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Junho de 2014 MALEO nº 3 e 4 (n.s.) Rua da Escola Politécnica, nº 58, 1269-102 Lisboa, PORTUGAL http://www.socgeol.org / [email protected] 1 NOTA EDITORIAL É bem verdade que nem sempre o que queremos, conseguimos, por melhores que sejam as nossas intenções e boa-vontade. Este terceiro número da 2ª série da MALEO sai com grande atraso, facto que nos levou a fazer um número duplo, juntando o 3 com o 4, numa só edição. Apesar de tudo achamos que saiu uma edição com muito interesse para todos os leitores, particularmente os sócios da Sociedade Geológica de Portugal (SGP), porque é variada, informativa e com textos de grande interesse para todos os geocientistas. Isto, claro, fruto das preciosas colaborações de todos os colegas que nos quiseram presentear com os seus textos originais. Desde logo uma série de cinco artigos, dos quais se destacam dois, relacionados com efemérides, designadamente do centenário do nascimento do Professor Orlando Ribeiro, um dos primeiros sócios da SGP, e do centenário da primeira datação radiométrica de rochas formalizada pelo eminente geólogo sir Arthur Holmes; ambas as efemérides foram comemoradas em 2012. Nesta secção apresentam-se ainda dois artigos relacionados com recursos minerais, um sob a perspectiva museológica, a propósito da inauguração do Museu do Quartzo e outro relacionado com a inventariação das antigas e actuais explorações mineira no Sul de Portugal, a propósito da publicação da Carta de Ocorrências Mineiras do Alentejo e Algarve à escala 1/400 000. E, não menos interessante, um comentário a recente publicação que atribui papel importante à cinemática do sistema Sol-Terra-Lua na geodinâmica global. São também feitas duas recensões a livros publicados no biénio e são dadas notícias pormenorizadas de um número importante de eventos científicos, muitos deles organizados ou co-organizados por colegas e instituições portuguesas, entre elas a SGP, realizados em Portugal e no Brasil, designadamente o 1º CoGePLiP. Também é feito relato do 34º Congresso Geológico Internacional, evento realizado de 4 em 4 anos, desta feita em Brisbane (Austrália, 2012), assim como do 1º Congresso Internacional de Estratigrafia (Lisboa, 2013), que teve grande impacto na comunidade científica internacional da especialidade. Como 2014 é um ano de realização do Congresso Nacional de Geologia, ele teria de merecer especial destaque neste número duplo da MALEO. Ao IX CNG, a ter lugar no Porto em Julho próximo, estará associado o 2º Congresso de Geologia dos Países de Língua Portuguesa, sob a organização conjunta da Universidade do Porto, da SGP e da Sociedade Brasileira de Geologia. Associado ao evento será feito o lançamento da emissão filatélica dedicada ao Ano Internacional da Cristalografia. Por último, mas não menos importante, é aqui anunciado o lançamento das Olimpíadas Portuguesas de Geologia, na sua primeira edição no ano lectivo 2014/15, da responsabilidade da Sociedade. Estamos absolutamente convictos de que, com esta iniciativa, se estão a construir firmes alicerces para uma grande visibilidade da nossa área científica, particularmente nos jovens dos escalões etários pré-universitários. J. C. Kullberg FICHA TÉCNICA Edição e ©copyright: Sociedade Geológica de Portugal Coordenação editorial: José Carlos Kullberg Composição: Bruno Silva e José Carlos Kullberg Colaborações neste número: Alexandre Araújo, António J. Saraiva, A. Galopim de Carvalho, António Ribeiro, C. Regêncio Macedo, Fernando Barriga, Filomena Diniz, Inês Pereira, J. Xavier de Matos, José Romão; M. Carvalho Gomes, Noel Moreira, Rogério Rocha, Rui Dias ISSN: 2182-0155 http://www.socgeol.org/publications/8/show SUMÁRIO Nota Editorial 1 Sumário 1 Ficha Técnica 1 A propósito...: IX Congresso Nacional de Geologia / 2º Congresso de Geologia dos Países de Língua Portuguesa por: R. B. Rocha 2 Olimpíadas Portuguesas da Geologia por: J. C. Kullberg 2 Emissão Filatélica Comemorativa do A.I. Cristalografia por: F. Barriga 3 Short Notes: Arthur Holmes (1890-1965) - No centenário da primeira datação radiométrica de rochas por: C. Regêncio de Macedo 4 Orlando Ribeiro; Itinerâncias de um geógrafo – Documentário por: António João Saraiva e Manuel Carvalho Gomes 5 Museu do Quartzo por: A. M. Galopim de Carvalho 7 Carta de Ocorrências Mineiras do Alentejo e Algarve LNEG, Escala: 1/400 000 por: João Xavier Matos 9 A comment on a Carlo Doglioni paper por: António Ribeiro 10 Recensões e apresentações: (1) Colecções e museus de Geologia: missão e gestão por: Filomena Diniz 13 (2) Livro de Geologia de Portugal por: R. B. Rocha 14 (3) Estórias de Riba-Côa por: R. B. Rocha 15 Aconteceu: 34th International Geological Congress por: R. B. Rocha 16 46º Congresso Brasileiro de Geologia / 1º Congresso de Geologia dos Países de Língua Portuguesa por: R. B. Rocha e J. C. Kullberg 17 XXIII Congresso Brasileiro de Paleontologia / 1º Simpósio de Paleontologia Brasil/Portugal por: R. B. Rocha 20 III Jornadas da Associação Portuguesa de Geólogos por: J. M. Romão 20 9ª Conferência Anual do GGET-SGP; a importância da Cartografia Geológica por: Noel Moreira, Rui Dias e Alexandre Araújo 21 Congresso Jovens Investigadores em Geociências por: Noel Moreira, Inês Pereira e Rui Dias 22 1st International Congress on Stratigraphy por: R. B. Rocha 23 Próximas reuniões 4th International Palaeontological Congress 24 35th International Geological Congress (2016) 24 Necrologia" Peter Alfred Ziegler (1928-2013) por: R. B. Rocha 25 Fernando Marques de Almeida (1916-2013) por: R. B. Rocha 26 Membros da SGP na IAGETH 26

Junho de 2014 MALEO nº 3 e 4 (n.s.) NOTA EDITORIAL SUMÁRIO · R. B. Rocha Nacional de Geologia, ele teria de merecer ... Universidade Júnior da UP (UJr), instalar na FCUP um espaço

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Junho de 2014 MALEO nº 3 e 4 (n.s.)

Rua da Escola Politécnica, nº 58, 1269-102 Lisboa, PORTUGAL http://www.socgeol.org/ [email protected]

1

NOTA EDITORIAL É bem verdade que nem sempre o que queremos,

conseguimos, por melhores que sejam as nossas intenções e boa-vontade. Este terceiro número da 2ª série da MALEO sai com grande atraso, facto que nos levou a fazer um número duplo, juntando o 3 com o 4, numa só edição.

Apesar de tudo achamos que saiu uma edição com muito interesse para todos os leitores, particularmente os sócios da Sociedade Geológica de Portugal (SGP), porque é variada, informativa e com textos de grande interesse para todos os geocientistas. Isto, claro, fruto das preciosas colaborações de todos os colegas que nos quiseram presentear com os seus textos originais. Desde logo uma série de cinco artigos, dos quais se destacam dois, relacionados com efemérides, designadamente do centenário do nascimento do Professor Orlando Ribeiro, um dos primeiros sócios da SGP, e do centenário da primeira datação radiométrica de rochas formalizada pelo eminente geólogo sir Arthur Holmes; ambas as efemérides foram comemoradas em 2012. Nesta secção apresentam-se ainda dois artigos relacionados com recursos minerais, um sob a perspectiva museológica, a propósito da inauguração do Museu do Quartzo e outro relacionado com a inventariação das antigas e actuais explorações mineira no Sul de Portugal, a propósito da publicação da Carta de Ocorrências Mineiras do Alentejo e Algarve à escala 1/400 000. E, não menos interessante, um comentário a recente publicação que atribui papel importante à cinemática do sistema Sol-Terra-Lua na geodinâmica global.

São também feitas duas recensões a livros publicados no biénio e são dadas notícias pormenorizadas de um número importante de eventos científicos, muitos deles organizados ou co-organizados por colegas e instituições portuguesas, entre elas a SGP, realizados em Portugal e no Brasil, designadamente o 1º CoGePLiP. Também é feito relato do 34º Congresso Geológico Internacional, evento realizado de 4 em 4 anos, desta feita em Brisbane (Austrália, 2012), assim como do 1º Congresso Internacional de Estratigrafia (Lisboa, 2013), que teve grande impacto na comunidade científica internacional da especialidade.

Como 2014 é um ano de realização do Congresso Nacional de Geologia, ele teria de merecer especial destaque neste número duplo da MALEO. Ao IX CNG, a ter lugar no Porto em Julho próximo, estará associado o 2º Congresso de Geologia dos Países de Língua Portuguesa, sob a organização conjunta da Universidade do Porto, da SGP e da Sociedade Brasileira de Geologia. Associado ao evento será feito o lançamento da emissão filatélica dedicada ao Ano Internacional da Cristalografia.

Por último, mas não menos importante, é aqui anunciado o lançamento das Olimpíadas Portuguesas de Geologia, na sua primeira edição no ano lectivo 2014/15, da responsabilidade da Sociedade. Estamos absolutamente convictos de que, com esta iniciativa, se estão a construir firmes alicerces para uma grande visibilidade da nossa área científica, particularmente nos jovens dos escalões etários pré-universitários. J. C. Kullberg

FICHA TÉCNICA

Edição e ©copyright: Sociedade Geológica de Portugal Coordenação editorial: José Carlos Kullberg Composição: Bruno Silva e José Carlos Kullberg Colaborações neste número: Alexandre Araújo, António J.

Saraiva, A. Galopim de Carvalho, António Ribeiro, C. Regêncio Macedo, Fernando Barriga, Filomena Diniz, Inês Pereira, J. Xavier de Matos, José Romão; M. Carvalho Gomes, Noel Moreira, Rogério Rocha, Rui Dias

ISSN: 2182-0155 http://www.socgeol.org/publications/8/show

SUMÁRIO

Nota Editorial 1 Sumário 1

Ficha Técnica 1 A propósito...:

IX Congresso Nacional de Geologia / 2º Congresso de Geologia dos Países de Língua Portuguesa

por: R. B. Rocha

2

Olimpíadas Portuguesas da Geologia por: J. C. Kullberg

2

Emissão Filatélica Comemorativa do A.I. Cristalografia por: F. Barriga

3

Short Notes: Arthur Holmes (1890-1965) - No centenário da primeira

datação radiométrica de rochas por: C. Regêncio de Macedo

4

Orlando Ribeiro; Itinerâncias de um geógrafo – Documentário

por: António João Saraiva e Manuel Carvalho Gomes

5

Museu do Quartzo por: A. M. Galopim de Carvalho

7

Carta de Ocorrências Mineiras do Alentejo e Algarve LNEG, Escala: 1/400 000

por: João Xavier Matos

9

A comment on a Carlo Doglioni paper por: António Ribeiro

10

Recensões e apresentações: (1) Colecções e museus de Geologia: missão e gestão

por: Filomena Diniz 13

(2) Livro de Geologia de Portugal por: R. B. Rocha

14

(3) Estórias de Riba-Côa por: R. B. Rocha

15

Aconteceu: 34th International Geological Congress

por: R. B. Rocha 16

46º Congresso Brasileiro de Geologia / 1º Congresso de Geologia dos Países de Língua Portuguesa

por: R. B. Rocha e J. C. Kullberg

17

XXIII Congresso Brasileiro de Paleontologia / 1º Simpósio de Paleontologia Brasil/Portugal

por: R. B. Rocha

20

III Jornadas da Associação Portuguesa de Geólogos por: J. M. Romão

20

9ª Conferência Anual do GGET-SGP; a importância da Cartografia Geológica

por: Noel Moreira, Rui Dias e Alexandre Araújo

21

Congresso Jovens Investigadores em Geociências por: Noel Moreira, Inês Pereira e Rui Dias

22

1st International Congress on Stratigraphy por: R. B. Rocha

23

Próximas reuniões 4th International Palaeontological Congress 24

35th International Geological Congress (2016) 24 Necrologia"

Peter Alfred Ziegler (1928-2013) por: R. B. Rocha

25

Fernando Marques de Almeida (1916-2013) por: R. B. Rocha

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Membros da SGP na IAGETH 26

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particulares, enquadradas nos programas da UJr, nomeadamente, Experimenta no Verão (5º e 6º anos), Oficinas de Verão (7º e 8º anos) e Verão em Projecto (9º, 10º e 11º anos). Estas actividades irão decorrer durante todo o mês de Julho de acordo com o calendário das actividades da UJr.

Para uma aproximação à sociedade em geral irão decorrer, no final dos dias 20 a 24 de Julho, palestras sobre temáticas do interesse da população em geral e dos mais jovens em particular.

Para mais informações sobre os Congressos aceder ao website www.skyros-congressos.com ou contactar através do e-mail [email protected]

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A propósito ...

IX Congresso Nacional de Geologia / 2º Congresso de Geologia dos Países de

Língua Portuguesa Porto, 18-24 de Julho de 2014

R. B. Rocha (DCT/FCT/Univ. Nova. Lisboa e SGP)

O Congresso Nacional de Geologia é a mais importante reunião científica na área das Geociências em Portugal. Este é também o primeiro Congresso Nacional que irá acolher o 2º Congresso de Geologia dos Países de Língua Portuguesa (CoGePLiP). O IX CNG/2º CoGePLiP será organizado pelo Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, de 18 a 24 de julho de 2014, em colaboração com a Sociedade Geológica de Portugal e a Sociedade Brasileira de Geologia..

Os desafios, com que se depara actualmente a Geologia, fazem com que este evento seja subordinado ao tema "Desenvolvimento Sustentável da Terra: Novas Fronteiras". O IX CNG/2º CoGePLiP vai congregar esforços no sentido de promover a participação de especialistas dos países de expressão portuguesa, fomentando o intercâmbio técnico-científico e a troca de competências entre profissionais que desenvolvem a sua actividade na área das Geociências.

As actividades dos Congressos compreenderão: - Sessões científicas (orais e posters) relativos aos

treze temas seleccionados; - Conferências plenárias proferidas por

especialistas convidados; - Saídas de campo; - Cursos e simpósios temáticos. No âmbito do tema referente às Bacias

sedimentares será organizado o 2º Simpósio de Paleontologia Brasil/Portugal, aberto a comunicações sobre todos os grupos fósseis de todas as idades e também a questões de tafonomia, de paleoecologia e de biostratigrafia.

Para além de todo este programa técnico-científico, a Comissão Organizadora irá proporcionar aos estudantes universitários o “Encontro com o Professor”. Trata-se de três encontros informais com um painel de especialistas em temáticas seleccionadas, sendo uma delas dedicada ao “Emprego em Geologia”, dinamizada pela Associação Portuguesa de Geólogos e a participação de responsáveis de empresas que empregam Geólogos. No sentido de se promover a divulgação das Geociências aos estudantes pré-universitários, a Comissão Organizadora irá, em colaboração com a Universidade Júnior da UP (UJr), instalar na FCUP um espaço aberto – Tenda da Geologia Viva - onde as instituições ligadas às Geociências (Centros Ciência Viva, Museus, Geoparques, etc.) vão proporcionar actividades curtas dirigidas a públicos-alvo

Olimpíadas Portuguesas da Geologia

J. C. Kullberg (DCT/FCT/Univ. Nova. Lisboa e SGP)

A Direcção da SGP decidiu, no âmbito do seu

Plano de Actividades, fazer o lançamento dos Olimpíadas Portuguesas de Geologia. Decidiu em boa hora, porquanto era a única área das Ciências Exactas e Experimentais que ainda não tinham esta actividade, onde os alunos do Ensino Básico e Secundário se empenham com grande interesse e entusiasmo.

O historial de Olimpíadas da Geologia a nível internacional (International Earth Science Olympiad - IGEO) é ainda recente mas, também por isso, não se podia adiar mais a possibilidade dos jovens motivados para a Geologia, poderem aceder a um nível de sã competição que estas iniciativas também têm de motivante.

O lançamento oficial será feito durante o IX Congresso Nacional de Geologia (Porto, Julho de 2014) e o Regulamento pode ser consultado na página dedicada à 1ª edição que se realizará no ano lectivo 2014-15; podem concorrer os alunos inscritos no 11º ano, a frequentar a disciplina de Biologia e Geologia.

Foi designado para Coordenador da Comissão Nacional para as Olimpíadas de Geologia (CNOG)o Prof. Jorge Relvas (DG/FC/UL) e a organização conta com o imprescindível apoio de Secretariado do Centro Ciência Viva do Lousal (Contactos: [email protected] / 269750522 / 269750520).

Logotipo aprovado para as Olimpíadas Portuguesas de Geologia

(design de Miguel Ferreira (CCV Lousal)

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Emissão Filatélica Comemorativa do Ano Internacional da Cristalografia

Fernando Barriga (DG/FC/Univ. Lisboa, SGP)

Na sequência de uma iniciativa da Sociedades Científicas ligadas à Cristalografia (SGP, SPM, SPF, SPQ) os CTT aprovaram a proposta de uma emissão filatélica comemorativa. Esta consistirá num conjunto de 5 selos, cada um exemplificando a relação da Cristalografia com cada uma das ciências com ela relacionadas.

O selo referente à SGP mostrará um objecto de Cristalografia Morfológica único no mundo, tanto quanto sabemos: a Rotunda dos Cristais em Castro Verde (Beja). Este monumento representa, um pouco em estilo cornucópia, um fluxo de cristais, com as formas dos principais minerais com interesse económico na mina de Neves-Corvo (e outras na Faixa Piritosa), incluindo calcopirite, esfalerite e galena.

A nossa Sociedade propôs que o lançamento desta colecção filatélica tenha lugar durante a abertura do Congresso Nacional de Geologia, a 21 de Julho de 2014, no Porto. A proposta ficou dependente de exequibilidade técnica.

Nota do Coordenador Editorial: à hora do fecho da redacção, confirma-se o lançamento da emissão para o dia 21 de Julho, pelas 14:00 horas na Biblioteca da FCUP, com a presença de diversas entidades, designadamente o Magnífico Reitor da Universidade do Porto, o Presidente da Direcção da SGP e Presidentes de outras Sociedades Científicas envolvidas na emissão.

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A radioactividade, descoberta em 1896 causou-lhe grande excitação. Em 1904, Ernest Rutherford realizou a primeira datação radiométrica utilizando o hélio como produto do decaimento radioactivo. Infelizmente, e devido ao problema da dificuldade de retenção do hélio, os valores obtidos seriam apenas valores mínimos, tendo A. Holmes decidido combinar os seus interesses em Física e em Geologia para procurar uma técnica alternativa. Assim, e com base nos trabalhos de Bertram Boltwood acerca do decaimento do urânio para chumbo, Holmes realizou a primeira análise de U e de Pb especialmente aplicada a propósitos de datação radiométrica de rochas e materiais geológicos, tendo obtido o valor de 340 Ma para uma rocha do Devónico. Com apenas 21 anos empreendeu o seu principal propósito e estabeleceu uma coluna geológica com uma cada vez mais precisa escala temporal.

O artigo em que publicou a idade da rocha devónica foi lido pelos membros da Royal Society em Abril de 1911, quando se encontrava em Moçambique prospectando minerais.

Em Moçambique, após seis meses de prospecções infrutíferas, chegou a anunciar-se a sua morte por ter adoecido com malária. Após a sua recuperação regressou a Inglaterra. Nessa altura pediu a outros geólogos, como duToit e Sederholm, materiais para datação, pois “os meus objectivos principais são o estabelecimento de uma tabela geológica cronológica e a correlação de várias formações pré-câmbricas de vários locais do planeta”.

Como investigador no Imperial College, Holmes iniciou-se na jovem ciência da geocronologia. Os progressos eram muito lentos pois havia grande dificuldade na determinação dos diferentes isótopos de chumbo, descobertos em 1913.

Seguiu-se a publicação do seu famoso livro The Age of the Earth (1913) onde apresentou a sua estimativa da idade da Terra como sendo de 1 600 Ma, o que motivou grande discussão com outros geólogos que admitiam a idade da Terra como sendo de 100 Ma, o que já consideravam formidável.

Em 1920 seguiu para Burma como geólogo chefe de uma companhia petrolífera, donde regressou em 1922.

Se, com os seus trabalhos de geocronologia, conseguiu que os cálculos da idade da Terra fossem aceites, mesmo pelos geólogos mais conservadores, iniciou um outro debate com a aceitação da teoria da deriva continental. Se muitos dos geólogos europeus aceitavam as evidências geológicas que suportavam a teoria, a maioria era incapaz de o fazer, pela não compreensão de como os continentes se moviam. Holmes, no entanto, foi um dos poucos que aceitaram a teoria de Alfred Wegener.

Os seus trabalhos em radioactividade, tempo geológico e petrogénese levaram a que tivesse um profundo conhecimento dos processos que ocorrem no interior da Terra. Consequentemente, foi o primeiro a propor que o movimento imensamente lento das correntes de convecção do manto originava a fractura dos continentes, a formação dos fundos oceânicos, a assimilação crostal e a deriva continental (Fig. 2).

Short Notes

Arthur Holmes (1890-1965)

No centenário da primeira datação radiométrica de rochas

C. Regêncio Macedo (Universidade de Coimbra)

Fig. 1 -Sir Arthur Holmes aos c. 22 anos. Fonte: Wikipedia

Na passagem dos cem anos da primeira datação radiométrica de rochas é imperioso e inteiramente justo que se preste a devida homenagem ao eminente geólogo que a formalizou, Arthur Holmes em 1911, baseando-se na descoberta de o chumbo ser o produto final do decaimento radioactivo do urânio, feita por Boltwood em 1903 (Fig. 1).

Arthur Holmes nasceu a 14 de Janeiro de 1890 em Gateshead, região industrial no Nordeste de Inglaterra. Desde criança revelou grande inteligência e perspicácia. Com a idade de 15 anos ganhou a medalha de 1ª classe nos exames de Certificado escolar do 6º ano. Aos 17 anos ganhou uma bolsa de estudo para estudar Física no Royal College of Science (mais tarde Imperial College) em Londres onde, no segundo ano, decidiu inscrever-se em Geologia e, contrariando os conselhos do seu supervisor em Física, decidiu ser geólogo.

A. Holmes, desde muito novo, sempre se interrogou sobre a idade da criação da Terra ser de 4 004 anos a.C., como era citado nos estudos e documentos bíblicos, tendo escrito que “Estava intrigado pelo segundo algarismo 4. Por que não um arredondamento interessante para 4 000 anos? E porquê uma data tão recente? E como poderia alguém saber?”. Esta última questão foi-lhe despertada por, no início do século XX, não haver uma escala cronológica numérica e a “idade da Terra” estar no auge da controvérsia. O físico Lorde Kelvin tinha calculado a idade da Terra em cerca de 20 milhões de anos (Ma), a maioria dos geólogos atribuía essa idade de, pelo menos 100 Ma, enquanto os dogmas religiosos atribuíam somente a idade de 6 000 anos.

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Durante a II Grande Guerra Mundial escreveu o seu livro Principles of Physical Geology com um capítulo final sobre a deriva continental. Foi publicado em 1944, quando era Professor Regius na Universidade de Edimburgo.

Holmes continuou com os seus trabalhos sobre a idade da Terra, sobre o estabelecimento da tabela geológica cronológica e sobre o Pré-câmbrico e a geologia de África. As suas últimas datações da idade da Terra (4 500 ± 100 Ma) foram baseadas nas determinações da abundância relativa dos isótopos de urânio por Alfred O. C. Nier.

Antes do seu falecimento, em 20 de Setembro de 1965, teve conhecimento da elaboração da teoria da tectónica de placas com a proposição do movimento dos fundos oceânicos o que validava as suas teorias até aí esquecidas.

Das muitas homenagens que teve o mérito de receber, registe-se a atribuição das medalhas Wollaston pela Sociedade Geológica de Londres e Penrose pela Sociedade Geológica da América, ambas em 1956, e do prémio Vetlesen em 1964.

Também em sua homenagem foi criada a Medalha Arthur Holmes pela União Europeia de Geociências e o seu nome foi atribuído a uma das crateras de impacto em Marte e ao Laboratório de Geologia do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Durham. ■

Orlando Ribeiro; Itinerâncias de um geógrafo. Documentário

No centenário da primeira datação radiométrica de rochas

António João Saraiva 1 e Manuel Carvalho Gomes 1 1 Geógrafo, doutor em Antropologia Visual

1 Geógrafo, doutor em Ensino da Geografia; Investigador no CEG/IGOT/UL

Palavras-chave: Orlando Ribeiro; Geografia; Itinerâncias; Documentário

Aprender alguma coisa, ensinar outra e fazer algum bem.

Orlando Ribeiro Com realização e autoria de António João Saraiva

e Manuel Carvalho Gomes, o documentário “Orlando Ribeiro, Itinerâncias de um Geógrafo” comemora o centenário do nascimento de Orlando Ribeiro (1911-1997), reavivando a memória deste geógrafo e da sua obra científica e humanista de grande valor para a cultura lusófona. Uma obra construída a partir de um grande amor pelas paisagens e pelas pessoas que as construíram e nelas habitam.

Este documentário surge pela iniciativa de dois geógrafos que não tendo sido discípulos de Orlando Ribeiro, pertencem a uma geração marcada pelas suas obras e pela sua escrita e que perante a efeméride do centenário do seu nascimento se envolveram na realização deste documentário.

Para Orlando Ribeiro a Geografia, é acima de tudo uma ciência que parte da observação, do trabalho de campo e do contacto com as pessoas. As viagens de estudo e a observação eram o pilar da Geografia que fazia e ensinava. O “Olho da

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Fonte: "Radioactivity and earth movements" (Transactions of the Geological Society of Glasgow, 1929)

Fonte: Modelo de rifting de A. Holmes in "Radioactivity and earth movements" (Transactions of the Geological Society of Glasgow, 1929)

1 Realizador de filmes documentais, herdeiro da tradição geográfica de utilização das imagens e dos sons, nos trabalhos de campo. 1 Investigador dedicado às questões da educação nos domínios do ambiente e do desenvolvimento sustentável domínios do ambiente e do desenvolvimento sustentável.

Fig. 2

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Geografia”, que uma aluna desenhou a seu pedido, colocado em lugar de destaque na sua sala de aulas, relembrava aos estudantes a importância da observação.

A licenciatura em cinco anos que fundou e planificou previa que os alunos durante a sua formação visitassem o território português. Em cada ano uma região diferente. A importância que dava às viagens pode ser ilustrada com o aviso muito esclarecedor que colocava no departamento: “as viagens de estudo não são obrigatórias, mas é obrigatório o que nelas se aprende”. Orlando Ribeiro é um Homem de Viagens que considerava o terreno o laboratório natural da Geografia. Partia para estas viagens sempre acompanhado pela câmara fotográfica, um instrumento de trabalho tão precioso para a sua investigação como o microscópio era para os biólogos.

Antropologia foi pioneira no registo de imagens enquanto método de pesquisa. De referir, no entanto, que o interesse pelo registo de imagens do mundo não foi apenas dos antropólogos. Em Paris, no Collège de France, no início do século XX, com o apoio do Banqueiro Albert Khan, foi financiada, a disciplina de Geografia Humana, uma área recente da Geografia e criado o primeiro arquivo fotográfico e cinematográfico “Les Arquives de la Planète”. Jean Brunhes, especialista em Geografia Humana, foi em 1909, chamado a coordenar este ambicioso projeto. Tal movimento teve expressão em Portugal pela mão de Orlando Ribeiro, grande renovador da Geografia no Portugal do século XX, passando a usar de uma forma sistemática as imagens nos seus cadernos de campo. Em Paris, onde foi leitor e onde prosseguiu os estudos no Collège de France, compra a sua primeira câmara Leica com a qual irá realizar milhares de fotografias, um extenso arquivo fotográfico de grande valor documental e científico.

Conservou a Leica ao longo da vida. Ficou tão contente com esta compra que escreveu ao mestre, Leite de Vasconcellos: "Comprei uma máquina Leica, que me custou chorudos um conto e oitocentos mas que faz tudo o que é preciso e só tem o inconveniente de tornar as excursões mais caras. Era, porém, um traste indispensável...”

Esta tradição fez escola e muitos discípulos de Orlando Ribeiro vieram a dedicar especial atenção à utilização das imagens nos seus trabalhos de campo A máquina fotográfica e um par de botas rústicas faziam parte do equipamento básico obrigatório de Orlando Ribeiro para as inúmeras saídas de campo. A fotografia foi fundamentalmente um instrumento de trabalho, destinado a produzir documentos para a interpretação científica. As fotografias tal como os cadernos de campo e os muitos desenhos que os acompanhavam são registos de observação do território, com vista à sua compreensão e interpretação.

As imagens fotográficas de Orlando Ribeiro são como a sua escrita, sinceras, autenticas, verdadeiras, como refere Tereza Siza (Finisterra 1994). O valioso espólio fotográfico que nos deixou foi fundamental e acompanhou-nos desde a fase de pesquisa e organização do guião até à fase final de montagem. Contámos, para isso, com o apoio inexcedível de João Ribeiro, seu neto e de Rute Vieira, do arquivo fotográfico do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa.

Quando desenhamos o guião, e gostaríamos de aqui deixar um agradecimento especial ao Prof. João Garcia pela sua colaboração nesta fase do trabalho, pareceu-nos obrigatório que o filme fosse ele próprio, uma viagem. Uma viagem pelos lugares que Orlando Ribeiro percorreu e dos quais nos deixou para além dos cadernos de campo, muitas fotografias e alguns filmes. Uma itinerância pelos territórios que marcaram a sua vida do Geógrafo e pelos registos que dela resultaram, tarefas que fez com afinco e com uma dedicação absoluta. O excerto de uma carta dirigida ao seu Mestre Leite de Vasconcelos permite compreender os limites desta dedicação: “... estive 8 dias no alto da Serra da Estrela a dormir debaixo de uma fraga, deixei lá a pele mas trouxe muito material...”.

A sua casa em Vale de Lobos que partilhava com Suzanne Daveau, sua companheira de vida, de viagens e de investigação, foi o porto de partida e de chegada entre as várias saídas efetuadas. É na casa que o filme se inicia e a ela voltamos sempre após cada viagem. Algumas conversas com Suzanne Daveau deu-nos a compreender que ali estava não apenas Portugal mas muitas memórias de todas as suas itinerâncias. Um zambujeiro no quintal, que tinha vindo da serra algarvia, uma figueira oferecida por um discípulo, livros, muitos livros, mapas, fotografias, enfim, memórias de uma vida. Duarte Belo, fotografou Portugal, inspirado pela escrita de Orlando Ribeiro, e descreve assim a atmosfera que sentiu nesta casa: “Quando pela primeira vez entrei naquela casa em Vale de Lobos, num encontro marcado com Suzanne Daveau, sentira um grande fascínio. Tinha recentemente passado cerca de dois anos a percorrer este território em recolhas fotográficas para o projeto Portugal — o Sabor da Terra, que desenvolvi com José Mattoso e Suzanne Daveau. Era agora assaltado por um sentimento de estranha ambiguidade. Parecia que, de um relance, ali encontrava Portugal inteiro, todos os seus lugares além de outros espaços longínquos.”

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Ver o documentário completo no Youtube (clicar na imagem)

Para transmitir a atmosfera da casa e do quintal que a envolve, “estacionámos”, na entrada da garagem a Renault 4L que o casal Ribeiro usava, sempre esperando por mais uma viagem.

Desta vez não nos levou à Beira Baixa um destino muito frequente, mas às belas e próximas paisagens da Arrábida com que Orlando Ribeiro gostava de encantar e de se encantar. Foi aqui que partilhou a sua primeira viagem com Suzanne Daveau que recorda ainda essa viagem: “Vou-lhe fazer uma confidência. Quando cheguei a Portugal pela primeira vez, para me encontrar com o Orlando, que tinha encontrado antes na Suécia, fomos à Arrábida. Isso é simbólico.“

Também no filme, depois de visitarmos a moradia de Vale de Lobos, em Sintra, cheia de livros, ao som da muito amada música de Anton Bruckner, é para a Arrábida que seguimos, onde Orlando Ribeiro ia sempre que as suas disponibilidades o permitiam. “Já estou em Lisboa e quero aproveitar este restinho de férias para fazer uma excursão à arrábida.”

Na casa de Vale de Lobos, guiados por Suzanne Daveau, passamos algumas animadas tardes e sempre com renovados motivos de interesse.

Sendo a Geografia uma ciência que se ocupa do espaço pareceu-nos obrigatório que o documentário fosse ele próprio uma viagem. Uma viagem que vai ao encontro dos territórios e, dos lugares e das pessoas que o mestre ajudou a compreender e a amar. A Arrábida, a Beira Baixa, com uma extensão a Salamanca, o Douro, a Iilha da Madeira, os Capelinhos, a Ilha do Fogo...

Na viagem proposta, somos acompanhados pelos belíssimos textos, narrados na primeira pessoa, e por depoimentos de familiares, amigos, discípulos e companheiros das suas itinerâncias.

Para divulgar a obra de Orlando Ribeiro, marcadamente científica, sempre humanista e profundamente inspiradora, contámos para este documentário com o apoio da RTP2 e da Agência Ciência Viva, sendo a sua produtora a B’Lizzard. ■

MUSEU DO QUARTZO A. M. Galopim de Carvalho (Universidade de Lisboa)

Com a presença do Ministro da Educação e

Ciência, Prof. Nuno Crato, o Museu do Quartzo, em Viseu, abriu ao público no dia 30 de Abril de 2012.

Vista exterior do Museu do Quartzo

Nos arredores da bela cidade de Viseu, mais propriamente na freguesia do Campo, o Monte de Santa Luzia eleva-se cento e poucos metros acima da superfície planáltica que o rodeia. A geomorfologia ensina-nos que este elemento da paisagem é fruto da existência de um possante filão de quartzo, com várias dezenas de metros de espessura, observável na pedreira ali abandonada há um quarto de século. Trata-se, pois, de um relevo residual suportado pela maior dureza do quartzo e pela sua maior resistência à meteorização, relativamente ao granito que atravessa.

A recuperação deste sítio como um local a valorizar e preservar, decorre não só da grandiosidade e espectacularidade da dita pedreira, como também da grande importância mineralógica e geológica do quartzo, do seu elevado número de variedades e da invulgar diversidade das suas aplicações como matéria-prima, nas mais variadas indústrias e tecnologias.

A exploração do quartzo neste local, entre 1961 e 1986, pela “Companhia Portuguesa de Fornos Eléctricos”, de Canas de Senhorim, teve como resultado um enorme rasgão na paisagem, então considerado um elemento altamente negativo em termos de impacto ambiental. Desta actividade extractiva ficou-nos, como é costume entre nós, um escarpado rochoso que contrasta com a densa arborização envolvente e uma imensa cratera cheia de água estagnada, aspectos que se mantiveram desde que ali terminou a lavra, sem que o agente económico tivesse procedido a quaisquer trabalhos de requalificação.

A meados dos anos 90 do século passado e a solicitação do Dr. Américo Nunes vereador da cultura, concebi e propus à Autarquia, em nome do Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa, um projecto de musealização desta ocorrência como local de interesse geológico e mineralógico a recuperar, conservar e valorizar como geomonumento ou geossítio.

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Quartzo com hematite do Monte de Santa Luzia (Viseu)

À semelhança de uma “janela aberta” para o interior da crosta, este rasgão na paisagem permite observar diversas e interessantes particularidades geológicas e mineralógicas deste tipo de acidente geológico. Na óptica da preservação e valorização do nosso património natural, o referido escarpado tem o mérito de chamar a atenção para um dos mais volumosos e possantes filões de quartzo leitoso, de entre os muitos que atravessam o substrato do território nacional, como exemplo de importante actividade hidrotermal residual, afectando granitos do final da era paleozóica, com cerca de 280 milhões de anos. Associado a esta ocorrência propus, então, a criação de um pequeno museu inteiramente dedicado ao quartzo, algo de inédito na museografia mundial.

Ao abraçar esta proposta de musealização, a autarquia visou recuperar o que resta de uma exploração caótica abandonada, aceitando este sítio como um pólo científico e pedagógico da Universidade de Lisboa (protocolo assinado entre o Museu Nacional de História Natural e a Câmara Municipal de Viseu, em 14 de Outubro de1997), com grandes potencialidades culturais e, também, naturalmente, turísticas.

O conjunto do Monte de Santa Luzia, cujo projecto de arquitectura, da autoria do Arquitecto Mário Moutinho, foi galardoado, em 1997, com o Prémio Nacional do Ambiente (Autarquias). Inclui a pedreira e o seu escarpado devidamente valorizado, dispõe de um percurso pedonal a ser criteriosamente apoiado em painéis explicativos e completa-se com o Museu do Quartzo.

A minha aposentação como director do Museu Nacional de História Natural, em 2003, levou à nomeação, para o mesmo cargo, do Prof. Doutor Fernando Barriga, da Faculdade de Ciências de Lisboa. Este projecto, foi por ele aceite de imediato, tendo beneficiado da modernidade do seu saber como professor catedrático de mineralogia, interessado na moderna museologia desta área científica e profundo conhecedor das novas tecnologias expositivas, experimentais e interactivas aplicadas a esta vertente pedagógica.

Nos últimos anos foi nossa interlocutora, nas múltiplas tarefas e contactos relacionados com a concretização da obra, a Engª Susana Andrade a quem é devida uma palavra de louvor pelo trabalho que realizou.

A concretização em termos museográficos dos equipamentos e materiais em exposição esteve a cargo de Jaime Anahory, da YDream, tendo por base um guião concebido por mim e pelo meu colega Fernando Barriga, com a colaboração de Rui Galopim de Carvalho, na qualidade de gemólogo.

Essencial na composição dos granitos e de algumas outras rochas, o quartzo é um dos minerais mais característicos e abundantes, ao nível dos continentes, onde ocupa a segunda posição, com cerca de 16%, logo a seguir aos feldspatos (60%) e entre mais de três mil e quinhentas espécies conhecidas.

Pela sua abundância, diversidade e características químicas (grande resistência aos processos de meteorização) e físicas (elevada dureza

e tipo de fractura, diafaneidade, cor, brilho e outras), o quartzo é uma das mais importantes matérias-primas da sociedade industrial. Acompanhou a história do Homem, desde a Idade da Pedra aos dias de hoje, como uma das mais procuradas matérias-primas. Estas potencialidades fazem deste mineral um importante recurso nas indústrias do presente (com destaque, entre outras, para a fundição, a cerâmica, a vidraria, a cristalaria, a óptica, a química, a medicina reconstrutiva, a electrónica, a relojoaria e a joalharia) e com imensas perspectivas nas tecnologias do futuro.

A abertura ao público do Museu do Quartzo, edificado junto à escarpa da pedreira abandonada, no Monte de Santa Luzia, é hoje, felizmente, uma realidade fruto de uma estreita colaboração entre a Câmara local e o Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa.

Concebido para, numa primeira fase, de âmbito local, servir as escolas da região e divulgar conhecimentos entre o cidadão comum, este museu reunirá uma representação significativa de exemplares desta espécie mineral (nas suas múltiplas variedades) e das suas numerosas aplicações industriais e artísticas, a par de equipamentos interactivos adequados e de oficinas pedagógicas.

A médio prazo, numa segunda fase, de âmbito nacional, aspira-se a uma colaboração activa com as universidades e as empresas interessadas no quartzo como matéria-prima nas mais variadas tecnologias. Na eventualidade de previsível sucesso deste embrião do saber, e se as entidades competentes (a autarquia e/ou o poder central) assim o entenderem e apoiarem, esta estrutura, por enquanto meramente pedagógica, poderá e deverá evoluir numa terceira fase para um centro de investigação científica e tecnológica em torno desta temática, a nível internacional, domínio amplamente justificável e, por si só, susceptível de atrair patrocínios por parte de grandes empresas interessadas nesta investigação, como são, por exemplo, as da relojoaria.

Todos sabemos que não basta criar uma estrutura como esta que hoje inauguramos. É absolutamente necessário mantê-la e fazê-la crescer em qualidade e, também, em quantidade. Para tal há que continuar a dispor do aconselhamento científico e pedagógico do Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa, previsto no referido protocolo. Numa perspectiva de futuro, será fundamental criar uma

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Quartzo leitoso do Monte de Santa Luzia (Viseu)

Carta de Ocorrências Mineiras do Alentejo e Algarve

LNEG, Escala: 1/400 000

João Xavier Matos (Laboratório Nacional de Energia e Geologia)

Apresentação Com uma história mineira muito diversificada,

desenvolvida desde a Era Romana, o sul de Portugal apresenta inúmeras áreas mineiras distribuídas entre as zonas Sul Portuguesa e Ossa Morena. A principal região metalífera, a Faixa Piritosa Ibérica (FPI), tem sido estudada no âmbito do projeto Atlanterra, financiado pelo programa Interreg Espaço Atlântico, dedicado à valorização do património geológico e mineiro da FPI. Com o apoio de parceiros regionais o LNEG tem promovido a caracterização de geossítios e a implementação de circuitos temáticos nas minas de São Domingos, Aljustrel e Lousal. Brochuras técnicas promovem a FPI como a Rota da Pirite, alargando-se o território aos concelhos de Castro Verde, Almodôvar e Odemira.

Num contexto mais amplo, e com apoio do Atlanterra, o LNEG promove o potencial metalogenético do sul de Portugal. A partir da informação geológica e mineira disponível nas suas bases de dados o Laboratório apresenta a Carta de Ocorrências Mineiras do Alentejo e Algarve na escala 1/400 000. Sobre um fundo geológico simplificado, adaptado da Carta Geológica de Portugal 1:1 000 000 (LNEG 2010), indicam-se 650 ocorrências mineiras referentes a minas em atividade, minas abandonadas e/ou em fase de fecho e estruturas mineralizadas ainda em fase de pesquisa. Para cada caso é indicado tipo de recurso, a dimensão da ocorrência e o ano de descoberta ou início de mineração. O mapa contempla também 1400 sondagens de prospeção, realizadas desde 1948 e indicadas por classes de profundidade (até 1888 m).

Mantendo a necessária confidencialidade da informação, perante os contratos de pesquisa em vigor, o mapa expõe em escala regional os principais alvos mineiros da região sul do país, contribuindo para uma visão ampla do seu potencial em recursos metálicos e energéticos. Salientam-se as seguintes regiões metalíferas, que ocupam diferentes sectores das zonas Centro Ibérica, Ossa-Morena, Sul Portuguesa e orlas mesozoicas, indicadas de norte para sul:

- Região Uranífera do Alto Alentejo - U; - Faixa de Arronches/Campo Maior, incluindo a Faixa Blastomilonítica Tomar/Córdova – Au(-As), Cu (Pb); - Faixa de Alter do Chão/Elvas – Zn-Pb, Cr, Ni-Cu-(Co), Cu, Fe(-V) e Ni-Cu-Co-(EGPt, Au), Sn-(W-F); - Faixa de Sousel/Barrancos – Cu-(Au); - Faixa de Arraiolos/Santo Aleixo – Cu;

estrutura do tipo de um conselho científico/pedagógico, integrando elementos das escolas, das universidades, de outros museus e de centros de ciência, que garantam aos decisores autárquicos o suporte necessário a fazer deste Museu a instituição de referência que todos aspiramos.

Será necessário proporcionar-lhe condições materiais que lhe permitam aceder a locais referenciados, no território nacional, como jazidas ou simples ocorrência de quartzo e relacionar-se com entidades envolvidas neste sector da actividade industrial e comercial. Sendo as Feiras de Minerais a via mais fácil e económica de adquirir bons e raros exemplares, será necessário começar a frequentar estes certames quer no país quer no estrangeiro.

Para tudo isto, todos sabemos que é preciso financiamento e neste momento o que mais abunda entre nós é falta dinheiro. É, pois, preciso procurá-lo. Há que explorar a possibilidade de recurso a patrocínios por parte do sector industrial. Num empreendimento desta natureza, a projectar internacionalmente, que tem o quartzo por motivo central, não será difícil encontrar um ou mais patrocinadores.

Desejo deixar aqui uma palavra de agradecimento ao Doutor Robert Gayt, do Royal Ontario Museum, de Toronto, mineralogista e cristalógrafo de prestígio internacional no estudo do quartzo, e ao Senhor Luís Teixeira Leite, mineralogista amador e coleccionador pela ajudas que me deram na fase de arranque deste projecto. A terminar, não posso deixar de louvar a autarquia viseense, nas pessoas do seu presidente, Dr. Fernando Ruas, e do seu vice-presidente, Dr. Américo Nunes, com quem trabalhei directamente todos estes anos, pelo invulgar interesse que puseram neste projecto, vencendo as mais diversas dificuldades e permitindo a concretização de um sonho.

Lisboa, 1 de Junho de 2012 ■

A Newsletter MALEO é feita para si; colabore e divulgue-a

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- Faixa de Montemor-O-Novo/Ficalho – Fe, Zn-Pb-(Ag-Sb-Au), Au-As-Bi, Sb; - Faixa de S. Cristóvão/Beja/Serpa – Fe-Ti-V, Ni-(Cu), Cu-(Ag-Au), Sb-Cu-(As-Au); - Faixa de Ferreira do Alentejo/Mombeja/Beja – Cr, Ni-Cu-(Co), Cu; - Faixa Piritosa Ibérica – Cu, Zn, Pb, Ag, Au, Sn, Mn, Sb, Ba; - Sequências Mesozóicas – Cu. O manifesto interesse da Faixa Piritosa Ibérica,

enquanto principal região mineira do sudoeste europeu, com mineração ativa em Neves Corvo e Aljustrel (Portugal) e em Las Cruces e Aguas Teñidas (Espanha), impeliu o LNEG a realizar uma reavaliação do potencial mineiro de toda a região Sul. O Laboratório reassume assim o objetivo de apoiar a indústria extrativa, facilitando o investimento e a planificação das campanhas de prospeção de minerais metálicos e energéticos.

Este instrumento, produzido a partir de uma atualização do conhecimento existente sobre a região e à luz dos conceitos e modelos atuais, tem também importância assinalável para a investigação de vários tipos de mineralizações, com grande potencial metalífero. O mapa de ocorrências mineiras é também essencial para o Ordenamento do Território, contribuindo para a definição da competitividade dos seus diferentes usufrutos e valorização da componente geológica e mineira. Mais informação em: http://www.lneg.pt/download/7904/Carta%20de%20Ocorr%EAncias%20Mineiras%20do%20Alentejo%20e%20Algarve%20-%20ESCALA%201.400%20000%20%28LNEG%202013%20-%20vs%20DIGITAL%20SECURED%29.pdf www.lneg.pt, www.geoportal.lneg.pt

Adaptado de: V. Oliveira 1986, Tornos et al. 2006, T. Oliveira et al. 2013, Mateus et al. 2013, in Matos e Filipe 2013

Carta de Ocorrências Mineiras do Alentejo e Algarve à escala 1:400 000 Edição 2013, LNEG/ATLANTERRA, Lisboa. ISBN: 978-989-675-030-5 ISBN: 978-989-675-029-9 (versão digital) Coordenação: João Xavier Matos e Augusto Filipe Colaboração: Daniel Oliveira, Carlos Inverno, Carlos Rosa, Maria João Batista, Zélia Pereira, Rute Salgueiro e Teresa Cunha

Design gráfico: Filipe Barreira

I was asked by my colleague Rogério Rocha, President of the Board of S. G. P. to comment the paper by Carlo Doglioni (2014) “Asymmetric Earth: mechanism of plate tectonics and earthquakes” (https://www.academia.edu/7099843/Asymmetric_Earth_mechanisms_of_plate_tectonics_and_earthquakes). Therefore I assume that the reader is familiar with the themes addressed in the paper to avoid duplication and keep the comment at a reasonable length and focused on discussion of controversial topics.

I consider two main subjects of discussion. One is the well known idea that there is an influence of Earth rotation on global plate kinematics (Doglioni generalized model on DGM); it proposes a westward drift of a Lithosphere of variable thickness and composition, partially decoupled from a deeper

reference level with top on the boundary with the Astenosphere; this drift follow a general trend materialized by a Tectonic Equator displaced relating to the present Equator; this is supported by the persistence of a global plate kinematics trend when compared with present movements measured by satellite geodesy with a variety of methods giving convergent results in precision and accuracy. This DGM model explains the well established W versus E asymmetries in global kinematics and the underlying geodynamics of the Lithosphere-Astenosphere system. The author discusses then the convergence of the duration of precession of Earth Rotation pole and the cyclic variation of geometric obliquity of the “Tectonic Equator” relative to the geometric (true) Equator as base of the DGM.

From this model Doglioni infers a weaker Lithosphere than admitted in standard rigid Plate Tectonics; even if the proposed rheology contrast with the underlying Lithosphere is valid in general terms, we can anticipate that there is still a margin for progress in the nature and tested calibration of deformation mechanisms and regimes that will eventually reproduce the same results in the future.

A comment on a Carlo Doglioni paper António Ribeiro (GeoFCUL, IDL, Muhnac – Lisbon Univ.)

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(Fig. in Doglioni 2014, courtesy of Memorie di Scienze Fisiche e Naturali)

Fig. 1. The direction of plate motions across the six major plate boundaries of the Earth (1, Indian ridge; 2, Alpine-Himalayan-Indonesia subduction zones; 3, Western Pacific subduction zone; 4, East Pacific Rise; 5, Andean subduction zone; 6, Mid-Atlantic ridge) shows that lithospheric plates moved along a mainstream which can be summarized by its "tectonic equator". This flow appears persistent both in the geologic past (left) and the present day motions visible on the GPS Nasa data base (right). s

The DGM is also supported by the consideration of the reference level furnished by Hot-Spots (HS) if, as claimed by some authors these are real, their source is located, at least for some of them, below the decoupling level corresponding to the Lithosphere – Astenosphere boundary expressed as a “Low-Velocity Zone”; this LVZ decoupling level is caused by partial melting producing large amounts of fluids or by potentially higher temperatures predicted if the Lower mantle is less convective than the upper mantle or by both.

Therefore if the source layer responsible for these deeper HS is below the decoupled layer the net rotation angular velocity can be estimated by migration in time of the age of each hot spot along its track for each type; but if the HS source is located inside the Astenosphere for the shallow types the absolute angular velocity rotation recorded by volcanic tracks is underestimated; the net rotation of lithosphere must be much faster and only accurately detected by HS of deeper origin; this would explain why the Maxwell relaxation time of the Lithosphere would be much larger than the duration of precession cycle, with a stronger Lithosphere and a greater contrast with the estimated viscosity of the asthenosphere; this version of the theory would be in better agreement with what we infer from vertical rheology profiles estimated for the LS-AS system in different geodynamic settings. Nevertheless there is a large spectrum of time dependent processes in this system, from impact cratering in the fast side via seismic failure, earthtides, core motions, glacial rebound, intraplate strain accumulation, Plate Tectonics to Mantle convection on the very slow side, by many orders of magnitude. The relaxation time for each process is variable depending on thermodynamics and chemical conditions that are very heterogeneous; they can combine their effects by

feedback processes. Finally we trust not exclude the possibility of discovery of unknown rates. Rapidly evolving models have introduced new approaches when we dig deeper in data acquisition, experiment and new theoretical concepts. In the last year our views on geodynamics of the entire Planet have changed radically in breadth and depth and very lively debates leading to mutually excluding models have been advanced and are expected to continue for a long time.

Besides that the DGM model implies for Doglioni a Top-Down geodynamic regime; for other authors, including myself, a Bottom-Up regime is not incompatible with the DGM model if the Astenosphere drags the Lithosphere in a Planet dominated by main active convection mode, even if some secondary

(Fig. in Doglioni 2014, courtesy of Memorie di Scienze Fisiche e Naturali)

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considering the entire role of the kinematics of the Sun-Earth-Moon system in global geodynamics are very important contributions to those subjects, the main topics of this paper.

Doglioni’s approach covers a large spectrum of geodynamic processes with a mechanically coherent support. Nevertyheless the history of geodynamics show us that we can establish a framework of coherent kinematic behavior at various scales, even if concerning the driving mechanism of global geodynamics, in general, and Plate Tectonics, in particular, much remains to be known. Our theories are the subject of active discussion because they are still incomplete, both from the qualitative and quantitative points of view. We still have much progress to achieve in many aspects concerning both critical themes and multiple models that should contribute to a more complete and global understanding of geodynamics. The main obstacle to their path is the complexity of the basic Matematics, Physic and Chemistry of a convective, unsteady and partially chaotic Planet and must be deal with; another difficulty resides in fact that our knowledge of the Planet Interior is indirect and there is inaccessibility even by indirect methods large domains for the Earth Interior inferences from comparative Planetology should be combined with direct evidence from meteorites and inclusions in diamonds that sample all levels of the mantle from the core to the near surface; experimental petrogeochemistry and rock physics can always surprise us with unpredicted processes at all scales, some issued from modern theoretical development based in Particle, Physics and Quantum mechanics; finally we must recognize that the present state of the Earth is a consequence of an historical component, both cyclic and sagittal, that we still have difficulties in reconstruct as we plunge deeper in the past. Doglioni must be acknowledged by facing style that can only stimulate our own perspective, even if we recognize that we are very far from the end of progress in geodynamics.

We acknowledge Rogério Rocha for this opportunity to discuss for large audience this central and lively theme in geodynamics.

(clicar)

(Fig. in Doglioni 2014, courtesy of Memorie di Scienze Fisiche e

Naturali)

passive components are also present. The second aspect discussed by Doglioni that we name the special Doglioni mode (SDM) concerns the superposition of two processes namely the primary effect of Earth Rotation on the vertical component the secondary tidal effect; this is due to the misalignment of the excess of the Earth’s bulge with respect to Earth-Moon gravitational alignment; this refined model, although considered in theory in the last decades is still a subject of debate; in fact the stresses involved are very low but could be the minimal input that pushes the system from a stable to unstable regime near a bifurcation mode; the slight oscillation induced by earth tides should trigger two effects: firstly in active faults near rupture a correlation of high tides with earthquakes with focal mechanisms in compression by minimal stress loading and a secondly a correlation of low tides with earthquakes with focal mechanisms in tension by minimal stress unloading; the validation of this correlation requires a very fine statistical analysis due to the high non-linearity of critical processes ever if they are weakly chaotic, which should be the case for seismogenesis.

In fact the frequency and magnitude of both types of earthquakes is not symmetric; a first cause is due to the fact that the schizosphere is stonger in compression than in tension; therefore convergent plate boundaries liberate much more energy than divergent ones, by well known reasons (depth versus length of rupture areas in both cases). A second cause is due to the effects of complex behavior of fluids active faults and only known in very general terms. Triggered, self-triggered and induced earthquakes by static and dynamic stress changes will introduce additional complexity in the search for statistical correlations in a high dimensional multiparameter phase space configuration. Nevertheless this line of research should be actively pursued both as a pure theoretical goal and as a possible tool in earthquake prediction with significant practical consequences.

We conclude that both the general Doglioni Model (GDM) and its refinement (SDM) now proposed by

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Recensões e apresentações

(1) Colecções e museus de Geologia: missão e gestão

Filomena Diniz (MNHN, Universidade de Lisboa, SGP)

Ficha Técnica Autores: Vários Copyright: Abril de 2010; ISBN 978-989-96564-0-6 Editores: José M. Brandão, Pedro M. Callapez, Octávio Mateus, Paulo Castro Estrutura: Parte I, com 27 comunicações, pp.15-237; Parte II, com 22 comunicações, pp. 241-391.

A Conferência Internacional “Colecções e museus

de Geociências: missão e gestão”, organizada pelo Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência e pelo Museu Mineralógico e Geológico da Universidade de Coimbra, reuniu no ano de 2009, em Coimbra, especialistas da área ibero-americana, com o objectivo de reflectir e debater aspectos relacionados com esta temática.

A obra em apreço integra um leque diversificado de trabalhos reveladores de preocupações e linhas de pensamento diferentes, que abrangem no essencial três vertentes: compreensão do papel dos museus no contexto sociológico; perfil de especialistas de reconhecida actividade no âmbito das Ciências da Terra; importância das colecções numa perspectiva educacional, científica e cultural.

Para além da especificidade das comunicações apresentadas importa focar o aspecto integralista.

Os artefactos naturais, não devem ser dissociados dos ambientes em que se formaram; do entrosamento dos ecossistemas resulta um complexo painel interactivo em constante evolução. Cada testemunho independentemente da sua escala (mega ou nano) ocupa um lugar próprio. Tudo o que a Natureza exibe ou estando oculto nos cumpre descobrir, os passos na descodificação ou mesmo desencriptação dos processos e mecanismos, são essenciais para a compreensão da história do Planeta. Só o reconhecimento desta perspectiva conduz a uma visão holística.

A primeira parte consagrada à “História, organização e papel científico” reúne 27 artigos.

A iniciar A. Ferreira Soares conduz-nos a uma viagem no tempo pelas rotas históricas das Ciências Geológicas em Portugal. Refere que a partir da criação da Primeira Comissão Geológica em 1848 há um avanço descontínuo não alheio ao contexto sócio económico, compensado no entanto por um ressurgimento nos anos cinquenta (séc. XX). Realça que a utilização de novas metodologias permite o melhor entendimento dos registos litológicos e outros, criando novos desafios. Sublinha o papel impulsionador de Carlos Ribeiro, Nery Delgado e Paul Choffat (2ª metade do séc. XIX e 1ª do séc. XX), seguindo-se na mesma senda a “geração de 40” da

Universidade do Porto: Carrington da Costa, Carlos Teixeira e Cotelo Neiva. A criação do Museu e Laboratório das Universidades do Porto, Coimbra e Lisboa reforça esta atmosfera científica. Além das colecções pedagógicas herdadas, foram-se organizando colecções de outra índole decorrentes de trabalhos de campo, registo e acumulação de informações de inegável valor, arquivos que o tempo não corrói.

Capa e contra-capa do livro

Vários trabalhos ilustram a história dos Museus, a trajectória das colecções, a adaptação a novos paradigmas.

Divulga-se o património essencialmente geológico de diversas instituições: Real Gabinete da Ajuda (1768 – 1936); Gabinete de História Natural da Universidade de Coimbra (criado em 1772); os Museus Mineralógicos e Geológicos das três Universidades Clássicas (sécs. XVIII e XIX); Museu de Geociências do Instituto Superior Técnico (séc. XX); Museu de Geologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (1985); o Instituto Superior de Engenharia Politécnico do Porto (1867 – 1883), pela importância da colecção de Arte de Minas e Metalurgia; o Instituto Geofísico da Universidade de Coimbra, pela utilização de registos geofísicos antigos em estudos científicos modernos; o Museu Mineralógico e o acervo colonial das “Comissões Geológicas” (1857 – 1918).

No âmbito de contribuições oriundas de outras latitudes salientam-se: o trabalho realizado no Museu Nacional do Rio de Janeiro respeitante às colecções geológicas incorporadas no séc. XX e à colecção de Paleontologia de vertebrados em permanente crescimento; as preocupações do Instituto Geológico e Mineiro de Espanha bem patente no esforço de actualização do Museu Geomineiro, na criação de um novo Museu para acolher a colecção “Joan Vicente Castells”, fruto da recuperação de antigas doações

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provenientes da Escandinávia; a valorização do património catalão revelado pela história do Museu de Geologia de Barcelona e ainda a colecção de geologia de origem local do Museu de Granolles.

Dois trabalhos dizem respeito a estudos paleontológicos: um, sobre os vertebrados do Miocénico de Portugal (Lisboa e Ribatejo), relata o desenvolvimento da investigação e os resultados obtidos a nível da sistemática, da bio/cronoestratigrafia e da paleoecologia; outro, destaca no âmbito das colecções paleontológicas do Museu da Lourinhã, a importância de dinossáurios do Jurássico desta região, com especial incidência nos espécimes holótipos. No tocante a aquisições, destaque para os trabalhos sobre peças de d’Archiac, integradas em 1862 no núcleo da colecção estrangeira da Comissão Geológica de Portugal e a colecção de rochas de F. Krantz do Departamento de Geologia da FCUP (1892 – 1905).

Textos consagrados ao perfil e vivência dos que, entre outros, se empenharam na causa museológica e pedagógica: Alfredo Bensaúde (1856 – 1941), Rocha Peixoto (1866 – 1909), Ernest Fleury (1878 – 1958), Amilcar de Jesus (1895 – 1960) e Gunter Strauss (1935 à actualidade). Na segunda parte os editores reuniram 22 trabalhos que contemplam aspectos referentes à “divulgação e educação em Geociências”. Os conteúdos versam aspectos multiformes no domínio científico, no da educação e no âmbito da valorização das potencialidades do património natural.

A Terra, o homem e o conhecimento constituem uma trilogia. A observação dos objectos e fenómenos estiveram na base do entendimento da Natureza envolvente; à medida que o pensamento humano evoluía logicamente progredia o conhecimento. As Ciências da Terra tiveram um papel fundamental no avanço científico e tecnológico.

O acervo dos museus nacionais ou regionais bem como dos centros de investigação constituem um manancial de alto valor; através deles se aprende a olhar a natureza para ver, relacionar e pesquisar. São exemplos vivos desta educação várias actividades desenvolvidas no país e além fronteiras (por exemplo no Brasil), nas explorações mineiras, nos geoparques, etc.

São de referir também alguns aspectos inovadores; a estreita ligação entre o objecto e o meio ou seja, o percurso a partir das peças expostas ao local de origem (jazida, gruta, exploração mineira, etc.) incentivando a museali-zação das rotas geológicos através do espaço e do tempo; aproveitamento das colecções mais específicas e dos registos científicos para a criação de bancos de dados e para o estabelecimento de redes interactivas.

Relacionados com esta arte de ajudar a descobrir desenvolvem-se outros processos como as exposições, o intercâmbio de minerais, rochas e fósseis, as feiras.

Assiste-se à transformação das mentalidades, ao despertar do sentido ecológico universal e em consequência à assunção de uma cidadania plena,

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sublinhando a importância do diálogo estabelecido com o público e a colaboração dos intervenientes.

Contra-capa do livro

Esta obra ilumina os vitrais dos espaços museológicos, varre a poeira dos tempos dos relatórios e registos, valoriza o património científico e cultural contribuindo para um novo renascimento das Ciências da Natureza. ■

(2) Livro de Geologia de Portugal

R. B. Rocha (Presidente da SGP)

No início de 2013 foi editado, em dois volumes, o

livro de “Geologia de Portugal” editado pelos consócios Rui Dias, Alexandre Araújo, Pedro Terrinha e José Carlos Kullberg, com a chancela da Escolar Editora e o apoio da GALP Energia e da Sociedade Geológica de Portugal e com uma tiragem de 1 000 exemplares. O primeiro volume é dedicado à Geologia Pré-mesozóica (806 pág.) e o segundo à Geologia Meso-cenozóica (798 pág.) (ISBN 978-972-592-364-1), tendo ambos como perspectiva geral a evolução geodinâmica do território português.

A publicação destes volumes teve como ponto de partida o livro “Geologia de Portugal no contexto da Ibéria”, editado pelos mesmos consócios, em tiragem reduzida (100 exemplares), aquando do VII Congresso Nacional de Geologia (Estremoz, 2006). A edição actual é, assim, uma versão revista e actualizada, mas também substancialmente alargada, do volume de Estremoz; ela constitui um volume de excelente qualidade científica, onde muitos dos 141 autores dos diferentes capítulos, portugueses e estrangeiros,

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apresentam sínteses da actividade científica desenvolvida por cada um, desde a última vintena de anos do século passado. O volume I é constituído por 22 artigos dedicados ao Ciclo Varisco e o volume II por 12 artigos dedicados ao Ciclo Alpino/Atlântico, os dois últimos referentes aos arquipélagos dos Açores e da Madeira. O pré-lançamento do livro foi feito em Santos (Brasil), em Outubro de 2012, aquando da realização do 46º Congresso Brasileiro de Geologia / 1º Congresso de Geologia dos Países de Língua Portuguesa.

A apresentação do livro foi um enorme êxito e a

edição esgotou praticamente em três meses, pelo que os editores insistiram com a Escolar Editora para que fosse feita uma reimpressão do livro; esta foi executada no final do ano e, assim, desde o mês de Dezembro o livro está novamente disponível nas livrarias.

A Direcção da SGP agradece à GALP Energia este apoio à Geologia Portuguesa e felicita não só os editores pelo extraordinário trabalho realizado, mas também os 141 autores dos trabalhos editados ■

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(3) Estorias de Riba-Côa

R. B. Rocha (Presidente da SGP)

A Direcção da SGP foi convidada a participar, no

dia 26 de Agosto de 2013, no lançamento, a título póstumo, de um livro de contos do Engº Neftali da Costa Fonseca (1917-1985), intitulado “Estórias de Riba-Côa”; estes contos, escritos no Outono de 1946 e Verão de 1973, centram-se na região de Almeida, junto à raia com Espanha, de onde o autor era natural. Lembramos que o Engª Neftali Fonseca foi um dos primeiros sócios da SGP, aquando da sua fundação em Dezembro de 1940, ainda na condição de estudante, tendo sido homenageado aquando da sessão organizada na Academia das Ciências de Lisboa em Novembro de 2009.

Esta edição, coordenada por seu filho, é da responsabilidade da Crocodilo Azul e teve a colaboração da Fundação Vox Populi, da Associação Rio Vivo e da Junta de Freguesia de S. Pedro do Rio Seco.

A SGP foi representada nesta sessão pelo associado Manuel Lemos de Sousa, a quem agradecemos o apoio. Agradecemos também aos familiares do Engº Neftali Fonseca a oferta do volume à biblioteca da Sociedade. ■

A Sociedade Geológica de Portugal precisa de si! Associe-se, e

voluntarie-se para colaborar nas iniciativas promovidas pela Direc-ção e os Grupos de Especialidade

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Aconteceu

34th International Geological Congress (Brisbane, 5-10 de Agosto de 2012)

O 34th IGC realizou-se em Brisbane (Austrália)

subordinado ao tema “Unearthing our past and future - Resourcing tomorrow”, com a participação de 4 518 congressistas de 122 países, tendo sido apresentadas 3 712 comunicações orais e 1 439 comunicações em painel. Foi a maior e mais complexa reunião científica que alguma vez teve lugar em Brisbane e a primeira que ocupou totalmente o Brisbane Convention and Exhibition Centre.

As actividades do Congresso desenvolveram-se através de 37 Simpósios (com 2 a 9 temas cada um), 24 Workshops, 5 sessões plenárias, inúmeras excursões de campo ante e pós-Congresso e na GeoExpo estiveram representados 137 organismos oficiais australianos, empresas e sociedades científicas; muitas das empresas participaram com o único objectivo de captar jovens licenciados.

(imagens do evento)

Numa época de crise generalizada notou-se um forte “efeito regional”, uma vez que as representações da Austrália e da China atingiram 54% do total dos participantes. A representação portuguesa com oito congressistas ficou, ainda assim, na primeira metade da tabela (46º lugar), muito acima de países da EU como a Irlanda e da Grécia (apenas um representante cada). De assinalar a importante delegação brasileira (a 6ª maior com 99 pessoas), a participação de 8 geólogos moçambicanos e 2 timorenses e a ausência de representação angolana.

A representação portuguesa apresentou 4 comunicações orais e 4 “posters”, tendo sido o consócio José Brilha um dos Coordenadores do Simpósio “Geoheritage”.

O Presidente da SGP, na qualidade de delegado nacional à IUGS, participou nos trabalhos do Congresso, nas reuniões do Council da IUGS-IGC e na reunião da International Commission on Stratigraphy (IUGS), participação que foi apoiada pela Fundação da Ciência e da Tecnologia (FCT/MEC).

Durante as reuniões do Council, entre outros assuntos, procedeu-se à eleição do novo Presidente e do novo Council da IUGS; o novo Presidente é o Doutor Roland Oberhansli, Professor do Institute of Earth and Environmental Sciences da Universidade de Potsdam (Alemanha), que já exerceu docência nas Universidades de Mainz (Alemanha) e de Berna (Suíça).

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(continuação das imagens do evento)

Foi também aprovada a realização do Congresso de 2020 na Índia, na cidade de Hyderabad. Inicialmente apresentaram candidaturas para a realização deste Congresso o Canadá, a Índia e a Espanha; esta última, face à falta de apoio das entidades oficiais espanholas desistiu da candidatura antes do Congresso de Brisbane. A candidatura da Índia (a 7ª maior delegação no Congresso, com 90 pessoas), perante alguma admiração generalizada dos delegados nacionais, obteve cerca de 2/3 dos votos; a Índia, que já apresentara a sua candidatura para os Congressos dos anos de 2012 e 2016, viu assim premiada a sua tenacidade. ■

R. B. Rocha (Presidente da SGP)

46º Congresso Brasileiro de Geologia / 1º Congresso de Geologia dos Países de

Língua Portuguesa (46ºCBG/1ºCoGePLiP) (Santos, 30 de Setembro a 5 de Outubro de 2012)

No âmbito do acordo de colaboração interinstitucional entre a Sociedade Geológica de Portugal (SGP) e a Sociedade Brasileira de Geologia (SBG) teve lugar em Santos (Brasil), de 30 de Setembro a 5 de Outubro de 2012, o 46º CBG/1º CoGePLiP, com a participação de 3 776 congressistas, entre os quais 41 portugueses. A Sessão de Abertura dos congressos, presidida pelos Presidentes da SGP e da SBG, foi iniciada com a audição dos hinos nacionais de Portugal e do Brasil. Foram apresentadas 579 comunicações orais e 1 526 em painel, números que superaram largamente anteriores congressos brasileiros e evidenciaram o desenvolvimento e o vigor produtivo dos geólogos, investigadores e estudantes brasileiros, uma vez que eles constituíram mais de 90% dos participantes. De assinalar a participação de congressistas de 25 outros países, representando todos os continentes. Os colegas portugueses apresentaram 45 comunicações orais e 23 em painel

A Direcção da SGP desenvolveu enorme actividade de contactos com os Ministérios, Secretarias de Estado e Direcções Gerais da tutela das Geociências, a FCT/MEC, o Comissariado do Ano de Portugal no Brasil, a Fundação Calouste Gulbenkian, o CEDINTEC, a CIP, a AICEP, a GALP Energia, a SOMINCOR, e algumas empresas do sector de modo a obter apoios para que Portugal tivesse uma representação de dimensão assinalável. Infelizmente não se conseguiram obter os apoios que eram expectáveis face às dificuldades financeiras do País. Os apoios obtidos permitiram, entre outras acções, apoiar a participação de oito estudantes de pós-graduação portugueses com comunicações aceites. Por outro lado, a Fundação Calouste Gulbenkian apoiou, igualmente, a participação de representantes dos PALOP, a saber, dois alunos de Timor e um especialista de Moçambique, todos com comunicações aceites pela Comissão Científica dos Congressos.

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Da Comissão Organizadora dos Congressos fizeram parte o Presidente e o Secretário da Direcção da SGP; muitos outros colegas, sócios da SGP, professores e investigadores de Universidades e Instituições de investigação portuguesas, participaram na Comissão Científica, na coordenação de Simpósios Temáticos, Sessões Técnico-Científicas, Fóruns e Conferências Plenárias. Um Fórum Especial, proposto e liderado pela SGP, através do Coordenador do GGET/SGP, foi dedicado aos “100 anos com Alfred Wegener: da deriva continental à tectónica de placas”. A nossa representação dignificou a Geologia de Portugal face à assinalável qualidade científica revelada em todas as sessões em que participou.

O CBG, subordinado ao tema ”Gerir os recursos naturais para gerar recursos sociais”, teve como Presidente de Honra o ex-Presidente da Petrobrás, Guilherme Estrella. No âmbito dos Congressos foi organizada uma ExpoGEO que teve enorme participação dos congressistas e de empresas públicas e privadas e entidades oficiais brasileiras deste sector de actividade. Na ExpoGEO, a SGP montou um pavilhão onde foi apresentada, sob a forma de painéis, informação alargada de natureza pedagógica e científica sobre os Departamentos de Geologia/Ciências da Terra/Geociências das Universidades Portuguesas, o LNEG e o Instituto Dom Luiz (Universidade de Lisboa); foi igualmente exposta uma série de revistas e livros sobre a geologia portuguesa, a maior parte deles oferecidos pela Direcção Geral de Energia e Geologia. O pavilhão foi largamente visitado pelos congressistas, muito particularmente por estudantes brasileiros ávidos de informações sobre o ensino da Geologia nas Universidades portuguesas.

(legenda de fotografias no final)

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A SGP associou-se também às homenagens

prestadas pela SBG ao ex-Presidente Lula da Silva pela visibilidade e notoriedade que ele concedeu às Geociências durante os seus mandatos presidenciais e ao patriarca da independência do Brasil, José Bonifácio de Andrada e Silva, natural de Santos. De assinalar que o corte geológico da mina de ouro da Adiça, descrito por José Bonifácio em 1815, foi o primeiro corte geológico descrito por um português (sua nacionalidade nesta data). O 2º CoGePLiP terá lugar no Porto, de 18 a 24 de Julho de 2014, em ligação com o IX Congresso Nacional de Geologia; os congressos serão organizados pelo Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, com a colaboração da SGP e da SBG, e serão subordinados ao tema "Desenvolvimento Sustentável da Terra: Novas Fronteiras". Ver notícia mais completa noutro local. ■

R. B. Rocha e J. C. Kullberg (Presidente e Secretário da Direcção da SGP)

Legenda das figuras: 1 - Caixa, com placa em prata, oferecida pela SGP ao Município de Santos e colocada no Mausoléu dos Andradas, com exemplares de areias dos níveis III, IV, V do corte da Mina da Adiça, estudado por José Bonifácio.

2 a-c - Imagens da "Praia das Geociências", pavilhão instalado na Praia do Gonzaga dedicado à divulgação das Geociências durante o Congresso (a), maquete tridimensional da Bacia de Santos (b) e sessão prática com alunos de escolas (c).

3 - Jarra de porcelana da Vista Alegre oferecida pela SGP ao ex-Presidente Lula da Silva; ela reproduz os murais "Guerra e Paz" de Cândido Portinari, expostos na entrada do edifício das Nações Unidas em Nova Iorque.

4 a-b - Imagens da ExpoGEO no Mendes Convention Center e dos pavilhões da GALP (a) e da SGP (b) com bolseiros portugueses e timorenses apoiados pela SGP, GALP e Fundação Gulbenkian.

5 - Participantes na sessão de Homenagem a José Bonifácio em que participou um seu bisneto (sentado).

6 a-b - Mesa da sessão de encerramento dos congressos (a) e apresentação da organização do IX CNG / 2º CoGePLiP pela Professora Deolinda Flores (U. Porto).

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XXIII Congresso Brasileiro de Paleontologia (CBP) / 1º Simpósio de Paleontologia Brasil/Portugal (SPBP)

(Gramado, 13-18 de Outubro de 2013)

O interesse no aprofundamento da cooperação

entre paleontólogos brasileiros e portugueses tem-se manifestado, nomeadamente nos últimos quinze anos, com a apresentação, em co-autoria, de trabalhos de professores e investigadores de ambos os países, particularmente nalgumas das últimas edições dos Congressos Nacionais de Geologia (Lisboa, 1998; Caparica, 2003; Évora, 2006), nos XX e XXII Congressos Brasileiros de Paleontologia (Armação dos Búzios, 2007; Natal, 2011), no Congresso Luso-Brasileiro de História das Ciências (Coimbra, 2011), no I Simpósio Brasileiro de Patrimônio Geológico e II Congresso Latinoamericano e do Caribe sobre Iniciativas em Geoturismo (Rio de Janeiro, 2011) e no 46º Congresso Brasileiro de Geologia / 1º Congresso de Geologia dos Países de Língua Portuguesa (Santos, 2012).

Na sequência de contactos havidos entre as Direcções da Sociedade Geológica de Portugal (SGP) e da Sociedade Brasileira de Paleontologia (SBP) durante o último Congresso acima citado (Santos, Outubro de 2012) foi decidido organizar, em Gramado, durante o XXIII CBP, o 1º Simpósio de Paleontologia Brasil/Portugal que teve, também, o apoio da Academia das Ciências de Lisboa. O Simpósio foi integrado nas comemorações do Ano de Portugal no Brasil, promovendo, assim, mais uma excelente oportunidade para a convergência das comunidades científicas dos dois países.

O tema geral do Congresso, "Fósseis Brasileiros: Testemunhos da Deriva Continental, Homenageando Wegener", pretendeu destacar e debater as contribuições dos fósseis brasileiros para a formulação da teoria de Alfred Wegener. O Congresso foi organizado em sete sessões temáticas e realizaram-se dez minicursos. Os resumos das 15 conferências e mais de 400 comunicações aceites e apresentadas foram publicados em Edição Especial do “Boletim Informativo da SBP - Paleontologia em Destaque” (ISSN: 1516-1811).

O Presidente da SGP foi convidado da organização, tendo apresentado uma conferência subordinada ao título “O conceito de espécie em Paleozoologia”.

O anúncio deste evento foi enviado a todos os paleontólogos portugueses mas, infelizmente, por vários motivos, a participação portuguesa foi relativamente reduzida; entre os motivos que podem ter estado na base desta participação deve citar-se o tema geral do Congresso, tema pouco sensível para os paleontólogos portugueses, por serem poucos os que trabalham actualmente sobre as unidades permo-triásicas da Gondwana e respectivas faunas e floras.

Face ao interesse manifestado pelos colegas brasileiros, na continuidade e desenvolvimento destes contactos, foi decidido que o 2º Simpósio de Paleontologia Brasil/Portugal terá lugar no Porto, em Julho de 2014, durante o IX Congresso Nacional de Geologia / 2º Congresso de Geologia dos Países de Língua Portuguesa (vide notícia neste MALEO). ■

R. B. Rocha (Presidente da SGP)

relativamente reduzida; entre os motivos que podem ter estado na base desta participação deve citar-se o tema geral do Congresso, tema pouco sensível para os paleontólogos portugueses, por serem poucos os que trabalham actualmente sobre as unidades permo-triásicas da Gondwana e respectivas faunas e floras.

Face ao interesse manifestado pelos colegas brasileiros, na continuidade e desenvolvimento destes contactos, foi decidido que o 2º Simpósio de Paleontologia Brasil/Portugal terá lugar no Porto, em Julho de 2014, durante o IX Congresso Nacional de Geologia / 2º Congresso de Geologia dos Países de Língua Portuguesa (vide notícia neste MALEO). ■

relativamente reduzida; entre os motivos que podem ter estado na base desta participação deve citar-se o tema geral do Congresso, tema pouco sensível para os paleontólogos portugueses, por serem poucos os que trabalham actualmente sobre as unidades permo-triásicas da Gondwana e respectivas faunas e floras.

Face ao interesse manifestado pelos colegas brasileiros, na continuidade e desenvolvimento destes contactos, foi decidido que o 2º Simpósio de Paleontologia Brasil/Portugal terá lugar no Porto, em Julho de 2014, durante o IX Congresso Nacional de Geologia / 2º Congresso de Geologia dos Países de Língua Portuguesa (vide notícia neste MALEO). ■

III Jornadas da Associação Portuguesa de Geólogos (APG)

(Lisboa, 28-29 de Novembro de 2013)

Nos dias 28 e 29 de Novembro de 2013

realizaram-se as III Jornadas da Associação Portuguesa de Geólogos (APG), subordinadas ao tema "O potencial geológico nacional: solução para o enriquecimento de Portugal". O evento decorreu no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa, e consistiu, no primeiro dia, de uma sessão de palestras e, no dia seguinte, de um workshop sobre o software de modelação Surpac. Estas Jornadas tiveram como objetivo fomentar a discussão sobre o contributo dos recursos geológicos no âmbito da recuperação económica nacional, difundindo conhecimento sobre o potencial dos recursos minerais, petróleo e gás em ambientes terrestre e marinho.

Sessão de abertura das III Jornadas APG, com Eng.

Carlos Pina (Presidente do LNEC), Prof.ª Teresa Ponce de Leão (Presidente do LNEG) e Dr. António Gomes

Coelho (Presidente da APG).

Na manhã do dia 28 decorreram sessões de palestras, que focaram temas em torno do potencial mineral, quer nas minas portuguesas actuais quer na possibilidade de exploração dos fundos marinhos, focando-se na parte da tarde no contexto energético e no reforço do potencial geológico nacional. Animaram as sessões diversos oradores nacionais e internacionais, representantes de universidades e

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empresas, que focaram as principais descobertas e progressos mais recentes na área dos recursos mineiros e energéticos, lançando ainda desafios relativamente ao potencial geológico nacional e dos países lusófonos. Enquanto decorriam as sessões, a UK Trade & Investment esteve presente a organizar reuniões bilaterais entre representantes de várias empresas britânicas e responsáveis de instituições empresariais portuguesas.

Na manhã do dia 29 decorreu um workshop prático sobre o software GEOVIA Surpac, que constitui um programa multilingue na área da geologia e do planeamento de lavra dos mais populares do mundo (mais de 120 países), dado que apoia projectos de exploração mineira quer a céu aberto quer subterrâneos. De facto, este programa contém um conjunto de ferramentas que permitem realizar modelação geológica, gestão de dados de sondagem, elaborar estudos geoestatísticos, planear e estimar recursos, entre outros.

Ainda no contexto da temática dos recursos

geológicos nacionais e como consequência da realização da Jornadas já mencionadas, o Jornal de Negócios publicou um suplemento a 11 de dezembro de 2013 que incluiu um artigo da autoria do Dr. António Gomes Coelho, Presidente da Associação Portuguesa de Geólogos, e uma entrevista com o Dr. Vítor Correia, Presidente da Federação Europeia de Geólogos, que reforçaram a importância dos recursos geológicos à escala nacional e europeia.

A presença dos oradores convidados, a animação das mesas redondas de cada painel e a participação de investigadores, de geólogos de diversas áreas científicas e de público em geral (182 participantes) contribuíram para um cenário dinâmico de partilha e actualização de conhecimento relativo á temática da exploração geológica como meio para a recuperação económica.

Ainda durante o evento ocorreu a cerimónia de assinatura do protocolo de cooperação institucional entre a Associação Portuguesa de Geólogos (APG) e Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Protecção Civil (ASPROCIVIL) em domínios relacionados com Perigos e Riscos Geológicos, Segurança Coletiva e Proteção Civil, destacando-se a formação profissional apoiada pelo POPH/QREN no âmbito do Catálogo Nacional de Qualificações relativa à Segurança, Proteção Civil e Geologia, a promoção e disseminação do conhecimento técnico-científico nas áreas que intervêm e o apoio à prevenção de riscos e perigos naturais, políticas de planeamento e de gestão de recursos e riscos, de ambiente e energia. ■

J. M. Romão (LNEG, APG, SGP)

9ª Conferência Anual do GGET-SGP; a importância da Cartografia Geológica

(Estremoz, 13-14 de Dezembro de 2013)

Criado em 1994, o Grupo de Geologia Estrutural e

Tectónica (GGET-SGP) é um grupo de especialidade da Sociedade Geológica de Portugal que apresenta como objectivo a promoção do intercâmbio científico entre instituições e investigadores trabalhando nas áreas da Geologia Estrutural e da Tectónica em especial no contexto da evolução geodinâmica do território nacional.

Desde então que o grupo tem dinamizado vários encontros e cursos de campo com os objectivos acima referidos. Vicissitudes várias levaram a que nos últimos anos a actividade deste grupo tenha sido mais reduzida. Tentando ultrapassar a inércia instalada, realizou-se durante os dias 13 e 14 de Dezembro, 9ª conferência anual do GGET, a qual teve lugar no Pólo de Estremoz da Universidade de Évora; este encontro foi organizado em parceria com o Departamento de Geociências da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora (ECTUE), o LIRIO-ECTUE, o Centro Ciência Viva de Estremoz e o Centro de Geofísica de Évora (CGE) a organização deste encontro em parceria com o GGET-SGP.

Embora as conferências anuais do GGET/SGP não costumem ser subordinadas a uma temática concreta, a Comissão Organizadora entendeu que nesta edição iria privilegiar a Cartografia Geológica como tema principal do encontro. Esta opção resulta da diminuição da importância dada, a diversos níveis, a esta ferramenta básica na génese do conhecimento geológico.

Comunicação oral por José Tomás de Oliveira, um dos homenageados durante a 9ª Conferência Anual do GGET-

SGP Nesta perspectiva, a comissão organizadora

decidiu ainda homenagear neste encontro dois dos geólogos que, sem dúvida, mais contribuíram para o conhecimento da cartografia geológica do País nos últimos anos, em especial do soco pré-Mesozóico: os colegas Eurico Pereira e Tomás Oliveira. A importância do seu contributo está bem patente nas

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numerosas cartas por eles coordenadas, algumas das quais foram expostas, juntamente com outro material científico e pessoal, numa pequena exposição realizada durante o encontro.

Momento da Homenagem ao Colega Eurico Pereira

Este encontro teve bastante adesão pela comunidade científica, juntando mais de sete dezenas de geocientistas, sendo um dos encontros do GGET-SGP com maior afluência de sempre; os participantes eram na esmagadora maioria nacionais, muito embora se destaque também a presença de geólogos provindos da vizinha Espanha, o que é fundamental pois a geologia “não tem fronteiras”. Foram submetidas aproximadamente quatro dezenas de resumos alargados, os quais foram compilados na publicação intitulada “Geodinâmica e Tectónica global; a Importância da Cartografia Geológica”.

O encontro contou ainda com a presença de um dos Geólogos com maior importância no desenvolvimento do conhecimento geológico do Maciço Ibérico, o Professor Doutor Cecílio Quesada, do Instituto Geológico y Minero de España (IGME), que encerrou os trabalhos com a comunicação intitulada “Singularidad de la Zona Ossa Morena y de sus límites en el conjunto del Macizo Ibérico”.

Durante o encontro, realizou-se também a Assembleia-geral do GGET-SGP, que elegeu uma nova direcção, composta pelos colegas Fernando Noronha, Helena Sant'Ovaia e Maria dos Anjos Ribeiro da Universidade do Porto e Pedro Nogueira da Universidade de Évora.

Aproveita-se a circunstância para agradecer ao Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) e ao Comité Português para o Programa Internacional de Geociências da UNESCO (IGCP), bem como a todas a empresas que desde logo disponibilizaram o seu apoio total ao encontro. ■

Noel Moreira1,2, Rui Dias1,2,3,4 & Alexandre Araújo2,3

1 LIRIO-ECTUE (Laboratório de Investigação de Rochas Industriais e Ornamentais)

2 Centro de Geofísica de Évora 3 Departamento de Geociências da Escola de Ciências e

Tecnologia da Universidade de Évora (ECTUE) 4 Centro Ciência Viva de Estremoz

9ª Conferência Anual do GGET-SGP; a Importância da Cartografia Geológica

Noel Moreira1,2 Rui Dias1,2,3,4, & Alexandre Araújo2,3

1 LIRIO-ECTUE (Laboratório de Investigação de Rochas

Industriais e Ornamentais) 2 Centro de Geofísica de Évora

3 Departamento de Geociências da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora (ECTUE)

4 Centro Ciência Viva de Estremoz

Criado em 1994, o Grupo de Geologia Estrutural e Tectónica (GGET-SGP) é um grupo de especialidade da Sociedade Geológica de Portugal que apresenta como objectivo a promoção do intercâmbio científico entre instituições e investigadores trabalhando nas áreas da Geologia Estrutural e da Tectónica em especial no contexto da evolução geodinâmica do território nacional.

Desde então que o grupo tem dinamizado vários encontros e cursos de campo com os objectivos acima referidos. Vicissitudes várias levaram a que nos últimos anos a actividade deste grupo tenha sido mais reduzida. Tentando ultrapassar a inércia instalada, realizou-se durante os dias 13 e 14 de Dezembro, 9ª conferência anual do GGET, a qual teve lugar no Pólo de Estremoz da Universidade de Évora; este encontro foi organizado em parceria com o Departamento de Geociências da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora (ECTUE), o LIRIO-ECTUE, o Centro Ciência Viva de Estremoz e o Centro de Geofísica de Évora (CGE) a organização deste

Congresso Jovens Investigadores em Geociências

(Estremoz, 5-8 Outubro de 2013)

O Congresso Jovens Investigadores em

Geociências (CJIG, LEG), realizado sob a égide do LIRIO (Laboratório de Investigação de Rochas Industriais e Ornamentais da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora) e do Centro Ciência Viva de Estremoz, teve a sua primeira edição em outubro de 2011. O evento teve uma aceitação bastante grande por parte da comunidade científica no ramo das geociências, o que incentivou a organização a optar pela realização anual do encontro.

Este evento pretende colmatar uma lacuna importante no que se refere à investigação realizada pelos jovens investigadores no ramo das Ciências da Terra. Estes investigadores pretendem apresentar publicamente os seus trabalhos, no entanto, existe uma inércia inerente a qualquer jovem, ao qual se associa a apreensão na exposição dos seus trabalhos a um público especialista; este encontro é então o espaço e o tempo destinado exclusivamente à apresentação dos seus trabalhos. Foi neste contexto que o congresso em causa se revelou inovador, pretendendo incentivar os jovens investigadores, ao mesmo tempo que promove um espírito de conhecimento científico, proporcionando assim uma partilha e debate de ideias entre os participantes e os investigadores seniores presentes.

Foi em moldes em tudo similares, que em 2012 e 2013, o encontro voltou a ter lugar, continuando a ostentar dois momentos distintos: um primeiro destinado à apresentação das comunicações, que, como de costume, decorre no Pólo de Estremoz da Universidade de Évora, e um segundo momento na qual se realiza uma saída de campo de 2 dias a locais de interesse a nível nacional.

No que respeita às saídas de campo, estas foram co-organizadas com outras entidades nacionais. Tal facto permitiu um maior intercâmbio e uma descentralização do evento, dinamizando assim jovens investigadores de outras universidades/instituições. Assim, em 2012 a comissão organizadora contou com a colaboração do Centro Ciência Viva do Lousal na realização da saída de campo, que se centrou na transição entre as Zonas de Ossa-Morena e Sul Portuguesa e na Faixa Piritosa Ibérica. Já em 2013, a saída de campo foi realizada à região Norte do País, mais propriamente à região de Valongo e de Vila Pouca de Aguiar, tendo contado com a co-organização pelo Centro de Geologia da Universidade do Porto (CGUP) e pelo Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território desta universidade (DGAOT-UP). As saídas de campos foram concebidas para abranger não só as áreas da geologia mais elementares/clássicas, mas também a sua importância sócio-económica, sendo também um momento de formação fora do contexto de sala de aula para os participantes no encontro.

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Descida à mina de Aljustrel (Saída de Campo II CJIG,

LEG 2012) A 3ª edição do encontro (2013), coincidiu com a

realização do 6º seminário de Pós-Graduação em Física e Ciências da Terra da Universidade de Évora (PGUE). Esta realização conjunta perspectivava a unificação e permuta dos conhecimentos, metodologias e técnicas utilizadas nas Ciências da Terra, da Atmosfera e do Espaço, algo que é essencial para o conhecimento mais aprofundado da Geoesfera.

O II CJIG, LEG 2012 contou com a presença de cerca de quatro dezenas de participantes e um total de 24 trabalhos submetidos, sendo que praticamente todas as instituições de ensino das geociências nacionais estiveram representadas no encontro, para além da presença de alunos oriundos de outras universidades Ibéricas. Já em 2013, o número de participantes e de submissões duplicou (!),contando com a presença de 84 participantes e mais de cinco dezenas de trabalhos submetidos, o que revela uma

Tertúlia aberta à sociedade realizada no Até Jazz Café

(Estremoz) durante o III CJIG, LEG 2013 aceitação e receptividade do evento no seio da comunidade científica. Nesta edição, contamos ainda com a participação de alunos de universidades brasileiras, denotando que o evento já obteve reconhecimento além-fronteiras, mas também a importância da realização de encontros desta natureza para a formação dos jovens investigadores.

Pelos motivos anteriormente referidos, considera-se que é bastante importante manter a realização deste encontro, aproveitando a circunstância para anunciar que o IV CJIG, LEG 2014 irá ter lugar entre os dias 11 e 14 de Outubro de 2014. Mais informações serão disponibilizadas brevemente. ■

Noel Moreira 1,2, Inês Pereira 2,3 & Rui Dias 1,2,3,4

1 LIRIO-ECTUE (Lab. Investigação Rochas Industriais Ornamentais)

2 Centro de Geofísica de Évora 3 Centro Ciência Viva de Estremoz

4 Dep. Geociências, Escola Ciências Tecnologia, Univ. Évora

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Em França, nos últimos anos, foram organizados Congressos Franceses de Estratigrafia (Toulouse, 1994; Paris, 1998; Lyon, 2002; Paris, 2010), os quais tiveram uma cada vez mais importante participação de especialistas de outros países europeus. Em 2010 em Paris, os temas tratados potenciaram uma participação internacional alargada, a que não foi alheio o carácter de universalidade desta disciplina no âmbito das Ciências da Terra, bem como a existência de significativo potencial em termos de saídas profissionais para lá do ensino superior e da investigação científica.

O grande êxito da reunião de Paris levou o Comité Francês de Estratigrafia (CFS) a decidir que o Congresso seguinte deveria ter carácter internacional. Foi nesta perspectiva que o Departamento de

Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia (DCT/FCT) da Universidade Nova de Lisboa (FCT/UNL) foi convidado pelo CFS a organizar o Congresso seguinte, como continuidade dos Congressos franceses; este convite mostrou a importância e interesse, a nível europeu, dos trabalhos realizados neste domínio em Portugal, particularmente sobre as bacias marginais portuguesas. O Congresso, subordinado ao tema “On the cutting edge of Stratigraphy”, teve lugar em Lisboa de 1 a 7 de Julho de 20013, com excursões de campo de 1-2 dias, ante e pós-Congresso, às regiões de Peniche, Cascais-Ericeira, planalto de Santo António, Arrábida-Cabo Espichel, Consolação-Lourinhã-Porto da Calada.

O STRATI 2013 realizou-se sob a égide da International Commission on Stratigraphy da Interna-tional Union on Geological Sciences (ICS/IUGS)

1st International Congress on Stratigraphy - STRATI 2013 -

(Lisboa, 1-7 de Julho de 2013)

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cujo Presidente, o Professor Stanley Finney (USA), foi o Presidente da Comissão Científica do Congresso. O Presidente de Honra foi o Doutor Jacques Rey, Professor Emeritus da Université Paul Sabatier (Toulouse) e Doutor Honoris Causa da UNL, que foi o iniciador, em 1994, dos Congressos Franceses de Estratigrafia.

As Comissões Organizadora e Científica foram constituídas por professores universitários e investigadores das instituições portuguesas mais activas nesta área, de várias Universidades, de instituições de investigação e de empresas privadas, principalmente europeias e americanas.

Participaram no Congresso 280 participantes (35 de Portugal) de quarenta e um países, principalmente da Europa, da América do Norte e do Sul, da China e do Norte de África, além de estudantes portugueses e estrangeiros de mestrado e de doutoramento. Foram apresentadas 197 comunicações orais e 77 comunicações em painel, referentes a todos os períodos da história da Terra, desde o Pré-Câmbrico até o Quaternário, que agruparam mais de 800 autores. Foram apresentadas três conferências plenárias dedicadas aos três grandes temas do Congresso, a saber, Princípios e métodos da Estratigrafia (S. Finney), Estratigrafia Regional (B. Vrielynck) e Estratigrafia Aplicada (V. Abreu).

Os resumos das comunicações orais foram publicados no Volume Especial VII da revista Ciências da Terra (UNL) e o Volume 18 da mesma revista englobou os resumos das conferências plenárias e as sínteses (“state of the art”) correspondentes aos 24 subtemas de autoria dos Coordenadores dos mesmos.

A Sociedade Geológica de Portugal foi uma das dez sociedades / grupos / associações / comités internacionais que apoiaram a organização do

Congresso que teve, também, o suporte financeiro da Partex Oil and Gas, da GALP Energia SGPS, SA, do Institut Français du Portugal e da Univ. Nova Lisboa.

O sucesso da organização justificou a decisão da ICS/IUGS de dar continuidade a estes Congressos, com caracter bienal e, assim, o 2nd ICS-STRATI 2015 será organizado em Julho de 2015, pelos colegas da Universidade de Graz (Áustria).

Os trabalhos apresentados no Congresso foram publicados, sob a forma de artigos, em 2014, pela Springer Geology, num volume com 1380 páginas, subordinado ao tema At the cutting edge of the Stratigraphy.

R. B. Rocha (DCT/FCT/UNL, Presidente da SGP)

Próximas reuniões

4th International Palaeontological Congress (Mendoza, 28 de Setembro a 3 de Outubro de 2014)

Na continuação dos três anteriores Congressos (Sydney, 2002; Beijing, 2006; London, 2010), terá lugar em Mendoza (Argentina), de 28 de Setembro a 3 de Outubro p. f., o 4th IPC, subordinado ao tema “ The history of life: a view from the Southern Hemisphere”.

A organização é da responsabilidade do Centro Científico y Tecnológico CONICET de Mendoza com o patrocínio/apoio, da IPA, da Palaeontological Assoc. da Soc. for Sedimentary Geology, das Asociassóns Paleontológica Argentina, Geológica Argentina, Argentina de Sedimentologia, Latinoamericana de Paleobotánica e Palinologia, Soc. Brasileira de Paleontologia, da Palynological Society, da Univ. de Buenos Aires e da Acad. Nacional Ciências Argentina.

O programa compreende sessões de comunica-ções orais e em painel, uma série de simpósios, workshops interactivos, sessões técnicas e excursões de campo; nalgumas delas estão incluídos locais clássicos visitados por d’Orbigny e Darwin no séc XIX.

Consultar o site www.ipc4mendoza2014.org.ar/

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International Union of Geological Sciences (IUGS) – 35th International Geological

Congress (2016) (Cidade do Cabo, 27 de Agosto a 4 de Setembro de 2016)

O 35th IGC decorrerá na Cidade do Cabo (África

do Sul), de 27 de Agosto a 4 de Setembro de 2016, sob o patrocínio da IUGS e da Sociedade Geológica e do Council for Geoscience da África do Sul. Será a segunda vez que o Congresso se realizará neste país, depois do que teve lugar, em 1929, em Pretória. A apresentação de comunicações será agrupada em três temas – A Geologia na Sociedade, A Geologia na Tecnologia e A Geologia na Ciência.

Consultar o site www.35igc.org/

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NECROLOGIA

Peter Alfred Ziegler (1928-2013)

Fonte da imagem: Wikipedia Peter Alfred Ziegler nasceu em Wintherthur

(Suiça) a 2 de Novembro de 1928 e faleceu a 19 de Julho de 2013.

Tendo preparado a tese na Universidade de Zurique, sob orientação do Professor Rudolf Trumpy, defendeu-a em 1955 e entrou ao serviço da Shell Canadá em 1958; aí realizou trabalho de campo nas Cordilheiras da Columbia Britânica, nos Territórios do Noroeste e no Yukon, onde desenvolveu os diferentes parâmetros da sua formação de geólogo dos petróleos.

Em 1970 foi transferido para a Shell Internationale Petroleum, na Holanda, tendo realizado trabalhos de grande mérito que culminaram com a publicação do Geological Atlas of the Western and Central Europe (1982), o qual teve contribuição fundamental na definição do Noroeste Europeu como uma das mais importantes e mais bem conhecidas províncias petrolíferas mundiais.

Este atlas foi completado, mais tarde, com a Evolution of the Arctic-North Atlantic and the Western Tethys (AAPG Mem. 43, 200 p., 1988), publicação realizada no âmbito do International Lithosphere Program; este livro contem 21 cartas paleogeográficas e paleotectónicas do Silúrico Superior ao Pliocénico e 9 quadros de correlações estratigráficas das unidades paleozóicas, mesozóicas e cenozóicas das bacias do Atlântico Norte e da Europa Central e do Noroeste.

Em 1988 Peter Ziegler reformou-se da Shell mas continuou a sua actividade científica internacional dirigida aos processos que controlam a tectónica interplacas e à evolução da litosfera. Em 1990 a Shell apresentou uma 2ª edição reformulada do Geological

Atlas of the Western and Central Europe (240 p., 100 fig.) (imagem da capa, em baixo), que inclui 9 mapas tectónicos e geológicos, 27 mapas paleogeográficos, 7 mapas de isópacas e 9 quadros de correlações estratigráficas; segundo o autor, o objectivo deste livro foi o de dar ao leitor ….. an updated overview of the tectonic and stratigraphic framework of Western and Central Europe and its evolution in a global context since the Mid-Palaeozoic. Peter Ziegler encetou uma carreira académica em 1992 como “Leitor Honorário” da Universidade de Basileia, passando, em 1996, a Professor Titular de Geologia Global. No decurso da sua carreira foi distinguido por várias Sociedades científicas e Academias europeias e americanas, tendo recebido a Medalha William Smith da Geological Society de Londres em 1988.

Será sempre recordado como um talentoso geólogo multidisciplinar, cuja competência ia da tectónica e da estratigrafia à geologia de bacias sedimentares e à geologia do petróleo. ■

R. B. Rocha (Presidente da SGP)

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Artigos publicados em 2012-2013

Como já fizemos nos números anteriores da MALEO, pode consultar aqui o levantamento

de trabalhos publicados por autores portugueses em revistas indexadas durante o

biénio 2012-2013.

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Fernando Marques de Almeida (1916-2013)

Fonte da imagem : Wikipedia

Fernando Flávio Marques de Almeida nasceu no

Rio de Janeiro a 18 de Fevereiro de 1916 e faleceu em São Paulo a 2 de Agosto de 2013.

Homem de horizontes largos, serviu o Ensino, a Ciência e a Geologia, sendo considerado um dos expoentes da Geologia e da Mineralogia brasileiras e uma referência central da Geologia Sul-americana. Fernando Almeida frequentou a Escola Politécnica de São Paulo, onde se diplomou em Engenharia Civil em 1938, tendo cooperado no levantamento da carta geológica do município de São Paulo. Foi seu patrono o Professor Luiz Moraes Rego, Catedrático deMineralogia, Petrografia e Geologia dessa Escola, de quem se tornou assistente-aluno no Instituto de Pesquisas Tecnológicas; ao diplomar-se, tornou-se Assistente do Professor Moraes Rego, prematuramente falecido.

Leccionou na Escola Politécnica durante 35 anos, tendo-se doutorado em 1957, com uma tese sobre a geologia e petrologia do Arquipélago de Fernando de Noronha. Posteriormente, em 1962, assumiu a cátedra com uma tese sobre a Ilha da Trindade. Entre 1956 e 1969 também desempenhou funções no Departamento Nacional da Produção Mineral. Entre 1974 e 1978 foi docente do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, tendo regressado neste último ano ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Em 1990 foi contratado pelo Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas.

Durante tão longa vida profissional percorreu quase todo o Brasil, tendo publicado cerca de 175 trabalhos científicos e capítulos de livros no Brasil e no exterior, versando sobre vários temas das Geociências.

Foi o primeiro editor-chefe da Revista Brasileira de Geologia um dos fundadores da Sociedade Brasileira

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de Geologia e o primeiro editor-chefe da Revista Brasileira de Geologia. Era também membro da Academia Brasileira de Ciência desde 1952

Exerceu diversos cargos técnico-científicos e administrativos e participou em inúmeros congressos e outras reuniões científicas brasileiras e internacionais. Foi Coordenador Geral do Mapa Tectónico da América do Sul (1967-1978), edição conjunta do DNPM, do CGMW e da UNESCOEntre as inúmeras distinções recebidas destacam-se: Medalha José Bonifácio - Sociedade Brasileira de Geologia (1964), Vice-Presidente da Société Géologique de France (1971), Académico da Academia de Ciências da América Latina, Caracas (1983), Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Campinas (1991), Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (1995), Medalha de Mérito do Conselho Federal de Engenharia e Arquitectura (1995).

A Sociedade Brasileira de Geologia criou a Medalha de Ouro “Fernando Flávio Marques de Almeida” que serve para homenagear o(s) autor(es) do melhor artigo de geologia publicado em periódico brasileiro indexado, a qual é entregue durante os Congressos Brasileiros de Geologia. Em Santos, em Outubro de 2012, durante a sessão de abertura do 46º Congresso Brasileiro de Geologia / 1º Congresso de Geologia dos Países de Língua Portuguesa, foi o Professor Fernando Almeida que entregou esta medalha ao autor do trabalho vencedor em 2011-2012.

A subfamília Fernandoalmeidiinae e o género Fernandoalmeidium de filópodes do Cretácico Inferior foram-lhe dedicados por Nestor Novozhilov em 1958; no entanto, estas designações taxonómicas foram posteriormente rejeitadas (in Treatise on Invertebrate Paleontology, ed. R. C. Moore, part R4, p. R163).

Um mineral descoberto recentemente na região de Novo Horizonte, no interior da Baía (Brasil), um óxido de chumbo e zinco do grupo da crichtonite, foi denominado almeidaíta, em sua homenagem. ■

R. B. Rocha (Presidente da SGP)

Membros da SGP na IAGETH

A convite do Prof. Jesús Martínez-Frias,

Presidente da International Association for Geoethics (afiliada na IUGS), Rogério Rocha e José Carlos Kullberg, foram convidados a integrar o Comité Executivo (CE) da IAGETH nos lugares, respectivamente, de Tesoureiro e Vice-Presidente para a Europa Ocidental. Esta decisão foi ratificada, por unanimidade, pelos restantes membros do CE.