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i JULIANA SUYAMA HIGA INFLUÊNCIA DO GENE ycgR NA REGULAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM AMOSTRA DE Escherichia coli ENTEROPATOGÊNICA ATÍPICA CAMPINAS 2015

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JULIANA SUYAMA HIGA

INFLUÊNCIA DO GENE ycgR NA REGULAÇÃO DE

FATORES DE VIRULÊNCIA EM AMOSTRA DE

Escherichia coli ENTEROPATOGÊNICA ATÍPICA

CAMPINAS

2015

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Resumo

Escherichia coli (E.coli) enteropatogênica (EPEC), é um dos agentes causadores de diarreia

em crianças, principalmente em países em desenvolvimento. EPEC pode ser dividida em

típica (tEPEC) ou atípica (aEPEC) pela presença ou ausência do plasmídeo EAF,

respectivamente e, mais precisamente pela expressão da fímbria Bfp. Uma característica de

EPEC é a capacidade de causar uma lesão histopatológica denominada “attaching and

effacing” (lesão A/E) no epitélio intestinal e os genes responsáveis pela formação da lesão

A/E estão localizados na ilha de patogenicidade LEE (locus of enterocyte effacement).

Outra característica de EPEC é a formação de microcolônias que possibilitam a formação

de biofilme. Um dos mecanismos de regulação da formação de biofilme envolve a molécula

sinalizadora Bis-(3´-5´)-monofosfato de guanosina cíclico (c-di-GMP), um mensageiro

secundário universal em bactérias que está envolvido na regulação de uma grande

variedade de processos celulares. Para exercer sua função, c-di-GMP precisa se ligar e

alterar alostericamente a estrutura de uma molécula efetora. Um dos receptores conhecidos

para c-di-GMP é YcgR, uma proteína de domínio PilZ que possui um sítio de ligação para

c-di-GMP e está envolvida diretamente na regulação do movimento flagelar através da

ligação do complexo YcgR-c-di-GMP às proteínas da base do motor flagelar. Existem

poucos dados na literatura sobre as funções de YcgR, todos focados apenas no seu papel na

regulação da motilidade. Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a influência

de YcgR na motilidade, formação de biofilme, adesão e formação de lesão A/E em um

amostra de aEPEC do sorotipo O55:H7. O gene ycgR foi deletado da amostra selvagem

através da técnica de recombinação homóloga proposta por Datsenko e Wanner (2000). A

complementação da amostra mutante foi realizada através da clonagem do gene ycgR no

plasmídeo de expressão pBAD Myc HisA. Os resultados obtidos indicam que a deleção do

gene ycgR reduz a motilidade e aumenta a formação do biofilme inicial na amostra

O55:H7. Além disso, a adesão em células epiteliais e a formação da lesão A/E também

foram reduzidas em comparação à amostra selvagem. Os resultados fenotípicos corroboram

os observados na análise transcricional dos genes eae, ler e espA, que participam da

formação da lesão A/E, e dos genes bscA, fimA e csgD, envolvidos na formação do

biofilme inicial. Com exceção do gene csgD que apresentou um aumento na transcrição na

amostra mutante, todos os outros genes avaliados apresentaram uma menor transcrição em

relação à amostra selvagem. Poucos trabalhos na literatura demonstram o papel do

mensageiro secundário em amostras de E. coli patogênicas, assim, estes resultados são os

primeiros descritos para uma amostra de aEPEC e possibilitam que no futuro novos estudos

possam analisar com mais detalhes a participação de c-di-GMP na regulação de fatores de

virulência não só de aEPEC mas também de outras E.coli patogênicas.

Palavras chave: Escherichia coli, aEPEC, YcgR, Motilidade, Formação de biofilme,

Lesão A/E

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Abstract

Enteropathogenic Escherichia coli (EPEC) is a causative agent of diarrhea in children,

especially in developing countries. EPEC can be categorized in 2 subgroups termed typical

(tEPEC) or atypical (aEPEC) by the presence or absence of the EAF plasmid respectively,

and more precisely by the expression of the Bfp fimbriae. One characteristic of EPEC is the

ability to cause a histopathological lesion on epithelial cells called "attaching and effacing"

(A/E lesion). The genes responsible for the production of the A/E lesion are encoded in a

pathogenicity island named “locus of enterocyte effacement” (LEE). Another feature of

EPEC is the formation of microcolonies, which allow biofilm formation. One of the

regulation mechanisms of biofilm formation involves the signaling molecule bis- (3'-5')

cyclic guanosine monophosphate (c-di-GMP), a ubiquitous second messenger in bacteria

that participates in the regulation of a wide variety of cellular processes. To perform its

function, c-di-GMP needs to bind and alter allosterically the structure of an effector

molecule. One of the known receptors for c-di-GMP is YcgR, a Pilz domain protein that

has a c-di-GMP binding site and is involved directly in the regulation of flagellar

movement through the binding of the YcgR-c-di-GMP complex to flagellar motor proteins.

There are few published data on the YcgR functions and they focus mainly on the role of

the YcgR in motility regulation. The aim of this study was to evaluate the influence of

YcgR in motility, biofilm formation, adhesion and A/E lesion formation in an aEPEC strain

serotype O55:H7. ycgR gene deletion was performed by homologous recombination as

proposed by Datsenko and Wanner (2000). Complementation of O55:H7 mutant strain was

achieved by cloning ycgR in pBAD/Myc-HisA plasmid. The results indicate that the

deletion of ycgR gene decreases the motility and increases the formation of initial biofilm

on O55:H7 strain. Moreover, the adhesion on epithelial cells and the A/E lesion formation

were also diminished in comparision to the wild type strain. The phenotypic results are

consistent with the transcriptional analysis of eae, ler and espA genes involved in A/E

lesion formation, and of bcsA, fimA and csgD genes involved in the initial steps of biofilm

formation. With the exception of csgD gene that showed an increased transcription level in

the mutant strain, all other analysed genes showed a decrease in transcription when

compared to the wild type strain. Few studies demonstrate the role of a second messenger

molecule in Escherichia coli pathogenic samples, and therefore, these results are the first

report in this regard for an aEPEC strain. This work should encourage further studies in

order to analyze in more detail the involvement of c-di GMP in the regulation of virulence

factors not only in aEPEC, but also in other pathogenic Escherichia coli pathotypes.

Key words: Escherchia coli, aEPEC, YcgR, Motility, Biofilm formation, A/E Lesion

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SUMÁRIO

I. Introdução ............................................................................................................................... 1

1.Escherichia coli .......................................................................................................... 1

1.2. Escherichia coli diarreiogênicas .......................................................................... 1

1.3. Escherichia coli enteropatogênica ....................................................................... 3

1.3.1 Escherichia coli Enteropatogênica atípica (aEPEC) ........................................ 4

1.4 Lesão A/E e a região LEE ..................................................................................... 5

1.5 Biofilme ................................................................................................................... 8

1.6 c-di-GM ................................................................................................................. 11

1.7. YcgR, domínio PilZ e o controle da maquinaria flagelar .............................. 14

II. OBJETIVO .......................................................................................................................... 18

III. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 19

3.1. Meios de cultura e soluções ................................................................................ 19

3.2 Amostras bacterianas e plasmídeos .................................................................... 19

3.3. Técnicas de manipulação e análise de DNA ..................................................... 20

3.3.1 Obtenção de DNA genômico, purificação e extração de plasmídeos ............ 20

3.3.2 Desenho dos iniciadores para detecção e deleção do gene ycgR ................... 20

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3.3.3. Técnica da Reação da Polimerase em cadeia (PCR) – detecção do gene ycgR e

obtenção do cassete de resistência .......................................................................... 21

3.3.4. Indução do estado de competência e transformação da amostra O55:H7 com

plasmídeo pKD46 .................................................................................................... 21

3.3.5 Preparo de células competentes da amostra O55:H7(pKD46) para eletroporação

com os cassetes de resistência ................................................................................. 22

3.3.6 Obtenção do plasmídeo pBAD/Myc-HisA linearizado .................................. 23

3.3.7 Obtenção do inserto ycgR e ligação no plasmídeo pBAD/Myc-HisA ........... 23

3.3.8. Indução do estado de competência e transformação da amostra TOP- 10 com

pBAD Myc HisA + inserto ycgR ............................................................................ 24

3.3.9. Transformação da amostra mutante JH01 com o plasmídeo pBAD Myc His A

ycgR ......................................................................................................................... 24

3.4. Analises transcricionais ...................................................................................... 25

3.4.1. Extração de RNA .......................................................................................... 25

3.4.2. PCR quantitativo em tempo real (qRT-PCR) ................................................ 26

3.5 Ensaios Fenotípicos .............................................................................................. 27

3.5.1. Teste de motilidade em ágar semi-sólido ...................................................... 27

3.5.2 Curva de crescimento ..................................................................................... 27

3.5.3. Ensaios de formação de biofilme em superfície abiótica – Técnica de Cristal

Violeta ..................................................................................................................... 27

3.5.4. Ensaios de adesão e de formação de biofilme em células epiteliais in vitro . 28

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IV. RESULTADOS .................................................................................................................. 31

4.1. Obtenção do mutante ycgR ................................................................................ 31

4.2. Obtenção da amostra complementada JH02 .................................................... 34

4.3. Teste de motilidade ............................................................................................. 34

4.4. Curva de crescimento ......................................................................................... 35

4.5. Ensaio de formação de biofilme em superfície abiótica – Técnica de Cristal

Violeta ......................................................................................................................... 36

4.6. Ensaio de formação de biofilme em superfície biótica .................................... 36

4.7. Ensaio de adesão em célula epitelial in vitro .................................................... 40

4.8. Teste de FAS ........................................................................................................ 41

4.9. Análise transcricional por qRT-PCR ................................................................ 42

V. DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 46

VI. CONCLUSÕES .................................................................................................................. 53

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 54

ANEXO 1- Certificado de Biossegurança ................................................................................. 69

ANEXO 2 – Certificado de ética no uso animal ........................................................................ 71

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Ao meu sempre porto seguro em pensamento e amor, não importando

quantos anos e dias se passem. Fabinho*, aquele que vive eternamente

dentro do meu coração.

Aos meus benevolentes pais que mesmo às vezes sem entender direito,

sempre apoioaram a filha nessa tal “carreira acadêmica” que ela

escolheu.

Aos meus avós. Aqueles cujos olhos ainda brilham, as vozes ainda

embargam e sorriso ainda impera quando a neta mais velha conta pela

centésima vez com o que trabalha. Contarei mais cem vezes se necessário

Dedico.

*in memorian

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“Não é preciso que seja uma dor doída....Por

vezes a dor aparece como aquela coceira que

tem o nome de curiosidade”

Rubem Alves, Ostra feliz não faz pérola

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais por sempre me apoiarem, não importando o quanto isso custasse

a eles (e não estou falando somente do lado financeiro!). E por não terem me

expulsado de casa ainda!!!!

Às minhas tias Sonia e Julia, minhas segundas “mães”, pelo carinho, apoio e por

permitirem que eu “roubasse” a internet quase toda noite, seja pra fuçar o

facebook ou pra virar a noite desperada para terminar relatório, qualificação,

pré-banca.......

Aos meus avós, simplesmente por serem meus avós!! Amor incondicional!

Aos meus tios, tias, primos e prima da família Suyama, que nunca, absolutamente

nunca, falaram “mas você só estuda?” e que sempre me apoiaram.

Às minhas “soul sisters” Maru e Marjory e meu “brinde” Tates, por toda amizade e

carinho. E por me darem um teto toda vez que precisava ir para Campinas

cumprir os créditos das disciplinas (ou só pra passar um tempo mesmo!). Adoro

porque me recuso a dizer que amo!

Ao quarteto que é um quintento e no fim virou um sexteto. Por ser a prova que

Holanda, Campinas, São Paulo e São José das....bom, deixa pra lá, representam

somente uma distância física. Por escutarem meu choro, por me aconselharem e

principalmente por me fazerem rir.

Ao meu super amigo Douradinho, pelas palavras de apoio, pelas noites felizes e

pelos dias seguintes. Por ter sido meu grande companheiro quando tudo parecia

que estava errado. Ao Daniel pelas noites e madrugadas de insônia, risadas e

muita baboseira!

Aos meus amigos de Butantan, do laboratório de Bacteriologia e aos “Parasitas”

pela amizade, diversão, “bons café” e piratinhas no fim da semana. Aos amigos

que já foram embora do Instituto, mas que continuam fazendo parte da minha

vida.

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À Thaty “incinere now” pela disponibilidade de me ajudar sempre que precisei,

seja com reagente, óleo de imersão ou microscópio, mas principalmente pela

amizade.

Aos meus amigos de bancada, Hebert, Vanessa, Samuel, Renato, Min, Camila,

Gustavo e Isabella por terem me ajudado durante esses quase 3 anos de

mestrado. Sem vocês eu tenho certeza de que esse trabalho não iria sair nunca!

Ao meu orientador, Dr. Marcelo, por ter acreditado (ou não) que eu tinha

condições de ser sua aluna, pela orientação, pelos ensinamentos, pela amizade

e por sempre ter me dado oportunidade de contestar (porque sou uma pessoa

que pouco contesta!!!)

Aos funcionários do Laboratório de Genética do Instituto Butantan pelo suporte

técnico.

Ao Dr. Henrique Krambeck pelas dicas e fotos de Microscopia Confocal.

À secretária da pós, Lourdes, por sempre ter “quebrado o galho” a mais de

100km de distância da Unicamp quando precisei.

A Capes, pelo suporte financeiro.

Ao Pikachu que “mora” na minha bancada pela simples graça de existir para

me distrair.

E a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para realização

deste trabalho.

Obrigadinha!!!

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. A região LEE ..................................................................................................... 6

FIGURA 2. Etapas de formação do biofilme. ..................................................................... 10

FIGURA 3. Esquema simplicado de síntese e degração do mensageiro secundário. ......... 13

FIGURA 4. Esquema simplificado dos modelos efetores de c-di-GMP que impactam na

transição do estado móvel para séssil em E.coli, através da interação de YcgR/c-di-GMP. 17

FIGURA 5. Representação esquemática da técnica de recombinação homóloga proposta

por Datsenko e Wanner (2000) ............................................................................................. 31

FIGURA 6. Gel de agarose 1% para confirmação da presença do gene ycgR na amostra

selvagem O55:H7. ................................................................................................................ 32

FIGURA 7. Gel de agarose 1% para confirmação a deleção do gene ycgR. ....................... 33

FIGURA 8. Gel de agarose 1% contendo amplificação de fragmentos obtidos para

confirmação da inserção do cassete de resistência na amostra mutante.. ............................. 33

FIGURA 9. Gel de agarose 1% para confirmação da complementação. ............................. 34

FIGURA 10. Teste de motilidade em ágar sem-sólido. ...................................................... 35

FIGURA 11. Curva de crescimento das amostras O55:H7, JH01 e JH02 durante 10 horas.

.............................................................................................................................................. 35

FIGURA 12. Gráfico de forrmação de biofilme em superfície abiótica através de Cristal

Violeta pelos períodos de 3, 6 e 24 horas. ............................................................................ 36

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FIGURA 13. Teste de formação de biofilme em célula epitelial Hep-2 pré-fixada, realizado

com período de 3 horas de incubação, analisado em microscopia confocal. ....................... 37

FIGURA 14. Teste de formação de biofilme em célula epitelial HEp-2 pré-fixada

realizado com período de 6 horas de incubação, analisado em microscopia confocal. ........ 38

FIGURA 15. Teste de formação de biofilme em célula epitelial Hep-2 pré-fixada realizado

com período de 24 horas de incubação, analisado em microscopia confocal ...................... 39

FIGURA 16. Ensaio de adesão em células HEp-2 observadas em microscopia óptica , após

3ou 6 horas de interação, bactéria - célula . .......................................................................... 40

FIGURA 17. Teste de FAS observado em microscopia confocal.. ..................................... 41

FIGURA 18. Análise da transcrição do gene eae nas amostras O55:H7 e JH01. ............... 42

FIGURA 19. Análise da transcrição do gene espA nas amostras O55:H7 e JH01.. ............ 43

FIGURA 20. Análise da transcrição do gene ler nas amostras O55:H7 e JH01. ............... 43

FIGURA 21. Análise da transcrição do gene bcsA nas amostras O55:H7 e JH01. ............. 44

FIGURA 22. Análise da transcrição do gene fimA nas amostras O55:H7 e JH01 ............. 44

FIGURA 23. Análise da transcrição do gene csgD nas amostras O55:H7 e JH01 ........... 45

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Amostras bacterianas e plasmídeos utilizados neste estudo ..................... 19

TABELA 2. Iniciadores utilizados na detecção do gene ycgR, na deleção através do

sistema de recombinação lambda red, na obtenção do inserto ycgR para complementação da

amostra mutante JH01 e para detecção da complementação .......................................... 25

TABELA 3. Condições para realização dos ensaios de PCR ........................................ 25

TABELA 4. Iniciadores utilizados nos ensaios de qRT-PCR ....................................... 26

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AA - Adesão agregativa.

A/E - Lesão attaching and effacing.

AIEC - Escherichia coli aderente invasora.

Amp - Ampicilina.

Ampr- Ampicilina resistente

BFP - Bundle forming pilus

bfpA - Bundle forming pilus subunidade A.

BSA - Bovine serum albumin.

Cat – Cloranfenicol acetil transferase.

c-di-GMP – Bis-(3´-5´)- monofosfato de

guanosina cíclico

Ct - Threshold.

CV - Cristal Violeta.

DEC – Escherichia coli diarreiogênica

DA – Adesão difusa

DAEC - Escherichia coli que adere

difusamente

DGC – Diguanilato ciclase

DMEM - Meio mínimo essencial de Eagle

modificado por Dulbeco.

SFB - Soro fetal bovino.

DO - Densidade óptica.

EAEC - Escherichia coli Enteroagregaiva.

eae - E. coli attaching and effacing

EAF – EPEC Adherence factor

EAL – Domínio conservado de aminácidos

presentes nas proteínas com atividade de

fofosdiesterase

E. coli - Escherichia coli

EcoR I - Enzima de restrição da bactéria

Escherichia coli RY 13.

EDTA – Ácido Etilenodiaminoetracético.

EHEC - Escherichia coli Enterohemorrágica.

EIEC - Escherichia coli Enteroinvasora.

EPEC - Escherichia coli Enteropatogênica.

aEPEC - Escherichia coli Enteropatogênica

atípica.

tEPEC - Escherichia coli Enteropatogênica

típica.

EPS - Exopolissacarídeos.

Esc - EPEC secretion

Esp - Escherichia coli secreted Proteins.

espA - Escherichia coli secreted proteins

subunidade A.

ETEC - Escherichia coli Enterotoxigênica.

ExPEC - Escherichia coli patogênica extra-

intestinal.

FITC - Isotiocianato de fluoresceína

GGDEF – domínio de aminoácidos

conservados presentes nas proteínas com

atividade de diguanilato ciclase

GMP – Guanosina monofosfato

GTP – Trifosfato de guanosina

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IND – Adesão de padão indeterminado

HD-GYP – Domínio conservado presente em

proteínas com atividade de fosfodiesterase

HEp-2 –Linhagem celular derivada de

adenocarcinoma de laringe

JH01 –

JH02 –Amostra mutante com plasmídeo

pJHS01 (contendo inserto ycgR)

Kb - Kilobases.

LA – adesão localizada

LAL – Adesão localizada -like

LB - Caldo Lúria-Bertani.

LBA - Ágar Lúria-Bertani.

LEE - Ilha de patogenicidade locus of

enterocyte effacement.

Ler - LEE encoded regulator.

LT – Enterotoxina termolábil

MDa - Megadalton

NA - Não aderente.

ORFs - Open reading frames.

pb – Pares de bases.

pBAD Myc-His A- Vetor de expressão

PBS - Tampão fosfato.

PCR - Reação em cadeia da polimerase

pKD3 – Plasmídeo molde para amplificação

do cassete de recombina -

red

pKD46 –Plasmídeo auxiliar que contém os

genes das enzimas de recombinação do

sistema λ-red

PDE - Fosfodiesterase

per - Plasmid encoded regulator.

PilZ – Domínio de ligação a YcgR

pGpG – 5´fosfoguanilil (3´->5´) guanosina

STEC - Escherichia coli produtora da toxina

de Shiga.

SHU - Síndrome hemolítica urêmica

ST- Enterotoxina termoestável

Stx - Toxina de Shiga.

SFB - Soro fetal bovino.

Tir - Translocated intimin receptor.

TTSS – Sistema de secreção do tipo III

TAE - Tris-acetato EDTA.

UV - Ultravioleta.

Xho I - Enzima de restrição da bactéria

Xanthomonas holcicola.

WT – Wild Type (amostra selvagem)

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1

I. INTRODUÇÃO

1.Escherichia coli

Escherichia coli (E.coli) é um bacilo gram negativo, facultativo, pertencente à

família Enterobacteriacea, que coloniza o trato gastrointestinal de humanos e outros

animais. Apresentam um alto grau de diversidade genética, ocasionada por mutações,

recombinações e transferência horizontal de genes, inclusive de virulência, tonando-se

patogênicas (OCHMAN; LAWRENC; GROISMAN, 2000). Cepas patogênicas que

colonizam outros nichos são denominadas E.coli extraintestinais (ExPEC) e podem levar a

patologias, como infecções do trato urinário, sepse, meningite e bacteremia. As cepas

patogênicas de E. coli causadoras de infecção intestinal e são chamadas E. coli

diarreiogênicas (DEC) (NATARO; KAPER, 1998).

1.2. Escherichia coli diarreiogênicas

A diarreia continua sendo uma das maiores causas de morbidade e mortalidade no

mundo, principalmente em países em desenvolvimento, e a segunda principal causa de

morte em crianças com idade inferior a cinco anos (LANATA et al., 2013). Cerca de

760.000 crianças com menos de cinco anos morrem todos os anos em decorrência da

diarreia. Rotavirus e E. coli são os dois agentes etiológicos mais comuns em países em

desenvolvimento (WHO, 2013)

Atualmente, as DEC são divididas em 6 patótipos definidos por seus mecanismos de

virulência específicos, as síndromes clínicas que causam, os sorotipos O:H, os aspectos

epidemiológicos e os tipos de interação com linhagens celulares in vitro: E. coli

enteropatogênica (EPEC), E. coli enterotoxigênica (ETEC), E. coli enteroinvasora (EIEC),

E. coli enterohemorrágica (EHEC), E. coli enteroagregativa (EAEC) e E. coli que adere

difusamente a células epiteliais (DAEC). Alguns desses patótipos incluem microrganismos

bastante diferentes e, por esta razão, as EAEC e EPEC foram subdivididas em típicas ou

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atípicas e as EHEC passaram a constituir uma subcategoria de E. coli produtora da toxina

de Shiga (STEC) (KAPER et al., 2004).

ETEC são amostras que produzem as enterotoxinas termolábil (LT) e/ou

termoestável (ST) e podem se aderir à mucosa intestinal através de seus vários fatores de

colonização que, juntamente com as enterotoxinas, podem causar um desbalanço

eletrolítico no hospedeiro (LEVINE, 1987), levando a um quadro de diarreia aquosa em

crianças e à chamada “diarreia do viajante” em adultos (KAPER et al., 2004).

EIEC apresentam características semelhantes à Shigella ssp., são capazes de invadir

e se multiplicar em células do epitélio intestinal causando um quadro de colite inflamatória

com diarreia aquosa e, ocasionalmente, disenteria (KAPER et al., 2004). O mecanismo de

patogênese de EIEC é caracterizado pela invasão da mucosa intestinal seguida por

fagocitose e lise do vacúolo endocítico, multiplicação intracelular, movimentação do

citoplasma e passagem para células adjacentes (NATARO; KAPER, 1998).

DAEC se aderem de forma difusa por toda a superfície celular (ELLIOT;

NATARO, 1995), todavia, o mecanismo e a relação das DAEC com quadros de diarreia são

controversos, uma vez que estudos epidemiológicos não as relacionam com a patologia

(GIRÓN et al., 1991; SCALETSKY et al., 2002)

EAEC apresentam como principal característica o padrão de adesão denominado

agregativo (AA) em células epiteliais in vitro, neste padrão as bactérias apresentam-se

aderidas uma às outras numa configurção que lembra “tijolos empilhados” (NATARO et

al., 1987). Ocasiona diarreia em crianças e adultos tanto em países desenvolvidos quanto

nos países em desenvolvimento. Clinicamente caracteriza-se por diarreia aquosa, aguda e

persistente (HARRINGTON et al., 2005)

STEC possuem como característica a produção da toxina de Shiga, que causa danos

às células endoteliais do rim levando, em alguns casos, a uma complicação severa renal

conhecida como síndrome hemolítica urêmica (SHU) (LEVINE, 1987). EHEC é

considerada uma subcategoria de STEC e possui como característica a capacidade de

produzir uma lesão histopatológica denominada “attaching and effacing” (A/E) semelhante

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às EPEC (NATARO; KAPER, 1998). Surtos associados à EHEC são observados

principalmente em países industrializados, embora também sejam noticiados em países em

desenvolvimento (MELLIES et al., 2007).

EPEC, assim como as EHEC, possuem como característica a formação da lesão A/E

em biópsias intestinas e culturas celulares, porém, se diferenciam por não produzirem a

toxina de shiga (MOON et al., 1983).

1.3. Escherichia coli enteropatogênica

EPEC foi o primeiro patótipo de E.coli descrito (KAPER et al., 2004). A

Organização Mundial de Saúde reconhece que existem 12 sorogrupos clássicos: O26, O55,

O86, O111, O114, O119, O125, O126, O127, O128, O142 e O158 (WHO, 1987;

HERNANDES et al., 2009). EPEC é semelhante à EHEC em muitos aspectos

epidemiológicos e patogênicos e causa diarreia aquosa em crianças com idade inferior a 2

anos de idade, principalmente em países em desenvolvimento (MILLIES et al., 2007).

A principal característica de EPEC é a formação de uma lesão histopatológica

denominada “attaching and effacing” (Lesão A/E), que pode ser observada tanto em

biópsias de intestino de pacientes ou animais infectados quanto em culturas celulares

(KAPER et al., 2004).

Outra característica de EPEC é o padrão de adesão localizado (LA) das bactérias em

culturas celulares (SCALETSKY et al., 1984). O padrão LA é caracterizado pela adesão

das bactérias em áreas localizadas na superfície celular, formando microcolônias compactas

que podem ser visualizadas em microscopia óptica após 3 horas de incubação (TRABULSI

et al., 2002). EPEC possuem um plasmídeo de aproximadamente 60 MDa denominado

EPEC “adherence factor”(EAF), que contém os genes necessários para biogênese de uma

adesina fimbrial denominada “bundle forming pilus” (BFP), responsável pela adesão

localizada (GÍRON et al., 1991). Além de codificar o operon bfp, que é composto por 14

genes incluindo bfpA, que codfica a maior subunidade da fímbria, o plasmídeo EAF abriga

o operon perABC, que regula a transcrição de bfp, além de ser um ativador transcricional de

LEE (MELLIES et al., 1999, TOBE et al., 1999).

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As EPEC podem ser classificadas em típicas e atípicas. A divisão de EPEC em dois

grupos distintos ocorreu em 1995, durante o Segundo Simpósio Internacional de EPEC que

ocorreu na cidade de São Paulo, Brasil. A partir deste encontro ficou definido que as

amostras de EPEC capazes de formar a lesão A/E, que não expressam a toxina Stx e

possuem o plasmídeo EAF, seriam classificadas como EPEC típicas (tEPEC), enquanto as

amostras que não apresentam o plasmídeo EAF seriam classificadas como EPEC atípicas

(aEPEC) (KAPER, 1996).

1.3.1 Escherichia coli Enteropatogênica atípica (aEPEC)

Como mencionado anteriormente, o termo EPEC atípica foi criado em 1995 para

denominar amostras de E.coli que diferem das EPEC típicas por não albergarem o

plasmídeo EAF e das EHEC por não produzirem a toxina de Shiga (KAPER, 1996), já que

ambas possuem a região LEE. Em 2002, uma nova definição foi proposta por Trabulsi e

colaboradores, classificando como atípicas as amostras de EPEC que não expressam a

fímbria BFP.

Em geral, as amostras de aEPEC apresentam uma heterogeneidade em relação aos

seus fatores de virulência, que podem ou não ser codificados pela região LEE e ainda

apresentarem outros fatores de virulência de outros patótipos de DEC. Essa

heterogeneidade também pode ser observada nos diversos padrões de adesão às células

epiteliais in vitro. Enquanto tEPEC apresenta caracteristicamente o padrão de adesão LA,

aEPEC apresenta predominantemente o padrão localizado-like (LAL). Diferentemente do

padrão LA, no qual as microcolonias formadas pela adesão das bactérias às células

epiteliais são bastante compactas, no padrão LAL, as microcolonias formadas pelas

bactérias aderidas se apresentam de maneira frouxa. Além disso, enquanto o padrão LA

pode ser observado após três horas de contanto bactéria célula eucariótica, o padrão LAL só

é observado após seis horas de contato (SCALETSKY et al., 1999). A diferença nos

padrões de adesão LA e LAL pode ser justificada pela presença ou ausência da fímbria

BFP, que promove as ligações de uma bactéria à outra levando à formação das

microcolônias, e pela presença ou ausência do regulador per (BUERIS et al., 2015). Além

disso, BFP está envolvida nos passos iniciais da colonização do epitélio intestinal

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(CLEARY et al., 2004, GIRÓN et al., 1991 ). Além de LAL, as aEPEC podem apresentar

os padrões de adesão agregativo (AA) e difuso (DA). Algumas amostras ainda podem ser

incapazes de se aderir às células epiteliais (NA) ou apresentar um padrão indeterminado

(IND) (ABE et al., 2009,DULGUER et al., 2003, HERNANDES et al., 2009, ROBINS-

BROWNE et al., 2004, TRABULSI, 2002; VIEIRA et al., 2001).

Os sorotipos de aEPEC podem ou não pertencer aos chamados sorogrupos clássicos

de EPEC (DULGUER et al., 2003, GOMES et al., 2004, VEIRA et al.,2001). Os sorotipos

mais frequentemente isolados de aEPEC são O26:H11, O55:H7, O55:H34, O86:H8,

O111:H8, O111:H9, O111:H25, O119:H2, O125ac:H6 e O128:H2 (TRABULSI et al.,

2002).

Diversos autores relacionam aEPEC com quadros de endemia, surtos e diarreia

persistente em crianças em todo mundo (BUERIS et al., 2007, LOZER et al., 2014,

NGUYEN et al., 2006; YATSUYANAGI et al., 2003). Nos últimos anos, estudos

epidemiológicos indicam que aEPEC se tornaram mais prevalentes que tEPEC, tanto países

desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento, e que aEPEC é um importante

patógeno endêmico causador de diarreia em crianças (AFSET et al., 2004; ARAUJO et al.,

2007; BUERIS et al., 2007; OCHOA et al., 2008; OCHOA, CONTRERAS, 2011).

1.4 Lesão A/E e a região LEE

A lesão A/E foi observada pela primeira vez por Moon e colaboradores (1983) e é

caracterizada pela destruição das microvilosidades e íntima adesão da bactéria às células do

epitélio intestinal, levando à formação de um pedestal através da polimerização e acúmulo

da actina e outros elementos do citoesqueleto no sítio onde a bactéria se adere.

A observação da lesão A/E era possível somente através de técnicas de microscopia

eletrônica, entretanto, Knutton e colaboradores (1989) desenvolveram o teste de FAS

“fluorescent-actin staining”, que consiste em um marcador fluorescente de isotiocianto

(FITC) conjugado à faloidína, que se liga aos filamentos de actina polimerizada, permitindo

identificar indiretamente a formação da lesão A/E.

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Os determinantes genéticos para a formação da lesão A/E estão localizados em uma

ilha de patogenicidade de 35kb chamada “Locus of enterocyte effacementt” (LEE), que

contém os genes que codificam a intimina, o sistema de secreção do tipo III (TTSS), as

proteínas secretadas ESP e o receptor translocado da intimina Tir (McDaniel et al., 1995;

McDaniel; Kaper, 1997).

O primeiro gene necessário para formação da lesão A/E descrito foi o gene eae, que

codifica a intimina (Jerse et al., 1990). Poucos anos depois, em 1995, McDaniel e

colaboradores descrevem pela primeira vez a região LEE na amostra de EPEC E2348/69.

Em 1997, McDaniel e Kaper demonstram que a presença da região LEE por si só é capaz

de permitir a formação da lesão A/E por uma amostra de E.coli K12 transformada com

LEE. Em 1998, Elliot e colaboradores publicam pela primeira vez o sequenciamento da

Região LEE da amostra de EPEC E2348/69.

A região LEE possui 41 “open reading frames” (ORFs) organizadas em 5 operons

(LEE1, LEE2, LEE3, LEE4 e LEE5), que podem ser divididos em 3 domínios funcionais, o

central eae, que codifica a intimina, a região que codifica as proteínas secretadas ESP e a

maior região que codifica o aparato de secreção TTSS (ELLIOT et al., 1998). (Figura 1)

FIGURA 1. A região LEE é composta por possui 41 “open reading frames” (ORFs) organizadas em 5

operons (LEE1, LEE2, LEE3, LEE4 e LEE5), que podem ser divididos em 3 domínios funcionais, o

central eae, que codifica a intimina, a região que codifica as proteínas secretadas ESP e a maior região

que codifica o aparato de secreção (Adaptado de Dean et al, Current Opinion in Microbiology 2005,

8:28–34 )

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Os operons LEE1, LEE2 e LEE3 contêm os genes que codificam as proteínas Esc

(“EPEC secretion”) e Sep (“Secretion of EPEC protein”), necessárias para a formação do

aparato de secreção TTSS. Em LEE1 também é encontrado o gene ler, que codifica LER

(“LEE encoded regulator”), uma proteína que age como o principal regulador

transcricional de LEE. LEE4 contém os genes que codificam as proteínas secretadas ESP

(“EPEC secreted proteins”), EspA, EspB, EspD, EspF, e LEE5 contém os genes eae

(“EPEC attaching and effacing”) e tir (“translocated intimin receptor”), que codificam a

adesina intimina e o seu receptor Tir, além de cesT, que codifica a chaperonina CesT das

proteínas Tir e Map (“Mithocondrial-associated protein”) (GARMENDIA et al., 2005).

Em 1996, Rosenshine e colaboradores demonstraram que a ligação de EPEC às

células epiteliais causava a fosforilação da tirosina da proteína Hp90, que acreditava-se ser

o receptor celular da intimina. Entretanto, Kenny e colaboradores em 1997 descobriram que

Hp90 não era uma proteína da célula hospedeira, mas sim produzida pela própria bactéria e

que, após ser translocada pelo TTSS, se insere na membrana da célula hospedeira. Essa

proteína foi denominada Tir. (FRANKEL, PHILLIPS 2008, KENNY et al., 1997, LAI et

al., 2013).

O TTSS é uma estrutura complexa composta por várias subunidades, as proteínas

estruturais que compõe o aparato, as proteínas adicionais translocadoras, e as proteínas

efetoras que acessam o ambiente intracelular da célula hospedeira, subvertendo vários

processos celulares, permitindo a bactéria colonizar, multiplicar e causar doença

(COBURN et al., 2007; WONG et al. 2011).

Para alcançar o citoplasma da célula hospedeira, as proteínas efetoras precisam ser

secretadas por uma estrutura semelhante a uma seringa denominada “translocon”, que se

extende da membrana interna da bactéria até o meio extracelular (GARMENDIA et al.,

2005). A proteína EspA forma um canal filamentoso e EspB e EspD se ligam ao final deste

canal, gerando um poro na membrana da célula hospedeira, por onde as proteínas efetoras

são injetadas no citoplasma da célula eucariótica (HERNANDES et al., 2013).

Após a translocação de Tir, sua interação com a intimina é suficiente para iniciar a

montagem do pedestal (GAMPELLONE; LEONG, 2003). Tir se integra na membrana da

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célula do hospedeiro onde assume a forma de um grampo. O domínio central, extracelular,

é o receptor para intimina, e as porções N e C terminais de Tir interagem com uma série

proteínas do citoesqueleto que incluem a α-actina, talina e viculina.

A polimeração da actina é atribuída à porção N-terminal de Tir. Na amostra

protótipo de EPEC E2348/69, a fosforilação do resíduo 474 da tirosina de Tir pela tirosina

quinase da célula do hospedeiro forma um sítio de ligação para proteína Nck, que recruta e

ativa a proteína da Síndrome Neural Wiskott-Aldrich (N-Wasp), levando à polimerização

da actina via ativação das proteínas Arp2/3. Uma via alternativa Nck dependente, que pode

ser utilizada por EHEC O157:H7 e por amostras de EPEC, consiste no recrutamento de N-

Wasp por meio da proteína Tccp/EspFu (CAMPELLONE; LEONG, 2003, FRANKEL.;

PHILLIPS, 2007, WONG et al., 2012, WHALE et al 2006).

1.5 Biofilme

Micro-organismos não vivem como culturas puras ou dispersas como células únicas

no ambiente. Ao invés disso, eles frequentemente se juntam em aglomerados (“clusters”)

polimicrobianos, formando o que é conhecido como biofilme (Flemming; Wingender,

2010). Por definição, biofilmes são comunidades bacterianas envoltas por uma matriz

extracelular de exopolissacarídeo (EPS) aderidas à superfícies sólidas ou semi-sólidas

(Donlan; Costerton, 2000). Outra definição mais completa inclui a formação de agregados

celulares em flocos (biofilmes flutuantes) e formações lodosas, que não estão aderidas a

nenhuma interface, mas que apresentam as características de um biofilme (FLEMMING;

WINGERDER, 2010). Em alguns casos, os clusters formados pelos agregados bacterianos

são separados por canais por onde são transportados fluídos pelo biofilme (STEWART;

FRANKLIN, 2008).

Biofilmes podem ser compostos por uma população derivada de uma única espécie

bacteriana ou uma comunidade formada por diversas espécies microbianas que podem se

aderir a diversas superfícies bióticas, como células e tecidos, ou ainda a superfícies

abióticas como poliestireno e vidro (DAVEY; O´TOOLE, 2000) e apresentam diversos

benefícios para a comunidade bacteriana, como resistência a agentes antimicrobianos,

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proteção contra protozoários e contra o sistema imune do hospedeiro (DAVEY; O´TOOLE,

2000, ITO et al., 2009).

A formação do biofilme não é um processo homogêneo, assim, enquanto as

bactérias se adaptam ao crescimento em comunidade, elas se distinguem em diferentes

fenótipos. Esses processos incluem o transporte e absorção de moléculas orgânicas pela

superfície, transporte de células bacterianas, adesão dos micro-organismos à superfície,

crescimento bacteriano, incluindo a produção de EPS depois da aderência das bactérias e

depressão do biofilme (TRULEAR; CHARACKLIS, 1982).

Classicamente, o processo de formação do biofilme é dividido em cinco etapas,

resultado de vários processos químicos, físicos e biológicos, tais como, pH, osmolaridade,

temperatura, disponibilidade de carbono e ferro e a própria natureza da superfície de adesão

(DONLAN, 2002, O´TOOLE, KAPLAN, KOLTER, 2000)

O primeiro passo na formação do biofilme é a adesão das bactérias planctônicas à

uma superfície e ocorre de forma aleatória, através do movimento browniano e da força

gravitacional, ou de modo dirigido, via quimiotaxia e motilidade (O´TOOLE; KOLTER,

1998) (Etapa 1 da Figura 2). Esta primeira adesão é reversível e é mantida por interações

físico-químicas não específicas, que incluem forças hidrodinâmicas, interações

eletrostáticas, força de Van der Walls e interações hidrofóbicas (KUMAR; ANAND, 1998).

No momento em que as forças de repulsão são maiores que as de atração, as bactérias

podem facilmente se desprender do substrato. A superfície na qual ocorre a adesão

geralmente apresenta um filme condicionante que pode ser composto por muitas partículas

orgânicas ou inorgânicas, constituindo o alicerce para o crescimento do biofilme

(GARRETT et al. 2002).

A segunda fase da adesão consiste na transição do estágio reversível para o

irreversível (Etapa 2 da Figura 2). As bactérias passam a secretar o EPS e adesinas que

interagem com a superfície, contribuindo para a irreversibilidade da adesão (STOODLEY

et al., 2002, HOUDT; MICHIELS, 2005). Nesta fase há o início da formação de

microcolônias e do desenvolvimento da arquitetura do biofilme maduro (Etapas 3 e 4 da

Figura 2), envolvendo a produção de polímeros extracelulares que servem como matriz

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adesiva e que sequestram nutrientes do ambiente. Os biofilmes maduros apresentam

estrutura semelhante a cogumelos, que são envoltos por EPS e rodeados por poros e canais

de água que funcionam como um sistema de difusão de nutrientes, oxigênio e metabólitos.

A quinta e última fase da formação do biofilme ocorre quando o ambiente não é

mais favorável à sua manutenção e consiste no descolamento do biofilme maduro (Etapa 5

da Figura 2) em forma de agregados celulares ou células planctônicas, ocorrendo de forma

ativa (dispersão), induzida por um processo mecânico (passiva) ou química quando são

adicionadas substâncias que dissolvem o EPS. Após desprendidas, as bactérias livres

podem colonizar novos nichos, reiniciando a formação de novos biofilmes (HALL;

STOODLEY et al., 2004, STOODLEY et al., 2002).

FIGURA 2. Etapas de formação do biofilme.

Fonte: Nature Reviews Microbiology 12, 781–787 (2014)

A heterogeneidade do biofilme pode ser observada no controle da expressão gênica

durante os diferentes estágios de desenvolvimento. Nos estágios iniciais observa-se maior

expressão de genes flagelares, fimbriais (como fímbria tipo I e tipo IV) e adesinas. Esses

genes são importantes nos estágios iniciais do biofilme, pois estão diretamente relacionados

com a capacidade da bactéria conseguir chegar ao local aonde o biofilme irá se fixar além

de contribuir com a aderência das bactérias às superfícies (PRATT; KOLTER, 1999).

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À medida que o biofilme amadurece, outros genes passam a ser expressos e outros

reprimidos. No biofilme maduro há uma alta expressão de genes relacionados à produção

dos componentes da matriz extracelular, composta por polissacarídeos, proteínas, ácidos

nucleicos e lipídios. Os genes flagelares são reprimidos, uma vez que as células bacterianas

passam a se adaptar à vida séssil.

O estresse ambiental leva ao descolamento (dispersão) do biofilme maduro e, nessa

fase, observa-se novamente a alta expressão de genes flagelares e adesinas, que permitem a

colonização de novos nichos (MACDOUGALD et al., 2011).

A regulação dos genes relacionados à formação de biofilme parece ser exercida por

pelo menos dois sistemas de sinalização, que podem agir individualmente ou em conjunto.

O primeiro é o Quorum sensing, sistema baseado na sinalização célula-célula, densidade

dependente, no qual bactérias respondem à moléculas sinalizadoras denominadas auto-

indutoras, produzidas por indivíduos da mesma espécie, de outras espécies ou ainda de

outros organismos, modulando uma resposta conjunta. O segundo sistema envolove o

mensageiro secundário Bis-(3´-5´)-monofosfato de guanosina cíclico (c-di-GMP), uma

pequena molécula intracelular que responde a diversos estímulos sensoriais e que através de

sua síntese e degradação regula diversos processos celulares (BOYD; O´TOOLE, 2012,

BARRIOS et al., 2005, STANKOWSKA et al., 20012, CAMILLI; BASSLER, 2006).

Recentes estudos descrevem que amostras de EPEC são capazes de formar biofilme

em superfícies bióticas e abióticas, entretanto, ainda se sabe muito pouco sobre os

mecanismos de formação de biofilme por este patótipo (MOREIRA et al., 2006; WEISS-

MUSZKAT et al., 2010; CULLER et al., 2014; NASCIMENTO et al., 2014)

1.6 c-di-GMP

Bis-(3´-5´)-monofosfato de guanosina cíclico (c-di-GMP) é uma pequena molécula

intracelular que responde de maneira integrada a múltiplos estímulos sensoriais. Estudos

recentes demonstram que c-di-GMP é o mensageiro secundário mais utilizado por bactérias

(MILLS et al., 2011). Descrito inicialmente como ativador alostérico da síntese de celulose

em Acetobacter xylinum (atualmente Gluconacetobacter xylinus) por Benziman e

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colaboradores (Ross et al., 1987), regula uma grande variedade de processos enzimáticos,

transcricionais e pós traducionais que impactam fisiologicamente a formação de biofilme,

sinalização célula-célula, diferenciação, motilidade e virulência bacteriana. A molécula c-

di-GMP também participa da sinalização entre reinos e é reconhecida pelo sistema imune

de mamíferos, sendo um promissor adjuvante vacinal (POVOLOTSKY; HENGEE, 2011,

RÖMLING; GALPERIN; GOMELSKYC, 2013).

C-di-GMP é sintetizada pela diguanilato ciclase (DGC) a partir de duas moléculas

de GTP. Proteínas com atividade DGC possuem um domínio de aminoácidos (Gly- Gly-

Asp-Glu-Phe) conservado denominado GGDEF (RYJENKOV et al., 2005), é hidrolisada

por fosfodiesterases (PDEs) específicas, cuja atividade está associada a domínios EAL

(Glu-Ala-Leu) ou HD- GYP. Após a hidrólise, a molécula é convertida em

5'fosfoguanilil(3'->5')guanosina (pGpG), que é quebrada em duas moléculas de guanosina

monofostato (GMP) (HENGE, 2009; SCHIRMER; JENAL, 2009). (Figura 3).

As diguanilato ciclases são dímeros compostos por duas subunidades que contêm o

domínio GGDEF. O sítio ativo, denominado Sítio A, está localizado na interface entre as

duas subunidades, cada uma ligada a uma molécula de GTP. Além do sítio A, muitas DGCs

possuem um segundo sitio de ligação denominado Sitio I, caracterizado por um motivo

RxxD e que atua como um inibidor alostérico da atividade das DGCs, prevenindo assim o

consumo excessivo de GTP e limitando o acúmulo de c-di-GMP (CHRISTEN et al., 2006,

RJYENKOV et al., 2005, HENGE, 2009).

As PDEs são enzimas monoméricas capazes de linearizar o c-di-GMP num processo

catalítico que requer a presença dos íons Mg2+

e Mn e são inibidas por Ca2+

e Zn2+

(CHRISTEN et al., 2006, HENGE 2009). Em uma única proteína, é possível encontrar os

domínios EAL /HD-GYP e GGDEF juntos ou apenas um desses domínios, sendo comum a

presença de EAL e GGDEF juntamente com outros domínios regulatórios e sensoriais,

como os sistemas de dois componentes REC, PAS, GAF e BLUF entre outros (WEBER et

al., 2006, SCHIRMER; JENAL, 2009). O número de proteínas EAL/GGDEF é bastante

variável entre as espécies bacterianas, E.coli, por exemplo, possui 29 domínios

EAL/GGDEF (RÖMLING; GALPERIN; GOMELSKY, 2013).

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Para exercer sua função, c-di-GMP precisa se ligar e alterar alostericamente a

estrutura de uma molécula efetora. A variedade de moléculas efetoras permite o controle de

diferentes vias regulatórias através de regulação pós-traducional, quando ligadas à proteínas

que possuem o domínio PilZ, (Figura2) traducional, quando interagem com domínios de

mRNA (“riboswitches”), e transcricional, através da ligação de c-di-GMP com fatores de

transcrição, como FleQ de Pseudomonas aeruginosa (MILLS et al., 2011).

A sinalização do mensageiro secundário permite uma resposta celular quase

imediata à mudanças ambientais, pois a energia dispensada na regulação alostérica e pós-

traducional é menor e mais rápida quando comparada ao processo de síntese ou degradação

de constituintes complexos. Além disso, a associação das GGDEF/ EAL com outros

domínios regulatórios também contribuem para resposta celular. Deste modo, mudanças na

atividade de proteínas complexas como as do aparato flagelar podem ocorrer rapidamente

como resposta a adaptação a diferentes condições ambientais (MILLS et al., 2011).

FIGURA 3. Esquema simplicado de síntese e degração do mensageiro secundário. A molécula de c-di-

GMP é sintetizada a partir de duas moléculas de GTP através a ação de diguanilato ciclase e é hidrolisada

por fosfodiesterases em 5' fosfoguanilil(3'->5')guanosina (pGpG), que é quebrada em duas moléculas de

guanosina monofostato (GMP). Para ser ativo, entrento, c-di-GMP precisa se ligar a uma molécula

efetora, como por exemplo, moléculas que apresentem o domínio PilZ. (Adaptado de Schirmer e Jenal

Nat. Rev. Microbiol, 2009 v.7, p. 725-735)

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1.7. YcgR, domínio PilZ e o controle da maquinaria flagelar

O gene ycgR foi identificado pela primeira vez em um estudo que analisava o papel

da proteína H-NS na função flagelar em amostra de E.coli (KO; PARK, 2000). H-NS

regula positivamente o regulon flagelar (BERTIN et al., 1994) e interage com FliG para

modular a velocidade rotacional do flagelo (DONATO; KAWULA, 1998). No trabalho de

Ko e Park (2000), mutantes de E.coli com deleção no gene hns apresentaram redução na

expressão do operon flhDC com consequente falha na produção do flagelo. Em mutantes

com superexpressão de flhDC a formação do flagelo era restaurada mas as amostras

continuavam imóveis. A velocidade de “swimming” na amostra com deleção hns foi quase

totalmente restaurada com a inserção de ycgR e parcialmente recuperada pela inserção de

yhjH. A análise dos promotores de ycgR e yhjH indicou que ambos faziam parte do regulon

flagelar, porém sua participação na regulação do motor flagelar era incerta. Os autores

sugeriram que as proteínas do estator não eram capazes de se associar corretamente aos

componentes do rotor no mutante hns, resultando em um motor defectivo.

O primeiro receptor de c-di-GMP, designado domímio PilZ, foi predito por

bioinformática como parte de uma proteína do complexo glicosiltransferase celulose sintase

de G. xylinus por Amikam e Galperin em 2006. Os autores observaram que

aproximadamente 100 aminácidos da região C-terminal da subunidade BcsA

glicosiltransferase formam um domínio proteico, também presente “downstream” em

algumas proteínas EAL ou GGDEF/EAL e, por isso, foi considerado um candidato a

receptor de c-diGMP. Esse domínio foi identificado em diversas espécies bacterianas. O

nome PilZ é decorrente da proteína PilZ, que em Pseudomonas aeruginosa está envolvida

exclusivamente na sínstese de fímbria do tipo IV (ALM et al., 1995). Após a descrição do

domínio PilZ, diversos trabalhos experimentais comprovaram a teoria de Amikam e

Galperin, descrevendo uma grande variedade de receptores contendo esse domínio em

diferentes espécies bacterianas, como a proteína YcgR de E. coli (RYJENKOV et al.,

2006), DgrA de Caulobacter crescentus (CHRISTEN et al., 2007), PlzC e PlzD de Vibrio

cholerae (PRATT et al., 2007).

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A compreensão de como YcgR participa do controle da maquinaria flagelar se inicia

com trabalho de Ryjenkov e colaboradores (2006), que testaram a hipótese de que YcgR se

ligaria ao c-di-GMP através do domínio PilZ. Através da obtenção de mutantes duplos

yhjH/ycgR, esses autores observaram que houve um aumento no “swimming” e “swarming”

no mutantate, quando comparado a mutantes com deleção apenas em yhjH. Além disso, a

mutação pontual de ycgR não restaurou completamente a motilidade no mutante duplo,

sugerindo que ycgR regula a motilidade de maneira dependente de c-di-GMP.

O flagelo bacteriano é composto por uma estrutura central aconrada à membrana

interna e externa da célula denominada corpo basal, um filamento proteico externo

composto por subunidades repetidas de flagelina, responsável pela antigenicidade

bacteriana, e um gancho localizado externamente à célula, que permite a junção do corpo

basal e do filamento (MACNAB, 1992). O motor flagelar é composto pelas proteínas

estatoras MotA e MotB e o rotor flagelar, que está localizado no lado citoplasmático do

flagelo, é composto por 3 subunidades, FliG, FliM e FliN. O fluxo de prótons que passa

através dos canais iônicos do complexo MotAB, ligando-se aos resíduos Asp de MotB e

alterando conformacionalmente MotA, estimulam a interação eletrostática entre Mot A e

FliG e, consequentemente, o torque que dirige a rotação do flagelo. Proteínas

quimiostáticas respondem a estímulos ambientais, transmitindo sinais para o motor. O

estado fosforilado do regulador de resposta CheY, influencia sua habilidade de interagir

com os componentes do rotor flagelar. Quando CheY-P fosforilado interage com FliM, há

uma alteração da interação entre FliM e a porção C-terminal de FliG, induzindo a

modificação na interface rotor- estator entre FliG e MotA, resultando na mudança de

rotação do flagelo (TERASHIMA et al., 2008).

Os níveis de c-di-GMP controlam a motilidade flagelar através da interação do

complexo YcgR/c-di-GMP com os componentes citoplasmáticos do complexo flagelar.

Diferentes grupos apresentam teorias de como ocorre esse mecanismo. Paul e

colaboradores (2010) propõem um modelo denominado “Backstop brake”, no qual YcgR/c-

di-GMP atua nas proteínas do rotor flagelar, ligando-se a FliM e interrompendo a interação

FliG-FliM, o que reduz a eficiência da geração do torque e induz a rotação anti-horária do

flagelo, ou ligando-se a FliG, promovendo sua reorientação e interrompendo a interação

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FliG-MotA, reduzindo assim a geração do torque (Figura 4a). Fang e Gomelsky (2010),

sugerem que YcgR/c-di-GMP se liga a FliG e aumenta a rotação anti-horária do flagelo

através da interrupção da interação entre FliG e FliM (Figura 4b). Boehn e colaboradores

(2010), sugerem que YcgR/c-di-GMP interage com a proteína MotA e reduz a função do

motor flagelar (Figura 4c). Este modelo, ao contrário do proposto por Paul e colaboradores

(2010) e Fang e Gomelsky (2010), não envolve a mudança do sentindo de rotação do

flagelo. A interação entre YcgR/c-di-GMP interfere na transferência de energia entre o

rotor e o estator, agindo como um “freio” e reduzindo a rotação do flagelo.

A regulação do flagelo através de YcgR é determinada pela sua ligação ao c-di-

GMP, portanto, tanto a atividade de YcgR quanto a motilidade bacteriana estão sob

controle pós-traducional através da síntese e degradação de c-di-GMP (MILLS et al.,

2011). A enzima regulatória flagelar YhjH, uma PDE, é necessária para manter os níves de

c-di-GMP baixos o suficiente para prevenir que YcgR iniba a motilidade (KO; PARK,

2000). Mudanças ambientais modulam a expressão das DGCs levando ao aumento da

concentração de c-di-GMP e/ou YhjH, facilitando a interação YcgR/c-di-GMP modulando

a motilidade (CHRISTEN et al., 2010).

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FIGURA 4. Esquema simplificado dos modelos efetores de c-di-GMP que impactam na transição do estado

móvel para séssil em E.coli, através da interação de YcgR/c-di-GMP. (a) interação de YcgR/c-di-GMP com

FliG, interrompendo sua associação com FliM, provocando um aumento da rotação anti-horária do flagelo

(Fang; Gomelsky, 2010) (b) interação de YcgR-c-di-GMP com FliG, interrompendo sua ligação com MotA,

e com FliM, interrompendo sua interação com FliG provocando o “Backstop brake”, que consiste na

redução na eficiência da geração do torque e indução do movimento anti-horário (Paul et al., 2010) (c)

interação de YcgR/c-di-GMP com MotA reduzindo a função do motor flagelar (Boehm et al., 2010).

Adaptado de Boyd e O´Toole. Annu. Rev. Cell.Dev. Biol. 2012, 28:439-62.

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II. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho foi analisar o papel do gene ycgR na motilidade e

formação de biofilme em uma amostra de Escherichia coli enteropatogênica atípica.

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III. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Meios de cultura e soluções

Os meios de cultura e soluções utilizados neste estudo foram preparados de acordo

com a especificação dos fabricantes ou ainda conforme descrito por Sambrook et al.

(1989).

3.2 Amostras bacterianas e plasmídeos

As amostras bacterianas e plasmídeos utilizados neste estudo estão descritas na

tabela 1. A amostra de aEPEC 320, sorotipo 055:H7, pertence à coleção do laboratório de

Bacteriologia do Instituto Butantan. O plasmídeo pKD46 foi utilizado para expressar os

genes do sistema recombinase red e o plasmídeo pkD3 como molde para obtenção do genes

de resistência ao antibiótico cloranfenicol.

TABELA 1. Amostras bacterianas e plasmídeos utilizados neste estudo

Amostra Característica Origem ou referência

BA 320 aEPEC, sorotipo O55:H7 BUERIS et al., 2007

JH01 O55:H7Δ ycgR::cat Este estudo

JH02 JH01 contendo pJHS01 Este estudo

Plasmídeos

pkD46 Plasmídeo auxiliar contendo os genes das enzimas

de recombinação (sistema λ-Red), AMPr

Datsenko e Wanner,

2000

pkD3 Molde para a amplificação do cassete de

recombinação (sistema λ- Red),CATr

Datsenko e Wanner,

2000

pBAD Myc-

His-A Vetor de expressão Invitrogen

pJHS01 plasmídeo pBAD Myc-His contendo ycgR –

Complementação Este estudo

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3.3. Técnicas de manipulação e análise de DNA

3.3.1 Obtenção de DNA genômico, purificação e extração de plasmídeos

Para a extração dos plasmídeos, necessários para deleção do gene ycgR através da

técnica da recombinação homóloga, amostras albergando o plasmídeo pKD46, sensível a

temperaturas superiores a 30 ºC, foram cultivadas em 3 mL de meio Luria- Bertani, Miller

(LB), (Difco, EUA) com 10 µg/mL de ampicilina a 30 ºC por 18 h. As amostras com

plasmídeo pKD3 foram crescidas à 37 ºC por 18 h em 3 mL de meio LB com 20 µg/mL de

cloranfenicol. Todos os plasmídeos foram extraídos e purificados através do kit

PureYieldTM

Plasmid midiprep System (Promega Co. EUA).

Para obtenção do DNA genômico, a amostra BA320 foi crescida em 3mL de meio

LB 37 °C por 18 h. Após este período, uma alíquota de 1 mL foi transferida para um tubo

de 1,5 mL e centrifugado durante 5 minutos a 14.000 rpm. O sobrenadante foi descartado e

a massa bacteriana foi resuspensa em 500 µL de água ultra pura e então fervida em banho-

maria por 10 min, seguido de um banho de gelo por mais 10 min e mais uma etapa de

centrifugação.

3.3.2 Desenho dos iniciadores para detecção e deleção do gene ycgR

Os iniciadores para detecção do gene ycgR (ycgR_DT) foram confeccionados com

base na sequência da amostra de E.coli K-12 substr.MG 1655 (NCBI Reference Sequence:

NC_000913.2). Este iniciador foi utilizado tanto na detecção do gene ycgR como para

confirmação da deleção do gene após a recombinação homóloga, e foi confeccionado

flanqueando as regiões onde foi inserido o cassete de resistência no cromossomo da

bactéria. Os iniciadores para deleção dos genes ycgR (ycgR_MUT) foram confeccionados

conforme Datsenko e Wanner (2000). Estes iniciadores contém 50 pb de homologia com a

região flaqueadora do gene a ser deletado e 40 pb de homologia com a região referente ao

gene de resistência ao antibiótico cloranfenicol contido no plasmídeo pkD3. Os iniciadores

utilizados na detecção do gene e na deleção através do sistema de recombinação lambda red

estão descritos na tabela 2.

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3.3.3. Técnica da Reação da Polimerase em cadeia (PCR) – detecção do gene ycgR e

obtenção do cassete de resistência

Para cada PCR foram utilizados 40 pmol de cada um dos iniciadores, 1,0 U de Taq

DNA polimerase (Invitrogen, EUA), 1,5 mM de MgCl2, 200 mM da mistura de dNTPS

(Invitrogen, EUA) e tampão de reação (200 mM Tris-HCl (pH 8.4), 500 mM KCl ) 10X

concentrado. Foram utilizadas 100 ng do DNA molde para a detecção do gene ycgR, obtido

de acordo com o item 3.2.1. Para a obtenção do cassete de resistência utilizou-se como

DNA molde 50 ng do plasmídeo pKD3 previamente extraído conforme o item 3.2.1. As

condições de reação estão indicadas na tabela 3. Os amplicons obtidos na reação foram

analisados através de eletroforese em gel de agarose 1,5% (Invitrogen, EUA) em tampão

TAE 1x (10 mM Tris-acetato, 2 mM ácido etilenodiaminotetracético (EDTA)). Após o fim

da corrida eletroforética, os géis foram corados em solução de brometo de etídio (0,5

μg/mL). Os amplicons obtidos correspondentes ao cassete de resistência foram

posteriormente purificados do gel de agarose com o kit GFX PCR DNA and gel Band

Purification Kit (GE Healthcare, EUA), conforme recomendações do fabricante e o DNA

quantificado.

3.3.4. Indução do estado de competência e transformação da amostra O55:H7 com

plasmídeo pKD46

Para a indução do estado de competência, a amostra O55:H7 foi crescida em 40 ml

de meio LB sob agitação de 200 rpm a 37 °C até atingir DO600 de 0,6. Após este período, o

crescimento bacteriano foi resfriado em banho de gelo por cerca de 10 min. Em seguida, o

volume total de cultura foi centrifugado a 6000 rpm por 10 min a 4 °C e o sobrenadante foi

desprezado. O sedimento obtido foi ressuspendido em 20 mL de água ultrapura gelada,

estéril e centrifugado novamente. O mesmo procedimento foi repetido por 4 vezes. Na

última lavagem, o sedimento foi ressuspendido em 1 mL de água ultrapura e uma alíquota

de 50 µL foi transferida para um tubo de 0,6 µL, onde 10 μl do plasmídeo pKD46 extraído

foi adicionado à alíquota de células competentes para então ser eletroporada em cubetas de

eletroporação (0,1 cm – BIORAD) previamente resfriadas. Para eletroporação foi utilizado

o eletroporador GenePulser (BIORAD) a 1,5 kV, 25 μF e 200 Ω. Imediatamente após a

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eletroporação, o conteúdo da cubeta foi transferido para um tubo com 1 mL de meio SOC

(0,5% de Extrato de Levedura, 2% de Triptona, 10 mM de NaCl, 2,5 mM de KCl, 10 mM

de MgCl2, 10 mM de MgSO4 e 20 mM de glicose) e em seguida incubado a 30 ºC durante

3 h. Após esse período, os cultivos foram plaqueados em ágar LB contendo 100 μg/ml de

ampicilina (Sigma-Aldrich, MO, EUA) e novamente incubados a 30 °C por 24 h. As

colônias obtidas foram selecionadas e crescidas em 3 mL de meio LB para verificar a

presença do plasmídeo pKD46 após extração com o Kit PureYield™ Plasmid Miniprep

System (Promega Co. EUA). Amostras contendo o plasmídeo foram estocadas em glicerol

80% a -20 ºC e -80 ºC.

3.3.5 Preparo de células competentes da amostra O55:H7(pKD46) para eletroporação

com os cassetes de resistência

A amostra transformante O55:H7 contendo o plasmídeo pKD46 foi crescida a 30 ºC

por 18 h em meio LB acrescido de 100 μL/mL de ampicilina. Uma alíquota de 400 μL

deste pré-inóculo foi transferida para um frasco contendo 40 mL de meio LB acrescido de

100 μL/mL de ampicilina e 1 mM de L- arabionose (Sigma-Aldrich, MO, EUA), mantido

sob agitação de 200 rpm a 30 ºC. Após 1 h de incubação, foi adicionado mais 1 mM de L-

arabionose e a cultura foi mantida nas mesmas condições até atingir DO600 de 0,6. Em

seguida, a amostra foi submetida ao protocolo de competência, conforme descrito no item

3.3.4. A uma alíquota de 100 μL de células competentes foram adicionados 50 ng do

cassete de resistência e as células foram transformadas por eletroporação como descrito no

item 3.3.4. Imediatamente após a eletroporação, o conteúdo da cubeta foi transferido para

um tubo contendo 3 mL de meio SOC e incubado a 37 ºC por 18 h. O cultivo foi plaqueado

em ágar LB contendo 20 μg/ml de cloranfenicol (Sigma-Aldrich, MO, EUA) e incubado

novamente a 37 °C por 24 h. Após esse período, as colônias obtidas foram testadas através

de PCR com os iniciadores ycgR_DT para confirmar a deleção do gene de interesse. As

colônias que apresentaram a deleção do gene ycgR foram estocadas em glicerol 80% a -20

°C e -80 °C. Uma amostra foi escolhida para ser sequenciada no Centro de Estudos de

Genoma Humano (USP-SP) e denominada amostra mutante JH01.

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3.3.6 Obtenção do plasmídeo pBAD/Myc-HisA linearizado

O plasmídeo pBAD/Myc-HisA (Invitrogen, EUA), foi eletroporado na amostra E.

coli TOP-10 (Invitrogen, EUA). O estado de competência foi obtido de acordo com o item

3.3.4 As colônias transformadas foram selecionadas em placas contendo 100 μg/ml de

ampicilina e estocadas em glicerol 80%. As colônias selecionadas foram crescidas em 3 mL

de meio LB para extração e purificação do plasmídeo através do kit PureYieldTM

Plasmid

midiprep System (Promega Co., EUA). Os plasmídeos obtidos foram digeridos com as

enzimas XhoI e EcoRI (New England Biolab) de acordo com as indicações do fabricante

para linearizá-los.

3.3.7 Obtenção do inserto ycgR e ligação no plasmídeo pBAD/Myc-HisA

O inserto ycgR foi obtido através de PCR com os iniciadores XhoI e EcoI (Tabela

2). A PCR foi executada conforme o item 3.3.3. Como DNA molde foi utilizado o DNA da

amostra selvagem O55:H7 obtido conforme descrito no item 3.2.1. e as condições de reação

estão descritas na tabela 3. Os amplicons obtidos foram analisados através da eletroforese

em gel de agarose 1,5% (Invitrogen, EUA) em tampão TAE 1x (10 mM Tris-acetato, 2 mM

ácido etilenodiaminotetracético (EDTA)). Após o fim da corrida eletroforética, os géis

foram corados em solução de brometo de etídio (0,5 μg/mL) e os amplicons extraídos do

gel de agarose com o kit GFX PCR DNA and gel Band Purification Kit (GE Healthcare,

EUA), conforme recomendações do fabricante. O produto da purificação foi submetido a

uma nova corrida eletroforética em gel de agarose 1,5% para posterior purificação. O

inserto ycgR foi digerido com as enzimas XhoI e EcoRI (New England Biolabs) de acordo

com as especificações do fabricante. A ligação do inserto ycgR com o plasmídeo

pBAD/Myc HisA foi feita com a enzima T4 ligase (Thermo scientific) seguindo as

especificações sugeridas pelo fabricante.

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3.3.8. Indução do estado de competência e transformação da amostra TOP- 10 com

pBAD Myc HisA + inserto ycgR

Um pré-inóculo da amostra TOP-10 foi crescido a 37 ºC por 18 h em meio LB.

Após este período, 400 μL deste pré-inóculo foi transferido para 40 mL de meio LB e

incubado sob agitação de 200 rpm a 37 ºC até a DO600 de 0,6. O volume total de

crescimento foi centrifugado a 6000 rpm a 4 °C por 10 min. O sobrenadante foi descartado

e o sedimento obtido foi ressuspendido em 20 mL de CaCl2. Este processo foi repetido

mais 4 vezes e o sedimento foi ressuspendidoem 100 µL de CaCl2. Uma alíquota de 50 µL

foi transferida para um tubo de 0,6 µL e acrescido de 10 ng do plasmídeo pBAD/Myc

HisA+inserto ycgR . Em seguida, o tubo foi mantido em banho de gelo por 30 seg, seguido

por uma incubação de 1 min e 30 seg a 42 °C e novo banho de gelo por 2 min. As células

competentes foram transferidas para um tubo contendo 1 mL de meio SOC e incubadas a

37 °C por 3 h. O cultivo foi plaqueado em ágar LB contendo 100 μg/ml de ampicilina por

18 h. Após este período, colônias transformantes foram selecionadas e foram realizadas

reações de PCR. Um amostra foi selecionada e o plasmídeo extraído através do kit

PureYieldTM

Plasmid midiprep System (Promega Co., EUA).

3.3.9. Transformação da amostra mutante JH01 com o plasmídeo pBAD Myc His A

ycgR

Um pré-inóculo da amostra mutante JH01 foi crescido a 37 ºC por 18 h em meio

LB. Após este período, 400 μL foram transferidos para 40 mL de meio LB e incubado sob

agitação de 200 rpm a 37 ºC até atingir DO600 de 0,6. O estado de competência e posterior

transformação foram feitos como no item 3.2.4. Colônias transformantes foram

selecionadas e estocadas em glicerol 80% à -20 °C e -80 °C para posterior confirmação da

complementação por PCR utilizando inciadores internos e externos ao gene ycgR. As

condições de reação estão descritas na tabela 3.

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TABELA 2. Iniciadores utilizados na detecção do gene ycgR, na deleção através do sistema de

recombinação lambda red, na obtenção do inserto ycgR para complementação da amostra

mutante JH01 e para detecção da complementação

Iniciadores Sequência 5´-3´ Tamanho

(pb) Referência

ycgR_DT F-AACTTGAGCAGGCACTGG

R- ACAGTTTGTCAGTCAGGAG 793

Este

trabalho

ycgR_MUT

F- GGCTCCGCGCTATATCTACAAACTTGAGCAGGCACTGGACGCGA

TGTAAAGTGTAGGCTGGAGCTGCTTC

R- AACTGTGACCGATAAACCAAAGACAGTTTGTCAGTCAGGAGTTT

TTCCGCATGGGAATTAGCCATGGTCC

1094

Este

trabalho

ycgR_Eco_Xho F- GTCGCTCGAGGTGAGTCATTACCATGAGCA

R- GTCGGAATTCTCAGTCGCGCACTTTGTC 756

Este

trabalho

ycgR_INT F-ATTGCCGCTCCACCGTCG

R-CAACTACAGCAGAGTAATA 409

Este

trabalho

TABELA 3 Condições para realização dos ensaios de PCR

Iniciadores Denaturação anelamento polimerização quantidade de ciclos

ycgR_DT 1min 94°C 1min 56°C 1min 72°C 30X

ycgR_MUT 1min 94°C 1 min56°C 1min 72°C 30X

ycgR_Eco_Xho 1min 94°C 1 min 55°C 1min 72°C 30X

ycgR_INT 1min 94°C 1min 56°C 1min 72°C 30X

3.4. Analises transcricionais

3.4.1. Extração de RNA

Pré-inóculos das amostras selvagem O55:H7 e mutante JH01 foram crescidos em 3

mL de meio LB por 18 h. Uma alíquota de 200 µL foi transferida para 20 mL de meio LB

para posterior incubação sob agitação de 200 rpm a 37 °C até atingir a DO600 de 0,5. O

crescimento bacteriano foi centrifugado a 6000 rpm a 4 °C por 10 min. O sobrenadante foi

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descartado e o sedimento foi ressuspendido em água ultra pura para posterior extração com

o kit RNeasy (Qiagen). O RNA obtido foi quantificado.

3.4.2. PCR quantitativo em tempo real (qRT-PCR)

Análises transcricionais foram feitas com a utilização do sistema de etapa única

Kapa Sybr Fast One- Step qRT-PCR kit (Kapa biosystemns, EUA). As reações foram

realizadas de acordo com a indicação do fabricante. Para o controle endógeno da

transcrição de foi utilizado o gene rpoA (subunidade A da RNA polimerase). Todas as

análises foram realizadas em triplicata. Os níveis de transcrição foram analisados utilizando

o software LineGene 9600 (Hangzhou Bioer Technology) através da quantificação relativa.

Os iniciadores utilizados estão descritos na tabela 4.

TABELA 4. Iniciadores utilizados nos ensaios de qRT-PCR

Iniciadores Sequência (5´-3´) Referência

ler_RT

F- CGACCAGGTCTGCCCTTCT

R- GCGCGGAACTCATCGAAA

Walters; Sperandio,

2006

eae_RT

F- GCTGGCCCTTGGTTTGATCA

R- GCGGAGATGACTTCAGCACTT

Walters; Sperandio,

2006

espA_RT

F- TCAGAATCGCAGCCTGAAAA

R- CGAAGGATGAGGTGGTTAAGCT

Walters; Sperandio,

2006

csgD_RT R – TGCCCAGGAAACCGCTTG

F - GGTAACTATCGTTATAACAGCA Culler, 2015

fimA_RT F – TGTCCCTCAGTTCTACAGCG

R – TCCTAACTGAACGGTTTGATC

Sharma, Bearson,

Bearson, 2010

bscA_RT F – AGCTCGGCTTCCGTGGC

R – TCATTGTTGAGCCAAAGCCT Culler, 2015

rpoA_RT

F- GCGCTCATCTTCTTCCGAAT

R- CGCGGTCGTGGTTATGTG

Walters; Sperandio,

2006

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3.5 Ensaios Fenotípicos

3.5.1. Teste de motilidade em ágar semi-sólido

As amostras O55:H7, JH01, e JH02 foram incubadas por 18 h em 3 mL de meio LB

a 37 ºC. Com o auxílio de uma agulha, as amostras foram inoculadas em placa de ágar

semi-sólido 0,3% (1% triptona, 0,25% NaCl e 0,3% ágar bacteriológico) e incubadas por 7

h. Para o ensaio com a amostra mutante complementada, o meio ágar semi-sólido foi

suplementado com 0,02% de L-arabinose (Sigma, EUA).

3.5.2 Curva de crescimento

As amostras O55:H7, JH01 e JH02 foram incubadas por 18 h em 3 mL de meio LB

a 37 ºC. Uma alíquota de 250 μL foi transferida para um volume de 25 mL de meio LB.

Para a amostra mutante complementada, o meio foi suplementado com 0,02% de L-

arabinose. Todos os crescimentos foram incubados a 37 ºC sob agitação de 200 rpm. A

cada 1 hora, uma alíquota de 1 mL foi retirada de cada um dos cultivos para ser mensurada

a densidade óptica (D.O.) a 600nm. Este procedimento foi repetido por 9 horas.

3.5.3. Ensaios de formação de biofilme em superfície abiótica – Técnica de Cristal

Violeta

A análise quantitativa da formação de biofilme em placas de poliestireno foi

realizada seguindo a metodologia descrita por Christensen et al. (1985) e Sheikh et al.

(2001). Os pré-inoculos bacterianos das amostras O55:H7, JH01 e JH02 foram incubadas

por 18 h a 37 °C em meio DMEM. Em seguida os cultivos bacterianos foram inoculados

em meio DMEM na diluição 1:100 em placas de poliestireno de 24 poços (TPP, Suíça) em

volume final de 1 ml. O meio DMEM utilizado no ensaio com a amostra JH02 foi

suplementado com 0,02% de L-arabinose. Após 3, 6 e 24 h de incubação, foram feitas 4

lavagens com tampão fosfato (PBS) (NaCl 136,9 mM, KCl 2,7 mM, KH2PO4 1,5 mM,

Na2HPO4 8,1 mM; pH 7,4) para remoção das bactérias planctônicas. Após a retirada do

excesso do PBS, as bactérias foram fixadas com 1000 μl de etanol a 75% por 10 min. O

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fixador foi retirado e as bactérias coradas com 1000 μl de solução de cristal violeta a 0,5%,

durante 5 min. Após 4 lavagens com PBS, as placa foram secas e 1000 μl de etanol 95%

adicionado em cada poço, deixando solubilizar o cristal violeta por 2 min à temperatura

ambiente. 150 μl de cada poço foram transferidos uma placa de microtitulação de 96 poços

e a absorbância determinada em comprimento de onda de 595 nanômetros (nm) em leitor

de ELISA Multiskan®EX (Thermo Isher Scientific, EUA).

3.5.4. Ensaios de adesão e de formação de biofilme em células epiteliais in vitro

3.5.4.1. Cultivo e preparo da linhagem celular HEp-2

A linhagem celular HEp-2 foi cultivada em garrafas de 25 ml (TPP, Suiça) em Meio

DMEM suplementado com 0,4% de glicose e contendo L-glutamina (Cultilab, Brasil),

suplementado com 10% de soro fetal bovino (SFB) (Gibco) e incubadas em estufa a 37 ºC

contendo 5% de CO2 e 95% de O2, durante três a quatro dias. Após esse período, o meio de

cultivo foi descartado e a monocamada celular foi lavada 4 vezes com 10 ml de PBS estéril.

Após este processo, 2 mL de solução TripLE estéril (Gibco) foi adicionado para o

descolamento da monocamada celular. A solução ficou em contato com a monocamada

celular por 3 min,em estufa de CO2, logo em seguida foram adicionados 5 ml de DMEM-

SFB a 10% na garrafa e a suspensão celular foi então ajustada através de contagem em

câmara de Neubauer (Glastécnica) e diluída em DMEM-SFB a 10% de maneira a obter

uma concentração final de 5 x 104 células/mL. Volumes de 1 mL foram transferidos para

placas de poliestireno de 24 poços com e/ou sem lamínulas de vidro esterilizadas. As placas

foram mantidas a 37 °C em estufa de CO2 por 48 h, até atingirem semi-confluência de

crescimento celular.

3.5.4.2.Teste de adesão em células HEp-2

O teste de adesão foi realizado segundo a metodologia descrita por Cravioto et al.

(1979), utilizando-se monocamada semi-confluente de células dispostas em placas de 24

poços contendo lamínulas de vidro, conforme descrito no item anterior. Após atingirem

semi-confluência, as monocamadas celulares foram lavadas 4 vezes com PBS estéril pH

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7,4. 1 mL de DMEM acrescido de 1% de D- manose e 0,02% L-arabinose foi adicionado a

cada poço da placa. Para o teste de adesão 40 μl de cultura bacteriana das amostras

amostras O55:H7, JH01 e JH02, previamente cultivadas por 18 h em meio LB, foram

inoculadas à preparação e mantidas por um período de 3 e 6 h à temperatura de 37ºC. Para

o teste de 6 horas, após as 3 primeiras horas de incubação a placa foi lavada por 4 vezes

com PBS 1X e novamente adicionada de 1 ml de DMEM acrescido de 1% de D-manose

(Sigma. EUA) e 0,02% de L-arabinose. Alcançado o tempo final do ensaio, os poços foram

lavados 4 vezes com PBS estéril e as células fixadas com metanol 100% por 30 min. As

lamínulas foram coradas com solução May – Grünwald 0,2% (Merk, Alemanha) por 5 min

seguida por coloração com Giemsa (Merk, Alemanha) por 20 min e lavadas em água

corrente até a retirada do excesso do corante. Após a secagem em temperatura ambiente, as

lamínulas de vidro foram fixadas em lâminas para microscopia com Entellan (Merk,

Alemanha) e observadas em microscópio óptico, em aumento de 1000 vezes.

3.5.4.3 Teste de formação de biofilme em células epiteliais HEp-2

A formação de biofilme em superfície celular fixada foi verificada através de testes

de interação com células HEp-2, realizados segundo metodologia descrita previamente para

adesão de E. coli diarreiogênicas (CORTHESY-THEULAZ et al.,1996; CRAVIOTO et al.,

1979). As células HEp-2 foram cultivadas como descrito no item 3.5.4.2. Após a formação

da monocamada semi-confluente, a placa de 24 poços foi lavada 4 vezes com PBS estéril

com seguida adição de 500 µL de metanol 100% a 4°C, por no mínimo 20 min, para fixar

as células aderidas nas lamínulas. As células pré-fixadas foram então lavadas 4 vezes com

PBS estéril para retirar totalmente o metanol utilizado na fixação. Após as lavagens, em

cada poço foi adicionado meio DMEM, seguido de inoculação de cada uma das amostras

O55:H7, JH01 e JH02 foram na proporção de 1:100, previamente crescidas por 18 h a 37

°C, em meio LB. Estas foram então incubadas por 3, 6 e 24 h, após esse período foram

feitas 4 lavagens com PBS para remoção das bactérias planctônicas e as células e as

bactérias fixadas com p-Formaldeído 4% em PBS 1X, por 18 h a 4 °C. As células foram

novamente lavadas com PBS 1X e, em seguida, permeabilizadas pela adição de Triton X-

100 a 0,1% em PBS 1X, por 4 min. Após novas lavagens, as células foram bloqueadas com

solução de BSA 0,2% em PBS 1X por 30 min. Em seguida, 20 μl de uma solução contendo

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3 U de Alexa Fluor 488 - Phalloidin (Molecular Probes) em PBS 1 X e iodeto de propídio

(Molecular Probes, EUA) em uma concentração final de 1:1000 foi adicionado. As

lamínulas foram incubadas por 45 minutos sob abrigo da luz e novamente lavadas com PBS

1X, por 4 vezes de 5 min. As lamínulas foram fixadas sobre lâminas de vidro com Mowiol

(Calbiochem, EUA). Após cerca de 24 h a 4 °C, as lâminas foram observadas através de

microscópio confocal de fluorescência, no Laboratório de Parasitologia do Instituto

Butantan, em aumento de 1000X, utilizando microscópio LSM 510 Meta (Zeiss,

Alemanha). FITC filtro BP500-530IR e comprimento de onda 488 nm (excitação) e, IP

filtro 570-719 e comprimento de onda 543 nm (excitação). O software LSM Image

Browser para foi utilizado para capturar e analisar as amostras.

3.5.4.4. Teste de FAS (“Fluorescent actin staining”)

As amostras selvagem, mutante e mutante complementada foram submetidas a

ensaios de polimerização de actina seguindo protocolo descrito por Knutton et al. (1989),

utilizando as células HEp-2. O cultivo das células, bem como os ensaios de adesão em

células epiteliais in vitro, foram realizados como descrito nos itens 3.4.4.1. e 3.4.4.2. Após

as lavagens, as células foram bloqueadas com solução de BSA 0,2% em PBS 1X por 30

min. Em seguida, 20 μl de uma solução contendo 3 U de Alexa Fluor 488 - Phalloidin em

PBS 1 X e iodeto de propídio em uma concentração final de 1:1000 foi adicionado. As

lamínulas foram incubadas por 45 min sob abrigo da luz e novamente lavadas com PBS

1X, por 4 vezes de 5 min. As lamínulas foram fixadas sobre lâminas de vidro com Mowiol.

Após cerca de 24 h a 4 °C, as lâminas foram observadas através de microscópio confocal de

fluorescência, no Laboratório de Parasitologia do Instituto Butantan, em aumento de

1000X, utilizando microscópio LSM 510 Meta (Zeiss, Alemanha). FITC filtro BP500-

530IR e comprimento de onda 488 nm (excitação) e, IP filtro 570-719 e comprimento de

onda 543 nm (excitação). O software LSM Image Browser para foi utilizado para capturar

e analisar as amostras.

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IV. RESULTADOS

4.1. Obtenção do mutante ycgR

Para realizar a mutagênese foi escolhida a técnica de recombinação homóloga

proposta por Datsenko e Wanner (2000). Esta técnica consiste na deleção do gene de

interesse através de sua substituição por um cassete de resistência ao antibiótico

cloranfenicol, flanqueada por sítios FRT (Figura 5). Nas Figuras de 6 a 8 estão

demonstradas as etapas realizadas para a obtenção da amostra mutante.

FIGURA 5. Representação esquemática da técnica de recombinação homóloga proposta

por Datsenko e Wanner (2000). (Adaptado de Datesenko e Wanner 2000).

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Inicialmente, a presença do gene ycgR foi confirmada na amostra selvagem

O55:H7, com a realização de PCR com iniciadores específicos, gerando um fragmento de

793 pares de bases, correspondente ao tamanho do gene ycgR (Figura 4).

FIGURA 6. Gel de agarose 1% para confirmação da presença do gene ycgR na amostra

selvagem O55:H7. Canaleta 1. Peso molecular (1Kb DNA ladder plus), Canaleta 2. Gene

ycgR (793pb)

Em seguida, a amostra O55:H7 contendo o plasmídeo pKD46 foi transformada com

o cassete de resistência e as colônias transformantes obtidas foram selecionadas para

realização de PCR com iniciadores internos especificos para o gene ycgR , gerando um

fragmento de 409 pares de bases, possibilitando a confirmação da deleção (Figura 5).

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FIGURA 7 Gel de agarose 1% para confirmação a deleção do gene ycgR. Caneleta 1. Peso

molecular (1Kb DNA ladder plus). Caneleta 2. Amostra O55:H7 (409pb) Canaleta 3.

Amostra JH01

Após esta etapa, foi realizada nova reação de amplificação utilizando iniciadores

ycgR_DT, externos ao gene ycgR (Figura 6). Foram observados fragmentos de 793 e 1094

pares de bases correspondentes ao gene ycgR na amostra selvagem e ao cassete de

resistência na amostra mutante, respectivamente.

FIGURA 8. Gel de agarose 1% contendo amplificação de fragmentos obtidos para

confirmação da inserção do cassete de resistência na amostra mutante. Canaleta 1. Peso

molecular (1Kb DNA ladder plus). Canaleta 2. Amostra O55:H7 (793pb). Caneleta 3.

JH01 (1094pb).

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4.2. Obtenção da amostra complementada JH02

A complementação da amostra mutante JH01 foi realizada através da transformação

da amostra com o plasmídeo pJH01. Colônias transformantes foram selecionadas e

submetidas à PCR utilizando inciadores internos (ycgR_INT) e externos (ycgR_DT) para

confirmar a complementação (Figura 9).

FIGURA 9. Gel de agarose 1% para confirmação da complementação. Foram utilizados

iniciadores internos e externos ao gene ycgR. Caneleta 1. Peso molecular (1Kb DNA

ladder plus). Caneleta 2. Amostra O55:H7. Canaleta 3. Amostra JH01. Observa-se a

ausência de banda quando utilizado o iniciador interno Canaleta 4. Amostra JH02.

4.3. Teste de motilidade

Para verificar se a deleção do gene ycgR afetaria a motilidade da amostra O55:H7,

foi realizado o teste motilidade em ágar semi-sólido (0,3%).

O resultado obtido demonstra que a amostra mutante JH01 tem a motilidade

reduzida em relação à amostra selvagem (Figura 10). A amostra JH02 recupera

parcialmente o padrão de motilidade observado na amostra O55:H7.

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FIGURA 10. Teste de motilidade em ágar sem-sólido. A. Formação dos halos de

crescimento após 7 horas de incubação. B. representação gráfica dos halos medidos após o

período de crescimento.

4.4. Curva de crescimento

Foi realizada a curva de crescimento das amostras selvagem, mutante e mutante

complementada para a verificação de possíveis alteraçãoes no metabolismo e crescimento

(Figura 11).

FIGURA 11. Curva de crescimento das amostras O55:H7, JH01 e JH02 durante 10 horas.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

DO

a 6

00

nm

Horas

O55:H7

JH01

JH02

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4.5. Ensaio de formação de biofilme em superfície abiótica – Técnica de Cristal

Violeta

Foi avaliada a capacidade de formação de biofilme nos períodos de 3, 6, 24 horas,

considerando a importancia da motilidade para a formação dessas estruturas. Os testes

foram realizados em triplicata e os resultados obtidos indicam que a amostra JH01

apresentou maior formação de biofilme em todos os períodos analisados (Figura 12). A

amostra complementada JH02 recupera parcialmente o padrão obtido com a amostra

selvagem.

FIGURA 12. Gráfico de forrmação de biofilme em superfície abiótica através de Cristal

Violeta pelos períodos de 3, 6 e 24 horas. As barras indicam o desvio padrão obtido.

4.6. Ensaio de formação de biofilme em superfície biótica

Uma vez que biofilmes são comunidades bacterianas que podem se aderir tanto em

superfícies abióticas quanto bióticas, foi analisada a capacidade de formação de biofilme

em células epiteliais HEp-2. Assim como no ensaio de formação de biofilme em superfície

abiótica, foi observado que a amostra JH01 apresenta maior formação de biofilme em todos

os períodos observados (Figuras 13 a 15).

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

0,18

3 horas 6 horas 24 horas

D.O

a 5

95

nm

O55:H7

JH01

JH02

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FIGURA 13. Teste de formação de biofilme em célula epitelial Hep-2 pré-fixada, realizado no período de 3 horas de incubação, analisado em

microscopia confocal. A. amostra O55:H7 eixo X,Y E. Amostra O55:H7 eixo Z. B e C. Amostra JH01 eixo X, Y, F e G. Amostra JH01 eixo Z, D.

Amostra JH02 eixo X,Y, H. Amostra JH02 eixo Z .

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FIGURA 14. Teste de formação de biofilme em célula epitelial HEp-2 pré-fixada realizado no período de 6 horas de incubação, analisado em microscopia

confocal. A e B Amostra O55:H7 eixo X,Y. F e G. Amostra O55:H7 eixo Z. C e D. Amostra JH01 eixo X, Y. H e I. Amostra JH01 eixo Z, E. Amostra JH02

eixo X,Y. J.. Amostra JH02 eixo Z.

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FIGURA 15. . Teste de formação de biofilme em célula epitelial HEp-2 pré-fixada realizado no período de 24 horas de incubação, analisado em

microscopia confocal. A. Amostra O55:H7 eixo X,Y. D. amostra O55:H7 eixo Z. B e C. Amostra JH01 X, Y. F e G. Amostra JH01 eixo Z, D.

Amostra JH02 eixo X,Y. H. Amostra JH02 eixo Z.

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4.7. Ensaio de adesão em célula epitelial in vitro

Uma das principais características de aEPEC é o padrão de adesão localizado-like

(LAL) em células epiteliais in vitro. Para avaliar se o gene ycgR apresenta algum papel na

adesão da amostra O55:H7, foi realizado o ensaio de adesão em células HEp-2. Novamente

foi observado que a amostra JH01 apresenta fenótipo distinto quando comparado à amostra

O55:H7 em ambos os períodos analisados. Após 6 horas de incubação foi possível observar

que não há a formação do padrão de adesão localizado- like, característico desta amostra de

aEPEC. A amostra JH02 retorna parcialmente ao fenótipo observado na amostra O55:H7

(Figura 16).

FIGURA 16. Ensaio de adesão em células HEp-2 observadas em microscopia óptica em

aumento de 100X. Após 3 (A, B, C) ou 6 horas (D, E, F) de interação, as células foram

coradas com May – Grünwald 0,2% e Giemsa 3:1. A e D. Amostra O55:H7. B e E.

Amostra JH01. C e F. Amostra JH02.

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4.8. Teste de FAS

Foi observado que a amostra JH01 apresenta menor quantidade de actina

polimerizada no sítio de interação bacteriana, indicando uma redução da formação de lesão

A/E quando comparada com a amostra O55:H7. A amostra JH02 recupera parcialmente o

fenótipo que é observado na amostra selvagem (Figura 17).

FIGURA 17. Teste de FAS observado em microscopia confocal. Em vermelho, coradas com iodeto de

propídeo, estão as bactérias. Em verde, corados com Alexa 488, os filamentos de actina. A. Amostra

O55:H7. B. Amostra JH01 C. Amostra JH02, após 3 horas de incubação; D. Amostra O55:H7. E. Amostra

JH01. F. Amostra JH02, após 6 horas de incubação; As setas brancas indicam o local de maior aumento.

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4.9. Análise transcricional por qRT-PCR

Para analisar se os fenótipos que foram observados estão relacionados com a

transcrição dos genes relacionados à formação da lesão A/E e biofilme, foram realizados

qRT-PCR de diferentes genes que participam de sua regulação.

Foram escolhidos genes eae, ler e espA, que são codificados na região LEE e

osgenes csgD, bscA e fimA que estão relacionados com a formação de biofilme. Em todos

os casos a análise dos níveis transcricionais foi feita comparando a amostra JH01 com a

amostra O55:H7.

A análise transcricional do gene eae, que codifica a intimina, revelou que a

transcrição do gene na amostra JH01 diminui aproximadamente 11 vezes quando

comparado com a amostra selvagem (Figura 18).

FIGURA 18 Análise da transcrição do gene eae nas amostras O55:H7 e JH01. O gene

rpoA foi utilizado para normalizar o Ct.

Do mesmo modo que o gene eae, também foi observada a redução nos níveis

transcricionais do gene espA na amostra JH01 quando comparado a amostra O55:H7, em

aproximadamente 4 vezes (Figura 19).

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FIGURA 19 Análise da transcrição do gene espA nas amostras O55:H7 e JH01. O gene

rpoA foi utilizado para normalizar o Ct.

O último gene envolvido na regulação da formação da lesão A/E analisado, o gene

ler, principal regulador de LEE, apresentou uma pequena redução da transcrição na amostra

JH01 de aproximadamente 1,4 vezes (Figura 20).

FIGURA 20. Análise da transcrição do gene ler nas amostras O55:H7 e JH01. O gene

rpoA foi utilizado para normalizar o Ct.

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A transcrição de genes envolvidos na formação de biofilme também foi investigada.

O gene csgD é o regulador do operon csgBA, que codifica os componente estruturais da

fimbria Curli, fimA codifica fímbria do tipo I e o genes bcsA codifica celulose. A análise

da transcrição destes três genes permitiu observar que bscA e fimA apresentaram uma

redução de aproximadamente 2 vezes na amostra JH01 quando comparados com a amostra

selvagem (Figuras 21 e 22), enquanto o gene csgD apresentou um aumento de

aproximadamente 0,6X (Figura 23).

FIGURA 21. Análise da transcrição do gene bcsA nas amostras O55:H7 e JH01. O gene

rpoA foi utilizado para normalizar o Ct.

FIGURA 22. Análise da transcrição do gene fimA nas amostras O55:H7 e JH01 O gene

rpoA foi utilizado para normalizar o Ct.

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FIGURA 23. Análise da transcrição do gene csgD nas amostras O55:H7 e mutante JH01.

O gene rpoA foi utilizado para normalizar o Ct.

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V. DISCUSSÃO

Recentes estudos têm demonstrado a importância do mensageiro secundário c-di-

GMP na regulação de diversos processos, principalmente formação de biofilme, motilidade

e virulência. A proteína YcgR pertence à família das proteínas que possuem o domínio

PilZ, que se liga ao c-di-GMP, regulando a rotação do flagelo bacteriano em Escherichia

coli e Salmonella enterica (ZORRAQUINO et al., 2013). Os estudos com YcgR limitam-se

ao seu papel na regulação do movimento flagelar e somente em amostras não patogênicas

de E.coli, não existindo relatos de sua relação com outras possíveis funções ou seu papel

em outras vias regulatórias.

aEPEC é um importante patógeno causador de diarreia em crianças, principalmente

em países em desenvolvimento, e não existe na literatura nenhum trabalho que avalie a

influência de c-di-GMP neste patótipo de DEC.

Para verificar o papel do gene ycgR na regulação da motilidade e sua influência na

adesão de aEPEC, a amostra do sorotipo O55:H7 foi escolhida para deleção do gene ycgR.

O método utilizado para deleção do gene foi o da recombinação homóloga proposto por

Datsenko e Wanner (2000), que consiste basicamente em substituir o gene de interesse por

um cassete de resistência a um antibiótico com o auxilio do sistema λRed, que é composto

pelo plasmídeo pKD46 e por plasmídeos acessórios (neste estudo, o pKD3) que são

utilizados na construção do cassete de recombinação por PCR.

Após a obtenção da amostra JH01 foi necessária a construção do mutante

complementado para garantir que os fenótipos observados foram, de fato, resultado da

deleção do gene ycgR. Para isso, foi utilizado o plasmídeo de expressão pBAD Myc HisA

com o inserto ycgR, que foi transformado na amostra JH01. O resultados obtidos nos testes

fenotípicos realizados demonstram que o mutante complementado JH02 retorna

parcialmente os fenótipos observados na amostra selvagem em todos os ensaios, indicando

que a mutação de ycgR foi responsável pelos fenótipos observados em todos os

experimentos.

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Foi feita a curva de crescimento das amostras envolvidas no estudo e a análise da

mesma demonstra que não há diferença no padrão da curva das três amostras, indicando

que as alterações no fenótipo da JH01 não são decorrentes de uma alteração no

metabolismo bacteriano (Figura 11).

YcgR é uma proteína de ligação que pertence à família de proteínas PilZ

(RYJENKOV et al., 2006). A primeira proteína PilZ descrita é a de Pseudomonas

aeroginosa e é responsável pela síntese de pili, surgindo daí o nome da família dessas

proteínas (ALM et al., 1996). Por muitos anos os estudos com c-di-GMP foram

direcionados para o entendimento de como o processo de síntese e degradação deste

mensageiro secundário participa de diversos eventos no metabolismo bacteriano, pouco se

sabia dos receptores do c-di-GMP (RÖMLING; GALPERIN; GOMELSKY, 2013). Em

2006, Amikam e Galperin predizem por bioinformática que uma proteína de domínio PilZ

seria a proteína de ligação ao c-di-GMP. Neste mesmo ano, Ryjenkov e colaboradores

relatam que YcgR participaria da regulação do movimento flagelar através de sua ligação

com o c-di-GMP em E.coli e outras enterobactérias. Estudos posteriores corroboraram este

achado e os trabalhos que se seguiram foram em grande parte dedicados em entender como

a interação de YcgR e c-di-GMP altera o movimento flagelar. Estes estudos, entretanto,

foram feitos somente em cepas não patogênicas de E.coli e todos chegam à conclusão de

que a interação do complexo YcgR-c-di-GMP atua na base do flagelo, interferindo na

interação das proteínas do estator ou do rotor flagelar, alterando a rotação do flagelo e que

essa interação é dependente de c-di-GMP de modo que, em altas concentrações, há a

redução da motilidade bacteriana (Boehm et al., 2010; Fang, Gomelsky, 2010; Paul et al.,

2010).

A análise da motilidade demonstrou que a deleção de ycgR levou a redução de

aproximadamente de 2 vezes quando comparado com a amostra selvagem, como pode ser

observado nas Figuras 10A e 10B. Este resultado é diferente dos resultados descritos até

o momento na literatura. Em geral, a regulação do movimento flagelar mediado por ycgR

também envolve a participação da PDE YhjH. Em mutantes com deleção de yhjH a

redução da motilidade é suprimida quando também é deletado ycgR. Mutantes simples em

ycgR não apresentam alteração significativa na motilidade (Boehm et al., 2010; Fang,

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Gomelsky, 2010; Paul et al., 2010). Os resultados obtidos neste estudo, entretanto,

demonstram que isso não ocorre na amostra O55:H7. É possível, portanto, que em amostra

de aEPEC a regulação da motilidade não seja feita somente por ycgR, e outros elementos

podem estar envolvidos.

C-di-GMP é descrito como uma importante molécula que participa de uma

diversidade de vias regulatórias em bactérias, principalmente na formação de biofilme

(HENGE, 2009). Diversos estudos destacam a importância de c-di-GMP na transição do

estado planctônico para o estado séssil na formação do biofilme, uma vez que níveis

elevados de c-di-GMP inibem a motilidade e promovem a formação do biofilme (HENGE

2009).

Recentes estudos relatam que amostras de aEPEC são capazes de formar biofilme

em superfícies abióticas e bióticas (WEISS-MUSZKAT et al., 2010, CULLER et al.,

2014). Deste modo, foi avaliada a capacidade de formação de biofilme da através da técnica

colorimétrica de cristal violeta em placa de poliestireno para analisar um possível

envolvimento de ycgR na formação de biofilme inicial. Os resultados demonstram que a

amostra mutante apresenta aproximadamente 2 vezes mais formação de biofilme em todos

os períodos analisados quando comparada com a amostra selvagem (Figura 12) e a

amostra complementada recupera parcialmente o fenótipo observado na amostra selvagem.

Este resultado é semelhante ao observado por Sanches-Torres e colaboradores (2011) que,

trabalhando com uma amostra de E.coli K12, descrevem que a deleção de ycgR aumenta a

formação de biofilme inicial após 7 horas de incubação, porém o mesmo não ocorrendo

após 24 horas, resultado semelhante ao observado quando há a deleção de genes que

codificam DGCs, sugerindo que a redução dos níveis de c-di-GMP promove motilidade e

aumenta a formação de biofilme. O trabalho, entretanto, não descreve se a amostra com

deleção em ycgR apresenta alguma alteração na motilidade.

Recentemente, Culler e colaboradores (2014), demonstram que amostras de aEPEC

apresentam formação de biofilme independentemente do padrão de adesão em célula

epitelial, além de formar biofilme em célula epitelial HEp-2 pré-fixada. Assim,

adicionalmente, foi também avaliada a capacidade de formação de biofilme em superfície

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biótica. Assim como no ensaio de Cristal Violeta, foi observado que a deleção de ycgR leva

a um aumento na formação do biofilme na superfície biótica, sendo possível observar que

na amostra JH01, após 3 horas de incubação, já é possível observar a formação de

aglomerados bacterianos ao redor das células e na lamínula (Figura 13, B e C). Após 6

horas, o biofilme é mais denso, sendo mais fácil observar a formação de aglomerados na

superfície da lamínula onde não há células aderidas (Figura 14, C e D). Esses aglomerados

só são observados na amostra O55:H7 após 24 horas de incubação, ainda assim, são bem

menores quando comparados com os observados na amostra JH01 (Figura 15). Estes

resultados parecem condizentes com os que foram obtidos no ensaio de motilidade, uma

vez que a redução da mesma é um dos eventos iniciais necessários para a formação do

biofilme.

Para analisar quais genes poderiam estar envolvidos neste processo foram realizados

qRT-PCR de genes relacionados com a formação de biofilmes inicial. Foram escolhidos os

genes bcsA, que faz parte da celulose sintase, junto com bcsB, fimA que codifica a maior

parte da pilina na fímbria tipo I e csgD, regulador do operon csgBA, que codifica os

componente estruturais da fimbria Curli.

BcsA é uma proteína de membrana interna com múltiplos domínios transmembrana

e com um domínio citoplasmático 2 glicosiltransferase (WHITNEY, HOWELL, 2013).

Assim como YcgR, possui um domínio PilZ que quando ligado ao c-di-GMP ativa a

produção de celulose (RYJENKOV, 2006). A análise dos níveis transcricionais de bcsA

mostram que há uma redução de 2 vezes na transcrição do gene na amostra JH01 quando

comparado com a amostra O55:H7 (Figura 21). O mesmo resultado foi observado na

análise de fimA, que também apresenta redução de 2 vezes na transcrição de JH01 (Figura

22).

A fímbria Tipo I é uma adesina filamentosa composta de duas unidades, fimH que

codifica uma adesina específica para manose, que fica na ponta da fímbria e fimA, que

codifica a maior parte da fímbria (BELOIN; ROUX; GHIGO, 2008). Fímbrias do tipo I são

especialmente importantes nos estágios iniciais do biofilme. Mutantes que não possuem

fimH não conseguem se aderir em superfície abiótica (PRATT, KOLTER, 1998).

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Os resultados das análises de qRT-PCR destes dois genes são contraditórios ao

observado nos ensaios fenotípicos de formação de biofilme, nos quais o mutante apresenta

maior formação do mesmo quando comparado com à amostra selvagem.

Fímbrias curli são as principais responsáveis pela adesão à superfícies, agregação

celular e formação de biofilme. A expressão de curli depende de dois operons distintos,

csgABC, que codifica os componentes estruturais de curli e o operon csgDEFG. CsgD é o

regulador global que controla a transcrição de vários genes relacionados com a mudança de

estado planctônico para séssil, além de regular o operon csgABC e os operons de

biossíntese de celulose. CsgD também estimula a transcrição de adrA, que codifica uma

DGC que ativa a produção de celulose em nível pós-transcricional e cuja superexpressão

aumenta a formação do biofilme maduro (GERSTEL; RÖMLING, 2003)

Fímbria curli parece ser importante na interação de outra cepa de aEPEC O55:H7

estudada por Weiss-Muszkat (2010). A deleção dos genes csgFG diminiu a expressão de

curli, reduzindo significativamente a capacidade da cepa de formar o biofilme maduro.

Todavia, a analise do gene csgD parece explicar parcialmente este aumento na

formação do biofilme. Na amostra mutante JH01 observa-se um aumento de

aproximadamente 0,6 vezes na transcrição de csgD, quando comparado com a amostra

O55:H7 (Figura 23). Embora pequeno, este aumento parece ser o suficiente para garantir

que haja maior formação de biofilme pelo mutante, indicando que ycgR pode estar

envolvido na regulação de csgD em nível transcricional. O mesmo não pode ser dito para os

genes fimA e bcsA, cuja regulação pode ser pós – transcricional.

Amostras de aEPEC apresentam como padrão de adesão característico o padrão

LAL, que pode ser observado após 6 horas de contato com a célula e as microcolonias

formadas pelas bactérias aderidas são frouxas. O principal fator para esse tipo de interação

bactéria-bactéria é a ausência da fímbria tipo IV bfp (Scaletsky et al., 1999; Gíron et al.

1991). Foi possível observar que o mutante JH01 apresenta menor adesão quando

comparado com a amostra selvagem. Essa redução foi observada em ambos os períodos de

testes realizados (Figura 16, B e E). Uma das principais características de aEPEC é a

formação da lesão histopatológica A/E. Através do teste de FAS foi possível observar que

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em ambos os períodos de teste (3 e 6 horas) a formação da lesão A/ E foi reduzida na

amostra JH01 (Figura 17). A lesão A/E pode ser caracterizada pela destruição das

microvilosidades e intima adesão da bactéria às células do epitélio intestinal, levando à

formação de um pedestal através da polarização e acúmulo da actina e outros elementos do

citoesqueleto rearranjados no sítio onde a bactéria se adere (Moon et al.,1983).

Após a verificação da redução da polimerização de actina na amostra JH01, foram

realizados qRT- PCR de 3 genes relacionados à formação da lesão A/E, espA, responsável

pela formação da agulha por onde são translocados os efetores para a lesão A/E, eae, que

codifica a intima, que promove a íntima adesão da bactéria à célula hospedeira, e ler, o

regulador principal de LEE. Em todos os casos, foram observadas reduções nos níveis de

transcrição dos genes. O gene espA apresentou uma redução na transcrição em cerca de 4

vezes (Figura 19), o gene eae redução de aproximadamente 11 vezes (Figura 18) e ler em

cerca de 1,5 vezes na amostra JH01 (Figura 20). Estes resultados sugerem que ycgR

participa da regulação da formação da lesão A/E na amostra O55:H7. Existem poucos

trabalhos descritos na literatura relacionando c-di-GMP com a capacidade de adesão em

amostras E.coli patogênica. Recentemente, Hu e colaboradores (2013) descrevem que a

superexpressão da PDE YhjH e consequente redução dos níveis de c-di-GMP reduz a

aderência e os níveis transcricionais de genes do TTSS na amostra de EHEC EDL933

(O157:H7). Claret e coloboradores (2007) descrevem que a superexpressão de YcgR é

capaz de aumentar a capacidade de adesão da cepa de AIEC (Escherichia coli aderente

invasora) LF82. Nossos resultados sugerem que, em aEPEC, a deleção de ycgR reduz a

adesão da amostra em células epiteliais in vitro, alterando os níveis transcricionais de

genes envolvidos no TTSS, reforçando o papel de YcgR na regulação de aEPEC.

Outra hipótese é que deleção pode ter alterado a transcrição de outros genes

envolvidos na síntese e degradação de c-di-GMP e os resultados observados seriam

consequência indireta da alteração dos níveis do mensageiro secundário. Essa hipótese,

entretanto, precisa ser melhor analisada e trabalhada futuramente.

Os resultados deste trabalho são em grande maioria contraditórios em relação a

todos os dados disponíveis na literatura, sendo o primeiro a focar a proteína YcgR como um

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regulador de virulência bacteriana. Asim, sua continuidade é de extrema importância para

melhor elucidar o papel da mesma em aEPEC.

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VI. CONCLUSÕES

O gene ycgR, receptor de c-di-GMP em E.coli, influência na motilidade da amostra

de aEPEC O55:H7. Entretanto, ao contrário do que descrito na literatura, a

motilidade no mutante JH01 é menor do que na amostra O55:H7. Deste modo,

outros genes devem estar envolvidos na regulação da motilidade em aEPEC.

A deleção de ycgR leva à maior formação de biofilme em O55:H7.

O mutante JH01 apresenta menor transcrição dos genes fimA e bscA, relacionados

com a formação do biofilme, mas mostra aumento na transcrição do gene csgD.

YcgR tem papel regulatório na adesão em células HEp-2 em O55:H7. A deleção do

gene levou à redução na adesão nos períodos de 3 e 6 horas.

A redução na lesão A/E observada na amostra mutante pode estar relacionada à

redução na transcrição dos genes eae, espA e ler.

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ANEXO 1

6 ISSN 1677-7042 1 Nº 80, segunda-feira, 28 de abril de 2008

COMISSÃO TÉCNICA NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA

EXTRATO DE PARECER TÉCNICO Nº 1.341/2008

O Presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio, no uso de suas atribuições e de acordo com o artigo 14, inciso XIX, da Lei 11.105/05 e do Art. 5º, inciso XIX do Decreto 5.591/05, torna público que na 112ª Reunião Ordinária, ocorrida em 17 de abril de 2008, a CTNBio apreciou e emitiu parecer técnico para o seguinte processo: Processo nº: 01200.004893/1997-93 Requerente: Instituto Butantan CNPJ: 61.821.344/0001-56 Endereço Av. Vital Brasil, 1500 São Paulo, SP CEP 05503-900. Telefone: (11) 3726-7222. Fax: (11)3726-1505. Assunto: Solicitação de parecer para pesquisa em regime de contenção com organismo geneticamente modificado da classe II de risco biológico. Extrato Prévio: 1260/2008 Publicado no D.O.U No. 37, 25 de fevereiro de 2008. Decisão: DEFERIDO Resumo: A CTNBio, após apreciação do processo de solicitação de parecer técnico para projeto de pesquisa envolvendo organismos geneticamente modificados, conclui pelo deferimento nos termos deste parecer técnico. O Dr. Paulo Lee Ho, presidente da Comissão Interna de Biossegurança do Instituto Butantan, solicita à CTNBio parecer técnico referente à execução de projeto de pesquisa em regime de contenção nas instalações do Laboratório Bacteriologia, credenciado no Certificado de Qualidade em Biossegurança da instituição (CQB 39/98). O projeto envolve atividades com a bactéria Escherichia coli geneticamente modificada para expressar o promotor do gene LEE1 da Escherichia coli enteropatogênica, este organismo geneticamente modificado foi classificado como sendo da classe de risco II. O projeto a ser executado denomina-se: "Quorum sensing em amostras de Escherichia coli enteropatogênica (EPEC): Típica e atípica", sob a responsabilidade do Dr. Marcelo Palma Sircili. O responsável pela unidade operativa declara que as instalações contam com salas e equipamentos úteis em nível de biossegurança adequado às atividades propostas. O processo descreve as condições de biossegurança das áreas a serem cadastradas, as medidas de biossegurança propostas para o laboratório e a qualificação da equipe de pesquisadores envolvida no projeto, bem como a declaração formal do responsável assegurando que as condições descritas no processo são apropriadas à realização dos projetos propostos. No âmbito das competências dispostas na Lei 11.105/05 e seu decreto 5.591/05, a Comissão concluiu que o presente pedido atende às normas da CTNBio e à legislação pertinente que visam garantir a biossegurança do meio ambiente, agricultura, saúde humana e animal. A CTNBio esclarece que este extrato não exime a requerente do cumprimento das demais legislações vigentes no país, aplicáveis ao objeto do requerimento. A íntegra deste Parecer Técnico consta do processo arquivado na CTNBio. Informações complementares ou solicitações de maiores informações sobre o processo acima listado deverão ser encaminhadas por escrito à Secretaria Executiva da CTNBio.

WALTER COLLI <!ID1065294-0>

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ANEXO 2