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José Rabaça pelo próprio
O professor Pôlho - «…um
professor primário mui castiço…»
A Rainha Isabel
28 de Maio de 1926
O princípio Nasci em 1926, em Manteigas. Diz o professor Pôlho, que é um professor primário mui castiço, que os acontecimentos mais importantes do citado ano foram o meu nascimento, o nascimento dele, o da Rainha Isabel e o da ditadura militar que daria origem ao Estado Novo. Quando fiz cinco anos, o meu pai, que se tinha reformado de industrial têxtil (dizem que me pareço com ele), levou-me a mim e à minha família para Coimbra, para dar “estudos” aos meninos - eu e o meu irmão. Dois anos depois, zarpámos para Lisboa. Em Coimbra, porém, tive a minha primeira experiência política: havia uma “República” ao lado da casa onde vivia e os seus residentes eram todos Nacional-Sindicalistas - eram os Camisas Azuis, chefiados pelo Rolão Preto. Compraram-me uma camisa azul e fui de mascote para as manifestações. Lembro-me de um grandessíssimo arraial de porrada em que se envolveram os doutores do Rolão Preto e os futricas das gravatas vermelhas. Saí ileso: o meu destino não era ser herói. A seguir - I Em Lisboa fiz a primária na Dona Fausta, na Duque d’Ávila, onde eu e o meu irmão éramos chamados de “Meninos Bastos” porque “Rabaças”, como se sabe, são ervas ruins. Depois fui para o Camões, para o liceu, para a segunda turma que era a dos melhores, sem falsas modéstias. Lá conheci, entre outros, o Jacinto Simões, que era o 60, e o José Barros, o 59. Uns mais velhos, outros mais novos, por lá andaram, ao tempo, os Urbanos, o propriamente dito e o Miguel, o Rogério Martins, o Barral, os Magalhães Colaços, tudo gente fina das Avenidas Novas. A seguir - 2 Aos 14 ou 15 anos baldei-me do Camões e transferi-me para o Colégio Moderno do professor João Soares. Bem, o professor João Soares era para mim e mais alguns - o David Mourão-Ferreira e o João Belchior Viegas, por exemplo - um ídolo. Era um director que falava connosco mas que, mais
Camisas Azuis – Rolão Preto
Francisco de Barcelos Rolão Preto nasceu em 5 de Fevereiro de 1894, no Gavião
(Abrantes).
Liceu Camões em 1910
Jacinto Simões – 1925
Dr. João Soares – Colégio Moderno
importante, nos ouvia. A mim foi ele que me deu ânimo para acabar com os “estudos” depois do sétimo ano do liceu, quando era das regras seguir para a faculdade. Eu disse-lhe que não me interessava nada ser “Dr”, porque o que eu queria era ser jornalista. E ele disse-me: “Então vai trabalhar para um jornal”. E eu fui. Mas desses tempos do Moderno não esqueço o que foi meu professor de Filosofia e se chamava Álvaro Salema. Nós conhecíamos o mestre aí a uns quinhentos metros quando vinha para o colégio, a pé, pelo Campo Grande. É que ele não movimentava os braços, alternando com a movimentação das pernas como toda a gente faz, porque dizia que isso era coisa de quadrúpedes! Também por lá pairava um jovem que já não era aluno e ainda não era professor e se chamava Mário Soares. Dado às políticas, o pai orientou-o sempre para fazer dele Primeiro-Ministro e Presidente da República, o que conseguiu. Também lá tinham trabalhado o Cunhal, mas uns anos antes. Foi na época do MUD e do MUD-Juvenil. O MUD-Juvenil para nós, talvez por sermos mais novos. Para o Mário já foi o MUD dos adultos rodeado dos próceres da República que reuniam com o pai. Eu fiz-me à vida. Fui falar com o Senhor Balsemão, ao Diário Popular, Senhor Balsemão tio, entenda-se, pois o Xiquinho ainda devia andar de bibe. Levou-me ao director, que não me lembro se ainda era o António Tinoco, que tinha uma característica única em directores de jornais da tarde: é que só lá aparecia ao meio-dia. Encomendou-me uma série de entrevistas a escritores da nossa praça de que me saí bem. Do Ferreira de Castro até aos neo-realistas foi um vê se te avias. Se calhar achavam piada ao puto: eu tinha vinte anos! O único que me deu sopa foi o Miguel Torga. Nunca lhe perdoei! E nunca lhe perdoei porque o Torga era, para mim o maior. Dizia eu, ao tempo, com as ingenuidades da juventude: se escrevesse um conto como os dele nos Novos Contos da Montanha nem me importava de morrer a seguir. E logo foi ele, que toda a gente sabe que tinha mau feitio... Depois resolvi ir a França, à França do após-guerra, da resistência, dos mitos. Juntei uns tostões e fui de comboio, em terceira, dois dias e duas noites! No regresso vinha teso e o que me valeu foi um espanhol ter-me oferecido uma sande em Medina del Campo. Aquela gente foi “bestial” para o puto que eu era. Entrevistei o Aragon e a Elsa Triolet, que me serviram de pontes para os restantes: o Cocteau, o Paul Eduard, o Picasso que tomava café com o Cícero Dias - que de Lisboa tinha ido para Paris, e mais uns tantos. Com excepção da que fiz com a Elsa Triolet ofereci à Seara Nova, as restantes foram publicadas no Diário Popular e pagas a trezentos escudos. As nacionais valiam cento e cinquenta...
(Lisboa, 1 de Setembro de 1937)
Louis Aragon - Elsa Triolet
(L’HISTOIRE D’AMOUR D’UN POÈTE ET DE SA MUSE DANS LE MILIEU INTELLECTUEL
DES ANNÉES 30, SOUS FOND DE RÉVOLUTION RUSSE, ET DE RÉSISTANCE,
TELLE FUT LA RENCONTRE D’ELSA TRIOLET ET D’ARAGON.
Jean Maurice Eugène Clément Cocteau foi um poeta, romancista, cineasta, designer, dramaturgo, actor, e encenador de teatro
francês 1889 07 05 - 1963 10 11
Jorge Amado Entretanto a mim, ao David e creio que ao António Alçada deu-nos para umas crises existenciais. Resolvemos emigrar e fui encarregado de escrever ao Jorge Amado para lhe dar conta das nossas angústias e pedir que nos arranjasse empregos. Que Portugal não era um país, não era nada, e mais a liberdade e a PIDE que ainda era a “Pevide”, et caetera e tal. E o Jorge Amado, que nessa altura era deputado pelo Partido Comunista, não esteve com mais aquelas: chegou ao Parlamento, leu a nossa carta sem dizer os nomes e manifestou-nos a sua solidariedade. Depois mandou-me o Diário das Sessões com o seu discurso e o seu livro Subterrâneas da Liberdade com dedicatória e tudo. Sobre os empregos é que não nos disse nada e ficámos por cá. Já depois de Abril, tive o gosto de o receber a ele, à Zélia e à “trupe de ciganos” que o acompanham pelo mundo - o Calasans Neto, os compadres, sei lá mais quem, na minha casa na serra e senti-me muito feliz. O Alçada O Alçada é quase meu irmão. Ele nasceu na Covilhã e os Alçadas eram muito católicos. Mas o pai dele é que era bacano, embora católico também. Era médico. Mas deixou de exercer medicina por entender que se tratava de uma prática pouco higiénica o contacto com os doentes. O filho fez o mesmo mais tarde: por falta de higiene deixou de advogar. O António Alçada, o de agora, o que é quase meu irmão, foi para Santo Tirso, para os Jesuítas. Apareceu-me em Lisboa em cheiro de santidade e integrei-o na tertúlia da Pâtisserie Versailles a que nós chamávamos a Leitaria Queluz para arreliar a Senhora Marcial. Marcial, não confundir com Marçal. Depois casou-se com a Zezinha, que era e é Nobre Guedes, e aplicou os ensinamentos de Santo Tirso: tiveram sete meninos e meninas e eu é que sofria quando ela ficava grávida. Deve dizer-se que o António nunca foi connosco às meninas. Ficava a conversar com um poeta comunista que se chamava José Aurélio e morreu cedo. O António, que é muito feminino sem ser larilas, teve sempre um apreciável sentido de humor. Uma vez foi visitar as novas instalações do Banco Espírito Santo, na Avenida da Liberdade, e encontrou-se à entrada com o presidente do banco, que era o Alexandre Vaz Pinto de quem era e suponho que é amigo. Aliás, o António foi sempre amigo de todos os ricos do reino. Bem, o Vaz Pinto mostrou-lhe as instalações, os gabinetes, os mármores, as novas medidas de segurança já em funcionamento, as luzes, as sirenes... Ora a esta altura o António diz para ao presidente do banco: - Estou-lhe muito agradecido, você desculpe, mas tenho que me ir embora. É que se essas máquinas todas se lembram da
Paul Éluard foi um poeta francês, autor de poemas contra o nazismo que circularam
clandestinamente durante a Segunda Guerra Mundial.
1895 12 14 - 952 11 18
Pablo Ruiz Picasso, foi um pintor
espanhol, escultor, ceramista, cenógrafo, poeta e dramaturgo que passou a maior
parte da sua vida na França. 1881 10 25 - 1973 04 08
Cícero dos Santos Dias foi um pintor do
modernismo brasileiro. 1907 03 05 - 2003 01 28
época em que, às vezes, passava uns cheques de “borracha”, as luzes começam a acender e nunca mais se apagam e as gaitas a tocar e nunca mais se calam, e eu passo pela maior vergonha da minha vida! É que o Alçada, embora com o apoio das suas queridas tias e também do Domingos Megre, teve períodos com dificuldades para fazer face à sua personalidade de mecenas na luta para a sobrevivência da Livraria Morais e da revista O Tempo e o Modo. E de vez em quando lá mandava umas carecas... O Século Depois do Popular arranjei pousio em O Século. Foi o Joaquim Pavão que lá me meteu, na redacção, como estagiário. O Século tinha, ao tempo, uma revista de espectáculos, mais ou menos como a TV Mais de agora, e que era cozinhada por três ou quatro mânfios, sob a batuta do Francisco Mata, o jornalista mais talentoso que eu conheci. Na tal Rádio Mundial consegui que dedicassem duas páginas a um “Comentário da Semana” que eu escrevia e era ilustrado com os cartoons do João Abel Manta que ali se estreou na arte em que, para mim, continua a ser o maior. Facto de que me orgulho muito. A revista acabou e eu passei a entrar às sete da tarde e a sair à uma e meia da manhã com excepção das terças em que folgava e das quartas em que entrava às nove e saía às quatro meia já com o jornal debaixo do braço. Vivi naquela sala enorme o melhor ano da minha vida. Aquela gente, a que lá trabalhava e a que lá ia - e destes destaco o João Villaret - era de outro mundo. É óbvio que a figura maior era o chefe Acúrcio. Não se escreve “em virtude” escreve-se “em consequência”. Não se escreve “a gente”. “Agente” é da polícia... Quando saí, chorei. E ele chorou também... Mas havia muitos, a começar no Leitão de Barros com estatuto especial, o Leopoldo Nunes, o Redondo Júnior, o Figueira cheio de bexigas, o Amadeu de Freitas, o Augusto Fraga, o Ferreira da Costa, eu sei lá, muitos mais e todos bons, para não falar do Mata, que saía todas as noites mais cedo com o Guilherme Pereira da Rosa. Porque saí? Muito simplesmente porque o “Patrão Lopes”, que tinha mais poder no jornal que todos os Rosas juntos e era quem mandava naquilo tudo, entendeu que nós, jornalistas, tínhamos que passar a assinar o livro de ponto. Nós que para além dos horários que cumpríamos, estávamos de permanente serviço para o que desse e viesse. E para além de tudo mais naqueles tempos, jornalista não assinava ponto. Eu era o mais novo. Fui intimado a ser o primeiro a assinar. Também fui o primeiro a não assinar. E quando me despedi do Mestre Acúrcio... Ele chorou e eu... chorei. O regresso às origens
Jorge Amado
(Nascimento: 10 de agosto de 1912, Itabuna, Bahia, Brasil
Falecimento: 6 de agosto de 2001, Salvador, Bahia, Brasil)
(Nascimento: 29 de Janeiro de 1927,
Covilhã Falecimento: 7 de Dezembro de 2008,
Lisboa)
O TEMPO E O MODO
João Abel Manta
arquitecto, pintor, ilustrador e cartoonista 1928 01 29 - (89 anos)
Chateado com o Lopes, com O Século, com a vida, resolvi mudar de vida. Regressei à montanha e assentei arraiais para ver como era. Note-se que tinha continuado a passar férias sempre por aquelas bandas. Gostei. E comprei, com outros, uma fábrica de lãs, pois o meu pai, quando se reformou aos 33 anos, porque se tinha cansado, deu a fábrica a um sobrinho de quem gostava muito! E casei-me, o que foi importante para a minha fixação e para tudo no resto da minha Vida. A minha mulher deu-me duas filhas que são porreirinhas, uma delas deu-me uma neta que também é, e já esta brindou-me com uma bisneta que é a Maria e, simultaneamente o centro do meu mundo. Tem dois anos, faz muitas festinhas ao bisavô. E manda em mim. A caminho vem aí um Pedro e vai ser o fim da macacada, pois é óbvio que hei-de levar o meu bisneto... ao Jardim Zoológico. As fábricas Depois da primeira fábrica promovi uma coisa que estava na moda, e foi uma concentração de empresas que o Engª. Ferreira Dias defendia como solução para o futuro. Esta fábrica tornou-se uma das principais do país com o acento tónico na qualidade. Administrei-a durante trinta anos, apesar de já ter direito à reforma por inteiro depois de vinte. Fui presidente da Federação dos Grémios do sector e chamavam-me o patrão dos patrões... da lã. Viajei pelo mundo todo, conheço os cinco continentes. Foi bom. Quando fiz 65 anos, que é a idade oficial para as reformas, reformei-me mesmo e nunca mais meti os pés na fábrica. Coimbra e o coração Entretanto, dois anos antes, mais objectivamente em 1989, morri. Eu conto. Um dia, à tarde, fui a um cardiologista fazer um check-up. Estava porreiríssimo, o electrocardiograma dizia que tinha vinte anos. No dia seguinte, pumba! Um enfarte. Fui de ambulância para Coimbra e desde que saí de casa até que abri os olhos foram mais de vinte dias. Estava eu nos cuidados intensivos, contaram-me depois, começaram as luzes a acender-se e as campainhas a tocar, porque tinha feito uma ruptura do septo, que é uma membranazinha que dentro do coração separa o sangue venoso do arterial. Estava lá - e era meia-noite - um jovem cirurgião que não conhecia de parte nenhuma e nem sequer tinha nele ouvido falar, e era um tal Manuel Antunes, que tinha vindo da África do Sul e dos States para Coimbra, onde tomou conta do “quiosque” da Cardiologia. Bem, “vamos operar” dizia o professor; nem pensar, tenha juízo, dizia o resto da equipa. Quer estragar a estatística, perguntavam-lhe. E ele: quero!
Manuel Antunes, que fora assistente do
mítico Professor Christian Barnard, pioneiro nos transplantes cardíacos
José David Lucas Batista
(1921 09 16 - 2003 08 03) (Com Teresa Fraga e Jorge)
Mocidade Portuguesa com S no cinto
Dizem-me que estive lá dentro horas e horas. Arrancaram-me o coração - vá lá foi pelo peito - e meteram-no num balde de gelo. Naturalmente parado. E é por isso que digo que morri, porque as pessoas - e até os bichos - morrem quando lhes pára o coração. Entretanto, e simpaticamente, um enfermeiro dos bons e que ia sair porque terminará o turno, dizia para a minha mulher e para as minhas filhas: - Deixem morrer o senhor descansado... Ao meio-dia ainda o professor Manuel Antunes estava deitado ao fundo da minha cama. E não morri, “prontos”, como agora se diz. E já cá cantam oito anos que são de brinde. Saiba-se que o Prof. Manuel Antunes não cobrou um tostão, porque não fazia nem faz medicina privada. Eu não acredito em bruxas. Mas lá que ele tem mãos de bruxo, isso tem. É o maior. Só não percebo porque trabalha tanto. Deve ser ser vício! E é óbvio que também acredito na medicina privada... E depois Regressei a casa, nos Hermínios, e uma vez por outra, digamos uma vez vou-me de longada para almoçar e falar com os meus amigos. Dois, três dias, nunca mais que uma semana. Levanto-me tarde, almoço, vou tomar uma bica com o Dr. José David, que é o homem que conheço que sabe mais coisas de tudo, ouço jazz e música clássica, janto e leio até às tantas. Às tantas podem ser as duas como as três ou as quatro da madrugada. Um dia por semana vou a Ciudad Rodrigo como quem vai à praça ou ao supermercado, na semana seguinte, mando-me até Salamanca, que é a cidade do meu coração. Alternando as semanas para variar. Isto é o que eu tenho agora, é o que se pode chamar uma vida de ripanço. E não tenho medo nenhum de morrer, porque... já morri. Dez réis de política Desde aquele episódio dos Nacional-Sindicalistas e dos Gravatas Vermelhas, passei o resto da vida nas “coboiadas” da política à portuguesa. No Camões apanhei a “Mocidade Portuguesa” com o S no cinto. Pois. Só que as botas magoavam-me os pés. Apareci fardado para um “28 de Maio”, mas de sapatos em vez de botas. Fui expulso. MUD-Juvenil a seguir, como é óbvio. Não me demorei por lá muito tempo. Mandavam ou queriam mandar muito em nós, as “bases”. Baldei-me. Conheci lá, entre outros, o Octávio Pato. MUD sem ser juvenil, a seguir. E aí comecei a ter contacto com as grandes figuras. E de toda aquela gente, os que mais me impressionaram não foram os velhos. Acima de todos, o
Movimento de Unidade Democrática
1946 07 28
Octávio Pato
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS – 1976
Francisco Salgado Zenha
1923 05 02 - 1993 11 01 (70 anos)
Zenha. Mas o Mário Soares, também. Só que enquanto este ia a todas, o Zenha queria saber porque é que se ia. onde se ia e a que horas se ia. Depois continuei a ir a todas. Nas eleições, nas manifestações, nas “promoções”. Estreei-me como “orador de comícios” na campanha do Norton de Matos, em Gouveia, numa sessão em que também se estreou, em tais andanças, o Almeida Santos. Que veio de Coimbra falar às massas. Era delegado da autoridade o Santos Júnior, que era presidente da Câmara e, mais tarde, foi ministro do Interior. Fui manhoso: depois da discursata, terminei a intervenção com um viva ao general Carmona, que era o candidato do regime. Fez-se gelo na sala e o Santos Júnior aproveitou para dar umas palmas. Eu fiz-me de distraído e, depois de uma pausa a preceito, acabei: “Viva o Senhor General Carmona e, na Presidência da República o Senhor General Norton de Matos”. Aí, sim, foi o fim do mundo com o Santos Júnior com cara de poucos amigos. Depois foram outras e outras, legislativas e presidenciais. As do Delgado, por exemplo. Porque até fui ao Porto na caravana ao comício do Coliseu. A multidão era impressionante e o entusiasmo pegava-se. Mas fiquei um bocado decepcionado, uma semana depois, quando chegou também ao Porto, e eu estava lá, um treinador de futebol que se chamava Yustrick e que tinha ganho com os Dragões, que nessa altura ainda o não eram, o campeonato de futebol. É que nem a multidão era menor nem o entusiasmo menos vivo... Fiquei chateado. Numas legislativas, no distrito da Guarda, já não sei em que ano, nós, os da oposição, como sempre João Gomes, Mário Canotilho, eu e mais uma dúzia, se tanto, os do costume, lançámos um manifesto à população em que explicávamos as razões por que não iríamos concorrer: começava pelo recenseamento que teria sido falseado e acabava com a inexistência de garantias para a fiscalização das urnas. No dia seguinte, a União Nacional respondia com outro comunicado: que “nós” éramos uns “pintores” e se não concorríamos era porque não tínhamos não sei se vinte e cinco ou se cinquenta cidadãos que subscrevessem a candidatura!...O grave é que eles tinham razão! E é por isso que ainda hoje me admiro com o número de democratas que já existiam ao tempo sem que se desse por eles. Também foi gira a intervenção que fiz, em 1969, no primeiro congresso republicano de Aveiro, em que pugnava pelo direito à greve sem qualquer limitação que não fosse o direito ao lock-out. E com a do lock-out é que estraguei o sermão porque os “camaradas do PC” entenderam por bem não juntar as suas palmas às dos restantes. Direito à greve estava bem, direito ao lock-out é que é muito
Mário Soares
1924 12 07 - 2017 01 07
General Norton de Matos
Candidato às Eleições de 1949 02 13
1969, 05 15-17 - primeiro congresso
republicano de Aveiro
reaccionário. O jornal A Voz titulava: “Empresário defende a greve nas empresas dos outros”. Ainda hoje defendo tal tese. E que mais? Fazia parte da ASP, reuníamos de quando em vez no Porto com os Cal Brandão a receberem-nos, em Leiria, com o Vasco da Gama Fernandes à frente e por outros sítios, que não muitos. Uma vez foi em Madrid e foi muito divertido. Andava o Joãozinho Soares de calções - ele foi com o pai - e já dizia que éramos todos uns burgueses, a começar pela paternidade. Do Mário Soares lembro-me de ter trazido uma mala cheia de exemplares de Portugal Amordaçado, que tinha acabado de sair, na edição francesa. Só em excesso de peso foi uma fortuna.
Brilhante carreira E Em 1969 fui candidato a deputado no distrito de Castelo Branco na commpanhia do Alçada Baptista, que diziam que era o delegado da Igreja, com o Domingos Megre, a quem chamavam o Domingos “Rockefeller” Megre. E do João Vieira, que foi o único com carreira política continuada depois de Abril. O Alçada, inevitavelmente, era muito amigo do Melo e Castro, que era o chefe” da União Nacional. Divertimo-nos que nem uns cabindas. De mim, diziam que era o marxista, coisa que nunca fui, e do Alçada que era um romântico, o que de facto era. Acabávamos os comícios evocando a memória do general Delgado e ordenando: “Todos de pé. Um minuto de silêncio.” E dava-nos um gozo danado ver os “xuis” perfilados a alinharem na homenagem. É que se não eram rápidos o maralhal desatava aos vaios e a assobiar e nunca mais se calavam. Depois de Abril Bem, depois de Abril, transferi-me da ASP para o PS automaticamente e recebi o cartão n.º 100. Não quis ser deputado na Assembleia Constituinte nem nas seguintes com lugar elegível na Guarda. Entendia que o PS, para ser credível, deveria preferir alguém mais próximo dos trabalhadores. Eu era um patrão conhecido no distrito. Escolheram então um sujeito que tinha vivido em Espanha e que apareceu por cá a dizer que tinha salvo a vida ao Santiago Carrilho na Guerra Civil de Espanha! Fui útil ao partido: pagava a luz e os telefones da sede distrital porque a militância para pagar não era muito expressiva... Eu bem lhes dizia: olhem que a democracia, porque é uma coisa boa, também é uma coisa cara! Não acreditavam, queriam todos uma democracia de borla. Em 1976 fui convidado para fazer parte do I Governo
Mário Cal Brandão – um combatente pela
liberdade 1910 – 1996
PORTUGAL AMORDAÇADO
Mário Soares
Humberto da Silva Delgado 1906 05b 15 - 1965 02 13
Miguel Caetano
Constitucional. Fiz a maior asneira da minha vida: aceitei ser secretário de Estado da Indústria Ligeira. Exerci durante dois meses e para não debilitar a imagem do governo do Dr. Soares, arranjei uma crise cardíaca e disse bye, bye. Queriam pagar-me um subsídio de reintegração. Mas que reintegração? Perguntei eu. Volto para o sítio onde estava, a fábrica, onde o socialismo talvez não esteja tão metido na gaveta como no governo. Já tinha apoiado o general Eanes na sua primeira eleição. Quando da reeleição, o general pediu-me para vir para Lisboa e coordenar a campanha a partir da sede, repartindo com o Miguel Caetano e com o João Botequilha os trabalhos do dia-a-dia. Vim, e estive dois meses, das dez da manhã à meia noite, a fazer aquilo que um intelectual do PS entendia ser “carregar pianos”. Contra a vontade de alguns, Eanes foi reeleito. E regressei de novo à montanha, que é onde gosto de estar. O PRD? Ah! Pois, temos o PRD. O PRD foi apenas, e só, o teste que era preciso fazer para concluir da viabilidade da existência de partidos em Portugal. Ficou provado que não são possíveis, paciência. “Invente-se” uma democracia que dispense a existência de partidos. Os que acusam Eanes de ter participado na criação de um partido, são uns badalhocos mentais. Em primeiro lugar, porque criar partidos nunca seria antidemocrático. Antidemocrático foi, e felizmente já não é, abandonar-se um partido quando se é eleito presidente. Ou não os deixar afundar... Em segundo lugar, porque Eanes só se ligou ao processo de fundação do PRD depois de ter deixado a presidência. Se Eanes tivesse querido fundar “mais” um partido, que seria o “seu” partido, então sim, tê-lo-ia fundado enquanto presidente porque a tendência para estar com o “poder”, talvez, em vez de 18% tivesse 38%. De qualquer forma foi útil o aparecimento do PRD: afastou 0 PS do governo, onde parecia já uma lapa agarrada ao casco, e foi possível fazer o teste com os resultados que se viram: Portugal, Espanha e Grécia não reúnem as mínimas condições para viverem em democracia de natureza partidária. Porque os partidos, nestes países, não são partidos, são, na melhor das hipóteses clubes, na pior, seitas. O PRD chegou a seita. E onde se vê isso bem é no exercício do poder local que consegue ser mais mafioso que qualquer dos poderes centrais que já suportámos. As personalidades Seria muito bonito que a democracia se construísse com ideologias.
Partido Renovador Democrático
1985 07 10 - 2000 04 12
António dos Santos Ramalho Eanes
1935 01 25 Presidente - 1976 07 14 –1986 03 09
Alexandre O’Neill
É desejável que assim seja e, até, que se abram as gavetas onde algumas se encontram encerradas. Mas nada se projecta sem a componente humana. Conheci três figuras, digamos quatro, na política por mim vivida. A primeira, Salgado Zenha, e é escusado dizer porquê. Mas lembro que a coerência é indispensável na personalidade dum democrata. A segunda, Ramalho Eanes, por razões de honradez e decisão. Eanes decidiu que o país não voltaria para trás, depois do 25 de Novembro, e não voltou. Mas quem correu os riscos foi ele. Quanto a honradez creio que não há quem não reconheça que ele não tem as mãos sujas por as ter metido no pote da marmelada. A terceira é Cavaco Silva, porque demonstrou que se pode exercer a política com inteligência e determinação. Ele foi o estadista mais completo depois de Abril. Até porque foi primeiro-ministro desde quando quis até quando quis. E o que exerceu a função mais tempo depois de Salazar. Se o é conservar o poder... A quarta personalidade não tem nada que ver com o Portugal democrático mas teve muito com o Portugal pré-democrático. É óbvio que se chama Mário Soares, foi o pior Presidente da República que já tivemos, incluindo Spínola e Costa Gomes, e estragou a sua carreira quando elegeu François Mitterrand como seu modelo. Não voltou a acertar uma. Ah! É verdade Fui expulso do PS por delito de expressão de opinião porque, pelos vistos, no PS os filiados podem ter opiniões, o que não podem é exprimi-las tal como acontecia durante o Estado Novo. Trata-se de uma honra: eles, os responsáveis, afirmam que nunca expulsaram ninguém... E mais? Os trabalhadores de Manteigas pediram-me e escrevi dezenas de cartas de recomendação, inclusive trabalhadores da minha própria fábrica para os “recomendar” aos meus colegas empresários belgas, franceses e alemães, na área dos lanifícios e dos têxteis. Como estes trabalhadores eram clandestinos, a PIDE apanhava-os na fronteira e lá estava eu, com mais uma série de chatices para resolver. Os meus amigos e que simultaneamente eram escritores são, posso dizê-lo, o meu irmão António Alçada Baptista, o David Mourão-Ferreira e o José Cardoso Pires. Adorava o Alexandre O’Neill, o Fernando Assis Pacheco, o Jorge Amado, o Jaime Amados, gosto dos irmãos Lobo Antunes e tantos outros. Tenho um defeito grave neste país, sou demasiado pontual, só me traz problemas e já me marcaram entrevistas muito importantes como foi o caso de um ministro, que ao fim de meia hora ninguém me dizia nada. Desisti e vim-me embora.
Fernando Assis Pacheco
João Lobo Antunes - António
Lobo Antunes
o Honda e o Nissan Micra
Este país é atrasado, porque vive em permanente atraso e até é chique chegar depois da hora, comigo não se safam. Não espero por ninguém, espero sim senhor, pela minha neta. Não sou muito dado a emoções externas, mas um dia não resisti, quando a minha neta, que vivia comigo e com a minha mulher, foi para o colégio para Lisboa, depois de 16 anos em paz. Gagazices de avô, mas foi bem duro. Vou de propósito a Espanha comprar petiscos para mim e para os meus amigos. Faço centenas de quilómetros para ir a um bom restaurante saborear aquilo que mais gosto com a minha família. Não tenho barcos, mas também não preciso, porque enjoo. Não tenho aviões, mas não me dá um gozo particular andar no ar, só o necessário. Gosto de carros, o Jaguar que não se sente, os desportivos e agora passei-me para o Honda e o Nissan Micra, que é o melhor de todos porque não preciso de olhar para trás. Arrumo pelo ouvido.
Guião de José Rabaça para a entrevista de Baptista Bastos para o programa televisivo “Conversas Secretas", da SIC.
https://www.facebook.com/100016560483892/videos/124530561442293/
http://www.gbv.de/dms/sub-hamburg/483524360.pdf
Testemunharam entre outros: D. Albino Mamede Cleto Aníbal Cavaco Silva Antónia Alçada Baptista António de Almeida Santos Baptista Bastos Basilio Horta Carlas Correia Gago Eduardo Ferro Rodrigues Fernando Paulouro das Neves Francisco Esteves de Carvalho Francisca Pinto Balsemão Helena Sanches Osório Inácio Ludgero João Botequilha joão Caito ]oão Cravinho joão Salgueiro joaquim Aguiar joaquim Letria José Cardoso Pires ƒoséƒacinta Simões ƒose' Medeiros Ferreira Luis Costa Ribas Manuel Antunes Manuel Dias Loureiro Manuela Ramalho Eanes Maria Manuel Rabaça Mário Mesquita Miguel Caetano Nuno Lobo Antunes Oscar Mascarenhas Raul Solnado Ribeiro Cardoso Rogério Alves Urbano Tavares Rodrigues Zelia Gattai Amado
Índice
Nº Testemunha frase pp.
RAMALHO EANES …manter viva a memória 15
INTRODUÇÃO JOSÉ FREIRE ANTUNES … a cultura do diálogo 19
JOSÉ RABAÇA pelo PRÓPRIO 1926 – os acontecimentos mais importantes: o meu nascimento, o da Rainha Isabel e o da ditadura militar…
41
AIRES BUSTORF Olá amigo 53
D. ALBINO MAMEDE CLETO A descoberta de um homem 57
ANA CARDOSO PIRES José e José 59
ANA MARIA PEREIRA e ANTÓNIO VARELA
Uma referência 60
ANA MARIA RABAÇA Era o ti-Zezinho 61
ANÍBAL ALBUQUERQUE São muitas as saudades 62
ANÍBAL CAVACO SILVA Um homem de coragem 65
ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA O meu José Rabaça 67
ANTÓNIO ARAÚJO Touros da Lua e do Sol 69
ANTÓNIO ASCENSÃO FRAGA Foi um privilégio conhecê-lo 71
ANTÓNIO CRAVEIRO CLETO O meu vizinho 74
ANTÓNIO CRAVEIRO LOPES O meu mestre 75
ANTÓNIO ALMEIDA SANTOS Evocação de um amigo 78
ANTÓNIO EMÍDIO BASTOS RABAÇA O meu irmão José 82
ANTÓNIO TARRINHA Um chefe de família exemplar 86
ANTÓNIO VICENTE Recordando um amigo 87
ARMANDINO VIEGAS Um ilustre manteiguense 88
BAPTISTA BASTOS A memória calorosa 90
BASÍLIO HORTA Bom, coerente e corajoso 92
CALASANS NETO O grande José Rabaça 93
CARLOS CORREIA GAGO Um homem livre 94
CARLOS RABAÇA FRAGA Meu primo e amigo 96
CATARINA RABAÇA GUERRA O Pi 99
EDUARDO FERRO RODRIGUES Viver com verticalidade 101
EMÍLIA ALVES A tranquilidade do José Rabaça 102
FERNANDO PAULOURO DAS NEVES José Rabaça e a inquieta ironia 103
FERNÃO DOMINGOS RUFINO Reflexão sobre José Rabaça 105
FRANCISCO ESTEVES DE CARVALHO À memória de um amigo 106
FRANCISCO PINTO BALSEMÃO Simpatia contagiante 108
FRANCISCO SALVADO GRALHA Um homem de carácter 110
GERMANO CLETO O habitat de Manteigas 113
GUILHERMINA ABREU MORAIS Infância 115
HELENA FRAGA Um primo muito especial 116
HELENA SANCHES OSÓRIO O cronista do século 117
HENRIQUE FARIA Formidável coragem 119
HERMINIA MONTEIRO TORRES Amor-perfeito 121
INÁCIO LUDGERO O último inconformista 122
ISABEL ESTEVES DE CARVALHO Um episódio com o Zé 124
JOANA RABAÇA GÍRIA “Bzzz… Bzzz... 125
JOÃO BELCHIOR VIEGAS Três inseparáveis amigos 126
JOÃO BORTEQUILHA Revisitando um amigo 128
JOÃO CIDREIRO LOPES Pinceladas de memória 139
JOÃO COITO Os castanheiros outonais 141
JOÃO CRAVINHO Compreender José Rabaça 143
JOÃO de FREITAS ABREU Do amigo cá do Minho 146
JOÃO GÍRIA Em memória de José Rabaça 148
JOÃO LUCAS COELHO Personalidade admirável 149
JOÃO SALGUEIRO Cidadania lúcida e coerente 150
JOÃO VAZ O homem das sementes de liberdade 152
JOAQUIM AGUIAR José Rabaça, gato-raposa 154
JOAQUIM LETRIA Um sorriso inolvidável 167
JOAQUIM SILVA PINTO Uma ironia cativante 170
JOSÉ ALVES de CASTRO Um retrato 174
JOSÉ CARDOSO PIRES Saudades de mim 175
JOSÉ DAVID LUCAS BAPTISTA Amizade convergente 177
JOSÉ FÉLIX Um político incómodo 181
JOSÉ GABRIEL RABAÇA FRAGA O meu mestre 183
JOSÉ JACINTO SIMÕES Um aristocrata anarquista 184
JOSÉ MANUEL CUSTÓDIA BISCAIA Caro José Rabaça 187
JOSÉ MANUEL MOREIRA O meu pai e José Rabaça 189
JOSÉ MARIA ANDRADE PEREIRA Seriedade intelectual 192
JOSÉ MARTINS TACANHO Talento comercial 194
JOSÉ MEDEIROS FERREIRA O soneto e a emenda: que Portugal? 196
LUÍS COSTA RIBAS Não queria nada da política 209
LUÍS MELO Um humanista 211
LUÍS MORALES Dando o nome às coisas 213
MAFALDA LOPES DA COSTA O sorriso do Zé 215
MANUEL ANTUNES A minha homenagem 217
MANUEL DIAS LOUREIRO Paixão pela liberdade 220
MANUEL MESQUITA Personalidade multifacetada 222
MANUELA EANES Uma referência moral e cívica 225
MARIA ADELAIDE FRAGA Amigo do seu amigo 227
MARIA CLOTILDE SOARES Companheiro de ter 228
MARIA DA LUZ CIDREIRO LOPES Cultivar amizades 229
MARIA DE LURDES e MÁRIO DENTE Uma palavra de saudade 231
MARIA DO CARMO ISABEL Eu já vi nascer José Rabaça 232
MARIA EMÍLIA TIAGO Rodeado de afectos 233
MARIA HELENA DELGADO RUFINO Grande nas qualidades 235
MARIA HELENA RABAÇA Para o Zé, meu marido 236
MARIA ISABEL GOMES O meu amigo Zé Rabaça 237
MARIA JOSE RABAÇA Pai 239
MARIA MANUEL RABAÇA Meu pai, meu amor 242
MARIA MAXIMINA BASTOS RABAÇA Retrato da Sotave 252
MARIA RABAÇA GÍRIA ALVES O meu bisavô 253
MARIA TERESA FRAGA Como sinto saudades 254
MÁRIO MESQUITA Em Salamanca, com José Rabaça 256
MIGUEL CAETANO Tempos de festa, tempos de nostalgia 263
NUNO LOBO ANTUNE Dos melhores anos da minha vida 275
ÓSCAR MASCARENHAS A paz interior de um bisavô 278
PAULO ABREU In memoriam 281
PEDRO ALVES DE CASTRO RABAÇA Antes quebrar que torcer 282
PEDRO RABAÇA GÍRIA ALVES Para o meu bisavô 283
PEDRO TADEU Uma família 284
RAÚL SOLNADO À boleia em Manteigas 289
RIBEIRO CORDOSO Com os olhinhos semicerrados de gozo 290
RICARDO DIREITO DA GRAÇA Um democrata 294
ROGÉRIO ALVES Cá vou cumprindo o mandato 295
ROSA MOTA DA SILVA Um lutador 299
ROSÁRIO RASTEIRO Um grande amigo 300
SARA FRAGA FIADEIRO Um homem bom 302
SUZEL SARES BAPTISTA Uma enorme generosidade 303
TERESA LEMOS SANTOS O meu padrinho 305
URBANO TAVARES RODRIGUES O José Rabaça da minha adolescência 306
VÍTOR RABAÇA GASPAR Quase duzentos Rabaças 308
ZÉLIA GATTAI AMADO A inteligência de José Rabaça 311
AGRADECIMENTOS DE MARIA MANUEL RABAÇA
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