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José Maurício Nunes Garcia e a Real Capela de D. João VI no Rio de Janeiro RICARDO BERNARDES

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José Maurício Nunes Garcia (1767–1830) é um dos maissignificativos compositores da América colonial no quediz respeito à quantidade de composições, à qualidadeestética e à definição de uma linguagem própria,facilmente perceptível. Esse perfil o individualizae o destaca dos compositores mineiros ou hispano-americanos do século XVIII, que podemos identificar,respectivamente, dentro de uma “escola” ou estilocomum de composição. É também o único compositorcolonial cuja obra e biografia não foram esquecidasao longo destes dois séculos, pois contou com árduosdefensores, desde seus contemporâneos Manuelde Araújo Porto Alegre e Bento das Mercês, atéo Visconde de Taunay, que conseguiu fazer com que,em fins do século XIX, o governo brasileiro adquirisseas principais obras de José Maurício, reunidase conservadas, em coleção, por Bento das Mercês1,e editasse com Alberto Nepomuceno, em 1897,o famoso Réquiem de 1816, numa versão reduzida paracanto e piano ou órgão2.

Em 1930, o filho de Taunay, Affonso de E. Taunay,reuniu os escritos do pai a respeito de José Maurícioe Carlos Gomes, organizando-os no livro “DousArtistas Máximos: José Maurício e Carlos Gomes”3 ,contribuindo assim para a imagem que o século XXtem de José Maurício, das personagens e dos fatos queo cercaram. Essa visão foi bastante difundida duranteos primórdios da República, quando se buscava criara idéia de um “herói brasileiro”, que fizesse frenteao “vilão luso”, na busca desenfreada por umaidentidade nacional.

Ainda, durante o século XIX e o início do XX,outras iniciativas foram tomadas, por compositorescomo Leopoldo Miguez e Alberto Nepomuceno,visando recuperar a obra do padre mestre, através desua restauração e execução, como no caso dareinauguração da Igreja da Candelária, em 1900,ocasião em que foi executada a Missa em Si bemolde 1801, com reorquestração de Nepomuceno.

Louis Claude Desausles Freycinet.Teatro São João, do livro Voyage autour du monde, entreprispar ordre du roi... Execute sur les cervettes de S. M. l’Uraneet la Physicienne, pendant les années 1819 et 1820.Paris, Pillet Ainé, 1824.FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL – DIVISÃO DE OBRAS RARAS

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o que os subentende escravos. O Dr. Nunes GarciaJúnior, único filho legitimado de José Maurício,descreve seus avós paternos como mulatos claros“de cabelos finos e soltos”. Manoel de Araújo PortoAlegre, em seus “Apontamentos sôbre a vida e obrasdo Padre J. M. N. G.”8, indica a freguesia de NossaSenhora da Ajuda, na Ilha do Governador,Rio de Janeiro, como local de seu nascimento.

José Maurício tem sua formação musical comSalvador José de Almeida e Faria, “o pardo”, amigoda família e natural de Vila Rica, Minas Gerais. Desdeos doze anos já é professor de música e em 1783, aos 16anos, compõe sua primeira obra, Tota Pulchra es Maria.É ordenado padre em 1792 e, em 1798, é designadopara assumir a função de mestre-de-capela9 da Sédo Rio de Janeiro, que então funcionava na Igrejada Irmandade do Rosário e S. Benedicto. No entanto,José Maurício já compunha para essa instituiçãomesmo antes de sua nomeação, como comprovamos autógrafos das Vésperas de Nossa Senhora, de 1797,

também se reflete sobre a vida musical da cidade,através da construção de um Teatro de Óperae, principalmente, da criação de uma Real Capela deMúsica, nos moldes da Real Capela lisboeta.10

Quando do desembarque da Corte, a 8 de marçode 1808, todas as festividades de recepção estavampreparadas na Igreja de Nossa Senhora do Monte doCarmo, por ser a mais rica e ornamentada da cidade.Porém, D. João desejava que se celebrasse um Te Deum,em agradecimento pela boa viagem e chegada, na Sé,cujo conjunto musical, dirigido por José Maurício,contava com um grupo vocal formado por cantoresmeninos, nas vozes de soprano e contralto, e adultos,como tenores e baixos. Contava ainda com umpequeno grupo de instrumentistas, que segundoa prática de orquestração de suas obras até então,provavelmente consistiam em: cordas, flautas,ocasionalmente clarinetes, trompas e baixo contínuo,realizado por órgão, fagote e contrabaixo. Esteé o primeiro contato que o príncipe regente trava com

O tempo de JoséMaurício à frenteda Real Capela

é claramente umperíodo de transiçãoestilística entre suas

duas práticas

Pe. José Maurício Nunes Garcia.Litogravura.

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO

Foi a partir da década de 1940,porém, que a vida e a obra de JoséMaurício Nunes Garcia contaramcom um estudo bastante sérioe profundo, realizado pela regentee musicóloga Cleofe Person deMattos, que, além de transcrevere promover a execução de suasobras, editou o “Catálogo temáticodas obras do padre José MaurícioNunes Garcia”4 , obra fundamentalpara o conhecimento da produçãomauriciana. Na década de 1980,a pesquisadora editou ainda 10partituras, reunidas em 8 volumes5 ;em 1994, o Réquiem de 1816, naversão completa de orquestra6 , e suabiografia mauriciana7 .

A 22 de setembro de 1767, nasceJosé Maurício Nunes Garcia, filhode Apolinário Nunes Garcia,(segundo registros) de raça branca,e de Victória Maria da Cruz, deascendentes imediatos “da Guiné”,

dedicados ao conjunto da Sé.Em 1808, fugindo das tropas

napoleônicas sob o comando deJunot, D. Maria I, o príncipe regenteD. João, a real família, parte daCorte e da alta administração doreino português deslocam-se paraa capital da colônia com o objetivo,ímpar na história da colonizaçãodo Brasil e das Américas, de láse instalarem e fazerem da cidadea nova capital do reino,aproximando-se da metrópole sobtodos os aspectos.

Um choque de urbanidadeentão se impõe sobre o Rio deJaneiro, que – por esforços pessoaisdo ainda príncipe regente, a sercoroado D. João VI apenas em 1818– vai gradualmente se tornando umacapital nos moldes europeus, coma vinda da imprensa, a abertura dosportos ao livre comércio, a criaçãoda Biblioteca Real. A modernização

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A partir desse ano começam a chegarao Rio de Janeiro os cantores vindos da Capela Realde Lisboa, e, no início de 1810, os instrumentistas.Os músicos são atraídos pelas possibilidadesde trabalho propiciadas pela instalação permanenteda Corte na cidade e pela construção, em andamento,do Teatro de Ópera.

Todos esses acontecimentos, que propiciam ummeio musical bastante rico e intenso, aliados às novasobras que começam a circular na colônia, trazidas porD. João11, serão os responsáveis pelas transformaçõesna linguagem musical de José Maurício.

O tempo de José Maurício à frente da Real Capelaé claramente um período de transição estilística entresuas duas práticas, desde há muito estabelecidas pelospesquisadores de sua obra: antes e depois da chegadada Corte. Se, antes, escrevia para grupos pequenos epossivelmente com limitações técnicas, vê-se obrigado,a partir de então, a escrever uma música mais brilhantee virtuosística, com o objetivo de se aproximar

arranjado sobre um tema cantado por D. João, e omoteto Judas Mercator Pessimus, os três últimos de 1809.Ainda em 1810, compõe um Ecce Sacerdos a 8 vozese o Magnificat das Vésperas de S. José, em 1811, a MissaPastoril para a Noite de Natal, a Missa em Mi bemol paracoro e órgão e um Te Deum em dó maior.

No entanto, a grande obra do período de JoséMaurício à frente da Real Capela é a Missa de NossaSenhora da Conceição para 8 de dezembro de 1810.É, sem dúvida, a obra mais complexa e grandiloqüentedas que havia composto até então e uma das maissofisticadas de toda a sua carreira, composta nummomento de plena maturidade: José Maurício tinha,então, 43 anos.

Era um momento cheio de esperanças e alegriaspara o compositor – por passar a trabalhar à frente deum grupo através do qual poderia mostrar todas as suaspotencialidades como músico e artista –, mas tambémde sofrimentos causados pelo preconceito, por suacondição de brasileiro, mulato, e por ter tido uma

a música do compositor carioca.No mesmo mês, D. João terá aindavárias oportunidades de avaliara qualificação musical do conjuntoda Sé e, especificamente,a qualidade do nível de criaçãode seu mestre-de-capela, o padreJosé Maurício.

O claro objetivo de D. João eramontar uma capela musical no Riode Janeiro nos moldes daquela quehavia em Lisboa, tanto no formatoquanto na fixação de um estilomusical para as obras que paralá seriam compostas. Designaentão José Maurício para dirigiras atividades da recém-criadainstituição, formada por músicos jáatuantes na cidade e alguns vindoscom D. João. Numa demonstraçãode apreço e admiração por seustalentos musicais, D. Joãoconcede-lhe o Hábito da Ordemde Cristo, em 1809.

do “estilo da Capela Real”.O que justamente caracteriza

esse período como de transiçãoé a síntese através da qual JoséMaurício adapta sua músicae sua linguagem, obtendo um estilohíbrido em sua criação, ainda comresquícios fortes da primeira fase,mas já alçando vôos em direçãoao estilo que iria caracterizarsua segunda fase: mais madurae moderna.

O período de 1808 a 1811é extremamente fecundo: JoséMaurício compõe cerca de setentaobras visando atender à extensasérie de solenidades. Entre as maisimportantes, comprovadamentedo período e que sobreviveram aténossos tempos, destacam-se: a MissaSão Pedro de Alcântara de 1808,e outra Missa São Pedro de Alcântarade 1809, um Te Deum para as Matinasde São Pedro, um Stabat Mater,

José Maurício tema oportunidade

de estrear obras comoo Réquiem de Mozart,

em dezembro de 1819,e o oratório A Criaçãode Haydn, em 1821.

Marcos Portugal.Litogravura assinada por Rodrigues.

FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL – DIVISÃO DE MÚSICA EARQUIVO SONORO

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formação musical, em muitosaspectos, autodidata.

A composição da Missada Conceição para 8 de dezembrodaquele ano pode ter sido umacomprovação aos músicos e aopríncipe de que José Maurício podiase adaptar ao novo gosto. Essa missafigura entre suas obras maisimportantes, ao lado do Ofício eMissa de Réquiem, de 1816, da Missa deNossa Senhora do Carmo, de 1818,e da Missa de Santa Cecília, de 1826.

Em 1811, a chegada de MarcosPortugal, o mais afamadocompositor português de sua época,encerra o período de Nunes Garciacomo diretor e compositor da RealCapela. De renome internacional,Portugal vem assumir na cidadeas funções de Diretor do Teatro

1. Esse acervo encontra-se, hoje, na Biblioteca AlbertoNepomuceno da Escola Nacional de Música da UFRJ.

2. GARCIA, José Maurício Nunes. Missa de Réquiem 1816.Rio de Janeiro/São Paulo: Bevilacqua, 1897.

3. TAUNAY, Visconde de. Dous artistas máximos: José Maurícioe Carlos Gomes I. São Paulo: Companhia Melhoramentos/Rio de Janeiro: Cayeiras, 1930.

4. MATTOS, Cleofe Person de. Catálogo temático das obras do padreJosé Maurício Nunes Garcia. Rio de Janeiro: Conselho Federal deCultura/MEC, 1970.

5. Referências: Gradual de São Sebastião. Rio de Janeiro: Funarte/INM/Pro-Memus, 1981; Tota pulchra es Maria. Rio de Janeiro:Funarte/INM/Pro-Memus, 1983; Gradual Dies Sanctificatus. Riode Janeiro: Funarte/INM/Pro-Memus, 1981; Missa pastoril paraNoite de Natal 1811. Rio de Janeiro: Funarte/INM/Pro-Memus,

1982; Ofício 1816. Rio de Janeiro: Funarte/INM/Pro-Memus,1982; Aberturas Zemira e Abertura em Ré. Rio de Janeiro: Funarte/INM/Pro-Memus, 1982; Salmos Laudate Pueri e Laudate Dominum.Rio de Janeiro: Funarte/INM/Pro-Memus, 1981.6. GARCIA, José Maurício Nunes. Requiem in D (CV 23.008/01,edited by Cleofe Person de Mattos) Stuttgart: Carus Verlag, 1994.7. MATTOS, Cleofe Person de. José Maurício Nunes Garcia –biografia. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca nacional/Departamento Nacional do Livro, 1994.8. Cf.: MURICY, José Cândido de Andrade (org.). Estudosmauricianos. Rio de Janeiro: Funarte, 1983.9. Mestre-de-capela: pessoa responsável pela preparaçãodas músicas destinadas às cerimônias religiosas.10. A tradição das capelas reais portuguesas, como gruposde excelência na criação e execução musical para as festividades

em 1816, no intuito de retomarrelações diplomáticas com a Corteportuguesa –, José Maurício tema oportunidade de estrear obrascomo o Réquiem de Mozart, emdezembro de 1819, e o oratórioA Criação de Haydn, em 1821.O padre mestre compõe, no mesmoano, dois salmos, Laudate Dominume Laudate Puerum, que, segundo opunho do próprio compositor, foram“arranjados sobre temas da Creaçãodo Mundo do immortal Haydn”14.Podem ser observadas, ainda,citações do oratório As estações,do mesmo Haydn, em obras maistardias, como no Qui Tollis da MissaAbreviada, de 1823.

Sua última obra e legadoé a Missa de Santa Cecília,encomendada pela ordem

de Ópera de São João e de mestre compositorda Real Capela. José Maurício continua, todavia,compondo ocasionalmente para a instituiçãoa pedido de D. João, que o tem em grande estima.13

Através da amizade com o compositor austríacoSigismund Neukomm (1778–1858), discípulo de JosephHaydn – que veio ao Brasil em uma missãodiplomática promovida por Luís XVIII de França

Jean-Baptiste Debret. D. João VI. Do livroVoyage pitoresque et historique au Brésil.

FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL –DIVISÃO DE ICONOGRAFIA

homônima, em 1826. É sua obra maior, que podeser posta ao lado das grandes obras, compostasdurante o mesmo período, dentro da históriada música ocidental.

Em 1830, morre em extrema miséria. Sua obra,contudo, tem sido cada vez mais objeto de estudoe interesse por músicos e pesquisadoresbrasileiros e estrangeiros.

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religiosas, inicia-se em 1713, no reinado de D João V, graças àsgrandes riquezas proporcionadas pela descoberta de ouro emMinas Gerais. Uma das principais capelas principescas daEuropa, a Real Capela Portuguesa, desde o princípio, mantémestreitos contatos com a prática musical e litúrgica italiana,principalmente a Romana, ligada ao Vaticano. No mesmoperíodo, é criado o Seminário da Sé Patriarcal em Lisboa,importante centro de formação de músicos portugueses em todoo século XVIII, tendo, vários deles, a oportunidade de estudarem Roma ou Nápoles. Durante o reinado de D. João V,destacam-se os nomes de Antônio Teixeira (1707 – ca.1759), JoãoRodrigues Esteves (ca.1700 – depois de 1751) e Francisco Antôniode Almeida (ca.1702 – 1755). Seus sucessores, como D. José I,mantiveram essa prática, concedendo estudos a João de SousaCarvalho (1745 – 1798), Marcos Portugal (1762–1830), AntônioLeal Moreira (1758 – 1819) e João Domingos Bomtempo(1775 – 1842). Nessa mesma política de aproximação, D. Josémanteve contato com importantes compositores italianos daépoca, como os napolitanos Davide Perez (1711 – 1778) e NicolòJommelli (1714 – 1774), encomendando óperas e música religiosa,tendo este último, em 1766, enviado cópias de todas suas obrasreligiosas à Corte portuguesa, a pedido do rei de Portugal.“[...] D. João V cria o Seminário Patriarcal de Lisboa, em 1713, e,à maneira de outras cortes européias, italianiza o gosto musical,iniciando o envio de compositores portugueses para estudar nosprincipais centros de produção musical cortesã da época: Nápolese Roma. Ainda de maior importância é a contratação docompositor napolitano Davide Perez como mestre da CapelaReal de Música da corte de D. José I de Portugal, de 1752 a 1778.Perez, assim como Jommelli, compositor napolitano que tambémserviu a corte de Lisboa, era um dos compositores maisimportantes ligados à aristocracia européia na segunda metade doséculo XVIII.” (FERRAZ, Sílvio e DOTTORI, Maurício.“Manoel Dias de Oliveira e Davide Perez. Uma aproximaçãoentre o barroco mineiro e a ópera italiana.” In: Ciência e Cultura,nº 42 (9). São Paulo: Escola de Comunicações e Artes da USP,setembro de 1990, p. 662-669).

11. Os arquivos musicais que vieram com a corte em 1808pertenciam à Biblioteca da Capela Real d’Ajuda, justamente acapela que se destacava por ser a de repertório mais virtuosístico.

12. MATTOS, Cleofe Person. José Maurício Nunes Garcia – umabiografia. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional /Departamento Nacional do Livro, 1997, p. 67.

13. “Marcos Portugal toma logo de assalto a vida musical daCorte... e o seu reino é incontestado. Aliás, o que ele encontraà sua frente? Cantores italianos vindos de Lisboa, certos cantoresbrasileiros, dos quais alguns eram notáveis mas que se integravamna vida musical da corte e que não podiam prejudicá-lo, enfim,músicos vindos de Lisboa e que tinham testemunhado a suaglória naquela cidade. Ou, pelo menos, quase. Havia uma sombrana imagem. Era o Padre José Maurício, compositor brasileiro dereal talento, fundador da Irmandade de Santa Cecília, no Rio deJaneiro, organista da Capela Real desde 26 de novembro de 1808e mestre de música a partir daquela data. Marcos Portugal, de um

orgulho incomensurável e que os escrúpulos não ajudavam aabafar, tomou o seu lugar como mestre de capela e foi, ainda porcima, perfeitamente desagradável e desdenhoso para com ele.Procurou afastá-lo de todas as maneiras. Teve a sorte de o PadreJosé Maurício ser um homem pacífico, bom e apagado, numapalavra, pouco talhado para a luta; isso permitiu-lhe levar avanteos seus planos com facilidade. Deve, no entanto, dizer-se que oPríncipe Regente não foi cego a suas manobras e que tentoureparar o melhor que pôde a injustiça que acabara de cometer.Mas a sua admiração por Marcos Portugal foi mais forte e, se nãoafastou o Padre José Maurício, não lhe atribuiu contudo mais queum papel secundário. No fundo, o Príncipe Regente via emMarcos Portugal o músico célebre que ele era sem dúvida, oautor capaz de compor uma música pela qual sentia uma atraçãosegura e à qual estava já habituado. Pensava ter ao seu serviço (e,de certa maneira, tinha razão) uma vedeta de primeiríssimoplano. Tinha de pagar o preço, mesmo que se tratasse de umainjustiça.” In: SARRAUTE, Jean Paul. Marcos Portugal – Ensaios.Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1979, p. 121 e 122.

14. MONTEIRO, Maurício Mário. “A construção do gosto: umestudo sobre as práticas musicais na corte de D. João VI” In:Anais do Simpósio Latino-Americano de Musicologia. Org.: ElisabethSeraphim Prosser e Paulo Castagna. Curitiba : Fundação Culturalde Curitiba, 1999, p. 397.

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RICARDO BERNARDES

Regente e pesquisador especializado em música antiga luso-brasileira e autor da coleção Música no Brasil nos séculos XVIII e XIX, Funarte 2001.Diretor artístico da Américantiga História e Cultura.

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