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Julho de 2008

Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

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Editorial

Nova Lei das SAs

O primeiro relator da lei e o presidente da CVM à época da efetivação inicial falam à revista

Gestão

Os impostos indiretos e os impactos sobre a lucratividade

Tributação

Governos utilizam benefícios como política de preservação ambiental

Globalização

Oportunidades com a complexidade global

México

País atrai investimentos por seu constante compromisso com a estabilidade econômica

Europa

Brasil encontra ambiente favorável e abre oportunidades de negócios no continente

TI

Auditoria avança frente às exigências de governança corporativa

Indústria Farmacêutica

Regulamentações podem significar diferencial de negócios

Sustentabilidade

Mudanças climáticas representam riscos reais à economia

Centro-Oeste

Expansão econômica gera necessidade de preparação das empresas da região

Liderança

Experiências radicais de sobrevivência para executivos

NPL

Mercado de créditos inadimplidos se consolida no Brasil

Terceiro Setor

Endeavor mantém foco no empreendedorismo como solução para um crescimento sustentável

Expogestão

Feira e congresso reúnem executivos nacionais e internacionais para discutir estratégias de gestão

KPMG Business Magazine é uma publicação trimestral da KPMG Auditores Independentes. © 2007 KPMG Auditores Independentes, sociedade brasileira, membro da KMPG International, uma cooperativa suíça. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Julho de 2008.Presidente da KPMG no Brasil: David Bunce. Diretora de KM&C: Irani Ugarelli. Fone: (11) 2183.3048. e-Mail: [email protected]. Produção/Edição: Ex Libris Comunicação Integrada. Editor: Jayme Brener (MTb 19.289). Textos: Lúcia Mesquita e Fernando Kadaoka.Projeto gráfico e diagramação: Idéia e Imagem Comunicação. Fotos: arquivo KPMG e Ken Chu (Expressão Studio). Tiragem: 10.000 exemplares. Impressão: Copypress.

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SumárioJulho de 2008

kpmg.com.br

© 2008 KPMG Auditores Independentes, uma sociedade brasileira e firma-membro da rede KPMG de firmas-membro independentes, afiliadas à KPMG International, uma cooperativa suíça. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil.

Todas as informações apresentadas neste documento são de natureza genérica e não têm por finalidade abordar as circunstâncias de nenhum indivíduo específico ou entidade. Embora tenhamos nos empenhado em prestar informações precisas e atualizadas, não há nenhuma garantia de sua exatidão na data em que forem recebidas nem de que tal exatidão permanecerá no futuro. Essas informações não devem servir de base para se empreender qualquer ação sem orientação profissional qualificada, precedida de um exame minucioso da situação em pauta.O nome KPMG e o logotipo KPMG são marcas comerciais registradas da KPMG International, uma cooperativa suíça.

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© 2008 KPMG Auditores Independentes uma sociedade brasileira e firma-membro da rede KPMG de firmas-membro independentes e afiliadas à KPMG International, uma cooperativa suíça. Todos os direitos reservados.

Irani Ugarelli

A recente conquista da elevação do grau de investimento do Brasil fez com que o nosso mercado chegasse ao segundo semestre em ritmo acelerado. Todos os dias, analistas de mercado comentam na mídia sobre o momento favorável que o país vive. São muitos os motivos que contribuem para este avanço.  Assim, a KPMG Business Magazine, atualizada com o cenário econômico, continua trazendo ao seu leitor, a cada edição, uma variedade de matérias sobre os assuntos em evidência. 

Nesta edição, atravessamos fronteiras e ampliamos o conhecimento sobre as oportunidades de investimentos no México e sobre as relações comerciais entre a Europa e o Brasil. Conheça também como os Country Desks da KPMG auxiliam empresas de vários países no intercâmbio de negócios, por meio de um sólido programa desenvolvido entre suas firmas-membro.  

Você sabe o impacto dos impostos indiretos sobre a lucratividade das empresas? Veja uma análise completa de como o pagamento de tributos, de forma equivocada, pode aumentar os custos e diminuir a margem de lucro. Sugerimos, também, a leitura da matéria sobre os Green Taxes, ou impostos verdes, para que você se familiarize com os projetos propostos e em andamento nesta área. Em outra esfera, mas continuando a reflexão sobre

a preocupação com o meio ambiente, neste número da revista, apresentamos um estudo relativo aos impactos das mudanças climáticas sobre os negócios. 

Retornando ao tema “Brasil em um novo patamar”, sobre as mudanças provocadas pelo advento da Lei das S.As., convidamos para falar à Business Magazine dois de seus principais formuladores: o ex-deputado federal Emerson Kapaz, relator do projeto original, mais conhecido como a Nova Lei das S.As., e o ex-presidente da CVM, Roberto Teixeira da Costa.

 Registramos, ainda nesta edição, nossa participação na ExpoGestão 2008, importante evento voltado ao mundo empresarial, realizado em Joinville (SC) e também a inauguração do mais novo escritório da KPMG, na cidade de Goiânia, no Centro-Oeste, região responsável por boa parte do agronegócio no país.

 Aproveitamos  este espaço para agradecer novamente a todos que participaram desta edição e que contribuíram para a continuidade da consistência e seriedade das matérias apresentadas na KPMG Business Magazine. 

Boa leitura e bons negócios! 

Irani UgarelliDiretora de KM&C

Editorial

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Editorial

Nova Lei das SAs

O primeiro relator da lei e o presidente da CVM à época da efetivação inicial falam à revista

Gestão

Os impostos indiretos e os impactos sobre a lucratividade

Tributação

Governos utilizam benefícios como política de preservação ambiental

Globalização

Oportunidades com a complexidade global

México

País atrai investimentos por seu constante compromisso com a estabilidade econômica

Europa

Brasil encontra ambiente favorável e abre oportunidades de negócios no continente

TI

Auditoria avança frente às exigências de governança corporativa

Indústria Farmacêutica

Regulamentações podem significar diferencial de negócios

Sustentabilidade

Mudanças climáticas representam riscos reais à economia

Centro-Oeste

Expansão econômica gera necessidade de preparação das empresas da região

Liderança

Experiências radicais de sobrevivência para executivos

NPL

Mercado de créditos inadimplidos se consolida no Brasil

Terceiro Setor

Endeavor mantém foco no empreendedorismo como solução para um crescimento sustentável

Expogestão

Feira e congresso reúnem executivos nacionais e internacionais para discutir estratégias de gestão

KPMG Business Magazine é uma publicação trimestral da KPMG Auditores Independentes. © 2007 KPMG Auditores Independentes, sociedade brasileira, membro da KMPG International, uma cooperativa suíça. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Julho de 2008.Presidente da KPMG no Brasil: David Bunce. Diretora de KM&C: Irani Ugarelli. Fone: (11) 2183.3048. e-Mail: [email protected]. Produção/Edição: Ex Libris Comunicação Integrada. Editor: Jayme Brener (MTb 19.289). Textos: Lúcia Mesquita e Fernando Kadaoka.Projeto gráfico e diagramação: Idéia e Imagem Comunicação. Fotos: arquivo KPMG e Ken Chu (Expressão Studio). Tiragem: 10.000 exemplares. Impressão: Copypress.

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SumárioJulho de 2008

kpmg.com.br

© 2008 KPMG Auditores Independentes, uma sociedade brasileira e firma-membro da rede KPMG de firmas-membro independentes, afiliadas à KPMG International, uma cooperativa suíça. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil.

Todas as informações apresentadas neste documento são de natureza genérica e não têm por finalidade abordar as circunstâncias de nenhum indivíduo específico ou entidade. Embora tenhamos nos empenhado em prestar informações precisas e atualizadas, não há nenhuma garantia de sua exatidão na data em que forem recebidas nem de que tal exatidão permanecerá no futuro. Essas informações não devem servir de base para se empreender qualquer ação sem orientação profissional qualificada, precedida de um exame minucioso da situação em pauta.O nome KPMG e o logotipo KPMG são marcas comerciais registradas da KPMG International, uma cooperativa suíça.

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© 2008 KPMG Auditores Independentes uma sociedade brasileira e firma-membro da rede KPMG de firmas-membro independentes e afiliadas à KPMG International, uma cooperativa suíça. Todos os direitos reservados.

Irani Ugarelli

A recente conquista da elevação do grau de investimento do Brasil fez com que o nosso mercado chegasse ao segundo semestre em ritmo acelerado. Todos os dias, analistas de mercado comentam na mídia sobre o momento favorável que o país vive. São muitos os motivos que contribuem para este avanço.  Assim, a KPMG Business Magazine, atualizada com o cenário econômico, continua trazendo ao seu leitor, a cada edição, uma variedade de matérias sobre os assuntos em evidência. 

Nesta edição, atravessamos fronteiras e ampliamos o conhecimento sobre as oportunidades de investimentos no México e sobre as relações comerciais entre a Europa e o Brasil. Conheça também como os Country Desks da KPMG auxiliam empresas de vários países no intercâmbio de negócios, por meio de um sólido programa desenvolvido entre suas firmas-membro.  

Você sabe o impacto dos impostos indiretos sobre a lucratividade das empresas? Veja uma análise completa de como o pagamento de tributos, de forma equivocada, pode aumentar os custos e diminuir a margem de lucro. Sugerimos, também, a leitura da matéria sobre os Green Taxes, ou impostos verdes, para que você se familiarize com os projetos propostos e em andamento nesta área. Em outra esfera, mas continuando a reflexão sobre

a preocupação com o meio ambiente, neste número da revista, apresentamos um estudo relativo aos impactos das mudanças climáticas sobre os negócios. 

Retornando ao tema “Brasil em um novo patamar”, sobre as mudanças provocadas pelo advento da Lei das S.As., convidamos para falar à Business Magazine dois de seus principais formuladores: o ex-deputado federal Emerson Kapaz, relator do projeto original, mais conhecido como a Nova Lei das S.As., e o ex-presidente da CVM, Roberto Teixeira da Costa.

Registramos, ainda nesta edição, nossa participação na ExpoGestão 2008, importante evento voltado ao mundo empresarial, realizado em Joinville (SC) e também a inauguração do mais novo escritório da KPMG, na cidade de Goiânia, no Centro-Oeste, região responsável por boa parte do agronegócio no país.

Aproveitamos este espaço para agradecer novamente a todos que participaram desta edição e que contribuíram para a continuidade da consistência e seriedade das matérias apresentadas na KPMG Business Magazine. 

Boa leitura e bons negócios! 

Irani UgarelliDiretora de KM&C

Editorial

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00 Legislação

LEGISLAÇÃO

Legislação pari passu com o mercado

Roberto Teixeira da Costa, ex-

presidente da CVM, defende

leis que ajudem a fomentar o

mercado de ações do país.

Emerson Kapaz, primeiro relator

do projeto no Congresso Nacional,

afirma que muito foi feito, mas

propõe novas reformas para

garantir o avanço do mercado de

capitais no país

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Legislação 03

O mês de dezembro de 1976 trouxe

profundas mudanças para a economia

brasileira. Em um intervalo de apenas

uma semana foram sancionadas duas

leis imprescindíveis para a estruturação

e profissionalização do mercado

de capitais. A Comissão de Valores

Mobiliários (CVM), o primeiro órgão

regulador do mercado de capitais, foi

criada em 7 de dezembro de 1976, por

meio da lei 6.385. Oito dias depois, o

Brasil ganharia a sua primeira Lei das

SAs. Como primeiro presidente da

CVM, posto que assumiu em fevereiro

de 1977, o economista Roberto Teixeira

da Costa foi testemunha privilegiada

de todo esse processo. Em entrevista

à KPMG Business Magazine, Teixeira

da Costa faz uma análise da situação

do mercado acionário brasileiro à época

da sua chegada à CVM e destrincha

os avanços e os desafios gerados pela

entrada em vigor da nova Lei das SAs,

que recebeu sanção presidencial em

dezembro de 2007.

Em 1976, durante a elaboração

da primeira Lei das SAs, o sr. era

presidente da CVM. Quais eram as

condições do mercado de capitais

à época?

A primeira Lei das SAs, de nº 6.404, é

posterior à lei 6.385, que criou a CVM.

Mas, do ponto de vista prático, a Lei

das SAs já estava em funcionamento

quando ocorreu a instauração da CVM.

Ambas fizeram parte do plano de

reforma do governo Ernesto Geisel para

restaurar a confiança no mercado de

capitais, que havia passado por uma

forte crise entre 1971 e 1975. Em 1965,

o governo sancionou a lei 4.728 –

chamada de Lei do Mercado de Capitais.

À época, o cenário era muito diferente

do que é hoje. O mercado, até então,

não contava com regulamentação e não

existia nem mesmo o Banco Central. No

entanto, já havia a compreensão de que,

para um país crescer economicamente,

era fundamental desenvolver uma

estrutura de mercado de capitais de

forma a reduzir o papel do governo

como mobilizador de recursos. A idéia

era criar mecanismos que estimulassem

a formação de poupança privada – e que

esses recursos fossem alocados para

investimentos. Para isso, era preciso

criar um instrumento que aproximasse

empresários e poupadores. Desse

entendimento nasceu o mercado

de capitais do país. E com várias

inovações: a criação do banco de

Roberto Teixeira da Costa, economista

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04 Legislação

O país pode até ter as leis mais avançadas do mundo, mas seo investidor não tiver confiança, não enxergar oportunidades de investimento e não achar que o país vai crescer, essas leis de nada servirão

artificiais, recuperar o mercado.

Mas não conseguiu. O resultado

foi uma crise que engoliu fortunas,

mas deixou evidente a necessidade

de aprimoramento da legislação, o

que aconteceria em dezembro 1976,

com a criação de um órgão regulador

especializado e a edição da Lei 6.404

para substituir a legislação antiga, da

década de 40. A Lei das SAs, de 1976,

associada a outras iniciativas, aumentou

a proteção aos investidores, criou a

auditoria obrigatória, obrigou a formação

dos conselhos de administração nas

empresas com capital aberto, criou o

dividendo mínimo, enfim, trouxe novos

instrumentos para as empresas se

capitalizarem.

Aquela normatização incipiente foi

uma demanda do próprio mercado?

Ou se tratava de uma necessidade

percebida pelo governo?

As duas coisas. O governo entendia

que, para aumentar a eficiência

do país e estabelecer um ritmo de

investimentos, a separação das funções

dos intermediários financeiros etc.

Esses incentivos tinham como objetivo

estimular a subscrição de ações.

Mais tarde, em 1967, o governo, para

incentivar ainda mais o mercado,

editou o Decreto-lei 157, que permitiu

a pessoas físicas e jurídicas investirem

5% do Imposto de Renda em carteira

ou fundo de ações. A iniciativa gerou

um interesse muito grande. As pessoas

correram ao mercado, inclusive

comprando ações de empresas que

não estavam estruturadas. Para piorar,

a legislação era precária, não havia

proteção ao investidor, o registro de

emissões não era feito por um órgão

especializado e o mercado internacional

não estava presente. Todos esses

fatores combinados levaram a uma

crise. Entre 1967 e 1971, o mercado

havia crescido de modo desenfreado.

Em 1971, surgiram sinais de fadiga.

Inicialmente, o governo tentou,

por meio de alguns mecanismos

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Legislação 05

do arcabouço necessário ao surgimento

de um mercado de ações mais amplo e

eficiente, que alcançou o auge no início

do século XXI. A partir de 2001, começou

a aumentar, de forma ainda precária, o

número de empresas que abriam seu

capital. De 2003 a 2007, o movimento de

IPOs se intensificou. Em 2007 aconteceu

realmente um boom, com mais de 60

empresas estreando no mercado. Já o

ano de 2008 vem sendo prejudicado pela

conjuntura internacional.

Quais são os avanços trazidos pela

nova Lei das SAs?

Acho importante ressaltar que o Brasil,

no último período, assumiu uma posição

de liderança, não só em relação à

América Latina, mas também frente

aos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).

Do ponto de vista de regulamentação

para o mercado de capitais e para a

governança corporativa, o país tem

uma das legislações mais avançadas

e fortes. A CVM tem atuado com

dinamismo, criando mecanismos que

desenvolvimento constante, as

empresas brasileiras não poderiam viver

exclusivamente dos recursos oriundos

do Estado e das empresas públicas.

Era necessário estimular, por exemplo,

a poupança privada. O primeiro passo

que o colegiado da CVM propôs à CMN

foi criar a obrigação de os fundos de

pensão investirem 25% da carteira em

ações. Entendíamos que o mercado

precisava de uma base institucional.

Os fundos de pensão já demonstravam

certa pujança e eram protagonistas

importantes para a criação da poupança

em médio e longo prazo. Essa iniciativa

foi corroborada pelo estímulo à entrada

de investidores estrangeiros, que,

mais tarde viriam a se tornar atores

importantes no mercado.

Em comparação com outros países,

na época, como era a situação das

normas de regulamentação?

Quando comparado com outros países

em desenvolvimento, o Brasil tinha

um mercado bastante representativo.

Na nossa região, o país contava com

uma das legislações mais avançadas.

Os únicos países que tinham alguma

estrutura de mercado eram o Chile

e o México.

Que balanço o sr. faz da primeira Lei

das SAs?

Os objetivos foram parcialmente

alcançados. Durante o período de quase

20 anos, entre a promulgação da Lei das

SAs e o Plano Real, de 1994, convivemos

com a inflação, uma estrutura mortal

para o mercado de capitais. A inflação

é inimiga da aplicação em ações. Pelo

fato de uma ação ser um título de renda

variável, o impacto concorrencial do

governo e da caderneta de poupança era

enorme. O governo demandava recursos

imensos no mercado e a poupança,

durante muitos anos, ofereceu uma

renda garantida, com correção monetária,

em um país de inflação alta. Em 1994

finalmente foi cunhada uma legislação

que livrou o país da correção monetária.

O Plano Real foi essencial para a criação

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06 Legislação

A nova Lei das SAs ficou quase oito

anos em tramitação no Congresso.

Ela ainda atende às necessidades do

atual mercado financeiro?

Não é possível criar mercado por

meio de legislação. A legislação é um

instrumento de apoio ao fomento do

mercado. O país pode até ter as leis

mais avançadas do mundo, mas se

o investidor não tiver confiança, não

enxergar oportunidades de investimento

e não achar que o país vai crescer, essas

leis de nada servirão. O mercado é que

deve fazer certas exigências. A Bovespa,

por exemplo, criou o Novo Mercado,

que é um ambiente separado para

aquelas empresas que estão dispostas

a bancar altos níveis de transparência e

liquidez. O resultado foi excelente: 80%

das emissões de ações nos últimos

anos foram feitas no Novo Mercado.

Isso porque as empresas só atraem o

investidor se demonstrarem um alto

padrão de excelência na gestão.

favorecem a confiança do investidor.

O Brasil avançou muito também no

que se refere às informações para o

investidor, que ajudam na tomada de

decisão. Há uma melhora na qualidade

dessa informação que deve estar cada

vez mais disponível a todos, ao mesmo

tempo, sem privilégio a nenhum grupo.

Outro aspecto importante é que as

empresas começaram a prestigiar mais

o mercado de ações, em face da maior

importância dada agora aos acionistas,

incluindo os minoritários. Criou-se o

consenso de que o mercado é um

instrumento importante para a captação

de recursos. Atualmente, é difícil

sustentar condições de crescimento

sem abrir o capital. A entrada no

mercado é fundamental também para

a distribuição da riqueza. Fomentar

a participação dos funcionários nos

lucros das companhias, tornando-os

acionistas, por exemplo, é uma forma

de aumentar sua preocupação sobre a

ética e o comportamento da empresa

como um todo.

De que maneira a nova Lei das SAs

pode ajudar a melhorar o ambiente

econômico brasileiro?

Todos os avanços alcançados pela

nova legislação são fruto de dois

fatores combinados: o bom ambiente

interno, com austeridade financeira

macroeconômica, e o cenário

internacional, que, até o final de 2007 foi

muito favorável.

Que tópicos da legislação e da

regulamentação do mercado financeiro

brasileiro devem ser aprimorados?

Apesar da qualidade das informações

ter melhorado bastante no mercado

nacional, ainda é necessário avançar. É

importante deixar mais claro o nível de

risco que existe em qualquer operação.

A governança corporativa também

precisa avançar muito. A crise financeira

que o mundo está vivendo vai gerar um

aumento de regulamentação que acabará

chegando mais cedo ou mais tarde ao

Brasil. O próprio mercado deve se auto-

regular, mas o governo deve acompanhar

pari passu essas tendências.

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Legislação 07

LEGISLAÇÃO

Em janeiro deste ano, entrou em vigor

a nova Lei das Sociedades Anônimas,

com o número 11.638/07. Sancionada

no final do ano passado pelo presidente

Lula, a nova lei modificou a legislação

de 1976 e é considerada um marco

importante para o avanço regulatório do

setor, uma vez que afeta profundamente

o mercado de capitais no país. O projeto

tramitava no Congresso Nacional desde

2000 e foi aprovado com diversas

alterações a partir da formulação inicial,

realizada pelo então deputado federal

Emerson Kapaz. Ex-relator do Projeto de

Lei que deu origem à nova legislação,

Kapaz comentou o tema em entrevista à

KPMG Business Magazine. Hoje diretor

do Instituto para o Desenvolvimento

do Varejo (IDV), Emerson Kapaz traça

um histórico da Lei das SAs e aponta

as oportunidades e os desafios para o

aprimoramento do mercado de capitais

no Brasil.

De que maneira a primeira Lei das

SAs, de 1976, alterou o mercado

financeiro brasileiro?

É preciso contextualizar aquela

legislação no tempo e espaço em que

estava inserida. Formulada em 1976,

ela significou um importante avanço

para o mercado de capitais nacional,

garantindo a sua modernização. Logo

que cheguei ao Congresso Nacional,

em 1998, tratei de tomar contato com

a Lei em questão e somente então vi a

necessidade de sua atualização, pois o

mercado demandava diversos avanços e

a lei de 1976, dentro do que era possível

naquele período, permitiu alguns deles.

Quais foram as alterações mais

significativas feitas no PL do qual o sr.

foi relator, para se chegar à nova Lei

das SAs? Houve distorções?

O embrião para formular uma nova

lei, que aprimorasse a Lei das SAs,

começou a nascer em meu gabinete.

Não foi uma idéia vinda do governo,

nem fruto de pressões do Banco

Central. Eu sentia, por conversas

com empresários, que, para avançar,

o mercado de capitais precisava de

mudanças na legislação. O próprio

Ainda há muito por fazer

Emerson Kapaz, diretor do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV)

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08 Legislação

Congresso já começava a perceber essa

necessidade. Havia alguns projetos

tramitando pela Casa. Na Comissão de

Economia, por exemplo, tive acesso a

vários desses projetos, inclusive um do

deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB -PR),

que tinha como objetivo uma mudança

extrema, propondo acabar com as

ações preferenciais, transformando

todos os papéis em ações ordinárias.

A partir da percepção da necessidade

de aprimoramento, iniciei um estudo

do mercado de capitais brasileiro que

durou um ano e meio. Conversei com

dirigentes de empresas e consultorias

que trabalhavam no mercado e viajei

ao exterior para conhecer a visão que

os grandes fundos de investimentos

internacionais tinham do Brasil. Essa

experiência me mostrou a necessidade

urgente de mudanças na legislação.

A partir daí, comecei a escrever o

Projeto de Lei, que trazia alterações

importantes, como maior proteção para

os acionistas minoritários, melhoria

na representatividade dos conselhos

de administração, a instituição do

mecanismo de tag along, entre

muitas outras.

Quais foram os objetivos que

nortearam a elaboração do projeto?

O mercado de capitais precisava de

mudanças; esse era o primeiro passo.

No final, o texto aprovado foi bem

diferente do original. Faltaram muitas

das propostas inicialmente colocadas,

que se perderam ao longo do processo

de negociação no Congresso. É parte

do jogo democrático fazer concessões.

A tramitação do PL foi bastante

longa e as alterações vieram passo a

passo. Na primeira etapa, o projeto

foi apresentado na Comissão de

Economia e minha primeira versão do

texto terminou aprovada. Na segunda

etapa, na Comissão de Finanças e

Tributação, o projeto, que foi relatado

pelo ex-deputado Antônio Kandir, sofreu

as primeiras alterações. Boa parte dos

avanços propostos foi perdida nessa

comissão. Depois, tombaram outros

na Câmara e também no momento da

sanção presidencial. O que ficou, de

mais importante, foi a geração de uma

cultura de mudança no mercado e o que

era realmente relevante na proposta

inicial acabou se transformando em um

projeto da Bovespa: a criação do Novo

Mercado. Ao perceber que muitas das

propostas não foram aprovadas, a Bolsa

de Valores de São Paulo tomou essa

iniciativa por conta própria.

A nova Lei das SAs tramitou por

quase oito anos no Congresso. Na

época de sua elaboração, era uma

legislação avançada. Ela ainda

atende às necessidades do mercado

financeiro?

Naquele momento foi um grande

avanço, muito mais do que se

acreditava. Era um passo inicial

importantíssimo para a consolidação

do mercado de capitais. O aumento do

movimento de IPOs e de lançamentos

de ações mostrou o vigor da economia

brasileira e também a importância do

mercado de ações para o financiamento

das empresas. Mas, hoje, é possível

observar que a legislação brasileira que

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Legislação 09

rege o mercado de capitais precisa

de uma nova reforma. A nova lei

nasce aquém das necessidades. E o

empresariado já tem em mente quais

são as mudanças exigidas. A boa notícia

é que esses aprimoramentos não

precisam vir necessariamente na forma

de leis: podem ser feitas pela Bolsa de

Valores ou pela própria CVM, por meio

de portarias e regulamentações. Os

mecanismos encontrados pela própria

Bovespa, por exemplo, foram além

daquilo a que a lei se propôs.

Quais são os principais avanços

trazidos pela nova Lei das SAs?

De que maneira ela pode ajudar a

melhorar o ambiente econômico

brasileiro?

O mais importante foi trazer para o

mercado de capitais o respeito aos

acionistas minoritários. A grande base

de mudanças no meu Projeto de Lei

estava no tratamento diferenciado a

essa parcela dos investidores. A nova

Lei das SAs fortaleceu a representação

dos minoritários, seja no conselho de

administração, seja no peso das ações

preferenciais em relação às ações

ordinárias. O que motivou essa alteração

foi a força que os controladores das

empresas tinham de acordo com a

legislação anterior. Antes, o controle

da empresa estava nas mãos de quem

tinha apenas um terço das ações. Os

minoritários eram alijados do processo:

não compravam as ações, não se

sentiam representados. Assim, havia

um baixíssimo volume de recursos

aplicados e de entrada de capital,

assim como de fundos internacionais

de investimento. Com mais proteção

aos minoritários, começou a entrar no

país um fluxo de investimento cada vez

maior, que trouxe vigor ao mercado de

capitais.

Como o sr. analisa o atual momento

do mercado de capitais no país?

Hoje, ele é o melhor e o maior

instrumento para financiar o

crescimento das empresas no país

– mais que o BNDES ou que qualquer

banco. As companhias olham o

A nova Lei das SAs fortaleceu a representação dos minoritários, seja no conselho de administração, seja no peso das ações preferenciais em relação às ações ordinárias

mercado de capitais como um aliado

para o seu fortalecimento. Vislumbram

a possibilidade de realizar um IPO,

buscam capital no mercado de ações

e, ao socializar seus ativos, possibilitam

aos investidores serem donos de parte

da empresa. Para ingressar na Bolsa de

Valores, as companhias devem estar

legalmente constituídas, diminuindo,

assim, a porcentagem de empresas

que usam caixa dois, que trabalham

na informalidade e que não respeitam

os balanços. Sem práticas mínimas

de boa gestão, nenhuma empresa

hoje consegue abrir seu capital. E,

se permanecem fora do mercado de

ações, terão que buscar recursos no

mercado financeiro, com taxas de

juros muito altas. O instrumento de

financiamento via mercado de capitais

é o mais democrático porque permite

a participação da sociedade como

um todo, já que amplia o número de

pessoas que controlam essa empresa.

Atualmente, os acionistas podem

eventualmente interferir na remuneração

dos diretores da empresa, que têm

Page 13: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

10 Legislação

que prestar contas de suas atividades

aos investidores. Assim, conseguimos

aperfeiçoar o capitalismo brasileiro,

avançando na direção de um sistema

muito mais moderno, democrático,

e conectado globalmente. A grande

vantagem é que as empresas podem

se financiar no mercado do mundo

inteiro. Os investidores internacionais

são atraídos ao Brasil por conta da

credibilidade da empresa e do próprio

mercado de capitais. Estamos conectados

com o mundo e em condições de

absorver sua liquidez financeira.

Quais são os pontos da

regulamentação que necessitam de

avanço?

Existe hoje um debate intenso sobre

eventuais mudanças que poderiam

acelerar esse bom momento que

estamos vivendo no mercado de capitais.

É importante frisar que, a exemplo do

novo mercado, muitas delas podem vir do

próprio consenso de sua implementação,

inicialmente voluntária, outras, por

regulamentação da CVM. Sei o que

foi a elaboração da lei que resultou no

que temos hoje. Por isso, não diria que

o Congresso Nacional é o caminho

ideal. Sobre os pontos que mereceriam

um aprofundamento, eu citaria um

maior disclosure sobre remuneração

de diretores, as poison pills, abertura

do Novo Mercado para empresas

estrangeiras, o que fazer com os

ativistas, funcionamento dos Conselhos

de Administração, entre muitas outras

que têm sido debatidas.

A velocidade e a força do mercado

de capitais exigem outros avanços.

Com a nova Lei das SAs e a obtenção

do investment grade, quais são

as perspectivas para a economia

brasileira e, especificamente, para o

mercado de capitais?

Em termos econômicos, o Brasil

vive seu melhor momento em 20

ou 30 anos. Não é uma situação

pontual. É fruto de um processo de

amadurecimento e de avanços em uma

série de áreas. Tudo isso proporcionou

um momento absolutamente favorável

e único para o país. Os fatores decisivos

para o crescimento econômico foram

o combate à inflação, o processo de

privatização, os avanços na legislação

que proporcionaram um maior controle

sobre o déficit público e a promulgação

da nova lei das SAs. O fim da inflação, a

partir de 1994, por meio do Plano Real,

foi responsável por mudanças em uma

série de conceitos que deturpavam os

números da economia do país. Hoje,

graças ao novo cenário de estabilidade,

conseguimos controlar os orçamentos

públicos e privados. Por fim, a liquidez

internacional é outro ponto que

contribuiu para esse momento. Essas

mudanças nos permitiram aproveitar

o bom momento da economia

internacional, atraindo investidores

que antes relutavam em colocar seus

recursos no Brasil.

Page 14: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

Legislação 11

outros países, esse percentual alcança

80%, 90% e até 100% do PIB. Ou

seja, poderíamos multiplicar o nível de

consumo por três se houvesse produção

suficiente. O país terá que frear seu

crescimento até que a produção possa

responder à altura. Insisto: o segredo

está em incrementar a produção e

ampliar o mercado de capitais, para

que as empresas se sintam instigadas

a abrir o capital, beneficiando-se,

assim, dessa fonte de recursos. É um

momento extraordinário do mercado

brasileiro e não podemos correr o risco

de perdê-lo, com uma reforma tributária

mal feita que complique ainda mais o

sistema tributário ou com a criação de

impostos, como a Contribuição Social

para a Saúde (CSS), que não é bem-

vinda neste momento. O ideal, agora,

é que o Estado seja um instrumento de

avanço do crescimento do país e não

um retrocesso.

A continuidade do projeto econômico,

garantida pelo atual governo após

as eleições, e o reconhecimento

internacional de que o país tem uma

economia mais previsível ajudaram

de fato o Brasil a crescer. No entanto,

ainda temos grandes desafios pela

frente. Em vez de tentar controlar a

demanda, ou diminuí-la por meio do

aumento das taxas de juros, como

se tem feito ultimamente, o certo

é aumentar a oferta. O segredo da

mudança é o investimento maciço

em áreas importantes: infra-estrutura,

aumento da produção de máquinas

e equipamentos, não à tributação

do investimento, além da redução

máxima de tributos sobre a produção,

para que os empresários continuem

a ampliar a capacidade produtiva. Já

é possível perceber o potencial que

tem o mercado consumidor no Brasil.

O país conta hoje com uma oferta de

crédito que passa de R$ 1 trilhão, mas

representa só um terço do PIB. Em

Page 15: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

GESTÃO TRIBUTÁRIA

Os tributos indiretos têm um

grande impacto na formação do

preço de produtos e serviços.

As empresas aptas a identificá-

los e analisá-los corretamente

conseguem uma importante

vantagem competitiva

Impostos indiretos e os impactos na lucratividade

Page 16: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

Gestão Tributária 13

“Neste mundo, nada é certo, a não ser a morte e os impostos”. A frase, atribuída a um dos pais da independência norte-americana, Benjamin Franklin, ainda no século XVIII, continua mais atual do que nunca. No Brasil, não obstante serem inevitáveis, os tributos são organizados em uma estrutura intrincada, o que dificulta a visualização de todos os impostos pagos pela sociedade ao Estado e prejudica a compreensão do processo de formação dos preços dos bens e serviços produzidos no país.

Assim, mesmo que a questão tributária afete diretamente diversos departamentos – comercial, fiscal, administrativo, controladoria, financeiro, jurídico etc – e tenha impacto no próprio desempenho da companhia, são poucos os líderes que, de fato, entendem os mecanismos de incidência dos tributos indiretos. Com isso, perdem uma ótima oportunidade para o aprimoramento da gestão, com prováveis ganhos de performance.

“A estrutura das corporações está bastante enxuta. Por sua vez, a área de tributos indiretos pode ser melhor compreendida. Por exemplo, se a empresa que paga tributos de forma equivocada passar a entender melhor esta área, poderá diminuir custos e,

Elson Bueno, diretor da KPMG no Brasil na área de Tax

com isso, aumentar sua margem de lucro ”, afirma o diretor da KPMG no Brasil na área de Tax para o segmento de Impostos Indiretos, Elson Bueno. Segundo ele, é fundamental que haja uma cultura interna voltada ao entendimento do processo de formação dos preços não só entre os funcionários ligados diretamente à área contábil ou fiscal, mas também para os funcionários da área comercial, por exemplo.

As respostas – ou, em muitos casos, a ausência delas – para seis perguntas elaboradas pela KPMG são ilustrativas sobre o nível de entendimento da formação de preços de bens e serviços:

u Quantos tributos existem no Brasil?

u Quais deles são devidos pela sua empresa?

u Qual é a carga tributária dos produtos/serviços adquiridos?

u Qual é a carga tributária dos produtos/serviços vendidos/prestados?

u Como são formados os preços de venda com a aplicação dos tributos devidos pela sua empresa?

uComo seu concorrente trabalha a questão de tributos na formação dos preços?

“Estudos comprovam que há, na média, alteração na legislação de impostos indiretos a cada 48 horas”

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Sem um bom entendimento do mecanismo de incidência de tributos indiretos, aumenta a dificuldade na obtenção de ganhos de desempenho por meio de gestão tributária eficiente. Um bom exemplo é o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), principal imposto estadual. Ao lado do ISS (Imposto Sobre Serviços), cobrado pelos municípios, do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), do PIS (Programa de Integração Social) e da COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), estes, cobrados pela União, forma o grupo dos principais tributos indiretos cobrados no país. No caso do ICMS, sua legislação é de responsabilidade dos estados. Há, portanto, 27 textos, fazendo com que existam diferenças entre eles.

Uma mercadoria produzida em São Paulo e vendida dentro do estado paga uma alíquota de 18% de ICMS. Caso o mesmo produto tenha o Norte ou Nordeste como destino final, essa alíquota cai para 7%. Para os estados

da região Sul e Sudeste (à exceção do próprio estado paulista), o imposto é de 12%. Trata-se de um mecanismo complexo, mas que também traz oportunidades. É possível, por exemplo, que o cliente de uma empresa de São Paulo tenha uma filial na Bahia, o que poderá diminuir o custo do ICMS.

Nessa questão, manter-se bem informado é um pré-requisito essencial. “Estudos comprovam que há, na média, alteração na legislação de impostos indiretos a cada 48 horas”, afirma Bueno. “Quem não se atualizar, fica para trás”, completa. O diretor da KPMG lembra também que, em um mercado competitivo, um ganho tributário de 0,5% faz enorme diferença no desempenho de uma companhia. Para ilustrar, ele dá o exemplo de uma montadora de automóveis. “Todo carro sai da fábrica com um pouco de combustível para rodar até o posto mais próximo da concessionária. Se houver um erro de cálculo e forem colocados 100 ml a mais em cada veículo, o impacto total é enorme. Com impostos,

Confira o percentual

relativo a impostos

indiretos no preço final

de alguns produtos

Produto % aproximada no preço final

Material de limpeza

Eletrodoméstico

Carnes

Material escolar

Cama, mesa e banho

Energia elétrica

40

38

18

39

37

46

O tamanho da mordida

14 Gestão Tributária

Page 18: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

é a mesma coisa. Com um erro de 0,5% no cálculo tributário, perde-se a venda”.

Aos poucos, as companhias já começam a perceber os ganhos com o melhor entendimento, por parte dos funcionários, do processo de formação de preços. “É algo natural. Quando a empresa se dá conta de que este é um ponto da gestão de governança corporativa que precisa ser melhor trabalhado, ela corre atrás. Fizemos recentemente um curso in company sobre formação de preços para uma empresa do ramo químico. Os executivos gostaram tanto do resultado que encomendaram mais dois cursos – que são desenvolvidos sob medida para as características da empresa”, esclarece Elson Bueno.

Os principais tributos indiretos obedecem ao princípio da não-cumulatividade. Aqui reside outro fator importante, que pode trazer vantagens caso haja compreensão adequada do processo de formação de preços. Para evitar a tributação em cascata (pagamento do mesmo imposto nas duas pontas da cadeia produtiva:

Custo de produção R$ 20.000,00 (A)

Cálculo para a formação do valor base para incidência de tributos 0,7185 R$ 27.835,77 (18% x 5% = 18,90% + 9,25% = 28,15% - 100/100) Cálculo do imposto devido sobre nova baseIPI 5 R$ 1.391,79 (B)ICMS 18 R$ 5.260,96 (C)PIS/COFINS 9,25 R$ 2.574,81 (D)

Valor final do produto (A+B+C+D) R$ 29.227,56

compra dos insumos e venda do produto final), a legislação permite que os impostos indiretos (à exceção do ISS), embutidos na compra das matérias-primas, sejam recuperados no cálculo do imposto devido para a venda do bem ou prestação do serviço ao consumidor final. “É muito comum que as empresas não se dêem conta do total de tributo que têm para recuperar, o que aumenta o custo das companhias, tornando-as menos eficientes. Com o crédito proveniente da não-cumulatividade dos tributos indiretos, a organização ganha uma flexibilidade importante na estratégia de seus negócios. Os executivos podem optar por elevar a margem de lucro, para oferecer maior retorno aos acionistas, mas podem também reduzir o preço do produto ou do serviço, na tentativa de abocanhar mais mercado”, avalia o diretor da KPMG. Dessa forma, a identificação correta dos benefícios fiscais existentes e da legislação torna-se um instrumento importante de estratégia. “É imprescindível para entender o próprio negócio”, finaliza Elson Bueno.

Cálculos intrincados

Cômputo dos impostos

indiretos na formação do

preço de um produto*

com custo de produção

de R$ 20 mil para venda

ao consumidor final

*Produzido e vendido dentro do Estado de São Paulo

Gestão Tributária 15

Descrição Percentagem Valor

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TRIBUTAÇÃO

Roberto Haddad, sócio da KPMG no Brasil na área de International Tax

Governos agora utilizam

também benefícos fiscais

como política tributária de

preservação ambiental

e meioImpostos

ambiente

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Tributação 17

Nos últimos anos, poucos assuntos

ganharam tanta repercussão

quanto o aquecimento global e a

necessidade de preservação ambiental.

Constantemente na pauta do dia, as

pressões da sociedade pela redução

do nível de emissões de gases tóxicos

forçaram os governos nacionais a

criar políticas ambientais para evitar a

degradação da natureza. O resultado,

em muitos países, foi o surgimento das

green taxes, os chamados impostos

ambientais. Uma pesquisa da KPMG

do Reino Unido, no entanto, revela

um dado interessante: enquanto

recrudesciam as pressões pela

redução da emissão de poluentes,

diminuía a proporção dos impostos

verdes em relação ao Produto Interno

Bruto dos países, principalmente os

mais ricos. Em 1996, as green taxes

representavam, em média, 2,72% do

PIB de 29 das maiores economias do

mundo. Em 2005, esse percentual caiu

para 2,52%.

Aparentemente uma contradição, os

resultados da pesquisa exigem uma

avaliação mais profunda. “Não é possível

concluir, a partir desses números, que

há um processo de relaxamento em

relação às preocupações ambientais.

É importante contextualizar o fato. De

início, esse fenômeno faz parte de um

movimento mundial de redução da carga

tributária. Outras hipóteses – como

o PIB ter aumentado em um ritmo

mais forte do que o de arrecadação de

impostos ambientais e também a busca

por outros mecanismos não-tributários

de controle da poluição – são mais

factíveis para entender esses dados”,

afirma o sócio da KPMG no Brasil

na área de International Tax, Roberto

Haddad.

O fato é que a questão tributária é

imensamente complexa e engloba

diversos fatores que têm forte influência

sobre os resultados. Dessa forma, não

existe uma relação exata de causa e

efeito entre a diminuição dos impostos

ambientais em proporção ao PIB e um

aumento da poluição (ou de seu controle

governamental). Não obstante, no que

se refere ao problema da poluição,

também há diversos mecanismos

diferentes de se exercer o controle

da ação humana sobre a natureza.

“O fundamental é que as green taxes

sejam um dos braços da política dos

governos em relação ao meio ambiente.

Esses tributos devem fazer parte de

uma ampla política, com diversas ações

voltadas à preservação e à redução

da degradação ambiental”, esclarece

Haddad.

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Existem fundamentalmente dois

caminhos tributários para o controle

da emissão de poluentes. O primeiro

é tributar as companhias que não

contam com políticas ambientais

adequadas ou que poluam demais. A

alternativa é oferecer benefícios fiscais

para as organizações que adotem

bons programas ambientais. De forma

geral, a tributação sobre o poluidor foi

mais utilizada no início da elaboração

das green taxes. O índice que

aponta a carga de tributos verdes em

relação ao PIB consegue captar esse

mecanismo de tributação. Já a política

de benefícios para as companhias

que têm programas sustentáveis não

é identificada por esse índice – o que

ajuda a explicar a aparente queda da

importância dos impostos ambientais.

O sócio da KPMG esclarece que

a evolução para o mecanismo de

benefícios representa uma segunda

fase das green taxes, um progresso na

forma de se buscar a sustentabilidade

do meio ambiente por meio da política

tributária. “Os países estão estudando

melhores formas de tratar essa

questão, com medidas diferentes e

pacotes para incentivar a adoção de

ações de sustentabilidade ambiental

por parte da iniciativa privada”, afirma

Haddad. “Até porque, apesar de não

haver consenso nessa seara, cobrar

impostos não é a melhor forma de se

buscar diminuir a poluição”.

O tema, entretanto, é polêmico e

complexo, como reconhece Haddad.

O dilema entre “punir os maus ou

incentivar os bons” não tem uma

resposta fácil. A tributação sobre

sacolas plásticas, implementada na

Irlanda em 2002, é um exemplo de

sucesso do mecanismo de cobrar dos

poluidores. A cobrança provocou uma

redução imediata no uso per capita

de sacolas plásticas: de 328 para 21

unidades anuais. Quatro anos depois

ocorreu um aumento no uso de sacolas

por pessoa, o que forçou o governo

irlandês a aumentar o imposto para

voltar aos números de 2002.

Apesar do sucesso de algumas

medidas, a criação de novos impostos

vai na contramão da atual tendência

mundial de se reduzir a carga tributária.

Os governos vêm se esforçando

para substituir impostos em vez de

somar outros novos. Até porque os

efeitos do aumento da tributação são

extremamente complexos – o que

faz com que nem sempre o objetivo

à época da criação do imposto seja

alcançado. Em um país como o Brasil,

o aumento da carga tributária, mesmo

que tenha a louvável iniciativa de

reduzir a poluição ambiental, pode

conter o efeito perverso de reduzir

os investimentos das empresas em

outras áreas – o que seria prejudicial ao

desempenho da economia brasileira.

Roberto Haddad também esclarece

que esse mecanismo de tributação

restringe o alcance dos benefícios

18 Tributação

Page 22: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

para o meio ambiente. Isso acontece

porque a receita com um novo imposto

verde será alocada para um projeto

específico de meio ambiente, definido

pela burocracia governamental. Já o

alcance da política de benefícios fiscais

para boas políticas ambientais é muito

maior porque engloba diversos projetos

de sustentabilidade das empresas. “É

um mecanismo mais amplo, que gera

menos efeitos colaterais às companhias

– como a redução de investimentos

produtivos – e que os estudos já

demonstraram ser mais eficaz. Ao

pulverizar os investimentos ambientais,

com as decisões sobre a alocação

desse recurso sob responsabilidade

da iniciativa privada, beneficia-se a

diversidade”, garante o sócio da KPMG.

O principal objetivo dessas

políticas é produzir uma mudança

no comportamento da sociedade

(população, empresas, poder público).

Aqui, de acordo com Roberto Haddad,

encontra-se outra vantagem dos

Tributação 19

benefícios fiscais. “Criar novos impostos

atrapalha a vida econômica e não muda

o comportamento da sociedade. É

mais eficiente mudar as atitudes da

sociedade por meio de benefícios”, diz.

Por exemplo, o uso racional da água

doce também pode ser alvo de uma

política de conscientização baseada em

benefícios fiscais. Uma possibilidade

seria reduzir o IPTU para prédios que

consumissem menos água.

O Brasil, que está em um momento

extremamente delicado, com grande

necessidade de desenvolvimento

econômico para proporcionar inclusão

social à sua população – e que, ao

mesmo tempo, tem importantes

(e grandes) ecossistemas cuja

preservação é vital para o planeta –,

tem projeto de adotar prioritariamente

o mecanismo de benefícios fiscais

como política tributária de preservação

ambiental. Os projetos abrangem, por

exemplo, dedução no IR para doações

ligadas ao meio ambiente, inclusive

para pessoas físicas. Por um lado,

isso demonstra que o país ainda

engatinha nessa questão. Por outro

lado, a vantagem é que o Brasil deve

ingressar na segunda fase das green

taxes. “Devido à nossa carga tributária,

a não criação de um novo imposto é

uma ótima notícia”, diz Haddad. O foco

não está em elaborar novos impostos

ambientais e, sim, em beneficiar

projetos que tragam bons resultados ao

meio ambiente.

Independentemente da estratégica de

tributação – cobrança de impostos ou

benefícios fiscais –, o mais importante,

alerta o sócio da KPMG, é que ela

venha inserida em uma política ampla,

que abarque diversas ações em prol da

conservação e da busca pela redução

dos danos causados pelo homem

à natureza. Em meio a todas essas

questões, só não restam dúvidas de

que a humanidade precisa de fato

repensar suas relações com o planeta.

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com a complexidadeOportunidades

GLOBALIZAÇÃO

A simplificação nem sempre é o

melhor caminho para as empresas

que querem aumentar sua

lucratividade no longo prazo

global

Oportucom a comp

Page 24: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

Globalização 21

Com a globalização da economia, o

aumento exponencial da complexidade

dos negócios nas empresas tornou-se

inevitável. As mudanças constantes no

cenário mundial trazem tanto desafios

quanto oportunidades e exigem que as

empresas reavaliem suas estratégias

constantemente. À medida que as

operações globais crescem e se tornam

mais fragmentadas, a complexidade

dos negócios vai se tornando cada

vez mais intrincada e de difícil

controle. Podemos exemplificar com

o que acontece na cadeia produtiva.

De um lado, fornecedores ficaram

cada vez mais geograficamente

distantes e especializados. Na outra

ponta, os consumidores se tornaram

mais exigentes e a necessidade de

personalização dos produtos atingiu

níveis nunca antes vistos. O desafio

comercial, nos tempos modernos, é

Fernando Aguirre, sócio da KPMG no Brasil na área de Risk Advisory Services

atender aos anseios por produtos mais

adequados ao perfil de cada segmento

de uma mesma sociedade. Muitas

companhias ainda não estão preparadas

para enfrentar este cenário. Entretanto,

organizações de sucesso enxergam o

aumento da complexidade como uma

oportunidade e não como uma ameaça

aos negócios.

Essa foi a conclusão do estudo

Rethinking Business Complexity,

elaborado pela KPMG International.

“Empresas que apostam na estratégia

da simplificação poderão reduzir custos

no curto prazo, porém não aproveitarão

a lucratividade maior trazida por uma

complexidade abrangente nos negócios,

tendo a inovação como vantagem

competitiva” avalia Fernando Aguirre,

sócio da KPMG no Brasil na área de Risk

Advisory Services.

“Fica evidente onde estão asoportunidades de se diferenciar dos concorrentes – com produtos únicos e serviços superiores”Fernando Aguirre

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O desafio imposto pela globalização

é estimular os negócios através da

compreensão e do gerenciamento da

complexidade.

As variáveis “clientes” e “produtos” são

responsáveis por 70% da complexidade

enfrentada pelas empresas, dizem os

especialistas. “Portanto, fica evidente

onde estão as oportunidades de se

diferenciar dos concorrentes: por

meio de produtos únicos e serviços

superiores”, esclarece Aguirre.

A crescente complexidade nos negócios

provém da base de fornecedores,

clientes, da logística de distribuição

e das questões regulatórias/

governamentais. Para obter sucesso

com tais fatores, o estudo da KPMG

aponta cinco iniciativas fundamentais:

• Desenvolver uma visão coerente

• Gerenciar talentos

• Acelerar a inovação

• Rapidez na execução de mudanças

• Equilibrar a cadeia de suprimentos

De acordo com a pesquisa, ajustes

contínuos nos processos da companhia

devem acontecer não apenas para as

atividades executadas internamente,

mas também em todo serviço

terceirizado. Uma iniciativa importante,

segundo o sócio da KPMG, é analisar

a cadeia completa de elaboração de

um produto, visando um tratamento

sistêmico que monitore os sistemas de

qualidade e reduza as ineficiências. “É

um grande desafio atender a um cliente

que preza sempre o menor custo mas

não abdica da qualidade.”

Uma forma de lidar com essas

complexas e multifacetadas cadeias de

fornecedores é dar-lhes flexibilidade.

Um setor que ilustra bem esse desafio

é o automotivo. As montadoras

terceirizaram para outras indústrias

a fabricação de grande parte dos

22 Globalização

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componentes de seus veículos. Não por

acaso, o segmento de autopeças é um

dos maiores, mais bem estruturados e,

também, geograficamente espalhados

ramos industriais no mundo, sempre

em busca de redução de custos. Para

se adaptar às complexidades dessa

cadeia, o setor automobilístico de

alta performance, além de gerenciar

as diferentes marcas, passou a

incorporar a cadeia de fornecimento,

em muitos casos envolvendo também

os consumidores no processo de

desenvolvimento dos produtos.

“Se eu coloco o cliente no ciclo de

desenvolvimento, sei o que ele quer”,

define o sócio da KPMG.

O desafio, para as empresas, é

equilibrar essa fórmula numa equação

em que a flexibilidade da cadeia não

resulte em um aumento de custos

proibitivo. Ou seja, manter a agilidade,

com baixo custo, aliada a uma logística

eficiente de distribuição. “Cada vez

menos o mercado se predispõe a

pagar os custos de distribuição de

um produto. Por essa razão, não é

possível fazer ou ser tudo para todos os

clientes. É necessária uma certa dose

de criatividade junto aos fornecedores

e parceiros para conseguir maiores

níveis de serviço e a cobrança de preços

diferenciados”, comenta Aguirre.

“O balanceamento correto da cadeia

de suprimentos requer uma visão

acertada sobre o mercado no qual se

quer avançar. A grande questão é ter

foco. Reconhecer segmentos nos quais

a empresa (ainda) não tem eficiência é

importante para evitar custos fixos sem

retorno”, afirma Aguirre.

Esse panorama força uma mudança no

perfil dos executivos no que se refere

ao pensamento sobre a complexidade

nos negócios, com uma boa dose de

descentralização do poder de decisão

– estratégia gerencial conhecida como

Globalização 23

empowerment. Processos bem geridos

e maior autonomia de decisão no nível

operacional fazem com que os executivos

possam se dedicar mais às tarefas

estratégicas. Nesse modelo adaptado

à globalização, um ponto importante,

portanto, é o gerenciamento de talentos.

Pesquisa e desenvolvimentoO processo de criação de novos

produtos também precisa evoluir.

Atualmente, muitos ciclos de criação

não respeitam a complexidade aportada

pela globalização dos mercados. Ainda

são muito comuns os processos longos

de desenvolvimento de produtos, que

não necessariamente chegam em

decisões relevantes.

Segundo o modelo “stage-gate”, um

processo de criação assemelha-se

a um “funil”. Em muitas empresas

as idéias de novos produtos

atravessam este processo antes que

se tornem disponíveis ao mercado.

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24 Globalização

De onde vem a complexidade nos negócios?

Complexidade de governança

Exigências comerciais e de mercadoPortfólio de marcas

Complexidade nos

negócios

Base de fornecedores

Ausência de padrões nos produtos

Variedade de SKU

Complexidade

defornecim

ento

Complexidade da cadeia de suprimento

Complexidade de processos

operacionaisBase de

consumidores

Complexidade de operação e

distribuição

Exigências fiscais, de

tesouraria e de legislação

Infra-estrutura de TI

Com

plex

idad

e de

co

nsum

idor

es

Lidando com a complexidade

Acelerar a inovação

Gerenciar talentos

Desenvolver uma visão coerente

Rapidez na execução de mudanças

Equilibrar a cadeia de

suprimentos

Lidando com a

complexidade

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“Principalmente nas grandes empresas

fabricantes de produtos de consumo, a

criação de produtos é demasiadamente

orientada pelo marketing, o que

também leva a processos caros de

desenvolvimento”, avalia. “É preciso

capturar as boas idéias, mas baratear o

processo – eis o desafio”.

No Brasil, um país heterogêneo em

muitos aspectos, o que abrange

também as exigências e os hábitos

dos consumidores, há oportunidades

significativas. “O aumento da condição

de renda abre espaço para as empresas

conquistarem a ascendente classe

C com produtos específicos para

esse público”. O desafio é atender

esse novo cliente, com agilidade

no desenvolvimento do produto, no

marketing, na entrega e excelência no

fulfillment. Porém, segundo o sócio da

KPMG, o Brasil possui uma precária

e desafiadora infra-estrutura logística,

além de complexa legislação fiscal.

Empresas que se dispõem a atuar com

esta complexidade estão crescendo

seus negócios. Se a complexidade nos

negócios não veio para simplificar, é

fato que também não veio somente

para complicar: ela pode trazer

oportunidades para a companhia se

diferenciar das concorrentes.

Globalização 25

Devido à complexidade, surgem nas organizações alguns “sintomas”

Uma cadeia de suprimentos ineficientes em termos de custos e de fornecimento de

serviços

Origem

Proliferação sem controle de

produtos/variação de demanda

Características

Oscilação excessiva dos estoques da cadeia de suprimento por causa de mudanças

abruptas na demanda, promoções para estimular as vendas e lentidão nos estoques

Desempenho irregular dos ativos Subutilização dos ativos atuais

Falta de habilidadesAusência de habilidades comerciais em departamentos-chave ou ausência de

habilidades técnicas para o desenho de produtos ou serviços

Sobrecarga de pessoalExcesso de empregados e de indicadores de performance. Problemas nos

programas de aperfeiçoamento

Processo decisório lento e TI

Lentidão no processo decisório e sistemas de informática pouco integrados resultam

em atrasos nas mudanças e no uso de contrapartidas para anormalidades nos

negócios e na cadeia de suprimento

Desenho ineficiente da cadeia

de suprimento

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AMÉRICA LATINA

Carlos Vargas

no MéxicoInvestindo

Marienne Munhoz

Carlos Vargas, sócio da KPMG no México na área de M&A Tax

Marienne Munhoz, sócia da KPMG no Brasil na área de International Corporate Tax

Bruna Futuro, gerente da KPMG no Brasil na área de International Corporate Tax, atualmente no programa de Tax Trek na KPMG México

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América Latina 27

O México vem consolidando

internamente, nos últimos anos, a

estabilidade política e econômica.

O governo está empenhado em

implementar reformas estruturais

profundas, que têm impulsionado de

forma significativa o desenvolvimento

do país nas mais diversas áreas. Entre

as principais iniciativas está o aumento

dos investimentos em projetos de infra-

estrutura, energia e recursos naturais.

O país também vem se destacando

pelo dinamismo nos setores de

telecomunicações, alimentício e no

mercado consumidor em geral.

Os investimentos externos no México

vêm crescendo substancialmente nos

últimos anos, impulsionados também

pelos diversos acordos internacionais de

comércio e por novos tratados que se

destinam a evitar a bitributação.

Note-se que o México é o único país da

América Latina a integrar a Organização

para a Cooperação e Desenvolvimento

Econômico (OCDE), signatário de 37

tratados para evitar a dupla tributação,

em vigor com os principais mercados

mundiais, como os Estados Unidos,

Canadá, União Européia e também

o Brasil. Ademais, a regulamentação

doméstica relativa a investimentos

externos e a transferência de tecnologia

está mais branda, ao mesmo tempo

em que a tributação sobre esse tipo de

capital vem sendo reduzida.

O Tratado Brasil-México está em vigor

desde 2006 e segue a tendência

presente nas últimas convenções

assinadas pelo país. Este acordo

traz não só a cláusula da nação mais

favorecida em relação a juros, royalties

e dividendos – determinando que, na Bruna Futuro

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eventualidade de o Brasil assinar novos

tratados com alíquotas menores do que

as definidas no Tratado Brasil-México,

essas alíquotas valerão também para

o Tratado em questão –, mas, ainda,

uma série de cláusulas destinadas ao

combate à evasão fiscal internacional.

E, também, ao combate ao abuso das

disposições do Tratado Brasil-México

(anti treaty shopping). Vale ressaltar

que, ao contrário de outras convenções

assinadas pelo Brasil, o Tratado Brasil-

México não incluiu a Contribuição

Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)

entre os tributos abrangidos por suas

disposições.

Capitais O México conta com normas de

capitalização mínima (regras de

subcapitalização). O valor dos

empréstimos tomados de investidores

estrangeiros (partes relacionadas),

quando superiores à proporção de 3:1

sobre os investimentos, não é dedutível

na empresa mexicana.

As regras de preços de transferência

(transfer pricing) começaram a ser

implementadas no México em 1992,

mas seguem os modelos da OCDE

desde 1994, quando o país não só

se tornou membro da Organização

supracitada, mas também assinou o

Tratado de Livre Comércio da América

do Norte (NAFTA).

Atualmente, o México tem tributos

diretos federais e estaduais. No âmbito

federal existem tributos diretos e

indiretos. E, nos planos estadual e

municipal, somente tributos específicos

sobre propriedade, folha de pagamento

e bens imóveis, conforme resumo a

seguir:

Tributos FederaisDiretos: Imposto de Renda (IR),

Imposto Empresarial à Taxa Única (IETU

– em vigor desde janeiro de 2008),

Imposto sobre Depósitos em Espécie

(IDE) e Imposto sobre Automóveis

Novos (ISAN).

Indiretos: Imposto sobre o Valor

Agregado (IVA) e Imposto Especial

sobre Produção e Serviços (IEPS).

O primeiro é semelhante ao ICMS

28 América Latina

brasileiro e o segundo, uma combinação

dos nossos IPI e ISS.

Tributos Estaduais e Municipais:

Imposto sobre a Propriedade, Imposto

sobre a Folha de Pagamento e Imposto

sobre Bens Imóveis.

De modo geral, há três formas de uma

empresa estrangeira se estabelecer no

mercado mexicano:

n Constituição de uma subsidiária

mexicana;

n Criação de um estabelecimento

permanente (EP) ou filial;

n Constituição de um escritório de

representação.

A legislação mexicana dispõe de seis

tipos societários diferentes. Mas, como

ocorre no Brasil, os mais comuns são a

Sociedade Anônima (SA) e a Sociedade

de Responsabilidade Limitada (SRL).

Os estabelecimentos permanentes e

as filiais são considerados equivalentes

pela legislação societária mexicana. Sua

constituição no país deve ser autorizada

pelo Ministério da Economia, para

Page 32: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

que possam desenvolver atividades

comerciais e obtenham a nacionalidade

mexicana.

Tanto as sociedades constituídas no

México quanto os estabelecimentos

permanentes ou filiais têm sua renda

tributada à alíquota de 28%. Todavia,

algumas despesas e remessas para o

exterior podem não ser dedutíveis para

os estabelecimentos permanentes.

Caso o investidor já saiba de antemão

que a empresa constituída no México

terá muitas despesas ou efetuará

muitas remessas ao exterior, a criação

de uma subsidiária pode ser a melhor

alternativa.

Em janeiro de 2008, entrou em vigor

o Imposto Empresarial à Taxa Única

(IETU), que substituiu o antigo Imposto

sobre Ativos. A alíquota efetiva deste

novo imposto será de 17,5% a partir de

2010. Este ano, porém, a alíquota é de

16,5%; em 2009, será de 17%.

O IETU é considerado um adicional

ao Imposto de Renda e o contribuinte

é obrigado a apresentar a cada ano

cálculos independentes, mas paralelos.

Em geral, a base de cálculo do IETU

considera os pagamentos em espécie

decorrentes de venda de ativos

(incluindo inventários e outros ativos), de

serviços e aluguéis.

No final, o contribuinte deve pagar o

maior entre os dois impostos (IR e

IETU), apesar de, na prática, o IETU

atuar como um complemento do IR.

Em outras palavras, somente o eventual

excesso de IETU sobre o IR devido será

efetivamente tributado.

O Brasil, através do Ato Declaratório

Interpretativo RFB nº 22, de 1º de

fevereiro de 2008, reconheceu o IETU

entre os tributos abrangidos pelo Tratado

Brasil-México.

Atualmente, o México não possui

regras de controle cambial e a

tributação sobre as remessas ao

exterior varia de acordo com a sua

natureza. E é regulada pela legislação

interna, combinada com os tratados

para evitar a dupla tributação.

América Latina 29

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Quando da aquisição de empresa

mexicana, procedimentos de

diligência (due diligence) são

sempre recomendados, uma vez

que contingências decorrentes de

operações entre partes relacionadas,

reorganizações intra-grupos e

distribuição disfarçada de lucros são

muito comuns no país.

A discussão entre aquisição de

ativos versus ações também é muito

recorrente, uma vez que cada tipo

de operação possui suas vantagens

e desvantagens. Por exemplo, em

uma aquisição de ativos devidamente

implementada, não há, em geral,

sucessão de contingências da antiga

empresa. E pode haver uma valorização

automática dos ativos transferidos para

o novo investidor. Já uma aquisição

de ações é mais rápida, não gera

tributação pelo IVA nem por outros

impostos relativos à transferência de

bens, enquanto os prejuízos fiscais

da empresa adquirida são mantidos.

Os prejuízos fiscais não podem ser

compensados com os montantes

devidos nos anos anteriores, mas

podem ser compensados em sua

totalidade por até dez anos.

Outra questão muito comum ao se

considerar um investimento no México

é o uso do Programa de Maquiladoras,

normalmente conhecido como

“Maquilas”. Trata-se dos processos

industriais destinados a transformar,

manufaturar ou reparar bens

estrangeiros que são importados livres

de quaisquer ônus, temporariamente,

para que sejam exportados depois. As

maquilas também podem ser usadas

para as atividades de exportação de

serviços, como gerenciamento de bens,

call centers e processamento de dados,

entre outros.

Qualquer empresa constituída no

México pode se cadastrar no Programa

de Maquilas. Estas empresas podem

ser constituídas em qualquer ponto do

país e sua principal atividade deve ser

a exportação da maior parte de sua

produção ou serviços, o que não as

impede de desempenhar atividades no

próprio território mexicano.

Este programa também oferece boas

oportunidades para empresas com

projetos de exportação, por meio do

uso de empresas estrangeiras. Elas

fornecem tecnologia ou matéria-

prima, mas não estão envolvidas no

gerenciamento do projeto em questão

(shelter maquiladora).

Por fim, podemos concluir que o México

está gerando muitas oportunidades para

investidores estrangeiros, principalmente

pelo fato de que as recentes reformas

tributárias e estruturais estão não só

aproximando sua legislação às dos

mercados mais desenvolvidos, como

proporcionam maior segurança para

quem investe no país.

30 América Latina

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RELAÇÕES COMERCIAIS

Intercâmbio de conhecimento

e amplas oportunidades de

negócios

Europa e Brasil

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Europa 33

Os analistas econômicos são unânimes:

está em curso um novo balanceamento

das forças econômicas mundiais. Nesse

contexto, os Estados Unidos se mantêm

como o principal ator econômico, mas,

desde a consolidação da União Européia,

o mercado europeu se mostra forte e

à altura de dividir os holofotes com os

EUA. Os emergentes, principalmente

os do denominado BRIC (grupo

composto por Brasil, Rússia, Índia e

China), ganham cada vez mais espaço

no cenário internacional. O resultado

é um mercado global multifacetado,

com amplas possibilidades de relações

comerciais.

A Europa certamente é uma das

potências econômicas que analisam o

Brasil com novas perspectivas, entre

outras razões por ser fonte de matéria-

prima e energia. Essa foi uma das

mensagens-chave apresentadas por

Robert Gutsche, membro do Comitê

Executivo e líder da área de mercados

na KPMG na Alemanha, que esteve

recentemente no Brasil para participar

de uma série de eventos. Gutsche

desembarcou no país em nome da

KPMG Europe LLP, que é resultado da

fusão das firmas-membro da KPMG no

Reino Unido, Alemanha e Suíça. Com

grande conhecimento do mercado

globalizado, Gutsche compartilhou

sua experiência em vencer obstáculos

impostos pelas diferenças que há entre

países europeus nos aspectos legais,

de tributação, de regime alfandegário

etc. Diante da possibilidade real de

aumento do intercâmbio comercial entre

o Brasil e o resto do mundo, trata-se de

um conhecimento fundamental. Dessa

forma, o país pode se manter atraente

para investimentos externos e também

iniciar um processo de investimentos

produtivos em outros países, ganhando

mercado. Apenas em 2006, a indústria

brasileira investiu US$ 32 bilhões no

exterior, o que coloca o país na 12ª

colocação entre os maiores investidores

estrangeiros do mundo, à frente, por

exemplo, da China, Rússia e Austrália.

Robert Gutsche, membro do Comitê Executivo e líder da área de mercados na KPMG na Alemanha

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A Alemanha é grande parceira comercial

do Brasil. O país europeu ocupa o

quarto lugar na lista das nações de que

o Brasil mais importa. Os investimentos

diretos da Alemanha aqui somam US$

35 bilhões. As 12 maiores empresas

alemãs/brasileiras empregam mais

de 250 mil pessoas e contribuem

com cerca de 5% do Produto Interno

Bruto brasileiro. São números de

destaque, com grande potencial para

melhorar. “Mesmo com a complexidade

tributária brasileira, os investimentos

estrangeiros continuam chegando.

O grande diferencial, na hora de

fechar um negócio, é ter um profundo

conhecimento da cultura, das leis e

da língua do parceiro comercial”, avalia

Charles Krieck, sócio-líder da KPMG no

Brasil na área de Industrial Markets.

Os novos desafios comerciais de um

mundo globalizado, portanto, estão

longe de se resumirem ao preço das

negociações.

O mesmo acontece em relação a

outros parceiros comerciais: há grandes

oportunidades para incrementar

investimentos e comércio. De acordo

com pesquisa da KPMG International,

Brasil e China serão, por exemplo,

os dois principais destinos para

investimentos da Espanha, país que

vem ganhando importância no cenário

econômico mundial. Isso demonstra

uma reversão de tendência, como

apontou Gutsche. “No início, a inclusão

do Brasil no BRIC foi muito questionada

pelo fato de o país não apresentar taxas

anuais de crescimento na casa dos

dois dígitos. No entanto, vimos nos

últimos anos uma verdadeira reviravolta

nas finanças brasileiras. A inflação sob

controle trouxe vida nova ao mercado de

capitais. Ao mesmo tempo, o consumo

doméstico está em alta – e o país tem

mais de 180 milhões de habitantes. Para

coroar, houve a classificação do país

como grau de investimento. Há uma

grande oportunidade para investidores

estrangeiros produzirem no Brasil, não

só para exportação, mas também para o

mercado interno”, avalia Gutsche.

Naturalmente, o principal desafio é

construir um ambiente econômico

propício para os negócios e aproveitar as

oportunidades comerciais advindas do

recente ciclo mundial de crescimento.

De acordo com outra pesquisa da

KPMG International, que ouviu mais

de 300 companhias de 15 países, 14%

dos entrevistados pretendem fazer

“investimentos significativos” no Brasil

no período de 2013/2014. Bem mais do

que os 10% que o fazem atualmente.

Segundo Charles Krieck, quando há

duas culturas distintas envolvidas nos

negócios, o importante é ter uma estrutura

forte, com pessoal preparado e com

conhecimentos teóricos e práticos de

todas as áreas envolvidas de ambos os

34 Europa

Quando há duas culturas distintas envolvidas nos negócios, o importante é ter uma estrutura forte, com pessoal preparado e com conhecimentos teóricos e práticos de todas as áreas envolvidas de ambos os países

Page 38: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

países. “A presença dos Country Desks

na KPMG faz a diferença. Mostra grande

respeito à cultura do cliente. É preciso

ter conhecimento técnico, da prática

contábil, de impostos e também das

legislações dos dois países para superar

qualquer obstáculo. Falar, literalmente,

a mesma língua do possível investidor

transmite segurança e certamente facilita

os negócios”, afirma Krieck. Em sua

passagem pelo Brasil, Gutsche ressaltou a

intensa cooperação entre o desk alemão e

brasileiro presentes em ambos os países.

“A troca de informações e conhecimentos

específicos é constante”, diz.

O intercâmbio de conhecimento para

facilitar negociações é uma prática

arraigada na KPMG. Não por acaso,

a empresa organiza periodicamente

o International Day. Na edição mais

recente, que aconteceu em Viena, na

Áustria, executivos de todas as firmas-

membro da KPMG de várias partes do

mundo se encontraram para discutir

e buscar o aprimoramento sobre o

intercâmbio de profissionais. “A KPMG

montou uma rede mundial entre suas

firmas-membro, com conexões muito

fortes entre elas, para aproveitar os

conhecimentos específicos de cada

país em prol da criação de um ambiente

econômico propício aos negócios. E isso

é bom para o Brasil, que está no foco

dos investidores”, diz Krieck.

Com o objetivo de auxiliar empresas

provenientes de vários países

no intercâmbio de negócios, os

profissionais da KPMG sabem que

as parcerias bem-sucedidas devem

abranger aspectos mercadológicos,

culturais, financeiros e tributários. Os

desks funcionam como interface para os

negócios. Além da perspectiva de bons

resultados financeiros, o empresário

estrangeiro leva em consideração

outros fatores ao avaliar uma proposta

de negócios, entre os quais o aspecto

cultural e os benefícios sociais. São

muitas as diferenças e qualquer

mal-entendido pode comprometer a

negociação.

Os Country Desks são mantidos graças

ao sólido programa de intercâmbio de

profissionais entre as firmas-membro

da KPMG, que busca o aprimoramento

contínuo ao estimular a experiência

internacional – ativo vital para prestar

serviços de alto desempenho para

clientes multinacionais. Em 2007, 1.686

profissionais participaram do programa

de intercâmbio de longo prazo, locados

em vários países do mundo todo. O

contato com diferentes culturas procura

enriquecer a vivência dos profissionais

da KPMG para que eles possam prestar

os melhores serviços sempre.

Europa 35

Page 39: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Ana Rosa Rios, sócia da KPMG no Brasil na área de Risk Advisory Services - IRM Compliance

A iniciativa eleva o nível de

governança corporativa e a

segurança dos sistemas

Cresce a importância da auditoria em TI

Page 40: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

Auditoria em TI 37

A informatização dos sistemas corporativos e o avanço da rede mundial de computadores trouxeram a vantagem da comunicação sem fronteiras e a agilidade do real time, mas também acarretaram um aumento da vulnerabilidade dos sistemas de informática. Por conta desse cenário, o componente tecnológico transformou-se em um habilitador estratégico, que pode significar uma importante vantagem competitiva, desde que a segurança e a estrutura dos sistemas acompanhem a evolução tecnológica. “A constante mudança nos processos internos, acarretada pelo aumento da informatização, deve vir acompanhada de um aprimoramento na monitoração e nos controles internos das organizações”,avalia a sócia da KPMG no Brasil na área de Risk Advisory Services - IRMCompliance, Ana Rosa Rios. “Ao proteger seus ativos digitais, as empresas se tornam menos vulneráveis a ameaças internas e externas, que podem corromper estes dados, gerando informações equivocadas que afetam seus balanços e abalam a credibilidade perante o mercado, os acionistas e os investidores”, completa.

Não é por acaso, portanto, que a auditoria em Tecnologia da Informação (TI), cujo objetivo primordial é diminuir riscos, ganha cada vez mais espaço dentro das grandes companhias. Cabe também ao auditor interno de TI a importante função de informar ao Conselho de Administração e à alta administração sobre a importância da adesão às políticas de segurança e sobre quanto os ativos-chave de informação estão ou não protegidos. De acordo com um estudo da KPMG, realizado em seis países da América Latina, incluindo o Brasil, 60% das empresas que participaram da pesquisa contam com a função específica de auditoria de informática. Se forem levadas em conta atividades associadas, esse percentual sobe para mais de 95%. Os principais procedimentos avaliados pela auditoria em TI dizem respeito ao cumprimento das normas corporativas e da legislação vigente, aos mecanismos de controle dos sistemas de informática e às funcionalidades do sistema. Em suma: o que impulsiona o interesse das empresas em investir em suas estruturas de governança de tecnologia da informação é a grande – e

crescente – necessidade de proteger a integridade, confidencialidade e disponibilidade dos dados.

Um item que aparece com destaque no estudo é a maior autonomia que os responsáveis pela auditoria em informática adquiriram nas empresas: em mais de 60% dos casos, o departamento está subordinado à Auditoria Interna, ao Conselho de Administração ou ao Comitê de Auditoria. “Trata-se de uma boa notícia. Ao subordinar-se à Auditoria Interna, o auditor de TI ganha independência para exercer sem pressões as suas funções. Caso tivesse, por exemplo, que responder ao líder da área de informática da empresa, poderia haver conflito de interesses”, esclarece Ana Rosa Rios.

A função primordial do auditor interno de TI é realizar uma análise independente sobre os programas de segurança de informação das empresas, de forma pró-ativa, efetiva e levando em conta ameaças atuais e emergentes. Para proporcionar este nível de conforto, os auditores internos comparam as práticas da organização com práticas

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da mesma indústria. Assim, podem concluir, por meio de comparação com organizações do mesmo segmento ou de mesmo perfil, como a empresa está operando seus controles de TI. A auditoria de sistemas precisa ser planejada com foco no ambiente geral de TI, incluindo firewalls, software antivírus, gerenciamento de identidade e acesso e em todas as possíveis alterações nos programas ativos. Tudo para assegurar que os controles de tecnologia da informação estejam funcionando adequadamente dentro do perímetro da área de TI e nos próprios processos informatizados que suportam as operações da empresa.

Para concretizar esse objetivo, o primeiro desafio é convencer a companhia como um todo – da alta cúpula a áreas como compliance, risk management, negócios, entre outras – a confiar nas informações. Todos os funcionários devem ter ciência do quanto é importante proteger os dados, evitando, assim, controles internos falhos. “As empresas em fase incipiente, no tocante à proteção de seus ativos

digitais, devem iniciar a discussão sobre segurança de informação junto à alta administração. Semrpe com a preocupação de assegurar o entendimento pleno sobre os riscos-chave e, assim, conseguir apoio para a implementação de um programa contínuo de segurança”, afirma a sócia da KPMG.

Um cuidado básico de qualquer projeto de segurança da informação deve estar ligado à garantia de que as estruturas de governança de TI sejam construídas na empresa obedecendo o conceito do todo – de forma a englobar a companhia em geral. Há também a necessidade premente de um elo com os provedores externos de serviços, para garantir consistência nos procedimentos de proteção relativos às informações operadas por terceiros.

De acordo com a sócia da KPMG, o principal ponto vulnerável dos sistemas de informática continua sendo a acessibilidade. Informações confidenciais ainda precisam ser melhor protegidas, por meio de senhas e

38 Auditoria em TI

45,00%

40,00%

35,00%

30,00%

25,00%

20,00%

15,00%

10,00%

5,00%

0,00%Conselho

e/ou Comitê de Auditoria

Presidência e/ou Gerência Geral (aplica-se a todos os

casos)

OutrosComitê Executivo

Corporativo Responsável pela

Auditoria Interna

A quem está subordinado o Departamento de Auditoria de Sistemas?

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melhoria no desenho da estrutura e dos perfis de acesso. Quando há a adoção de padrões internacionais de segurança da informação, a auditoria de sistemas de informática se torna, naturalmente, um importante instrumento para fortalecer a governança em TI. “Após a promulgação, nos Estados Unidos, da lei Sarbanes-Oxley, houve um avanço considerável na preocupação das empresas com auditoria em TI. Além daquelas empresas regidas pela SOX, outras empresas perceberam que isso poderia agregar valor à companhia”, diz a sócia da KPMG. O setor econômico que largou na dianteira foi o financeiro. Também por conta das regulamentações mais rígidas às quais estão submetidos, a maioria dos bancos tem seu Departamento de Auditoria de sistemas incluídos em estruturas de GRC (Governance Risk and Compliance).

Diante do desafio de avaliar os procedimentos internos de TI, as organizações podem adotar dois caminhos: contratar uma empresa especializada ou manter pessoal interno capacitado voltado a essa atividade. Segundo a pesquisa da KPMG, quando

ocorre a contratação de um staff externo, ela aconteceu, em 20% dos casos, por estratégia da organização. Também para 20% das empresas, a causa foi a falta de pessoal. Outros 15% apontaram o prestígio agregado pela auditora externa. Somando-se o percentual de empresas que alegaram falta de pessoal (20%) e falta de conhecimento técnico (18%), chega-se a quase 40% de organizações que não têm pessoas ou habilidades para exercerem a função de auditores em TI.

A explicação para esse índice é a necessidade de atualização constante que essa área demanda. “Na área de tecnologia, há o pré-requisito de se manter atualizado, com novas ferramentas, aprimoramento de linguagens de programação e modernizações tecnológicas”, explica Ana Rosa Rios. Os diferentes sistemas operacionais dos programas de gestão também exigem que o auditor de TI conte com um amplo leque de conhecimento técnico. Dessa forma, apesar de o Departamento de Auditoria Interna historicamente não necessitar de um volume muito

Auditoria em TI 39

Por que as empresas contratam serviços externos de auditoria em TI?

9%20%

18%

20%15%

18%

Por falta de recursos

Por falta de conhecimentos técnicos

Por estratégia da organização

Por prestígio

Por requisito legal e/ou regulatório

Outros

“Após a promulgação da SOX, houve um avanço considerável na preocupação das empresas com auditoria em TI”Ana Rosa Rios

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40 Auditoria em TI

Atualização constante, conhecimento de regulamentações e também do funcionamento do

negócio da empresa são imprescindíveis

Classificação, em ordem de importância e por média ponderada, das funções da auditoria de sistemas:

Função de auditoria de informática Ponderação

Verificar o cumprimento das normas corporativas e da legislação vigente

13,04%

Revisar os níveis de controle dos sistemas de informática

13,39%

13,39%

Verificar o cumprimento das funcionalidades dos sistemas

Realizar auditorias de segurança de informática

Acompanhar o resultado das auditorias de sistemas

Colaborar no desenvolvimento de políticas, normas e procedimentos sobre os sistemas de informática

Assessorar na definição, no projeto, no desenvolvimento e na manutenção dos sistemas de informática

Verificar/autorizar os projetos de desenvolvimento de novos sistemas de informática

Outros

13,04%

12,68%

11,79%

10,89%

10,54%

1,25%

grande de recursos, a auditoria em TI exige investimento em atualização e reciclagem de seus funcionários. Às empresas regidas pela SOX, é algo obrigatório. Já o retorno em termos de imagem, garantido pela aplicação de altos níveis de governança em TI, costuma ser vantajoso para empresas de forma geral já que, assim, podem se valorizar para uma possível venda.

Para os auditores, o desafio é desenvolver um relacionamento equilibrado com o pessoal de tecnologia e com as demais áreas operacionais da empresa. Nem tão próximo que se torne pessoal e nem tão distante que possa atrapalhar o fornecimento de informações.

Atualização constante, conhecimento de regulamentações e também do funcionamento do negócio da empresa são imprescindíveis. Uma boa governança corporativa, com uma auditoria em TI eficiente, é a melhor garantia aos stakeholders de que a empresa tem processos internos seguros e bem geridos.

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Indústria Farmacêutica 41

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

*Séverine Trinh

Regulamentação e oportunidades

A indústria farmacêutica no Brasil

tem passado por fortes mudanças

nos últimos dez anos. A criação

de seu órgão regulador máximo, a

Anvisa (Agência Nacional de Vigilância

Sanitária), no final da década de 90,

reforça a idéia de que se trata ainda de

um setor em período de adaptação.

A possibilidade da criação de uma

superfarmacêutica nacional, que

poderia ser viabilizada a partir da

fusão de grupos brasileiros que atuam

no setor, financiada pelo BNDES,

também gera expectativas a respeito

das exportações de medicamentos

nacionais. Essa situação levaria a

indústria a mais uma preocupação

regulamentária: a adaptação às

legislações internacionais.

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No Brasil, legislações como a dos

medicamentos genéricos e a liberação

de patentes também significaram

sobressaltos.

Compondo essa situação conjuntural,

outro dado que chama a atenção é o

estudo recém-divulgado pelo IBGE,

que dá conta de que, nos últimos 12

meses, a produção industrial teve

alta de 6,3%, mas o resultado da

indústria farmacêutica apresentou

queda de 4,9%. Contrariando todos

os prognósticos, em 2007, o déficit da

balança comercial de medicamentos

foi de R$ 2,77 bilhões e o de

farmoquímicos (insumos utilizados na

produção de farmacêuticos), de

R$ 1,32 bilhão.

Mas nem só de pesares vive a indústria

farmacêutica. Ela é reconhecidamente

uma das mais avançadas nos aspectos

de governança e sustentabilidade.

Também por isso é um dos segmentos

que mais atraem investimentos no

mundo todo.

A inovação talvez seja o gancho

mais importante para o sucesso do

setor. Para visualizar as melhores

oportunidades em um ambiente

altamente regulamentado, as

empresas devem dar atenção especial

à área responsável pelo atendimento

regulatório.

Mas será que as empresas brasileiras

mantêm uma postura sadia com relação

aos seus departamentos e à sua função

dentro da estrutura de gestão?

Um departamento regulatório forte

pode significar o diferencial necessário

para o bom posicionamento de um

canal de vendas, para a assertividade

na formulação de novos produtos,

além, é claro, de minimizar os riscos

de regulamentação, ao tornar-se pró-

ativo no relacionamento com os órgãos

competentes.

A inovação talvez seja o gancho mais importante para o sucesso do setor. Para visualizar as melhores oportunidades em um ambiente altamente regulamentado, as empresas devem dar atenção especial à área responsável pelo atendimento

Séverine Trinh, diretora da KPMG no Brasil na área de Risk Advisory Services

42 Indústria Farmacêutica

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Por esses motivos, muitas empresas

têm adotado como estratégia

transformar os departamentos

regulatórios – de meros suportes

operacionais em verdadeiros parceiros

no negócio. Atrelado às instâncias

decisórias da empresa, o departamento

assume um caráter de parceiro das

estratégias de mercado.

O departamento passa a atender

também aos seus “clientes internos”

e é importante que esteja em

conformidade com as estratégias da

empresa e bem treinado para entender

as demandas oriundas desse novo

stakeholder.

Aliar as necessidades da empresa com

o ambiente de regulamentações em

crescimento é o grande desafio para a

indústria farmacêutica. Em países como

os Estados Unidos, há uma tendência

de vincular o departamento regulatório

à presidência da empresa. No Brasil,

ainda que de forma incipiente, esse

movimento também acontece. Já é

possível encontrar no país companhias

com essa estrutura organizacional.

Então, por fim, é dada às empresas

a tarefa de valorizar os profissionais

e o departamento, aperfeiçoar o

relacionamento com o restante da

companhia e definir, juntamente

com o departamento, as estratégias

de negócio. Essas ações conjuntas

significarão a redução de riscos e a

abertura de novas oportunidades.

Em suma, o ponto fundamental é fazer

com que o departamento regulatório das

empresas farmacêuticas deixe de ser

apenas um suporte operacional e passe

a ter uma grande representatividade

no processo todo da indústria, sempre

alinhado com os objetivos da empresa.

Sem, é claro, aumentar os custos. O

desafio está lançado.

*Séverine Trinh, diretora da KPMG no Brasil na área de Risk Advisory Services

Um departamento regulatório fortepode significar o diferencial necessário para o bom posicionamento de um canal de vendas

Indústria Farmacêutica 43

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Aquecimento global versus

negócios

SUSTENTABILIDADE

Alexandre Heinermann, sócio da KPMG no Brasil líder na área de Sustentabilidade

Alterações no clima da Terra

representam riscos reais para

amplos setores da economia

Aquecime

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Sustentabilidade 45

Para reduzir os impactos diretos e

indiretos das mudanças climáticas

em suas atividades de negócio, as

empresas de todo o mundo terão de

enfrentar sérios desafios nas próximas

décadas. O estudo Climate Changes:

Your Business, elaborado pela KPMG

International, analisou diversos

segmentos econômicos e avaliou o

grau de risco de cada atividade, assim

como a prontidão das companhias para

reagir a possíveis impactos causados

pelo aquecimento global. Afinal,

estimativas apontam que os custos

resultantes de mudanças climáticas

podem alcançar até 20% do Produto

Interno Bruto mundial.

Foram avaliados 18 segmentos

econômicos, com base em relatórios de

sustentabilidade e entrevistas com 11

especialistas em mudanças climáticas.

“Os setores analisados oferecem

um perfil bem completo do sistema

econômico mundial e mostram qual

é a tendência de atuação em relação

às alterações no clima”, afirma Carlos

Alberto Silva, gerente sênior da KPMG

no Brasil na área de Sustentabilidade.

Para Denise Saboya, também gerente

sênior da KPMG no Brasil na área de

Sustentabilidade, “o aquecimento

global ou já está afetando os negócios

das companhias ou pode vir a afetar.

Portanto, o estudo serve de alerta”.

A pesquisa da KPMG classificou os

18 setores em três diferentes grupos,

de acordo com uma pontuação que

considera o risco da atividade e o grau

de preparo para enfrentá-lo. Na chamada

“zona de perigo” foram classificados os

segmentos de aviação, saúde, petróleo

e gás, turismo, transporte e serviços

financeiros. Na “zona de segurança”

estão os setores de

telecomunicações, indústria química

e alimentos e bebidas. Em nível

intermediário de risco, denominado

“meio do caminho”, aparecem indústria

automobilística, construção, seguros

e resseguros, imobiliário, manufatura,

mineração e metalurgia, farmacêutico,

varejo e energia.

Segundo alerta Alexandre Heinermann,

sócio da KPMG no Brasil líder na área de

Sustentabilidade, independentemente

da classificação de risco, todos os

setores analisados demonstraram

subestimar a extensão das adversidades

que podem ser provocadas pelas

Denise Saboya, gerente sênior da KPMG no Brasil na área de Sustentabilidade

Carlos Alberto Silva, gerente sênior da KPMG no Brasil na área de Sustentabilidade

Page 49: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

mudanças climáticas. As maiores

preocupações das empresas

pesquisadas foram os riscos referentes

a regulamentações – com 71% de

citação nos relatórios. Depois vêm os

riscos físicos causados por alterações no

clima, como falta de água e degradação

ambiental, com citação em 50% dos

relatórios. Em seguida, aparecem os

riscos de reputação, com 28%, e de

processos judiciais, com 14%.

A explicação para o foco nas

regulamentações é que se trata de um

risco de curto prazo. Imposições às

empresas, como a redução de emissão

de gás carbono, podem modificar

sistemas produtivos inteiros e causar

impactos financeiros diretos. “Fala-se,

inclusive, que essas regulamentações

sobre a redução de emissões podem ser

expandidas para países que não constam

do Anexo 1 do Protocolo de Kyoto”, afirma

Carlos Alberto Silva. De acordo com o

documento assinado em 1997 na antiga

capital japonesa, somente os países

mais ricos, listados no Anexo 1, devem

cumprir metas de redução de emissão

de gás carbônico. Já os riscos físicos,

envolvendo catástrofes ambientais, são

mais difíceis de avaliar, mas permanecem

como uma ameaça constante aos

negócios. “Sempre paira aquela dúvida:

as mudanças climáticas vão acontecer,

mas quando?”, pondera Denise Saboya.

Os riscos de imagem para as

organizações também estão presentes

com destaque no estudo, uma vez que

o consumo consciente já se tornou

realidade em muitos setores. Além

de colocar em xeque a reputação

das companhias poluidoras, essa

nova realidade abre espaço para

que empresas com boas práticas

ambientais se diferenciem das

concorrentes. Existe também o

chamado risco de crédito. Muitas

instituições financeiras avaliam a

atuação ambiental de uma companhia

na hora de tomar decisões sobre

a concessão de empréstimos e

financiamentos. Em vários casos,

os juros para empresas com boas

práticas ambientais são menores. “Até

porque as instituições financeiras que

concedem empréstimos começam a

ser vistas como co-responsáveis”, avalia

Denise Saboya.

Os setores econômicos com maior

risco de terem suas atividades afetadas

pelas mudanças climáticas são aqueles

que dependem, em alguma medida,

da exploração de recursos naturais.

A indústria de energia (petróleo, gás,

hidrelétricas) é aquela que enfrenta

maiores riscos. Por isso mesmo,

tais setores tendem a apresentar

também maior grau de preparo para

enfrentar as possíveis conseqüências

de alterações no clima. “O exemplo

do setor de petróleo e gás é

emblemático. Como a atividade gera

impacto direto no meio ambiente,

eles têm de agir de forma rápida.

Assim, essa indústria deve estar bem

preparada, com estratégias claras

para lidar com esse novo cenário.

Em muitos casos, isso inclui até

mesmo mudanças de modelos de

negócios. Atualmente, a maior parte

das companhias petrolíferas já se

define como empresas de energia”,

diz Carlos Alberto Silva.

Para lidar com os efeitos do

aquecimento global, o importante

é a preparação e o planejamento

das empresas. “Companhias que

compreendem seus riscos climáticos

estarão em melhor posição para

gerenciá-los e também serão capazes

de aproveitar de forma mais completa

a vantagem competitiva resultante da

compreensão antecipada e integral

dos problemas”, completa Alexandre

Heinermann.

46 Sustentabilidade

Page 50: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

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Sustentabilidade 47

As principais preocupações das empresas

72% Riscosregulatórios 50% Riscosdenaturezafísica 28% Riscosdereputação 14% Riscosdeprocessosjurídicos

A área de Sustentabilidade da KPMG no

Brasil foi criada em dezembro de 2007.

Atualmente sob a liderança do sócio

Alexandre Heinermann e dos gerentes

seniores Denise Saboya e Carlos Alberto

Silva, o departamento conta com outros

PerigoàespreitaClassificação de 18 setores econômicos segundo os riscos relativos a mudanças climáticas

e o grau de prontidão para enfrentá-los

sete profissionais especialistas para

prestar consultoria em assuntos ligados

às questões de sustentabilidade. A área

de Sustentabilidade existe na KPMG

International há mais de dez anos. No

Brasil, com o aumento da demanda por

Nív

el d

e p

rep

araç

ãoB

aixo

Alt

o

Nível de riscoBaixo

Telecomunicações

Alto

Indústria Manufatureira

Varejo

Alimentos e bebidas

Turismo

Transporte

AviaçãoSaúde

Setor FinanceiroImobiliário

Indústria Química

Indústria Farmacêutica

Indústria AutomobilísticaPetróleo

e Gás

Seguro e Resseguro

Construção

Mineração e Metalurgia

Energia

Sustentabilidadeemfoco

esse tipo de serviço, surgiu a necessidade

de criar uma estrutura própria dentro

da firma. “Foi também uma forma de

aproveitar a oportunidade para agregar

valor e novos serviços”, diz Heinermann.

Page 51: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

Cenário positivo

CENTRO-OESTE

Região atrai investimentos e,

graças à expansão do

agronegócio, se destaca na

economia do país

Page 52: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

Centro-Oeste 49

Com a alta internacional no preço das

commodities e a crescente preocupação

com a questão energética, o Brasil

ganha destaque como um dos maiores

exportadores do mundo neste

segmento. Somos grandes produtores,

por exemplo, de álcool, açúcar, café,

suco de laranja, entre outros. A região

Centro-Oeste do país, pelo fato de ter

uma atividade agropecuária de grande

destaque, garante, com honras, uma

posição relevante entre os maiores

produtores de commodities alimentícias.

A região vem liderando o aumento de

produção do agronegócio brasileiro. Com

uma economia em franca expansão,

o Centro-Oeste é responsável pela

segunda maior safra brasileira. Projeções

do IBGE apontam para uma safra de

cereais, leguminosas e oleaginosas de

144,3 milhões de toneladas em 2008.

Desse total, o Centro-Oeste deve

responder por 49,2 milhões de toneladas,

já que o aumento previsto na produção

de soja é de 11,5% enquanto o cultivo

de milho deve crescer 9,2%, sempre em

comparação com o ano anterior.

Segundo estudo do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio,

Marcelo Aquino, diretor da KPMG no Brasil e responsável pelo escritório de Goiânia

o saldo comercial positivo da região

totalizou US$ 3,9 bilhões em 2007, contra

US$ 3,5 bilhões no ano anterior. Ainda

de acordo com o estudo, observa-se

um aumento de 29,3% nas exportações

e de 45% nas importações do Centro-

Oeste em relação a 2006. Para 2008,

há expectativa de novos recordes. No

primeiro bimestre do ano, as exportações

alcançaram US$ 1,4 bilhão, registrando

um superávit de US$ 184,7 milhões

– 180% superior ao do mesmo período

de 2007.

As previsões dos próprios governos

estaduais da região seguem no mesmo

ritmo. Somente o Estado do Mato

Grosso do Sul prevê a realização de

139 novos projetos empresariais,

principalmente de indústrias frigoríficas,

sucroalcooleiras e de base florestal.

A projeção indica que o PIB estadual

cresceu 8,6% em 2007, chegando a R$

25,3 bilhões – nesse período, a economia

brasileira teve expansão de 5,4%. Para

este ano, a previsão de crescimento

supera os 7%.

Segundo Marcelo Aquino, diretor da

KPMG no Brasil e responsável pelo

escritório de Goiânia, a questão fiscal

Page 53: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

pode ter sido um fator importante para o

aumento dos investimentos na região. No

caso de Mato Grosso do Sul, por exemplo,

a isenção de ICMS pode chegar a 67%, por

um prazo de até dez anos. Aos possíveis

investidores, o Governo do Estado sinaliza

também com a concessão de terrenos

e financiamentos a juros baixos, por

intermédio do Fundo Constitucional do

Centro-Oeste (FCO). Essa linha de crédito

já garantiu R$ 348 milhões durante o ano

passado, 36% a mais do que em 2006.

Por sua vez, o Governo do Estado de Goiás

calcula uma renúncia fiscal de ICMS em

torno de R$ 36 bilhões nos próximos dez

anos. E aponta a possibilidade de postergar

o recolhimento de 72% do imposto até

2020. A ação do governo goiano gerou

resultados. Segundo o IBGE, no primeiro

trimestre do ano, Goiás verificou uma

expansão de 9,3% na produção industrial.

DesafiosO crescimento acelerado da economia

regional traz grandes desafios e, junto,

excelentes oportunidades para as

empresas que, em sua maioria, são

familiares. Nos próximos anos, para

continuarem a crescer, essas companhias

terão de avançar na profissionalização da

gestão. Em alguns casos, até uma abertura

de capital. “A questão da sucessão é

vital para as companhias familiares. Ela

deve ser feita de modo planejado, com

acompanhamento profissional passo a

passo, para não gerar instabilidade e não

prejudicar o andamento do negócio como

um todo”, explica Aquino.

“A conquista do investment grade pelo

Brasil também influenciará as decisões

das empresas da região, já que elas

deverão estar preparadas para atrair

novos investimentos decorrentes da

elevação do grau de classificação”,

acrescenta o diretor.

A análise desse panorama levou a KPMG

no Brasil inaugurar um novo escritório, no

coração do Centro-Oeste, em Goiânia.

A cidade ocupa a 12ª posição no ranking

Centro-Oeste dos municípios mais

ricos do país e é a primeira na região,

segundo dados do IBGE. “Devido a

sua proximidade de Brasília, local onde

a KPMG já possui escritório, e às sua

crescente importância econômica na

região, Goiânia foi a escolha certa”,

afirma o diretor.

Outro fator que, segundo Aquino,

reforçou a decisão de implantar o

novo escritório foi a proximidade com

muitos clientes. “A demanda mundial

crescente por maior transparência

na gestão, o ambiente econômico

globalizado e a necessidade de as

empresas se inserirem no mercado

internacional fizeram com que o tema

governança corporativa ficasse mais

presente. Conseqüentemente, a

busca pelos nossos serviços também

é maior”, afirma Aquino. O diretor da

KPMG no Brasil conclui lembrando que

a KPMG é a primeira das Big Four a se

instalar na região.

50 Centro-Oeste

“A demanda mundial

crescente por maior

transparência na

gestão, o ambiente

econômico

globalizado e a

necessidade de

as empresas se

inserirem no mercado

internacional fizeram

com que o tema

governança

corporativa ficasse

mais presente”

Marcelo Aquino

Page 54: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

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AVI KPMG 1 7/10/08 5:56 PM Page 1

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LIDERANÇA

Michael Useem, professor da

Wharton School, conta como

experiências radicais podem

ensinar alguns princípios de

liderança

As conquistas do Everest e da Antártida

Page 56: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

Liderança 53

Escolhemos a Antártida para funcionar

como uma espécie de “sala de aula

a céu aberto”, na qual testaríamos na

prática as lições ensinadas entre quatro

paredes. Depois de freqüentar um curso

sobre liderança na Wharton School,

18 alunos teriam de aplicar tudo que

haviam estudado nas aulas em uma

viagem de sobrevivência e exploração

na Antártida, com uma semana de

duração.

De acordo com algumas pesquisas, a

liderança de fato exerce grande impacto

sobre o desempenho financeiro da

empresa quando é preciso sobreviver

em ambientes desafiadores ou

imprevisíveis. Por isso, a escola de

administração onde leciono decidiu não

se ater às salas de aula e criar algumas

experiências reais nas quais os alunos

e executivos pudessem aprender

pela própria experiência, testando

conceitos de liderança em ambientes

desafiadores.

O aprendizado na Antártida:Os estudantes que participaram de

nossa viagem passaram por um intenso

teste sobre os princípios de liderança

assim que chegaram à ilha King George,

na Antártida, em janeiro de 2004.

Como os fortes ventos que sopram na

Antártida destroem as barracas, nossa

primeira tarefa foi erguer uma parede

de neve para proteger os abrigos.

Resultado: só bem depois da meia-noite

conseguimos acomodar-nos nos sacos

de dormir, após várias e várias horas de

trabalho.

Nos dias seguintes, os 18 estudantes

do curso de MBA (divididos em três

equipes de seis integrantes cada uma)

assumiram diversas responsabilidades

pela empreitada, como o preparo

das refeições, o deslocamento, o

fornecimento de apoio e a liderança

cotidiana. No terceiro dia, levando um

aparelho GPS com as coordenadas do

lugar escolhido, cada um deles tinha

Page 57: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

de encontrar o próprio caminho até o

destino. No momento em que as três

equipes partiram, em intervalos de dez

minutos entre uma e outra, poucos

integrantes perceberam as nuvens

escuras que se formavam atrás deles.

Menos de uma hora após o início da

subida, todos os marcos identificáveis

haviam desaparecido. No entanto,

todos os grupos permaneceram unidos

e ilesos, uma resposta aos exercícios

de formação de times realizados nos

primeiros dois dias. O fato curioso

era que as três equipes começaram

a seguir caminhos diferentes, o que

aparentemente se devia a conclusões

distintas sobre as indicações do GPS.

Até esse momento, as três equipes

haviam agido como unidades bem

organizadas, com boa liderança interna

e um plano de viagem objetivo – mas

independentes.

Subestimava-se o fato de que os grupos

faziam parte de uma única empresa (a

expedição) e que todos deveriam chegar

ao próximo local de acampamento

juntos. Na falta de uma coordenação

unificada, cada um seguia a própria

direção.

Apesar das divergências nos caminhos

e das incertezas que os cercavam, os

três grupos finalmente se reuniram.

As discussões se acirraram por causa

das condições impróprias e da falta

de uma liderança coletiva, mas todos

concordaram que o melhor a fazer era

voltar e passar a noite no acampamento

anterior.

O momento da decisão pela retirada

coletiva lançou por terra qualquer teoria

sobre liderança. As três equipes não

haviam conseguido criar uma liderança

centralizadora capaz de promover a

conciliação entre as diversas propostas

de rota e de reavaliar os objetivos

quando as condições climáticas

inviabilizaram a meta original. Ao

discutirmos mais tarde a experiência

daquele dia, ficou mais claro o fato de

que qualquer empreendimento (seja

uma empresa ou uma expedição)

tem de contar com uma liderança

centralizadora a fim de decidir qual

a nova direção quando imprevistos

inviabilizam os planos iniciais.

O aprendizado no Himalaia: ir além dos interesses pessoaisConseguir superar as demandas

pessoais na hora de tomar decisões

constitui o terceiro princípio da

liderança. A função do líder é unificar e

motivar uma empresa em torno de um

objetivo comum.

Minha percepção desse princípio

estudado em sala de aula foi confirmada

em uma expedição ao monte Everest.

Estávamos no Himalaia para aprender

sobre liderança a céu aberto, em uma

das paisagens mais belas e exigentes

do planeta. Durante 11 dias, o grupo

de 20 pessoas (que incluía alunos de

MBA e executivos em meio de carreira)

percorreu cerca de 128 quilômetros

em terreno acidentado com o objetivo

54 Liderança

Page 58: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

de atingir um ponto situado a mais de

5,4 mil metros de altitude. Dias depois,

no final da tarde, um alpinista norte-

americano que havíamos encontrado no

caminho chegou a nosso acampamento.

Tínhamos acabado de montar nossas

barracas acima da área na qual havia

vegetação, a uma altitude de 4,2 mil

metros – o acampamento mais elevado

de nossa viagem. O inesperado visitante

informou que seu irmão apresentava os

sintomas típicos da exposição a grandes

altitudes: enjôo, tontura e dificuldades

para se locomover. Se não for contido,

esse quadro pode levar à morte, e

o único tratamento seguro consiste

em levar o doente para altitudes mais

baixas. Cansado pelas tarefas daquele

dia, a última coisa que eu desejava era

encarar uma longa descida noturna.

Meu instinto físico dizia para deixar

o problema a cargo de outra pessoa,

pois eu precisava de uma noite de

descanso e recuperação para enfrentar

a extensa caminhada em altas altitudes

do dia seguinte que nos levaria a nosso

objetivo. No entanto, lembrei-me do

caso que havíamos discutido sobre um

banqueiro que tinha encontrado um

debilitado religioso hindu nas alturas

do Himalaia. Preocupado apenas com

o próprio projeto, o banqueiro ofereceu

a ajuda mais imediata e seguiu seu

caminho, sem saber, depois, se o

abatido homem conseguiu sobreviver a

suas dificuldades.

Felizmente, a médica de nossa

equipe, especialista em emergências,

contava com um generoso estoque de

medicamentos. Ela cuidou do rapaz e

acompanhou seu estado para verificar

se os sintomas regrediam. O explorador

melhorou durante a noite e no dia

seguinte já tinha condições de descer

para altitudes mais seguras. Apesar do

desfecho feliz, o episódio fortaleceu

minha determinação em não deixar que

os interesses pessoais se sobreponham

ao que é melhor para o grupo.

Os alunos que participaram da

expedição ao Everest se revezavam

na posição de líder, cada um deles

A função do líder é unificar e motivar uma empresa em torno de um objetivo comum

Liderança 55

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56 Liderança

ocupando-a por um dia, oportunidade

que lhes permitia constatar a dificuldade

de colocar as necessidades do grupo

em primeiro lugar.

A responsabilidade da liderança os

obrigava a se certificar de que todos

haviam chegado bem e se recuperavam

adequadamente – antes de pensar na

satisfação das próprias necessidades.

Os líderes aprendiam a levantar-se antes

dos outros e a ser os últimos a ir dormir,

e o abstrato conceito de liderança

se transformou em uma experiência

concreta e vivida na carne.

O aprendizado com os marines: ter viés para a açãoApós anos de experiência em cargos de

liderança, os executivos muitas vezes

dizem que saber agir decisivamente

sob pressão constitui uma das

habilidades mais valiosas na gestão

de empresas. Uma decisão prematura

pode ser imprecisa, mas se for tardia

demais pode significar a perda de

uma oportunidade promissora. A arte

da liderança está em reconhecer o

momento certo para tomar decisões

corretas e propícias. Outro grupo de

estudantes teve a oportunidade de

testar esse princípio da liderança na

academia do corpo de fuzileiros navais

norte-americanos. Os comandantes dos

marines passam dez semanas nesse

ambiente de treinamento, do qual saem

com mais preparo para tomar decisões

durante os combates. Mesmo em uma

situação bem mais branda, os alunos

do MBA conseguiram identificar a

necessidade de disciplina em casos de

adversidade.

A fim de testar ainda mais a capacidade

de decisão, o corpo de fuzileiros navais

dividiu os alunos em “times de fogo”

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de cinco integrantes para enfrentar

uma série de dificuldades em um

programa chamado “Curso de Reação

à Liderança”, denominação dos próprios

marines. No treinamento, um instrutor

informa aos integrantes que eles

dispõem de 15 minutos para avaliar

uma situação e solucioná-la, que pode

ser uma tarefa como mover um tambor

de aço de cerca de 20 quilos sobre

uma barreira elevada sem contar com

recursos óbvios para isso.

No primeiro desafio, uma das equipes

dedicou mais da metade do tempo

disponível para avaliar o problema e

não conseguiu solucioná-lo. Por isso,

seus integrantes receberam elogios

do instrutor pelo estudo analítico

da questão, mas sérias críticas por

reservar tão pouco tempo para testar

as soluções possíveis. O instrutor

ressaltou que o grupo só conseguiria

compreender totalmente o problema

a ser solucionado colocando as mãos

na massa e encontrando por tentativa

e erro as alternativas que realmente

funcionavam.

Na universidade, abordamos o processo

de tomada de decisões em situações

de pressão, mas também orientamos

nossos alunos a adotar uma postura

analítica, uma vez que o ambiente

acadêmico propicia mais essa última

abordagem. O resultado é a possível

criação de um viés que favorece a análise

em detrimento da ação. Depois de

aprender essa lição na teoria por meio de

discussões em sala de aula e na prática

mediante a experiência vivencial com os

marines, nossos alunos provavelmente

hesitarão menos ou não errarão tanto

nas situações em que precisarem tomar

decisões corretas e no tempo exato,

mesmo enfrentando prazos exíguos.

Um novo método de aprendizadoO sistema de aprendizado que serviu

de base a nossas expedições sobre

liderança é simples: os intensos

programas de liderança incluem tanto

aprendizado teórico como experiência

“para valer”. A construção da liderança

tende a ser mais duradoura se contar

com a experiência individual.

Quando questionados sobre a fórmula

usada no desenvolvimento de suas

habilidades de liderança, executivos

bem-sucedidos muitas vezes revelam

que o processo combinou um dedicado

estudo do assunto com a experiência

cotidiana. Assim, as organizações fariam

muito bem se oferecessem um pouco

de cada ingrediente a seus membros.

Liderança 57

Reportagem publicada na edição de nº 50

da Revista HSM Management

Page 61: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

Crescimento à vista

O mercado brasileiro de créditos

inadimplidos apresenta forte

potencial para expansão

Crescimento

NPL

Page 62: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

NPL 59

O Brasil vive um momento econômico

único. Há estabilidade nos mercados,

nas políticas governamentais e também

compromisso do governo em pagar

suas dívidas. O esforço de toda a

sociedade para tornar a economia mais

previsível foi recompensado com a

recente elevação do grau de risco do

país. As agências norte-americanas

Standard & Poor’s e Fitch conferiram

Salvatore Milanese, sócio da KPMG no Brasil na área de Advisory

O crédito avançou e se tornou uma das principais alavancas para o desenvolvimento econômico

Fonte: Banco Central do Brasil

ao Brasil o tão desejado grau de

investimento. Nesse processo, o crédito

avançou e se tornou uma das principais

alavancas para o desenvolvimento

econômico (veja no quadro 1). E o país

se transformou em um interessante

local para aplicações alternativas de alto

potencial de rendimento, como, por

exemplo, os investimentos em créditos

problemáticos.

Evolução do crédito

Total de créditos no Sistema Financeiro Nacional (abril/08) – R$ bilhões

1000

900

800

700

600

500

400

300

R$

bilh

ões

1018

Jan-04 Jul-04 Jan-05 Jul-05 Jan-06 Jul-06 Jan-07 Jul-07 Jan-08

CAGR = 23% a.a.

Quadro 1

Page 63: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

Conhecidos como NPL (Non-Performing

Loans), os créditos inadimplidos

são títulos que não foram honrados

e/ou oferecem grande risco de não

pagamento. Apesar de haver indícios

que negociações envolvendo NPL se

iniciaram no Brasil no final da década

de 90, somente nos últimos anos

as carteiras de NPL começaram a

apresentar números significativos

dentro do mercado de capitais, no que

diz respeito a transações de compra e

venda (veja no quadro 2). Atualmente,

são negociados créditos singulares

(geralmente, representados por créditos

corporativos) e carteiras com maior

60 NPL

Quadro 2

número de créditos (massificados), que

são adquiridos por investidores que

procuram altos rendimentos, enquanto

outros só enxergam alto risco ou

problemas. Os motivos que incentivam

esse mercado são vários, entre eles:

1) O crescimento do crédito e o

aumento da “massa crítica” de títulos

inadimplidos nas carteiras dos bancos

(pelo menos em valor absoluto);

2) A necessidade de as instituições

financeiras tratarem esses casos sem

incremento nas estruturas internas de

cobranças;

3) A existência, em nível mundial e local,

de capital e agentes especializados na

compra desse tipo de ativo;

4) A existência, em nível local, de

veículos, tais como o FIDC (Fundos de

Investimentos em Direitos Creditórios),

que podem ser utilizados para a

Transações de NPLs – Brasil

Volume de transações de NPL (valor contábil das carteiras, de acordo com a Resolução nº 2682)

Fonte: KPMG

20

16

12

8

4

0

17.1

20072006

7.0

R$

bilh

ões

11.1

6.1

4.0

3.0

Operaçõescomparticipaçãoda

KPMG

Outras

Page 64: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

aquisição desses ativos. O FIDC oferece

eficiência fiscal para os compradores,

em comparação com empresas de

securitização.

Em economias desenvolvidas,

operações envolvendo esse tipo de

crédito são bastante comuns. Em alguns

países, como a Alemanha, o potencial

de negociação de NPL supera a cifra de

US$ 200 bilhões. Apesar de incipiente,

o mercado brasileiro tem um tamanho

potencial respeitável: a estimativa de

estoque de NPL disponível no país é

de aproximadamente US$ 100 bilhões

– o que é bastante significativo para

padrões internacionais.

Os principais compradores desse

tipo de ativo são fundos e bancos de

investimentos internacionais, o que

reforça a importância do Brasil ter

alcançado o investment grade. Com a

nova classificação de risco, a economia

brasileira se habilita a receber novos

NPL 61

investimentos de grandes fundos, que

têm como norma estatutária investir

recursos somente em países seguros.

Segundo o sócio da KPMG no Brasil na

área de Advisory, Salvatore Milanese, a

chancela das agências de risco aumenta,

sim, o potencial de liquidez do país.

“Os investidores que têm limitações

para operar em países que não têm o

investment grade – que, aliás, são os

maiores investidores – vão contar com

mais liberdade para alocar seus recursos

no Brasil”, resume Milanese.

Para os bancos brasileiros, o momento

não poderia ser melhor. A possibilidade

de limpar esses créditos do balanço,

recuperar ativos, reduzir as perdas

e diminuir os custos com cobranças

torna muito mais atrativas as operações

com NPL. Segundo o sócio da KPMG

no Brasil, falta a adesão dos maiores

bancos públicos brasileiros para a

consolidação desse mercado no país.

“Em valores absolutos, o volume de crédito deve avançar; é coerente pensar em uma expansão também do mercado potencial de NPL”Salvatore Milanese

Page 65: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

62 NPL

CaracterísticasSalvatore Milanese indica que as

características do mercado brasileiro

de NPL não diferem muito daquelas

encontradas em outros países. Aqui, o

crédito para consumo, que representa

cerca de 40% da oferta geral de crédito

no país, é o que apresenta maiores

índices de inadimplência. Esse é o

crédito massificado, caracterizado por

um ticket médio baixo (inferior a R$

30 mil), sem garantia e não ajuizado

– o que, teoricamente, torna sua

recuperação menos dependente de

procedimentos legais, ainda custosos,

incertos e longos no Brasil.

Milanese afirma também que,

não bastasse o mercado de NPL

ser promissor, por conta de suas

dimensões, a própria oferta de crédito

no Brasil ainda apresenta potencial de

expansão, já que representa apenas

36% do PIB. Em outros países, como

a China, esse percentual ultrapassa

os 120%. Nos Estados Unidos,

esse índice é de 86% do PIB. “O

crescimento da oferta de crédito não

significa necessariamente um aumento

vegetativo da inadimplência. Aliás, a

inadimplência relativa tem caído no país

(veja quadro 3). Mas, como o volume

de crédito deve aumentar em valores

absolutos, é coerente pensar também

em uma expansão do potencial do

mercado de NPL”, afirma o sócio da

KPMG no Brasil.

Três fatores, segundo o sócio da KPMG,

ainda limitam o acesso completo de

investidores internacionais ao mercado

brasileiro de créditos inadimplidos: (i) o

alto custo dos serviços de recuperação

de crédito quando adicionados os

meios judiciais, (ii) a falta de um

pipeline consolidado de operações, que

alimente continuamente os veículos

constituídos para a compra desse tipo

de crédito, diluindo a estrutura de custos

dos investidores para acompanhar a

cobrança/recuperação, e (iii), em alguns

casos, a escassez de informações sobre as

carteiras. No entanto, Milanese avalia que

esses fatores podem se tornar secundários,

já que o Brasil está mais atraente para os

investidores internacionais.

Conforme mencionado, o fator de maior

preocupação para os investidores em

carteiras de NPL é a morosidade do

sistema judiciário do país, pelo fato

de alguns créditos se encontrarem

em estágio de ajuizamento – ou que

provavelmente serão ajuizados para

que sejam recuperados. Contudo, há

iniciativas para solucionar esse problema.

“Apesar das profundas melhorias

observadas nos últimos anos, é sabido

que a justiça brasileira ainda necessita

melhorar muito no que se refere às leis

e regras aplicáveis à recuperação de

crédito”, completa Milanese.

Quadro 3

Créditos vencidos

Evolução dos créditos entre 61 e 360 dias vencidos

Fonte: Banco Central do Brasil

20072006

80

40

0

R$

bilh

ões

CAGR = 14% a.a.

Créditos entre 61 e 360 dias vencidos % do total de créditos do SFN Até abril 2008

2004 20082005

20%

15%

10%

5%

0%

8%9%

11%

8%

10%

75.065

68.115

52.674

81.640

60.960

Page 66: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

Terceiro Setor 63

TERCEIRO SETOR

Não se constrói um país de economia

sólida, estável e atraente para

investimentos de todo o mundo apenas

com uma aplicação cada vez maior de

recursos públicos em assistência social.

É claro que os investimentos nessa

área são fundamentais, principalmente

para diminuir as diferenças sociais

existentes no Brasil. Mas, quando se

trata de preparar o país para o futuro, o

fundamental é garantir o incentivo e o

desenvolvimento daquilo que de fato vai

impulsionar o crescimento econômico

sustentável: o empreendedorismo.

Empreendedorismo ganha força

como elemento importante na

conquista do desenvolvimento

sustentável

Negócios inovadores

Page 67: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

64 Terceiro Setor

Paulo Veras, diretor-geral da Endeavor

Ações empreendedoras são

responsáveis por transformar boas

idéias em atividades lucrativas e

geradoras de riqueza, o que traz

prosperidade para a sociedade.

Assim, com empresas estruturadas,

empresários conscientes e negócios

sustentáveis, é possível garantir mais

emprego, em melhores condições, com

maior geração de renda.

Para o Brasil, é imprescindível

incentivar o empreendedorismo.

Alguns empresários, cientes de seu

papel no projeto de colocar o país na

rota do desenvolvimento sustentável,

uniram esforços para formar o Instituto

Empreender Endeavor. A entidade,

que não tem fins lucrativos, foi

fundada com o objetivo expresso de

incentivar o empreendedorismo como

agente multiplicador de prosperidade

no país. “Os empreendedores, ao

criarem novas empresas, geram

empregos e renda, pagam impostos

e desenvolvem soluções. Exatamente

por isso, a Endeavor procura estimular

as novas gerações para que sejam

mais empreendedoras. Assim, terão

a possibilidade de contribuir para o

desenvolvimento sustentável de que

nosso país tanto precisa”, explica Paulo

Veras, diretor-geral da Endeavor.

A Endeavor Brasil iniciou suas

atividades em junho de 2000. O

objetivo é disseminar Brasil afora

exemplos de sucesso, que propaguem

o conhecimento e promovam o

voluntariado. A entidade é internacional.

A idéia original nasceu em 1997, a

partir de um grupo de ex-alunos da

Universidade de Harvard. Hoje, o

Instituto Endeavor atua, além dos

Estados Unidos e Brasil, em outros

Page 68: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

Terceiro Setor 65

“Muita gente pode dizer que não trabalha exatamente com empreendedorismo. Mas, trabalhar com empreendedorismo é trabalhar para desenvolver o país”Paulo Veras

nove países: México, Colômbia, Chile,

Uruguai, Argentina, Turquia, Egito, África

do Sul e Índia.

Segundo Paulo Veras, “muita gente

pode dizer que não trabalha exatamente

com empreendedorismo. Mas,

trabalhar com empreendedorismo

é trabalhar para desenvolver o

país. Portanto, se nos depararmos

com pessoas que transmitem o

conhecimento, com empresas

que oferecem oportunidades de

emprego, capacitam seus funcionários,

trabalham com boas práticas de gestão

e sustentabilidade, e, ainda, se esses

empreendedores iniciaram há pouco

o negócio ou se estão caminhando

para abrir o capital, todos são

responsáveis pelo desenvolvimento do

país”, acrescenta.

Para realizar seu trabalho, a Endeavor

enfrenta grandes desafios. Disseminar

uma cultura empreendedora ambiciosa e

de qualidade, para uma parcela ampla da

população brasileira, é uma tarefa árdua.

Os passos seguintes também não são

fáceis: encontrar empreendedores

promissores e de alto potencial, formar

exemplos e inspirar gerações futuras.

“Todos nós vivenciamos dificuldades

relacionadas à burocracia na abertura

de empresas, no acesso ao capital,

em relação à carga tributária, enfim,

problemas estruturais. Mas é fato

também que o Brasil já deu passos

importantes para vencer esses

obstáculos. O papel da Endeavor é

mostrar que é possível conquistar

sucesso mesmo em um ambiente

difícil e, muitas vezes, hostil aos

empreendedores”, afirma o diretor-geral

da ONG.

Page 69: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

66 Terceiro Setor

Por outro lado, é muito gratificante

para todos os voluntários do Instituto

reconhecer o verdadeiro empreendedor,

aquele que reúne um conjunto de

valores imprescindíveis para sonhar

grande e buscar a realização: atitude,

ambição, motivação pelo desafio, busca

por resultados, ética e atenção às

oportunidades. “Trata-se daquela pessoa

que olha para qualquer cenário e vê uma

oportunidade de criar e fazer algo que

tenha valor, independentemente dos

recursos de que dispõe”, esclarece Veras.

O Instituto dá preferência ao apoio a

empreendedores cujos negócios estão

em um estágio de desenvolvimento

no qual a Endeavor pode agregar

conhecimento e valor à empresa.

Ou seja, quando pode contribuir para

acelerar o crescimento da companhia.

É realizada uma série de entrevistas

e avaliações que permitam revelar o

perfil do empreendedor e o grau de

desenvolvimento, de inovação e de

potencial de crescimento dos negócios.

Após várias reuniões e pela passagem

por dois painéis de avaliação – um

com a participação do Conselho de

Administração do Instituto e outro

com participantes do mundo inteiro

–, o empreendedor, se aprovado, está

apto a receber o apoio da Endeavor.

“Participam desse processo em torno

de 400 empresas a cada ano. O nosso

objetivo principal é encontrar nelas os

próximos exemplos para o país e, então,

multiplicá-los” explica Veras.

A Endeavor orienta na captação de

recursos, dá apoio à gestão, por

meio de parcerias com consultorias,

e proporciona mentoring com

“O empreendedor é aquela pessoa que olha para qualquer cenário e vê umaoportunidade de criar e fazer algo que tenha valor, independentemente dos recursos de que dispõe”Paulo Veras

Page 70: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

NúmerosNesses oito anos de atuação no

Brasil, o instituto já selecionou 64

empreendedores Endeavor (que

administram empresas com forte

grau de inovação e altas taxas

de crescimento), 37 empresas

e mais de 250 voluntários para a

rede de Mentores. Nesse período,

houve mais de 8,5 mil horas de

aconselhamentos e mais de 45 mil

pessoas se cadastraram no Portal

da Endeavor. Sem esquecer os 15

mil empregos gerados e os cinco

cases de empreendedores Endeavor

estudados na Universidade Harvard,

no MIT (Massachusetts Institute of

Tecnology) e na Universidade de

Columbia, nos EUA.

“Com freqüência, nossos voluntários

comentam que aprendem mais com os

empreendedores do que o contrário.

Para esses profissionais, geralmente

bem sucedidos, as conversas com

os novos empreendedores, sempre

cheios de vida e de energia, os

colocam em contato com o Brasil que

funciona, que trabalha duro, que quer

crescer e dar certo”, explica Veras. “As

sociedades modernas precisam mais

do que de funcionários. Precisam de

protagonistas, de pessoas que inovam

e criam valor. Necessitamos de atitude

para desenvolver o país, sonhar grande

e ir mais longe. Empreendedores que

acreditam em seus objetivos e buscam

realizá-los transformam-se em

exemplos a ser seguidos; e o Brasil

precisa de referências colhidas

na sociedade que mostrem que é

possível chegar lá!”, conclui.

empresários que acumularam expertise

na área de atuação. O intuito é oferecer

know how e possibilitar à empresa o

acesso ao conhecimento e às melhores

práticas do mercado.

O perfil dos voluntários do Instituto é de

alto nível. São, geralmente, empresários,

executivos ou profissionais liberais

com muita experiência e profundo

conhecimento sobre temas específicos.

São pessoas que acreditam no Brasil e

na importância do empreendedorismo,

já que orientam gratuitamente os

novos empreendedores. “Procuramos

cruzar a experiência do voluntário com

a necessidade do empreendedor.

O trabalho de aconselhamento é

sempre acompanhado de perto pela

equipe da Endeavor, para possibilitar

a continuidade e a aplicação dessas

orientações”, explica Veras.

Terceiro Setor 67

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PATROCÍNIO APOIO REALIZAÇÃO

* As inscrições dos integrantes do grupo serão validadas por EXAME de acordo com o perfil desenhado para o evento.** Bilhete aéreo: US$ 2.125 pagos à Prime Tour (Classe econômica: bilhete + taxas).

Organização do evento: US$ 9.175 (toda a infra-estrutura necessária para a realização de palestras e visitas em território chinês, contando com serviços de alta categoria).Valores indexados em reais na data da confirmação de participação.

EXAME leva um grupo* de altos executivos e empresários até os centros nervosos da economia chinesa, num evento decisivo

para a expansão dos seus empreendimentos.

Negócios na China.Vá direto aos pontos.

Investimento total**: US$ 11.300

Roteiro de 13 dias - de 13 a 25/9/2008: Pequim, Xangai, Dongguan, Hong Kong e Dubai

Amplie seus conhecimentos sobre a realidade econômica, política, social e cultural da China

Saia na frente e aproveite as oportunidades desse mercado emergente

Confira a experiência de brasileiros que vivem e fazem negócios no país

Conheça empresas chinesas e sua visão de negócios

Entenda como funcionam as técnicas de negociação

Veja a realidade de empresas brasileiras estabelecidas lá

Fique por dentro dos principais aspectos legais e trabalhistas na implementação de um negócio na China

Prepare-se para analisar e conhecer setores de oportunidades vagas

limitadas

Acesse: www.portalexame.com.br/chinaContatos• (11) 3037-2889 • [email protected]

AnEX_CHINA_KPMG 11.07.08 19:51 Page 1

A Revista EXAME, com o apoio da KPMG

no Brasil, realizará no próximo mês de

setembro uma missão empresarial para

a China. O objetivo será apresentar

a empresários e executivos grandes

oportunidades e desafios que investidores

estrangeiros podem encontrar no país,

com uma abordagem direcionada para

o ambiente de negócios e o contexto

econômico local.

“Este é um projeto pioneiro, pois se trata de

uma missão voltada exclusivamente para o

entendimento da conjuntura atual do país, as

perspectivas para os empresários brasileiros

e o entorno do mundo dos negócios. Nossos

convidados conhecerão a China a partir do

olhar de EXAME, a mais prestigiada revista

de negócios do Brasil”, afirma Alexandre

Caldini, diretor superintendente das revistas

EXAME, Você S/A e Info, todas publicadas

pela Editora Abril.

O programa é composto por painéis,

debates, apresentações, além de visitas

a empresas brasileiras e chinesas.

“Acreditamos que a experiência da KPMG

na China, onde opera com mais de 8.500

funcionários e 11 escritórios nas principais

cidades chinesas, será essencial para ajudar

os convidados da missão a compreender

um ambiente de negócios com tantas

peculiaridades”, afirma o Hsieh Yuan, sócio-

diretor do China Desk Brasil da KPMG.

MISSÃO EMPRESARIAL

China: no centro do mundoEmpresários e executivos brasileiros desvendarão a conjuntura

econômica e as práticas de negócios chinesas

Confira a programação da Missão Exame

na China, que tem, além do apoio

da KPMG, patrocínio de Apex-Brasil,

Emirates e HSBC.

A China começará a ser desvendada

antes da viagem. Neste aquecimento,

que acontecerá no dia 4 de setembro em

São Paulo, Alexandre Caldini e Marienne

Munhoz, sócia da KPMG no Brasil na área

de International Corporate Tax, vão ajudar

os convidados a desenvolver uma nova

visão sobre a China e a possibilidade de

fazer negócios fora do Brasil.

Em 15 de setembro, já em Pequim,

os participantes da missão terão um

panorama completo. Palestras e debates

abordarão vários temas, tais como:

sistema tributário, leis trabalhistas,

propriedade intelectual, além de aprender

como se negocia com chineses. A missão

contará com a participação, entre outros

palestrantes, do Embaixador do Brasil

na China, Luiz Augusto Castro Neves, do

presidente da Apex-Brasil, Alessandro

Teixeira e de Khoonming Ho, sócio de

International Tax da KPMG Beijing.

Ainda em Pequim, os participantes terão a

oportunidade de conhecer as instalações

de uma empresa brasileira. Para

complementar, haverá visita aos famosos

pontos turísticos da cidade.

A Missão continuará em Xangai, a partir

de 18 de setembro. O Cônsul do Brasil

em Xangai, Marcos Caramuru Paiva,

fará uma apresentação sobre o contexto

asiático, a história do crescimento chinês

e os desafios para os anos futuros.

Parcerias e joint-ventures na China serão

o tema da palestra de Miguel Montoya,

sócio de Transation Service da KPMG.

Serão relatadas também experiências de

brasileiros que vivem e fazem negócios

na China.

Já na famosa cidade de Hong Kong, nos

dias 22 e 23 de setembro, será visitada

uma empresa bem sucedida de calçados,

criada por uma família de brasileiros.

Os integrantes da missão conhecerão

mais sobre a tributação específica para

os brasileiros e também sobre o melhor e

mais rápido porto do mundo. Nick Debnam,

sócio da KPMG em Hong Kong comentará

sobre o mercado de luxo e a construção

de marcas de sucesso no varejo. A visita à

sede do HSBC marcará o encerramento das

atividades em Hong Kong.

No retorno ao Brasil, antes de aterrissar

em São Paulo, a missão visitará Dubai.

68 Missão Empresarial

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PATROCÍNIO APOIO REALIZAÇÃO

* As inscrições dos integrantes do grupo serão validadas por EXAME de acordo com o perfil desenhado para o evento.** Bilhete aéreo: US$ 2.125 pagos à Prime Tour (Classe econômica: bilhete + taxas).

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AnEX_CHINA_KPMG 11.07.08 19:51 Page 1

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Gestão empresarial em foco

EXPOGESTÃO

Grandes nomes do cenário

empresarial nacional e

internacional debatem o tema

em Joinville

Gestão empem foco

Page 74: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

Expogestão 71

Já se tornou tradição. Pelo sexto ano

consecutivo, a cidade de Joinville

(SC) recebeu grandes nomes da

economia nacional e internacional,

líderes empresariais e gestores para

discutir o tema: Gestão Empresarial.

A Expogestão, que aconteceu este

ano, em junho, no Centreventos Cau

Hansen, é uma oportunidade para trocar

experiências, atualizar tendências e

estreitar relacionamentos, unindo teoria

e prática.

Durante os quatro dias de evento, a

Expogestão reuniu, em um mesmo

espaço, congresso, feira, workshops

e encontros temáticos. Neste ano, o

congresso recebeu cerca de 1,5 mil

congressitas; ao todo, 1800 pessoas

participaram dos 45 workshops e a feira

foi visitada por mais de 14 mil pessoas.

A Expogestão 2008, que contou mais

uma vez com o apoio da KPMG no

Brasil, é uma promoção da Federação

das Associações Empresariais de

Santa Catarina (Facisc), Associação

Empresarial de Joinville (Acij) e do

Núcleo do Jovem Empresário da Acij.

Estima-se que o evento tenha gerado

R$ 36 milhões em negócios.

Alguns dos principais nomes do evento

deste ano foram Steno Marcegaglia,

fundador do Grupo Marcegaglia; Nancy

Snyder, vice-presidente Corporativa para

Liderança e Competências Estratégicas

da Whirlpool Corporation; Ram Charan,

um dos consultores em gestão mais

reconhecidos em todo o mundo, coach

de importantes CEOs no mundo; o

consultor internacional Patric Sweeney,

vice-presidente e executivo mundial da

Caliper; e Oscar Motomura, principal

executivo do Grupo Amana-Key.

A participação da KPMG no Brasil foi

garantida também com as seguintes

palestras e workshops:

Marcelo Tonini, sócio da KPMG no Brasil

na área de Auditoria e responsável pelo

escritório em Jaraguá do Sul, ministrou

a palestra Aspectos contábeis da Lei

11.638. Nela, discorreu sobre como a

legislação introduziu diversas mudanças

importantes nas práticas contábeis

adotadas no Brasil, com a alteração

de diversos dispositivos da Lei 6.404.

E sobre como a nova lei significa um

passo essencial para a convergência

das práticas contábeis brasileiras com

as internacionais.

A gerente da KPMG no Brasil na área

de Assessoria em Gestão de Recursos

Humanos, Andréa Barcellos Gauté,

falou sobre Assessoria em Gestão de

Recursos Humanos – Programa de

Executive Coaching. Esse programa

é desenvolvido para assessorar

Marcelo Tonini, sócio da KPMG no Brasil na área de Auditoria

Page 75: Julho de 2008 Sumário - KPMG€¦ · de todo esse processo. Em entrevista à KPMG Business Magazine, Teixeira da Costa faz uma análise da situação do mercado acionário brasileiro

executivos no desenvolvimento de

suas competências profissionais,

pessoais e interpessoais. O objetivo

é assessorá-los em uma reavaliação

de seu momento de carreira, por

meio de um programa individual de

desenvolvimento pessoal/profissional,

que visa contribuir eficazmente para o

próprio crescimento, desempenho do

executivo e, conseqüentemente, com

os resultados da organização.

O programa de Executive Coaching

é usualmente utilizado nas seguintes

situações: desenvolvimento e retenção

de talentos; mudanças organizacionais;

processos sucessórios; adequação de

perfil; soluções de problemas pontuais;

plano de carreira; e movimentações

internas.

Luiz Gustavo Cabral, diretor da KPMG

no Brasil na área de Risk Advisory

Services, ministrou conferência

sobre Segurança da Informação e

Fraudes em TI. Segundo Cabral, cada

vez mais dependentes de sistemas

automatizados, as empresas enfrentam

grandes desafios nas questões

relacionadas à segurança dos dados

e transações eletrônicas. A palestra

apresentou um histórico destes

desafios, as principais vulnerabilidades

dos sistemas corporativos e

aplicações web, estudos de caso e

recomendações frente ao crescente

aumento das falhas.

72 Expogestão

Luiz Gustavo Cabral, diretor da KPMG no Brasil na área de Risk Advisory Services

A novidade do evento foi a realização

do painel Ecogestão sobre Economia

Verde – Negócios e Sustentabilidade,

com a presença do chairman do

Quality Policy Group, John Gummer,

um dos responsáveis pelas políticas

de meio ambiente na Europa. O

painel incluiu um debate com casos

nacionais sobre reciclagem e crédito

de carbono, integrando a política de

responsabilidade social da Expogestão

que, em 2007, foi o primeiro grande

evento na área empresarial a neutralizar

o carbono produzido ao longo de sua

realização.

Andréa Barcellos Gauté, gerente da KPMG no Brasil na área de Assessoria em Gestão de Recursos Humanos

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