câmarada Azambuja, procurando masca-rar a sua própria incapacidade.Para nós a Política não é o jogo

do vale-tudo. Sempre confrontá-mos o Dr. Joaquim Ramos comlealdade e frontalidade. O que setem lido e ouvido contra o Dr. Joa-quim Ramos por parte dos seusantigos apoiantes dá razão aqueledito popular que “com amigos as-sim não é preciso inimigos” e con-firma que o PS local é um grande“saco de gatos”.É só isto que Partido Socialista deAzambuja tem para nos oferecer?PREFIRO OS MEUS GATOS.

Os gatos

António Godinho

Após um período de interreg-no, volto ao “convívio” dos

nossos estimados leitores, ver-sando mais um tema emergente,como habitualmente. Desta feita,vamos abordar a ALV, sigla quesignifica: Aprendizagem ao Lon-go da Vida. Entendo a ALV a par-tir de dois conceitos absoluta-mente básicos e que se articu-lam entre si; a) aprendizagem eb) vida. Porque naturalmente serefere à aprendizagem realizadapor toda a pessoa, desde o nas-cimento até à morte, em qual-quer idade e, em âmbitos for-mais, não formais e informais deaprendizagem, tais como: a famí-lia, a comunidade, o sistema es-colar, o grupo de pares, os meiosde informação/comunicação, osistema político, a participaçãosocial, a formação/informação notrabalho, a própria leitura e mes-mo a escrita, etc..Na minha perspetiva existemduas fases na ALV (Aprendiza-gem ao Longo da Vida):a) a que se verifica ao longo davida ativa (profissional);b) a que se verifica após a vidaativa (reforma).Para quem se encontra no mer-cado de trabalho, i.e., na vida ati-va, aprender é a única opção, jáque se trata de uma condição desobrevivência e desenvolvimentopessoal. A constante evoluçãotecnológica, os rápidos ciclos devida dos produtos e a transitorie-dade da relação laboral (mudan-ças frequentes entre carreirasprofissionais e funções), o au-mento da eficiência nos mecanis-mos de difusão da informação econhecimento, são fatores quetorna mandatório a formaçãocontínua. Sem esta, emergirá aestagnação e a obsolescência.

Consequentemente, a única viaé, a da formação e desenvolvi-mento pessoal e profissional,contínuos, como garante da em-pregabilidade. Daqui se infere,duas prerrogativas:1º. A aquisição de novos conhe-cimentos e capacidades, aumen-ta naturalmente, o valor do pro-fissional no mercado de trabalho,o seu poder de negociação con-tratual, a sua segurança e auto-confiança e, consequentemente,a sua empregabilidade. A forma-ção contínua deve ser transver-sal a todas as idades e profis-sões/funções;2º. Para as organizações (em-presas) e instituições, é umamais-valia, pois são igualmentebeneficiárias, devendo assumirque, a formação dos seus cola-boradores é um investimento enão um custo, dado os incremen-tos que se verificam nos índicesmotivacionais, satisfatoriais ecomportamentais emergentes,que vão contribuir de forma notó-ria para o desenvolvimento daspróprias organizações/institui-ções, através de mudanças orga-nizacionais, de um melhor climaorganizacional e mais proficiên-cia na solução dos problemas etambém no desenvolvimento denovos produtos (inovação), me-lhoria da produtividade, competi-tividade e empreendedorismocom reflexos na economia real. Também para aqueles que já nãose encontram na vida ativa pro-fissional (reformados), existemprogramas de Aprendizagem aoLogo da Vida (ALV) para senio-res, ministrados em Universida-des para a Terceira Idade, queteem como objetivo os seguintespressupostos: a) O envelhecimento ativo e sau-

dável com a realização de ativi-dades intelectualmente e social-mente estimulantes que melho-rem a qualidade de vida da po-pulação sénior, proporcionando-lhes o convívio, a socialização eaprendizagens, por forma a sen-tirem-se ainda úteis e capazesde interagirem em atividades só-cio-culturais;b) Garantir que os conhecimen-tos básicos ministrados sirvamde elemento aculturador, propor-cionando ao sénior, sem grandeesforço, uma melhor perceçãoentre realidades distintas (o pas-sado e o presente) que, se pre-tende, proporcionem um abrir dehorizontes nos seus conheci-mentos, quiçá, ainda muito úteisna sua interação social;c) Garantir que o modelo deaprendizagem que visa transmitirinformação, seja um modelo deeducação competencial (MariaG. L. C. Pinto, ALV, pág 42) ba-seado no conceito de “atualiza-ção do autoconhecimento que,visa uma melhor gestão da vidapessoal e social através da “rea-tualização dos conhecimentos” ea problematização do conheci-mento de acordo com os contex-tos;d) Obviamente o modelo deaprendizagem não é um modelode ensino escolar regular, i.e.,seguem, por consequência, osprincípios básicos do ensino nãoformal–competencial/participati-vo (segundo meu conceito). Nãodando lugar a avaliação nem cer-tificação das competências ad-quiridas. Naturalmente os alunosseniores não desejam ser avalia-dos porque já o foram ao longodas suas vidas e não pretendemcontinuar a sê-lo. Daqui o autordesta crónica inferir que se trata

de um modelo de ensino não for-mal-competencial/participativo(aquisição de conhecimento vi-sando melhores competênciascom a natural participação dosdiscentes (alunos), através dassuas vivências/experiências devida e profissionais);e) Garantir oferta educativa, amais abrangente possível, levan-do em linha de conta a envolven-te sócio cultural, por forma a pro-porcionar uma panóplia de op-ções educativas do agrado dapopulação-alvo (seniores). “O im-portante é saber, que é a própriapessoa quem aprende e que avida dessa pessoa muda com eatravés da aprendizagem, sejaqual for a idade em que seaprende”. Existem alguns mitos criados apropósito da pessoa idosa (MariaG. L. C. Pinto, ALV pág 54), a sa-ber:Mito 1 – “As pessoas mais ve-lhas não teem nada de válido

para dizer”;Mito 2 – “As Pessoas mais ve-lhas esquecem-se das coisas esão demasiado lentas paraaprenderem coisas novas”;Mito 3 – “As pessoas mais ve-lhas apresentam problemas demobilidade, veem mal são todassurdas”;Mito 4 – “As pessoas mais ve-lhas vivem no passado e nãogostam de mudar”;Mito 5 – “As pessoas mais ve-lhas não estão interessadas emaprender”Todos estes mitos, que não pas-sam disso mesmo, são facilmen-te “desmontáveis”. Contudo nãocabe nesta crónica a sua disse-cação, por exaustiva. Cumpre avós, leitores seniores, provardeso contrário, inscrevendo-vos naUTICA.Graças à meritória iniciativa daSanta Casa da Misericórdia deAzambuja e ao apoio da CâmaraMunicipal, a população sénior vai

ter no seu concelho a possibilida-de de frequentar as unidadescurriculares (disciplinas) que lhesaprouver, já no próximo ano leti-vo 2015/2016, na UTICA emAzambuja. UTICA, é um acrónimo que signi-fica: Universidade para a Tercei-ra Idade do Concelho de Azam-buja. À SANTA CASA e aos promoto-res da UTICA, os meus parabénspela iniciativa.Até à próxima crónica e boas lei-turas!

A “ALV” e a “UTICA”

Augusto Moita

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20 Colete Encarnado Valor Local

Acidade de Vila Franca de Xiraveste-se a preceito nos próxi-

mos dias 3, 4, e 5 de junho paramais uma edição do Colete Encar-nado. Esta que é a festa maior deVila Franca conta este ano comum ambicioso programa e com al-gumas novidades, numa ligaçãoestreita entre a tradição e a neces-sidade de inovação. Desde logo aabertura do novo posto de turismoda cidade. O novo espaço que ficará situadono antigo Café Central prometenão só trazer uma outra dinâmicaàquela artéria da cidade, como daruma nova vida ao antigo estabele-cimento que desde que foi recupe-rado pelo município já conheceudiversos concessionários.Nesta edição, o Colete Encarnadovolta a apostar nas tradições,mantendo o seu “carisma e tradi-ção tauromáquica”. A edição de2015 traz de novo a homenagemao campino, as esperas de toiros

nas ruas da Cidade, e os grandesconcertos. Destaque também paraa os momentos de fado e sevilha-nas como aperitivo para uma edi-ção recheada de “afición”. Maspara além de tudo, são também atertúlias que dão cor ao Colete En-carnado.Com 45 anos de vida, a Tertúlia“Companheiros do Balde” orgulha-se de ser a mais antiga de VilaFranca de Xira com uma atividadecontínua. José Batalha, o presi-dente desta que já é uma institui-ção importante, refere com orgu-lho todo o trabalho desempenhadopor si e pelos seus pares na pre-servação das tradições.Ao longo de 45 anos já foram mui-tos os elementos que passarampelos “Companheiros do Balde”,–“Um dia numa pescaria bebemospelo balde porque não havia co-pos e ninguém queria beber pelogarrafão”, explica José Batalha: osurgimento do nome. E salienta o

companheirismo vivido na altura eque ainda hoje se sente na tertúliamais antiga de Vila Franca de Xira.Aliás, foi esse mesmo almoço quedeu origem à tertúlia. Nesse almo-ço conversaram e um mês depoisa mesma estava erguida e a fun-cionar na cidade. José Batalha sa-lienta ao Valor Local que tem exis-tido uma renovação na associa-ção, vincando que já são várias asgerações de aficionados que têmassegurado a continuidade do es-paço.O futuro da tertúlia está por issogarantido, e vinca que Pedro Ba-talha, seu sobrinho, deverá pegarnas “rédeas” dos “Companheirosdo Balde” mais à frente, mas semprecisar alguma data.José Batalha é crítico quanto aoatual estado do Colete Encarnado.O presidente dos “Companheirosdo Balde” vinca a existência de al-gumas tradições que foram per-dendo importância no certame.

Entre as tradições perdidas, des-taca: “Quando os ranchos anda-vam pelas ruas, o comércio tam-bém era ajudado, vendiam-seumas águas e uns sumos, e erabom para a economia local”.José Batalha destaca tambémque, na sua opinião, a cidade temperdido apoiantes da “Festa Bra-va”. O responsável vinca que mui-tas pessoas já não são de VilaFranca porque a cidade se tornou

num dormitório, e isso pesa noque toca à afición da “Festa Bra-va”.Por outro lado, refere que as tertú-lias que apareceram nos últimosanos têm ajudado à festa. Os es-paços vão trabalhando ao longodo ano. “Não são é cinquenta e talcomo eles dizem, mas há uma dú-zia delas que funciona bem!”, refe-re José Batalha que vinca o em-preendedorismo das mesmas às

quais se juntam os “Companheirosdo Balde” que têm iniciativas ca-lendarizadas.É com orgulho que José Batalhadestaca que no primeiro sábadode cada mês os “Companheirosdo Balde” juntam-se para um al-moço mensal. É uma tradição quedecorre há 45 anos sem parar.“Temos sempre aqui muita gentenesse dia, inclusivamente amigosnossos”.

Oantigo matador de toiros Má-rio Coelho vai ser homena-

geado nesta edição do Colete En-carnado de Vila Franca de Xira. Omunicípio vai expor algum do es-pólio de Mário Coelho no Celeiroda Patriarcal, naquela que preten-de ser uma homenagem e umcontributo para dar a conhecer avida do “mestre” que encantoumultidões com os seus dotes detoureio e elevou bem alto o conce-lho de Vila Franca de Xira.Mário Coelho, ao Valor Local, sa-

lienta que se sente honrado com ahomenagem do município e desta-ca que este ano “completa 70 anosde toureiro profissional” e por issoesta homenagem que surge na se-quência da Semana da CulturaTauromáquica local vem na alturacerta.Por outro lado, o antigo matadorrefere que aos 79 anos de vida,esta homenagem deixa-o sensibi-lizado, sobretudo porque vai ter oseu espólio na “maior sala de visi-tas de Vila Franca de Xira”.

O antigo toureiro destaca que daspeças expostas, há objetos que oretratam a si, mas também outrostoureiros, e por isso “esta exposi-ção é boa para dar a conhecer atrajetória desses mesmos tourei-ros”, vincando que a mesma esta-rá exposta até ao dia 11 de outu-bro.Ao todo são cerca de 900 peças, etodas com um valor importante.Contudo para o antigo “matador”são as fotos dos seus pais quemais o comovem. “Tive a sorte de

ter uns pais com uma grandezafantástica, que me deram uma boaedução, o que é uma riqueza” epor isso “ver essas fotos nesta ex-posição é um grande orgulho, sãorecordações inolvidáveis da minhavida”, vincado que a mostra, con-templa vários aspetos da sua vidaprofissional até ao adeus às are-nas.Mário Coelho destaca, igualmente,as fotos das pessoas que o acom-panharam na profissão e na suavida pessoal. “Tenho muitas fotosde amigos”. Todavia e para alémda exposição, têm lugar alguns co-lóquios “taurinos” onde estarãopresentes “algumas personalida-des de Espanha, e por isso háuma grande expetativa”. Mário Coelho que tem um espólioinvejável considera que Vila Fran-ca merece mais que, apenas, asua casa museu. O antigo matadorrefere que o caminho terá de ser o

“Museu da Tauromaquia” que tei-ma em sair do papel.“Termos aqui apenas a Casa Mu-seu é pobre para a terra. Todos ostoureiros deveriam estar represen-tados, não só os de Vila Franca,mas também os de fora, que fize-

ram a história do nosso país”.Nesta exposição será apresentadoum rico e diversificado espólio pri-vado, entre trajes, fotos, troféus ecartazes, que documentam seisdécadas de glória, num percursofeito de fé, coragem e desafios.

Colete Encarnado entre a tradiçãoe a inovação

Homenagem a Mário Coelho

O toureiro considera uma prioridade oMuseu da Tauromaquia

José Batalha, tertuliano de Vila Franca

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21Valor Local Acisma

No dia 5 de Junho, por proposta da ACISMA, foi aprovado em sessão de Câmara um documento que podeconsiderar-se de alcance estratégico e de enorme relevância no futuro de médio e longo prazo do concelho

de Azambuja. Trata-se do protocolo de criação de um Gabinete de Apoio à Atividade Económica. A criaçãodeste Gabinete pode ajudar a resolver várias lacunas que, em termos de apoio à atividade económica e aosempresários, o concelho denotava. Desde logo permite, apesar da gestão executiva pertencer à ACISMA, ser– nos termos do protocolo – um instrumento ágil da própria Câmara Municipal na abordagem das reflexõesque vão sendo necessárias em virtude dos desafios da Agenda 2020, mas igualmente potenciar uma maioraproximação entre a autarquia e o tecido empresarial no campo das iniciativas em torno de objetivos concretos. Contudo, a criação deste GAAE vai, pretende ir, bastante mais longe. Na verdade ele surge para colmatar umaspeto em que o concelho de Azambuja tinha ficado para trás no cotejo com alguns dos concelhos limítrofesque já possuem estruturas semelhantes (embora, como veremos adiante, de alcance menos abrangente…) eigualmente para provocar uma maior reflexão sobre as nossas debilidades e sobre as nossas potencialidadesem termos do posicionamento económico-social compaginando tudo isso com a nossa competitividade numcontexto regional. Até à criação deste Gabinete as iniciativas de fundo sobre essas matérias foram sempre ca-suísticas e/ou sem continuidade (um exemplo disso foi a pouca relevância dada ao Plano Mateus, mandadoelaborar pelo anterior executivo camarário e que nunca foi discutido nos termos que merecia apesar de ter fi-

cado, nas suas conclusões, muito aquém daquilo que se pre-tendia…). E aqui não adianta apontar culpas… embora seja dereconhecer que a ACISMA – como já dissemos noutros fóruns– tem aqui especiais responsabilidades porque caber-lhe-iaprovocar essa discussão e não o fez por falta de recursos mastambém e sobretudo, por ter canalizado todos os escassosmeios disponíveis para a formação profissional com prejuízoda sua intervenção nessa área que deveria ser a sua principalfunção...! O caminho que passamos a trilhar é outro até porque os desa-fios colocados pelo novo Quadro Comunitário a isso obrigamse quisermos evitar que o concelho de Azambuja desperdicemais esta oportunidade. A análise resultante de um olhar atentosobre o nosso tecido empresarial não admite dúvidas... se ex-cluirmos algumas grandes empresas verificamos que estamosem presença de, fundamentalmente, micro e pequenas empre-sas com enormes dificuldades em aceder a um Quadro Comunitário exigente em termos da qualidade das can-didaturas apresentadas. Neste capítulo o GAAE surge com a pretensão de ser inovador: fazendo apelo e dandoprioridade a jovens técnicos de diferentes áreas do conhecimento que existem no concelho, o Gabinete pre-tende em matéria de apoios comunitários ou outros, ter uma atuação proativa identificando oportunidades, con-tactando as empresas ou empresários que no concelho tenham melhores condições e sensibilizando-os parapotenciais candidaturas colocando à sua disposição o conhecimento para tal e sobretudo, numa segunda fasedo projeto, o acompanhamento que se entenda necessário para assegurar o sucesso dos financiamentos ob-tidos, sendo, nesta vertente, verdadeiramente inovador em relação a outros gabinetes semelhantes. Um outro aspeto que merecerá atenção do GAAE, num horizonte temporal de médio prazo, será a constituiçãode um Conselho Consultivo em que terão assento a Câmara Municipal, personalidades de relevo em matériasocial, económica e politica e sobretudo empresas e empresários da região, para dar consistência estratégicanas opções económicas e sociais que o futuro não deixará de colocar ao nosso concelho. Este protocolo tem ainda características inovadoras nos mecanismos relacionais entre uma instituição da so-ciedade civil e a autarquia estabelecendo processos de total transparência a todos os níveis nessa relação emereceu, por isso, a aprovação unânime de todas as forças politicas.Tal como se disse nessa sessão camarária, a criação do GAAE não é, só por si, garantia de sucesso… mas asua não criação ou o seu fracasso será um insucesso que este concelho não pode dar-se, neste momento, aoluxo de consentir. Em nome do futuro!

GAAE - Uma decisão estratégica

EditorialValor Local, dois anos a crescer e a dar notícias

Fez dois anos no passado mês de abril que o projeto do Valor Local teve início. Na altura tínhamos a con-vicção de que ocuparíamos um espaço em aberto na nossa região e para tal foi vital a confiança da direção

da ACISMA (Associação comércio, Industria e Serviços do Município de Azambuja) nesta iniciativa de meiadúzia de pessoas.Passados dois anos, é notório que o Valor Local encontrou o seu caminho, que tem vindo a galvanizar-se comprecaução, pois os tempos não estão para aventuras descontroladas e todos devemos ter os pés bem assentesna terra na altura se de entrar por novos caminhos. Tem sido também esta a máxima deste jovem jornal, quetem tentado afirmar-se pela qualidade, e que modéstia à parte, se me permitem, tem conseguido.Todos os anos, o Valor Local tem dado provas do seu dinamismo, da sua criatividade e sobretudo da sua formade estar. Precisávamos de um projeto na região onde estamos inseridos que apostasse no jornalismo puro eduro, e foi isso que nos propusémos fazer. O nosso jornalismo tem sido um dos pontos chaves do nosso mo-desto sucesso. Tem sido igualmente fruto de muito trabalho, numa altura em que os “pseudo-investigadores-opinadores” do facebook dão sempre mais que falar, e tentam fazer mossa no jornalismo, obrigado a apresentarfactos e não mais do que isso. No Valor Local, acreditamos, e esse é o nosso compromisso que o jornalismo deve ser de proximidade e queas redes sociais devem e podem ser utilizadas como ferramentas apenas de pesquisa, e não substituem umaida ao terreno, bem como uma boa reportagem.É por isso que os nossos conteúdos são 98% próprios com reportagens no terreno e com uma vasta abran-gência. Todavia isso não significa que possamos estar em todo o lado, e talvez por isso a nossa seleção ésempre mais rigorosa, e tem-se em conta o peso da notícia e o interesse que tem para os nossos leitores es-palhados por sete concelhos.Feito o balanço, é importante referir que o Valor Local continuará a manter uma forte presença online. Com umjornal mensal é difícil dar noticias que aconteceram um mês antes, por isso apostámos no site, no qual as atua-lizações são diárias; e onde muitos dos nossos leitores já se habituaram a ir.Mas a nossa presença na internet não se fica por aqui, porque o Valor Local tem também a componente vídeocom a gravação de muitas das nossas entrevistas.Vem isto a propósito da nossa transmissão das largadas de toiros da Feira de Maio em direto no nosso site.Como azambujense, foi algo que quis fazer pela cultura da minha terra, mas como jornalista foi algo que quisfazer para dar a conhecer as nossas tradições ao mundo, por um lado, e por outro, dar um pouco de “Ribatejo”aos emigrantes espalhados pelo mundo e que por uma ou outra razão não puderam assistir a uma feira em-blemática.Esta transmissão foi um desafio superado em parte. Em parte porque as condições técnicas não permitirammelhor qualidade, e isso refletiu-se num trabalho onde a boa vontade prevaleceu, face ao amadorismo reco-nhecido por toda a equipa. Aliás este trabalho que teve o mérito de ser inovador só foi possível dado o incansável esforço do Nuno Vicente,do Pedro Fragoso e da Laura Costa. Pelas deficientes condições técnicas ficam apresentadas as nossas des-culpas, mas para o ano, se tudo correr bem, já estaremos em condições de fazer as transmissões de formadiferente. Este foi mais um “marco” na história deste jovem jornal. Um jornal que tem muito ainda a caminhar em todosos setores. Um jornal que só é possível graças a todos os parceiros, colaboradores e leitores, que são de restoa nossa razão de existência, porque sem leitores não há jornais, e o Valor Local sabe disso. A todos obrigado.

Miguel António Rodrigues

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22 Personalidades Valor Local

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23Valor Local Instantâneos

Ficha técnica:Valor Local jornal de informação regional Administração: Quinta da Mina 2050-273 AzambujaRedação: Travessa da Rainha, 6, Azambuja Telefones: 263 048 895 - 96 197 13 23 Correio eletrónico: [email protected] Site: www.valorlocal.pt Propriedade e editor: Associação Comércio e Indústria do Município de Azambuja (ACISMA);Quinta da Mina 2050-273 Azambuja. NIPC 502 648 724 Diretor: Miguel António Rodrigues CP 3351- [email protected] Colaboradores: Sílvia Agostinho CO-1198 [email protected], Vera Galamba CP 6781, José MachadoPereira, Daniel Claro, Rui Alves Veloso, Augusto Moita, Nuno Filipe Vicente [email protected], Laura Costa [email protected] Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida: [email protected] Fotografia: José JúlioCachado Publicidade: Eduardo Jorge Correio eletrónico: [email protected] Telefone: 932 446 322 Serviçosadministrativos: ACISMA N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, RuaCidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 5000 exemplares

Retratos da Nossa TerraJoaquim António … jardineiro

Um destes dias ao fim da tarde, JoaquimRamos cujo único hobbie conhecido até

ao momento era a pintura, foi “apanhado” pelafoto do Valor Local a praticar “jardinagem”num canteiro no largo da igreja, local de restoonde reside. À nossa reportagem salientouque há algum tempo que cuidava dos cantei-ros à sua porta e que lamentava que “algunsvândalos” se ocupassem a estragar as florespor si plantadas. Aliás Joaquim Ramos suspi-rou que só ele cuidava dos canteiros. Porqueterá suspirado?Terá Joaquim Ramos receio que a autarquia que já dirigiu se lembre de celebrar com ele um protocolo demanutenção de espaços verdes, deixando as juntas do município sem competências nesse setor?

Caldas o “Ranger” do Cartaxo

Paulo Caldas quase que se podeorgulhar de ter sido um verdadeiro

“ranger” do Cartaxo nos tempos emque foi presidente da Câmara Munici-pal. Aliás, Caldas ficou na históriacomo um dos presidentes que maismudou de “vice” e vereadores no de-curso de um mandato, marcado porverdadeiras “cavalgadas ou cavalariasaltas” que ainda hoje estão na memó-ria dos serviços financeiros da autar-quia. Mas este é um aspeto do qualPaulo Caldas se orgulha, pelo menosa avaliar pelo seu novo look agora jáassumido no seu facebook de “Ran-ger do Cartaxo” qual Chuck Norrisdescomprometido depois de dar “por-rada” em muita gente….

Terra VelhinhaMaria José Soares e NetosFoto de Vitória Coelho publicada por Vitória Coelho, 2/4/15Segundo Vitória Coelho “A Minha Querida Avó. Maria José Soares Nasceu em 25 Março 1886,e faleceuem 2 Abril de 1968.Ela era o meu porto seguro”Segundo Isabel Ancião “Lembro-me tão bem dela.”

Nos Campos de Azambuja há 60 AnosFoto de Fernanda Apolinário e publicação por Miguel Ouro, 15/3/15Segundo Miguel Ouro “ Nos Campos de Azambuja com a minha Tia Fernanda há 60 anos atrás.”Segundo Gabriel Ana “Minha mãe Maria Sequeira… Gosto Muito”Segundo Rosária Ouro “ Miguel está a tia Fernanda e o Tio Joel. Muito bonita esta foto.”Segundo Miguel Ouro “Ah pois está o Tio. Só agora vi…”Segundo José e Fernanda Mota “Qual é o Joel prima? Acho que também está a minha tia Felismina. Certo.”Segundo Rosária Ouro “ O meu irmão é o que está de boné acochado. A Felismina está na primeira fila.”Segundo José e Fernanda Mota “ Bem me parecia. Obrigada prima.”

Contributo da Família RodriguesFoto de Miguel António Rodrigues e publicação por Miguel António Rodrigues, 24/4/15Segundo Susana e David “No barco as minhas avós Lucinda Jorge e Manuela Malvar, Argentina e marido,tia Adelaide e marido, tios Deolinda, Augusta e tio Quim.”Segundo Tina Amador “És o filho da Maria Augusta? Se sim dá-lhe um grande beijinho da minha parte!”Segundo Susana e David “ Não, sou o Neto da Lucinda e da Manuela…. Mas faço chegar o seu beijo à minhatia augusta.”Segundo Teresa Saraiva “ A minha avó está ali.”

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