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DO NOSSO AGRUPAMENTO Edição: Equipas das Bibliotecas Escolares Ano letivo 2012-2013 Dezembro Nº 7 E S Atividades das Bibliotecas Escolares (ver pág. 8 -9) À conversa com o ator José Ramalho (ver pág. 6 e 7) Camilo Castelo Branco Um dos escritores que melhor soube passar para a sua produção literária as condições da existência em que viveu. (ver pág. 3) Crianças-prodígio nas artes e talentos artísticos: os aprendizes de Prometeu Todas as crianças em idade Pré-escolar adoram desenhar e pintar, exprimindo livremente sensações e estados de espírito através do traço e da cor, sem qualquer intuito comunicativo. (ver pág. 5) Agrupamento em ação (ver pág. 10 -12) Leituras: conto e poesias (ver pág. 13 e 14) A tradição oral - Os Provérbios e o Espaço Rural (ver pág. 5)

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Page 1: Jornal Vivências

DO NOSSO AGRUPAMENTO

Edição: Equipas das Bibliotecas Escolares

Ano letivo 2012-2013

Dezembro

Nº 7

E S

Atividades das Bibliotecas Escolares(ver pág. 8 -9)

À conversa com o ator José Ramalho

(ver pág. 6 e 7)

Camilo Castelo Branco

Um dos escritores que melhor soube passar para a sua produção literária as condições da existência em que viveu.

(ver pág. 3)

Crianças-prodígio nas artes e talentos

artísticos: os aprendizes de Prometeu

Todas as crianças em idade Pré-escolar adoram desenhar e pintar, exprimindo livremente sensações e estados de espírito através do traço e da cor, sem qualquer intuito comunicativo.

(ver pág. 5)

Agrupamento em ação

(ver pág. 10 -12)

Leituras: conto e poesias

(ver pág. 13 e 14)

A tradição oral - Os Provérbios e o Espaço Rural

(ver pág. 5)

Page 2: Jornal Vivências

Ficha Técnica

Responsáveis: Equipa das Bibliotecas Escolares

Composição de textos: Comunidade

Fotografia: Comunidade

Email: [email protected]

Web: http://www.aeseia.pt

Recolha de textos e organização: Isaura Almeida, Liliana Melo, Lurdes Alcafache e Manuela Silva

Montagem e fotocomposição: Manuela Silva

Apoio técnico: Luís Pinto

Revisão de textos: Orlanda Moreira, Isaura Almeida, Isaura Bernardo e Lurdes Alcafache

Tiragem: 500 exemplares

Impressão: Tipografia Central Rua Cesário Verde, nº1 Zona Industrial 2 3530-140 Mangualde

Editorial

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A “Máquina de Sonhar” – exposição de pintura de

Sérgio Reis na Casa da Cultura de Seia

De 6 de outubro a 15 de novembro, decorreu na Casa Municipal da Cultura de Seia, uma exposição de pintura de Sérgio Reis, professor de Artes Visuais do Agrupamento de Escolas de Seia e artista plástico com um longo e diversificado currículo artístico. Expõe individualmente desde 1987 e participou em diversas exposições coletivas em Portugal e no estrangeiro. Em 2009, recebeu o Prémio de Pintura da Agirarte/12 e, em 2010, o 1º Prémio de Pintura da I Bienal de Artes Plásticas de Penedono.

Intitulada “A Máquina de Sonhar” e Integrada na programação do CineEco 2012, a exposição evocava desde logo o cinema, afinal uma “máquina de fazer sonhar”, mas também a Arte em geral, que promove e estimula a capacidade de cada um ir além da realidade imediata e palpável para entrar, tal como Alice, num mundo paralelo de maravilhas inesperadas e desafiantes. O título da exposição foi inspirado pelo revolucionário projeto de Stephen LaBerge e por uma frase dos diálogos do filme Titanic. “Parece que estamos dentro de um sonho” foi o comentário assombrado de Rose (Kate Winslet) à obra de Picasso, no conhecido filme de James Cameron. O sonho foi uma obsessão dos surrealistas, que valorizavam o papel do inconsciente na atividade criativa, e o fundador do movimento perguntava abertamente no “Manifesto do Surrealismo” de 1924: "Não pode o sonho ser aplicado também na solução de problemas fundamentais da vida?". Há poucos anos, LaBerge inventou uma “máquina de sonhar” e publicou em 2004 um livro intitulado “O sonho lúcido: um guia conciso para acordar nos seus sonhos e na sua vida”. Juntando estes ingredientes chegou-se à ideia e ao título da mostra, que inspiraram a pintura "A Máquina de Sonhar" (90 X 155 cm), realizada expressamente para a exposição. Outra peça importante, com 9 metros de comprimento e apenas 20 centímetros de largura, era uma sequência de telas intitulada "Per.Cursos", uma espécie de "filme pintado". A exposição reunia outras obras recentes, como "Cada Dia a Cada Um a Liberdade", "A Máscara Amarela", "A Figura Pássaro e a Pomba Negra", "Aquarius" ou "O Caçador de Sonhos".

“A pintura de Sérgio Reis possui vários aspetos distintivos, ao nível da forma e do conteúdo: o diálogo entre desenho e pintura, que convivem sem artifícios nas suas obras; predomínio das formas e cores planas, reduzindo a complexidade da forma à sua verdade essencial; utilização efusiva da cor, explorando os seus significados mais complexos e ocultos; predominância de conteúdos poéticos; o anonimato dos rostos, vazios, “desenhados pela ausência e pela distância, suficientemente transparentes para cabermos quase todos neles, para nos revermos uns aos outros em todos nós” (1). Trata-se de uma pintura pensada, uma estética refletida, não para exprimir o lado visível da realidade exterior mas sim o que ela inspira e produz no interior do indivíduo. E aí o artista aparece como o filtro interpretante e organizador do turbilhão de sensações por ele experienciadas e vividas, mas também como testemunha das transformações que marcam o seu tempo e redirecionam continuamente o futuro da humanidade”(2).

Notas:(1)-Texto de apresentação da exposição “Esta Gente”, Pintura de Sérgio Reis - Museu Serpa Pinto, Cinfães, abril 2011.(2)-Texto de apresentação da exposição “A Máquina de Sonhar”, da autoria de Rui Tavares.

Redes sociais

Nas redes sociais, a mensagem quase se reduz a fotos que cada um coloca na sua página. Todos veem as fotos que cada um publica, mas ninguém sabe quem está realmente “por detrás do ecrã”. Esta possibilidade pode abrir portas às mentes mais perversas.

Ao que já se tem noticiado, infelizmente, as redes sociais tornaram-se na nova ferramenta de pedófilos e violadores. Muitos jovens gostam de conhecer outras pessoas através de redes sociais e acabam por descobrir da pior forma que essas pessoas não têm nada a ver com aquilo que pensaram que eram, pois as fotos que delas recebem nem sempre correspondem à realidade.

E nem sempre o problema tem a ver com pedofilia, mas simplesmente com o facto de que cada um pode criar uma imagem bastante falsa da sua personalidade em que todos facilmente acreditam. Por exemplo, uma pessoa pode escrever e publicar algo sobre “a importância do amor”, como ele faz falta nas vidas humanas (e não só!)… e quem for ler cria uma imagem positiva dessa pessoa baseada apenas na publicação que fez. Contudo, essa pessoa pode muito bem ser desumana e gostar de ridicularizar outras pessoas. Este é um mero exemplo para nos alertar a não confiar simplesmente em quem escreve nas redes sociais… Nunca se sabe… !!!

Mas outro problema que esta nova forma de comunicar trouxe foi a modificação do conceito de socialização. Devido às redes sociais, o conceito de “popularidade” mudou. Hoje em dia, uma pessoa pode ter muitos amigos, sair à noite, relacionar-se facilmente com outros, mas se não tiver uma página na rede social ou, mesmo tendo uma, mas com poucas fotos, ou poucos comentários, ou poucos “gostos”, é vista como alguém pouco social. Pelo contrário, se alguém passa a vida fechado em casa, quase sem ver gente, mas tem uma página muito visitada, então já é considerado como muito sociável. É paradoxal! O problema é que muitas pessoas não percebem que para muitos comentários, “gostos” ou visitas a uma página, basta pedir a outras pessoas que o façam, ou então, basta fazer uma espécie de publicidade à página. É que para se relacionar fisicamente com as pessoas é preciso ser-se simpático, relacionar-se com amigos, é preciso fazê-los, e isto dá muito trabalho e nem todos têm capacidade para o fazer. Basicamente é preciso ter uma “boa” e verdadeira personalidade e não apenas saber fazer pose para fotos e dizer “umas coisas” sem mostrar a expressão facial. A coragem dá lugar à cobardia. É mais fácil por “trás do ecrã”, onde a exposição é só parcial, quando não é mesmo total e falsa.

Mas as redes sociais também têm coisas boas. Graças a elas o fenómeno da “globalização” tem vindo a crescer. Graças às redes sociais, o mundo está ligado e a partilhar ideias e maneiras de pensar, acabando, talvez, por fazer com que diminuam diferenças sociais e culturais entre os seres humanos de diferentes lugares do planeta, levando à união e compreensão entre as pessoas, o que basicamente faltou desde sempre e que levou a tantas guerras. Por isso, acho que a internet, e em particular as redes sociais, podem, no futuro, acabar com as diferenças e conflitos entre os seres humanos. Evidentemente que, acima das vontades das redes sociais, tudo dependerá da vontade do Homem.

Miguel Carmelo, 11ºC, n.º 15

Reiniciamos mais um encontro com os nossos leitores. Eis a primeira de três das edições do jornal “Vivências”, que pretendemos relançar neste ano letivo. Mais uma vez, os diferentes atores acederam ao desafio e, de forma simples e natural, foi-se preenchendo com a organização de textos e imagens provenientes da comunidade educativa.

Deste modo, promovendo a iniciativa e a interação, pretende-se fomentar a leitura e a escrita, potenciar o imaginário, a criatividade, divulgar/expôr muito daquilo que é feito. Assim estimulam-se talentos, capacidades e cada um tem um espaço aberto para manifestar o que pensa, faz e sonha concretizar.

Consideramos que a tiragem desta jornal assenta numa triologia do três porque a família, escola / comunidade pode intervir em três momentos distintos - primeiro, segundo e terceiro períodos, lendo, informando e formando. Ontem, hoje e amanhã estão interligados e são presentes/dávidas que se recebermos devemos preservar. Caberá ao leitor decifrar as mensagens que recebe.

Que vivamos todos juntos esta época, de forma solidária, animada e confiante.

Sejamos pequeninas estrelas em contínuo cintilar….

A equipa

Portugal no CoraçãoPortugal ai meu amorCoração nesta minha canção

Portugal foi a razãoBate bate coraçãoporque um dia morreu meu irmãopara termos a vida melhorMas também é coração

A bater nesta cançãoPortugal ai meu amorCoração nesta minha cançãoNão sei bem de quem eu nasci

não descobri nem pai nem mãeBate bate coraçãoSó sei que já nasci aquipara haver vida melhore foi aqui que eu fui alguémBate bate coraçãopara haver vida melhorPortugal foi a razão

porque um dia morreu meu irmãoGeminiMas também é coração

a bater nesta canção

Digo tudo quanto eu souserei criança ou malmequerTenho apenas o que eu douneste lugar que ninguém quer

Neste país onde eu estouserei tudo quanto eu fizerEste povo a que me dounão é homem nem mulher

Portugal é querer dar a mãosermos amigos termos pãoPortugal é ter a vontadede acabar com a saudade

Portugal já tem idadepara o povo entender liberdadePortugal é uma naçãoonde vive o meu irmão

Page 3: Jornal Vivências

EM DESTAQUE

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CAMILO CASTELO BRANCO

Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco Novas”, era casada, mãe de três filhos e a causa da no dia 1 de junho de 1890, às cinco horas da tarde. nasceu em Lisboa a 16 de março de 1825, na referida tentativa de suicídio e da entrada no Poucos anos antes, tinha-lhe sido atribuído o título de freguesia dos Mártires, num prédio da Rua da Rosa. Seminário; seguiu-se a freira Isabel Cândida e logo visconde (1885) e legalizara o seu casamento Filho de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco e depois uma costureirinha do Candal. Depois de se ter (1888).de Jacinta Rosa do Espírito Santo Ferreira foi prendido a amores vários, mas todos mais ou menos A vasta obra literária do polígrafo chegou até baptizado na Igreja dos Mártires a 14 de Abril de efémeros, conheceu num baile da Assembleia nós em centenas de volumes, cultivando os mais 1825. Camilo foi registado como filho de mãe Portuense (1851), a sua “mulher fatal” – Ana Augusta diversos géneros: poesia, teatro, romance, o conto, incógnita, pelo que se diz, porque Plácido, com dezanove anos e crítica literária, investigação histórico-genealógica, o seu pai e a sua avó não queriam noiva do negociante brasileiro polémica, jornalismo. Nela, por querer ou sem que o nome Castelo Branco Manuel Pinheiro Alves. Já querer, deixou marcas da sua atribulada existência. estivesse envolvido com alguém c a s a d a , A n a P l á c i d o Os seus pais não eram casados e a bastardia fez com de tão humilde condição. Órfão abandona o lar e foge com que, a todo custo, quisesse reabilitar-se, povoando de mãe aos dois anos e de pai C a m i l o p a r a L i s b o a . as suas novelas com filhos naturais. O ter sido aos dez, praticamente não A perseguição judiciária de bastardo e o ter ficado privado de carinho muito novo conheceu os carinhos maternos que são alvo, na sequência pelos pais, explicam o mundo das suas personagens e a influência do pai na sua vida desta fuga, força-os a andar de e muitas das páginas das suas novelas. Viveu deve ter sido quase nula. Nesta terra em terra pelo norte do amores contrariados, alguns casamentos por situação vai viver com uma tia país. Camilo, por causa desta interesse, facto que o terá levado a martirizar as paterna, residente em Vila Real, senhora, sofre uma violenta personagens das suas novelas com estas situações. de nome Rita Emília Veiga de crise sentimental, para a qual Experimentou a pobreza, as dívidas, pelo que se viu Castelo Branco. A viagem para tenta desesperadamente obrigado a escrever à linha, por encomenda de Trás-os-Montes, de barco, várias subterfúgios. O afinco livreiros e ao sabor do público de gosto folhetinesco. revelou-se muito atormentada, com que se atirou ao trabalho Por necessidade de lucro imediato, muito mais do pois uma tempestade não literário foi um deles. Nesta que por inspiração produziu literatura, repisando permitiu que o navio acostasse época escreve e publica de temas e não trabalhando como seria necessário a ao Porto e foi desembarcar a afogadilho: “Anátema” (1851) estrutura romanesca de muitas novelas. Conviveu Vigo. De caminho para casa da a sua primeira novela extensa, muito com gente rude da aldeia, observou o viver de tia deslumbrou-se com as “Mistérios de Lisboa” (três fidalgos/burguesia do Porto, conheceu ricos belezas do Bom Jesus do Monte, volumes-1854), “Livro negro brasileiros de torna-viagem e barões importantes e em Braga e com a paisagem do Padre Dinis” (1855), “A isto explica, em boa parte, o modo como os satirizou minhota. Filha do Arcediaggo” (1855), na sua obra. Foi um dos escritores que melhor soube

Volvidos quatro anos, “A Neta do Arcediago” (1856), passar para a sua produção literária as condições da aos catorze de idade, abandonou “Onde Está a Felicidade” e existência em que viveu, facto que levou Alberto Vila Real e foi viver, em Vilarinho “Um Homem de Brios” (ambos Pimentel a conseguir reconstituir a vida de Camilo da Samardã, com uma irmã mais e m 1 8 5 6 ) , “ C e n a s em “O Romance do Romancista”, compilando frases velha do que ele quatro anos e recém- casada com Contemporâneas” (1855-1856), “Cenas da Foz” recolhidas através da sua obra.um médico. Foi aí que se familiarizou com a vida ao ar (1857), “Carlota Ângela” e “O Que Fazem as Comemoram-se, este ano, 150 anos da livre: a serra, os lavradores, as caçadas às perdizes e Mulheres” (1859). O nome de Camilo Castelo Branco publicação do “Amor de Perdição “em 1862, escrito ao lobo… e foi aí, também, que graças às lições do ia-se consagrando. Porém não demorou muito a que na cadeia da Relação do Porto em “quinze dias – Padre António de Azevedo, pároco da freguesia, Pinheiro Alves instaurasse um processo aos disse – os mais atormentados da minha vida”.aprendeu latim, francês, religião e tomou contacto adúlteros que em 1859 A propósito desta comemoração com muitas produções da nossa literatura clássica. viviam em Lisboa. Ambos escreve Vasco Graça Moura: “Há

Com apenas 16 anos, casa-se com Joaquina foram parar à cadeia da várias entidades envolvidas num Pereira de França, filha de lavradores, camponesa Relação do Porto, já programa multidisciplinar: a Casa de do lugar de Friúme, mais nova que ele um ano. conhecida de Camilo. Aí, Camilo em S. Miguel de Seide e a Passados apenas dois anos, abandona aquela terra, permaneceu 364 dias que Câmara Municipal de Famalicão, a a mulher e uma filha nascida entretanto. Esta foram aproveitados para Câmara Municipal do Porto, o Plano situação ficou a dever-se a uns versos satíricos que escrever a sua mais Nacional de Leitura, a Faculdade de escreveu contra uns noivos na porta da igreja da conhecida novela de amor Letras de Lisboa, a Universidade freguesia. A sua volubilidade depressa a substituiria: “Amor de Perdição” e Fernando Pessoa, o Centro Cultural outra transmontana cruzou com ele, logo a seguir- a também “O Romance de de Belém, o Centro Nacional de Maria do Adro. Por causa deste amor, teve de deixar Um Homem Rico” e parte Cultura, escolas do secundário, Trás-os-Montes à pressa e fugir para Lisboa (1842), de “Doze Casamentos a lguma comun icação soc ia l onde esteve cerca de sete meses Felizes”. Sairão julgados e incluindo o DN, uma série de

Em outubro de 1843, matriculou-se na absolvidos da prisão em especialistas e de não especialistas, Escola Politécnica do Porto, frequentando, ao 1861. gente do cinema, da música e das mesmo tempo, aulas de anatomia. Também, por esta Dois anos depois, artes plásticas, etc., etc.altura, estreia-se nas letras com os poemetos morre Pinheiro Alves e em Um dos objetivos evidentes de tais satíricos «Os Pundonores Desagravados», «O Juízo 1864 vão viver para S. celebrações é o de interessar os Final» e «Sonho do Inferno» (1845). Abandona o Miguel de Ceide, residência jovens nos grandes nomes da nossa curso de Medicina e opta por, em Coimbra, cursar que aquele legara, por literatura, reabilitando a relação da Direito, mas, também aqui, sem qualquer resultado morte, a um filho seu e da, escola com os clássicos e com o que prático. Abandonados os estudos, regressa a a g o r a , m u l h e r d o eles significam para a cultura e para Vilarinho da Samardã (1846). Entretanto, morrem a romancista. Aqui passou, a língua portuguesa, despertando a mulher e a filha (1847). Pouco antes de enviuvar, neste lugar sossegado de aldeia, grande parte da atenção para a sua obra e tornando mais estimulante conhece Patrícia Emília, de vinte anos, órfã, natural sua atribulada vida e também aqui escreveu muitas o contacto com ela (…).”de Vila Real, com quem foge. Depois de a ter raptado, das suas cento e cinquenta obras, algumas das quais foi preso no Porto e passou onze dias na cadeia da obras- primas: “A Queda de Um Anjo” (1866), “O Bibliografia consultada:

Borregana, António Afonso. – O Texto em Análise, Romantismo-Relação do Norte (12 a 23 de outubro de 1846). Retrato de Ricardina” (1868), “O Regicida” (1874), 1984.Desses amores nasceu-lhe uma filha. “ N o v e l a s d o M inho” (três volumes-1875-77), Barreiros, António José – História da Literatura Portuguesa. 2º

Faz uma vida de boémia repleta de paixões, “Eusébio Macário” (1879), “Corja” (1880), “A volume. Séculos XIX-XX. 9ª edição.repartindo o seu tempo entre os cafés e os salões Brasileira de Prazins” (1883)… . Em S. Miguel de Bragança, António – Literatura Portuguesa. 1º volume.

Saraiva, António José; Lopes, Óscar – História da Literatura burgueses e dedicando-se entretanto ao jornalismo. Ceide recebeu correspondência e a visita amiga dos Portuguesa. Porto Editora.Em 1847, encontramo-lo no Governo Civil de Vila admiradores, contando-se entre estes, insígnes Verbo, Enciclopédia – Luso Brasileira de Cultura. Edição séc.XXI.

Real como amanuense, onde permaneceu um ano. homens de letras como António Feliciano de Castilho 5º volume.No ano seguinte, está no Porto, a trabalhar em e José Maria Eça de Queirós. Sofreu desgostos de grandmonde.blogspot.com/.../comemoracoes-dos-150-anos-da-

publicação do Amor de Perdição.jornalismo, quase a tempo inteiro. Após uma tentativa toda a ordem e talvez privações. A cegueira de Branco, Camilo Castelo – Wikipédia, enciclopédia livre. [consulta de suicídio, matricula-se no Seminário, projeto que, origem siflítica que, segundo estudos recentes, foi 20 novembro 2012].

rapidamente, abandona para continuar a vida de precipitada pelo indevido uso da terapêutica namorador incorrigível. O seu caráter instável, arsenical, as faltas de dinheiro, a notícia da morte de irrequieto e irreverente continua a arrastá-lo para pessoas íntimas (nora, neta…), o desgosto de ter um

Rosa Isabel Martinsamores tumultuosos: dona Maria da Felicidade do filho louco e outro estroina, o trabalho, as insónias Couto Browe, poetisa conhecida por soror Dolores e foram enchendo a sua velhice de tédio e desespero. a quem dedicou o Drama “O Marquês de Torres Pôs termo à vida desfechando um revólver na cabeça

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OPINIÃO

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de alegria, atenua a hostilidade e a agressão. O riso recuperação é mais rápida e eficaz, “rir é um bom Quando foi a última vez que riu?desarma as pessoas, cria uma ponte entre elas e remédio” e “o remédio mais simples e ao alcance de facilita o comportamento amigável. O riso é um dos todos é o choro e o riso, mas só quem chora de

Todos sabemos que o riso é universal no ser melhores instrumentos de aproximação. verdade sabe rir com vontade”. O riso será a alma do humano. Todos sabemos, também, que é das coisas Entender o riso é também entender as nosso corpo? Sócrates dizia a este propósito ”como mais comuns realizadas pelo Homem. Rimos pelas nossas raízes sociais, biológicas e aprimorar as não é certo curar os olhos sem a cabeça, nem a situações mais diversas e nem nos apercebemos, nossas relações sociais. Então, a função do riso será cabeça sem corpo, também não é justo curar o corpo porque raramente controlamos, conscientemente, o a de comunicar. O riso será uma mensagem que sem a alma”.nosso riso. Evidências apontam enviamos às pessoas desafiando- Assim, o riso e o choro andam de mãos que o riso possui uma base inata as para brincar, ligando-nos a elas, dadas. Mais que não seja quando rimos até chorar. e que até os antropoides abrem fazendo-as felizes, mostrando-lhes Sabe bem, faz-nos bem, sentimo-nos libertos das a boca, retraem os cantos da que somos pacíficos. O riso nossas agonias, ansiedades e olhamos para elas de boca e mostram os dentes. promove, assim, efeitos positivos outra forma, mais otimistas e mais assertivos. Então o riso não será típico do nos nossos contactos sociais e O humor beneficia o corpo e também o espírito, “por Homem. O certo, é que o riso é controla os nossos subordinados: isso…ri…ri sozinho, ri acompanhado, ri na rua, ri de contagioso e provoca riso nos se o chefe ri, nós rimos com ele e manhã, ri à noite, mas ri e serás mais feliz e demais, mesmo que a situação nem nos apercebemos que nos vai proporcionarás aos que te rodeiam mais felicidade. não seja a mais divertida. Será, controlando pelo riso. por isso, que temos a tendência Há estudos que mostram Lucília Figueiredode rir “ até cair” quando alguém que as mulheres riem mais, em sofre uma queda? É certo que o situação de conferências ou -“O riso é a trombeta da loucura”, Axel Oxenstiersriso atenua a dor, o stresse, a palestras, quando o palestrante é do ansiedade, relaxa a tensão sexo masculino. Há uma maior -“Um dia sem riso é um dia desperdiçado”, Charles muscular, reforça a imunidade, cumplicidade ou um certo controlo Chaplinativa o sistema cardiovascular, liberta endorfinas que inconsciente? reduzem a sensibilidade à dor e promovem as Assim, poder-se-á concluir que precisamos -“Conhecemos um homem pelo seu riso, na primeira sensações de prazer e de bem estar. Mas, será que, do riso para interagirmos como indivíduos, como vez que o encontramos se ele ri de maneira inconscientemente, perante a queda, que nem grupo social no qual nos inserimos e também para agradável, o íntimo é excelente , Fiodor Dostoievskiprecisa de ser aparatosa, o ser humano, aliviarmos tensões sociais do quotidiano?inconscientemente coloca tudo isto em prática? Por sua vez, no âmbito da medicina, os -“O riso é como o sol, afugenta o inverno do rosto

Então, por que rimos nós, afinal? técnicos referem que quando o paciente aceita o seu humano”, Victor HugoO riso é bem mais que uma mera satisfação estado clínico e que consegue fazer humor com ele, a

If we sell you our land, you must remember that it is when the buffalo are all slaughtered? The wild horses Chief Seattle's Letter To Allsacred. Each glossy reflection in the clear waters of tamed? What will happen when the secret corners of the lakes tells of events and memories in the life of my the forest are heavy with the scent of many men and

THE PEOPLEpeople. The water's murmur is the voice of my father's the view of the ripe hills is blotted with talking wires?

Chief Seattle, Chief of the Suquamish Indians father. Where will the thicket be? Gone! Where will the eagle

allegedly wrote to the American Government in the The rivers are our brothers. They quench our thirst. be? Gone! And what is to say goodbye to the swift

1800's - In this letter he gave the most profound They carry our canoes and feed our children. So you pony and then hunt? The end of living and the

understanding of God in all Things. Here is his letter, must give the rivers the kindness that you would give beginning of survival.

which should be instilled in the hearts and minds of any brother. When the last red man has vanished with this

every parent and child in all the Nations of the World:If we sell you our land, remember that the air is wilderness, and his memory is only the shadow of a

CHIEF SEATTLE'S LETTERprecious to us, that the air shares its spirit with all the cloud moving across the prairie, will these shores and

"The President in Washington sends word that he life that it supports. The wind that gave our forests still be here? Will there be any of the spirit of

wishes to buy our land. But how can you buy or sell grandfather his first breath also received his last sigh. my people left?

the sky? the land? The idea is strange to us. If we do The wind also gives our children the spirit of life. So if We love this earth as a newborn loves its mother's

not own the freshness of the air and the sparkle of the we sell our land, you must keep it apart and sacred, as heartbeat. So, if we sell you our land, love it as we

water, how can you buy them?a place where man can go to taste the wind that is have loved it. Care for it, as we have cared for it. Hold

Every part of the earth is sacred to my people. Every sweetened by the meadow flowers. in your mind the memory of the land as it is when you

shining pine needle, every sandy shore, every mist in Will you teach your children what we have taught our receive it. Preserve the land for all children, and love

the dark woods, every meadow, every humming children? That the earth is our mother? What befalls it, as God loves us.

insect. All are holy in the memory and experience of the earth befalls all the sons of the earth. As we are part of the land, you too are part of the land.

my people.This we know: the earth does not belong to man, man This earth is precious to us. It is also precious to you.

We know the sap which courses through the trees as belongs to the earth. All things are connected like the One thing we know - there is only one God. No man,

we know the blood that courses through our veins. blood that unites us all. Man did not weave the web of be he Red man or White man, can be apart. We ARE

We are part of the earth and it is part of us. The life, he is merely a strand in it. Whatever he does to all brothers after all."

perfumed flowers are our sisters. The bear, the deer, the web, he does to himself. "Thus Spoke Chief Seattle: The Story of An

the great eagle, these are our brothers. The rocky One thing we know: our God is also your God. The Undocumented Speech»

crests, the dew in the meadow, the body heat of the earth is precious to him and to harm the earth is to By Jerry L. Clark, National Archives and Records

pony, and man all belong to the same family.heap contempt on its creator. Administration.

The shining water that moves in the streams and Your destiny is a mystery to us. What will happen

rivers is not just water, but the blood of our ancestors.

experiência própria uma vez que já observei imensas que afirma que devemos viver a nossa vida e explorar A mãe naturezacoisas na natureza. Passo a explicitar: os recursos naturais sem comprometer as gerações

É ponto assente na disciplina de Geologia futuras.A forma como fui educado leva-me a

que o presente é a chave do passado, isto é, devemos Isto remete-me para um caso mais particular. concordar com o escritor alemão Johann Wolfgang

interpretar o passado com os conhecimentos que Eu revejo-me em tudo o que disse, pois quero que os Goethe, quando diz que “A natureza é o único livro

hoje temos. A evolução gradual dos acontecimentos meus filhos vejam as magníficas relações que há que oferece um / conteúdo valioso em todas as suas

permite tal afirmação. Uma vez que muitas das entre os animais, como eles se assemelham a nós, os folhas”. A natureza é a nossa mais antiga Mãe, com

provas ainda se encontram preservadas na Natureza, cuidados que se devem ter com as plantas, como se um valor inestimável para a humanidade. Tudo o que

é mais que nossa função, é dever preservar tal degradam as coisas, como voltam a florir. Enfim, vemos, sentimos, cheiramos e vivemos resultou dum

elemento, para que gerações futuras possam como Goethe disse, a natureza é como um livro amplo e complexo processo evolutivo da natureza.

aprender e vivê-la como nós a vivemos. Ora, isto aberto, pois podia encher imensas folhas a descrever Em consequência deste facto, é possível observar

aplica-se apenas se cada um de nós, cidadãos, somente o que já nela e com ela aprendi.muitas provas de tal magnífico acontecimento,

cumprir as normas do desenvolvimento sustentável, simplesmente vagueando. Como é natural, falo por Sebastião Fernandes, 12ºB, n.º 24

treat it as if they own it. People pollute it; people use it exist at the same time. It may not look like so, but Comment on Chief Seattle’s in an improper way and keep on destroying it. If we everything is connected in a certain way and that’s why

speech pay attention, we’ll realize that we are the ones that Chief Seattle says and I quote: “All things are connected belong to Earth. Everything we do, everything we eat like the blood that unites us all”.and everything we see is all thanks to Earth, and its Thanks to that, we should start preserving our I agree with Chief Seattle’s speech because resources and we should preserve it, instead of planet in a more effective way and try to solve most of the it is true that Earth does not belong to Man, but Man helping its destruction. problems that affect it. Otherwise, if things go on like they belongs to the Earth.

Everything in our planet is linked by have been going, in a nearby future there will be no The Earth was created long before Man, something, because everything that exists and that human life on Planet Earth.and despite being mostly inhabited by humans, that inhabits this planet is connected to other things that fact doesn’t make it ours. However, human beings

Ana Rita Nunes, 11C

Page 5: Jornal Vivências

OPINIÃO

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carreira artística para se dedicar à educação do filho. aprendizagem técnica, como aprendizes e depois Crianças-prodígio nas artes e Aos 9 anos, Mozart já compunha sinfonias e, aos 15, ajudantes e companheiros do mestre, até se acharem

talentos artísticos: os aprendizes era autor de uma vasta obra musical reconhecida capazes de lhe apresentar a exame a sua primeira internacionalmente. Aos 11 anos, Picasso foi admitido obra, a “obra-prima”, na qual colocavam todo o seu de Prometeuna escola de artes de La Coruña. Com 15 anos, saber. A aprovação do mestre dava-lhes direito a recebeu uma menção honrosa na exposição nacional usarem igual título e de montarem oficina própria.

Em diversos momentos das aulas de Educação Leonardo da Vinci, por exemplo, passou a aprendiz

Visual, falando-se das finalidades da disciplina, aos 17 anos, mas o seu trabalho revelou-se tão

abordando as técnicas de expressão ou a natureza e aprimorado que se tornou mestre aos 20. Rembrant,

contexto da obra de arte, o nono filho de um moleiro abastado, mostrava tal

s u r g e a q u e s t ã o d a inclinação para a pintura em criança que entrou

habilidade para o desenho e, imediatamente como aprendiz na oficina de um

por arrastamento, do talento famoso pintor do seu tempo.

artístico, da aprendizagem e No século XVI, quando a pintura e a escultura já

treino das técnicas, da detinham o estatuto de artes liberais e eram

infância e juventude dos consideradas uma atividade intelectual, concluiu-se

artistas famosos. O tema que a aprendizagem das técnicas não era suficiente e

agrada aos alunos. Muitos criaram-se as Academias, que recebiam sobretudo

deles já ouviram falar de os filhos dos nobres e fidalgos, mas também os seus

crianças especialmente protegidos – como foi o caso do grande pintor

dotadas para as artes, de senense Lucas Marrão, filho do caseiro do Visconde

crianças-prodígio na poesia, de Valongo, em cujo solar se encontra hoje instalada

na música, na matemática, a Câmara Municipal de Seia. Segundo se conta, o

na informática, e querem visconde encontrou o jovem Lucas a esculpir um de belas artes em Madrid, na qual participavam os saber se os artistas famosos pedaço de madeira com uma navalha e ficou tão melhores artistas espanhóis da época. Duas infâncias eram crianças-prodígio ou surpreendido com o seu talento que o mandou afinal abreviadas, aprendizes de Prometeu sem crianças e adolescentes estudar artes para Lisboa com recomendação fidalga tempo para serem crianças. Muitos anos depois, como todas as outras, para e despesas pagas. Lucas Marrão tornou-se um artista Picasso disse não se lembrar de ter feito um único medirem as suas próprias de mérito e dedicou-se igualmente à fotografia, uma desenho infantil e transparece alguma amargura capacidades e necessidades. novidade no seu tempo, chegando a realizar alguns nesta conhecida frase do genial pintor: "Quando eu Não são preocupações vãs nem questões trabalhos fotográficos para a Casa Real. A rua onde se tinha 15 anos sabia desenhar como Rafael mas irrelevantes. A vocação é determinante na qualidade encontra o Posto de Turismo de Seia, junto ao precisei de uma vida inteira para aprender a desenhar do desempenho de qualquer atividade humana. Cada Mercado Municipal, tem o seu nome: Rua Pintor como as crianças".um de nós possui talentos próprios, uma vocação Lucas Marrão.Não há muitos casos de “crianças-prodígio” nas artes mais ou menos evidente, mais ou menos escondida, O talento de Maria Helena Vieira da Silva, a artista pois a medida do génio artístico é subjetiva e que nem todos entendem ou valorizam do mesmo portuguesa mais internacional, revelou-se contextualizada, sendo mais correto referir a modo e por isso muito boa gente nunca chega a precocemente graças às gravuras do jornal “O existência de crianças e jovens naturalmente dotados conhecer a sua verdadeira vocação e a tirar partido Século” (fundado pelo avô materno, Silva Graça) que para as artes, observadoras, curiosas e imaginativas. dos respetivos talentos. em criança gostava de colorir e que cedo procurou Todas as crianças em idade pré-escolar adoram Pelo que se sabe da infância dos grandes artistas, ou imitar, desenvolvendo habilidade para o desenho. Foi desenhar e pintar, exprimindo livremente sensações e melhor, o que os seus biógrafos julgaram importante também o avô quem fez publicar na “Illustração estados de espírito através do traço e da cor, sem divulgar sobre essas infâncias e não foi contestado Portugueza”, em 1922, um desenho de Maria Helena qualquer intuito comunicativo. Aquando da nem considerado apócrifo, tudo começa da mesma com o seguinte comentário do jornalista e escritor aprendizagem da escrita, a criança é levada a realizar maneira: uma dada habilidade acima da média que se António Ferro (anos depois, chefe da propaganda e um exercício bem diferente e exigente: entender e manifesta mais ou menos precocemente e é responsável pela política cultural do Estado Novo): desenhar (escrever também é desenhar) a forma reconhecida. A mediania tem a ver com o conceito de «Lena é uma artista de 13 anos que revela nos seus abstrata de cada letra, sem margem para erro nem normalidade próprio de cada contexto sociocultural, a primeiros desenhos admiráveis qualidades de escapatória para a criatividade. Uma das fasquia a partir da qual se mede o melhor e o pior, mas movimento e de ritmo. (…) Quem desenha assim, aos características das crianças dotadas para as artes é também são relevantes as circunstâncias e as 13 anos, não deve deixar de trabalhar”.que o seu gosto e prazer no desenho e na pintura não condições que se oferecem à criança para manifestar As novas tecnologias alargaram as fronteiras da Arte, são afetados pela aprendizagem da escrita. Ao essa habilidade e desenvolver o talento. Wolfgang originando novas linguagens artísticas e sobretudo contrário das outras crianças, intensificam a Amadeus Mozart (1756-1791) e Pablo Ruiz Picasso outros talentos, que vão construindo e animando expressão gráfica e plástica, desenvolvendo as suas (1881-1973), dois casos de “criança-prodígio” muito todos os dias este imenso mundo de imagens em que capacidades até níveis qualitativos próprios de estudados, tiveram em comum as boas condições vivemos, arquitetando novos desafios e revelando artistas adultos, sendo fundamental não condicionar familiares, pais ativos na respetiva área artística e novos prodígios. A jovem pintora Akiane Kramarik ou o nem pressionar as suas aprendizagens até se tornar ligados ao ensino, uma aprendizagem técnica Mozart do século XXI, Jay Greenberg, estão entre os evidente a necessidade de um acompanhamento precoce em ambiente familiar, intensa, exigente e mais novos aprendizes de Prometeu, oferecendo à especializado. Herr Leopold Mozart e Don José Ruiz disciplinada. Picasso queixava-se, por exemplo, dos humanidade o fogo divino da criação. São conhecidos Blasco fizeram pelos filhos o melhor que podiam, à luz exercícios de desenho impostos pelo pai, pintor e em todo o mundo graças às redes sociais e parecem dos conhecimentos e costumes dessas épocas.professor numa escola de artes, repetidos “até ele crianças felizes.Antes de haver escolas de arte, as crianças dotadas estar satisfeito”. Mozart foi igualmente sujeito a um

eram encaminhadas para oficinas de artistas. Aí, treino severo por parte do pai, violinista afamado e Sérgio Reiscomeçavam por prestar trabalho doméstico e professor de música, que abandonou o ensino e a acabavam por realizar a sua instrução e

Helena Vieira da Silva, 1922. “Quem desenha assim, aos 13 anos, não deve deixar de trabalhar”

A Tradição Oral – Os Provérbios e o Espaço

Rural

Sendo a agricultura a forma como o homem tira partido da terra que tem ao dispor, a forma como é praticada tem acompanhado a evolução da Humanidade. Deste modo, têm-se manifestado várias alterações nas técnicas, formas de produção e de ocupação do espaço, na população que trabalha no sector e no próprio destino de produção.

Num passado não muito longínquo, a agricultura era uma tradição familiar, que além de ocupar a maior parte das famílias portuguesas, era constituída por um conhecimento advindo da prática, que passava de geração em geração, sob a forma de provérbios, conselhos, ou apenas certezas que, sendo do conhecimento geral, nunca haviam sido questionadas ou procuradas justificações.

Todos esses provérbios constituem uma parte importantíssima da tradição oral portuguesa que, infelizmente, se tem vindo a perder. Com o abandono da atividade agrícola, tem-se desenvolvido uma atitude de quase desprezo perante estas pérolas da sabedoria anciã. No entanto, procedendo a uma análise destes provérbios, encontramos verdades cientificamente provadas, por detrás das palavras sagazes e retorcidas. É por isso essencial lançar um segundo olhar a estas frases que, além de constituírem inteligentes e úteis observações relativas à prática agrícola, são parte da nossa cultura.

Maria dos Anjos Poeira

agricultores.O renascer da agriculturaÉ bem conhecido que o sector

primário tem vindo a perder importância para o A minha geração tem uma ideia pré-

PIB português e mundial, importância essa concebida sobre a agricultura, e por vezes

transferida para os sectores secundário e bastante negativa. Vemo-la coma a actividade

terciário, e, pessoalmente a isto se deve uma que os nossos bisavôs e avós praticavam, que

parte da crise económica e da sobrecarga do os i letrados e aqueles com menos

mercado de trabalho que enfrentamos capacidades exerciam. Até o termo “rural” tem

diariamente.conotação de algo desprezível e diminuto.

É necessário que se acabe o êxodo rural. Os Infelizmente digo a verdade. Digo que

jovens podem e devem voltar a apostar neste este sector que tanta riqueza amealhou para o

sector, podem e devem voltar aos campos, país, para a população, que permitiu a

não pegando nos sachos e enxadas, mas sim sobrevivência de milhões e milhões, está “fora

optando por uma agricultura moderna e de moda”, ultrapassado.

biológica, em que se tenha em conta os Digo que o facto de alguém se

problemas ambientais e os problemas dos apresentar como “agricultor, não permite a

solos. A agricultura deve ser utilizada assim mesma aceitação social do que alguém que

como meio para a prática de muitas outras se digne apresentar como “senhor doutor” ou

actividades, como a pastorícia, o turismo, a como “senhor professor”.

indústria e muitos outros.Infelizmente é o que se observa na

Mas mais importante e necessário, é sociedade actual.

nunca, mas nunca nos esquecermos das Aquilo de que nos esquecemos é que o

nossas origens, principalmente na região homem vive do pão, vive do alimento, e este

onde vivemos e nos tempos que estamos a vem da terra, vem das mãos daqueles que

atravessar.todos os dias trabalham arduamente para que o mundo não morra à fome. Das mãos dos Juliana Santos, nº8 11ºD

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ENTREVISTA

«Vivências» conversa com o ator / formador

José Ramalho

José Ramalho nasceu em 1962. Fez os estudos secundários na Escola Secundária da Amadora e realizou estudos superiores na Faculdade de Letras de Lisboa e na Universidade Nova de Lisboa.

A t u a l m e n t e é c o o r d e n a d o r d o Departamento Técnico do Centro Cultural e Lisboa a Pós-Graduação em “Práticas Culturais para Congressos das Caldas da Rainha. Municípios”.

De que necessita um ator para assumir, em cena, diferentes papéis? A "arte do disfarce" é importante para conseguir esse objetivo?

Necessita de uma capacidade de estudo e identificação psicológica, física e emocional com as diferentes personagens e sua contextualização nas diversas cenas.A “arte do disfarce” entendida como prática de vestir, mascarar, maquilhar é uma das ferramentas para consolidar as características psico-físicas das personagens, mas sempre depois do estudo apurado, aturado e sólido das características dessas personagens, ou seja, a construção da personagem.

De que forma um ator consegue atrair o público?

O ator consegue atrair o público, pela forma convincente e segura na interpretação de cada papel. Estabelecendo o foco com cada espetador e com todos ao mesmo tempo, gerando a energia que

na aprendizagem de línguas estrangeiras.advém da concentração mútua no jogo ator-público.

Na sociedade portuguesa atual sente Qual o papel da voz na representação? Como reconhecida a sua atividade? Porquê?preservá-la/mantê-la?

Não sinto o reconhecimento que gostaria de A voz assume um papel relevante para Jornal Vivências: O que é para si ser ator? ver, mas nesta época de gritantes interrogações, as verbalizar os sentidos, as emoções, quer seja na

áreas do espírito são as que, numa sociedade como elocução do texto poético do espetáculo, quer seja na José Ramalho: Ser Ator é uma missão de vida. É ser a portuguesa, não se consideram essenciais e até produção de sons identificadores de cada momento um agente promotor da criatividade, numa profissão dispensáveis em face das inquietações mais da representação.exigente que obriga a uma total disponibilidade física terrenas. A voz deve ser preservada com exercícios diários de e emocional numa relação constante com o público. trabalho vocal e com práticas de higiene vocal, O Ator tem a obrigação de permanentemente evitando bebidas frias e quentes, o consumo de desafiar o público a novos olhares, novas formas bebidas alcoólicas e de tabaco, espaços com estéticas. poluição de poeiras e sonora.

O equilíbrio entre o corpo e a mente são

fundamentais para o bem estar. Que importância atribui à procura desse equilíbrio na vida quotidiana?

Atribuo uma importância vital pela permanente convocação das nossas competências físicas e psíquicas em qualquer ato quotidiano. Esse Que segurança dá a um ator ser membro de equilíbrio permite-nos agir de modo ágil, confiante, uma companhia de teatro?seguro e assertivo, fazendo jus à citação latina “mens sana in corpore sano”.

J. V.: Por que decidiu escolher esta profissão? Que O exercício de práticas físicas e psíquicas são uma estudos realizou? constante na profissão de ator. É no equilíbrio do

binómio corpo-mente que reside a essência do ato de J. R.: Mais do que decidir entrar na profissão, foi a representar.profissão que decidiu convocar-me há 30 anos, quando tinha 20 anos de idade. Já fazia teatro Que conselhos daria às novas gerações em amador desde os 17 anos, com um propósito de termos de futuro profissional?missão cultural, próprio do momento histórico de então. Na sequência desta vivência, contactei com No atual momento da sociedade uma companhia de teatro profissional especializada contemporânea dar um conselho sobre o futuro em teatro de marionetas que necessitava de mais um profissional às novas gerações torna-se um desafio elemento e assim decidi aceitar este desafio que se difícil, para quem todos os dias equaciona a sua tornou numa missão para a vida. profissão, sem a querer renunciar, mas sempre em À época fiz estudos artísticos não-formais em constante reflexão sobre o papel da profissão de Ator Portugal e em França - no Institut de la Jeunesse e na na sociedade atual.École Supérieure des Arts de la Marionnette – com Todavia, se conselho posso dar, é que invistam em vários artistas de Teatro e de Teatro de Marionetas, profissões onde a criatividade seja o elemento visando a formação em várias áreas práticas do preponderante. O futuro necessita de gerações mais Por definição ser Ator em Portugal é uma universo do espectáculo – Corpo, Voz, Encenação, capacitadas para encontrar respostas criativas para profissão com um alto grau de insegurança. Como o Marionetas, etc. os desafios que se vão colocar em cada momento. financiamento às Artes tem vindo a ser cada vez mais Mais tarde fiz uma Especialização em “Estudos de Pessoas criativas são pessoas que se adaptam mais escandalosamente bombardeado, ao arrepio das Teatro” na Faculdade de Letras de Lisboa, onde facilmente às solicitações do mercado de trabalho. vozes de economistas e gestores da Europa Central, também frequentei a licenciatura “Estudos Artísticos Invistam na leitura para aquisição de conhecimento e que alertam para o perigo dos cortes financeiros nas – Artes do Espectáculo” e na Universidade Nova de

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«A “arte do disfarce” é uma das ferramentas para consolidar as características psico-físicas das personagens.»

«Pessoas criativas são pessoas que se adaptam mais facilmente às solicitações do mercado de trabalho. Invistam na leitura para aquisição de conhecimento e na aprendizagem de línguas estrangeiras.»

«O Teatro pode influenciar uma sociedade como motor de reflexão, revelando pelas metáforas as inquietações, apresentado aos espectadores num retrato em espelho da sociedade.»

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ENTREVISTA

áreas da Cultura, cuja consequência positiva é Criação de adereços especiais para televisão. desprezível, mas com um impacto negativo superior, Formação nas áreas do Teatro e do Teatro de porque é nestes momentos que o investimento deve Marionetas.ser potenciado nas áreas do espírito, da criatividade, de modo a promover capacidades das respostas Cultiva o gosto pela leitura. Que criativas para desafios criativos. Por estas razões ser autores/escritores ou géneros literários prefere? membro de uma Companhia de Teatro nas atuais Porquê?condições, é provavelmente, até mais inseguro do que trabalhar a “solo”. O género literário que prefiro é a Poesia porque

me permite construir imagens e contribuir para a criação dum mundo onírico, metafórico, potenciador de leituras sensoriais promotoras de ideias para novos projetos. Autores como Al-Mu’tamid, Mário Cesariny, Nunes da Rocha, Herberto Helder, Ruy Cinnati, Arthur Rimbaud, Rafael Alberti, Manoel de Barros, Carlos Drummond de Andrade, entre outros.

Que projetos tem para o seu futuro e que possibilidades vê de os concretizar?

Tenho vários projetos artísticos dos quais Em que medida o teatro poderá contribuir para destaco pela sua viabilidade de concretização mais influenciar a sociedade?imediata, a criação de um espetáculo de Teatro de Sombras com duas versões, uma para Todo o O Teatro é uma Arte de convergência das Artes Público com base em contos indianos, outra para que contribui para a potenciação da sensibilização de Público Adulto.qualquer sociedade para o mundo sensorial. O

Teatro pode influenciar uma sociedade como motor Sabemos que não se tem apenas dedicado ao Portugal, para si, é sinónimo de...de reflexão, revelando pelas metáforas as

teatro. Que outras atividades tem desenvolvido ao inquietações, apresentado aos espetadores num longo do seu percurso profissional? ... de Reencontro das Civilizações do retrato em espelho da sociedade. O Teatro é a

Conhecimento. País Atlântico do Império da vanguarda das Artes e tem a obrigação de propor à Tudo o que tenho feito ao longo do meu Lusofonia.sociedade novos desafios estéticos, novos modos de

percurso profissional tem relação direta com o observar, analisar e refletir os comportamentos da universo do Espetáculo. Ator e Apresentador em J. V.: Obrigado pela atenção e disponibilidade.sociedade.programas de televisão. Ator de Cinema. Gestor de projetos culturais em Portugal, Espanha e Brasil.

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«O género literário que prefiro é a Poesia porque me permite construir imagens e contribuir para a criação dum mundo onírico, metafórico, potenciador de leituras sensoriais promotoras de ideias para novos projetos.»

O ator acende a boca. Depois, os cabelos.Finge as suas caras nas poças interiores. O ator é um advérbio que ramificouO ator põe e tira a cabeça de um substantivo. Não sei como dizer-te que a minha voz te procurade búfalo. E o substantivo retorna e gira, e a atenção começa a florir, quando sucede a noiteDe veado. e o ator é um adjetivo. esplêndida e casta.De rinoceronte. É um nome que provém ultimamente Não sei o que dizer, especialmente quando os teus Põe flores nos cornos. do Nome. pulsosNinguém ama tão desalmadamente Nome que se murmura em si, e agita, se enchem de um brilho preciosocomo o ator. e enlouquece. e tu estremeces como um pensamento chegado. O ator acende os pés e as mãos. O ator é o grande Nome cheio de holofotes. QuandoFala devagar. O nome que cega. iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocadoParece que se difunde aos bocados. Que sangra. pelo pressentir de um tempo distante,Bocado estrela. Que é o sangue. e na terra crescida os homens entoam a vindima,Bocado janela para fora. Assim o ator levanta o corpo, – eu não sei como dizer-te que cem ideias,Outro bocado gruta para dentro. enche o corpo com melodia. dentro de mim, te procuram.O ator toma as coisas para deitar fogo Corpo que treme de melodia.ao pequeno talento humano. Ninguém ama tão corporalmente como o ator. Quando as folhas da melancolia arrefecem com O ator estala como sal queimado. Como o corpo do ator. astros

ao lado do espaçoO que rutila, o que arde destacadamente Porque o talento é transformação. o coração é uma semente inventadana noite, é o ator, com O ator transforma a própria ação em seu ascético escuro e em seu turbilhão de um uma voz pura monotonamente batida da transformação. dia,pela solidão universal. Solidifica-se. Gaseifica-se. Complica-se. tu arrebatas os caminhos da minha solidão

O ator cresce no seu ato. como se toda a minha casa ardesse pousada na O espantoso ator que tira e coloca Faz crescer o ato. noite.e retira O ator atifica-se. – E então não sei o que dizero adjetivo da coisa, a subtileza É enorme o ator com sua ossada de base, junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.da forma, com suas tantas janelas, Quando as crianças acordam nas luas espantadase precipita a verdade. as ruas - que às vezes caem no meio do tempo,De um lado extrai a maçã com sua o ator com a emotiva publicidade. – não sei como dizer-te que a pureza,divagação de maçã. dentro de mim, te procura.Fabrica peixes mergulhados na própria Ninguém ama tão publicamente como o ator.labareda de peixes. Como o secreto ator. Durante a primavera inteira aprendoPorque o ator está como a maçã. os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstratoO ator é um peixe. Em estado de graça. Em compacto correr do espaço –

estado de pureza. e penso que vou dizer algo cheio de razão,Sorri assim o ator contra a face de Deus. O ator ama em ação de estrela. mas quando a sombra vai cair da curva sôfregaOrnamenta Deus com simplicidades silvestres. Ação de mímica. dos meus lábios, sinto que me faltaO ator que subtrai Deus de Deus, O ator é um tenebroso recolhimento um girassol, uma pedra, uma ave – qualquere dá velocidade aos lugares aéreos. de onde brota a pantomima. coisa extraordinária.Porque o ator é uma astronave que atravessa O ator vê aparecer a manhã sobre a cama. Porque não sei como dizer-te sem milagresa distância de Deus. Vê a cobra entre as pernas. que dentro de mim é o sol, o fruto,Embrulha. Desvela. O ator vê fulminantemente a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,O ator diz uma palavra inaudível. como é puro. o amor,Reduz a humidade e o calor da terra Ninguém ama o teatro essencial como o ator.à confusão dessa palavra. Como a essência do amor do ator. que te procuram.Receita o livro. Amplifica o livro. O teatro geral.

Herberto HelderO ator acende o livro. O ator em estado geral de graça.Poesia TodaLevita pelos campos como a dura água do dia.

Assírio & Alvim, 1996 Herberto HelderO ator é tremendo.

Ofício Cantante - Poesia CompletaNinguém ama tão rebarbativamenteAssírio & Alvim, 2009

como o ator.Como a unidade do ator.

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ATIVIDADES DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES

Projeto “Ler+ com os mais velhos”

À semelhança do ano letivo anterior, deu-se Correia do 12º K apresentaram a história "O Nabo continuidade ao projeto "Ler+ com os mais velhos", Gigante", de António Mota. Este conta-nos a história na Casa de Repouso de Tourais e no Centro de Dia de um velho que semeou sementes de nabo. As de Paranhos da Beira, com a participação dos alunos sementes germinaram, cresceram e, para espanto do 12º K do curso profissional de Técnico de Apoio do velho, tinha na sua horta um nabo cada vez mais Psicossocial, orientados pelo professor Victor Sousa gigante. Um dia, resolveu arrancá-lo, mas... e as docentes Manuela Silva e Lurdes Alcafache. A história foi contada através de sombras Sendo este projeto dinamizado de forma tão chinesas, as quais foram observadas, em pormenor, dinâmica e interativa, a técnica do lar de Paranhos individualmente, pelos elementos dos grupos. Esta convidou o grupo de trabalho para uma sessão iniciativa estimulou a participação dos idosos, tendo-conjunta, a fim de planificarmos as atividades a nos alguns agraciado com um conto, "O menino e o desenvolver no ano letivo 2012-2013.

muito solitário, que passa o tempo todo na biblioteca. Certo dia, ao ler A Enciclopédia das Bruxas, descobre que elas adoram gatos pretos. Mas como poderá o Leonardo encontrar uma bruxa, se nunca na sua vida viu nenhuma? E todas as vezes que pergunta: «Desculpa... Por acaso és uma bruxa?», engana-se sempre! Por fim, o gato Leonardo desiste e regressa à biblioteca... sem desconfiar de que há uma grande surpresa à sua espera.

Esta história foi apresentada nas duas instituições, com a utilização de diversos acessórios e adereços que contribuíram significativamente para o envolvimento e No dia 25 de outubro, no âmbito da temática passarinho", a "Lenda de São Martinho", adivinhas e participação dos idosos, nomeadamente o reconto do Hallowen, um grupo de alunos do 12º K, Susana algumas canções.da história, provérbios, canções, tradições, rimas, Nogueira, Sara Almeida, Sara Varão e Rosa Foram duas tardes muito animadas, que superstições e vivências associadas ao tema da obra Ortigueira, dramatizaram a história "Desculpa... Por proporcionaram momentos agradáveis e interativos explorada.acaso és uma bruxa? da autoria de Emily Horn. Este entre os diversos elementos participantes.

No dia 15 de novembro, os alunos Catarina livro conta-nos a história do Leonardo, um gato preto, A Equipa da BERamos, Roberto Santos, Liliana Gouveia e Inês

Sugestões de leitura

descoberta. Para além disso, salienta-se o facto de Atividades de leitura na Educação se promover com os docentes titulares de grupo um

Pré-escolar trabalho colaborativo e de partilha, que terá continuidade nos períodos seguintes. Esta iniciativa visa a divulgação de algumas obras da literatura A equipa da biblioteca escolar tem vindo a infantil e a articulação curricular, no sentido de d e s e n v o l v e r a t i v i d a d e s d e l e i t u r a n o s

estabelecimentos de Educação Pré-escolar do Agrupamento.

árvore, de Pablo Albo e Leonardo, o monstro terrível, entre outros livros também apresentados nos momentos de leitura - hora do conto.

As histórias foram preparadas através da utilização de imagens alusivas ao seu conteúdo, tendo envolvido vários elementos da equipa da biblioteca escolar, quer na elaboração dos materiais apresentados, quer na leitura das mesmas. contribuirmos e enriquecermos o desenvolvimento

Os recursos utilizados corresponderam às da ação pedagógica. expetativas das crianças, promovendo a sua Previamente, realizou-se a seleção de curiosidade e participação no reconto, no registo A equipa da BEalguns livros que fossem de encontro às temáticas gráfico, na entoação de canções e nos jogos de planificadas para o primeiro período: Um gato na

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ATIVIDADES DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES

mesmo tempo acompanhado”. Acabaram-se os dias Livros com saborestristes, registados pela ausência do ser humano, “caminhais em direção à solidão? Eu não, tenho os

Livros com sabores é um projeto da livros”. É tão fácil, basta um gesto, abri-lo na página

Biblioteca Escolar (BE), a decorrer, no presente ano tal, que a orquestra inicia a sua atuação e tudo ganha

letivo, no edifício escolar de Tourais/Paranhos e vida na nossa imaginação, como se lá se estivesse a

desenvolvido em parceria com a turma E, do 9º ano viver o momento. Fantástica esta sensação! Já

do curso Serviço de Mesa. Este projeto (bem original) experimentou? Se ainda não o fez está sempre a

tem como objetivo fundamental entusiasmar e tempo de “saborear” um bom “prato”.

motivar à leitura, visando a interdisciplinaridade e a E n t r e n e s t e

confluência de sabores.mundo da leitura e

A avaliar pelo título, poderia pensar-se que deixe-se guiar pelo

mais não se tratava do que uma mera exposição de s o n h o e p e l a

livros ligados à gastronomia. Poderia ser ou também imaginação.” O sonho

pode ser. A exposição, de facto, mantém-se, na sala comanda a vida/ e

de professores e na biblioteca. Então, a partir das sempre que um homem

imagens sugestivas (dos livros selecionados) que sonha/ o mundo pula e

apelam às sensações visuais e, sobretudo, avança ” . O ma io r

gustativas, pretende-se fazer a ponte, via organizadas e intencionadas) agrafam a nossa analfabeto é aquele que curiosidade, entusiasmo e “apetite”, a um percurso atenção e o nosso interesse para todo o sempre. aprendeu a ler e não lê. iniciativo, para alguns, de uma viagem maravilhosa O contacto inicial com um livro é unilateral - Dá almas aos teus através da leitura. Ocorre de positivo, que esta eu e ele, apenas - que rapidamente passa a livros. Sacode-lhes o pó viagem não tem os inconvenientes habituais multilateral: personagens, intrigas, problemas, e põe-nos a mexer.inerentes a ela. O que é bom. Ao ler “ cada um de nós soluções… Criamos, então, as nossas fantasias. “ H á c r i m e s produz, dirige a estrela, o filme, dentro da sua Criamos opções face aos nossos novos piores que queimar cabeça”. Depois de se entrar no mundo particular da “amiguinhos”. Vivemos as suas histórias, os seus livros. Um deles é não leitura, nada volta a ser como dantes. O “apetite” dramas, as suas angústias, os seus desejos, as suas lê-los. Por isso lê, lê, aumenta e devora-se freneticamente aquelas letras maldades, as suas alegrias… Elas entrelaçam-se lê… incansavelmente.que parecem dançar à frente dos nossos olhos, ao com o leitor. Prendem-no, e este, involuntariamente, Saborosas leiturasritmo da nossa satisfação. ”Nada mais expande a cede a esta teia psicológica. E a vontade de conhecer nossa consciência do que um bom romance ou o destino dos seus novos “companheiros” transporta Sugestão de leituraqualquer livro inteligente”. “O livro, passa, assim, a o leitor para um mundo de sinestesias gostosas ou A Rapariga que Roubava livros, de Markus zusak.ser uma extensão da memória e da imaginação”. não, multifacetadas, que o remetem para um novo ”Um livro destinado a tornar-se um clássico” (USA Passamos mesmo a acreditar que a leitura é uma mundo de sabores literários. É então que o leitor, todaY); forma de felicidade. Não buscamos todos “essa” completamente rendido ao desenrolar silencioso da “Absorvente, marcante”( Washington Post); felicidade? história, aos segredos das suas personagens, deixa “Uma obra de grande fôlego. Brilhante” (New York

As autoras do projeto acreditam que as de se sentir só e passa a ter como companhia o Times)imagens das capas dos livros poderão estimular e LIVRO, que leva para todo o lado. Verdadeiramente promover o gosto pela dança das letras, que no salão prático. ”O livro traz a vantagem de se estar só e ao LPdo papel de um branco imaculado, (devidamente

"Virada do avesso", "Palavra de mulher", Projeto «Leituras há Bons garfos, más-línguas" e "Adopta-me".

muitas!» Uma vez que a escritora irá visitar todas as bibliotecas escolares do concelho de Seia, a professora No ano letivo 2012/2013, as bibliotecária realizou esta mesma bibliotecas escolares, em colaboração

com os docentes, vão desenvolver, de novo, o projeto "Leituras há muitas!". Este ano foi selecionada, para desenvolver este projeto, a obra da escritora Maria João Lopo de Carvalho. O projeto abrange os alunos do 2º, 3º ciclos e 10º ano.

Os objetivos deste projeto são: estimular a formação de leitores para a vida; interpretar textos/discursos orais e escritos, reconhecendo as suas diferentes f i na l i dades e as s i t uações de comunicação em que se produzem; contribuir para o desenvolvimento das competências de leitura e de escrita nos jovens, valorizando a literacia como meio

apresentação, nas escolas básicas Dr. fundamental para potenciar o sucesso Guilherme Correia de Carvalho e Dr. Reis escolar e promover a inserção Leitão.sociocultural global e elevar o nível de

A reação dos alunos à obra da aprendizagem dos educandos nas escritora foi muito entusiasmante e diversas áreas do conhecimento.esperamos que surjam trabalhos Ao longo dos meses de outubro e interessantes para serem expostos nas novembro, a professora bibliotecária, bibliotecas escolares, aquando da vinda Manuela Silva, visitou todas as turmas do

da escritora Maria João Lopo de Carvalho. A sua visita está programada para os dias 13, 14 e 15 de março de 2013.

A concretização deste tipo de projetos é muito importante porque não devemos esquecer que "a leitura é um ato de abertura para o mundo. A cada mergulho nas camadas simbólicas dos livros, emerge-se vendo o universo interior e exterior com mais claridade. Entra-se no território da palavra com tudo o que se é e se leu até então, e a volta se faz com novas dimensões, que levam a reinaugurar o que já se sabia antes" (Resende).

2º, 3º ciclos e 10º ano dos cursos de Boas leituras!prosseguimento de estudos, para apresentar os diversos títulos da escritora, A equipa da BEnomeadamente os onze títulos da coleção "Os 7 irmãos", "A marquesa de Alorna",

Mafalda e a Biblioteca

A Feira do Livro

Esta é a história de uma menina chamada Mafalda. A Mafalda tem 13 anos e frequenta o sétimo ano, na Escola Básica Dr. Abranches Ferrão. É simpática, alegre, divertida, brincalhona, atenta e está sempre de bom-humor. Contudo, não é uma aluna de mérito, porque tem um problema de concentração. Bem, na verdade, ela detesta estudar, ler e escrever, por isso, raramente faz os T.P.C e raramente frequenta a biblioteca da sua escola.

Entre os dias 3 e 7 de Dezembro, realizou-se neste local (na biblioteca), a Feira do Livro, onde todos os alunos e os seus encarregados de educação eram bem-vindos. A Mafalda foi a única aluna que não se atreveu a olhar para lá.

Mas no dia 5 de Dezembro, a sua turma foi com o professor de Matemática ver a grande variedade de livros que lá se encontravam. Mafalda não queria ir, mas como era uma atividade da turma, não poderia ficar de fora.

Lá ia ela, aborrecida, na grande fila de alunos que caminhavam até à porta da biblioteca. No entanto, ao contrário do que a Mafalda pensava daquela visita, ela acabou por adorar. Em todas as mesas, encontravam-se imensos livros, para todas as pessoas de todas as idades. Mafalda ficou impressionada e parece que com tudo isto passou a gostar mais de ler e escrever. Quanto ao estudo, acho que continua indiferente.

Fim

Matilde Rola FigueiredoN.º 12, 6.º A

pelas "contadoras" da Biblioteca Palavras AndarilhasMunicipal da Covilhã. Os alunos do 1.º ciclo ouviram a história "Dr. Grilo,

A XII Estafeta Palavras médico d´el-rei" e dois poemas do livro

Andarilhas (promovida pela Biblioteca "Poemas da Mentira e da Verdade" de

Municipal de Beja) chegou à Escola Luísa Ducla Soares, por parte da

Básica Dr. Abranches Ferrão.equipa da "Biblioteca Municipal". O testemunho foi recebido pela Mariana Aires, técnica da Biblioteca Municipal de Seia, que deliciou os alunos com uma história.

Este «encontro de aprendizes do contar» é promovido desde 1999 pela Biblioteca Municipal de Beja, em parceria com o Instituto Português do Livro e da Biblioteca e Fundação Calouste Gulbenkian.

A equipa da BE

As «palavras» dos contos e o seu testemunho foram passados

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AGRUPAMENTO EM AÇÃO

Projeto PES (Agrupamento de Escolas de Seia – Escola Básica de Tourais/Paranhos)

Mais um ano letivo, mais um ano de PES, e averiguar as dificuldades ou as “queixas” cá estamos nós de "mangas arregaçadas" e com apresentadas. imensa vontade de trabalhar. Aqui em Tourais, o PES Os alunos e professores envolvidos nesta já está a "bombar". Já teve lugar o rastreio da visão, a atividade colaboraram com bastante interesse, comemoração do "Dia Mundial da Alimentação" e tendo-se revelado uma atividade muito útil.reabriu o Gabinete de Informação e Apoio ao Aluno.

COMEMORAÇÃO DO “DIA MUNDIAL DA

RASTREIO DA VISÃO ALIMENTAÇÃO”

As atividades do Projeto PES da Escola Entre os dias 15 e 19 de outubro de 2012, Básica de Tourais/Paranhos, iniciaram-se com o decorreram algumas atividades com o objetivo de “Rastreio da Visão”, que foi realizado em parceria assinalar o “Dia Mundial da Alimentação – com a HM CENTRO ÓPTICO de Seia. Nos dias 8, 10 16/outubro”.e 11 de outubro de 2012, foram rastreados 253 Os alunos do Pré-Escolar e 1º Ciclo, alunos (Pré-Escolar, 1º, 2º e 3º Ciclos), onde 123 elaboraram alguns trabalhos que foram afixados nas

salas de aula, bem como na Escola Básica de Tourais/Paranhos.

Os Enfermeiros da Unidade de Cuidados na

alguns dos trabalhos realizados.

GABINETE DE INFORMAÇÃO E APOIO AO

ALUNO

No dia 23 de outubro, começou a funcionar o Gabinete de Informação e Apoio ao Aluno, a decorrer às 3ª feiras, das 13h.40min. às 14h.30min., tendo por objetivo sensibilizar e mobilizar os alunos para a Comunidade (UCC) de Seia, realizaram várias adoção de estilos de vida saudáveis e prevenir a sessões de Formação dirigidas aos alunos do Pré-obesidade nas crianças e adolescentes; dar Escolar e 1º Ciclo no âmbito do Programa de oportunidade aos alunos para o esclarecimento de Educação Alimentar para a Comunidade Escolar dúvidas e transmitir conselhos úteis. O referido (PEACE), sensibilizando os alunos para a gabinete contará com a colaboração dos enfermeiros necessidade de praticarem bons hábitos da Unidade de Cuidados na Comunidade de Seia alimentares. (Efª Isabel Cruz e Enfº Duarte Marvanejo).As turmas A e B do 1º Ciclo, assinalaram o

“Dia Mundial da Alimentação” com a “confeção de alunos foram encaminhados para realizar uma uma salada de frutas saudável” na cantina da escola consulta detalhada. Para os casos mais urgentes, foi Básica de Tourais/Paranhos”.recomendada consulta dentro de 1 semana a 1 mês,

A Biblioteca Escolar/Centro de Recursos, e para a maioria dos casos recomendados, consultas também assinalou esta data, com a dinamização de de rotina/seguimento entre 6 a 12 meses, para várias atividades com os alunos, tendo sido expostos

A Professora Responsável pelo Projeto de Promoção e Educação

para a Saúde de Tourais/Paranhos,

Dulce Vicente

atenção da comunidade escolar e, por CABAZ DE NATAL – 9ºAconseguinte, a adesão por parte de todos, foi enorme. Foram, então, realizados três cabazes

A época natalícia é sempre altura de apelo natalícios (um de tamanho grande, um de à solidariedade, apesar desta maravilhosa palavra tamanho médio e um de tamanho pequeno), fruto não constar no dia-a-dia de muitos de nós. Vamos da generosidade e boa vontade dos nossos pôr o nosso egoísmo de lado e começar a construir colaboradores, que se prontificaram a apoiar esta um mundo melhor para deixarmos aos nossos atividade, com a oferta de diferentes tipos de descendentes, um legado que lhes sirva de pilar artigos que embelezaram e enriqueceram os fundamental a uma construção digna de um cabazes.

c i d a d ã o m a i s O sorteio teve lugar no dia 14 de h u m a n o , m a i s dezembro, na presença do coordenador de solidário e menos estabelecimento, representante dos assistentes egoísta e menos operacionais, delegados de turma do 3º ciclo, interesseiro. São alunos do 9ºA e respetiva diretora de turma. Os estes os valores que felizes contemplados foram:a nossa esco la 1º lugar - cabaz grande – António Figueiredo de, d e f e n d e e q u e Vila Verde;diariamente tenta 2º lugar –cabaz médio – Guilherme Bastos, de incutir aos nossos Tourais;

jovens. Mas não basta. A Escola precisa da ajuda 3º lugar – cabaz pequeno – Rogério, de Chaveiral.de todos, para que os nossos jovens busquem a Professores, alunos e Coordenação de felicidade vivendo uma vida de seriedade e de Estabelecimento, agradecem imenso a princípios coerentes e honestos. colaboração de todos o que tornaram esta

No âmbito do Natal, e como é apanágio de atividade num movimento de interajuda desejando quase Portugal inteiro, aparece a venda de a todos votos de um Santo Natal e um próspero cabazes natalícios que são representativos, Ano Novo.ainda, de uma cultura popular e que, na maioria Aos Supermercados “Produtos Frescos”, dos casos, visa angariar fundos para esta ou “Corso”, “José Luís Almeida Ferreira”, “Muito aquela causa. Assim, a turma A, do 9º ano, de Menos” e “Intermarché”, o nosso bem hajam!Tourais - Paranhos, encetou uma série de atividades para o obtenção de fundos para fazer face às despesas na realização de uma Viagem de

Mª Lucília FigueiredoEstudo que terá lugar no final do ano letivo. Uma delas foi a venda de rifas que mereceram a

Workshop: saúde infantil

12ºK/ 1ºCEB EBAF

Os alunos do 12ºK

No dia 19 de outubro, os alunos do 12ºano turma K, do curso profissional Técnico de Animação Psicossocial, dinamizaram, no âmbito da disciplina de Animação Sociocultural e dos módulos «Cuidados de saúde» e «Saúde comunitária», o workshop “saúde infantil”, na Escola Básica Dr. Abranches Ferrão.

Foram abordados, por ano letivo, do 1º ao 4ºano de escolaridade, respetivamente, os temas: Higiene Oral, Alimentação saudável, Alimentação e higiene e Vacinação. Não esquecemos a unidade de multideficiência e os mais velhos foram trabalhar na animação das crianças da unidade. Conversamos, estimulamos e interagimos, utilizando jogos didáticos. Foi muito enriquecedor!

As crianças do 1ºCEB participaram ativa e entusiasticamente, nas atividades propostas. Assim, foi dinamizado, pelos alunos do 12ºK, um teatro de fantoches de sensibilização, para o 1ºano; jogos didácticos, para o 2º ano; sessão de sensibilização e jogos de aplicação, para o 3ºano e finalmente, para o 4ºano, foi explicada a importância da vacinação e do Plano Nacional de Vacinação e realizados passatempos alusivos.

Foi um trabalho de cooperação e articulação entre vários professores e de interação muito positiva, entre alunos com faixas etárias distintas e diferentes níveis de escolaridade. Uma experiência, no nosso entender, muito interessante e enriquecedora! Aprendemos muito, na pesquisa, preparação e organização do workshop, mas aprendemos mais ainda com as crianças dos diferentes níveis etários, quando em conjunto, efetuamos as atividades.

Obrigado à Escola Dr. Abranches Ferrão, a todos os professores envolvidos e aos nossos Amiguinhos por nos receberem tão carinhosamente!

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AGRUPAMENTO EM AÇÃO

Secundária de Seia ergue-se a favor dos Objetivos do Milénio

sala estará sempre cheia, mesmo que o não queira. Repleta de vontade e energia, absorta de futilidades, essa sala encheu-se de iniciativa e de revolta perante

Todo o mundo está em dificuldades e isso é o que acontece no Mundo, perante a desgraça que

observável. Somos todos os dias bombardeados acontece todos os dias, no outro lado do pacífico, que

com notícias lastimáveis acerca da crise ou da de pacífico nada tem…

austeridade em todos os meios de comunicação Foi um tanto ou quanto surpreendente sentir,

social. Mas muito pior do que nós, estão milhões e para além de mim e da minha intenção, a facilidade

milhões de pessoas que morrem de fome todos os com que todos se aliavam a um movimento comum –

dias ou que vivem esse dia com menos de 1 €. o de valorizar e respeitar o ser humano e os seus

A pensar nestas pessoas, o grupo de direitos.

Educação Moral Religiosa Católica da Escola Nessa sala, a história foi feita… Unidos, num

Secundária de Seia juntou-se pelo quarto ano ciclo vicioso de solidariedade, podemo-nos dar conta

consecutivo e organizou o “Levanta-te e Atua – Dá da nossa importância, do nosso papel na sociedade,

Like aos Objetivos do Milénio” continuando assim a que, muitas vezes, é posto em segundo plano em prol

sua cruzada. Este movimento realizou-se a 17 de do que achamos ser essencial. Ao pensarmos no que

Outubro de 2012, no pavilhão Polivalente da Escola.acontece todos os dias, acabamos por perceber que, marcas muito relevantes. Mais do que uma reunião para sensibilização, foi um no fundo, há mais para além das nossas vidas, das Queremos ser a mudança que desejamos gesto simbólico que contou com a presença de nossas intenções e dos nossos objetivos. ver no nosso planeta.múltiplas instituições senenses e conseguiu

Ainda que, no dia-a-dia, a frequência com ultrapassar os 573 participantes do ano anterior,

que nos lembremos disso seja, infelizmente, Juliana Santos 11ºDcontando assim com 598. reduzida, temos noção do que acontece e, assim que

Num pavilhão decorado com balões e pensamos nisso, revoltamo-nos contra o sistema e

cartazes elaborados pelos alunos de EMRC, os Há uma distância terna na relação similar de levantamo-nos com o sofrimento de todos. participantes, sentados no chão, ergueram-se e sermos uns para os outros. E sermos no raio concreto O facto é que isso aconteceu e, pelo menos, ergueram o seu ‘like’ mostrando o seu apoio aos de transparência, de estarmos equiparados. posso dizer que a humanidade não está assim tão objetivos do milénio, ao mesmo tempo que eram Somos uns para os outros e neste embalo perdida quanto eu pensava …entoadas palavras e canções de intervenção. não há força maior do que esta, de sermos de forma Sem técnica alguma, sabemo-lo - Somos

Pessoalmente achei que foi e é sempre um concreta, equivalente em pessoa. partes do mesmo Mundo e ninguém deve querer ou acontecimento muito marcante, pois desperta os A superioridade não é só minha e vossa, é achar o contrário. Estamos juntos, sempre. sentimentos mais primários do ser humano, pois nossa e de todos os que estão connosco. Assim… cada vez que a porta se abrir e a ninguém fica indiferente quando confrontado com Há quem diga que a nossa vida é feita de sala ficar cheia, levantem-se uma vez mais e lutem estas situações. Além disso, deixa também espaço salas e que as pessoas que estão connosco nessas pelo que somos, caso contrário ninguém lutará…para a reflexão e para a perceção de que nós somos salas fazem parte da nossa vida. a geração de mudança, e que, se quisermos, temos o O movimento “Levanta-te e Atua” é a prova

Marta Gouveia, 12ºC poder nas nossas mãos para com ele eliminarmos as disso. Pude concluir, em tom arrepiante, que essa discrepâncias existentes no mundo deixando nele

A OPINIÃO DOS ALUNOS

17/10/2012, na Escola Secundária de Seia, no horário 10:15 – 10:40. É de sublinhar que este movimento cívico reuniu centenas de pessoas da comunidade educativa à volta dos Objetivos do Milénio, que com grande motivação e envolvimento, sublinharam a importância destes para o mundo atual. Em 2011, aqui na Secundária de Seia, aderiram 573 participantes; este ano, das mais de 650 pessoas que sobrelotaram o Polivalente, 598 participantes deixaram o seu LIKE/Gosto na caixa dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. É de relevar ainda que das 17 instituições da Seia, Capelania e Liga de Amigos do Hospital de comunidade convidadas, estiveram presentes 14, Seia, Santa Casa Misericórdia de Seia, Associação

O grupo disciplinar 290 do Agrupamento de Escolas nomeadamente: Câmara Municipal de Seia,3 de Pais e Encarregados de Educação do de Seia informa toda a comunidade que Escolas do Agrupamento, Escuteiros de Seia, Agrupamento de Escolas de Seia. operacionalizou, em colaboração estreita com os Bombeiros de Seia, Rancho de Seia, Casa Santa alunos matriculados em EMRC, o evento «Levanta- Isabel – São Romão, Jornal Porta da Estrela, Centro O Subcoordenador de Área Disciplinar de EMRC

António José Lopes Ferreirate e Atua contra a pobreza extrema e a fome e coloca Paroquial de Seia, Paróquia de Seia, Escola um “Like” nos Objetivos do Milénio», realizado no dia Profissional Serra da Estrela, Academia Sénior de

Tourais Paranhos a fim de participarem com as Magusto Escolarturmas do 1º CEB na realização de um magusto tradicional e num lanche convívio. Ainda neste dia o

No dia 9 de novembro, decorreu nos JI(s) do Agrupamento a comemoração do S. Martinho. Esta iniciativa desenvolveu-se em articulação com o 1º

CERVAS (Centro de Ecologia, Recuperação e perante a comunidade educativa que aplaudiu este Vigilância de Animais Selvagens) promoveu duas ato com entusiasmo e emoção.sessões de "educação ambiental" durante as quais

CEB nas localidades onde permanecem os foram apresentadas as diferentes aves de rapina respetivos estabelecimentos educativos. Neste existentes em Portugal e as suas principais Coordenadora da EPEâmbito salientam-se os JI(s) de Carvalhal da Louça, Lurdes Alcafachecaraterísticas. Integrado nesta atividade, foi Tourais e Vila Verde que se deslocaram à EB de devolvido à Natureza um gavião (Accipiter nisus)

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AGRUPAMENTO EM AÇÃOuma equipa da GNR.Devolução à Natureza de um gavião em Tourais, Seia

No momento do ingresso no CERVAS a a v e a p r e s e n t a v a N o d i a 9 d e descoordenação motora, Novembro de 2012 incapacidade de se à s 1 0 : 3 0 h f o i m a n t e r e m p é e devolvido à Natureza problemas numa das um gavião (Accipiter asas. Durante o curto nisus) em Tourais, p r o c e s s o d e Seia.recuperação, de menos Esta acção decorreu de um mês, esta esteve na Escola Básica de em contacto com outro Tourais-Paranhos, local onde a ave tinha sido encontrada ferida após colisão gavião, durante a fase de contra uma janela.treino e musculação.Antes da libertação foram realizadas duas sessões de educação

A devolução à ambiental, com as crianças, durante as quais foi possível apresentar as diferentes Natureza decorreu no interior da área da escola, num local próximo daquele onde espécies de aves de rapina existentes em Portugal e as suas principais tinha sido encontrada ferida e junto a uma área florestal.características.

O CERVAS agradece a disponibilidade e interesse da escola EB2,3 de O gavião juvenil tinha sido encontrado por um funcionário da escola, que Tourais - Paranhos e está disponível para futuras acções de colaboração.o entregou ao CISE, que por sua vez o encaminhou para o CERVAS, através de

Devolução à Natureza de um mocho-galego em

Santiago, Seia

No dia 2 de Novembro de 2012 às 17h foi devolvido à Natureza um mocho-galego (Athene noctua) em Santiago, Seia.

A ação foi realizada em parceria com o Jardim de Infância de Santiago, l o c a l o n d e d e c o r r e u previamente uma pequena oficina sobre aves de rapina noturnas.

Nes ta sessão os alunos e professores tiveram oportunidade de assistir a uma palestra e contactaram com diversos t ipos de mater ia is b io lóg icos e pedagógicos que permitiram uma introdução teórico-prática antes da libertação da ave. No momento do ingresso no CERVAS esta ave juvenil apresentava uma

De seguida, procedeu- fratura numa das pernas, como consequência da queda, e o processo de se à devolução do mocho à recuperação consistiu em imobilização e repouso, seguido de fisioterapia e treino Natureza, num local próximo de voo e caça, em contacto com outros mochos-galegos.de onde tinha sido encontrado O CERVAS agradece a disponibilidade, participação e interesse do

cerca de 4 meses antes, após ter caído do ninho num telhado de uma habitação. Jardim de Infância de Santiago e está disponível para futuras ações.

vencer e, sobretudo de participar, provocam um Corta Mato em Tourais/Paranhosambiente agradável a todos os presentes. Gente animada, esta de Tourais /Paranhos!

Dia 21 de novembro, quarta feira, dia de Finalmente tudo pronto. Alunos, professores,

Corta Mato em Tourais Paranhos. Não é um dia funcionários e Encarregados de Educação fomentam

qualquer. É um dia muito especial para os alunos. um ambiente festivo e de incentivo para os

Num total de 82 inscrições, todos aguardam o seu participantes. A parte mais esperada pelos alunos é

momento. assistirem à participação dos seus professores. Assim, vão apoiando ora este ora aquele, puxando por um, puxando por outro e instala-se um ambiente, extra aula, de verdadeira amizade. Todos são aplaudidos e incentivados a continuarem. Bonito de se ver. Mesmo aquele que vai atrasado, que vai com dificuldade, é merecedor de uma boa dose de incentivo e aplausos que lhe levanta o ânimo e o leva até à meta. Muito cansaço, muito suor, mas no final um sorriso de vitória por ter ficado em determinado valor desse prémio tão cobiçado. Sobretudo para lugar da classificação geral ou …simplesmente, por aqueles que estão habituados a não ganharem nada,

nunca, isto é um alento nas suas vidas, tanto mais que alguns ainda gozaram da presença dos seus familiares que, em conjunto com a comunidade escolar, vieram ajudar à festa. É então que o Pavi lhão Gimnodesportivo da escola se enche de música, alegria, boa disposição e muitos sorrisos. Cada um Ladeados pela natureza envolvente, com espera pela chamada do seu nome e o horizonte é raios de sol resplandecentes, como que aquecerem a aquele lugar no pódio. Não é o lugar de sicrano, nem de alma de cada um e sob o apito da professora Dulce e beltrano, é o seu. Conquistado por si. Fruto do seu do Professor Pedro, os mais novos começam a pôr-esforço. se em sentido, pois serão os primeiros a arrancar.

Momento de clara festa que esta atividade nos Rapazes e raparigas mostram que, nesse fez experienciar. Momentos de partilha que deixarão dia, podem fazer do momento, não só um evento marcas em todos nós, pois estes momentos de desportivo, mas de grande camaradagem e de são descontração levam a um melhor conhecimento de si e convívio.do outro, em contexto extra aula, o que muitas vezes Os preparativos deixam alguns mais contribui para uma melhor análise e posterior reflexão nervosos, pois é nesta atividade que podem mostrar de determinadas situações do dia a dia na escola.a sua superioridade, pela forma física que ter chegado ao fim. Bravo para todos eles, que depois

apresentam. E como ninguém gosta de perder “nem de um bom banho e de um pequeno retempero ao Estão todos de parabéns, organização, a feijões”, há que apertar bem a sapatinha e colocar- estômago, estão prontos para assistirem à cerimónia

coordenação, professores, funcionários e alunos.se ao lado do seu ”adversário”, porque se ele pensa da entrega dos “óscares”, desculpem, das medalhas, A FESTA foi NOSSA.que leva a melhor está muito enganado. Uns coroas de louro (1º, 2º e 3º lugares) e de oliveira (4º, 5º

diferentes na indumentária, mas iguais na vontade de e 6º lugares). Para alguns, certamente estas terão o Lucília Figueiredo

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Conto

com esta reação anormal e senti-me aliviado quando melhorando. Quando a nossa filha nasceu, já As luzes de Natala minha mãe me arrancou dos braços dele. Naquela recuperáramos algumas tradições familiares e o altura, não compreendi que o meu pai acabava de Natal tornou-se, de novo, uma época maravilhosa.

Antes de o meu pai morrer, o Natal era uma sofrer um enfarte. Pediram-me para descer para o Era divertido esperar pelo Natal, ver a excitação das época mágica nos longos e escuros invernos de quarto de jogos e para brincar com os meus irmãos. crianças e, acima de tudo, passar o dia de Natal com Bathrurst, em New Brunswick. Os dias frios e Do fundo da escada, vi chegar o médico e o padre. a minha família. Na véspera de Natal, continuei a tempestuosos começavam cedo, logo no fim de Mais tarde, vi os enfermeiros entrar e depois vi-os tradição iniciada pelo meu pai e deixava as luzes do setembro. A dada altura, acendiam-se as luzes de sair, transportando uma maca coberta com uma pinheiro ligadas naquela noite para que, de manhã, Natal e a expectativa crescia. Por alturas da véspera manta vermelha. Não chorei na noite da morte do as crianças pudessem viver aquela experiência de Natal, o vulgar pinheiro que o meu pai arrastara meu pai, nem no dia do funeral. Não que reprimisse maravilhosa.até nossa casa dez dias antes adquiria uma vida as lágrimas. Simplesmente, não tinha lágrimas para Numa noite de Natal, tinha o meu filho nove própria, plena de magia e de luz. O seu brilho era de chorar. anos, a mesma idade que eu tinha quando o meu pai tal forma maravilhoso que conseguia, sozinho, Na manhã do dia de Natal, como faleceu, enquanto via a missa do galo na televisão, afastar toda a escuridão do inverno. habitualmente, fui o primeiro a levantar-me. Mas este adormeci no sofá. O coro cantava lindamente e a

Na véspera de Natal, pouco antes da meia ano era diferente. A manhã já despontava no céu. última coisa de que me lembro foi de desejar ouvir noite, agasalhávamo-nos bem e íamos à missa do Mais acordado do que de costume, desci para a sala outra vez a minha irmã a entoar Noite Feliz. Acordei galo. A beleza do som do coro causava- de manhã cedo com o me arrepios e, quando a minha irmã barulho que o meu filho fazia mais velha, que era solista, cantava enquanto descia para a sala Noite Feliz, a minha face corava de de jantar. Vi-o parar e olhar o orgulho. p inhei ro, boquiaber to.

No dia de Natal, de manhã, eu Então, lembrei-me da minha era o primeiro a levantar. Saía da cama infância e soube que o meu atabalhoadamente e descia em direção pai me tinha amado da ao brilho intenso da sala de estar. mesma forma que eu amava Embora tentasse manter-me direito, os o meu filho. Soube que ele olhos cheios de sono faziam-me tinha sentido por mim uma cambalear. Quando entrava na sala, mistura de orgulho, de via-me diante do esplendor do Natal. alegria e de amor ilimitado. Os meus olhos toldados e cheios de E, naquele instante, soube sono criavam uma auréola à volta de como me tinha zangado com cada luz, amplificando-a e aquecendo- o meu pai por ele ter morrido a. Após uns breves instantes, esfregava e quan to amor t inha os olhos e via uma infinidade de fitas e escondido durante toda a laços e um amontoado de presentes minha vida por causa desse coloridos. Nunca me esquecerei da sentimento de raiva.sensação do primeiro vislumbre dessa Senti-me um rapazinho, manhã. Após alguns minutos a sós com cujas lágrimas estavam a magia do Natal, ia buscar os meus prestes a brotar, e não havia irmãos e juntos acordávamos os palavras para exprimir a nossos pais. imensa pena e a alegria

Certa noite de novembro, i r r e s i s t í v e l q u e quando faltava um mês para o Natal, eu e x p e r i m e n t a v a e m estava sentado à mesa da sala de simultâneo. Esfreguei os jantar a jogar o Solitário. A minha mãe olhos com as costas da mão estava ocupada na cozinha, mas, de de estar. Só me apercebi de que havia algo de para ver melhor. Com os olhos húmidos e a visão vez em quando, aproximava-se da sala de estar para estranho quando entrei na sala. Em vez de ficar toldada, olhei para o meu filho que estava diante do ouvir o seu programa de rádio preferido. ofuscado com as luzes brilhantes, conseguia ver tudo pinheiro. Meu Deus, que pinheiro magnífico! Era o

Embora estivesse escuro e frio lá fora, o com nitidez naquela sala sombria. Conseguia ver o pinheiro da minha infância.interior da casa estava agradável. O meu pai tinha- pinheiro, os presentes e até, através da janela, um Através das lágrimas, as luzes do pinheiro me prometido que à noite jogaríamos as cartas, mas pouco do exterior. O meu pai já não estava presente irradiavam um brilho quente e cintilante. Os já estava quase na hora de ir para a cama e ele ainda para assegurar que as luzes do pinheiro tinham amarelos, verdes, vermelhos e azuis, tremeluzentes não tinha chegado. Quando o ouvi entrar pela porta ficado acesas. Quebrara-se a magia do Natal da e suaves, envolveram-nos. Tinham-me sido da cozinha, levantei-me de um salto e fui ao seu minha infância. roubados pela morte do meu pai. Mas, ao amar o meu encontro. Embora lançasse um olhar preocupado à Entretanto, os anos passaram. Durante a filho tanto quanto o meu pai me amara, pude ver, uma minha mãe, o que achei estranho, abraçou-me minha juventude, voluntariei-me sempre para vez mais, as luzes de Natal. E, a partir desse dia, quando corri para os seus braços. Adorava abraçar o trabalhar no Natal. O dia de Natal não era bom, nem recuperei toda a magia e alegria do Natal.meu pai numa noite de inverno. O casaco grosso e era mau. Era mais um dia cinzento de inverno, com a frio comprimia-se contra a minha cara e o cheiro do vantagem de receber algum dinheiro extra pelo facto gelo misturava-se com o cheiro da lã. de trabalhar.

Michael Hogan, 2010Só que desta vez foi diferente. Depois dos Depois apaixonei-me e casei-me. O primeiro segundos iniciais do abraço habitual, o seu corpo Natal do nosso filho foi o melhor que eu tinha tido em começou a ficar hirto. Fiquei um pouco assustado vinte anos. À medida que ele foi crescendo, o Natal foi

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POESIA

Carta para meu filho

Meu querido filho,

Virá o dia em que não serei a mesma,Serei, talvez, só a tua velha mãe.Compreende-me, não me reproves,Apoia-me, comigo paciência tem.

Se, quando conversar, for repetitivaE já souberes como a prosa vai terminar,Ouve-me. Quando eras pequenino,Tantas vezes a mesma história tive de contar.

Se espalhar migalhas sobre a mesa,Se o casaco não conseguir apertar,Lembra-te dos minutos que passei,Para as mesmas coisas te ensinar.

Nunca me reproves, nem me chames a atenção,Se à noite não me quiser deitar.Recorda-te que, para ires para a cama,Tantos beijos tinha de te dar.

Quando me vires ineficaz, inculta,Das TIC que não consiga entender,Lembra-te que te ensinei muitas coisasValores, integridade, vestir, comer…

Quando minhas pernas, já cansadas,Não tiverem grande força para andar,Enlaça-me em teu braço, tua mão,Como eu fiz, para começares a caminhar.

Compreende-me e apoia-me.No teu início assim fiz eu.Com o desvelo que abri teu caminho,Por favor, ajuda-me a terminar o meu.

Fernanda Maria DuarteMaio 2012

A noite de Natal

Em a noite de NatalAlegram-se os pequenitos;Pois sabem que o bom JesusCostuma dar-lhes bonitos.

Vão se deitar os lindinhosMas nem dormem de contentesE somente às dez horasAdormecem inocentes.

Perguntam logo à criadaQuando acordam de manhãSe Jesus lhes não deu nada.

– Deu-lhes sim, muitos bonitos.– Queremo-nos já levantarRespondem os pequenitos.

Mário de Sá-Carneiro

História Antiga

Era uma vez, lá na Judeia, um rei.Feio bicho, de resto:Uma cara de burro sem cabrestoE duas grandes tranças.A gente olhava, reparava e viaQue naquela figura não haviaOlhos de quem gosta de crianças.

E, na verdade, assim acontecia.Porque um dia,O malvado,Só por ter o poder de quem é reiPor não ter coração,Sem mais nem menos,Mandou matar quantos eram pequenosNas cidades e aldeias da nação.

Mas, por acaso ou milagre, aconteceuQue, num burrinho pela areia fora,FugiuDaquelas mãos de sangue um pequenitoQue o vivo sol da vida acarinhou;E bastouEsse palmo de sonhoPara encher este mundo de alegria;Para crescer, ser Deus;E meter no inferno o tal das tranças,Só porque ele não gostava de crianças.

Miguel Torga

Natal

Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.Era gente a correr pela música acima.Uma onda uma festa. Palavras a saltar.

Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.Guitarras guitarras. Ou talvez mar.E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.

Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.No teu ritmo nos teus ritos.No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.No teu sol acontecia.

Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).Todo o tempo num só tempo: andamentode poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.Na cidade lavada pela chuva. Em cada curvaacontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turvana cidade agitada pelo vento.

Natal Natal (diziam). E acontecia.Como se fosse na palavra a rosa bravaacontecia. E era Dezembro que floria.Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.E era na lava a rosa e a palavra.Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.

Manuel Alegre

Prelúdio de Natal

Tudo principiavapela cúmplice neblinaque vinha perfumadade lenha e tangerinas

Só depois se rasgavaa primeira cortinaE dispersa e douradano palco das vitrinas

a festa começavaentre odor a resinae gosto a noz-moscadae vozes femininas

A cidade ficavasob a luz vespertinapelas montras cercadade paisagens alpinas

David Mourão-Ferreira

Natal divino ao rés-do-chão humano,Sem um anjo a cantar a cada ouvido.EncolhidoÀ lareira,Ao que perguntoRespondoCom as achas que vou pondoNa fogueira.

O mito apenas veladoComo um cadáverFamiliar…E neve, neve, a caiarDe triste melancoliaOs caminhos onde um diaVi os Magos galopar…

Miguel Torga

Dia de Natal

Hoje é dia de NatalMas o Menino JesusNem sequer tem uma cama,Dorme na palha onde o pus. Recebi cinco brinquedosMais um casaco comprido.Pobre Menino Jesus,Faz anos e está despido.

Comi bacalhau e bolos,Peru, pinhões e pudim.Só ele não comeu nadaDo que me deram a mim.

Os reis de longe lhe trazemTesouro, incenso e mirra.Se me dessem tais presentes,Eu cá fazia uma birra. Às escondidas de todosVou pegar-lhe pela mãoE sentá-lo no meu coloPara ver televisão.

Luísa Ducla Soares

Este Meninoé pequenino,qual passarinhoa querer poisardevagarinho.

Devagarinhopoisa no ninhoque o colo tem:ninho do coloda sua mãe.

Maria Alberta Menéres

A palavra mais bela

Fui ver ao dicionário de sinónimosA palavra mais bela sem igualPerfeita como a nave dos Jerónimos...E o dicionário disse-me NATAL.

Perguntei aos poetas que releio:Gabriela, Régio, Goethe, Poe, Quental,Lorca, Olegário... e a resposta veio:Christmas... Noel... Natividad...Natal...

Interroguei o firmamento todo!Cobras, formigas, pássaros, chacal!O aço em chispa, o «pipe-line», o lodo!E a voz das coisas respondeu NATAL.

Cânticos, sinos, lágrimas e versos:Um N, um A, um T, um A, um L... Perguntei a mim próprio e fiquei mudo...Qual a mais bela das palavras, qual?Para que perguntar se tudo, tudo,Diz Natal, diz Natal, e diz Natal?!

Adolfo Simões Muller

Chove. É dia de Natal.Lá para o Norte é melhor:Há a neve que faz mal,E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contentePorque é dia de o ficar.Chove no Natal presente.Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esseO Natal da convenção,Quando o corpo me arrefeceTenho o frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadraE o Natal a quem o fez,Pois se escrevo ainda outra quadraFico gelado dos pés.

Fernando Pessoa

Natal

Natal...Na província neva.Nos lares aconchegados,Um sentimento conservaOs sentimentos passados.Coração oposto ao mundo,Como a família é verdade!Meu pensamento é profundo,Estou só e sonho saudade.E como é branca de graçaA paisagem que não sei,Vista de trás da vidraçaDo lar que nunca terei!

Fernando Pessoa

Page 15: Jornal Vivências

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PASSATEMPOS

RIR... É BOM

Um indivíduo estaciona o carro em frente a uma casa quando aparece um polícia que lhe diz que não pode parar ali.«Mas porquê?», pergunta o condutor.«Porque é a casa do ministro das Finanças», esclarece o polícia.«Ah!, não faz mal», dispara o condutor. «O carro tem alarme».

CULINÁRIA:SUGESTÃO:

Pudim de Natal

Ingredientes:

• 1 lata de leite condensado;• 2 vezes a mesma medida de leite;• 3 ovos;• 1 colher de chá de essência de baunilha;• 1 maçã grande sem casca cortada em fatias finas;• Canela e açúcar para polvilhar;• 2 pãezinhos cortados em fatias finas;• 150 gr de ameixas pretas secas picadas;• 100 gr de passas;• 100 gr de nozes picadas;• Pedaços de manteiga

Preparação:

Bata o leite condensado, o leite, os ovos e a essência de baunilha. Unte uma forma grande com manteiga e polvilhe com açúcar. Forre o fundo da forma com parte das fatias da maçã e polvilhe com canela e açúcar. Aos poucos, embeba as fatias de pão na mistura do leite condensado e coloque-as sobre as maçãs. Distribua parte das ameixas, das passas e das nozes e repita as camadas até que a maçã se acabe. Cubra tudo com a mistura de leite condensado restante, espalhe pedaços de manteiga e leve ao forno médio durante 40 minutos. Sirva quente.

A minha avó contou-me como é que acabou por casar com o avô.Quando ela tinha 20 anos, o seu noivo partiu para a guerra.«Nós escrevíamo-nos todas as semanas», disse ela. «Foi aí que me apercebi de que o teu avô era um homem maravilhoso.»«Casaram quando ele voltou da guerra?», perguntei.«Na verdade, eu não casei com o homem das cartas. O teu avô era o carteiro».

Um amigo, ao passar pela porta do outro, constata que está muita gente à porta dele e pergunta:- Ó Zé, o que se passa aqui?- Foi o meu burro que matou a minha sogra só com um coice...- Mas esta gente toda conhecia a tua sogra?- Não, mas querem todos comprar-me o burro!

Um homem telefona para a mulher para lhe dizer que os dois filhos querem ir ao jardim zoológico e a seguir ao cinema.«Acho que isso fica muito caro», disse ela. «Ou um ou outro», argumentou.«Ok», disse o marido.«Qual preferes?», perguntou ela.«Acho que o mais novo», disparou o marido.

Um navio de cruzeiro passa junto a uma ilha deserta. Os passageiros ficam a olhar para um homem barbudo que gesticula e grita na praia.«Quem é aquele?», pergunta um dos passageiros.«Não fazemos ideia», responde o comandante. «Mas todos os anos quando passamos aqui ele fica assim maluco.»

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EM DESTAQUE

FEIRA DO LIVRO

À semelhança do ano letivo anterior, as Abranches Ferrão, participaram nas atividades da Bibliotecas Escolares do agrupamento “Feira do Livro”. promoveram no mês de dezembro a iniciativa O período da manhã do dia 6 de dezembro “Feira do Livro”. A referida ação decorreu na EB destinou-se aos JI(s) afetos à EB Dr. Abranches Ferrão Dr. Abranches Ferrão e na Escola Secundária (JI S. Martinho, Travancinha, Eirô e Sabugueiro) e ao de Seia de 3 a 7 de dezembro de 2012 e na EB 1.º CEB de Sabugueiro.de Tourais/Paranhos de 10 a 14 de dezembro de A manhã do dia 7 de dezembro, foi para os 2012. A proposta do programa integrou JI(s) de Santiago, Santa Marinha, Pinhanços, Santa atividades de animação, diversas, que foram Comba e alunos do 1.º Ciclo de Sta. Marinha. dinamizadas por elementos da Biblioteca, pelos O dia 13 de dezembro, no período da manhã, alunos do 12.ºk, pelo grupo de teatro da destinou-se aos JI(s) da área de abrangência da EB Ludoteca. Deste modo, a leitura de histórias, as Tourais/Paranhos e turmas do 1.º CEB, da EB de pinturas faciais, a realização de jogos, a Tourais/Paranhos. No período da tarde a visita à Feira construção de figuras com balões, a visita à do Livro dirigiu-se às turmas do 1.º CEB. Feira do Livro, a peça de teatro "Bruxas e Salienta-se que a visita à “Feira do Livro” só foi bruxarias", foram atividades que envolveram possível devido à colaboração prestada pelo Município com interesse e curiosidade todos os de Seia, pois as deslocações dos diferentes participantes. estabelecimentos educativos foram apoiados pela(s)

Assim, no período da tarde do dia 5 de autarquia(s) que asseguraram o respetivo transporte.dezembro, os alunos do 1.º Ciclo da EB de

A equipa da BESantiago, em conjunto com os alunos da EB Dr.

Alunos visitam a Feira do Livro na Biblioteca Escolar de Tourais-Paranhos

Sessão de contos Biblioteca Escolar de Tourais-Paranhos, dinamizada pela Prof.ª Ana Paula Neves

Peça de teatro «Bruxas e bruxarias» pelo grupo de teatro da Ludoteca no auditório da Escola Básica de Tourais-Paranhos

Feira do Livro na Biblioteca Escolar da Escola Secundária de SeiaAlunos do 12º K dinamizam a Feira do Livro de Tourais-Paranhos

Alunos do 12º K dinamizam a Feira do Livro da EB Dr. Abranches FerrãoProf.ª Teresinha na Feira do Livro da EB Dr. Abranches Ferrão

Feira do Livro na biblioteca escolar da EB Dr. Abranches Ferrão